Coreia do Sul | Presidente deposto volta a ser convocado por investigadores

O Presidente deposto da Coreia do Sul foi ontem novamente convocado pelos investigadores, depois de ter rejeitado um pedido anterior e no âmbito da tentativa falhada de impor lei marcial no início do mês.

Yoon Suk-yeol, de 63 anos, foi suspenso no passado fim-de-semana pelos deputados, no âmbito de um processo de destituição, na sequência da declaração de lei marcial na noite de 03 para 04 de Dezembro e pelo envio do exército para o parlamento.

Yoon e os aliados envolvidos no golpe de Estado podem ser condenados a prisão perpétua e, teoricamente, até à pena de morte, se forem considerados culpados de rebelião. Yoon está proibido de abandonar o país. O antigo procurador está a ser investigado pelo Ministério Público sul-coreano e por uma equipa conjunta da polícia, do Ministério da Defesa e de investigadores anticorrupção.

A audição na agência anticorrupção está marcada para as 10:00 horas de 25 de Dezembro. Se Yoon se apresentar, torna-se o primeiro Presidente sul-coreano em exercício a comparecer perante um órgão de investigação.

A antiga presidente Park Geun-hye foi destituída em circunstâncias semelhantes às de Yoon, mas só foi investigada depois de ter sido afastada do poder pelo Tribunal Constitucional. Yoon Suk-yeol não foi à audiência para a qual tinha sido convocado na quarta-feira, sem dar qualquer justificação para a ausência.

No início da semana, os procuradores ordenaram que se apresentasse para ser interrogado ou enfrentaria a prisão, mas, entretanto, entregaram o caso à agência anticorrupção. O chefe deste organismo, Oh Dong-woon, disse ao parlamento, na terça-feira, que a possibilidade de deter Yoon também estava a “ser examinada”.

O Tribunal Constitucional, que está a analisar o pedido de destituição, deve pronunciar-se sobre a validade deste num prazo de cerca de seis meses. Para o efeito, solicitou documentos relativos à declaração da lei marcial, mas o pedido foi devolvido ao remetente. “Estamos a examinar outras opções”, declarou um porta-voz do tribunal.

21 Dez 2024

Coreia do Sul | Presidente volta a faltar a audição, pela terceira vez

O Presidente sul-coreano, Yoon Suk-yeol, voltou ontem a faltar a uma audição no âmbito da investigação da controversa lei marcial decretada no início de Dezembro e que levou à sua destituição. Yoon foi convocado para ser ouvido pelos investigadores às 09h de ontem (hora de Macau), mas voltou a não comparecer, o que acontece pela terceira vez, segundo a agência espanhola Europa Press.

O Presidente está a ser investigado simultaneamente pelo Gabinete de Investigação Anticorrupção (CIO), pelo Ministério Público (MP) e pelo Ministério da Defesa.

É suspeito de ter incitado à rebelião ao declarar a lei marcial em 3 de Dezembro, que foi revogada pelo parlamento poucas horas depois de ter entrado em vigor. O Presidente conservador justificou na altura que a lei marcial se devia a uma alegada aproximação da oposição a posições “semelhantes às da Coreia do Norte”.

19 Dez 2024

Coreia do Sul | Presidente destituído rejeita convocatórias da Justiça

O Presidente deposto da Coreia do Sul rejeitou citações judiciais para o interrogar sobre a breve imposição da lei marcial, enquanto o Tribunal Constitucional começou a examinar a moção de destituição aprovada pelo parlamento. China espera relação estável após destituição de Yoon Suk-yeol

 

Suspenso desde a votação parlamentar de sábado à noite, Yoon Suk-yeol é objecto de dois inquéritos por rebelião, além do processo aberto na manhã de ontem pelo Tribunal Constitucional. A 3 de Dezembro, Yoon surpreendeu o país ao declarar a lei marcial e enviar o exército para o parlamento, antes de ter de recuar pouco antes do amanhecer, sob pressão da Assembleia Nacional e dos manifestantes.

O antigo procurador, de 63 anos, tal como os aliados que também estiveram envolvidos no golpe de Estado, enfrenta a prisão perpétua e, teoricamente, a pena de morte se for considerado culpado de rebelião. Está proibido de sair do país. O Ministério Público, que dirige uma das duas investigações, voltou a enviar uma nova convocatória, depois de Yoon se “ter recusado” a comparecer no dia anterior.

A equipa da segunda investigação também pediu autorização para interrogar Yoon, mas o pedido foi rejeitado pelo gabinete presidencial, informou a agência de notícias sul-coreana Yonhap. Se Yoon continuar a recusar, os investigadores poderão solicitar aos tribunais a emissão de um mandado de captura contra o Presidente destituído.

O Tribunal Constitucional deverá pronunciar-se sobre a validade da moção de destituição dentro de cerca de seis meses. Se o Tribunal der provimento à moção, Yoon será deposto e terá de se realizar uma eleição presidencial no prazo de dois meses. O vencedor tomará posse no dia seguinte ao resultado, sem o período de transição habitual.

Durante este período, que poderá ir até oito meses, o primeiro-ministro sul-coreano, Han Duck-soo, vai assumir as funções presidenciais interinamente e garantir “uma governação estável”.

Estabilidade chinesa

O Tribunal agendou uma audiência preliminar para 27 de Dezembro, à qual Yoon não será obrigado a comparecer, disse aos jornalistas a porta-voz Lee Jean. “Este caso será considerado de alta prioridade”, assegurou Lee Jean aos jornalistas.

De acordo com a maioria dos peritos, existem poucas dúvidas quanto ao resultado do processo, tendo em conta as violações flagrantes da Constituição e da lei de que Yoon Suk-yeol é acusado.

Desde o golpe de Estado, têm-se multiplicado as manifestações em grande escala contra Yoon Suk-yeol, bem como as manifestações mais pequenas de apoio, com manifestantes de ambos os lados a afirmar que vão continuar a protestar até que o Tribunal dê o veredicto.

Em resposta à turbulência política no país, a China disse ontem que espera manter uma relação estável com a Coreia do Sul. “Promover o desenvolvimento saudável e estável das relações entre a China e a Coreia do Sul é do interesse comum de ambas as partes”, afirmou Lin Jian, porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, numa conferência de imprensa, em Pequim.

“A Coreia do Sul é um vizinho próximo e um parceiro de cooperação importante e amigável para a China. A promoção de um desenvolvimento saudável e estável das relações sino – sul-coreanas é do interesse comum de ambas as partes”, afirmou Lin Jean.

“A política da China em relação à Coreia do Sul é coerente e estável”, disse o porta-voz, acrescentando que a “manutenção da paz e da estabilidade na península coreana é do interesse de todas as partes e exige esforços activos de todos”. No entanto, quando questionado directamente sobre a demissão do Presidente Yoon, o porta-voz recusou-se a comentar, dizendo que se tratava de “um assunto interno da Coreia do Sul”.

17 Dez 2024

Coreia do Sul | Quando a lei marcial apanhou de surpresa três portugueses a viver em Seul

Reportagem de Catarina Domingues, enviada da agência Lusa

Sophie, Maria João e Miguel foram apanhados de surpresa quando, há uma semana, o Presidente sul-coreano declarou lei marcial. Impedidos por lei de participarem em atividades políticas, observam de longe os protestos e simpatizam com a causa.

Sophie Carvalho juntou no sábado um grupo de amigos em casa para uma festa antecipada de Natal, mas acabaram todos no sofá a olhar para a televisão. Nas ruas de Seul, multidões pediam a destituição do Presidente, Yoon Suk-yeol, que dias antes tinha declarado lei marcial. Na casa de Sophie vivia-se a contestação através do pequeno ecrã.

“É importante acompanhar, só estava uma coreana lá em casa, o resto eram todos estrangeiros, mas para nós é importante”, afirma agora à Lusa a tradutora, de 30 anos, que diz ter recebido um alerta da embaixada portuguesa em Seul para não participar nos protestos.

A lei do controlo de imigração da Coreia do Sul proíbe estrangeiros no país de levarem a cabo atividades políticas.

A viver na Coreia do Sul há uma década, Sophie já tinha reservas em relação a Yoon, devido às políticas do dirigente conservador “em relação aos direitos das mulheres e dos estrangeiros”, mas, admite, estava longe de se imaginar a viver sob lei marcial, ainda que esta tenha durado apenas umas horas.

