Hoje Macau China / ÁsiaChina/Irão | Xi elogia “solidariedade” entre países num mundo “complexo” A visita do Presidente iraniano a Pequim visa fortalecer as relações entre os dois países que sofrem pressões externas face aos novos e complexos desafios da actualidade mundial. Assinados, estão já vários acordos nas áreas de agricultura, comércio, turismo, protecção ambiental, saúde, socorro a desastres, cultura e desportos O Presidente chinês, Xi Jinping, elogiou na terça-feira a “solidariedade” entre a China e o Irão, ao dar as boas-vindas em Pequim ao seu homólogo iraniano, Ebrahim Raissi, que iniciou uma visita oficial de três dias ao país asiático. “Diante da situação complexa provocada pelas mudanças no mundo, dos tempos e da História, a China e o Irão apoiam-se, demonstram a sua solidariedade e a sua cooperação”, afirmou Xi, citado pela televisão estatal chinesa CCTV. “A China apoia o Irão na salvaguarda da sua soberania nacional, independência, integridade territorial e dignidade nacional (…). A China apoia o Irão na resistência ao unilateralismo e à intimidação, opõe-se a forças estrangeiras que interferem nos assuntos internos do Irão e minam a segurança e a estabilidade do Irão”, declarou ainda o líder chinês, ao dirigir-se a Ebrahim Raissi. Esta é a primeira visita de Estado de um Presidente iraniano à China em mais de 20 anos. Ebrahim Raissi, que viajou para Pequim com uma grande delegação com uma forte componente económica e comercial, foi recebido por Xi Jinping no Grande Palácio do Povo, próximo da Praça da Paz Celestial. Após ouvirem os hinos dos respectivos países, os dois dirigentes passaram em revista a guarda de honra chinesa ao som de música militar. Os dois países estão a enfrentar fortes pressões do Ocidente, em particular devido à posição assumida em relação à invasão da Ucrânia pela Rússia. O regime de Teerão já está a sofrer sanções dos Estados Unidos devido ao seu controverso programa nuclear. O Irão está entre os países que ofereceram apoio à Rússia, cujo isolamento diplomático tem vindo a crescer desde o início da guerra na Ucrânia, a 24 de Fevereiro de 2022. Os países ocidentais acusam o Irão de fornecer a Moscovo ‘drones’ militares armados que seriam usados na Ucrânia, situação que Teerão nega. Complexidades modernas A invasão russa da Ucrânia é uma questão embaraçosa para Pequim, porque Moscovo é um dos seus parceiros estratégicos. A China pede respeito pela soberania dos Estados, mas ao mesmo tempo pede que as preocupações de segurança da Rússia sejam levadas em consideração. Os dois países assinaram também vários acordos de cooperação bilateral nas áreas de agricultura, comércio, turismo, protecção ambiental, saúde, socorro a desastres, cultura e desportos, segundo a CCTV. Pequim assinou em 2021 um vasto acordo estratégico de 25 anos com Teerão. Esta importante parceria abrange áreas tão variadas como energia, segurança, infraestruturas e comunicações. A China é o maior parceiro comercial do Irão, de acordo com a agência de notícias Irna, que cita estatísticas das autoridades alfandegárias iranianas ao longo de 10 meses. Neste período, os iranianos exportaram para a China 12,6 mil milhões de dólares em mercadorias e importaram 12,7 mil milhões de dólares de produtos chineses. Pequim é um dos membros do grupo de diálogo que pretende relançar as negociações do acordo nuclear de 2015 entre o Irão e seis grandes potências (China, Rússia, Estados Unidos, França, Alemanha e Reino Unido), bem como a União Europeia (UE). Estas negociações, retomadas em Abril de 2021 em Viena, estão agora suspensas.
Hoje Macau China / ÁsiaXi Jinping elogia laços com Camboja e pede que não se interfira nos assuntos do país O Presidente chinês, Xi Jinping, elogiou na sexta-feira os laços da China com o Camboja e pediu que não se interfira nos assuntos internos daquele país, durante um encontro em Pequim com o primeiro-ministro cambojano, Hun Sen. “A China considerou sempre o Camboja como um exemplo importante da diplomacia chinesa com os países vizinhos”, afirmou o líder chinês. “Estamos dispostos a continuar a cooperar estrategicamente, opondo-nos firmemente às forças estrangeiras que interferem nos assuntos internos” de Phnom Penh, acrescentou. Xi Jinping frisou que o “desenvolvimento não é um privilégio de apenas alguns países”. “O confronto ideológico, ou a politização e uso da economia, do comércio ou dos intercâmbios no sector tecnológico, como arma para suprimir o desenvolvimento de outros países é um acto de hegemonia”, afirmou Xi Jinping, citado pela imprensa local, numa critica implícita aos Estados Unidos, quando Pequim e Washington travam uma prolongada guerra comercial e tecnológica. “Este tipo de comportamento não conquista o coração das pessoas”, acrescentou o líder chinês. De acordo com a imprensa oficial chinesa, Hun Sen garantiu que o Camboja apoia o princípio de “Uma só China”, na questão de Taiwan, e os esforços da China para “salvaguardar a sua soberania, segurança e interesses de desenvolvimento”. “Opomo-nos a qualquer interferência estrangeira nos assuntos de Hong Kong, Xinjiang ou Tibete”, afirmou o líder cambojano, citado pelo Global Times, jornal oficial do Partido Comunista Chinês. Potencial marítimo O Camboja planeia realizar eleições gerais no dia 23 de Julho de 2023. Hun Sen, que está no poder desde 1985, pretende renovar o mandato, em eleições marcadas pela ausência de um forte partido da oposição. A China negou, no ano passado, que esteja a construir uma instalação naval para uso exclusivo da sua marinha na cidade cambojana de Ream. A possibilidade de a China ter uma base no Camboja reforçaria as suas reivindicações territoriais no Mar do Sul da China, por onde circula 30 por cento do comércio global, além de abrigar importantes reservas de petróleo e gás.
Hoje Macau China / ÁsiaCELAC | Xi Jinping discursa por vídeo na Cimeira de Estados Latino-Americanos e Caribenhos Num discurso por vídeo-conferência, o Presidente chinês reiterou a posição da China de cooperação com os países Latino-Americanos e Caribenhos na construção de uma nova era com mais inovação, abertura e benefícios para o povo A 7.ª Cimeira da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC) foi realizada esta terça-feira na capital da Argentina, Buenos Aires. A convite do Presidente Alberto Fernández, da Argentina, e também presidente rotativo da CELAC, o Presidente chinês, Xi Jinping, fez um discurso via vídeo. O Presidente Xi observou que os países da América Latina e Caribe (ALC) são membros importantes do mundo em desenvolvimento e tomam parte activa na governação global, com contribuições importantes. A CELAC transformou-se numa força motriz indispensável por detrás da cooperação global Sul-Sul. A CELAC tem desempenhado um papel importante na salvaguarda da paz regional, na promoção do desenvolvimento comum e no avanço da integração regional. Xi, citado pelo Diário do Povo, enfatizou que a China sempre apoiou o processo de integração regional da América Latina e do Caribe. “Valorizamos muito nossas relações com a CELAC e tomamos a CELAC como nosso parceiro-chave para reforçar a solidariedade entre os países em desenvolvimento e promover a cooperação Sul-Sul. É por isso que a China tem trabalhado com os países da ALC para fortalecer firmemente o Fórum China-CELAC e levar o relacionamento China-LAC a uma nova era caracterizada pela igualdade, benefício mútuo, inovação, abertura e benefícios para o povo”, indicou. Novos desafios Xi apontou que cada vez mais países da região se têm engajado na cooperação de alta qualidade com a China no âmbito da iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota”, apoiado e participado da Iniciativa de Desenvolvimento Global e da Iniciativa de Segurança Global, e estão a trabalhar com a China na construção de uma comunidade China-CELAC com um futuro compartilhado. O líder chinês enfatizou que o mundo atravessa um novo período de turbulência e transformação. “Só podemos enfrentar os desafios e superar este período difícil através de uma maior solidariedade e de uma cooperação mais estreita”, manifestou. Xi acrescentou que a China está pronta para continuar a trabalhar com os países da ALC para se ajudarem mutuamente e fazer progressos conjuntos e defender “a paz, o desenvolvimento, a equidade, a justiça, a democracia e a liberdade” – os valores comuns da humanidade. A China está pronta para dar as mãos aos países da ALC para promover a paz e o desenvolvimento do mundo, construir uma comunidade com um futuro comum para a humanidade e abrir um futuro ainda mais brilhante para o mundo, anunciou Xi.
Hoje Macau China / ÁsiaCELAC | Xi Jinping apoia a integração da América Latina na cimeira O Presidente chinês expressou ontem o apoio do país à integração regional da América Latina e do Caribe, no âmbito da VII Cimeira de Chefes de Estado e de Governo da CELAC, realizada em Buenos Aires. “A China atribui grande importância ao desenvolvimento das relações com a CELAC [Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos], que considera um parceiro importante para consolidar a unidade entre os países em desenvolvimento e promover a cooperação Sul – Sul”, afirmou Xi Jinping, numa mensagem gravada dirigida aos países membros. O líder chinês observou que a China trabalhou activamente com a região para promover uma “nova era” nas relações entre os dois lados, caracterizada por “igualdade, benefício mútuo, inovação, abertura e bem-estar dos povos”. “Um número crescente de países da América Latina e Caribe (ALC) estabeleceu ou restabeleceu relações diplomáticas com a China e está a trabalhar em conjunto com a China na construção da comunidade China – ALC com um futuro partilhado”, afirmou Xi Jinping. O Presidente chinês também saudou a “construção conjunta” da iniciativa ‘uma faixa, uma rota’, o projecto internacional de infra-estruturas lançado por Pequim, e a participação da região na Iniciativa de Desenvolvimento Global e na Iniciativa para a Segurança Global, ambos promovidos pelo governo chinês. Os países latino-americanos e caribenhos “são uma parte importante do mundo em desenvolvimento” e são “participantes activos na governação dos assuntos globais”, algo necessário num mundo que entrou num “novo período de turbulências e transformações”, apontou Xi. “Estamos dispostos a manter a solidariedade com os países da região e a avançar juntos, valorizando os valores comuns da humanidade de paz, desenvolvimento, equidade, justiça, democracia e liberdade, e promover o desenvolvimento dos mercados mundiais”, afirmou.
