Obras nocturnas para acelerar trabalhos da Praia Grande

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]s obras de pavimentação das vias públicas no centro da cidade vão ser realizadas também à noite de modo a diminuir os efeitos da construção. A informação é dada pelo Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), que adianta que a partir da próxima terça-feira, e durante três dias consecutivos, as obras de repavimentação das vias que fazem a junção da Avenida da Praia Grande com a Almeida Ribeiro vão acontecer à noite.
Para diminuir a perturbação que possa gerar ao público, o IACM decide realizar a pavimentação das vias públicas às horas mais calmas que acontecem durante a noite e os trabalhos vão preencher o horário compreendido entre as 20h00 e as 6h00 da manhã seguinte. A empresa encarregue da empreitada já foi informada desta medida e foi-lhe também exigido que acabe depressa com as obras que possam produzir ruído mais forte. A empresa também tem na sua alçada a responsabilidade de recuperar as condições de trânsito antes das seis da manhã.
A decisão de ocupar a noite com as obras foi feita de modo a equilibrar o movimento com a passagem de transportes públicos, a vida do quotidiano da população e ainda para evitar mais problemas provocados por sucessivos condicionamentos provisórios ao trânsito.
O IACM está ainda a realizar repavimentações a outras vias adjacentes e o tempo total dos trabalhos está previsto para 20 dias úteis. Durante a execução das obras, o movimento do tráfego estará condicionado com a proibição de movimento de veículos nas vias atingidas, bem como nas adjacentes. Neste momento estão a ser levadas a cabo cerca de 99 obras nas vias da cidade e que têm sido alvo de críticas por parte dos residentes. O Conselho Consultivo do Trânsito revelou ainda que “é impossível terminar algumas das obras de grande escala antes do final das férias de Verão”.

19 Ago 2016

Governo adjudica empreitada a empresa de Judas Ung

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]s residências de Santa Sancha vão ser remodeladas pela Companhia de Construção Vantagem. O anúncio foi ontem publicado em Boletim Oficial, num despacho assinado por Chui Sai On, Chefe do Executivo.
As obras dizem respeito à concepção de um projecto e remodelação do complexo residencial dos Secretários, parte do palácio. No total, o Executivo vai pagar mais de 54,1 milhões de patacas pela empreitada, que chega depois de um processo de consulta a diferentes empresas e de diversas outras obras feitas no Palácio de Santa Sancha por uma outra empresa cujo administrador é o mesmo que o da Companhia de Construção Vantagem: Judas Ung.
Em 2015, o Chefe do Executivo autorizou também a celebração de um contrato obras de remodelação das residências governamentais na Rua do Miradouro de Santa Sancha. Estas foram feitas pela empresa Judas Ung E.I., a quem foram pagos 29,9 milhões de patacas. A empresa esteve ainda envolvida em obras de melhoria dos aparelhos de ar condicionado da sede do Governo, em Maio e em Setembro de 2013, e em pinturas das paredes exteriores do palácio. Já em 2010, a empresa foi responsável pelo Projecto de Teste de um Sistema de Energia Solar Fotovoltaica, na Imprensa Oficial. Em 2000, o próprio Judas Ung ficou com a remodelação do edifício da Assembleia Legislativa, que voltou a ter em mãos quatro anos depois para “renovação e reparação”.
Já a Companhia Vantagem recebeu, em 2010, a adjudicação da concepção e construção da Unidade de Cuidados Intensivos Pediátricos, que foi paga em 15,3 milhões de patacas pelos serviços.
A Vantagem pertence, ao que o HM apurou, a Judas Ung e a Ung Su Fan, dois empresários da construção civil. Pelas obras, a empresa é paga em dois anos, sendo que recebe 15 milhões agora e 39 milhões em 2017.

9 Ago 2016

Ruído | Sugeridas obras nocturnas para aumentar eficácia

Uma revisão à Lei de Ruído para permitir obras que “não sejam ruidosas” durante a noite é pedida por Lee Hay Ip, engenheiro. Mas há quem considere que basta uma melhor utilização das horas diurnas para que Macau veja algumas das obras terminadas