“Eu nunca imaginei que ia acontecer algo assim, embora achasse que [Yoon Suk-yeol] nunca seria um bom Presidente”, continua.

Yoon sobreviveu, entretanto, a uma moção parlamentar. A destituição do Presidente exigia o apoio de dois terços da Assembleia Nacional, ou seja, 200 dos 300 deputados, mas apenas 195 participaram na votação, sendo que o Partido do Poder Popular (PPP), no poder, boicotou o escrutínio.

Nesse dia, os coreanos foram para as ruas um pouco por todo o país, como, aliás, continua a acontecer diariamente. Em Seul, cerca de um milhão de pessoas ocuparam a vizinhança do parlamento, de acordo com dados da organização. Os números da polícia, mais conservadores, apontam para 150 mil manifestantes.

Sophie queria fazer parte do movimento, mas receia que a participação possa trazer “problemas para o visto”. De longe, assiste a um momento que classifica “de incrível” e chama a atenção para a presença dos bastões luminosos nos protestos.

Utilizados em concertos de música popular coreana (K-pop), estes bastões tornaram-se num símbolo da cultura de protesto sul-coreana em 2016, durante as maciças manifestações contra a ex-Presidente Park Geun-hye.

Também Maria João Amaral tem acompanhado os últimos acontecimentos desde casa, pelo YouTube e pelas notícias.

“Fiquei a saber naquela mesma noite, à hora, pouco depois de ter sido declarada a lei marcial e confesso que me assustei, porque pensei que havia algum problema com a Coreia do Norte”, diz a professora de português na Universidade Hankuk de Estudos Estrangeiros.

A viver há 20 anos em Seul, a docente, de 64 anos, olha para a resiliência e mobilização em massa dos sul-coreanos “de maneira muito positiva”. Em conversa com a Lusa lembra o passado ditatorial do país e de como os sul-coreanos ergueram uma democracia. E recua ao tal momento em que Park Geun-hye caiu.

“Houve protestos durante meses, vigílias, e penso que também foi no inverno. Mas agora também achei que os militares [durante a lei marcial] não estavam interessados em fazer mal às pessoas, porque as pessoas afrontaram-nos e não houve tiros”, diz.

Sondagens têm sugerido que a maioria dos sul-coreanos quer a destituição de Yoon. Uma investigação da Realmeter indicou, no início dos protestos, que sete em cada dez sul-coreanos apoia a suspensão do exercício do poder do Presidente.

Também Miguel Morais, de 20 anos, aponta o caráter pacífico do país. Daí que não tenha sentido medo. Admite, porém, ter “ficado chocado” com a declaração da lei marcial e ainda “mais impressionado por se ter resolvido” em poucas horas.

O jovem, que trabalha numa organização de intercâmbio de línguas e tem feito trabalhos como ator em publicidade, chegou ao país há apenas nove meses. Reconhece que os sul-coreanos estão “cem por cento, mesmo” na luta: “Existe um sentimento coletivo coreano que se vê em pequenas coisas (…) e há aquele sentimento da união do povo, e se alguém quebrar isso, juntam-se na luta”, considera.

Apesar de “ter imensos amigos” nos protestos antigovernamentais, Miguel faz eco do que Sophie e Maria João disseram à Lusa. “Não fui aos protestos porque fomos claramente avisados que podia haver consequências legais para estrangeiros presentes”, disse o jovem portuense.

12 Dez 2024

Parlamento da Coreia do Sul vota no sábado segunda moção de destituição de Yoon

A oposição da Coreia do Sul agendou para sábado a votação no parlamento de uma segunda moção de destituição contra o Presidente Yoon Suk–yeol, disse ontem um porta-voz do Partido Democrático. A votação na Assembleia Nacional está marcada “para 14 de Dezembro às 17:00”, disse à agência de notícias France–Presse Jo Seung-lae, deputado do Partido Democrático.

Ontem de manhã, uma unidade especial de investigação da polícia da Coreia do Sul disse ter efectuado buscas na sede da polícia e no gabinete do Presidente.

“A equipa especial de investigação realizou uma busca no gabinete presidencial, na agência de polícia [sul-coreana], na agência de polícia metropolitana de Seul e no Departamento de Segurança da Assembleia Nacional”, uma semana depois de Yoon Suk-yeol ter imposto a lei marcial no país, disse a unidade às agências de notícias.

As buscas foram anunciadas horas depois dos dois principais chefes da polícia terem sido detidos pelo papel na breve imposição da lei marcial na semana passada.

As forças de segurança sul-coreanas disseram que o comissário-geral da agência de polícia sul-coreana, Cho Ji-ho, e o chefe da agência de polícia metropolitana de Seul, Kim Bong-sik, estavam detidos na esquadra de Namdaemun, na capital.

Os dois dirigentes policiais estão a ser investigados pelo papel no envio de forças policiais para a Assembleia Nacional, numa tentativa de impedir os deputados de entrar no parlamento para suspender a lei marcial, anunciada abruptamente na noite de 03 de Dezembro.

Outro golpe

No sábado passado, o conservador Yoon escapou por pouco a uma primeira tentativa. O Partido Popular do Povo (PPP), no poder, boicotou e invalidou a votação por falta de quórum. Mais tarde, o partido disse que, em troca do bloqueio da moção, tinha obtido a promessa de que Yoon se ia retirar para deixar a governação ao PPP e ao primeiro-ministro.

A oposição acusou o PPP de um “segundo golpe” de Estado. O Gabinete de Investigação de Corrupção de Altos Funcionários, conhecido como CIO, indicou ontem que vai solicitar a detenção e prisão de Yoon assim que estiverem reunidas as condições necessárias. “Estamos a conduzir uma investigação completa e vamos analisar a questão da prisão”, disse o presidente do CIO, Oh Dong-woon.

12 Dez 2024

Coreia do Sul | Vozes de jovens femininas estão a ser reconhecidas

A participação das mulheres em protestos na Coreia do Sul faz-se sentir com cada vez maior intensidade. Na mais recente manifestação pela destituição do presidente conservador que decretou a lei marcial, as vozes femininas foram as que mais se fizeram ouvir

 

As mulheres jovens sul-coreanas votam mais à esquerda e estão a emergir como líderes de opinião, incluindo nos últimos dias, quando saíram em força para as ruas a exigir a destituição do Presidente conservador.

Nos protestos, à frente da Assembleia Nacional, ouviam-se sobretudo mulheres a gritar, recorda Jung Hyun-joo. E enquanto ali estava, a professora da Universidade Nacional de Seul não conseguia deixar de pensar em como a voz feminina ocupa um papel cada vez mais central na contestação.

Esta presença, reflecte em entrevista à Lusa, é um fenómeno recente. Mulheres “na casa dos 20 e 30 anos emergiram como um grupo importante de líderes de opinião em todos os aspectos da vida social, incluindo, mas não se limitando, a questões políticas”, disse.

“Nas últimas presidenciais, ficou claro que as mulheres jovens deram um apoio esmagador ao partido progressista [Partido Democrático], em contraste com os pares masculinos, que emergiram como um novo grupo conservador”, exemplifica.

Nessas eleições, em 2022, 58,7 por cento dos homens com idades entre os 18 e os 29 anos escolheram Yoon Suk-yeol, actual Presidente, ficando apenas atrás da faixa etária mais velha (mais de 60 anos).

Já as mulheres com menos de 30 anos foi quem menos apoiou o líder conservador entre todos os grupos analisados – apenas 34 por cento, indicam sondagens à boca das urnas. Kim, de 22 anos, e Na, de 21, são estudantes da área das Humanidades da Universidade de Dankooku, fora de Seul, e têm participado nos protestos.

“Há aqui tantas mulheres porque os homens apoiam o Partido do Poder Popular [PPP]”, diz Kim. “O PPP tem sido durante muito tempo o partido dos mais fortes [homens] e parece que as mulheres, a minoria, levantam mais a voz”, diz Na, que também prefere não ser identificada pelo nome completo.

Na madrugada que antecedeu a votação da moção de destituição de Yoon Suk-yeol – que impôs há uma semana a lei marcial, suspendendo-a poucas horas mais tarde – um grupo de pessoas ficou a guardar os portões da Assembleia Nacional. Estes vigilantes nocturnos, conta Chan Mi, outra manifestante, eram sobretudo jovens mulheres.

