João Santos Filipe Manchete PolíticaEnsino | Universidade Católica destaca formação bilingue de Macau A reitora da Universidade Católica Portuguesa prometeu um programa de formação de quadros qualificados em biotecnologia na Universidade de São José. Por sua vez, Ho Iat Seng destacou a longa história da universidade portuguesa e o seu papel na formação de profissionais locais A formação de quadros qualificados para Macau e a importância dos alunos bilingues. Foram estes os destaques elencados pela reitora da Universidade Católica Portuguesa sobre o papel da instituição e a ligação a Macau, numa reunião com o Chefe do Executivo, que decorreu na segunda-feira. O encontro foi divulgado pelo Gabinete de Comunicação Social e durante este Isabel Capeloa Gil, reitora da Universidade Católica, terá feito “uma breve apresentação” sobre o desenvolvimento da instituição e as perspectivas futuras. Por outro lado, destacou que “ao longo dos anos, a UCP tem-se empenhado activamente na formação de talentos para Macau em diversas áreas profissionais”, e que “os alunos bilingues nas línguas chinesa e portuguesa são uma ponte importante entre Macau e Portugal”. Isabel Capeloa Gil deixou ainda a esperança que “com base no relacionamento existente a universidade espera continuar a aprofundar a sua cooperação com a RAEM, especialmente, ao realizar intercâmbios académicos entre instituições de ensino superior, reforçando a cooperação na formação das disciplinas profissionais e promovendo relações entre ambas as partes”. A reitora revelou também que a instituição tem planos para “lançar um programa de formação de quadros qualificados em biotecnologia com a Universidade de São José” e atirou que este programa vai beneficiar o “desenvolvimento a longo prazo” do território. História curta Por sua vez, Ho Iat Seng apontou que “a universidade não só possui uma longa história como manteve sempre uma boa relação com o território, tendo formado, ao longo dos anos, muitos quadros qualificados”. Como acontece sempre neste tipo encontros institucionais, o Chefe do Executivo afirmou ainda que o Governo está empenhado na “estratégia de desenvolvimento da diversificação adequada 1+4”, em que a indústria do jogo financia a diversificação da economia para sectores como o financeiro, área da saúde (big health), tecnologia de ponta e sector das exposições, convenções, eventos desportivos e comerciais. Ho também destacou que na visita deste ano a Portugal teve um encontro com “estudantes de Macau em Portugal, dos quais muitos deles frequentam a Universidade Católica Portuguesa”. Sobre este encontro, o Chefe do Executivo apontou que “todos [os alunos] demonstraram intenção de regressar a Macau para ingressar nas respectivas áreas profissionais após a conclusão dos cursos, num apoio a Macau para garantir o desempenho contínuo do seu papel de plataforma entre a China e Portugal, promovendo uma cooperação e intercâmbio mais alargados entre o Interior da China, Macau e Portugal”.
Hoje Macau EventosTrabalhos de alunos do curso de tradução a partir de hoje na USJ Chama-se “DIVERSAS – A diversidade na tradução português-chinês” e estreia hoje no campus da Universidade de São José (USJ), sendo a primeira mostra dos trabalhos dos alunos da licenciatura em Estudos de Tradução de Português-Chinês da mesma instituição de ensino. A mostra que pode ser visitada até 20 de Outubro na galeria Kent Wong é organizada pelo departamento de línguas e cultura da Faculdade de Artes e Humanidades da USJ. São apresentados 30 projectos desenvolvidos no âmbito das disciplinas da licenciatura, resultando “numa exibição multifacetada” que estabelece um “diálogo intercultural e linguístico entre o português e o chinês”. Segundo um comunicado da USJ, “esta exposição é o resultado do esforço, dedicação e talento dos alunos, reflectindo a diversidade destas duas línguas tão distintas”, nomeadamente o chinês e o português. Através da arte explora-se “a tradução e interpretação de textos, abrangendo diversos géneros, temas e campos do saber”. “A diversidade dos trabalhos expostos reflecte não apenas a riqueza linguística, mas também as diferenças culturais, sociais e históricas entre os mundos sino-lusófonos”, acrescenta-se. Significados e perspectivas A exposição “DIVERSAS” permite aos visitantes “explorar e descobrir a pluralidade de significados e perspectivas que surgem ao longo do processo de ensino e aprendizagem das línguas”, sendo que “cada peça da exposição é o testemunho do desafio que é traduzir não somente palavras, mas também contextos, ideias e sentimentos entre culturas e tradições tão ricas”. Segundo a USJ, este evento possibilita “não só uma oportunidade para conhecer o trabalho e a criatividade dos nossos estudantes, mas também para reflectir sobre a importância do diálogo intercultural na construção de um mundo mais inclusivo e harmonioso”. A mostra é também “um convite à reflexão sobre o papel da tradução na aproximação de mundos, na compreensão de outras culturas e na construção de pontes entre pessoas e nações”.
Hoje Macau SociedadeUSJ | Assinado protocolo de investigação com a Universidade Federal do Ceará Universidade de São José assinou uma parceria com a congénere do Brasil que vai implicar a pesquisa em áreas como o desenvolvimento económico, administração, língua e cultural chinesas, inteligência artificial e medicina A Universidade de São José e a Universidade Federal do Ceará (UFC), no nordeste do Brasil, anunciaram a assinatura de um protocolo, que prevê o lançamento de projectos de investigação conjuntos. Segundo um comunicado divulgado na quinta-feira, o memorando de entendimento prevê a realização de trabalhos em conjunto em áreas como desenvolvimento económico, administração, língua e cultural chinesas, ciências ambientais, ciência de dados, inteligência artificial e medicina. O acordo assinado na quarta-feira entre a UFC e a USJ prevê ainda o intercâmbio de funcionários técnico-administrativos, a realização de visitas de delegações e a organização conjunta de eventos. O memorando irá também “consolidar alianças estratégicas entre as duas universidades”, incluindo “actividades que já são desenvolvidas”, como supervisão de dissertações e teses e intercâmbio de publicações, periódicos e resultados de ensino e pesquisa. A USJ já tinha lançado um projecto de investigação com a UFC e o Instituto da Primeira Infância, com sede em Fortaleza, com famílias carentes, “submetidas a stress crónico”, disse à Lusa em Junho o director do novo laboratório de neurociências aplicadas, Alexandre Lobo. Reorganização interna Também na quinta-feira, entrou em vigor uma reorganização das unidades académicas da USJ, que incluiu a criação da Faculdade de Ciências da Saúde. A USJ lançou ainda um projecto conjunto, com a UFC e a Universidade Católica do Porto, em Portugal, para usar inteligência artificial para interpretar e classificar de forma automática as reacções das pessoas, revelou o académico brasileiro. Em Abril deste ano, Macau tinha levantado as restrições fronteiriças a estudantes universitários e profissionais do ensino estrangeiro, como professores portugueses. No entanto, quem chega à região chinesa do estrangeiro continua a ser obrigado a cumprir uma quarentena de sete dias num hotel designado para o efeito.
