Mortes na Índia por covid-19 podem ser dez vezes superiores à contagem oficial, diz estudo

O total de mortes na Índia devido à covid-19 pode ser 10 vezes superior aos dados oficiais, ou seja de vários milhões e não de milhares, convertendo-a na pior tragédia da Índia moderna, segundo um estudo divulgado hoje.

O documento, publicado por Arvind Subramanian, antigo conselheiro económico do governo indiano, e dois investigadores do Centro para o Desenvolvimento Global e da Universidade de Harvard, calcula que o excesso de mortes – a diferença entre os óbitos registados e os que seriam esperados em circunstâncias normais – ronde entre três e 4,7 milhões entre janeiro de 2020 e junho de 2021.

Os autores do estudo afirmam que, apesar de não ser possível determinar um número exato, “é provável que [o total de mortes] seja de uma magnitude superior à contagem oficial”.

O relatório aponta que a contagem oficial pode ter deixado de fora mortes ocorridas em hospitais sobrecarregados, especialmente durante a devastadora segunda vaga da pandemia, na primeira metade do ano.

“É provável que o verdadeiro número de mortes seja na casa de vários milhões e não das centenas de milhares, o que torna esta tragédia humana indiscutivelmente a pior da Índia desde a partição e a independência”, pode ler-se no estudo, citado pela agência de notícias Associated Press (AP).

Em 1947, a partição do Império Britânico da Índia, que deu origem a dois Estados independentes (a Índia, maioritariamente hindu, e o Paquistão, muçulmano), levou à morte de cerca de um milhão de pessoas, resultantes de massacres entre hindus e muçulmanos.

O estudo recorreu a três métodos de cálculo: dados do sistema de registo civil, que regista nascimentos e mortes em sete estados, testes de sangue que mostram a prevalência do vírus na Índia, juntamente com as taxas globais de mortalidade devido à covid-19, e um inquérito económico a perto de 900.000 pessoas, realizado três vezes por ano.

Os investigadores analisaram as mortes provocadas por todas as causas e compararam esses dados com a mortalidade em anos anteriores, um método considerado preciso.

Os autores do estudo alertaram no entanto que a prevalência do vírus e as mortes por covid-19 nos sete estados analisados podem não se refletir de igual forma por toda a Índia, uma vez que o vírus pode ter-se propagado mais em estados urbanos que rurais e que a qualidade dos cuidados de saúde varia muito no país.

O especialista Jacob John, da faculdade de medicina Christian Medical College, em Vellore, no sul da Índia, disse à AP que o relatório sublinha o impacto devastador que a covid-19 teve no mal preparado sistema de saúde indiano.

“Esta análise reitera as observações de jornalistas de investigação destemidos que apontaram a enorme subavaliação das mortes”, disse Jacob.

O relatório também estima que cerca de dois milhões de indianos terão morrido durante a primeira vaga de infeções, no ano passado.

No documento, sublinha-se que não “perceber a escala da tragédia em tempo real”, nessa altura, pode ter “criado uma complacência coletiva que levou aos horrores” da devastadora segunda vaga, que atingiu o pico em meados de maio, com mais de 400 mil novos casos por dia.

Nos últimos meses, alguns estados indianos reviram em alta o número de mortes provocadas pela covid-19, suscitando preocupações de que muitas não tenham sido registadas oficialmente.

Vários jornalistas indianos também publicaram números mais elevados em alguns estados, recorrendo a dados governamentais.

Segundo dados do Governo indiano, a Índia registou 414.482 mortes desde o início da pandemia, o que faz dela o terceiro país com mais óbitos causados pelo coronavírus SARS-CoV-2, a seguir aos Estados Unidos e Brasil.

A Índia é o segundo país do mundo com mais casos de covid-19, depois dos EUA, contabilizando mais de 31 milhões de infeções desde o início da pandemia, de acordo com o último balanço da Universidade norte-americana Johns Hopkins.

20 Jul 2021

Pelo menos 34 mortos após o deslizamento de terras na Índia ocidental

Inundações em Mumbai provocaram este domingo pelo menos 34 mortos e um número desconhecido de desaparecidos na capital do estado indiano de Maharashtra, na sequência de deslizamentos de terras, segundo os dados mais recentes das autoridades indianas.

Vinte e um corpos foram resgatados na zona de Chembur, no subúrbio oriental de Mumbai, e dez em Vikhroli, no norte da cidade, de acordo com a agência APF que cita o diretor da Força Nacional de Gestão de Desastres (NDRF).

A cidade de Mumbai tem sido atingida por fortes chuvas, desde sábado, e o abastecimento de água potável foi afetado, assim como os serviços de transporte público.

As autoridades locais ainda não conseguiram estimar quando é que o abastecimento de água potável será retomado e aconselharam os habitantes a ferver a água antes de a consumirem.

As últimas previsões meteorológicas apontam para chuvas moderadas ou fortes para os próximos dois dias.

No mês passado, 12 pessoas morreram na sequência do colapso de um edifício num bairro pobre de Mumbai e em setembro do ano passado 39 morreram após o colapso de um edifício de três andares em Bhiwandi.

19 Jul 2021

Covid-19 | Índia ultrapassa os 28 milhões de casos desde o início da pandemia

A Índia ultrapassou hoje 28 milhões de casos da covid-19 desde o início da pandemia, embora nas últimas 24 horas o país tenha registado o menor número de infeções dos últimos 50 dias.

Nas últimas 24 horas, o Ministério da Saúde indiano identificou 152.734 casos, um número muito distante dos mais de 400.000 por dia registados no início de maio. No total, o país contabiliza 28.047.534 casos desde o início da pandemia.

A Índia é o segundo país do mundo com mais casos acumulados desde o início da pandemia, superado apenas pelos Estados Unidos com 33,2 milhões.

Nas últimas 24 horas o país registou 3.128 mortes, totalizando agora 329.100, atrás apenas dos Estados Unidos e do Brasil.

A campanha de vacinação é vista como o melhor recurso contra a pandemia, e a Índia já administrou 213 milhões de doses, um número ainda insuficiente para os seus 1.350 milhões de habitantes.

31 Mai 2021

Pelo menos 33 mortos e 89 desaparecidos após passagem de ciclone na Índia

Pelo menos 33 pessoas morreram e outras 89 continuam desaparecidas após a passagem do ciclone Tauktae na Índia, informaram hoje as autoridades locais. Na terça-feira, sete mortes foram registadas, elevando o número de mortos para 33, a maioria destas vítimas do desabamento de casas ou paredes, segundo o chefe do governo de Gujarat, Vijay Rupani.

Oitenta e nove pessoas ainda estão desaparecidas e outras centenas de milhares estavam hoje sem energia no oeste da Índia, aumentando o sofrimento de uma nação fortemente atingida pela covid-19. Os navios da Marinha resgataram mais de 600 pessoas de plataformas de petróleo atingidas pelo mar agitado e as operações de salvamento foram particularmente perigosas, disse hoje o Ministério da Defesa indiano.

Por outro lado, aviões e helicópteros ainda procuram 89 tripulantes desaparecidos após o naufrágio do seu navio. O barco tinha 273 pessoas a bordo e ficou à deriva devido aos fortes ventos que se abateram na costa ocidental da Índia.

O ciclone Tauktae, que obrigou a retirar mais de 200.000 pessoas de zonas de risco, tocou terra na segunda-feira em Gujarat com rajadas de até 185 km/hora, segundo o departamento meteorológico indiano.

A tempestade tropical, a mais forte a afetar a região em décadas, fez vítimas nos Estados de Kerala, Goa, Maharashtra e Gujarat. O nível do mar subiu três metros ao longo da costa, informaram as autoridades meteorológicas da cidade costeira de Diu, com ventos de 133km/h.

O ciclone atingiu a Índia numa altura em que o país enfrenta uma segunda vaga da pandemia de covid-19 que está a levar ao colapso do sistema de saúde, com oxigénio e medicamentos em falta.

A costa ocidental da Índia é muitas vezes assolada por ciclones devastadores, mas a mudança dos padrões climáticos fez com que estes se tornassem mais intensos, em vez de mais frequentes.

Em maio de 2020, também durante a pandemia de covid-19, uma centena de pessoas morreu devido ao ciclone Amphan, a tempestade mais poderosa que atingiu o leste da Índia em mais de uma década, que devastou a região e deixou milhões sem energia.