“As mulheres coreanas, seja qual for a idade, sempre participaram durante crises nacionais nos protestos tanto quanto os homens – e agora mais do que os homens, penso. Mas os ‘media’ sempre as sub-representaram e a história não lhes deu justo crédito”, analisa.

Despertares

Mas a especialista Jung Hyun-joo, ligada aos estudos de género, considera que houve um momento recente que levou ao “despertar político” das mulheres mais novas: um femicídio, em 2016, numa casa banho pública de um bar de karaoke em Seul. Kim Seong-min, um homem de 34 anos, esfaqueou até à morte uma mulher que não conhecia.

As adolescentes, grupo mais afectado pelo evento “são agora jovens adultas”, nota Jung.

“Estimuladas pelo rápido desenvolvimento da Coreia e com um elevado nível de formação, mas confrontadas com antigas tradições patriarcais que ainda existem em muitos setores da sociedade coreana, as jovens mulheres na casa dos 20 e 30 anos têm uma energia e uma sensibilidade política diferente das gerações mais velhas e dos pares masculinos”, contextualiza.

Outro episódio ocasionou este afastamento político entre homens e mulheres mais novos, sugere Kim Hun-joon, cientista político da Universidade da Coreia. Como parte da estratégia da campanha, em 2022, Yoon anunciou, “um dia, do nada”, a intenção de abolir o Ministério da Igualdade de Género e Família.

“Foi uma estratégia polarizadora, ele queria o apoio dos jovens homens eleitores e então tornou isto num assunto fundamental”, recorda.

A luta antifeminista tem vindo a conquistar espaço com o actual Presidente. Kim, investigador na área dos Direitos Humanos, considera que os jovens conservadores sentem que “têm tido um tratamento social e noutras áreas desigual em relação às mulheres”.

Rhee Jane, de 22 anos, activa nos recentes protestos, defende que as mulheres mais novas são quem mais tem saído à rua. Antes “não lhes prestavam muita atenção”, mas neste movimento pró-destituição, “têm sido reconhecidas, as pessoas estão a ouvi-las”, diz a estudante de Antropologia.

Já Chan Mi lembra outros tempos para explicar a mobilização feminina. “Sabemos que as mulheres, especialmente as jovens, são sempre o grupo mais vulnerável quando o país se torna instável. Tendo em conta a história da Coreia, as mulheres são as primeiras a serem despedidas quando há um abalo na economia”, refere.

A jovem de 30 anos diz ainda que a população feminina é também o “primeiro alvo do crime quando a segurança é ameaçada”. “A liberdade das mulheres é a primeira a ser oprimida em tempo de ditadura. É por isso que as mulheres agem”, sublinha.

Reportagem de Catarina Domingues, Lusa

11 Dez 2024

Justiça sul-coreana proíbe Presidente de sair do país

O Ministério da Justiça da Coreia do Sul disse ontem que proibiu o Presidente Yoon Suk-yeol de viajar para o estrangeiro enquanto estiver sob investigação devido à imposição da lei marcial, na semana passada.

Durante uma audiência parlamentar, um funcionário dos serviços de imigração do Ministério da Justiça, Bae Sang-up, disse que a proibição já tinha sido emitida. Pouco antes, na mesma sessão, o procurador-chefe do Gabinete de Investigação de Corrupção para Funcionários de Alto Nível, Oh Dong-woon, disse que tinha solicitado esta proibição.

O gabinete, conhecido como CIO, é um dos vários organismos de segurança e judiciais, incluindo o Ministério Público e a polícia, a investigar as circunstâncias em torno da imposição da lei marcial por parte de Yoon.

Horas antes, a imprensa local tinha avançado que também a polícia sul-coreana estava a considerar proibir o Presidente de viajar para o estrangeiro, enquanto investiga possíveis suspeitas acusação de traição, rebelião e abuso de poder.

O principal partido da oposição da Coreia do Sul classificou a imposição da lei marcial por parte de Yoon como “rebelião inconstitucional e ilegal ou golpe”. O Partido Democrático (PD) apresentou queixas junto da polícia contra pelo menos nove pessoas, incluindo Yoon e o ex-ministro da Defesa.

Os procuradores sul-coreanos detiveram no domingo o ex-ministro da Defesa Kim Yong-hyun, que terá recomendado que Yoon declarasse a lei marcial. Embora o Presidente tenha imunidade contra processos judiciais enquanto estiver em funções, tal não se estende a alegações de rebelião ou traição.

Segunda tentativa

Também ontem, a oposição criticou o Partido Popular do Povo (PPP), no poder, por se recusar a destituir Yoon.

“Por mais que tentem justificar (…) este é um segundo acto de rebelião e um segundo golpe, ilegal e inconstitucional”, disse Park Chan-dae, líder parlamentar do PD. No sábado, Yoon escapou por pouco a uma primeira moção de destituição, submetida ao Parlamento. O PPP boicotou e invalidou a votação por falta de quórum.

Em comunicado, o PPP afirmou ter obtido, em troca do bloqueio da moção, a promessa de que Yoon se retiraria para deixar a governação do país à sua formação e ao primeiro-ministro. “Mesmo antes da sua retirada, o Presidente não interferirá nos assuntos de Estado, nem nos assuntos externos”, certificou o líder do PPP, Han Dong-hoon, no domingo.

O presidente do Parlamento sul-coreano, Won Woo-shik, disse que “o exercício conjunto da autoridade presidencial pelo primeiro-ministro e pelo partido no poder (…) é uma clara violação da Constituição”. Para Kim Hae-won, professor de direito constitucional na Escola Nacional de Direito de Busan, este acordo é semelhante a um “golpe de Estado silencioso”.

No domingo, o PD anunciou que vai tentar novamente destituir o Presidente, no dia 14 de Dezembro. Yoon proclamou a lei marcial em 3 de Dezembro, uma medida que foi forçado a suspender apenas seis horas depois.

10 Dez 2024

Coreia do Sul | Líder da oposição convicto que destituição do Presidente é uma questão de tempo

O líder da oposição sul-coreana, Lee Jae-myung, afirmou hoje estar convicto que Yoon Suk-yeol sairá da presidência do país no âmbito do processo de destituição iniciado no parlamento, restando, porém, a dúvida se acontecerá “amanhã ou no próximo mês”.

A liderar o processo de destituição, o líder do Partido Democrático da Coreia admitiu que será difícil obter o apoio necessário para conseguir a saída de Yoon Suk-yeol já esta semana, mas destacou que se trata de “uma simples questão de tempo”, segundo as citações publicadas pela agência noticiosa sul-coreana Yonhap.

Depois de recuar na imposição da lei marcial, que declarou na terça-feira, Yoon Suk-yeol enfrenta agora o pedido de seis partidos para a sua destituição, cuja aprovação necessita do apoio de dois terços dos deputados, ou seja, 200 dos 300 parlamentares que compõem a assembleia sul-coreana.

Para que a votação seja válida é necessária ainda a presença de mais da metade dos parlamentares. Atualmente, o partido conservador Poder Popular, a força política de Yoon Suk-yeol, tem 108 assentos em comparação com os 192 da oposição.

“O problema é que alguns deputados do partido de Yoon estão dispostos a votar a favor (da saída), mas isso significaria quebrar a disciplina partidária e colocá-los-ia numa situação difícil”, reconheceu Lee Jae-myung.

No entanto, o líder partidário está convicto que o Presidente “será destituído, seja em um dia, dois, uma semana, um mês ou três meses”. Na terça-feira, numa comunicação de surpresa ao país, o Presidente Yoon Suk-yeol justificou a imposição da lei marcial para “erradicar as forças pró-norte-coreanas e proteger a ordem constitucional”.

Na mesma intervenção, Yoon acusou a oposição de atividades contra o Estado e de conspirar “para uma rebelião”. Horas depois, o Presidente da Coreia do Sul anunciou que ia suspender a lei marcial, que tinha sido entretanto revogada pelo parlamento.

6 Dez 2024

Parlamento sul-coreano vota moção de destituição do Presidente do país no sábado

O parlamento da Coreia do Sul vai votar uma moção de destituição do Presidente Yoon Suk-yeol no sábado, noticiou ontem a agência de notícias pública sul-coreana Yonhap. “O voto da moção de destituição do Presidente Yoon vai decorrer cerca das 19 horas de sábado”, declarou um deputado da oposição Jo Seoung-lae, citado pela Yonhap.