[dropcap style=’circle’]L[/dropcap]ee Hay Ip, Presidente da Associação de Engenharia Geotécnica, diz que a chave para que as obras nas vias públicas não se arrastem por vários meses é permitir que aquelas que produzam um nível baixo de ruído possam ser feitas à noite. Em declarações ao Jornal Ou Mun, o engenheiro criticou a actual Lei de Prevenção e Controlo do Ruído Ambiental, que limita as obras a serem feitas apenas durante o dia. O responsável sugere que obras de repavimentação e de compactação das superfícies das vias possam ser feitas também à noite, porque não fazem barulho e porque, assim, consegue reduzir-se em 30% o prazo de execução.
“Quase não existe um lugar no mundo que não permita a pavimentação da estrada à noite. Macau é realmente especial”, disse, criticando também o que considera ser uma lei rígida face ao controlo do ruído, que “faz com que os obras que originalmente sejam benéficas à vida civil acabem por ser prejudiciais ao interesse público”.
A Lei do Ruído já permite que existam obras a ser feitas à noite, tal como acontece com o metro ligeiro, em alguns locais. Mas a isenção tem de ser autorizada, algo com que Lee Hay Ip não concorda.
“O problema é que a autoridade está na mão do Chefe do Executivo e o processo de aprovação demora muito tempo. Existe também a possibilidade de ser rejeitado. Basicamente ninguém vai solicitar”, refere, mencionando que em Hong Kong também se está a executar esta lei, permitindo a isenção, “o que é mais razoável e pode facilitar o processo”.
Lam U Tou, secretário da Associação Choi In Tong Sam da Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), diz não ser preciso a revisão da lei e discorda que o pedido ao Chefe do Executivo demore muito. Lam U Tou diz mesmo que as actuais queixas vêm sobretudo da baixa eficiência da execução de obras durante o dia, porque “as horas não são bem geridas”.
A Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) disse recentemente que neste momento estão a ser realizadas cerca de cem obras nas vias do território, sendo que uma parte não conseguirá ser concluída até ao fim do Verão.

*por Angela Ka

Cotai em trabalhos

A Estrada Flor de Lótus vai ser alvo de obras no próximo ano. O anúncio foi feito pela Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), que explica que a área do local da obra é de aproximadamente de 58 mil m2, destinando-se cerca de 4300m2 a zonas verdes, cerca de 20 mil m2 a passeios e cerca de 33.700m2 a faixas de rodagem. A obra incluirá arruamentos e redes de drenagem e prevê-se que tenha início no primeiro trimestre do próximo ano. “Uma vez que a obra se localiza dentro de um terreno que foi novamente aterrado, situado junto da Estrada Flor de Lótus, o trânsito das vias públicas periféricas não será afectado. Prevê-se que o prazo de execução da obra seja de cerca de 780 dias úteis, o mais tardar”, refere a DSSOPT em comunicado. O comprimento total da via é aproximadamente de 1800 metros e nela caberão quatro faixas de rodagem nos dois sentidos, sendo que as partes laterais serão passeios com lugares de estacionamento.

Parque nos NAPE

A DSSOPT vai fazer obras de nivelamento numa zona dos NAPE, situada entre a Ponte Governador Nobre de Carvalho e o Centro Ecuménico Kum Iam, onde vai ser ainda instalado um sistema de iluminação destinado à zona provisória para estacionamento de veículos automóveis. Actualmente estão a realizar-se trabalhos preliminares relativos ao planeamento de várias infra-estruturas públicas nos terrenos, mas antes do início da construção, “e para racionalizar o uso dos solos” o terreno vai servir como uma zona provisória para estacionamento de autocarros e veículos automóveis pesados. A DSSOPT vai, por isso, proceder a obras de nivelamento do terreno e de pavimentação da via.

Terminal com novas rampas

O Terminal Marítimo do Porto Exterior, que dispõe de seis rampas para embarque e desembarque de passageiros, vai ser alvo de substituição no primeiro trimestre do próximo ano. As seis novas rampas são constituídas por materiais anti-derrapantes, abrigos de chuva, ventilação e iluminação.

1 Ago 2016

Lou Kao | IC ainda “avalia causa” do acidente. Responsabilidades por apurar

A empresa de Engenharia Soi Kun tem de limpar os estragos que fez na Casa de Lou Kao, mas o Instituto Cultural (IC) ainda não sabe se esta vai ou não pagar os danos infligidos no património

[dropcap style=’circle’]N[/dropcap]uma resposta ao HM, o IC diz que já avisou a Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes, no dia do incidente, “para suspender a obra no local”. Actualmente, o Instituto e a direcção dizem estar a exigir ao construtor, cuja empresa é do deputado Mak Soi Kun, a “tomada de medidas de urgência”, de forma a que sejam limpos os “azulejos e lama” que caíram no local classificado.
A ideia, contudo, passa por “assegurar a segurança da Casa de Lou Kao”, sendo que os trabalhos de limpeza “são da responsabilidade do construtor”. No entanto, o IC desconhece quanto tempo e quanto dinheiro vai custar a reparação, bem como se Mak Soi Kun terá de pagar por ela.
 “O IC vai verificar a situação da  Casa de Lou Kao junto com a DSSOPT, sob as condições actuais e vai elaborar um plano de reparação avançado. Na fase actual não conseguimos prever o montante necessário e a causa do acidente está ainda a ser investigada, pelo que não há conclusão final”, pode ler-se na resposta ao HM.

