Hoje Macau China / ÁsiaFilipinas | Duterte diz que pode ser 50 vezes pior que os terroristas [dropcap style=’circle’]O[/dropcap] Presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, avisou ontem que pode ser 50 vezes mais brutal que os extremistas muçulmanos que fazem decapitações, dizendo que até poderia “comer” os terroristas se fossem capturados vivos pelas tropas do país. Duterte tem repetidamente ameaçado de morte os suspeitos de tráfico de droga nas Filipinas, mas agora elevou a sua retórica a um novo nível com estas declarações feitas no âmbito da abertura de um evento desportivo. O Presidente filipino ordenou às tropas para que matassem militantes muçulmanos que fugiam depois de um ataque fracassado na província central de Bohol e que não os trouxessem vivos, chamando “animais” aos extremistas. “Se querem que eu seja um animal, eu também estou habituado a isso. Nós somos iguais”, afirmou Duterte, citado pela agência de notícias Associated Press (AP). “Eu posso fazer o que vocês fazem 50 vezes mais”, atirou o político, dizendo o que faria que se um terrorista lhe fosse apresentado enquanto estivesse de mau humor. “Passem-me o sal e o vinagre e eu como o seu fígado”, lançou. Duterte venceu as eleições presidenciais filipinas em Maio do ano passado com a promessa de combater as drogas ilegais, a corrupção e o terrorismo. Milhares de pessoas morreram devido à sua campanha anti-drogas, que tem alarmado os governos ocidentais e grupos de direitos humanos. Duterte já avisou que pode colocar sob lei marcial a zona sul das Filipinas – onde há décadas que há uma rebelião separatista muçulmana – caso as ameaças terroristas fiquem fora de controlo.
Hoje Macau China / ÁsiaRodrigo Duterte ordena ao exército que ocupe ilhas disputadas com a China [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, disse ontem que ordenou ao exército a ocupação das ilhas desabitadas do arquipélago das Spratleys, em disputa no Mar da China meridional, o que poderá provocar uma tensão diplomática com a China. Duterte disse aos jornalistas que ordenou ao exército para construir infra-estruturas em algumas ilhas do arquipélago de Spratleys, que o seu país reivindica como parte do território filipino. “Eu já ordenei às forças armadas para ocupá-las”, disse Duterte aos jornalistas, durante uma visita a uma base militar na ilha de Palawan, no oeste das Filipinas. De acordo com o Presidente filipino, “serão construídas infra-estruturas e ainda içada a bandeira filipina”, sublinhando que Manila reivindica “nove ou 10” ilhas, ilhotas e recifes do arquipélago das Spratleys. É tudo nosso A China considera como seu território quase todo o Mar do Sul da China, posição contestada por Manila e outros países do Sudeste Asiático que também têm reivindicações nesta área, que defendem que a liberdade de navegação nesta zona estratégica para o comércio mundial está ameaçada. “Parece que toda a gente quer servir-se destas ilhas, então o que faremos melhor é ir habitar aquelas que ainda estão vagas”, afirmou o Presidente filipino, acrescentando que poderá deslocar-se àquelas ilhas a 12 de Junho, data do aniversário da independência das Filipinas. Este litígio entre Manila e Pequim teve o seu ponto mais alto durante a presidência do antecessor de Duterte, Benigno Aquino, que levou o assunto ao Tribunal permanente de arbitragem, em Haia. Em Junho, este tribunal considerou ilegal a reivindicação de Pequim. Actualmente, o exército filipino tem militares na ilha de Thitu, a maior das Spratleys. O Vietname, a Malásia, o Brunei e Taiwan também reivindicam certas zonas do Mar da China meridional.
Hoje Macau China / ÁsiaFilipinas | Rodrigo Duterte volta a insultar líderes da União Europeia [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, subiu o tom das críticas à União Europeia, voltando a recorrer a palavrões para insultar os líderes europeus e os deputados por censurarem a sua política anti-droga. “Eu enfrento de frente o problema das drogas, a UE, filhos da p***”, disse o chefe de Estado num discurso no palácio presidencial Malacañan, em Manila, perante o colégio de vereadores filipinos e funcionários que acabavam de prestar juramento para servir os respectivos cargos. Quanto aos deputados ao Parlamento Europeu, Duterte pediu aos presentes: “se vos perguntarem como os descreveriam, digam-lhes apenas que o alcaide disse que sois uma boa m****”. Em meados de Março, o Parlamento Europeu aprovou uma resolução a condenar e a pedir o fim da “guerra contra as drogas” liderada por Duterte, cujo balanço ascende já a mais de sete mil mortos desde o início em 30 de Junho de 2016, dia da sua tomada de posse. “Não nos venham impor os vossos valores e isso tudo, porque vos detestamos por serem hipócritas. Vocês são a incongruência dos tempos”, afirmou o Presidente filipino, numa referência à União Europeia. O governante argumentou ainda que a Europa conseguiu os seus progressos económicos “conquistando a Indonésia, a Malásia, as Filipinas, e levando o melhor” destas terras, pelo que convidou o Velho Continente a não dar “lições de moral” a países e governos com realidades distintas no outro lado do planeta. Das contradições O chefe de Estado tinha chamado “loucos” aos deputados europeus na semana passada, o que levou Bruxelas a chamar o embaixador filipino para consultas. Curiosamente, os insultos de Duterte de ontem acontecem apenas escassas horas depois do seu ministro dos Negócios Estrangeiros, Enrique Manalo, reafirmar o seu desejo de estreitar laços com UE, numa tentativa de acalmar os ânimos no ocidente. No seu discurso de ontem, Duterte qualificou também como “filho da p***” o anterior Presidente norte-americano, Barack Obama, a quem insultou em outras ocasiões, assim como os meios de comunicação filipinos – nomeadamente o Daily Inquirer filipino e a cadeia de televisão ABS-CBN – que criticaram a sua “guerra contra as drogas”. A campanha anti-droga de Duterte foi reactivada em Março depois de um mês de interrupção, alegadamente para “limpar a corrupção da polícia”, e desde então resultou em várias dezenas de presumíveis traficantes e toxicodependentes mortos às mãos de agentes policiais e milícias.
Hoje Macau China / ÁsiaFilipinas | Vice-presidente ataca campanha contra as drogas [dropcap style=’circle’]A[/dropcap] vice-presidente das Filipinas exortou ontem os cidadãos do seu país a “desafiarem as gritantes violações dos seus direitos”, numa referência crítica à violenta campanha do Presidente Duterte contra as drogas, considerada “criminosa” por várias organizações. Numa declaração em vídeo a ser mostrada num fórum da ONU, Leni Robredo disse que o problema das drogas ilegais nas Filipinas não se pode resolver “só com balas”. O discurso de Robredo constitui uma das mais fortes críticas ao Presidente Duterte, que repetidamente atacou o fórum de direitos humanos. No discurso ao fórum da ONU sobre mortes extrajudiciais, em Viena, Robredo cita queixas específicas sobre abusos, incluindo a forma como familiares de suspeitos traficantes e consumidores de droga têm sido ameaçados quando a polícia não consegue encontrar os alvos principais. Robredo recorda que mais de 7.000 pessoas foram assassinadas em “execuções sumárias” em nome da guerra contra as drogas lançada por Duterte após ser eleito Presidente no Verão passado. Nas Filipinas, o vice-presidente é eleito numa eleição separada da presidencial e Robredo pertence a um partido político diferente do de Duterte. Relações difíceis Robredo é um dos poucos políticos de topo nas Filipinas que se tem manifestado contra a campanha de execuções em nome da luta contra as drogas promovida pelo Presidente. A relação entre ambos os políticos é muito difícil e Duterte não convida a vice-presidente para as reuniões do seu gabinete. Na mensagem agora divulgada, Robredo denuncia também que a pena de morte poderá regressar em breve às Filipinas, algo que considerou “um erro grave” porque viola as normas internacionais da ONU. Robredo conclui pedindo a Duterte que empreenda uma “guerra contra a pobreza” e não contra os consumidores de droga. Duterte tem sido alvo de críticas da comunidade internacional e de organizações humanitárias, que o acusam de, na sua operação para limpar os bairros das drogas, cometeram-se milhares de execuções extrajudiciais de traficantes e toxicodependentes. Num relatório divulgado no final de Janeiro, a Amnistia Internacional revelou que a polícia filipina, sob ordens directas do Presidente Rodrigo Duterte, tem vindo a assassinar cidadãos pobres com a desculpa de que está numa luta contra as drogas, forjando provas e chegando a contratar assassinos. “Agindo de acordo com instruções do mais alto nível do governo, a polícia das Filipinas matou e pagou a outros para matar milhares de alegados envolvidos em crimes com drogas, numa onda de execuções extrajudiciais que podem constituir crimes contra a Humanidade”, indicou a Amnistia Internacional no relatório “Se é pobre, é morto: Execuções Extrajudiciais nas Filipinas”.
