Jornalista filipina denuncia intimidação dos que lutam pela verdade e democracia

[dropcap]A[/dropcap] jornalista filipina Maria Ressa, detida duas vezes no país por ‘ciber-difamação’, contestou hoje aquilo que classificou de intimidação e assédio contra os jornalistas que tentam salvar a democracia com “uma única arma”, a verdade.

“A maior batalha da nossa geração é a batalha pela verdade. E os jornalistas estão na linha da frente [dessa luta]. Estamos a ser atacados”, advertiu a jornalista distinguida pela revista Time em 2018 como “personalidade do ano”.

Ressa teve de pedir permissão às autoridades filipinas para estar presente esta tarde no Clube dos Correspondentes Estrangeiros de Hong Kong, para uma palestra transmitida em directo pela rede social Facebook.

A directora do ‘site’ noticioso Rappler, que é já um dos mais influentes nas Filipinas, trava uma luta judicial contra o Governo do Presidente Rodrigo Duterte, que acusou o portal de ‘ciber-difamação’ e de ser financiado pelos Estados Unidos.

“A lei foi armada contra nós… e achei que era tão absurda que as pessoas não a apoiariam”, lamentou, numa sessão marcada pelo poder das redes sociais, a emergência do populismo, as recentes eleições nas Filipinas e as ameaças à liberdade de imprensa.

A antiga correspondente da CNN no Sudeste Asiático referia-se à lei pela qual está a ser processada, aprovada meses após a publicação da notícia em causa, que data de 2012, ano em que nasceu a Rappler.

“É uma intimidação, um assédio, foi feita para nos afastar dos nossos recursos”, disse. A Rappler, que nasceu como um projecto inovador e tecnológico para capturar o público jovem e recuperar a essência do jornalismo, tornou públicos vários escândalos sobre o Governo e foi pioneira em denunciar vários abusos da controversa guerra contra as drogas de Duterte.

Questionada sobre os desafios trazidos pela revolução digital e o impacto nos novos media, a veterana considerou que o cenário tem tanto de entusiasmante como de preocupante, mas que é essa dualidade que a motiva.

“A tecnologia é ao mesmo ao mesmo tempo a maldição e a salvação do nosso tempo. Temos de olhar de perto para ela”, afirmou a jornalista, salientando que “não se deve deixá-la apenas nas mãos de programadores e das redes sociais”.

“Quando dizes uma mentira um milhão de vezes, torna-se verdade. Isso acontece nas redes sociais”, sustentou.

A solução para o jornalismo a nível global reside então naquilo a que chamou de “um ‘mix’: “Temos de ser tão especialistas em tecnologia como em jornalismo”, defendeu.

Maria Ressa e a equipa do Rappler estão actualmente a elaborar uma nova plataforma tecnológica, para a qual lançaram uma campanha de ‘crowdfunding’, “a maior já feita nas Filipinas”, saudou.

Sobre as recentes eleições intercalares nas Filipinas, das quais poderá sair o reforço à institucionalização da promessa de Duterte em restaurar a pena de morte e em reformar a Constituição filipina, Ressa mostrou-se desapontada com os resultados preliminares.

“Pela primeira vez desde 1937, nenhum candidato da oposição obteve um assento no Senado”, lamentou, referindo-se à contagem parcial e ainda não oficial dos resultados, cujo escrutínio já ronda os 98%.

“É um referendo à popularidade” de Duterte, um Presidente “muito popular” e “muito forte”, que só pode ficar no poder se, tal como já prometeu, reformar a Constituição filipina.

Sem um assento da oposição no Senado, essa possibilidade tornar-se ia mais real, já que o Senado “foi o único órgão que desde a eleição de Duterte pôs um travão a algumas das iniciativas presidenciais mais controversas, como a pena de morte”, lembrou.

Se Duterte consolidar o poder, Ressa só vê uma saída, a colaboração activa entre jornalistas e activistas para “proteger os direitos ainda garantidos pela Constituição”.

“Ao olhar para os resultados, questiono os nossos valores. Demos luz verde a uma brutal guerra contra as drogas, que já matou, segundo a ONU, 270.000 filipinos desde Julho de 2016” questionou.

“Queremos que os nossos filhos se tornem misóginos e sexistas? Porque é isso que o nosso Presidente faz”, frisou, debruçando-se sobre o “enorme poder dos líderes” mundiais, dando o exemplo do Presidente norte-americano, Donald Trump, e da primeira-ministra neozelandesa, Jacinda Arden.

Não obstante, Ressa apontou uma qualidade ao chefe de Estado filipino: a adesão às urnas em 2016. Já na sessão de perguntas e respostas, Maria Ressa, que se tornou na Ásia e um pouco por todo o mundo um símbolo da liberdade de expressão e da luta contra as ‘fake news’, sublinhou que a “única arma” de um jornalista “é contar a verdade”.

“Eu escrevo notícias. Não quero ser a notícia. Mas, ao mesmo tempo, quando os meus direitos são violados, isso dá-me força (…) e não queria que o facto de ser jornalista implicasse não erguer a minha voz”, defendeu. “Ainda podemos vencer esta batalha. Ainda podemos proteger a democracia”, disse.

17 Mai 2019

Marcelo recebe em audiência cardeal filipino que preside às cerimónias de Fátima

[dropcap]O[/dropcap] cardeal filipino e arcebispo de Manila, Luis Antonio Tagle, que este ano preside à peregrinação de 13 de Maio de Fátima, encontra-se na sexta-feira com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, adiantou hoje a agência Ecclesia.

O cardeal filipino, que é também o presidente da Caritas Internationalis, chega na quinta-feira, dia 9, a Portugal, onde fica até dia 15. Na agenda, além das cerimónias do 13 de Maio, em Fátima, às quais preside este ano, tem uma audiência com Marcelo Rebelo de Sousa na sexta-feira, pelas 16:30. Do seu programa constam ainda visitas às Caritas diocesanas de Lisboa, Coimbra, Santarém e Setúbal.

Na sexta-feira, dia 10, depois do encontro com o Presidente da República, o arcebispo de Manila segue para um encontro com a comunidade filipina radicada em Portugal, na Igreja São Tomás de Aquino, em Lisboa, onde pelas 18:00 dará uma conferência a que se segue uma missa em inglês.

O cardeal Luis Antonio Tagle vai presidir à peregrinação internacional de maio de Fátima, anunciou hoje o Santuário, justificando, em comunicado enviado à Lusa, que a escolha reflecte um “sinal de atenção à Ásia, cujo número de peregrinos não para de surpreender”.

Em 2018, o bispo emérito de Hong Kong presidiu à peregrinação de maio e o bispo de Hiroshima à de Outubro. Este ano, em Outubro, será também um cardeal asiático a presidir, Andrew Yeom Soo-Jung, arcebispo de Seul, capital da Coreia do Sul.

O Santuário de Fátima salienta que, nos primeiros quatro meses do ano, aquele espaço já acolheu 60 grupos de peregrinos asiáticos, nove dos quais das Filipinas.

Segundo a nota, “os peregrinos sul-coreanos continuam a destacar-se na Cova da Iria como o grupo mais expressivo da presença asiática neste lugar”, sendo que, entre Janeiro e Abril, “fizeram-se anunciar 30 grupos da Coreia do Sul, num total de 730 peregrinos”.

Em 2018, dos 456 grupos asiáticos que visitaram Fátima, 125 eram sul-coreanos, 93 filipinos, 48 indonésios e 36 vietnamitas.

Dos cerca de cem grupos já inscritos para a peregrinação de maio, cerca de 10% dos peregrinos vêm de Hong Kong, Coreia do Sul, Vietname, Filipinas e Singapura, frisa o Santuário.

De acordo com a nota do Santuário de Fátima, Luis Antonio Tagle é, desde 2011, arcebispo de Manila, capital das Filipinas, o único país do continente asiático onde os católicos são maioritários.
Luis Antonio Tagle é também o actual presidente da Cáritas Internacional, sendo que, durante a sua estada em Portugal, terá vários encontros com a Cáritas nacional e com responsáveis locais da Igreja “por projectos de intervenção social para migrantes e sem abrigo”.

A peregrinação de maio, que decorre a 12 e 13, vai ter como tema “Dar graças por peregrinar em Igreja”.

8 Mai 2019

Pelo menos cinco mortos no colapso de dois edifícios após sismo nas Filipinas

[dropcap]P[/dropcap]elo menos cinco pessoas morreram ontem no desmoronamento de dois edifícios atingidos por um sismo de magnitude 6,3 na escala de Richter, nas Filipinas, que levou à retirada de milhares de pessoas no centro da capital Manila.

