Hoje Macau China / ÁsiaFukushima | Encerrado reactor nuclear que voltou a funcionar após desastre Um reactor nuclear japonês que voltou a funcionar na semana passada, pela primeira vez em mais de 13 anos, após o desastre de 2011 na central de Fukushima, foi ontem encerrado, anunciou o operador. O reator n.º 2 da central nuclear de Onagawa, na costa norte do Japão, foi reactivado a 29 de Outubro e esperava-se que começasse a produzir energia no início de Novembro. No entanto, teve novamente de ser encerrado devido a uma falha ocorrida, no domingo, num dispositivo relacionado com os dados de neutrões no interior do reactor, indicou o operador da central, a Tohoku Electric Power Co. A empresa indicou que se decidiu pelo encerramento para reexaminar o equipamento e responder às preocupações de segurança dos residentes. Não foi anunciada nova data para o reinício da actividade. O reactor é um dos três existentes na central de Onagawa, que fica 100 quilómetros a norte da central de Fukushima Daiichi, onde três reactores derreteram na sequência de um sismo de magnitude 9 e de um tsunami em Março de 2011, libertando grandes quantidades de radiação. A central de Onagawa foi atingida por um tsunami de 13 metros desencadeado pelo sismo, mas conseguiu manter os sistemas de arrefecimento cruciais a funcionar nos três reactores e proceder ao encerramento destes em segurança. Após a catástrofe de Fukushima, todas as 54 centrais nucleares comerciais do Japão foram encerradas para serem submetidas a verificações e melhorias na segurança. O reactor n.º 2 foi o 13.º dos 33 ainda em utilização a arrancar. No ano passado, o Governo japonês adoptou um plano para maximizar a utilização da energia nuclear e está a tentar acelerar o arranque dos reactores para garantir um fornecimento estável de energia e cumprir o compromisso de atingir a neutralidade carbónica até 2050.
Andreia Sofia Silva Grande Plano MancheteFukushima | Macau mantém proibição de produtos importados do Japão O Japão pediu recentemente a Hong Kong para levantar a proibição de importação de produtos alimentares de dez zonas do país no seguimento das descargas de águas residuais nucleares da central de Fukushima. O pedido foi rejeitado e Macau segue pelo mesmo caminho. Em sete meses de análises a amostras alimentares, o Instituto para os Assuntos Municipais não registou anomalias Em Macau permanece o medo do impacto na saúde pública com a importação de alimentos oriundos de algumas zonas do Japão devido a descargas de águas residuais da central nuclear de Fukushima. Em meados do último mês, as autoridades japonesas pediram a Hong Kong para pôr um ponto final às restrições de importação de produtos, mas a RAEHK manteve a decisão. O mesmo caminho segue Macau. Numa resposta enviada ao HM pelo Instituto para os Assuntos Municipais (IAM), lê-se que vai continuar a ser proibido importar determinados alimentos do Japão por se acreditar que há risco para a saúde pública, apesar de as autoridades japonesas manterem a tese de que é seguro para o mar e a terra as descargas das águas de Fukushima. “Em resposta à decisão unilateral do Japão de proceder à descarga contínua de águas residuais nucleares no mar a partir de 24 de Agosto de 2023, o Governo da RAEM, no mesmo dia, proibiu a importação de produtos alimentares frescos e vivos ou produtos de origem animal, dos locais com risco mais elevado, nomeadamente Fukushima e dez outras prefeituras costeiras. A fim de garantir a segurança alimentar de Macau, essa medida ainda permanece em vigor”, pode ler-se. Nas análises efectuadas nos primeiros sete meses de 2024, não foram detectados problemas nos produtos importados do Japão das restantes prefeituras. “O IAM tem vindo a reforçar a monitorização de substâncias radioactivas nos produtos alimentares importados do Japão, tendo recolhido, aquando da sua importação e da venda a retalho, de 1 de Janeiro a 31 de Julho de 2024, 55 mil amostras alimentares para testes através de aparelhos de medição de radiação e 1.200 amostras para testes de radionuclídeos, nas quais não se detectou nenhuma anomalia”, é referido. No passado dia 19 de Agosto, as autoridades de Hong Kong rejeitaram um pedido do Japão para levantar as restrições à importação de produtos alimentares de dez prefeituras japonesas. Segundo a agência Lusa, foi emitido nessa altura um comunicado por parte das autoridades da região vizinha no contexto de uma visita a Hong Kong do ministro da Agricultura, Silvicultura e Pescas do Japão, Tetsushi Sakamoto. O responsável nipónico pediu o fim das medidas implementadas em Agosto de 2023. Na altura, Hong Kong impôs “medidas de controlo da importação” de produtos japoneses, incluindo pescado, marisco, algas e sal, de dez regiões do norte e centro da ilha de Honshu, incluindo de Fukushima e da capital, Tóquio. Numa reunião com Sakamoto, o secretário para a Administração interino de Hong Kong, Cheuk Wing-hing, expressou preocupação sobre “as repercussões sem precedentes” da descarga de águas residuais radioativas tratadas e diluídas da central de Fukushima Daiichi. Em Agosto foram lançadas para o oceano parte dos cerca de 1,33 milhões de toneladas de água, proveniente de chuva, água subterrânea ou injecções necessárias para arrefecer os núcleos dos reactores nucleares de Fukushima. “Não existem garantias por parte das autoridades japonesas de que o seu sistema de purificação e diluição possa funcionar de forma contínua e eficaz a longo prazo”, defendeu Cheuk Wing-hing. Apesar de ter sido aprovado pela Agência Internacional de Energia Atómica, o plano de descarga das águas de Fukushima levantou preocupações nos países vizinhos, provocando protestos de rua na Coreia do Sul. Tanto o Governo como a sociedade de Hong Kong “estão muito preocupados com a salvaguarda da segurança alimentar e da saúde pública (…) e devem adoptar uma abordagem prudente e exercer um controlo rigoroso”, disse o governante de Hong Kong. Desde o início das descargas que as autoridades da região chinesa têm testado os níveis de radiação em amostras de alimentos importados de outras províncias do Japão, sem qualquer resultado anormal, tal como acontece em Macau. Ainda assim, Cheuk disse a Sakamoto que o Governo de Hong Kong irá “acompanhar de perto a evolução das descargas e manter as medidas correspondentes sob revisão”. A libertação das águas residuais começou quase 12 anos e meio após a fusão nuclear de Março de 2011, causada por um forte terramoto e tsunami. Tanto o Governo japonês como o operador da central, a Tokyo Electric Power Company Holdings, alertaram que a água tinha de ser removida para evitar fugas acidentais dos tanques de armazenagem. Restaurantes em quebra Apesar dos dados oficiais não apontarem, para já, quaisquer riscos no consumo, a verdade é que os restaurantes japoneses têm registado quebras de negócio nos últimos meses. Logo em Setembro de 2023, um mês depois da descarga das águas o volume de negócios dos restaurantes japoneses e coreanos diminuiu 27,9 por cento em Setembro, face ao mesmo mês de 2022, segundo dados da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC). Em Outubro verificou-se uma quebra no volume de negócios dos restaurantes japoneses de 24,9 por cento em termos anuais, sendo que essa quebra também se verificou nos restaurantes de comida coreana. Em Maio deste ano, o volume de negócios dos restaurantes japoneses e coreanos baixaram 18,1, também de acordo com a DSEC. Novos diálogos A questão Fukushima tem estado em cima da mesa desde que as águas foram libertadas no mar. Em Abril desde ano, segundo a agência Lusa, peritos do Japão e da China realizaram o primeiro diálogo público entre os dois países, na cidade chinesa de Dalian, para discutir o impacto da controversa libertação de água tratada da central nuclear de Fukushima. O desastre nuclear da central japonesa de Fukushima Daiichi, desencadeado pelo devastador terramoto e tsunami de Março de 2011, representa o mais grave acidente nuclear do século XXI até à data. Segundo a agência noticiosa oficial japonesa Kiodo, a representação japonesa contou com a presença de funcionários dos Ministérios dos Negócios Estrangeiros, da Economia, do Comércio e da Indústria, bem como de delegados do operador da central, a TEPCO, e da Autoridade Reguladora Nuclear do Japão, que “trocaram pontos de vista” com peritos de agências de investigação chinesas. Já no passado mês de Março, peritos da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) se deslocaram ao Japão para fazer uma avaliação do impacto da descarga das águas nas pescas e agricultura, garantindo não existir problemas de segurança alimentar. O director-geral da AIEA, Rafael Grossi, observou as águas residuais radioactivas a serem misturadas com quantidades massivas de água do mar e examinou a estação onde se processa esta operação. “Ao supervisionar esta operação e fornecendo informação sobre a mesma, asseguramos, como afirmámos desde o início, que a AIEA estará presente até que a última gota seja dispersa de forma segura no oceano”, disse Grossi num vídeo publicado na rede social X (antigo Twitter). “A segurança nuclear está em primeiro lugar. A AIEA está aqui e vamos acompanhar de forma contínua esta operação”, acrescentou. Mais recente, no passado dia 9 de Agosto, a AIEA emitiu uma nota sobre uma fuga de água detectada numa das unidades da central nuclear de Fukushima, envolvendo, segundo uma nota desta entidade, “cerca de 25 toneladas de água da sala das bombas do sistema de arrefecimento do combustível irradiado e da sala do permutador de calor”. Esta água escoou “para um dreno no chão ligado ao poço de recolha de água localizado numa sala do primeiro andar da cave”, porém, não foi detectada “qualquer fuga que se tenha propagado a outras divisões”. A AIEA salientou também que “este acontecimento não está relacionado com a descarga de água tratada”, não tendo esta sido informada “de qualquer violação das normas de proteção contra as radiações”.
