Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeMais de 60 escolas de Macau recomeçam as aulas esta semana O Governo anunciou ontem que um total de 66 escolas primárias e secundárias começam as aulas esta semana, na quinta e sexta-feira. Em comunicado, a Direcção dos Serviços de Educação e Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ) fez um novo apelo para que os alunos transfronteiriços, professores e funcionários que façam o teste de ácido nucleico obrigatório para o regresso às aulas, sendo que este não substitui o teste destinado aos trabalhadores dos grupos alvo, nem serve para passar a fronteira. É referido numa nota que “os estudantes, docentes e funcionários transfronteiriços podem realizar o teste em Zhuhai ou Zhongshan, e não precisam de regressar a Macau para o efeito”. Além disso, os docentes, funcionários dos estabelecimentos de ensino superior e não superior, bem como estudantes das instituições de ensino superior, devem apresentar o comprovativo de vacinação, bem como os resultados negativos do teste todas as semanas, com uma validade de sete dias. A DSEDJ já reuniu com as escolas a fim de “esclarecer a preparação para o novo ano lectivo, no que concerne à atenção à saúde mental e física dos alunos, às medidas de prevenção epidémica, conteúdos relacionados com a ‘primeira aula do novo ano lectivo’, entre outros aspectos”. Matéria atrasada Vong Kuoc Ieng, director da escola Choi Nong Chi Tai, recordou, ao jornal Ou Mun, a situação anormal vivida no último ano lectivo, quando o surto pandémico obrigou as escolas a terminarem as aulas mais cedo, a meio de Junho. No caso desta instituição de ensino, mesmo que a maioria dos alunos tenham passado de ano, alguns ainda não têm o nível de conhecimentos exigido para o novo ano lectivo. A escola Choi Nong Chi Tai abre portas na quinta-feira e as primeiras aulas irão focar-se nos conteúdos programáticos antigos para que os alunos possam acompanhar a matéria que ficou para trás devido à suspensão das aulas. Ainda sobre o regresso às aulas, a DSEDJ reuniu na última terça-feira com a Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT), o Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP) e com as duas operadoras de autocarros públicos para preparar o início das aulas e evitar congestionamentos. O CPSP promete destacar mais agentes “para tratar dos veículos estacionados ilegalmente” junto às escolas, além de “substituir alguns lugares de estacionamento por zonas provisórias de tomada e largada de passageiros, com vista a garantir a segurança rodoviária à volta das escolas e reduzir o tempo para a tomada e largada dos alunos”.
João Romão VozesRegresso às aulas (internacionais) Como gosto de regressar aos lugares onde fui feliz, é sempre um prazer voltar a Hokkaido, a ilha mais a norte do Japão, e à cidade de Sapporo, lugar de longos invernos com neve abundante e silenciosa onde vivi quase 5 anos. Foi também um regresso fugaz à universidade onde mantive actividade regular durante esse relativamente long período e onde fui leccionando cursos de verão, eventos internacionais abertos a estudantes de todo o mundo. Naturalmente, esses cursos haviam de ser interrompidos em 2020, com a pandemia de covid-19. O meu conhecimento e experiência pessoais estarão longe de ser exaustivas, ou sequer minimamente representativas, mas tenho encontrado muita gente japonesa que nunca foi a Hokkaido – ou que, tendo ido em algum momento da sua vida, revela um bastante razoável desconhecimento da realidade local actual. Na realidade, viajar desde o centro do Japão requer uma deslocação em avião – ou uma muita demorada viagem em comboio, que a alta velocidade só chega à periferia da ilha: chegará à cidade de Sapporo em 2025, quando no eixo Tóquio – Osaca já circularem os comboios ainda mais rápidos, de carris magnéticos que dispensam o contacto físico entre as carruagens e o solo. Ir desde o centro do Japão a Hokkaido é, por isso, quase como viajar ao estrangeiro. Foi com alguma surpresa que me fui apercebendo, pelo contrário, nas minhas esporádicas incursões pela China, da grande simpatia de que Hokkaido beneficia entre muitas pessoas que encontrei – e que rapidamente demonstram saber exactamente do que estão a falar. Na realidade, Hokkaido é (ou era, até à pandemia de covid-19) um destino importante para turistas da China: desde as compras na cidade de Sapporo, a quinta maior do Japão, onde se encontram produtos que não se encontram em terras chinesas e que abrem novas oportunidades para contrabandos vários, até às majestosas montanhas de uma região quase com a área de Portugal continental, seis meses por ano cobertas de neve, para gáudio de esquiadores ocasionais ou profissionais mas também para quem quer apreciar as paisagens brancas, tranquilas e silenciosas de um longo inverno. Era também da China, aliás, que vinha a maior parte das pessoas que frequentavam os cursos de verão que fui leccionando na Faculdade de Economia da Universidade de Hokkaido. A proporção podia variar ligeiramente mas andava sempre pelos dois terços de estudantes com origem na China, tendo as restantes participações diversas origens na Ásia, América ou Europa (e muito ocasionalmente em África). São estudantes que também têm motivações relacionadas com a oportunidade da visita a Hokkaido, eventualmente combinada com um algo mais do Japão, e que ainda beneficiam de um ou dois “créditos” para o progresso no percurso universitário, e da frequência de um curso intensivo numa área (supostamente) interessante. 2022 foi o ano em que os cursos de verão retomaram a quase normalidade da presença em salas de aulas, depois de dois anos online, em que aliás boa parte dos cursos (entre os quais o que eu leccionava) foram cancelados. Foi um regresso parcial às aulas, em todo o caso: ainda se viaja pouco pela Ásia, o grupo de estudantes era bastante menor e, sobretudo, os grupos de estudantes da China ainda não retomaram a normalidade das viagens internacionais, nem para recreio, nem para negócios, nem para estudos diversos. Se a ausência de estudantes da China era notória na sala de aula, ainda mais se nota no centro da cidade, quase totalmente utilizado pela população local, com as devidas máscaras ainda a ser utilizadas por toda a gente durante o dia e quase toda a gente à noite, que os ambientes nocturnos, já se sabe, tendem a convidar a mais alguma descontração. Já tinham sido em pandemia os meus últimos meses a viver nesta cidade e reencontrei-a como a tinha deixado: ainda com a quietude da ausência dos turistas, que aqui estão ainda longe de constitui o distúrbio que constituem noutras cidades, praias ou zonas mais apetecíveis para os lazeres algures neste precário planeta. Faltam os turistas e essa falta revela também a ausência da China, numa cidade que se foi habituando à sua presença e onde o comércio e meios electrónicos de pagamento estão devidamente preparados para as particularidades do mercado turístico chinês. O que nunca deixou de faltar, aqui e noutros lugares, são os produtos chineses, do vestuário à electrónica, passando por mobiliário, electrodomésticos, brinquedos, enfim, tudo o que nos faça falta mas que deixamos de produzir porque deixou de ser interessante para aos diligentes empresários contemporâneos, a quem se oferecem mais fáceis oportunidades de enriquecimento rápido algures nas livres economias de mercados globais especulativos que se foram desenvolvendo à margem de grandes regulações e formas de controle. Na realidade, mesmo quando a população está confinada ao território nacional, a China – com os seus produtos, finanças ou infra-estruturas ou mão de obra pouco ou muito qualificada – está sempre presente nas economias de todo o mundo. Talvez por isso se note tão dedicado esforço por atear novos fogos na ilha de Taiwan, agora que as labaredas na Ucrânia já vão altas e quem ateou esse incêndio tem outras achas para lançar pelo mundo.
