Hoje Macau EventosFotografo chinês distinguido no World Press Photo Wang Naigong, fotógrafo chinês, é um dos distinguidos da edição deste ano do World Press Photo (WPP), iniciativa internacional que premeia as melhores fotografias tiradas no ano passado, em várias categorias. Wang Naigong venceu a categoria “Projecto a Longo Prazo”, que regista o papel de uma família chinesa na luta de uma mãe contra o cancro. Em termos gerais, a edição deste ano do WPP, cujos prémios foram conhecidos na quarta-feira, tem imagens que destacam tragédias da guerra, migrações e questões relacionadas com o clima, sendo estes os grandes temas dos vencedores a nível regional. Os 24 projectos vencedores e seis menções honrosas – correspondentes a 33 profissionais de fotojornalismo — estão distribuídos por quatro categorias: “Individuais”, “Reportagem fotográfica”, “Projectos de longo prazo” e “Formato aberto”, tendo o júri deste ano decidido incluir duas menções especiais. Os nomes dos quatro vencedores globais serão anunciados a 18 de Abril. Vitórias pelo mundo Nos prémios para África, a categoria “Formato aberto” é partilhada por dois fotógrafos brasileiros – Felipe Dana e Renata Brito, da agência Associated Press – que investigaram as tragédias de uma rota atlântica utilizada por migrantes da África Ocidental para chegar à Europa. Na América do Sul, a fotografia vencedora é da autoria de Lalo de Almeida, e denuncia a “Seca na Amazónia”, com uma imagem de um pescador a caminhar ao longo do leito seco de um rio perto da comunidade indígena de Porto Praia. Nesta mesma região, a fotojornalista Gabriela Biló recebeu uma menção honrosa pela imagem “Insurreição”. O fotógrafo Mohammed Salem é o autor da fotografia vencedora na Ásia em projectos “Individuais”, com o título “Uma mulher palestiniana abraça o corpo da sua sobrinha”, uma menina de cinco anos embrulhada num lençol branco. A menina morreu depois da sua casa ter sido atingida por um míssil israelita, a 17 de Outubro. Na categoria “Reportagem fotográfica”, o trabalho de Ebrahim Noroosi sobre a devastação económica e humana no Afeganistão desde a chegada dos Talibãs em 2021 foi o vencedor. A melhor fotografia individual da Europa foi tirada pelo turco Adem Altan durante o terramoto que atingiu a Turquia e a Síria em Fevereiro do ano passado. A alemã Johanna Maria Fritz é a autora de “Kakhovka: Cheias numa zona de guerra”, a história fotográfica premiada da Europa, que revela o impacto humano da militarização do ambiente. O projecto de longo prazo “No Man’s Land”, do franco-alemão Daniel Chatard, foi escolhido pelo júri europeu por documentar tecnologias inovadoras que oferecem vias possíveis para atingir objectivos climáticos. Em África, a imagem vencedora foi “Coming home from war”, captada na Etiópia pelo fotógrafo alemão Vincent Haiges, que mostra um homem de 24 anos a cumprimentar a mãe, depois de ter perdido uma perna ao ser atingido por uma granada durante o violento conflito que abala o país. A reportagem fotográfica da fotógrafa sul-africana Lee-Ann Olwage expõe a falta de sensibilização do público em Madagáscar em relação à demência, estigmatizando as pessoas que dela sofrem. A reportagem relata a vida de um homem de 91 anos que recebe cuidados da filha de 41 anos. A Tunísia é o foco do “Projecto a Longo Prazo”, com o trabalho do fotojornalista Zied ben Romdhane a explorar as vidas dos jovens tunisinos que testemunham a instabilidade política, a persistente crise económica e a desigualdade social que esbateram as aspirações à democracia e à justiça social no rescaldo da revolução tunisina de 2011. Este ano, o júri dos prémios WPP analisou mais de 61 mil trabalhos de 3.851 fotógrafos de 130 países.
Hoje Macau EventosFotojornalista Nuno André Ferreira alcança 3.º prémio no concurso World Press Photo O fotojornalista Nuno André Ferreira, que trabalha na agência Lusa, conquistou o terceiro lugar na categoria ‘Spot News’ do prémio internacional de fotografia World Press Photo, com um trabalho sobre incêndios em Oliveira de Frades, foi ontem anunciado. A organização do World Press Photo anunciou ontem os 45 vencedores de 28 países, seleccionados entre os finalistas em várias categorias do prémio internacional de fotografia e fotojornalismo. A imagem de Nuno André Ferreira que esteve nomeada no concurso foi captada em setembro de 2020 e mostra, em dois planos, uma criança dentro de um carro, e ao longe o recorte das chamas num incêndio que começou em Oliveira de Frades (Viseu) e se estendeu pelos concelhos vizinhos. Nuno André Ferreira, nascido em 1979, vive em Viseu e trabalha com a agência Lusa desde 2009, e o seu trabalho tem sido premiado, nomeadamente em 2019 quando venceu por unanimidade o Prémio Rei de Espanha de Jornalismo, com a fotografia “O Nosso Presidente Marcelo”, publicada pela agência Lusa em 19 de outubro de 2017.
Hoje Macau EventosFotojornalismo | World Press Photo regressa a Hong Kong De 1 a 21 de Março, a população de Hong Kong vai poder ver presencialmente as fotografias premiadas no concurso anual da World Press Photo, noticiou a Tatler. A galeria Koo Ming Kown vai acolher a mostra de 2020, que inclui fotografias dos protestos em Hong Kong. Os vencedores foram escolhidos por um júri independente que avaliou mais de 73.996 fotografias, submetidos por mais de quatro mil fotógrafos. Entre os nomeados encontra-se uma série de fotografias intitulada “Hong Kong Unrest”, de Nicolas Asfourni, que inclui a imagem de um homem a segurar um poster em Shatin. A exposição conta com a organização do Instituto para o Jornalismo e Sociedade da Hong Kong Baptist University, e o apoio do Consulado Geral dos Países Baixos em Hong Kong e Macau. Recorde-se que a exposição passou pela RAEM no ano passado, mas acabou por ser encerrada sem aviso prévio. Na altura, o fecho prematuro foi justificado pela Casa de Portugal com um “problema de gestão interna”, mas levantaram-se suspeitas de pressões políticas.
João Santos Filipe Manchete SociedadeWorld Press Photo | Executivo atento ao pedido de esclarecimentos a António Costa O Embaixador de Portugal em Pequim revelou que as autoridades locais abordaram a interpelação na Assembleia da República sobre o encerramento da World Press Photo. José Augusto Duarte sublinhou ter recebido garantias de que não houve interferência e que qualquer tipo de censura seria “injusta” [dropcap]O[/dropcap] Governo de Macau abordou com o Embaixador de Portugal em Pequim, José Augusto Duarte, o pedido de esclarecimentos feito pelo partido Iniciativa Liberal, na Assembleia da República, em relação ao encerramento da exposição World Press Photo. A revelação foi feita, ontem, pelo representante de Portugal na China, que diz ter recebido a garantia da inexistência de qualquer interferência política no encerramento da actividade organizada pela Casa de Portugal. “Falámos inevitavelmente disso [interpelação da Iniciativa Liberal]. Tal como nós acompanhamos a realidade em Macau de perto […], por força das circunstâncias eles também estão atentos ao que se passa, sobretudo quando lhes diz respeito. É normal”, começou por dizer José Augusto Duarte, em declarações aos jornalistas, sobre este tema. “Abordámos o assunto de forma directa e eles tentaram esclarecer-nos o seu ponto de vista”, acrescentou. O Embaixador de Portugal na China realçou que a abordagem foi feita numa perspectiva de fornecer esclarecimentos e que em nenhum momento houve críticas ao funcionamento do hemiciclo. “Eles não criticaram a Assembleia da República nem qualquer partido. Mas, explicaram aquilo que era a sua actuação e, obviamente, de uma forma que é útil, para eu transmitir elementos às autoridades portuguesas que depois podem ser utilizados na resposta [do Governo de Lisboa à Iniciativa Liberal]”, relatou. O embaixador não quis revelar o representante do Governo com quem discutiu o caso, mas relatou que na perspectiva de Macau “seria injusto” que o incidente fosse associado a censura. Tese sustentada pela garantia de que “não houve interferência de tipo algum, nem telefonema de tipo algum”. Elogios à Fundação Macau Apesar de ter negado envolvimento no encerramento da exposição, a Fundação Macau – patrocinador do evento e entidade de direito público – tem estado no centro da polémica. Contudo, José Augusto Duarte apontou que nos encontros com comunidade portuguesa ouviu vários elogios ao papel da Fundação Macau pelo financiamento de actividades de cariz português. Por isso, lamentou que o contributo da fundação esteja a ser ofuscado por um caso, que considerou “preferível para todas as partes” que não tivesse acontecido. “Também me foi recordado por muitas associações portuguesas, e não pelas autoridades locais, que no caso da Fundação Macau há um registo imenso de apoio constante não apenas à Casa de Portugal, como a todas, ou muitas, associações portuguesas”, destacou. O embaixador foi ainda questionado se na entrevista ao Canal Macau tinha apelado à autocensura por parte da comunidade portuguesa, quando