Hoje Macau China / Ásia MancheteSismo de magnitude 6 atinge costa do Japão ao largo de Fukushima Um sismo de magnitude 6 na escala de Richter atingiu hoje o leste do Japão, com epicentro na costa de Fukushima, mas sem ativar o alerta de tsunami nem causar danos significativos. O abalo ocorreu pouco depois do meio-dia (hora local), com epicentro a 40 quilómetros de profundidade ao largo da costa da província de Fukushima, no leste do país, avançou a Agência Meteorológica do Japão. A empresa que opera a central desativada de Fukushima Daiichi, TEPCO, disse na rede social X (antigo Twitter) que “nenhuma anomalia” foi detetada no complexo da central, que sofreu um desastre nuclear devido a um sismo e tsunami em março de 2011. De acordo com a empresa Tohoku Electric Power, não foi também detetada qualquer anomalia na central nuclear de Onagawa, na região vizinha de Miyagi, ou nos níveis de radiação nas áreas próximas. Segundo a televisão pública japonesa NHK, o abalo levou a empresa ferroviária JR East a suspender as operações do comboio rápido de Tohoku, que liga a capital Tóquio à cidade de Sendai, no nordeste do Japão, devido à interrupção no fornecimento de energia. O sismo de hoje no Japão ocorreu um dia depois de um abalo de magnitude 7,4 na escala de Richter ter atingido Taiwan, deixando pelo menos nove mortos e 1.050 feridos, levando ainda à ativação de alertas de tsunami nas ilhas do arquipélago de Okinawa, a sudoeste do Japão, em Taiwan e nas Filipinas. O Japão fica no chamado Anel de Fogo, a zona sísmica mais ativa do mundo, e sofre sismo com relativa frequência, por isso a infraestrutura é especialmente desenhada para resistir a abalos. A península de Noto, uma zona rural e remota no centro do arquipélago japonês, sofreu um terramoto de magnitude 7,5 em 01 de janeiro que deixou mais de 240 mortos, nomeadamente devido ao desabamento de casas antigas.
Hoje Macau China / ÁsiaFukushima | Japão e China discutiram libertação de água tratada Peritos do Japão e da China realizaram no sábado o primeiro diálogo público entre os dois países, na cidade chinesa de Dalian, para discutir o impacto da controversa libertação de água tratada da central nuclear japonesa de Fukushima. O desastre nuclear da central japonesa de Fukushima Daiichi, desencadeado pelo devastador terramoto e tsunami de Março de 2011, representa o mais grave acidente nuclear do século XXI até à data. A decisão do Governo japonês de começar a libertar a água radioactiva armazenada no seu interior, uma decisão aprovada pela Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), gerou um debate científico e público, dado o seu potencial para causar danos ambientais durante décadas. O Governo japonês iniciou a quarta descarga de água tratada no mar no passado dia 18 e a próxima descarga está prevista para o próximo mês de Abril, segundo a Tokyo Electric Power Company (TEPCO), que gere a central. Durante as conversações de Dalian, os peritos japoneses tentaram persuadir os seus homólogos chineses de que estas descargas são seguras, a fim de convencer as autoridades de Pequim a levantar a proibição de importação de todos os produtos do mar provenientes do Japão. Segundo a agência noticiosa oficial japonesa Kiodo, a representação japonesa contou com a presença de funcionários dos Ministérios dos Negócios Estrangeiros, da Economia, do Comércio e da Indústria, bem como de delegados do operador da central, a TEPCO, e da Autoridade Reguladora Nuclear do Japão, que “trocaram pontos de vista” com peritos de agências de investigação chinesas.
Hoje Macau China / ÁsiaFukushima | Sismo de magnitude 5,4 volta a abalar costa Um sismo de magnitude 5,4 na escala de Richter voltou a atingir ontem o nordeste do Japão, dois dias após um outro abalo ter suspenso a descarga de águas da central nuclear de Fukushima. O sismo ocorreu às 06:17, com epicentro na costa da prefeitura de Fukushima e a cerca de 50 quilómetros de profundidade no fundo do mar, mas não levou à emissão de qualquer alerta de tsunami. Até ao momento, não foram relatados danos materiais ou feridos causados pelo sismo, que foi sentido na capital, Tóquio, a 300 quilómetros de distância. Na sexta-feira, um sismo de magnitude 5,8 na escala de Richter obrigou a Tokyo Electric Power Company (Tepco), que opera a central danificada de Fukushima Daiichi, a suspender a actual ronda de despejo de água radioactiva e tratada no Oceano Pacífico, que começou em 28 de Fevereiro. O Japão fica no chamado Anel de Fogo, uma das zonas sísmicas mais ativas do mundo, e sofre terramotos com relativa frequência, por isso as infraestruturas são projectadas para resistir a tremores. Na quarta-feira, o director-geral da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), Rafael Grossi, disse, durante uma visita a Fukushima, que as descargas são seguras. As descargas motivaram a oposição de comunidades de pescadores e de países vizinhos, incluindo a China, que proibiram todas as importações de peixe e marisco. A TEPCO está a descarregar no Oceano Pacífico mais de 1,32 milhões de toneladas de água contaminada de radioisótopos, após ser processada para lhe retirar a maioria desse material altamente radioativo e diluída em água marinha, um processo que irá prolongar-se por várias décadas. O Governo japonês, a operadora da central e o regulador nuclear japonês optaram pela descarga no oceano como a melhor forma de solucionar o problema do armazenamento provisório do líquido no interior das instalações nucleares, e após rejeitarem outras alternativas devido à complexidade técnica ou custos mais elevados.
Hoje Macau China / ÁsiaJapão | AIEA diz que descargas de Fukushima para o Pacífico são seguras O chefe da agência da ONU para o nuclear observou ontem o processo de descarga para o Oceano Pacífico das águas contaminadas da central nuclear japonesa de Fukushima e referiu-se a um “começo encorajador”. Em visita ao Japão, iniciada na terça-feira, o director-geral da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), Rafael Grossi, observou as águas residuais radioactivas a serem misturadas com quantidades massivas de água do mar e examinou a estação onde se processa esta operação. As descargas motivaram a oposição de comunidades de pescadores e de países vizinhos, incluindo a China, que proibiram todas as importações de peixe e marisco após o início do processo proveniente da central nuclear Fukushima Daiichi (no nordeste do Japão), danificada por um violento sismo e ‘tsunami’ em 2011. A viagem de Grossi ao nordeste japonês ocorre no segundo dos três dias da visita ao país asiático, marcada por reuniões com membros do Governo nipónico e da Tokyo Electric Power Company (TEPCO), a empresa gestora da central. Durante esta deslocação, que também incluiu encontros com pescadores e estudantes locais, Grossi analisou o canal de saída da água, ligada a um tubo subterrâneo que a transporta até à zona de saída no Oceano Pacífico, a um quilómetro da costa, e explicou o processo de diluição prévia com água do mar. “Ao supervisionar esta operação e fornecendo informação sobre a mesma, asseguramos, como afirmámos desde o início, que a AIEA estará presente até que a última gota seja dispersa de forma segura no oceano”, disse Grossi num vídeo publicado na rede social X (antigo Twitter). “A segurança nuclear está em primeiro lugar. A AIEA está aqui e vamos acompanhar de forma contínua esta operação”, acrescentou. Conversas nucleares Antes da deslocação às instalações da central nuclear de Fukushima, o director-geral da AIEA manteve um encontro na localidade de Iwaki com associações e grupos de pescadores da região, que contestam o processo utilizado devido ao impacto no sector das pescas e nos respectivos produtos. Em resposta, Grossi assegurou que a AIEA “monitoriza de forma independente a descarga de água da central, analisando a água, os peixes e os sedimentos”. “Até agora, os resultados mostram que o trítio [isótopo radioativo de hidrogénio] está muito abaixo dos limites. A transparência, a precisão e o diálogo serão fundamentais durante todo o processo”, acrescentou. Grossi também manteve uma conversa com estudantes da região de Fukushima, durante a qual sublinhou a importância do organismo que dirige para as gerações futuras. “As vossas perguntas sobre a descarga de água e outras questões de energia nuclear enfatizam o valor do compromisso da AIEA”, assinalou. A TEPCO está a descarregar no Oceano Pacífico mais de 1,32 milhões de toneladas de água contaminada de radioisótopos, após ser processada para lhe retirar a maioria desse material altamente radioactivo e diluída em água marinha, um processo que irá prolongar-se por várias décadas. O Governo japonês, a operadora da central e o regulador nuclear japonês optaram pela descarga no oceano como a melhor forma de solucionar o problema do armazenamento provisório do líquido no interior das instalações nucleares, e após rejeitarem outras alternativas devido à sua complexidade técnica ou custos mais elevados. Esta opção originou críticas de países vizinhos, em particular da China, apesar de estar a ser supervisionada pela AIEA, que considera o plano japonês ajustado aos padrões de segurança do setor e assegura que estas descargas “graduais e controladas” terão um impacto radiológico “insignificante” em pessoas e no meio ambiente.
