Salomé Fernandes Manchete PolíticaPolítica da Juventude | DSEJ troca pensamento crítico por “prudente” A DSEJ garante que a independência de raciocínio está salvaguardada, apesar de a versão chinesa da Política da Juventude conter o termo “pensamento ponderado”, em vez de “crítico”. A chefe do departamento de juventude frisou que os alunos devem ter uma atitude prudente A Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) defendeu na sexta-feira a substituição do termo “pensamento crítico” por “ponderado” no documento em chinês da Política da Juventude para a próxima década. A chefe do departamento de juventude da DSEJ, Cheong Man Fai, argumentou que não se está a restringir o pensamento dos jovens, apontando razões culturais para a troca. “Na nossa cultura chinesa criticar pode ter um sentimento de negar, ou uma atitude ou posição oposta a tudo”, disse em conferência de imprensa. No dia anterior, a Associação Novo Macau tinha alertado para as diferenças nos documentos em chinês e português. Sulu Sou considera que a troca do termo “pensamento crítico” está relacionada com o receio do impacto dos movimentos sociais de Hong Kong e outras regiões nos jovens de Macau. “Sempre enfatizámos o ‘critical thinking’ [como] um pensamento independente”, frisou Cheong Man Fai, descrevendo que os alunos “devem ter conhecimentos suficientes, uma visão alargada e assim poderem julgar o que é correcto ou incorrecto”. A responsável entende que os jovens devem adoptar “uma atitude muito prudente”, só julgando as coisas depois de as conhecerem. A mudança de terminologia na versão em chinês surgiu durante a recolha de opiniões para a elaboração do documento. “Os alunos devem ter uma atitude ainda mais prudente. Depois de recolher as opiniões do público e revermos o significado deste termo, pensamos que o pensamento prudente ou moderado é melhor”, disse Cheong Man Fai. A responsável da DSEJ apontou que o público também considera o termo “mais adequado”. No entanto, não avançou de quem partiu a ideia. “É difícil indicar qual foi a associação que sugeriu a alteração desse termo”, disse a chefe de departamento. Em resposta aos jornalistas, frisou que a liberdade dos alunos se mantém. “Não estamos a mudar, limitar ou colocar uma restrição ao seu pensamento. Muito pelo contrário. O pensamento crítico será ainda mais restritivo, porque dentro do pensamento moderado ou prudente também se articulam alguns conteúdos que não contradizem o pensamento crítico”, disse Cheong Man Fai, acrescentando que por vezes traduções são alteradas devido a “questões linguísticas ou culturais”. Escala emocional Apesar de o patriotismo ser uma das prioridades do plano para a Política da Juventude, não existem critérios para analisar se um jovem alcança o objectivo. Cheong Man Fai frisou que o “sentimento de amor pela pátria é um sentimento pessoal”, à semelhança do amor pela família, e que passa pela pessoa “estar ciente e saber que o Estado, o país, merece protecção”. A responsável esclareceu que há critérios para avaliar a implementação da política da juventude, mas não para apreciar o sentimento patriótico. “Será que os alunos vão ajudar ou dedicar-se ao país quando este enfrenta uma grande dificuldade? Tudo isso é difícil de avaliar. (…) Não vamos avaliar os alunos com critérios fixos”, descreveu. Wong Kin Mou, chefe do departamento de estudos e recursos educativos da DSEJ, defendeu que temas como o amor à pátria e a saúde mental dos estudantes têm recebido atenção, mas que “só com continuidade” é possível melhorar. A DSEJ recolheu mais de 500 opiniões durante as sessões de consulta pública sobre a nova Política da Juventude.
Hoje Macau SociedadeImprensa | Ou Mun lança hoje jornal destinado a estudantes [dropcap style≠’circle’]V[/dropcap]ai ser hoje lançado um novo jornal destinado aos estudantes com o objectivo de desenvolver hábitos de leitura e escrita. A nova publicação da Ou Mun, o maior jornal de Macau em língua chinesa, vai sair às terças-feiras. Denominado Ou Iat Hok Sang Pou (tradução fonética) visa oferecer uma plataforma mais diversificada aos alunos para que obtenham conhecimentos fora das aulas, conheçam a sociedade e desenvolvam a capacidade de pensar independentemente. Lio Chi Heng, subeditora do Ou Mun, indicou que o novo jornal vai cobrir temáticas como vida escolar, história, ciência e tecnologia, educação familiar e cultura e arte.
