Comércio | Diálogo impossível enquanto EUA tiverem faca encostada ao pescoço

As negociações comerciais entre as duas potências mundiais mantêm-se num clima corrosivo e ameaçam fazer diminuir o crescimento económico global  em meio ponto percentual em 2020

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m representante chinês para as negociações com os Estados Unidos sobre o comércio considerou ontem que o diálogo é “impossível”, enquanto Washington “tiver uma faca encostada ao pescoço” de Pequim na forma de taxas alfandegárias.

As declarações do vice-ministro do Comércio Wang Shouwen surgem após o Governo chinês publicar um comunicado a acusar o Presidente norte-americano, Donald Trump, de intimidar os outros países e perturbar a economia mundial.

A publicação daquela nota revela o deteriorar das negociações entre Washington e Pequim, para pôr fim a uma guerra comercial suscitada pelas ambições chinesas para o sector tecnológico.

Trump anunciou já taxas sobre um total de 250 mil milhões de dólares  de importações oriundas da China; Pequim retaliou com impostos sobre bens importados dos EUA.

Wang reiterou que Pequim está aberto ao diálogo, mas questiona como podem as negociações avançar “agora, que os EUA adoptaram medidas restritivas de larga escala e têm uma faca encostada ao [nosso] pescoço”.

“Não seriam negociações em pé de igualdade”, afirma.

Em Agosto passado, Wang liderou uma delegação chinesa nas negociações com Washington, que terminaram sem progressos.

Em causa está a política da China para o sector tecnológico, nomeadamente o plano “Made in China 2025”, que visa transformar as empresas estatais chinesas em potências tecnológicas, com capacidades em sectores de alto valor agregado, como inteligência artificial, energia renovável, robótica e carros eléctricos.

Os EUA consideram que aquele plano viola os compromissos da China em abrir o seu mercado, nomeadamente ao forçar empresas estrangeiras a transferirem tecnologia e ao atribuir subsídios às firmas domésticas, enquanto as protege da competição externa.

Menos crescimento

Sem resolução à vista, analistas consideram que as disputas comerciais entre as duas maiores economias do mundo podem abrandar o crescimento da economia global em 0,5%, ao longo de 2020.

Grupos empresariais norte-americanos na China acusam os reguladores chineses de estarem a aumentar a pressão sobre firmas dos EUA no país, ao abrandar o despacho aduaneiro e reforçar as inspecções de ambiente ou segurança.

No comunicado ontem difundido, Pequim afirma que tentou proteger o sistema de comércio multilateral e acusa Trump de abandonar o “respeito mútuo” exigidos pelas normas internacionais.

O comunicado não sugere que a China esteja disposta a fazer concessões na sua política para o sector tecnológico, que vê como imprescindível para prosperar e reforçar a sua influência global.

Em declarações à agência Lusa, Gao Zhikai, um dos mais conhecidos comentadores da televisão chinesa, lembra que para “um país como a China”, ceder às exigências de Trump “não é uma opção”.

“A China não está para receber lições dos EUA”, diz. “Se a Casa Branca está à espera que a China sucumba, se ajoelhe, está a ser totalmente irrealista”.

As queixas de Washington são também partilhadas pela União Europeia e o Japão, que ficam com a maior margem de lucro na cadeia de distribuição global – a China fabrica 90% dos telemóveis e 80% dos computadores do mundo, por exemplo, mas continua dependente de tecnologia e componentes oriundos daqueles países.


Washington | Guerra até vencer

O secretário de estado norte-americano Mike Pompeo prometeu domingo que a administração Trump irá manter as políticas comerciais agressivas em relação à China, mostrando-se convencido de que os americanos vão vencer esta guerra comercial. Em entrevista à estação de televisão “Fox News”, Pompeo disse domingo que o governo norte-americano olha para as relações comerciais entre os dois países como uma “guerra comercial (…) que durou anos”. “Queremos chamar a isto guerra comercial e estamos determinados a vencê-la”, disse o secretário de Estado, salientando que Donald Trump está disposto a aumentar a pressão sobre a China até considerar que atingiu o resultado desejado. “Nós vamos ganhar, vamos conseguir um resultado que force a China a comportar-se de uma forma que, se quiser ser uma potência global, um Estado de Direito, não irá roubar propriedade intelectual. São princípios fundamentais em todo o mundo e isso é o que o povo americano exige e o que os trabalhadores americanos merecem”, sublinhou.

26 Set 2018

Comércio entre a China e os PLP subiu 21,5% até Julho

[dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap]s trocas comerciais entre a China e os países de língua portuguesa atingiram 82,15 mil milhões de dólares nos primeiros sete meses do ano, traduzindo um aumento de 21,50 por cento face ao período homólogo do ano passado.

Dados dos Serviços de Alfândega da China, publicados ontem no portal do Fórum Macau, indicam que a China comprou aos países de língua portuguesa bens avaliados em 57,53 mil milhões de dólares – mais 20,38 por cento – e vendeu produtos no valor de 24,61 mil milhões de dólares – mais 24,19 por cento em termos anuais homólogos.

O Brasil manteve-se como o principal parceiro económico da China, com o volume das trocas comerciais bilaterais a cifrar-se em 61,31 mil milhões de patacas, mais 22,86 por cento do que nos primeiros sete meses do ano passado. As exportações da China para o Brasil atingiram 20,06 mil milhões de dólares, reflectindo um aumento de 28,14 por cento; enquanto as importações totalizaram 41,24 mil milhões de dólares, mais 20,45 por cento em termos anuais homólogos.

Com Angola, o segundo parceiro lusófono da China, as trocas comerciais cresceram 18,28 por cento, atingindo 15,82 mil milhões de dólares. Pequim vendeu a Luanda produtos avaliados em 1,24 mil milhões de dólares – menos 0,60 por cento – e comprou mercadorias avaliadas em 14,58 mil milhões de dólares, reflectindo uma subida de 20,23 por cento.