Hoje Macau SociedadeMedo prolonga crise na restauração japonesa em Macau devido a descargas de Fukushima Reportagem de Catarina Domingues, da agência Lusa Proprietários de restaurantes em Macau defendem que o receio de consumir produtos japoneses está a dificultar a recuperação do negócio, já afetado pela proibição de importar alguns produtos, após a descarga das águas tratadas da central de Fukushima. Sanmin Cheang, responsável pela empresa fornecedora de peixe Iau Ieng, viu-se obrigada a repensar o negócio quando Macau anunciou, em agosto, a proibição da importação de produtos de 11 províncias japonesas, na sequência da libertação das águas radioativas tratadas da central de Fukushima. A abastecer duas dezenas de restaurantes no território, a Iau Ieng recorreu então a Dalian, cidade costeira no nordeste chinês, para substituir algum do peixe que chegava desses lugares riscados da lista pelas autoridades. Mas “não foi possível substituir alguns produtos do Japão” e, em Dalian, “não havia variedade suficiente”, admite Sanmin, em declarações à Lusa durante o Festival de Gastronomia de Macau, a decorrer no território até 03 de dezembro. A meio da tarde, já várias pessoas se encontram no recinto deste evento gastronómico, na praça do lago Sai Van, mas ninguém à frente do espaço do restaurante de Sanmin, o Woshaku. Hou Au, parceiro nesta sociedade, contabiliza o impacto da proibição, anunciada pelas autoridades: “O negócio caiu cerca de 30%”, tendo entretanto “registado melhorias na ordem dos 10%”. Sanmin lana outro valor para cima da mesa: Antes da proibição, um cliente comprava à empresa 12 vezes mais peixe do que atualmente. Também a participar no festival gastronómico, está o estabelecimento Emperor Ramen. A venda do ramen, sopa de massa de estilo japonês à base de carne, continuou a fazer-se sem problemas, explica o proprietário, Ho Wai Chong. “Mas tenho amigos que relataram que o sashimi [peixe cru fatiado] e o sushi [peixe cru com arroz] tiveram quedas na ordem dos 60 a 70%”, refere, indicando ainda que “reservas de 15 mesas por dia” caíram “para três ou quatro”. Este cenário descendente é confirmado por números divulgados esta semana pela Direção dos Serviços de Estatística e Censos, que indicam um decréscimo de 27,9% do volume de negócios dos restaurantes japoneses e coreanos em setembro. Hou Au admite concordar com as restrições impostas, embora questione o impacto da descarga na saúde marítima: “Proibir tantos produtos teve um impacto enorme nos restaurantes japoneses. Era necessário ir tão longe?” “Os restaurantes japoneses pedem ajuda”, apela Sanmin, para quem resta “agora esperar que as pessoas esqueçam” o que se está passar. Neste sentido, o dono do Emperor Ramen realça que a população continua a evitar a cozinha japonesa, num reflexo que “é psicológico”. Apesar de o Governo ter anunciado fazer inspeções às lojas de Macau, o receio da população continua a condicionar a recuperação do segmento, admite o presidente da União das Associações dos Proprietários de Estabelecimentos de Restauração e Bebidas de Macau. “As pessoas precisam de recuperar a confiança”, considera Chan Chak Mo, defendendo que, “a longo prazo, as coisas vão melhorar porque as pessoas tendem a esquecer”. Contactado pela Lusa, o Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) indicou que intensificou nas fronteiras os testes de radiação aos bens alimentares japoneses importados e reforçou a inspeção à venda deste tipo de produtos. O departamento do Governo, que não respondeu se tem alguma estimativa sobre quando levantar a interdição, disse ainda que “recolhe diariamente amostras de alimentos” em estabelecimentos de venda e restaurantes e que não foram encontradas anomalias. Em 22 de agosto último, horas após Tóquio anunciar que as águas de Fukushima iam começar a ser lançadas no oceano, Macau proibiu a importação de vários produtos, incluindo marinhos, de regiões do norte e centro da principal ilha do Japão. O continente chinês e Hong Kong tomaram decisões semelhantes em resposta à descarga, aprovada pela Agência Internacional da Energia Atómica, e que poderá durar até 2050.
Hoje Macau SociedadeRestaurantes | Japoneses sofreram com despejo de águas de Fukushima O despejo para o oceano de águas da central nuclear de Fukushima teve um impacto considerável nos restaurantes de comida japonesa e coreana no passado mês de Setembro. Recorde-se que o despejo das águas começou no dia 24 de Agosto e levou a que o Governo da RAEM proibisse a importação para Macau de alimentos frescos e de origem animal, sal marinho e algas marinhas oriundos de 10 distritos japoneses. Segundo dados revelados ontem pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC), o volume de negócios dos restaurantes japoneses e coreanos diminuiu 27,9 por cento em Setembro, face ao mesmo mês de 2022. Em direcção oposta, o volume de negócios dos restaurantes ocidentais, o dos restaurantes chineses e o dos estabelecimentos de comidas e lojas de sopas de fitas e canja ascenderam, respectivamente, 68,5, 46,5 e 35,3 por cento. Em termos mensais, uma vez que Setembro sofreu com a sazonalidade de ficar entre o fim das férias de Verão e a Semana Dourada, o volume de negócios da restauração diminuiu 13,7 por cento, face a Agosto. Os volumes de negócios dos proprietários entrevistados de todos os tipos de restauração desceram em termos mensais, salientando-se que o volume de negócios dos restaurantes japoneses e coreanos e o dos restaurantes ocidentais diminuíram 24,2 e 19,7 por cento, respectivamente. Em relação ao comércio a retalho, a DSEC deu conta do crescimento anual de 14,4 por cento dos negócios no período em análise. Os sectores com subidas mais significativas foram as lojas de vestuário para adultos (+35,9 por cento) e o dos artigos de couro (+32,5 por cento). Em termos mensais, o comércio ao retalho também caiu de Agosto para Setembro, com uma quebra de 18 por cento dos negócios.
João Luz Manchete SociedadeFukushima | 17.800 produtos analisados em dois meses e meio Entre 24 de Agosto e 8 de Novembro, o Instituto para os Assuntos Municipais analisou o teor de radiação de 17.800 produtos importados do Japão e submeteu a testes laboratoriais 460 amostras. Até ao momento, não foram detectadas anomalias. O trabalho não obrigou ao reforço do orçamento do Departamento de Segurança Alimentar Na sequência do despejo para o oceano de águas da central nuclear de Fukushima, o Governo da RAEM proibiu, a partir de 24 de Agosto, a importação para Macau de alimentos frescos e de origem animal, sal marinho e algas marinhas oriundos de 10 distritos japoneses (Fukushima, Chiba, Tochigi, Ibaraki, Gunma, Miyagi, Niigata, Nagano e Saitama e da Metrópole de Tóquio). Além disso, foi montado um mecanismo de inspecção e análise a produtos importados do Japão de distritos não abrangidos pela proibição. “No período compreendido entre 24 de Agosto e 8 de Novembro de 2023, foram submetidas a análise do teor de radiação, ao nível da inspecção sanitária à importação e no mercado local, 17.800 amostras de produtos alimentares importados do Japão, tendo sido também recolhidas 460 amostras para testes de radionuclídeos na entidade laboratorial”, revelou ao HM o Instituto para os Assuntos Municipais (IAM). As amostras de alimentos incluem produtos aquáticos e seus derivados, carnes e seus derivados, legumes e frutas frescos, leite e produtos lácteos e ovos de aves. Em relação à bateria de análises a produtos importados, o IAM esclarece que, “até ao presente momento, não se verificaram anomalias em quaisquer dos resultados”. Mobilizar forças O Governo de Hong Kong revelou que até ao passado dia 10 de Outubro os esforços para monitorizar a segurança alimentar em produtos importados do Japão obrigaram ao investimento de 10 milhões de dólares de Hong Kong (HKD). O secretário do Ambiente e Ecologia, Tse Chin-wan, revelou aos deputados da região vizinha que o Governo, até 10 de Outubro, havia gasto 6 milhões de HKD em equipamento para análise a radiação e 3,8 milhões de HKD em recursos humanos para reforçar a monitorização de segurança alimentar implementada desde o final de Agosto. Em resposta ao HM, o IAM garante que não precisou de aumentar o orçamento destinado a garantir a segurança alimentar. “Tendo em conta a situação da descarga de águas residuais nucleares no mar, o IAM procedeu à distribuição apropriada do pessoal responsável pela inspecção ao nível da inspecção sanitária à importação para executar os trabalhos de inspecção sanitária e amostragem, garantindo a existência de equipamentos em número suficiente para serem utilizados”, relevou o organismo liderado por José Tavares. No fundo, a monitorização de alimentos importados do Japão não acarretou alterações ao funcionamento do Departamento de Segurança Alimentar em termos orçamentais ou de afectação de recursos humanos, com os trabalhos de inspecção a recaírem nas tarefas regulares do departamento. O HM perguntou ainda ao IAM se existia um horizonte temporal que apontasse para a duração da suspensão da importação de produtos vindos das consideradas zonas de risco, mas não obteve uma resposta concreta. Em vez disso, o IAM afirmou que “continuará a prestar atenção e a monitorizar a respectiva situação, avaliando os diversos factores e tomando medidas de prevenção e controlo em relação aos potenciais riscos de segurança alimentar, a fim de proteger a saúde dos residentes e consumidores de Macau”.
