Estudo | Uma carreira sólida é cada vez mais uma realidade para designers de moda locais 

Ana Cardoso, estilista e investigadora da Universidade de São José, publicou recentemente o estudo “Macau Fashion Industry in a Globalized Era: An Educational background Perspective”, onde se conclui que os designers locais têm cada vez mais a possibilidade de construir uma carreira com a sua marca, produzindo em Macau e na China e vendendo as suas colecções lá fora. Os apoios do Governo e a aposta em cursos universitários também ajudam ao fomento do sector

 

[dropcap]V[/dropcap]iver exclusivamente do mundo da moda em Macau e construir uma carreira nesta área é cada vez mais uma possibilidade para jovens designers. No estudo “Macau Fashion Industry in a Globalized Era: An Educational background Perspective” [A Indústria da Moda em Macau na Era da Globalização: Uma Perspectiva Educacional], Ana Cardoso, estilista e investigadora da Universidade de São José (USJ), conclui que o sector da moda em Macau está a conhecer grandes desenvolvimentos ao ponto de permitir a construção de novas carreiras e um mercado de vendas além-fronteiras.

“Hoje em dia os designers locais têm a sua profissão reconhecida enquanto carreira. Os designers trabalham a tempo inteiro nas suas próprias marcas para desenvolver uma produção em larga escala em fábricas situadas na China e com uma produção de pequena dimensão nos seus próprios ateliers a nível local”, lê-se no estudo recentemente publicado, ao qual o HM teve acesso.

Ana Cardoso destaca ainda o facto de, no passado, Macau ser um território onde as fábricas têxteis tinham um grande peso na economia, algo que mudou nos últimos anos, sobretudo desde a liberalização do jogo. Hoje em dia, a tecnologia está cada vez mais presente neste sector.

“Existe uma procura pela tecnologia, além de que atravessar fronteiras é uma questão importante, uma vez que as marcas locais, além de venderem os seus produtos em Macau, também começaram a vendê-los em Hong Kong e na China”, pode ler-se no estudo.

Outra das conclusões do estudo, levado a cabo por Ana Cardoso, é que o Governo tem um papel dinamizador desta área, ao promover eventos onde os designers podem mostrar as suas colecções, além dos subsídios concedidos.

“As várias plataformas criadas pelo Governo visam ajudar os designers a melhorar a sua criatividade e as suas estratégias de marketing e vendas”, aponta a autora. “Nos últimos anos, o Instituto Cultural (IC) promoveu de forma activa a indústria criativa local em parceria com o CPTTM [Centro de Produtividade e Transferência de Tecnologia de Macau] através de desfiles de moda, exposições, eventos e outro tipo de iniciativas em cooperação com o sector do turismo de Macau, bem como com o sector do cinema e empresas privadas. [Tudo] para levar os designers a confeccionarem uniformes, acessórios ou outros itens promocionais.”

Além desta ajuda na produção de roupa e acessórios, o IC também tem levado designers a participarem em exposições fora de Macau. Desta forma, estes podem ter “mais oportunidades para expandirem a sua marca e adquirirem mais experiência”.

“O IC também dá apoio às instituições locais para atrair estudantes locais e orientar jovens designers para adquirirem maior conhecimento na área da moda”, conclui o estudo.

A indústria da moda tem-se tornado, nos últimos anos, um dos vectores que pode contribuir para a diversificação económica, inserida na área das indústrias culturais e criativas. A fim de atingir este objectivo, o Executivo de Macau “criou um veículo que promove a moda local ao organizar diferentes tipos de eventos relacionados com a arte e moda”, além de ter desenvolvido o conceito de lojas pop-up, entre outras, “onde os designers locais e criadores podem colocar os seus artigos à venda”, destaca Ana Cardoso.

Relativamente ao trabalho criativo, os designers locais são fortemente influenciados pelo panorama multicultural de Macau, aponta a investigadora. “A realidade multicultural de Macau teve um profundo impacto no sector de moda local. As criações dos designers locais, até um certo ponto, são uma influência do panorama cultural e isso pode ser uma vantagem para a inspiração no processo criativo.”

Desta forma, “pode ser vista uma partilha cultural, impulsionada pela globalização e pelo contexto histórico da ligação entre a Ásia e a Europa existente em Macau”, acrescenta a autora.

Passagem criativa

Para realizar este estudo, Ana Cardoso realizou entrevistas a docentes e a entidades de ensino e organismos institucionais, como é o caso do Instituto Cultural (IC), USJ e Centro de Produtividade e Transferência de Tecnologia de Macau (CPTTM). De frisar que estas duas instituições de ensino são as únicas que, em Macau, disponibilizam cursos de licenciatura na área da moda.

Patrick Ho Hong Pan, chefe do departamento de promoção cultural e indústrias criativas do IC, falou do desenvolvimento que a indústria da moda teve nos últimos anos. “Macau, no passado, com a influência da cultura ocidental, teve um grande desenvolvimento na indústria de importação e exportação. Na década de 80, Macau era a base para uma economia manufactureira, onde a indústria funcionava com as encomendas da China, Europa e América. Nessa altura, Macau tinha muita produção de têxteis, jeans e malhas.”

No entanto, ao longo dos anos, “a indústria da moda sofreu uma significativa reorganização devido aos novos desafios económicos, em particular com a competição dos baixos custos laborais e o aumento dos custos de produção num território pequeno com recursos industriais limitados”, descreve Patrick Ho Hong Pan.