Hoje Macau China / ÁsiaPresidente filipino insta polícia a retomar a “guerra contra a droga” [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, instou a polícia a servir novamente na “guerra contra a droga”, um mês depois de ter suspendido a campanha após a confirmação de corrupção no seio das forças de segurança. O Presidente filipino afirmou que deu ordens ao chefe da Polícia Nacional, Ronald dela Rosa, para “recrutar homens jovens e patriotas da Polícia Nacional como membros das forças de trabalho” nas operações anti-droga, em declarações reproduzidas ontem pela estação local ABS-CBN. “Tenho que fazê-lo porque me faltam homens”, disse Duterte, que não apontou uma data concreta ou mais detalhes sobre o reinício da campanha. O Presidente especificou, no entanto, que os polícias que integrem as futuras operações não devem estar envolvidos em corrupção. Duterte suspendeu a sua campanha anti-droga no final de Janeiro depois de reconhecer que, no âmbito desta, alguns agentes tinham levado a cabo práticas abusivas, como o sequestro e homicídio de um empresário no quartel-general da Polícia Nacional na cidade Quezón. Duterte prometeu então centrar-se em levar a cabo uma “limpeza” na Polícia Nacional e, uma vez finalizada, retomar as operações que desde o passado mês de Junho até Janeiro custaram a vida a mais de 7.000 alegados narcotraficantes e toxicodependentes. Às armas Vários políticos apoiantes de Duterte e o próprio chefe da Polícia Nacional, Ronald dela Rosa, instaram nos últimos dias o Presidente a retomar o quanto antes a campanha. Dela Rosa disse na segunda-feira que se isso não acontecer vão “perder-se os avanços conseguidos nos primeiros sete meses”. Por outro lado, as Forças Armadas das Filipinas assinaram na terça-feira um acordo com a agência anti-droga (PDEA) que serviu para envolver os militares do país na campanha contra o narcotráfico de Duterte. Duterte, que chegou ao poder em Junho de 2016, prometeu ‘limpar’ as Filipinas de narcotraficantes e toxicodependentes, por considerar que a droga está a destruir as novas gerações do país. Vários países e organizações internacionais criticaram a sua política de linha dura, denunciando que viola os direitos humanos.
Hoje Macau China / ÁsiaDuterte acusado de ordenar assassínios quando era presidente de câmara [dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m ex-polícia filipino admitiu ontem a existência de “esquadrões da morte” dirigidos por Rodrigo Duterte quando este era presidente da câmara de Davao e acusou o Presidente do país de contratar assassinos a soldo para matar opositores. “O esquadrão da morte de Davao é real”, assegurou Arturo Lascañas, agente da polícia nacional até ao passado mês de Dezembro numa conferência de imprensa transmitida pela televisão no Senado. O ex-polícia, que compareceu no Senado a pedido do grupo de assistência legal gratuita sob a égide da ONU, assegurou que “por cada morte, o presidente da câmara Duterte pagava-nos 20 mil pesos (375 euros) e por vezes 50 mil (935 euros) ou 100 mil (1.875 euros)”. A verdade da mentira Lascañas, que foi um dos polícias mais próximos de Duterte nos seus mais de 20 anos como presidente da câmara de Davao em vários períodos desde 1988 até 2016, tinha negado no passado mês de Outubro no Senado a existência dos esquadrões da morte. Entre palavras de arrependimento e lágrimas, o ex-agente qualificou ontem a sua anterior declaração como “total mentira” e confessou a sua participação em alguns dos assassínios presumivelmente ordenados pelo actual Presidente do país. Em concreto, Lascañas explicou como Duterte lhe deu três milhões de pesos (56.025 euros) para contratar um assassino a soldo que, após duas tentativas falhadas, acabou em 2003 com a vida de Jun Pala, um comentador de rádio crítico da gestão do então autarca. No caso do líder religioso, Jun Barsabal, assassinado em 1993 por alegada ocupação ilegal de terras, o ex-polícia confessou que o então presidente da câmara lhe deu ordem directa para “o matar”. Lascañas acompanhou a sua confissão com uma declaração em que assegurou que está disposto a declarar o mesmo perante qualquer organismo governamental, incluindo o Senado. A câmara alta já investigou no ano passado o tema dos “esquadrões da morte de Davao”, a que são atribuídas mais de mil mortes, sem que fossem encontradas provas suficientes para demonstrar a sua existência. A inesperada declaração de Lascañas pode servir para recuperar o caso depois de outro ex-membro dos esquadrões, Edgar Matobato, ter acusado pela primeira vez Duterte de assassínios, no passado mês de Dezembro.
Hoje Macau China / ÁsiaFilipinas | Milhares contra restabelecimento da pena de morte [dropcap style≠’circle’]M[/dropcap]ilhares de católicos filipinos manifestaram-se ontem em Manila contra o restabelecimento da pena de morte e para condenar a enorme quantidade de vítimas mortais causadas pela guerra contra as drogas promovida pelo presidente do país, Rodrigo Duterte. “Não podemos ensinar que é errado matar se o fizermos matando aqueles que matam”, afirmou o presidente da Conferência de Bispos Católicos das Filipinas, o arcebispo Socrates Villegas, aos manifestantes, através de um comunicado, citado pela agência Efe. “Os criminosos têm de ser detidos, acusados, condenados e presos para que possam corrigir-se. O delito de que são acusados tem que ser provado em tribunal, não executado à lei da bala”, acrescentou Villegas. O arcebispo de Manila, Luis Antonio Tagle, afirmou, pelo seu lado, que “combater a violência com violência é duplicar a violência”. Entre 50 mil pessoas, de acordo com os organizadores, o grupo Sangguniang Laiko ng Pilipinas, e 10 mil, de acordo com a polícia, juntaram-se durante mais de três horas no Parque de Rizal, na zona antiga de Manila, para participar na Marcha pela Vida. Villegas instou os manifestantes a rejeitarem outros “pecados” contra a vida, como o aborto, as drogas, a corrupção ou a blasfémia e pediu-lhes que não vivam subjugados pelo terror, apesar de rodeados de violência e da tentativa de restabelecimento da pena capital, porque “o sol voltará a brilhar”. “Há esperança. Não tenham medo da sombra. Nunca vivam em medo”, sublinhou o clérigo. “A Marcha pela Vida não é um protesto, mas uma afirmação da sacralidade da vida humana, que provém de deus”, acrescentou. Do extermínio Mais de sete mil alegados toxicodependentes e narcotraficantes foram mortos na campanha contra as drogas lançada por Duterte no próprio dia da sua investidura, em 30 de Junho de 2016. Desse número, cerca de 2.500 mortos resultaram de operações policiais e o resto às mãos de grupos civis que tomaram a justiça por sua conta. A Amnistia Internacional denunciou no início de Fevereiro que foram cometidos “crimes contra a humanidade” durante a guerra contra as drogas, para além do encobrimento de homicídios a soldo, provas falsas e roubos levados a cabo pela polícia. A campanha encontra-se de momento suspensa, com a finalidade de “limpar” a polícia de agentes corruptos, mas o chefe de Estado já manifestou a intenção de retomá-la o quanto antes e de prolongá-la até ao final do mandato único de seis anos, em 2022. Duterte, fiel a si mesmo, investiu já contra a posição da Igreja Católica filipina, tratando os bispos por “filhos da puta”, no passado dia 19 de Janeiro. “Vocês, católicos, se quiserem acreditar nestes sacerdotes e bispos, fiquem com eles. Se quiserem ir para o céu, fiquem com eles. Agora, os restantes, os que quiserem erradicar as drogas, venham comigo, ainda que eu vá até ao inferno”, disse o Presidente no passado dia 5 de Fevereiro. As Filipinas contam com 86% de católicos entre uma população de 100 milhões de habitantes, o que confere à Igreja uma grande influência no país”, tendo sido fundamental na revolta popular pacífica que derrubou o regime de Ferdinand Marcos, em 1986, e no movimento que destituiu o Presidente Joseph Estrada em 2001.