Com uma população de 1,3 mil milhões de habitantes, a Índia registou 4.529 óbitos pela covid-19 nas últimas 24 horas, um novo recorde, além de 267.334 novos casos, ultrapassando os 25,4 milhões de casos e registando 283,2 mortes desde o início da pandemia.

19 Mai 2021

Covid-19 | Índia com menos de 300 mil casos pela primeira vez em 25 dias

A Índia registou 281.386 casos de covid-19 nas últimas 24 horas, ficando abaixo dos 300 mil diários pela primeira vez em 25 dias, mas contabilizou novamente mais de quatro mil mortos num dia, foi hoje anunciado.

O segundo país mais afetado no mundo em número de casos, depois dos Estados Unidos, já acumulou quase 25 milhões de infeções desde o início da pandemia (24.965.463), de acordo com dados do Ministério da Saúde indiano.

A Índia registou um declínio gradual dos casos, depois de ter atingido números de mais de 400 mil contágios, há duas semanas, no âmbito de uma segunda vaga da pandemia com um impacto sem precedentes no sistema de saúde, com falta de oxigénio e de camas.

Nas últimas 24 horas, o país registou 4.106 mortos, com o total de óbitos desde o início da pandemia a ascender agora a 274.390.

Especialistas alertaram que os números oficiais poderão estar subavaliados, devido à falta de testes e à crescente propagação do novo coronavírus nas zonas rurais, onde a cobertura sanitária é menor.

Nova Deli, uma das cidades mais duramente atingidas pela crise, que sobrecarregou hospitais e crematórios, prolongou por uma semana o confinamento de quase 20 milhões de habitantes, enquanto o estado oriental de Bengala impôs, no domingo, uma série de restrições devido ao aumento de casos na região.

A campanha de vacinação está a decorrer de forma lenta, com vários estados a criticarem as limitações no fornecimento das vacinas, apesar de o Governo ter aberto a 01 de maio o programa a todos os cidadãos com mais de 18 anos de idade.

A Índia só conseguiu completar a vacinação de pouco mais de 3% da população (cerca de 40 milhões de pessoas), apesar da intenção anunciada de vacinar 300 milhões de pessoas até julho.

O total de vacinas administradas ronda os 182,9 milhões, de acordo com os dados atualizados diariamente pelo Ministério da Saúde indiano.

A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 3.371.695 mortos no mundo, resultantes de mais de 162,4 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência de notícias France-Presse (AFP).

17 Mai 2021

Covid-19 | Índia com mais de quatro mil mortos nas últimas 24 horas

A Índia registou 4.077 mortes devido à covid-19 e 311.170 infeções nas últimas 24 horas, segundo o Ministério da Saúde indiano. Desde o início da pandemia o país já registou 270.284 mortes e mais de 25 milhões de casos.

A Índia é o segundo país do mundo que registou mais infeções, apenas atrás dos Estados Unidos. A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 3.359.726 mortos no mundo, resultantes de mais de 161,7 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

16 Mai 2021

Covid-19 | China salienta apoio à Índia, após publicação polémica em conta oficial

A comparação entre imagens de um lançamento espacial chinês e uma fogueira de cremação de vítimas da covid-19 indianas não caiu bem em alguns sectores das redes sociais. No entanto, Pequim, através do seu embaixador na Índia, já veio pôr água na fervura, destacando o apoio que a China tem continuamente prestado ao lado indiano no combate à pandemia

 

As autoridades chinesas salientaram nos últimos dias o apoio prestado à Índia no combate à nova vaga da pandemia de covid-19, depois de uma publicação polémica sobre a mesma numa conta oficial do Partido Comunista Chinês (PCC) na rede social Weibo.

A publicação, na conta da Comissão Central Política e de Assuntos Jurídicos do PCC na rede social Weibo (semelhante ao Twitter), consistia numa comparação entre duas imagens – um lançamento espacial chinês, ao lado de uma fogueira de cremação de vítimas de covid-19 na Índia – ambas com a legenda depreciativa “a China a acender um fogo versus a Índia a acender um fogo”.

De acordo com o site da cadeia de televisão australiano ABC, a publicação foi removida depois de alguns utilizadores da rede social se terem queixado do teor inapropriado, face à grave situação vivida na Índia.

Por seu lado, o embaixador da China na Índia, Sun Weidong, disse a órgãos de comunicação social estatais chineses que Pequim enviou mais de cinco mil ventiladores e 21.569 geradores de oxigénio ao longo dos últimos meses.

“Tanto quanto sei, as empresas chinesas estão a acelerar a produção de pelo menos 40 mil geradores de oxigénio, em encomendas feitas pelo lado indiano, e estão a trabalhar incessantemente para as entregar o quanto antes”, disse o diplomata.

“Muitas empresas e organizações privadas chinesas estão a usar os próprios canais para providenciar” diferentes tipos de auxílio à Índia, adiantou.

Tensões acumuladas

As tensões entre os dois países mais populosos do mundo aumentaram no ano passado por causa da disputa fronteiriça nos Himalaias.

A ABC indicou que utilizadores da rede social chinesa reagiram de forma negativa à publicação e questionaram a forma como é gerida a conta oficial em causa. Contudo, alguns utilizadores também apoiaram a publicação no Weibo, criticando algumas posições assumidas no passado pela Índia em relação à China.

6 Mai 2021

Covid-19 | Supremo exige ao Governo indiano plano para fornecimento de oxigénio

O Supremo Tribunal indiano ordenou esta quarta-feira ao Governo que apresente um plano para atender às necessidades diárias de oxigénio dos hospitais de Nova Deli, sobrelotados devido a uma vaga devastadora da pandemia de covid-19. O Supremo Tribunal decidiu também contra a punição imediata de funcionários pela falha no fornecimento de oxigénio nas últimas duas semanas em hospitais sobrelotados.

“Em última análise, colocar funcionários na prisão ou prendê-los por desacato não trará oxigénio. Diga-nos os passos para que isso seja resolvido”, disse o juiz Justice Chandrachud durante a audiência.

O juiz suspendeu o aviso de desacato emitido por um tribunal superior de Nova Deli por desafiar a sua ordem de fornecimento de oxigénio adequado a mais de 40 hospitais de Nova Deli. Os funcionários do Governo considerados culpados poderiam ter enfrentado seis meses de prisão ou multa.

Na terça-feira, o Tribunal Superior de Nova Deli, que convocou dois funcionários do Ministério do Interior indiano para uma audiência hoje, disse que a triste realidade é que os hospitais estão a reduzir o número de camas e a pedir aos pacientes que procurem outros locais para tratamento.

O tribunal está a ouvir petições apresentadas por vários hospitais e lares de idosos que lutam contra o fornecimento irregular de oxigénio.

Raghav Chaddha, porta-voz do Partido Aam Aadmi, que governa Nova Deli, disse que os hospitais estavam a receber apenas 40% das suas necessidades de 700 toneladas métricas por meio do Governo Federal, e o governo local estava a organizar suprimentos adicionais para atender ao défice.

A última vaga de infeções por covid-19 levou o sistema de saúde da Índia ao limite, com pessoas implorando por botijas de oxigénio e camas de hospital nas redes sociais e canais de notícias.

Corpos amontoam-se em crematórios e nos cemitérios os parentes esperam horas para os últimos ritos.

Com 382.315 novos casos de covid-19 confirmados ontem, o número infecções da Índia aumentou para mais de 20,6 milhões desde o início da pandemia. O Ministério da Saúde indiano também divulgou 3.780 mortes nas últimas 24 horas, elevando o total para 226.188. Os especialistas acreditam que ambos os números estão subestimados.

As autoridades estão a lutar para adicionar mais camas, enviando oxigénio de um canto do país para outro e a aumentar a produção dos poucos medicamentos eficazes contra a covid-19. Rahul Gandhi, líder do partido de oposição Congresso, disse esta semana que “um confinamento é agora a única opção por causa de uma total falta de estratégia por parte do Governo indiano”.

O Governo do primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, tem sido relutante em impor um confinamento nacional por medo das consequências económicas. Modi disse no mês passado que este deveria ser o último recurso, mas quase uma dúzia de Estados impôs restrições por conta própria.

