Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaHabitação | Jorge Rangel defende solução para problema em Macau Jorge Rangel, presidente do Instituto Internacional de Macau, defendeu esta sexta-feira em Lisboa que o Governo da RAEM deve apresentar uma solução para a falta de habitação no território, sob pena de ocorrerem protestos semelhantes aos de Hong Kong daqui a uns anos [dropcap]O[/dropcap] Governo não pode adiar mais o problema da habitação”. A frase é de Jorge Rangel e foi proferida esta sexta-feira na Universidade Católica Portuguesa, em Lisboa, no âmbito do colóquio “Portugal-China 20/20: Identidade, quotidiano e economia”. O presidente do Instituto Internacional de Macau (IIM) frisou que, se não for resolvido o problema da falta de habitação no território, Macau pode vir a registar os protestos que têm vindo a acontecer em Hong Kong. “Macau tem de ter habitação para a classe média, pois corremos o risco de, daqui a uns anos, termos milhares de pessoas a marchar nas ruas. Estamos a ser ameaçados por um problema que não está resolvido”, apontou. Jorge Rangel adiantou que, além dos pedidos de ordem política, os manifestantes de Hong Kong também defendem melhores condições de vida. “O que está a acontecer em Hong Kong, além das motivações políticas, é a situação desastrosa da habitação, que Macau não pode repetir”, frisou. O presidente do IIM disse também que as autoridades policiais do território vizinho não querem travar os protestos por não quererem enfrentar os problemas que levam milhares às ruas. “Cerca de dois milhões de pessoas desfilaram pelas ruas de Hong Kong e esse é que é o problema, e não as 300 ou 400 mil pessoas que protestam. Se eu fosse habitante de Hong Kong exigiria imediatamente ao Governo para pararem com isso aos fins-de-semana ou então que se demitissem se não fossem capazes de enfrentar a situação. Não têm sido capazes porque não querem resolver o problema. Isto não pode arrastar-se por mais tempo.” Jorge Rangel assegura que não é o único a pensar assim. “Tenho falado com várias pessoas de Hong Kong, de vários sectores políticos, e todos eles questionam porque é que não se resolve este problema. Falei com um líder estudantil que me disse não conhecer nenhuma das 300 ou 400 mil pessoas que protestam.” “Casa arrumada” para Ho Jorge Rangel falava na mesa redonda “Portugal-China 20/20”, tendo falado do papel governativo do Chefe do Executivo eleito, Ho Iat Seng, no contexto da integração regional e das relações entre os dois países. “O novo Chefe do Executivo entra com a casa arrumada e com uma experiência feita, tendo em conta que a China tem como prioridade a plataforma. Macau é o único sítio na China que pode desempenhar esse papel”, frisou. O presidente do IIM disse ainda que o programa político de Ho Iat Seng tem o cuidado de estabelecer pontes ao nível da integração regional para o futuro de Macau. “Há uma percepção clara do que Macau pode fazer e do que falta fazer. No programa do Chefe do Executivo eleito diz que se vai articular o projecto da plataforma (entre a China e os países de língua portuguesa) e o projecto ‘Uma Faixa, Uma Rota’. Já está escrito e ele (Ho Iat Seng) não deve ter escrito o seu programa sozinho e quer dar a Portugal condições para participar neste ponto”, apontou. No mesmo painel, o general Garcia Leandro, ex-governador de Macau, defendeu que o conceito de identidade macaense deveria ser alargado, pois é isso que diferencia o território no contexto do projecto “Uma Faixa, Uma Rota”. “Existe a questão da identidade, e se ficarmos reduzidos a uma concepção muito fundamentalista do macaense…trata-se de um conceito que deveria ser alargado. Macau tem uma identidade própria que não é Hong Kong. Haverá um futuro para Macau, mas teremos de ter capacidade para trabalhar com as autoridades chinesas para mostrar o quão diferente é Macau”, frisou.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaHabitação | Jorge Rangel defende solução para problema em Macau Jorge Rangel, presidente do Instituto Internacional de Macau, defendeu esta sexta-feira em Lisboa que o Governo da RAEM deve apresentar uma solução para a falta de habitação no território, sob pena de ocorrerem protestos semelhantes aos de Hong Kong daqui a uns anos [dropcap]O[/dropcap] Governo não pode adiar mais o problema da habitação”. A frase é de Jorge Rangel e foi proferida esta sexta-feira na Universidade Católica Portuguesa, em Lisboa, no âmbito do colóquio “Portugal-China 20/20: Identidade, quotidiano e economia”. O presidente do Instituto Internacional de Macau (IIM) frisou que, se não for resolvido o problema da falta de habitação no território, Macau pode vir a registar os protestos que têm vindo a acontecer em Hong Kong. “Macau tem de ter habitação para a classe média, pois corremos o risco de, daqui a uns anos, termos milhares de pessoas a marchar nas ruas. Estamos a ser ameaçados por um problema que não está resolvido”, apontou. Jorge Rangel adiantou que, além dos pedidos de ordem política, os manifestantes de Hong Kong também defendem melhores condições de vida. “O que está a acontecer em Hong Kong, além das motivações políticas, é a situação desastrosa da habitação, que Macau não pode repetir”, frisou. O presidente do IIM disse também que as autoridades policiais do território vizinho não querem travar os protestos por não quererem enfrentar os problemas que levam milhares às ruas. “Cerca de dois milhões de pessoas desfilaram pelas ruas de Hong Kong e esse é que é o problema, e não as 300 ou 400 mil pessoas que protestam. Se eu fosse habitante de Hong Kong exigiria imediatamente ao Governo para pararem com isso aos fins-de-semana ou então que se demitissem se não fossem capazes de enfrentar a situação. Não têm sido capazes porque não querem resolver o problema. Isto não pode arrastar-se por mais tempo.” Jorge Rangel assegura que não é o único a pensar assim. “Tenho falado com várias pessoas de Hong Kong, de vários sectores políticos, e todos eles questionam porque é que não se resolve este problema. Falei com um líder estudantil que me disse não conhecer nenhuma das 300 ou 400 mil pessoas que protestam.” “Casa arrumada” para Ho Jorge Rangel falava na mesa redonda “Portugal-China 20/20”, tendo falado do papel governativo do Chefe do Executivo eleito, Ho Iat Seng, no contexto da integração regional e das relações entre os dois países. “O novo Chefe do Executivo entra com a casa arrumada e com uma experiência feita, tendo em conta que a China tem como prioridade a plataforma. Macau é o único sítio na China que pode desempenhar esse papel”, frisou. O presidente do IIM disse ainda que o programa político de Ho Iat Seng tem o cuidado de estabelecer pontes ao nível da integração regional para o futuro de Macau. “Há uma percepção clara do que Macau pode fazer e do que falta fazer. No programa do Chefe do Executivo eleito diz que se vai articular o projecto da plataforma (entre a China e os países de língua portuguesa) e o projecto ‘Uma Faixa, Uma Rota’. Já está escrito e ele (Ho Iat Seng) não deve ter escrito o seu programa sozinho e quer dar a Portugal condições para participar neste ponto”, apontou. No mesmo painel, o general Garcia Leandro, ex-governador de Macau, defendeu que o conceito de identidade macaense deveria ser alargado, pois é isso que diferencia o território no contexto do projecto “Uma Faixa, Uma Rota”. “Existe a questão da identidade, e se ficarmos reduzidos a uma concepção muito fundamentalista do macaense…trata-se de um conceito que deveria ser alargado. Macau tem uma identidade própria que não é Hong Kong. Haverá um futuro para Macau, mas teremos de ter capacidade para trabalhar com as autoridades chinesas para mostrar o quão diferente é Macau”, frisou.
Hoje Macau China / ÁsiaPequim considera que autoridades de Hong Kong conseguem lidar com protestos [dropcap]U[/dropcap]m alto quadro do Governo chinês colocado em Hong Kong expressou ontem confiança na capacidade das autoridades locais para restabelecer a ordem na cidade, que é há quatro meses palco de protestos cada vez mais violentos. Os comentários, feitos nas vésperas de a República Popular da China celebrar o seu 70.º aniversário, sugerem que Pequim não vai intervir na região. “Acreditamos que o governo de Hong Kong tem capacidade para acalmar a situação”, disse Song Ru’an, vice-comissário do gabinete do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros na cidade. Song considerou que era expectável que o princípio “um país, dois sistemas”, sob o qual Hong Kong foi devolvido à China, em 1997, encontraria obstáculos, devido à sua natureza sem precedentes. “De facto, deparamo-nos com alguns problemas na implementação da política ‘um país, dois sistemas’ em Hong Kong, e alguns são graves e precisam de ser tidos em consideração”, afirmou, em conferência de imprensa. Song disse que o Governo chinês está a reflectir sobre os sucessos e insuficiências da política “um país, dois sistemas”, para melhorar a sua implementação, mas que a sua missão e princípios originais permanecerão inalterados. Hong Kong vive um clima de contestação social desencadeado pela apresentação de uma proposta de alteração à lei da extradição, que permitiria ao Governo e aos tribunais da região administrativa especial a extradição de suspeitos de crimes para jurisdições sem acordos prévios, como é o caso da China continental. A proposta foi, entretanto, retirada, mas as manifestações generalizaram-se e denunciam agora aquilo que os manifestantes afirmam ser uma “erosão das liberdades” na antiga colónia britânica, enquanto apelam à demissão de Carrie Lam, a chefe do governo local, pró-Pequim, e à eleição de um sucessor por sufrágio universal directo, e não nomeado pelo Governo central. Meses de protestos, sem fim à vista, levaram a especulações de que a China poderia enviar tropas para o território. Os manifestantes exibiram ontem uma faixa com a frase “Desejo glória a Hong Kong”, num centro comercial de luxo. Mais protestos estão planeados para este fim de semana e para o dia 1 de Outubro, que coincide com o aniversário da fundação da República Popular da China. O princípio “um país, dois sistemas”, que vigora também em Macau, garante à ex-colónia britânica que as políticas socialistas em vigor no resto da China não se aplicam no território, que goza de “um alto grau de autonomia”, à excepção da Defesa e das Relações Externas, que são da competência exclusiva do Governo central chinês.