Hoje Macau China / ÁsiaFilipinas | Duterte põe fim a negociações com rebeldes maoistas [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, pôs fim às negociações de paz com insurgentes comunistas depois de tanto Governo como rebeldes terem cancelado unilateralmente o cessar-fogo que tinha como objectivo acabar com o conflito de décadas. Duterte, um autoproclamado socialista que chegou a libertar líderes comunistas de modo a impulsionar as negociações de paz, condenou enfaticamente os insurgentes por terem recomeçado as hostilidades, dizendo estar pronto para um conflito prolongado. “Disse aos soldados para se prepararem para uma longa guerra. Disse que [a paz] não surgirá na nossa geração”, afirmou no sábado à noite. Os dois lados declararam separadamente cessar-fogos em Agosto, e o acordo informal funcionou, ao mesmo tempo que continuavam as discussões em Roma. O Presidente disse estar agora a ordenar aos negociadores do Governo para “fazerem as malas e regressarem a casa”, deixando as negociações com os líderes rebeldes que decorrem no estrangeiro. “Não estou interessado em falar com eles. Recuso-me a falar mais do assunto”, disse aos jornalistas. “Estamos a combater há 50 anos. Se querem estender por outros 50 anos, que seja”, afirmou. A ordem surgiu depois de os rebeldes terem anunciado, na semana passada, o fim do seu cessar-fogo de cinco meses, acusando o Governo de Duterte de traição e abusos de direitos humanos. O Governo respondeu cancelando também o seu cessar-fogo unilateral. Duterte acusou também o Novo Exército Popular, uma força comunista com 4.000 membros, de matar quatro soldados em ataques na semana passada, dizendo que uma das vítimas foi atingida com 76 balas. A insurgência comunista no país, que começou 1968, é uma das mais antigas do mundo e já causou a morte de cerca de 30 mil pessoas, de acordo com o exército.
Andreia Sofia Silva Internacional MancheteFilipinas | Comunidade em Macau apoia acções de Rodrigo Duterte Não são considerados humanos por serem autores de crimes e por terem a mente alterada devido ao consumo de estupefacientes. Este parece ser o pensamento de grande parte dos membros da comunidade filipina em Macau face à política antidrogas do seu Presidente, Rodrigo Duterte. Mesmo com assassinatos na família, os filipinos aceitam e compreendem que este é o caminho a seguir [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] comunidade filipina em Macau continua a acreditar piamente no candidato às presidenciais que ajudou a eleger em Abril do ano passado. Apesar de a Amnistia Internacional (AI) ter divulgado esta semana um relatório que dá conta da prática de “crimes contra a Humanidade” na implementação da política antidrogas, a crença de que Duterte vai acabar com a corrupção e o crime no país mantém-se inabalável. O documento, intitulado “Se és pobre matam-te: execuções extrajudiciais nas Filipinas”, espelha uma política de combate à droga que se caracteriza por execuções à margem da justiça, com o conluio das autoridades e pagamentos feitos a agentes da autoridade por cada execução, que podem variar entre mil e pouco mais de duas mil patacas. Os factos não chegam para mudar a postura de uma comunidade que acredita que Duterte vai limpar a sociedade de todos os seus males. Os filipinos que aqui vivem apoiam as mortes, compreendem-nas, mesmo que, em muitos casos, afectem as suas famílias. A garantia é deixada por dois representantes da Associação Santo Niño Cebu em Macau, “uma organização religiosa e cívica”, cujo “maior foco é unir a comunidade”, diz ao HM Jamilito Scotti. É Scotti também que nos conta que “a maioria dos filipinos que vivem em Macau está do lado de Duterte”. Ele próprio “concorda com o que o Presidente está a fazer”. A palavra de ordem é limpar para depois reconstruir. Há que compreender, mesmo que a morte doa. “Não conheço casos de filipinos em Macau que tenham perdido os seus familiares nas Filipinas neste contexto, mas acredito que haja pessoas que possam ter passado por essa situação”, admite Jamilito Scotti. “A comunidade filipina em Macau está contente com o Presidente. Falamos sobre assunto entre nós e estamos contentes com esta Administração. Adoramos as nossas famílias e, mesmo que os nossos familiares sejam bons, há sempre alguém que não é. Temos de aceitar a realidade. Esse é o grande ponto, a grande ideia: temos de compreender e aceitar. Temos de estar unidos”, defende Jerry Cuijiano, também ligado à Associação Santo Niño Cebu. Ele próprio teve um familiar assassinado em Dezembro do ano passado. “Tenho uma família grande e um dos meus familiares estava ligado a esse mundo [do tráfico de drogas]. Disseram-nos que foi morto numa situação de luta na rua. Quando ele morreu sentimos… não digo alegria, mas foi um agradecimento a Deus. Foi o primeiro da família que nunca nos ouviu, como é que poderíamos esperar que ele nos iria ouvir?”, relata Jerry Cuijiano. A dor e o medo existem, mas são ultrapassados. “As pessoas compreendem. As vítimas destas famílias tinham uma mente fechada e pertenciam ao mundo das drogas. Não há espaço na nossa sociedade para criminosos, não podemos esperar garantir [o respeito pelos] direitos humanos para estas pessoas. Mas, na generalidade, a questão dos direitos humanos está a ser usada como desculpa para escapar”, inidca Cuijiano. Nem o facto de estarmos perante uma das sociedades mais católicas do mundo afasta a ideia de que a morte é a única solução, sem lugar para o perdão. “Somos pessoas religiosas. Se me pergunta, eu escolho a vida. Matar as pessoas, os viciados em droga, não é a escolha mais acertada para resolver a situação, mas não podemos evitar os assassinatos. No entanto, a sua mente está diferente, têm uma mente distorcida por causa das drogas, estão afectados, e por isso criam situações de conflito”, frisa Jamiliano Scotti. Menos que gente Um dia depois de a Amnistia Internacional ter divulgado um relatório que fala na prática de crimes contra a Humanidade apoiados por Duterte, o secretário para a Justiça do país, Vitaliano II, deixou bem clara a ideia que o actual Governo filipino tem em relação a quem comete crimes no país. Citado pelo Philippines Star, Vitaliano II disse que “os criminosos, os barões da droga, os traficantes, não pertencem à Humanidade. Não são humanos”. Uma ideia que é partilhada pela maioria que votou em Duterte, em busca da erradicação da corrupção e da pobreza. Ana Fivilia, representante de outra associação ligada à comunidade filipina local, lembra que as mortes não foram a primeira opção do actual Presidente. “Duterte quis, numa primeira fase, limpar a confusão do consumo e tráfico de drogas, então decretou uma medida em que as autoridades batem à porta dos suspeitos de tráfico e consumidores, e tentam convencê-los a não continuar a fazer o mesmo. Têm uma lista nas mãos com todos os nomes”, explica. “Penso que a maioria dos filipinos concorda com isso, porque os traficantes e consumidores foram avisados, mas não ouviram as opções que lhes foram dadas. É uma forma de resolver o problema e eliminar todos esses casos”, observa Ana Fivilia. “Nesta situação precisamos de um Presidente assim, e é bom que se faça tudo para limpar, mudar, clarificar. Estou muito satisfeito com o que se está a passar nas Filipinas e quero dizer a todos que aqueles que morreram que escolheram morrer, porque optaram por ter aquele estilo de vida. Tenho noção do que são os direitos humanos, mas também temos de analisar os direitos das vítimas, dos criminosos. Temos de fazer um equilíbrio. A ideia de direitos humanos é boa e precisamos deles, se o país estiver numa boa fase. O país precisa de um homem como ele [Rodrigo Duterte], alguém para fazer o trabalho”, adiantou Jerry Cuijiano. O responsável pela Associação Santo Niño Cebu admite que as Filipinas estão a ganhar má reputação a nível internacional, mas defende que estas acções têm de ser feitas. “Quando se assume uma acção como esta, de limpar os traficantes de droga, claro que dá uma má imagem. Mas temos de compreender que as pessoas que morreram eram criminosas, dependentes de drogas. Temos de fazer uma limpeza primeiro e depois impor os