Hoje Macau EventosUSJ | Conferência sobre media digitais acontece em Novembro A Faculdade de Artes e Humanidades da Universidade de São José acolhe, nos dias 24 e 25 de Novembro, a ARTeFACTo 2022 Macao, uma conferência focada para a área dos media digitais e criatividade ligada ao mundo informático. A instituição privada de ensino superior já está a aceitar propostas de académicos, investigadores e criativos das áreas da cultura, arte ou educação Chama-se ARTeFACTo 2022 Macao e é a próxima conferência organizada pela Faculdade de Artes e Humanidades da Universidade de São José (USJ). Agendada para os dias 24 e 25 de Novembro, a conferência pretende dar visibilidade a uma série de investigações e projectos na área dos media digitais e na criação de artefactos tecnológicos. Segundo uma nota de imprensa, projectos nas áreas da cultura, arte ou educação, entre outras, bem como iniciativas artísticas, podem ser submetidas para apreciação, a fim de virem a integrar o programa da conferência. O principal objectivo desta palestra é revelar outras realidades emergentes no mundo digital, bem como “promover o interesse na actual cultura dos media digitais e na sua intersecção com a arte, comunicação e tecnologia como áreas de investigação”. Pretende-se mostrar trabalhos que se foquem na conceptualização, design, processos de prática e investigação ou virados para a criatividade e para o mundo artístico. A ideia é depois mostrar a ligação que existe entre essas vertentes com uma sociedade de informação e de comunicação. Espaço comum Realizada com um modelo híbrido (presencial e online), a ARTeFACTo 2022 Macao pretende dar visibilidade aos que criam artefactos digitais e aos académicos desta área, a fim de estabelecer “um espaço comum para a discussão e troca de novas experiências”, ao mesmo tempo que se promove “uma melhor compreensão sobre as artes digitais e a cultura num espectro abrangente em termos de práticas culturais, profissionais e disciplinares”. A ARTeFACTo vai contar com um painel artístico e científico, de nível internacional, com oradores e especialistas das mais variadas disciplinas. A ideia é que, com a ARTeFACTo, se possa dar a conhecer trabalhos de investigação, instalações, vídeos ou posters de trabalhos e investigações em curso.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeUSJ | Eric Sautedé perde último recurso, mas juiz apresenta posição discordante Está terminado o caso que opunha o académico Eric Sautedé e a Universidade de São José. O Tribunal de Última Instância deu razão à instituição de ensino, mas o juiz José Dias Azedo entendeu que a causa para o despedimento do docente, em 2014, é “legalmente inadequada”, “abusiva” e “ilícita” Eric Sautedé, professor de ciência política despedido pela Universidade de São José (USJ), em 2014, no âmbito de um processo relacionado com a liberdade académica, perdeu o último recurso apresentado junto do Tribunal de Última Instância (TUI). Esta é uma decisão que dá por encerrado um caso que há muito se arrastava nos tribunais. Recorde-se que, em Janeiro do ano passado, o Tribunal Judicial de Base (TJB) entendeu que o despedimento sem justa causa do académico foi “legítimo” e que em nenhum momento esteve em causa uma violação da liberdade académica. Aquando do despedimento, a USJ pagou uma indemnização a Eric Sautedé, mas este exigia mais de 1,3 milhões de patacas de indemnização para compensar danos patrimoniais e morais. Apesar de o TUI ter dado razão à USJ, um dos juízes relatores da decisão, José Dias Azedo, assinou uma declaração de voto onde considera “legalmente inadequada ‘a causa’ subjacente” apresentada pela USJ para o despedimento do docente, considerando-a “abusiva e, por isso, ilícita”. “Afigura-se-nos que outra podia ser a solução para esta parte da pretensão do recorrente”, escreve Dias Azedo no documento, a que o HM teve acesso. Convidado a comentar esta questão, o advogado da USJ, Filipe Regêncio Figueiredo, considerou que a decisão do TUI “é justa” e que “o caso finalmente acabou”. Quanto à posição de José Dias Azedo, o causídico entende tratar-se apenas “de uma opinião de um dos senhores juízes”, não tendo feito mais comentários. Eric Sautedé, apesar de não ter vencido a causa, mostra-se satisfeito com a apresentação de uma opinião diferente por parte de um membro do colectivo de juízes. “Devido às circunstâncias em Macau, e ao estado lamentável da lei laboral, nunca esperei ganhar. Mas claro que estou satisfeito que um dos juízes tenha expressado uma opinião discordante”, disse ao HM. Direitos na Lei Básica Na declaração de voto, José Dias Azedo entende que a causa para o despedimento de Eric Sautedé foi “profundamente arbitrária e, assim, legalmente inadequada” citando o Código Civil de Macau “em relação ao instituto do ‘abuso do direito’”. É também citada a lei laboral, nomeadamente no que diz respeito às regras da boa fé para a negociação dos contratos de trabalho, “no cumprimento das obrigações e exercício de direitos” por parte de empregador e trabalhador e na necessidade de “reserva da intimidade da vida privada”. José Dias Azedo descreve na sua declaração que, na USJ, Eric Sautedé chegou mesmo a evoluir na carreira de docente, “tendo nomeadamente, progredido de ‘professor assistente’ para ‘professor coordenador’. Neste sentido, é considerada que “‘justa’ não se mostra ser a resolução do seu contrato de trabalho por ‘motivos’ que se vieram a apurar constitui uma súbita discordância e mera intolerância em relação ao simples exercício de direitos fundamentais, expressamente consagrados até mesmo na Lei Básica da RAEM, e que a todo e qualquer um assistem, na sua vida particular, sem que, pelo menos, estivesse comprovada qualquer colisão, desrespeito ou desvio ao objectivamente previsto nos estatutos que regulam a actividade institucional da recorrida (USJ)”. A mesma declaração, aponta que “é pública e notória a existência de personalidades locais profissionalmente ligadas a universidades e academias com diversas funções públicas e políticas”, o que constitui, aos olhos de Dias Azedo, uma das causas para a “ilegalidade” da causa para o despedimento.