Com Portugal, terceiro parceiro da China no universo dos países de língua portuguesa, o comércio bilateral entre Janeiro e Julho cifrou-se em 3,39 mil milhões de dólares – mais 6,81 por cento – numa balança comercial favorável a Pequim. A China vendeu a Lisboa bens na ordem de 2,09 mil milhões de dólares – mais 1,43 por cento – e comprou produtos avaliados em 1,29 mil milhões de dólares, mais 16,87 por cento face aos primeiros sete meses do ano passado.

21 Set 2018

PM chinês apela ao livre comércio

[dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, apelou ontem ao apoio global ao livre comércio face à escalada nas disputas comerciais entre Pequim e Washington, suscitadas pelas políticas da China para o sector tecnológico.

Num discurso proferido na “Reunião Anual de Novos Campeões”, conhecido como ‘Davos de Verão’, em Tianjin, Li defendeu que as disputas devem ser resolvidas através de consultas e apelou ao multilateralismo.

O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou na terça-feira taxas alfandegárias sobre um total de 200 mil milhões de dólares (171 mil milhões de euros) de importações oriundas da China. Pequim afirmou que vai retaliar com “medidas sincronizadas”.

“É essencial defendermos os princípios básicos do multilateralismo e livre comércio”, afirmou o primeiro-ministro chinês. “O unilateralismo não oferece solução viável”, disse.

O primeiro-ministro chinês prometeu ainda “melhorar o ambiente empresarial” para as empresas estrangeiras, reafirmando os compromissos da China em dar tratamento igual às firmas estrangeiras e domésticas, uma promessa feita pelo país quando aderiu à OMC, em 2001, mas que grupos empresariais e governos estrangeiros afirmam que Pequim frequentemente não cumpre.

“Vamos garantir que todas as empresas, chinesas ou estrangeiras, desde que estejam registadas na China, serão tratadas de forma igual”, afirmou.

20 Set 2018

Economia | Comércio entre Macau e PALOP foi quase nulo em 2017

Cabo-Verde, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe não venderam nem compraram absolutamente nada a Macau em 2017. Dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) apenas Angola e Moçambique entraram nas contas e só do lado das exportações. Timor-Leste também não existe no mapa das trocas comerciais de Macau, circunscritas praticamente ao Brasil e a Portugal

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]comércio entre Macau e os países de língua portuguesa atingiu 648,8 milhões de patacas em 2017, ficando limitado praticamente ao Brasil e a Portugal. Dados disponibilizados pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) revelam zero trocas comerciais com quatro dos oito países do universo da lusofonia (Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste). Já Moçambique e Angola entraram na rota comercial, mas somente do lado das exportações.

Macau vendeu a Maputo bens avaliados em 273.042 patacas – ainda assim o equivalente a um terço das exportações para o universo lusófono – e a Luanda mercadorias de 31.873 patacas, ou seja, sensivelmente 3,9 por cento das exportações. Em ambos os casos, as vendas circunscreveram-se a produtos farmacêuticos. Já as importações de Macau, tanto a Angola como a Moçambique, foram uma miragem em 2017.

Medalha de prata

Do universo da lusofonia, Portugal emerge como o segundo parceiro comercial de Macau, a seguir ao Brasil. O comércio bilateral com Portugal atingiu 267,5 milhões de patacas (41,2 por cento do total das trocas comerciais com a lusofonia), numa balança comercial favorável a Lisboa. Macau comprou a Portugal bens na ordem dos 267,1 milhões em 2017 e vendeu produtos avaliados em apenas 413.329 patacas. Já as trocas bilaterais com o Brasil totalizaram 380,9 milhões de patacas, ocupando um peso de 58,7 por cento, com as vendas de Macau a não chegarem sequer a 100 mil patacas.

Os dados relativos aos primeiros oito meses de 2018 atestam que a ausência de trocas comerciais com metade dos países da língua portuguesa no ano passado não foi conjuntural. Entre Janeiro e Julho, Macau não comprou nem vendeu nada a Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe. Já para Timor-Leste apenas exportou, enquanto do Brasil apenas importou. Só com Portugal é que houve comércio nos dois sentidos.

Em Outubro, numa intervenção num fórum económico integrado na Feira Internacional de Macau (MIF, na sigla em inglês), o economista Félix Pontes assinalou precisamente a “dimensão frustrante” do comércio entre Macau e os países de língua portuguesa.

“É um facto indesmentível que o relacionamento comercial entre Macau e os países de língua portuguesa tem tido uma dimensão frustrante, não traduzindo em nada as expectativas emergentes das frequentes manifestações políticas nesse sentido”, observou.

11 Set 2018

China/África | Maurícia é o primeiro país africano a assinar acordo de livre comércio

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]arquipélago da Maurícia vai ser o primeiro país africano a assinar um acordo de livre comércio com a China, revelou ontem o ministério chinês do Comércio, à margem do Fórum de Cooperação China/África. O primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, e o seu homólogo mauriciano, Pravind Jugnauth, assinaram um memorando de entendimento, pondo fim às negociações iniciadas em Dezembro de 2017. Bens, serviços, investimento e cooperação económica serão abrangidos pelo acordo, detalhou o ministério. O país asiático é, desde 2009, o maior parceiro comercial de África. Pelas estatísticas chinesas, nos primeiros seis meses deste ano, o comércio bilateral aumentou 16 por cento, em termos homólogos, para 98.800 milhões de dólares. Pequim tem acordos de livre comércio com o Peru, Costa Rica, Islândia, Suíça, Singapura, Paquistão ou Austrália. Situado a cerca de 2.000 quilómetros da costa sudeste do continente africano, a República da Maurícia tem pouco mais de um milhão de habitantes.

5 Set 2018

Economia | Comércio externo subiu 21,7 por cento até Julho

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]comércio externo de Macau subiu 21,7 por cento entre Janeiro e Julho, totalizando 58,01 mil milhões de patacas. Segundo dados divulgados pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC), Macau exportou bens avaliados em 7,11 mil milhões de patacas (+5,6 por cento) e importou mercadorias avaliadas em 50,90 mil milhões de patacas (+24,4 por cento) nos primeiros sete meses do ano. Por conseguinte, o défice da balança comercial atingiu 43,79 mil milhões de patacas, traduzindo um agravamento de 28,1 por cento.