João Santos Filipe SociedadeConhecimento de línguas vantajoso para alunos de Macau Os vogais do Conselho de Juventude acreditam que a capacidade dos alunos locais para dominarem o inglês e o português pode fazer a diferença na altura de competir com os compatriotas da Grande Baía. O ensino das duas línguas pode sair reforçado nas próximas LAG [dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] conhecimento do inglês e do português é considerado como uma das vantagem dos jovens de Macau face aos alunos das outras cidades da Grande Baía. O ponto de vista esteve ontem em discussão durante o Conselho de Juventude, que teve lugar no edifício da Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) e poderá ser reforçado nas próximas Linhas de Acção Governativa (LAG). “Houve membros da comissão que sublinharam o facto dos jovens terem uma capacidade superior no domínio das línguas inglesa e portuguesa”, começou por explicar Wong Ka Ki, Chefe da Divisão de Formação e Apoio ao Associativismo Juvenil da DSEJ. Contudo, quando questionado sobre o facto de grande parte dos jovens não dominarem as línguas mencionadas, Wong apontou que existe a possibilidade de ser uma das prioridades para a área da educação nas próximas LAG. “Há vogais que acham que as línguas são uma das vantagens e que se deve ajustar as LAG para reforçar essa aposta. Foi uma questão colocada e que pode ser apresentada no próximo ano”, acrescentou. Na reunião participaram também o secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, e o director da DSEJ, Lou Pak Sang. Segundo Wong, Alexis Tam mostrou-se aberto à possibilidade de reforçar a aposta no ensino destas línguas. “Ele reconheceu a importância. Disse que era uma boa iniciativa para as LAG, até porque dá muita importância à promoção da cultura dos jovens”, vincou. Ainda no que diz respeito às vantagens e perspectivas futuras dos mais novos, os membros da DSEJ foram parcos em palavras, mas Chan Iok Wai, Chefe do Departamento da Juventude da DSEJ, disse que as escolas locais vão visitar as cidades que, além de Macau e Hong Kong, incluem Dongguan, Foshan, Guangzhou, Huizhou, Jiangmen, Shenzhen, Zhaoqing, Zhongshan e Zhuhai. Segundo Chan, que com as visitas de estudo os jovens vão conseguir perceber os pontos em que terão de melhorar para se manterem competitivos no âmbito do projecto nacional. Apoios às escolas Na reunião foram ainda abordados os materiais distribuídos às escolas no seio do ensino sobre as catástrofes naturais. Na conferência de imprensa foram prometidos apoios para as escolas que sofreram danos causados pelo tufão Mangkhut. Também ontem, Alexis Tam entregou os Prémios Juventude 2017. A Associação Voluntária de Jovens de Macau com Habilidade Artística, a Associação de Shaoguan de Macau e a Associação Geral de Estudantes de Chong Wa de Macau foram distinguidas com os Prémios Actividades Juvenis. A rede de Serviços Juvenis Bosco, a Associação Geral de Estudantes de Chong Wa de Macau e a Associação de Juniores de Hou Kong receberam os Prémios Educação Cívica.
Diana do Mar Manchete SociedadeRegistados 22 casos de violência nas escolas de Macau desde 2005 A Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) sinalizou desde 2005 um total de 22 casos de violência entre alunos nas escolas de Macau. Um número que para Pedro Senna Fernandes, que trabalha na área da psicologia escolar, não desperta motivo para alarme [dropcap style≠‘circle’]D[/dropcap]esde 2005 foram registados nas escolas de Macau 22 casos graves de conflitos físicos entre estudantes. De acordo com os dados facultados ao HM pela DSEJ os casos de violência escolar ocorreram em 18 instituições de ensino. Os números foram reportados ao abrigo do denominado “mecanismo de comunicação dos acidentes graves relacionados com alunos”, criado em Janeiro de 2005. Essa plataforma – que agrega, além da DSEJ, a Polícia de Segurança Pública, a Polícia Judiciária e os Serviços de Saúde – foi instituída para que “nos casos graves relacionados com alunos, os respectivos departamentos possam efectuar notificações num tempo mais curto”, explicou a DSEJ em resposta escrita. Segundo o mesmo organismo, tal “permite aos vários departamentos tomarem rapidamente conhecimento dos casos para poderem prestar o devido acompanhamento e proporcionar assistência de acordo com as suas funções”. “A DSEJ acompanha de imediato todos os casos recebidos e a escola impõe as respectivas sanções aos alunos envolvidos, de acordo com o respectivo regulamento interno, permitindo-lhes compreender que a escola adopta uma atitude de ‘tolerância zero’ perante actos de violência”, sublinhou o organismo, sem elaborar mais concretamente. Apenas num dos 22 casos de violência escolar sinalizados desde 2005 houve “necessidade de internamento hospitalar para realização de exames mais aprofundados e observação médica, sendo que o lesado teve alta depois de ter passado uma noite no hospital”, afirmou a DSEJ, referindo-se ao incidente que ocorreu, em meados do mês passado, nas instalações da Escola Portuguesa de Macau (EPM). “A DSEJ acompanhou, com grande atenção, a ocorrência [e] contactou de imediato o dirigente da escola para melhor se inteirar da situação, tendo também efectuado encontros com os encarregados de educação dos alunos envolvidos para aprofundar o conhecimento do caso e expressar solidariedade”, sustentou a DSEJ na mesma resposta. Apesar de o caso ter sido encaminhado para a polícia, a DSEJ “continua a manter uma estreita comunicação com a escola”, à qual solicitou, aliás, um relatório sobre o caso, que ficou prometido para depois das férias da Páscoa. Reagindo ao incidente, a direcção da EPM afirmou então serem “residuais” as situações de violência entre estudantes naquele estabelecimento de ensino. “Ocorrendo situações de violência entre alunos – residuais nesta escola –, são adoptados todos os procedimentos necessários ao apuramento dos factos