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeEstudo | Confucionismo não influencia docentes de português Professores de português como língua estrangeira não são influenciados no seu trabalho pelas ideias vindas do Confucionismo, além de que o próprio perfil do aluno chinês está a mudar, optando este por métodos de ensino mais virados para a comunicação. Estas são as conclusões de um estudo feito por João Paulo Pereira, da Universidade de São José As ideias oriundas de Confúcio, relativas ao respeito por uma figura de autoridade, não influenciaram os professores de português como língua estrangeira em Macau. Esta é uma das conclusões do estudo “Visões de Confúcio na aula de Português Língua Estrangeira em Macau: entre tradição e modernidade”, apresentado hoje por João Paulo Pereira, docente da Universidade de São José (USJ). “Os professores não são condicionados por estas representações, o que mostra que têm formação específica no ensino do português e seguem os métodos e abordagens mais actuais”, contou ao HM. As ideias pré-concebidas de que o aluno chinês é trabalhador, educado e obediente perante a figura de autoridade representada pelo docente “existem na mente de um ou outro professor”, mas não “ao ponto de influenciar as práticas pedagógicas”. João Paulo Pereira adianta ainda que, na cabeça da maioria dos professores entrevistados para este trabalho, existe a ideia de que os alunos preferem memorizar a matéria dada, mas nem sempre essa é a realidade. “Há uma adaptação do aluno chinês aos novos métodos e abordagens do ensino de língua estrangeira. Foi interessante verificar que os alunos não preferem actividades mecânicas ou controladas, mas sim as que favorecem o exercício da comunicação. Isto vai ao arrepio da ideia de que o aluno chinês não tem qualquer predisposição para intervir ou para se expor.” Gramática é importante O estudo foi feito com apenas 40 alunos e três professores da Escola Portuguesa de Macau, Instituto Português do Oriente e departamento de português da Universidade de Macau, tendo sido publicado em Dezembro do ano passado. Outra das conclusões apontadas por João Paulo Pereira, é que os alunos chineses que aprendem português “consideram importante estudar explicitamente a gramática, quando hoje em dia as abordagens comunicativas dizem que se deve estudar a gramática em contexto e não de forma explícita”. Desta forma, “este elemento deve ser tido em conta pelo professor de língua estrangeira”, apontou. O também investigador do Centro de Humanidades da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa quis perceber a intrusão das ideias confucianas no ensino da língua em Macau após algumas leituras. “Segundo alguns autores, muitas destas representações que temos do aluno chinês têm a ver com o pensamento confuciano, em que está muito presente a figura da autoridade, que deve ser um modelo de virtude, íntegro, acima de qualquer suspeita. Isso é fundamental para que os súbditos o sigam naturalmente e daí a importância que o professor foi adquirindo na cultura chinesa. É alguém muito respeitado e visto como um modelo.” Em relação ao estudante chinês, “formou-se a ideia de que é alguém que segue cegamente o professor, não questionando e não criticando”. “Isto radica também num modelo tradicional de ensino, onde a memorização tem muita importância, com alguma rigidez, em que o professor é o centro e o aluno é alguém passivo que está a receber os ensinamentos”, frisou o autor do estudo. A conferência de apresentação deste trabalho acontece hoje às 19h no auditório Dom Bosco no campus da USJ, na Ilha Verde.
Hoje Macau SociedadeUSJ | Acordos assinados com universidades chinesas A Universidade de São José (USJ) em Macau anunciou a assinatura de acordos de intercâmbio de estudantes e professores com duas instituições de ensino superior de Guangzhou e Zhuhai. Segundo um comunicado, a USJ assinou memorandos de entendimento com a Universidade de Tecnologia Cidade de Guangzhou (GCUT, na sigla em inglês) e com o Instituto Técnico de Zhuhai (ZTC). O acordo com a GCUT, válido por cinco anos, dá aos alunos e docentes da USJ acesso a mestrados, doutoramentos e programas de intercâmbio e estágio em Guangzhou, além de prever a possibilidade de formação conjunta de docentes. Já o protocolo com o ZTC, prevê também a criação de programas conjuntos de formação para residentes de Macau e de programas de formação em Macau para pessoal do ZTC. Após a assinatura do memorando, a USJ convidou a direcção do ZTC a visitar o ‘campus’ da universidade em Macau, em Fevereiro, para discutir outras iniciativas futuras. Os acordos foram assinados pelo português Álvaro Barbosa, vice-reitor da USJ para a internacionalização e desenvolvimento estratégico. Em Setembro, a USJ revelou ter recebido autorização do Ministério da Educação chinês para receber estudantes da China, numa fase experimental, para os programas de pós-graduação em Arquitectura, Administração Empresarial, Sistemas de Informação e Ciências. Até então, a USJ era a única universidade de Macau sem autorização para receber estudantes da China continental, devido à ligação com a Igreja Católica.
Hoje Macau Manchete SociedadeUniversidade de São José em Macau vai passar a receber estudantes da China A Universidade de São José anunciou que vai receber, neste ano letivo e seguintes, estudantes da China, numa fase experimental, para os programas de pós-graduação em Arquitectura, Administração Empresarial, Sistemas de Informação e Ciências. O reitor da Universidade de São José (USJ) considerou, na segunda-feira, esta autorização, recebida do Ministério da Educação chinês, uma “verdadeira oportunidade” para aprofundar colaborações, que “até agora não tinham sido possíveis”, ao lembrar as relações de cooperação desenvolvidas com várias instituições de ensino superior e de investigação da China. Até aqui, a USJ era a única universidade de Macau sem autorização para receber estudantes da China continental, devido à ligação com a Igreja Católica. Stephen Morgan afirmou, em comunicado enviado à Lusa, que vai ser monitorizado “de perto o cumprimento dos respetivos regulamentos pormenorizados relativos a esta licença”, uma “responsabilidade que foi atribuída através desta autorização à USJ pelo Governo Central da República Popular da China”. “Não pouparemos esforços para retribuir a confiança depositada pelo Ministério da Educação da República Popular da China, uma vez que procuramos demonstrar que somos uma universidade em, de e para Macau, em, de e para a China”, sublinhou o reitor, que agradeceu o apoio do Governo de Macau, do Gabinete de Ligação do Governo Central e do Comissariado do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês no território. A USJ foi criada em 1996 como uma instituição de ensino superior católica em Macau, pela Universidade Católica de Portugal e pela diocese de Macau e partilha o espaço de 38.145 metros quadrados com o Colégio Diocesano de São José 6 (CDSJ6), num ‘campus’ que acolhe cerca de dois mil estudantes.