Ana Cristina Alves Via do MeioCom Características Chinesas – A Política Poética do Terceiro Timoneiro 9.1.2023 Desde as eras mais recuadas dos tempos imperiais chineses que não chegava ao poder apenas aquele que estudasse para passar nos exames imperiais , mas quem se deixasse inspirar respondendo às questões colocadas com ética e com poesia. Como bem chama a atenção Abílio Basto em Os Exames Imperiais na China, só quem possuísse grau literário acedia ao funcionalismo público. Este amor ao estudo, inculcado formalmente desde os tempos do imperador Tai Zong (唐太宗,600. a. C.) seria tanto mais apreciado, quanto fosse expresso com criatividade poética, ou seja, com graciosidade, beleza e ritmo , pelo que os meninos das famílias privilegiadas tinham o seu preceptor que lhes ensinava também a partir dos 13 anos música e poesia, donde no futuro, poderiam retirar as mais belas deixas poéticas e lemas governativos. Declara Abílio Basto “O principal objetivo da educação, entre os antigos, não era tanto encher o cérebro de conhecimentos, senão formar o carácter e purificar o sentimento.” (1998: 17). Como os exames imperiais tinham um pendor fortemente teórico-estético foram abolidos já nos últimos anos do Governo Manchu por lhes faltar a componente cientifico-tecnológica tão necessária aos tempos contemporâneos. No entanto, em boa verdade, acentuavam uma outra dimensão poética que nunca se perdeu ao longo da história da China, chegando ao tempo do terceiro timoneiro, Xi Jinping (习近平), onde verificamos uma aliança indissolúvel entre política, ética e poesia, esta última, hoje em dia, muito utilizada para efeitos comunicativos via Media. No entanto, a valorização da criatividade poética e o reconhecimento das suas potencialidades ideológicas nunca deixou de ser exercitada ao longo da história chinesa. Não se julgue ser por acaso que os timoneiros da era revolucionária como o Grande Timoneiro Mao Zedong (毛泽东大舵) e o terceiro timoneiro Xi Jinping fazem poesia. Na poesia revolucionária de Mao Zedong, podemos encontrar as principais mensagens da nova ideologia, transmitidas de uma forma tão estética quanto o serviço da arte a uma causa o permite. Veja-se este louvor ao novíssimo estatuto da mulher vermelha, que deixa para trás os ideais de dona de casa bem-educada da era republicana, o que nos é explicado através de um poema de estrutura clássica de quatro versos, o jueju (绝句juéjù), usado na tradição muitas vezes para cantar a mulher, aqui apresentado na tradução do escritor e diplomata Ricardo Primo Portugal: “As milicianas (inscrição para uma fotografia) Fuzis ao ombro, resolutas e galhardas, sob o esplendor da aurora ao campo de exercícios, filhas da China têm aspirações distintas: desprezam sedas, prezam roupas de combate.” (https://vermelho.org.br/2015/07/03/mao-tse-tung-o-poeta/) Alguns poemas de Xi Jinping surgem em jornais, como por exemplo, “Em Memória de Jiao Yulu”, publicado no jornal de Fuzhou a 15 de julho de 1990, quando era Secretário do Partido Comunista Chinês em Fuzhou. Já aí se notava a linha de acção que o havia de nortear até à presidência chinesa, a defesa do serviço integral aos mais pobres e o combate sem tréguas à pobreza, que exalta na lembrança do exemplo de um outro secretário do PCC ligado ao distrito de Lankao, como se pode verificar tanto no poema como na minha tradução: 习近平:念奴娇 追思焦裕禄 Xi Jinping: “Em Memória de Jiao Yulu”. 魂飞万里, 盼归来, 此水此山此地。 百姓谁不爱好官? 把泪焦桐成雨。 生也沙丘, 死也沙丘, 父老生死系。 暮雪朝霜, 毋改英雄意气! 依然月明如昔, 思君夜夜, 肝胆长如洗。 路漫漫其修远矣, 两袖清风来去。 为官一任, 造福一方, 遂了平生意。 绿我涓滴, 会它千顷澄碧。 一九九〇·七·十五 (Xi, 1990, 河南日报, 2014, Apud, cpc.people.com.cn. ) A tua alma voou para longe Os rios, as montanhas e a terra anseiam pelo teu regresso. O povo amava-te e chora-te Junto às árvores fénix que lhe deixaste. Viveste e morreste pelo deserto, Por melhor condição para a população. De geração em geração, Contra ventos e tempestades, O teu rasgo heroico perdura! A lua brilhará pura, A iluminar em mim A tua corajosa memória. A ecoar pela história, Servimos ambos incansáveis O mesmo povo Em nome da felicidade E do benefício novo. Gota a gota fomos construindo A fonte que transforma O árido em verde monte. Xi Jinping estreia-se na governança da China com nova filosofia política, mas mantendo a continuidade no recurso à sabedoria ancestral chinesa através do pensamento proverbial e poético, na sequência de Mao, para valorizar a dimensão prática muito cantada e enaltecida tanto nos tempos revolucionários chineses como nos mais reformistas, por exemplo, na vertente científico tecnológica como mencionava Carlos Morais José em “Como Chegou a China à ‘Nova Era’”, num artigo publicado a 28 de Outubro de 2022, neste jornal, para balanço do 20º Congresso do Partido Comunista Chinês. O terceiro timoneiro assumiu o mandato de olhos postos em lemas poéticos, a saber, numa “Nova Era” de prosperidade para concretizar o “Sonho Chinês”, mas sem retirar os pés da terra e da água, de modo a que o sonho não se perdesse em “castelos nas nuvens”. Havia então, como poeticamente soube explicar, que “atravessar o rio sentindo as pedras” (摸着石头过河mōzhe shítou guò hé), o que significa: “Atravessar o rio sentindo as pedras é um método reformista tipicamente chinês, em consonância com a sabedoria e o espírito chineses.”(摸着石头过河,是富有中国特色、中国智慧、符合中国国情的改革方法) ( Portuguese.china.org.cn, 2014) Resumindo, na esteira do que havia sido proposto na história proverbial muito repetida por Mao Zedong, nunca esquecer de remover a montanha pazada a pazada, tal como o “Velho Louco que Removeu Montanhas” (愚公移山 Yúgōng-yí shān) , ou na versão muito mais suave do terceiro timoneiro, sentir cada pedra do rio para que a reforma seja bem-sucedida e não fracasse por falta de prática ou de experimentalismo. No Socialismo com características chinesas (中国特色社会主义, Zhōngguó tèsè shèhuì zhǔyi ), inaugurado na era do Pequeno Timoneiro, Deng Xiaoping (邓小平), e prosseguido por Xi Jinping, na versão de sonho chinês para a nova era, é recuperada a mundividência tradicionalista chinesa num neotradicionalismo muito enaltecido não apenas em termos das virtudes éticas do governante, que deverá cultivar as cinco virtudes constantes (五常 wǔ cháng) com a benevolência (仁 rén) em lugar de destaque, mas também as “três perfeições” artísticas da China antiga prolongadas no tempo: a caligrafia, a pintura e a poesia, esta última surge, à maneira tradicional, em forte aliança com todo o programa nacionalista adoptado pela liderança xiista. Assim, lemos em Jorge Tavares da Silva, na obra Xi Jinping- A ascensão do novo timoneiro da China: O homem, a política e o mundo, que no quadro das 4 modernizações (四个现代化,xìgé xiàndàihuà), o novo espírito científico-tecnológico, no qual se enquadram tanto as conquistas espaciais como o espírito digital, é poeticamente louvado em 2015 numa canção preparada pela Administração do Ciberespaço da China (CAC Cyberspace Administration of China) nos seguintes termos (Silva, 2021: 212): “网络强国 网在哪光荣梦想在哪 (Superpotência da Internet! A rede é onde está o sonho glorioso) 网络强国 从遥远的宇宙到思念的家 (Superpotência da Internet! Do cosmos distante ao lar que ansiamos) 网络强国 告诉世界中国梦在崛起大中华 (Superpotência da Internet! Diz ao mundo que o Sonho Chinês (Chinese Dream) está a levantar a grande China) 网络强国 一个我在世界代表着国家 (Superpotência da Internet! Cada um de nós representa o nosso país no mundo) ” Assim se canta politicamente o nacionalismo da linha xiista, onde o sonho se torna realidade através dos avanços científico-tecnológicos concretizados pela nação chinesa. Concluindo, a política com características chinesas não se resume a uma assimilação e digestão de outros sistemas políticos por parte das gentes do País do Meio, ainda que também o seja, como bem viu Xulio Rios no Prefácio à supracitada obra de Jorge Tavares da Silva, quando declara que “as ‘singularidades chinesas’, antes e depois da Revolução, defendem a sinização de qualquer doutrina que possa inspirar mutações económicas e sociais, começando pelo marxismo.” (Silva, 2021:19). Há ainda, a registar, acrescento, que esta “sinização” se apresenta com características muito próprias, eivadas de um pensamento poético fortemente metafórico, repleto de imagens, susceptíveis de se tornarem motes políticos, retiradas à paisagem, incluindo todos os seres naturais, dos rios às montanhas e aos céus, das moscas aos tigres, ou dos ratos aos gatos e aos dragões, ilustrando na perfeição o cruzamento da tradição naturalista chinesa com o ecossocialismo filosófico proposto pelo presidente Xi Jinping. Referências Bibliográficas Alves, Ana Cristina. 2021. Cultura Chinesa, Uma Perspetiva Ocidental. Coordenação de Carmen Amado Mendes. Coimbra: Almedina e Centro Científico e Cultural de Macau. Basto, Abílio. 1998. Os Exames Imperiais na China. Organização, Prefácio e Notas de António Aresta. Macau: Fundação Macau. José Morais, Carlos. 2022. “Como chegou a China à ‘Nova Era’”. www.hojemacau.com.mo 28.10.2022 sexta-feira Disponível em: https://hojemacau.com.mo/wp-content/uploads/2022/10/HM-28-10-22.pdf Portuguese.china.org.cn (Ed.) 2014. “Atravessar o rio sentindo as pedras (Aprofundar a reforma em todos os aspectos)”. Conhecer a China Através de Palavras-Chave. Disponível em: http://portuguese.china.org.cn/china_key_words/2014-11/18/content_38618330.htm., acedido a 7 de janeiro de 2023. Silva Tavares da, Jorge. 2021. Xi Jinping – A ascensão do novo timoneiro da China: o homem, a política e o mundo. Faro: Sílabas & Desafios. Xi Jinping. 1990. 《念奴娇·追思焦裕禄》. cpc.people.com.cn. Disponível em: http://cpc.people.com.cn/n/2014/0318/c64094-24663299.html, acedido a 8 de janeiro de 2023. Vermelho, a Esquerda bem informada (Ed,)2015.Mao Tsé-Tung, o Poeta. Vermelho. Org.br. Disponível em: https://vermelho.org.br/2015/07/03/mao-tse-tung-o-poeta/, acedido a 8 de janeiro de 2023.
Hoje Macau China / ÁsiaChina e Filipinas comprometem-se a gerir disputas através de “consultas amigáveis” O Presidente chinês, Xi Jinping, e o homólogo filipino, Ferdinand Marcos Jr, concordaram hoje em reforçar os laços económicos e lidar com as disputas territoriais no Mar do Sul da China por meio de “consultas amigáveis”. Segundo um comunicado do ministério dos Negócios Estrangeiros da China, emitido após um encontro entre os dois chefes de Estado, em Pequim, os dois líderes concordaram em “continuar a lidar adequadamente com as questões marítimas por meio de consultas amigáveis”. Xi e Marcos supervisionaram a assinatura de uma série de acordos, incluindo uma linha direta entre os ministérios dos Negócios Estrangeiros dos dois países, para evitar erros de cálculo no Mar do Sul da China. Pequim reivindica quase todo o Mar do Sul da China, apesar das reivindicações do Vietname, Filipinas, Malásia e Brunei. Nos últimos anos, a China construiu várias ilhas artificiais, capazes de receber instalações militares em recifes disputados pelos países vizinhos. De acordo com o gabinete de Marcos, Xi prometeu prestar a assistência às Filipinas em áreas como a agricultura, energia e infraestruturas. Marcos disse que as Filipinas e a China devem reforçar a sua parceria para tornar ambos os países “estáveis e fortes” e manter a região como uma força motriz da economia mundial. A primeira visita de Estado de Marcos fora do sudeste asiático é visto como essencial para perceber se Manila consegue encontrar um ponto de equilíbrio entre os laços económicos com Pequim e a sua tradicional aliança com os Estados Unidos no âmbito da segurança. Enquanto o seu antecessor Rodrigo Duterte reforçou os laços com a China, em detrimento da relação com os EUA, Marcos prometeu priorizar a proteção da soberania filipina. E promoveu já a cooperação militar com os EUA através da realização de exercícios conjuntos maiores e sugeriu a abertura de novas bases conjuntas no país. O líder filipino mantém, no entanto, interesse no investimento chinês, particularmente no setor agrícola do país, que considera prioritário. A China é o maior parceiro comercial das Filipinas. Nos primeiros nove meses do ano, as trocas ascenderam a 29,1 mil milhões de dólares.
Hoje Macau China / ÁsiaCovid-19 | Presidente da China afirma que “luz da esperança está à frente” O Presidente da China disse, no sábado, que “a luz da esperança está à frente”, quando o país regista um aumento de casos de covid-19, na sequência do fim das restrições sanitárias. Três anos depois de o aparecimento dos primeiros casos do coronavírus SARS-Cov-2, no final de dezembro, em Wuhan (centro), a China pôs fim à política “zero covid”, sem aviso prévio, a 07 de dezembro. Desde que as restrições foram levantadas, os hospitais chineses estão inundados de doentes, na maioria idosos, os crematórios estão a transbordar e muitas farmácias estão a ficar sem medicamentos para a febre. “A prevenção e o controlo da epidemia entraram numa nova fase. Ainda estamos num momento difícil”, mas “a luz da esperança está à frente”, disse Xi Jinping, na mensagem de Ano Novo transmitida pela televisão estatal chinesa. Este é o segundo comentário sobre a epidemia, proferido esta semana, pelo líder chinês, que na segunda-feira tinha pedido medidas para “proteger efetivamente a vida do povo”. O país relatou no sábado mais de sete mil novos casos e um óbito relacionado com a covid-19, numa população de 1,4 mil milhões de habitantes. Estes números são largamente subavaliados e parecem estar totalmente desfasados da realidade no terreno, de acordo com a agência de notícias France-Presse. Apesar desta situação, as autoridades vão pôr fim, a partir do próximo domingo, às quarentenas obrigatórias à chegada à China e autorizar o povo chinês a viajar para o estrangeiro. Como medida de precaução, vários países europeus, incluindo França e Itália, bem como os Estados Unidos e o Japão, anunciaram que vão exigir testes negativos aos passageiros oriundos da China. O Canadá e Marrocos seguiram este exemplo. A partir de quinta-feira, Otava vai requerer um teste negativo para todos os viajantes que chegam da China. A medida é “uma resposta ao surto de covid-19 na República Popular da China e devido aos limitados dados epidemiológicos e de sequenciação do genoma disponíveis sobre estes casos”, anunciou o governo canadiano em comunicado. Marrocos prefere proibir a entrada direta no território “a todos os viajantes, independentemente da nacionalidade” da China. A proibição entra em vigor a partir de terça-feira, “até novo aviso”, de acordo com uma declaração do Ministério dos Negócios Estrangeiros marroquino. Por seu lado, os Estados-membros da União Europeia vão debater uma resposta comum na quarta-feira, anunciou no sábado a Suécia, que detém a presidência semestral da UE a partir de hoje. “É importante que ponhamos rapidamente em prática medidas”, disse, numa declaração, o governo sueco. As medidas de precaução tomadas por vários Estados “são compreensíveis” dada a falta de informação fornecida por Pequim, disse o chefe da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Ghebreyesus. Esta não é a opinião do ramo europeu do Conselho Internacional de Aeroportos (ACI), organização que representa mais de 500 aeroportos em 55 países europeus. “Estas ações unilaterais contradizem toda a experiência e provas obtidas ao longo dos últimos três anos (…) Impor mais restrições aos viajantes deste país não é cientificamente justificado nem baseado no risco”, de acordo com um comunicado do ACI. Pequim mantém que as suas estatísticas sobre a covid-19 têm sido, desde o início da pandemia, sempre transparentes. A OMS anunciou, na sexta-feira à noite, que se tinha reunido com funcionários chineses para discutir o surto. “A OMS reiterou o apelo para a partilha regular de dados específicos e em tempo real sobre a situação epidemiológica, incluindo mais dados sobre a sequenciação genética e sobre o impacto da doença, incluindo hospitalizações, internamentos em unidades de cuidados intensivos e mortes”, indicou, em comunicado. Também solicitou dados sobre vacinas e estado de imunização, especialmente entre as pessoas vulneráveis e com mais de 60 anos, acrescentou. A política chinesa “zero covid” permitiu uma ampla proteção da população desde 2020, graças a testes de despistagem generalizados, monitorização rigorosa dos movimentos e confinamento e quarentena obrigatórios com a deteção de casos. Estas medidas, que isolaram largamente a China do resto do mundo, infligiram um duro golpe à segunda maior economia do mundo. Nos últimos meses, levaram a uma crescente frustração pública e a protestos antigovernamentais invulgares.
