João Luz EventosArmazém do Boi | Festival de Vídeo Experimental a partir de 17 de Setembro A ansiedade e estranheza dos tempos que atravessamos é o ponto de partida para o próximo Festival de Vídeo Experimental de Macau, que começa no dia 17 de Setembro no Armazém do Boi. Durante um mês, na galeria da Rua do Volong vão estar expostos trabalhos de oito artistas [dropcap]N[/dropcap]a próxima quinta-feira, 17 de Setembro, arranca o Festival de Vídeo Experimental de Macau (EXiM 2020), no Armazém do Boi. O desafio às normas e a procura de algo novo começa logo na forma do cartaz do evento, que se estende até 18 de Outubro. Com o título “2+1+2 Program”, o cartaz deste ano conta com a participação de oito artistas. O dia da inauguração, quarta-feira, será marcado pela palestra de Chen Qiang, um dos curadores do evento. O artista, oriundo de Chengdu, traz a Macau uma selecção de trabalhos intitulado “Straightforward” – Works by Chen Qiang, “frontal” em português. As obras representam de uma forma directa e frontal a luta e a diversão do indivíduo na maré social. Chen começou em 2002 a fazer experiências artísticas com imagens e vídeo, depois de se formar na Academia de Belas Artes de Sichuan. Já com uma carreira vasta, foi convidado a participar em múltiplas exposições e fez residências artísticas na Alemanha, Nova Zelândia e França. Uma das suas obras mais marcantes, a trilogia “Cut”, foi produzida e publicada enquanto tese de doutoramento na Universidade da Califórnia, enquanto as suas visões sobre cinema experimental, vertidas em “Pick the Lights and Look at the Sword”, foram outro momento significativo da carreira do artista. As colecções de artes audiovisuais de Chen Qiang foram apresentadas na Biblioteca da Universidade da Carolina do Norte, na Livraria da Universidade de Columbia, no Departamento de Cultura da cidade Dusseldorf, no Centro de Artes de Hong Kong, entre outros. Play e Pause A curadoria da exposição refere que “2020 começou de uma forma estranha, com as criaturas mais inteligentes do planeta a começarem a temer o vírus e a emergir absurdamente de lado nenhum”. Com tal, o Armazém do Boi acrescenta que, face às circunstâncias, seria impossível exibir trabalhos que não reflectissem a ansiedade do momento. “Quando escolhi trabalhos que já tinha feito, descobri que os meus pensamentos estavam enterrados no trajecto evolutivo da minha arte. Com a passagem do tempo, fui constantemente aprimorando o foco do meu trabalho”, escreve Chen Qiang, na apresentação do festival. A organização explica que deixou de exibir como filme os trabalhos e passou a expor, numa abordagem mais galerista em forma de instalação. Dessa forma, a diversidade e o experimentalismo das criações sobressai. O EXiM 2020 conta ainda com obras de Lu Chang Bu, Pu Yue Mei, Wenhua Shi, Tan Tan, Tao Tao, Zhou Zhang e Zhou Gang.