A planta não engana

No local vai ser construído um centro comercial com cinco pisos e foi desta obra que saiu o objecto que danificou paredes e janelas da Casa de Lou Kau, no início do mês. Ao que o HM apurou, a dona da obra é uma empresa de Hong Kong, sendo uma companhia do deputado Mak Soi Kun quem está responsável pela construção do prédio. Este foi ontem questionado sobre a responsabilidade face aos estragos provocados no património, mas esquivou-se à pergunta. Seja como for, a Planta de Condições Urbanísticas não engana: a construtora é responsável pela manutenção do imóvel protegido.
“A tipologia arquitectónica e/ou obras de qualquer natureza [neste local] têm de garantir a absoluta manutenção das condições de estabilidade e protecção da (…) Casa de Lou Kao, não sendo permitido quaisquer intervenções que possam causar efeitos de erosão do solo, não sendo admitidos efeitos adversos sobre as fundações, estrutura ou arquitectura deste edifício classificado.”
Também a licença da obra indica que este fica numa zona protegida de Macau e o local está – de acordo com a planta – “titulado pela Lei de Salvaguarda do Património Cultural”. Isso significa que, em caso de danos a bens ou imóveis classificados, os responsáveis têm de pagar sanções.
Também Mak Soi Kun foi questionado sobre a responsabilidade no caso. A resposta do deputado? “A sociedade não pode apenas focar-se apenas num ponto, mas olhar para questões de forma completa. É preciso resolver os problemas na fonte. Em Macau muitos edifícios antigos não são reparados e o Governo deve tomar medidas preventivas, fazendo inspecção aos prédios de forma obrigatória.”

19 Fev 2016

Saúde | Governo continua sem saber orçamento e prazos para novo hospital

Tanto o Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura como o director dos Serviços de Saúde afirmam não ter conhecimento do orçamento para o novo hospital nem da data de conclusão. As Obras Públicas remetem explicações para o GDI, que afirma ter recebido apenas partes de projectos e de necessitar de tempo para avaliações e pareceres técnicos. Os SS comprometem-se a entregar tudo até Janeiro

[dropcap style=’cricle’]E[/dropcap]m 2012 coube aos Serviços de Saúde (SS) anunciar as datas para a conclusão do novo Complexo de Cuidados de Saúde das Ilhas, bem como uma previsão de orçamento: dez mil milhões de patacas. Anos depois, o Governo continua sem saber ao certo quanto custará o novo hospital do território nem quando poderá ficar concluído. Em conferência de imprensa, Alexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, disse desconhecer os novos detalhes do projecto.
“Isso não depende de nós, mas do Gabinete para o Desenvolvimento de Infra-estruturas (GDI). Os SS são apenas utilizadores e não sabemos o andamento da obra e a data de construção. O projecto já foi entregue ao GDI. Nós todos somos utilizadores e não somos nós que vamos construir”, referiu Alexis Tam.
Lei Chin Ion, director dos SS, garantiu que o GDI “está na fase de apreciação” dos projectos. “[O projecto do novo hospital] terá de passar por vários departamentos e depois vai ser realizado o concurso público. Tudo está dependente da realização do concurso público por parte do GDI, tal como o custo e o prazo de entrega”, explicou.
O HM contactou a tutela dos Transportes e Obras Públicas no sentido de saber mais detalhes sobre o orçamento, mas o Secretário Raimundo do Rosário remeteu explicações ao GDI. Em resposta ao HM, o organismo garantiu que, afinal, “até à data foram submetidos parte dos projectos” pelos SS.
“Os projectos [de fundações] do Instituto de Enfermagem e do Edifício Residencial para Trabalhadores foram submetidos no quarto trimestre de 2014 e no segundo trimestre de 2015 iniciaram-se os respectivos trabalhos de construção de fundações. No segundo trimestre de 2015, recebemos os projectos de fundações do Hospital Geral e do Edifício de Apoio Logístico e também do Edifício de Administração e Multi-Serviços e estima-se iniciar os respectivos trabalhos de construção [destas fundações] no final do corrente ano”, começa por dizer o organismo. Só no segundo e terceiros trimestres deste ano é que o Gabinete recebeu “parte dos projectos de super-estrutura dos edifícios” do Instituto de Enfermagem, do Edifício Residencial para Trabalhadores, do Hospital Geral e do Edifício de Apoio Logístico.
Ontem, contudo, os SS admitiram querer entregar GDI, até Janeiro, todos os projectos que ainda faltam relativamente à construção do Hospital. Só aí poderá haver avanços.
“A entrega será em Janeiro do próximo ano ao GDI para abertura do concurso público [para construção]”, disse o director dos SS, Lei Chin Ion.