Hoje Macau China / ÁsiaCovid-19 | Xi Jinping defende medidas para proteger vidas O Presidente chinês, Xi Jinping, defendeu na segunda-feira que têm de ser adoptadas medidas para “proteger efectivamente a vida das pessoas”, já que o país está a enfrentar um grande surto de infecções de Covid-19. As declarações, avançadas pela televisão estatal chinesa, constituem os primeiros comentários públicos do líder chinês desde o súbito abandono, no início de Dezembro, das rígidas medidas anti-covid que estavam em vigor desde 2020. Três anos após o aparecimento dos primeiros casos do coronavírus que provoca a doença covid-19, em Wuhan (centro da China), o país enfrenta uma explosão de casos. Muitos hospitais estão sobrecarregados, as farmácias referem ter grande escassez de medicamentos para a febre, enquanto muitos crematórios adiantam estar a ter um fluxo invulgarmente alto de corpos para serem cremados. “A China enfrenta uma nova situação novos desafios em termos de prevenção e controlo da covid-19”, disse Xi Jinping, citado pela televisão estatal CCTV. “Temos de realizar uma campanha de saúde patriótica mais direccionada […] e construir uma muralha sólida contra a epidemia”, acrescentou. Alguns cientistas temem que possa estar a ocorrer na China uma nova mutação do coronavírus, à semelhança do que sucedeu com a variante Omicron, e admitem que pode ser uma combinação de variantes ou algo completamente diferente.
João Santos Filipe Manchete PolíticaPequim | Ho Iat Seng disse a Xi que economia começou a recuperar Apesar de reconhecer dificuldades de uma crise económica sem precedentes, o Chefe do Executivo defendeu que a recuperação já começou e que durante este processo foram sendo atingidos “novos progressos em diversas actividades” Num encontro com Xi Jinping, para fazer o balanço da governação ao longo deste ano, Ho Iat Seng destacou as dificuldades económicas que afectaram o território, relacionadas com a pandemia, mas considera que a recuperação já começou. A revelação foi feita através de um comunicado do Gabinete de Comunicação Social sobre o conteúdo da reunião, que decorreu durante a deslocação do Chefe do Executivo a Pequim. Segundo a versão do Governo local, Ho Iat Seng “referiu que a volatilidade da pandemia provocou impactos severos na economia de Macau, na vida e no emprego da sua população” e reconheceu que “a macroeconomia de Macau está a enfrentar uma pressão significativa, sem precedentes”. Face aos desafios, o Chefe do Executivo assegurou que foram tomadas “medidas imediatas para conter a propagação da epidemia, atenuar a queda da economia e aliviar as dificuldades da população”. Segundo a nota oficial de imprensa, Ho Iat Seng afirmou perante Xi Jinping que a economia do território “começou a recuperar, de forma sucessiva e ordenada, atingindo novos progressos em diversas actividades”. Em relação aos trabalhos para o próximo ano, o líder do governo local afirmou que vai focar-se na revitalização da economia, promoção da diversificação e alívio das dificuldades sentidas pela população. Palminhas, palminhas Por sua vez, o Presidente da República Popular da China destacou o trabalho do Governo da RAEM em três áreas: nova lei da segurança nacional, alterações ao sector do jogo, incluindo o novo concurso público, e ainda no desenvolvimento da Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau na Ilha da Montanha. O encontro terá ainda servido para Xi expressar a confiança no Governo da RAEM. “O Governo Central reconheceu plenamente o trabalho promovido pelo Chefe do Executivo e o Governo da RAEM”, pode ler-se no comunicado emitido pelo governo local sobre o encontro. Xi Jinping terá ainda afirmado que o Governo Central vai insistir “na plena prossecução, de forma precisa e inabalável, do princípio ‘Um País, Dois Sistemas’”, e prometeu apoiar Macau no “desenvolvimento das suas vantagens e características, no sentido de criar uma nova conjuntura da implementação do princípio ‘Um País, Dois Sistemas’ com características próprias de Macau”. Só desta forma, o líder da China acredita que Macau pode “contribuir ainda mais para a criação de um país socialista forte e moderno”
Hoje Macau China / ÁsiaArábia Saudita | Xi na primeira cimeira China-Estados Árabes Classificada como um marco histórico nas relações entre a China e os países árabes, a visita do Presidente chinês à Arábia Saudita visa estreitar as relações entre os dois lados e passar uma mensagem de solidariedade para o mundo O Presidente chinês, Xi Jinping, participa na primeira cimeira China-Estados Árabes. Este será o maior e mais alto nível evento diplomático entre a China e o mundo árabe desde a fundação da República Popular da China, bem como um marco histórico na história das relações sino-árabes, disse uma porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros na quarta-feira, citado pelo Diário do Povo. “Realizar a primeira cimeira China-Estados Árabes é uma decisão estratégica conjunta de ambos os lados para fortalecer a solidariedade e a coordenação nas circunstâncias actuais. Esperamos que a cimeira proporcione uma oportunidade para os dois lados explorarem ideias para aumentar mais ainda as nossas relações, estabelecer o plano para a cooperação futura e inaugurar um futuro brilhante da parceria estratégica sino-árabe”, disse a porta-voz, Mao Ning, numa conferência de imprensa. “Esperamos construir mais entendimentos comuns estratégicos sobre as principais questões regionais e internacionais para enviar uma mensagem forte sobre a nossa determinação de fortalecer a solidariedade e a coordenação, prestar apoio firme uns aos outros, promover o desenvolvimento comum e defender o multilateralismo. Esperamos agir em conjunto na Iniciativa de Desenvolvimento Global e na Iniciativa de Segurança Global, promover a cooperação de alta qualidade do projecto “Uma Faixa, Uma Rota” e contribuir para a paz e o desenvolvimento do Oriente Médio e do mundo em geral”, acrescentou. “Esperamos construir uma comunidade sino-árabe com um futuro compartilhado na nova era e identificar os caminhos e medidas práticas juntos, a fim de promover a solidariedade entre os países em desenvolvimento e contribuir para uma comunidade com um futuro compartilhado para a humanidade”, disse a porta-voz. Xi está de visita à Arábia Saudita desde dia quarta-feira, dia 7, onde permanecerá até sábado, a convite do rei saudita Salman bin Abdulaziz Al Saud, anunciou a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Hua Chunying, nesta quarta-feira. Parceria aprofundada Afirmando que os países do CCG são parceiros importantes para a China na sua cooperação com o Médio Oriente, Mao disse que as relações China-CCG têm desfrutado de um crescimento abrangente, rápido e profundo nos últimos 41 anos, com uma cooperação frutífera abrangendo as áreas de economia, comércio, energia, serviços financeiros, investimento, alta tecnologia, aeroespaço, língua e cultura, estabelecendo o ritmo para a cooperação entre a China e os países do Médio Oriente. Sobre a visita de Estado do presidente Xi à Arábia Saudita, a porta-voz disse que será a primeira visita de Xi a um país do Oriente Médio Oriente após o bem-sucedido 20.º Congresso Nacional do Partido Comunista da China e sua segunda visita à Arábia Saudita em seis anos. Durante a visita, o presidente Xi terá trocas profundas de pontos de vista com o rei Salman bin Abdulaziz Al Saud e com o príncipe herdeiro e primeiro-ministro, Mohammed bin Salman Al Saud, sobre relações bilaterais e questões de interesse compartilhado, e elevará a parceria estratégica abrangente China-Arábia Saudita a um nível mais alto, disse Mao.
Hoje Macau China / ÁsiaUE | Xi Jinping assegura que “não existem conflitos estratégicos” entre Pequim e Europa O Presidente chinês, durante o encontro com o representante do Conselho Europeu, Charles Michel, reafirmou a vontade do país estreitar laços com o velho continente e de trabalhar em conjunto para a construção de um mundo mais harmonioso e pacífico O líder chinês, Xi Jinping, assegurou ontem, em Pequim, que “não existem conflitos estratégicos” entre a China e a União Europeia e que ambas as partes devem “reforçar a comunicação”, num encontro com o Presidente do Conselho Europeu, Charles Michel. “Não existe conflito estratégico entre a China e a União Europeia [UE]”, afirmou o Presidente chinês, de acordo com um comunicado divulgado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros da China. “Devemos reforçar a coordenação em questões macroeconómicas, garantir em conjunto cadeias de fornecimento estável, construir alicerces para a economia digital e proteger o meio ambiente”, acrescentou. Xi enfatizou que ambos os lados devem opor-se à “desassociação entre economias, a uma nova guerra fria ou ao proteccionismo comercial”. “A China vai permanecer aberta às empresas europeias e espera que a UE elimine a interferência e forneça um ambiente de negócios justo e transparente para as empresas chinesas”, acrescentou. Laços fortalecidos Segundo Xi Jinping, a China deseja que a UE se torne num “parceiro importante” para o país asiático, para que ambos “aproveitem as oportunidades de mercado que vão surgir”. “Devemos esclarecer que não há diferenças estratégicas ou conflitos fundamentais entre os dois. A China não quer dominar ninguém e apoia a UE a manter uma estratégia autónoma”, frisou, numa referência aos laços entre a Europa e Estados Unidos. “Esperamos que as instituições europeias e os seus Estados-membros possam ter uma compreensão objectiva e correcta da China e aderir a uma política de coexistência e cooperação pacíficas”, acrescentou. Xi Jinping acrescentou que, mesmo que “haja diferenças em alguns assuntos”, ambos os lados devem “manter uma comunicação construtiva”. “A chave é respeitar as preocupações e interesses de cada um, especialmente em relação à soberania e integridade territorial, e não interferir nos assuntos internos da outra parte”, afirmou Xi, antes de assegurar que Pequim está “pronta” para manter o Diálogo China – UE sobre os Direitos Humanos, “com base na igualdade e no respeito mútuo”. “Quanto mais turbulento o mundo se tornar e quanto mais desafios globais enfrentarmos, mais significativas serão as relações entre nós”, afirmou. Em relação à guerra na Ucrânia, Xi disse que uma solução “política” é do “melhor interesse da Europa e dos países da Eurásia”. “É necessário evitar uma escalada ou um aprofundamento da crise”, disse. “Persistimos na promoção do diálogo para a paz e no controlo dos efeitos indirectos da crise. A China apoia a UE a mediar e liderar a construção de uma arquitectura de segurança europeia equilibrada, eficaz e sustentável. A China está sempre do lado da paz e continuará a desempenhar um papel construtivo à sua maneira”, apontou. Do outro lado De acordo com o comunicado das autoridades chinesas, Charles Michel disse a Xi que a UE respeita a política de ‘Uma só China’ e que deseja “reforçar a comunicação”, para “reduzir mal-entendidos” e “enfrentar desafios no âmbito da energia, saúde e clima”. “O lado europeu está disposto a continuar a promover o processo para chegar a um acordo de investimento entre ambas as partes”, disse o presidente do Conselho Europeu, sobre o acordo que está congelado há mais de um ano.
Hoje Macau China / ÁsiaONU | Xi Jinping felicita reunião que marca solidariedade com Palestina O Presidente chinês, Xi Jinping, felicitou a reunião da ONU realizada na terça-feira para comemorar o Dia Internacional de Solidariedade para com o Povo Palestino. Numa mensagem, Xi disse que a questão palestina está no centro da questão do Oriente Médio, e uma solução abrangente e justa da questão palestina tem a ver com a paz e a estabilidade regionais, bem como com a equidade e a justiça internacionais. A coexistência pacífica entre Palestina e Israel e o desenvolvimento conjunto das nações árabes e judaicas são do interesse de longo prazo de ambos os lados e permanecem como uma aspiração comum dos povos de todos os países, disse Xi, citado pelo Diário do Povo. A comunidade internacional deve aderir à solução de dois Estados, priorizar a questão palestina na agenda internacional e ajudar o povo palestino a realizar o seu sonho de um Estado independente a curto prazo, acrescentou. Xi enfatizou também que a China apoia de forma consistente e firme a justa causa do povo palestino de restaurar os seus legítimos direitos nacionais, promove activamente as negociações de paz e promove a paz entre a Palestina e Israel. Como membro permanente do Conselho de Segurança da ONU e um grande país responsável, a China continuará a trabalhar com a comunidade internacional para fazer contribuições positivas para a paz duradoura, a segurança universal e a prosperidade comum no Oriente Médio, rematou o Presidente chinês.