respondeu que era necessário perceber onde se estava de forma a “não ferir susceptibilidades de terceiros”. José Augusto Duarte negou qualquer ilação do género, mas frisou que os valores de Portugal não são os de Macau. “Querer exportar o seu regime legal e os seus valores, por muito universais que sejam, é um valor nobre. Mas não é realista, não se adapta. As pessoas têm que saber que eu posso divulgar determinados valores como universais, mas o regime legal não é igual em todo o lado”, sustentou. Tsz sem garantias Ainda ontem ficou a saber-se que o advogado escolhido pela família do sino-português Tsz Lun Kok foi impedido de o visitar na prisão. O jovem encontra-se detido no Interior, depois de alegadamente ter tentado fugir de Hong Kong, devido ao envolvimento nas manifestações pró-democracia. Sobre este caso, que as autoridades portuguesas dizem estar a acompanhar, José Augusto Duarte considerou que uma abordagem discreta é preferencial, mesmo que não esteja em condições de dar qualquer garantida ao jovem detido. “Com toda a humildade, não tenho garantia do resultado final, porque não é determinado por mim, nem pelo nosso lado. Tenho apenas a convicção que esta é a melhor via de atingirmos os resultados possíveis tendo em conta as circunstâncias em que estamos”, justificou. Apesar dos condicionamentos, o representante na China do Governo de Portugal indicou que tem visto “elementos alentadores”. “O simples facto de estarmos a manter contacto regular com as autoridades é algo que não é habitual […] É um jogo diplomático que é delicado e que exige muita paciência e determinação”, acrescentou. Defesa de Sam Hou Fai Na abertura do Ano Judiciário, o presidente do Tribunal de Última Instância (TUI), Sam Hou Fai, defendeu o afastamento do sistema jurídico de Macau da inspiração portuguesa. Segundo José Augusto Duarte, as declarações trataram-se da utilização do direito de expressão. “Até agora, neste momento, é a expressão individual de uma opinião, de uma hierarquia muito elevada e importante. Mas, até se materializar, não significa mais do que isso”, considerou.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaWorld Press Photo | Embaixador português alerta para “ordem jurídica diferente” José Augusto Duarte, embaixador português em Pequim, disse à TDM Canal Macau que “é complicado” afirmar se houve violação da Lei Básica no caso da suspensão da World Press Photo. O diplomata alerta para o facto de Macau ser uma “terra onde somos convidados”. “Estamos numa ordem jurídica diferente, com valores e sensibilidades próprias”, frisou [dropcap]O[/dropcap] encerramento súbito da World Press Photo não constitui para o embaixador português em Pequim, José Augusto Duarte, uma clara violação da Lei Básica e dos acordos assinados entre Portugal e a China relativamente ao direito de liberdade de expressão. “Para falar em violação do que está estabelecido entre Portugal e a China acho que tem de acontecer muito mais do que isso. Tem de acontecer uma prova muito mais directa entre as autoridades de Macau e o acto que é praticado”, disse o embaixador em entrevista à TDM Canal Macau, transmitida esta terça-feira. José Augusto Duarte referiu também o patrocínio da Fundação Macau (FM) da exposição, que, anualmente, é organizada pela Casa de Portugal em Macau (CPM). “A fundação é de direito privado, pode ter os fundos de onde quer que seja… mas isso nem sequer é único. Em todos os países do mundo quem patrocina gosta de patrocinar qualquer coisa na qual se reveja. Não estou a dizer que concordo ou não, mas do ponto de vista legal, para afirmar que há uma violação dos princípios acordados, é complicado. As coisas teriam de ter ligações mais fortes. Não vejo uma relação de causa-efeito.” O diplomata disse ainda que, neste caso, “não importam apenas os nossos valores”, pois “estamos numa ordem jurídica diferente, com valores e sensibilidades próprias”. “Gosto de ver uma exposição com a liberdade e o contraditório, pois isso só pode consolidar as minhas opiniões, mas eu não estou em Portugal. Estou numa realidade específica. E mesmo estando em Portugal, se estou a fazer uma exposição e ela é financiada por terceiros, é normal que os terceiros gostem de ter a sua opinião sobre aquilo que está a ser exposto. Isso faz parte das regras do jogo em qualquer lado.” José Augusto Duarte declarou que é necessário “saber onde estamos e se estamos ou não a ferir susceptibilidades de terceiros para podermos estar com alguma tranquilidade”. “É o chamado senso normal de quem quer conviver numa terra onde somos convidados”, acrescentou. Acompanhamento diário O diplomata foi também questionado sobre o caso do cidadão português detido em Shenzhen. Sem avançar detalhes, José Augusto Duarte assegurou que as autoridades portuguesas fazem um “acompanhamento diário”. “Posso assegurar que o assunto é acompanhado diariamente pelas autoridades portuguesas em Lisboa. Mantemos contacto estreito com os nossos interlocutores chineses e não deixaremos de acompanhar o caso e cumprir o que é a nossa obrigação face a esse cidadão. Mas teremos de respeitar e conviver com as leis da China.” José Augusto Duarte lembrou que a China não aceita a dupla nacionalidade, sendo “algo que este cidadão já sabia antes de ser detido”. “Ele [Tsz Lun Kok] nunca abdicou da nacionalidade chinesa e por isso, ao ter cometido um acto ilegal face à lei chinesa, é detido e tratado de acordo com as leis e normas da China. E, portanto, nós, o que podemos fazer, é zelar pelo acompanhamento humanitário desse caso e manter contacto político-diplomático com as autoridades chinesas”, rematou.
João Santos Filipe Manchete PolíticaWorld Press Photo | Governo português questionado sobre encerramento Após terem proposto um voto para condenar pela actuação da China em Hong Kong, os liberais querem agora saber se existiram pressões políticas sobre a Casa de Portugal para encerrar a exposição de fotojornalismo [dropcap]O[/dropcap] partido Iniciativa Liberal (IL) questionou o Governo de Portugal sobre o encerramento antecipado e “sem explicações concretas” da exposição World Press Photo na Casa Garden, evento organizada pela Casa de Portugal, com o patrocínio da Fundação Macau. Na notícia sobre o fecho precoce da exposição, a Rádio Macau adiantava que o desfecho se tinha ficado a dever a pressões relacionadas com as fotos das manifestações de Hong Kong. Na pergunta divulgada, a IL cita o director de exposições da Fundação da World Press Photo, Laurens Korteweg, que disse que as razões para o encerramento da exposição foram “pouco claras” e que a organização está “a acompanhar as notícias dos ‘media’ locais, nas quais se sugere que pode ser o resultado de pressão externa sobre o conteúdo da exposição”. O documento cita ainda as preocupações da Associação de Imprensa em Língua Inglesa e Portuguesa de Macau (AIPIM), que “lamentou o encerramento” e afirmou que caso o fecho antecipado esteja “relacionado com pressões em torno de algumas fotografias da exposição”, que considera estar-se “perante algo de grave e um episódio preocupante que sinaliza uma erosão do espaço de liberdade de expressão”. O partido representado na Assembleia da República pelo deputado João Cotrim Figueiredo questiona ainda se o Ministério dos Negócios Estrangeiros “procurou esclarecer se o encerramento da mostra da World Press Photo na Casa de Portugal em Macau se ficou a dever a pressões políticas” e, se sim, de que forma o Governo português irá “protestar contra esta ingerência do regime chinês nos assuntos de Macau”. Acordos em causa No sentido das perguntas enviadas, a IL procura saber se no caso de as pressões políticas serem confirmadas [como o motivo do encerramento] até que ponto “está em causa o cumprimento dos tratados celebrados” entre a República Portuguesa e a República Popular da China sobre a Região Administrativa Especial de Macau, assim como as próprias relações sino-portuguesas. Da mesma forma, a Iniciativa Liberal questiona se o Executivo português tem mecanismos “preparados para evitar que em Macau se verifique uma situação semelhante” à que tem acontecido há mais de um ano em Hong Kong. No documento, a IL diz que “tem vindo a alertar o Governo para a crescente intrusão da República Popular da China nos assuntos de outros países e regiões”. “Preocupa-nos sobretudo, à luz do que tem vindo a acontecer em Hong Kong, o destino de Macau, perante o que entendemos como uma pretensão da erosão do estatuto especial destes territórios por parte do governo chinês”, vincam os liberais. A força política já havia anteriormente avançado com um projecto de resolução na Assembleia República para condenar o tratamento dos direitos humanos por parte da China em Hong Kong e suspender o acordo de extradição entre Portugal e a RAEHK. A proposta foi recusada, na semana passada, pelos votos dos maiores partidos portugueses, Partido Socialista e Partido Social Democrata, e ainda do Partido Comunista Português e Partido Ecologista Os Verdes.