Hoje Macau China / ÁsiaJapão | China rejeita críticas sobre veto de importações após descarga de Fukushima A China defendeu ontem a legitimidade e a necessidade do seu veto às importações de produtos marinhos do Japão, depois de Tóquio ter apresentado queixa à Organização Mundial do Comércio (OMC), considerando-o “totalmente inaceitável”. A porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros da China, Mao Ning, disse que o despejo de água contaminada da usina nuclear de Fukushima no mar pelo Japão é um acto “sem precedentes” e “sem padrões reconhecidos”, que “coloca em risco o ambiente marinho e a segurança pública”. Mao afirmou que a comunidade internacional está “preocupada” com as consequências desta decisão e tomou medidas preventivas. “As medidas relevantes da China são inteiramente legítimas, razoáveis e necessárias”, acrescentou. A porta-voz apelou ao Japão para “corrigir o seu erro” e “responder com seriedade às preocupações e exigências racionais dos países vizinhos e da comunidade internacional”. O Governo japonês pediu à China que “remova a restrição o mais rapidamente possível”, considerando que carece de base científica. Tóquio apresentou um documento aos membros da OMC, órgão que monitora o cumprimento e a padronização do comércio internacional, onde argumenta a sua oposição ao veto. A empresa proprietária da danificada central nuclear de Fukushima começou a 24 de Agosto a descarregar a água tratada da central. A China demonstrou forte oposição desde que foi conhecido o plano, que recebeu a aprovação da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA). A agência da ONU afirmou que o plano japonês cumpre as medidas de segurança internacionais e o seu impacto a nível humano e ambiental será, em princípio, inofensivo.
João Santos Filipe Manchete PolíticaFukushima | Apreendidos produtos importados do Japão As autoridades anunciaram ter impedido a entrada no mercado de duas caixas de ostras com origem em Miyagi. O importador tinha declarado como origem das ostras a prefeitura de Iwate, que não foi abrangida pela proibição de importações O Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) anunciou ter impedido a entrada em Macau de duas caixas com ostras importadas de Miyagi, no Japão. Esta é uma das 10 prefeituras alvo da proibição de importação de produtos marítimos, animais e vegetais imposta pela China, após a descarga para o mar de água com resíduos radioactivos da Central Nuclear de Fukushima. De acordo com um comunicado na quarta-feira à noite, em chinês, as caixas de ostras com origem em Miyagi foram detectadas numa operação de rotina à radiação dos produtos importados do Japão. Terá sido durante esse procedimento que os inspectores do IAM descobriram que duas das caixas tinham como origem a prefeitura de Miyagi. Contudo, no pedido de licença de importação, a empresa responsável pela entrada dos produtos em Macau terá declarado que os produtos tinham origem na prefeitura de Iwate, que faz fronteira a norte com a prefeitura de Miyagi, mas que não foi alvo do bloqueio. “O Instituto para os Assuntos Municipais lembra os importadores que devem cumprir rigorosamente as leis e os regulamentos aplicáveis, declarar de forma honesta a origem e qualidade dos produtos, e não importar alimentos das áreas proibidas”, sublinhou o organismo liderado por José Tavares, em comunicado. Ao mesmo tempo, o IAM apelou aos importadores para manterem os registos e os documentos das mercadorias, para que “a origem” possa ser identificada a qualquer altura, quando considerado necessário pelas autoridades. Sem resultados positivos A informação oficial emitida na quarta-feira indica que esta foi a primeira apreensão de produtos proibidos de entrar em Macau. Contudo, não foi indicado o destino das duas caixas de ostras. No caso de as autoridades seguirem os procedimentos adoptados durante a pandemia, as caixas deverão ser destruídas, porém, esta informação não foi revelada. No comunicado, o IAM também não refere que os testes de radiação tenham gerado qualquer resultado positivo, pelo que se assume que todos os testes tenham sido negativos. Desde 24 de Agosto que é proibida a entrada em Macau de alimentos frescos e vivos, com origem animal, sal e algas marinhas com origem nas prefeituras de Fukushima, Chiba, Tochigi, Ibaraki, Gunma, Miyagi, Niigata, Nagano e Saitama e da Metrópole de Tóquio. Apesar de a Agência Internacional de Energia Atómica (AEIA) ter declarado que a água libertada no mar é considerada segura, a China coloca em causa os dados das autoridades japonesas. Por esse motivo, foi lançado uma proibição de importação de produtos que abrange o Interior, Macau e Hong Kong. As autoridades de Macau apelaram também aos residentes que viajam para estas zonas para não trazerem consigo produtos proibidos como lembranças. Também não foi afastada a possibilidade de ser lançado um aviso de alerta sobre as viagens para o Japão, o que poderia colocar em causa a cobertura dos seguros para os residentes interessados em viajar o país nipónico.
Hoje Macau PolíticaFukushima | Wong Wai Man protesta descarga de águas O presidente da Associação dos Armadores de Ferro e Aço, Wong Wai Man, esteve em Hong Kong e entregou uma carta no Consulado do Japão, a protestar contra a descarga no mar de águas com resíduos nucleares da Central Nuclear de Fukushima. A descarga começou na semana passada e deverá prolongar-se nos próximos 30 anos. O ex-candidato à Assembleia Legislativa em Macau divulgou a entrega da carta, através de um vídeo em directo nas redes sociais, em que aparecia com mais três pessoas. Além da entrega da carta, os quatro também exibiam uma faixa onde se podia ler: “Protestamos veementemente contra o Japão pela descarga de água poluída nuclear que ameaça a Humanidade”. Apesar de a Agência Internacional da Energia Atómica ter garantido a segurança do procedimento, a descarga teve oposição em vários países, principalmente na China, incluindo Macau e Hong Kong, onde foi implementado um bloqueio à importação de produtos marítimos e vegetais de 10 prefeituras japonesas.
Hoje Macau China / ÁsiaJapão | Pequim garante segurança de estrangeiros no país A China garantiu ontem a segurança dos estrangeiros no país após actos de assédio ocorridos nas proximidades das instalações da embaixada do Japão e por telefone, desde o início da descarga de água contaminada de Fukushima. “A China sempre protegeu a segurança, os direitos e interesses legítimos dos estrangeiros, de acordo com a Lei”, disse o porta-voz da diplomacia chinesa Wang Wenbin, em conferência de imprensa. A Embaixada japonesa em Pequim disse ontem estar “extremamente preocupada” com actos assédio nas proximidades das suas instalações e por via telefónica, desde o início da descarga de água contaminada da central nuclear de Fukushima. “É claro que lamentamos [o assédio] e estamos extremamente preocupados”, disse um porta-voz da embaixada, citado pela agência France Presse. “Apelamos ao Governo chinês, de acordo com o Direito internacional, para que forneça segurança às embaixadas e consulados na China, incluindo algumas instalações relacionadas com o Japão e cidadãos japoneses”, afirmou. Internautas chineses partilharam o número de telefone da embaixada nas redes sociais nos últimos dias, gerando uma onda de chamadas para reclamar do início da descarga de água da central de Fukushima. Isto não foi condenado pelo Governo chinês, que se opõe às descargas no Oceano Pacífico, aprovadas pela Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA). O primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, condenou na segunda-feira o lançamento de pedras contra a embaixada japonesa e escolas japonesas na China desde o início da descarga. O ministro dos Negócios Estrangeiros do Japão, Yoshimasa Hayashi, referiu que foi atirado um tijolo à embaixada. A embaixada japonesa pediu, este fim de semana, aos seus cidadãos que evitem falar alto em japonês e reforçou as medidas de segurança nas proximidades das escolas japonesas e das missões diplomáticas no país.
Hoje Macau PolíticaJapão | DST ajusta de níveis de alertas de viagem A Direcção dos Serviços de Turismo (DST) poderá vir a ajustar o nível de alerta de viagem para algumas regiões do Japão, revelou no sábado a directora do organismo, Helena de Senna Fernandes, em declarações ao canal chinês da Rádio Macau. Para já, a directora da DST referiu que o Governo irá manter a atenção aos desenvolvimentos relativos à descarga para o oceano de águas usadas para arrefecer os reatores da central nuclear de Fukushima e ter em conta as respostas do Ministério da Cultura e Turismo do Interior da China e das regiões vizinhas. Além disso, Helena de Senna Fernandes apelou aos residentes de Macau que evitem viajar para a província de Fukushima e a planear cuidadosamente as viagens ao Japão. Por outro lado, a responsável admitiu que o Japão é um importante mercado externo para o turismo de Macau e que ainda não está decidido se as actividades promocionais no país serão ajustadas, mas que a promoção online vai continuar. Fukushima | Kevin Ho e Vong Hin Fai condenam descarga Os membros da Assembleia Popular Nacional (APN) por Macau, Kevin Ho e Vong Hin Fai, criticaram a descarga de água com resíduos nucleares em Fukushima. Em comunicado, citados pelo Jornal Ou Mun, ambos indicaram que as acções das autoridades japoneses ameaçam os ecossistemas globais e que foram conduzidas apesar de haver uma “grande oposição da comunidade internacional e dos países vizinhos”. Vong e Ho afirmam também que a descarga é “um comportamento irresponsável” e “egoísta” do Japão que vai afectar todo o mundo. Por sua vez, Kevin Ho admitiu que as autoridades japonesas disponibilizaram os dados sobre os níveis de radioactividade das águas, mas atira que “a credibilidade é questionável”. Neste sentido, o empresário que é um dos proprietários dos jornais Diário de Notícias e Jornal de Notícias apontou que devia haver uma investigação independente aos números das autoridades japonesas.