Em declarações à televisão filipina ABS-CBN, a governadora da província, Lilia Pineda, indicou que três corpos foram retirados dos escombros de um prédio na cidade de Porac, a cerca de 100 quilómetros a noroeste de Manila, na ilha de Luzón e ainda outros dois, de uma criança e da sua avó, na cidade de Lubao.

Lilia Pineda referiu ainda que o sismo provocou um corte de energia que está a dificultar o trabalho dos socorristas ao início da noite.

Um forte sismo com magnitude 6,3 na escala de Richter foi ontem registado na ilha filipina de Luzón, segundo as autoridades.

O sismo ocorreu às 17:11 locais com o epicentro a uma profundidade de 40 quilómetros, indicou o Serviço Geológico dos Estados Unidos.

Segundo a mesma fonte, o sismo atingiu a ilha filipina Luzón, localizada a cerca de 60 quilómetros a noroeste de Manila, capital das Filipinas.

23 Abr 2019

Filipinas | Mulher finge acompanhar menor para imigrar para Macau

[dropcap]O[/dropcap] departamento de emigração do Aeroporto Internacional Ninoy Aquino em Manila, impediu a partida de uma mulher para Macau. A filipina terá tentado fazer-se passar por acompanhante da menor, argumentado estar encarregue de trazer a criança até à mãe. As autoridades suspeitaram filipinas suspeitaram estar na presença de um caso de tráfico humano.

A mulher interceptada terá sido recrutada ilegalmente para trabalhar em Macau como empregada de mesa, como mais tarde admitiu, e foi apanhada quando tentava embarcar num voo da Cebu Pacific na noite de domingo.

A filipina alegava que a viagem terá sido paga por um amigo da família. “Estava a tentar partir como turista, sob o patrocínio de uma outra filipina, trabalhadora doméstica em Macau. Fingiu ser a guardiã da criança e alegou que iria a Macau visitar os seus amigos”, apontou um dos agentes envolvidos no caso ao Manila Bulletin.

De acordo com o mesmo agente, a pessoa em Macau que estava a patrocinar a viagem já tinha adoptado o mesmo esquema de trazer filipinas para Macau, sob o pretexto de acompanharem menores.

17 Abr 2019

Fotografia tirada nas Filipinas dá a Mário Cruz o terceiro lugar no World Press Photo

[dropcap]O[/dropcap] fotojornalista português Mário Cruz ficou em terceiro lugar na categoria Ambiente, em imagem ‘single’, no World Press Photo 2019, com a fotografia de uma criança num colchão rodeado de lixo, a flutuar num rio filipino, foi ontem anunciado.

Os vencedores do World Press Photo deste ano foram anunciados numa cerimónia em Amesterdão, na Holanda.

Na mesma categoria de Ambiente, em imagem ‘single’, o primeiro lugar foi atribuído ao fotógrafo sul-africano Brent Stirton, com uma foto do treino no Zimbabué de uma mulher que pertence ao Akashinga, grupo formado por mulheres que luta contra a caça ilegal nas reservas naturais.

No segundo lugar ficou o fotógrafo norte-americano Wally Skalij, do jornal Los Angeles Times, com a fotografia de dois cavalos amarrados a um poste e que foram salvos das chamas num violento incêndio que atingiu em Novembro a Califórnia, nos Estados Unidos.

A imagem premiada de Mário Cruz mostra uma criança a recolher materiais recicláveis, para obter algum tipo de rendimento que lhe permita ajudar a família, deitada num colchão rodeado de lixo, que flutua no rio Pasig, que já foi declarado biologicamente morto na década de 1990.

Para o fotojornalista, esta imagem “é um apelo que merece reacção rápida”.

“Nós vemos imagens de praias com lixo no areal e ficamos incomodados, mas estas pessoas em Manila [capital das Filipinas] estão rodeadas de lixo diariamente, já há muitos anos, e isto merece a nossa reacção rápida”, afirmou Mário Cruz em declarações à Lusa, aquando do anúncio da nomeação para o World Press Photo.

A fotografia vencedora foi captada nesse sentido: “No fundo é um apelo para que não se ignore o que não pode ser ignorado”, disse.

Os habitantes daquelas comunidades tentaram, sem sucesso, ir viver para a capital das Filipinas e acabaram por criar construções ilegais junto ao rio, onde vivem, sem saneamento, e muitos deles da reciclagem do lixo que é atirado fora.

“É um problema que se arrastou, e está a agravar-se tomando dimensões preocupantes”, alertou o fotojornalista, acrescentando que viu estuários, criados para impedir as cheias, cheios de lixo.

“Neste momento só se vê lixo. É dramático olhar para um canal de água e não ver a água, só plástico, e isso merece sem dúvida uma reacção”, reiterou Mário Cruz, que é fotojornalista da agência Lusa, mas desenvolveu este projecto a título pessoal.

Além de Mário Cruz, outros dois fotógrafos foram premiados na categoria Ambiente em imagem ‘single’: o sul africano Brent Stirton (que ficou em primeiro lugar) e o norte-americano Wally Skalij (em segundo).

A fotografia premiada faz parte de um trabalho que Mário Cruz desenvolveu nas Filipnas, baptizado “Living Among What’s Left Behind” (“Vivendo entre o que é deixado para trás”, em português), que reúne imagens que o fotojornalista captou durante um mês nas Filipinas, onde visitou comunidades que vivem ao longo do rio Pasig, testemunhando uma situação extrema de poluição ambiental que os habitantes enfrentam há décadas.

Esse trabalho deu origem a uma exposição, patente até 26 de maio no Palácio Anjos em Algés, concelho de Oeiras, onde é possível ver-se 40 imagens, das milhares captadas pelo fotógrafo nas Filipinas.

No dia da inauguração da mostra, no passado sábado, foi apresentado um livro, editado pela Nomad e desenvolvido pelo Estúdio Degrau, com “70 fotografias, entre o preto e branco e as cores, que retratam, de forma crua, a realidade que Mário Cruz encontrou em Manila”, de acordo com a equipa editorial da Nomad.

A capa do livro foi produzida “através do processamento de 160 quilogramas de resíduos industriais e desperdícios de uso doméstico”, sendo cada uma “criada individualmente e à mão, resultando em exemplares com capas únicas, que simbolizam a abundância de lixo deixado para trás”.

Esta é a segunda vez que Mário Cruz, de 31 anos, é premiado no World Press Photo.
Em 2016, o fotojornalista português conquistou o primeiro lugar na categoria Temas Contemporâneos do World Press Photo, com um trabalho sobre a escravatura de crianças – dos meninos Talibés – no Senegal (“Talibés – Modern Days Slaves”), que deu origem a um livro, depois de publicado na Newsweek, e que constituiu um alerta global. No Senegal, foram distribuídos panfletos com fotografias feitas por si, tendo sido resgatadas centenas de crianças.

12 Abr 2019

Sarampo | Serviços de Saúde fazem levantamento sobre imunidade das empregadas filipinas

[dropcap]O[/dropcap]s Serviços de Saúde vão iniciar hoje o processo de levantamento de informações sobre a imunidade ao sarampo das empregadas domésticas filipinas. A pesquisa de anticorpos vai contar com uma amostra de 100 trabalhadoras, instadas a inscrever-se voluntariamente, informaram ontem os Serviços de Saúde em comunicado.

O organismo, liderado por Lei Chin Ion, espera, através da pesquisa aleatória, inteirar-se da capacidade imunitária das empregadas domésticas das Filipinas, considerando que a situação epidémica naquele país é a mais grave. Segundo dados oficiais, Macau conta actualmente com 24.412 empregadas domésticas, das quais 15.945 provenientes das Filipinas.

As inscrições, que podem ser feitas através por telefone (62520680) durante o horário de expediente, abrem hoje e terminam quando as vagas estiverem esgotadas. As inscrições podem ser efectuadas pelas próprias trabalhadoras ou através dos empregadores.

A colheita de sangue vai ter lugar no próximo sábado, dia 6, entre as 10h e as 12h, em três centros de saúde (Tap Seac, Areia Preta e no da Nossa Senhora do Carmo, na Taipa). Segundo os Serviços de Saúde, uma semana depois, será enviada uma mensagem às empregadas domésticas, informando-as da possibilidade de levantar o relatório no Centro de Prevenção e Controlo de Doenças.