As exportações de Macau para a China (1,18 mil milhões de patacas) diminuíram 3,9 por cento, devido à forte queda (82,6 por cento) das vendas a Xangai, à semelhança do que sucedeu com as destinadas aos Estados Unidos (86 milhões de patacas) que sofreram uma queda de 16,8 por cento. Em contrapartida, as vendas para Hong Kong (4,43 mil milhões de patacas) e União Europeia (120 milhões patacas) aumentaram 8,3 e 4,2 por cento, respectivamente, em comparação com os primeiros sete meses do ano passado.

Já as importações de Macau de produtos da China (17,45 mil milhões de patacas) subiram 29,4 por cento, em linha com as compras à União Europeia (12,81 mil milhões de patacas) que cresceram 21,2 por cento entre Janeiro e Julho, indica a DSEC.

As trocas comerciais entre Macau e os países de língua portuguesa atingiram 482 milhões de patacas nos primeiros sete meses do ano – contra 356,7 milhões em igual período do ano passado. As exportações de Macau para o universo lusófono ascenderam a 24 milhões de patacas (contra 700 mil patacas), enquanto as importações sofreram um aumento de 28,5 por cento em termos anuais homólogos para 458 milhões de patacas.

3 Set 2018

Comércio | Pequim é maior parceiro de África pelo nono ano consecutivo

 

A China foi, no primeiro semestre de 2018, o maior parceiro comercial de África, pelo nono ano consecutivo, em resultado dos vários acordos de cooperação assinados entre Pequim e o continente, revelam dados ontem divulgados

 

[dropcap style=’circle’]E[/dropcap]ntre Janeiro e Junho de 2018, o comércio bilateral aumentou 16 por cento, em termos homólogos, para 84.600 milhões de euros, afirmou o vice-ministro chinês do Comércio, Qian Keming, em conferência de imprensa.

Em 2015, Pequim assinou dez acordos de cooperação com o continente, nas áreas económica e comercial, durante o Fórum de Cooperação China África (FOFAC), que se realizou em Joanesburgo.

Qian afirmou que os acordos foram todos implementados e alguns “produziram resultados muito bons”.

Desde 2015, a média anual do investimento directo da China no continente fixou-se em 2,5 mil milhões de euros, com destaque para novos sectores como manufactura, finanças, turismo e aviação.

30.000 quilómetros de autoestradas, uma capacidade anual portuária de 85 milhões de toneladas e uma capacidade de produção eléctrica de 20.000 megawatts.

Emissor e receptor

A próxima edição da FOFAC realiza-se em Pequim, entre 3 e 4 de Setembro, e contará com a participação de dezenas de líderes africanos, incluindo os presidentes de Angola e Moçambique, João Lourenço e Filipe Nyusi, respectivamente. O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, também participará.

Críticos apontam que a maioria do financiamento chinês em África parece servir o crédito à exportação e outros critérios que visam promover os objectivos chineses.

“A maior fatia do financiamento não visa permitir um crescimento económico significante para os países receptores”, aponta a unidade de investigação China AidData, sediada nos Estados Unidos, que nota ainda que o financiamento chinês vai para países que votam alinhados com Pequim nas Nações Unidas.

A China AidData diz que “isso não parece bem”, mas que uma análise aos EUA e outros países ocidentais demonstra a mesma tendência. Segundo estimativas ocidentais, vivem em África um milhão de chineses, dos quais um quarto em Angola.

30 Ago 2018

Comércio | Volume de negócios a retalho atingiu os 18 mil milhões

 

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]volume de negócios do comércio a retalho de Macau atingiu 18 mil milhões de patacas no segundo trimestre, mais 23,7 por cento face ao período homólogo do ano passado, indicam dados oficiais.
De acordo com a Direcção dos Serviços de Estatísticas e Censos (DSEC), entre Abril e Junho, o volume de negócios de relógios e joalharia representou 21,1 por cento do total, seguindo-se os volumes de negócios de mercadorias de armazéns e quinquilharias (15,8 por cento), artigos de couro (13,4 por cento) e vestuário para adultos (12,4 por cento).
Contudo, em comparação com os três primeiros meses do ano, o volume de negócios do comércio a retalho do território caiu 13,4 por cento no segundo trimestre.
No segundo trimestre, comparando com o mesmo período do ano passado, registaram-se subidas significativas nos volumes de negócios dos principais tipos de comércio a retalho: artigos de comunicação (+65,3 por cento); artigos de couro (+36,9 por cento); mercadorias de armazéns e quinquilharias (+34,2 por cento); vestuário para adultos (+26,7 por cento) e automóveis (+24,7 por cento), de acordo com a DSEC.
Por outro lado, nos meses de Abril a Junho em comparação com os três primeiros meses do ano, o volume de negócios de artigos de comunicação caiu 43,2 por cento, o vestuário para adultos sofreu uma queda de 23,2 por cento, bem como relógios e joalharia (-13,4 por cento).
Já nos primeiros seis meses do ano, o volume de negócios do comércio a retalho atingiu 38,79 mil milhões de patacas, mais 24,9 por cento face ao período homólogo do ano passado.

27 Ago 2018

Economia | Ministro japonês diz que Trump não compreende o comércio livre

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]ministro do Comércio do Japão disse ontem que a política de tarifas aduaneiras do Presidente dos Estados Unidos reflecte uma incompreensão grave da importância do comércio livre e da contribuição das empresas japonesas para a economia norte-americana. Hiroshige Seko, ministro da Economia, Comércio e Indústria, advertiu que o Japão pode tomar medidas se os Estados Unidos cumprirem a ameaça de impor uma tarifa de 25 por cento às importações de automóveis do Japão. O ministro não quis dar pormenores sobre uma tal resposta, mas não excluiu a adopção de tarifas retaliatórias. “Os fabricantes de automóveis japoneses são grandes contribuintes para a economia norte-americana”, disse Seko. “Se a indústria automóvel japonesa for enfraquecida, não terá capacidade para investir nos Estados Unidos”, acrescentou. “Isso não tem qualquer vantagem para a economia mundial. As empresas japonesas estão a enviar peças para a China para serem transformadas em produtos que são exportados para os Estados Unidos, e os efeitos já se fazem sentir”.