Andreia Sofia Silva EventosFotografia | Edgar Martins finalista de vários prémios internacionais O fotógrafo Edgar Martins, ex-residente de Macau e actualmente a viver em Londres, está no grupo dos dez finalistas do festival Hangar Art Center European Photography Call, de Bruxelas, com um projecto que integra imagens captadas do topo dos prédios durante as várias pandemias que o mundo viveu nos últimos anos. O fotógrafo é também finalista dos relevantes prémios Paris Photo, Photo España e Meitar, de Israel [dropcap]N[/dropcap]um ano atípico para a maioria das pessoas, 2020 acabou por se revelar frutífero para o fotógrafo Edgar Martins. Ex-residente de Macau e actualmente a viver em Londres, o fotógrafo acaba de integrar o grupo de dez vencedores do festival Hangar Art Center European Photography Call, de Bruxelas, com um projecto fotográfico sobre o impacto desta e de outras pandemias. É também finalista de outros concursos internacionais, como o Photo España Best Photobook of the year, o Paris Photo & Aperture Foundation Book Awards, onde foi distinguido na categoria de melhor livro de fotografia, e no Meitar Award for Excellence in Photography, de Israel. Todos os resultados finais serão tornados públicos em Novembro. Ao HM, Edgar Martins considera que estes são prémios “super importantes no contexto da fotografia contemporânea e, sobretudo, no contexto dos livros de fotografia”. Para o concurso do Hangar Art Center, de Bruxelas, Edgar Martins apresentou um projecto que aborda o impacto da pandemia na vida das pessoas, e não apenas a covid-19. Por mero acaso, Edgar Martins esteve na Ásia quando ocorreram as epidemias da SARS e H1N1, e aproveitou esse momento para fotografar as cidades a partir do topo dos edifícios. “Fui acumulando, ao longo dos anos, imagens do impacto das pandemias no dia-a-dia das cidades onde estava a viver. São imagens interessantes e que foram captadas em períodos do dia que, por norma, seriam bastante activos, tal como a manhã, quando as pessoas vão para o emprego. São imagens tiradas do topo de prédios altos, com vistas bastante alargadas da cidade. Estas imagens tornaram-se algo populares durante a pandemia, mas neste caso há uma certa ambiguidade nas imagens porque foram todas fotografadas com nevoeiro denso.” Mas Edgar Martins não se limitou a tirar fotografias, tendo feito também um trabalho de contraste. “Ao produzir estas imagens no meu laboratório escuro, fui guardando os testes de impressões e as provas. Com estes detritos do processo fotográfico criei arte, sobrepondo os vários testes uns em cima dos outros. Criei então imagens totalmente abstractas mas que têm uma relação com as imagens paisagísticas produzidas no topo dos prédios.” O fotógrafo não tem dúvidas de que foi essa relação que mais captou a atenção do júri dos prémios do Hangar Art Center European Photography Call. “O que se tornou aliciante para o júri foi esta tensão entre essas duas abordagens distintas e o facto de ambas falarem tão bem da condição do fotográfico. Há uma tensão sobre em que consiste o processo criativo e fotográfico”, frisou o fotógrafo, que tomou a decisão de trabalhar com “bastantes constrangimentos a nível técnico e de equipamentos”. Esta decisão deu-lhe alguma liberdade, tendo surgido da ideia de que a definição de fotografia é feita, nos dias de hoje, com base numa “ideologia técnico-capitalista, em que anda sempre tudo à volta das últimas máquinas e lentes”. “De certa forma isso acaba por ter prioridade sobre o conceito do trabalho que se produz, e isto torna-se cada vez mais perceptível com a evolução da fotografia e com a evolução tecnológica. O que quis fazer foi criar todo um conjunto de restrições que me permitissem produzir imagens ou obras artísticas, mas sem ter de recorrer a tecnologia ou à máquina”, frisou. Mais prémios O nome Edgar Martins surge também na categoria dos melhores livros de fotografia do ano do prémio Paris Photo. “What Photography & Incarceration have in Common with an Empty Vase”, projecto de 2019 feito na prisão de Birmingham, Inglaterra, foi o escolhido. “É uma grande honra porque é um júri bastante conhecedor. Há milhares de livros que concorrem a este prémio e fiquei sensibilizado porque é um livro e um projecto muito importante do ponto de vista fotográfico e ético”, contou ao HM. Com este trabalho, o fotógrafo quis “abordar a prisão como um conjunto de relações sociais e não como um mero espaço físico, que é o mais comum”. Edgar Martins quis, assim, “repensar o tipo de imagem que associamos à prisão”. “Sempre fui muito crítico desse tipo de abordagem, que é sempre uma abordagem de temas como a violência, drogas, criminalidade, raça”, acrescentou. Edgar Martins é também finalista na categoria de melhor livro internacional do Photo España Best Photobook of the Year e do Meitar Award for Excellence in Photography, de Israel. Em relação a esta última distinção, o fotógrafo diz sentir-se “honrado”, tendo concorrido com um “projecto bastante distinto dos outros”. “É um projecto que também desenvolvi neste período de pandemia e foca-se na mão ou no gesto para contar uma história distópica da nossa civilização.” Isto porque a mão “é um elemento paradoxal, no sentido em que é aquilo que nos une e distancia das pessoas, e isso é evidente numa pandemia, pois a mão é responsável pela transmissão, mas ao mesmo tempo consola o amigo”. As imagens distinguidas nos prémios Paris Photo e Photo España iriam passar por Macau, mas a pandemia fez adiar essas iniciativas. O World Press Photo Questionado sobre o encerramento súbito da exposição de fotografias do World Press Photo em Macau, Edgar Martins alerta para as dificuldades logísticas relativas à organização de exposições nesta fase da pandemia, mas afirma que este encerramento não o surpreende. “Não conheço todos os factos, mas se a exposição fechou por uma questão de censura ou política, se calhar há uns anos seria algo que me surpreenderia, mas hoje em dia já não. Se foi essa a razão, é uma tragédia.” Edgar Martins alerta para o perigo de Macau se isolar em termos culturais caso estes episódios se repitam no futuro. “Se essa exposição encerrou por motivos políticos não me surpreende, mas acho que, de facto, de certa forma é o princípio do fim. Macau sempre foi um sítio isolado do ponto de vista cultural, e se agora vamos começar a censurar exposições que vêm do estrangeiro, independentemente dos temas, vai-se tornar [um território] cada vez mais isolado”, rematou o fotógrafo.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeFecho da exposição da World Press Photo não surpreendeu Neto Valente [dropcap]J[/dropcap]orge Neto Valente, presidente da Associação dos Advogados de Macau (AAM), disse ontem não estar surpreendido com o encerramento abrupto da exposição de fotografias da World Press Photo, organizada pela Casa de Portugal em Macau (CPM). “Do que ouvi, não me surpreende. Deve haver uma razão que não é boa de explicar, e eu estou com ela [Amélia António, presidente da CPM]”, disse aos jornalistas à margem da cerimónia de abertura do Ano Judiciário. “A questão é se a explicação pode ser dada ou não. Quem anda na rua em Macau vai aprendendo umas coisas, como uma que aprendi há muitos anos: há muita gente que atira a pedra e esconde a mão. De onde vem a pedra? Não sei.” Neto Valente diz não ter “100 por cento de certeza” se a suspensão da exposição constitui um ataque à liberdade de expressão, mas defende que “Hong Kong não é tabu”. “Tenho visto algumas imagens de Hong Kong e aqui temos acesso ao noticiário internacional. Sou contra o reescrever da história. Se foi isso que aconteceu [fechar a exposição por ter imagens dos protestos de Hong Kong], está mal. Não posso afirmar que não vai continuar a acontecer e sabemos que a situação em Hong Kong é muito complicada”, frisou o presidente da AAM. Neto Valente disse que o ambiente social em Hong Kong “não está famoso” o que traz consequências para Macau. “Também nos prejudica a nós. E há sempre umas pessoas que querem ser mais papistas do que o Papa ou que falam antes que os acusem de não ser suficientemente patriotas”, apontou. Apartheid em Macau Questionado sobre o facto de estar vedado a reserva de acesso de não residentes à zona de churrasco na praia de Hac-Sá, Neto Valente lembrou que isso o faz lembrar a política do Apartheid, em África do Sul, que durante décadas separou negros e brancos. “Não vi os fundamentos dessa decisão, e estranhei. Deve haver um fundamento muito forte e racionalmente perceptível para se tomar uma medida destas. Faz-me lembrar o tempo do Apartheid na África do Sul, em que os japoneses não contavam como sendo de cor, mas outras raças sim.” Sobre se esta medida do Instituto dos Assuntos Municipais (IAM) viola ou não a Lei Básica, Neto Valente afirmou que a mini-constituição da RAEM “proíbe todas as formas de discriminação, o tratar de maneira diferente situações iguais. Mas se a situação for diferente não há discriminação”, rematou.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeWorld Press Photo | Falta de esclarecimentos gera suspeitas de interferência política O encerramento antecipado da exposição de fotojornalismo, que estava patente na Casa Garden, gerou confusão e suspeitas de pressões políticas. Enquanto a Fundação do World Press Photo tenta perceber o encerramento, há fotógrafos locais a defender a legitimidade do Governo Central para encerrar o evento [dropcap]S[/dropcap]em qualquer aviso prévio a exposição World Press Photo foi encerrada no passado fim-de-semana, quando deveria ter permanecido patente ao público até 18 de Outubro. Oficialmente, a entidade organizadora, a Casa de Portugal, explicou o fecho prematuro com “um problema de gestão interna”. Também a Fundação Macau, um dos patrocinadores do evento, recusou ter feito qualquer pressão para encerrar a exposição que tinha fotografias das manifestações de Hong Kong. Até ao final do dia de ontem, a Fundação da World Press Photo não obteve respostas concretas sobre o sucedido: “Infelizmente, não conseguimos confirmar as razões que levaram ao encerramento prematuro da exposição”, foi reconhecido pela entidade, em comunicado. “O apoio às condições para a liberdade de expressão, de investigação e de imprensa é uma parte fundamental do nosso trabalho. Lamentamos o encerramento prematuro da nossa exposição anual em Macau. A nossa colaboração com a Associação Casa de Portugal foi sempre positiva e esperamos poder regressar a Macau”, foi acrescentado por Laurens Korteweg, director da área de Exposições da Fundação da World Press Photo. Contudo, as explicações conhecidas ficaram longe de convencer a comunidade de fotógrafos locais, que entendem ser benéfico esclarecimentos adicionais. No entanto, há mesmo quem não afaste a hipótese de o encerramento ter partido do Executivo de Macau ou dos representantes directos do Governo Central, face à existência de fotografias de Hong Kong. Para acabar com o “mundo pantanoso da especulação”, o fotógrafo e advogado João Miguel Barros defendeu a necessidade de esclarecimentos. “As explicações públicas que li nos jornais não esclarecem as razões do fecho antecipado. Mas houve, seguramente, razões preponderantes para que tal tivesse acontecido; de contrário a exposição estaria aberta até ao fim”, começou por indicar. O advogado pediu que as entidades assumam as responsabilidades das acções que tomam. “Não acredito que a Casa de Portugal ou a Fundação Oriente tenham motivos para antecipar o fecho. O que se espera é que as verdadeiras razões sejam assumidas por quem as tomou, de modo a sairmos deste mundo pantanoso da especulação.” Intervenção natural Por sua vez, Yau Tin