A intenção dos Serviços de Saúde passa por alargar, posteriormente, a pesquisa a outros grupos de trabalhadores não residentes. Embora de um modo geral, a maioria seja imune ao sarampo, devido à possibilidade de terem sido infectados no país de origem, dado que a grande parte vem designadamente de áreas epidémicas do sudeste asiático, “há falta de dados concretos da situação imunitária”, referem os Serviços de Saúde, na mesma nota de imprensa.

Soma e segue

O número de casos de sarampo registados desde o início do ano subiu para 27. O mais recente caso foi diagnosticado ontem numa enfermeira do Serviço de Urgência Pediátrica do Centro Hospitalar Conde de S. Januário, elevando para nove o total de profissionais de saúde infectados com a doença altamente contagiosa. A paciente, de 32 anos, natural de Macau, estava vacinada contra o sarampo.

Segundo os resultados dos testes laboratoriais, entre os profissionais de saúde infectados, apenas um não estava imune ao sarampo, indicaram os Serviços de Saúde. O organismo facultou também ontem ao HM os dados em falta do levantamento à imunidade dos profissionais de saúde, dando conta de que, além dos 362 (228 médicos e dos 134 enfermeiros), 55 de 882 auxiliares de enfermagem e dos serviços gerais também não estariam protegidos contra o sarampo durante o recente surto, elevando o total para 417. Isto por não terem a certeza se foram vacinados ou se contraíram a doença anteriormente. Todos foram entretanto vacinados.

2 Abr 2019

Filipinas | Ex-governantes apresentam queixa contra Xi Jinping no TPI

[dropcap]D[/dropcap]Ex-funcionários do Governo filipino e um grupo de pescadores apresentaram queixa no Tribunal Penal Internacional (TPI) contra o Presidente chinês, Xi Jinping, por crimes contra a humanidade e danos ambientais no mar da China Meridional.

A acção, que solicita a abertura de um exame preliminar contra o Presidente chinês, foi apresentada em Haia, Holanda, na sexta-feira, indicou ontem a imprensa filipina, que publicou algumas páginas do documento.

O ex-secretário dos Negócios Estrangeiros filipino Albert del Rosario e a antiga procuradora no combate à corrupção Conchita Carpio Morales assinaram essa queixa juntamente com um grupo de pescadores afectados pelas actividades da China nessas águas.

Os requerentes acusam Xi Jinping e outros funcionários chineses de cometerem “crimes que implicam um dano ambiental massivo, quase permanente e devastador em vários países”, uma vez que a China ocupou várias ilhotas e recifes, cuja posse é disputada por vários países da região.

Os antigos funcionários do Governo filipino e os pescadores alegam que os danos ambientais começaram quando o Governo de Xi Jinping empreendeu “um plano sistemático para tomar o mar da China Meridional”, de grande importância geo-estratégica, através do qual circula 30 por cento do comércio global e abriga 12 por cento  da pesca mundial, além de possíveis depósitos de gás e petróleo.

Os signatários da acção alegam que o TPI tem jurisdição sobre o caso uma vez que “os crimes” da China ocorreram quando Manila ainda era membro do tribunal.

Em 17 de Março de 2018, o Presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, retirou o país do tratado que dá jurisdição ao TPI para investigar acções criminais no seu território – com a medida a ser efectiva a partir da mesma data do ano seguinte. A saída foi oficializada no passado domingo.

22 Mar 2019

Hong Kong | Filipina despedida por ter cancro contesta decisão junto do Governo

[dropcap]D[/dropcap]espedida após lhe ter sido diagnosticado um cancro no colo do útero, Baby Jane Allas, perdeu o acesso ao sistema de saúde e recebeu a indicação de que tinha duas semanas para deixar a RAEK

A empregada doméstica filipina, despedida por ter cancro e privada de acesso ao sistema de saúde de Hong Kong, recorreu ao Departamento de Trabalho do Governo local para contestar o despedimento.

De acordo com a agência de notícias France-Presse (AFP), além de perder o acesso ao sistema de saúde, o despedimento de Baby Jane Allas implica a saída, no prazo de 15 dias, da antiga colónia britânica.

O departamento de Trabalho indicou que ia prestar “uma ajuda apropriada” a Baby Jane Allas, que em Janeiro passado foi diagnosticada com cancro no colo de útero, estádio III.

Na sequência deste diagnóstico, a empregada doméstica foi despedida pouco tempo depois pela família de origem paquistanesa que a empregava.

“Razões para o despedimento (se existirem): diagnóstico de cancro do colo do útero”, de acordo com a carta recebida, a que a AFP teve acesso, sem ter conseguido entrar em contacto com a família empregadora.

Allas recorreu também à Comissão para Igualdade de Oportunidades. Este organismo governamental escusou-se a comentar o caso, mas sublinhou ser ilegal despedir um funcionário devido a uma situação considerada de desvantagem, seja ela qual for.

A comissão reconheceu ainda que este tipo de “discriminação continua a existir” na antiga colónia britânica, cuja transferência de soberania para a China ocorreu em 1997.

A filipina afirmou que pretende terminar o contrato. “Tenho cinco filhos e só eu os sustento, sou mãe solteira”, contou Allas, que foi acolhida pela família norte-americana para a qual trabalha a irmã.

Esta família está a ajudar a Allas a contestar o despedimento, tendo organizado uma campanha de recolha de fundos ‘online’ para pagar as despesas médicas. Até agora, juntaram o equivalente a 30 mil euros.

Base do sistema

As empregadas domésticas são consideradas um pilar da economia deste centro financeiro mundial, por permitirem aos pais trabalharem enquanto elas se ocupam das crianças e da casa.

Mais de 340 mil empregadas domésticas, denominadas publicamente como “helpers” ou assistentes, na maioria indonésias e filipinas imigrantes, trabalham em Hong Kong. A maior parte recebe uma pequena remuneração pela realização de algumas tarefas classificadas como ingratas e em condições difíceis.

As autoridades de Hong Kong afirmam que o sistema é justo e os abusos raros.

Para defensores dos direitos humanos locais, uma em cada seis empregadas domésticas é frequentemente vítima de exploração e a lei oferece uma protecção sumária.

No ano passado, o departamento de Estado norte-americano colocou Hong Kong ao mesmo nível da Tailândia e do Afeganistão em relação ao tráfico de seres humanos, em parte devido à protecção insuficiente para as empregadas domésticas.

Os elevados custos cobrados por agências de recrutamento, a obrigação de viver na casa do empregador, um salário mínimo de 4.520 dólares de Hong Kong e a saída, em poucos dias, do território caso percam o emprego, explicam porque dificilmente se conseguem defender de patrões pouco honestos ou agressores.

 

11 Mar 2019

World Press Photo | Fotojornalista português Mário Cruz nomeado com imagem do rio Pasing, em Manila

[dropcap]O[/dropcap] fotojornalista português Mário Cruz é um dos nomeados na categoria Ambiente do World Press Photo 2019, com uma imagem do rio Pasig em Manila, nas Filipinas, anunciou ontem a organização do prémio internacional. Os nomeados foram anunciados no sítio ‘online’ do galardão dedicado ao fotojornalismo, que é atribuído desde 1955, premiando as imagens mais marcantes recolhidas no ano anterior em várias categorias.

“Living Among What’s Left Behind” (“Viver entre o que foi deixado para trás”, na tradução do inglês) é o título da imagem captada por Mário Cruz, que é fotojornalista da agência Lusa, mas desenvolveu este projecto a título pessoal sobre comunidades de Manila que vivem sem saneamento, junto ao rio, rodeadas de lixo.

A imagem mostra uma criança que recolhe materiais recicláveis deitada num colchão, rodeado de lixo, que flutua no rio Pasig, que já foi declarado biologicamente morto na década de 1990.

Os nomeados anunciados nas várias categorias são todos premiados e estão integrados na exposição itinerante do galardão, mas só em Abril o júri irá divulgar a fotografia do ano e as várias classificações nas respetivas categorias. Este ano, o júri da 62.ª edição avaliou 78.801 imagens captadas por 4.738 fotógrafos que concorreram ao prémio.

Em 2016, o fotojornalista Mário Cruz conquistou o primeiro lugar na categoria Temas Contemporâneos, com um trabalho sobre a escravatura de crianças – dos meninos Talibés – no Senegal (“Talibés – Modern Days Slaves”), que deu origem a um livro, depois de publicado na Newsweek, e que constituiu um alerta global. No Senegal, foram distribuídos panfletos com fotografias feitas por si, tendo sido resgatadas centenas de crianças.