Entretanto, a polícia sul-coreana anunciou a abertura de um inquérito por “rebelião” contra Yoon, na sequência da imposição da lei marcial no país, suspensa horas mais tarde.

“O caso está em curso”, declarou o chefe de investigações da polícia, Woo Kong-suu, aos deputados. A última intervenção pública de Yoon ocorreu ao início da manhã de quarta-feira, quando suspendeu a lei marcial.

Na terça-feira à noite, Yoon comunicou ao país a imposição da lei marcial para “erradicar as forças a favor da Coreia do Norte e proteger a ordem constitucional” das actividades “anti-estatais”, tendo acusado o principal bloco da oposição, o Partido Democrático (PD).

Poucas horas depois, o Presidente suspendeu a lei marcial, depois de a Assembleia Nacional ter revogado a decisão, numa sessão plenária extraordinária convocada numa altura em que milhares protestavam nas ruas de Seul.

Poder menor

Na quarta-feira, seis partidos da oposição na Coreia do Sul apresentaram uma moção para a destituição de Yoon. O PD e cinco outros partidos iniciaram assim o processo parlamentar que poderá levar ao afastamento do Presidente sul-coreano, cujo Partido do Poder Popular (PPD) governa em minoria.

O chefe da bancada parlamentar do PPD garantiu já que todos os 108 deputados do partido vão rejeitar a moção apresentada pela oposição para destituir o chefe de Estado. Ainda assim, o líder do PPP exigiu que Yoon Suk-yeol abandone a formação política.

Sete em 10 cidadãos apoiam moção

Sete em cada dez sul-coreanos apoiam a moção parlamentar de destituição do Presidente Yoon Suk-yeol, apresentada pela oposição, depois de o dirigente ter decretado lei marcial, indica ontem uma sondagem do Realmeter.

De acordo com a sondagem, 73,6 por cento da população sul-coreana apoia o processo parlamentar que poderá levar à suspensão do exercício do poder de Yoon, que, na terça-feira declarou a lei marcial para proteger a “ordem constitucional” contra actividades “anti-estatais” e “forças a favor da Coreia do Norte”.

A lei marcial foi revogada no parlamento cerca de seis horas depois de ser anunciada. Em contrapartida, 24 por cento dos cidadãos rejeitam a moção, apresentada na quarta-feira por seis grupos parlamentares – incluindo o principal partido da oposição, o liberal Partido Democrático (PD) de Lee Jae-myung – que anularam o estado de emergência de Yoon e agora contra-atacaram, dando início ao processo de destituição do Presidente.

Questionados sobre se as acções do Yoon podiam “constituir traição”, 70 por cento dos inquiridos responderam afirmativamente, contra 25 por cento que têm uma opinião contrária. A sondagem, com uma margem de erro de aproximadamente 4,4 por cento e um nível de confiança de 95 por cento, inquiriu 504 pessoas com mais de 18 anos.

Os promotores da moção argumentaram que Yoon violou a Constituição e outras leis com a declaração de lei marcial.

6 Dez 2024

Oposição apresenta moção de destituição do Presidente da Coreia do Sul

Seis partidos da oposição na Coreia do Sul apresentaram ontem uma moção para a destituição do Presidente Yoon Suk-yeol, depois de este ter visto revogada a lei marcial que decretou na véspera. O Partido Democrático (PD) e cinco outros partidos iniciaram assim o processo parlamentar que poderá levar à suspensão do poder do Presidente sul-coreano, cujo partido governa em minoria.

Na terça-feira à noite, Yoon comunicou ao país a imposição da lei marcial para “erradicar as forças a favor da Coreia do Norte e proteger a ordem constitucional” das actividades “anti-estatais”, tendo acusado o principal bloco da oposição, o Partido Democrático (PD).

Poucas horas depois, o Presidente suspendeu a lei marcial, depois de o parlamento da Coreia do Sul, a Assembleia Nacional, ter revogado a decisão, numa sessão plenária extraordinária convocada numa altura em que milhares protestavam nas ruas de Seul.

A apresentação da moção de destituição foi anunciada à comunicação social na Assembleia Nacional pelos 192 deputados dos seis partidos. Os promotores indicaram que tencionam votar a proposta na sexta-feira ou no sábado, dentro do prazo legal de 72 horas para a tramitação deste tipo de iniciativas, uma vez apresentadas.

Para que a proposta seja aprovada, será necessário o apoio de pelo menos 200 dos 300 lugares que compõem o parlamento da Coreia do Sul. O PD e outras forças tinham obtido 190 votos na véspera para revogar a lei marcial, o que significa que só precisariam de mais dez votos para afastar Yoon.

Cerco de críticas

O Partido do Poder Popular, do próprio Yoon, criticou a decisão de aplicar a lei marcial, com o líder do partido, Han Dong-hoon, a prometer trabalhar para “acabar com ela juntamente com o povo”, tendo alguns dos seus deputados votado a favor da revogação.

Se a moção for aprovada, Yoon Suk-yeol será destituído das funções até que o Tribunal Constitucional delibere, durante um período máximo de 180 dias, sobre uma eventual violação da Constituição.

Ministro demite-se

O ministro da Defesa sul-coreano, Kim Yong-hyun, pediu ontem desculpa ao país e apresentou a demissão após a tentativa falhada do Presidente Yoon Suk-yeol de impor a lei marcial. “Peço desculpa por ter causado confusão e preocupação ao público relativamente à lei marcial”, afirmou Kim num comunicado, segundo a agência sul-coreana Yonhap.

“Assumo a responsabilidade por todos os assuntos relacionados com a lei marcial e apresentei a minha demissão ao Presidente”, anunciou, também citado pela agência francesa AFP. Kim ilibou os soldados que desempenharam funções relacionadas com a lei marcial, referindo que estavam a cumprir as suas ordens como ministro da Defesa.

Milhares na rua

Milhares de manifestantes a manifestaram-se ontem no centro de Seul exigindo a destituição do Presidente sul-coreano, Yoon Suk-yeol, cuja tentativa de impor a lei marcial na noite de terça-feira mergulhou o país no caos político. Segurando cartazes com frases como “Yoon Suk-yeol deve-se demitir”, os manifestantes marcharam pela avenida principal da capital coreana em direcção ao parlamento para se encontrarem com outro protesto organizado pelos partidos da oposição, disseram os jornalistas da agência de notícias AFP.

Os sul-coreanos saíram às ruas para demonstrar a sua insatisfação com o Yoon Suk-yeol, cuja tentativa de impor a lei marcial no país, na terça-feira, chocou os cidadãos desta jovem democracia. Ao longo do dia, as ruas da capital Seul foram atravessadas por pequenos grupos de manifestantes e polícias, enquanto os sindicatos convocavam uma greve geral e a oposição exigia a demissão do presidente, acusando-o de rebelião.

5 Dez 2024

Assembleia Nacional sul-coreana aprova levantamento de lei marcial

A Assembleia Nacional sul-coreana votou na madrugada de quarta-feira (hora local) a favor do levantamento da lei marcial de emergência decretada pelo Presidente Yoon Suk Yeol visando proteger a “ordem democrática constitucional”,

De acordo com a Constituição do país, a lei marcial deve ser levantada quando uma maioria parlamentar o exigir. De um total de 300 deputados, 190 estavam presentes e todos votaram a favor da moção, pelo que, segundo o gabinete do presidente do parlamento, a declaração da lei marcial fica sem efeito.

Milhares de pessoas concentraram-se em frente à Assembleia Nacional para protestar contra a declaração da lei marcial, enquanto as tropas sul-coreanas tentavam tomar a sede do poder legislativo ao abrigo desta medida de emergência. De acordo com a agência EFE, não se registaram incidentes graves até o momento.

A declaração da lei marcial foi feita depois de o Partido Democrático, na oposição, ter apresentado um projeto de lei orçamental reduzido na comissão parlamentar do orçamento e de ter apresentado moções de impugnação contra um auditor estatal e o procurador-geral.

A imprensa local refere que um comando militar, lançado com a declaração da lei marcial, anunciou um decreto para probir todas as atividades políticas, incluindo protestos e ações partidárias. O decreto foi emitido pelo Chefe do Estado-Maior do Exército, General Park An-su, e entrou em vigor às 23:00 locais.