direitos humanos. Há criminosos que apenas cometem crimes porque precisam de ajudar a família, tudo bem. Mas e os criminosos que o fazem porque são loucos e só pensam em actos maus, como matar? Isso tem de ser removido.” Reabilitar sim, mas pouco O documento divulgado pela AI fala do envolvimento da polícia nas execuções, com muitos dos agentes a receberem dinheiro pelo que fazem. Mas há também uma ligação no próprio mundo da droga. “Quem mata essas pessoas são polícias que também estão ligados aos traficantes de droga”, admite Jerry Cuijiano. “Há famílias assustadas com tudo o que está a acontecer. O Presidente Duterte tem a acção contra o tráfico e o que o Governo está a fazer é uma intenção de limpar todas as pessoas que estão envolvidas, incluindo os polícias. Há incidentes, assassinatos em que a polícia também está envolvida”, acrescenta Jamilito Scotti. Questionados sobre a importância de apostar em centros de reabilitação para curar o vício da droga, tanto Scotti e Cuijiano optaram por não se alongar muito sobre o assunto. “Há centros de reabilitação mas, quando as pessoas se tornam dependentes de drogas, só vêem o que querem. Perdem a noção de tudo. Tornam-se completamente limitadas”, diz Cuijiano. Já Jamilito Scotti considera que as condições actuais para receber toxicodependentes são más. “Nas Filipinas há muitos toxicodependentes, mas não existem infra-estruturas suficientes para os receber. Por isso o Governo está a tentar ter centros em vários pontos do país, não apenas em Manila. Pelo que sei, há alguns países como o Japão ou a China que têm comunicado com as Filipinas para ajudar nesse sentido, para que haja mais centros de tratamento.” Uma grande indiferença Ângelo R. Lacuesta é um escritor filipino que já esteve em Macau para participar no festival literário Rota das Letras. Em declarações ao HM, por e-mail, o escritor fala do medo diário que se instalou no país, mas também na indiferença. “Há uma série de coisas chocantes que estão a acontecer à nossa volta, mas duas delas sobressaem. Em primeiro lugar há uma série de assassinatos extrajudiciais a acontecer numa base diária. Em segundo lugar, há uma incrível apatia, indiferença e apoio que as pessoas têm vindo a demonstrar em relação a estes homicídios.” Para Ângelo R. Lacuesta, é necessário olhar para a vida. “Antes de nos questionarmos quem está por detrás dessas mortes, ou que impacto terão na economia, um assassinato é um assassinato. Não tem nada que ver com política, ou personalidades – é uma questão de justiça”, remata. O relatório da AI aborda 33 casos em que foram assassinadas 59 pessoas em diversas partes do país. A organização entrevistou 110 pessoas, incluindo testemunhas, familiares de vítimas e agentes das forças de segurança. Os pagamentos aos agentes serão uma prática comum. Um dos agentes confessou à AI que a polícia lhes paga entre oito mil e 15 mil pesos [qualquer coisa como 1300 a 2500 patacas] por execução, sendo que ainda recebem uma comissão das funerárias mais próximas. A AI escreve que, “se não forem tomadas imediatamente medidas decisivas, a comunidade internacional deve recorrer ao Tribunal Penal Internacional para uma investigação preliminar a estes homicídios, incluindo a participação de altos funcionários do Governo”.
Hoje Macau China / ÁsiaFilipinas | Amnistia Internacional denuncia assassínios a soldo e corrupção [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Amnistia Internacional (AI) denunciou ontem “crimes contra a humanidade” na campanha anti-droga do Presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, assegurando que esta encobre assassínios a soldo, falsificação de atestados e roubos levados a cabo pela polícia. “A polícia estabeleceu como principal alvo as pessoas pobres e indefesas de todo o país, colocando ‘provas’, recrutando assassinos a soldo, roubando quem mata e falsificando atestados”, disse a organização não-governamental num novo relatório intitulado “Se és pobre matam-te: execuções extrajudiciais nas Filipinas”. Para elaborar este documento, a AI examinou 33 casos em que foram assassinadas 59 pessoas em diversas partes do país e entrevistou 110, incluindo testemunhas, familiares de vítimas e agentes das forças de segurança. Um dos agentes confessou à organização que a polícia lhes paga entre 8.000 e 15.000 pesos (entre 150 e 280 euros) por cada execução, e ainda recebem uma comissão nas funerárias mais próximas. A organização afirma que “se não forem tomadas imediatamente medidas decisivas, a comunidade internacional deve recorrer ao Tribunal Penal Internacional para uma investigação preliminar a estes homicídios, incluindo a participação de altos funcionários do Governo”. Voltamos dentro de momentos O relatório foi publicado dois dias depois de Duterte ter suspenso temporariamente a sua campanha anti-droga para se centrar em “limpar” a polícia, depois do escândalo do assassínio de um sul-coreano ter evidenciado a corrupção e arbitrariedade das forças de segurança. O Presidente comprometeu-se, no entanto, a retomar a campanha em breve e admitiu mesmo prolongá-la até 2022 (inicialmente estava previsto terminar em junho). Esta “guerra contra as drogas” matou, em sete meses, 7.000 pessoas, 2.527 às mãos de agentes, em alegados confrontos com suspeitos. Segundo a AI, em muitos casos as vítimas renderam-se sem resistência mas ainda assim foram baleadas. A organização também assegurou que as listas de traficantes e viciados – ou seja, potenciais vítimas – incluem indivíduos que não têm relação com drogas, tendo os seus nomes sido adicionados por “vinganças pessoais ou devido aos incentivos para matar muitas pessoas”. “Não é uma guerra contra as drogas, mas uma guerra contra os pobres. Com provas fracas, as pessoas acusadas de consumir ou vender drogas são assassinadas por dinheiro”, resume o relatório.
Hoje Macau China / ÁsiaFilipinas | Navio militar russo visita Manila [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] chegada a Manila do navio de guerra russo parece confirmar a aproximação das Filipinas à Rússia e o afastamento, anunciado por Duterte, dos Estados Unidos Um navio militar da Rússia atracou ontem em Manila numa invulgar visita para “promover a boa vontade”, num momento de aproximação de Manila a Moscovo e Pequim e de distanciamento em relação aos Estados Unidos. O Admiral Tributs vai permanecer nas águas das Filipinas até sábado para participar em cerimónias e actividades conjuntas entre as forças navais de ambos os países, informou a marinha filipina em comunicado. A visita do navio de guerra russo – a terceira na história e a primeira em quatro anos – “vai promover a boa vontade e contribuir para a amizade entre a marinha das Filipinas e da Rússia e vai melhorar a cooperação marítima através da diplomacia naval e camaradagem”, segundo o comunicado. Aliança em causa A chegada do navio russo é vista como uma confirmação da viragem na política externa e de defesa das Filipinas após a chegada ao poder, em Junho passado, do Presidente Rodrigo Duterte, que prometeu desfazer a tradicional aliança militar com os Estados Unidos. O Presidente filipino, de 71 anos, ameaçou anular um pacto bilateral de defesa em vigor desde 1999 e que contempla, entre outros pontos, o uso de bases filipinas por parte do exército norte-americano e a realização de exercícios militares conjuntos de forma regular. A tentativa de afastamento de Duterte em relação à Administração de Barack Obama – que poderá reverter-se com a chegada ao poder de Donald Trump – responde às críticas de Washington à sua “guerra contra as drogas”, que causou mais de 6.100 execuções extrajudiciais de alegados narcotraficantes e toxicodependentes nos últimos seis meses. O Presidente filipino limou as diferenças com Pequim, com cujo Governo mantém um contencioso sobre a soberania de várias ilhas no mar do Sul da China, e apostou em estreitar os laços diplomáticos e de defesa com Moscovo. Duterte, que criticou as políticas dos Estados Unidos e o Ocidente na sua primeira reunião bilateral com o Presidente russo, em Novembro no Peru, planeia visitar Moscovo em Abril ou Maio deste ano a convite de Vladimir Putin.