João Luz Manchete PolíticaFukushima | Sal esgota em plataformas chinesas, Governo alerta para rumores Depois do despejo para o oceano de água que arrefeceu os reactores da estação nuclear de Fukushima, a venda de sal marinho disparou nas plataformas online do Interior e nos supermercados. O Governo de Macau alertou para rumores e apelou à racionalidade, sem especificar porque o sal de cozinha não é eficiente para prevenir danos de radiação Após alguns meses de retórica exacerbada sobre os perigos para a saúde pública decorrentes da descarga para o oceano das águas usadas para arrefecer os reactores da central nuclear de Fukushima, voltou a corrida à compra de sal marinho, com particular incidência nas plataformas online do Interior da China. Depois de banir importações de produtos de 10 regiões japonesas e de prometer fiscalizar bens trazidos para Macau por quem visitou o Japão, o Governo da RAEM vem agora apelar “aos cidadãos para não acreditarem em rumores que provoquem o consumo irracional” de sal. No entanto, o alerta conjunto da Direcção dos Serviços de Economia e Desenvolvimento Tecnológico e do Conselho de Consumidores não explica porque este comportamento é irracional, ou contrário da tomada de posição das autoridades de Hong Kong. Numa publicação no Facebook, o Centro de Segurança Alimentar da região vizinha afirmou na sexta-feira que “não existem provas científicas que demonstrem que comer sal pode prevenir eficazmente danos provocados por radiação. A quantidade de iodo no sal iodado (sal de cozinha) é muito pequena. Seria preciso consumir entre 2,5 e 5 quilos por dia para atingir a dosagem de um comprimido de iodo”, esclareceram as autoridades de Hong Kong. O Centro de Segurança Alimentar da região vizinha recordou que o mesmo acontecera em 2011, quando os consumidores deixaram as prateleiras dos supermercados vazias depois do acidente nuclear em Fukushima. Importa ainda esclarecer que os comprimidos de iodo não funcionam como um antídoto contra a radiação e que o seu consumo excessivo, assim como de sal, é prejudicial à saúde. Consumir este tipo de medicação apenas é aconselhável devido à exposição a radiação depois de um acidente nuclear de forma a prevenir a absorção de um tipo de iodo radioactivo. Além disso, os comprimidos de iodo apenas devem ser tomados por prescrição médica ou depois de alertas de autoridades de saúde pública. O medo online Sem esclarecer a população do ponto de vista científico, o Governo de Macau limitou-se a garantir que o fornecimento de sal é estável, assegurando que estão atentas a “práticas de aumento do preço sem justa causa e de açambarcamento de produtos”. “De acordo com os dados disponíveis, actualmente, o volume de stock de sal em Macau é superior a 190 mil quilos, o que é suficiente para 37 dias de consumo por toda a população de Macau, e os fornecedores também vão continuar a proceder à sua aquisição”, informaram. A suspensão das importações de todos os produtos aquáticos do Japão por parte da China aconteceu logo depois de, na quinta-feira, a central nuclear de Fukushima ter iniciado a descarga de águas contaminadas no oceano. O Yicai noticiou que muitos produtores de sal cotados em bolsa registaram na quinta-feira aumentos significativos nos preços das acções, em resposta ao súbito aumento da procura e que o sal marinho esgotou em muitas plataformas chinesas de comércio electrónico. O jornal estatal Global Times escreveu também que a procura de detectores de radiação, “que podem ser utilizados em alimentos e cosméticos importados”, aumentou 232 por cento esta semana e que as vendas desses dispositivos aumentaram na quinta-feira, coincidindo com o início das descargas. Nas redes sociais do Interior, foram partilhadas inúmeras publicações alarmistas, como vídeos antigos de grandes quantidades de peixes mortos a dar à costa em regiões do Japão. Com Lusa
Andreia Sofia Silva Grande Plano MancheteFukushima | Descarga de águas origina protestos na Coreia do Sul As águas residuais da central nuclear de Fukushima começaram ontem a ser despejadas no oceano, situação que levou à proibição de importação de produtos em Macau, Hong Kong e Interior da China. A Agência Internacional de Energia Atómica supervisionou a descarga e indicou que a concentração de trítio na água está abaixo do limite esperado O operador de Fukushima Daiichi, a Tokyo Electric Power Company Holdings (TEPCO), começou ontem o lançamento para o oceano de águas residuais radioactivas tratadas e diluídas da central nuclear. Num vídeo transmitido ao vivo da sala de controlo da central, a TEPCO mostrou um membro da equipa a ligar a bomba que descarrega as águas para mar às 13h03 (hora local), três minutos após o início da etapa final, num processo que poderá prolongar-se até 2050. A bomba enviou o primeiro lote de água diluída e tratada de uma piscina de mistura para uma piscina secundária, a partir da qual a água é libertada no oceano, a um quilómetro da costa, através de um túnel submarino. O arranque aconteceu só depois da TEPCO confirmar que não havia qualquer impacto devido ao lançamento por parte da Coreia da Norte de um alegado satélite espião, que provocou a activação do alerta antimíssil no sul do arquipélago do Japão. A TEPCO tinha avisado que a central de Fukushima Daiichi poderia, no início de 2024, ficar sem espaço para armazenar cerca de 1,33 milhões de toneladas de água, proveniente de chuva, água subterrânea ou injecções necessárias para arrefecer os núcleos dos reatores nucleares. A operadora pretende libertar 31.200 toneladas de água tratada até ao final de Março de 2024, o que esvaziaria apenas 10 dos cerca de mil tanques de armazenamento, embora o ritmo de descarga deva aumentar mais tarde. A preparação tinha começado na terça-feira, após o primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, ter dado o aval final numa reunião dos ministros envolvidos no plano, aprovado pela Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA). Ainda na terça-feira, uma tonelada de água tratada foi misturada com 1.200 toneladas de água do mar, sendo que a mistura foi mantida na piscina primária por dois dias para amostragem final para garantir a segurança, disse um executivo da TEPCO. Junichi Matsumoto tinha dito que, na primeira fase que deverá durar cerca de 17 dias, iriam ser descarregados cerca de 7.800 metros cúbicos de água contendo trítio, uma substância radioativa que só é perigosa em doses muito concentradas. “Especialistas da AIEA recolheram esta semana amostras das águas preparadas para as primeiras descargas”, afirmou num comunicado o órgão da ONU que supervisiona a operação. “A análise realizada de forma independente no local confirmou” que a concentração da substância radioactiva trítio estava “bem abaixo do limite operacional de 1.500 becquerel (Bq) por litro”. Protestos na Coreia A libertação de água começa quase 12 anos e meio após a fusão nuclear de Março de 2011, causada por um forte terramoto e tsunami. O plano levantou preocupações entre grupos de pescadores japoneses e também nos países vizinhos, provocando protestos de rua na Coreia do Sul, que levaram ontem à detenção de mais de dez pessoas que tentaram entrar na embaixada japonesa em Seul durante uma manifestação, informou a polícia local. Um pequeno grupo de manifestantes reuniu-se em frente à embaixada, segurando cartazes nos quais se podia ler: “O oceano não é a lata de lixo do Japão”. Por sua vez, a agência sul-coreana Yonhap indica que 16 pessoas, todas estudantes universitárias, foram detidas por esta tentativa de intrusão. Outros manifestantes foram dispersos e a polícia restringiu o acesso ao edifício que alberga a embaixada pouco depois deste incidente. Seul apoiou publicamente a decisão de Tóquio de descarregar água contaminada da central nuclear danificada de Fukushima, mas apelou a uma maior transparência no processo. “Apelo ao governo japonês para que publique informações sobre lançamentos de forma transparente e responsável durante os próximos 30 anos”, disse ontem o primeiro-ministro sul-coreano, Han Duck-soo. O chefe do Governo sul-coreano reconheceu que não há razões para uma “preocupação excessiva”, porque o plano aprovado pelas autoridades japonesas, que recebeu a aprovação da Agência Internacional da Energia Atómica (AIEA), não deverá causar danos significativos. “Embora o cenário ideal fosse evitar completamente a descarga de água contaminada, os peritos de todo o mundo partilham a opinião de que não é necessária uma preocupação excessiva da população”, sustentou. Alimentos proibidos A descarga de águas residuais de Fukushima levou as autoridades de Macau e Hong Kong, bem como a própria China, a proibir a importação de determinados alimentos, tal como peixe, marisco, frutas, legumes, ovos, algas