Hoje Macau SociedadeDSEDJ | Alunos de Tanzhou regressam hoje às aulas Os alunos e docentes que frequentam o ensino de Macau e vivem na Vila de Tanzhou, em Zhongshan, estão autorizados a partir de hoje a regressar às aulas presenciais. A decisão foi anunciada no sábado pela Direcção dos Serviços de Educação e de Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ). “A Direcção dos Serviços de Educação e de Desenvolvimento da Juventude, após ter auscultado os pareceres dos Serviços de Saúde, decidiu que os estudantes e o pessoal docente e não docente das instituições do ensino superior e das escolas do ensino não superior de Macau, residentes nessa vila, vão também retomar as aulas e o ensino presencial no dia 7 de Março”, pode ler-se no comunicado. A decisão surgiu depois de as autoridades terem concluído que a situação em Tanzhou é estável, uma vez que também nesta vila do Interior as aulas vão ser hoje retomadas. Para este desfecho terá ainda pesado o facto de os testes realizados em Macau terem resultados negativos. A DSEDJ voltou também a insistir na vacinação de docentes, crianças e pais. “Tendo em conta a gravidade da situação epidémica nas regiões vizinhas, assim como a existência de casos mortais e de doenças graves resultantes da infecção com o novo tipo de coronavírus relacionados com crianças, a DSEDJ vem novamente apelar a pais e encarregados de educação para que vacinem o mais rápido possível os seus educandos com idade igual ou superior a 3 anos”, foi apelado. Segundo a DSEDJ a vacinação contribui para proteger a saúde e segurança dos agentes escolares.
Pedro Arede Manchete SociedadeAulas regressam segunda-feira sem avaliações na 1.ª semana Está confirmado. Os alunos do ensino superior e não superior voltam às salas de aula na próxima segunda-feira e não serão sujeitos a exames ou avaliações. Serviços de Saúde asseguram que a alta hospitalar da funcionária de supermercado agredida seguiu os trâmites normais É a segunda vez que as aulas para vão recomeçar no presente ano lectivo. O sub-director da Direcção dos Serviços de Educação e Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ), Kong Chi Meng, confirmou ontem que as aulas presenciais do ensino superior e não superior serão reiniciadas na próxima segunda-feira. De acordo com o responsável, antes de autorizar que os alunos regressem às salas de aula, todas as escolas devem realizar a limpeza e desinfecção dos espaços, de acordo com as orientações dos Serviços de Saúde. Igualmente, assegurou Kong Chi Meng, os estabelecimentos de ensino receberam orientações para recapitular a matéria dada, sendo que, durante a primeira semana de aulas, os alunos não serão sujeitos a exames ou momentos de avaliação. Além das escolas, as instituições particulares de educação contínua, centros de explicação e os cursos afectos ao programa de desenvolvimento e aperfeiçoamento contínuo também retornam à actividade. “Após auscultar as opiniões dos Serviços de Saúde e considerar os trabalhos preparatórios das escolas [a DSEDJ] decidiu que, se a situação epidémica se mantiver estável, as escolas do ensino não superior retomarão as aulas a partir do dia 25 de Outubro, podendo também as instituições do ensino superior retomar as aulas presenciais a partir da mesma data”, começou por dizer ontem Kong Chi Men, por ocasião da conferência de imprensa sobre a covid-19. “As escolas devem passar por um período de ajustamento, adaptando, por exemplo, o conteúdo ensinado ou distribuindo a matéria. Os testes podem ser adiados ou o conteúdo dos mesmos vir a ser reduzido. Primeiro (…) deve haver um período de adequação sem dar testes ou exames”, acrescentou. Também o Instituto de Acção Social (IAS) anunciou que, a partir de segunda-feira, creches, equipamentos prestadores de cuidados de enfermagem diurnos e equipamentos comunitários, retomam o funcionamento habitual.
João Santos Filipe Manchete SociedadeCovid- 19 | Governo anuncia regresso às aulas presenciais em Setembro Os estudantes do ensino não-superior começam as aulas presenciais no primeiro dia de Setembro. Já os alunos do superior, vão ter de esperar mais um pouco, até 6 de Setembro. Quem tiver saído de Macau, Zhuhai e Zhongshan, depois de 6 de Agosto, tem de ser testado As escolas vão poder regressar às aulas presenciais já em Setembro, a começar com o ensino não-superior. A novidade foi avançada ontem pela Direcção dos Serviços de Educação e de Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ), através do sub-director Kong Chi Meng, na conferência de imprensa sobre a evolução pandémica. “A DSEDJ continua atenta à prevenção no ano novo lectivo. Se não houver grandes alterações, a partir de 1 de Setembro os alunos do ensino não-superior iniciam as aulas. Os alunos do ensino superior podem regressar a 6 de Setembro”, afirmou Kong. “Após avaliação, concluímos que a retoma das aulas presenciais é importante para a normalização da sociedade, devendo ser tomadas medidas mais cautelosas para prevenir a pandemia”, foi acrescentado. Em ambos os casos, alguns funcionários das escolas, professores e alunos vão ser testados cinco dias antes das aulas. “As pessoas testadas vão ser aquelas que depois de 6 de Agosto tenham saído de Macau, Zhuhai ou Zhongshan”, avançou o subdirector. No caso dos envolvidos no ensino não-superior, o Governo permite que os testes sejam feitos entre 27 e 31 de Agosto, nos seis centros em funcionamento. Quanto aos estudantes do ensino superior, os testes vão poder ser feitos entre 1 e 5 de Setembro. Ontem, a DSEDJ ainda não sabia quantas pessoas tinham de ser testadas antes do regresso às aulas, mas o exame vai ser grátis para os alunos, professores e funcionários. Mais vacinados Na conferência realizada ontem, ficou ainda a saber-se que a taxa de vacinados entre os mais novos e mais velhos tem aumentado. Tai Wa Hou, coordenador do programa de vacinação, revelou que há mais gente a ser vacinada. De acordo com a informação apresentada, no que diz respeito aos indivíduos com idades entre 12 e 19 anos, a taxa subiu de 20 por cento para 24,3 por cento. Em relação aos que têm idades entre 60 e 69 anos, a taxa subiu de 20 para 27 por cento. Tai admitiu que os resultados podem reflectir “uma forte sensibilização da população e a capacidade de vacinação”. Ontem, foi também revelado que a partir de quarta-feira, quem vier de Cantão pode entrar em Macau com um teste de ácido nucleico negativo com a validade de sete dias. Actualmente, a validade exigida ainda é de 48 horas. Finalmente, a ocasião serviu também para o Governo negar qualquer intenção de abrir a fronteira a estrangeiros, nomeadamente empregadas domésticas, e classificou as Filipinas e o Vietname como regiões de alto risco de contágio. Nova ronda de máscaras A partir de amanhã arranca uma nova ronda de venda de máscaras do programa do Governo. Os interessados podem ir aos 72 locais de venda habituais e adquirir 30 máscaras por 24 patacas. De acordo com a médica Leong Iek Hou, desde o início do programa, no começo do ano passado, já foram vendidas mais de 200 milhões de máscaras.