Kwai, presidente do Clube Foto-Artístico de Macau, admitiu a hipótese do encerramento ter partido das indicações do Governo de Ho Iat Seng. “Se a exposição tinha fotografias sobre Hong Kong, então foi melhor encerrar antecipadamente. Há sempre a preocupação que estas fotos possam influenciar as perspectivas das pessoas, fazendo com que fiquem confusas”, declarou ao HM. O fotógrafo apontou ainda que é muito fácil manipular as imagens: “As fotos são mais fortes que as palavras, mas podem ser tiradas através de ângulos diferentes, que fazem com que o conteúdo seja diferente do que aconteceu”, explicou o presidente da associação. Nesse sentido, deixou críticas a trabalhos feitos em Hong Kong: “Alguns fotógrafos não tiraram as fotografias quando os manifestantes atacaram os polícias. Só tiraram quando os polícias usaram a força, ou seja, essas imagens não são um retrato rigoroso do que aconteceu” sustentou. Quanto a eventuais pressões por parte do Governo, Yan Tin Kwai considerou naturais e deu o exemplo de uma exposição que organizou recentemente, onde constava erradamente que a covid-19 tinha chegada a Macau através dos Estados Unidos. “Na minha exposição enganei-me na data de chegada da primeira pessoa infectada a Macau, por isso a Direcção de Serviços de Turismo [entidade responsável pelo espaço da exposição] ligou-me para corrigir o erro. Acho possível que possa ter havido um pedido para que a exposição encerrasse antecipadamente porque envolve os problemas de Hong Kong”, confessou. Yau Tin Kwai não afastou ainda o cenário da Casa de Portugal ter cedido: “Se calhar o Governo informou os organizadores que a exposição tinha de acabar mais cedo. E o organizador cedeu, porque pode ter achado que no futuro corria o risco de não ser autorizado a realizar mais eventos”, traçou como cenário. O presidente do Clube Foto-Artístico de Macau observou igualmente a hipótese de ter sido a Fundação Oriente, proprietária da Casa Garden, a pressionar para que a exposição fosse encerrada. O HM tentou contactar a Fundação Oriente, mas sem sucesso até à hora de fecho da edição. Ataques externos Embora sem conhecer os detalhes que levaram ao encerramento da exposição, também o fotógrafo António Mil-Homens considerou que a existência de fotografias das manifestações de Hong Kong torna legítima uma eventual intervenção do Governo Central. Numa opinião que frisou ser pessoal, António Mil-Homens apontou que as autoridades de Pequim têm de se defender dos ataques externos, muitas vezes promovidos por entidades americanas. “Pessoalmente, reservo-me o direito de considerar que estão a ser utilizadas todas as formas possíveis e imagináveis para atacar a China, e esta [atribuição de prémios a fotografias sobre Hong Kong] é mais uma, para simplesmente promover o anticomunismo primário e atacar o Governo chinês”, afirmou Mil-Homens. “Se foram premiadas determinadas imagens por razões políticas, do meu ponto de vista, é também correcto politicamente que, se for o caso, o Governo da República Popular da China pressione para que não seja feita publicidade a essas imagens em Macau”, acrescentou. “Macau é China”, rematou. Enquanto fotógrafo, António Mil-Homens não tem dúvidas que a imagem pode ser mesmo uma forma de ataque. “Claramente que as fotografias podem servir como forma de ataque ao Governo da China. A força de uma imagem é incrível”, apontou. No mesmo sentido, o fotógrafo achou normal a decisão para o encerrar prematuramente a exposição. “Não nos podemos esquecer que Macau é China e não nos podemos esquecer que o papel da direcção da Casa de Portugal é proteger, de forma geral e lata, os interesses da Casa e daqueles que representa, a comunidade portuguesa em Macau”, indicou. “Nessa medida, é perfeitamente entendível, do meu ponto de vista, a decisão de cancelar a exibição do World Press Photo”, declarou. A melhor publicidade A repórter Carmo Correia afirma não ter compreendido as razões da Casa de Portugal para fechar a exposição. Porém, no cenário do encerramento ter partido de pressões políticas para que não se falasse do tema, considera que os resultados alcançados vão ser opostos. “Se alguma coisa não estava bem na exposição, ou se era suposto ser criticável, então esta decisão de encerrar antecipadamente só vai levantar mais problemas. Temos de ser realistas e perceber que a World Press Photo é vista por meia dúzia de pessoas… Se estivessem sossegados isto teria passado despercebido”, disse Carmo Correia, ao HM. Sobre o conteúdo da exposição, Carmo Correia, que esteve na inauguração do evento, referiu não ter visto nada nos materiais exibidos que lhe parecesse profissionalmente reprovável. “Nas fotografias não vi nenhuma falha ética ou problemas com os trabalhos apresentados. Claro que havia fotografias de Hong Kong…. Mas aquilo foi um mero registo do que se passou nas ruas de Hong Kong durante quase um ano”, opinou. “Para ser franca, já vi fotografias sobre Hong Kong muito mais fortes do que aquelas que estava expostas”, vincou. Em relação a um eventual impacto do encerramento na actividade dos repórteres fotográficos em Macau, Carmo Correia relativizou: “Obviamente, que pode haver um condicionamento [para os repórteres], mas se olharmos para Macau pode não ter efeitos práticos. É um território muito pacífico, onde não se passa muita coisa”, explicou. A fotógrafa traça um cenário de liberdade do exercício da profissão. “Nunca senti que houvesse qualquer tipo de pressão, ou fotografias que não se pudessem tirar. Aliás, quando andávamos nas manifestações, e em todos esses eventos, nunca houve qualquer restrição. Sempre tive toda a liberdade para fazer a fotografia que entendia”, partilhou. Lamentos de Jornalistas Após a notícia ter sido avançada na quarta-feira pela Rádio Macau, também a Associação de Imprensa em Português e Inglês de Macau (AIPIM) tomou uma posição para lamentar o encerramento do evento que considerou promover o jornalismo na RAEM. “A Associação de Imprensa em Português e Inglês de Macau (AIPIM) lamenta o encerramento antecipado da exposição da World Press Photo em Macau por motivos ainda por esclarecer. […] Salientamos que a exposição da World Press Photo reúne o melhor fotojornalismo a nível mundial e que a presença desta exposição em Macau ao longo dos últimos anos tem sido prestigiante para a cidade, valorizando a projecção do fotojornalismo de qualidade e da liberdade de imprensa”, consta no comunicado partilhado ontem de manhã. Por outro lado, a associação mostrou-se preocupada face à possibilidade de o encerramento ter sido motivado pelo conteúdo das imagens. “Se o encerramento estiver relacionado com pressões em torno de algumas fotografias da exposição, a AIPIM considera que estaremos perante algo de grave e um episódio preocupante que sinaliza uma erosão do espaço de liberdade de expressão”. Cunha Alves: encerramento político não seria “positivo” O cônsul-geral de Portugal em Macau e Hong Kong, Paulo Cunha Alves, considera que caso se comprove que o encerramento da exposição World Press Photo se deveu a pressões políticas, que haverá impacto na liberdade de expressão. Quando questionado pelo HM, o representante diplomático de Portugal sublinhou ainda que tem havido liberdade de expressão artística o território. “Macau tem vindo a gozar, ao longo dos anos, um espaço de liberdade de expressão artística e, neste momento, nada nos indica que esse espaço se encontre comprometido. Desconheço os detalhes do episódio, mas, na eventualidade de se confirmar o que a imprensa refere, tal não seria certamente positivo para a liberdade de expressão na RAEM”, respondeu. Quanto à possibilidade de o encerramento da exposição marcar o início de uma fase em que as actividades da comunidade portuguesa vão ter menos liberdade, o cônsul-geral deixou o desejo que tal não aconteça. “Não posso antecipar o futuro nem fazer conjecturas, mas espero que não sejam impostas limitações a actividades futuras de quaisquer associações empenhadas em promover na RAEM a cultura, as artes e a língua portuguesa”, desejou. Vozes de deputados Para Sulu Sou a importância do encerramento vai muito além do valor das fotografias expostas. No caso de se confirmarem pressões políticas, o democrata alerta para a redução de várias liberdades. “A importância desta exposição não se esgota nas fotografias exibidas, está também ligada às liberdades de expressão e de informação. Por isso, este é um aspecto que deve preocupar a população. As liberdades e os direitos humanos são como o ar que respiramos. Se perdermos o ar, morremos”, alertou. José Pereira Coutinho, disse em declarações à Lusa, que “é evidente que a presidente da Casa de Portugal sofreu pressões para acabar com a exibição” e “é evidente que foi por causa das imagens dos protestos de Hong Kong”. Au Kam San disse que “o Governo tem a responsabilidade de esclarecer o público” e que, tendo em conta o princípio ‘Um País, Dois Sistemas’ que vigora no território, “isso vai afectar a imagem de Macau”.
João Santos Filipe Manchete SociedadeWorld Press Photo | Casa de Portugal justifica encerramento com um “problema de gestão interna” [dropcap]A[/dropcap] exposição World Press Photo, que decorria na Casa Garden, foi encerrada antecipadamente numa decisão que poderá estar relacionada com a exibição de fotografias das manifestações de Hong Kong. A notícia foi revelada ontem pela Rádio Macau, onde se avança que a mostra deixou de estar disponível no passado fim-de-semana, depois de ter inaugurado a 25 de Setembro. Segundo a presidente da Casa de Portugal, Amélia António, o encerramento prendeu-se com um “problema de gestão interna”. A responsável recusou prestar mais esclarecimentos à emissora, limitando-se a dizer que a exposição World Press Photo “está encerrada desde o fim-de-semana”, quando o encerramento apenas deveria acontecer a 18 de Outubro. Ao HM, Amélia António manteve a explicação, e recusou associar o encerramento com o facto de as fotografias poderem ser consideradas material sensível para as autoridades centrais e locais. “Do nosso lado não tem nada a ver com isso. Como já disse, o encerramento deveu-se a problemas de gestão interna. Se são materiais sensíveis, se as pessoas gostam ou não das imagens, isso é uma questão que nos ultrapassa. Não tem nada a ver connosco”, esclareceu. Recentemente, devido ao corte nos apoios às associações locais por parte do Governo, a Casa de Portugal já havia anunciado que ia deixar de promover esta exposição nos próximos anos. Amélia António recusou que essa decisão tenha sido influenciada por este problema interno, que diz não discutir em público. “Eu já tinha dito que este era o último ano que íamos trazer esta exposição a Macau, porque era evidente que havendo diminuição dos subsídios tínhamos que escolher reduzir os eventos. A escolha passou por abdicar dos que não estão directamente ligados à nossa cultura. Era um assunto que já estava decidido [antes das questões internas]”, adiantou. Sem pressão No mesmo sentido, o HM tentou obter uma posição sobre o encerramento antecipado junto de Marika Cukrowski, curadora do World Press Photo, que prometeu uma tomada de posição para mais tarde. A organização do evento que está a cargo da Casa de Portugal tem contado com o patrocínio do Governo local, através da Fundação Macau. À Rádio Macau, Wu Zhiliang, presidente da fundação, recusou ter havido qualquer pressão para que o encerramento fosse antecipado. “Da nossa parte não houve nada”, afirmou Wu Zhiliang. As fotografias sobre as manifestações em Hong Kong encontravam-se em exibição na Casa Garden porque tinham sido distinguidas nas principais categorias do concurso anual da Fundação World Press Photo.