O anúncio de hoje inclui os nomeados para o World Press Photo do Ano, e para os novos prémios que foram criados: o World Photo do Ano, o World Press Photo Interactive e o World Press Photo Vídeo ‘online’.

De acordo com a página do concurso na Internet, os seis nomeados para o World Press Photo 2019 são Brent Stirton, Catalina Martin-Chico, Chris McGrath, John Moore, Marco Gualazzini e Mohammed Badra.

Os três nomeados para a World Press Photo História do Ano são Lorenzo Tugnoli, Marco Gualazzini, Pieter Ten Hoopen, enquanto nos Temas Contemporâneos estão, em fotos individuais, Diana Markosian, Enayat Asadi, Mary Calvert e, nas histórias, Catalina Martin-Chico, Olivia Harris e Philip Montgomery.

Na categoria Ambiente, além de Mário Cruz, nas fotos individuais, estão ainda nomeados Brent Stirton, e, nas histórias, Marco Gualazzini, Nadia Cohen e Thomas P. Peschak.

Na categoria Notícias Gerais estão nomeados, nas fotos individuais, Brendan Smialowsky, Chris McGrath, e Daniele Volpe Volpe, enquanto, na mesma categoria, nas histórias, foram selecionados dois trabalhos de John Vessels e Lorenzo Tugnoli.

Alejandro Cegarra, Sara Blesner e Yael Marinez estão nomeados na categoria de trabalhos de Longo Termo, enquanto na categoria Natureza, foram nomeados, nos trabalhos individuais, Angel Fitor, Bence Máté, Jasper Doest e, nas histórias, Brent Sirton, Ingo Arnedt e Jasper Doest.

Na categoria de Retrato estão, nos trabalhos individuais, Alyona Kochetkova, Finbarr O´Reilly e Heba Khamis, enquanto nas histórias surgem Jessica Dimmock e Luisa Dorr.

Em Desporto, estão nomeados, nos trabalhos individuais, David Gray, John T. Pedersen, Terrell Groggins e, nas histórias, surgem Eliz Ozturk Ozgoncu, Forough Alaei e Machael Henke. Nas Spot News estão nomeados Ezra Akayan, John Moore, Pedro Pardo, Andrew Quilty, Mohammed Badra e Pieter Ten Hoopen.

Quanto aos novos prémios, no World Press Photo Interactive do Ano são finalistas “Flint is a Place” (produzido pela Screen), “Notes from Aleppo” (Paradox) e “The Last Generation” (Frontline e The Ground Truth Project).

Quanto ao novo World Press Photo Vídeo ‘online’ do ano, estão nomeados “In teh Absence” (Field of Vision), “The legacy of ‘Zero Tolerance’ Policy” (Univision News Digital).

Estes nomeados estão distribuídos em categorias de interactividade, trabalhos de longa e curta duração, estando nomeados, nos de curta duração, “Ghadeer” (produção Chiara Avesani/Matteo Delbá) e “I just simply did what he wanted” (The New York Times).

21 Fev 2019

Jornalista filipina detida por difamação sai em liberdade após pagar fiança

[dropcap]A[/dropcap] jornalista filipina Maria Ressa, uma das “personalidades do ano” da revista Time em 2018, detida na quarta-feira por “difamação cibernética”, foi libertada hoje sob fiança. “O que estamos a assistir é a morte (…) da nossa democracia”, disse Ressa aos jornalistas, depois de pagar a fiança no tribunal regional de Manila que tinha emitido um mandado de prisão.

A premiada jornalista de um jornal online filipino acusou o Governo Rodrigo Duterte de abusar do seu poder e de usar a lei como arma para amordaçar os críticos. Na quarta-feira, Maria Ressa encontrava-se nas instalações do Rappler – um portal de notícias ‘online’ que adoptou uma linha crítica contra a guerra mortal contra as drogas liderada pelo Presidente Rodrigo Duterte – quando agentes do Gabinete Nacional de Investigação entraram para entregar o mandado de prisão, explicou a equipa de redacção, nas redes sociais.

O departamento de Justiça apresentou acusações de “difamação cibernética” contra o portal Rappler, Maria Ressa – directora do portal de notícias e presidente da corporação Rappler Incorporated – e o jornalista de investigação Reynaldo Santos, por um artigo publicado em Maio de 2012 sobre o empresário Wilfredo Keng..

Este não é o único processo judicial que Maria Ressa enfrenta, já que em Novembro de 2018 foi emitido um mandado de prisão por cinco alegados crimes de evasão fiscal, acusando tanto o portal Rappler como Maria Ressa.

Ressa evitou a prisão com o pagamento de uma fiança e o caso está a aguardar julgamento. A jornalista assegurou que os seus compromissos com o fisco estão em ordem e que todas essas acusações contra si e contra os media que dirige são uma perseguição política da administração de Duterte pelos seus artigos críticos da sua gestão.

O Presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, não escondeu a sua animosidade em relação ao Rappler, que acusou de ser financiado pela CIA, e proibiu em Fevereiro de 2018 o acesso ao palácio presidencial a jornalistas deste meio.

14 Fev 2019

Jornalista filipina distinguida pela revista Time detida por difamação

[dropcap]A[/dropcap] jornalista filipina Maria Ressa, uma das “personalidades do ano” da revista Time em 2018, foi ontem detida por “difamação cibernética”, após a publicação de um artigo em 2012 sobre o empresário Wilfredo Keng.

Maria Ressa encontrava-se nas instalações do Rappler – um portal de notícias ‘online’ que adoptou uma linha crítica contra a guerra mortal contra as drogas liderada pelo Presidente Rodrigo Duterte – quando agentes do Gabinete Nacional de Investigação entraram para entregar o mandado de prisão, explicou a equipa de redacção, nas redes sociais.

O departamento de Justiça apresentou acusações de “difamação cibernética” contra o portal Rappler, Maria Ressa – directora do portal de notícias e presidente da corporação Rappler Incorporated – e o jornalista de investigação Reynaldo Santos, por um artigo publicado em Maio de 2012.

No passado mês, três procuradores do departamento de Justiça decidiram a favor do empresário Wilfredo Keng, que em Outubro de 2017 apresentou uma denúncia pela reportagem de investigação do Rappler, no qual Keng estava alegadamente ligado ao tráfico de drogas e pessoas.

Apesar de já ter expirado o prazo de apresentação da queixa, o departamento de Justiça reabriu o caso uma semana depois, em Março de 2018, com base na teoria da “publicação contínua”, uma vez que o artigo ainda se encontrava na rede.

Este não é o único processo judicial que Maria Ressa enfrenta, já que em Novembro de 2018 foi emitido um mandado de prisão por cinco alegados crimes de evasão fiscal, acusando tanto o portal Rappler como Maria Ressa.

Ressa evitou a prisão com o pagamento de uma fiança e o caso está a aguardar julgamento.

O Presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, não escondeu a sua animosidade em relação ao portal Rappler, que acusou de ser financiado pela CIA, e proibiu em Fevereiro de 2018 o acesso ao palácio presidencial a jornalistas deste meio de comunicação.

14 Fev 2019

Surto de sarampo nas Filipinas já fez 70 mortos, com 4.300 casos identificados

[dropcap]A[/dropcap]s autoridades filipinas informaram hoje que o surto de sarampo nas Filipinas piorou na última semana, registando-se já 4.300 casos este ano e pelo menos 70 mortos, a maioria crianças com menos de quatro anos. Cinco regiões do país estão em alerta, embora o maior número de casos esteja concentrado em Manila e nas províncias vizinhas, onde as autoridades lançaram um intenso programa de imunização entre as crianças para prevenir a disseminação da doença.

O Hospital San Lazaro, em Manila, onde mais de dois mil casos foram tratados, entrou em colapso devido ao afluxo de pacientes, razão pela qual a Cruz Vermelha filipina instalou uma unidade móvel com cem camas adicionais para lidar com todos os casos.

De todas as mortes que ocorreram no país devido ao sarampo, uma doença infecciosa muito contagiosa, 55 aconteceram neste hospital. O surto da doença é uma consequência da falta de imunização infantil nos últimos anos, uma vez que cerca de 2,5 milhões de crianças filipinas com menos de 5 anos de idade não foram vacinadas.