24 Ago 2018

Hato, um ano depois| Um duro golpe para o pequeno comércio

 

Foi desmedida a luta travada pelo pequeno comércio após o duro golpe infligido pelo tufão Hato. As portas que hoje continuam abertas mostram a resiliência de quem, mesmo a braços com irremediáveis perdas, não cedeu ao desalento

 

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s estragos foram demasiados. Tantos que casal Lai tem dificuldades em precisar com minúcia. Só com os danos numa das frágeis divindades o Louceiro Fu perdeu 100 mil patacas. “Estamos a recuperar passo a passo. No armazém, por exemplo, temos mercadorias danificadas, mas também não temos recursos humanos para dar resposta”, explicou a proprietária do número 33 da Rua dos Mercadores.
O sentimento de impotência irrompeu com a água que invadiu um de dois andares do amplo espaço. Os dias seguintes foram de árduo trabalho para resgatar o que podia (e não podia) ser ainda aproveitado. Salvar o negócio a todo o custo foi a única opção para muitos, como Lai, que assistiram impotentes à força da natureza que colocou em perigo o único sustento.
Mais do que o facto de os apoios serem insuficientes para cobrir os avultados prejuízos, preocupa-lhe o futuro. “O trabalho do Governo é lento. Não vejo que nada tinha sido feito para travar as inundações”, observa Lai.
A sensação é partilha por Lao, proprietário de um alfarrabista: “Não sei o que é que o Governo fez para prevenir as cheias. Não acompanho as notícias, mas não se nota nada”. Embora tenha visto a água de cheias entrar pelo espaço dentro por 14 ocasiões – nem sempre durante tempestades tropicais – quando olhou para o impacto do tufão Hato ficou petrificado. “Fiquei de pé, parado a olhar, espantado e sem saber o que fazer. Tinha perdido tudo”, conta. Lao ainda demorou quatro horas até abrir a porta, que ficara, aliás, bloqueada com os livros a boiar em amontoados à entrada. “Também ninguém me podia ajudar, toda a gente estava ocupada com problemas idênticos”.
Os danos, esses, ninguém os compensa. A seguradora não vai chegar-se à frente por considerar os bens, sobretudo livros e revistas usados, como “lixo”. “Vou demorar imenso tempo a recuperar”, diz, sentado num espartano banco em frente a uma ventoinha, enquanto mostra as imagens da destruição guardadas no telemóvel.
O alfarrabista esteve fechado durante meio ano. Afinal, nada havia para vender dentro daquelas paredes com a tinta descascada. Na viragem de ano, Lao decidiu reabrir, colocando inicialmente à venda as poucas coisas que lhe ofereceram depois da catástrofe. Desde então foi alargando a oferta, dispersa por estantes desorganizadas, adquirida aos poucos. “Coloquei tudo em lugares mais elevados”, diz, lamentando que na realidade nada mais possa fazer.

Das lágrimas à loucura

Os tecidos que Cheang vende desde que sucedeu ao pai no negócio, aberto há mais de duas décadas, também fora todos à vida. Na mesa há fitas métricas, desnecessárias para se perceber a altura a que a água chegou. “Foi um pesadelo”, descreve. “Este ramo já é difícil em circunstâncias normais e normalmente importamos as mercadorias em grande volume para depois vender pouco a pouco e o Hato levou tudo”, conta, estimando as perdas na ordem das centenas de milhares de patacas. Um prejuízo abatido em 50 mil patacas pelo abono concedido às pequenas e médias empresas pelo Governo.
Já Andy Wan, proprietário de uma loja de música, aderiu à linha de crédito, sem juros, criada para as pequenas e médias empresas afectadas pelo tufão Hato. O montante máximo (600 mil patacas) está longe de cobrir o prejuízo calculados em dois milhões, dado que a maioria dos produtos, como sistemas de som, é cara. “O que se passou foi muito grave”, diz Andy, que foi obrigado a encerrar o estabelecimento durante um período de tempo. “Fartei-me de chorar, até fiquei um pouco louco, mas agora estou melhor”, comenta, sem esconder o descontentamento em relação ao Governo. “É lamentável. Não estou nada satisfeito com o que têm feito”.
Lao, dona de uma mercearia ali perto, não só diz não ver “nada em concreto” como duvida que a planeada barreira no Porto Interior surta efeitos. A única coisa positiva que assinala foi o empréstimo sem juros que pediu para fazer face a quase um milhão de patacas em prejuízos.
Au, à frente da loja de tintas do pai, também saudou os apoios, embora insuficientes para cobrir o rombo de 600 a 700 mil patacas. A probabilidade de cheias voltarem a afectar o negócio que têm na 5 de Outubro preocupa-o. Demonstrando estar completamente a par dos planos que o Governo traçou para tentar minimizar o impacto das inundações, Au mostrou-se desiludido: “Receio que não sejam eficazes. Acho que não vão resolver o problema”.