Andreia Sofia Silva EntrevistaMarika Cukrowski, curadora do World Press Photo: “É importante ter uma presença em Macau” A exposição das fotografias vencedoras do World Press Photo, promovida pela Casa de Portugal de Macau, é hoje inaugurada na Casa Garden, às 18h30, onde pode ser vista até ao dia 18 de Outubro. Ao HM, Marika Cukrowski, curadora de um dos maiores concursos de fotografia do mundo, falou de uma edição cheia de imagens de esperança e força. As manifestações que decorreram em vários lugares do mundo, incluindo Hong Kong, são um tema central [dropcap]U[/dropcap]m jovem toca no peito, à noite, enquanto grita qualquer coisa, que soa como uma mensagem de esperança. A mensagem é poesia recitada no meio de uma manifestação no Sudão, a 19 de Junho de 2019. Enquanto recita poemas, o jovem é iluminado por telemóveis empunhados por outros jovens. Esta imagem, captada pelo fotógrafo japonês Yasuyoshi Chiba, da agência France-Press, venceu a edição deste ano do World Press Photo e pode ser vista até ao dia 18 de Outubro na Casa Garden, numa iniciativa que conta mais uma vez com o apoio da Casa de Portugal. O regresso da mostra a Macau deixa Marika Cukrowski, uma das curadoras do World Press Photo, muito satisfeita. “Estamos muito empolgados com o facto de esta exposição acontecer como habitualmente, mesmo com todas as alterações que decorreram este ano. Podemos não estar presentes na inauguração, mas assegurámos a sua continuação. É importante para nós ter esta presença [em Macau] para diversificar ao máximo o concurso e Macau é sempre um lugar interessante para estarmos, por ser um local onde várias culturas existem”, contou ao HM. Esta é uma edição muito marcada por protestos em vários pontos do mundo, incluindo Hong Kong. São protestos que se calaram subitamente devido à pandemia da covid-19, mas cujas mensagens e ideias continuam a existir. “Temos várias histórias e imagens simbólicas de manifestações em vários lugares no mundo. Temos a Foto do Ano, tirada no Sudão, temos os protestos de Hong Kong, uma imagem sobre os protestos no Chile. Mesmo a História do Ano é sobre os protestos na Argélia [Kho, the genesis of a revolt, de Romain Laurendeau]. Não se trata apenas de um lugar, mas é uma espécie de onda que chegou em 2019.” Marika Cukrowski considera que a Foto do Ano é, sem dúvida, uma das imagens mais impressionantes do concurso. “Esta é uma imagem que sobressai em relação às outras, porque não é gráfica e está cheia de esperança. É muito representativa do tema deste ano. Desde 2018 que temos tido essencialmente temas ligados a manifestações e jovens que protestam sem recorrer a qualquer tipo de violência.” Batalhas de Hong Kong Os protestos de Hong Kong que decorreram em força no ano passado são um dos temas dominantes da edição deste ano do World Press Photo. Exemplo disso é o trabalho vencedor na categoria storytelling “Interactive of the Year”, intitulado “Battleground PolyU”. Com produção de DJ Clark e China Daily, trata-se de um trabalho digital de storytelling sobre os intensos protestos que decorreram nas instalações do Instituto Politécnico de Hong Kong. “Foi sem dúvida um grande acontecimento que decorreu durante muito tempo. Há muitas imagens diferentes, tiradas durante um longo período de tempo, e todas elas são muito poderosas e simbólicas”, disse a curadora do concurso. O trabalho de Nicolas Asfouri, intitulado “Hong Kong Unrest”, nomeado para a categoria “Story of the Year” é outro exemplo da forte presença das manifestações de 2019 no concurso. “Ele cresceu na Dinamarca e viajou para Hong Kong para cobrir os protestos, embora já tivesse feito a cobertura das manifestações durante o movimento dos guarda-chuvas. Disse estar surpreendido por estar tudo muito bem organizado e por haver muitos jovens desta vez”, contou Marika Cukrowski. Para a responsável, a fotografia mais importante desta série de 10 imagens é o retrato de várias estudantes, com os seus uniformes escolares, de mãos dadas. “Normalmente associamos esta imagem a estudantes a caminharem nos corredores das escolas, mas aqui estão nas ruas, de mãos dadas, com as máscaras colocadas. É uma imagem muito poderosa e representativa das pessoas que se mantiveram de pé, a lutar pela sua liberdade.” Ambiente e neonazismo Além dos protestos, as questões ambientais voltam a marcar presença na edição deste ano, não só numa categoria em nome próprio, mas também na categoria de questões contemporâneas. “Temos imagens sobre os fogos na Austrália e também sobre os incêndios na Califórnia, ou sobre lagos que estão a secar em vários pontos do mundo. Este é sem dúvida um tema que está presente em várias categorias e assim vai continuar.” Marika Cukrowski destaca também o trabalho do fotógrafo Mark Peterson, e que é o retrato de vários membros do grupo neonazi Shield Wall Network a celebrar o aniversário de Adolf Hitler num barco, no estado de Arkansas, EUA. Esta imagem ficou em terceiro lugar na categoria de questões contemporâneas. “É uma imagem de confronto. Nem sempre é óbvio que os neonazis existem, mas a verdade é que nos EUA estes grupos estão a crescer. Esta foto é importante porque revela isso mesmo, bem como o facto de as pessoas não terem mais receio de pertencer a grupos neonazis. Esta é uma questão contemporânea preocupante. Parece ser uma minoria, mas a verdade é que está a crescer”, frisou. Em primeiro lugar na categoria de questões contemporâneas, mas com uma única imagem, ficou o trabalho de Nikita Teryoshin, intitulado “Nothing Personal – The Back Office of the War”, tirada em Abu Dhabi por ocasião do International Defence Exhibition and Conference (IDEX). “Esta imagem documenta o negócio da venda de armas e é algo muito poderoso. Este ano os protestos estão muito presentes no concurso, mas nos últimos anos a guerra foi um tema dominante. Então é interessante perceber de onde vêm estas armas e esse é um assunto que esta imagem explora, há muito dinheiro envolvido. Ele [Nikita Teryoshin] foi lá fotografar as pessoas sem revelar os seus rostos”, concluiu a curadora.
João Luz EventosExposição | World Press Photo 2020 na Casa Garden em Setembro A World Press Photo 2020 já tem data marcada para ser exibida em Macau. Entre os dias 25 de Setembro e 18 de Outubro na Casa Garden. Como é hábito no mais prestigiado concurso de fotojornalismo, as obras deste ano vivem das mais básicas emoções humanas, incluindo dos protestos em Hong Kong, Argélia e Sudão [dropcap]“S[/dropcap]traight Voice” é o título do da fotografia que venceu o prémio do júri independente de 2020 do concurso World Press Photo. Um poderoso retrato de Yasuyoshi Chiba, fotógrafo japonês da Agence France Presse (AFP), que mostra um jovem iluminado por telemóveis a recitar poesia de protesto numa manifestação durante um apagão em Cartum, no Sudão. A fotografia tirada no dia 19 de Junho do ano passado por Yasuyoshi Chiba é um dos incontornáveis destaques da exposição World Press Photo 2020, que vai estar patente na Casa Garden de 25 de Setembro a 18 de Outubro. O júri do concurso descreveu a fotografia vencedora como “poética” e uma demonstração do poder da arte e da juventude. A imagem representa o momento que se viveu no Sudão, após a queda do regime de Omar al-Bashir, que esteve no poder durante três décadas, levando à divisão violenta entre militares com aspirações executivas e um movimento pró-democracia que encheu as ruas. “Este foi o único momento em que presenciei o protesto de um grupo pacífico durante a minha estadia no Sudão. Senti a solidariedade invencível, como uma chama que não se apaga”, referiu Chiba sobre o momento que captou, em declarações citadas pela AFP. O presidente do júri deste ano do World Press Photo, Lekgetho Makola, considera que, apesar de ter sido tirada num contexto de conflito, a fotografia tem o poder de “inspirar as pessoas”. “Vemos este jovem, que não está a disparar uma arma, nem a atirar uma pedra, mas a recitar um poema. Representa o reconhecimento e a expressão da esperança”, acrescentou à AFP. Rostos da ira Entre as distinções deste ano está uma fotografia dos protestos antigovernamentais de Hong Kong, de autoria de Nicolas Asfouri, também da AFP, na categoria de foto de notícias gerais. Dos momentos captados pelo fotógrafo, o júri destacou duas fotografias. Uma mostra um grupo de jovens estudantes, trajadas com uniforme escolar, de mãos dadas a atravessar uma passadeira, e a outra tem como figura central uma mulher a avançar com determinação e raiva estampadas no rosto, por uma avenida cheia de detritos, segurando um guarda-chuva numa mão e uma placa com a palavra “amor” na outra. Entre os nomeados para fotografia do ano conta-se também uma imagem que espelha a brutalidade que os manifestantes anti-governo argelinos sofreram desde Fevereiro do ano passado, depois de Abdelaziz Bouteflika ter renunciado ao poder, deixando o destino do país à mercê da ascensão executiva de um grupo de militares. Esta equação política levou a protestos de larga escala a exigir o retorno à democracia liderada por civis. A fotografia de Farouk Batiche ilustra o esmagamento literal dos manifestantes argelinos pela polícia. Outra das fotografias premiadas é de Anna, uma rapariga arménia de 15 anos, que valeu a Tomek Kaczor a distinção de melhor retrato do ano. A foto a preto e branco, intitulada “Despertar”, mostra a jovem, numa cadeira de rodas, acabada de acordar de um estado catatónico resultante do Síndrome da Resignação. O pano de fundo é um centro de acolhimento de refugiados em Podkowa Lesna, nas imediações de Varsóvia. O Síndrome da Resignação é uma doença psicológica pós-traumática de contornos ainda pouco conhecidos, que afecta particularmente crianças, tornando-as passivas, imóveis, sem resposta perante estímulos e sem falar. A enfermidade foi detectada em menores que escaparam de zonas de conflito bélico, como as crianças Yazidi e a geração traumatizada pela guerra dos Balcãs. Durante a exibição, a Casa Garden ficará assim ilustrada não só com o de melhor se faz em fotojornalismo, mas também com as imagens que marcaram o mundo no ano passado, antes das máscaras cirúrgicas inundarem tudo o que é retratável.