Hoje Macau China / ÁsiaCuba | Pequim doa cerca de 96 milhões de euros a Havana A China doou 100 milhões de dólares (a Cuba por ocasião da visita do Presidente cubano, Miguel Díaz-Canel, ao país asiático, informou no sábado Havana. O vice-primeiro-ministro cubano, Alejandro Gil, garantiu que o montante será aplicado “nas prioridades do povo”, segundo a Presidência. Em declarações à imprensa cubana que cobriu a viagem de Díaz-Canel e seis dos seus ministros à China, Rússia, Argélia e Turquia, Gil explicou que foram assinados 12 instrumentos jurídicos. O governante destacou os relacionados com a “reabertura de novos financiamentos” como o investimento num dique flutuante enviado da China para Cuba, em 2019. “Está praticamente concluído esse investimento, mas ficaram pendentes alguns ajustes”, considerou, citado na imprensa. O também responsável pela Economia e Planeamento referiu que ficou acordado concretizar um investimento no “programa de reconversão ou modernização da imprensa”. No encontro com o Presidente chinês, Xi Jinping, o chefe de Estado cubano abordou a crise económica no seu país, enquanto o líder da nação asiática garantiu que “fará todo o possível para dar apoio” aos cubanos perante os “grandes desafios” que enfrentam.
Hoje Macau China / ÁsiaCharles Michel vai a Pequim encontrar-se com Xi Jinping O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, vai deslocar-se a Pequim no dia 1 de Dezembro para um encontro com o Presidente chinês, Xi Jinping, disse uma autoridade europeia à Agência France Presse (AFP). Esta reunião ocorre num contexto de intensas discussões entre os europeus sobre como se devem posicionar em relação à China, além das crescentes tensões entre Washington e Pequim. Charles Michel tem de lidar, por um lado, com um país como a Alemanha, que tem importantes interesses económicos na China, e outros Estados-Membros como a Lituânia, que atraiu a ira de Pequim ao estabelecer ligações com Taiwan, considerado pela China como parte integrante do seu território. A 12 de Novembro, em Phnom Penh, poucos dias antes da cimeira do G20, durante a qual Xi Jinping se encontrou com o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, Charles Michel pediu a Pequim que convencesse a Rússia a respeitar o direito internacional na Ucrânia. “Encorajamos as autoridades chinesas a usar todos os meios à sua disposição para convencer a Rússia a respeitar as fronteiras internacionalmente reconhecidas, a respeitar a soberania da Ucrânia”, disse o líder, em declarações à AFP. Intervenção preventiva Também neste mês, num incidente que ilustra as tensões entre Bruxelas e Pequim, a transmissão de um discurso de Charles Michel, agendado para a inauguração de uma feira em Xangai, foi cancelado. Um diplomata especificou que as autoridades chinesas queriam evitar no discurso todas as referências à guerra na Ucrânia. Um assunto delicado na China, que quer ser oficialmente neutra, mas continua a ser um aliado estratégico de peso da Rússia. A União Europeia considera a China um “parceiro, concorrente económico e rival sistémico”, segundo a formulação adoptada em 2019. Os laços comerciais continuam fortes entre os dois. Um dos exemplos é a Alemanha, cujo chanceler Olaf Scholz foi o primeiro líder do G7 a visitar a China – no final de Outubro – desde o início da pandemia.
Hoje Macau China / ÁsiaXi Jinping espera “maior entendimento” sino-americano O Presidente chinês, Xi Jinping, afirmou este sábado em Banguecoque, numa reunião com a vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, que espera “maior entendimento” entre Pequim e Washington para que diminuam os “mal-entendidos e erros de cálculo”. “É de esperar que a China e os Estados Unidos avancem para um maior entendimento mútuo e diminuam mal-entendidos e erros de cálculo. Espera-se que trabalhemos juntos para levar as relações bilaterais para um caminho saudável e estável”, disse Xi durante o breve encontro com Harris, à margem da cimeira da Cooperação Económica Ásia-Pacífico (APEC) que terminou ontem. Harris, que se encontra na capital da Tailândia a substituir o Presidente norte-americano, Joe Biden, salientou que Pequim e Washington “devem manter as linhas de comunicação abertas para gerir responsavelmente a concorrência”, indicou a Casa Branca numa declaração. Por outro lado, o líder chinês aproveitou o encontro de líderes da APEC para apelar a uma maior integração dos países-membros, garantindo que o desenvolvimento chinês será sempre pacífico. Xi, que saiu da China pela primeira vez em mais de dois anos, manteve esta semana uma agenda preenchida, com reuniões bilaterais à margem da cimeira do grupo das 20 economias mais desenvolvidas (G20), realizada na terça e quarta-feira. O responsável chinês reuniu-se com Biden na segunda-feira, num encontro que serviu para tentar reduzir as tensões entre as duas principais potências económicas. Linhas traçadas Xi manifestou a intenção de manter um “diálogo franco e profundo” com Biden sobre os temas de importância estratégica nas relações bilaterais, a nível regional e global. Nessa reunião, Xi Jinping avisou o homólogo norte-americano para não “cruzar a linha vermelha” em Taiwan. “A questão de Taiwan está no centro dos interesses centrais da China, a base da fundação política das relações sino-americanas, e é a primeira linha vermelha a não ser atravessada nas relações sino-americanas”, disse Xi a Biden, segundo o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês.
Hoje Macau China / ÁsiaG20 | Xi Jinping faz repreensão pública Justin Trudeau Sem contemplações, e num gesto pouco vulgar, o Presidente chinês confrontou publicamente o primeiro-ministro canadiano, acusando-o de divulgar e deturpar conversas privadas O Presidente chinês, Xi Jinping, repreendeu na quarta-feira o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, em frente às câmaras, na cimeira do G20, numa contenda pública incomum, que pode complicar ainda mais as relações bilaterais. “Ir contar aos jornais sobre aquilo que falamos não é apropriado”, disse Xi a Justin Trudeau, de acordo com um vídeo registado pelos jornalistas em Bali, na Indonésia. Xi referia-se a informações difundidas pela imprensa, sobre uma conversa entre os dois. Órgãos de comunicação canadianos e internacionais, que citaram pessoas familiarizadas com o encontro, relataram que o primeiro-ministro canadiano expressou preocupações com a alegada interferência chinesa nas eleições do seu país. “Além disso, não foi assim que a conversa se realizou”, acrescentou Xi, acusando Trudeau de falta de sinceridade. As observações de Xi foram traduzidas para o inglês por um intérprete. “Se houver sinceridade [da sua parte], então devemos ter uma discussão baseada no respeito mútuo. Se não houver, é difícil esperar mais”, afirmou o líder chinês. O Presidente chinês aparentemente tenta despedir-se do primeiro-ministro canadiano, mas este responde. “No Canadá, acreditamos no diálogo livre, aberto e franco, e é isso que continuaremos a fazer”, disse Justin Trudeau, em inglês. “Vamos continuar a procurar trabalhar juntos de forma construtiva, mas vão haver coisas sobre as quais não concordamos”, acrescentou. Xi Jinping pôs então fim à conversa, afirmando por duas vezes: “Cabe a si criar as condições [necessárias para melhorar as relações]”. Questionada ontem sobre o incidente, a porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros da China Mao Ning minimizou o caso. “O vídeo (…) contém uma breve conversa entre os líderes dos dois países, durante a cimeira do G20. Isso é algo normal”, apontou. “Não acho que deva ser interpretado como uma crítica ou repreensão a alguém por parte do Presidente Xi”, acrescentou. Encontro amargo A reunião de terça-feira entre Xi Jinping e Justin Trudeau foi o primeiro diálogo cara a cara entre os dois líderes desde 2019. A polícia federal canadiana indicou, na quinta-feira passada, que estava a investigar a alegada criação ilegal de “esquadras” pela China no Canadá, para controlar em particular chineses exilados ou a residir no país. Justin Turdeau também disse, na semana passada, que a China estava a conduzir “jogos agressivos”, depois de a emissora canadiana Global News ter avançado informações sobre a interferência chinesa no processo eleitoral do Canadá. As relações entre Pequim e Otava deterioraram-se acentuadamente nos últimos anos, sobretudo depois da detenção, em 2018, pelo Canadá, a pedido dos Estados Unidos, da directora financeira do grupo chinês das telecomunicações Huawei.
Hoje Macau China / ÁsiaXi Jinping diz para não se sobrevalorizar influência chinesa sobre Putin O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, pediu ontem ao Presidente da China, Xi Jinping, para convencer a Rússia a acabar com a guerra na Ucrânia, mas o líder chinês respondeu que o seu papel não deve ser sobrevalorizado. Num encontro bilateral na Indonésia, à margem da cimeira do G20 (grupo das economias mais desenvolvidas e emergentes), Sánchez, como fizeram outros líderes nos últimos dias nas reuniões em Bali, “pediu para a China usar a sua influência para persuadir a Rússia a pôr fim à guerra”, lê-se num comunicado do Governo de Espanha, que não revela a resposta de Xi Jinping. Segundo fontes da comitiva espanhola que está na Indonésia citadas pela agência de notícias EFE, o Presidente da República Popular da China reconheceu que tem uma boa relação com o líder da Rússia, Vladimir Putin, e destacou que são países vizinhos, mas afirmou que não deve ser sobrevalorizado o papel que Pequim pode ter nesta questão. Assim, segundo as mesmas “fontes oficiais” citadas pela EFE, Xi Jinping sublinhou que a China não é um dos actores nesta guerra, iniciada com uma ofensiva militar russa no final de Fevereiro, e não quer alimentar a tensão no conflito. Xi defendeu, ainda assim, segundo as fontes da EFE, que as sanções à Rússia ou as ameaças com julgamentos internacionais não contribuem para alcançar uma solução. Bons negócios No comunicado divulgado ontem, o Governo espanhol diz que Sánchez argumentou, perante Xi, que “a agressão da Rússia contra a Ucrânia é uma ameaça à paz e à estabilidade mundial que subverte os princípios de soberania e a integridade territorial que a China sempre defendeu”. Segundo o mesmo comunicado, neste encontro, que decorreu em Bali, Sánchez e Xi abordaram também a presidência espanhola da União Europeia (UE), no segundo semestre de 2023. “Sánchez destacou o desejo de seguir a impulsionar a cooperação entre a UE e a China em matéria comercial e de investimento”, lê-se no texto.