Hoje Macau China / ÁsiaHong Kong | Pansy Ho espera que torneio de golfe ‘desviado’ seja “caso isolado” [dropcap]A[/dropcap] embaixadora da Organização Mundial do Turismo Pansy Ho espera que a mudança da etapa do torneio de golfe PGA Tour Series-China de Hong Kong para Macau seja “um caso isolado”. Pansy Ho, filha do magnata do jogo Stanley Ho, defendeu que ambas as regiões administrativas especiais devem “trabalhar em conjunto”, tanto mais que as duas integram a região da Grande Baía. Na mesma ocasião, a directora dos Serviços de Turismo de Macau, Helena de Senna Fernandes, sublinhou uma das prioridades do território: “trabalhar com os nossos vizinhos e, obviamente, com Hong Kong, para desenvolver a nossa região [Grande Baía]”. A etapa do torneio de golfe PGA Tour Series-China em Hong Kong, agendada para Outubro, foi cancelada por razões de segurança no território e vai ser realizada em Macau. A última etapa da temporada deste torneio de golfe deveria ser disputada entre os dias 17 e 20 de Outubro na antiga colónia britânica. Em vez disso será disputada de 10 a 13 de Outubro em Macau. “Analisamos esta situação de todos os ângulos e, como grupo, determinamos que o cancelamento do Clearwater Bay Open de 2019 (nome da etapa em Hong Kong) é a melhor decisão”, disse o director executivo da PGA Tour Series-China, Greg Carlson. O responsável apontou ainda que Macau foi o melhor local alternativo, por ser um território vibrante e devido à boa organização do torneio Ceasars Golf Macau, que se realizou o ano passado. Devido à mudança de local, o ‘prize money’ vai aumentar 500 milhões de Renmimbi para 2,1 mil milhões de Renmimbi.
Hoje Macau China / ÁsiaHong Kong | Pansy Ho espera que torneio de golfe ‘desviado’ seja “caso isolado” [dropcap]A[/dropcap] embaixadora da Organização Mundial do Turismo Pansy Ho espera que a mudança da etapa do torneio de golfe PGA Tour Series-China de Hong Kong para Macau seja “um caso isolado”. Pansy Ho, filha do magnata do jogo Stanley Ho, defendeu que ambas as regiões administrativas especiais devem “trabalhar em conjunto”, tanto mais que as duas integram a região da Grande Baía. Na mesma ocasião, a directora dos Serviços de Turismo de Macau, Helena de Senna Fernandes, sublinhou uma das prioridades do território: “trabalhar com os nossos vizinhos e, obviamente, com Hong Kong, para desenvolver a nossa região [Grande Baía]”. A etapa do torneio de golfe PGA Tour Series-China em Hong Kong, agendada para Outubro, foi cancelada por razões de segurança no território e vai ser realizada em Macau. A última etapa da temporada deste torneio de golfe deveria ser disputada entre os dias 17 e 20 de Outubro na antiga colónia britânica. Em vez disso será disputada de 10 a 13 de Outubro em Macau. “Analisamos esta situação de todos os ângulos e, como grupo, determinamos que o cancelamento do Clearwater Bay Open de 2019 (nome da etapa em Hong Kong) é a melhor decisão”, disse o director executivo da PGA Tour Series-China, Greg Carlson. O responsável apontou ainda que Macau foi o melhor local alternativo, por ser um território vibrante e devido à boa organização do torneio Ceasars Golf Macau, que se realizou o ano passado. Devido à mudança de local, o ‘prize money’ vai aumentar 500 milhões de Renmimbi para 2,1 mil milhões de Renmimbi.
Hoje Macau China / ÁsiaHong Kong | Manifestantes vandalizam estação de metro de Shatin Mais um fim-de-semana de violência na antiga colónia britânica. Sábado foi palco de confrontos entre a polícia que usou gás lacrimogéneo e balas de borracha contra os manifestantes que atiraram cocktails molotov contra os agentes e atearam fogos nas ruas. Ontem, os manifestantes vandalizaram a estação de metro de Sha Tin, usando martelos e sprays de tinta [dropcap]M[/dropcap]anifestantes vandalizaram ontem uma estação de metro em Hong Kong, destruindo câmaras de vigilância e sensores electrónicos de bilhetes, com as manifestações pró-democracia a assumirem novamente contornos violentos. De acordo com a Associated Press, os manifestantes usaram martelos para derrubar os sensores dos portões e ‘sprays’ de tinta e partiram os ecrãs das máquinas de bilhetes, usando guarda-chuvas para salvaguardarem as suas identidades. A polícia de choque chegou depois do ataque e esteve de vigia à estação que entretanto foi encerrada, com uma grade de metal a bloquear a entrada. O ataque ao final da tarde na estação de Shatin, em Hong Kong, ocorreu depois de manifestantes que se encontravam no shopping Shatin New Town Plaza, com ligação à estação de metro, terem gritado slogans e cantado uma música que se tornou o seu hino, apoiados por um pequeno grupo que tocava instrumentos de sopro através das máscaras. As manifestações de Hong Kong pró-democracia, agora no quarto mês, têm, frequentemente, derivado em violência ao final do dia e durante a noite. Um grupo de manifestantes radical considera que são necessárias acções extremas para chamar a atenção do governo. Na noite de sábado, a polícia usou gás lacrimogéneo e balas de borracha contra manifestantes que atiraram cocktails molotov contra os agentes e atearam fogos nas ruas. Os manifestantes dizem que os governos de Pequim e Hong Kong estão a penalizar o “elevado nível de autonomia” e as liberdades civis ao estilo ocidental prometidas à ex-colónia britânica, quando foi devolvida à China em 1997. Trânsito condicionado A polícia de trânsito encerrou duas estações intermédias do comboio que liga o centro da cidade ao aeroporto internacional, para evitar possíveis interrupções no transporte, mas não se tinha ainda registado qualquer incidente. A Autoridades do Aeroporto Internacional de Hong Kong disse que o comboio iria operar entre o aeroporto e a estação terminal no centro da cidade, sem fazer as habituais paragens intermédias. Algumas rotas de autocarros também foram suspensas e os passageiros foram aconselhados a reservar mais tempo para chegarem ao aeroporto.
Hoje Macau China / ÁsiaHong Kong | Manifestantes vandalizam estação de metro de Shatin Mais um fim-de-semana de violência na antiga colónia britânica. Sábado foi palco de confrontos entre a polícia que usou gás lacrimogéneo e balas de borracha contra os manifestantes que atiraram cocktails molotov contra os agentes e atearam fogos nas ruas. Ontem, os manifestantes vandalizaram a estação de metro de Sha Tin, usando martelos e sprays de tinta [dropcap]M[/dropcap]anifestantes vandalizaram ontem uma estação de metro em Hong Kong, destruindo câmaras de vigilância e sensores electrónicos de bilhetes, com as manifestações pró-democracia a assumirem novamente contornos violentos. De acordo com a Associated Press, os manifestantes usaram martelos para derrubar os sensores dos portões e ‘sprays’ de tinta e partiram os ecrãs das máquinas de bilhetes, usando guarda-chuvas para salvaguardarem as suas identidades. A polícia de choque chegou depois do ataque e esteve de vigia à estação que entretanto foi encerrada, com uma grade de metal a bloquear a entrada. O ataque ao final da tarde na estação de Shatin, em Hong Kong, ocorreu depois de manifestantes que se encontravam no shopping Shatin New Town Plaza, com ligação à estação de metro, terem gritado slogans e cantado uma música que se tornou o seu hino, apoiados por um pequeno grupo que tocava instrumentos de sopro através das máscaras. As manifestações de Hong Kong pró-democracia, agora no quarto mês, têm, frequentemente, derivado em violência ao final do dia e durante a noite. Um grupo de manifestantes radical considera que são necessárias acções extremas para chamar a atenção do governo. Na noite de sábado, a polícia usou gás lacrimogéneo e balas de borracha contra manifestantes que atiraram cocktails molotov contra os agentes e atearam fogos nas ruas. Os manifestantes dizem que os governos de Pequim e Hong Kong estão a penalizar o “elevado nível de autonomia” e as liberdades civis ao estilo ocidental prometidas à ex-colónia britânica, quando foi devolvida à China em 1997. Trânsito condicionado A polícia de trânsito encerrou duas estações intermédias do comboio que liga o centro da cidade ao aeroporto internacional, para evitar possíveis interrupções no transporte, mas não se tinha ainda registado qualquer incidente. A Autoridades do Aeroporto Internacional de Hong Kong disse que o comboio iria operar entre o aeroporto e a estação terminal no centro da cidade, sem fazer as habituais paragens intermédias. Algumas rotas de autocarros também foram suspensas e os passageiros foram aconselhados a reservar mais tempo para chegarem ao aeroporto.