Os esforços para aumentar a campanha de vacinação são dificultados pela escassez de doses. A Índia, um país com 1,4 mil milhões de pessoas, administrou até agora 160 milhões de doses.

6 Mai 2021

Covid-19 | Modi resiste à pressão para confinar Índia enquanto mortes aumentam

O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, pediu aos Estados que considerem o confinamento como “última opção”, enquanto o número de mortes por covid-19 aumenta e os seus aliados políticos apontam o confinamento como solução para conter o surto.

Depois de, no ano passado, Modi ter decretado um confinamento nacional sem aviso prévio, que espoletou uma crise humanitária com os trabalhadores migrantes a fugirem a pé para as áreas rurais, agora o primeiro-ministro indiano resiste à pressão dos seus aliados políticos e principais líderes empresariais para um novo confinamento, face ao aumento de mortes por covid-19 no país.

Apesar da resistência de Modi, até mesmo Estados governados pelo seu partido, o Bharatiya Janata, estão a ignorar os seus conselhos.

“Um dos problemas é essa falsa narrativa de que ou é um bloqueio total, o que equivale a um desastre económico, ou nenhum bloqueio, que é um desastre de saúde pública”, disse à Bloomberg Catherine Blish, especialista em doenças infecciosas e saúde pública.

“O que está a acontecer agora é um desastre económico e de saúde. Se há grandes faixas de população a adoecer, isso não é bom nem para a população, nem para a economia”, acrescentou Blish.

Na semana passada, os canais de televisão e as redes sociais na Índia foram inundados com imagens de crematórios superlotados e hospitais desesperados com a falta de oxigénio.

As mortes diárias na Índia diminuíram ligeiramente depois de atingirem um recorde de 3.689 no domingo, enquanto o número de casos diários ultrapassou os 350.000 nos últimos dias.

O Serum Institute of India, o maior fabricante mundial de vacinas, anunciou que vai entregar 220 milhões de doses aos governos federal e estaduais indianos nos próximos meses, o que poderá abranger 8% da população do país.

O Governo central liderado por Narendra Modi vai receber 110 milhões de doses de Covishield, enquanto os governos estaduais e os hospitais vão receber o restante, disse hoje o fabricante com sede em Puneem, numa publicação na rede social Twitter, sem especificar, no entanto, a data de entrega.

“O fabrico de vacinas é um processo especializado, portanto não é possível aumentar a produção de um dia para o outro”, disse o presidente executivo (CEO) da Serum, Adar Poonawalla, em comunicado.

De acordo com o responsável, produzir doses suficientes para todos os adultos na Índia “não é uma tarefa fácil”.

O país de 1,3 mil milhões de habitantes iniciou, no fim de semana, uma nova fase da campanha de vacinação para abranger todos os maiores de 18 anos, embora algumas regiões indianas tenham indicado ter falta de doses. O ritmo de vacinação tem sido lento desde o início da campanha, em janeiro, com 157 milhões de doses administradas até agora.

A Índia registou 3.417 mortos devido à covid-19 e 368.147 casos nas últimas 24 horas, anunciou o Ministério da Saúde indiano na segunda-feira. O país acumulou 218.959 óbitos e 19,9 milhões de casos desde o início da pandemia, indicou a mesma fonte.

Estes dados mostraram uma ligeira descida, pelo segundo dia consecutivo, das infeções, depois de o país ter ultrapassado, no sábado e pela primeira vez, os 400 mil casos diários. A Índia atravessa uma segunda vaga da doença, que sobrecarregou o sistema de saúde, com escassez de oxigénio e de camas em grandes cidades como Nova Deli.

É agora o segundo país do mundo com mais casos, atrás dos Estados Unidos, e o quarto com mais óbitos, depois dos EUA, do Brasil e do México.

4 Mai 2021

Covid-19 | Indianos desesperados com devastadora segunda vaga da pandemia

A Índia tem registado nos últimos dias recordes mundiais de contágios do novo coronavírus e, face a um sistema de saúde sobrecarregado, as pessoas estão a tomar medidas desesperadas para tentar manter os familiares vivos. Nalguns casos recorrem a tratamentos médicos não comprovados e noutros ao mercado negro de medicamentos que faltam nos hospitais, indica a agência norte-americana Associated Press.

Ashish Poddar recorreu a um traficante para obter remdesivir, um antiviral, e tocilizumab, um medicamento que atenua a resposta imunitária. O hospital privado onde o seu pai, Raj Kumar Poddar, 68 anos, infetado com covid-19, estava a ser tratado disse que eram necessários para o manter vivo, mas são medicamentos em falta na maioria dos hospitais e farmácias da capital indiana.

O traficante prometeu os remédios depois de receber um adiantamento de quase 1.000 dólares, mas estes nunca chegaram e o pai de Ashish Poddar morreu. “Pelo menos podia ter-me dito que não vinha. Eu poderia ter procurado noutro sítio”, lamenta o filho enlutado, citado pela AP.

Segundo a agência norte-americana, embora a Índia seja um dos principais produtores de remédios em todo o mundo, a sua regulamentação de medicamentos já era deficiente antes da pandemia. E o desespero crescente está a levar as pessoas a tentar qualquer coisa.

Nas últimas 24 horas a Índia registou 379.257 casos de coronavírus, um novo recorde mundial de contágios. O país registou recordes diários em seis dos últimos sete dias. As mortes contabilizadas na quarta-feira foram 3.645, também um número recorde, que fez subir o total de mortos desde o início da pandemia para os 204.832. Mas alguns pensam que o número real é muito superior.

“Pessoas que morrem em confinamento domiciliário e não têm relatório de coronavírus positivo, contamos como não covid” e não entram para os números da pandemia no país, disse o funcionário de um “registo de cadáveres” junto a um crematório situado no sul de Nova Deli, que não quis ser identificado.

“Temos apenas 18 piras no crematório, mas agora estamos a receber 60-70 mortos todos os dias (…) entre 25 e 30 por coronavírus (…) Tivemos de cremar fora das piras também”, indicou a mesma fonte citada pela agência noticiosa espanhola EFE.

Rajendra Kumar, condutor de uma das ambulâncias que, segundo a EFE, chegam sem parar aquele crematório, no caso vinda da morgue do hospital AIIMS, o principal de Nova Deli, disse à agência espanhola que traz “uns 20 corpos por dia, cinco ao mesmo tempo, ou 10, 12…”. “Há um registo por baixo”, afirma o presidente do Fórum de Médicos e Cientistas Progressivos da Índia.

Harjit Singh Bhatti disse à EFE que “o sistema de registo indiano não foi bem desenvolvido e vária de estado para estado”, adiantando que “em estados que não têm um bom sistema de saúde, como Utar Pradesh, Bihar e outros estados pobres, os dados são sempre duvidosos”.

O médico referiu ainda que, devido à situação crítica no país, em algumas zonas as pessoas estão a ter problemas para fazer o teste do vírus e, mesmo quando o fazem, muitas vezes não recebem os resultados.

Nova Deli anunciou hoje que receberá nos próximos dias medicamentos e equipamentos de oxigénio de mais de 40 países, incluindo Portugal, no âmbito de um compromisso internacional para ajudar o país.

O ministro dos Negócios Estrangeiros, Harsh Shringla, destacou que neste momento as prioridades estão centradas na distribuição de oxigénio líquido, atualmente em escassez no país com mais de 1,35 mil milhões de habitantes e que ultrapassou, nas últimas 24 horas, a barreira das 18 milhões de infeções.

30 Abr 2021

Covid-19 | Mais de 40 países vão fornecer oxigénio e fármacos à Índia

A Índia anunciou ontem que receberá nos próximos dias medicamentos e equipamentos de oxigénio de mais de 40 países, no âmbito de um compromisso internacional para ajudar o país que enfrenta uma devastadora segunda vaga de casos de covid-19.

Perante a escalada de novos casos de infecções pelo novo coronavírus na Índia, que tem registado nos últimos dias novos recordes mundiais de contágios e enfrenta o colapso do sistema de saúde, a comunidade internacional, em resposta aos pedidos de Nova Deli, mostrou sinais de mobilização para ajudar o país.