Hoje Macau PolíticaEnsino | Elsie Ao diz que USJ “contribui para a internacionalização” A secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Elsie Ao Ieong U, disse que a Universidade de São José (USJ) “contribui para a promoção da internacionalização do ensino superior de Macau” devido “à diversidade cultural vivida no campus”, o que permite “um intercâmbio humanista mais aprofundado”. A secretária discursou no sábado durante a cerimónia de graduação do ano lectivo 2020/2021 da universidade privada. Elsie Ao Ieong U referiu também que a USJ “destaca-se pelas suas características muito próprias”, com “um alto nível de internacionalização”. A secretária declarou que é objectivo do Governo criar mais “competitividade regional” e “disciplinas de marca com características”, sem esquecer o estabelecimento “das bases de formação de quadros qualificados bilingues em chinês e português e de formação da educação turística da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau nos próximos dez anos”. Desta forma fica a promessa de que o Executivo “irá investir mais recursos, alargar a escala de estudantes e promover o desenvolvimento da integração da indústria, da academia e da investigação”.
Salomé Fernandes Manchete PolíticaEmprego | USJ contraria Coutinho sobre despedimento de docentes A Universidade de São José reagiu a um comunicado de Pereira Coutinho, acusando-o de “deturpar” informações, frisando que a proporção de funcionários residentes aumentou desde o ano passado. Em causa estão alegações do deputado de que docentes da instituição foram despedidos sem justa causa, com vagas a serem preenchidas por não residentes A Universidade de São José (USJ) reagiu, em comunicado, às declarações de Pereira Coutinho, negando as alegações feitas pelo deputado de que a instituição teria substituído professores locais por não residentes. Na sexta-feira, Pereira Coutinho indicou estar a acompanhar a situação de um grupo de professores da Universidade de São José que teriam sido despedidos sem justa causa. “De acordo com informações fornecidas pelos responsáveis da universidade, o despedimento sem justa causa foi derivado de uma reestruturação interna da Universidade, presumindo que as vagas sejam ocupadas por trabalhadores não residentes”, disse Pereira Coutinho. O deputado acrescentou que “a explicação é totalmente inaceitável”, alegando que depois do despedimento a USJ contratou de imediato novos professores, incluindo não residentes. Stephen Morgan, reitor da USJ, assina um comunicado em que explica que as declarações do deputado sobre a rescisão dos contratos de três funcionários residentes “deturpam completamente o que lhe foi dito” pela instituição de ensino superior. “Longe de substituir funcionários locais com não-locais, na reorganização do ensino de inglês na USJ, a Universidade tem aumentado a proporção de funcionários residentes e reduzido o número de portadores de ‘blue card’ no nosso English Language Centre”, refere. A USJ indica que esta informação foi transmitida ao deputado na quinta-feira passada, um dia antes de ter divulgado a nota de imprensa. “É de lamentar que hoje (sexta-feira) tenha escolhido conscientemente dizer exactamente o contrário”, refere. A USJ garante estar comprometida com o emprego de funcionários residentes “sempre que possível”, ressalvando que emprega portadores de ‘blue card’ quando não há recursos humanos disponíveis em Macau com as competências específicas, ou em caso de necessidade de preservar o seu “carácter como uma universidade internacional”. “Qualquer sugestão em sentido contrário é simplesmente falsa”, indica Stephen Morgan. Mais residentes Na nota em que alega a substituição de professores locais por não residentes, Coutinho destaca que essa prática “viola claramente” o princípio de os não residentes complementarem os recursos humanos locais. E refere que os professores em causa foram acompanhados na quinta-feira à Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais, para apresentarem queixa. Por sua vez, a USJ destaca que desde Maio do ano passado, quando Stephen Morgan assumiu o cargo de reitor, a proporção de académicos residentes aumentou de 70 para 76 por cento, sendo que que 97 por cento da equipa administrativa são residentes. No total, é ainda avançado pela instituição que a proporção de funcionários locais aumentou de 84 para 88 por cento.
Andreia Sofia Silva EventosMuseu do Grande Prémio | USJ faz impressão 3D de carros de competição A Universidade de São José está a desenvolver um projecto de impressão em três dimensões de carros de competição para o Museu do Grande Prémio. Ao HM, Gerald Estadieu, coordenador de investigação do departamento de design da instituição de ensino, diz que a colaboração é inovadora pela forma criativa como é usada a tecnologia Aberto recentemente, o Museu do Grande Prémio conta com um projecto inovador desenvolvido pela Universidade de São José (USJ), que mistura design com técnicas de impressão em três dimensões. O motor é a criatividade. Ao HM, o docente e coordenador de investigação do departamento de design da USJ, Gerald Estadieu, explicou detalhes de um projecto que ainda não está concluído e que arrancou “há uns meses”. “Estamos a imprimir, com recurso à impressão 3D, modelos de escala reduzida, de um metro, de alguns carros, para que o público possa vê-los de outra perspectiva. Produzimos também um vídeo a mostrar como foram produzidos estes modelos e que está a ser exibido no museu. Pediram-nos para digitalizar três carros de diferentes períodos, de 1967, 1990 e 2012.” Estes modelos não foram a primeira escolha da USJ. “Cada carro é composto por cerca de 50 peças diferentes. A partir daí foi um trabalho artístico mais comum, com recurso a pintura e acabamentos para ocultar imperfeições e através da criação do ambiente à volta dos carros. Desenhamos também uma mesa e o texto que está no fundo, por exemplo”, acrescentou. Esta não é a primeira vez que a USJ colabora num projecto desta natureza, uma vez que há dois anos foi desenvolvida uma parceria com o Museu de Arte de Macau e Museu Britânico. “Era uma exposição do Museu Britânico sobre pinturas renascentistas italianas e convidaram-nos para fazer uma área experimental onde, com base nas obras, criámos um objecto físico capaz de oferecer uma nova dimensão à pintura. Estamos a falar de obras de arte muito valiosas e frágeis em que não se pode tocar. Mas, neste caso, foi possível tocar no objecto que criámos, criando uma perspectiva única, particularmente para as pessoas portadoras de deficiências visuais.” Apesar de a tecnologia não ser uma novidade em Macau, esta é das poucas vezes que a impressão em 3D é usada para fins criativos. “Algumas universidades têm impressoras 3D, mas são normalmente usadas para fins de engenharia. Não são como nós, que tentamos abrir o laboratório a todos os que estejam interessados.” “Gostaria de dizer que este projecto não é inovador”, adiantou o docente. “Normalmente as impressoras 3D são utilizadas para gerar peças em projectos de engenharia e aqui procuramos utilizar mais em áreas como o design, arquitectura, fashion design e outros projectos. Queremos mesmo utilizar esta tecnologia como ferramenta útil na criação de projectos artísticos inovadores. E nesse sentido sim, somos os únicos em Macau e os primeiros a ter esse tipo de experiência em Macau. Esperamos mais.” O Minchee Lab Gerald Estadieu tem colaborado com a associação BABEL no programa “Arte na Escola”, através do workshop “Já imaginaste imprimir o teu próprio rosto?”, que tem a última sessão hoje, 1 de Abril. Mas outro dos projectos no qual tem estado envolvido é no Minchee Lab, “uma espécie de laboratório virtual que pretende ser base para a realização de workshops à distância”. Esta é a primeira iniciativa do género em Macau e não está mais desenvolvida devido à falta de fundos. “A ideia era criar um fab lab fora da universidade, aberto ao público. Mas, infelizmente, nunca conseguimos, até agora, fundos adequados e recursos humanos para o gerir de forma permanente. Por isso, nunca tivemos oportunidade de montar este projecto fora da USJ.” Ainda assim, o Minchee Lab tem estado activo. “Fazemos workshops, como por exemplo o que aconteceu no Museu de Ciência e no Museu de Arte de Macau. Temos conseguido concretizar aquilo que pretendemos em diversos espaços sempre que precisamos. Desta vez, fizemos na Escola Portuguesa de Macau [com o programa Arte na Escola].”