Hoje Macau China / ÁsiaHong Kong | Pequim critica Nancy Pelosi por apoiar protestos A líder do Congresso norte-americano felicitou os activistas Joshua Wong e Denise Ho, numa conferência de imprensa conjunta, por “desafiarem a consciência” do Governo chinês e do mundo. Pequim fala de comentários “irresponsáveis” [dropcap]O[/dropcap] Governo chinês criticou ontem a líder do Congresso dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, por comentários “irresponsáveis” sobre os protestos pró-democracia em Hong Kong depois de ter recebido activistas em Washington. Geng Shuang, porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, considerou que Pelosi e outros congressistas norte-americanos “confundem o certo e o errado” ao envolverem-se com “separatistas” de Hong Kong. “Pedimos aos EUA que parem de encorajar forças violentas radicais em Hong Kong que advogam a independência de Hong Kong, e que parem de intensificar as palavras e acções que minam a prosperidade e a estabilidade de Hong Kong”, disse. Pelosi, do Partido Democrata, juntou-se a parlamentares republicanos numa conferência de imprensa conjunta com activistas pró-democracia, incluindo Joshua Wong e Denise Ho. A presidente do Congresso norte-americano apoiou os apelos dos activistas por eleições por sufrágio universal em Hong Kong e agradeceu-lhes por “desafiarem a consciência” do Governo chinês e do mundo. Pelosi acompanha questões sobre a China desde os seus primeiros anos no Congresso, quando compareceu com outros congressistas na Praça Tiananmen, em Pequim, para homenagear os manifestantes mortos pelo exército, em 1989. Estado soberano Hong Kong vive um clima de contestação social desencadeado pela apresentação de uma proposta de alteração à lei da extradição, que permitiria ao Governo e aos tribunais da região administrativa especial a extradição de suspeitos de crimes para jurisdições sem acordos prévios, como é o caso da China continental. A proposta foi, entretanto, retirada, mas as manifestações generalizaram-se e denunciam agora aquilo que os manifestantes afirmam ser uma “erosão das liberdades” na antiga colónia britânica, enquanto apelam à demissão de Carrie Lam, a chefe do governo local, pró-Pequim, e à eleição de um sucessor por sufrágio universal directo, e não nomeado pelo Governo central. O Congresso dos EUA deverá avançar com legislação que exige uma revisão anual do estatuto económico e comercial especial de Hong Kong, passando a verificar a influência do Governo central chinês no território e o respeito pelo princípio “um país, dois sistemas”. Geng disse que Hong Kong é uma questão interna chinesa e que a China não aceita interferência nos seus assuntos internos. “Pedimos aos EUA que respeitem a soberania da China, parem de interferir nos assuntos de Hong Kong e deixem de promover a revisão de propostas relevantes relacionadas com Hong Kong”, afirmou.
Hoje Macau China / ÁsiaHong Kong | Pequim critica Nancy Pelosi por apoiar protestos A líder do Congresso norte-americano felicitou os activistas Joshua Wong e Denise Ho, numa conferência de imprensa conjunta, por “desafiarem a consciência” do Governo chinês e do mundo. Pequim fala de comentários “irresponsáveis” [dropcap]O[/dropcap] Governo chinês criticou ontem a líder do Congresso dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, por comentários “irresponsáveis” sobre os protestos pró-democracia em Hong Kong depois de ter recebido activistas em Washington. Geng Shuang, porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, considerou que Pelosi e outros congressistas norte-americanos “confundem o certo e o errado” ao envolverem-se com “separatistas” de Hong Kong. “Pedimos aos EUA que parem de encorajar forças violentas radicais em Hong Kong que advogam a independência de Hong Kong, e que parem de intensificar as palavras e acções que minam a prosperidade e a estabilidade de Hong Kong”, disse. Pelosi, do Partido Democrata, juntou-se a parlamentares republicanos numa conferência de imprensa conjunta com activistas pró-democracia, incluindo Joshua Wong e Denise Ho. A presidente do Congresso norte-americano apoiou os apelos dos activistas por eleições por sufrágio universal em Hong Kong e agradeceu-lhes por “desafiarem a consciência” do Governo chinês e do mundo. Pelosi acompanha questões sobre a China desde os seus primeiros anos no Congresso, quando compareceu com outros congressistas na Praça Tiananmen, em Pequim, para homenagear os manifestantes mortos pelo exército, em 1989. Estado soberano Hong Kong vive um clima de contestação social desencadeado pela apresentação de uma proposta de alteração à lei da extradição, que permitiria ao Governo e aos tribunais da região administrativa especial a extradição de suspeitos de crimes para jurisdições sem acordos prévios, como é o caso da China continental. A proposta foi, entretanto, retirada, mas as manifestações generalizaram-se e denunciam agora aquilo que os manifestantes afirmam ser uma “erosão das liberdades” na antiga colónia britânica, enquanto apelam à demissão de Carrie Lam, a chefe do governo local, pró-Pequim, e à eleição de um sucessor por sufrágio universal directo, e não nomeado pelo Governo central. O Congresso dos EUA deverá avançar com legislação que exige uma revisão anual do estatuto económico e comercial especial de Hong Kong, passando a verificar a influência do Governo central chinês no território e o respeito pelo princípio “um país, dois sistemas”. Geng disse que Hong Kong é uma questão interna chinesa e que a China não aceita interferência nos seus assuntos internos. “Pedimos aos EUA que respeitem a soberania da China, parem de interferir nos assuntos de Hong Kong e deixem de promover a revisão de propostas relevantes relacionadas com Hong Kong”, afirmou.
Hoje Macau China / ÁsiaHK | Ideia de que todos os chineses condenam protestos é falsa, diz investigadora Uma investigadora do Centro de Estudos Chineses Fairbank da universidade norte-americana de Harvard dedicou-se a analisar os comentários nas redes sociais e chegou à conclusão de que as opiniões sobre os acontecimentos em Hong Kong estão longe de ser unânimes, antes pelo contrário, vão da “admiração ao desdém, confusão ou até indiferença” [dropcap]U[/dropcap]ma académica que analisou reacções nas redes sociais chinesas sobre os protestos em Hong Kong detectou tentativas de racionalizar o debate e até manifestações de apoio, apesar da censura exercida por Pequim. “Muitos chineses do continente tentam constantemente desafiar a censura e muitos, que hesitam em expressar-se, optam por fazer ‘gosto’ ou ‘aprovar’ mensagens que expressam ideias divergentes”, disse à agência Lusa Zhao Qianqi, investigadora no Centro de Estudos Chineses Fairbank, da universidade norte-americana de Harvard. Após semanas a analisar comentários na rede social Weibo, o Twitter chinês, Zhao afirmou que, ao invés de encontrar uma “antipatia uniforme” em relação aos manifestantes, deparou-se com um conjunto de opiniões que vão da “admiração ao desdém, confusão ou até indiferença”. Zhao Qianqi defendeu existirem também opiniões pluralistas e um debate racional a decorrer no continente chinês, que vai além da percepção criada pelo ruído nas redes sociais, e que pode constituir um problema para Pequim. “Há quem tenha tentado disseminar artigos informativos e de qualidade” ou livros sobre a História e política de Hong Kong nas redes sociais chinesas, mas que foram, entretanto, censurados, apontou. Um ensaio do professor da Universidade Chinesa de Hong Kong Chow Po-chung sobre a campanha de desinformação lançada pela imprensa estatal, tem sido repetidamente reproduzido por utilizadores do Weibo, apesar de acabar sempre por ser apagado, exemplificou. Zhao indicou que o título do ensaio é: “Aos amigos do continente: também estamos a lutar pela vossa liberdade”. “É importante olhar para os pormenores”, afirmou a académica, defendendo que a impressão de que os chineses do continente aderiram em massa à retórica “hipernacionalista” e pró-governamental é resultado de uma combinação entre “censura e opressão política”. “Qualquer pessoa que tenha uma visão diferente daquela que é expressa na imprensa estatal não ousa falar”, disse, num contacto telefónico a partir de Pequim. E se a censura permite que a narrativa oficial seja dominante, o uso de internautas pagos para fazer comentários pró-Governo, conhecidos como ‘wumao’ (’50 cêntimos’, em chinês), torna-a ainda mais potente, observou Zhao. Cartilha central Actores e artistas do continente, muitos dos quais obtiveram já residência nos Estados Unidos ou Canadá – uma tendência crescente entre as classes mais abastadas da China – têm repetido também a retórica nacionalista do Governo. “Mas essa é apenas a linha que lhes é imposta”, indicou a académica. Inicialmente, as autoridades chinesas optaram por censurar qualquer informação sobre os protestos, que decorrem há quase quatro meses, mas acabaram por lançar uma intensa campanha mediática, que retrata os manifestantes como mercenários ao serviço de forças externas. A cobertura diária na imprensa chinesa mostra imagens de manifestantes a atirar tijolos, a provocar a polícia e a cercar esquadras. Os manifestantes são descritos como “radicais” e “bandidos”, os polícias como “heróis”, sendo omitidas imagens de alegados abusos pelas autoridades de Hong Kong. O Governo central tem também sublinhado a unidade nacional contra esta alegada ameaça: “Os 1.400 milhões de chineses estão unidos como uma barreira”, defendeu o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês. As redes sociais chinesas foram, entretanto, inundadas de insultos aos manifestantes em Hong Kong e mensagens de apoio a uma intervenção militar na antiga colónia britânica. Nos campus universitários na Austrália, Canada ou Nova Zelândia, estudantes chineses organizaram manifestações nacionalistas que, em alguns casos, terminaram em confrontos violentos com manifestantes pró-Hong Kong. No país mais populoso do mundo, com cerca de 1.400 milhões de habitantes, vários órgãos de comunicação ou portais estrangeiros, incluindo as redes sociais Facebook, Twitter ou Instagram, estão banidos da rede doméstica chinesa. Hong Kong vive um clima de contestação social desencadeado pela apresentação de uma proposta de alteração à lei da extradição, que permitiria ao Governo e aos tribunais da região administrativa especial a extradição de suspeitos de crimes para jurisdições sem acordos prévios, como é o caso da China continental. Inicialmente suspensa pela chefe do Executivo da região administrativa especial chinesa, Carrie Lam, a proposta foi já retirada, em resposta a uma exigência dos manifestantes. Os protestos têm vindo a denunciar aquilo que os manifestantes afirmam ser uma “erosão das liberdades” em Hong Kong, exigindo a demissão de Lam, e a eleição de um sucessor por sufrágio universal directo, e não nomeado pelo Governo central. O Twitter e Facebook anunciaram já a suspensão de milhares de contas originárias do continente chinês, que “deliberada e especificamente tentavam semear a discórdia política em Hong Kong, inclusive minando a legitimidade e as posições políticas dos manifestantes”. As empresas afirmaram que suspenderam as contas com base em “evidências confiáveis” de que se tratava de uma “operação coordenada pelo Estado”.