Hoje Macau China / ÁsiaXi Jinping avisa Biden que Taiwan é “linha vermelha” O Presidente chinês, Xi Jinping, avisou o seu homólogo norte-americano, Joe Biden, para não “cruzar a linha vermelha” em Taiwan, durante o encontro bilateral que mantiveram na Indonésia, anunciou a diplomacia chinesa. “A questão de Taiwan está no centro dos interesses centrais da China, a base da fundação política das relações sino-americanas, e é a primeira linha vermelha a não ser atravessada nas relações sino-americanas”, disse Xi a Biden, segundo o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês. “A resolução da questão de Taiwan é da competência dos chineses”, advertiu o líder chinês, citado pela agência francesa AFP. Os dois presidentes estiveram reunidos durante mais de três horas na ilha indonésia de Bali, à margem da cimeira do G20, o grupo das economias mais desenvolvidas e emergentes. Xi disse que “é a aspiração comum do povo chinês de alcançar a reunificação nacional e salvaguardar a sua integridade territorial”. “Qualquer pessoa que procure separar Taiwan da China estará a violar os interesses fundamentais da China e o povo chinês nunca o permitirá. Esperamos ver paz e estabilidade no Estreito de Taiwan, mas a paz e a ‘independência’ de Taiwan são irreconciliáveis”, avisou. O líder chinês disse esperar que Washington “honre a sua palavra” e “respeite a política de uma só China e os três comunicados conjuntos assinados” pelas duas partes. “São a base das relações entre os nossos dois países”, insistiu. Xi recordou que Biden comentou “em numerosas ocasiões” que os Estados Unidos “não apoiam a independência da ilha” e não têm intenção de “utilizar Taiwan como instrumento para ganhar vantagem na sua concorrência com a China ou para conter a China”. “Esperamos que os Estados Unidos cumpram as suas promessas e ponham realmente tudo isto em prática”, acrescentou. A presidência norte-americana disse que, no encontro, Biden criticou as “acções coercitivas e cada vez mais agressivas” da China em relação a Taiwan. “Não creio que haja uma tentativa iminente da China de invadir Taiwan”, disse Biden, no entanto, na conferência de imprensa que deu em Bali após a reunião com Xi. As tensões entre Pequim e Washington agravaram-se em Agosto, na sequência de uma viagem provocatória à ilha pela presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, Nancy Pelosi. A China respondeu à visita com os maiores exercícios militares em redor da ilha em décadas e com sanções comerciais contra Taipé. Os Estados Unidos são o principal fornecedor de armas de Taiwan e têm declarado que estarão do lado de Taipé em caso de um conflito militar com a China. Ucrânia: Nuclear, não obrigado Esclarecido este assunto, Xi Jinping, reiterou ao seu homólogo norte-americano que a China está “muito preocupada” com a guerra na Ucrânia e que Kiev e Moscovo devem retomar as negociações. “Apoiamos e aguardamos com expectativa o reinício das conversações de paz entre a Rússia e a Ucrânia”, disse Xi. A China também espera que os Estados Unidos, a União Europeia e a NATO “conduzam diálogos abrangentes com a Rússia”. Xi disse a Biden que “conflitos e guerras não produzem nenhum vencedor” e defendeu que “não existe uma solução simples para uma questão complexa”. Xi e Biden concordaram em rejeitar a utilização de armas nucleares na guerra na Ucrânia. Xi também disse a Biden que o mundo é suficientemente grande para que ambos os países se possam desenvolver e prosperar. “Nas actuais circunstâncias, a China e os Estados Unidos partilham mais, e não menos, interesses comuns”, disse. A China não procura desafiar os Estados Unidos ou “alterar a ordem internacional existente”, disse também, apelando para que ambas as partes se respeitem mutuamente. Não há “democracias perfeitas” Xi defendeu ainda que “nenhum país tem um sistema democrático perfeito” e que as diferenças específicas entre os dois lados podem ser discutidas, “mas apenas na condição prévia da igualdade”. “A chamada narrativa ‘democracia versus autoritarismo’ não é a característica que define o mundo de hoje, muito menos representa a tendência dos tempos”, afirmou. No seu comunicado, a Casa Branca disse que Biden falou sobre a situação dos direitos humanos na China e, em particular, as acções de Pequim na região ocidental de Xinjiang, em Hong Kong e no Tibete. Sobre a Coreia do Norte, Biden transmitiu as suas preocupações sobre o comportamento do regime de Kim Jong-un, que intensificou o lançamento de mísseis e pode estar a preparar-se para realizar o seu primeiro ensaio nuclear desde 2017. Disse “ao Presidente Xi que penso que eles têm a obrigação de deixar claro à Coreia do Norte que não devem realizar testes nucleares”, revelou Biden após a reunião. Xi avisou Biden de que iniciar uma guerra comercial e tecnológica, procurando a desvinculação económica ou o corte das cadeias de abastecimento, “não serve os interesses de ninguém”. A Casa Branca apenas aludiu às práticas chinesas que vão contra a economia de mercado e não fez qualquer menção às tarifas que o ex-presidente Donald Trump (2017-2021) impôs às importações chinesas e que Biden manteve. Também não abordou as novas restrições que Washington colocou à venda de ‘microchips’ chineses.
Hoje Macau China / ÁsiaPresidente chinês quer resolver dívida soberana dos países mais pobres O Presidente chinês, Xi Jinping, pediu ontem que as instituições financeiras internacionais e credores comerciais “participem” e façam “esforços” para reduzir e suspender as dívidas dos países em desenvolvimento. Durante a sua participação na cimeira do G20, Xi assegurou que essas organizações “são os principais credores dos países em desenvolvimento” e instou especificamente o Fundo Monetário Internacional (FMI) a “acelerar” os empréstimos aos países mais pobres. “A China lançou a Iniciativa de Suspensão do Serviço da Dívida do G20 (DSSI) e, no seu âmbito, suspendeu a maior quantia em empréstimos entre todos os membros”, afirmou o líder chinês. Xi Jinping disse ainda que a “China também trabalhou com alguns membros do G20, no âmbito do Quadro Comum para o Tratamento da Dívida, ajudando assim os países em desenvolvimento a ultrapassar um momento difícil”. A reestruturação da dívida dos países em desenvolvimento deve ser um dos temas na cimeira, que se realiza na ilha de Bali, na Indonésia. Os parceiros latino-americanos do G20 (Argentina, México e Brasil), em particular, estão interessados em criar as condições que lhes permitam reestruturar a sua dívida de longo prazo. Mundo frágil Xi enfatizou ainda que a economia mundial está numa posição “frágil” devido à “tensa situação geopolítica, governação global inadequada e a sobreposição de múltiplas crises em áreas como alimentos e energia”. Pediu que se “evitem divisões e políticas de confronto entre blocos”, apelando aos líderes dos vários países que “trabalhem de mãos dadas para abrir novos horizontes de cooperação”. O Presidente chinês realçou que a China propôs a Acção do G20 sobre Inovação e Cooperação Digital e que está “ansiosa para trabalhar com todas as partes para promover um ambiente aberto, equitativo e não discriminatório para o desenvolvimento da economia digital, visando reduzir o fosso digital entre os hemisférios Norte e Sul”. Xi manifestou assim o seu apoio à adesão da União Africana ao G20, e disse que o grupo deve “ter sempre em mente as dificuldades dos países em desenvolvimento e atender às suas preocupações”. “Dados os retrocessos sofridos pela globalização económica e os riscos de recessão enfrentados pela economia mundial, todos estamos a atravessar um momento difícil, sendo que os países em desenvolvimento são os mais afetados”, acrescentou. Comércio mundial mais aberto O líder chinês também pediu que se promova “activamente” a reforma da Organização Mundial do Comércio (OMC) para avançar com a “estruturação de uma economia mundial aberta”. “O comércio global, a economia digital, a transição verde e o combate à corrupção são fatores relevantes que impulsionam o desenvolvimento global. Devemos avançar na liberalização e facilitação do comércio e do investimento”, acrescentou. Xi apontou que a sua proposta para assuntos de segurança, designada Iniciativa de Segurança Global (GSI), visa “manter o espírito da Carta da ONU, agir de acordo com o princípio da indivisibilidade da segurança e persistir no conceito de segurança comum, abrangente, cooperativa e sustentável “. A China “advoga a neutralização de conflitos por meio de negociações, a resolução de disputas por meio de consultas e o apoio a todos os esforços que levem à resolução pacífica de crises”. Em relação às alterações climáticas, Xi indicou que é necessário fazer uma transição para o desenvolvimento verde e com baixas emissões de carbono, mas que para isso “é imperativo cumprir o princípio de responsabilidades comuns, mas diferenciadas, e fornecer apoio aos países em desenvolvimento em termos de fundos, tecnologias e capacitação”, disse. O líder asiático também se pronunciou sobre o que considerou o “desafio mais premente para o desenvolvimento global”: a segurança alimentar e energética, cuja crise ele atribuiu às cadeias de fornecimento e falta de cooperação internacional. “Devemos fortalecer a cooperação na supervisão e regulação do mercado, estabelecer parcerias na áreas das matérias-primas, desenvolver um mercado de matérias-primas aberto, estável e sustentável, além de trabalhar em conjunto para desbloquear cadeias de fornecimento e estabilizar os preços no mercado”, apontou.
Hoje Macau China / Ásia MancheteG20 | Reunião entre Xi Jinping e Joe Biden antecede cimeira Xi Jinping e Joe Biden abriram ontem a sua primeira reunião presencial desde que o Presidente dos EUA assumiu o cargo, há quase dois anos, com um aperto de mão, num hotel de luxo, na Indonésia, onde vão participar na cimeira do G20, que reúne os líderes dos países mais desenvolvidos e das principais potências emergentes. O Presidente chinês disse, durante a reunião com o seu homólogo americano que, “como líderes de dois grandes países, precisam de definir o rumo certo para os laços bilaterais”. “Desde o contacto inicial e o estabelecimento de relações diplomáticas até hoje, a China e os Estados Unidos passaram por mais de 50 anos movimentados, com ganhos e perdas, assim como experiência e lições”, disse Xi. “Notando que a história é o melhor livro de texto, o presidente chinês disse que os dois lados deveriam tomá-lo como um espelho e deixá-lo guiar o futuro. Actualmente, o estado das relações China-EUA não é do interesse fundamental dos dois países e do seu povo”, afirmou Xi, acrescentando que “também não é o que a comunidade internacional espera dos dois países”. “Como líderes de dois grandes países os dois presidentes precisam de desempenhar o papel de liderança, estabelecer o rumo certo para as relações China-EUA e colocá-lo numa trajectória ascendente. Um estadista deve pensar e saber onde liderar o seu país. Deve também pensar e saber como se dar bem com outros países e com o mundo em geral”, explicou a Biden. Desafios sem precedentes Sublinhando que neste tempo e época, grandes mudanças estão a desenrolar-se de formas como nunca antes, Xi disse que “a humanidade está confrontada com desafios sem precedentes. O mundo chegou a uma encruzilhada. Para onde ir a partir daqui? Esta é uma questão que não está apenas na nossa mente, mas também na mente de todos os países. O mundo espera que a China e os Estados Unidos lidem adequadamente com a sua relação”. Notando que o seu encontro com Biden atraiu a atenção do mundo, Xi disse ainda que os dois lados deveriam trabalhar com todos os países para trazer mais esperança à paz mundial, maior confiança na estabilidade global, e um ímpeto mais forte ao desenvolvimento comum. Para isso, Xi disse que “está pronto a ter uma troca de pontos de vista franca e aprofundada com Biden sobre questões de importância estratégica nas relações China-EUA e sobre grandes questões globais e regionais, acrescentando que também espera trabalhar com Biden para trazer as relações China-EUA de volta ao caminho de um crescimento saudável e estável em benefício dos nossos dois países e do mundo como um todo”. Por seu lado, Joe Biden pediu ao seu homólogo chinês, Xi Jinping, que “encontre formas de trabalharem juntos no sentido de impedir que a rivalidade entre as duas potências se transforme em conflito”. “As nossas duas nações compartilham a responsabilidade de administrar as suas diferenças, devemos evitar que a competição se torne em conflito. Devemos encontrar formas de trabalhar juntos em questões globais urgentes, que exigem a nossa cooperação”, disse Biden. Conversas prévias Antes da reunião, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês Mao Ning tinha dito que a China estava empenhada na coexistência pacífica, mas que defenderia firmemente os seus interesses de soberania, segurança e desenvolvimento. “É importante que os EUA trabalhem em conjunto com a China para gerir adequadamente as diferenças, avançar na cooperação mutuamente benéfica, evitar mal-entendidos e erros de cálculo, e trazer as relações entre a China e os EUA de volta ao caminho certo de um desenvolvimento sólido e estável”, disse Mao Ning em Pequim. Os funcionários da Casa Branca e os seus homólogos chineses passaram semanas a negociar os pormenores da reunião, que se realizou no hotel de Xi com tradutores que forneceram interpretação simultânea através de auscultadores. Os funcionários norte-americanos estavam ansiosos por ver como Xi se aproximava do Biden depois de consolidar a sua posição como líder inquestionável do Estado, dizendo que esperariam para avaliar se isso o tornava mais ou menos provável para procurar áreas de cooperação com os Estados Unidos. Biden e Xi trouxeram pequenas delegações para a discussão. Os funcionários norte-americanos esperavam que Xi trouxesse novos altos funcionários governamentais e expressaram a esperança de que isso pudesse conduzir a compromissos mais substantivos ao longo da linha. As muletas de Biden A delegação de Biden incluiu dois funcionários a nível de gabinete – uma relativa raridade para reuniões bilaterais que é um reflexo da importância que a administração está a atribuir à reunião. O Secretário de Estado Antony Blinken e a Secretária do Tesouro Janet Yellen sentaram-se aos dois lados de Biden, enquanto o grupo tomava os seus lugares em frente à delegação