23 Ago 2018

Comércio | Importações de Portugal crescem no primeiro semestre

 

[dropcap style=’circle’]M[/dropcap]acau importou de Portugal, no primeiro semestre de 2018, produtos avaliados em 14,4 milhões de euros, mais 29 por cento comparativamente a igual período de 2017, informou ontem a Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP). A informação da delegação de Macau da AICEP baseia-se no último balanço realizado pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos de Macau, a 31 de Julho.
O sector alimentar, que continua a representar metade do total de mercadorias que Macau compra a Portugal, registou um aumento de 15 por cento no período em análise, com destaque para o vinho (mais 24 por cento), carnes de animais da espécie suína, frescas, refrigeradas ou congeladas (mais 43 por cento), o azeite (mais 16 por cento) e as águas (mais 13 por cento). No sector das bebidas observou-se “um incremento de 21 por cento no primeiro semestre de 2018, directamente relacionado com o aumento da compra de vinho a Portugal”, refere o comunicado da delegação de Macau da AICEP.
O sector do azeite tem evidenciado um crescimento elevado, com Portugal a assumir-se como principal fornecedor deste produto à RAEM. No primeiro semestre de 2018, a compra de azeite a Portugal cresceu 16 por cento relativamente ao ano anterior, segundo a mesma nota. Destaca-se igualmente a importação de vestuário português, quel cresceu 494 por cento.
As máquinas e equipamentos constituem o terceiro grupo de produtos mais importado por Macau a Portugal (14 por cento do total), registando um aumento de 4 por cento (especialmente os transformadores eléctricos), seguido dos produtos farmacêuticos (8 por cento do total), que registaram “um desempenho excepcional” com uma taxa de crescimento de 186 por cento no primeiro semestre de 2018.

14 Ago 2018

Portos da China e Japão abertos ao comércio

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]China, desde que perdera por via militar a I Guerra do Ópio, percebera ter sido tecnicamente suplantada pois ficara fora da intelectual inteligência do renascimento ocidental, sussurrada aos ouvidos do Imperador Kang Xi (1662-1722) quando ainda criança. Sinergia entre Ocidente e Oriente trazida pelos jesuítas para dentro do Palácio Imperial, onde entraram através da Matemática, Astronomia e relógios, e por oferendas como âmbar cinzento, brinquedos, rapé e quadros pintados em perspectiva. Por ordem do segundo Imperador Qing, em 1708 começaram a ser cartografadas todas as regiões do Império, colaborando os jesuítas nesse trabalho. Compilado em 1718, foi guardado num dos pavilhões imperiais e aí ficou; já os missionários, com o valioso e estratégico mapa da China, enviaram-no aos Superiores na Europa.
A manchu Dinastia Qing (1644-1911), a última das imperiais dinastias chinesas, a partir do quarto Imperador Qian Long (Gao Zong, 1735-1795) começou a entrar em decadência. Em 1781, a Companhia Inglesa das Índias Orientais sem nada para trocar de interesse com os chineses, começou a enviar ópio para a China. Com o sexto Imperador Dao Guang (Xuan Zong, 1821-1850) ocorreu a I Guerra do Ópio (1839-42), devido à recusa do governo imperial em aceitar essa droga, “levando as costas marítimas chinesas a serem fustigadas pelos canhões dos 38 navios de guerra, com 4 mil tropas britânicas que terminou com a assinatura do Tratado de Nanjing a bordo da nau inglesa Cornwallis a 29 de Agosto de 1842 (24.º dia da 7.ª lua do 22.º ano do Imperador Tao-kuang). Sir Henry Pottinger, por parte da Grã-Bretanha e o comissário imperial Ki-ing I-li-pu (Qiying) e Neu-kien, por parte da China, sendo as ratificações trocadas em Hong Kong a 26 de Junho do ano seguinte”, segundo Marques Pereira e nesse tratado “o Imperador da China ficou obrigado a pagar a soma de 21 milhões de patacas, a título de indemnizações da I Guerra do Ópio e outras, no prazo de três anos e quatro meses, contados desta data da assinatura, e outrossim a abrir inteiramente ao comércio estrangeiro os portos de Cantão, Amoy, Fuchau, Ningpo e Shanghai, admitindo neles cônsules e adoptando razoáveis tarifas de direitos. Foi pelo mesmo tratado confirmada a cessão da ilha de Hong Kong à Rainha Victoria e a seus herdeiros e sucessores, e aceitação da ocupação das ilhas de Chu-san e Ku-lang-su até à completa abertura dos portos mencionados e integral pagamento das indemnizações.”
Tamanha humilhação marcou a viragem da China Imperial para um semi-feudal e colonizado país. Após o Tratado de Nanjing, os britânicos controlavam o comércio marítimo da China e as outras potências Ocidentais, como a França, a Alemanha, a Rússia e os EUA, assistindo à fraqueza dos governantes chineses decidiram fazer pressão para obterem também privilégios, concessões e território. Os Estados Unidos em 1844 assinaram em Macau o Tratado de Wangxia, que concedeu os direitos dados aos ingleses e reduzia as taxas sobre os barcos americanos, podendo estes navegar nas águas interiores da China. Crimes cometidos por cidadãos americanos na China seriam apenas julgados por tribunais americanos, mesmo os relacionados com a morte de chineses por americanos.