e aplicadas as medidas previstas no regulamento interno desta instituição”, indicou a instituição de ensino em comunicado. A EPM sublinhou ainda que tem “tomado diversas medidas no sentido de garantir a segurança dos alunos e de prevenir episódios de violência”. Os dados facultados pela DSEJ atestam as declarações da EPM, atendendo a que o incidente de 14 de Março, que envolveu dois estudantes, de 13 e 15 anos, figura como o único dos 22 listados sob o chapéu do referido “mecanismo de comunicação dos acidentes graves relacionados com alunos” a ter tido lugar na EPM. Com efeito, no início do mês, a DSEJ confirmou ao HM a existência de um outro caso, que remonta a Novembro de 2016, em que alunos da EPM agrediram um colega sob a orientação de um docente. Após um processo interno, o professor em causa, cujo género não foi revelado, reconheceu o erro e continuou a exercer funções, na sequência da promessa de que tal não se repetiria, de acordo com a DSEJ. Sem “grande preocupação” O registo de 22 casos num intervalo de pouco mais de 13 anos “não oferece motivo de grande preocupação”, considera Pedro Senna Fernandes. Porém, o psicólogo que trabalha a área escolar tem opinião contrária relativamente ao mais recente incidente que teve lugar na EPM, particularmente no que diz respeito às consequências que teve. Com efeito, em geral, o psicólogo clínico entende que “há três momentos que devem ser distinguidos e trabalhados” no âmbito da violência escolar. Um tem a ver com o momento a montante dos acontecimentos, outro com o próprio acontecimento e outro a jusante Para Pedro Senna Fernandes, afigura-se essencial, desde logo, compreender esse particular período biológico da vida que é a adolescência, em que há “um desenvolvimento muito mais rápido dos instintos e da parte emocional comparativamente à mais racional”. Depois, “também há um contexto social que pode promover algum tipo de comportamentos mais desviantes e socialmente menos aceites”, sublinha, observando que “há um maior acesso a conteúdos violentos na televisão e sobretudo nos jogos electrónicos, em que matar e morrer é uma questão de astúcia manual, havendo como que uma desvalorização daquilo que é o sentido da vida”. Em paralelo, o especialista chama a atenção para “a crescente pressão social”: “Há muito ‘bullying’ cibernético [nas redes sociais] e isto também faz despoletar muitas emoções que podem gerar violência”. Já o segundo momento tem que ver com “toda a panóplia de informação que existe e com o sensacionalismo das notícias que é o que também está a acontecer agora” e que “acaba por ser muito aproveitado por alguns adolescentes para a obtenção de reforços sociais”. Enquanto o terceiro momento, que define como “crucial”, decorre “do facto das escolas estarem muito pouco preparadas para receber este tipo de notícias”. Algo que, aponta o psicólogo, resulta num “choque generalizado sobretudo na classe mais adulta” que, a seu ver, seria evitável se o tema da violência escolar fosse “abordado com naturalidade”. “A escola é um espaço que deve produzir pensamento, reflexão e também aprendizagem social e não só de conteúdos formais. A necessidade de gerar consciência nos jovens é determinante para a criação de uma sociedade mais equilibrada”, argumentou. Neste sentido, poder-se-ia introduzir o tema da violência e dos conflitos sociais, incluindo as questões da toxicodependência ou alcoolismo, desde logo nas disciplinas mais orientadas para a educação cívica, defende Pedro Senna Fernandes, para quem as associações de encarregados de educação também deviam ter “uma intervenção mais directa na elaboração não só de acções de formação como em ‘workshops’ sobre o tema”. “Os pais também estão muito aquém de muita informação. As escolas deviam chamar mais regularmente equipas das polícias, por exemplo, para de uma forma mais formativa falarem com os pais e mesmo com os alunos de coisas reais”, considera o psicólogo clínico. Só a presença dos progenitores é um factor que Pedro Senna Fernandes entende como fundamental. O facto de “se ausentarem do percurso dos currículos escolares e também, muitas vezes, do percurso social das crianças, porque têm um dia-a-dia pesado”, faz com que, “às vezes, seja mais fácil dar um reforço em casa que é mais secundário, baseado na motivação e que tem que ver com as ofertas e as prendas”. Prevenir para não remediar Embora notando que vai sempre existir um número residual de casos de violência escolar, Pedro Senna Fernandes defende um equilíbrio entre as medidas punitivas e preventivas: “O que sucede é que as medidas preventivas não são suficientemente adequadas para que depois possam contrabalançar as punitivas”. Pedro Senna Fernandes dá um exemplo a seguir: “Em Macau não tenho conhecimento, mas noutros sítios existem escolas que têm mecanismos muito bem definidos para os casos de violência, como comissões de avaliação deste tipo de problemas formadas por alunos, professores, com pais e funcionários”. “Com a comunidade escolar toda envolvida é mais fácil criar soluções para os desafios que existem”, concluiu o psicólogo. A DSEJ garante, com efeito, que a prevenção constitui uma “prioridade”. Neste âmbito, são realizados “trabalhos de aconselhamento aos alunos com base no princípio ‘dar prioridade à prevenção e focalizar na Educação’” e atribuídos subsídios às instituições de modo a permitir “que possam recrutar, de forma contínua, agentes de aconselhamento”. Segundo o organismo, “estes agentes realizam actividades de aconselhamento de carácter preventivo e de desenvolvimento sobre convivência com pessoas mais carenciadas, prevenção de violência e de ‘bullying’, tratamento de conflitos, gestão de emoções, entre outras. Proporcionam também o aconselhamento particular aos alunos, auxiliando-os na resolução de dificuldades de aprendizagem, com a família, comportamento, relações interpessoais e adaptação no crescimento, entre outras”.