Hoje Macau PolíticaGlockenwise – “Plástico” Plástico Fazem um ar zangado De quem não quer falar Cruzam os olhos de lado Com medo de espreitar Tem cuidado no passo Graça de artista só Muitas manias no trato A mim só me dá dó E oh! É tão fácil ver Que é só plástico Oh, eu também quero ser Só de plástico Vesti a indumentária Que hoje vou aparecer A crítica é binária Quase tudo para esquecer É festa, não presta, não tem valor Focado, ao lado, só causa dor Porque, oh! É tão fácil ver Que é só plástico Oh, eu também quero ser Só de plástico E eu sei que é difícil de aceitar Que eu tenho a minha arte no falhar E ando à toa E oh! É tão fácil ver Que é só plástico Oh, eu também quero ser Só de plástico Glockenwise NUNO RODRIGUES, RAFAEL FERREIRA e RUI FIUSA
Hoje Macau PolíticaCassete Pirata – “Sem ar” “Sem ar” Nem mais um dia sem razão p’ra acordar Não vou seguir na omissão p’ra agradar Vivo ao contrário do tempo em mim P’ra te encontrar Vivo ao contrário Voo sem subir Balão sem ar Sem ar Sem ar Sem ar Quantas horas vão em vão no sono a combater Noites claras, primaveras para recriar Vivo ao contrário do tempo em mim P’ra te encontrar Vivo ao contrário Voo sem subir Balão sem ar Vivo ao contrário do tempo em mim P’ra te encontrar Vivo ao contrário Voo sem subir Balão sem ar Sem ar Sem ar Sem ar Cassete Pirata JOÃO FIRMINO, JOÃO PINHEIRO, ANTÓNIO QUINTINO, MARGARIDA CAMPELO e JOANA ESPADINHA
Hoje Macau PolíticaAlen Tagus ao vivo em estúdio Alen Tagus ao vivo no Studio Canoa [dropcap]S[/dropcap]im, de um lado Sines do outro Paris, uma linha pelo meio. Charlie Mancini encontrou Pamela Hute online e com o despertar da curiosidade, por empatia no gosto mútuo pela composição musical, estabeleceu a ligação e começou a enviar-lhe ficheiros sonoros com composições suas, elaboradas nas teclas do seu piano. A luzinha acendeu do outro lado e desse primeiro embate, Pam resolve colocar a sua técnica apurada e a voz, misturando os fios para a eternidade do que à partida seria um encontro efémero, na verdadeira glória da partilha electrónica. Assim nasceram os Alen Tagus, nome que não é preciso descodificar. A conexão prosseguiu durante meses a fio, numa ligação criativa vivida apenas à distância. Os temas começaram a sair do forno como pãezinhos quentes e de repente tinham um álbum nas mãos para apresentar ao mundo, “Paris, Sines”. Em Portugal, passaram pelas rádios e novos brilhos se acenderam. O passo seguinte seria, finalmente, o encontro cara-a-cara e a formação física de uma banda. De novo de cá e de lá surgiram os outros elementos: Eva Tribolles, no baixo; Miguel Sousa Moreira, nas guitarras; e Pedro Sousa Moreira, na bateria. A simbiose para um equilíbrio perfeito. A estreia deu-se no Festival Termómetro, um concurso musical que decorreu no último Outono/Inverno. Com datas marcadas para os primeiros concertos em Portugal e com uma residência artística agendada para Sines, deu-se o isolamento forçado pela pandemia mundial do vírus que deixa todos em casa. Sem a possibilidade da digressão prevista, o forno voltou a ter a sua chama e novos temas surgem com regularidade. O sabor é distinto, como uma iguaria da cuisine française elaborada no Alentejo. ALEN TAGUS Projecto franco-português, imaginado entre Sines e Paris, Alen Tagus criam uma indie-pop introspectiva influenciada pelos sons dos anos 70. O primeiro single questiona a evolução do amor e da amizade nas relações humanas e revela uma composição sensível e elegante. Nascida da inesperada associação entre o músico português Charlie Mancini – pianista e compositor de filmes – e a artista francesa Pamela Hute – melodista e roqueira no coração – Alen Tagus exploram bases musicais incomuns. Alen Tagus PAMELA HUTE, CHARLIE MANCINI, EVA TRIBOLLES, MIGUEL SOUSA MOREIRA, PEDRO SOUSA MOREIRA