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeCovid-19 | Governo pode adiar início do ano lectivo e quer fazer testes O Governo não descarta a possibilidade de adiar o início de um novo ano lectivo devido ao regresso de mais de três mil alunos transfronteiriços. Há também a ideia de testar os alunos e professores antes do regresso às aulas A Direcção dos Serviços de Educação e Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ) está a ponderar adiar o regresso às aulas devido ao retorno ao território de mais de três mil alunos transfronteiriços de zonas como Zhuhai ou Zhonghshan. A ideia foi deixada ontem na habitual conferência do Centro de Coordenação e de Contingência do novo tipo de coronavírus por Wong Ka Ki, representante da DSEDJ. “O nosso plano é, se a situação não estiver estável, ponderar o adiamento do ano lectivo. Se for retomado o ensino presencial, uma grande parte dos alunos regressa do Interior da China e poderá colocar em risco o regresso às aulas. Depois da pandemia de Agosto, e estando atenuada a situação, estamos a desenvolver diferentes planos de contingência”, frisou. O Executivo tem também planos para testar alunos e docentes antes do arranque das aulas. “Antes do início das aulas serão realizadas reuniões com todas as escolas para implementar as medidas necessárias. Vamos ter em conta se vamos estender o número de testes de ácido nucleico a serem feitos por alunos e professores antes do início do ano lectivo”, adiantou. Recorde-se que o Governo já fez o apelo para que os estudantes que residam em Zhuhai ou Zhongshan regressem 14 dias antes do início do ano lectivo. Não há ainda certezas se serão apenas os alunos que residem fora de Macau a ser alvos de testagem contra a covid-19. “Segundo a nossa experiência, [deve ser feito] um teste de sete em sete dias. Não temos ainda a decisão”, adiantou Wong Ka Ki. Diferentes vacinas, novos dados Leong Iek Hou, coordenadora do Centro, falou da situação de saúde dos quatro membros de uma só família infectados com covid-19. “O pai e a mãe apresentam ainda alguns sintomas do trato respiratório, mas não precisam de apoio de oxigénio. O irmão mais velho e a irmã estão estáveis e já recuperaram o paladar. Em termos gerais, os quatro estão numa situação de saúde estável.” Quanto aos oito casos de efeitos adversos graves das vacinas, cinco dizem respeito à vacina MRNA/BioNTech, e três estão relacionados com a Sinopharm. Há apenas um caso confirmado de miocardite relacionado com a vacinação, enquanto que os restantes “ainda não foram confirmados”, disse Tai Wa Hou, médico responsável pelo programa de vacinação. Em relação à pessoa que, por engano, levou duas doses de vacinas diferentes, a sua situação de saúde é estável, sem sintomas. “Um caso de mistura de vacinas, mesmo que apresente um nível de anti-corpos elevado, não é suficiente para provar se a mistura de vacinas é eficaz. Necessitamos de mais dados.” Tai Wa Hou falou, no entanto, de uma preocupação das autoridades relacionada com o facto de “a maior parte das pessoas que receberam a vacina Sinopharm, que ainda não é reconhecida nos EUA”. “Se estas tiverem de voltar aos EUA têm de receber outra vacina da MRNA/BioNTech”, rematou o responsável.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeNovo ano lectivo arranca com mais regras e horários distintos para alunos O novo ano lectivo arrancou em mais algumas das escolas do território. Tanto o Jardim de Infância D. José da Costa Nunes como a Escola Portuguesa de Macau apostam em horários diferentes para o início das aulas e separação de alunos, a fim de evitar uma maior concentração de pessoas no espaço escolar devido à covid-19. Medidas semelhantes foram adoptadas pelas escolas chinesas [dropcap]O[/dropcap] Jardim de Infância D. José da Costa Nunes começou ontem oficialmente o novo ano lectivo com uma azáfama diferente do habitual. Antes de receber as crianças e as suas mochilas, teve lugar um ritual de medição da temperatura e verificação dos documentos de saúde, a fim de garantir a segurança de todos devido à pandemia da covid-19. Marisa Peixoto, directora do jardim de infância, afirmou ao HM que o novo ano lectivo arranca com horários desfasados e separação de crianças. “Tomámos medidas em relação à hora de almoço. Em vez de estarem duas turmas num dos refeitórios, está só uma. Há horários desfasados, enquanto não conseguirmos comprar as divisórias de protecção. Assim, conseguimos dar resposta às medidas de segurança e pôr os meninos mais espalhados nas mesas.” O jardim de infância arranca as aulas este ano com um total de 286 alunos, 100 deles novos. Há apenas um aumento de sete alunos em relação ao aumento no ano lectivo anterior o que, segundo Marisa Peixoto, está de acordo com as expectativas. À TDM Rádio Macau, a responsável disse ainda que há 38 crianças que terão de esperar até completarem três anos de idade para poderem frequentar a escola. Esta situação deve-se à decisão do Governo de não permitir que crianças com menos de três anos frequentem as escolas, uma vez que não é recomendado o uso de máscara para este escalão etário. A directora diz-se contra esta medida. “Acho que (…) se são alunos do K1 não faz diferença se hoje têm dois anos, amanhã têm três [anos]. [As crianças] poderiam começar já no K1 desde o início do ano lectivo”. Para continuar No caso da Escola Portuguesa de Macau (EPM), o dia foi destinado às apresentações, que duraram até às 13h. As aulas a sério começam hoje. “Foram recebidos os alunos do 1º ciclo e os alunos dos restantes ciclos foram recebidos pela direcção da escola no ginásio, onde foram dadas as boas-vindas e onde foram referidos alguns dos aspectos a ter em conta no presente ano lectivo. As apresentações foram também feitas pelos directores de turma”, contou Manuel Machado, presidente da direcção da EPM, ao HM. As medidas de distanciamento de alunos e a disposição de mesas nas salas de aulas são semelhantes às que já tinham sido adoptadas pela escola no período pós-confinamento. Houve a implementação de horários desfasados. “O 1º ciclo termina as aulas às 13h05, os restantes ciclos terminam as aulas às 13h10 e depois todos iniciam as aulas às 14h40. Quanto ao fornecimento de refeições pela cantina, só irá iniciar-se a 14 de Setembro e também será feito de modo a que não haja uma grande concentração de alunos. Uma parte dos estudantes fica na cantina e outros ficam distribuídos em diferentes zonas da escola”, concluiu. Outra das escolas que teve ontem a sua cerimónia de abertura foi a secção infantil da escola Fong Chong. Lei Fong Chao, directora, disse ao HM que foi feito o processo de medição de temperaturas aos alunos, o preenchimento dos códigos de saúde e a desinfecção das mãos. Além disso, passou a ser utilizada uma maior quantidade de lixívia diluída na limpeza da escola, de acordo com as recomendações da Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ). Um total de 260 alunos regressou às aulas na escola Fong Chong. Chan Kin Pong, director da escola Kwong Tai, contou ao HM que foram adoptados horários diferentes de entradas e saídas de alunos, uma vez que esta é uma escola que se situa no pódio do edifício Luen San Plaza. Os alunos do jardim infantil têm aulas 10 a 20 minutos mais cedo. A direcção da escola Kwong Tai optou por comunicar com os familiares dos alunos através da plataforma E-class, já usada no período de confinamento. Relativamente aos alunos transfronteiriços, o director garantiu que a passagem na fronteira correu bem. No que diz respeito ao espaço físico do estabelecimento de ensino, é suficiente para manter a prática do desporto sem que estes tenham de recorrer ao uso de máscara. Nas salas de aula, onde será obrigatório usar máscara, foram feitos todos os trabalhos de desinfecção.