Portugal foi um desses casos, tendo divulgado, na terça-feira, que ia enviar para a Índia medicamentos antivirais e oxigénio. “Face à escalada do número de casos de covid-19 na Índia (…), Portugal já manifestou disponibilidade para contribuir de forma solidária (…) para os esforços da comunidade internacional em resposta ao pedido de apoio do Governo indiano”, anunciou, na terça-feira, o Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE), afirmando ainda que estava a ser avaliada a forma mais eficaz de transportar o material médico.

A iniciativa inscreve-se no quadro da União Europeia (UE), através do Centro de Coordenação de Resposta a Emergências. Numa conferência de imprensa realizada ontem, o secretário dos Negócios Estrangeiros indiano, Harsh Shringla, afirmou que o país espera receber nos próximos dias remessas de produtos farmacêuticos, toneladas de oxigénio líquido e equipamentos geradores de oxigénio de mais de 40 países. Países que “se comprometeram em fornecer muitos dos itens que a Índia necessita com maior urgência”, afirmou o representante.

Harsh Shringla destacou que neste momento as prioridades estão centradas na distribuição de oxigénio líquido, actualmente em escassez neste país com mais de 1,35 mil milhões de habitantes e que ultrapassou, nas últimas 24 horas, a barreira das 18 milhões de infecções.

Santos da casa

Apesar do país ser produtor de medicamentos como o Remdesivir ou o Tocilizumab, os hospitais indianos estão a precisar urgentemente de mais doses destes fármacos antivirais para tratar os doentes covid-19 que apresentam um quadro clínico mais grave. “Pretendemos adquirir 400.000 doses de Remdesivir do Egipto e também estamos a agilizar esforços para obter doses dos Emirados Árabes Unidos, Bangladesh e do Uzbequistão”, disse o representante indiano.

A empresa de biofarmacologia norte-americana Gilead, que desenvolveu o medicamento antiviral Remdesivir, vai igualmente fornecer ao Governo indiano 450.000 doses do fármaco. Outras 300.000 doses do medicamento Favipiravir, procedentes da Rússia, também devem chegar ao território indiano. Os Estados Unidos anunciaram na quarta-feira o envio de equipamento médico avaliado em mais de 100 milhões de dólares para ajudar a Índia no combate à pandemia.

30 Abr 2021

Covid-19 | “Dilúvio” de doentes esgota camas em hospitais de Goa e desespera famílias

Por Paula Telo Alves, da Agência Lusa

O médico de Goa Oscar Rebello alertou ontem que a situação da covid-19 naquele estado indiano “é terrível”, com camas a faltar nos hospitais, por causa do “dilúvio de doentes” nesta segunda vaga da pandemia. “Em setembro, na primeira vaga, os casos aumentavam mais devagar, mas desta vez é um completo dilúvio”, disse à Lusa o médico do Hospital Healthway, em Goa Velha, em Pangim, capital daquele estado indiano.

O médico, que fala português fluentemente, intercalado com algumas palavras em inglês, trata doentes com covid-19 há mais de um ano, e garante que a situação atual é a pior desde o início da pandemia.

“É terrível, é um desastre”, disse à Lusa. “Antes, tínhamos tempo para assistir os doentes, organizar o oxigénio e o remdesivir [anti-viral para tratar a doença], mas desta vez é um dilúvio, uma trovoada”, lamentou.

Apesar de “para já” não faltar oxigénio em Goa, como acontece noutros estados indianos, a afluência de doentes aos hospitais, “públicos e privados”, excede largamente as camas disponíveis, segundo o médico.

“Os doentes estão como sardinhas”, contou à Lusa. “Há gente em macas e cadeiras porque não têm cama”, denunciou.

“É horrível, não podemos manejar. Estamos completamente cansados, deprimidos, esgotados”, admitiu.

O médico, nascido em 1952, disse estar particularmente chocado com a letalidade da doença entre os jovens.

“Desta vez, jovens de 30, 35 anos, que não têm nada – não há diabetes, não fumam – estão a morrer. É uma tragédia enorme”, lamentou.

O desespero dos doentes e famílias está a levar muitos a recorrer às redes sociais, noticiou na segunda-feira o jornal local Herald, e há mesmo quem peça ajuda à Igreja, num estado onde cerca de um quarto da população é católica, disse à Lusa o padre Noel da Costa.

“Nós também recebemos chamadas e dizemos às pessoas que têm de contactar um médico, mas eles respondem: ‘Padre, todos os hospitais estão cheios, não há vagas, o que podemos fazer?'”, contou à Lusa o prelado.

“Estão tão desesperados que ligam a toda a gente para ver se conseguem ajuda de alguém”, explicou.

A Igreja tem apelado às pessoas “para ficarem em casa, porque a situação é muito má”, disse o padre.

“Não há vagas nos hospitais, as pessoas estão a morrer em Goa, milhares estão a ser infetados”, lamentou. “Nós também nos sentimos impotentes”, admitiu.

Na semana passada, o presidente da Conferência Episcopal Católica da Índia pediu aos bispos para realizarem um dia de oração a 07 de maio, “procurando intervenção divina para salvar o país da pandemia”, segundo a agência católica Union of Catholic Asian News.

Em Goa, a maioria das igrejas “estão fechadas”, com os serviços religiosos a serem transmitidos pelas redes sociais, mas isso não vai impedir a iniciativa, disse o padre Noel da Costa.

“Estamos a usar as redes sociais para avisar cada família, individualmente, através do Whatsaap, para rezarem”, contou.

Goa, que faz fronteira com dois dos estados mais afetados do país, Maharashtra e Karnataka, registou na segunda-feira um novo recorde de casos desde o início da pandemia, com 2.321 novas infeções, além de 38 mortes provocadas pela doença.

A situação já levou o ministro da Saúde daquele estado, Rane Vishwajit, a pedir medidas mais drásticas ao Governo.

“Chegou a altura de Goa ter um confinamento completo pelo menos durante um mês, não podemos dar-nos ao luxo de perder mais vidas”, escreveu o ministro na segunda-feira, na rede social Twitter, adiantando que apelaria ao chefe do Governo, Pramod Sawant, para decretar a medida.

O responsável do executivo recusou no entanto o confinamento, segundo os jornais locais, mas para o médico Oscar Rebello, é urgente impor restrições para “quebrar a cadeia de transmissão”.

“Esses casamentos, festivais religiosos, casinos… Com certeza que o vírus se vai espalhar. Por isso, sim, sou a favor de um ‘lockdown’ [confinamento] parcial, pelo menos durante 15 dias”, afirmou.

Com 1,5 milhões de habitantes, Goa tem “alta positividade neste momento”, disse à Lusa o professor de Física e Biologia Gautam Menon, que trabalha em modelos matemáticos de previsão da doença para vários Governos de estados indianos.

Para o professor da Universidade Ashoka, “é provável” que o surto em Goa esteja relacionado com a presença da variante indiana, predominante no estado vizinho de Maharashtra, um dos mais afetados.

Com uma população de 1,3 mil milhões de habitantes, a Índia está a braços com um surto devastador, com recordes de mortes e contágios durante cinco dias consecutivos, o que já levou vários países a oferecerem ajuda ao gigante asiático.

A segunda vaga atingiu o país após uma redução drástica das infeções durante vários meses, o que levou muitos a especular sobre a possível imunidade da população à doença.

“Na vida, a gente paga sempre a arrogância”, apontou Oscar Rebello. “Nunca se devia ser arrogante em relação ao vírus, é preciso continuar humilde”, defendeu o médico.

28 Abr 2021

Covid-19 | Governo de Nova Deli impõe confinamento total por uma semana na cidade

As autoridades de Nova Deli vão impor um confinamento total por uma semana, a partir de hoje à noite, para evitar um colapso do setor de saúde na capital, onde os hospitais estão sobrelotados e há falta oxigénio medicinal.

“Decidimos impor um confinamento em Nova Deli das 22:00 de hoje às 06:00 da próxima segunda-feira”, disse o responsável de governo da capital, Arvind Kejriwal, numa mensagem transmitida pela televisão.

“Se não impusermos um confinamento agora, a tragédia será maior. Não podemos empurrar Deli para uma situação em que os pacientes esperam nos corredores e as pessoas morrem nas estradas”, lamentou o responsável do Governo.