Muitos pais filipinos recusaram-se a vacinar os seus filhos por causa do escândalo Dengvaxia, uma vacina contra a dengue que foi usada no país entre 2014 e 2017, até que seu fabricante, o farmacêutica francesa Sanofi Pasteur, admitiu que tinha efeitos adversos e que as pessoas vacinadas que contraíram dengue pela primeira vez sofreriam efeitos muito mais sérios.

As autoridades estão a investigar a causa das mortes de 14 crianças que foram vacinadas, o que suscitou desconfiança em relação a todo o tipo de vacinas no país e fez com que muitas famílias optassem por não imunizar os seus filhos.

Crianças não vacinadas têm maior risco de contrair sarampo, uma doença que infecta o sistema respiratório e causa diarreia severa, pneumonia, cegueira e até a morte.

12 Fev 2019

Arábia Saudita executa filipina condenada por homicídio

[dropcap]U[/dropcap]ma filipina de 39 anos foi executada terça-feira na Arábia Saudita depois de ter sido considerada culpada de homicídio sob a ‘sharia’, ou lei islâmica, informou ontem o Departamento de Relações Exteriores das Filipinas.

“Lamentamos não termos conseguido salvar a vida desta filipina depois do Supremo Conselho Judicial ter classificado o seu caso como um em que não se aplica a fórmula do ‘dinheiro de sangue’ contemplado pela ‘sharia'”, pode ler-se numa nota.

De acordo com a lei islâmica, a fórmula conhecida como “dinheiro de sangue” permite a comutação de uma pena capital se a família da vítima for indemnizada.

A filipina, executada na terça-feira, trabalhava como trabalhadora doméstica na Arábia Saudita, onde há cerca de um milhão de trabalhadores migrantes filipinos que frequentemente sofrem exploração, abuso e assédio às mãos dos seus empregadores.

Durante o processo judicial, a embaixada filipina em Riade forneceu à ré assistência legal, enviou representantes para a visitarem em prisões e manteve a sua família regularmente informada sobre o andamento do caso.

O Departamento dos Negócios Estrangeiros não forneceu, contudo, informações sobre quem foi a vítima do homicídio, nem sobre as circunstâncias do crime, alegando o pedido de privacidade da família.

Fazer pela vida

Em Novembro, as Filipinas repatriaram Jennifer Dalquez, que trabalhava como empregada doméstica nos Emirados Árabes Unidos (EAU), após ser absolvida da acusação de homicídio contra seu empregador, num julgamento em que arriscava também a pena de morte.

Dalquez tinha matado o seu empregador em legítima defesa, quando este a tentou violar, ameaçando-a com uma arma branca. A filipina passou quatro anos na prisão.

De acordo com as autoridades, cerca de três mil filipinos saem do seu país todos os dias com contratos de trabalho temporários no exterior, muitos deles em países árabes, onde as mulheres geralmente trabalham como trabalhadoras domésticas e homens no sector de construção.

Cerca de dez milhões de filipinos são trabalhadores migrantes no exterior e o envio de contas de remessas contribuiu para mais de 10% do PIB filipino.

 

 

1 Fev 2019

Filipinas | Morto membro de grupo suspeito da autoria do atentado de domingo

[dropcap]A[/dropcap]polícia das Filipinas abateu a tiro um membro do grupo extremista Abu Sayyaf e está a investigar as suas possíveis ligações com os autores do atentado de domingo na catedral de Jolo, segundo a imprensa local.

Adman Asilon, de 35 anos, morreu na segunda-feira num tiroteio com a polícia perto de sua casa, em Zamboanga, no sul das Filipinas, onde foram encontrados explosivos, uma granada de mão e um litro de um produto químico que ainda está a ser analisado.

Segundo a polícia, Asilon era um membro conhecido do Abu Sayyaf, que jurou lealdade ao grupo extremista Estado Islâmico, que reivindicou o ataque no domingo na província de Sulu, no sul, num território das Filipinas de maioria muçulmana.

Duas bombas explodiram com quinze segundos de diferença na catedral de Jolo, capital de Sulu, ataque em que morreram mais de 20 pessoas e 100 ficaram feridas, segundo o último balanço das autoridades.

A polícia está a investigar o possível envolvimento de Asilon com a milícia Ajang-Ajang, a facção de Abu Sayyaf em Sulu que cometeu o ataque reivindicado pelo Estado Islâmico.

“É muito cedo para dizer qualquer coisa. Zamboanga e Jolo estão longe, mas vamos investigar todas as hipóteses”, disse o porta-voz da Polícia Nacional, Bernard Banac, à CNN Filipinas.

Duas explosões destruíram no domingo durante a missa a catedral situada na ilha de Jolo, bastião do grupo extremista Abu Sayyaf que não está ligado ao processo de paz em curso.

Especializado em sequestros, o Abu Sayyaf também é acusado dos piores atentados no arquipélago, em particular o realizado contra um ‘ferry’ que causou mais de 100 mortos em 2004.

Os especialistas consideram que este ataque, um dos mais sangrentos dos últimos anos nas Filipinas, pode contrariar anos de esforços de paz que resultaram no referendo local da semana passada. O referendo validou a criação de uma nova região autónoma denominada Bangsamoro.

30 Jan 2019

Filipinas | Alerta de terrorismo para todo o país após ataque em Jolo

[dropcap]A[/dropcap] Polícia Nacional das Filipinas elevou ontem o nível de alerta de terrorismo para todo o país, após o ataque de domingo em Jolo reivindicado pelo grupo Estado Islâmico e que causou 20 mortos e 100 feridos.

“A ordem garantirá que planos semelhantes de grupos terroristas não sejam realizados em outras regiões”, disse o director-geral da Polícia Nacional, Oscar Albayalde, numa conferência de imprensa em Jolo.

O novo nível de alerta significa que a polícia vai aumentar os pontos de controlo e colocará sob maior vigilância a proibição de usar armas de fogo durante o período eleitoral, que terminará com as eleições legislativas e municipais de 13 de Maio.

Albayalde informou ainda que o encerramento de Jolo e a restrição de movimentos no seu interior foram ordenados como estratégia para cercar os responsáveis pelo ataque, ao mesmo tempo que foi reforçado o destacamento de agentes da Polícia, das Forças Armadas e das Forças Especiais.

O grupo extremista Estado Islâmico reivindicou o duplo atentado de domingo contra a catedral católica de Jolo.

O ataque ocorreu uma semana depois de mais de dois milhões de filipinos da comunidade de maioria muçulmana no sul do país, onde se situa a ilha de Jolo, terem sido chamados a participar num referendo para tornar esta região mais autónoma e, assim, acabar com cinco décadas de conflito.

29 Jan 2019

Cerca de 5.000 voluntários e funcionários públicos limpam a poluída baía de Manila

[dropcap]C[/dropcap]erca de 5.000 pessoas, entre os voluntários e funcionários do Governo, participaram ontem no lançamento oficial dos trabalhos de reabilitação da baía de Manila, uma das águas mais poluídas das Filipinas.

Vários membros do gabinete do Presidente, Rodrigo Duterte, agentes das Forças Armadas e da Polícia juntaram-se aos voluntários que vieram limpar a área com vassouras e sacos de lixo.

“É uma batalha que não será vencida pela força, mas com a firme vontade de devolver a vida à baía de Manila, com o empenho e determinação de cada filipino de contribuir neste esforço”, afirmou o secretário de Estado do Meio Ambiente das Filipinas, Roy Cimatu.

O projecto tem um orçamento de 902 milhões de dólares e inclui ainda a realocação das mais de 220.000 famílias que vivem em casas ao longo da baía, entre lixo e água contaminada.

O nível de coliformes, uma bactéria fecal que reflecte a poluição da água, chega a 330 milhões por 100 mililitros na baía, quando os parâmetros apropriados estão entre 100 e 200.

A intenção do Governo é reduzir os coliformes a 270 por 100 mililitros até o final do ano e tornar a baía um local adequado para uso recreativo e turístico, embora admitam que a sua reabilitação deve demorar uma década.

Novas normas ambientais serão impostas nos hotéis, centros comerciais e nas instalações recreativas e turísticas na baía. Os estabelecimentos que não cumprirem serão encerrados, avisou Roy Cimatu.

Onda de limpeza

O Governo filipino pretende seguir o exemplo “bem-sucedido” da reabilitação da ilha de Boracay, o principal destino turístico do país, que reabriu aos visitantes em Outubro, após seis meses de encerramento, devido à massificação turística, poluição das águas e crescimento anárquico de hotéis.

