De cavalo para burro

[dropcap]Q[/dropcap]uando no outro dia acabei de ver “Broken Lance” (“A lança quebrada”) na TV reforçou-se-me a convicção de que dar atenção aos filmes pela assinatura do realizador, segundo o vigente e peremptório dogma do “cinéma d’auteur”, traz menos benefícios do que prejuízos a quem quiser ver o cinema sem os óculos escuros dos estereótipos.

Quase ignoto, pode-se considerar “Broken Lance” como um anódino produto saído em 1954 da linha de montagem de Hollywood. Edward Dmytryk, o seu realizador, nunca se fez digno do pendão e caldeira dos “auteurs.” E se David Thomson, sumo pontífice da história do cinema, o despacha como um que de tanto lhes puxar o lustro as suas fitas redundavam embaciadas e pomposas, também Pauline Kael a insurgente da crítica clássica, além de não ligar pevas ao filme, nunca isenta Dmytryk da sua mordacidade nas escassas referências que lhe faz em 5001 noites de cinema.

Estaríamos conversados não fosse “Broken Lance” uma caubóiada lauta e suculenta como um bacalhau com todos. Ora aqui está um belo exemplo de que para percebermos como as coisas resultam convém perceber como são feitas. No período exuberante de Hollywood as obras tanto poderiam surdir da ambição de um produtor em haurir a popularidade de um elenco, como despontar de um argumentista que trouxesse um guião promissor. Normalmente estas e outras mil intenções, em concordando, transitavam para a produção. De modo que realizadores com influência e arbítrio para convencerem os produtores a investirem nos seus projectos eram apenas um punhado, aqueles que tinham o “nome acima do título” – e mesmo estes, as guerras que tiveram para conseguirem, quando conseguiam, meter a unha na montagem final…

Há filmes bons e filmes maus e é aqui que tudo vem ter antes e depois de qualquer “ideia de cinema.” E se amiúde um filão de filmes notáveis confere com o nome de um autor, raro é que um determinado autor rubrique sempre filmes relevantes. Ora observar o todo pelos seus particulares e a partir das excepções, dar-nos-á dele o melhor, mas bastante peixe graúdo passa pela malha larga dessa rede.

Os eloquentes méritos de “Broken Lance”, que a ele nos prendem, promanam em primeiro lugar do cativante argumento. Veio ele de Philip Yordan, que apesar de vender histórias avulsas, mormente a companhias de 2.ª, o seu estro era sobejamente respeitado pelos pares. Que tenha ganho um Oscar depois de três vezes nomeado, valerá talvez menos hoje do que ter escrito o idolatrado “Johnny Guitar”. “Broken Lance” é um filme com ”mensagem” e está cosido de referências cultas – gato de rabo de fora é a alusão a Rei Lear e seus herdeiros.

Mas à boa maneira clássica isto é exposto sem levantar a voz; quem quiser ou puder, vê, e quem não vir não se perde no enredo. Por esta altura já o western não elidia a sua maior inclinação para o trágico do que para o épico. Fanada a suposta superioridade moral da conquista do Oeste o foco assestava agora nos dilemas e nos conflitos impiedosos que aquela terra sem barreiras acicatava. Portanto o argumento de “Broken lance” não poupa esforços para nos inquietar.

Merecedor de apreço paralelo ao da história é o elenco. Spencer Tracy, ciente do seu Outono, investe na personagem a altivez e a fúria que ela exige, mas também a convicção e o denodo que a tornam respeitável, traços de só um actor sazonado seria capaz. Com ele contrasta um Robert Wagner a filar o osso da sua crescente celebridade e um Robert Wydmark que por esta altura nunca deixava por mãos alheias os seus créditos como vilão.

Com balas deste calibre no revólver Edward Dmytryk tem o tento de não as desperdiçar. Ou seja, não estraga com temperos de “autor” os óptimos ingredientes que lhe deram. E nesta discrição manifesta-se a sua competência.

Artefacto de confecção industrial, comparado com os filmes de hoje “Broken Lance” dá-nos boa medida do quanto cinema se desvigorou. Todo o cinema. Quer o de cariz industrial, tributário dos planos de marketing, quer o que se diz independente ou auto-intitula de cultural, inflamado de propósitos ou afectado de estilo, mas que só ocasionalmente se desonera da falta de polimento e da parcimónia do artesanato.