Os hospitais da cidade, com cerca de 20 milhões de habitantes, estão “no limite”, disse Kejriwal, que justificou a necessidade de “medidas drásticas” para evitar “um colapso do sistema de saúde”, embora tenha anunciado que os serviços essenciais continuarão a funcionar normalmente.

A cidade, como o resto da Índia, registou um número recorde de infeções do novo coronavírus nos últimos dias, o que disparou o alarme entre as autoridades e levou o governo local a impor um confinamento no último fim de semana e encerrar restaurantes e centros comerciais.

Kejriwal lembrou que Nova Deli registou cerca de 23.500 casos nas últimas 24 horas, embora nos últimos dias as infeções tenham rondado 25.000. “Se 25 mil pacientes chegarem todos os dias, o sistema entrará em colapso: não há camas”, explicou o chefe do governo da cidade.

Segundo uma página oficial na Internet que informa sobre a disponibilidade de camas nos de cuidados intensivos, reservadas para casos mais graves que necessitam assistência respiratória, só estão livres 113 das 4.220 camas da cidade, ainda que o governo planeie abrir novas vagas nos próximos dias.

Kejriwal também apontou a falta crítica de oxigénio medicinal na capital, um problema que outras regiões do país asiático destacaram nos últimos dias.

Hoje, a Índia ultrapassou 15 milhões de infeções pelo novo coronavírus desde o início da pandemia, após registar um novo máximo diário de infeções e mortes.

O país asiático está a viver uma segunda onda da pandemia e hoje registou um recorde de 273.810 casos do SARS-CoV-2 em 24 horas, de acordo com os dados mais recentes do Ministério da Saúde indiano.

O número de mortes causadas pela covid-19 agora é de 178.769, após registar um recorde de 1.619 novas mortes em um único dia.

Segundo país mais afetado do mundo em termos absolutos, depois dos Estados Unidos (32 milhões de casos), a Índia viu os casos dispararem nas últimas semanas desde fevereiro passado.

19 Abr 2021

Fronteiras | Residentes com dificuldades em regressar da Índia e do Nepal

Um grupo de 13 residentes de Macau está neste momento na Índia à procura de soluções para voltar ao território. Segundo Aruna Jha, porta-voz do grupo, há pessoas sem possibilidades financeiras de pagar uma quarentena em Hong Kong. O Governo garantiu ao deputado José Pereira Coutinho que um novo corredor especial continua fora da agenda

 

O fecho das fronteiras entre Macau e Hong Kong continua a gerar problemas aos residentes que ainda se encontram no estrangeiro. Neste momento, um grupo de 13 residentes encontra-se na Índia à procura de soluções para voltar a Macau, adiantou ao HM Aruna Jha, porta-voz do grupo.

Aruna Jha viajou para Bombaim a 18 de Dezembro do ano passado por motivos familiares, mas as restantes pessoas estão no país há cerca de um ano, correndo o risco de perderem os seus empregos em Macau. Além disso, há situações de dificuldades financeiras que os impedem de pagar uma quarentena em Hong Kong.

Aruna Jha disse que está a ser analisada a possibilidade de viajarem de Bombaim para Hong Kong no dia 18 de Abril, embora haja muita burocracia associada. “Ainda não comprámos os bilhetes e estamos a ver todas as possibilidades. Temos de ver se conseguimos um autocarro que nos leve de Hong Kong para Macau, porque não queremos fazer a quarentena [em Hong Kong]”, adiantou.

Voar pela China também não é a opção mais viável, confessou Aruna Jha, uma vez que é preciso coordenar questões como a quarentena e o voo que levará o grupo depois para Macau. “Vou contactar a embaixada chinesa na Índia e tentar perceber as condições antes de dar este passo. Não queremos fazer quarentena na China, queremos ver se podemos apanhar um voo de Nova Deli através de Xangai ou Pequim, temos de ver também se há a possibilidade de um voo directo para Macau.”

Este grupo pediu apoio ao deputado José Pereira Coutinho, que fez um pedido de apoio urgente junto da Direcção dos Serviços de Turismo (DST). O Governo disse não existirem “planos para a abertura de um novo ‘corredor especial’ entre a RAEM e o aeroporto internacional de Hong Kong”.

“Neste momento as opções para os residentes da RAEM regressarem a Macau estão dependentes da disponibilidade dos voos, bem como do tipo de documentação que os residentes tenham na sua posse”, adiantou a DST, que aconselha os residentes a contactarem as agências de viagem.

Regressar do Nepal

Segundo adiantou o deputado José Pereira Coutinho ao HM, há também um outro grupo de residentes que estão a tentar regressar do Nepal para o território e que enfrentam dificuldades semelhantes.

A DST disse ainda, na resposta ao deputado, que “não é possível prever o que poderá acontecer nos próximos dias, semanas ou meses, na medida em que poderão ser implementadas ou alteradas as restrições de entrada ou trânsito em qualquer país ou destino”.

26 Mar 2021

Mais de 300 polícias feridos nas manifestações de terça-feira em Nova Deli

Mais de 300 polícias de Nova Deli ficaram feridos em confrontos com manifestantes durante a marcha que na terça-feira juntou na capital da Índia dezenas de milhares de agricultores que exigiam a reforma agrária no país.

Inicialmente a marcha decorreu sem problemas, durante o percurso estabelecido pelas autoridades nos arredores de Nova Deli, mas a situação alterou-se quando alguns grupos de manifestantes decidiram alterar o destino, entrando na cidade.

“Mais de 300 polícias ficaram feridos”, disse o porta-voz adjunto da Polícia de Nova Deli, Anil Mittal, sem fornecer mais detalhes sobre o balanço dos protestos de terça-feira.

O subcomissário da Polícia de Nova Deli, Eish Singhal, acrescentou que se registaram igualmente 22 denúncias por violência. As autoridades não se referiram a eventuais manifestantes feridos.

Anteriormente, as forças de segurança comunicaram a morte de um manifestante, durante um acidente, apesar de alguns agricultores afirmarem que o homem foi abatido a tiro.

A marcha e o desfile de tratores agrícolas foram um dos muitos protestos que se têm verificado na Índia contra as três leis do Governo que liberalizam o setor.

Os incidentes ocorreram quando a manifestação ocupou o espaço da cidade onde tinha lugar o desfile militar do Dia da República que assinala a aprovação da Constituição – a 26 de janeiro de 1950 – três anos após o fim do domínio colonial britânico (1947).

Alguns manifestantes, com tratores e escavadoras, retiraram as barricadas de cimento e os veículos da polícia que impediam a passagem tendo a polícia de choque usado gás lacrimogéneo e canhões de água.

No centro da cidade registaram-se confrontos entre a polícia e os manifestantes, sendo que centenas de agricultores invadiram o Forte Vermelho, um palácio do século XVII, que simboliza a independência do país da Índia, em 1947.

Entretanto, as principais organizações do setor agrícola condenaram a violência durante os confrontos de terça-feira relacionando os desacatos com “criminosos infiltrados” que participaram numa “conspiração” contra um movimento de contestação pacífico.

“Os protestos pacíficos vão continuar hoje. Vamos usar o protesto pacífico, partilhar a mensagem e torná-la ‘viral’ para que as vozes dos nossos agricultores cheguem ao Governo”, disse hoje Kisan Ekta Morcha, um dos principais organizadores da marcha através de uma mensagem na rede social Twitter.

A “grande marcha” de Nova Deli foi apoiada por milhares de concentrações em vários pontos do país e acontece após três meses de protestos contra o governo do primeiro-ministro Narendra Modi. Os agricultores pretendem o fim das três leis que liberalizam os preços e as quantidades dos produtos.

A legislação aprovada em 2020 obriga os agricultores, base económica e social do país, a negociarem diretamente os preços e as quantidades de produção com as empresas de distribuição. Os agricultores queixam-se que deste modo ficam expostos aos interesses das grandes empresas porque deixam de existir salvaguardas legais de proteção sobre abusos cometidos na cadeia de distribuição.

O Governo, que chegou a propor uma moratória de 18 meses na aplicação da nova legislação, defende que a partir deste momento cada agricultor pode negociar diretamente com o setor de distribuição e venda. Os sindicatos rejeitaram o adiamento do prazo de vigência da lei e mantêm os protestos, tendo marcado uma marcha no início de fevereiro frente ao Parlamento, em Nova Deli

27 Jan 2021

Polícia lança gás lacrimogéneo em marcha de protesto de agricultores na Índia

A polícia indiana lançou gás lacrimogéneo e jactos de água contra agricultores que participavam numa marcha de protesto em Nova Deli contra leis que liberalizam o sector, enquanto decorre paralelamente o desfile nacional do Dia da República.