Um grande bico de obra

Indicando que a obra tem 77 mil metros quadrados e é constituída por sete edifícios, praça, passagens superiores, vias rodoviárias e infra-estruturas de apoio, o GDI diz que o projecto é “de grande escala”, necessitando sempre de pareceres técnicos.
Neste momento, o gabinete conta então com “parte dos projectos dos edifícios”, sendo que cada um “necessita de passar por um processo de avaliação em que é necessário recolher pareceres técnicos de mais de dez entidades”. Os SS dizem que “[a maioria dos serviços competentes] entregou parecer dentro de um mês”, como disse Lei Chin Ion, que destaca que cada uma destas fases costuma demorar, em média, meio ano.
Após a avaliação há ajustamentos e só depois “quando se encontrarem reunidas as condições necessárias”, o Gabinete dará início ao concurso público para a construção.

Orçamento a subir

Em Janeiro deste ano, os SS anunciaram que o orçamento global iria ser conhecido após meados deste ano, confirmando que as obras poderão estar concluídas em 2017, com excepção do hospital de reabilitação.
Lei Chin Ion deu ainda a entender que o orçamento para o novo hospital pode vir a ser superior a dez mil milhões de patacas, à semelhança do que já tinha sido afirmado em Janeiro. “O preço de 2012 é diferente, já foi actualizado e já tem versões diferentes. O orçamento depende dos materiais que são usados no edifício e que serão aprovados, só teremos um orçamento mais concreto depois da abertura do concurso. O montante apresentado anteriormente é diferente.”
A conferência de imprensa decorreu depois de Alexis Tam ter visitado as instalações do futuro Centro de Saúde Pública em Coloane, destinado ao tratamento de doenças infecciosas, bem como o serviço de Psiquiatria na Taipa e o novo alojamento para trabalhadores de emergência (ver textos secundários).

12 Out 2015

Metro | Problemas no solo param obra. Construtora sabia da questão. Governo lança novo concurso público

O Governo sempre soube. O solo que recebe o parque e oficina do metro ligeiro da Taipa não aguenta a construção e a razão é simples: lodo e entulho fazem com que o mesmo se movimente. A construtora foi avisada, mas optou por nada fazer. Agora, resta esperar e ver milhões de patacas a sair dos cofres constantemente

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]história é novidade para alguns e uma certeza para muitos. O terreno apontado para a construção do parque de materiais e oficina do metro ligeiro da Taipa não reúne as condições para receber a construção. A razão é simples: uma grande percentagem do solo é lodo e há muito entulho. Componentes estas que proporcionam o movimento do próprio solo, não permitindo a fixação das estacas que servem como base a qualquer construção.
“A obra está parada por esta razão”, assim começa por contar ao HM fonte ligada ao projecto. São cerca de 300 estacas que estão em causa e todas elas, diz, estão neste momento a apresentar um movimento de quase dois metros para cada lado. “Isto não pode acontecer, não se pode construir nada sem que as estacas estejam fixas”, continua.
Um exemplo simples para se perceber o que acontece às estacas é pensar num lápis dentro de um copo de água: a qualquer movimento a água mexe, movendo consigo o lápis.