Boracay, estância turística outrora com águas cristalinas, sofreu com a repercussão do desenvolvimento acelerado e foi apelidada de “fossa séptica”, pelo Presidente filipino, Rodrigo Duterte, que decidiu fechar a ilha a 26 de Abril de 2018.

Em 2017, Borocay recebeu mais de 2 milhões de turistas, mas após a reabertura tem menos hotéis e restaurantes, bem como uma quota de visitantes autorizados e novas regulamentações, como a proibição de tabaco e álcool nas praias, para trazer ordem ao litoral.

Para evitar uma nova onda maciça de turistas, a capacidade da ilha foi limitada a 19.200 turistas e por dia não podem entrar mais de 6.400.

Nas praias é agora proibido colocar redes e guarda-sóis, fazer fogueiras ou castelos de areia, venda ambulante ou serviços de massagem.

Além disso, desportos aquáticos só podem ser praticados a mais de 100 metros da costa e as famosas festas nocturnas na praia, que atraíram tantos visitantes, foram banidas.

Para monitorizar o cumprimento dos novos regulamentos, a presença policial foi reforçada com mais de 400 agentes na ilha e cinco esquadras de polícia.

Dos quase 600 hotéis que havia em Boracay, antes do encerramento, agora existem apenas 157 em funcionamento, totalizando 7.308 quartos.

28 Jan 2019

Tradição filipina do “Santo Niño” foi celebrada em Lisboa

[dropcap]C[/dropcap]erca de cem pessoas assistiram ontem, em Lisboa, à celebração do “Santo Niño”, uma tradição filipina, que evoca a chegada do navegador Fernão de Magalhães à ilha de Cebu, e o batismo católico dos soberanos e de 800 autóctones.

“A festa do ‘Santo Niño’, que celebramos no terceiro domingo de Janeiro, evoca a chegada de Fernão de Magalhães, a Cebu, e que entregou uma escultura do Menino Jesus aos locais, e demonstra a devoção das Filipinas ao Menino Jesus”, disse à agência Lusa a embaixadora das Filipinas em Lisboa, Celia Anna Feria, que assistiu à festa, seguida da celebração da eucaristia.

No adro da basílica da Estrela, em Lisboa, figurantes evocaram a chegada do navegador português ao serviço de Espanha, em Abril de 1521, a Cebu, o baptismo dos reis locais, Hara Amihan e Humabon, que passaram a ostentar os nomes de Joana e Carlos, e várias danças em honra do “Santo Niño”.

A celebração tem origem na ilha de Cebu, uma das maiores da região central filipina de Visayas, mas “estendeu-se a todas as partes das Filipinas”, como explicou a diplomata.

No adro da basílica da Estrela foram apresentadas três danças tradicionais, uma delas com origem na tradição local, que era de agradecimento pelas colheitas a um deus da mitologia insular, mas com a adoção do catolicismo, passou a ser em honra de “Sinulog”, que na língua nacional filipina, o tagalog, significa Jesus.

Entre outras individualidades, à cerimónia assistiu o núncio apostólico em Lisboa, o arcebispo Rino Passigato. Segundo Celia Anna Feria em Portugal a comunidade filipina “é menos de 2.000 pessoas, a maioria em Lisboa”.

Questionada pela Lusa quanto aos preparativos da evocação dos 500 anos da chegada de Fernão Magalhães às Filipinas, no âmbito da viagem de circum-navegação ao serviço de Espanha, a diplomata disse que tal “só acontecerá em 2021”, mas foi já constituída uma comissão nacional para esse efeito, e que a embaixada em Lisboa tem estado a desenvolver contactos com várias universidades, nomeadamente a Nova de Lisboa.

Neste âmbito, a embaixadora quer a “produção de vasta bibliografia que dê a conhecer as Filipinas e a sua cultura”. A eucaristia na basílica da Estrela foi celebrada em tagalog, inglês e português.

Fernão de Magalhães (1480-1521), natural de Sabrosa, em Trás-os-Montes e Alto Douro, capitaneou a primeira viagem de circum-navegação e foi o primeiro europeu a alcançar a Terra de Fogo, no extremo meridional da América do Sul.

A viagem de circum-navegação, sob bandeira de Espanha, foi iniciada em 1519 e terminou em 1522, já sob o comando de Juan Elcano, pois o navegador português foi morto por autóctones na ilha de Cebu, nas Filipinas.

A imagem do “Santo Niño”, que encontra paralelo na tradição católica no Menino Jesus da Cartolinha, de Miranda do Douro, e no Menino Jesus de Praga, entre outros, é a mais antiga relíquia católica das Filipinas, e encontra-se na Basílica Menor do Santo Niño, na cidade de Cebu.

21 Jan 2019

Sobe para 126 número de mortos nas Filipinas devido a tempestade

[dropcap]P[/dropcap]elo menos 126 pessoas morreram nas Filipinas na sequência da tempestade tropical que atingiu o país no final de Dezembro, anunciaram as autoridades em novo balanço.

De acordo com o relatório hoje divulgado, a maioria das vítimas perdeu a vida em deslizamentos de terra. A tempestade tropical Usman, que atingiu as ilhas centrais e orientais do arquipélago em 29 de Dezembro, também provocou inundações. O balanço anterior apontava para 85 mortos e 20 desaparecidos.

Segundo as autoridades, mais de 100 pessoas morreram na região montanhosa de Bicol, ao sudeste de Manila. “Em apenas dois dias, a tempestade Usman despejou o equivalente a mais de um mês de chuva na região de Bicol”, disse à agência France-Presse (AFP) Edgar Posadas, porta-voz da agência de gestão de desastres naturais. Há, ainda, 152.000 deslocados e 75 feridos.

A tempestade tropical entrou nas Filipinas pelo Pacífico e atingiu o continente no dia 29 de Dezembro, causando inundações, deslizamentos de terra e provocando falhas de electricidade um pouco por todo o país.

Usman não chegou a ser classificada de tufão, o que, de acordo com as autoridades filipinas, fez com que as pessoas “ficassem demasiado confiantes”.

Em meados de Setembro, no norte do país, mais de 80 pessoas morreram e outras 70 foram dadas como desaparecidas na sequência do tufão Mangkhut, que deixou um rasto de destruição em vários países no Pacífico.

As Filipinas são atingidas todos os anos por cerca de 20 tufões, que causam centenas de mortes e agravam ainda mais a pobreza que atinge milhões de pessoas.

6 Jan 2019

EUA devolvem ‘troféus de guerra’ às Filipinas mais de um século após massacre

[dropcap]O[/dropcap]s Estados Unidos devolveram hoje às Filipinas três sinos de uma igreja levados como ‘troféus de guerra’ pelos norte-americano há quase 120 anos, uma iniciativa destinada a encerrar um capítulo sangrento na história dos dois países.

Há décadas que Manila tem vindo a pedir a devolução dos sinos de Balangiga, o que aconteceu mais de 100 anos depois de uma das piores batalhas do conflito travado entre os dois países (1899-1902).

A devolução também ocorre num momento frágil das relações diplomáticas entre o arquipélago e Washington, já que o Presidente filipino, Rodrigo Duterte, não tem escondido o desejo de se aproximar de Pequim.

Os ‘troféus’ chegaram a Manila a bordo de um avião militar norte-americano, onde oficiais dos EUA e das Filipinas reuniram-se para uma cerimónia oficial. Os sinos foram levados da igreja Balangiga, na cidade homónima da ilha de Samar (centro-oeste do arquipélago), por militares americanos.

Em 28 de Setembro de 1901, rebeldes filipinos mataram 48 soldados norte-americanos num ataque surpresa, onde se diz que os sinos terão dado o sinal para o início da agressão.

Em retaliação, o general norte-americano Jacob Smith ordenou que a ilha de Samar fosse transformada num “deserto ruidoso” e que todos os rapazes ou homens filipinos, com mais de dez anos, fossem executados.

Milhares de filipinos foram mortos, Balangiga foi completamente arrasada e os sinos foram apreendidos como ‘troféus’ de guerra. Colónia espanhola desde o século XVI, as Filipinas passaram para a posse dos Estados Unidos em 1898 após a guerra hispano-americana. O país tornou-se independente em 1946.

11 Dez 2018

Presidente Duterte aconselha filipinos a evitarem igrejas católicas

[dropcap]O[/dropcap] Presidente das Filipinas reacendeu o confronto com os bispos e padres católicos do país, onde mais de 85% da população professa o catolicismo, aconselhando os filipinos a não irem à igreja para pagar contribuições.