“Todas as atividades políticas, incluindo as relacionadas com a Assembleia Nacional, as assembleias regionais, os partidos políticos, a formação de organizações políticas, as manifestações e os protestos são proibidos”, declarou Park, informando que o decreto foi proclamado a nível nacional para “defender a democracia livre e a segurança do povo contra as forças anti-estatais que ameaçam derrubar o país”.

O decreto também coloca sob controlo todos os meios de comunicação social, além de ordenar aos médicos estagiários em greve que regressem imediatamente ao trabalho no prazo de 48 horas.

De acordo com o decreto, as pessoas que violarem a lei marcial podem ser detidas ou alvo de rusgas sem mandado.

O acesso à Assembleia Nacional sul-coreana foi bloqueado por guardas parlamentares e pela polícia, depois da declaração da lei marcial. Segundo uma televisão local, helicópteros sobrevoavam o parlamento.

Yoon Suk Yeol declarou hoje “lei marcial de emergência” para proteger a “ordem democrática constitucional”, acusando a oposição de controlar o parlamento e simpatizar com a Coreia do Norte. Durante uma comunicação transmitida pela televisão, Yoon prometeu “erradicar as forças pró-norte-coreanas e proteger a ordem democrática constitucional”.

O Ministério da Defesa convocou uma reunião dos “principais comandantes e apelou a uma vigilância reforçada”, segundo a agência noticiosa local Yonhap. Enfrentando uma diminuição na sua aprovação, Yoon tem-se esforçado por aplicar a sua agenda desde que assumiu o cargo em 2022, contra um parlamento controlado pela oposição.

O partido conservador Poder Popular de Yoon regista um impasse com o Partido Democrático, da oposição liberal, sobre o projeto de lei orçamental para 2025. Yoon tem também rejeitado os apelos a investigações independentes sobre os escândalos que envolvem a sua mulher e altos funcionários, o que tem levado a fortes críticas dos seus rivais políticos.

Partido Democrático já considerou a declaração de lei marcial de Yoon como “inconstitucional e contra o povo”, segundo a agência sul-coreana.

4 Dez 2024

Pyongyang-Moscovo | Seul pede medidas contra cooperação militar

O Presidente sul-coreano, Yoon Suk-yeol, apelou ontem à adopção de medidas contra a “cooperação militar ilegal” entre a Coreia do Norte e a Rússia, que disse representar uma ameaça à segurança da Coreia do Sul.

“A recente situação da segurança internacional e a cooperação militar ilegal entre a Coreia do Norte e a Rússia representam uma ameaça significativa para a nossa segurança nacional”, afirmou Yoon, citado pela agência sul-coreana Yonhap.

Seul receia que Pyongyang possa receber tecnologia militar da Rússia em troca do destacamento de tropas e, assim, modernizar as suas forças armadas.

Num discurso no parlamento de Seul lido pelo primeiro-ministro, Han Duck-soo, Yoon comprometeu-se a reforçar a segurança e a defesa no contexto do envio de tropas norte-coreanas para a Rússia para apoiar a guerra na Ucrânia.

“Iremos analisar minuciosamente todos os cenários possíveis para preparar contramedidas”, afirmou, também citado pela agência espanhola Europa Press. Yoon disse que Seul reforçou a aliança com os Estados Unidos e a cooperação com o Japão, e referiu que continuará a aumentar a capacidades de defesa e a preparação para eventuais ataques da Coreia do Norte.

Comprometeu-se também a alargar o apoio aos desertores norte-coreanos e a aumentar a sensibilização internacional para as questões dos direitos humanos na Coreia do Norte.

“Trabalharemos para alargar a compreensão e o apoio da comunidade internacional à visão de uma Coreia livre e unificada”, afirmou, referindo-se a uma opção descartada pelo líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un. As duas Coreias estão divididas desde a guerra de 1950-1953.

Aposta nos reforços

As autoridades sul-coreanas calculam a Coreia do Norte já enviou 11.000 tropas para a Rússia para serem destacadas para a guerra contra a Ucrânia. Seul disse que Pyongyang pagava cerca de 2.000 dólares mensais a cada soldado e que a força estava a ser treinada na Rússia, dadas as diferenças técnicas entre os dois exércitos.

Fontes governamentais admitiram a possibilidade de alguns dos soldados serem destacados para zonas de combate com as forças ucranianas, embora isso não implique necessariamente uma entrada na Ucrânia e possa limitar-se à frente de Kursk, na Rússia.

O discurso lido pelo primeiro-ministro sul-coreano destinou-se a apresentar o orçamento para 2025, no valor de 677,4 biliões de wons, um aumento de 3,2 por cento em relação ao ano anterior.

Yoon disse que a proposta de orçamento se centra na agenda de reformas do Governo nos sectores da saúde, das pensões, do trabalho e da educação, para fazer face aos desafios colocados por uma baixa taxa de natalidade e pelo envelhecimento da população.

Foi a primeira vez em 11 anos que um Presidente em exercício optou por não apresentar pessoalmente o orçamento na Assembleia Nacional, uma decisão criticada pelo líder do parlamento.

“A recusa do Presidente em apresentar o discurso sobre o orçamento é uma violação dos direitos do povo. Na qualidade de líder da Assembleia Nacional, que representa o público, lamento profundamente”, afirmou o democrata Woo Won-sik, segundo a Yonhap.

Enquanto os antigos presidentes só faziam o discurso do orçamento no primeiro ano de mandato e delegavam no primeiro-ministro nos anos seguintes, a antiga presidente Park Geun-hye estabeleceu a prática de o fazer anualmente a partir de 2013.

A decisão de Yoon de não proferir o discurso a meio do mandato de cinco anos surge num contexto de agravamento dos conflitos políticos entre o Partido do Poder Popular, no poder, e o Partido Democrático, principal formação da oposição, segundo a Yonghap.

5 Nov 2024

Ucrânia | Tropas norte-coreanas enviadas para a frente de batalha, diz Seul

O Serviço Nacional de Inteligência (NIS) da Coreia do Sul disse ontem ter indicações de que algumas tropas norte-coreanas podem estar já a deslocar-se para combater na Ucrânia. “As transferências de tropas entre a Coreia do Norte e a Rússia estão em curso e estamos a estudar a possibilidade de que algum pessoal, incluindo generais militares, passe para a frente de batalha”, disse o NIS.

O exército da Rússia está a ensinar aos norte-coreanos uma centena de termos na língua russa para tentar prevenir “problemas de comunicação”, acrescentou, citado pela agência de notícias pública sul-coreana Yonhap.

“Acreditamos que um importante responsável de segurança russo envolvido no envio de tropas norte-coreanas estava a bordo do avião especial do governo russo que viajou entre Moscovo e Pyongyang nos dias 23 e 24 de Outubro”, disse o NIS, indicando que o objectivo da viagem seria coordenar o envio de tropas.

A cooperação militar entre Moscovo e Pyongyang representa uma “ameaça significativa à segurança da comunidade internacional e pode representar um sério risco para a segurança” da Coreia do Sul, afirmou o Presidente sul-coreano, Yoon Suk-yeol.

Na segunda-feira, o Departamento de Defesa norte-americano tinha anunciado que cerca de dez mil militares da Coreia do Norte foram enviados para treinar na Rússia e combater na Ucrânia nas próximas semanas.

“Estamos cada vez mais preocupados com a intenção da Rússia de utilizar estes soldados em combate ou para apoiar operações de combate contra as forças ucranianas na região russa de Kursk”, disse a porta-voz do Pentágono aos jornalistas.

Reverso da medalha

Sabrina Singh lembrou que o secretário da Defesa norte-americano, Lloyd Austin, já tinha avisado publicamente que, caso os soldados da Coreia do Norte fossem utilizados no campo de batalha, seriam considerados beligerantes e alvos legítimos, com sérias implicações para a segurança na região do Indo-Pacífico.

Austin vai ter um encontro com os responsáveis da Defesa da Coreia do Sul no final desta semana no Pentágono, no qual se espera que seja discutido o uso de soldados norte-coreanos no conflito da Ucrânia.

Também na segunda-feira, a NATO afirmou que algumas das tropas norte-coreanas já foram enviadas para a região fronteiriça de Kursk, onde a Rússia tem tentado repelir uma incursão ucraniana iniciada no Verão.