Pedro Arede Manchete PolíticaDSEJ | Medidas especiais para garantir regresso seguro No primeiro dia de aulas, vai existir um corredor especial dedicado à passagem de alunos transfronteiriços. A operação será acompanhada de perto pela DSEJ, que garantiu estar a trabalhar com as escolas desde Julho, para lidar com a pandemia. Foram enviados 26 pedidos para uso da medida cordial, referentes a alunos menores de três anos [dropcap]O[/dropcap] dia chegou e tudo parece estar a postos. As autoridades asseguraram ontem que o inédito regresso às aulas em plena crise de covid-19 será feito com a máxima segurança. A garantia foi dada por Wong Ka Ki, da Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ), após anunciar que, desde Julho, tudo está a ser feito para preparar as escolas e outros departamentos para a excepcionalidade da situação. “Desde Julho, começámos a comunicar com os serviços públicos relacionados, realizando simulacros para confirmar que as escolas já fizeram o trabalho de limpeza necessário e, de acordo com os nossos dados, a maior parte já o fez. Temos comunicado também com a DSAT e o CPSP para garantir que tudo está a postos para os alunos transfronteiriços. Vamos ainda destacar trabalhadores nas fronteiras para acompanhar a situação”, começou por dizer Wong Ka Ki, por ocasião da conferência de imprensa sobre a covid-19. Ao nível da segurança, o CPSP anunciou que, a partir de hoje, irá reforçar as operações de fiscalização à porta das escolas e postos fronteiriços e criar um corredor especial dedicado à passagem dos cerca de 3.000 alunos transfronteiriços, que moram em Zhuhai e Zhongshan. “Vamos manter a boa ordem nas fronteiras, abrindo um corredor específico para os alunos transfronteiriços entre as 6h e as 20h30. Apelamos aos estudantes que convertam o código de saúde nas fronteiras e vamos reforçar o nosso trabalho (…) nas escolas, para facilitar o estacionamento e evitar a concentração de trânsito”, sublinhou Lei Tak Fai, da CPSP. Na conferencia de ontem, Wong Ka Ki revelou ainda que já foram recebidos 26 pedidos de pais para utilizar as medidas cordiais, desde que foi anunciado, na passada sexta-feira, que as crianças com menos de três anos não podem frequentar as creches subsidiadas. Destes, 17 pedidos foram aprovados. Recorde-se que as chamadas medidas cordiais destinam-se aos pais que não têm ninguém em casa para tomar conta dos filhos. Partilhar responsabilidades Foi ainda anunciado que o posto de testes de ácido nucleico do Fórum Macau será gerido pela Companhia de Higiene Exame Kuok Kim, com o objectivo de tirar algum peso dos ombros dos Serviços de Saúde, que segundo, Alvis Lo Iek Long, médico da direcção do Centro Hospitalar Conde de São Januário, devem estar dedicados a “satisfazer as necessidades da população de Macau”. “Motivos que não são de saúde, como a passagem de fronteiras, queremos entregar a uma terceira entidade. Além disso, temos mantido uma boa cooperação com esta empresa que tem aumentado a formação do seu pessoal e reforçado a capacidade de fazer testes”, apontou Alvis Lo. Recorde-se que a Kuok Kim foi a empresa responsável pela realização dos testes, onde se suspeita que dois menores tenham engolido a ponta das zaragatoas utilizadas durante a despistagem. Alvis Lo referiu ainda que depois dos trabalhadores dos casinos, serão feitos testes de despistagem ao pessoal do sector da restauração.
Pedro Arede Manchete SociedadeMaioria das escolas reabre a 1 de Setembro O regresso às aulas está marcado para Setembro, com 60 por cento das escolas a abrir portas no primeiro dia do mês. A Escola Portuguesa de Macau e o Jardim de Infância Costa Nunes dão início ao novo ano lectivo no dia 7 de Setembro. As escolas de Macau retomam actividades com horários diferenciados. A DSEJ apela aos encarregados de educação para prestarem atenção ao trânsito e às medidas de combate à epidemia [dropcap]A[/dropcap]pós um período atípico marcado pelo cancelamento do normal desenrolar das actividades escolares devido à pandemia, os alunos de Macau regressam às aulas a partir do dia 1 de Setembro, de forma faseada e com horários diferentes. De acordo com um comunicado divulgado ontem pela Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ), a maioria das escolas abre portas no primeiro dia do mês. “A maioria das escolas começa no início de Setembro, o ano lectivo 2020/2021, sendo que mais de 60 por cento delas terão início a 1 de Setembro, 15 por cento a 2 de Setembro, e as restantes, a 3 de Setembro ou após esta data”, pode ler-se no comunicado. Também ontem, a DSEJ publicou um documento onde constam as datas e os horários estipulados para a reabertura de todos os 78 estabelecimentos de ensino de Macau. Detalhando, a Escola Portuguesa de Macau (EPM) abre portas no dia 7 de setembro, tanto para o ensino primário (9h00) como secundário (11h00). No mesmo dia, o Jardim de Infância “D. José da Costa Nunes” dará início às suas actividades do ensino infantil, a partir das 8h30. Já o Colégio de Santa Rosa de Lima (secção inglesa e chinesa) e o Colégio do Sagrado Coração de Jesus iniciam o novo ano lectivo no dia 1 de Setembro em todos os graus escolares. Excepção feita ao ensino secundário da secção chinesa do Colégio de Santa Rosa de Lima, que retoma actividades a 4 de Setembro. Também no primeiro dia de Setembro, estão de volta as actividades de todos os níveis escolares e secções do Colégio Diocesano de São José, à excepção do ensino infantil da secção chinesa do Colégio Diocesano de São José, que abre portas no dia 2 de Setembro. Este dia é também o agendado para acolher os alunos da Escola Hou Kong, nas sucursais de Macau e Taipa em todos os níveis escolares. Quanto os alunos da Escola para Pais e Filhos dos Operários, o regresso está previsto para o dia 3 de Setembro. O regresso às aulas na escola Pui Tou está previsto para os dias 4 e 5 de Setembro. Nas sucursais de Macau, o ensino primário e secundário começa no dia 4 de Setembro, ao passo que o ensino infantil começa a 5 de Setembro. Já nas sucursais da Taipa, o ensino primário acontece no dia 4 de Setembro e os restantes níveis no dia seguinte. Mais vale prevenir Com o aproximar do novo ano lectivo, a DSEJ fez ainda um apelo dirigido aos encarregados de educação, no sentido de “prestarem atenção às medidas preventivas da epidemia do Governo (…), ao trânsito, ao tempo e às condições físicas dos seus educandos”, para lhes transmitir conhecimentos sobre a importância de manter bons hábitos de higiene. O organismo aponta ainda que “tem mantido uma estreita comunicação com as escolas”, de forma a preparar o novo ano lectivo e ajudar na aplicação de medidas preventivas e manutenção da “limpeza e higiene das suas instalações”. Sobre o previsível aumento do trânsito durante o reinício das actividades escolares, a DSEJ afirma ter contactado a Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) e outras entidades, com o objectivo de “reduzir, o mais possível, os atrasos dos alunos devido à situação do trânsito”.