João Santos Filipe SociedadeUM | Bill Chou fala de histórias de alunos que cumprem tarefas pessoais a supervisores [dropcap style=’circle’] U [/dropcap] m estudante do Interior saltou para a morte por ter sido obrigado pelo seu supervisor a desempenhar vários tipos de tarefas domésticas. O ex-professor da UM, Bill Chou diz que no seu tempo havia histórias semelhantes no território. No entanto, Agnes Lam, que está à frente de um dos mecanismos para queixas dos alunos na UM, nega essa versão. No final do mês passado, um estudante universitário de Wuhan saltou para a morte. Uma das razões apontadas para o suicídio pela família, de acordo com o portal chinês da BBC, foi o facto do estudante de mestrado ter de servir o seu supervisor em tarefas que iam muito além de competências académicas. Assim, o estudante tinha em certos momentos de lavar a roupa aos supervisor, ir às compras para o professor, entre outras. Numa rede social, Bill Chou, antigo professor na Universidade de Macau e activista da Novo Macau, partilhou a notícia e comentou que havia histórias semelhantes na instituição local. “Quando estava na Universidade de Macau, às vezes, ouvia as histórias de estudantes que tinham de fazer todos os tipos de favores aos professores do Interior da China, como aquecer a água, ajudar os filhos dos professores a fazer os trabalhos de casa, entre outros”, escreveu o académico. “Quando preparava as coisas para deixar a instituição, um professor do Interior da China questionou-me porque não pedia aos estudantes para me carregarem as coisas. Respondi-lhe que os estudantes estavam ali para aprender e não para ser escravos”, acrescentou. Em declarações ao HM, Bill Chou confirmou que quando ensinava na instituição circulavam notícias do género, mas que não pode garantir que tal ainda aconteça nos dias que correm: “Já não sei se esse tipo de histórias ainda acontecem, porque já deixei a instituição há quatro anos”, frisou. O HM tentou contactar a Universidade de Macau sobre as denúncias e a forma como estas situações são resolvidas, mas até ao fecho da edição não recebeu uma resposta. Agnes Lam “sem conhecimento” No entanto, Agnes Lam, que lidera um dos mecanismos através dos quais os alunos podem apresentar queixas sobre os seus tutores, afirmou ao HM não haver queixas deste género na instituição. A académica e também deputada frisou ainda que não tem conhecimento de episódios deste género na instituição. “Na Universidade de Macau não há casos de pessoas a receberem instruções para ajudarem os seus supervisores no desempenho de tarefas de foro pessoal. Mas caso se verifiquem essas situações, os estudantes têm ao seu dispor os mecanismos para apresentar queixas”, disse Agnes Lam, ao HM. “Admito que possam ter havido algumas piadas sobre essas situações, mas nunca houve queixas e não tenho conhecimento de ocorrências. Há mecanismos eficazes na UM e os estudantes sentem que têm a liberdade e um ambiente que lhes permite estar confiantes quando apresentam uma queixa contra os seus supervisores. Quando se queixam, temos medidas de protecção e são entregues a um supervisor novo”, frisou. Por outro lado, Agnes Lam admite que ao nível de mestrados e doutoramentos existem alunos pagos, que em troca têm de prestar serviços aos seus supervisores. No entanto, segundo a académica, esses serviços estão ligados a tarefas académicas ou trabalho administrativo para a universidade. “Há estudantes de mestrado e doutoramento que são pagos e têm de prestar serviços para os supervisores, mas sempre ao nível de trabalho académico. Se o supervisor não exigir nenhum tipo de trabalho de pesquisa, nesses casos os estudantes talvez tenham de desempenhar funções administrativas para os departamentos em causa, como atender chamadas telefónicas, escrever textos, entre outros tipos de trabalhos de natureza administrativa”, explicou. O caso do estudante de Wuhan no Interior da China não é novo e no ano passado um episódio semelhante foi registado na Universidade de Xi’an. Segundo a BBC, a universidade disse na altura que autorizava os supervisores a pedirem aos alunos que lhe limpasse a casa, fossem com eles às compras e lhe lavassem o carro.