Entretanto, a ministra dos Negócios Estrangeiros, Choe Son-hui, partiu na segunda-feira para uma visita oficial à Rússia, disse a agência de notícias estatal norte-coreana KCNA, sem adiantar o motivo da deslocação.

30 Out 2024

Envio de soldados norte-coreanos para a Rússia é provocação, diz Seul

O envio de soldados norte-coreanos para a Rússia é “uma provocação”, declarou ontem o Presidente sul-coreano, prometendo que Seul “não vai ficar de braços cruzados”.

“A Coreia do Sul não vai ficar de braços cruzados” perante o envio de soldados da Coreia do Norte para a Rússia, disse Yoon Suk-yeol, no final de um encontro com o homólogo da Polónia, Andrzej Duda, em visita ao país asiático.

Os dois dirigentes consideram que este destacamento é “uma provocação que ameaça a segurança mundial, além da península coreana e da Europa”, acrescentou Yoon. Além de questões de interesse bilateral, os dois líderes debateram o alegado envio de tropas norte-coreanas para a Ucrânia para apoiar a Rússia, decisão que Seul e Kiev denunciaram na semana passada.

Embora a aproximação entre Seul e Varsóvia tenha sido reforçada pelo conflito na Ucrânia, a Polónia tem sido o parceiro comercial mais importante da Coreia do Sul na Europa Oriental há mais de cinco anos, com um comércio superior a 10 mil milhões de dólares no ano passado.

Investimento mortífero

Em 2022, ano em que começou a invasão russa da Ucrânia, a Polónia assinou um acordo no valor de mais de 12 mil milhões de dólares para comprar tanques K2, projécteis de autopropulsão K9, sistemas de mísseis Chunmoo e caças ligeiros FA-50 nos próximos anos.

Varsóvia também assinou recentemente um contrato para localizar a produção de um dos mísseis disparados pelo lançador Chunmoo. Amanhã, Duda vai visitar as fábricas da Hyundai Rotem e da Hanwha Aerospace, duas das empresas que fabricam uma grande parte das armas adquiridas por Varsóvia.

Ao mesmo tempo, a crescente cooperação bilateral em matéria de segurança levou Seul a adquirir recentemente mais de uma centena de ‘drones’ suicidas Warmate 3, fabricados pela polaca WB Electronics, para fazer frente ao cada vez mais sofisticado arsenal da Coreia do Norte.

25 Out 2024

Seul diz que norte-coreanos enviaram mais 1.500 soldados para a Rússia

A Coreia do Sul avançou ontem que os norte-coreanos enviaram mais 1.500 soldados para a Rússia, acrescentando que um total de 10.000 militares devem ser mobilizados para território russo até Dezembro.

“Estima-se que mais 1.500 soldados tenham sido enviados para a Rússia”, elevando o total para 3.000, disse o legislador Park Sun-won, membro da comissão parlamentar de informação sul-coreana, após uma reunião com o Serviço Nacional de Informações da Coreia do Sul (NIS, serviços secretos).

Na sexta-feira, o NIS tinha afirmado que Pyongyang estava a enviar “um grande número de tropas” para apoiar a Rússia na sua ofensiva militar na Ucrânia. Na altura, os serviços secretos sul-coreanos indicaram que 1.500 soldados já tinham sido transferidos na semana anterior para instalações militares russas nas regiões de Primorye, Khabarovsk e Amur, no Extremo Oriente.

As autoridades ucranianas informaram posteriormente que Moscovo planeava enviar cerca de 10.000 soldados norte-coreanos para a região fronteiriça de Kursk a partir de 01 de Novembro para conter os avanços do exército ucraniano.

Convocatória alemã

Entretanto, o Ministério dos Negócios Estrangeiros alemão convocou ontem o encarregado de negócios da Coreia do Norte devido ao apoio que os norte-coreanos estão a fornecer a Moscovo na ofensiva militar no território ucraniano.

“Se os relatos sobre os soldados norte-coreanos na Ucrânia forem verdadeiros e a Coreia do Norte apoiar a guerra de agressão da Rússia na Ucrânia com tropas, isso seria grave e uma violação do direito internacional”, referiu a diplomacia alemã na rede social X.

O ministério alemão referiu que tal apoio “ameaça directamente a segurança da Alemanha e da paz europeia”. A Ucrânia tem contado com ajuda financeira e em armamento dos aliados ocidentais desde que a Rússia invadiu o país, em 24 de Fevereiro de 2022.

Os aliados de Kiev também têm decretado sanções contra sectores-chave da economia russa para tentar diminuir a capacidade de Moscovo de financiar o esforço de guerra na Ucrânia.

24 Out 2024

Seul | Docentes estrangeiros regressam a universidade norte-coreana

Professores estrangeiros da Universidade de Ciência e Tecnologia de Pyongyang (PUST) regressaram à Coreia do Norte, quatro anos depois de terem sido obrigados a sair devido à política anti-pandemia, disse ontem o Governo sul-coreano.

Pyonyang aprovou, no final de Agosto, vistos de entrada para alguns dos professores estrangeiros que trabalharam para a instituição de ensino, a única semiprivada na Coreia do Norte, antes do encerramento do país em 2020, indicou o secretário-geral do conselho consultivo para a Unificação Pacífica, Thae Yong-ho, à agência de notícias sul-coreana Yonhap.

A permissão mostra que o regime está disposto a garantir “a segurança” dos académicos, disse Thae, antigo diplomata norte-coreano que desertou para o Sul em 2016 e citou fontes em Genebra, onde a Coreia do Norte tem uma das principais embaixadas na Europa.

“De momento é difícil confirmar esta informação”, respondeu um porta-voz do Ministério da Unificação da Coreia do Sul à agência de notícias espanhola EFE.

Desde que a Coreia do Norte começou a reabrir parcialmente as fronteiras, em Agosto do ano passado, já aprovou a entrada de alguns estrangeiros, como diplomatas de países próximos, como China e Cuba, e permitiu a entrada de grupos de turistas de nacionalidade russa.

A confirmar-se, a entrada dos académicos marca a primeira vez, desde o início da pandemia, que a Coreia do Norte concede acesso a pessoas de países não alinhados com o regime do líder, Kim Jong-un.

Todo o corpo docente estrangeiro da PUST, constituído por europeus e norte-americanos, foi obrigado a abandonar a Coreia do Norte quando o Governo encerrou as fronteiras em 2020. Desde então, as aulas, leccionadas em inglês, têm sido ministradas ‘online’.

A PUST funciona nos arredores da capital norte-coreana desde 2010 e é o resultado de um acordo entre instituições norte-coreanas e uma organização evangélica coreano-americana.

2 Set 2024

Seul | Pyongyang diz ter transferido 250 lançadores de mísseis para fronteira

A Coreia do Norte anunciou ontem que transferiu 250 lançadores de mísseis de nova geração para as tropas destacadas para a fronteira com o Sul, na sequência de uma guerra de propaganda iniciada em Maio.

“Uma cerimónia de transferência de 250 lançadores de mísseis tácticos de nova geração (…) para as tropas militares na fronteira” foi realizada no sábado, na capital Pyongyang, sob a direcção do líder norte-coreano, informou a agência de notícias estatal KCNA.

Os dispositivos são “armas de ataque táctico actualizadas”, declarou Kim Jong-un, alegando tê-los “projectado pessoalmente”.

Na quinta-feira, o Governo da Coreia do Sul ofereceu ajuda a Pyongyang, na sequência das inundações registadas no país em Julho. Mas a Coreia do Norte, que não responde aos apelos de Seul através das linhas de comunicação intercoreanas desde Abril de 2023, ignorou a oferta.

Em Julho, a Coreia do Norte registou um recorde de chuvas torrenciais. No sudoeste do país, a cidade de Kaesong atingiu o nível de pluviosidade mais elevado no país em 29 anos, indicou o centro meteorológico sul-coreano.

Na sexta-feira, o líder norte-coreano qualificou de “falsos rumores” as notícias publicadas nos meios de comunicação social da Coreia do Sul, de acordo com as quais 1.500 pessoas teriam morrido nas inundações no norte do país, ao longo da fronteira com a China.

Kim Jong-un afirmou que ninguém morreu e cinco mil pessoas tinham sido colocadas em abrigos. As relações Norte-Sul atravessam actualmente um dos períodos de tensão mais fortes dos últimos anos.

