Angela Merkel volta a Pequim para assinar acordos

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap] chanceler alemã, Angela Merkel, chegou ontem à China para uma visita e dois dias com uma forte componente económica, após o escândalo da Volkswagen e numa altura em que a segunda economia mundial está em abrandamento.
Merkel, que foi recebida em Pequim pelo primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, segundo a televisão estatal CCTV, iniciou ontem a visita oficial – a oitava que realiza ao país asiático – durante a qual se prevê a assinatura de uma série de acordos de cariz económico.
A chanceler alemã, que viaja acompanhada por uma comitiva de empresários, incluindo o novo presidente da Volkswagen, Matthias Müller, reuniu-se ontem com o Presidente chinês, Xi Jinping.
Em cima da mesa vão estar assuntos bilaterais, bem como a questão dos direitos humanos na China ou temas de âmbito internacional como a tensão desencadeada pelo conflito territorial nos mares da Ásia-Pacífico ou a Ucrânia, de acordo com o governo alemão.
Mas, acima de tudo, Berlim vai tentar aproveitar a viagem para aprofundar a já forte relação económica entre os dois países, numa altura em que o abrandamento da segunda economia mundial tem afectado as exportações alemãs para a China.
Merkel vai tentar fortalecer os interesses das empresas alemãs depois da crise provocada pelo escândalo da Volkswagen e após os múltiplos acordos firmados por Xi Jinping na sua recente visita ao Reino Unido.

Airbus encomendados

A chanceler alemã e o primeiro-ministro chinês assistiram em Pequim, à assinatura de um acordo para a compra de 130 aviões Airbus pelo valor de 17.000 milhões de dólares, uma das maiores encomendas da China ao fabricante europeu.
O acordo, de 15.500 milhões de euros, segundo a paridade monetária actual, assinado no Grande Palácio do Povo de Pequim durante o primeiro de dois dias de visita de Angela Merkel à China, prevê a aquisição de 100 aviões Airbus A320 e outros 30 A330.
A transacção ocorreu numa altura em que as companhias aéreas chinesas estão a alargar as suas frotas e à espera de que o número de passageiros de voos nacionais e internacionais triplique nos próximos 20 anos.
Além disso, o fabricante aeronáutico europeu acordou, em Julho último, construir um centro para acabamentos do A330 em Tianjin, cidade industrial portuária no nordeste da China, onde existe uma linha de montagem de A320, vendidos sobretudo às transportadoras chinesas.
Merkel e o chefe do Governo de Pequim, Li Keqiang, presidiram ainda à assinatura de outros 12 acordos, incluindo o da Nokia com a operadora China Mobile para o fornecimento de tecnologia móvel, software e serviços, e entre a Volkswagen AG e um dos quatro principais bancos da segunda economia mundial, o ICBC.

30 Out 2015

Xi Jinping em visita de Estado para consagrar “era de ouro” com Reino Unido

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] Presidente da China inicia amanhã uma visita de quatro dias ao Reino Unido, em que a questão dos direitos humanos deve ser ofuscada pelas relações económicas favoráveis a uma “era de ouro” entre os dois países.
A imprensa oficial chinesa insistia ontem que a visita de Estado de Xi Jinping, que decorre entre terça e sexta-feira, a primeira de um chefe de Estado chinês ao Reino Unido desde 2005, vai marcar o início de uma “década de ouro” nas relações sino-britânicas.
As relações diplomáticas entre os dois países arrefeceram em 2012, depois de o primeiro-ministro britânico, David Cameron, ter recebido o Dalai Lama, em Londres.
Londres esforçou-se por reverter essa situação, com simbólicas decisões, como a de se tornar o primeiro país ocidental a pedir para aderir ao Banco Asiático de Investimento em Infra-estruturas (BAII), impulsionado por Pequim, um gesto que agradou tanto à China como desagradou aos Estados Unidos que, a par do Canadá e Japão, ficaram de fora.

O príncipe em Buckingham

Durante a visita de Xi Jinping – que vai ficar com a sua esposa, Peng Liyuan, alojado no Palácio de Buckingham, como dita a tradição para as visitas de Estado – espera-se a assinatura de acordos económicos e também de cariz cultural.
“Nós encorajamos o investimento e a China investe mais na Grã-Bretanha do que noutros países europeus”, congratulou-se David Cameron.
Por sua vez, o embaixador da China em Londres, garantiu que o Reino Unido “está em vias de se tornar no líder na Europa e em todo o Ocidente” referindo-se às relações com o seu país.
O primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, e o ministro da Economia britânico, George Osborne, já exibiram, no mês passado, em Pequim, essa sintonia com a assinatura de 53 acordos, incluindo vários que visam usar a “City” londrina como ponte para a internacionalização da moeda da segunda maior economia mundial, o yuan.
Espera-se, portanto, que a visita de Xi sirva para amadurecer esses acordos, que incluem projectos de envergadura como a construção da primeira central nuclear desenhada e operada pela China em solo ocidental e de linhas ferroviárias de alta velocidade.
Todos esses assuntos vão ser abordados na reunião entre Xi e Cameron, um dos pontos-chave da agenda do chefe de Estado chinês, a qual contempla também encontros com líderes de outros partidos e empresários.
Está também previsto que profira um discurso no Parlamento, uma visita a Manchester e uma cerimónia de boas-vindas da rainha Isabel II no Palácio de Buckingham.
Com efeito, foi já notada pela imprensa britânica a ausência do príncipe Carlos no banquete oficial, para o qual são esperados o príncipe William e a sua esposa, Kate Middleton, de acordo com o programa oficial apresentado em Londres.
Próximo do Dalai Lama, o príncipe Carlos mantém historicamente relações tensas com os presidentes chineses.
Por exemplo, nunca foi à China e já tinha faltado aos jantares oficiais com Jiang Zemin em 1999 e Hu Jintao em 2005.

19 Out 2015