7 Dez 2018

A doer, “Johnny Guitar”, de Nicholas Ray

[dropcap style=’circle’] C [/dropcap] omeço este texto acerca de “Johnny Guitar”, de Nicholas Ray, pela cena que irá influenciar todo o cinema posterior, principalmente a Nouvelle Vague. Trata-se da cena da luta entre Johnny “Guitar” Logan (Sterling Hayden) e Bart Lonergan (Ernest Borgnine), membro do bando de Dancin’ Kid. Ao bar do saloon, Lonergan começa a provocar Logan, obrigando-o a beber, até que este finalmente recusa e não resta outra alternativa que não a do confronto físico entre ambos, que Vienna (Joan Crawford), a dona do bar ordena que seja feita lá fora. Todos se dirigem para fora do bar à excepção de Dancin’ Kid e Vienna, que começam uma conversa de amor (por parte dele, ao que ela tenta furtar-se). O que seria normal nesta cena do filme é que a câmara seguisse a luta, que o espectador ficasse preso aos socos e pontapés trocados entre eles, mas vemos apenas o primeiro soco e a cena passa para dentro do bar, e passamos a seguir a conversa entre Vienna e Kid, escutando apenas o barulho da luta lá fora, por entre as palavras ácidas trocadas entre este casal de amantes. Para além da questão técnica inédita, da troca da atenção do espectador, o que fica claro é que a luta lá fora é para “meninos” – como se usava dizer em português. Lá fora, a luta é para meninos e a brincar, contrariamente a luta cá dentro é para adultos e a sério. A luta cá dentro é a luta do amor, a doer. E se ainda não tinha ficado claro até aqui, agora fica completamente claro que este western é um western de amor. E o amor de que aqui se fala é o amor em forma de paixão.
Já o escrevi aqui, a propósito de “In A Lonely Place”, que nos filmes de Nicholas Ray há sempre dois filmes em simultâneo, e neste caso não é diferente: o filme da contenda por causa da passagem dos caminhos de ferro, que vai trazer muita prosperidade e fortuna à dona do saloon, se não for obrigada a sair; e o amor. E digo assim, amor, com indeterminação, porque ele diz-se de inúmeras maneiras. O amor que cria o ódio, com a vontade de Emma (Mercedes McCambridge) – dona de um rancho e cujo irmão acaba de ser morto num assalto a uma diligência – de matar Vienna e Kid, que ela ama e não se permite admitir (e Kid ama Vienna). O amor que cria o rancor, de Kid por Vienna, por ela já não o ver como o via antes, antes de Johnny chegar. O amor que cria o querer de novo ser amor, isto é, a história de amor de Vienna e Johnny (tinham sido amantes até há cinco anos). E podemos passar a dizer amor com os nomes próprios: Emma ama Dancin’ Kid, que ama Vienna, que ama Johnny Logan, que não ama ninguém, ou assim parece ser. Há ainda o jovem Turkey Ralston (Ben Cooper), que também ama Vienna, como se fosse um prolongamento do amor maternal – ele diz-lhe que vai ficar ali com ela para a proteger, ao que ela lhe responde: “E quem vai cuidar de ti?”.
O filme é assim uma espécie de catálogo de amores. No presente, no passado e no futuro. Na realidade e no imaginário. Um dos filmes vai desenrolando-se através da ganância e do poder e o outro através do amor. Na verdade podíamos dizer com propriedade que o amor já tinha morrido. Quando o filme começa, o amor já tinha morrido, como Vienna diz a Johnny, quando ele lhe pergunta o que ela faria se o homem que ela um dia amou voltasse: “Quando um incêndio se apaga, tudo o que resta são cinzas.”
E é este amor, e só este, que importa a esta leitura. O amor que foi, entre Vienna e Johnny – cinco anos antes, em outra cidade – não pode voltar a ser, a despeito de Ray pôr no final os amantes nos braços um do outro. Não que não haja desejo, mas aquilo que os afastou estará sempre entre eles como uma burka que não se consegue despir. Pode haver uma noite, sim, mas no outro dia é o cheiro das cinzas que se começa a sentir. O amor foi. E o que foi não volta. A despeito de Ray pôr na boca de Johnny “Um homem tem de criar raízes em algum lugar, um dia.” Querendo com isso dizer que tinha mudado, que o homem que Vienna tem ali diante de si, já não é o homem que a deixou partir, há cinco anos. Pode ser.
Mas também a despeito de tudo isto, neste filme, o amor é algo que aconteceu um dia. O amor entre Vienna e Johnny – mais do que a luta entre Johnny e Bart fora do saloon, pois desta ainda temos um vislumbre – é algo a que nunca assistimos. Aquilo a que assistimos é ao ressentimento de parte a parte. Esse é filmado magistralmente, nos diálogos entre ambos, tanto na primeira noite em que falam, no saloon, quanto na fuga, depois de Johnny salvar Vienna do enforcamento.
Vienna, que não perdoa a Johnny tê-la deixado, pois não queria formar uma família, como se ela não fosse importante o suficiente para que ele deixasse de querer outras; e Johnny, que não perdoa agora a Vienna ter tido outros homens depois dele. Aliás, o saloon dela é a prova material de ter tido outros homens. E mesmo que o saloon arda, como acontece quase no final, as cinzas continuarão a habitar a memória. Johnny quer ter a certeza de que Vienna ainda o ama, e que o ama só a ele. Ao que ela responde: “Se ainda não tens a certeza, falar não vai adiantar de nada.” De facto, perante um amor partido anos atrás, quando há um regresso, por mais palavras que se queira, por mais que se necessite de palavras, como se elas exercessem alguma espécie de feitiço e fizessem desaparecer o passado – pois é disso que se trata, de querer que o passado não tenha existido, o passado da separação e o tempo que tiveram separados –, as palavras não adiantam de nada, se não houver uma predisposição para acreditar no que a amante nos diz. “Só te amo a ti.” “Os outros foram apenas a sombra da tua ausência”. O que está aqui em causa é que o amor em forma de paixão não admite outros. Que importa ao amor que os homens que Vienna teve – como Kid, por exemplo – foi porque o amor não estava ali? Para o amor, ele esteve sempre ali e ela é que não via. E não via, porque não sentia. É assim que o amor vê, e é muito difícil para quem ama não escutar esse modo de falar do amor. O perdão tem a ver com muitas formas de amor, mas não tem a ver com o amor em forma de paixão. A paixão não sabe perdoar, porque o perdão implica o reconhecimento de que ele foi traído. E para a paixão a traição é o maior dos crimes, pois é a prova de que ele não é único, como deveria ser.
Termino com a descrição de uma cena fantástica, com Old Tom (John Carradine), um dos empregados, que estava sempre na sombra, nos bastidores do saloon. Old Tom é atingido por uma bala, tentando proteger Vienna, e antes de morrer, nos braços dela, com todos os homens de McIvers à volta, diz: “Estão todos a olhar para mim. É a primeira vez que me sinto importante.” E morre. Old Tom representa, ao morrer debaixo dos olhares de todos, o que foi o amor de Vienna e Johnny, que é quando morre que se torna importante, debaixo dos olhares dos espectadores. O amor, em forma de paixão, morre como vive, a doer.