João Santos Filipe SociedadeReabertura de infantários e jardins-de-infância divide pais Os Serviços de Educação e Juventude receberam seis queixas de professores despedidos que se consideram lesados, uma vez que não lhes foi entregue o montante descontado para os fundos de previdência das escolas privadas. O Tribunal de Segunda Instância considerou a prática ilegal [dropcap]O[/dropcap] Governo admite reabrir as creches e os jardins-de-infância até ao final do ano lectivo, mas sublinha que não há consenso entre os encarregados de educação. As afirmações foram feitas ontem pelo director da Direcção de Serviços de Educação e Juventude (DSEJ), Lou Pak Seng, em declarações à imprensa. “Ouvimos as opiniões dos encarregados de educação, que esperam que depois do reinício das aulas do ensino secundário e primário que as creches e os jardins-de-infância sigam o mesmo caminho”, reconheceu o responsável. “Nós não afastamos que o reinício das creches e dos jardins-de-infância aconteça ainda este ano lectivo, mas também ouvimos opiniões de encarregados de educação que são contra o reinício durante este ano lectivo. Por isso, vamos continuar a comunicar com os diferentes sectores para encontrar um equilíbrio”, acrescentou. Lou explicou igualmente que, ao contrário do que acontece com o ensino primário e secundário, não existem pressões para que se regresse às salas neste ano lectivo porque não há retenções, o que permite uma maior flexibilidade. Outro dos assuntos abordados ontem pelo director da DSEJ, foi a possibilidade de não haver vagas para todos os alunos para o próximo ano lectivo, no que diz respeito ao ensino primário. Contudo, Lou Pak Seng afastou o cenário e garantiu um número de vagas suficientes para o ano lectivo de 2020/2021. “Se calhar os pais estão muito preocupados com o acesso ao ensino primário dos alunos. Mas, há vagas suficientes para o ensino primário, por isso não se preocupem”, apontou. Segundo os dados avançados por Lou, neste momento há cerca de 6.400 interessados em ingressar no ensino primário do próximo ano para cerca de 7.400 vagas. Queixas de docentes Em Março deste ano, o Tribunal de Segunda Instância (TSI) proferiu uma decisão em que obrigou uma escola privada a pagar uma compensação a um docente despedido sem justa causa, assim como a devolver ao professor o dinheiro que este tinha descontado para o fundo de previdência privado. De acordo com entendimentos anteriores das escolas, muitas vezes reflectidos nos contratos de trabalho, os estabelecimentos de ensino, desde que pagassem as compensações pelo despedimento, não tinham de devolver o dinheiro dos descontos dos próprios professores. A DSEJ manteve-se sempre distanciada dos diferendos, mas com a decisão dos tribunais foi obrigada a defender os professores. Além do caso ganho pelo docente nos tribunais, que vai assim receber 80 mil patacas da Escola Kao Yip, existem seis queixas pelo mesmo motivo, que chegaram aos Serviços de Educação e Juventude, desde Setembro de 2013. O responsável confessou igualmente que a DSEJ vai agora investigar se existem mais casos de professores que possam ter sido prejudicados e enviar orientações às escolas a informar que, em caso de despedimento sem justa causa, estas são obrigadas a pagar uma compensação e ainda os descontos para o fundo de previdência privado do docente em causa. Consulta no fim do ano O Governo vai realizar a consulta pública sobre a Política de Juventude de Macau para o período de 2021 a 2030 no quarto trimestre deste ano. A revelação foi feita ontem, depois de ter sido realizado uma reunião plenária do Conselho de Juventude. “Espera-se a apresentação activa de opiniões por parte dos sectores sociais, no sentido de sugerirem, em conjunto, estratégias e soluções para a Política de Juventude”, afirmou uma porta-voz no final da reunião. Já em relação às actividades de Verão para os jovens de Macau, os moldes vão ser revistos, mas todos os intercâmbios devem ser cancelados.