João Santos Filipe Manchete SociedadeGoverno português investiga casos de violência na EPM O Ministério da Educação de Portugal está a investigar dois casos de violência na Escola Portuguesa de Macau. O primeiro ocorreu em 2016, quando um docente terá, alegadamente, promovido agressões de uma turma a um aluno, visto como ‘bully’. O outro caso diz respeito ao estudante de 13 anos que precisou de ser internado, após uma troca de agressões, no mês passado [dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] Ministério da Educação de Portugal está a investigar dois casos de violência na Escola Portuguesa de Macau. A informação foi avançada ao HM por uma porta-voz do Governo português, que confirmou que as investigações começaram depois de ter havido queixas relativas a, pelo menos, dois incidentes. O primeiro caso aconteceu nos finais de 2016 e está relacionado com agressões durante uma aula de vários alunos a um colega. O episódio das agressões terá alegadamente sido promovido por um docente, como resposta a vários casos de agressões perpetuadas pelo aluno, na altura com nove anos, durante os intervalos. O segundo episódio foi verificado a 14 de Março deste ano, quando um aluno precisou de ser internado, na consequência de uma troca de agressões. O caso envolveu dois alunos com 15 e 13 anos de idade, sendo que o mais novo precisou mesmo de passar a noite no hospital na sequência de lesões sofridas na cabeça. “A Inspecção Geral de Educação e Ciência recebeu as referidas queixas, que estão a ser analisadas e tramitadas”, afirmou uma porta-voz do Ministério da Educação, após ter sido questionada, por email, pelo HM. O HM também tentou perceber o desenrolar do processo e as eventuais consequências para a EPM dos dois casos, mas o Ministério da Educação não respondeu às questões enviadas. Por sua vez, o presidente da EPM, Manuel Machado, recusou comentar as investigações da Inspecção Geral de Educação e Ciência: “não tenho quaisquer declarações a fazer neste momento”, afirmou, quando contactado pelo HM. DSEJ analisa caso Em relação ao caso das agressões no mês passado, tal como já tinha sido noticiado, o Governo de Macau pediu um relatório sobre o incidente à EPM. “A DSEJ está muito preocupada com o confronto físico que ocorreu entre estudantes na Escola Portuguesa de Macau. Depois de ter tido conhecimento da situação, a DSEJ entrou imediatamente em contacto com a direcção da escola para se inteirar da situação e pediu que fosse enviado um relatório de investigação tão rapidamente quanto possível”, afirmou o Governo de Macau, na altura. Segundo o HM conseguiu apurar, houve mesmo contactos na semana passada entre a DSEJ e a EPM em relação às agressões. Sobre o episódio de finais de 2016 que envolveu, alegadamente, um docente, o HM entrou ontem em contacto com a DSEJ, porém, até à hora de fecho não houve resposta. Recorde-se que após o caso do mês passado, a direcção da Escola Portuguesa de Macau considerou em comunicado que a existência de episódios de violência no estabelecimento de ensino são “residual”.
Victor Ng SociedadeEstudantes lá fora querem igualdade nos autocarros [dropcap style≠‘circle’]E[/dropcap]studantes são estudantes em todo o lado e como tal devem ter igualdade nas tarifas de autocarro. A ideia foi defendida ontem pela Associação de Nova Juventude Chinesa de Macau que pede que os jovens locais que estão a estudar fora do território tenham o direito de pagar as mesmas tarifas do que aqueles que se encontram inscritos em instituições de ensino superior locais. Cheang Ka Hou, membro do Conselho Consultivo do Trânsito e também vice-presidente da Associação de Nova Juventude Chinesa de Macau, não está satisfeito com a proposta do Governo de diferenciar as tarifas de autocarros justificando que os estudantes locais devem ter acesso aos benefícios. Para o responsável, não há razão para que, nos fins-de-semana, os jovens do território que estão fora paguem uma tarifa que não seja a de estudante. De acordo com Cheang Ka Hou, trata-se ainda de um período de tempo que não tem problemas de tráfego pelo que a igualdade de tarifas não teria consequências. Por outro lado, Cheang Ka Hou acha que a proposta de diferenciação do Governo vai contra o seu apelo em prol de um maior uso dos transportes públicos. No que respeita à diferenciação entre tarifas para residentes e não-residentes, Cheang Ka Hou considera que é uma medida que não deve ser aplicada a estudantes de Macau que estão fora do território. Para Kuok Meng Chit, estudante local numa instituição de ensino superior do interior da China, os estudantes sem benefícios nas tarifas de autocarros são muitos e apela para que haja um custo igual para todos.
Hoje Macau Manchete SociedadeEstudo | Inquérito indica que 72 por cento dos estudantes se sentem chineses Uma sondagem de duas associações locais permitiu chegar à conclusão de que mais de 70 por cento dos estudantes de Macau se sentem chineses. A percentagem aumentou em relação a um inquérito semelhante feito há três anos. Os autores do estudo justificam o facto com a pujança económica e política da China [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] geração mais nova de Macau tem uma forte noção de identidade nacional. A leitura é feita pelo jornal Ou Mun, que dava conta de uma sondagem sobre a matéria feita pela Associação Geral de Estudantes Chong Wa de Macau e pela Associação de Pesquisa sobre Juventude de Macau. Na edição de ontem, explicava-se que 72 por cento dos estudantes do ensino secundário dizem “eu sou chinês”, o que representa um aumento de 15 por cento no espaço de três anos. Mais de 60 por cento dos inquiridos entendem que o facto de se sentirem chineses “é muito importante”. Para os autores do estudo, estes dados estão directamente relacionados com o desenvolvimento económico e político da China Continental. Na comparação com os resultados apurados em 2014, modificou-se o modo como os estudantes compreendem o que é a China Continental. São 60 por cento aqueles que garantem que a aprendizagem é feita na escola e através de livros, o que significa que esta percentagem duplicou e que a chamada educação patriótica está a surtir efeitos. Os responsáveis pela análise dos resultados destacam que os estudantes demonstram um forte sentido de responsabilidade cívica, o que fará com que sejam, no futuro, cidadãos activos. Em termos gerais, preocupam-se com a leitura de notícias sobre o que acontece do outro lado da fronteira. Os autores do relatório defendem que, há três anos, a questão da identidade estava a ser afectada pelas “notícias negativas” acerca da situação política de Hong Kong e da corrupção na China Continental. Agora, o cenário é diferente: a projecção que o país tem em termos internacionais faz com que os jovens tenham uma noção de identidade mais forte. O inquérito foi feito em 15 escolas diferentes, entre Abril e Maio, tendo sido recolhidos 1200 questionários.