Com a saída das fábricas para a China, Macau deixou de ter uma indústria manufactureira para passar a ter um sector de moda ligado à criatividade. “Esperamos que esta área continue a expandir-se”, apontou o responsável do IC.

“Os designers vão produzir a uma larga escala ao invés de produzirem apenas uma ou duas peças, com estratégias de marketing focadas na procura de mercado. O comércio é também uma questão importante. Muitas marcas locais, além de venderem em Macau, também vendem em Hong Kong, Zhuhai e Pequim. Ao colaborarem com o mercado internacional, [os designers] vão crescer profissionalmente”, frisou.

Rita Tam, designer e professora no CPTTM, também considerou, em entrevista, que “o actual desenvolvimento da indústria da moda é crescente, e a grande mudança em Macau é que finalmente o território tem licenciaturas nesta área”.

Nesse sentido, “alguns jovens designers formados no CPTTM, em cursos de design e produção de moda, já fundaram as suas próprias marcas, com os seus próprios ateliers e negócios que já se estendem a outros mercados, como é o caso de Hong Kong e da China”, conclui Rita Tam.

A passagem de uma indústria têxtil e demasiado técnica para um sector criativo em permanente expansão não se fez sem a vertente educacional, aponta Ana Cardoso.

“O Governo de Macau e as instituições de ensino locais constituem um caminho importante para alimentar os novos designers e encorajar mais entradas nesta área. Ao longo dos anos, os cursos universitários têm vindo a adaptar-se às necessidades do mercado.”

O estudo de Ana Cardoso dá conta que estas mudanças passam “por especializações em design de moda” do ponto de vista da manufactura até à “gestão de negócio, técnicas de produção e o campo mais vasto de cursos criativos”, o que permite aos estudantes acederem ao mercado “com um potencial mais completo”.

Apostar no exclusivo

O estudo de Ana Cardoso deixa ainda uma sugestão para os designers de Macau, uma vez que estes “necessitam de encontrar formas de produzir produtos únicos e personalizados”.

“Esta é a grande mudança na indústria de moda nos dias de hoje. O pequeno mercado local busca por qualidade e itens únicos feitos à mão. É importante que os designers encontrem um equilíbrio entre a criatividade e o mercado. Essencialmente o mercado comanda as vendas e limita a criatividade”, denota a investigadora.

Ana Cardoso não termina o trabalho sem relembrar a cada vez maior ligação que a indústria da moda, inserida no sector das indústrias criativas, tem com o selo “Made in Macau”. “As Indústrias Criativas estão a fomentar a marca local ‘Made in Macau’, o que pode levar o território a construir uma identidade única e a promover uma enorme memória nos negócios do turismo”, lê-se.

A investigadora salienta o facto de o próprio Governo necessitar de estabelecer uma ligação entre o que é produzido localmente, a fim de criar uma diferenciação entre as marcas internacionais que invadiram o território. O segmento de luxo em Macau, desenvolvido lado a lado com a indústria do jogo e que se alimenta essencialmente dos turistas vindos da China, pode ser benéfico para aumentar a competitividade dos designers de Macau.

“Com a abertura de mais lojas de luxo, Macau vai trazer mais marcas internacionais, o que ajuda a construir uma maior competição em todo o mercado da moda. Este investimento beneficia os compradores locais e promove novos mercados de turismo oriundos de Taiwan, sudeste asiático, Índia, Indonésia e o Médio Oriente, e que podem promover as marcas de Macau”, lê-se no estudo.

19 Ago 2020

Moda | Paulo de Senna Fernandes vence concurso internacional

[dropcap]O[/dropcap]macaense Paulo de Senna Fernandes foi ontem distinguido com “Gold Prizes” do concurso internacional IDA Annual Award 2019, prémio norte-americano que vai na 12.ª edição. O designer local, em comunicado, congratulou-se com a honra da distinção obtida. “Sinto orgulho de ter competido num concurso de alto nível, houve mais de 10000 participantes neste concurso”, pode-se ler no comunicado. Paulo de Senna Fernandes refere ainda que os membros do júri acharam o seu vestido “um dos mais belos”. “Sempre quis competir todos anos pelo reconhecimento internacional, pois devo mostrar que em Macau existe talentos, sendo a minha obrigação levar o nome “RAEM” a todo o mundo”, comenta o premiado. O designer macaense participou na competição com um vestido azul, subordinado ao tema “Sereia”.

 

 

 

1 Mar 2019

Marcas portuguesas levam a feira de Milão nova tendência de calçado ‘vegan’

[dropcap]A[/dropcap] produção de calçado ‘vegan’ é uma das novas tendências em que algumas marcas portuguesas de calçado presentes na maior feira internacional do sector, em Milão, Itália, começaram a apostar, aproveitando um nicho de mercado em crescente expansão.

“Ser diferente num mercado cada vez mais global pode ser a chave do sucesso para muitas empresas”, nota a Associação Portuguesa dos Industriais do Calçado, Componentes e Artigos de Pele e Seus Sucedâneos (APICCAPS), sustentando que, “em alguns casos para empresas que acabam de nascer, noutros casos para empresas que procuram distinguir-se num cenário de cada vez maior competitividade, os nichos de mercado começam a ser cada vez mais procurados na hora de lançar um negócio”.

E se a produção de calçado em Portugal é, maioritariamente, em couro, a associação diz haver “um número crescente de empresas interessadas em diversificar o tipo de produtos que comercializam”, surgindo o veganismo e a sustentabilidade ambiental como duas tendências de eleição.