e sal marinho, de dez zonas do país, nomeadamente Fukushima, Chiba, Tochigi, Ibaraki, Gunma, Miyagi, Niigata, Nagano, Saitama e Tóquio. A suspensão de importação poderá afectar o abastecimento de restaurantes japoneses em Macau, foi noticiado esta quarta-feira, apesar de representantes do sector estimarem que o impacto será pouco significativo. Em comunicado, o Governo de Macau declarou que o Japão “ignorou as fortes dúvidas e a firme oposição da comunidade internacional, lançando forçosamente o plano de descarga de águas contaminadas da central nuclear de Fukushima no mar”, pelo que as autoridades locais estão “muito preocupadas com o incidente”, manifestando uma “forte oposição”. Há vários meses que o Instituto para os Assuntos Municipais tem vindo a realizar análises à comida importada do Japão, a fim de testar níveis de radioactividade e eventuais perigos para a saúde pública. Segundo a agência noticiosa Xinhua, o Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) chinês manifestou-se ontem novamente contra a decisão das autoridades japonesas, tendo solicitado ao Governo de Fumio Kishida o fim da operação. “A China opõe-se firmemente e condena [este acto] com veemência. Fizemos sérias diligências junto do Japão e pedimos-lhe que pusesse termo a este acto ilícito”, afirmou o porta-voz do MNE num comunicado. O porta-voz afirmou também que a eliminação das águas contaminadas da central nuclear de Fukushima é uma questão importante em matéria de segurança nuclear e que o seu impacto ultrapassa as fronteiras do Japão, não sendo de modo algum um assunto privado do país. O MNE chinês entende que este acto “é extremamente egoísta e irresponsável que ignora o interesse público global”, pois “o oceano pertence a toda a humanidade”. “Ao despejar a água no oceano, o Japão está a espalhar riscos para o resto do mundo e a passar uma ferida aberta para as futuras gerações”, adiantou o porta-voz. Para a China, está em causa uma infracção “dos direitos das pessoas à saúde, ao desenvolvimento e a um ambiente saudável, o que viola as responsabilidades morais e as obrigações do Japão ao abrigo do direito internacional”. O MNE entende ainda que, “a partir do momento em que o Japão iniciou a descarga, colocou-se no banco dos réus perante a comunidade internacional e está obrigado a enfrentar a condenação internacional durante muitos anos”. Impacto no turismo? Ouvidos pela rádio e televisão públicas de Hong Kong, a RTHK, dois representantes do sector do turismo comentaram a possibilidade de o sector vir a ser afectado devido à descarga das águas residuais de Fukushima. Steve Huen, director executivo da EGL Tours, especializada em viagens ao Japão, afirmou que o impacto pode ocorrer, sendo, no entanto, de curta duração. Na quarta-feira, adiantou o responsável, o número de pessoas de Hong Kong que se inscreveram para excursões no país sofreu uma redução de 20 por cento face aos dois dias anteriores. “Não creio que os efeitos sejam duradouros. É claro que toda a gente vai observar a situação, mas talvez quando virem que não há problemas, comecem a viajar para o Japão novamente. Penso que levará muito pouco tempo para os números voltarem ao normal, penso que dentro de duas a três semanas”, disse Huen. Por sua vez, Fanny Yeung, directora executiva do Conselho da Indústria de Viagens de Hong Kong, fala de um efeito negativo mais duradouro, com uma quebra de 20 por cento no número de visitantes nos próximos meses. “A comida de lá, especialmente o peixe fresco, é algo muito desejado pelos viajantes. Este incidente afecta o seu nível de confiança e a intenção de as pessoas irem de férias ao Japão”, disse à RTHK. A responsável entende que as agências de viagens terão de considerar outros destinos e mercados para as suas operações. Com agências
Hoje Macau China / ÁsiaJapão | Pequim chama embaixador após anúncio de descargas de Fukushima no mar A China convocou na terça-feira o embaixador do Japão em Pequim, após o anúncio por Tóquio da intenção de descarregar no Oceano Pacífico, a partir de hoje, a água da central nuclear de Fukushima. “O vice-ministro dos Negócios Estrangeiros Sun Weidong convocou o embaixador do Japão na China, Hideo Tarumi, para lhe fazer uma declaração solene, depois de Tóquio ter anunciado que começará a descarregar água da central afectada de Fukushima no Oceano Pacífico esta semana”, segundo um comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) chinês. Após o anúncio do início das operações esta semana, Pequim acusou o Japão de descarregar arbitrariamente água contaminada da central nuclear danificada de Fukushima no mar. “O oceano é propriedade de toda a humanidade, não é um lugar onde o Japão possa descarregar arbitrariamente água contaminada”, afirmou o porta-voz do MNE chinês, Wang Wenbin, em conferência de imprensa. “O Governo chinês insiste que as pessoas devem estar em primeiro lugar e vai continuar a tomar todas as medidas que considerar necessárias para salvaguardar a segurança alimentar e a saúde dos cidadãos chineses”, acrescentou Wang Wenbin. “Pedimos ao Japão que abandone este plano”, reiterou o porta-voz chinês, no último apelo a Tóquio para desistir de uma iniciativa que, segundo Pequim, “suscitou múltiplas preocupações na comunidade internacional”. Tóquio anunciou na terça-feira a data da primeira descarga de água, cerca de três meses depois de a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) ter afirmado que o plano japonês está em conformidade com os padrões definidos para este tipo de casos. A libertação de água, que deve arrancar a partir de hoje, começa quase 12 anos e meio após a fusão nuclear de Março de 2011, causada por um forte sismo e tsunami.
João Santos Filipe Manchete PolíticaFukushima | Bloqueio a produtos japoneses afecta 10% dos restaurantes Associações de empresários locais reconhecem o impacto da proibição de importações do Japão no sector da restauração de Macau. Porém, acreditam ser possível evitar a escalada de preços através do recurso a mercados alternativos, como Coreia do Sul, Austrália, Canadá ou Rússia As medidas de suspensão da importação de produtos de 10 regiões do Japão vão ter impacto em cerca de 10 por cento dos restaurantes de Macau e até poderá levar ao aumento de preços, mesmo que limitado. O cenário foi traçado por Lei Iam Leong, presidente da Associação do Sector da Restauração. Lei foi questionado se o facto de os restaurantes terem de importar produtos de outros mercados vai levar ao aumento de preços nos estabelecimentos dedicados à comida japonesa. No entanto, o dirigente associativo apontou que as variações no preço vão depender de serem encontrados mercados alternativos de abastecimento. “De facto, o preço não vai ser muito afectado porque os produtos importados do Japão costumam ser relativamente mais caros no mercado. Portanto, se importarmos os produtos de outros países não afectados, o preço de importação não vai aumentar”, explicou Lei Iam Leong, citado pela TDM. O responsável indicou ainda que a medida vai ter impacto para “cerca de 10 por cento dos restaurantes com comida japonesa”. Chan Chak Mo, presidente da União das Associações dos Proprietários de Estabelecimentos de Restauração e Bebidas, também reconheceu o impacto da medida e indicou que todos os produtos do Japão, mesmo os que não são provenientes das 10 perfeituras alvo do bloqueio também têm de ser inspeccionados. “Certamente que vai haver impacto. A associação teve encontros com o Instituto para os Assuntos Municipais e foi-nos explicado o próximo passo dos trabalhos rigorosos de inspecção. Todos os alimentos importados do Japão devem ser inspeccionados antes de entrarem no mercado do território”, indicou Chan Chak Mo, à Rádio Macau. Todavia, o também deputado destacou a desconfiança que a descarga de águas com resíduos nucleares em Fukushima pode gerar face à comida importada e propõe que os restaurantes avisem os clientes que os produtos foram inspeccionados. “Sugiro aos restaurantes japoneses locais que coloquem avisos nas lojas a informar que os alimentos que vendem foram inspeccionados pelo IAM, a fim de aumentar a confiança dos clientes”, apontou. Mercados alternativos As medidas anunciadas pelo Governo de Ho Iat Seng, que fazem parte de um bloqueio conjunto com o Interior e Hong Kong, vão ainda levar os restaurantes locais a procurar importar os produtos de outros mercados. Este é um esforço que começou a ser feito após as reuniões com o Instituto para os Assuntos Municipais. “Muitos patrões de restaurantes locais também estão a procurar novos mercados para a importação de produtos, como a Coreia do Sul, Rússia ou Taiwan”, reconheceu Chan Chak Mo. “Quanto à possibilidade de os preços subirem, as mercadorias com origem do Japão são mais caras que noutros