Aceitação da civilização ocidental

O Japão (Nippon para os japoneses) mantivera-se fora do mundo desde 1639 devido aos Éditos de Isolamento que o Shogunato Tokugawa (1603-1867) sucessivamente foi proclamando, até que a 11 ou 12 de Fevereiro de 1854, o comodoro americano Mathew C. Perry regressou ao Japão com uma esquadra de sete navios para saber a resposta à carta do presidente Norte Americano Millard Fillmore (1850-1853), por ele aí deixada um ano antes, quando em 8 de Julho de 1853 na Baía de Yedo (Tóquio) aportara na primeira vez. Recebido a 14 de Fevereiro, exigia a abertura dos portos japoneses ao comércio americano. O shogun adiando a resposta, pois a corte imperial em Quioto era defensora da guerra para não deixar entrar as potências estrangeiras, logo recebeu a ameaça: . Tal levou em Março de 1854 o Presidente do Conselho dos Veteranos, Abe Masahiro a assinar o acordo com os americanos, onde o Japão abria portos ao comércio.
As reformas no Japão iniciaram-se com aquisições de armamento e navios de guerra, dando-se em 1855 a abertura com instrutores estrangeiros das escolas Naval e Militar. Em 1858, o governo shogunal assinava novos tratados, agora com a Holanda, Rússia, Inglaterra e França, e ao ser obrigado a abrir mais portos aos estrangeiros perdeu força interna para os partidários do imperador, começando o declínio do regime de shogunato, que vigorará até 1867.
Os estrangeiros, comerciantes e diplomatas, estabelecem-se no Japão e muitos jovens japoneses vão para a Europa e EUA estudar. Era aprender com o Ocidente, compreender os seus modelos para conseguir o melhor e negociar em pé de igualdade.
Desde 1603 a família Tokugawas detinha o poder e quando o shogun Iemochi morreu sucedeu-lhe Yoshinobu a 29 de Agosto de 1866. A 25 de Janeiro de 1867, “Os jornais e as cartas são unânimes em afirmar grandes reformas sociais no Japão, devidas sem dúvida às ideias progressistas do novo taicun (taiko, Grande Príncipe). Os nobres do império principiavam a usar trajes europeus e a empregarem carruagens em seu serviço. Todos os vapores que actualmente partem dos portos abertos ao comércio, conduzem japoneses para a Europa, que vão visitar a exposição de Paris, e muitos jovens enviados pelos seus parentes aos colégios de educação. Uma escola se ia abrir em Yokohama, dirigida por ingleses, para os filhos do país, à imitação da escola para o mesmo fim criada pelos franceses e estabelecida no distrito de Yokohama, conhecido pelo nome de Benten.
O governo (japonês) adoptou um figurino francês para fardar e equipar o seu exército, tendo engajado alguns instrutores franceses. O Dr. Maggowan, chegado àquele país, apresentou uma proposta para estabelecer um telégrafo eléctrico entre a capital do império e os portos abertos, excelentemente acolhida, com os trabalhos a começar para se fixar o fio eléctrico entre Yeddo e Yokohama e crendo ficar concluído ainda este ano. Afirma-se que já o novo Taicun dirigira aos ministros estrangeiros residentes, o convite para o irem visitar ao seu palácio em Osaka e supõem todos que nesta ocasião se tratará da grande questão pendente, a abertura do porto de Hiogo”, segundo Boletim do Governo de Macau e Timor, 1867.
Levadas a sério as ameaças americanas, com espelho na humilhação que a China passava, em 1868 o Japão colocou no poder com 15 anos de idade o Imperador Meiji e em galopante transformação radical se modernizou pela matriz ocidental de competição e guerra, até atingir um Império na Ásia

10 Ago 2018

Comércio | Xinhua condena egoísmo para conter China em crítica a Trump

A imprensa estatal chinesa criticou ontem aqueles que usam tácticas “egoístas” para tentar impedir a ascensão da China, numa aparente referência a Donald Trump que iniciou uma guerra comercial com Pequim

 

[dropcap style=’circle’]U[/dropcap]m comentário da agência noticiosa oficial Xinhua, reproduzido na capa dos principais jornais chineses, afirma que “algumas pessoas, não dispostas a aceitar o despertar do leão, adoptaram o unilateralismo, proteccionismo e intimidação”. “Estes são desafios que não podem ser evitados e que teremos que enfrentar”, acrescenta.
Trump impôs já taxas alfandegárias de 25 por cento sobre mais de 29 mil milhões de euros de importações oriundas da China, contra o que considera serem “tácticas predatórias” por parte de Pequim, que visam o desenvolvimento do seu sector tecnológico.
As autoridades chinesas estão a encetar um plano designado “Made in China 2025”, para transformar o país numa potência tecnológica, com capacidades em sectores como inteligência artificial, energia renovável, robótica e carros eléctricos.

Pingue-Pongue

O comentário da Xinhua surge numa altura em que a liderança chinesa reúne em Beidaihe, um resort no litoral norte da China. A reunião, que ocorre todos os anos, serve para os líderes máximos do país discutirem estratégias de governação. Este ano, o tópico principal deverão ser as disputas comerciais com Washington.
“Certas pessoas estão egoistamente a agir contra os limites da moral, ao erguer arbitrariamente barreiras comerciais”, acrescenta a Xinhua.
No entanto, Trump disse já estar pronto para impor taxas alfandegárias sobre 430 mil milhões de euros de produtos chineses, cerca da totalidade das importações norte-americanas da China.
Neste caso, Pequim não poderia retaliar no mesmo montante, visto que tem um excedente de 323 mil milhões de euros – quase o dobro do Produto Interno Bruto (PIB) português – no comércio com os EUA.
Neste contexto, as autoridades chinesas anunciaram novas taxas alfandegárias de 25 por cento sobre um conjunto de produtos importados dos Estados Unidos, cujo valor ascende a 13,7 mil milhões de euros, em retaliação contra taxas impostas por Washington.
Segundo a agência Xinhua, Pequim definiu a lista de produtos a serem penalizados em conjunto com departamentos governamentais, associações industriais e empresas, visando “proteger os interesses das firmas e consumidores domésticos”

10 Ago 2018

Comércio | Consultora portuguesa leva empresas à China

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap] Sociedade Portuguesa de Inovação (SPI), consultora com sede no Porto, organiza em Setembro uma visita de negócios a três cidades chinesas, no âmbito do projecto da Comissão Europeia ENRICH. O “ENRICH Matchmaking and Innovation Tour to China” decorre entre 13 e 21 de Setembro e visa “abrir oportunidades de negócio, investigação e cooperação em inovação” entre entidades europeias e chinesas, segundo o comunicado da SPI.
A agenda inclui visitas a Pequim, Tianjin (cidade portuária do norte da China) e Chengdu, a capital da província de Sichuan, sudoeste do país, onde os participantes estabelecerão contacto com empresas, institutos de investigação, universidades ou parques científicos locais.
A SPI foi a consultora escolhida pela Comissão Europeia para coordenar o Centro de Excelência ENRICH (European Network of Research and Innovation of Centres and Hubs, China), plataforma que apoia empresas tecnológicas europeias no mercado chinês. O ENRICH, financiado no âmbito do “Horizonte 2020”, oferece consultadoria, colaboração e treino especializado para empresas e organizações de investigação europeias. O “Horizonte 2020” é o maior programa público de apoio à investigação e à inovação do mundo, com um orçamento de quase 80 mil milhões de euros.