A Rutz – Walk in Cork nasceu em 2012 pela mão de um jovem casal lisboeta que quis apostar num produto “tradicionalmente português”, feito à base de cortiça, explicou à Lusa a sócia Raquel Castro no primeiro dia da feira de calçado Micam, que decorre até quarta-feira e onde Portugal é a segunda maior delegação estrangeira, com cerca de 90 empresas de calçado.

Com o início da internacionalização e seguindo “as tendências da moda” e de crescente preocupação ambiental, a Rutz decidiu “abrir espaço para combinar a cortiça com outros materiais”, desde o algodão orgânico às solas de borracha naturais feitas com cereais ou pneus reciclados e às denominadas peles ‘vegan’, fabricadas com tecidos alternativos à pele animal.

“Ligamos o eco da cortiça ao ‘vegan’ e hoje 95% dos modelos da nossa coleção não têm pele nem quaisquer produtos derivados de animais”, afirmou Raquel Castro, que diz sentir “muita procura” por este tipo de produtos, que “provavelmente nunca vão deixar de ser um nicho de mercado”, mas têm cada vez mais adeptos.

Com um preço médio em torno dos 120 euros, os modelos da Rutz são fabricados integralmente em Portugal, em fábricas no Norte do país, e a empresa propõe-se triplicar a atual faturação de 500 mil euros nos próximos cinco anos, impulsionada pela aposta nas vendas ‘online’.

Actualmente cerca de 20 a 30% do volume de negócios é obtido em Portugal, nas duas lojas próprias da empresa em Lisboa e numa loja multimarca no Porto, mas cuja clientela são sobretudo turistas. Os EUA correspondem a outros 20 a 30% das vendas, surgindo depois países como a Alemanha e, embora ainda no início, o Japão.

‘Vegan’ há 20 anos, Catarina Pedroso, formada em Belas Artes, está a estrear-se nesta edição da Micam com a sua marca própria de calçado ‘vegan’ Balluta, que lançou há nove meses em parceria com o marido e que está certificada pela organização defensora dos direitos dos animais PETA (‘People for the Ethical Treatment of Animals’ ou Pessoas pelo Tratamento Ético dos Animais, em português).

“Há três anos e meio começámos a pensar em lançar uma marca de calçado. Na altura não sabia nada sobre qual seria a identidade da marca, só sabia que ia ser ‘vegan’, porque não havia oferta nesta área para a mulher que gosta de moda urbana e que se preocupa com a sustentabilidade do planeta”, disse à Lusa.

Seleccionada para participar na Micam num concurso internacional para ‘designers’ emergentes promovido por aquela feira, Catarina Pedroso fabrica os modelos que desenha em duas fábricas de São João da Madeira e vende exclusivamente ‘online’ para países como a Áustria, Alemanha, Holanda, EUA e Reino Unido.

Os preços dos sapatos Balluta variam entre os 230 e os 485 euros, sendo o objetivo atingir o milhão de euros de facturação num prazo de cinco anos.

“A Ásia é uma região que gostávamos de explorar”, disse à Lusa a responsável da marca, apontando ainda o Médio Oriente como um mercado “muito forte na vertente sustentável e ‘vegan’” e identificando também potencial de crescimento nos EUA, Norte da Europa, Tóquio e Hong Kong.

Já implantada no mercado está a Lemon Jelly, uma marca de calçado injectado detida pela empresa Procalçado, de Vila Nova de Gaia, e cujas coleções vão, a partir do inverno de 2019, “ser oficialmente 100% ‘vegan’, também com o selo da PETA.

Em declarações à Lusa, o responsável da marca, José Pinto, disse que “a grande tendência é falar sobre sustentabilidade”, o que levou também a Lemon Jelly a executar o programa ‘Wasteless’, no âmbito do qual está a produzir três modelos “feitos exclusivamente com desperdícios da produção”.

Conforme explicou, com este programa a marca produz cada par de sapatos com menos 90% de emissões de dióxido de carbono, zero desperdícios e 100% de plástico reciclado, apenas com recurso a energias renováveis.

11 Fev 2019

Modelo chinesa pede desculpa por ter participado em campanha polémica da Dolce & Gabbana

[dropcap]A[/dropcap] modelo chinesa que surge nos anúncios da Dolce & Gabbana a tentar comer pizza ou cannoli com pauzinhos, pediu ontem desculpa pela participação na campanha da marca italiana, que recebeu fortes críticas na China.

Zuo Ye escreveu na conta oficial na rede social Weibo, o Twitter chinês, que, como recém-formada, não teve tempo de considerar a implicação dos anúncios. “Eu crescerei com esta experiência e mostrarei melhor o carácter de um cidadão chinês”, afirmou.

A campanha motivou um boicote à Dolce & Gabbana na China e o cancelamento de um desfile da marca italiana em Xangai, em novembro passado. Internautas chineses e opiniões difundidas pela imprensa estatal classificaram os anúncios como racistas e baseados em estereótipos ultrapassados.

À medida que vários retalhistas começaram a retirar os produtos das lojas, os co-fundadores da marca, Domenico Dolce e Stefano Gabbana, pediram publicamente desculpas ao povo chinês. O caso motivou ainda uma disputa com Stefano Gabbana.

Imagens difundidas nas redes sociais chinesas mostraram Gabbana numa discussão ‘online’, na qual se referiu à China como um “país de porcaria”, “mafioso, sujo e ignorante”, e afirmou que os chineses comem cão. Entretanto, a marca emitiu um comunicado a pedir desculpa e afirmou que as suas contas na rede Instagram foram pirateadas.