Leonor Sá Machado PolíticaEstudantes | GAES assegura estar a “clarificar” situação de vistos com DSI [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Gabinete de Apoio ao Ensino Superior (GAES) prometer “clarificar” com a Direcção dos Serviços de Identificação (DSI) o alegado caso desta entidade estar a tratar os alunos chineses de instituições de ensino locais como imigrantes ilegais. O Coordenador do GAES, Sou Chio Fai, diz ainda não ter “informações actualizadas” que confirmem esta notícia, mas assegura que o seu Gabinete “vai tomar a iniciativa” de tratar, juntamente com a DSI, de quaisquer queixas que possam surgir por parte de estudantes estrangeiros a frequentar instituições de ensino superior locais. A notícia foi avançada na edição da passada sexta-feira do jornal Ponto Final, que dava conta de casos de estudantes estrangeiros a quem estavam a ser dadas 24 horas para deixar a região no caso do seu período de permanência ir além daquele a que o seu curso obriga, mesmo com um visto ainda válido. O caso envolve situações de alunos estrangeiros que, após completarem o curso no qual estavam inscritos em Macau, foram obrigados a abandonar o território em 24 horas, sob pena do seu processo ser encaminhado para a DSI. Esta acção conta ainda com o aval das universidades e do Governo, já que as instituições enviam às autoridades a lista de alunos inscritos que se formaram antes do seu visto caducar. De acordo com resposta do Executivo ao Ponto Final, a prática é comum e tem cobertura legal, já que, explicam, o visto caduca com a finalização do curso. No entanto, o mesmo jornal aponta para o total desconhecimento dos alunos sobre esta norma, não sendo estes notificados com antecedência. Alguns dos alunos ficaram mesmo impedidos de voltar a entrar na RAEM durante um período que pode ir até cinco anos. Até agora, Sou Chio Fai destaca que o GAES não recebeu qualquer reclamação. “Da parte dos alunos não locais, não recebemos qualquer tipo de queixa”, esclareceu ontem à margem de uma conferência do Instituto de Formação Turística. Questionado sobre a legalidade de todo o processo, Sou Chio Fai preferiu não comentar. Pelo menos para já. É que, segundo disse, falta esclarecer toda a situação junto das entidades competentes. Capacidade das universidades Na semana passada, o Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura Alexis Tam mostrou vontade em atrair mais alunos estrangeiros para instituições de ensino superior locais. O Coordenador do GAES, Sou Chio Fai, anunciou que o Gabinete já pediu a uma instituição um plano sobre esta matéria. “Estamos a encomendar um plano – a médio e a longo prazo – a uma instituição científica sobre o ensino superior de Macau, mas também tem que ver com o número dos alunos. Neste momento, temos um mecanismo em vigor que é eficaz para gerir os alunos que vêm da China”, acrescentou. Sou prevê que o número de alunos pré-universitários possa descer para metade do número actual em 2020. “Segundo as nossas previsões, o número de alunos finalistas das escolas secundárias complementares é de cinco mil a seis mil por ano e vai descer até aos 3500 entre 2020 e 2021, mas depois vai aumentar e isto tem que ver com a taxa de natalidade”, disse o Coordenador.
Leonor Sá Machado Manchete SociedadeEducação | Jovens de Macau dão prioridade a dinheiro e bens materiais por “influência social” Os jovens de Macau não se assumem como consumistas e materialistas, mas estudos de académicos da RAEHK e da DSEJ dizem o contrário: os valores já não são o que eram e quem está agora na universidade prefere um emprego com boa remuneração a uma carreira de sonho [dropcap style=’cricle’]É[/dropcap]comum ouvir-se dizer que a sociedade chinesa está, há já alguns anos, imersa numa era de consumismo, onde as pessoas valorizam os bens materiais e o dinheiro acima de qualquer outra coisa. E há estudos que o comprovam – as tradições continuam, certamente, bastante demarcadas no país, mas é aos bens materiais que os mais novos se aliam. o HM foi tentar perceber se esta tendência também acontece em Macau ou se se cinge somente ao continente. Para os estudantes por nós ouvidos as coisas não são bem assim, mas para a professora do departamento de Comunicação da Universidade Baptista de Hong Kong, Kara Chan, esta é uma realidade já bastante visível. Há ano e meio, Chan publicou um estudo onde explora as diferentes fontes para a aquisição de valores materialistas entre os jovens da RAEM e a pesquisa, que data de final de 2013, mostra que o elemento que mais fomenta o materialismo entre os jovens – entre os 13 e os 20 anos de idade – é a relação entre pais e filhos e colegas de escola. Mas o documento enfatiza ainda uma forte influência da própria cultura. “A cultura Chinesa coloca muito ênfase na faceta social, pelo que a comparação social de consumo entre amigos é promovida”, refere Chan. Apoiado pelo Instituto Cultural, o estudo “Desenvolvimento de Valores Materialistas entre as Crianças e Adolescentes” determina que a grande maioria dos jovens debate, em conversas corriqueiras, as últimas compras e novidades de conhecidas marcas de roupa e sapatos. “A troca de experiências de consumo espoleta o desejo de saber se os seus colegas e amigos compraram, ou não, determinados