Desde o final de Maio, a Coreia do Norte lançou mais de dois mil balões transportando papéis, restos de roupa, pontas de cigarro e até estrume em direcção à Coreia do Sul. Em resposta, a Coreia do Sul suspendeu um acordo de redução de tensão de 2018 com a Coreia do Norte, retomando as transmissões por altifalante de ‘hits’ da sensação K-pop BTS, como “Butter” e “Dynamite”.

6 Ago 2024

Ucrânia | Seul aumenta lista de produtos proibidos de vender à Rússia

A Coreia do Sul proibiu na sexta-feira a exportação para a Rússia e a Bielorrússia de 243 produtos potencialmente utilizados para fins militares, em resposta ao acordo de cooperação de Moscovo com a Coreia do Norte.

A decisão eleva para 1.400 o número de produtos proibidos pelo Ministério do Comércio, da Indústria e da Energia da Coreia do Sul desde que a Rússia invadiu a Ucrânia, em Fevereiro de 2022.

Seul incluiu desta vez na “lista negra” equipamento de corte de metais, peças de instrumentos ópticos e sensores, entre outros, noticiou a agência sul-coreana Yonhap. A decisão que afecta esta nova lista de produtos deverá entrar em vigor no final de Agosto, altura em que as autoridades esperam ter toda a legislação e autorizações em vigor.

O Governo sul-coreano reserva a possibilidade de uma análise caso a caso, nomeadamente para os acordos comerciais que tenham sido celebrados antes do anúncio desta proibição, segundo a agência espanhola Europa Press.

A Rússia assinou um tratado de cooperação com a Coreia do Norte em Junho, durante uma visita. Os líderes da Rússia, Vladimir Putin, e da Coreia do Norte, Kim Jong-un, assinaram um tratado de parceria estratégica a 19 de Junho, durante uma visita do Presidente russo a Pyongyang.

O acordo prevê a prestação de assistência mútua se um dos países for atacado. Os Estados Unidos e os aliados ocidentais têm acusado a Coreia do Norte de fornecer à Rússia munições e mísseis para a guerra contra a Ucrânia.

A Rússia e a Coreia do Norte são aliadas desde o fim da Guerra da Coreia (1950-1953), mas tornaram-se mais próximos desde a invasão russa da Ucrânia.

1 Jul 2024

Pelo menos 15 mortos em incêndio em fábrica na Coreia do Sul

O número de mortos num incêndio numa fábrica de baterias de lítio perto da capital da Coreia do Sul aumentou para 15, segundo o novo balanço provisório das autoridades.

Inicialmente, as equipas de salvamento retiraram oito corpos da fábrica, mas o número de vítimas aumentou nas seguintes horas, confirmando-se “sete feridos”, de acordo com Kim Jin-young, oficial dos bombeiros, em informações transmitidas pela televisão.

As equipas de salvamento que se encontram a operar na fábrica da cidade de Hwaseong, a sul de Seul, recuperaram os 15 corpos referindo que mais “seis pessoas estão desaparecidas”. Kim disse que a maioria das pessoas desaparecidas são cidadãos estrangeiros, incluindo trabalhadores oriundos da República Popular da China.

Segundo o mesmo responsável, o sinal dos telemóveis das pessoas desaparecidas foi localizado no segundo piso da fábrica.

Kim afirmou que uma testemunha disse às autoridades que o incêndio começou depois de as baterias terem explodido quando os trabalhadores as estavam a examinar antes do embalamento, mas frisou que “a causa exacta será investigada”.

O mesmo oficial dos bombeiros afirmou ainda que 102 pessoas estavam a trabalhar na fábrica antes do incêndio.

Areia salvadora

Cerca de 35 mil baterias de lítio – altamente inflamáveis – encontravam-se armazenadas no segundo andar da fábrica onde deflagrou o incêndio.

“Foi difícil entrar no edifício porque tínhamos medo de mais explosões”, disse Kim, acrescentando que os bombeiros conseguiram apagar as chamas com “areia seca”. O complexo industrial pertencente ao fabricante sul-coreano de baterias Aricell.

As baterias de lítio são utilizadas em várias circunstâncias e suportes desde computadores portáteis a veículos eléctricos. Imagens difundidas pela agência noticiosa sul-coreana Yonhap mostram nuvens de fumo cinzento a elevarem-se sobre o edifício da fábrica devastado pelas chamas.

O Presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk Yeol, pediu às autoridades locais que “mobilizassem todo o pessoal e equipamento disponível para se concentrarem na procura e no salvamento de pessoas”.

Yoon Suk Yeol pediu igualmente às autoridades no local para “garantirem a segurança dos bombeiros, dada a rápida propagação do incêndio”. Entretanto, os residentes da cidade de Hwaseong foram aconselhados a não abandonarem as residências devido à densidade do fumo.

25 Jun 2024

Bombeiros sul-coreanos confirmam oito mortos em incêndio de fábrica em Seul

Os bombeiros sul-coreanos indicaram ter descoberto oito cadáveres vítimas de um incêndio numa fábrica de baterias de lítio na região de Seul.

O comandante dos bombeiros Kim Jin-young disse que os corpos foram retirados e estão a ser transferidos para um hospital. A agência noticiosa sul coreana Yonhap, citada pela Associated Press, informou anteriormente que tinham sido descobertos 20 cadáveres, mas este número não foi confirmado pelas autoridades.

Kim disse anteriormente que a operação de resgate estava a decorrer na fábrica de Hwaseong, a sul da capital da Coreia do Sul. Na altura, Kim acrescentou que 23 pessoas tinham sido dadas como desaparecidas, incluindo cidadãos de origem chinesa.

Segundo os meios de comunicação social sul-coreanos, 67 pessoas estavam a trabalhar na fábrica antes do incêndio. Até ao momento desconhecem-se as causas do fogo.

24 Jun 2024

Seul cria medidas para solucionar baixa natalidade

O Presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk-yeol, disse ontem que o país se encontra numa situação de “emergência demográfica” e prometeu um plano global para aumentar a taxa de natalidade, a mais baixa do mundo desenvolvido.

“Declaro oficialmente uma ‘emergência demográfica nacional’. Vamos activar um sistema de resposta governamental abrangente até que o desafio da baixa taxa de natalidade seja resolvido”, afirmou Yoon durante uma reunião com um comité presidencial em Seongnam, a sul de Seul.

A Coreia do Sul regista actualmente a mais baixa taxa de natalidade do mundo desenvolvido, de acordo com dados da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico).

O Presidente sul-coreano delineou três grandes áreas para o plano: equilíbrio entre a vida profissional e a vida privada, melhoria dos serviços de acolhimento de crianças e melhor acesso à habitação para as famílias.

Na sequência da pesada derrota do partido conservador de Yoon, o Partido do Poder Popular, nas eleições legislativas de Abril, o chefe de Estado, que se encontra gravemente enfraquecido no Parlamento durante os três anos que restam de mandato, anunciou a criação de um novo ministério para resolver o problema da baixa taxa de natalidade.

O ministro desta nova pasta, inicialmente designada por Ministério do Planeamento Estratégico da População, vai desempenhar também as funções de vice-primeiro-ministro para os assuntos sociais.

O ministério vai ser responsável pelo desenvolvimento de estratégias relacionadas com o problema populacional da Coreia do Sul, incluindo a taxa de natalidade, o envelhecimento da população e as políticas de migração.

Caminho suavizado

As medidas delineadas ontem por Yoon incluem o aumento dos subsídios para a licença de paternidade e o alargamento da licença de paternidade para que 50 por cento dos pais sul-coreanos façam uso da lei (actualmente apenas 6,8 por cento cumpre o período de baixa).

O Presidente da Coreia do Sul falou também de um trabalho mais flexível, do aumento dos programas pós-escolares nas escolas primárias, da prioridade às famílias com recém-nascidos no acesso à habitação e a hipotecas com juros baixos e de mais isenções fiscais para as famílias com menores de idade.

20 Jun 2024

Seul | Anunciada suspensão de acordo militar de 2018 com Coreia do Norte

As constantes provocações de Pyongyang, que ultimamente tem enviado balões carregados de lixo para a Coreia do Sul, levaram Seul a suspender o acordo militar entre os dois lados

 

A Coreia do Sul vai suspender totalmente o acordo militar de 2018 com o Norte, numa tentativa de reduzir as tensões entre os dois países, anunciou ontem o Conselho de Segurança Nacional sul-coreano.