23 Mai 2018

Cinema | “San Va Hotel – Os Bastidores” regressa à Cinemateca Paixão

[dropcap style=’circle’] P [/dropcap] ara além da última obra de Ivo Ferreira, intitulada “Hotel Império” e que ainda não chegou aos cinemas, há uma outra película que revela os bastidores das filmagens, enquanto conta a história da hospedaria mais antiga de Macau. “San Va Hotel – Os Bastidores”, de Vanessa Pimentel e Yves Sonolet, volta a ser exibido esta semana.

As pequenas escadas de madeira, o ambiente que nos remete para o início do século XX a Oriente e os quartos onde apenas equipados com uma velha cama e um lavatório já apareceram em muitos filmes de realizadores orientais, sendo o mais conhecido Wong Kar-wai. O Hotel San Va, localizado na Rua da Felicidade, carrega consigo a sua própria história de Macau.
Um dos últimos filmes rodados na histórica pensão foi o de Ivo Ferreira, intitulado “Hotel Império”, que ainda não chegou às salas de cinema. Este foi o mote para Vanessa Pimentel e Yves Sonolet se juntarem e fazerem o projecto “San Va Hotel – Os Bastidores”, exibido pela primeira vez em Dezembro e que esta semana regressa à Cinemateca Paixão, inserido no ciclo Panorama do Cinema de Macau, nos dias 22 e 26.
Apesar de estar catalogado como documentário, a verdade é que Vanessa Pimentel não consegue dar-lhe uma definição concreta. É certo que tudo começou com “Hotel Império”, mas depois a imensa história do hotel acabou por levá-los a explorar um outro lado.
“É uma mistura entre making off e documentário. Mas o lado documental foi uma coisa que fizemos posteriormente, com a dona do hotel e a sua história muito ligada ao início de tudo”, contou ao HM.
Vanessa Pimentel decidiu concorrer a um concurso aberto pelo Instituto Cultural para a atribuição de subsídios, e chamou Yves Sonolet para trabalhar consigo. Se no início do projecto tinham uma ideia vaga do que iam fazer, depressa ela ganhou forma. “Tudo partiu da ideia de fazer o making off do filme do Ivo Ferreira, e coincidiu com a abertura desse concurso. Não sabíamos muito bem como ia ser, mas queríamos apresentar qualquer coisa. Filmámos o making off, o resultado saiu entretanto e ganhamos o subsídio. Fizemos mais filmagens e acabámos por nos centrar no hotel, que é o cenário principal do filme do Ivo.”
À medida que as filmagens de “Hotel Império” foram avançando, ficou claro para Vanessa e Yves que o Hotel San Va seria o protagonista do seu primeiro filme, não só a título individual, como em termos de parceria.
“A equipa do Ivo [Ferreira] passou grande parte da rodagem dentro do edifício. Nessa altura, acabámos por conhecer a dona do hotel, estabelecemos contacto e combinámos depois da rodagem falar com ela mais calmamente, perceber se poderíamos fazer as filmagens ou não. Foi aí que nos pareceu muito óbvio que existia esta ligação com o lado documental, pegando no nosso interesse pelo edifício e o facto do filme do Ivo ser rodado lá.”