Hoje Macau EventosQueda de avião na Etiópia e protestos sociais entre finalistas do World Press Photo [dropcap]O[/dropcap] acidente de avião da Ethiopian Airlines, que matou 157 pessoas, em 2019, e protestos sociais em países como Sudão e Argélia, marcam as fotografias nomeadas para o World Press Photo, cujos premiados são conhecidos em Abril. A principal categoria desta competição – a World Press Photo of the Year ou Fotografia do Ano – fica marcada pela representação de situações que envolvem, na sua maioria, jovens, como a imagem do fotógrafo alemão Farouk Batiche, de um protesto antigovernamental em Argel, e de Ivor Prickett, fotografo do The New York Times, que mostra a visita da namorada a um soldado internado com queimaduras graves num hospital de Al-Hasakah, na Síria. Já o polaco Tomek Kaczor, da Gazeta Wyborcza, retratou uma adolescente arménia de 15 anos que acordou de um estado catatónico num campo de refugiados, na Polónia. Yasuyoshi Chiba, da Agência France-Presse, mostra, por sua vez, um jovem iluminado por luzes de telemóvel, que recita poesia durante uma falha de energia geral, no Sudão. São também candidatas as imagens de Mulugeta Ayene, fotojornalista da Associated Press, que mostra o desespero de um familiar de uma vítima do acidente de avião do Boeing 737, da companhia aérea da Etiópia, ocorrido em março do ano passado, assim como a fotografia onde se vê um homem a guardar lançadores anti-tanque, em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, da autoria do russo Nikita Teryoshin. A edição deste ano do World Press Photo volta a contar com a nova categoria Story of the Year (História do Ano) que se traduz numa sequência de imagens. O dinamarquês Nicolas Asfouri (AFP) é o autor de uma série de imagens que retratam os protestos realizados em Hong Kong, no final de março, em resposta às propostas do governo de alterar a legislação existente e permitir a extradição para a China continental. O voo 302 da Ethiopian Airlines volta a estar presente nesta categoria com uma ‘história’ fotografada pela etíope Mulugeta Ayene, em que se vê a operação de retirada de corpos dos destroços do avião, cruzada com momentos da homenagem prestada às vítimas. A terceira série de fotos a concurso pertence ao francês Romain Laurendeau, chama-se “Kho, a génese de uma revolta”, e é sobre o facto dos jovens, que representam mais da metade da população da Argélia, sofrerem com o desemprego uma vez que de acordo com um relatório da UNESCO, 72% das pessoas com menos de 30 anos estão desempregadas neste país. Somam-se categorias como Temas Contemporâneos, Meio Ambiente, Retratos, Desporto ou Notícias. Os vencedores daquele que é considerado o mais importante concurso internacional de fotojornalismo será anunciado no dia 16 de abril, em Amesterdão, na Holanda.
Hoje Macau EventosCasa Garden | World Press Photo 2019 chega em Setembro As fotografias vencedoras da edição deste ano do World Press Photo regressam à Casa Garden, espaço da Fundação Oriente, no próximo mês de Setembro. O drama vivido na fronteira entre o México e os Estados Unidos e a miséria no rio Pasang, nas Filipinas, são alguns relatos fotográficos que podem ser visitados pelo público [dropcap]A[/dropcap]s fotografias premiadas no concurso World Press Photo 2019 vão estar patentes em Macau entre 29 de Setembro e 21 de Outubro, numa iniciativa que a organização disse à Lusa esperar atrair cerca de 2.500 pessoas. No total vão ser exibidas na Casa Garden 157 fotografias, entre as quais a fotografia vencedora do World Press Photo 2019, tirada em 12 de Junho de 2018 por John Moore, onde se vê uma criança hondurenha (à data com dois anos de idade) a chorar agarrada à mãe enquanto os oficiais da Patrulha de Fronteira dos Estados Unidos a revistam, depois de terem cruzado ilegalmente a fronteira EUA-México perto de McAllen, no estado do Texas. A imagem, que valeu ao fotógrafo norte-americano um prémio de 10 mil euros foi capa da revista Time e gerou a contestação ao programa do Presidente norte-americano, Donald Trump, que levou à separação das famílias de imigrantes. Mãozinha da CPM A 12.ª edição do evento em Macau espera atrair cerca de 2.500 pessoas, disse à Lusa a coordenadora da Casa de Portugal em Macau, Diana Soeiro, acrescentando que orçamento desta iniciativa se cifra nas 180 mil patacas. Tal como nos anos anteriores as legendas das fotografias vão estar traduzidas também em chinês “de forma a atrair um público mais variado”. Entre os premiados deste ano está a imagem do fotojornalista português Mário Cruz, premiado na categoria Ambiente, com o título “Living Among What’s Left Behind” (“Viver entre o que foi deixado para trás”), resultado de um projecto desenvolvido a título pessoal, sobre comunidades de Manila, nas Filipinas, que vivem sem saneamento e rodeadas de lixo. A imagem vencedora mostra uma criança que recolhe materiais recicláveis deitada num colchão rodeado por lixo que flutua no rio Pasig, declarado biologicamente morto na década de 1990. Para o fotojornalista, esta imagem “é um apelo que merece reacção rápida”. “Nós vemos imagens de praias com lixo no areal e ficamos incomodados, mas estas pessoas em Manila [capital das Filipinas] estão rodeadas de lixo diariamente, já há muitos anos, e isto merece a nossa reacção rápida”, afirmou Mário Cruz em declarações à Lusa, aquando do anúncio da nomeação para o World Press Photo. A fotografia vencedora foi captada nesse sentido: “No fundo é um apelo para que não se ignore o que não pode ser ignorado”, disse. Os habitantes daquelas comunidades tentaram, sem sucesso, ir viver para a capital das Filipinas e acabaram por criar construções ilegais junto ao rio, onde vivem, sem saneamento, e muitos deles da reciclagem do lixo que é atirado fora. “É um problema que se arrastou, e está a agravar-se tomando dimensões preocupantes”, alertou o fotojornalista, acrescentando que viu estuários, criados para impedir as cheias, cheios de lixo. “Neste momento só se vê lixo. É dramático olhar para um canal de água e não ver a água, só plástico, e isso merece sem dúvida uma reacção”, reiterou Mário Cruz, que é fotojornalista da agência Lusa, mas desenvolveu este projecto a título pessoal.
Hoje Macau EventosFotografia do ano do World Press Photo 2019 é do norte-americano John Moore [dropcap]A[/dropcap] fotografia do ano do World Press Photo 2019 é da autoria do norte-americano John Moore, anunciou ontem a organização dos prémios em Amesterdão, na Holanda. A foto, captada em 12 de Junho de 2018, mostra uma menina hondurenha a chorar quando a mãe é revistada e detida próximo da fronteira dos Estados Unidos com o México, em McAllen, no Texas. A imagem, que valeu ao fotógrafo norte-americano um prémio de 10 mil euros, foi capa da revista Time e gerou a contestação ao programa do Presidente norte-americano, Donald Trump, de separação das famílias de imigrantes. Em declarações posteriores ao jornal britânico Daily Mail, o pai da menina disse que a filha não foi retirada à mãe e que ambas foram detidas juntas. Para John Moore, a “imagem tocou os corações de muitas pessoas”, como o seu, porque “humaniza uma história maior”. Segundo um dos membros do júri da competição, a fotojornalista brasileira Alice Martins, a fotografia de Moore mostra “uma violência diferente, que é psicológica”. Ao World Press Photo 2019 concorreram 78.801 trabalhos de 4.738 fotógrafos. O fotojornalista português Mário Cruz, que trabalha na agência Lusa mas que concorreu com um trabalho independente, ficou em terceiro lugar na categoria Ambiente, em imagem ‘single’, com a fotografia de uma criança num colchão rodeado de lixo a flutuar num rio filipino.