7 Ago 2018

Comércio | Pequim volta a ameaçar Estados Unidos com tarifas

[dropcap style=’circle’] A [/dropcap] China disse estar pronta para aplicar tarifas de 60 mil milhões de dólares aos Estados Unidos, caso aquele país avance com taxas alfandegárias aos produtos chineses.

Em causa estão 5.207 produtos norte-americanos – como café, mel e químicos industriais – aos quais serão aplicadas tarifas que rondam os 60 mil milhões de dólares, de acordo com um comunicado divulgado pelo Ministério das Finanças chinês. Esta é a resposta da República Popular da China à eventual imposição de taxas sobre produtos chineses, num valor que pode alcançar os 200 mil milhões de dólares.

Acusando a presidência norte-americana de Donald Trump de prejudicar a economia mundial com tais tarifas, a tutela das Finanças chinesa nota que “a China é forçada a apresentar contra-medidas”. O Ministério das Finanças chinês admite, por isso, “tarifas de retaliação de 25 por cento, 20 por cento, 10 por cento ou 5 por cento”, que avançam caso a administração dos Estados Unidos “persista em colocar as suas ideias em prática”.

Panela de pressão

Na quarta-feira, o Governo de Pequim vincou que as tentativas de chantagem e pressão dos Estados Unidos sobre a aplicação de taxas alfandegárias aos produtos chineses nunca “vão funcionar”. “A chantagem e a pressão dos Estados Unidos nunca vão funcionar com a China e se foram tomadas medidas que piorem a situação nós iremos aplicar contra-medidas para que possamos manter os nossos direitos e interesses”, afirmou o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da República Popular da China, Geng Shuang.

“Pensamos que os conflitos comerciais devem resolver-se com conversações e negociações. Os nossos esforços e a nossa sinceridade estão à vista de todos”, acrescentou.

Fontes próximas da administração norte-americana indicaram na terça-feira que os Estados Unidos pretendem estabelecer taxas alfandegárias de 25 por cento sobre as exportações chinesas, o que pode vir a totalizar um valor correspondente aos 200 mil milhões de dólares.

“O diálogo deveria ter como base a confiança mútua e a igualdade, estabelecendo regras e credibilidade porque as ameaças unilaterais e a pressão são contraproducentes”, frisou o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros de Pequim.

 

 

6 Ago 2018

Dumping | Pequim investiga importações da UE, Japão, Coreia do Sul e Indonésia

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China vai investigar as importações de produtos de aço inoxidável da União Europeia (UE), Japão, Coreia do Sul e Indonésia para determinar se estes estão a ser vendidos no país abaixo do preço de mercado, anunciou ontem o Ministério do Comércio. A decisão foi tomada depois da empresa Shanxi Taigang Stainless Steel – apoiada por outras quatro empresas do sector – ter solicitado às autoridades chinesas que iniciassem uma investigação sobre práticas de ‘dumping’ na venda de tarugos de aço inoxidável e placas de aço inoxidável laminado a quente importados desses países.

A investigação começou ontem e terminará dentro de um ano, a 23 de Julho de 2019, embora o ministério tenha indicado na sua página na Internet que o prazo pode ser prorrogado por mais um ano, até 23 de Julho de 2020, caso se verifiquem “circunstâncias excepcionais”.

As autoridades vão analisar se o ‘dumping’ ocorreu entre 1 de Janeiro e 31 de Dezembro de 2017 e, ao mesmo tempo, os danos que ocorreram na indústria entre 1 de Janeiro de 2014 e 31 de Março de 2018.

Os produtos testados são utilizados como matéria-prima para o aço inoxidável laminado a frio ou para a venda directa como um produto acabado para a construção de barcos, contentores, empresas ferroviárias e de energia e indústrias petroquímicas, entre outros. Em 2017, a China importou 703 mil toneladas desses produtos de aço inoxidável, um aumento de 200 por cento em relação ao ano anterior. A quase totalidade desses produtos, 98 por cento, vieram da UE, Japão, Coreia do Sul e Indonésia.

24 Jul 2018

Comércio | Exportadores europeus alteram fluxo de bens face a taxas dos EUA

Empresas europeias que exportam a partir da China estão a mudar o fluxo global dos seus produtos, visando evitar as taxas alfandegárias que entraram em vigor nos Estados Unidos, divulgou ontem um grupo empresarial em Pequim

 

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] entrada em vigor de taxas sobre 34.000 milhões de dólares (29 mil milhões de euros) de importações chinesas está a “atingir imediatamente” empresas que dependem do fluxo internacional de componentes, segundo Mats Harborn, presidente da Câmara de Comércio da União Europeia na China.

As empresas estão a “esforçar-se para reajustar as suas cadeias de fornecimento”, para que bens com destino aos EUA não passem pela China, detalhou Harborn, em conferência de imprensa. O responsável detalhou que uma das empresas mudou o acabamento dos seus produtos da China para uma nova unidade nos EUA.

Trata-se da primeira de uma série de medidas retaliatórias de Washington contra alegadas “tácticas predatórias” por parte de Pequim, que visam o desenvolvimento do seu sector tecnológico.

As taxas, sobre equipamento médico, electrónico e outros produtos abarcam as exportações a partir da China por empresas chinesas, norte-americanas ou europeias. Os governos europeus criticaram os métodos de Trump, mas resistiram aos esforços da China de os recrutar como aliados na disputa.

Gestão de risco

As taxas alfandegárias são “um instrumento perigoso e muito incisivo” para a resolução de disputas, afirmou Harborn. “Nós partilhamos das mesmas preocupações que os Estados Unidos. Mas há formas melhores e menos arriscadas de lidar com os problemas”, acrescentou.

Na segunda-feira, empresas chinesas e alemãs, incluindo a Volkswagen e BASF, assinaram acordos no valor de 20 mil milhões de euros, durante uma visita a Berlim do primeiro-ministro chinês, Li Keqiang.

Harborn disse que um fornecedor europeu de tecnologia ambiental recebeu um contrato do Governo chinês, em detrimento de um rival norte-americano.