Aposta documental
Apesar do Hotel San Van já ter servido de cenário a muitos filmes, a verdade é que são poucos os trabalhos cinematográficos sobre a sua história e singularidade, sobretudo se olharmos para a história que a Rua da Felicidade tem no panorama da cidade.
Vanessa Pimentel explicou ao HM que nunca quis filmar um making off da maneira mais óbvia ou tradicional. “O ponto de partida para ter esta sinergia, para ir filmar para a rua, foi de facto fazer o making off, mas a minha perspectiva sobre isso nunca foi uma coisa de filmar a câmara e ter um realizador a dizer acção, e corta. Sempre quis abordar um tema do ponto de vista documental sobre o acto de filmar, como é que as pessoas filmam, o que escolhem para filmar, por aí.”
Apesar de querer levar o filme para festivais de cinema na China, Hong Kong ou mesmo Portugal, Vanessa Pimentel tem a percepção de que será difícil dar-lhe uma etiqueta fixa.
“Só mesmo vendo o filme é que dá para falar sobre isso, porque sinto que o filme está muito preso ao Hotel Império, no sentido em que a rodagem do Ivo [Ferreira] está muito presente. Não consigo definir o filme como sendo um making off ou um documentário. E acho que ele pode sofrer com isso, até em termos de circulação e de participação em festivais.”
Para a realizadora, “é um bocado difícil fazê-lo circular sem o filme do Ivo, mas, por outro lado, poderá suscitar interesse porque tem um lado muito específico, que é o da rodagem e da abordagem documental. Depois há uma linguagem universal que pode ser difundida em qualquer altura.”
Vanessa Pimentel vive há alguns anos em Macau e trabalha na área do cinema desde o ano 2000. Para este projecto, fez tudo a quatro mãos com Yves, apesar de se ter debruçado de forma individual sobre a montagem final. Já Yves Sonolet é um artista visual que vive em Macau há oito anos, e que se dedica à mistura de comunicação digital utilizando a paisagem urbana enquanto temática e suporte.

21 Mai 2018

Creative Macau | Festival Sound & Image com mais de 25 candidaturas portuguesas

[dropcap style=’circle’] A [/dropcap] inda não fecharam as inscrições e a organização do Sound & Image já recebeu mais de 1500 filmes para a nona edição do festival. Destes “pelo menos 27” são de autores portugueses. Este ano Miguel Dias vai fazer parte do júri.
A 9.ª edição do Sound & Image Challenge de Macau, festival que motiva todos os anos produtores locais e internacionais de curtas-metragens e música a competir no território, já recebeu pelo menos 27 candidaturas de filmes portugueses. “Até agora já recebemos 1604 filmes da Grécia, Egipto, Estados Unidos, Reino Unido, Irão, Portugal, Brasil, etc.”, afirmou à Lusa a coordenadora do Creative Macau, Lúcia Lemos, que organiza o festival.
A coordenadora do espaço cultural, que este ano celebra o 15.º ano de existência, anunciou ainda que “um dos directores do festival internacional de Curtas de Vila do Conde, Miguel Dias, vai ser grande júri do Festival”.
Para a competição de curtas, os trabalhos serão recebidos até 16 de Junho, sendo o prazo alargado até 20 de Agosto para os vídeos musicais.
O Sound & Image Challenge International Festival divide-se em duas competições: a de curtas-metragens, nas categorias de Ficção, Documentário e Animação, e a vídeos musicais.