objectos de certas marcas”, informa. Os valores aqui tão perto Um dos obstáculos à obtenção de dados honestos foi, de acordo com Chan, o facto do estudo consistir num questionário preenchido pelos alunos: estes sentem a necessidade de fazer com que as suas respostas correspondam à ideia social que se quer fazer passar. Foi precisamente isso que aconteceu com os alunos entrevistados pelo HM: a grande maioria não se perspectiva como consumista, mas admite viver num ambiente escolar do género. O intervalo para almoço varia de escola para escola, mas os jovens de t-shirt branca e calções azuis, do Instituto Salesiano de Macau, enchem as ruas de São Lourenço das 12h00 às 13h00. A meio caminho, o HM encontrou meia dúzia deles – literalmente –, mas só três puseram a vergonha de lado e decidiram dar o seu testemunho. Em causa está a vontade de seguir os estudos numa instituição de ensino superior ou, por outro lado, a preocupação em arranjar um emprego que pague bem ao final do mês. “Todos queremos ir para a universidade”, declararam, sem hesitações. O primeiro no palanque foi Larry, que admite querer um bom ordenado, mas não sem primeiro estar a fazer o que gosta. “O ideal seria poder juntar as duas coisas”, explica. A ideia, dizem todos, é ingressar na faculdade. Uns querem o curso de Comunicação e há mesmo quem vejo nos seus docentes um modelo a seguir: “quero estudar para um dia ser professor”, diz-nos Ronaldo. “Quero estudar fora, mas depois voltar para Macau e exercer aqui a minha profissão enquanto professor.” No que diz respeito ao valor dado ao dinheiro, Larry afirma não dar “grande importância”, pelo que prefere saber que faz o que gosta ao invés de ter um cheque chorudo ao final do mês. Os estudantes, que frequentam os 11º e 12º anos do Instituto Salesiano, afirmam que o dinheiro não traz felicidade, mas dois dos cinco amigos já têm um part-time e usam o ordenado para comprar “coisas na internet”. A Escola Secundária Estrela do Mar, junto ao Largo do Lilau, é, ao contrário dos Salesianos, mista. À porta estavam Catarina e Leong Iok I, que contam histórias diferentes para um futuro próximo. Ainda o 11º vai a meio e a primeira aluna está certa do que quer: “Quero estudar Medicina fora de Macau”, começa Catarina por dizer. “Não me importo onde tiro a licenciatura, mas o mestrado tem que ser tirado num sítio de renome”, acrescenta. Questionada sobre as suas prioridades, Catarina aponta que prefere um “emprego adequado às suas capacidades do que um que pague bem”. O estudo de Kara Chan determina que a atitude dos pais face ao consumismo influencia em muito a forma como os jovens perspectivam o futuro e reagem em sociedade. “Uma vez que a comparação social de consumo tem um forte efeito directo no apoio de valores materialistas, os pais e educadores deviam desencorajar as crianças e os jovens a comparar padrões de consumo e bens com os seus amigos”, aponta Chan. Mas os pais de Catarina não se identificam neste padrão… pelo menos não totalmente. “Os meus pais são liberais nessa matéria, preferem que escolha uma coisa que eu goste, mas também já deixaram a ideia de que seria bom juntar uma boa carreira com um bom ordenado”, adiantou a jovem. De dentro para fora “Os jovens de Macau estão, definitivamente, mais materialistas”, começa por dizer ao HM um professor de apelido Au. Especialista em Música e membro de um grupo de aconselhamento juvenil dos Salesianos, Au confessa debater-se frequentemente com este problema. “Os jovens fazem comparações, entre si, dos bens materiais que têm e isso vê-se nos trabalhos que os professores mandam fazer”, explica. “Entre eles, focam-se muito no dinheiro e olham para os bens materiais como símbolo de riqueza”. O docente vê a sociedade e o ambiente familiar como os principais influenciadores desta tendência. E diz que esta começa a tornar-se visível entre o 8º e o 9º ano. Questionado sobre a existência de valores sociais entre estes alunos, Au refere que ainda não conseguiu determinar se os jovens seguem algumas destas premissas, como são a preocupação com os mais velhos, a contribuição para a economia do lar, entre outras. Além de alunos de escolas secundárias, o HM também entrevistou jovens universitários. Célia é estudante de Tradução no Instituto Politécnico de Macau (IPM) e concorda com a tendência de consumismo desenfreado em Macau. “A maioria dos jovens, incluindo eu, quer ganhar mais dinheiro para gastar em coisas de que realmente gostamos, até porque há quem compre só porque os outros têm também, como casas ou automóveis”, começou por dizer. Célia criticou esta vertente social que, diz, tem vindo a conquistar cada vez mais adeptos. “Conheço muita gente que age por imitação, por vezes sem pensar no seu próprio poder de compra”, adiantou. “Há mais pessoas a querer frequentar cursos, mas por crerem que dá um certo status quo”, acrescentou a finalista. Remuneração acima de tudo Em 2012, num universo de mais de 3100 jovens residentes, nota-se uma clara propensão para priorizar uma alta remuneração e uma carreira estável. Estes dois elementos sobrepõem-se às preocupações com a saúde ou as relações interpessoais. As informações foram publicadas num estudo realizado há dois anos e meio pelo Gabinete Coordenador dos Serviços