Hoje Macau China / ÁsiaHK | Ideia de que todos os chineses condenam protestos é falsa, diz investigadora Uma investigadora do Centro de Estudos Chineses Fairbank da universidade norte-americana de Harvard dedicou-se a analisar os comentários nas redes sociais e chegou à conclusão de que as opiniões sobre os acontecimentos em Hong Kong estão longe de ser unânimes, antes pelo contrário, vão da “admiração ao desdém, confusão ou até indiferença” [dropcap]U[/dropcap]ma académica que analisou reacções nas redes sociais chinesas sobre os protestos em Hong Kong detectou tentativas de racionalizar o debate e até manifestações de apoio, apesar da censura exercida por Pequim. “Muitos chineses do continente tentam constantemente desafiar a censura e muitos, que hesitam em expressar-se, optam por fazer ‘gosto’ ou ‘aprovar’ mensagens que expressam ideias divergentes”, disse à agência Lusa Zhao Qianqi, investigadora no Centro de Estudos Chineses Fairbank, da universidade norte-americana de Harvard. Após semanas a analisar comentários na rede social Weibo, o Twitter chinês, Zhao afirmou que, ao invés de encontrar uma “antipatia uniforme” em relação aos manifestantes, deparou-se com um conjunto de opiniões que vão da “admiração ao desdém, confusão ou até indiferença”. Zhao Qianqi defendeu existirem também opiniões pluralistas e um debate racional a decorrer no continente chinês, que vai além da percepção criada pelo ruído nas redes sociais, e que pode constituir um problema para Pequim. “Há quem tenha tentado disseminar artigos informativos e de qualidade” ou livros sobre a História e política de Hong Kong nas redes sociais chinesas, mas que foram, entretanto, censurados, apontou. Um ensaio do professor da Universidade Chinesa de Hong Kong Chow Po-chung sobre a campanha de desinformação lançada pela imprensa estatal, tem sido repetidamente reproduzido por utilizadores do Weibo, apesar de acabar sempre por ser apagado, exemplificou. Zhao indicou que o título do ensaio é: “Aos amigos do continente: também estamos a lutar pela vossa liberdade”. “É importante olhar para os pormenores”, afirmou a académica, defendendo que a impressão de que os chineses do continente aderiram em massa à retórica “hipernacionalista” e pró-governamental é resultado de uma combinação entre “censura e opressão política”. “Qualquer pessoa que tenha uma visão diferente daquela que é expressa na imprensa estatal não ousa falar”, disse, num contacto telefónico a partir de Pequim. E se a censura permite que a narrativa oficial seja dominante, o uso de internautas pagos para fazer comentários pró-Governo, conhecidos como ‘wumao’ (’50 cêntimos’, em chinês), torna-a ainda mais potente, observou Zhao. Cartilha central Actores e artistas do continente, muitos dos quais obtiveram já residência nos Estados Unidos ou Canadá – uma tendência crescente entre as classes mais abastadas da China – têm repetido também a retórica nacionalista do Governo. “Mas essa é apenas a linha que lhes é imposta”, indicou a académica. Inicialmente, as autoridades chinesas optaram por censurar qualquer informação sobre os protestos, que decorrem há quase quatro meses, mas acabaram por lançar uma intensa campanha mediática, que retrata os manifestantes como mercenários ao serviço de forças externas. A cobertura diária na imprensa chinesa mostra imagens de manifestantes a atirar tijolos, a provocar a polícia e a cercar esquadras. Os manifestantes são descritos como “radicais” e “bandidos”, os polícias como “heróis”, sendo omitidas imagens de alegados abusos pelas autoridades de Hong Kong. O Governo central tem também sublinhado a unidade nacional contra esta alegada ameaça: “Os 1.400 milhões de chineses estão unidos como uma barreira”, defendeu o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês. As redes sociais chinesas foram, entretanto, inundadas de insultos aos manifestantes em Hong Kong e mensagens de apoio a uma intervenção militar na antiga colónia britânica. Nos campus universitários na Austrália, Canada ou Nova Zelândia, estudantes chineses organizaram manifestações nacionalistas que, em alguns casos, terminaram em confrontos violentos com manifestantes pró-Hong Kong. No país mais populoso do mundo, com cerca de 1.400 milhões de habitantes, vários órgãos de comunicação ou portais estrangeiros, incluindo as redes sociais Facebook, Twitter ou Instagram, estão banidos da rede doméstica chinesa. Hong Kong vive um clima de contestação social desencadeado pela apresentação de uma proposta de alteração à lei da extradição, que permitiria ao Governo e aos tribunais da região administrativa especial a extradição de suspeitos de crimes para jurisdições sem acordos prévios, como é o caso da China continental. Inicialmente suspensa pela chefe do Executivo da região administrativa especial chinesa, Carrie Lam, a proposta foi já retirada, em resposta a uma exigência dos manifestantes. Os protestos têm vindo a denunciar aquilo que os manifestantes afirmam ser uma “erosão das liberdades” em Hong Kong, exigindo a demissão de Lam, e a eleição de um sucessor por sufrágio universal directo, e não nomeado pelo Governo central. O Twitter e Facebook anunciaram já a suspensão de milhares de contas originárias do continente chinês, que “deliberada e especificamente tentavam semear a discórdia política em Hong Kong, inclusive minando a legitimidade e as posições políticas dos manifestantes”. As empresas afirmaram que suspenderam as contas com base em “evidências confiáveis” de que se tratava de uma “operação coordenada pelo Estado”.
Hoje Macau China / ÁsiaHong Kong | Activistas pró-democracia pedem a congressistas dos EUA pressão sobre Pequim [dropcap]J[/dropcap]ovens líderes do movimento pró-democracia de Hong Kong pediram ontem aos parlamentares norte-americanos para pressionarem Pequim, alegando que qualquer declínio no estatuto especial daquele território encorajaria a China a impor os seus “valores comunistas” noutras partes do mundo. Joshua Wong, Denise Ho e outros activistas pró-democracia foram recebidos por membros republicanos e democratas numa audiência de um comité do Congresso em Washington. “Se Hong Kong cair pode facilmente tornar-se num trampolim para o regime totalitário chinês empurrar as suas regras e prioridades para o exterior, usando o poder económico para converter outras pessoas aos valores comunistas”, afirmou a cantora ‘pop’ Denise Ho, cuja música foi censurada na China pelo seu envolvimento com o movimento. “Este não é um apelo a uma ‘ingerência estrangeira’, nem à dependência de Hong Kong. É um apelo aos direitos humanos. Um apelo a favor da democracia”, acrescentou a artista de 42 anos. A ex-colónia britânica enfrenta, há mais de três meses, a mais grave crise política desde a sua entrega à China, em 1997, com acções e manifestações quase diárias exigindo reformas democráticas e denunciando a resposta policial, considerada brutal pelos manifestantes. Os membros republicanos e democratas da comissão do Congresso norte-americano enfatizaram a rara união em torno da defesa dos direitos de Hong Kong. Estes congressistas estão a estudar um projecto de lei sobre “os direitos humanos e a democracia em Hong Kong”, que prevê uma revisão anual do estatuto económico especial da região e sanções para qualquer responsável que suprima as “liberdades fundamentais” deste território. “Pequim não deve vencer em todas as frentes, colhendo os benefícios económicos do prestígio de Hong Kong no mundo e erradicando a nossa identidade socio-política”, avisou Joshua Wong, de 22 anos, que se tornou um rosto do movimento pró-democracia. “Enquanto eu falo, Hong Kong está numa encruzilhada crucial. A parada nunca esteve tão alta”, prosseguiu. O jovem alertou que o presidente chinês, Xi Jinping, pode decidir agir com mais força, antes do 70.º aniversário do regime comunista, em Outubro. “Enviarem tanques é irracional, mas não é impossível”, sublinhou o activista.
Hoje Macau China / ÁsiaHong Kong | Activistas pró-democracia pedem a congressistas dos EUA pressão sobre Pequim [dropcap]J[/dropcap]ovens líderes do movimento pró-democracia de Hong Kong pediram ontem aos parlamentares norte-americanos para pressionarem Pequim, alegando que qualquer declínio no estatuto especial daquele território encorajaria a China a impor os seus “valores comunistas” noutras partes do mundo. Joshua Wong, Denise Ho e outros activistas pró-democracia foram recebidos por membros republicanos e democratas numa audiência de um comité do Congresso em Washington. “Se Hong Kong cair pode facilmente tornar-se num trampolim para o regime totalitário chinês empurrar as suas regras e prioridades para o exterior, usando o poder económico para converter outras pessoas aos valores comunistas”, afirmou a cantora ‘pop’ Denise Ho, cuja música foi censurada na China pelo seu envolvimento com o movimento. “Este não é um apelo a uma ‘ingerência estrangeira’, nem à dependência de Hong Kong. É um apelo aos direitos humanos. Um apelo a favor da democracia”, acrescentou a artista de 42 anos. A ex-colónia britânica enfrenta, há mais de três meses, a mais grave crise política desde a sua entrega à China, em 1997, com acções e manifestações quase diárias exigindo reformas democráticas e denunciando a resposta policial, considerada brutal pelos manifestantes. Os membros republicanos e democratas da comissão do Congresso norte-americano enfatizaram a rara união em torno da defesa dos direitos de Hong Kong. Estes congressistas estão a estudar um projecto de lei sobre “os direitos humanos e a democracia em Hong Kong”, que prevê uma revisão anual do estatuto económico especial da região e sanções para qualquer responsável que suprima as “liberdades fundamentais” deste território. “Pequim não deve vencer em todas as frentes, colhendo os benefícios económicos do prestígio de Hong Kong no mundo e erradicando a nossa identidade socio-política”, avisou Joshua Wong, de 22 anos, que se tornou um rosto do movimento pró-democracia. “Enquanto eu falo, Hong Kong está numa encruzilhada crucial. A parada nunca esteve tão alta”, prosseguiu. O jovem alertou que o presidente chinês, Xi Jinping, pode decidir agir com mais força, antes do 70.º aniversário do regime comunista, em Outubro. “Enviarem tanques é irracional, mas não é impossível”, sublinhou o activista.