países, aliado à conjuntura económica local, não creio que os preços possam subir a curto prazo”, afirmou. Por sua vez, Lei Kit Heng, representante da Associação da União de Fornecedores de Macau, afirmou que os importadores estavam preparados para esta possibilidade, depois de terem reunido com o Governo, há cerca de um mês. “O Governo organizou uma reunião com o nosso sector no início deste mês. Portanto, já nos informou sobre esta situação e os fornecedores tiveram tempo suficiente para preparar as operações das empresas [para este cenário]”, afirmou Lei, de acordo com a TDM. “Podemos importar marisco de outras regiões, como Rússia, Canadá e Austrália”, acrescentou. Com a descarga de água com resíduos nucleares da Central Nuclear de Fukushima anunciada para hoje, a proibição de importação afecta produtos frescos como peixes, marisco, frutas legumes ou sal. As prefeituras alvo do bloqueio são Fukushima, Chiba, Tochigi, Ibaraki, Gunma, Miyagi, Niigata, Nagano, Saitama e Tóquio. Alfândega | Turistas vindos do Japão sujeitos a fiscalização Os Serviços de Alfândega prometem intensificar as acções de fiscalização dos produtos trazidos para Macau por turistas e residentes vindos do Japão. A promessa foi feita através de um comunicado, emitido ontem em chinês, e visa o cumprimento da ordem do Executivo de Ho Iat Seng com o bloqueio à importação de alimentos das prefeituras de Fukushima, Chiba, Tochigi, Ibaraki, Gunma, Miyagi, Niigata, Nagano, Saitama e Tóquio. “Os Serviços de Alfândega apelam aos residentes que viajam para o Japão para prestarem atenção às instruções emitidas e não trazerem os produtos proibidos para Macau”, foi pedido. A campanha de fiscalização dos produtos é ainda justificada “com a necessidade de salvaguardar a saúde dos residentes”. O bloqueio aos alimentos do Japão entra hoje em vigor, depois de o Governo nipónico ter anunciado que vai libertar no mar as águas com resíduos radioactivos da Central Nuclear de Fukushima.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaFukushima | Macau proíbe importação de produtos alimentares do Japão Peixe e marisco, frutas, algas e sal marinho são alguns dos produtos alimentares que as autoridades de Macau vão deixar de importar de dez regiões do Japão devido à decisão de descarga das águas da central nuclear de Fukushima no oceano. Macau reage assim em consonância com Hong Kong e o Interior da China O Governo decretou ontem a proibição de alguns produtos alimentares oriundos do Japão devido à decisão das autoridades nipónicas de despejar as águas da central nuclear de Fukushima no Oceano Pacífico. Segundo a nota oficial divulgada ontem, será proibida a importação de produtos alimentares frescos como peixes, marisco, frutas, legumes, sal e algas marinhas de dez regiões do Japão, considerados como produtos com o risco mais elevado para a saúde pública. A proibição de importação entra em vigor esta quinta-feira, data em que deverão começar as descargas de água. As regiões consideradas de mais alto risco em matéria alimentar são, além de Fukushima, Chiba, Tochigi, Ibaraki, Gunma, Miyagi, Niigata, Nagano, Saitama e a própria capital, Tóquio. As autoridades dizem estar “profundamente desagradadas” com a decisão tomada pelo Governo japonês, justificando que a proibição das importações “é uma medida necessária para assegurar a saúde da população e a segurança alimentar”. Na mesma nota, é ainda referido que a decisão do Japão “sem consulta dos países vizinhos é um acto de extrema irresponsabilidade”, sendo que as autoridades locais dizem estar “profundamente preocupadas com o incidente”. O Instituto para os Assuntos Municipais (IAM), que coordena matérias de segurança alimentar, diz estar em coordenação com as autoridades de Guangdong e Hong Kong sobre esta matéria. HK fecha a porta Entretanto, Hong Kong anunciou ontem também a imposição “imediata de medidas de controlo da importação” de produtos japoneses, horas após o Japão revelar que as águas da central de Fukushima vão começar a ser lançadas no oceano. “Instruí imediatamente o secretário para o Ambiente e Ecologia e os departamentos relevantes para imporem de imediato medidas de controlo de importações”, disse o Chefe do Executivo da RAEHK, John Lee. O dirigente disse que a medida serve para “proteger a segurança alimentar e a saúde pública de Hong Kong”, que apontou como “as principais prioridades do governo”. A China continental também já tinha proibido a importação de alguns alimentos de dez províncias do Japão. Na segunda-feira, um porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Wenbin, defendeu que descarregar a água no oceano “não é a opção mais segura ou mais prudente”. O Governo japonês anunciou ontem que as águas residuais radioactivas tratadas e diluídas da central nuclear de Fukushima Daiichi serão lançadas no oceano a partir de amanhã. O primeiro-ministro, Fumio Kishida, deu o aval final numa reunião dos ministros envolvidos no plano e deu instruções ao operador da central, a Tokyo Electric Power Company Holdings (TEPCO), para estar pronto para iniciar as descargas na quinta-feira, se o tempo o permitir. A libertação de água começa quase 12 anos e meio após a fusão nuclear de Março de 2011, causada por um forte terramoto e tsunami. A central de Fukushima Daiichi deverá, no início de 2024, ficar sem espaço para armazenar cerca de 1,33 milhões de toneladas de água, proveniente de chuva, água subterrânea ou injeções necessárias para arrefecer os núcleos dos reactores nucleares. Tanto o governo japonês como a TEPCO alertaram que a água deve ser removida para evitar fugas acidentais dos tanques. Com Lusa
João Santos Filipe Manchete PolíticaFukushima | Operários querem bloqueio a lembranças do Japão O membro do Conselho Consultivo para os Assuntos Municipais da FAOM questionou o IAM sobre a possibilidade de proceder a inspecções regulares a lembranças que residentes trazem do Japão. A medida visava impedir a entrada de produtos radioactivos Chan Ka Keng, membro do Conselho Consultivo para os Assuntos Municipais e da Federação das Associações dos Operários de Macau, afirmou estar preocupado com as lembranças trazidas por residentes que visitam o Japão. As declarações foram feitas na sessão de sexta-feira de manhã do Conselho Consultivo para os Assuntos Municipais, na sequência da possibilidade das águas da Central Nuclear de Fukushima serem libertadas no mar. De acordo com as declarações citadas pelo Jornal Cheng Pou, Chan apontou que o Japão é um dos destinos turísticos mais populares para os residentes de Macau, pelo que há sempre o risco de serem trazidas lembranças com produtos frescos embalados. Neste sentido, o membro da FAOM questionou o IAM sobre a possibilidade de serem colocados pontos de inspecção às compras dos residentes no Japão, de forma a testar os níveis de radioactividade. “Será que esta é uma das preocupações? Os produtos [trazidos pelos residentes] não podem ser ligeiramente radioactivos? Será que Macau vai inspeccionar os produtos comprados no Japão e impedi-los de entrar, apenas por precaução?”, questionou. Por sua vez, O Lam, vice-presidente do Conselho de Administração para os Assuntos Municipais respondeu que a legislação actual torna ilegal que os residentes tragam consigo produtos que obrigam à realização de inspecções e quarentenas. O Lam também indicou a Chan Ka Keng que, até ao momento, não foram registados valores anormais de radioactividade nos produtos marítimos importados do Japão. Além de membro do Conselho Consultivo para os Assuntos Municipais, Chan Ka Keng é o representante da FAOM no Conselho da Educação, na condição de suplente. Bloqueio nacional No mês passado, o Instituto para os Assuntos Municipais admitiu suspender a importação de produtos alimentares do Japão e exigir a apresentações de certificados de radiação e de origem dos produtos. A posição foi tomada em antecipação do despejo para o mar de água usada na refrigeração da central nuclear de Fukushima. Esta é uma posição que está a ser concertada pelo país, com o potencial bloqueio de Macau a ser anunciado, depois de o Interior e Hong Kong terem anunciado medidas semelhantes, no caso de haver uma descarga da água de Fukushima. Actualmente, o bloqueio às importações abrange Fukushima, mas no futuro poderá focar nove outros distritos, nomeadamente Chiba, Tochigi, Ibaraki, Gunma, Miyagi, Niigata, Nagano, Saitama e Tóquio. A preocupação com o tratamento da água não se limita à China, apesar de a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), organização criada no seio das Organização das Nações Unidas (ONU), considerar que a descarga é segura. Ainda assim, o plano tem encontrado oposição em vários locais, embora não seja a nível governamental, como na Coreia do Sul e nos Estados Unidos.