Apesar de os líderes da marcha terem apelado à não-violência, pedindo aos manifestantes para respeitarem a rota designada pelas forças de segurança, alguns grupos terão removido barricadas de betão com a ajuda de tratores, enquanto a polícia de choque disparava canhões de água e lançava gás lacrimogéneo.

Um vídeo divulgado na rede social Twitter por um dos líderes do protesto, Yogendra Yadav, mostra os distúrbios entre a polícia e os manifestantes. O objectivo da marcha é pressionar o Governo indiano a revogar três leis que liberalizam o sector agrícola.

Os organizadores esperavam uma participação de cerca de “250.000 tratores e veículos e mais de um milhão de agricultores”. A rota, que deveria contornar a capital indiana, de acordo com as instruções da polícia, desviou-se em algumas zonas da cidade, levando a confrontos entre a polícia de choque e os manifestantes.

Os organizadores da marcha tinham apelado aos manifestantes para que mostrassem um comportamento exemplar, de forma a que nada “manchasse” um momento “histórico”.

“A nossa vitória depende de o desfile decorrer pacificamente, sem quaisquer acontecimentos indesejados. Lembrem-se que o nosso objetivo não é conquistar Deli, mas conquistar os corações do povo deste país”, sublinharam.

A marcha na capital está a ser apoiada por milhares de manifestações em toda a Índia, após dois meses de protestos contra o Governo do primeiro-ministro indiano Narendra Modi, exigindo que revogue leis que liberalizam tanto os preços de venda como a quantidade de algumas colheitas vendidas.

A situação obriga os agricultores a negociarem os preços com grandes empresas da cadeia de distribuição.

O Governo indiano, que chegou a propor uma moratória de 18 meses na aplicação das leis, rejeitada pelos sindicatos, defendeu, no entanto, a reforma, afirmando que permitirá aos agricultores negociar nos seus próprios termos. Os agricultores dizem, no entanto, que os diplomas os deixam indefesos e nas mãos das grandes empresas.

26 Jan 2021

Fernão de Magalhães em Portugal

Sobre a data e local de nascimento de Fernão de Magalhães existem divergências, sendo 1479 o ano mais provável e para alguns adeptos o de 1480, enquanto muitas terras reclamam tê-lo visto nascer, mas três salientam-se, Ponte da Barca no Minho, Sabrosa em Trás-os-Montes, que Stefan Zweig diz não ser, referindo como aceitável o Porto e Rui Manuel Loureiro especifica Gaia. Pertencia a uma antiga família da nobreza rural, sendo filho de Rui de Magalhães, alcaide-mor de Aveiro, e de Aldonça Mesquita. Seguiu ainda jovem para Lisboa, servindo como pajem da Rainha D. Leonor, esposa de D. João II, e manteve-se morador da casa real com D. Manuel.

Na capital, Fernão de Magalhães soube da descoberta de Bartolomeu Dias e terá presenciado as partidas e chegadas, entre outras, das viagens de Vasco da Gama e Pedro Álvares Cabral. No ano de 1502, muitas foram as expedições que regressaram a Lisboa, como a de Miguel e Vasqueanes Corte Real, pois o irmão Gaspar ficara a explorar a Terra Nova; da Índia veio a terceira frota comandada por João da Nova, onde embarcara Diogo Barbosa, participante mais tarde na viagem de Fernão de Magalhães; e a de Américo Vespúcio, que navegara para além da parte portuguesa do continente americano e singrando para Sudoeste no Atlântico, explorou até próximo do extremo Sul à procura do Cabo de Catígara, para entrar no Índico.

Nas tabernas de Lisboa, os recém-chegados marinheiros contavam as experiências e em discussões inebriantes surgiam ideias como, se havia ligação por água na parte Sul de África entre o Atlântico e o Índico, então esses ‘mares’ estariam também ligados a Oeste. Questionava-se se essa costa percorrida era a da China, ou correspondia a um novo continente. Novas misturadas com outras notícias do reino, do estrangeiro e do social quotidiano, no adro de S. Domingos a certas horas do dia eram licitadas por quem as queria ouvir.

Preparava Cristóvão Colombo a quarta viagem, iniciada nesse ano de 1502, mas não ia acompanhado, como acontecera nas duas primeiras viagens, por o piloto e cartógrafo espanhol Juan de La Cosa. Este, em 1500 desenhara o primeiro mapa com o Novo Mundo, onde em destaque de cor verde representou a América, do Canadá ao Brasil com as Caraíbas, enquanto num pardo tom mostrava o restante mundo até à China. De 1502 era o Planisfério dito de «Cantino», desenhado por um anónimo cartógrafo português, actualizado já com informações geográficas provenientes da viagem de Álvares Cabral. Tinha ainda como base o mapa de Ptolomeu e usava as tradicionais cartas-portulano para os lugares não visitados por os portugueses. Baseado em latitudes e rumos, apresentava apenas 250º de longitude, representando com certo rigor a linha de costa do Extremo Oriente, apesar da península Indochinesa se alongar em latitude para o hemisfério Sul, quase a tocar o trópico de Capricórnio. Nele constavam legendas, entre as quais a de um oceano Oriental a fazer de ligação ao outro lado do planisfério, com o Novo Mundo. O problema do cálculo das longitudes só dois séculos e meio depois ficou resolvido, desactualizando então o Planisfério, que custara 12 ducados de ouro (uma fortuna) ao duque de Ferrara e foi levado para Itália por o seu agente em Lisboa, Alberto Cantino.

ANUAIS ARMADAS À ÍNDIA

A consciencialização de globo e de um novo mundo começava a estruturar-se e colocava Fernão de Magalhães a magicar sobre o que escutava. Assistia então à partida da quarta armada à Índia, capitaneada por o Almirante Vasco da Gama, que pela segunda vez ia ao Oriente, agora para apresentar as credenciais do Rei D. Manuel, Senhor da Navegação, Conquista e Comércio da Etiópia, Arábia, Pérsia e Índia. Dividida em duas frotas, a primeira partiu a 10 de Fevereiro de 1502 com quinze navios e a segunda esquadra a 1 de Abril, composta por três naus e três caravelas, capitaneada por seu filho Estêvão da Gama, onde seguiam os embaixadores aos reis de Cochim e Cananor. (A. G. em Anais do Clube Militar Naval, 1989)

No porto árabe da ilha de Quíloa (na actual Tanzânia) tornou tributário de Portugal o Sultão, que como prova de fidelidade deu um tributo de mil e quinhentos miticais de ouro, usado (como escreveria Damião de Góis, nascido nesse ano) para fazer a Custódia do Mosteiro dos Jerónimos.

Encontrando estacionado em frente a Calicute o navio egípcio Meri, Vasco da Gama agiu sem piedade e queimou vivos os 300 passageiros e porque o Samorim de Calicute se recusou negociar, bombardeou-lhe a cidade e matou todos os locais que capturou. A 7 de Novembro de 1502 estava em Cochim, onde os cristãos nestorianos do Malabar se subordinaram ao Rei de Portugal, ficando assim realizado um dos objectivos da viagem à Índia, o de procurar cristãos. O outro, o de buscar especiarias, a feitoria de Cochim fizera a aquisição de um enorme carregamento para ele levar no regresso a Portugal. Vasco da Gama deixou o tio Vicente Sodré com cinco navios a apoiar as feitorias de Cananor e de Cochim, incumbindo-lhe também a missão de em pleno território do Islão impedir a passagem ao Mar Vermelho das naus que se dirigiam a Meca. À entrada desse mar, Vicente Sodré encontrou na Primavera de 1503 a ilha de Socotorá; estava então a sair do Tejo a quinta armada composta por três esquadras, com três naus cada uma, comandadas por Afonso de Albuquerque, seu primo Francisco de Albuquerque e António de Saldanha. Este último ficou com a missão de patrulhar a costa da Arábia e impedir os navios dos maometanos de hostilizar a navegação portuguesa no Índico. Os dois primos foram directamente para Cochim, o principal entreposto para a aquisição de especiarias, a fim de assegurar a carga a transportar para o reino. Com Afonso de Albuquerque na primeira esquadra seguia capitão de uma das naus Duarte Pacheco Pereira que, após destruírem 50 embarcações de Calicute, ficou em Cochim desde Novembro de 1503 como capitão da fortaleza, entretanto construída. Tinha três barcos, 150 soldados, com artilharia e munições para resistir aos constantes assaltos do Samorim e conseguiu demovê-lo desse intento. Pacheco Pereira regressou no início de 1505 a Portugal na sexta armada, capitaneada por Lopo Soares de Albergaria.