admin PolíticaDon L – "Morra bem, Viva rápido" “Morra bem, viva rápido” Morra bem, viva rápido Morra bem, viva… Não é a vitória que cê quer? Então brinda Peça, lute com fé, irmão, viva É, esse mundo tem mulheres tão lindas Quero-as, tudo em pérolas, filma Rosas em Jeri, férias em Pipa É sim, no estilo né, fé? Vida É esse mundo tem cores tão vivas Por que teus sonhos são todos tom cinza? E eu ofereço rimas tipo Chandon Tão bom, El Don, Babylon champion Se é essa a noite, e eu não tenho nem trinta Inda… Ouço aquela voz: Don, viva! Ninguém explica, a Fénix brilha Vê em Hiroshima, as flores tão vivas E eu pensando que ia naquele dia Um, dois, urhhhhh, respira! Pronto pra morrer, eu tava na ativa Eu sei, deveria dar valor à vida Deveria ter um bom valor aqui, má Tipo cem mil, ia dar valor à minha Pensando n’onde eu posso chegar Com as jóias dessa vitrine que eu não posso comprar Ainda, as jóia de topázio azul combina Com as roda cromo e o carro azul piscina Faço meu negócio virar Os dólar espera a mim, primo, e eu não posso esperar Eu uso meu cigarro, minha nicotina Misturo com o trago, minha cafeína Uma dose de Dreher nos meus neurónios E eu procuro idéias que expulsem meus demónios E é, eu quero algo que venda tipo gasolina E não me tenha treta tipo cocaína E a 120 na avenida, eu vi a modelo sorrindo pra mim O outdoor brilha, cê não entende a fita? Nóis tudo vive pra morrer, mas luta pela vida! Morra bem, Viva rápido Como vai ser? Ei guerreiro, sinta como vai ser Você não tem agora mas crê Vai chegar a hora e a vitória vai ter Como vai ser? Cê imagina Tudo de bom Já lhe brilha Tudo que eu cito no som E espera por você negô Don L LUANDA COZETTI, NORTON DAIELLO
Hoje Macau PolíticaDon L – “Morra bem, Viva rápido” “Morra bem, viva rápido” Morra bem, viva rápido Morra bem, viva… Não é a vitória que cê quer? Então brinda Peça, lute com fé, irmão, viva É, esse mundo tem mulheres tão lindas Quero-as, tudo em pérolas, filma Rosas em Jeri, férias em Pipa É sim, no estilo né, fé? Vida É esse mundo tem cores tão vivas Por que teus sonhos são todos tom cinza? E eu ofereço rimas tipo Chandon Tão bom, El Don, Babylon champion Se é essa a noite, e eu não tenho nem trinta Inda… Ouço aquela voz: Don, viva! Ninguém explica, a Fénix brilha Vê em Hiroshima, as flores tão vivas E eu pensando que ia naquele dia Um, dois, urhhhhh, respira! Pronto pra morrer, eu tava na ativa Eu sei, deveria dar valor à vida Deveria ter um bom valor aqui, má Tipo cem mil, ia dar valor à minha Pensando n’onde eu posso chegar Com as jóias dessa vitrine que eu não posso comprar Ainda, as jóia de topázio azul combina Com as roda cromo e o carro azul piscina Faço meu negócio virar Os dólar espera a mim, primo, e eu não posso esperar Eu uso meu cigarro, minha nicotina Misturo com o trago, minha cafeína Uma dose de Dreher nos meus neurónios E eu procuro idéias que expulsem meus demónios E é, eu quero algo que venda tipo gasolina E não me tenha treta tipo cocaína E a 120 na avenida, eu vi a modelo sorrindo pra mim O outdoor brilha, cê não entende a fita? Nóis tudo vive pra morrer, mas luta pela vida! Morra bem, Viva rápido Como vai ser? Ei guerreiro, sinta como vai ser Você não tem agora mas crê Vai chegar a hora e a vitória vai ter Como vai ser? Cê imagina Tudo de bom Já lhe brilha Tudo que eu cito no som E espera por você negô Don L LUANDA COZETTI, NORTON DAIELLO