Hoje Macau EventosPalestra | USJ e Instituto Mateus Ricci discutem Confúcio quarta-feira A palestra “Do Confúcio a Zhu Xi: A adopção do neo-confucionismo pelo jesuíta François Noel na philosophia sinica (1711)”, promovida pela Universidade de São José (USJ) e Instituto Mateus Ricci, vai ter lugar esta quarta-feira e conta com Thierry Meynard como orador. A conferência irá falar da obra “Philosophia Sínica”, do jesuíta francês François Noel, onde este aceita o conceito Taiji “como legítimo conceito de Deus no sentido filosófico”. Isto porque “desde Matteo Ricci que os jesuítas na China sempre reconheceram o autêntico discurso de Deus nos escritos de Confúcio e da sua escola”, mas sempre rejeitaram a Escola do Princípio de Zhu Xi e dos seus conceitos Taiji, Li, Qi e guishen. Mas não foram apenas os missionários jesuítas que afastaram estes princípios dos seus estudos e escritos, mas também os cristãos chineses. “Porque é que Noel era capaz de analisar o novo neo-confucionismo? Como é que ele fez isso? Quais as consequências para a teologia cristã? Estas questões são um convite para prosseguir com o diálogo entre o Confucionismo e o Cristianismo no século XXI”, adianta um comunicado. Thierry Meynard nasceu em França em 1963 e actualmente é professor e director do programa de doutoramentos no departamento de filosofia da Universidade Sun Yat-sen, em Guangzhou, China, onde lecciona filosofia ocidental e os clássicos latinos. A palestra decorre entre as 18h30 e as 20h no espaço Centro de Cultura e Artes Performativas Cardeal Newman de Macau (CCCN), na Calçada da Vitória 55.
Salomé Fernandes EntrevistaStephen Morgan, futuro reitor da Universidade de São José: “Somos uma instituição de confiança” Nomeado para reitor da Universidade de São José (USJ), o diácono galês Stephen Morgan antevê desafios no rescaldo do novo coronavírus. Quer ouvir antes de traçar objectivos específicos, mas salienta o papel da USJ como ponte entre os mundos chinês e lusófono, e defende que a liberdade de expressão acarreta responsabilidades [dropcap]C[/dropcap]omo se sente depois de ter sido nomeado como reitor? Há dois sentimentos avassaladores. Um é um grande sentido de honra, e o outro uma sensação de gratidão à Fundação Católica por me nomear e gratidão ao meu predecessor, o padre Peter Stilwell, que tem sido notavelmente eficiente e um firme reitor da universidade. Estou um pouco intimidado pelo desafio, mas isso é em parte aliviado pelo facto de a equipa na universidade ser de primeira classe. São pessoas boas e com um sentido de propósito. Como é que a fé despertou em si? Não tenho consciência de nunca ter tido um sentido de confiança em Deus. Pensamos frequentemente em fé enquanto ascensão intelectual a uma série de proposições, e é isso, mas é mais, é um sentimento de confiança. Tenho muita sorte de vir de uma família amorosa e estável. Era um ambiente acolhedor, onde a fé era tida por garantida. Não era algo que uma pessoa se sentisse forçada a fazer – tenho dois irmãos que, tanto quanto sei, não têm qualquer crença religiosa explícita, mas eu cresci com isso. Sou o filho mais velho, e os filhos mais velhos tendem a ser bastante respeitadores e obedientes. Era muito chegado à minha avó, uma mulher católica muito devota. Não fui criado católico, mas protestante, e era muito próximo da minha avó. Quando ficava com ela íamos juntos à missa. Tornou-se uma coisa natural. Mas não houve um momento em que subitamente algo me transformou em crente. Sobre o seu novo papel, o que imagina para a instituição? A universidade tem um número de aspectos que quando colocados em conjunto são uma proposta interessante. Somos a única universidade Católica da China, e isso significa que temos uma responsabilidade para com Macau e a China no sentido de sermos um local de testemunho de uma série de valores que são adquiridos na nossa fé. Mas que podemos reconhecer vastamente como valores humanos sobre a importância da dignidade da pessoa humana e das responsabilidades desta em relação à família e à sociedade. Somos também uma comunidade muito internacional, com mais de 40 nacionalidades no corpo estudantil da universidade, esse lugar de diálogo intercultural é muito importante, abre a visão de uma pessoa. Em terceiro, somos uma comunidade que tenta aprender e ensinar e trabalhar numa língua que não é primeira língua de ninguém na universidade. Temos muito poucos falantes de inglês como primeira língua. Penso que é uma combinação atractiva. Tem objectivos específicos que queira atingir? Acho que é demasiado cedo para dizer. Quero que a Universidade viva, prospere, cresça, seja consciente de, e apreciada pelo seu serviço à comunidade de Macau. À comunidade Católica de Macau em primeira instância, mas também de forma mais vasta. Penso que está na natureza do que uma universidade Católica deve ser: nascida do coração da Igreja, mas ao serviço da sociedade. Acho que antes de começar a traçar objectivos concretos tenho de ouvir muito. Ouvir a universidade, a Igreja, o Governo e a comunidade de Macau. Foi-me dito uma vez que temos uma boca e dois ouvidos, e que o melhor é usá-los nessa proporção. Quais os principais desafios que espera encontrar? Teria tido uma lista diferente se me tivesse feito esta pergunta há seis meses, apesar de nessa altura não ter expectativa de ser reitor da universidade. Acho que no rescaldo do coronavírus o primeiro desafio que a universidade e toda a Macau terá de enfrentar é como voltar à vida normal. E será a vida normal depois do coronavírus igual ao que era antes? Inevitavelmente, não. Uma das coisas que me impressiona mais no novo Governo de Macau é como cuidadosamente, decididamente e sabiamente actuou. Não pode ter sido fácil lidar com isso. (…) Acho que vai afectar, por exemplo, o recrutamento internacional. A probabilidade de os estudantes virem este ano vai descer, isso pode fazer parte do desafio. Sinto que o Governo de Macau vai responder ao período pós-vírus com o mesmo grau de certeza com que actuou durante esta fase. São muito sérios em relação à diversificação da economia e a educação