chinesa. Blinken tem sido uma figura de proa que moldou a actual política dos EUA em relação à China, apresentando a abordagem da administração num discurso há muito esperado em Maio, que chamou a Pequim o “mais sério desafio a longo prazo para a ordem internacional”. Yellen tem repetidamente adoptado uma linha dura sobre a necessidade de reduzir a dependência dos EUA das cadeias de abastecimento chinesas, mas expressou interesse em compromissos mais concentrados – incluindo sobre o impacto das políticas dos EUA e da China na economia global – durante os comentários aos repórteres no início do dia. Também à mesa estava o conselheiro de segurança nacional Jake Sullivan, que se encontrou com o diplomata de topo da China Yang Jiechi numa reunião chave em Junho no Luxemburgo e também se juntou à reunião notoriamente controversa entre funcionários norte-americanos e chineses no Alasca ao lado de Blinken em Março de 2021. A delegação de Biden incluiu também uma série de funcionários focados na Ásia, incluindo o Embaixador dos EUA na China, Nicholas Burns, e o Secretário de Estado Adjunto para os Assuntos da Ásia Oriental e Pacífico, Daniel Kritenbrink. Além disso, quatro funcionários do Conselho de Segurança Nacional centrados na Ásia e na China estiveram também presentes nas conversações, de acordo com uma lista fornecida pela Casa Branca. Os dois homens têm uma história que data do serviço de Biden como vice-presidente do seu país. O presidente dos EUA enfatizou que conhece bem Xi e quer utilizar a reunião para compreender melhor a sua posição. ASEAN | Uma noiva, dois pretendentes O Presidente dos EUA Joe Biden, durante a sua reunião no sábado com líderes dos membros da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), não poupou esforços para cortejar estes países, incluindo a elevação dos laços com o bloco a uma parceria estratégica abrangente e prometendo um pedido orçamental de 850 milhões de dólares em assistência aos países regionais. “Isto [a elevação dos laços] parece mais um acto simbólico. Os EUA estão a jogar o jogo da recuperação com a China”, disse Koh King Kee, presidente do Center for New Inclusive Asia, um think tank não governamental da Malásia. “Os EUA costumavam cultivar laços bilaterais com os países do sudeste asiático, a actualização dos laços com todo o bloco e a duplicação da centralidade da ASEAN revelaram que Washington deseja agora que todo o bloco possa desempenhar um papel central, para contrariar o que os EUA acreditam ser a crescente influência da China nesta região”, Chen Xiangmiao, um investigador assistente do Instituto Nacional para Estudos do Mar do Sul da China. Joe Biden tinha anunciado um pacote de desenvolvimento e segurança de 150 milhões de dólares para a ASEAN na Cimeira Especial EUA-ASEAN de 2022, realizada em Maio, tentando responder aos 1,5 mil milhões de dólares que a China prometeu aos membros da ASEAN em Novembro de 2021 para alimentar a recuperação económica e combater a pandemia da COVID-19. Já o primeiro-ministro chinês Li Keqiang participou na sexta-feira passada na 25ª Cimeira China-ASEAN, durante a qual apelou ao reforço da cooperação com os membros da ASEAN, e à manutenção conjunta da paz e estabilidade regionais, informou a Xinhua. Li disse que “a China e a ASEAN são parceiros estratégicos abrangentes com um futuro comum, e que se mantiveram unidos durante todo o processo de consolidação da paz e estabilidade regional. Tomar partido não deve ser a nossa escolha. A abertura e a cooperação são o caminho viável para enfrentar os nossos desafios comuns”. A diferença fundamental entre a cooperação da China e dos EUA com a ASEAN é que o objectivo da China é alcançar uma ASEAN verdadeiramente próspera e pacífica. Além disso, a China não interfere nos assuntos internos dos membros da ASEAN. Em contraste, as políticas para a ASEAN dos EUA, ao enfatizarem a centralidade do bloco, estão na realidade centradas em torno de si, uma vez que Washington apenas quer que o bloco sirva de peão para contrariar a China, e para cumprir o seu próprio objectivo hegemónico, disse Chen Xiangmiao. “A presença da China no Sudeste Asiático é basicamente económica, a China e as economias da ASEAN têm maiores complementaridades económicas. Para os EUA, o seu interesse na ASEAN é geopolítico e não económico”, disse Koh. O valor do comércio Chinês-ASEAN subiu 28% para 878 mil milhões de dólares em 2021. Isso é quase o dobro dos 441 mil milhões de dólares no comércio total entre os EUA e o bloco ASEAN no ano passado. Embora Biden tenha feito promessas aos membros da ASEAN, as políticas dos EUA nesta região ainda estão a ser testadas, uma vez que a melhoria dos laços comerciais EUA-ASEAN foi atrofiada pela iniciativa do antigo presidente Donald Trump de sair do agrupamento regional de comércio da Parceria Trans-Pacífico em 2017, e ele só fez uma breve aparição numa reunião da ASEAN – em 2017, ano em que tomou posse. Em toda a região, há um cepticismo crescente sobre se as eleições de 2024 poderão trazer um presidente que não quer seguir o exemplo de Biden, disse recentemente Scot Marciel, um antigo secretário adjunto principal para a Ásia Oriental e o Pacífico no Departamento de Estado norte-americano, ao Politico dos media. Chen acredita que independentemente do partido que vencer as eleições americanas em dois anos, enquanto Washington continuar a ver Pequim como o seu némesis, continuará a cortejar a ASEAN e a tentar cotovelar o bloco para a linha da frente da luta contra a China na região. “No entanto, um presidente republicano pode procurar restringir a cooperação e assistência económica dos EUA a esta região, à semelhança do que Trump fez durante o seu mandato”, disse Chen. Chen advertiu que o facto de se fixar em se opor à China na região só afastará o bloco de Washington, uma vez que esta região tem manifestado repetidamente que não quer ser apanhada no meio da rivalidade Pequim-Washington.
Hoje Macau Grande Plano MancheteXi Jinping reeleito figura suprema do Estado. Escolhido um novo Comité Permanente Como se esperava, desde a alteração constitucional, que eliminou o período máximo de dez anos para a ocupação deste cargo, Xi Jinping foi reeleito secretário-geral do 20º Comité Central do Partido Comunista da China (PCC), na primeira sessão plenária do comité realizada no domingo. A sessão contou com a presença de 203 membros do 20º Comité Central do CPC e 168 membros suplentes. Xi foi também nomeado presidente da Comissão Militar Central do PCC. Segundo a agência Xinhua, a nova ordem hierárquica do Comité Permanente do Politburo é composta pelo secretário-geral Xi Jinping, 69 anos, Li Qiang, 63, Zhao Leji, 65, Wang Huning, 67, Cai Qi, 66, Ding Xuexiang, 60 e Li Xi, 66. Isto significa que Li Qiang vai assumir o cargo de primeiro-ministro da China. Cai Qi é o primeiro secretário do secretariado do Partido, substituindo Wang Huning como responsável pela gestão diária dos principais assuntos da organização. Zhao Leji, agora em terceiro lugar na hierarquia, provavelmente chefiará a Assembleia Nacional Popular, o órgão máximo legislativo do país, enquanto Wang Huning vai assumir a chefia da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês, uma importante plataforma para mobilizar recursos e apoio de fora do Partido. Li Xi vai chefiar a poderosa agência anticorrupção, a Comissão Central de Inspeção e Disciplina, substituindo Zhao Leji. O PCC, que tem mais de noventa milhões de membros, está organizado numa estrutura piramidal. No topo está o Politburo, que é composto agora por 24 pessoas – oficiais do Exército, líderes de província e altos quadros do Partido. Dentro deste grupo está o Comité Permanente do Politburo, que é composto pelos sete membros encarregues da maioria das decisões políticas cruciais. O chefe do Comité Permanente é o secretário-geral do Partido. Resolução final sintetiza 20ºCongresso O documento fundamental aprovado pelo 20º Congresso foi a “Resolução sobre relatório do 19º Comité Central do PCC”, que “constitui a essência do evento e é o programa geral para o desenvolvimento das causas do Partido e do Estado”, lê-se no documento. Assim, é reafirmado o “socialismo com características chinesas” e as “duas determinações”: “defender resolutamente a posição do camarada Xi Jinping como núcleo do Comité Central e de todo o Partido” e “ implementar integralmente o pensamento de Xi Jinping sobre o socialismo com características chinesas para a nova era”. Isto significa, segundo a resolução “promover o grande espírito fundador do Partido, manter a autoconfiança e o auto-fortalecimento, persistir nos princípios fundamentais e na inovação, trabalhar arduamente com espírito empreendedor, avançar com coragem e perseverança, e lutar com união pela construção integral de um país socialista moderno e pela promoção integral da grande revitalização da nação chinesa”. Depois de elogiar a acção do PCC e de Xi Jinping nos últimos cinco anos, a resolução refere a “procura do progresso baseado na estabilidade, (…) a construção integral de uma sociedade moderadamente próspera”, a aplicação do “novo conceito de desenvolvimento de alta qualidade, (…)e a administração do país conforme a lei em todos os aspectos”. A resolução enfatiza que “na última década (…) experimentámos três acontecimentos de grande significado actual e histórico às causas do Partido e do povo: a celebração do centenário da fundação do PCC, a entrada na nova era do socialismo com características chinesas, e a conclusão da tarefa histórica de erradicar a pobreza e construir uma sociedade moderadamente próspera em todos os aspectos, a primeira meta centenária”. Assim, o documento considera que “tratam-se de vitórias históricas que o PCC e o povo chinês obtiveram através da luta unida, que resplandecem na história de desenvolvimento da nação chinesa, e que exercem uma influência profunda e de longo prazo ao mundo”. Marxismo e modernização O Congresso reforça o marxismo enquanto “orientação ideológica que serve de fundamento ao nosso Partido e Estado e à sua prosperidade”, porque “o marxismo funciona, especialmente, o marxismo adaptado às condições chinesas e ao nosso tempo”. É “através da combinação dos princípios básicos do marxismo com as realidades da China e com a excelente cultura tradicional chinesa” que se respondeu “correctamente a importantes questões colocadas pela época e pela prática e manter sempre a vitalidade e o dinamismo do marxismo”. Segundo a resolução, “a tarefa central do PCC é unir e liderar o povo de todos os grupos étnicos do país a concluir a construção integral de um grande país socialista moderno, meta do segundo centenário, e promover integralmente a grande revitalização nacional por meio da modernização chinesa”. Ora a “modernização chinesa” é “socialista” e “dotada não apenas de atributos comuns da modernização de outros países, mas para “uma população de grande dimensão, visa a prosperidade comum de todo o povo, coordena o progresso material e o progresso cultural e ético, busca a convivência harmoniosa entre o ser humano e a Natureza e segue o caminho do desenvolvimento pacífico”. As duas etapas e os próximos 5 anos O Congresso elaborou um planeamento estratégico de duas etapas: 1) de 2020 até 2035, a modernização socialista será basicamente realizada; 2) a partir de 2035 até os meados do século, a China tornar-se-á um grande país socialista moderno, próspero, poderoso, democrático, culturalmente avançado, harmonioso e belo”. Para os próximos cinco anos o documento define como objetivos e tarefas principais o desenvolvimento económico de alta qualidade; a independência e o fortalecimento da ciência e tecnologia; o estabelecimento de um novo paradigma de desenvolvimento e de uma economia modernizada; a modernização do sistema e da capacidade de governação nacional; o aperfeiçoamento do sistema de economia de mercado socialista; e um novo sistema de economia aberta. Além disso, procurará a elevação do nível de institucionalização, regulamentação e procedimentos da democracia popular, o aperfeiçoamento sistema de Estado de Direito socialista com características chinesas; o enriquecimento da vida intelectual e cultural do povo e o fortalecimento da coesão da nação chinesa e a influência da cultura chinesa. Em termos económicos e sociais, “será realizada a sincronização básica entre o aumento do rendimento dos cidadãos e o crescimento económico e entre o incremento da remuneração do trabalho e a melhoria da produtividade laboral; será melhorada a equalização do acesso aos serviços públicos básicos; e será aperfeiçoado o sistema de segurança social em vários níveis”. Também a ecologia áreas urbanas e rurais “melhorará e serão obtidos resultados notáveis na construção de uma China bela”. No plano internacional, procurar-se-á a consolidação da “segurança nacional e “a construção de uma China pacífica, sendo que “a posição e a influência internacionais da China serão elevadas e o país desempenhará um maior papel na governação global”. Ainda segundo o documento, é muito importante “melhorar o bem-estar do povo e elevar a qualidade de vida, garantir e aperfeiçoar o bem-estar do povo no processo de desenvolvimento, promover a prosperidade comum, aperfeiçoar o sistema de distribuição de rendimentos, aplicar a estratégia de emprego em primeiro lugar, aprimorar o sistema de segurança social, e impulsionar a construção de uma China saudável. É preciso promover o desenvolvimento verde e a coexistência harmoniosa entre o ser humano e a Natureza, cultivar e praticar o conceito de que águas limpas e montanhas verdes são tão valiosas quanto montes de ouro e prata, e planejar o desenvolvimento a partir de uma visão de convivência harmoniosa entre o ser humano e a Natureza”. “Um país, dois sistemas” é para continuar O Congresso salientou também que o princípio “um país, dois sistemas” é uma “grande inovação do socialismo com características chinesas, e também o melhor arranjo institucional para manter a prosperidade e a estabilidade duradouras em Hong Kong e Macau após seu retorno à pátria”, comprometendo-se em mantê-lo “por longo tempo”. Por isso implementar “plena, correta e inabalavelmente” os princípios de “um país, dois sistemas”, “Hong Kong administrado pela gente de Hong Kong”, “Macau administrado pela gente de Macau” e alto grau de autonomia, defendendo “a ordem constitucional nas regiões administrativas especiais, estabelecida pela