Sociais Sheng Kung Hui Macau. Embora apenas 2% da população juvenil tenha sido inquirida, os dados não enganam: uma esmagadora maioria destes jovens concorda com a persecução dos estudos – 77,5% – e mais de metade deles concorda que “quando escolhem um emprego, a primeira coisa a ponderar é a remuneração”, um resultado que o Gabinete afirma ser semelhante ao verificado em 2010. Quando questionados acerca das prioridades futuras, uma esmagadora maioria de 84,2% aponta os estudos e uma carreira como o elemento mais importante. Comparativamente, a vontade de formar família através da contracção do matrimónio parece ter crescido cerca de 5%, com 65,3% dos inquiridos a concordarem com o casamento. O mesmo estudo parece mostrar uma maior confluência entre os valores tradicionais na China e da globalização: assim, junta-se a vontade de esperar para ter relações sexuais depois do casamento, com a de optar por um emprego que pague bem. É que o mesmo estudo mostra um claro aumento nos alvos das despesas destes jovens : cerca de 58,7% e 48,7% dos jovens dão prioridade à compra de acessórios de entretenimento e peças de vestuário. Um curso no papel Se se tomar como base as declarações do professor Au e dos dois estudos aqui referidos, pode dizer-se que um curso superior é das etapas mais importantes para os jovens locais, mas nem sempre para seguir à risca as saída profissionais que dita. Isto porque, de acordo com o estudo do Gabinete, a maioria pretende ter uma conta bancária gorda, a desempenhar o trabalho dos seus sonhos sem grandes expectativas salariais. Segundo dados fornecidos ao HM pelo Gabinete de Apoio ao Ensino Superior, o número de novos alunos locais em instituições universitárias pouco cresceu desde há cinco anos. No ano lectivo 2010/2011 estavam 17.300 pessoas inscritas em instituições de ensino superior locais, número que não difere em muito com os 18.600 que deram entrada no ano lectivo passado. A área que mais estudantes junta é a de Comércio e Gestão. Há cinco anos, 16.400 dos mais de 17 mil optaram por esta área. Já o curso mais requisitado é o mestrado em Gestão de Empresas, no qual entraram 4400 alunos na Universidade Cidade de Macau (UCT) em 2010 e outros três mil na Universidade de Ciência e Tecnologia (MUST). Ao contrário do que se poderia pensar, são estas as duas universidades que lideram o ranking de inscrições, segundo o GAES. Os dados não mostram sequer a Universidade de Macau, que no ano passado estreou o seu novo campus na Ilha da Montanha, prevendo aumentar exponencialmente o seu corpo estudantil. Ajuda externa De entre as soluções de Kara Chan para colmatar este problema que considera estar a “crescer progressivamente”, está uma maior atenção dos pais e professores às crianças, de forma a que seja possível moldar-lhes os valores fora do círculo do consumismo e da comparação social. “Os pais e educadores deviam ajudar os jovens a distinguir entre ‘querer’ e ‘precisar’, discutindo com eles como lidar com o seu próprio estatuto social de bens materiais”, aponta a académica de Hong Kong. A directora do departamento de Comunicações adianta uma outra sugestão interessante, desta vez dirigida ao Governo local. “O Executivo deve dar início a um programa educativo para as crianças de Macau no sentido destas desenvolverem uma atitude saudável em relação ao dinheiro, à gestão financeira e à aquisição de bens materiais”.
Flora Fong SociedadeIPM | Estudantes locais acusados de serem “estúpidos” por aluno do continente [dropcap style=’circle’]U[/dropcap]m estudante do Instituto Politécnico de Macau (IPM), proveniente do interior da China, terá criticado, através das redes sociais, os estudantes locais por estes não terem um nível considerado alto de conhecimento de Mandarim. Na página do Facebook “New UM Secrets” foi publicado, no sábado passado, um artigo escrito em Chinês simplificado, que relatava uma situação numa aula em que um professor explicava em Mandarim um termo profissional da língua inglesa, tendo sido pedido pelos estudantes locais a explicação em Cantonês ou em Inglês por estes não entenderem Mandarim. O autor do artigo acusou os estudantes de Macau de serem “estúpidos” e “terem um nível baixo [de conhecimento] da língua”. “No nosso lado (interior da China), quem fala Cantonês é quem não tem nenhuma educação, nem tem nenhum conhecimento. Vocês (estudantes de Macau) podem manter o vosso idioma até ao fim da vida, mas serão sempre estúpidos”, podia ler-se no artigo publicado nas redes sociais. O autor criticou ainda que o IPM só consiga a classificação de universidade de quatro estrelas devido à inclusão dos estudantes da China continental. É a presença deles que aumenta a qualidade da instituição, diz. “Caso contrário, vocês não passavam de uma instituição não reconhecida”, escreveu o autor. Em resposta, Bill Chou, ex-professor da Ciência Política da UM, também na mesma rede social, deu a sua opinião defendendo que se deve “respeitar a hospitalidade daqueles que nos recebem”. Este tipo de postura arrogante e de superioridade não deve ser uma postura nos tempos que correm, frisou o académico. O autor do artigo ainda está por identificar, sendo que se aponta para um aluno que frequenta as aulas no IPM, devido ao uso do discurso directo.