superior tem um papel a desempenhar nisso. Penso que será um desafio para mim. Ponho isso quase acima de tudo o resto. Antes de isso estar na agenda havia todo o tipo de coisas, a maioria delas técnicas em relação ao funcionamento interno da Universidade, porque as decisões grandes e estratégicas, como a mudança para o Campus da Ilha Verde, por exemplo, foram parte do que o actual reitor atingiu (…). O seu predecessor a dada altura fechou cerca de 30 cursos. De momento, como estão as finanças da Universidade? Estáveis. Acho que [foi] uma das maiores conquistas na sua vida na universidade. Não somos uma universidade com enormes reservas, por isso as decisões sempre tiveram de ser feitas com um olhar cuidadoso em relação ao impacto financeiro. Em alguns aspectos tive sorte, com o meu tempo em Hong Kong e depois os 14 anos na diocese. O trabalho que fiz aí foi de director operacional e por isso tinha uma diocese com 73 escolas com 4500 professores, 27 mil crianças e 160 igrejas. Por isso, gestão financeira é algo que passei muito tempo da minha vida a fazer, estou confortável nesse mundo. O facto de o Padre Peter ter conseguido estabilizar e melhorar as finanças da universidade de tal forma que nos últimos quatro anos teve excedente é extraordinário, tendo em conta que é um académico teólogo sem experiência nesse mundo. Mas as finanças estão estáveis. A primeira tarefa nesse processo é demonstrar às pessoas o valor daquilo que temos a oferecer. E se fizermos isso de forma eficiente, acho que a situação financeira ao longo dos próximos anos vai gradualmente melhorar. Nunca vamos estar na situação das universidades de financiamento público, isso está na natureza de ser uma universidade privada. Um estudo da rede “Scholars at Risk” do ano passado concluiu que há uma erosão na autonomia das universidades em Macau. Como é que esta pressão na liberdade académica é sentida na USJ? Não tenho qualquer sensação de pressão na liberdade académica. Não estou ciente de que qualquer dos meus colegas sinta que esteja sob maior pressão do que poderia estar se ensinasse em Portugal ou no Reino Unido. Eu, certamente, não sinto. Fiz algumas conferências aqui, uma delas co-organizada com a Renmin University of China, e não senti qualquer sugestão de que tinha de ter cuidado com o que dissesse. Há algo de que talvez tenhamos perdido a visão, sob a influência do entendimento americano da liberdade de expressão, mas o direito a exprimir opiniões vem com uma responsabilidade. A responsabilidade dessas opiniões. A sensação que tenho, do que vi da nossa interação com o Governo de Macau, não é de estar sob pressão governamental para ser cuidadosos com o que dizemos e fazemos, de todo. É algo à volta de responsabilidade e carinho da parte deles. Claramente, quando estão a gastar o seu próprio dinheiro têm o direito de decidir para onde esse dinheiro vai. Uma vantagem de ser uma universidade privada é que não estamos tão dependentes disso. Vi o relatório do Scholars at Risk, e outro da Human Rights Watch. É muito interessante, mas não é o que se sente em Macau. Qual a sua posição em relação a professores da universidade expressarem a sua opinião política pessoal em público ou nos meios de comunicação? Depende da forma como a pessoa o faz. Estou ciente que há alguns anos, um professor expressou opiniões de uma forma que a universidade teve de lhe dizer adeus. Esta é a interacção entre direitos e responsabilidades. Tivemos um grande caso de tribunal no Reino Unido há alguns anos, sobre a responsabilidade da Igreja e as acções dos padres. Um dos juízes colocou a situação da seguinte forma: se a Igreja puser alguém num púlpito, tem responsabilidade pelo que a pessoa diz, e essa pessoa tem responsabilidade para com a instituição, para garantir que não abusam da sua posição. As pessoas não costumam pedir a opinião do Stephen Morgan porque é o Stephen Morgan, pedem-me a minha opinião porque sou o director de uma faculdade. Quando expresso as minhas opiniões tenho de ter um sentido de responsabilidade por essa razão. Penso que é algo difícil de assimilar para europeus e norte-americanos, porque estamos muito habituados a um sentido de liberdade de expressão que é quase ao nível da permissão completa, sem consideração por consequências do que se diz. Para além disso, temos de reconhecer que enquanto estrangeiros temos o dever de compreender e respeitar a comunidade onde vivemos. Trazer as nossas próprias noções de como a sociedade deve funcionar e ser governada, e assumir que são normativas para toda a gente parece-me neocolonialismo. Quais as expectativas de a USJ receber estudantes da China Continental? Não sabemos porque é que não podemos receber estudantes da China Continental. Mas uma das coisas que aprendi quando estive nesta parte do mundo, há 25 ou mais anos, é que o importante é construir relações de confiança. Não se pode forçar a velocidade a que se constrói uma relação de confiança. Só se pode ganhar a confiança de alguém depois de um período de tempo em que há exposição mútua. Estive em Pequim em Janeiro com o reitor e um dos nossos vice-reitores e fomos recebidos aberta e graciosamente pelo United Front Work Department e pelos presidente e vice-presidente da Conferência Episcopal Católica. Vamos demonstrar que somos uma instituição em que se pode confiar, e com tempo isso pode abrir a nossa universidade a receber estudantes da China Continental. Mas a estratégia da universidade não depende disso.
Andreia Sofia Silva SociedadeUSJ | Eric Sautedé perde acção em tribunal [dropcap]O[/dropcap]Tribunal de Segunda Instância (TSI) decidiu ontem a favor da Universidade de São José (USJ) no caso interposto pelo antigo docente da instituição, Eric Sautedé. O caso diz respeito ao pedido de indemnização por parte do professor no valor de 1,3 milhões de patacas após o despedimento ocorrido em 2014. O HM tentou obter um comentário por parte de Sautedé, no sentido de perceber se este vai recorrer da decisão do TSI, mas este não quis comentar por não estar ainda inteirado dos detalhes desta fase mais recente do processo.