Hoje Macau China / ÁsiaFilipinas | Duterte diz que já matou criminosos para dar exemplo à polícia [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, disse que ele próprio matou alegados criminosos quando liderava a cidade de Davao, no sul do país, para dar o exemplo à polícia. Duterte fez estes comentários num discurso na noite de segunda-feira perante empresários, quando abordou a sua campanha anti-drogas, que levou já polícias e outros cidadãos a matarem milhares de pessoas desde que se tornou Presidente, a 30 de Junho. Depois de falar sobre a morte de suspeitos pela polícia durante a actual campanha contra as drogas, Duterte disse que ele mesmo liderou esforços similares quando foi presidente da câmara de Davao, a maior cidade do sul do país, que governou durante a maior parte dos últimos 20 anos. “Em Davao eu costumava fazê-lo pessoalmente. Só para dar o exemplo aos homens [polícia]: se eu o posso fazer, por que é que vocês não podem?”, disse. “E eu costumava andar de mota por Davao, com uma grande mota, e patrulhava as ruas, à procura de problemas também. Eu andava mesmo à procura de confrontação para poder matar”, afirmou. Duterte também respondeu às críticas das organizações de Direitos Humanos e do Presidente norte-americano, Barack Obama, sobre as suas estratégias de combate ao crime, prometendo que vai continuar com elas. “Desculpem, eu não estou prestes a fazer isso”, disse em inglês. Organizações de defesa dos Direitos Humanos acusaram Duterte de dirigir esquadrões da morte em Davao, que mataram mais de mil alegados criminosos. Duterte negou várias vezes o seu envolvimento nos esquadrões da morte. Enquanto Presidente, Duterte instou a população filipina e as forças de segurança a matarem toxicodependentes e traficantes. Mas também disse que ele próprio e as suas forças de segurança não iriam violar a lei. Em Outubro, Duterte comparou-se a Adolf Hitler e disse que ficaria “feliz em matar” três milhões de toxicodependentes e traficantes de droga. Mais tarde pediu desculpas pela referência a Hitler, mas manteve a parte sobre querer matar milhões de pessoas com ligações à droga. Dos números Desde a sua eleição, a polícia reportou a morte de 2.086 pessoas em operações anti-droga. Outras 3.000 morreram em circunstâncias não explicadas, segundo dados oficiais. Frequentemente homens encapuzados irrompem em casas e bairros e matam pessoas que foram marcadas como traficantes ou consumidores de drogas. Grupos de defesa dos Direitos Humanos apontaram a ruptura do Estado de Direito com a polícia e assassinos contratados a operar com total impunidade. Duterte insistiu que a polícia está a matar apenas em legítima defesa e que os grupos criminosos estão a matar as outras vítimas. Mas também disse que não permitirá que polícias vão para a prisão se forem considerados culpados de homicídio na execução da sua guerra contra o crime.
Hoje Macau China / ÁsiaGoverno das Filipinas nega planos para destituir vice-presidente [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] presidência das Filipinas negou ontem que existam planos para destituição da vice-presidente do país, Leni Robredo, com quem o líder filipino, Rodrigo Duterte, teve vários conflitos nos últimos meses. “São especulações que vêm do campo da vice-presidente”, afirmou ontem o porta-voz da presidência das Filipinas, Martin Andanar, numa entrevista com a emissora local GMA. As declarações de Andanar acontecem depois de Robredo ter afirmado, no domingo, que existem planos para “roubar” a vice-presidência, tendo anunciado a sua demissão do cargo de directora do Conselho de Habitação de Desenvolvimento Urbano, concedido por Duterte. “Fui avisada de planos para me roubarem a vice-presidência. Escolhi ignorá-los e centrar-me no meu trabalho. Mas os acontecimentos dos últimos dias indicam que este plano foi posto em marcha”, afirmou Robredo, no domingo, em comunicado. “Não vou permitir que não se cumpra a vontade do povo”, garantiu Robredo, que em Maio venceu as eleições para a vice-presidência por uma estreita margem contra Ferdinand Marcos, filho do ex-ditador filipino Ferdinand Marcos e um dos aliados de Duterte. Não alinhado Robredo afirmou também as “importantes diferenças de princípios e valores” em relação a Duterte, e anunciou o seu desacordo com várias políticas do Presidente, como a violenta campanha contra as drogas ou o enterro do ex-ditador Marcos no Cemitério dos Heróis. Nas eleições presidenciais nas Filipinas os eleitores elegem o Presidente e o vice-presidente de forma independente, pelo que os dois líderes podem vir de partidos diferentes, como é o caso de Duterte e Robredo. O Presidente das Filipinas manifestou várias vezes o seu apoio a Marcos, que desde que foram anunciados os resultados das eleições tem pedido uma recontagem dos votos. “Quem sabe se não teremos um novo vice-presidente”, disse Duterte ao apresentar Marcos num acto público em Outubro durante uma visita oficial à China.
Hoje Macau China / ÁsiaFilipinas | Duterte ameaça abandonar Tribunal Penal Internacional À semelhança de Vladimir Putin, o Presidente das Filipinas ameaça repudiar o Tribunal Penal Internacional e juntar-se à China e à Rússia se estes “decidirem criar uma nova ordem” [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Presidente filipino, Rodrigo Duterte, ameaçou ontem imitar a Rússia e abandonar o Tribunal Penal Internacional (TPI), na sequência das críticas internacionais contra a sua violenta guerra contra a droga. Na quarta-feira, Moscovo anunciou a intenção de retirar a assinatura do tratado fundador do TPI, que acusou de não ser “verdadeiramente independente” e de não estar à altura das expectativas suscitadas. “Talvez eles [russos] tenham julgado o TPI inútil, por isso se retiraram”, afirmou Duterte à imprensa, em Davao (sul), pouco antes da partida para o Peru, onde vai participar numa cimeira regional. “Talvez os imite. Porquê? Porque estes tiranos desavergonhados só atacam pequenos países como nós”. Toca a abater Rodrigo Duterte venceu, em Maio, por esmagadora maioria as presidenciais, com a promessa de matar milhares de criminosos e acabar com o tráfico de droga. Desde que tomou posse, mais de 1.800 suspeitos foram abatidos pela polícia, e continuam por explicar os homicídios de 2.600 pessoas, de acordo com estatísticas oficiais. Estes homicídios foram alvo de críticas dos Estados Unidos, grande aliado militar de Manila, e pela ONU. Duterte reagiu com insultos ao Presidente norte-americano, Barack Obama, e ao secretário-geral da ONU, mas convidou Ban Ki-moon a visitar o país para conhecer a campanha anticriminalidade, e garantiu que o governo nada tinha cometido ilegalidades. No mês passado, a procuradora-geral do TPI, Fatou Bensouda, afirmou estar “profundamente preocupada” com aqueles homicídios, acrescentando que os responsáveis podiam vir a ser julgados. Rodrigo Duterte denunciou estas ameaças e prometeu “arrastar na queda” quem o quiser prender, ao mesmo tempo que reiterou a ameaça de abandonar a ONU, que culpou de não ter conseguido impedir guerras que mataram “milhares de mulheres e crianças”. “Se a China e a Rússia decidirem criar uma nova ordem, serei o primeiro a aderir”.
Hoje Macau China / ÁsiaRodrigo Duterte diz que não vai romper aliança com EUA [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, declarou sexta-feira que não vai romper a aliança do seu país com os Estados Unidos, ao esclarecer o anúncio que fizera de que estava a planear “uma separação”. “Não se trata de cortar laços. Rompimento é cortar relações diplomáticas. Não posso fazer isso. Porquê? É do interesse do meu país que eu não faça isso”, explicou Duterte à imprensa na sua cidade natal, Davao, depois de regressar de uma visita à China. O controverso chefe de Estado filipino afirmou na quinta-feira, durante uma visita de quatro dias a Pequim, que tencionava pôr fim à aliança de 70 anos das Filipinas com os Estados Unidos, em favor da China e da Rússia. “Anuncio a minha separação dos Estados Unidos”, declarou Duterte perante um grupo de empresários chineses. “A América perdeu. Realinhei-me com a vossa corrente ideológica e talvez vá também à Rússia falar com [o Presidente, Vladimir] Putin e dizer-lhe que somos três contra o mundo: China, Filipinas e Rússia. É a única maneira”, sustentou. Confusão instalada O porta-voz do departamento de Estado, John Kirby, disse na quinta-feira que os Estados Unidos pediriam às Filipinas um esclarecimento sobre o comentário da “separação”. “Não é claro para nós o que isso quer exactamente dizer e quais as suas implicações”, observou. Kirby indicou também que os Governos asiáticos estão a ficar cada vez mais nervosos por causa de Duterte, que tem sido duramente criticado no Ocidente por ordenar uma guerra contra o crime na qual milhares de pessoas foram mortas. “Não são só os Estados Unidos que estão confusos com essa retórica. Ouvimos de muitos dos nossos amigos e parceiros na região que também eles estão confusos sobre a direcção que isto leva”, declarou. No sábado, Rodrigo Duterte emitiu uma série de comentários para clarificar as suas afirmações. “Romper é cortar. Separar é apenas adoptar outra forma de fazer as coisas”, sustentou. “Aquilo a que estava realmente a referir-me era à separação da política externa, porque no passado, e até eu me tornar Presidente, sempre seguimos as indicações dos Estados Unidos”, explicou. Duterte vai visitar o Japão na próxima semana para “reforçar a forte parceria estratégica” entre Manila e Tóquio, durante a qual irá ser presenteado com um pacote de ajuda financeira, segundo os ‘media’ locais.