João Santos Filipe SociedadeSMG intensificam trabalhos de inspecção de qualidade da água Face aos planos do Governo japonês para libertar no oceano a água acumulada da Central Nuclear de Fukushima, o Governo da RAEM revelou ter intensificado as inspecções às águas do território. A medida foi tomada pelos Serviço Meteorológicos e Geofísicos (SMG) e revelado numa resposta a interpelação do deputado Lei Chan U, assinada por José Tavares, presidente do Instituto para os Assuntos Municipais (IAM). “Relativamente ao plano do Japão de despejar água contaminada com resíduos radioactivos para o Oceano Pacífico, os SMG aumentaram a frequência de recolha de amostras da água do mar para análise, bem como irão ajustar oportunamente o grau de monitorização, para assegurar a saúde dos residentes”, foi explicado ao deputado Lei Chan U. Este tipo de inspecção faz parte das medidas adoptadas pelos SMG em 2014, quando foi criado um “mecanismo de monitorização permanente do nível de radioactividade da água do mar nas zonas costeiras de Macau e nas áreas marítimas circundantes”. A ferramenta implica a recolha anual de “amostras para análise da água do mar em vários pontos de monitorização”, feita de acordo com os padrões do Interior, além da cooperação com regiões vizinhas. Para complementar estes trabalhos, foi garantido que também a Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA) “realiza mensalmente um teste de triagem preliminar sobre o nível de radiação da água do mar nas áreas marítimas sob jurisdição, servindo como referência interna para analisar a tendência de mudança”. Tudo nos conformes Como revelado anteriormente, na resposta à interpelação do deputado da Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), José Tavares reitera que caso sejam libertadas águas da central de Fukushima a RAEM vai avançar com um plano para bloquear as importações de várias regiões do país nipónico. “Se o Japão despejar água contaminada com resíduos radioactivos de Fukushima no mar, este Instituto irá tomar mais medidas para suspender a importação de alimentos oriundos de nove distritos, a saber: Chiba, Tochigi, Ibaraki, Gunma, Miyagi, Niigata, Nagano, Saitama e Tóquio”, foi indicado. “Em paralelo, o IAM reforçará a inspecção dos produtos alimentares importados do Japão, e não se exclui a possibilidade de ajustar as respectivas medidas de inspecção e quarentena, de acordo com as necessidades reais”, foi acrescentado. José Tavares informou ainda que o IAM “reforçou as análises de radioactividade nos alimentos importados do Japão desde meados de Maio do ano corrente, incluindo produtos aquáticos e seus derivados, frutas, vegetais, leite e produtos lácteos, carnes de animais domésticos e seus derivados”. Nos testes mais recentes não foi verificada “qualquer anomalia”.
João Santos Filipe Manchete SociedadeIAM | Bloqueio a importações de alimentos do Japão na forja Uma posição comum, depois do Interior e de Hong Kong, também Macau se prepara para suspender as importações de produtos de várias regiões do país do sol nascente. Em causa, está a possível descarga de águas de Fukushima no oceano A descarga para o oceano das águas residuais nucleares da Central de Fukushima, no Japão, vai levar o Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) a suspender as importações de alimentos de diversas áreas do Japão. O cenário foi confirmado por José Tavares, presidente do IAM, em declarações enviada à Rádio Macau. De acordo com o responsável, caso se confirme a descarga, o IAM vai “alargar imediatamente a área de suspensão de pedidos de importação de produtos alimentares para dez distritos”. Actualmente, está em vigor um bloqueio das importações de alimentos de Fukushima. No entanto, com a descarga a efectuar-se, o bloqueio às importações vai abranger mais nove distritos, nomeadamente Chiba, Tochigi, Ibaraki, Gunma, Miyagi, Niigata, Nagano, Saitama e Tóquio. O responsável do IAM explicou ainda que não está “está descartada a imposição da exigência de certificado de teste de radiação dos produtos alimentares frescos e vivos importados dos outros distritos”. Em relação ao impacto no mercado de alimentos locais, Tavares desvalorizou esse aspecto e indicou que as principais importações de “produtos marinhos” do Japão são provenientes das regiões de Hokkaido, Kagoshima, Fukuoka, Nagasaki e Ehime. À Rádio Macau, o responsável explicou também que o IACM actualmente realiza análises regulares aos produtos vindos do Japão e que até agora “não se detectou nenhuma anomalia”. Tema polémico A polémica em torno dos resíduos nucleares surgiu depois de o Governo do Japão ter anunciado a intenção de, no próximo mês fazer, uma descarga para o mar das águas residuais da Central de Fukushima, onde aconteceu um dos maiores incidentes nucleares da História em 2011. Apesar de a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), organização criada no seio das Organização das Nações Unidas (ONU), considerar que a descarga é segura, o plano tem encontrado oposição em vários países. Além da China, que em conjunto com as regiões de Hong Kong e Macau se prepara para fazer um bloqueio para os produtos do Japão, também a oposição da Coreia do Sul, ao contrário do Governo, tem sido muito vocal nesta matéria. Vários grupos de cientistas alertaram também para os perigos da descarga, como foi o caso de Robert H. Richmond, director do Laboratório Marinho Kewalo da Universidade do Havai em Manoa, nos Estados Unidos.
Nunu Wu Manchete SociedadeFukushima | Associação apela a boicote a bens e viagens ao Japão A Associação Geral dos Chineses Ultramarinos de Macau juntou-se ao coro crítico em relação à decisão do governo japonês de despejar para o mar de água usada na refrigeração da central nuclear de Fukushima. Num comunicado divulgado pelo jornal Ou Mun, a associação apela ao boicote de produtos japoneses e a sugere que cidadãos chineses, que residam na China ou no estrangeiro, e residentes das regiões administrativas especiais abdiquem de passar férias no Japão. Além disso, a organização de cariz patriótico vincou o total apoio às eventuais medidas de respostas impostas pelo Governo da RAEM, nomeadamente a suspensão de importação de produtos japoneses caso se verifique o despejo das águas que serviram para refrigerar os reactores da central nuclear. “A associação tem como lema central o amor à pátria e a Macau e apoia incondicionalmente a suspensão de importação de produtos japoneses. Vamos usar as nossas ligações dentro e fora da China para convencer todos os chineses a não consumir produtos japoneses”, é referido. A entidade salientou que a Administração Geral das Alfândegas da China proibiu desde sexta-feira a importação de alimentos de Tóquio e outros nove distritos, incluindo Fukushima, considerados como locais de risco elevado, medida que a associação descreve como “acto de justiça para garantir a segurança alimentar do povo”. Milhões pelos ares Não só os produtos japoneses, alimentação e cosméticos em particular, são muito consumidos em Macau, Hong Kong e no Interior da China, como o Japão é um dos destinos de férias preferenciais. A associação realçou que a indústria turística nipónica é altamente dependente dos turistas chineses e que nos dois anos antes da pandemia mais de 8 milhões chineses visitaram o Japão. Caso o Japão avance com o despejo para o mar de água usada na refrigeração da central nuclear de Fukushima, os consumidores chineses vão ficar ressentidos e a economia japonesa irá sofrer um “impacto crítico”. A associação apontou ainda que o despejo de águas no oceano viola a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar e o princípio de manter a paz e a segurança internacional regulado pelas Nações Unidas. Porém, não menciona a conclusão do relatório apresentado pela Agência Internacional da Energia Atómica (AIEA), que faz parte das Nações Unidas, que concluiu que a medida terá um impacto “negligenciável” no ambiente e não representa perigo para as populações.
Hoje Macau China / ÁsiaChefe da AIEA no Japão para avaliação do plano para águas de Fukushima O chefe da Agência Internacional da Energia Atómica (AIEA) chegou ontem ao Japão, para apresentar uma avaliação do plano japonês para descarregar parte da água da central nuclear de Fukushima no oceano. Rafael Grossi vai encontrar-se com o primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, e com o chefe da diplomacia japonesa, Yoshimasa Hayashi, em Tóquio, antes de se deslocar hoje a Fukushima (nordeste) para visitar a central devastada pelo sismo e tsunami que desencadearam o acidente nuclear em 11 de Março de 2011. O tsunami levou à fusão de três reactores, o pior desastre do pós-guerra no Japão e o mais grave acidente nuclear desde Chernobyl, na Ucrânia, em 1986. O acidente provocou fugas radioactivas que obrigaram dezenas de milhares de habitantes das zonas circundantes a Fukushima a fugir das suas casas, em muitos casos para sempre. Os trabalhos de descontaminação e de desmantelamento da central deverão prolongar-se por várias décadas, mas o Japão vê-se confrontado com o problema imediato de armazenar cerca de 1,33 milhões de toneladas de água proveniente da chuva, das águas subterrâneas ou das injecções necessárias para arrefecer os núcleos dos reactores nucleares no local da central, que se aproxima do ponto de saturação. Descargas polémicas O Governo japonês tenciona descarregar a água no oceano depois de a tratar com um sistema de descontaminação que elimina todos os elementos radioactivos, excepto o trítio, e de a diluir. O projecto já foi aprovado pela AIEA, mas o Governo japonês afirmou que as descargas só vão começar depois de uma “revisão completa”, cujos resultados Grossi deverá apresentar agora. “A análise da AIEA, que é a autoridade em matéria de gestão e aplicação das normas de segurança nuclear, é essencial para os nossos esforços no sentido de promover a compreensão internacional”, declarou o porta-voz do Governo, Hirokazu Matsuno. Mas o plano foi alvo de fortes críticas por parte da China, enquanto na Coreia do Sul os preços do sal – que contém iodo, usado para tratar exposição radioactiva – subiram em flecha devido aos receios de contaminação radioactiva na sequência da libertação da água de Fukushima no oceano. As comunidades piscatórias de Fukushima também receiam que os clientes boicotem as capturas da zona, apesar dos rigorosos protocolos de controlo dos alimentos provenientes da região. O Japão disse que a libertação ia começar este Verão, sem dar mais pormenores, e Hirokazu Matsuno indicou que esse calendário continuava em vigor. “Explicaremos e comunicaremos exaustivamente, tanto a nível nacional como internacional, os pormenores do relatório da AIEA, os nossos esforços para garantir a segurança e as medidas contra os danos à reputação” do Japão, sublinhou o porta-voz do Governo nipónico.