Juana Ng Cen SociedadeProtestos em Hong Kong tiraram trabalho a guias turísticos de Macau [dropcap]O[/dropcap]s protestos em Hong Kong tiveram algum impacto no turismo em Macau. Pelo menos no que diz respeito ao sector das excursões. Quem o diz é Manuel Iok Pui Ferreira, vice-presidente da direcção da Associação dos Profissionais da Indústria de Viagens e Turismo de Macau e responsável por uma agência de viagens, que ao Jornal do Cidadão defendeu que os protestos na região vizinha tiveram um impacto directo nas excursões do continente, que incluíam Macau e Hong Kong no percurso. Estes dois factores levaram a que os guias turísticos do território tenham tido um Verão calmo, com apenas cinco a seis dias de trabalho nos meses de Julho e Agosto. No caso da agência de viagens detida por Manuel Iok Pui Ferreira, registou-se uma quebra de receitas na ordem dos 35 por cento, uma vez que muitos turistas que se deslocavam para Macau através da ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau foram afectados pelos protestos no Aeroporto Internacional de Hong Kong. Wu Wai Fong, presidente da Macau International Chartered Tourist Guide Association, disse ao mesmo jornal que, nos últimos dois meses, o trabalho dos guias turísticos tem sido afectado pelos protestos em Hong Kong, uma vez que 70 por cento dos grupos excursionistas que pretendiam visitar os dois territórios no mesmo percurso optaram por não se deslocar a Macau, após decidirem não visitar Hong Kong. Este facto gerou uma quebra no negócio dos guias turísticas de entre 70 a 90 por cento, tendo apenas dois a três dias de trabalho por mês, em média Mais multi-destinos Para Wu Wai Fong, a Direcção dos Serviços de Turismo deve associar-se aos membros das associações turísticas para que sejam estes a realizar as visitas dos programas “Sentir Macau Passo-a-Passo” e “Oito Novas Paisagens de Macau”. A par disso, o responsável defendeu que os guias turísticos sem trabalho poderiam prestar serviço nos museus. Na visão de Manuel Iok Pui Ferreira, os protestos em Hong Kong obrigaram à criação de percursos multi-destinos por parte das agências de viagens. O responsável considerou serem necessárias mais medidas para que os turistas cheguem directamente a Macau oriundos de Taiwan ou da Coreia do Sul, através da promoção online de pacotes turísticos familiares ou individuais. Manuel Iok Pui Ferreira disse ainda que podem ser providenciadas viagens para vários destinos na província de Guangdong. A situação política em Hong Kong tem acelerado a integração do sector turístico na Grande Baía, lançando mais projectos de multi-destinos, acrescentou. Neste sentido, Manuel Iok Pui Ferreira deseja que as autoridades de Macau e Guangdong possam adoptar medidas para acelerar a isenção de visto de entrada nas cidades que fazem parte do projecto da Grande Baía.
João Santos Filipe Desporto MancheteGrande Prémio | Manifestações de Hong Kong não retiram confiança à organização A organização está confiante que o evento vai decorrer dentro da normalidade e que o turismo não vai ser afectado na altura das corridas. O circuito sofreu algumas alterações para receber a homologação Grau II da Federação Internacional do Automóvel [dropcap]A[/dropcap]pesar de Hong Kong ser um local tradicional de origem dos espectadores do Grande Prémio, a Comissão Organizadora não está preocupada com o impacto das manifestações no número de bilhetes vendidos, nem com eventuais suspensões do serviço de ferries. Esta foi a posição tomada, ontem, pelo coordenador da comissão e presidente do Instituto do Desporto, Pun Weng Kun, após uma conferência de imprensa para revelar o nome de alguns patrocinadores. “Acredito que o Grande Prémio recebe turistas de todo o mundo, incluindo pessoas do nosso País, vindas de Cantão e de Hong Kong, mas também de outros países da Europa, e também da Austrália. São turistas que vêm de muito longe. Por isso temos muita confiança que o evento vai decorrer dentro da normalidade”, afirmou Pun. Os bilhetes para o evento que decorre entre 14 e 17 de Novembro já se encontram à venda. Para os primeiros dois dias, os ingressos custam 50 patacas, já para sábado e domingo os preços variam entre as 400 e as 1000 patacas. O coordenador não revelou as vendas realizadas, mas apontou que tem havido muita procura de informação sobre os ingressos, principalmente através de perguntas online. “Neste momento não temos números concretos. Mas recebemos muitos pedidos de informações online e por isso esperamos uma boa situação de vendas”, indicou. Cuidados com as curvas Ontem foi igualmente confirmado que o circuito da Guia recebeu a homologação de Grau II para poder receber os novos carros de Fórmula 3 e que vai haver alterações ao nível da segurança em várias curvas. Estas são alterações que também se prendem com o facto dos novos monolugares serem mais potentes. A situação foi resumida por Chong Coc Veng, presidente da Associação Geral Automóvel de Macau-China. “Nas curvas da Bancada do Reservatório e na Curva do Mandarim Oriental vamos instalar um novo tipo de barreira de segurança recomendada pela FIA”, reconheceu o responsável. “Vamos também aumentar a escapatória na Curva Lisboa e efectuar algumas alterações nas áreas da Colina da Guia e na Curva R, com incremento da protecção de impacto através de espuma”, indicou. Face a estas alterações Pun sublinhou que a segurança é sempre uma das prioridades da organização: “Temos trabalhado muito para reforçar a segurança nas diferentes curvas”. Bandeiras electrónicas Outra novidade para a edição deste ano é a implementação do sistema de bandeiras electrónicas, que já é utilizado há vários anos na Fórmula 1, por imposição da homologação Grau II. Este é um sistema de “ecrãs” que mostra aos pilotos em vários pontos do circuito as bandeiras que estão a ser exibidas e que permite, em certas situações, dispensar os técnicos de pista deste trabalho. O orçamento para a edição deste ano é de cerca de 270 milhões de patacas. Ontem a Sociedade de Jogos de Macau entregou um cheque de patrocínio à prova de GT, com o valor de 4,6 milhões de patacas. Já a empresa da app Food4U vai patrocinar a corrida de turismo e entregou um cheque no valor de 1,9 milhões de patacas. Pun vai regressar Com a mudança de Governo, o nome de Pun Weng Kun tem sido apontado ao Instituto dos Assuntos Municipais, o que implicaria a saída do Instituto do Desporto e da presidência da Comissão Organizadora do Grande Prémio de Macau. Ontem, Pun não quis responder à questão, mas frisou que todos os membros da comissão são entusiastas da prova: “É uma pergunta muito pessoal. Não consigo responder. Acredito que todos os membros da comissão têm imenso entusiasmo para continuar a trabalhar no Grande Prémio e eu também”, disse. O coordenador reconheceu ainda que mesmo que um dia seja afastado da prova que vai continuar a assistir às corridas, como entusiasta do evento.
João Santos Filipe Desporto MancheteGrande Prémio | Manifestações de Hong Kong não retiram confiança à organização A organização está confiante que o evento vai decorrer dentro da normalidade e que o turismo não vai ser afectado na altura das corridas. O circuito sofreu algumas alterações para receber a homologação Grau II da Federação Internacional do Automóvel [dropcap]A[/dropcap]pesar de Hong Kong ser um local tradicional de origem dos espectadores do Grande Prémio, a Comissão Organizadora não está preocupada com o impacto das manifestações no número de bilhetes vendidos, nem com eventuais suspensões do serviço de ferries. Esta foi a posição tomada, ontem, pelo coordenador da comissão e presidente do Instituto do Desporto, Pun Weng Kun, após uma conferência de imprensa para revelar o nome de alguns patrocinadores. “Acredito que o Grande Prémio recebe turistas de todo o mundo, incluindo pessoas do nosso País, vindas de Cantão e de Hong Kong, mas também de outros países da Europa, e também da Austrália. São turistas que vêm de muito longe. Por isso temos muita confiança que o evento vai decorrer dentro da normalidade”, afirmou Pun. Os bilhetes para o evento que decorre entre 14 e 17 de Novembro já se encontram à venda. Para os primeiros dois dias, os ingressos custam 50 patacas, já para sábado e domingo os preços variam entre as 400 e as 1000 patacas. O coordenador não revelou as vendas realizadas, mas apontou que tem havido muita procura de informação sobre os ingressos, principalmente através de perguntas online. “Neste momento não temos números concretos. Mas recebemos muitos pedidos de informações online e por isso esperamos uma boa situação de vendas”, indicou. Cuidados com as curvas Ontem foi igualmente confirmado que o circuito da Guia recebeu a homologação de Grau II para poder receber os novos carros de Fórmula 3 e que vai haver alterações ao nível da segurança em várias curvas. Estas são alterações que também se prendem com o facto dos novos monolugares serem mais potentes. A situação foi resumida por Chong Coc Veng, presidente da Associação Geral Automóvel de Macau-China. “Nas curvas da Bancada do Reservatório e na Curva do Mandarim Oriental vamos instalar um novo tipo de barreira de segurança recomendada pela FIA”, reconheceu o responsável. “Vamos também aumentar a escapatória na Curva Lisboa e efectuar algumas alterações nas áreas da Colina da Guia e na Curva R, com incremento da protecção de impacto através de espuma”, indicou. Face a estas alterações Pun sublinhou que a segurança é sempre uma das prioridades da organização: “Temos trabalhado muito para reforçar a segurança nas diferentes curvas”. Bandeiras electrónicas Outra novidade para a edição deste ano é a implementação do sistema de bandeiras electrónicas, que já é utilizado há vários anos na Fórmula 1, por imposição da homologação Grau II. Este é um sistema de “ecrãs” que mostra aos pilotos em vários pontos do circuito as bandeiras que estão a ser exibidas e que permite, em certas situações, dispensar os técnicos de pista deste trabalho. O orçamento para a edição deste ano é de cerca de 270 milhões de patacas. Ontem a Sociedade de Jogos de Macau entregou um cheque de patrocínio à prova de GT, com o valor de 4,6 milhões de patacas. Já a empresa da app Food4U vai patrocinar a corrida de turismo e entregou um cheque no valor de 1,9 milhões de patacas. Pun vai regressar Com a mudança de Governo, o nome de Pun Weng Kun tem sido apontado ao Instituto dos Assuntos Municipais, o que implicaria a saída do Instituto do Desporto e da presidência da Comissão Organizadora do Grande Prémio de Macau. Ontem, Pun não quis responder à questão, mas frisou que todos os membros da comissão são entusiastas da prova: “É uma pergunta muito pessoal. Não consigo responder. Acredito que todos os membros da comissão têm imenso entusiasmo para continuar a trabalhar no Grande Prémio e eu também”, disse. O coordenador reconheceu ainda que mesmo que um dia seja afastado da prova que vai continuar a assistir às corridas, como entusiasta do evento.