João Luz SociedadeSaúde | ARTM assina protocolo com Departamento de Psicologia da USJ [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Associação de Reabilitação de Toxicodependentes de Macau (ARTM) e a Faculdade de Ciências Sociais da Universidade de São José (USJ) assinaram um protocolo de cooperação com vista ao aperfeiçoamento do apoio psicológico facultado a quem sofre de dependências. Na sequência do acordo, dois docentes do departamento de psicologia da USJ vão acompanhar os cuidados prestados pelos técnicos da ARTM, contribuindo para “aprofundar e melhorar as suas técnicas e as suas abordagens para que possam providenciar um melhor apoio psicológico”, refere o presidente da associação, Augusto Nogueira. A supervisão dos trabalhos da ARTM será realizada em grupo, uma vez por mês, até Fevereiro de 2019, com a possibilidade de ser renovada após avaliação. Na opinião de Augusto Nogueira, este protocolo também é positivo para o departamento de psicologia da USJ “porque lhes vai permitir analisar se aquilo que ensinam é compatível com a realidade dentro de um centro de tratamento”. O dirigente associativo alarga as vantagens e entende que é uma situação “win-win” para ambas as partes. “Estamos muito contentes com este acordo pois permite-nos melhorar ainda mais o nosso apoio às pessoas que consomem drogas”, confessa o presidente da ARTM. O protocolo foi assinado por Augusto Nogueira e pelo Reitor da Faculdade de Ciências Sociais da USJ, Dominique Tyl.
Andreia Sofia Silva Entrevista MancheteIsabel Capeloa Gil, reitora da Universidade Católica Portuguesa: “USJ precisa de muito para crescer” A reitora da Universidade Católica Portuguesa está de visita a Macau para estreitar laços com o Governo e com a Universidade de São José. Na calha está a criação de pós-graduações em Direito, bem como um mestrado em Ensino de Português Língua Estrangeira. Isabel Capeloa Gil destaca a boa gestão da instituição levada a cabo por Peter Stilwell, mas assume que o caminho ainda está a ser construído [dropcap]V[/dropcap]eio a Macau para ter encontros com o Governo e também para acompanhar o progresso da Universidade de São José (USJ). Que planos concretos traz na bagagem? Temos uma relação forte com a USJ, que foi criada há 20 anos através de uma participação entre a Universidade Católica Portuguesa (UCP) e a Diocese de Macau. É importante para nós acompanharmos o desenvolvimento dos cursos e também desenvolvermos novas iniciativas. Estamos num momento em que a universidade já tem o seu rumo autónomo, e interessa estudar possibilidades de ligação em áreas específicas entre aquilo que se faz em Macau e as iniciativas que se fazem em Portugal. É isso que estamos a estudar em algumas áreas em particular, como o Direito e a Economia. A USJ pode ter uma licenciatura em Direito? Não está nada explorado, nem discutido. Neste momento estamos sobretudo a trabalhar na área das pós-graduações, em articulação com a escola de Direito da UCP no Porto. Depois há outras áreas, como o ensino do português, e outras que ainda estão a ser estudadas. Há uma cooperação muito forte com a Faculdade de Indústrias Criativas [da USJ]. Em Macau, a qualidade dos cursos de Direito tem sido questionada. Seria importante para a UCP, através da USJ, marcar uma posição nesse sentido? Se houver interesse da parte do território e das autoridades locais, estamos disponíveis. Queremos que essa necessidade surja da parte das autoridades locais. A UCP tem vindo a inovar no ensino do Direito em Portugal. Criámos, há dez anos, a Global School of Law, que internacionalizou o ensino do Direito. A Católica mudou o paradigma em Portugal, mas não só. Tem vindo a ser considerada pelo Finantial Times como uma das dez universidades mais inovadoras no ensino do Direito em todo o mundo. Temos interesse em estudar parcerias na área do Direito Internacional e se houver de facto uma abertura… Para que haja licenciatura em Direito, além das pós-graduações. Para já, o que está estudado com a USJ são apenas pós-graduações. Quando podem arrancar? Creio que para o ano poderão ser oferecidas. Que outras iniciativas, em termos de cooperação, estão a ser pensadas? Estamos a estudar também possibilidades em áreas alvo, como é o caso da área das ciências, no sentido de termos parcerias ao nível da investigação com um dos centros que temos no Porto, na área da biotecnologia. Posso dizer também que uma das iniciativas que estamos a desenvolver em Macau, e que é uma das áreas prioritárias, é o lançamento de um novo curso de mestrado do Ensino de Português Língua Estrangeira, entre a UCP e a USJ. Os alunos de Macau que estão em Portugal a estudar português na UCP vão ter um ano curricular em Portugal e, depois, o acompanhamento do estágio será feito em Macau. É um projecto-piloto, com dupla titulação, e no fundo vai testar possibilidades de termos outras licenciaturas e mestrados com dupla titulação. A UCP vem também à procura de uma maior internacionalização, à procura do que tem sido feito por outras universidades portuguesas? Pretendemos ter contactos com outras universidades locais porque a UCP tem um plano de desenvolvimento estratégico muito ligado à internacionalização. É feito através da captação de alunos e da possibilidade de intercâmbio dos nossos alunos para fora. Já temos várias iniciativas com a USJ e também com a Universidade de Macau. Temos estado cada vez mais a desenvolver parcerias de investigação com Macau, Hong Kong e a China. A UCP vai ter um Instituto Confúcio, porque a China é uma área muito importante para o desenvolvimento da universidade. Já o era no passado, neste momento também é, pois temos muitos parceiros aqui em Macau. Sobre o Instituto Confúcio. É importante para a UCP uma aproximação à China, uma tendência que se tem verificado no ensino superior em Portugal? A UCP tem uma aproximação à China desde a sua fundação. Essa aproximação foi feita, inicialmente, através de Macau, sendo que as primeiras parcerias com universidades chinesas remontam ao final dos anos 90. Entretanto, essas parcerias têm sido alargadas e posso falar de uma cooperação muito forte na área do Direito, com a Universidade Tsinghua e com a Communications University, onde somos parceiros estratégicos. Estamos presentes em feiras na China, temos um contingente bastante razoável de estudantes chineses, e também alunos nossos que vão para a China. Com a criação do Instituto Confúcio vamos alargar ainda mais as possibilidades ao nível das cooperações. A China é um grande potentado, não só na área da economia, mas também tem um enorme potencial na área do ensino superior. O que é que o Instituto Confúcio da UCP pode trazer de novo em termos do ensino do chinês e de investigação nessa área? Estamos ainda a desenvolver o plano de actividades do instituto, que vai estar sediado no Porto. Será importante para a universidade, que já tem um Instituto de Estudos Orientais e um mestrado de Estudos Asiáticos de grande sucesso. Com a presença do Instituto Confúcio vamos ter