Hoje Macau China / ÁsiaDuterte anuncia em Pequim separação dos Estados Unidos [dropcap style≠’circle’]R[/dropcap]odrigo Duterte decidiu em Pequim proclamar o distanciamento dos Estados Unidos, virando-se agora para a China como o principal parceiro na área dos negócios. As questões territoriais do Mar do Sul da China parecem, para já, ter passado para segundo plano O presidente das Filipinas anunciou ontem, em Pequim, “a separação dos Estados Unidos”, aliado tradicional do arquipélago, e uma aproximação da China. “Anuncio a minha separação dos Estados Unidos”, declarou Rodrigo Duterte durante um fórum económico, desencadeando os aplausos do público. Duterte realiza uma visita de Estado de quatro dias à China, acompanhado por uma delegação de 400 membros. O relacionamento entre os dois países registou, nos últimos anos, uma forte deterioração na sequência do diferendo sobre a soberania de ilhas no mar do Sul da China. Rodrigo Duterte afirmou querer “adiar (este dossier) para outra altura” para dar prioridade à cooperação económica, e declarou na televisão chinesa procurar “a ajuda” do grande vizinho neste domínio. Essa posição foi saudada pela China, cujo presidente, Xi Jinping, recebeu Duterte no Palácio do Povo, na praça Tiananmen. “É importante tratar com diálogo e consultas bilaterais as divergências sobre a questão do Mar do Sul da China”, declarou Xi, citado pelo ministério dos Negócios Estrangeiros chinês. O chefe de Estado chinês afirmou estar pronto a “deixar temporariamente de lado as questões difíceis”. Duterte qualificou a reunião com Xi Jinping de histórica: “Ela vai melhorar e desenvolver as relações entre os nossos dois países”, considerou. A disputa territorial no mar do Sul da China (pelo atol de Scarborough ou ilhas do arquipélago das Spratly) tem inibido as relações bilaterais nos últimos anos. A tensão agravou-se em 2012 depois de Pequim ter ocupado áreas que Manila considera parte da sua zona económica exclusiva. E, no ano seguinte, as Filipinas iniciaram um procedimento contra a China junto Tribunal de Arbitragem Permanente. O tribunal internacional, com sede em Haia, deu razão às Filipinas em Julho último. Apesar do veredicto favorável, Rodrigo Duterte, que tomou posse em Junho, decidiu deixá-lo de parte e reiniciar o diálogo bilateral com a China, tal como quer Pequim. “As raízes dos nossos laços são muito profundas e não podem ser danificadas facilmente”, disse Duterte. Marco histórico O Presidente das Filipinas foi recebido com honras em Pequim pelo homólogo chinês, que qualificou a visita como um “marco” nas relações entre os dois países. “Isto é verdadeiramente um marco para as relações sino-filipinas”, afirmou Xi Jinping, ao reunir-se com Rodrigo Duterte após a clássica cerimónia militar com a qual a China dá as boas-vindas aos líderes estrangeiros. Após a recepção, reuniram-se com a única presença de um tradutor, no seu primeiro encontro oficial desde que Duterte tomou posse, em Junho, e deu, a partir de então, uma volta de 180 graus à política externa filipina. Vamos ao que interessa “Tudo o que quero são negócios”, disse o chefe de Estado filipino, numa conferência de imprensa, na noite de quarta-feira, em Pequim, acrescentando que não iria abordar com os líderes chineses a questão das tensões territoriais, a não ser que os próprios abordassem o tema, por “cortesia oriental”. Após o encontro, Duterte e Xi testemunharam a assinatura de uma série de acordos de cooperação, com o líder filipino interessado sobretudo em empréstimos “brandos” que possam ser pagos “num calendário generoso”, reconheceu na mesma conferência de imprensa. A visita de Duterte à China – a primeira que realiza ao estrangeiro à margem da cimeira da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) – reflecte o interesse do actual Presidente filipino em aproximar-se de Pequim, enquanto multiplica as críticas aos Estados Unidos, o seu principal parceiro comercial e de apoio no domínio da segurança no último século. Criticado pelos Estados Unidos, UE e ONU pela campanha anti-criminalidade, que já fez mais de 3.700 mortos – indica uma contagem oficial – Duterte pode contar com o apoio da China. Pequim “apoia o novo governo filipino na luta contra a droga, terrorismo e criminalidade, e está disposto a cooperar com Manila nestas questões”, disse o ministério dos Negócios Estrangeiros chinês. Duterte reuniu-se ainda com o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, e com o presidente da Assembleia Nacional Popular (ANP), Zhang Dejiang.
Hoje Macau China / ÁsiaDuterte elogia a China durante visita a Pequim [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, elogiou ontem a China em Pequim, expressando a vontade de pôr de lado um espinhoso diferendo marítimo bilateral e de se afastar dos Estados Unidos. “A China está bem. Nunca invadiu um único objectivo do meu país durante todas estas gerações”, declarou em conferência de imprensa Duterte, cujo país foi uma colónia norte-americana até 1946. O polémico chefe de Estado filipino falou também longamente sobre as intervenções norte-americanas em todo o mundo, nomeadamente no Iraque, em 2003. “Durante a Guerra Fria, a China foi apresentada como a má da fita, e durante todos esses anos, o que lemos nos manuais escolares era apenas propaganda fabricada pelo Ocidente”, sustentou. Duterte, que efectua uma visita de Estado de quatro dias à China, explicou que foi procurar ajuda económica de Pequim. Manila está a levar a cabo uma espectacular aproximação diplomática ao gigante asiático, em detrimento de Washington. “Venho pedir a vossa ajuda”, disse o responsável filipino numa entrevista à televisão pública chinesa CCTV, ontem transmitida. “A única esperança económica das Filipinas é a China”, insistiu. As Filipinas são um dos mais fiéis aliados de Washington na Ásia. Os dois países estão ligados por um tratado de defesa mútua. Mas desde que assumiu o cargo, no final de Junho, Duterte tem-se feito declarações que colocam em causa as opções de política externa do seu país, virando-se para a China e a Rússia. Criticou várias vezes duramente Washington e o Presidente norte-americano, Barack Obama, cancelou patrulhamentos conjuntos com os Estados Unidos no mar da China meridional (uma zona disputada entre Manila e Pequim) e repetiu que não fará mais manobras militares conjuntas com os norte-americanos. Uma radical mudança de posição em relação à do seu antecessor Benigno Aquino, que obteve em Julho de um tribunal internacional de arbitragem a condenação das pretensões chinesas no mar da China meridional, onde Pequim disputa a soberania de muitas ilhotas a países costeiros (Vietname, Filipinas, Brunei e Malásia). Mas Duterte, que chegou ao poder pouco antes do veredicto, não mostrou qualquer intenção de lhe dar seguimento. “A sentença arbitral dá-nos o direito. A China tem o direito histórico. Devemos combater-nos, ou apenas discutir? Eu diria: deixem-nos adiar isto para outra altura”, declarou. Bem-vindo sr. Presidente A porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Hua Chunying, saudou o avanço para uma resolução do diferendo “pela consulta e pelo diálogo”. “Eis como dois vizinhos amigáveis devem tratar-se mutuamente”, sublinhou. Um sinal do estreitamente de relações entre os dois países é o facto de Rodrigo Duterte ter direito a todas as honras durante a sua visita, que terminará na sexta-feira. Acolhido à saída do avião, na terça-feira à noite, pelo ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, o chefe de Estado filipino será recebido esta quinta-feira pelo Presidente, Xi Jinping, e pelo primeiro-ministro, Li Keqiang.