Hoje Macau China / ÁsiaHong Kong | Pequim critica reunião entre Joshua Wong e MNE alemão em Berlim [dropcap]O[/dropcap] activista de Hong Kong Joshua Wong reuniu-se na segunda-feira em Berlim com o ministro dos Negócios Estrangeiros alemão para pedir apoio ao movimento pró-democracia, uma reunião criticada ontem por Pequim que denunciou “desrespeito” à sua soberania. “Falei com o ministro dos Negócios Estrangeiros, Heiko Maas, sobre a situação dos protestos, a nossa causa de eleições livres e democracia em Hong Kong”, escreveu Joshua Wong na sua conta da rede social Twitter. O proeminente activista anunciou ainda que nos próximos dias terá “novas discussões com membros do Bundestag (Parlamento) alemão”. Em relação ao encontro que teve na segunda-feira com Joshua Wong, o ministro dos Negócios Estrangeiros alemão apontou, também no Twitter, que “o direito à liberdade de expressão é um princípio fundamental”. “Não pode estar sujeito a nenhuma restrição”, acrescentou. A China criticou o encontro denunciando “desrespeito” à sua soberania. “Alguns meios de comunicação e políticos alemães estão a tentar ser mais atractivos e a chamar a atenção para si mesmos, usando separatistas anti-China. (…) Fazer espectáculo político é (um método) extremamente errado”, respondeu uma das porta-vozes do Ministério dos Negócios Estrangeiros de Pequim, Hua Chunying. Quanto à acusação aos meios de comunicação, Hua Chunying estará a referir-se a uma entrevista que Joshua Wong deu ao jornal alemão Bild, na qual comparou Hong Kong com “Berlim Oriental durante a Guerra Fria” e apelou aos “alemães que lutaram pela liberdade”, nessa época. Carta a Merkel Já na semana passada, numa carta aberta publicada também no diário alemão Bild, vários líderes do movimento pró-democracia de Hong Kong, entre eles Joshua Wong, pediram à chanceler alemã, Angela Merkel, que recorde “os terrores” do regime comunista da Alemanha Oriental. “Você viveu em primeira mão os terrores de um governo ditatorial”, escreveu Wong, citado pela imprensa local. A carta tinha como objectivo que Merkel apoiasse o movimento pró-democracia do território durante a sua deslocação a Pequim, que aconteceu na semana passada. “Eu referi, durante o diálogo, que os direitos e liberdades acordados na Lei Básica [miniconstituição] de Hong Kong devem ser salvaguardados”, afirmou Merkel, durante uma conferência de imprensa com o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang. Nos últimos dias os manifestantes que lutam por eleições livres em Hong Kong têm apelado à comunidade internacional que apoie a luta pró-democracia no território. No domingo, centenas de milhares de manifestantes pró-democracia instalaram-se em frente do consulado norte-americano em Hong Kong para apelarem ao congresso dos Estados Unidos a aprovação de uma lei que exige que Washington certifique anualmente que a cidade asiática permanece com um alto grau de autonomia em relação à China continental. Se Washington concluir que o grau de autonomia está ameaçado, a cidade pode perder alguns privilégios comerciais com os Estados Unidos. Outros dos aspectos da proposta de lei é a possibilidade de congelar activos nos EUA e a proibição de entrar no país aos titulares de cargos governativos de Hong Kong que reprimam a democracia, os direitos humanos ou as liberdades dos cidadãos.
Hoje Macau China / ÁsiaHong Kong | Pequim critica reunião entre Joshua Wong e MNE alemão em Berlim [dropcap]O[/dropcap] activista de Hong Kong Joshua Wong reuniu-se na segunda-feira em Berlim com o ministro dos Negócios Estrangeiros alemão para pedir apoio ao movimento pró-democracia, uma reunião criticada ontem por Pequim que denunciou “desrespeito” à sua soberania. “Falei com o ministro dos Negócios Estrangeiros, Heiko Maas, sobre a situação dos protestos, a nossa causa de eleições livres e democracia em Hong Kong”, escreveu Joshua Wong na sua conta da rede social Twitter. O proeminente activista anunciou ainda que nos próximos dias terá “novas discussões com membros do Bundestag (Parlamento) alemão”. Em relação ao encontro que teve na segunda-feira com Joshua Wong, o ministro dos Negócios Estrangeiros alemão apontou, também no Twitter, que “o direito à liberdade de expressão é um princípio fundamental”. “Não pode estar sujeito a nenhuma restrição”, acrescentou. A China criticou o encontro denunciando “desrespeito” à sua soberania. “Alguns meios de comunicação e políticos alemães estão a tentar ser mais atractivos e a chamar a atenção para si mesmos, usando separatistas anti-China. (…) Fazer espectáculo político é (um método) extremamente errado”, respondeu uma das porta-vozes do Ministério dos Negócios Estrangeiros de Pequim, Hua Chunying. Quanto à acusação aos meios de comunicação, Hua Chunying estará a referir-se a uma entrevista que Joshua Wong deu ao jornal alemão Bild, na qual comparou Hong Kong com “Berlim Oriental durante a Guerra Fria” e apelou aos “alemães que lutaram pela liberdade”, nessa época. Carta a Merkel Já na semana passada, numa carta aberta publicada também no diário alemão Bild, vários líderes do movimento pró-democracia de Hong Kong, entre eles Joshua Wong, pediram à chanceler alemã, Angela Merkel, que recorde “os terrores” do regime comunista da Alemanha Oriental. “Você viveu em primeira mão os terrores de um governo ditatorial”, escreveu Wong, citado pela imprensa local. A carta tinha como objectivo que Merkel apoiasse o movimento pró-democracia do território durante a sua deslocação a Pequim, que aconteceu na semana passada. “Eu referi, durante o diálogo, que os direitos e liberdades acordados na Lei Básica [miniconstituição] de Hong Kong devem ser salvaguardados”, afirmou Merkel, durante uma conferência de imprensa com o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang. Nos últimos dias os manifestantes que lutam por eleições livres em Hong Kong têm apelado à comunidade internacional que apoie a luta pró-democracia no território. No domingo, centenas de milhares de manifestantes pró-democracia instalaram-se em frente do consulado norte-americano em Hong Kong para apelarem ao congresso dos Estados Unidos a aprovação de uma lei que exige que Washington certifique anualmente que a cidade asiática permanece com um alto grau de autonomia em relação à China continental. Se Washington concluir que o grau de autonomia está ameaçado, a cidade pode perder alguns privilégios comerciais com os Estados Unidos. Outros dos aspectos da proposta de lei é a possibilidade de congelar activos nos EUA e a proibição de entrar no país aos titulares de cargos governativos de Hong Kong que reprimam a democracia, os direitos humanos ou as liberdades dos cidadãos.
Andreia Sofia Silva PolíticaEnsino | Agnes Lam diz que escolas não devem temer crise de Hong Kong A deputada e professora universitária defende que se deve promover nas escolas de Macau um ensino que promova uma análise independente de questões da actualidade junto dos alunos. Para Agnes Lam, a sociedade de Macau é mais patriótica, pelo que não é necessária uma atitude demasiado temerária face aos acontecimentos de Hong Kong [dropcap]D[/dropcap]epois dos directores de algumas escolas terem referido que os estabelecimentos de ensino não devem ser espaços de debate político, devido aos últimos acontecimentos de Hong Kong, eis que a deputada Agnes Lam, que também preside à Associação Energia Cívica de Macau, veio dizer ao Jornal do Cidadão que as escolas devem promover o ensino da análise independente da actualidade junto dos estudantes. Agnes Lam disse concordar que os professores não devem levar para dentro da sala de aula as suas posições políticas, por uma questão de princípio profissional, mas defendeu que todos os professores podem ter um posicionamento político, e que tal pode ser independente da carreira docente. A deputada pensa ainda que as escolas não devem adoptar uma postura demasiado sensível ao que se está a passar em Hong Kong, por não haver o risco de cópia de posturas mais violentas. Agnes Lam disse que o sentimento de “Amar a Pátria e Amar Macau” é muito forte no território e que a sociedade não concorda com a violência que se tem registado nas ruas da antiga colónia britânica. Além disso, os pais dos alunos não estarão dispostos a discutir a situação de Hong Kong com os seus filhos, pelo que não permitir que estes procurem esclarecimento junto dos professores não é adequado. Na entrevista ao jornal de língua chinesa, Agnes Lam disse ainda que a Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) deveria permitir que os professores abordassem o assunto, de forma justa, nas aulas de educação cívica. Com ideias próprias Agnes Lam apontou que muitos alunos do ensino secundário complementar já formaram as suas próprias ideias face ao que se está a passar em Hong Kong, pelo que as autoridades não têm de se preocupar. Por outo lado, os alunos do ensino primário e do ensino secundário geral ainda apresentam algumas dúvidas, confrontando-se com questões de valor, não sabendo lidar com este assunto. “É fácil os alunos terem acesso às informações através da Internet, e deve-se dar espaço para que estes possam construir concepções diferentes (sobre o que se passa) e aprendam a fazer auto-análise”, disse. Questionada sobre a utilização de livros escolares de Hong Kong nas escolas de Macau, Agnes Lam lembrou que, em Macau, isso sempre aconteceu, e que não há necessidade de alterar essa matéria devido aos protestos. “Acham que os alunos não podem ter contacto com estes assuntos se não forem ensinados na escola? Tal como a questão da educação sexual, acham que eles não têm contacto com a matéria se os professores não os elucidarem?”, questionou. Nesse sentido, Agnes Lam acredita que os materiais didácticos de Hong Kong podem ajudar os alunos a encontrar as suas respostas, algo que é bom para o seu crescimento e para a própria sociedade. No caso de Macau, a sociedade não aceita comportamentos violentos, sendo que cada pessoa tem a sua forma de lutar pela liberdade democrática, apontou, pelo que não é necessária uma excessiva preocupação dos pais.