“Pedimos muita desculpa por qualquer ofensa devido a estas mensagens não autorizadas. Nós respeitamos a China e o povo chinês”, afirmou a Dolce & Gabbana.

A Ásia e a China, em particular, são um mercado chave para as marcas de luxo europeias. Um estudo recente da consultora Bain mostrou que os chineses compõem um terço do consumo de gama alta no mundo, seja em compras no mercado doméstico ou em viagem.

Este número deve subir para 46%, em 2025, impulsionado pelos ‘millennials’ e a geração nascida em meados dos anos 1990. A Dolce & Gabbana tem 44 lojas na China, incluindo quatro em Xangai. Entrou no mercado chinês em 2005, na cidade de Hangzhou, na costa leste do país.

23 Jan 2019

China boicota produtos da Dolce & Gabbana após alegados insultos racistas

[dropcap]A[/dropcap]s principais plataformas de comércio electrónico da China deixaram hoje de vender produtos da Dolce & Gabbana, após três anúncios da empresa e insultos racistas, alegadamente proferidos pelo co-fundador da marca italiana, terem motivado críticas no país.

Uma pesquisa por produtos da Dolce & Gabbana nas principais plataformas de comércio electrónico do país, como Tmall e JD.com, não dão hoje qualquer resultado, enquanto nas redes sociais chinesas vários internautas lançaram hoje apelos de boicote à marca.

A reacção surge após uma série de anúncios da Dolce & Gabbana, que mostram uma mulher chinesa a tentar comer comida italiana – pizza, esparguete e cannoli – com pauzinhos, ter resultado em várias críticas e numa disputa com o co-fundador da marca Stefano Gabbana, que diz agora que a sua conta oficial no Instagram foi pirateada.

Imagens difundidas nas redes sociais chinesas mostram Gabbana numa discussão ‘online’, na qual se refere à China como um “país de porcaria”, “mafioso, sujo e ignorante”, e afirma que os chineses comem cão.

A marca emitiu já um comunicado a pedir desculpa e afirmou que as suas contas no Instagram foram pirateadas. “Pedimos muita desculpa por qualquer ofensa devido a estas mensagens não autorizadas. Nós respeitamos a China e o povo chinês”, lê-se.

Na quarta-feira, a controvérsia tornou-se rapidamente no tópico número um na rede social Weibo, com mais de 120 milhões de visualizações. Zhang Ziyi, estrela de cinema de “Memórias de uma Geisha” considerou já que a marca “se humilhou a si própria”.

Celebridades como a actriz Li Bingbing e a cantora Wang Junkai anunciaram que iam boicotar um desfile da marca italiana em Xangai, agendado para quarta-feira, e entretanto cancelado. Shaun Rein, analista do China Market Research Group, que conduz análises sobre o mercado chinês, disse esperar um período difícil para a empresa, ao longo dos próximos seis a doze meses.

A Ásia, e a China em particular, são um mercado chave para as marcas de luxo europeias. Um estudo recente da consultora Bain revela que os chineses compõem um terço do consumo de gama alta no mundo, seja em compras no mercado doméstico ou em viagem.

Este número deve subir para 46%, em 2025, impulsionado pelos ‘millennials’ e a geração nascida em meados dos anos 1990.

A Dolce & Gabbana tem 44 lojas na China, incluindo quatro em Xangai. Entrou no mercado chinês em 2005, na cidade de Hangzhou, costa leste do país.

22 Nov 2018

MIF 2018 | Desfile de moda com criadores locais acontece este sábado

[dropcap]C[/dropcap]hama-se “Moda. Momento de Encontro – Desfile dos Trabalhos de Moda” e é o evento que vai mostrar os trabalhos dos designers de Macau e que acontece no próximo sábado, dia 20, pelas 14h30, inserido na edição deste ano da Feira Internacional de Macau (MIF).

O desfile irá mostrar as peças produzidas com o apoio dos subsídios atribuídos pelo Instituto Cultural, onde um total de 64 conjuntos de vestuário serão exibidos, incluindo “roupas masculinas elegantes, roupas femininas casuais, vestidos de alta-costura para mulheres e roupas para toda a família”.

Os designers que vão mostrar as suas colecções são Leng Carmen, Cheang Man Cheng e Mac Chi Lon (equipa), Tam Chi Kit, Wai Chin Seong, Siu David, Cheang Chi Tat, Lo Ka Heng e Choi Wai Leng (equipa), Wong Ha e Cheong Kuan Peng (equipa).

De acordo com um comunicado, o IC “espera, através deste desfile, possibilitar aos designers de moda locais acumular experiência com exposições, exibir e promover ao público local e estrangeiro os últimos trabalhos dos designers de moda do território”.

17 Out 2018

Moda Lisboa e Portugal Fashion unem-se para criar nova semana da moda portuguesa

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] nova semana da moda portuguesa acontece em outubro e junta, pela primeira vez, a Moda Lisboa e o Portugal Fashion na organização, deixando de haver dois eventos de moda “dessincronizados”, avançou à Lusa fonte oficial.

A nova semana da moda portuguesa surge como uma versão ‘beta’, uma espécie de estágio ainda de desenvolvimento, com o primeiro fim de semana a ser da ModaLisboa, em Lisboa, e o fim de semana seguinte do Portugal Fashion, no Porto, e “com ambas as equipas a ter um esforço coordenado”, avançou à Lusa Adelino Costa Matos, presidente da Associação Nacional dos Jovens Empresários (ANJE), entidade organizadora do Portugal Fashion.