Pedro Arede EntrevistaAna Correia, directora da Faculdade de Psicologia e Ciências de Educação da USJ: “A educação não precisa da sala de aula” O ensino pode nunca mais voltar a ser como era. Depois da paragem de meses devido à pandemia, as aulas regressaram a Macau para um período escolar atípico. Ao HM, Ana Correia diz acreditar que a pressão está agora mais do lado dos professores e que o ensino online veio para ficar. Quanto à matéria que ficou por dar, a académica acha que “não haverá prejuízos” [dropcap]Q[/dropcap]uais os principais desafios pedagógicos, que se colocam neste período escolar tão atípico? São muitos os desafios e dizem respeito a professores, alunos, pais e às próprias instituições. Há muitos aspectos que estão aqui envolvidos e as pessoas não tiveram tempo para se preparar. Por isso, muitas das soluções encontradas acabam por ser apressadas ou encontradas por intuição para responder a problemas imediatos. Ou seja, devíamos ter sido preparados com muito mais tempo para entrarmos nesta viagem, que tem muitas surpresas e que não podemos evitar porque estamos todos nela. Falando dos alunos mais pequenos, é uma situação difícil porque não é possível mantê-los distanciados uns dos outros. Depois, os mais crescidos têm já uns meses de atraso porque houve indicações para não se introduzirem conteúdos novos. Portanto, os alunos estiveram ocupados a aprender, mas há espaços do programa curricular que não foram ensinados e isso vai ter consequências. Não digo que sejam insuperáveis, mas com certeza que no próximo ano, e nos anos seguintes, o currículo vai ter que ser repensado para colmatar este período em que andámos todos a marcar passo. Quanto aos alunos que vão ser avaliados, existe pressão acrescida? Isso está a ser discutido pelos responsáveis e aqui o princípio mais importante é não prejudicar os alunos, porque o que aconteceu não lhes é imputável, como também não é imputável às escolas. É necessário encontrar soluções que assegurem que os alunos não são de modo nenhum penalizados em termos de avaliação devido ao que está a acontecer. Não há soluções milagrosas. Penso que os professores, por exemplo, sentem essa pressão porque querem cumprir o programa o mais possível, mas não vai dar e, por isso, tem de haver compreensão de todas as partes e encontrar soluções que sejam o meio caminho entre o que é a perfeição e aquilo que é possível. De que forma esta paragem forçada, onde deixou de haver rotina escolar, afectou os alunos, tanto a nível curricular como psicológico? Penso que os alunos devem estar muito contentes por regressar porque eles costumam gostar das férias, mas quando têm tempo limitado. Quando as férias são forçadas, os alunos costumam sentir saudades do convívio, da escola e daquela energia toda que anda ali à solta e, por isso, do ponto de vista da rotina, não haverá problema. Agora, não sei se do lado dos professores e dos pais será uma retoma total porque continua a haver receio de uma nova contaminação. Ou seja, há aqui um clima que é, por um lado, de alegria das crianças, mas por outro, um retorno à normalidade que, na verdade, é uma “nova normalidade”. Estamos todos mais ou menos em suspenso. De que forma este período escolar atípico pode afectar os professores? Para algumas escolas, as aulas vão terminar mais tarde e isso vai ter um preço. Não é por acaso que os anos lectivos têm paragens periódicas, a profissão docente é muito desgastante e intensiva. Por isso, os professores precisam de interrupções, precisam muitíssimo daquele período de Verão e agora, embora não tenham estado a trabalhar tão intensamente durante estes meses, não existiu uma paragem da actividade. Portanto, a sensação de recuperação de energias não existe. Acho que os professores vão chegar mais tarde desgastados ao Verão, porque há escolas que vão terminar no final de Junho e algumas até meio de Julho e receio que os professores não tenham tempo para recuperar, porque depois disso ainda há exames nacionais e a preparação do ano lectivo seguinte. Se não se decidir começar o próximo ano lectivo mais tarde, os professores vão ter um período muito pequeno de férias. Que consequências antevê para o próximo ano lectivo? As consequências vão existir para próximo ano lectivo, mas não só. Isto vai ter consequências para toda a educação, que não vai ser a mesma depois deste período. Há muita coisa que vai mudar. Estou convencida que o que nos está a acontecer é tão grave e tão profundo que vai ter implicações a todos os níveis. Até a própria arquitectura, as casas das pessoas vão ter que encontrar um modelo diferente porque a educação, percebeu-se agora, não precisa de acontecer numa sala de aula, numa escola. Há modelos de educação que já existiam e dos quais já se falava, mas que não eram levados a sério. Tenho a certeza que agora vão entrar no sistema com reconhecimento formal. Ou seja, vão deixar de ser só o trabalho de um grupo de professores carolas que gostam de ir ao encontro do que motiva os alunos, para fazer parte do sistema formal de educação. O uso das tecnologias digitais vai ganhar um peso muito maior na próxima reforma curricular. Na sua opinião como tem corrido a aposta forçada no ensino online? Temos aqui o exemplo da USJ, os alunos aprendem mais, estão mais motivados, estão mais presentes quando o ensino é online do que quando estavam nas salas de aula tradicionais. A diferença é incrível. Acredito completamente na integração entre diferentes tipos de aprendizagem, a todos os níveis. Desde a escola primária até à universidade penso que é possível. Não falo tanto do ensino infantil, mas acredito que a integração das tecnologias digitais vai acontecer muito mais rapidamente por causa da covid-19. Na sua opinião que consequências podem resultar do ensino online? Os professores estavam preparados para esse desafio? O ensino online é complexo, interessante e variado. Temos aulas síncronas e aprendizagem assíncrona. Nas aulas síncronas, o professor está online directamente com os alunos. Temos softwares que nos permitem construir aulas interessantíssimas, como por exemplo o “Mentimeter” que permite fazer slides interactivos e outros que, entretanto, foram desenvolvidos e que vêm a enriquecer muito este novo tipo de ensino baseado na tecnologia. Depois temos a aprendizagem assíncrona, em que há tempo para a realização de tarefas autónomas que são carregadas através de uma plataforma digital. O factor tempo entra aqui como um elemento de controlo fundamental. Nas aulas tradicionais, muitos professores tendem a falar demais e a ocupar grande parte do tempo da aula e agora isso torna-se mais difícil, porque não há quórum. Como os alunos não estão lá fisicamente, o professor já sabe que na sua planificação tem que reservar um tempo para a aprendizagem centrada no professor e um segundo período da aula em que os alunos aprendem autonomamente. O factor tempo permite maior participação dos alunos, porque no ensino tradicional, outra tentação que por vezes existe é dar mais tempo aos alunos que aprendem mais rapidamente. Ou seja, são eles que falam, participam e os outros vão ficando na sombra. De que forma a tecnologia pode estar mais presente no ensino? As tecnologias digitais estão connosco há décadas, mas em segundo plano do sistema educativo, não estão integradas no currículo de forma transversal. Nós temos, por exemplo, a língua portuguesa que é transversal a todas as disciplinas do currículo, mas as tecnologias digitais, as chamadas TIC (Tecnologias de Informação e Comunicação), não. Os alunos aprendem tecnologia na aula de tecnologia. Ora, isto é errado. As tecnologias deviam ser transversais, até porque é possível introduzi-las em todas as disciplinas. Para isso, é preciso formar professores. Penso que a situação vai mudar em relação a isso e mesmo as universidades e todas as instituições que têm a seu cargo a formação de professores, neste momento, estão com certeza a pensar em fazer uma reforma curricular e dar mais valor e reconhecimento às tecnologias digitais. Que competências devem passar a ser privilegiadas pelos