Hoje Macau EventosWorld Press Photo | Fotojornalista português Mário Cruz nomeado com imagem do rio Pasing, em Manila [dropcap]O[/dropcap] fotojornalista português Mário Cruz é um dos nomeados na categoria Ambiente do World Press Photo 2019, com uma imagem do rio Pasig em Manila, nas Filipinas, anunciou ontem a organização do prémio internacional. Os nomeados foram anunciados no sítio ‘online’ do galardão dedicado ao fotojornalismo, que é atribuído desde 1955, premiando as imagens mais marcantes recolhidas no ano anterior em várias categorias. “Living Among What’s Left Behind” (“Viver entre o que foi deixado para trás”, na tradução do inglês) é o título da imagem captada por Mário Cruz, que é fotojornalista da agência Lusa, mas desenvolveu este projecto a título pessoal sobre comunidades de Manila que vivem sem saneamento, junto ao rio, rodeadas de lixo. A imagem mostra uma criança que recolhe materiais recicláveis deitada num colchão, rodeado de lixo, que flutua no rio Pasig, que já foi declarado biologicamente morto na década de 1990. Os nomeados anunciados nas várias categorias são todos premiados e estão integrados na exposição itinerante do galardão, mas só em Abril o júri irá divulgar a fotografia do ano e as várias classificações nas respetivas categorias. Este ano, o júri da 62.ª edição avaliou 78.801 imagens captadas por 4.738 fotógrafos que concorreram ao prémio. Em 2016, o fotojornalista Mário Cruz conquistou o primeiro lugar na categoria Temas Contemporâneos, com um trabalho sobre a escravatura de crianças – dos meninos Talibés – no Senegal (“Talibés – Modern Days Slaves”), que deu origem a um livro, depois de publicado na Newsweek, e que constituiu um alerta global. No Senegal, foram distribuídos panfletos com fotografias feitas por si, tendo sido resgatadas centenas de crianças. O anúncio de hoje inclui os nomeados para o World Press Photo do Ano, e para os novos prémios que foram criados: o World Photo do Ano, o World Press Photo Interactive e o World Press Photo Vídeo ‘online’. De acordo com a página do concurso na Internet, os seis nomeados para o World Press Photo 2019 são Brent Stirton, Catalina Martin-Chico, Chris McGrath, John Moore, Marco Gualazzini e Mohammed Badra. Os três nomeados para a World Press Photo História do Ano são Lorenzo Tugnoli, Marco Gualazzini, Pieter Ten Hoopen, enquanto nos Temas Contemporâneos estão, em fotos individuais, Diana Markosian, Enayat Asadi, Mary Calvert e, nas histórias, Catalina Martin-Chico, Olivia Harris e Philip Montgomery. Na categoria Ambiente, além de Mário Cruz, nas fotos individuais, estão ainda nomeados Brent Stirton, e, nas histórias, Marco Gualazzini, Nadia Cohen e Thomas P. Peschak. Na categoria Notícias Gerais estão nomeados, nas fotos individuais, Brendan Smialowsky, Chris McGrath, e Daniele Volpe Volpe, enquanto, na mesma categoria, nas histórias, foram selecionados dois trabalhos de John Vessels e Lorenzo Tugnoli. Alejandro Cegarra, Sara Blesner e Yael Marinez estão nomeados na categoria de trabalhos de Longo Termo, enquanto na categoria Natureza, foram nomeados, nos trabalhos individuais, Angel Fitor, Bence Máté, Jasper Doest e, nas histórias, Brent Sirton, Ingo Arnedt e Jasper Doest. Na categoria de Retrato estão, nos trabalhos individuais, Alyona Kochetkova, Finbarr O´Reilly e Heba Khamis, enquanto nas histórias surgem Jessica Dimmock e Luisa Dorr. Em Desporto, estão nomeados, nos trabalhos individuais, David Gray, John T. Pedersen, Terrell Groggins e, nas histórias, surgem Eliz Ozturk Ozgoncu, Forough Alaei e Machael Henke. Nas Spot News estão nomeados Ezra Akayan, John Moore, Pedro Pardo, Andrew Quilty, Mohammed Badra e Pieter Ten Hoopen. Quanto aos novos prémios, no World Press Photo Interactive do Ano são finalistas “Flint is a Place” (produzido pela Screen), “Notes from Aleppo” (Paradox) e “The Last Generation” (Frontline e The Ground Truth Project). Quanto ao novo World Press Photo Vídeo ‘online’ do ano, estão nomeados “In teh Absence” (Field of Vision), “The legacy of ‘Zero Tolerance’ Policy” (Univision News Digital). Estes nomeados estão distribuídos em categorias de interactividade, trabalhos de longa e curta duração, estando nomeados, nos de curta duração, “Ghadeer” (produção Chiara Avesani/Matteo Delbá) e “I just simply did what he wanted” (The New York Times).
Sofia Margarida Mota EventosRobin Moyer, fotojornalista: “World Press Photo é um acontecimento importante” O número de fotojornalistas é o mesmo hoje e há 30 anos. A ideia é deixada por Website oficial de Robin Moyer, o fotojornalista americano, radicado em Hong Kong, que vai estar à frente da conversa que tem lugar amanhã pelas 17h, no âmbito da exposição World Press Photo 2018 [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]pesar da massificação da imagem, nomeadamente nas plataformas online, o fotojornalismo de qualidade continua a ter um espaço de destaque, defende Robin Moyer para quem o concurso da World Press Photo ainda é garantia disso mesmo. “Penso que o World Press Photo é um acontecimento importante até porque existe um júri conhecedor e de confiança”, começa por dizer ao HM. Trata-se de uma iniciativa que mantém a premiação de imagens que traduzem a realidade. “ Ainda são fotografias verdadeiras dentro do universo do fotojornalismo, são reais”, acrescenta. São estas fotografias que demarcam as imagens dos fotógrafos profissionais das muitas que invadem actualmente os meios de comunicação, defende. Prova disso é o número de fotojornalistas profissionais que existem actualmente e que não é ser muito diferente dos que existiam há 25 ou 30 anos “, refere. A explicação é simples: “O facto de toda a gente ter uma câmara não significa que seja um fotojornalista”. Sediado em Hong Kong, Moyer foi já distinguido com vários prémios por trabalhos na Ásia e no Médio Oriente, incluindo o World Press Photo Premier Award e Robert Capa Gold Citation do Overseas Press Club de Nova Iorque, ambos pelo trabalho publicado na revista Time sobre a guerra no Líbano (1982). Ser fiel Para Moyer, o fotojornalismo tem que ver apenas com a captura fiel da realidade, coisa que não é conseguida por muita gente. “É preciso transmitir o que acontece sem que se recorra a manipulação da imagem”. A subjectividade do fotojornalista reside apenas na decisão que faz ao escolher o que decide abranger através da sua câmara, explica. Sem subterfúgios, Robin Moyer considera que as fotografias aparecem no mundo em que vive, sendo que as questões técnicas acontecem de forma espontânea. “Não penso nas imagens de uma forma consciente, acho que só ando com os olhos bem abertos e se há alguma coisa que me faz olhar para ela duas vezes, então tiro uma fotografia” Cenas de guerra Foi num cenário de guerra, no Líbano, que fotografou a imagem premiada em 1882 com o World Press Photo Premier Award e com o Robert Capa Gold Citation do Overseas Press Club de Nova Iorque. As situações de conflito têm pautado a seu carreira sendo que “o mais importante é que os elementos das equipas que partilham estes contextos olhem uns pelos outros”, refere. Por outro lado, são cenários que acabam por alhear o fotógrafo, durante o seu trabalho, do contexto em que se encontra. “É como se estivéssemos a viver uma situação irreal enquanto fotografamos e que deixa de o ser se paramos de o fazer”, aponta. A defender, ilusoriamente, o profissional da realidade está a câmara que funciona como um escudo subjectivo mas muito eficiente. “A câmara demarca uma espécie de campo de protecção e quando se está por destrás dela, de alguma forma e estupidamente, sentimo-nos protegidos e, mal deixamos a largamos, ficamos a descoberto e é aí que não temos mais nada a não ser a realidade da situação”, confessa. Uma vida de imagens Robin Moyer começou a sua carreira como operador de câmara no Vietnam dentro enquanto trabalhava para a UPITN/ITV em 1970. De 1973 a 1975, viajou por todo o sul dos Estados Unidos em missão para a Comissão Regional dos Apalaches. Em 1974 fundou a escola PhotoWorks no Glen Echo National Park. Entre 1978 e 1998, Moyer trabalhou para a Time, tendo imagens destacadas acerca dos refugiados do Camboja e do Afeganistão. Liderou ainda equipas de fotógrafos responsáveis pelo registo da revolta Filipina em 1986, das Olimpíadas de Seul em 1988 de Tian An Men em 1989. É ainda responsável por retratos de personalidades como Lee Kwan Yew, Mahathir Mohamed, Aung San Suu Kyi, Fidel Ramos, Corazón Aquino, Stan Shen (fundador da ACER), Li Ka-shing. Kim Dae Jung, Kim Young Sam, Zhao Ziyang e Deng Xiaoping. Das publicações para que trabalhou destaca-se a Life, Fortune, People, Newsweek, The Far Eastern Economic Review, Paris Match, The London Sunday Times Magazine, Smithsonian Magazine, New York Magazine, Elle, e Vanity Fair.
Hoje Macau EventosWorld Press Photo 2018 | Macau recebe fotojornalista Robin Moyer Robin Moyer [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] fotojornalista Robin Moyer, vencedor de vários prémios, vai realizar no sábado, em Macau, uma palestra no âmbito da exposição World Press Photo 2018. Organizado pela Associação de Imprensa Portuguesa e Inglesa de Macau (AIPIM) e pela Casa de Portugal, “Prazos- Uma conversa de Robin Moyer”, está marcada para a Fundação Oriente-Casa Garden de Macau. Sedeado em Hong Kong, Robin Moyer foi já distinguido com vários prémios por trabalhos na Ásia e no Médio Oriente, incluindo o World Press Photo Premier Award e Robert Capa Gold Citation do Overseas Press Club de Nova Iorque, ambos pelo trabalho publicado na revista Time sobre a guerra no Líbano (1982). A exposição World Press Photo 2018, com 161 fotografias captadas por 42 fotógrafos de 22 países, está patente ao público na Casa Garden pelo 11.º ano consecutivo e até 21 de Outubro.