“A perspetiva futura é que exista uma semana da moda nacional e que tem eventos no Porto e em Lisboa. E tentarmos durante a semana ter potencialmente eventos conjuntos que possam tornar isso numa semana da moda portuguesa e não dois eventos de moda, de alguma forma, dessincronizados”, acrescentou Adelino Costa Matos.

Em entrevista à Lusa, no âmbito da assinatura de um protocolo assinado hoje em Matosinhos, distrito do Porto, entre o Portugal Fashion e a ModaLisboa, o presidente da ANJE explica que o modelo vai estar em construção.

“Uma questão importante nisto tudo é unirmos esforços no aspeto de não estarmos a investir nos mesmos locais, nas mesmas datas, ou seja, tentarmos rentabilizar ao máximo o investimento que fazemos de forma coordenada”, explicou aquele responsável.

No protocolo hoje assinado entre o presidente da ANJE e a presidente da ModaLisboa, Eduarda Abbondanza, é intenção das associações coordenarem estilistas, organização dos eventos e outras atividades, com o objetivo de “criar escala”, “massa crítica” e “criar valor”, sendo que neste momento as medidas para realizar uma nova semana de moda portuguesa ainda não estão fechadas.

“Está tudo em discussão e coordenação, sendo que há uma ou duas questões mais práticas que vamos já executar na próxima edição” e que vai “servir como uma versão ‘beta’ para o futuro, para nos entendermos, nos coordenarmos e trabalharmos em conjunto e a partir daqui cada vez mais termos esforços superiores”, acrescentou.

Segundo Adelino Costa Matos, mais do que ver se corre bem, é preciso “começar a trabalhar”.

“São duas associações que estiveram de alguma forma separadas durante 20 anos e que agora têm uma intenção clara de trabalhar em conjunto e esta primeira versão será uma ótima oportunidade de trabalhar e percebermos em que áreas somos mais fortes e criar mais valor trabalhando em conjunto”, realçou.

O primeiro-ministro, António Costa, deu hoje os parabéns à ModaLisboa e ao Portugal Fashion por terem conseguido assinar um protocolo de cooperação para a promoção, nacional e internacional, da moda portuguesa após duas décadas a trabalhar de forma individual.

“Verifico com muita satisfação que hoje já não é preciso pensar, sonhar. [O protocolo de cooperação] é hoje uma realidade (…). Muitos parabéns e muito obrigado por este acordo”, declarou António Costa, durante a cerimónia de assinatura, que decorreu esta tarde na Casa da Arquitetura, em Matosinhos.

António Costa, que classificou numa primeira vez o acordo como um “casamento” para depois chamar o protocolo de “início de namoro assinado”, sublinhou que aquele documento é “muito importante para o país”, designadamente para ajudar a alavancar as exportações portuguesas até 2030, cuja meta traçada é chegar aos 50% do Produto Interno Bruto.

12 Set 2018

All Things Passion | As mil paixões de Rebeca

[dropcap style≠’circle’]H[/dropcap]á coisas que se fazem com coração e de uma forma intima, extremamente pessoal. Essa é a sensação que se tem quando se fala com Rebeca Pangan, a blogger por detrás do All Things Passion.

Ao longo de mais de um ano de posts, a internauta coloca online aquilo que a define enquanto pessoa. “Sou uma minimalista, feminista e entusiasta por livros”, refere na sua página de Facebook. A blogger é licenciada em Contabilidade pela Universidade de Macau e membro da equipa de debate em inglês do estabelecimento de ensino.

Começou a publicar textos online sobre aquilo que a apaixona desde o início de 2016. Livros, comida, moda e debates são as paixões que a alimentam o All Things Passion. Na descrição da página, Rebeca Pangan confessa que cedo percebeu que estava a dar um salto maior que a perna, tornando as suas publicações mais focadas em moda, lifestyle e na sua forte crença nas potencialidades do feminismo para tornar a vida mais justa.

“A perspectiva feminista foi algo que surgiu nos meus interesses de forma muito natural, se te sentires com poder podes estender esse poder às pessoas que te circundam”, revela a blogger.

A busca pela igualdade de géneros é uma das lutas que apaixona Rebeca Pangan, apesar de achar que localmente há pouco activismo neste sentido. “Em Macau a maioria das pessoas ainda têm uma atitude muito passiva em relação a este tipo de princípios”, explica.

No plano dos livros, a blogger tenta incidir mais sobre literatura que fale sobre gestão pessoal, tais como os best-sellers escritos por Arianna Huffington sobre os benefícios de dormir mais e melhor.

Moda minimal

Um dos objectivos de Rebeca Pangan passa por tentar influenciar amigos, família e leitores, na esperança de que possam vir a copiar o seu comportamento. Essa é a esperança da blogger, “ser uma influência positiva nos leitores”.

Quanto à matéria sobre a qual escreve, a internauta confessa que “é um pouco arbitrária, sem ter um tópico específico que esteja a seguir constantemente”.

No que diz respeito ao estado da moda no território, Rebeca Pangan acha que “Macau ainda está numa fase em que as tendências estão muito limitadas a millennials e a pessoas com mentes um pouco mais abertas”. No entender da blogger, faria bem aos locais aprenderem com as tendências que se seguem em Hong Kong ou Singapura.

“A maioria das pessoas não é propriamente expressiva na forma como se veste. São muito conservadoras, e mesmo no quotidiano limitam-se a usar fardas de trabalho e a indumentárias pouco coloridas ou imaginativas”, analisa a blogger.