professores? A primeira é a literacia digital. Os professores têm de saber trabalhar com os softwares que existem e têm de saber, pelo menos, tanto quanto os alunos. Depois os professores têm de ter consciência dos perigos que podem vir associados, por exemplo, à produção de vídeos, ou seja a questão da integridade académica. Sabemos que um vídeo pode facilmente ser carregado online e circular quase sem limite e num curtíssimo espaço de tempo. A usurpação de autoria de materiais e a circulação de materiais sem autorização é algo a que se deve prestar também atenção. Além da literacia digital e da questão deontológica da integridade académica diria que a terceira competência que um professor necessita é criatividade. Mais do que nunca os professores têm de ser criativos, têm de ir à procura e fazer auto-aprendizagem porque há milhares de ideias fantásticas online que podem ser adaptadas e, portanto, há uma parte que cabe a cada um. Deve haver desenvolvimento profissional organizado pelas escolas, pelas universidades e pela DSEJ, mas depois os professores também têm de fazer a sua parte. Com tantas mudanças que pressão é colocada nos pais? Os pais que têm crianças em casa vivem uma situação muito difícil por muitas razões. Porque as crianças não gostam de estar em casa, gostam de correr, têm uma necessidade enorme de gastar energia e em casa não o podem fazer. Por vezes, não existe um computador para cada membro da família, só existe um e isso pode gerar conflitos e porque os pais de facto não têm disponibilidade de assistir as crianças na realização dos trabalhos que os professores lhes pedem para eles fazerem. Felizmente, parece que estamos a chegar ao fim desse período, excepto nos casos do ensino especial e do ensino infantil. Em Macau, contudo, ao contrário de outros países, quase todas as famílias com crianças têm a ajuda de uma empregada doméstica. Durante quanto tempo vamos correr contra o prejuízo curricular destes meses? O próximo ano lectivo será suficiente? Tenho uma visão da educação que é por princípios e não por conteúdos. Penso que muito do que as crianças e os jovens aprendem nas escolas são pretextos para aprenderem a aprender e durante este período ficaram sem esses pretextos. Por isso, vão continuar o seu percurso e penso que não será um grande prejuízo. O que importa é que aprendam a aprender. Se não deram o conteúdo A ou o conteúdo B, terão as ferramentas que os habilitarão a ir à procura desses conteúdos e vão recuperá-los. Não estou convencida que seja um grande problema. Eu andava na escola secundária quando se deu o 25 de Abril em Portugal e também perdi muitos conteúdos e não penso que me tenham feito falta. Isso aconteceu desde Abril até Junho, por isso foi mais ou menos o mesmo período de tempo. Hoje em dia, se me perguntar se me prejudicou, respondo que não creio, porque a educação é algo maior que os conteúdos disciplinares cobertos num semestre, é um processo que começa quando entramos no jardim escola e que não termina enquanto estamos vivos. Porque o que nós queremos é que eles aprendam para a vida e o nosso modelo de ensino deve ser esse. A educação passa por criar-lhes a motivação. Se sabem os rios ou as montanhas, isso não interessa. Eles depois vão lá se quiserem.
João Santos Filipe Manchete SociedadeAlunos do primeiro ao sexto anos regressam às aulas até 1 de Junho Os Serviços de Educação apontam que o reinício das aulas vai ser feito de forma flexível e tendo em conta o desenvolvimento da pandemia. Também os centros de explicações e instituições de educação contínuo vão poder reabrir as portas [dropcap]O[/dropcap] Governo anunciou o regresso à escola dos alunos do ensino primário, que vai acontecer entre 25 de Maio e 1 de Junho. A divulgação das datas aconteceu ontem na conferência diária do Governo sobre a pandemia da covid-19. “Achamos que é o tempo oportuno para abrir as aulas do ensino primário em duas fases”, começou por dizer Wong Ka Ki, chefe do Departamento de Ensino da Direcção dos Serviços de Educação e Juventude. “Os alunos que frequentam do quarto ao sexto ano retomam as aulas presenciais a 25 de Maio. Para os estudantes da primeira classe à terceira, a data de regresso é a 1 de Junho”, acrescentou. Com o regresso às aulas, a DSEJ apelou a todos os alunos que regressem a Macau e que permaneçam no território por 14 dias seguidos, antes de voltarem às escolas. No entanto, Wong Ka Ki admitiu que vai haver flexibilidade, inclusive com a justificação de falta. “Vamos adoptar medidas flexíveis para os encarregados de educação. Eles vão poder, de acordo com o desenvolvimento da epidemia, apresentar pedidos para justificar as faltas dos alunos”, frisou. Além das escolas, também os centros de explicações e as instituições de ensino contínuo vão poder retomar a actividade. No que diz respeito ao ensino especial e ao infantil, face às dificuldades dos mais novos manterem as máscaras, a DSEJ apontou que poderá adoptar-se um modelo mais flexível. “Aconselhamos que dentro das orientações emitidas haja uma forma mais flexível. Também não excluímos a hipótese, em relação a estes tipos de ensino, que até ao final do ano lectivo não haja mais aulas”, apontou o chefe do Departamento de Ensino. Em negociações Além do regresso à escola, foi ontem tornado público que as autoridades de Hong Kong, Cantão e Macau estão a negociar um acordo para que as pessoas das três regiões se possam deslocar livremente. A informação foi avançada por Carrie Lam, Chefe do Executivo de Hong Kong, em entrevista à publicação Ta Kung Pao. Segundo Lam, apesar das conversações existem ainda algumas questões que impedem a medida de ser já adoptada. Alvis Lo, médico adjunto da Direcção do Hospital Conde São Januário, foi questionado sobre o mesmo assunto, mas escudou-se a adiantar mais pormenores. “O Governo está em contacto não só com a RAEHK, mas também com Cantão e outras cidades da China. A informação foi divulgada por Hong Kong e nós também temos conhecimento. Mas, como ainda não temos um plano definitivo não podemos avançar mais nada”, respondeu Alvis Lo. “Temos de aguardar com paciência”, frisou. Testes a 180 patacas Em relação aos testes de ácido nucleico realizados pelos Serviços de Saúde no Terminal Marítimo de Passageiros da Taipa, foi revelado que o preço é de 180 patacas por cada teste, que resulta de um acordo com a empresa Companhia de Higiene Exame Kuok Kim (Macau). Estes testes são para os residentes que fazem diariamente o percurso de ida e volta para Zhuhai ou para alunos e docentes que se desloquem entre Macau, Zhuhai e Zhangshan. Os Serviços de Saúde esclareceram ainda que residentes de Macau com nacionalidade chinesa e direito de residência em Zhuhai podem atravessar a fronteira sem fazerem quarentena, desde que apresentem os resultados negativos do teste nucleico. Estão também isentos de quarentena os trabalhadores não-residentes com nacionalidade chinesa que queiram entrar em Macau, desde que apresentem testes ao ácido nucleico com resultados negativos. Ainda em relação aos testes, são feitos de acordo com as horas marcadas e o Executivo apelou às pessoas que só compareçam no local à hora agendada. Nova venda de máscaras A 12.ª fase de venda de máscaras compradas pelo Executivo começa esta manhã. Os cidadãos vão poder adquirir 10 máscaras por oito patacas. Já para as crianças com idades entre os 3 e os 8 anos há a possibilidade de adquirirem 5 máscaras para crianças e 5 para adultos. Os Serviços de Saúde garantem que o abastecimento está garantido e apelaram à população que evite uma corrida às farmácias e aos outros postos de venda. Estudante teve alta Ontem foi registada mais uma alta, do paciente identificado como o 27.º caso confirmado na RAEM. Trata-se de um aluno do sexo masculino, com 22 anos, que viajou a 20 de Março entre Londres e Hong Kong. Na RAEHK apanhou o corredor especial para Macau onde cumpriu imediatamente quarentena. Nessa altura foi diagnosticado. A alta aconteceu depois de um internamento de 48 dias, o que faz com que entre os 45 casos diagnosticados, restem apenas 3 internados.