Sofia Margarida Mota EventosFotografia | World Press Photo regressa à Casa Garden no final do mês Chegam no final do mês à Casa Garden os trabalhos vencedores da 60.ª edição do mais prestigiado concurso de fotojornalismo do mundo. Este ano Hong Kong não aderiu à mostra pelo que se esperam mais visitantes no território. Entretanto, a parceria com a extensão local foi prolongada por mais três anos e vai contar com um orçamento maior [dropcap style≠’circle’]T[/dropcap]em início no próximo dia 20 mais uma mostra dos vencedores da edição deste ano do Word Press Photo (WPP). O local escolhido para a exposição continua a ser a Casa Garden por ser, “o mais adequado”, diz Diana Soeiro ao HM. A representante da Casa de Portugal espera ainda um aumento de visitantes. A razão, aponta, tem que ver com o facto de os trabalhos não passarem por Hong Kong. “Esperamos mais de 2000 visitantes, valor superior ao das edições anteriores”, conta. A Casa de Portugal é ainda responsável pela renovação da extensão da exposição de fotojornalismo por mais três anos e vai ter também um aumento no orçamento que passará para as 18 000 patacas anuais. Apesar de em Macau o trabalho fotojornalístico não ser considerado com rigor, não é motivo para que as melhores imagens internacionais na área não passem pelo território. O WPP acaba por ser, diz Diana Soeiro, “um bocadinho uma janela para o que se passa lá fora”, sem esquecer que, existem no território vários fotógrafos, “e muita gente com sensibilidade para a imagem”. Por outro lado, a exposição quer ir mais além e está concebida para atingir um público cada vez mais alargado. “Como temos legendas em Português, Inglês e Chinês, conseguimos chegar a mais pessoas”, diz a responsável. De qualquer forma, a representante da Casa de Portugal considera ainda que o próprio fotojornalismo poderá estar em crise. A culpa, afirma, é do mediatismo e da facilidade com que hoje em dia se conseguem capturar momentos. “Os telemóveis vieram facilitar essa parte, basta chegar a um evento, tirar umas fotos e o trabalho está feito. Não são precisos grandes equipamentos nem nenhum profissional”. É para contrariar esta tendência que o trabalho da WPP é cada vez mais pertinente: “Uma Fundação como a World Press Photo, com as respectivas exposições espalhadas pelo mundo inteiro, contrariam esta tendência lembrando-nos da importância do fotojornalismo”, remata Diana Soeiro. Este ano participaram na disputa mais de cinco mil fotógrafos de 125 países, e foram submetidas a apreciação do júri mais de 80 mil imagens. Homicídio por Alepo Sem ornamentos, Mevlüt Mert Altintas está de arma em punho. Não se ouve a voz, mas gritava por Alepo. Ao seu lado um corpo. O embaixador russo na Turquia, Andrei Karlov, tinha acabado de ser assassinado enquanto fazia o discurso de abertura de uma exposição de fotógrafos do seu país, na Galeria de Arte Contemporânea de Ancara. “An Assassination in Turkey” é o nome da imagem vencedora, registada pela lente do fotojornalista da Associated Press, o turco Burhan Ozbilici. Antes de ser abatido, Altintas, que fazia parte do dispositivo de segurança do diplomata feriu mais três pessoas. “A imagem choca, como chocam quase sempre as imagens vencedoras. É meio hollywoodesca”, diz Diana Soeiro. A força, principalmente na tragédia, é uma tónica em muitas das fotografias do WPP. Pode agradar ou desagradar, mas é impossível ficar indiferente. “Pessoalmente custa-me a exposição de um corpo ali e o gesto triunfante do assassino mas infelizmente foi o que aconteceu e é mais um confronto duro como a realidade a que a World Press Photo já nos habituou”, aponta a responsável pela organização. A China volta a estar em destaque. Desta feita na categoria do quotidiano em que Tiejun Wang arrecada o segundo prémio. A fotografia Sweat Makes Champions mostra, a preto e branco, quatro meninas estáticas, de nódoas negras nas pernas. Treinam para ser as melhores.
Joana Freitas EventosFotografia | World Press Photo chega à Casa Garden no final do mês Chega no final do mês à Casa Garden a exposição World Press Photo. O vencedor deste ano é um fotógrafo australiano, com uma imagem de refugiados, tema que marca grande presença nesta edição do concurso. Mas a China também fez as delícias das objectivas e um fotógrafo do continente venceu um segundo prémio [dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m refugiado atravessa a fronteira da Sérvia com a Hungria, perto de Horgoš. É Agosto de 2015, dia 28. E, além do homem que carrega um bebé e de um grupo de pessoas que tentam atravessar a fronteira antes que esta feche, está também Warren Richardson. O fotógrafo capta o momento e a imagem vale o primeiro prémio do World Press Photo do ano de 2015. Agora, a famosa fotografia chega a Macau, juntamente com as outras vencedoras, entre as quais se encontra também a de um fotógrafo chinês. Aquela que é a 59ª edição do concurso anual chega à Casa Garden a 30 de Setembro, numa organização da Casa de Portugal. Richardson – que também ganhou o primeiro prémio na categoria de Notícias Locais – é fotógrafo freelancer, actualmente a residir em Budapeste, na Hungria. Ao júri da competição explicou como foi captada a imagem. “Acampei com os refugiados durante cinco dias na fronteira. Chegou um grupo de cerca de 200 pessoas, que se instalaram debaixo de árvores ao longo da cerca. Enviaram em primeiro lugar mulheres e crianças, depois pais e homens mais velhos. Devo ter estado com eles cerca de cinco horas e jogámos ao gato e ao rato com a polícia toda a noite. Tirei a fotografia por volta das 3h00 da manhã e não podia usar flash para não atrair a polícia. Por isso, usei apenas a luz da lua.” Para Francis Kohn, presidente do júri e director de fotografia da Agence France-Presse, foi o suficiente. “Assim que vimos esta fotografia percebemos logo que era importante. Tinha muito poder pela sua simplicidade, especialmente o simbolismo do arame farpado. Achámos que teria praticamente tudo para permitir uma imagem visual do que estaria a acontecer com os refugiados. Acho que é uma fotografia muito clássica e ao mesmo tempo intemporal. Retrata uma situação e a forma como foi captada é clássica no sentido mais lato do mundo.” Já Zhang Lei captou uma nuvem de poluição sobre Tianjin, na China, em Dezembro do ano passado, quando a cidade esteve sob alerta vermelho e as escolas pararam de funcionar devido ao intenso fumo industrial. Zhang Lei venceu a categoria de “Contemporary Issues – Primeiro Prémio de Singulares”. A China serviu ainda de tela para mais prémios. Com a lente virada para Shanxi, o canadiano Kevin Frayer venceu a Categoria de Daily Life, ao captar um homem idoso a empurrar um carrinho perto de uma fábrica de carvão. Português premiado Entre os premiados está também o português Mário Cruz, com a fotografia de um rapaz do Senegal que habita um colégio interno conhecido como os ‘daaras’. Aqui, as crianças são ensinadas a falar Árabe e sobre religião, mas as pobres condições fazem com que as crianças sejam muitas vezes prisioneiras, passem fome e vivam num local onde os seus direitos não são respeitados. Muitas vezes são traficadas. A fotografia de um jovem atrás das grades valeu ao português o primeiro prémio na Categoria de Histórias de Assuntos Contemporâneos. Entre refugiados, o Estado Islâmico e temas mais suaves, como o desporto, o World Press Photo – a principal competição do mundo para fotógrafos de imprensa, fotojornalistas e fotógrafos documentais – atraiu 5.+775 fotógrafos de 128 países. No total, foram apresentadas a concurso 82.9151 imagens e o júri atribuiu prémios em oito categorias temáticas a 42 fotógrafos de 21 nacionalidades: Austrália, Áustria, Brasil, Canadá, China, França, Alemanha, Irão, Itália, Japão, México, Portugal, Rússia, Eslovénia, África do Sul, Espanha, Suécia, Suíça, Síria, Turquia e EUA. As fotografias premiadas são apresentadas numa exposição que passa por mais de uma centena de cidades de mais de 45 países e regiões. É vista por mais de “3,5 milhões de pessoas em todo o mundo” e Macau não escapa ao percurso. De 30 de Setembro a 23 de Outubro, na Casa Garden, a exposição tem entrada livre.
Leonor Sá Machado Eventos MancheteCasa Garden | World Press Photo 2015 acontece em Outubro Este ano, as problemáticas contemporâneas estão no centro do World Press Photo, o maior concurso de fotojornalismo do mundo. A 58.ª edição conta com transsexualidade, relações amorosas e trabalho fabril no pódio. A mostra vai estar em Macau entre 10 de Outubro e 1 de Novembro na Casa Garden [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Casa Garden é novamente palco da exposição itinerante do World Press Photo 2015, mostra de fotografia a nível mundial. O vencedor desta 58.ª edição é o dinamarquês Mads Nissen, um jornalista do jornal diário Politiken, representado pela Panos Pictures. A exposição, organizada pela Fundação Oriente, acontece entre 10 de Outubro e 1 de Novembro. Este “concurso anual de fotografia jornalística” conta com o apoio da Casa de Portugal. Este ano, participaram na competição quase 5700 fotógrafos profissionais de 131 países, incluindo Austrália, Bangladesh, Dinamarca, China, Bélgica, Eritreia, França, Irlanda, Polónia, EUA, Reino Unido, Turquia e Suécia. A fotografia vencedora mostra Jon e Alex, um casal homossexual, num momento íntimo em São Petersburgo, na Rússia. “As minorias sexuais enfrentam discriminações de ordem social e legal, assédio e mesmo ataques violentos de ódio por parte de grupos conservadores nacionais e religiosos”, explica a Fundação em comunicado. A fotografia seleccionada está integrada num projecto pessoal de Nissen, destinado à Scanpix. O dinamarquês ganhou ainda o primeiro lugar no prémio Contemporary Issues. As películas premiadas são apresentadas em exposições numa centena de cidades por mais de 45 países. As pessoas têm ainda direito a fazer download de uma aplicação móvel gratuita, através da qual é possível aceder às fotografias em nove línguas, conhecer a história de cada uma delas, ter acesso a testemunho dos fotógrafos e outros trabalhos dos autores. Mundo contemporâneo As três obras principais inserem-se na temática da presente edição – “Problemáticas Contemporâneas”. Na exposição são assim abordados conceitos relacionados com a orientação sexual ou a fuga de países em guerra. O segundo prémio foi atribuído ao fotógrafo chinês Ronghui Chen, por ter captado um trabalhador fabril em Yiwu, munido de um chapéu de Pai Natal. A cor encarnada do adereço funciona como acessório à própria fotografia, que coloca o jovem trabalhador numa luz também ela vermelha, junto ao material que utiliza. O terceiro galardão foi parar às mãos do italiano Fulvio Bugani, fotógrafo há mais de 15 anos e com uma série de trabalhos feitos em associação com organizações não governamentais e de ajuda aos desfavorecidos, incluindo a Amnistia Internacional. A fotografia que valeu o prémio a Bugani faz parte de uma série que versa sobre a problemática da transsexualidade na Indonésia, onde este grupo é apelidado de “waria”, nome que aglutina “homem” e “mulher” na mesma frase. A película em questão não tem cor e mostra várias mulheres originárias daquele país à porta da Pesantren Waria Al Fatah, uma escola inteiramente dedicada aos transsexuais, em Java.