Seul já tinha suspendido parcialmente este acordo no ano passado, na sequência do lançamento de um satélite espião em órbita por Pyongyang, mas o Conselho de Segurança Nacional disse que ia pedir ao Governo para “suspender totalmente” aquele acordo militar “até que a confiança mútua entre as duas Coreias seja restaurada”.

No domingo, a Coreia do Norte comprometeu-se “a suspender” o lançamento para a Coreia do Sul de balões cheios de lixo, desde beatas de cigarros a excrementos de animais, depois de ter lançado várias centenas deles nos últimos dias. “Vamos suspender temporariamente a dispersão de resíduos de papel através da fronteira”, declarou a agência de notícias oficial norte-coreana KCNA, acrescentando que “esta contramedida tinha sido eficaz”.

Desde terça-feira, cerca de mil balões foram lançados por Pyongyang em direcção ao país vizinho, incluindo 600 no domingo, de acordo com o Estado-Maior da Coreia do Sul, com Seul a denunciar a acção como de “baixo nível” e a ameaçar com retaliações.

Na manhã de domingo, o exército sul-coreano contabilizou entre 20 e 50 balões por hora no ar. Os balões aterraram nas províncias do norte da Coreia do Sul, incluindo Seul e a região adjacente de Gyeonggi, que no conjunto albergam quase metade da população do Sul.

A Coreia do Sul declarou que a iniciativa norte-coreana violava o acordo de armistício que pôs fim às hostilidades entre as duas Coreias em 1953, apesar de não ter sido encontrada qualquer substância perigosa nos balões.

O Estado-Maior sul-coreano pediu à população que evite “qualquer contacto” com estes resíduos. “Os nossos militares estão a conduzir operações de vigilância e reconhecimento dos locais de lançamento dos balões, controlando-os por reconhecimento aéreo e recolhendo os destroços caídos, dando prioridade à segurança do público”, acrescentou.

Presentes envenenados

No início da semana, Pyongyang afirmou que os balões eram “presentes sinceros” e tinham como objectivo retaliar contra o envio de balões carregados de panfletos de propaganda contra o líder norte-coreano, Kim Jong-un.

Em 2020, o parlamento sul-coreano aprovou uma lei que criminaliza o envio de panfletos para o Norte. Mas a lei, que não foi respeitada pelos activistas, foi anulada no ano passado por violar a liberdade de expressão. Kim Yo-jong, a irmã de Kim Jong-un, afirmou esta semana que os norte-coreanos estavam simplesmente a praticar a sua liberdade de expressão.

A campanha de balões surge depois de analistas terem afirmado que Kim Jong-un tinha ordenado testes de armas antes de as enviar para a Rússia para a guerra na Ucrânia. De acordo com o Ministério da Defesa sul-coreano, Pyongyang enviou cerca de 10.000 contentores de armas para Moscovo em troca de conhecimentos russos sobre satélites.

4 Jun 2024

Seul, Tóquio e Pequim concordam em retomar as cimeiras trilaterais “numa base regular”

A Coreia do Sul, o Japão e a China manifestaram ontem o desejo de retomar as suas cimeiras trilaterais “de forma regular e ininterrupta”, num comunicado conjunto emitido no final de uma reunião em Seul.

“Reiteramos que a promoção da institucionalização da cooperação trilateral reforça as respectivas relações bilaterais e promove a paz, a estabilidade e a prosperidade na região do nordeste asiático, e ajuda a promover um mundo em que os países, grandes ou pequenos, podem beneficiar universalmente”, lê-se no documento, emitido após o encontro entre o Presidente sul-coreano, Yoon Suk-yeol, e os primeiros-ministros japonês e chinês, Fumio Kishida e Li Qiang, respectivamente.

Os três países realizaram as suas primeiras cimeiras anuais entre 2008 e 2012, mas as divergências entre Seul e Tóquio sobre as consequências do domínio colonial do Japão na península coreana fizeram com que as reuniões começassem a ser convocadas de forma intermitente.

Desde que Yoon chegou ao poder, em 2022, juntamente com Kishida têm procurado resolver estas divergências, a par de um reforço da cooperação militar dos dois países com o seu parceiro tradicional, os Estados Unidos.

Boa vizinhança

Os três países sublinharam ontem que esta nona cimeira trilateral em Seul “tem um significado importante para revitalizar a cooperação trilateral”, segundo o comunicado, que acrescenta que “serão realizadas conversações para acelerar as negociações de um acordo de comércio livre (ACL) trilateral”, como Kishida já tinha dito numa conferência de imprensa.

Os três vizinhos decidiram estabelecer projectos de cooperação em seis áreas-chave: intercâmbios humanos, desenvolvimento sustentável, cooperação económica e comercial, saúde pública e envelhecimento da sociedade, ciência e tecnologia e segurança e assistência em caso de catástrofe.

“Estamos a esforçar-nos por aumentar o número de intercâmbios humanos entre os três países para 40 milhões até 2030, promovendo intercâmbios em áreas como a cultura, o turismo e a educação”, explicou o documento.

As duas áreas que aparentemente produziram os resultados mais tangíveis em termos de cooperação após a cimeira de ontem foram a propriedade intelectual e as “futuras pandemias”, uma vez que foram assinados dois memorandos separados a este respeito.

28 Mai 2024

DST | Lançada campanha de charme na Coreia do Sul

O Governo começa na quinta-feira uma campanha promocional na Coreia do Sul para atrair turistas. Passados 10 meses, os Serviços de Turismo estão de volta ao país que regressou este ano ao topo do pódio dos maiores mercados de visitantes internacionais de Macau

 

A partir da próxima quinta-feira, a Direcção dos Serviços de Turismo (DST) dá início a uma campanha de promoção turística na capital da Coreia do Sul, que irá durar quatro dias. Cerca de 10 meses depois da primeira promoção de rua após a pandemia em Seul, a DST volta a lançar uma campanha de charme destinada a seduzir turistas sul-coreanos.

Entre quinta-feira e domingo, a campanha “Sentir Macau” irá “invadir” o complexo comercial Shinsegae, localizado na zona nobre da capital sul coreana, Gangnam. O objectivo é “atrair visitantes com elevado poder de compra”. Como tal, a DST especifica que “a média diária do fluxo de pessoas no Shinsegae aos fins-de-semana é de mais de 800 mil pessoas, e o valor de vendas em 2023 foi superior a 2.3 mil milhões de dólares americanos”, valores que fazem com que o Shinsegae seja o maior complexo comercial da Coreia e o terceiro maior do mundo ao nível da facturação.

Além da DST, a campanha irá contar com stands da Direcção dos Serviços de Desenvolvimento Económico da Zona de Cooperação Guangdong-Macau em Hengqin e as seis concessionárias de jogo “para divulgar as ofertas e novas infra-estruturas turísticas de Macau e Hengqin”.

Antes do início da campanha, a DST organiza amanhã um seminário promocional sobre produtos de “turismo + convenções e exposições” de Macau com bolsa de contactos para operadores turísticos sul-coreanos e da RAEM, com o objectivo de divulgar ao público e profissionais de turismo coreanos os pontos fortes do turismo de Macau.

Amigos com cacau

A DST adaptou a campanha ao público sul-coreano, nomeadamente através de colaborações com a plataformas online populares no país, com a aplicação móvel de pagamentos Kakao Pay e a plataforma de emoticons e bonecos Kakao Friends, introduzindo personagens com características de Macau.

Foi também estabelecida uma cooperação com “a maior plataforma coreana de reservas de viagens online Good Choice”, com jogos interactivos e descontos na compra de produtos turísticos de Macau, “incluindo bilhetes de avião de voos da Air Macau, Cathay Pacific, Korean Air, Jin Air, Jeju Air e Air Busan”.

O Governo realça também que este ano a Coreia do Sul voltou a ocupar o primeiro lugar entre os dez maiores mercados de visitantes internacionais de Macau. De acordo com dados preliminares, até 21 de Maio deste ano, mais de 192 mil turistas sul-coreanos visitaram Macau, volume que atingiu 93,9 por cento de todo o ano passado e que representou uma recuperação de 52 por cento face aos níveis de 2019.

28 Mai 2024