O minimalismo estético de Rebeca Pangan revela-se na forma sóbria e fresca como encara a moda no All Things Passion. Escreve sobre a forma como as t-shirts com mensagens podem ter um papel activo em termos de liberdade de expressão, ou sobre a melhor forma de conjugar cores neutras, como os cinzento, sempre com muito estilo e elegância.

No entanto, a blogger escreve também sobre assuntos do quotidiano. Como tal, não passou ao lado das consequências do tufão Hato e tentou corresponder os seus posts à actualidade e transmitir alguma positividade numa altura profundamente traumática.

O blog também está recheado de várias sugestões onde tomar um chá, ou comer uma refeição em Macau. No fundo, All Things Passion é o reflexo da soma de paixões de Rebeca Pangan e a forma como vive a cidade onde habita.

 

https://www.rebecapangan.com/

13 Dez 2017

Os custos por detrás da moda

[dropcap style≠’circle’]S[/dropcap]enti vergonha quando ouvi falar do termo “terceiro mundo” apenas esta semana. Quanto o ouvi pela primeira vez, ainda pensei que se estaria a falar de um mundo fictício, oriundo de muitos filmes de ficção científica. Nunca aprendi sobre esses países de terceiro mundo ou sobre esse conceito na escola. Através de uma pesquisa rápida na internet fui percebendo como é composto o chamado terceiro mundo, com países que conhecem um menor desenvolvimento económico em vários continentes.

O interesse por este conceito surgiu-me através da visualização de um documentário lançado no ano passado, chamado “The True Cost” do realizador britânico Andrew Morgan. Este pretende chamar a atenção do público para o problema das más condições de trabalho de milhões de pessoas em todo o mundo, aquelas que estão nas fábricas de vestuário de grandes marcas. São habitantes da Índia, Sri Lanka ou Paquistão e produzem roupas com baixíssimos custos para as marcas, as quais são exportadas para os tais países de primeiro mundo, como os Estados Unidos, Canadá ou países europeus.

As más condições de trabalho destas pessoas podem ser exemplificadas com a tragédia de Bengala, em 2013, quando um edifício em risco de ruir acabou mesmo por colapsar. Lá dentro operavam várias fábricas têxteis ilegais, onde eram obrigados a trabalhar milhares de pessoas. Morreram mais de mil trabalhadores, os que ocupavam os lugares mais baixos nas cadeias de produção.

Este tipo de moda produzida em massa deveria servir para o usufruto de muitas pessoas que não são ricas e que não podem comprar alta costura. Deveria ser vantajosa para criar oportunidades de trabalho para os habitantes dos países menos desenvolvidos. Mas a realidade é que, para minimizar os custos de produção, os fabricantes ignoram os direitos humanos e pagam mal aos seus trabalhadores, não suportando as garantias a que têm direito, as horas de descanso, uma alimentação devida, um salário digno.

Sinto-me culpada porque as grandes marcas responsáveis por esse problema são aquelas que eu e a maioria das pessoas em Macau e no mundo procuram. Multinacionais como a Zara ou a H&M vendem roupas a preços bastante acessíveis mas à custa de actos cruéis. Os trabalhadores ganham, na maioria das vezes, menos de cem dólares americanos por mês (sensivelmente mil patacas). É o outro lado do mundo e o consumismo deste lado. Talvez sejamos cúmplices da dureza de vida dos trabalhadores dessas fábricas.

Macau e China são considerados ainda países ou regiões em desenvolvimento, apesar dos enormes avanços económicos. Muitos têm uma vida de luxo como nos países desenvolvidos, sobretudo a nova geração. Todos compram vestidos luxuosos, telemóveis de última geração e calças de ganga de 500 patacas ou mais. E ninguém se arrepende disso.

Quando compramos as roupas não vamos pensar “quem é que fez este casaco?”. Ou “será que este trabalhador foi mal tratado?”. Como poderemos saber se por detrás dos nossos tecidos estão sangue e lágrimas e, ainda assim, vesti-los diariamente? Isso surgiu com a última revolução da moda, um novo movimento global que pede uma maior transparência por parte da indústria de moda e de quem a faz.

Temos de pensar mais antes de comprarmos o nosso vestuário, temos de promover um trabalho mais sustentável nas fábricas. Agradecemos o facto de muitas marcas já prometeram melhorar as condições dos seus trabalhadores, mas só Deus saberá se isso é suficiente ou não para que estas pessoas tenham melhores vidas. Mais ninguém.

21 Nov 2016

Moda | Macaense Nuno Lopes de Oliveira quer estabelecer marca em Macau

 

A colecção final de curso do macaense Nuno Lopes de Oliveira mereceu destaque na Vogue britânica e na Elle italiana. Findo o curso e com a marca estabelecida na capital inglesa, Nuno Lopes de Oliveira quer trazer a marca para a sua terra natal através do estabelecimento de uma loja online

 

[dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]a cabeça de Nuno Lopes de Oliveira o mundo pode ser dourado e brilhante, mas ao mesmo tempo leve e descontraído. As roupas têm tons fortes, mas também podem ser associadas ao chamado estilo street wear. O macaense, que recentemente terminou o curso de Design de Moda na Universidade Middlesex de Londres, conseguiu que algumas peças da sua colecção final de curso aparecessem nas revistas Vogue britânica e Elle italiana, que ditam tendências e criam estilistas.

Com a marca estabelecida em Londres, Nuno Lopes de Oliveira quer agora estabelecer-se na terra que o viu nascer e de onde saiu há dez anos para fazer a sua formação como estilista. Ao HM, o designer confessou que o estabelecimento da sua marca em Macau far-se-á através da criação de uma loja online, devido aos elevados preços das rendas.

