Fukushima | Bloqueio a produtos japoneses afecta 10% dos restaurantes

Associações de empresários locais reconhecem o impacto da proibição de importações do Japão no sector da restauração de Macau. Porém, acreditam ser possível evitar a escalada de preços através do recurso a mercados alternativos, como Coreia do Sul, Austrália, Canadá ou Rússia

As medidas de suspensão da importação de produtos de 10 regiões do Japão vão ter impacto em cerca de 10 por cento dos restaurantes de Macau e até poderá levar ao aumento de preços, mesmo que limitado. O cenário foi traçado por Lei Iam Leong, presidente da Associação do Sector da Restauração.

Lei foi questionado se o facto de os restaurantes terem de importar produtos de outros mercados vai levar ao aumento de preços nos estabelecimentos dedicados à comida japonesa.

No entanto, o dirigente associativo apontou que as variações no preço vão depender de serem encontrados mercados alternativos de abastecimento. “De facto, o preço não vai ser muito afectado porque os produtos importados do Japão costumam ser relativamente mais caros no mercado. Portanto, se importarmos os produtos de outros países não afectados, o preço de importação não vai aumentar”, explicou Lei Iam Leong, citado pela TDM.

O responsável indicou ainda que a medida vai ter impacto para “cerca de 10 por cento dos restaurantes com comida japonesa”.

Chan Chak Mo, presidente da União das Associações dos Proprietários de Estabelecimentos de Restauração e Bebidas, também reconheceu o impacto da medida e indicou que todos os produtos do Japão, mesmo os que não são provenientes das 10 perfeituras alvo do bloqueio também têm de ser inspeccionados.

“Certamente que vai haver impacto. A associação teve encontros com o Instituto para os Assuntos Municipais e foi-nos explicado o próximo passo dos trabalhos rigorosos de inspecção. Todos os alimentos importados do Japão devem ser inspeccionados antes de entrarem no mercado do território”, indicou Chan Chak Mo, à Rádio Macau.

Todavia, o também deputado destacou a desconfiança que a descarga de águas com resíduos nucleares em Fukushima pode gerar face à comida importada e propõe que os restaurantes avisem os clientes que os produtos foram inspeccionados. “Sugiro aos restaurantes japoneses locais que coloquem avisos nas lojas a informar que os alimentos que vendem foram inspeccionados pelo IAM, a fim de aumentar a confiança dos clientes”, apontou.

Mercados alternativos

As medidas anunciadas pelo Governo de Ho Iat Seng, que fazem parte de um bloqueio conjunto com o Interior e Hong Kong, vão ainda levar os restaurantes locais a procurar importar os produtos de outros mercados. Este é um esforço que começou a ser feito após as reuniões com o Instituto para os Assuntos Municipais. “Muitos patrões de restaurantes locais também estão a procurar novos mercados para a importação de produtos, como a Coreia do Sul, Rússia ou Taiwan”, reconheceu Chan Chak Mo. “Quanto à possibilidade de os preços subirem, as mercadorias com origem do Japão são mais caras que noutros países, aliado à conjuntura económica local, não creio que os preços possam subir a curto prazo”, afirmou.

Por sua vez, Lei Kit Heng, representante da Associação da União de Fornecedores de Macau, afirmou que os importadores estavam preparados para esta possibilidade, depois de terem reunido com o Governo, há cerca de um mês.

“O Governo organizou uma reunião com o nosso sector no início deste mês. Portanto, já nos informou sobre esta situação e os fornecedores tiveram tempo suficiente para preparar as operações das empresas [para este cenário]”, afirmou Lei, de acordo com a TDM. “Podemos importar marisco de outras regiões, como Rússia, Canadá e Austrália”, acrescentou.

Com a descarga de água com resíduos nucleares da Central Nuclear de Fukushima anunciada para hoje, a proibição de importação afecta produtos frescos como peixes, marisco, frutas legumes ou sal. As prefeituras alvo do bloqueio são Fukushima, Chiba, Tochigi, Ibaraki, Gunma, Miyagi, Niigata, Nagano, Saitama e Tóquio.

Alfândega | Turistas vindos do Japão sujeitos a fiscalização

Os Serviços de Alfândega prometem intensificar as acções de fiscalização dos produtos trazidos para Macau por turistas e residentes vindos do Japão.

A promessa foi feita através de um comunicado, emitido ontem em chinês, e visa o cumprimento da ordem do Executivo de Ho Iat Seng com o bloqueio à importação de alimentos das prefeituras de Fukushima, Chiba, Tochigi, Ibaraki, Gunma, Miyagi, Niigata, Nagano, Saitama e Tóquio. “Os Serviços de Alfândega apelam aos residentes que viajam para o Japão para prestarem atenção às instruções emitidas e não trazerem os produtos proibidos para Macau”, foi pedido.

A campanha de fiscalização dos produtos é ainda justificada “com a necessidade de salvaguardar a saúde dos residentes”. O bloqueio aos alimentos do Japão entra hoje em vigor, depois de o Governo nipónico ter anunciado que vai libertar no mar as águas com resíduos radioactivos da Central Nuclear de Fukushima.

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