Constituição e pelas Leis Básicas, assim como colocar em prática os princípios de “Hong Kong administrado por patriotas” e “Macau administrado por patriotas”. Quanto a Taiwan, a resolução reafirma o princípio de “uma só China” e o “Consenso de 1992”, aplicando a “estratégia geral do Partido para resolver a questão de Taiwan na nova era, bem como se opor firmemente à ‘independência de Taiwan’, com a finalidade de segurar nas nossas próprias mãos a iniciativa de orientar as relações entre os dois lados do estreito e impulsionar inabalavelmente a grande causa da reunificação da pátria”. Para o Congresso, “para a construção de um país socialista moderno”, “a chave reside no Partido”. Assim sendo, o PCC deve manter “a lucidez e a determinação em todos os momentos para resolver as dificuldades únicas de um grande partido, a fim de obter sempre o apoio do povo e consolidar a posição governante de longo prazo”. Para isso deve promover-se “a capacidade do Partido de depurar-se, aperfeiçoar-se, renovar-se e superar-se, reforçar a liderança centralizada e unificada, formar um contingente de quadros altamente qualificados, persistir na tónica rigorosa para melhorar a conduta e endurecer a disciplina, de forma a alcançar a vitória da batalha decisiva e prolongada contra a corrupção”, entre outros aspectos. Os membros do Comité Permanente do Politburo LI QIANG Li Qiang tem sido secretário do partido de Xangai, a maior cidade e centro financeiro da China, desde 2017, e foi lançado no Comité Permanente do Politburo, possivelmente como futuro primeiro-ministro. O posto de Xangai é um dos mais importantes da China e foi anteriormente ocupado por Xi, o ex-Presidente Jiang Zemin e ex-primeiro-ministro Zhu Rongji. Li, de 63 anos, é considerado como próximo de Xi, depois de servir sob o seu comando na província de Zhejiang. Chefiou o departamento político e jurídico da província antes de ser nomeado secretário adjunto do partido e possui um MBA da Universidade Politécnica de Hong Kong. ZHAO LEJI Desde 2017, Zhao Leji dirige a Comissão Central de Inspecção Disciplinar, o organismo do partido para policiar a corrupção e outros actos ilícitos. Isso fez dele uma figura-chave na campanha de Xi contra a corrupção. Ele está agora na linha de frente da Assembleia Nacional Popular, que se reúne em sessão plenária apenas uma vez por ano e cujas deliberações são realizadas principalmente à porta fechada pelo seu comité permanente mais reduzido. Zhao, 65 anos, antes de se mudar para Pequim, foi secretário do partido em Shaanxi e, antes disso, da província ocidental de Qinghai no planalto tibetano, onde nasceu e passou o seu início de carreira. WANG HUNING O teórico político partidário de longa data Wang Huning, 62 anos, é membro do Comité Permanente do Politburo desde 2017 e passa para a quarta posição, reflectindo o seu estatuto como um dos mais importantes conselheiros de Xi. O quarto lugar vai normalmente para o chefe da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês, o grupo consultivo do ANP que também supervisiona os grupos não comunistas, organizações religiosas e grupos minoritários. Wang, que tem formação académica, tem estado em grande parte encarregue da ideologia partidária como conselheiro de uma sucessão de líderes, mas não tem experiência como governador regional, líder de partido ou cargos ministriais. Foi reitor da prestigiada Faculdade de Direito da Universidade Fudan em Xangai e professor de política internacional. Wang defende um Estado chinês forte e centralizado para resistir à influência estrangeira. Wang é creditado por observadores estrangeiros com o desenvolvimento das ideologias oficiais de três líderes chineses – as “Três Representações” de Jiang Zemin, o “Conceito de Desenvolvimento Científico” de Hu Jintao e o “Socialismo com Características Chinesas numa Nova Era” de Xi. É também o autor do livro altamente crítico “América Contra a América”, escrito após uma visita aos Estados Unidos em 1991, que aponta para a desigualdade económica e outros desafios sociais e políticos americanos. CAI QI Cai Qi é outro recém-chegado ao Comité Permanente do Politburo, um político talentoso que tem uma relação há muito estabelecida com Xi. Tal como com Xi, Cai trabalhou nas províncias de Fujian e Zhejiang, chegando a Pequim em 2016 primeiro como presidente da câmara, antes de ser promovido ao lugar cimeiro do secretário do partido no ano seguinte. O seu tempo no cargo tem sido mais variado e desafiante do que alguns dos seus antecessores. Trouxe os Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim de 2022 a tempo e com relativamente pouca perturbação e levou a cabo a estratégia “zero-COVID” sem causar o tipo de perturbação maciça que se verificou em Xangai. Cai, de 66 anos, é natural de Fujian e considerado um dos principais intelectuais do partido, tendo obtido o doutoramento em economia política pela Universidade Normal de Fujian, ao mesmo tempo que se revelou um gestor competente. DING XUEXIANG Como chefe do Gabinete Geral desde 2017, Ding Xuexiang detém uma das posições burocráticas mais importantes do partido, com um controlo generalizado sobre a informação e o acesso aos funcionários. Isto implica que Xi deposita nele um elevado grau de confiança e Ding está frequentemente entre os poucos funcionários que participam em reuniões sensíveis juntamente com o secretário-geral. Ding, 60 anos, juntou-se ao Politburo em 2017 e ocupou uma variedade de cargos dentro do partido mas não na administração governamental. Tal como Wang Huning, ele nunca foi governador, secretário ou ministro do partido provincial. Li Xi A elevação de Li Xi ao Comité Permanente do Politburo parece vir em reconhecimento do seu sucesso na promoção da integração entre Guangdong, com o seu centro tecnológico de Shenzhen, e o centro financeiro internacional de Hong Kong. Li, de 66 anos, foi também nomeado para suceder a Zhao Leji como chefe da Comissão Central de Inspecção Disciplinar. Li tem também a distinção especial de ter sido secretário do partido de Yan’an, onde o PCC fundou a sua sede no final da Longa Marcha. Mais tarde, ascendeu a vice-secretário do partido de Xangai e depois secretário do partido da província de Liaoning.
Hoje Macau Grande Plano MancheteXX Congresso do PCC | Xi Jinping apresenta discurso optimista e voltado para o futuro Numa longa intervenção, o presidente chinês prometeu uma China mais moderna, mais justa, com melhor distribuição de rendimentos, melhores serviços de saúde e educação, e apostada na inovação e na ecologia. Sem esquecer a segurança nacional, o papel de liderança do PCC e a reunificação Neste domingo, na abertura do 20º Congresso do Partido Comunista da China (PCC), Xi Jinping começou por apelar a todos os membros do partido a lutar em unidade para “construir uma China socialista moderna em todos os aspectos”. “O congresso realiza-se num momento crítico, quando todo o Partido e o povo chinês de todos os grupos étnicos embarcam numa nova viagem para construir a China num país socialista moderno em todos os aspectos”, disse. “A nossa responsabilidade é inigualável em importância, e a nossa missão é gloriosa sem comparação. É imperativo que no PCC nunca esqueçamos a nossa aspiração original e missão fundadora, que permaneçamos sempre modestos, prudentes e trabalhadores, e que tenhamos a coragem e a capacidade de continuar a nossa luta. Todo o Partido deve permanecer confiante na história, exibir maior iniciativa histórica, e escrever um capítulo ainda mais magnífico para o socialismo com características chinesas na nova era”, afirmou. Em jeito de balanço, Xi explanou o que considera os principais feitos do PCC no último lustro: “Os cinco anos decorridos desde o 19º Congresso Nacional têm sido verdadeiramente importantes e extraordinários”. O presidente, reforçando a importância do Partido enquanto liderança do país, referiu que “o Comité Central reuniu todo o Partido, os militares e o povo chinês e conduziu-os a responder eficazmente a desenvolvimentos internacionais graves e intrincados e a uma série de imensos riscos e desafios”. Entre eles, “a construção de uma sociedade moderadamente próspera”, “a promoção do desenvolvimento de alta qualidade”, “o bem-estar público como uma questão prioritária” e a “batalha contra a pobreza”. Além disso, Xi referiu “um grande esforço” para melhorar a conservação ecológica, a salvaguarda da segurança nacional e da estabilidade social. Para isso, foi necessário dedicar “grande energia à modernização da defesa nacional e das forças armadas, além de colocar “o povo e as suas vidas acima de tudo”, com a dinâmica de COVID zero.” “A corrupção é um cancro” Contudo, o presidente não deixou de sublinhar a vitória na batalha contra a corrupção. “A corrupção é um cancro para a vitalidade e capacidade do Partido, e combater a corrupção é o tipo de auto-reforma mais completo que existe”, afirmou. “Enquanto os locais de reprodução e condições para a corrupção ainda existirem, devemos continuar a tocar a corneta e nunca descansar, nem sequer por um minuto”, continuou. “O Partido continuará a assegurar que os funcionários não tenham a audácia, a oportunidade, ou o desejo de se tornarem corruptos”, disse ainda Xi que prometeu “tolerância zero” na luta contra a corrupção e na punição dos actos ilícitos. “Não deve haver misericórdia para a corrupção”, concluiu. Por isso, “os membros do PCC devem ter presente que a auto-governação plena e rigorosa é um esforço incessante e que a auto-reforma é uma viagem para a qual não há fim. Nunca devemos afrouxar os nossos esforços e nunca nos devemos permitir cansar ou ser derrotados”. “Sendo o maior partido marxista do mundo no governo, o PCC deve manter-se sempre alerta e determinado a enfrentar os desafios especiais que um grande partido como o CPC enfrenta, de modo a manter o apoio do povo e consolidar a sua posição como partido governante a longo prazo”, afirmou. Melhoria de distribuição de rendimentos Já em termos sociais e económicos, Xi prometeu “melhorar o sistema de distribuição de rendimentos, mantendo a distribuição de acordo com o trabalho. Vamos assegurar mais remuneração por mais trabalho e encorajar as pessoas a alcançar a prosperidade através de trabalho árduo”. Além disso, prometeu promover a igualdade de oportunidades, aumentar o rendimento dos trabalhadores mais desfavorecidos e a dimensão da classe média. “A distribuição dos rendimentos e os meios de acumulação de riqueza serão bem regulamentados”, concluiu. “Este país é o seu povo; o povo é o país. Trazer benefícios para o povo é o princípio fundamental da governação”, explicou. “Devemos assegurar e melhorar o bem-estar do povo no decurso da prossecução do desenvolvimento e encorajar todos a trabalhar arduamente em conjunto para satisfazer as aspirações do povo por uma vida melhor”, disse Xi. Para atingir estes objectivos, “o PCC irá trabalhar arduamente para resolver as dificuldades e problemas prementes que mais preocupam as pessoas, melhorar o sistema de serviços públicos para elevar os seus padrões e torná-los mais equilibrados e acessíveis, de modo a alcançar progressos sólidos na promoção da prosperidade comum”. Mais emprego e satisfação das necessidades básicas, melhoria do sistema de segurança social, um sistema de habitação com múltiplos fornecedores e canais de apoio que encorajem tanto o aluguer como a compra de habitação, foram algumas das promessas do presidente. Além disso, “a Iniciativa China Saudável estabelecerá um sistema político para aumentar as taxas de natalidade, prosseguirá uma estratégia nacional proactiva em resposta ao envelhecimento da população, e promoverá a preservação e o desenvolvimento inovador da medicina tradicional chinesa”, disse Xi que prometeu ainda que “o sistema de saúde pública também será melhorado, com sistemas reforçados de prevenção, controlo e tratamento de epidemias, bem como capacidade de resposta de emergência, de modo a conter eficazmente as principais doenças infecciosas”. Educação e inovação: as principais forças “Devemos considerar a ciência e a tecnologia como a nossa principal força produtiva, o talento como o nosso principal recurso, e a inovação como o nosso principal motor de crescimento”, sublinhou o presidente. “Vamos abrir novas áreas e novas arenas no desenvolvimento e fomentar constantemente novos motores de crescimento e novos pontos fortes”. “Para desenvolver uma educação que satisfaça as expectativas do povo, a China avançará mais rapidamente na construção de um sistema educacional de alta qualidade, no avanço do desenvolvimento bem fundamentado dos estudantes, e na promoção da equidade na educação”, afirmou. “A inovação permanecerá no centro do esforço de modernização da China, e será criado um ecossistema de inovação aberto e globalmente competitivo. A China irá acelerar a implementação da estratégia de desenvolvimento orientada para a inovação, com um ritmo mais rápido para alcançar uma maior auto-suficiência e força na ciência e tecnologia”, continuou. Por isso, “para construir um país socialista moderno em todos os aspectos, devemos, antes de mais, prosseguir um desenvolvimento de alta qualidade”, garantindo “a implementação da expansão da procura interna integrada com os esforços para aprofundar a reforma estrutural do lado da oferta”, disse Xi. Aumentar a produtividade, tornar as cadeias industriais e de abastecimento mais resilientes e seguras, e promover o desenvolvimento urbano-rural integrado e o desenvolvimento regional coordenado, melhorará e expandirá a produção económica, resumiu o presidente. “Trabalharemos para que o mercado desempenhe o papel decisivo na atribuição de recursos e que o governo desempenhe melhor o seu papel”. Modernizar o sector industrial, no fabrico, qualidade dos produtos, aeroespacial, transportes, ciberespaço, e desenvolvimento digital são fulcrais, disse Xi. Para Xi Jinping, os próximos cinco anos serão cruciais. Na sua perspectiva, a modernização chinesa tem “características únicas”. “Contém elementos que são comuns aos processos de modernização de todos os países, mas é mais caracterizado por características que são únicas no contexto chinês”, disse afirmou. “A modernização chinesa é a modernização de uma enorme população, de prosperidade comum para todos, de avanço material e cultural-ético, de harmonia entre a humanidade e a natureza e de desenvolvimento pacífico”, explicou Xi. Assim os seus