Hoje Macau China / ÁsiaDuterte declara “estado de anarquia” após atentado nas Filipinas [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, declarou sábado o “estado de anarquia” no país, após o atentado à bomba na noite de sexta-feira na cidade de Davao, no sul, o qual provocou a morte de pelo menos 14 pessoas e 67 feridas. “Vivemos tempos extraordinários. Estamos a tentar lidar com esta crise agora. Parece que há um ambiente de anarquia”, disse o Presidente filipino à imprensa no local do atentado, horas depois da explosão. Segundo o chefe de Estado, a medida implica um aumento da presença de militares e de polícias em todo o país para combater a ameaça terrorista. Radicais acusados O grupo radical islamita Abu Sayyaf foi responsável pelo atentado à bomba na terra natal do Presidente filipino, Rodrigo Duterte, disse sábado a presidente da câmara. “O Gabinete do Presidente enviou uma mensagem de texto para confirmar que foi uma retaliação do Abu Sayyaf. Nós, no município, estamos a tratar este caso como uma retaliação do Abu Sayyaf”, disse à CNN Filipinas Sarah Duterte, que além de autarca é filha do Presidente Duterte. O ministro da Defesa, Delfin Lorenzana, também atribuiu o ataque de sexta-feira ao Abu Sayyaf, um grupo islâmico que prometeu lealdade ao Estado islâmico. “Ninguém assumiu a responsabilidade, mas só podemos concluir que foi cometido pelo grupo terrorista Abu Sayyaf, que causou muitas perdas em Jolo nas últimas semanas”, disse Lorenzana. O Presidente Duterte lançou uma ofensiva militar contra o Abu Sayyaf. Na segunda-feira, cinco soldados foram mortos em confrontos com o grupo islâmico na ilha de Jolo, um importante reduto do Abu Sayyaf, a 900 quilómetros de Davao. A Amnistia Internacional (AI) instou também sábado o Presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, a respeitar os direitos humanos na resposta ao atentado de sexta-feira. “A total indiferença demonstrada pelos atacantes pelo direito à vida não deve respondida com uma acção governamental que não tenha em conta os direitos humanos”, indica em comunicado Champa Patel, investigador para a região do sudeste asiático e Pacífico da AI.
Hoje Macau China / ÁsiaDuterte garante não apoiar execuções extrajudiciais [dropcap style=’circle’]O[/dropcap] Presidente eleito das Filipinas, Rodrigo Duterte, não apoia execuções extrajudiciais, disse ontem o seu porta-voz, em resposta a críticas de responsáveis e organismos das Nações Unidas. “O Presidente eleito não apoiou – não pode – e nunca vai apoiar execuções extrajudiciais, que são contrárias à lei”, disse Salvador Panelo. O porta-voz acrescentou que Duterte “não tolera” o assassínio de “jornalistas ou quaisquer outros cidadãos”. Salvador Panelo considerou que os responsáveis das Nações Unidas, incluindo o secretário-geral, Ban Ki-moon, estavam mal informados quando condenaram Duterte por, aparentemente, tolerar o homicídio de jornalistas e apoiar as execuções extrajudiciais. Num discurso em Nova Iorque na quarta-feira, Ban Ki-moon disse estar “extremamente perturbado” com as observações de Duterte, em especial, com os seus comentários para justificar o assassínio de jornalistas. Duterte, de 71 anos, venceu as eleições presidenciais em Maio, tendo seduzido o eleitorado com um discurso em torno de dois problemas centrais no país, a criminalidade e a pobreza, o primeiro dos quais prometeu resolver matando milhares de criminosos. Na semana passada, afirmou que os repórteres, “só porque são jornalistas, não estão isentos de serem assassinados”, citando o caso de Jun Pala, assassinado em 2003. “Não quero diminuir a sua memória, mas ele era um filho da mãe podre. Mereceu”, afirmou. Sete repórteres foram assassinados nas Filipinas em 2015, segundo a Federação Internacional de Jornalistas, que no seu último relatório refere ser este país asiático o segundo com mais jornalistas assassinados desde 1990, a seguir ao Iraque.
Andreia Sofia Silva Eventos MancheteAngelo R. Lacuesta, escritor: “A história dos filipinos está cheia de drama” O escritor que começou por ser poeta revela uma predisposição para o conto e diz-se incapaz de escrever sobre o amor quando diariamente as pessoas do seu país enfrentam dificuldades económicas. Angelo R. Lacuesta esteve em Macau a convite do Festival literário Rota das Letras, naquela que foi a primeira vez que se falou da literatura filipina. Lacuesta diz estar muito ligado à política do seu país, esperando mudanças na luta contra a pobreza e corrupção [dropcap]E[/dropcap]sta é a primeira vez que este Festival Literário aborda a literatura filipina. Como se sente a participar neste evento? Sinto-me muito sortudo por estar aqui, por ser o primeiro escritor a representar a literatura filipina. Vim com a minha mulher, que é poetisa (Mookie Katigbak-Lacuesta). É um festival impressionante, sempre ouvi falar de Macau como uma cidade de turismo, mas nunca pensei que pudesse ser uma cidade de encontro de literatura. Nas Filipinas também somos oriundos de várias culturas, americana e espanhola, e então existem algumas semelhanças com Macau. Aqui não existe apenas a cultura portuguesa mas há uma ligação com outras culturas asiáticas e é isso que considero ser especial e único. Disse uma vez numa entrevista: “Sempre tive uma preferência por contos”. Que histórias pode transmitir num conto que não o pode fazer num romance? Adoro contos. Na verdade comecei como poeta, mas penso que os contos conseguem transmitir melhor as nossas histórias. Penso que é a melhor forma de contar a nossa própria história. O conto, comparando com o romance, é mais relevante, pode ler-se em menos de uma hora, carrega momentos enigmáticos e mistério. Um romance pode fazer muitas outras coisas, mas há algo de especial no conto. Como foi passar da poesia para o conto? Isto porque são géneros diferentes, mas podem ser semelhantes ao mesmo tempo. Sim. O que mais gosto no conto é que pode conter uma ideia poética, uma imagem. Contudo, a transição da escrita de poemas para os contos é muito difícil. Há muita dor envolvida. Sempre que tentei escrever um poema, acabei por escrever um conto, porque um poema não pode conter o drama de uma situação específica naquele momento. A história dos filipinos, por exemplo. Está cheia de drama, de realidade. É algo que a poesia não consegue expressar. Falando dos problemas económicos e sociais do seu país. É importante expressá-los na escrita? Absolutamente. É sempre dever de um artista reflectir sobre a sociedade onde está inserido e penso que posso falar sobre os problemas que a nossa sociedade enfrenta actualmente. Muitas pessoas não podem falar por elas próprias, não têm capacidade de escrever por elas próprias. Temos uma enorme diferença entre ricos e pobres e os pobres não conseguem expressar-se. Então conseguimos compreendê-los melhor quando escrevemos sobre eles. E expomos as falhas da nossa sociedade. Não posso escrever sobre amor quando estas histórias dramáticas estão a acontecer à frente dos meus olhos. Torna-se quase uma missão escrever sobre isso. Essa diferença entre ricos e pobres faz com que muitos filipinos não tenham acesso à educação. Como é a relação da sociedade com a literatura? Um último sucesso da literatura a nível nacional deve ser algo que toda a gente consiga ler e compreender. Para mim o mais efectivo na literatura é o sentimento. Quando escrevo, faço-o em Inglês, mas quando escrevo um guião para um filme, faço-o em Tagalog, para que todos o possam compreender e ver. E essa é a missão da literatura, para que todos percebam e criem as suas próprias batalhas contra as injustiças e desigualdade social. Se fizermos uma história para os pobres, para os filipinos que trabalham muito e não têm tempo para ler livros, nem dinheiro para os comprar… não vou dizer que escrevo por eles, mas escrevo para eles e é uma honra ser lido por eles. Como descreve o mercado literário nas Filipinas? Necessita de ser desenvolvido, de ter mais escritores? Absolutamente. A literatura está sempre em constrangimento consigo própria e com a sociedade desde sempre, especialmente num país como as Filipinas e numa sociedade como a nossa. Há um constrangimento para as pessoas que querem apenas escrever. Eu tenho um trabalho, tenho uma agência de publicidade, não consigo ser apenas escritor. Tenho de o fazer, apesar de me dar liberdade para escrever. É um paradoxo, porque se me tornar apenas escritor, fico pobre e perco essa liberdade. Vivemos num mundo digital, se pusermos fotografias no Facebook, as pessoas pensam que ganho dinheiro só por ir a festivais literários