Vasco da Gama ao comando da quarta armada fez a viagem de retorno e estava em Lisboa a 1 de Dezembro de 1503.
A chegada dos portugueses ao Oriente perturbou o comércio dos produtos asiáticos, sobretudo especiarias, tanto aos reinos indianos e árabes das costas do Mar Arábico, como na Europa, cujo comércio era controlado há três séculos por Veneza, aliada com os mamelucos (1250-1517) do Egipto, onde em Alexandria os mercadores venezianos estavam instalados desde 1310.

D. Manuel, segundo Veríssimo Serrão, compreendeu “a necessidade de alterar a sua estratégia no Oriente. Esta não podia mais confinar-se ao envio de frotas anuais com objectivos mercantis e religiosos. Impunha-se também assentar um domínio político que garantisse a força militar e o recurso a outros centros comerciais do Índico.”

4 Jan 2021

Índia Mater

[dropcap]E[/dropcap]nquanto os ingleses a pisavam com suas botas duras e os portugueses ficavam gratos por todos, incluindo eles próprios, se esqueceram dos restos dum velho domínio, a Europa de fins do século XVIII redescobria a Índia. O sânscrito e o indo-europeu, uma amálgama de Hinduísmo e de Budismo, o subcontinente como viveiro de religiões, madre de filosofias e de sistemas de misticismo, são ideias novas para a Europa de finais do século XVIII. Na Europa de Oitocentos, a Índia chegava para ser, em paralelo com a Grécia, um mais antigo e mais longínquo berço da Europa. Afinal, o país dos Árias era apenas a outra ponta de uma grande e comum civilização que se estendia até aos confins da Ibéria.

Em 1950, um autor francês chamado Raymond Schwab interpreta todo este fenómeno, essencialmente anglo-francês, do século XIX como uma “Renaissance Orientale”, por dar origem a grande acervo de tradução e de recepção. É claro que esse processo fora já em boa parte realizado, talvez em proporções não menores, pelos missionários portugueses dos séculos XVI e XVII. Ora, apesar de conceder alguma relevância à missionação no processo, só isso chega para infirmar a tese de Schwab em abono de uma “Renascença Oriental” no termo do século XVIII enquanto novo humanismo, já que outras Renascenças orientais parecem ter sido possíveis.

Ao tempo em que Friedrich Schlegel (1772-1829) compunha Sobre a Língua e a Sabedoria dos Índios (1808), aquelas fontes eclesiásticas já haviam mergulhado no ocaso das bibliotecas conventuais portuguesas, permitindo assim que a leitura parcial de Schwab se tornasse aceite. Este “novo humanismo” que o autor de La Renaissance Orientale ainda mais romanticamente leu nos autores românticos que se interessaram pelo Oriente consistiria num desejo de regresso ou de reunião com a sabedoria esquecida da outra metade do mundo. Em particular a Índia, espécie de súmula de Oriente e de Ocidente, repositório sempiterno no qual seria possível aceder à religião e à filosofia ainda em estado nascentes: ex oriente lux.

Contudo, este louvor do Oriente como tendo sido grande no passado, e continuando a sê-lo apenas por referência a esse mesmo passado, certamente deshistoricizava a Índia, pondo-a como mero espelho no qual a Europa se mira para se entender na diferença. Coisas semelhantes foram ditas sobre a China, embora decerto nunca tenha ocorrido a cabeças românticas ou quejandas tomá-la por origem do Ocidente. A visão romântica do Oriente continua, portanto, a ser uma distorção a que alguns chamariam orientalista, mesmo se motivada por respeito ou até veneração.

Já perto do final do século da imprensa e do progresso, nas várias tentativas de compor uma epopeia moral da Humanidade como a Lenda dos Séculos de Vítor Hugo ou a Visão dos Tempos de Teófilo Braga, a Índia foi ainda representada pelo poema dramático europeu como correspondendo a um estágio ou fase primitiva da Humanidade, ainda que responsável pela criação do sentimento religioso, no âmbito dessas várias tentativas de formular em verso complicadas sínteses da História e do pensamento. Assim, a Índia é para Teófilo um “leito de morbidez e graça” (1895, p. 148), e o cerne das “idades teocráticas” da História, num determinismo tipicamente oitocentista.

É contra esta linha de representação ainda orientalista da Índia, que se prolonga pelo século XX adentro, que o goês seareiro Adeodato Barreto escreve em 1936 Civilização Hindu, em tempos a única obra que o leitor português dispunha para se informar sobre cultura indiana. Ainda que incomparavelmente mais informado, além de constituir a voz de um natural, é de novo a India Mater de matriz romântica que reside lá no fundo, sobretudo na idealização de uma Índia pacificamente civilizadora, tanto que a própria Revolução Francesa devém, para Adeodato, um exemplo de uma atitude que já tinha sido antecipada por um velho rei budista:

“Eis uma verdade que as nações ocidentais não assimilaram ainda. O Dharma-raja de Açoka, reino da Justiça e do Amor, foi recordado à Humanidade pela Revolução Francesa. Mas constitui, infelizmente, ainda hoje, um ideal a alcançar!”.

25 Nov 2020

Secretários de Estado e da Defesa dos EUA visitam Índia com a China na mira

[dropcap]O[/dropcap]s secretários de Estado e da Defesa norte-americanos iniciam hoje uma visita oficial à Índia, com a missão de reforçar a aliança contra a China, a uma semana das eleições nos Estados Unidos.

Mike Pompeo e Mark Esper procuram capitalizar na crescente desconfiança da Índia face ao país vizinho, para sustentar uma frente regional que trave a crescente afirmação da China na região do Indo-Pacífico.

Os dois lados têm previsto assinar um acordo amplo para partilha de informação de satélites militares e cooperação estratégica.

Poucas horas depois de Pompeo e Esper aterrarem na Índia, o Governo de Donald Trump notificou o Congresso norte-americano sobre os planos de venda a Taiwan de sistemas de mísseis Harpoon, por 2,37 mil milhões dólares.

Trata-se da segunda grande venda de armamento em duas semanas para a ilha, que Pequim considera ser uma província sua, apesar de funcionar como uma entidade política soberana.

Os dois territórios separaram-se em 1949, depois de as forças nacionalistas terem fugido para Taiwan, após a derrota na guerra civil chinesa contra os comunistas.

A China reagiu à primeira venda com o anúncio de sanções contra empresas de defesa dos EUA.

Pouco antes de a venda ser anunciada, Pompeo reuniu com o ministro dos Negócios Estrangeiros indiano, S. Jaishankar, para elogiar a “forte parceria entre os Estados Unidos e a Índia”.

O secretário de Estado norte-americano considerou esta parceria “essencial para a segurança e prosperidade de ambos os países, a região do Indo-Pacífico e o mundo”, segundo um comunicado do Departamento de Estado.

China e Índia têm registado confrontos na fronteira disputada nos Himalaias. Dezenas de milhares de soldados estão num impasse desde maio, quando violentos confrontos resultaram na morte de pelo menos 20 soldados indianos.

A relação entre a China e os Estados Unidos deteriorou-se também rapidamente, nos últimos dois anos, com várias disputas simultâneas entre as duas maiores economias do mundo, em torno do comércio, tecnologia, a soberania do mar do Sul da China ou questões de direitos humanos.

Em Pequim e em Washington, referências a uma nova Guerra Fria são agora comuns. Índia e China travaram uma guerra de um mês pelos territórios disputados na fronteira, durante o auge da Crise dos Mísseis em Cuba, em 1962, e alguns temem que ocorra um confronto semelhante. Pompeo não escondeu o desejo da Casa Branca de contar com a ajuda da Índia para isolar a China. Desde que Trump se tornou Presidente, os EUA e a Índia reforçaram gradualmente a cooperação no âmbito militar.