Andreia Sofia Silva PolíticaEnsino | Agnes Lam diz que escolas não devem temer crise de Hong Kong A deputada e professora universitária defende que se deve promover nas escolas de Macau um ensino que promova uma análise independente de questões da actualidade junto dos alunos. Para Agnes Lam, a sociedade de Macau é mais patriótica, pelo que não é necessária uma atitude demasiado temerária face aos acontecimentos de Hong Kong [dropcap]D[/dropcap]epois dos directores de algumas escolas terem referido que os estabelecimentos de ensino não devem ser espaços de debate político, devido aos últimos acontecimentos de Hong Kong, eis que a deputada Agnes Lam, que também preside à Associação Energia Cívica de Macau, veio dizer ao Jornal do Cidadão que as escolas devem promover o ensino da análise independente da actualidade junto dos estudantes. Agnes Lam disse concordar que os professores não devem levar para dentro da sala de aula as suas posições políticas, por uma questão de princípio profissional, mas defendeu que todos os professores podem ter um posicionamento político, e que tal pode ser independente da carreira docente. A deputada pensa ainda que as escolas não devem adoptar uma postura demasiado sensível ao que se está a passar em Hong Kong, por não haver o risco de cópia de posturas mais violentas. Agnes Lam disse que o sentimento de “Amar a Pátria e Amar Macau” é muito forte no território e que a sociedade não concorda com a violência que se tem registado nas ruas da antiga colónia britânica. Além disso, os pais dos alunos não estarão dispostos a discutir a situação de Hong Kong com os seus filhos, pelo que não permitir que estes procurem esclarecimento junto dos professores não é adequado. Na entrevista ao jornal de língua chinesa, Agnes Lam disse ainda que a Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) deveria permitir que os professores abordassem o assunto, de forma justa, nas aulas de educação cívica. Com ideias próprias Agnes Lam apontou que muitos alunos do ensino secundário complementar já formaram as suas próprias ideias face ao que se está a passar em Hong Kong, pelo que as autoridades não têm de se preocupar. Por outo lado, os alunos do ensino primário e do ensino secundário geral ainda apresentam algumas dúvidas, confrontando-se com questões de valor, não sabendo lidar com este assunto. “É fácil os alunos terem acesso às informações através da Internet, e deve-se dar espaço para que estes possam construir concepções diferentes (sobre o que se passa) e aprendam a fazer auto-análise”, disse. Questionada sobre a utilização de livros escolares de Hong Kong nas escolas de Macau, Agnes Lam lembrou que, em Macau, isso sempre aconteceu, e que não há necessidade de alterar essa matéria devido aos protestos. “Acham que os alunos não podem ter contacto com estes assuntos se não forem ensinados na escola? Tal como a questão da educação sexual, acham que eles não têm contacto com a matéria se os professores não os elucidarem?”, questionou. Nesse sentido, Agnes Lam acredita que os materiais didácticos de Hong Kong podem ajudar os alunos a encontrar as suas respostas, algo que é bom para o seu crescimento e para a própria sociedade. No caso de Macau, a sociedade não aceita comportamentos violentos, sendo que cada pessoa tem a sua forma de lutar pela liberdade democrática, apontou, pelo que não é necessária uma excessiva preocupação dos pais.
Hoje Macau China / Ásia MancheteAlunos de Hong Kong formam cordão humano solidário com movimento pró-democracia [dropcap]M[/dropcap]ilhares de estudantes formaram hoje um cordão humano em várias escolas de Hong Kong em solidariedade para com os manifestantes pró-democracia, após mais um fim de semana marcado por violentos confrontos. O protesto silencioso dos estudantes é promovido após o Governo de Hong Kong condenar o “comportamento ilegal de manifestantes radicais” e alertar os governos estrangeiros a “não interferirem de forma alguma nos assuntos internos” da região administrativa especial chinesa. Milhares de manifestantes promoveram uma marcha pacífica no domingo até ao Consulado dos EUA para pedirem o apoio de Washington, mas a violência, à semelhança do que aconteceu ao longo de todo o verão, acabou por eclodir mais tarde. Alguns jovens vandalizaram estações de metro, foram responsáveis por vários focos de incêndio no centro da cidade e bloquearam o tráfego, levando a polícia a disparar gás lacrimogéneo e a realizar cargas policiais para dispersar os manifestantes. O Governo de Hong Kong anunciou na semana passada a retirada formal das emendas à polémica lei da extradição que esteve na base da contestação social desde o início de Junho. Contudo, os manifestantes continuam a exigir que o Governo responda a quatro outras reivindicações: a libertação dos manifestantes detidos, que as acções dos protestos não sejam identificadas como motins, um inquérito independente à violência policial e, finalmente, a demissão da chefe de Governo e consequente eleição por sufrágio universal para este cargo e para o Conselho Legislativo. Venezuela condena protestos O Governo venezuelano condenou no domingo os protestos pró-democracia em Hong Kong, dizendo que foram promovidos por interesses estrangeiros, e solidarizou-se com a China e as suas instituições nos esforços para se garantir a tranquilidade pública. “A República Bolivariana da Venezuela expressa o seu mais enérgico repúdio aos factos de violência que durante as últimas semanas se têm gerado na Região Administrativa Especial de Hong Kong, acontecimentos abertamente promovidos por interesses estrangeiros, com o objectivo de lesar a ordem interna, a segurança pública e a integridade territorial da República Popular da China”, explica-se no comunicado. No documento, divulgado pelo Ministério de Relações Exteriores venezuelano explica-se que a Venezuela registou “eventos análogos induzidos a partir do estrangeiro no seu próprio território, durante os anos 2014 e 2017”, quando se verificaram grandes manifestações de contestação ao regime. “A Venezuela alerta a comunidade internacional sobre a repetição em Hong Kong de um padrão semelhante, que se executa através da promoção de manifestações violentas e actos de vandalismo que atentam contra a vida, a estabilidade e os bens públicos e privados, pretendendo alterar a paz e as leis da República Popular da China”, afirma-se. No documento pode ainda ler-se que o Governo venezuelano “se solidariza com o povo chinês e as suas instituições, e apoia os esforços que as autoridades nacionais e locais realizam para manter a tranquilidade pública e a paz, com a certeza de que uma vez mais triunfará a unidade, o patriotismo e a dignidade da grande nação chinesa, contras as ambições imperialistas de ontem e de hoje”.
Tânia dos Santos Sexanálise VozesHong Kong e o Corpo do Protesto [dropcap]H[/dropcap]ong Kong passa um Verão de profundo descontentamento. Para além dos argumentos pró-democracia e as tensões associadas a um plano (aparentemente simples) de um país, dois sistemas, outras tensões têm surgido. As tensões do sexo e do género são invariavelmente transversais a tudo. A 28 de Agosto dezenas de milhar de protestantes juntaram-se em Hong Kong para reivindicar direitos humanos básicos que o uso do corpo no protesto parece não pressupor. Dois casos de violência sexual foram divulgados no contexto do descontentamento popular pelo regime. A vulnerabilidade dos corpos tidos como femininos tem sido amplamente discutida num lugar onde as mulheres (jovens) são tidas como materialistas e dependentes, mas que agora têm mostrado novas formas de feminilidade. Um dos acontecimentos que despoletou esta discussão foi a da alegada violência sexual pela polícia, por terem avançado com a busca completa a uma mulher que tinha sido detida. Despiram-na e exigiram avaliar todos os seus recantos à procura de… não se sabe bem de quê. O caso veio a público por ela, que se quis esconder no anonimato. Este episódio tão particularizado mostra a humilhação a que os corpos e as mentes estão sujeitos quando nos vemos confrontados com a autoridade. Não se sabe se haverá outros casos assim – de abuso de poder e de completo desrespeito pela dignidade do corpo e do sexo do outro. Momentos de crise, e este em particular, vêem o materializar de representações que subtilmente existiam, de ideias liberais, democráticas – e do género, de como este é performado e contestado. Não é por acaso que este episódio tenha gerado tanta insatisfação. As protestantes estavam sedentas por pôr na agenda a preocupação que é a normalização da violência sexual contra as mulheres. Que não se cinge à arena do protesto citadino e policial, mas também nas redes sociais, onde mulheres têm sido atacadas pelos chamados ‘trolls pró-Beijing’. O nível de discussão digital atinge níveis patéticos, com a constante humilhação sobre o significado de mulher e uma total ausência de discussão ideológica (que as ideias pró-democracia em conflito com o socialismo com características chinesas poderiam supor). O movimento global recente do #metoo serviu de inspiração para o novo movimento de igualdade de género em protesto – #protestoo. Tal como se estão a importar os valores democráticos, este é só mais um pacote de ideias. Mais um sintoma de como certos ideais se estão a universalizar e a serem homogeneizados. Só que exportar ideais liberais e até direitos humanos como máximas universais pode induzir à falsa crença que estes são de ‘um tamanho e que cabem a todos’. O que pode não ser verdade. Acho que a história do imperialismo americano tem sido muito esclarecedora de como a homogeneização ideológica global só pode acabar mal. Talvez toda esta situação de Hong Kong seja demasiado complexa e não haja uma solução milagrosa para resolver o descontentamento popular – seja na luta do género ou no estabelecimento de ideais democráticos (que bem sabemos que pelo mundo fora, estão pela hora da morte). Receio que estejamos perante uma tentativa de exaltação de ideais (neo)liberais de forma acrítica e assimiladora, mesmo que mascarados por valores incontornáveis como os dos direitos humanos. A luta popular é sempre admirável e não acredito que o progresso possa existir sem discussão ou confronto. Fica para sempre a questão de como a revolução política e social pode ser eficaz em tempos de globalização e homogeneização.