Hoje Macau PolíticaCouple Coffee – "Conversa de Botequim" “Conversa de Botequim” Seu garçom, faça o favor de me trazer depressa Uma boa média que não seja requentada Um pão bem quente com manteiga à beça, Um guardanapo e um copo d’água bem gelada Feche a porta da direita com muito cuidado Que eu não estou disposto a ficar exposto ao sol Vá perguntar ao seu freguês do lado Qual foi o resultado do futebol Se você ficar limpando a mesa Não me levanto e nem pago a despesa Vá pedir ao seu patrão uma caneta, um tinteiro Um envelope e um cartão Não se esqueça de me dar palitos E um cigarro pra espantar mosquitos Vá dizer ao charuteiro, que me empreste umas revistas Um isqueiro e um cinzeiro Seu garçom, faça o favor de me trazer depressa Uma boa média que não seja requentada Um pão bem quente com manteiga à beça, Um guardanapo e um copo d’água bem gelada Feche a porta da direita com muito cuidado Que eu não estou disposto a ficar exposto ao sol Vá perguntar ao seu freguês do lado Qual foi o resultado do futebol Telefone ao menos uma vez para 34-4333 E ordene ao seu Osório Que me mande um guarda-chuva Aqui pro nosso escritório Seu garçom me empreste algum dinheiro Que eu deixei o meu com o bicheiro Vá dizer ao seu gerente Que pendure essa despesa no cabide ali em frente [Noel Rosa, 1935[/small> Couple Coffee LUANDA COZETTI, NORTON DAIELLO
Hoje Macau PolíticaCouple Coffee – “Conversa de Botequim” “Conversa de Botequim” Seu garçom, faça o favor de me trazer depressa Uma boa média que não seja requentada Um pão bem quente com manteiga à beça, Um guardanapo e um copo d’água bem gelada Feche a porta da direita com muito cuidado Que eu não estou disposto a ficar exposto ao sol Vá perguntar ao seu freguês do lado Qual foi o resultado do futebol Se você ficar limpando a mesa Não me levanto e nem pago a despesa Vá pedir ao seu patrão uma caneta, um tinteiro Um envelope e um cartão Não se esqueça de me dar palitos E um cigarro pra espantar mosquitos Vá dizer ao charuteiro, que me empreste umas revistas Um isqueiro e um cinzeiro Seu garçom, faça o favor de me trazer depressa Uma boa média que não seja requentada Um pão bem quente com manteiga à beça, Um guardanapo e um copo d’água bem gelada Feche a porta da direita com muito cuidado Que eu não estou disposto a ficar exposto ao sol Vá perguntar ao seu freguês do lado Qual foi o resultado do futebol Telefone ao menos uma vez para 34-4333 E ordene ao seu Osório Que me mande um guarda-chuva Aqui pro nosso escritório Seu garçom me empreste algum dinheiro Que eu deixei o meu com o bicheiro Vá dizer ao seu gerente Que pendure essa despesa no cabide ali em frente [Noel Rosa, 1935[/small> Couple Coffee LUANDA COZETTI, NORTON DAIELLO
Hoje Macau PolíticaTeto Preto – “Gasolina” “Gasolina” Gasolina, gasolina neles Gasolina, gasolina neles Gasolina, gasolina neles Gasolina neles Gasolina, gasolina neles Quando eu voltei para El Dourado Não sei se antes ou depois Quando eu vi a paisagem mutável, a natureza A mesma gente perdida em sua infinita grandeza Eu trazia uma forte amargura dos encontros perdidos E outra vez me perdia no fundo dos meus sentidos Eu não acreditava em sonhos, em mais nada Apenas a carne me ardia E eu não me encontrava Apenas a carne me ardia Gasolina, gasolina neles Gasolina neles Gasolina, gasolina neles Gasolina neles Gasolina, gasolina neles Gasolina neles Gasolina, gasolina neles Eu sou o pão vivo que desceu do céu E quem comer deste pão para sempre viverá E esse, esse é o meu sangue Eu andarei por aí Pela vida a fundo E quem come da minha carne e bebe do meu sangue permanece em mim e eu nele Gasolina, gasolina neles Gasolina, gasolina neles Gasolina neles Gasolina, gasolina neles Gasolina, gasolina neles Gasolina neles! Eu sou uma metralhadora em estado de graça Teto Preto ZOPELAR, ANGELA CARNEOSO, BICA
Hoje Macau PolíticaCavalheiro – “Ninguém me avisou” “Ninguém me avisou” Ninguém me avisou Que a chapa estava quente Antes de lá pôr a mão Ninguém me avisou Para não travar com o da frente Até estar estendido no chão Ia lá saber Que o teu coração Era uma mina até o pisar Ia lá saber Que o casco furou Até já estar a afundar E se espero que o tempo abra Oiço a chuva a bater E parece que o tempo cole Quando te a prender Eu queria crescer Sem niguém a ver Sem ter de temer Eu queria ganhar Sem ter de jurar Cavalheiro TIAGO FERREIRA, XANA e JOÃO FREITAS