Quando Trump visitou a Índia, em fevereiro passado, os dois lados concluíram acordos de defesa no valor de mais de 3 mil milhões de dólares. O comércio no âmbito da defesa bilateral aumentou de quase zero, em 2008, para 15 mil milhões de dólares, em 2019.

As negociações em Nova Deli esta semana seguem-se a uma reunião que Pompeo teve no início deste mês, em Tóquio, com os homólogos da Índia, Japão e Austrália, que juntos formam as quatro nações do Indo-Pacífico conhecidas como “Quad”.

O Quad é visto como um contrapeso para a ascensão da China, que tenciona reforçar o domínio militar em toda a região. Pompeo tem ainda planeadas deslocações ao Sri Lanka, Maldivas e Indonésia, com a intenção de pressionar estes países a resistirem à China.

27 Out 2020

Antigo Presidente da Índia Pranab Mukherjee morreu aos 84 anos após contrair covid-19

[dropcap]O[/dropcap] antigo Presidente indiano Pranab Mukherjee, um veterano da política com grande reputação de negociador, morreu esta segunda-feira aos 84 anos, depois de ter contraído covid-19, informou a sua família. O antigo Presidente indiano estava hospitalizado há várias semanas após contrair covid-19 e morreu por falência geral dos órgãos.

Originário de Bengala, no nordeste da Índia, Pranab Mukherjee era um protegido da ex-primeira-ministra Indira Gandhi, que foi assassinada em 1984.

Pranab Mukherjee, do Partido do Congresso, tornou-se o braço direito do primeiro-ministro Manhoman Singh (2004-2014), servindo sucessivamente como ministro da Defesa, Negócios Estrangeiros e depois Finanças, ganhando a reputação de negociador de destaque.

Em 2012, Mukherjee assumiu a Presidência da Índia, permanecendo no cargo até 2017. O actual primeiro-ministro Narendra Modi, do rival partido nacionalista Bharatia Janaty, disse no Twitter que Pranab Mukherjee era “admirado por toda a classe política” e que deixou “uma marca indelével na trajectória de desenvolvimento” da Índia.

A Índia é o quarto país do mundo com mais caos de covid-19 registados, contando mais de 3,6 milhões infectados e 64.469 mortos.

1 Set 2020

Covid-19 | Índia regista novo máximo diário de infecções e eleva casos para quase 850.000

[dropcap]A[/dropcap] Índia registou 28.637 infecções de covid-19 nas últimas 24 horas, um novo máximo diário de casos, segundos dados oficiais hoje divulgados, elevando o total de casos para quase 850.000. No total, desde o início da pandemia, a Índia registou 849.553 casos do novo coronavírus e 22.674 mortos, 551 dos quais só nas últimas 24 horas.

O estado de Karnataka, no sul, cujo centro informático de Bangalore é a sede dos escritórios da Microsoft, Apple e Amazon, prolongou o confinamento por mais dez dias. Oito dos 28 estados indianos, incluindo os mais atingidos Maharashtra, Tamil Nadu e Nova Deli, são responsáveis por quase 90% de todas as infecções.

O estado mais populoso da Índia, Uttar Pradesh, com quase 230 milhões de habitantes, anunciou o confinamento durante o fim de semana, com início esta noite. Todas as lojas permanecerão fechadas, excepto farmácias e supermercados ou estabelecimentos de venda de produtos alimentares.

A Índia é o terceiro país com mais casos do novo coronavírus, depois de Estados Unidos e Brasil. A pandemia de covid-19 já provocou mais de 561 mil mortos e infectou mais de 12,58 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

12 Jul 2020

Covid-19 | Índia com novo recorde de 24.850 casos em 24 horas

[dropcap]A[/dropcap] Índia registou novo recorde de casos de infeção por coronavírus nas últimas 24 horas e a Organização Mundial da Saúde (OMS) advertiu o país sobre os planos de lançar uma vacina até ao mês de Agosto.

O Ministério da Saúde divulgou hoje mais 24.850 casos confirmados, o que eleva o total nacional para 673.165, tornando a Índia o quarto país do mundo mais atingido pela pandemia de covid-19, depois dos EUA, Brasil e Rússia. O número de mortos na Índia aumentou para 19.268, divulgou a Associated Press (AP).

O Conselho Indiano de Pesquisa Médica, a agência que lidera a resposta à covid-19 no país, disse na semana passada ter definido o dia 15 de agosto – dia da independência da Índia – como a meta para o desenvolvimento de uma vacina contra o coronavírus, pedindo a laboratórios de investigação que desenvolvem ensaios clínicos que inscrevessem os participantes nesta tarefa até ao próximo dia 07.

Soumya Swaminathan, cientista da OMS, disse em entrevista ao jornal ‘online’ indiano The Wire que alguns resultados da fase um poderão estar disponíveis em agosto “se tudo correr conforme planeado”.

5 Jul 2020

Covid-19 | Índia ultrapassa 100 mil casos de contágio

[dropcap]O[/dropcap] número de infectados pelo novo coronavírus na Índia ultrapassou os 100 mil, verificando-se um aumento significativo de infectados entre os trabalhadores migrantes que abandonaram as cidades durante o confinamento decretado pelo governo de Nova Deli.

O ministro da Saúde da União Indiana indicou hoje um total de 101.139 casos e 3.163 mortes provocadas pelo covid-19. Os dados oficiais referem que 39 mil pessoas conseguiram recuperar da doença. Até à semana passada, a Índia reportava cerca de quatro mil casos de infecção por dia. O Estado mais afectado é o de Maharashtra, que regista um total de 1.249 mortes e 35 mil casos de contágio.

A Índia prolongou as medidas de confinamento até ao dia 31 de maio, mas permite aos Estados mais desfavorecidos economicamente abrir os estabelecimentos comerciais.

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 316.000 mortos e infetou mais de 4,7 milhões de pessoas em 196 países e territórios. Mais de 1,7 milhões de doentes foram considerados curados.

Os Estados Unidos são o país com mais mortos (90.309) e mais casos de infeção confirmados (mais de 1,5 milhões). Seguem-se o Reino Unido (34.796 mortos, mais de 246 mil casos), Itália (32.007 mortos, quase 226 mil casos), França (28.239 mortos, cerca de 180 mil casos) e Espanha (27.709 mortos, mais de 231.600 casos).

A Rússia, com menos mortos do que todos estes países (2.722), é, no entanto, o segundo país do mundo com mais infeções (mais de 290 mil).

19 Mai 2020

Covid-19 | Índia prolonga confinamento até ao fim de Maio

[dropcap]A[/dropcap] Índia anunciou hoje o prolongamento do confinamento dos seus 1,3 mil milhões de habitantes até 31 de Maio, mas admitiu levantar algumas restrições em zonas menos afetadas pela pandemia de covid-19 para incentivar a atividade económica.

“As medidas de confinamento para deter a propagação da covid-19 continuam em vigor até 31 de Maio”, anunciou, em comunicado, a autoridade nacional indiana de gestão das situações de emergência. O Ministério do Interior precisou por seu turno que, em certas zonas, certas atividades poderão vir a ser reativadas.

Mas acrescentou que, em todo o território, continuam para já proibidos todos os voos de passageiros, domésticos e internacionais, e encerrados o metropolitano, escolas, universidades, hotéis e restaurantes.

Há quase dois meses em confinamento, a Índia anunciou hoje o registo de 5.000 novos casos de infeção pelo novo coronavírus nas últimas 24 horas, o que eleva para 90.927 o total de casos no país, o mais afetado da Ásia. O país registou também até ao momento 2.827 mortes associadas à covid-19.

Quando impôs o confinamento, a 25 de Março, a Índia registava pouco mais de 500 casos e nove mortes. A 4 de Maio o Governo anunciou a reabertura das lojas de bairro em todo o país e a reactivação das actividades industriais e agrícolas nas zonas rurais, associada à retomada de algumas ligações ferroviárias.

Surgido em Dezembro na China, o SARS-CoV-2 já infectou 4,6 milhões de pessoas em todo o mundo e fez perto de 312 mil mortos, segundo um balanço de hoje da agência AFP.

18 Mai 2020