e não apreciam tanto a nossa escrita. Mas os meios digitais, e os filmes, são muito importantes, tal como a música. São canais para a literatura. As Filipinas são um dos países mais perigosos para os jornalistas. A censura é ainda algo visível? Tenho o maior respeito pelos jornalistas, que têm tido um trabalho mais difícil. Há muitos jornalistas assassinados nas Filipinas, mas isso é devido à política local. Não é uma questão de censura, quase não temos censura no nosso país. Está tudo relacionado com o crime ? É o crime, se alguém disser algo errado quase que existe a liberdade para matar essa pessoa. Esse é um grande problema porque o resto da sociedade parece não se preocupar, não são jornalistas, e há esse constrangimento na nossa sociedade para deitar a verdade cá para fora e ir contra a corrupção, conspirações, os políticos locais. Mas a luta deve continuar e, por cada morte, pode ser que a sociedade comece a despertar para esse problema. As próximas eleições presidenciais poderão mudar algo? Sim e não. Começo por dizer que estou muito ligado à política. Não irá mudar nada, porque, em primeiro lugar, o que precisamos de alterar é a estrutura da sociedade, a diferença entre ricos e pobres, a nossa ideia de capitalismo. E talvez a ideia que as pessoas ainda têm em relação à corrupção. Sim. Para mim a ditadura é uma forma de corrupção, mas com o capitalismo é muito fácil ser-se corrupto. O nosso sistema político está preso à ideia de que é preciso ser-se rico para se ser presidente do país. Tivemos uma ditadura durante 30 anos, que abafou os media, torturou jornalistas e pessoas comuns. Hoje podemos dizer o que queremos no Facebook e fazemos queixas e temos a certeza de que os militares não vão bater à nossa porta. Não, o sistema político não vai mudar e ainda há o problema dos muitos ricos que estão a ganhar mais dinheiro e dos pobres que estão cada vez mais pobres. Mas penso que graças às redes sociais, à literatura e ao cinema, as pessoas estão a ficar mais conscientes dessa diferença social e de como podem mudar as coisas. A questão é os filipinos que estão a viver fora do país, como aqui e em Hong Kong: eles são uma das chaves para a mudança. Penso que as coisas vão melhorar. Também sou muito paciente. Levou aos países europeus 300 anos para terem uma democracia absoluta, então nós podemos esperar mais cem anos. Falando das comunidades filipinas em Macau e Hong Kong, há muitos casos de violação de direitos humanos. O Governo filipino deveria fazer algo em relação a estes casos? Sim. Acredito que o sucesso para a nossa sociedade e economia seria o facto de toda a gente poder ter um emprego e não ter que sofrer. Não é uma questão de sofrerem com os seus patrões, para ser honesto, conheço muitas pessoas que trabalham no estrangeiro e que são muito bem tratadas. E todos sabemos que se regressarem ao seu país vão fazer menos dinheiro e essa é outra forma de abuso. É responsabilidade do Governo filipino garantir que todos os trabalhadores no exterior vivem e trabalham em boas condições. O facto das pessoas terem de sair para trabalhar é um sinal de fraqueza da nossa sociedade, mas isso também acontece a uma escala global. Disse-me que não escreve sobre o amor, que escreve sobre questões do seu país. Qual o conto da sua autoria que melhor descreve as Filipinas? As minhas histórias mais afectivas são sobre os filipinos que estão no estrangeiro. E não são apenas sobre empregadas domésticas, são também sobre os filipinos que vivem na América, por exemplo. Temos uma relação muito difícil com a América, um país que nos ocupou, e o mundo sabe disso. Tenho uma história sobre um filipino que vai para a América, participar numa conferência, e procura uma pintura que quer muito ver, de Edward Hopper. Uma pintura muito americana, sobre a solidão. Então todas as noites esse filipino pensa em ir ver a pintura, até que um dia apanha um autocarro. Mas não percebe que a pintura não é o que ele quer ver. Isso diz muito sobre nós: sabemos onde queremos ir mas nunca sabemos o que queremos fazer. Os filipinos têm uma relação muito forte com a religião. Porquê? Cresci num ambiente católico, mas não me considero um católico praticante. Mas é algo raro. Enquanto escritores de repente tornamo-nos humanistas, mais existencialistas. Os filipinos esperam sempre que algo aconteça, depois da ditadura de [Ferdinando] Marcos e, neste momento, quando atravessamos uma difícil situação social. A riqueza nas Filipinas está numa fase de progresso, mas para muitos continua a ser difícil apanhar um autocarro para o trabalho, leva duas horas. Então é fácil ligarmo-nos a Deus. Mas o facto de sermos religiosos faz com que muitas vezes não saibamos quebrar com os problemas da nossa sociedade. Se sofrermos, estamos a fazer bem, vamos para o céu. Eu prefiro dizer: “não vou sofrer mais, prefiro viver no céu aqui”. Se as pessoas são religiosas, não há problema, mas deviam começar a compreender-se melhor.
Hoje Macau China / ÁsiaFilipinas | Grupo islâmico pede 57 ME para libertar reféns [dropcap style=’circle’]U[/dropcap]m grupo islâmico das Filipinas exige mil milhões de pesos (19 milhões de euros) por cada um dos reféns estrangeiros, dois canadianos e um norueguês, sequestrados há seis semanas, num total de 57 milhões de euros, segundo um vídeo. Neste vídeo divulgado pelo grupo SITE, de monitorização de ‘jihadistas’, baseado nos Estados Unidos, os sequestradores com máscaras identificam-se como membros do grupo Abu Sayyaf, listado nos Estados Unidos da América como terrorista e conhecido por vários raptos e atentados à bomba. Os turistas canadianos John Ridsdel e Robert Hall, o gestor norueguês de um ‘resort’, Kjartan Sekkingstad, e a filipina Marites Flor foram levados de iates numa marina no sul das Filipinas a 21 de Setembro. As autoridades filipinas dizem não saber onde estão os reféns, mas analistas de segurança indicam ser provável que se encontrem na ilha de Jolo, um bastião do Abu Sayyaf, a cerca de mil quilómetros de Manila. Escondidos na selva No vídeo, os três estrangeiros, rodeados por homens armados num cenário de selva, disseram que o preço para serem libertados era de mil milhões de pesos por cada um. Flor, que é namorada de Hall, não falou. Acredita-se que o grupo tenha também cativos outros três estrangeiros, dois malaios e um holandês, de acordo com o exército. Um italiano foi raptado do seu restaurante na cidade de Dipolog, no mês passado, mas as autoridades não confirmaram que tenha sido levado pelo Abu Sayyaf. Um sul-coreano de 74 anos, sequestrado em Janeiro, foi encontrado morto em Jolo no fim de semana. O exército acredita que os ‘jihadistas’ o abandonaram depois de morrer com uma “doença grave”. O Governo filipino mantém a sua política de não pagar resgates, mas é frequente que os familiares dos reféns o façam. Em Outubro do ano passado, o Abu Sayyaf disse ter recebido 4,8 milhões de euros em troca de dois reféns alemães que mantive cativos durante seis meses.
Andreia Sofia Silva PolíticaSecretária do Trabalho das Filipinas em Macau [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Secretária para o Trabalho e Emprego das Filipinas, Rosalinda Dimapilis-Baldoz, realiza uma visita oficial a Macau. Esta vai durar até quinta-feira e tem como objectivo falar dos trabalhadores não-residentes do país em Macau e das relações entre as Filipinas e a RAEM. Segundo um comunicado enviado pelo Consulado das Filipinas em Macau ao HM, na agenda de Rosalinda Dimapilis Baldoz está um encontro com Lionel Leong, Secretário para a Economia e Finanças. Rosalinda Dimapilis-Baldoz deverá ainda participar “num fórum com membros da comunidade filipina em Macau por forma a disseminar informações sobre os programas e serviços que o Governo das Filipinas providencia aos trabalhadores filipinos no estrangeiro e aos trabalhadores que queiram regressar ao país quando virem os seus contratos finalizados”. A visita oficial da Secretária do Trabalho e Emprego, que também inclui Hong Kong e Taiwan, serve ainda para “reforçar as relações económicas, de comércio e laborais entre as Filipinas e Macau”. Esta é a segunda vez que um representante do Governo filipino realiza uma visita oficial ao território, que serve de casa a cerca de 22 mil filipinos. Em 2008, o então Secretário para os Negócios Estrangeiros, Alberto G. Rómulo, veio a Macau inaugurar a representação consular do país. O HM contactou o Gabinete do Secretário para a Economia e Finanças no intuito de saber mais detalhes sobre o encontro, mas até ao fecho desta edição não obtivemos qualquer resposta.