Hoje Macau PolíticaDead Combo – “The Egyptian Magician” “The Egyptian Magician” (instrumental) Dead Combo TÓ TRIPS, PEDRO V. GONÇALVES
Hoje Macau PolíticaBirds Are Indie – “Close, but no cigar” “Close, but no cigar” Don’t you wanna think about it One more time Or do you wanna talk about it now? Don’t you wanna think about it One more time Or do you want to dream about it now? Do you want me to roll over Close, but no cigar Till this conversation is over We’ll stay where you are Then we’ll see if I still hang around Birds Are Indie JOANA CORKER, RICARDO JERÓNIMO e HENRIQUE TOSCANO
Hoje Macau PolíticaHierofante Púrpura – “Lânguida Luz” “Lânguida Luz” Essa força que me toma é de um Deus que nasceu dentro da flor Desabrochou em mim e se fez assim lânguida cor Uma mistura branca castanho e laranja cheirei devaneei nas curvas daquela fumaça azul que me completou me completou completo! Eu cogumelo fui sapo fui lobo via Lua vi Sol eu fui eu fui eu vi eu vi eu fui no topo da colina de pedras Magnéticas pedras. Hierofante Púrpura
Hoje Macau PolíticaPZ – “No meu lugar” “No meu lugar” Não quero pôr o pé lá fora Não quero pôr o pé lá fora Tenho medo de encontrar um bicho, ou isso Não quero pôr o pé lá fora Não quero pôr o pé lá fora Não quero dar de caras com um bicho, ou isso Quero ficar No meu lugar Para encontrar O meu lugar Não sabes o que tens quando manténs dúvidas, dúvidas… daquelas que empatam Mas quando convém tu já não tens dúvidas, dúvidas elas quase que me matam Quero pôr o pé lá fora Quero pôr o pé lá fora Quero poder-me encontrar contigo, ou isso Quero pôr o pé lá fora Quero pôr o pé lá fora Quero poder-me encontrar contigo, é isso Fazes muito bem tu já não tens dúvidas, dúvidas… elas quase que me matam Quando convém tu já não tens dúvidas, dúvidas… daquelas que empatam Quero ficar No meu lugar Para encontrar O meu lugar Não quero pôr o pé lá fora Não quero pôr o pé lá fora Não quero dar de caras com um bicho, ou isso PZ
Hoje Macau PolíticaMayra Andrade – “Afecto” “Afecto” Não sei bem o que fazer Nem sei como te dizer Cada vez que me chegas me sinto mais longe de ti Teu pudor foi transmitido e será neutralizado Teu pudor foi transmitido Não importa o quanto faça Pouco importa a cor do ouro Na corrida ao teu afecto A medalha é sempre bronze Sou orfã da tua ternura Muito me salta à vista Quando chegas reta e firme Que pouco posso fazer para te fazer mudar Teu pudor foi transmitido e será neutralizado Teu pudor foi transmitido Se soubesses abraçar De vez em quando beijar E aos recantos imperfeitos Com menos rigor apontar Quem seria eu? Sou orfã da tua ternura Quando estamos tu e eu E ao meu lado adormeces Um oceano nos separa Mas tu não sabes de nada A canção que se repete A tristeza que me cala O Amor foi recebido Apesar do que tu calas O Amor foi recebido Apesar do que tu calas Mayra Andrade
Hoje Macau PolíticaSophia de Mello Breyner Andresen – “Meditação do Duque de Gândia” Meditação do Duque de Gândia [dropcap]N[/dropcap]unca mais A tua face será pura limpa e viva Nem o teu andar como onda fugitiva Se poderá nos passos do tempo tecer. E nunca mais darei ao tempo a minha vida. Nunca mais servirei senhor que possa morrer. A luz da tarde mostra-me os destroços Do teu ser. Em breve a podridão Beberá os teus olhos e os teus ossos Tomando a tua mão na sua mão. Nunca mais amarei quem não possa viver Sempre, Porque eu amei como se fossem eternos A glória, a luz e o brilho do teu ser, Amei-te em verdade e transparência E nem sequer me resta a tua ausência, És um rosto de nojo e negação E eu fecho os olhos para não te ver. Nunca mais servirei senhor que possa morrer. Nunca mais te darei o tempo puro Que em dias demorados eu teci Pois o tempo já não regressa a ti E assim eu não regresso e não procuro O deus que sem esperança te pedi. Sophia de Mello Breyner Andresen