Prémios novos
A estes prémios, a organização decidiu acrescentar este ano novas nomeações: Prémios de melhor realizador, melhor cinematografia, melhor edição, melhor música, melhor banda sonora, melhores efeitos visuais para a competição de curtas, e de melhor canção e melhores efeitos visuais para a competição de vídeos musicais, que por enquanto não têm valor monetário. Os trabalhos finalistas vão ser apresentados de 4 a 9 de Dezembro no teatro Dom Pedro V.
Lúcia Lemos fez um balanço muito positivo dos 15 anos Creative Macau já que foram alcançados todos os objetivos, de “ser uma plataforma e um centro de apoio aos criativos locais”. Este espaço criativo, que conta com mais de 500 membros, dá a possibilidade aos associados de “exporem em grupo, nas exposições colectivas, os seus trabalhos e também podem ser convidados a fazer exposições individuais”, explicou a coordenadora. Para além dos membros, os alunos da Universidade de São José, em Macau, e do Instituto Politécnico de Macau podem utilizar o espaço para divulgarem os seus trabalhos.
Para as celebrações do aniversário do espaço, no dia 28 de Agosto, a coordenadora admitiu que ainda não sabe que trabalhos vai exibir, “mas certamente que vão existir peças de portugueses”.

7 Mai 2018

Animação | Dez produções internacionais no CCM

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] festival anual de animação AniMacau acontece este ano entre 16 e 25 de Outubro e vai, pelas mãos do Centro Cultural de Macau (CCM), dar a conhecer 10 novas produções, duas delas dedicadas aos mais novos. “Para além do além” e “O 7º anão” são histórias para crianças, a primeira versando sobre o coelho Johan, que parte numa aventura em busca da sua mãe. O filme foi nomeado para um Urso de Cristal no Festival Internacional de Cinema de Berlim, no ano passado.
“O 7º Anão” dá a conhecer “uma mescla hilariante de personagens” dos contos de fadas, incluindo a Cinderela, o Capuchinho Vermelho e a Branca de Neve. Todos num só filme. Para todas as idades, o CCM disponibiliza “Os Moomins na Riviera”, com personagens clássicas de banda desenhada criadas pelos finlandeses Tove e Lars Jansson. PosEso
Já o realizador argentino, Juan José Campanella traz a Macau “Matrecos”, uma história que faz uso da imaginação para criar um mundo onde os jogadores de matraquilhos ganham vida e são heróis em salvação de uma cidade. Campanella é o realizador da famosa obra de 2009, “O Segredo dos seus Olhos”. Da região francesa de Annecy chega “O Menino e o Mundo”, vencedor do Festival Internacional de Cinema Animado daquela localidade. O filme utiliza desenhos que parece pintados a lápis-de-cor, transportando o público para “um mundo mágico”, informa o CCM. Finalmente, voa da Coreia do Sul a película intitulada “Mais claro do que parece”, produção que alia quatro histórias “descontraídas e refrescantes”.

Ser criança para sempre

Para um público mais amadurecido, o AniMacau apresenta “O Congresso”, do realizador Ari Folman. O filme caracteriza-se como um “híbrido de animação e imagem real” produzido em França e interpretado pelos grandes nomes do cinema norte-americano, Robin Wright, Harvey Keitel e Danny Huston. A obra estreou-se em 2013 em Cannes e ali realidade à ficção. É Wright quem protagoniza a película na pele de si própria. A história torna-se ficção no momento em que um estudo de cinema de Hollywood pede à actriz que venda a sua identidade do cinema para mais tarde ser digitalizada e usada de forma ilimitada. O contrato entre as duas entidades tem uma particularidade: Wright nunca envelhecerá no holograma, mas 20 anos depois de ter sido assinado, a actriz e o mundo já não são a mesma coisa. A película gira em volta dos conceitos de velhice e era digital, criando o debate sobre até quando dura a beleza. phpThumb
Do Japão surge “Patema Invertida”, uma “uma aventura de ficção científica que utiliza um conceito semelhante a ‘Upside Down’, filme que explora o amor entre duas pessoas que vivem em mundos gravitacionais opostos.
O AniMacau guarda ainda lugar para a comédia de terror “Pos Eso”. Filmada em stop-motion e produzida em Espanha, fala de doenças mentais e possessões do espírito. Finalmente, surge da Letónia “Pedras nos Bolsos”, um retrato que fala de “mentes muito peculiares”.

1 Set 2015