João Santos Filipe SociedadeCerca de 13 mil estudantes voltaram às escolas [dropcap]O[/dropcap] dia de ontem marcou o regresso às aulas de 13 mil alunos do ensino secundário e tudo decorreu dentro das expectativas, com as instituições a adoptarem medidas de combate à pandemia da covid-19. O balanço foi feito pelo chefe do Departamento de Ensino da Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ), Wong Ka Ki, na conferencia diária do Governo dedicada ao ponto da situação da pandemia. “Os trabalhadores da DSEJ foram às escolas da península de Macau e das Ilhas e verificaram que foram adoptadas as medidas recomendadas, como a medição da temperatura, a utilização de máscaras por parte de todos e o uso tapetes para desinfectação”, afirmou Wong. “Também houve advertências frequentes a recordar os alunos para lavarem as mãos. Pelo que a DSEJ verificou que as escolas tomaram as medidas de acordo com as orientações emitidas”, concluiu. De acordo com a informação do responsável, entre as 46 instituições com aulas para turmas do 10.º, 11.º e 12.º anos, 44 reiniciaram a actividade ontem. As restantes duas voltam esta manhã ao activo, depois de dois meses com aulas através da internet. Além das medidas adoptadas pela escola, as autoridades policiais abriram um corredor especial para os alunos que atravessam a fronteira diariamente, vindos do Interior. “Criámos uma via exclusiva para estudantes transfronteiriços nas Portas do Cerco, entre as 08h e as 18h houve um corredor para esses alunos”, explicou o chefe da Divisão de Relações Públicas do Corpo de Polícia de Segurança Pública, Lei Tak Fai. Mais regressos Durante a conferência, o Chefe do Departamento de Ensino da DSEJ foi questionado sobre a possibilidade de os alunos do 4.º ao 6.º ano regressarem ainda este mês às aulas. A hipótese não foi negada e Wong Ka Ki admitiu a hipótese de as aulas começarem com um aviso inferior a 14 dias. “Quando for a altura do recomeço avisamos. Não devemos esperar por um aviso com antecedência de 14 dias, como aconteceu anteriormente, porque já apelámos a todos os estudantes que estejam fora de Macau, como em Zhuhai ou Zhongshan, para regressarem às suas casas e cumprirem a quarentena necessária”, indicou o responsável. “Vamos anunciar o regresso o mais brevemente possível”, foi ainda prometido. O retorno às aulas abrange, até ao momento, apenas os alunos do secundário, mas deverá ser implementado, por fases, aos restantes anos. No que diz respeito as creches, o Executivo autoriza serviços limitados para os pais que precisam de um local para deixar as crianças, enquanto trabalham. Mesmo assim, o Governo afirmou várias vezes que o reinício é apenas excepcional, e não abrange todas as crianças que frequentam creches.
Salomé Fernandes Manchete SociedadeCovid-19 | Estudantes do secundário voltam às aulas em Maio Foi ontem anunciado que os estudantes do ensino secundário vão regressar às aulas em Maio. Ainda não se avançam datas para o ensino primário, infantil e especial [dropcap]A[/dropcap]s aulas do ensino secundário complementar recomeçam dia 4 de Maio, enquanto as do ensino secundário geral têm início dia 11 do mesmo mês. A informação foi ontem avançada pelo director dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ), Lou Pak Sang na conferência habitual sobre a covid-19. Ainda está por anunciar a data de recomeço das aulas do ensino primário, educação infantil e ensino especial. “O recomeço das aulas dos jardins de infância e das escolas de ensino especial é tratado com maior flexibilidade, não estando descartada a hipótese de as aulas dessas escolas não serem retomadas neste ano lectivo”, alerta a DSEJ. A medida vai levar ao regresso às aulas de cerca de vinte mil alunos. Se houver um surto na comunidade ou novos casos importados, as datas de reinício das aulas podem ser adiadas, e caso já estejam a decorrer podem ser parcialmente ou totalmente suspensas. “Continuamos com as aulas online por enquanto, e recomendamos às escolas para tratarem as notas de uma forma mais flexível”, disse Lou Pak Sang, reiterando que se mantém a posição da DSEJ quanto à passagem de ano lectivo. Caso haja tempo suficiente depois do reinício das aulas, a avaliação poderá incluir uma nota antes da suspensão e posterior ao reinício. Mas se depois de as aulas recomeçarem o tempo for escasso “não é recomendável realizar avaliações sumativas nem a retenção de ano”, indica o organismo. A DSEJ vai ainda recomendar às escolas para aceitarem os pedidos de justificação de faltas, mediante a situação dos encarregados de educação e dos filhos. Não há uma orientação definida sobre se as escolas devem fazer exames finais. “É por decisão da própria escola. O que recomendamos é não correr atrás da matéria e desvalorizar outros aspectos porque a aprendizagem é um percurso muito longo e podemos complementar com tempo as informações mais estruturais”, defendeu Lou Pak Sang. Apelo ao regresso Lou Pak Sang apelou aos professores e alunos que estão fora de Macau a regressarem ao território o mais cedo possível, apontando que podem pedir apoio se tiverem problemas. Face aos cerca de três mil alunos transfronteiriços existentes, o responsável disse que Macau está em contacto com as autoridades competentes. “Vamos ver se temos condições para os alunos que se encontram em sítios mais remotos na China regressarem. Já entrámos em contacto com as 28 escolas desses alunos transfronteiriços. Se precisarem de apoio estamos prontos a prestá-lo”, disse. Vão ser escolhidos professores para fazerem simulações de acordo com as directrizes para o reinício das aulas. Cada escola deve agendar a sua data para os simulacros, embora a DSEJ sugira que decorram entre 20 e 29 de Abril. Para apoiar os estabelecimentos de ensino, a DSEJ já instalou 43 equipamentos de medição de temperatura. Há também gel desinfectante e máscaras em números suficientes, com 628.800 para adultos e 659.300 para crianças. No total, cerca de 708 mil protecções foram compradas pelo organismo, enquanto as restantes resultam de donativos. Segurança online A Direcção dos Serviços para a Educação e Juventude (DSEJ) entrou em contacto com o Gabinete de Protecção de Dados Pessoais (GPDP) face aos problemas do uso de dados pessoais da plataforma Zoom, tendo na altura contactado as 14 escolas que usavam este dispositivo. “No futuro a DSEJ espera que a aprendizagem online possa ocorrer de forma segura. (…) E no novo ano lectivo estamos preparados para adoptar uma plataforma online segura ou adoptarmos uma plataforma uniformizada para aprendizagem ou outras necessidades das escolas”, declarou ontem Lou Pak Sang.