requisitos essenciais são “a manutenção da liderança do PCC e do socialismo com características chinesas, a prossecução de um desenvolvimento de alta qualidade, o desenvolvimento da democracia popular de processo integral, o enriquecimento da vida cultural do povo, a obtenção de prosperidade comum para todos, a promoção da harmonia entre a humanidade e a natureza, a construção de uma comunidade humana com um futuro partilhado, e a criação de uma nova forma de promoção humana”. Segurança nacional e estabilidade social O presidente sublinhou ainda a salvaguarda da segurança nacional e da estabilidade social: “A segurança nacional é a base do rejuvenescimento da nação, e a estabilidade social é um pré-requisito para a construção de uma China forte e próspera”, disse. Xi afirmou ainda que “o PCC deve tomar a segurança do povo como seu objectivo último, a segurança política como sua tarefa fundamental, a segurança económica como sua base, a segurança militar, tecnológica, cultural e social como pilares importantes, e a segurança internacional como um apoio”. “Com esta nova arquitectura de segurança, poderemos salvaguardar melhor o novo padrão de desenvolvimento da China”, concluiu. Além disso, “a China garantirá a segurança dos alimentos, energia e recursos, bem como das principais cadeias industriais e de abastecimento, e protegerá os direitos e interesses legais dos cidadãos e entidades jurídicas chinesas no estrangeiro”, afirmou, sublinhando que a protecção da informação pessoal será reforçada. “Melhoraremos o sistema de governação social baseado na colaboração, participação e benefícios partilhados, de modo a tornar a governação social mais eficaz”, disse Xi. Estado de direito e democracia popular “A China deve esforçar-se por construir um país socialista moderno em todos os aspectos sob o Estado de direito. Temos de desempenhar melhor o papel do Estado de direito na consolidação das fundações, assegurando expectativas estáveis, e proporcionando benefícios a longo prazo”, disse Xi. “A governação baseada na lei é importante para o sucesso do partido no governo e rejuvenescimento do país, para o bem-estar do povo, e para a estabilidade a longo prazo do partido e do país”. “Devemos, com enfoque na protecção e promoção da justiça e justiça social, prosseguir o progresso coordenado na governação baseada na lei, no exercício do poder do Estado baseado na lei e na administração governamental baseada na lei e tomar medidas integradas para construir um país, governo e sociedade baseados no Estado de direito”, disse Xi. “Serão feitos esforços para melhor implementar a Constituição e conduzir a supervisão constitucional, e intensificar a legislação em domínios-chave, emergentes e relacionados com o estrangeiro”, concluiu. Tudo isto sem esquecer que “a democracia popular é a democracia na sua forma mais ampla, mais genuína e mais eficaz”, referiu o presidente. “Vamos melhorar o sistema de instituições através das quais o povo dirige o país”. Xi disse ainda que também será encorajada “a participação ordenada do povo nos assuntos políticos” e garantirá “a sua capacidade de participar em eleições democráticas, consultas, tomada de decisões, gestão e supervisão, de acordo com a lei”. “Vamos inspirar a motivação, iniciativa e criatividade do povo, de modo a consolidar e desenvolver uma atmosfera política viva, estável e unida”, disse Xi, salientando a necessidade de reforçar as instituições “através das quais o povo dirige o país, desenvolver plenamente a democracia consultiva e desenvolver activamente a democracia a nível primário”. Ecologia e redução de emissões “A China trabalhará activa e prudentemente em direcção aos objectivos de atingir o pico das emissões de carbono e neutralidade de carbono”, garantiu Xi Jinping. “Com base na dotação de energia e recursos da China, avançaremos com iniciativas para atingir o pico das emissões de carbono de uma forma bem planeada e faseada, de acordo com o princípio de construir o novo antes de descartar o velho”. “A revolução energética será avançada uma vez que o carvão será utilizado de uma forma mais limpa e eficiente e o planeamento e desenvolvimento de um sistema para novas fontes de energia será acelerado”, explicou. Por outro lado, “a China irá envolver-se activamente na governação global em resposta às alterações climáticas”, através “de uma abordagem holística e sistemática à conservação e melhoria das montanhas, águas, florestas, terras agrícolas, prados e desertos”. “Vamos levar a cabo uma reestruturação industrial coordenada, controlo da poluição, conservação ecológica, e resposta climática, e vamos promover esforços concertados para reduzir as emissões de carbono, reduzir a poluição, expandir o desenvolvimento verde, e prosseguir o crescimento económico”, disse. “A China dará prioridade à protecção ecológica, conservará os recursos e utilizá-los-á eficientemente, e prosseguirá o desenvolvimento verde e com baixo teor de carbono, concluiu. Nem hegemonia nem expansionismo Quanto às relações com outros países, Xi garantiu que a China nunca procurará a hegemonia ou o expansionismo. “A China está firmemente contra todas as formas de hegemonismo e políticas de poder, a mentalidade da Guerra Fria, a interferência nos assuntos internos de outros países e a duplicidade de critérios”, afirmou. “A China mantém-se firme na prossecução de uma política externa independente de paz. Sempre decidiu a sua posição e política sobre questões baseadas nos seus próprios méritos, e esforçou-se por defender as normas básicas que regem as relações internacionais e salvaguardar a justiça e a justiça internacionais”, disse Xi. Neste sentido, “a China dedica-se à promoção de uma comunidade global de futuro partilhado, estando sempre empenhada nos seus objectivos de política externa de defesa da paz mundial e de promoção do desenvolvimento comum”, continuou. Sublinhando que a humanidade enfrenta desafios sem precedentes, Xi apelou a todos os países para manterem os valores comuns da humanidade de paz, desenvolvimento, justiça, democracia e liberdade, e promover a compreensão mútua e forjar laços mais estreitos com outros povos. “Vamos todos unir forças para enfrentar todos os tipos de desafios globais”, disse ainda. “A China está empenhada em promover um novo tipo de relações internacionais, aprofundando e expandindo parcerias globais baseadas na igualdade, abertura e cooperação, e alargando a convergência de interesses com outros países”, disse Xi, realçando que a China se esforça por “reforçar a solidariedade e cooperação com outros países em desenvolvimento e salvaguardar os interesses comuns do mundo em desenvolvimento”. Para isso, a China está empenhada “numa política nacional de abertura ao mundo exterior e prossegue uma estratégia de abertura mutuamente benéfica. Esforça-se por criar novas oportunidades para o mundo com o seu próprio desenvolvimento e por contribuir com a sua parte na construção de uma economia global aberta que proporcione maiores benefícios a todos os povos”, porque o mundo chegou “a uma encruzilhada na história, e o seu rumo futuro será decidido por todos os povos do mundo”, com quem “o povo chinês está disposto para trabalhar “para criar um futuro ainda mais brilhante para a humanidade”. Taiwan e a reunificação nacional Quanto à questão de Taiwan, Xi Jinping disse que o PCC vai “resolver a questão de Taiwan na nova era e avançar inabalavelmente a causa da reunificação nacional”. Para ele, “a resolução da questão de Taiwan é um assunto para os chineses, um assunto que tem de ser resolvido pelos chineses”. “Continuaremos a lutar pela reunificação pacífica com a maior sinceridade e o maior esforço, mas nunca prometemos renunciar ao uso da força, e reservamos a opção de tomar todas as medidas necessárias”. Tais afirmações foram dirigidas “unicamente à interferência de forças externas e dos poucos separatistas que procuram a independência de Taiwan e as suas actividades separatistas; não é de modo algum dirigido aos nossos compatriotas de Taiwan”, afirmou. Xi disse ainda que “as rodas da história estão a rolar em direcção à reunificação da China e ao rejuvenescimento da nação chinesa. A reunificação completa do nosso país deve ser realizada, e pode, sem dúvida, ser realizada”. “Sempre mostrámos respeito e cuidado pelos nossos compatriotas de Taiwan e trabalhámos para lhes proporcionar benefícios. Continuaremos a promover intercâmbios económicos e culturais e cooperação através do Estreito, encorajando as pessoas de ambos os lados do Estreito a trabalharem em conjunto para promover a cultura chinesa e forjar laços mais estreitos”, concluiu o presidente.
Hoje Macau China / ÁsiaBiógrafo de Xi Jinping | Sistema chinês é “mais flexível” do que parece Xi Jinping “não é o novo Mao Zedong”, nem o sistema político chinês é “monolítico”, defendeu Alfred L. Chan, autor de uma biografia do Presidente da China, lembrando que o país asiático é “complexo” demais para “caracterizações simples”. Chan descreveu Xi como um líder autoritário com uma vertente liberal. “Eu diria que ele tem os dois lados”, disse à Lusa o autor de “Xi Jinping: Political Career, Governance, and Leadership, 1953-2018”. Apesar de ter ressuscitado alguns dos valores de Mao, o fundador da República Popular da China, que governou o país entre 1949 e 1976, Xi mantém uma relação de co-dependência com outras estruturas de poder na China, incluindo o Conselho de Estado, que está sob alçada do primeiro-ministro, Li Keqiang, e reúne 22 ministérios. “Na tomada de decisões, sem dúvida, a responsabilidade passa por Xi Jinping (…) mas as decisões importantes são submetidas a amplas consultas e intenso debate”, descreveu. “Essas decisões também contam com uma enorme burocracia, composta por cerca de seis milhões de pessoas, para serem implementadas”, frisou. O académico apontou a redução da pobreza e a reforma do sistema judicial como medidas “progressistas” do líder chinês. A nível externo, algumas das políticas lançadas por Xi são também “guiadas por princípios liberais”, defendeu. “A iniciativa ‘Uma Faixa, Uma Rota’, por exemplo, visa o comércio livre, investimento, interdependência e cultivo de parcerias”, disse. Lançado por Xi, o gigantesco plano internacional de infra-estruturas inclui a construção de ligações ferroviárias, auto-estradas, aeroportos e zonas de comércio livre, visando abrir novas rotas comerciais em regiões pouco integradas na economia global, incluindo Leste Asiático, Ásia Central ou África. Deng Xiaoping, arquiteto-chefe das reformas económicas que abriram a China ao mundo, procurou basear a tomada de decisão num processo de consulta colectiva, afastar o Partido Comunista de órgãos administrativos do Estado e descentralizar a autoridade pelas províncias e localidades, visando evitar os excessos maoistas que quase destruíram a China. Sob a direcção de Xi, no entanto, o Partido Comunista Chinês voltou a penetrar na vida política, social e económica da China, enquanto o poder político se centrou na sua figura. Este mês, Xi deve voltar a quebrar com a tradição política das últimas décadas, ao obter um terceiro mandato como secretário-geral do PCC, no 20º Congresso do Partido, que arranca no dia 16. Alfred L. Chan descartou, porém, a possibilidade de Xi almejar a tornar-se “líder vitalício”. “Como homem do Partido e da organização, Xi percebe que uma transição [de poder] suave é absolutamente importante para a sobrevivência do PCC”, observou. “Mesmo um terceiro mandato depende de muitos factores, como o seu estado de saúde ou o apoio partidário”, explicou. Até há menos de um ano, Xi parecia beneficiar de um ascendente imparável: em 2018, uma emenda constitucional abriu caminho à sua permanência no poder; em 2021, um plenário do Comité Central aprovou uma resolução sobre a História do PCC, que elevou a sua posição na hierarquia ideológica do Partido. No entanto, vários eventos inesperados – incluindo a guerra na Ucrânia; o surgir da variante Ómicron da covid-19 na China, que obrigou a medidas de confinamento extremas e frequentes; a crescente competição estratégica com os Estados Unidos; e uma economia global sob pressões inflacionárias – tornaram o quadro mais complexo para o líder chinês. “Descobriremos, no Congresso, se vão ou não ser nomeados um ou dois sucessores, que devem ser preparados para assumir o poder em 2027”, apontou Chan. “A abordagem chinesa não é tão inflexível e monolítica como parece”, realçou. “A China é tão complexa que desafia caracterizações simples”.
Hoje Macau China / ÁsiaXi sublinha vitória do socialismo com características chinesas O presidente chinês, Xi Jinping, enfatizou esta semana “os esforços conjuntos para avançar determinadamente em direção a uma nova vitória do socialismo com características chinesas”. Xi visitava uma exposição sobre as grandes conquistas do Partido e do país na última década. O presidente sublinhou que, desde o 18º Congresso Nacional do PCC em 2012, o Comité Central “uniu e liderou todo o Partido, o país e o povo na solução de muitos problemas desafiantes que estavam há muito tempo na agenda, mas nunca resolvidos, que afectavam o futuro da nação, e superando muitos riscos, desafios e provações políticas, económicas, ideológicas e naturais”. “Realizações e transformações históricas ocorreram na causa do Partido e do país, equipando o país com melhores instituições, fundamentos materiais mais firmes e uma mentalidade mais pró-activa para a realização da revitalização nacional”, acrescentou. Xi pediu mais esforços para aumentar a consciência pública sobre medidas estratégicas, práticas transformadoras, avanços e realizações marcantes na última década. Também pediu uma melhor compreensão do significado das profundas mudanças durante este período na história do PCC, da Nova China, da reforma e abertura, do desenvolvimento do socialismo e do desenvolvimento da nação chinesa, para que todo o Partido, o país e o povo mantenham a confiança histórica e aumentem a iniciativa histórica. Li Keqiang, Li Zhanshu, Wang Yang, Wang Huning, Zhao Leji e Han Zheng também visitaram a exposição. Sob o lema “Avançar na Nova Era”, a exposição foca-se “nas muitas conquistas e transformações na causa do Partido e do país nos últimos 10 anos na nova era”, abrangendo seis áreas de exposição e cobrindo mais de 30 mil metros quadrados no total, apresentando mais de 6 mil itens, incluindo fotos, objectos materiais e modelos.