“Construam uma capela nas vossas próprias casas e rezem lá, assim não há necessidade de ir à igreja para pagar a esses idiotas”, disse Rodrigo Duterte, na segunda-feira, durante a inauguração do sistema de abastecimento de água na cidade de Davao, no sul das Filipinas.

O Presidente destacou que as “crenças católicas são arcaicas” e que os seus ensinamentos não podem ser aplicados ao presente porque estão reféns de uma fé com três mil anos.

Na semana passada, Duterte acusou o bispo de Caloocan, Pablo Virgilio David, de roubar, por pedir contribuições aos fiéis mais pobres. O prelado respondeu, afirmando que o Presidente não sabe o que diz, “porque está doente”.

Duterte insistiu, dizendo acreditar num Deus diferente, que “não cobra dinheiro” e que não é “estúpido”. Após um diálogo com a hierarquia católica no país, ambas as partes acordaram uma trégua na troca de acusações, entretanto quebrada por Duterte.

O confronto entre o Presidente das Filipinas e a Igreja Católica remonta a Fevereiro de 2017, quando a conferência episcopal criticou a sangrenta guerra contra as drogas, apelidando-a de um “reinado de terror”, uma posição à qual Duterte reagiu com insultos dirigidos aos bispos.

27 Nov 2018

China e Filipinas assinam memorando para exploração de gás no Mar do Sul

[dropcap]C[/dropcap]hina e Filipinas anunciaram ontem um memorando de entendimento para exploração conjunta de petróleo e gás no Mar do Sul da China, demonstrando uma aproximação entre Pequim e Manila após anos de disputa pela soberania daquele território.

Na primeira visita de Xi Jinping a Manila, tradicional aliado estratégico de Washington, o memorando, que tem vindo a ser negociado nos últimos meses, foi assinado, apesar dos protestos da oposição.
O Tribunal Permanente de Arbitragem, com sede em Haia, concedeu em 2016 às Filipinas a soberania das águas em questão, que incluem várias ilhotas e atóis ocupados pela China.

No entanto, sob a presidência do actual Presidente filipino, Rodrigo Duterte, as Filipinas têm sido mais permissivas, face às promessas de investimento chinês no país, de quase 24 mil milhões de dólares.
Nos últimos meses, vários membros do gabinete de Duterte admitiram a existência de negociações com uma empresa estatal chinesa para exploração daquelas águas.

“A China e as Filipinas são vizinhos próximos, com uma história de intercâmbios com milhares de anos. Boa vizinhança, amizade e cooperação é a única escolha correcta para nós”, afirmou Xi, após reunir-se com Duterte no palácio de Malacañang, a sede da presidência filipina.
Duterte descreveu a visita de Xi como um “momento marcante” na “história comum” dos dois países.
“Viramos uma nova página e estamos prontos a escrever um novo capítulo de abertura e cooperação”, afirmou.

Coro de protestos

Os detalhes do memorando para exploração conjunta não são ainda públicos. No entanto, a oposição nas Filipinas, incluindo a vice-presidente, Leni Robredo, exigiu que se publique integralmente o texto, alertando para a possibilidade de uma cedência na soberania nacional e violação da Constituição do país.

“É inaceitável e traiçoeiro”, afirmou a senadora de oposição Risa Hontiveros. “Reverte a nossa vitória histórica no [tribunal] de Haia e dá a soberania das Filipinas no mar do Oeste das Filipinas”, considerou.

Manila foi também palco de vários protestos durante a visita de Xi, face à disputa pela soberania do mar do Sul da China. Os manifestantes, que se reuniram em frente à embaixada chinesa em Manila, denunciaram ainda que os empréstimos concedidos por Pequim poderão criar uma situação insustentável para o país.

Os dois chefes de Estado assinaram, no total, 29 acordos e memorandos de entendimento, nos sectores das finanças, banca, investimento, comércio, agricultura, infraestrutura, educação e cultura.

A visita de Xi foi a última paragem de um périplo por três nações asiáticas, onde se tem comprometido a financiar a construção de infra-estruturas e defendido o livre comércio, parte de uma disputa por influência regional com Washington.

Antes de regressar a Pequim, Xi reuniu-se com o presidente do Senado, Vicente Soto, e a presidente da Câmara dos Representantes, Gloria Macapagal-Arroyo.

22 Nov 2018

Xi Jinping visita as Filipinas num momento de apaziguamento diplomático

Xi Jinping está em Manila, num período em que as relações entre a China e Filipinas atravessam o período mais positivo desde há muito tempo. Do encontro, o primeiro em 13 anos, devem resultar acordos milionários de investimento chinês e a discussão acerca das disputas territoriais no Mar do Sul da China. A visita de Xi é encarada como a definitiva aproximação de Pequim a Manila, deixando de parte um tradicional aliado das Filipinas: os Estados Unidos

Com agências 

 

[dropcap]O[/dropcap] teor fraterno das palavras entre os presidentes da Filipinas e da China nos dias de hoje faz esquecer um dos pontos mais baixos nas relações entre os dois países, que se verificou há cerca de dois anos, na sequência de disputas territoriais no Mar do Sul da China. Aliás, o litígio chegou mesmo à barra da justiça internacional.

É neste contexto que Xi Jinping chegou ontem a Manila, para uma visita oficial que termina hoje. À sua espera estava um líder com quem mantém, actualmente, uma relação muito próxima. Aliás, em Abril, Rodrigo Duterte fez uma autêntica declaração de amor ao líder chinês: “Eu simplesmente amo Xi Jinping. Ele compreende os meus problemas e está disposto a ajudar-me. Portanto, eu digo: Obrigado, China”.

Na segunda-feira, a véspera da viagem para Manila, Xi divulgou uma nota oficial a retribuir o afecto do Presidente filipino. “As nossas relações estão numa fase de arco-íris depois da chuva. Em pouco mais de dois anos, a China tornou-se no maior parceiro comercial das Filipinas e a segunda maior fonte de turistas”, lê-se num comunicado divulgado na Xinhua. No entanto, Xi não deixou de parte o passado recente de quezílias diplomáticas, apesar de apontar o caminho futuro de entendimento, nomeadamente quanto ao litígio marítimo, um dos pontos mais importantes na agenda da visita. “Precisamos resolver de forma adequada através do diálogo e cooperação nos assuntos marítimos, de forma a tornar o Mar do Sul da China num mar de paz, amizade e cooperação que verdadeiramente beneficie os povos de ambos os países”, referiu o Presidente chinês.

Apesar do tom afectuoso na linguagem, do encontro espera-se que se encontre definição para questões complexas, nomeadamente a reaproximação a Pequim e os apoios chineses para ultrapassar algumas das dificuldades socioeconómicas endémicas de que o país sofre. Uma coisa parece certa: Xi deve levar na bagagem promessas bilionárias de acordos e negócios para seduzir Duterte, na sequência da primeira visita que fez a Pequim quando assinou uma bateria de acordos para futuros investimentos chineses. Na altura, Duterte anunciou que “a América perdeu” na esfera militar e económica, numa rejeição óbvia à parceria histórica que Manila mantinha com Washington.

Em contrapartida, há analistas que entendem que o Presidente filipino está a tentar agradar a gregos e troianos, num jogo perigoso entre as duas maiores potências económicas do mundo.

Cantiga do bandido

No entanto, os investimentos chineses na Filipinas continuam por se concretizar na realidade. Desde o estabelecimento de acordos, apenas uma fracção dos 24 mil milhões de dólares prometidos foram aprovados e implementados.

Em declarações ao The New York Times, Jay Batongbacal, professor da Faculdade de Direito da Universidade das Filipinas, referiu que “as políticas de Duterte, desde 2016, não corresponderam às expectativas nem convenceram as pessoas da sua eficácia”.

Na sequência da moderação de Duterte nas disputas do Mar do Sul da China, Pequim continua a construir bases militares em ilhas também reclamadas por Manila. Em 2016, numa decisão surpreendente, um tribunal internacional deu razão às pretensões filipinas e negou as intenções de Pequim quanto às disputas territoriais arguidas pela administração do antecessor de Duterte, Benigno S. Aquino III.