“Vou manter o meu negócio em Londres enquanto tento trazer a minha marca para Macau. Será difícil, mas vai valer a pena”, confessou. “Vim a Macau participar num evento de moda da Feira Internacional de Macau (MIF), mas o meu objectivo é fazer uma pesquisa no mercado local e da Ásia, e tentar expandir a minha marca. Continuo a ter o meu negócio em Londres, mas estou neste momento à procura de fábricas na China com as quais possa trabalhar para implementar a minha marca”, explicou.

Londres, há muito uma das principais praças mundiais da moda, é um local mais fácil para Nuno Lopes de Oliveira começar uma carreira, mas a aposta na sua terra natal é para manter. “A atmosfera em Londres, na indústria da moda, é mais vibrante e há mais oportunidades. É mais fácil chegar aos estilistas e que eles cheguem até mim, mas em Macau isso não acontece. É esse o contraste que existe. Mas não quero estabelecer-me em Hong Kong só e deixar Macau para trás, porque sou de Macau. Tenho o meu negócio em Londres que serve de apoio e penso que as coisas podem funcionar em Macau”, apontou.

Tecidos com glamour

Enquanto não expande o seu trabalho, Nuno Lopes de Oliveira garante que as peças de roupa que faz não são muito comerciais e são apenas feitas por encomenda. O designer macaense tem ainda contactos com várias celebridades, sendo que a socialite Paris Hilton usou uma das suas criações quando actuou em Macau como DJ.

O designer acredita que as suas peças apareceram em duas grandes revistas de moda porque soube fazer diferente. “O dourado faz-me lembrar Macau e a sua arquitectura. O dourado faz-me lembrar a minha casa, então é como mostrar que tenho saudades de casa. O meu design tem tudo que ver com o meu estilo. Reflecte o lado glamoroso de Macau. O meu estilo é também uma mistura de alta costura com roupa de rua, e as colecções captam isso, algo diferente, porque eu não sigo tendências. A parte boa de ser designer é que podes criar algo diferente.”

Referindo que em Macau “há muitos estilistas talentosos”, Nuno Lopes de Oliveira defende que é bom que existam apoios governamentais, para uma maior diversidade de projectos económicos.

“O Governo tem vários apoios financeiros para os novos negócios, mas o que falta em Macau são oportunidades. No fim de contas, o foco acaba sempre por ir parar aos casinos, mas Macau pode ter uma maior diversidade. Tanto o Governo como as pessoas de Macau devem estar mais envolvidas em actividades culturais e isso iria levar Macau a tornar-se uma cidade mais diversificada.”

A preparar uma nova colecção, Nuno Lopes de Oliveira gostaria de levar as suas peças à próxima Semana da Moda em Londres. A participação na Semana da Moda de Shenzen, no próximo ano, já está garantida.

 

8 Nov 2016

MIF | No pavilhão do país parceiro cabe moda, licor beirão e electrónica

Arrancou ontem mais uma edição da Feira Internacional de Macau onde, pela primeira vez, Portugal é o “país parceiro”. No pavilhão mais participado de sempre cabe tudo o que é português: a moda de Fátima Lopes, os vinhos, o Licor Beirão e os produtos alimentares, sem esquecer o futebol e as touradas

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] manhã começou animada para os lados do pavilhão de Portugal na 21ª edição da Feira Internacional de Macau (MIF, na sigla inglesa). A tuna académica da Faculdade de Arquitectura da Universidade de Lisboa tocava para empresários lusos e chineses, à medida que os expositores começavam a mostrar aquilo que é português. Paulo Alexandre Ferreira, secretário de Estado Adjunto e do Comércio de Portugal, falou da maior presença lusa em Macau neste certame, com cerca de 70 empresas.

“Não quisemos trazer só produtos agro-alimentares, no sentido de mostrar que Portugal tem mais para oferecer além disso. Destacaria os produtos tecnológicos, pois é uma área em que Portugal está a dar cartas ao nível mundial e queremos mostrar a inovação que está a acontecer à China.”

Paulo Alexandre Ferreira garantiu querer manter uma linha orientadora de cooperação após a visita do primeiro-ministro português, António Costa. “Queremos dar a continuidade a essa cooperação. O facto de sermos o primeiro país parceiro, a par de Pequim que é a cidade parceira, dá-nos uma notoriedade acima do normal”, acrescentou.

O pavilhão português tem tudo aquilo que se espera dele. Tem as representações de vinhos, dos queijos, dos chouriços e dos pastéis de nata. Mas há uma aposta notória em outras áreas de investimento, sendo que a moda é uma delas.

fatima-lopes
Fátima Lopes

Fátima Lopes, uma das mais internacionais designers portuguesas, presente na Semana da Moda de Paris há mais de uma década, está pela primeira vez na MIF a mostrar as suas colecções.

“É uma aposta num mercado que considero muito importante, com uma dimensão que, para quem trabalha com moda, é fundamental. Portugal é muito interessante, estou na Europa, estou na Semana de Moda de Paris há muitos anos, e não só Macau mas toda a China é um mercado muito interessante. A marca Fátima Lopes tem capacidade para a dimensão da China, porque a moda não tem limites. Portugal é um país com indústrias de muita qualidade. Este é o momento certo para apostar neste mercado, por exemplo já estou no mercado japonês há muitos anos e faz todo o sentido estar aqui”, contou ao HM.