João Santos Filipe Manchete PolíticaManifestação | Wong Sio Chak defende que condenação da Polícia de Hong Kong é ilegal Difamação, apoio de acções ilegais e uma manifestação contrária à opinião da maioria da população de Macau. Foram estes os pressupostos assumidos por Wong Sio Chak para justificar a recusa do pedido de manifestação que condenava a acção das autoridades de Hong Kong [dropcap]O[/dropcap] secretário para a Segurança utilizou ontem “três problemas” para justificar a recusa do Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP) face à manifestação de 19 de Agosto, que pretendia condenar a actuação da polícia de Hong Kong em relação à onda de protestos que decorre no território vizinho. Na primeira vez que abordou publicamente o tema, Wong Sio Chak falou durante quase duas horas e defendeu por várias vezes que o CPSP actuou “de acordo com a lei”, que na RAEM “não existe censura política” e que as autoridades têm de garantir a “tranquilidade e ordem públicas” A explicação do secretário assentou principalmente no facto da CPSP entender que a manifestação promovia “fins contrários à lei”, o que é proibido pelo segundo artigo da Lei de Reunião e de Manifestação. “Quem aproveitar este tema [de condenação da Polícia de HK] para organizar uma manifestação em Macau está a abusar do direito [de reunião e manifestação], porque este tema pode fazer três problemas”, começou por dizer o secretário. “Primeiro, o tema constitui já directamente o pressuposto de que ‘a Polícia de Hong Kong usou força excessiva’. Assim, suspeita-se que esta actividade possui natureza de difamação com grave provocação e ofensa e, portanto, já é ilegal em si”, sustentou. Sobre o segundo problema da manifestação, Wong Sio Chak citou mesmo o presidente da Associação dos Advogados de Macau, Neto Valente: “O tema [da manifestação] constitui também indirectamente um outro pressuposto, de que a manifestação organizada pelos protestantes de Hong Kong é legal. Esta mensagem importante pode virar-se para o apoio das actividades ilegais e criminosas da parte dos protestantes de Hong Kong, o que a Lei de Macau não permite”, justificou. “Esta visão é consentida e reconhecida pelo experiente advogado de nacionalidade portuguesa em Macau”, acrescentou, explicando que se estava a referir a Neto Valente. Dos contrários Além dos pontos mencionados, Wong Sio Chak revelou que na decisão pesou igualmente o facto da maioria da população de Macau ter pontos de vista contrários aos dos residentes de Hong Kong, o que poderia causar tensões. “Os pontos de vista entre parte dos residentes de Hong Kong e a maior parte dos residentes de Macau são totalmente contrários, por conseguinte, se deixássemos realizar a respectiva actividade, previam-se confrontos e contra-manifestações”, explicou. “O Governo e os cidadãos de Macau não esperam que na sociedade de Macau apareçam graves oposições, ou até situações de confronto e de grave divisão”, acrescentou. Por outro lado, o secretário para a Segurança considerou que as autoridades de Hong Kong tem agido dentro da legalidade e citou as decisões dos tribunais da RAEHK. “O que se sabia até ao momento da decisão do CPSP é que não havia qualquer instituição de Hong Kong competente ou fiscalizadora (Independent Police Complaints Council ou Tribunal) que prove ou reconheça que a Polícia de Hong Kong tenha usado força excessiva”, afirmou. “Mas, ao contrário, o Tribunal de Hong Kong já proferiu decisões judiciais, nomeadamente a aplicação aos suspeitos criminosos e protestantes detidos de rejeição de liberdade sob fiança, a prisão preventiva até ao julgamento, emissão de ordem de proibição provisória de reuniões nas zonas relevantes do aeroporto, entre outras”, frisou. Amigo Neto Valente No passado, o presidente da Associação dos Advogados de Macau, Neto Valente, deixou criticas às forças de segurança, nomeadamente devido ao sistema de câmaras de videovigilância. Essas criticas foram posteriormente recusadas por Wong Sio Chak, que ontem até citou aquele que considerou “um amigo de longa data”. Contudo, o secretária para a Segurança recusou a ideia de citar o seu “amigo” apenas pelo facto deste concordar com a posição do CPSP: “Somos bons amigos. Desta vez citei-o, mas isso não se deve apenas ao facto de ele apoiar as acções da polícia. […] O Sr. Neto Valente participou na discussão da lei [de Reunião e Manifestação]”, clarificou. Sobre a decisão do CPSP, Wong citou ainda interpretações do académico português José Ferreira de Oliveira, que defende que para recusar uma manifestação é preciso ter em conta factores como os “fins da manifestação, massagens transmitidas para o exterior, tempo e espaço da realização, bem como a forte previsão da influência para a ordem pública da manifestação”. O secretário disse ainda que há casos de manifestações proibidas em Portugal, sem dar exemplos, limitando-se a dizer que estes podem ser encontrados online.
João Santos Filipe Manchete PolíticaManifestação | Wong Sio Chak defende que condenação da Polícia de Hong Kong é ilegal Difamação, apoio de acções ilegais e uma manifestação contrária à opinião da maioria da população de Macau. Foram estes os pressupostos assumidos por Wong Sio Chak para justificar a recusa do pedido de manifestação que condenava a acção das autoridades de Hong Kong [dropcap]O[/dropcap] secretário para a Segurança utilizou ontem “três problemas” para justificar a recusa do Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP) face à manifestação de 19 de Agosto, que pretendia condenar a actuação da polícia de Hong Kong em relação à onda de protestos que decorre no território vizinho. Na primeira vez que abordou publicamente o tema, Wong Sio Chak falou durante quase duas horas e defendeu por várias vezes que o CPSP actuou “de acordo com a lei”, que na RAEM “não existe censura política” e que as autoridades têm de garantir a “tranquilidade e ordem públicas” A explicação do secretário assentou principalmente no facto da CPSP entender que a manifestação promovia “fins contrários à lei”, o que é proibido pelo segundo artigo da Lei de Reunião e de Manifestação. “Quem aproveitar este tema [de condenação da Polícia de HK] para organizar uma manifestação em Macau está a abusar do direito [de reunião e manifestação], porque este tema pode fazer três problemas”, começou por dizer o secretário. “Primeiro, o tema constitui já directamente o pressuposto de que ‘a Polícia de Hong Kong usou força excessiva’. Assim, suspeita-se que esta actividade possui natureza de difamação com grave provocação e ofensa e, portanto, já é ilegal em si”, sustentou. Sobre o segundo problema da manifestação, Wong Sio Chak citou mesmo o presidente da Associação dos Advogados de Macau, Neto Valente: “O tema [da manifestação] constitui também indirectamente um outro pressuposto, de que a manifestação organizada pelos protestantes de Hong Kong é legal. Esta mensagem importante pode virar-se para o apoio das actividades ilegais e criminosas da parte dos protestantes de Hong Kong, o que a Lei de Macau não permite”, justificou. “Esta visão é consentida e reconhecida pelo experiente advogado de nacionalidade portuguesa em Macau”, acrescentou, explicando que se estava a referir a Neto Valente. Dos contrários Além dos pontos mencionados, Wong Sio Chak revelou que na decisão pesou igualmente o facto da maioria da população de Macau ter pontos de vista contrários aos dos residentes de Hong Kong, o que poderia causar tensões. “Os pontos de vista entre parte dos residentes de Hong Kong e a maior parte dos residentes de Macau são totalmente contrários, por conseguinte, se deixássemos realizar a respectiva actividade, previam-se confrontos e contra-manifestações”, explicou. “O Governo e os cidadãos de Macau não esperam que na sociedade de Macau apareçam graves oposições, ou até situações de confronto e de grave divisão”, acrescentou. Por outro lado, o secretário para a Segurança considerou que as autoridades de Hong Kong tem agido dentro da legalidade e citou as decisões dos tribunais da RAEHK. “O que se sabia até ao momento da decisão do CPSP é que não havia qualquer instituição de Hong Kong competente ou fiscalizadora (Independent Police Complaints Council ou Tribunal) que prove ou reconheça que a Polícia de Hong Kong tenha usado força excessiva”, afirmou. “Mas, ao contrário, o Tribunal de Hong Kong já proferiu decisões judiciais, nomeadamente a aplicação aos suspeitos criminosos e protestantes detidos de rejeição de liberdade sob fiança, a prisão preventiva até ao julgamento, emissão de ordem de proibição provisória de reuniões nas zonas relevantes do aeroporto, entre outras”, frisou. Amigo Neto Valente No passado, o presidente da Associação dos Advogados de Macau, Neto Valente, deixou criticas às forças de segurança, nomeadamente devido ao sistema de câmaras de videovigilância. Essas criticas foram posteriormente recusadas por Wong Sio Chak, que ontem até citou aquele que considerou “um amigo de longa data”. Contudo, o secretária para a Segurança recusou a ideia de citar o seu “amigo” apenas pelo facto deste concordar com a posição do CPSP: “Somos bons amigos. Desta vez citei-o, mas isso não se deve apenas ao facto de ele apoiar as acções da polícia. […] O Sr. Neto Valente participou na discussão da lei [de Reunião e Manifestação]”, clarificou. Sobre a decisão do CPSP, Wong citou ainda interpretações do académico português José Ferreira de Oliveira, que defende que para recusar uma manifestação é preciso ter em conta factores como os “fins da manifestação, massagens transmitidas para o exterior, tempo e espaço da realização, bem como a forte previsão da influência para a ordem pública da manifestação”. O secretário disse ainda que há casos de manifestações proibidas em Portugal, sem dar exemplos, limitando-se a dizer que estes podem ser encontrados online.