A dois dias da decisão judicial, Duterte tomou posse. Desde então, o Presidente recusou pressionar Pequim no sentido de cumprir o que ficou definido na sentença, apesar do precedente legal estar do lado das pretensões da anterior administração. Leila de Lima, uma das caras principais da oposição ao regime actual, emitiu uma declaração onde refere que “na realidade, as Filipinas sob a liderança de Duterte podem ter desperdiçado a mais sólida base legal contra Pequim na conflito do Mar do Sul da China”. É de salientar que Leila de Lima se encontra detida, num caso em que activistas dos direitos humanos consideram que se cometeram inúmeros atropelos à lei.

Cimeira bipartida

Durante a cimeira ASEAN, que decorreu em Singapura há dias, Duterte aparentemente minimizou as pretensões da administração que o antecedeu, ao referir que “a China já está na posse” das águas contestadas. O Presidente filipino aconselhou ainda Washington a evitar criar fricções depois dos norte-americanos terem enviado navios de guerra para o Mar do Sul da China. A acção foi explicada pelo Pentágono como uma forma de chamar a atenção para as pretensões de outros cinco países em relação às águas em disputa.

A posição de Rodrigo Duterte nesta matéria não está alinhada com a opinião pública, pelo menos de acordo com sondagens. Um inquérito realizado pela Social Weather Stations, revela que cerca de 85 por cento dos ouvidos estão contra a inacção do Governo face às movimentações de Pequim no Mar do Sul da China, nomeadamente depois das forças chinesas terem aterrado caças em ilhas disputadas, e instalado baterias de mísseis ar-terra.

Clarita Carlos, ex-presidente do Colégio de Defesa Nacional das Filipinas, considera esta posição “um golpe duro na imagem de pragmatismo do Governo” e entende que a postura de Duterte é “uma capitulação que se aproxima da traição”.

Pescas e comunicações

Os pescadores são outro bloco de oposição à política de suavidade de Duterte face às intenções chinesas no litígio marítimo. Uma das razões argumentadas pelos representantes do sector das pescas é o ventilado plano de exploração de gás e petróleo nas águas contestadas.

Aliás, profissionais do sector das pescas protestaram a chegada de Xi Jinping a Manila devido “à total rendição do controlo do território marítimo rico em recursos naturais”. As palavras são de Fernando Hicap, líder de uma associação sindical de pescadores, que protestou em frente à embaixada chinesa em Manila ontem de manhã. De acordo com agências noticiosas, cerca de 150 pessoas protestaram a chegada do Presidente chinês empunhando cartazes que diziam, por exemplo, “As Filipinas são nossas, sai China”.
Um dos argumentos de Duterte assenta na ideia de que a exploração conjunta é a única forma de aproveitar os recursos que estão debaixo das águas disputadas.

Em contrapartida, o Governo de Manila confirmou no início desta semana um acordo com um consórcio liderado pela China Telecom que permitirá à gigante chinesa tornar-se na terceira operadora de telecomunicações nas Filipinas. A Comissão Nacional de Telecomunicações anunciou na segunda-feira que a Mislatel, que reúne várias operadores chinesas e a Udenna Corp, detida pelo milionário filipino Dennis Uy, será “o novo grande player no mercado das Filipinas”.

O consórcio ganhou os direitos de franchise a partir de 7 de Novembro, mas enfrentou a oposição de dois rivais, a empresa filipina PT&T que recorreu ao Supremo Tribunal para contestar a sua derrota no concurso.
Também este negócio tem sido alvo de críticas por parte dos adversários políticos, que questionam a transparência do negócio, principalmente pelo facto de Dennis Uy ter sido um dos maiores aliados empresariais de Duterte durante as eleições de 2016. Aliás, a fraca qualidade dos serviços de telecomunicações tem sido uma fonte constante de desagrado entre a população filipina.

É neste contexto que os dois líderes se encontram. Múltiplas declarações de entendimento e apreço pessoal, negócios duvidosos, territórios em disputa de que, de repente, se abre mão e um tsunami de yuans que muitos analistas consideram uma “armadilha de dívida”. Na reconfiguração do xadrez geoestratégico, Pequim parece estar a levar a melhor sobre Washington no que toca ao sudeste asiático.

 

Cartoon de protesto

Uma onda de protesto inundou as redes sociais com memes do Winnie the Pooh, o personagem de banda desenhada usado para satirizar Xi Jinping, como forma de manifestar desagrado perante a visita do Presidente chinês a Manila. Um dos post mais partilhados mostrava o ursinho Pooh, que se prostra perante um espelho enquanto “Hail Satan” pisca no ecrã. Noutro post, o ursinho flutua perto de uma ilha artificial, aparentemente construída por Pequim, numa alusão às zonas marítimas disputadas no Mar do Sul da China.

21 Nov 2018

Filipinas questionam Macau sobre medidas contra o abuso de drogas

Macau foi convidado pelas Filipinas a partilhar experiências sobre a criação da Casa de Educação Vida Sadia, em 2016, que tem o objectivo de reduzir e combater o consumo de droga. Sónia Chan, secretária para a Administração e Justiça, recordou as medidas adoptadas na área educativa e social

[dropcap]N[/dropcap]a reunião de ontem que serviu para a delegação da China responder a perguntas no âmbito do terceiro Exame Periódico Universal do Conselho dos Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), Macau foi convidado a partilhar a sua experiência no combate ao consumo de estupefacientes pelas Filipinas.

“O Relatório Nacional da China faz menção à iniciativa da RAEM na área da prevenção do abuso de drogas. Poderia partilhar a sua experiência e intuições com o estabelecimento da Casa de Educação de Vida Sadia em 2016, na promoção de estilos de vida saudáveis, especialmente junto de crianças e jovens?”, questionaram os representantes do país junto do referido Conselho.

Em resposta, a secretária para a Administração e Justiça, Sónia Chan, recordou as últimas medidas tomadas na área social e educativa, tendo frisado a a lei do ensino superior, implementada no ano passado.

A questão surge numa altura em que o presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, tem levado a cabo uma verdadeira guerra contra o consumo de drogas e o narcotráfico, permitindo execuções extrajudiciais.

Na semana passada, Duterte colocou a Alfândega sob controlo das Forças Armadas, depois da Agência Anti-drogas ter informado que tinham entrado no país metanfetaminas no valor de 11 mil milhões de pesos.

“Todos os altos comandantes serão substituídos pelos militares, (…) enquanto resolvemos como enfrentar a corrupção neste país. Com esse tipo de jogo sujo que alguns estão jogando, sou forçado a pedir ao Exército que assuma o controlo”, disse Duterte na cidade de Davao.

A Casa de Educação Vida Sadia funciona sob alçada do Instituto de Acção Social (IAS). O curso de educação de vida sadia começou a funcionar em Setembro de 2000, mas, em 2003, esse curso transformou-se em Centro de Educação de Vida Sadia, que mudou para a actual designação em 2016.

Jason Chao negado na ONU

Os representantes das Filipinas foram os únicos que questionaram directamente Macau sobre matéria de direitos humanos. Em Março deste ano, a Associação Novo Macau (ANM) submeteu um relatório onde voltou a frisar a ausência de sufrágio universal directo para a eleição do Chefe do Executivo e a não abrangência dos casais do mesmo sexo na lei de prevenção e combate à violência doméstica. O mesmo relatório também alerta a ONU para a implementação da lei da cibersegurança e a possibilidade de ser violado o direito à privacidade.

Ao HM, Jason Chao disse que apelou à ONU ter um lugar no comité consultivo do Conselho. Contudo, “a candidatura não foi aceite devido ao limite do número de oradores”, apontou. O Conselho Consultivo aceita apenas cinco membros oriundos de países asiáticos.

7 Nov 2018

Sven-Goran Eriksson é o novo treinador da selecção das Filipinas

[dropcap]O[/dropcap] sueco Sven-Goran Eriksson é o novo treinador da selecção das Filipinas de futebol, naquela que é a sua quarta experiência como selecionador nacional, anunciou hoje a Federação local.

O técnico sueco diz que “quer fazer algo diferente” na seleção das Filipinas, pretendendo levar a equipa pela primeira vez a um Mundial.

Sven-Goran Eriksson já treinou a seleção do México, da Costa do Marfim e de Inglaterra e ainda equipas como a Roma, Lazio, Benfica e Manchester City.

Ao longo da sua carreira em Portugal, o técnico sueco venceu três campeonatos nacionais, uma Taça de Portugal, bem como uma Supertaça Cândido de Oliveira, tendo também ido à final da Taça UEFA, atual Liga Europa, e ainda à final da Liga dos Campeões.

5 Nov 2018