uma maior capacidade de desenvolver iniciativas ao nível do estudo das relações entre Portugal e a China, mas também um conhecimento muito maior da cultura chinesa e o desenvolvimento político nos últimos anos. O instituto não se vai confinar só à língua. Falando da USJ. A universidade passou por um grande processo de reestruturação em 2009, mudou de reitor, fechou cursos, despediu professores. Era fundamental esse processo? A vinda do professor Peter Stilwell ocorreu muito tempo antes de me tornar reitora. Mas devo dizer que o trabalho do padre Peter Stilwell tem sido importante. As universidades são instituições aprendentes, moldáveis. À medida que o tempo evolui, elas vão-se transformando e adequando às necessidades. Esse trabalho mostra que a universidade está viva. Muitas vezes é necessário fazer um ajustamento para que haja um desenvolvimento. Foi isso que o reitor da USJ fez e agora a universidade passa por uma nova fase de desenvolvimento. Uma fase que inclui a construção de um novo campus, que tem vindo a sofrer alguns atrasos no projecto. Isso tem sido um entrave? O novo campus é certamente muitíssimo importante para a afirmação da universidade. Todos nós precisamos de uma casa para viver. E a USJ vai finalmente ter uma casa sua. Temos acompanhado à distância todas estas vicissitudes, mas estamos com grande interesse em ver o novo campus e vai ser muito importante para o futuro desenvolvimento da universidade. Encaro os atrasos como sendo normais, isso acontece com todos os projectos de construção. A que se refere concretamente quando fala de um novo desenvolvimento da USJ? Creio que as unidades [educativas], depois deste trabalho que o professor Peter Stilwell fez, terão novas iniciativas. A unidade que conheço melhor é a Faculdade de Indústrias Criativas, que está com uma enorme pujança. Há uma vontade de desenvolver iniciativas na área da criatividade, que é muito importante. Foi sinalizada pelas autoridades chinesas como uma das áreas de aposta no último Plano Quinquenal. No mundo inteiro, a área das indústrias criativas é muitíssimo importante para o Produto Interno Bruto (PIB) dos países. Em Portugal acordámos para esta questão há cerca de quatro anos e o discurso político começou a dar enorme importância a esse sector. Há uma mudança de ‘mindset’ e a Ásia é uma zona do globo absolutamente pujante ao nível do financiamento das indústrias criativas. Olhamos para Hong Kong, Singapura e o Japão, e Macau tem tudo a ganhar com a aposta nesta área de desenvolvimento. A USJ, ao contrário de outras universidades locais, não pode receber alunos vindos da China. É outro constrangimento? Acredito que o reitor da universidade tem desenvolvido uma série de iniciativas para tentar desbloquear esta questão. Certamente que receber alunos da China trará maiores possibilidades de desenvolvimento à universidade, como em todas as universidades de Macau. O mercado da China Continental é enorme, o diálogo tem vindo a ser desenvolvido e vai continuar. É uma questão que tem sido acompanhada com grande cuidado, mas estou confiante de que a universidade vai conseguir desbloquear este desafio. Um desafio que tem implicado uma grande ginástica financeira por parte da USJ. Sobretudo ao nível de finanças sustentáveis. O importante é sermos responsáveis pelo financiamento que se recebe, com as propinas dos alunos, e a actual gestão tem sabido fazer isso com grande coerência. É uma situação semelhante à que se vive em Portugal: a UCP não recebe fundos públicos e tem feito uma gestão eficiente enquanto instituição pública não estatal. Exige uma enorme responsabilidade de gestão. Acho que há bastante semelhança no modelo de gestão. Mas se a UCP não recebe fundos públicos, a USJ, sendo uma universidade privada, tem apoios do Governo e da Fundação Macau. Sem essa ajuda financeira teria sido mais difícil erguer este projecto? Se calhar, sim. Esta é uma questão a colocar ao reitor, mas asseguro que sim. [A USJ] é uma instituição pequena que ainda precisa de muito para crescer e para se desenvolver, mas o percurso das universidades é mesmo assim.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeUSJ | Vice-reitora espera alunos da China em 2017/2018 Com novos cursos a caminho na área do português, História e Filosofia, a Universidade de São José espera começar a receber alunos recrutados ao continente no ano lectivo de 2017/2018, graças à abertura do novo campus [dropcap style=’circle’]H[/dropcap]á, afinal, uma luz no horizonte. Maria Antónia Espadinha, vice-reitora da Universidade de São José (USJ), espera que a instituição privada de ensino superior possa começar a recrutar alunos à China no próximo ano lectivo de 2017/2018, graças à abertura do novo campus, na Ilha Verde. “Temos esperança de poder recrutar alunos assim que tivermos a chave na mão do novo campus. Com um certo optimismo mas também um certo realismo, achamos que a partir de Janeiro possamos iniciar o recrutamento na China. Sofremos muito atrasos com o campus, neste momento uma parte, mais do que 95%, está pronta. O sonho de abrir o campus em Setembro está adiado e se tudo estiver bem só no ano de 2017/2018”, disse a vice-reitora ao HM. Maria Antónia Espadinha não recusa a ideia que a negação de recrutamento de alunos do continente tenha a ver com o facto da USJ ser uma instituição católica. “Não creio que haja uma má vontade explícita, mas pôr pedrinhas no caminho é fácil. Se calhar tem a ver com isso, mas o nosso reitor (Peter Stilwell) esteve em Xangai, acompanhado de um membro do Grupo de Ligação, e foram feitos acordos. Há um bom relacionamento da nossa parte em Pequim, sempre com o patrocínio do Grupo de Ligação”, explicou. Filosofia e património Ontem a vice-reitora anunciou novos cursos de licenciatura e mestrado, cujo funcionamento será reforçado com a chegada de mais alunos, disse Maria Antónia Espadinha. Haverá uma licenciatura em estudos portugueses e chineses, línguas e culturas, pensada para alunos que nada sabem de português. Vai avançar ainda um curso intensivo de português diurno e nocturno, incluindo um curso de mestrado em estudos lusófonos e literatura. “O Governo pede a todas as universidades que insistam no português e criem talentos bilingues, isso demora muito tempo, mas uma grande viagem começa por um passo. Este será o primeiro passo e é um curso com características bastante intensivas e em que nós esperamos que os alunos possam progredir rapidamente”, explicou Maria Antónia Espadinha. A USJ vai ainda abrir uma licenciatura em Filosofia. “Não existe uma licenciatura em Filosofia em nenhuma universidade de Macau, e esta tem uma particularidade, que junta o primeiro ano de estudos religiosos e os alunos só fazem a sua escolha no terceiro ano.” O mestrado em História e Património será também uma aposta. “Não é caso único, mas em Macau as humanidades estão muito votadas ao abandono porque parece que não dão dinheiro directamente, mas é a formação humana que queremos dar às pessoas”, concluiu a vice-reitora.