A cortiça, que há muito transpôs fronteiras, também está presente na MIF com a Najha. Há muito que a cortiça, extraída do sobreiro, existe em Portugal nas rolhas do vinho, mas só há poucos anos começou a ser aliada ao design, com a produção de vestuário, calçado, malas e guarda-chuvas.

“Ainda não chegamos ao mercado chinês, estamos a fazer os primeiros contactos e prospecções. O facto de estarmos na feira é bom. Já fizemos algumas participações de feiras na Europa. Portugal tem muito para oferecer ao mundo e não devem ser apenas a China e Macau a darem essa importância ao país. Temos de ser nós próprios”, contou Daniela Sá, gestora da marca, ao HM.

Em nome da electrónica

Telmo Silva veio para a MIF com a Virtualmente e a associação GrowUp Gaming, projectos que espelham as palavras do secretário de Estado português. A aposta feita na área dos jogos electrónicos chegou a Macau em Agosto do ano passado, com a Grow uP E-Sports Macau. “O mercado chinês está bastante evoluído em termos de desportos electrónicos e é uma das grandes apostas, e esta ligação com a China é muito importante para atrairmos novos investidores nesta área em Portugal”, disse ao HM.

Há muito que o Licor Beirão se bebe em Macau, mas esta é a primeira vez que a marca participa directamente na MIF. Nuno Rocha, gestor de exportação da marca, referiu que quiseram ir além da ligação que já têm com um importador local.

“Estamos aqui para promover o produto e explicar um pouco mais sobre a marca mais famosa de licor em Portugal. Temos orgulho de sermos um licor transversal, que chega a qualquer pessoa que aprecia um produto de qualidade. Estamos a trabalhar aos poucos na China e, ao contrário do que muita gente pensa, é um mercado que implica muito trabalho, investimento e promoção.”

Pelo que já viu na China, os chineses gostam deste licor frutado. “A aceitação é quase total. Para quem gosta de coisas doces é um licor muito agradável de beber, mas com a versatilidade de cocktails, adapta-se a qualquer gosto.”

Futebol e touradas

Pela primeira vez a MIF tem também uma representação do Museu do Futebol Clube do Porto, que tem vindo a ganhar muitos visitantes – 40 por cento são estrangeiros, disse Luís Valente, comercial. A ideia é mostrar um projecto que, além do clube de futebol, conta a história da própria cidade do Porto.

A MIF mostra ainda as touradas, através da Sociedade de Renovação do Campo Pequeno. A praça de touros de Lisboa tem recebido muitos turistas e quer receber ainda mais, sobretudo chineses, “que gostam de ver corridas”, disse ao HM Paula Resende, administradora.

 

23 Out 2016

Programa de apoio a designers de moda anuncia vencedores da primeira fase

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]na e Nair Cardoso e Nuno Lopes de Oliveira venceram a primeira fase do “Programa de Subsídios à Criação de Amostras de Design de Moda 2016”. Os designers locais passam, assim, a ter a possibilidade de ir mais além no programa, organizado pelo Instituto Cultural (IC).
Os candidatos foram avaliados com base em vários critérios que passaram pela criatividade e originalidade, potencial de mercado, qualidade, viabilidade e grau de perfeição do plano de participação em exposições e desfiles da moda bem como a viabilidade do plano de marketing, entre outras. O júri – composto por cinco nomes todos ligados à indústria da moda – seleccionou 15 finalistas de uma lista de 24 candidatos.
Ana e Nair Cardoso formam uma das equipas seleccionadas para passar à segunda fase, com a marca Anna Noir, com a qual concorreram pela segunda vez a este concurso. Apresentaram uma colecção cujo tema foi “amor incondicional” e foi com “muito entusiasmo” que souberam ter passado à fase seguinte.
“Apresentámos 12 coordenados em catálogo e desses temos de preparar um para ser apresentado na fase seguinte”, disse Ana Cardoso ao HM. “Todos os prémios são bem-vindos e [este concurso] ajuda a impulsionar e a afirmar a marca no mercado.”
Quanto à inspiração, a estilista explica. “Ambas fomos mães recentemente, ambas gostamos do que fazemos e foi uma maneira de mostrar o que sentimos. São vários amores incondicionais”, frisa, justificando o tema da colecção.
Já Nuno Lopes de Oliveira admitiu ao HM que chegar a esta fase “significou muito”, uma vez que o estilista diz ter “muito mais para mostrar”, além de que o significado é ainda maior quando o prémio chega do lugar onde nasceu, frisa. “Este prémio encoraja designers como eu, que vivem fora de Macau, a regressarem.”
O “Programa de Subsídios à Criação de Amostras e Design de Moda” existe desde 2013 e tem na sua génese a promoção do desenvolvimento da indústria da moda de Macau. Este ano recebeu mais de 40% de candidaturas provenientes da chamada nova geração de designers.
Os nomes que passaram à segunda fase terão ainda de dar provas do seu trabalho. Assim, foram incumbidos da tarefa de “produzir um traje amostra com base no trabalho seleccionado, o qual deverá ser exibido por um modelo, com maquilhagem e penteado apropriados, de forma a realçar o efeito estilístico global”, diz um comunicado do IC.
Segue-se depois uma entrevista com os jurados. Após a segunda análise, os candidatos seleccionados recebem, cada um, um subsídio no montante máximo de 11 mil patacas “como compensação para a execução e apresentação das amostras”.
Já durante a “segunda análise serão escolhidos, no máximo, oito vencedores, os quais terão direito a um subsídio até um máximo de 160 mil patacas cada, para a execução de amostras e de materiais promocionais”. A segunda análise ainda não tem nem data nem local marcado.

29 Set 2016