Um problema desde sempre

A fragilidade do solo foi, desde o início do projecto, um dado adquirido. “O projecto contemplava esta questão, a construtora sabia que existia este problema”, adianta a fonte, mas, ainda assim, a obra continuou sem que nada se resolvesse.
De forma simplificada, como explica o arquitecto Francisco Vizeu Pinheiro – apesar de não estar envolvido no projecto – o edifício, neste caso a oficina do metro ligeiro, apoia-se numa base e “essa base apoia-se em estacas”. O número de estacas e a necessidade das mesmas depende do tipo de solo. “No caso de Macau, depende das zonas, mas por exemplo na zona do Cotai, que antigamente era água, o solo é formado por lodos, portanto é uma superfície muito instável”, explica. “A forma mais segura é levar as estacas até à chamada rocha mãe [Bed Rock]”, conta. Mas há ainda a hipótese da estaca se fixar por atrito, não tendo necessidade de chegar até à rocha mãe.
Com a obra parada, neste momento, as estacas em causa estão a mais de 70 metros de profundidade, mas ainda assim continuam a mover-se. “É preciso clarificar que existe solução para este problema”, refere a fonte que fala com o HM.
“É preciso fazer estudos geológicos porque se a [rocha mãe] estiver num nível extremamente profundo, os técnicos terão de ver caso a caso”, explica também Vizeu Pinheiro. “O metro tem de estar num suporte de rocha, porque é um peso que está em movimento, apoiado num solo que não é estável. Há sempre margens de segurança, mas têm de ser feitos estudos com amostra do terreno da zona da construção para elaborar um modelo do terreno e ver como o edifício se comporta nesse mesmo terreno. Isto permite ter uma referência”, indica.

Segurança é precisa

Vizeu Pinheiro explica ainda que, se as estacas que não estão fixas, podem “afectar o edifício em diferentes maneiras”. “Uma das mais conhecida é a Torre de Pisa, em que há um desequilíbrio na sua verticalidade, outra maneira é existirem rachas na estrutura. Isto não é novo em Macau. Aconteceu em outros casos. Tudo depende da qualidade da construção, da qualidade do projecto”, esclarece.
Para o engenheiro civil Manuel Catarino em Engenharia tudo é possível e tudo se faz. Mas para isso é preciso dinheiro, claro, e quanto mais, mais se faz. “Agora o que se faz é redimensionar, fazer o desenho todo outra vez e ver se dá para aproveitar o que já foi construído. Para ser viável tem de se aproveitar”, explicou.
Importante será referir, diz fonte próxima à construção, que a maior preocupação são os movimentos dos lodos. É preciso, diz, nesta fase do projecto construir um “bloco que una as estacas, passando a funcionar como um conjunto, uma grelha, e não individualmente”. Este detalhe iria “assegurar a construção no seu todo”. Mas também, acrescenta, é preciso vontade do Governo e que uma nova construtora assuma um erro que foi cometido inicialmente. Situação “altamente delicada”.

Tempo é dinheiro

Durante a apresentação da Linhas de Acção Governativa (LAG), Raimundo do Rosário, o Secretário dos Transportes e Obras Públicas (DSSOPT), não conseguiu apresentar um calendário de trabalho da construção em causa, muito menos apresentar o montante orçamento, incluindo as constantes derrapagens orçamentais.
“Apesar das pessoas acharem que não, a questão do solo e do seu movimento pode ser ultrapassada (…). O grande problema neste momento é a obra estar parada, isso implica gastos, perde-se muito dinheiro, todos os dias”, explicou a fonte ao HM.
O problema que está a fazer o Governo perder milhões, poderia, diz, ter sido evitado, até porque o projecto inicial previa a necessidade de garantir o equilíbrio das estacas. “Os desentendimentos entre o Governo e a construtora, em que a própria não teve isto em atenção, levaram a que a obra parasse. Enquanto eles não se entenderem a obra não avança e o dinheiro está a ser gasto, a cada dia que passa”, remata.
Questionada pelo HM, a empresa de construção Top Builders, processada pelo Governo, recusou-se a prestar declarações.

Governo garante novo concurso público

Em resposta ao HM, o Gabinete para as Infra-Estruturas (GIT) garantiu que depois de resolvida a negociação com a empreiteiro irá lançar novamente um concurso público. Para o efeito, o Governo explica que já deu “início aos respectivos trabalhos preparatórios administrativos para lançar novamente o concurso, com o objectivo de reduzir o tempo necessário para o lançamento de concurso, quando tiver o resultado da negociação e reiniciar rapidamente a obra”. O fim da negociação não parece estar próximo e, mais uma vez, tal como Raimundo do Rosário, Secretário para os Transportes e Obras Públicas afirmou anteriormente, o Governo não descarta a possibilidade de “resolver o problema por meio judicial”. Por isso, explica o GIT, o Administração não pode comentar, nesta fase, sobre o que “a sociedade falou da empreitada de construção da estrutura do parque de materiais e oficina, para não afectar a negociação”.

15 Set 2015