No mesmo dia, o fabricante de automóveis BMW disse que vai aumentar os preços de veículos na China montados nos EUA, depois de Pequim retaliar com o aumento em 25 por cento das taxas sobre automóveis importados do país, para 40 por cento.

A China é o maior mercado automóvel do mundo.

11 Jul 2018

Comércio | Pequim pede à França que reduza restrições à exportação

O primeiro-ministro chinês pediu ao seu homólogo francês que reduza as restrições à exportação de produtos de alta tecnologia e crie um contexto “mais transparente” para os investidores chineses, informou ontem a agência estatal Xinhua

 

[dropcap style≠’circle’]L[/dropcap]i Keqiang e Edouard Philippe reuniram-se segunda-feira em Pequim durante uma visita oficial do primeiro ministro-francês, que também se encontrou com o Presidente chinês, Xi Jinping, para abordar as relações bilaterais e alcançar diversos acordos.

Durante a reunião, o primeiro-ministro chinês assegurou que ambas as partes devem facilitar o comércio e o investimento, tendo pedido a Paris que reduza as restrições às exportações chinesas de alta tecnologia. Li Keqiang recordou que Pequim não persegue o ‘superavit’ comercial, pelo que as relações económicas e comerciais devem realizar-se de acordo com as regras do mercado e dos princípios comerciais.

O governante chinês sublinhou o seu desejo de que o bloco europeu se converta num aliado para salvaguardar as normas internacionais, o livre comércio e o multilateralismo, abordando em conjunto questões globais como as mudanças climáticas.

Pela abertura

O primeiro-ministro francês afirmou que o seu país está disposto a trabalhar com a China para se oporem ao proteccionismo e ao unilateralismo, pedindo uma maior cooperação em vários sectores, como a indústria aeroespacial e a energia nuclear. O encontro serviu também para que ambos os países firmassem vários acordos para melhorar a cooperação bilateral em matérias energéticas, tecnológicas, alimentares e médicas.

A visita oficial do primeiro-ministro francês coincidiu com a realização em Pequim de conversações ao mais alto nível entre representantes da União Europeia e da China, em que ambas as partes criticaram as medidas proteccionistas unilaterais dos Estados Unidos.

27 Jun 2018

Crime | Pequim combate equipamentos falsificados do Mundial 2018

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s serviços de alfândega chineses apreenderam um considerável lote de roupas desportivas pirateadas alusivas ao Campeonato do Mundo de Futebol 2018, de acordo com notícia veiculada pela Xinhua.

A Alfândega de Ningbo, na Província de Zhejiang, no leste da China, anunciou na segunda-feira a apreensão de 1.800 equipamentos falsificados de futebol supostamente com o selo oficial da FIFA, além de 14.844 pares de ténis falsificados das marcas Adidas e Nike. A autoridade aduaneira contactou a FIFA para verificação da falsificação.

A alfândega na cidade de Yiwu, também em Zhejiang, apreendeu 288 bolas falsificadas. As bolas não tinham marca, mas estavam impressas com padrões que se assemelhavam à bola oficial da Copa do Mundo e com imagens de troféus da Copa do Mundo e escritos dizendo “Rússia 2018”.

Yiwu é conhecida como o “supermercado mundial” devido ao grande fluxo comercial de produtos de retalho. Segundo a Xinhua, os inspectores alfandegários da cidade realizaram inspecções rigorosas contra pirataria e organizaram campanhas públicas.

A alfândega de Hangzhou, na capital provincial, disse que vai impor multas aos exportadores.

As alfândegas junto das principais bases de produção orientadas para a exportação da China, incluindo as províncias de Zhejiang, Guangdong e Hubei, iniciaram uma luta contra a falsificação de produtos do Mundo 2018 em Março. Na segunda-feira, as autoridades aduaneiras de Hangzhou apreenderam 32.398 produtos que violavam os direitos de propriedade intelectual da competição que decorre na Rússia.

27 Jun 2018

Comércio | Pequim ameaça anular acordos caso EUA avancem com taxas alfandegárias

[dropcap style=’circle’] A [/dropcap] China renovou ontem a ameaça de invalidar qualquer acordo comercial com os Estados Unidos, na véspera de Washington anunciar uma lista de produtos chineses que serão submetidos a taxas alfandegárias. “Já tornámos claro que caso os EUA avancem com sanções comerciais, incluindo a imposição de taxas alfandegárias, qualquer dos acordos alcançados entre os dois lados no comércio e economia não entrarão em efeito”, afirmou o porta-voz da diplomacia chinesa Geng Shuang.
A Casa Branca anunciou, no mês passado, que iria publicar em 15 de Junho uma lista de produtos chineses, que no ano passado valeram 50.000 milhões de dólares nas exportações chinesas para os EUA, para serem penalizados com um aumento das taxas alfandegárias, em retaliação contra o que considera o sistemático roubo de propriedade intelectual norte-americana pela China.
A decisão foi anunciada apesar de Pequim concordar em “aumentar significativamente” as suas compras de produtos agrícolas e recursos energéticos norte-americanos e anunciar um corte nos impostos sobre importações de automóveis e outros bens de consumo.

Resistência chinesa
Economistas consideram que Pequim vai resistir às exigências dos EUA para que pare de subsidiar indústrias chave e garanta uma melhor protecção dos direitos de propriedade intelectual das empresas norte-americanas, as principais fontes de tensão com Washington.
A China ameaçou também anteriormente retaliar com taxas alfandegárias sobre um conjunto de produtos que no ano passado totalizaram 50.000 milhões de dólares nas exportações dos EUA para o país. Entretanto, vários exportadores chineses estão a acelerar os pedidos de ordens, pressionados por uma possível guerra comercial com Washington. “Algumas empresas aumentaram o número de ordens curtas para evitar riscos”, admitiu ontem o porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros. “No entanto, não se trata da tendência dominante e não afectará a situação do nosso país ou o desenvolvimento saudável e estável do comércio externo”, ressalvou.
Pelas contas de Washington, no ano passado, a China registou um excedente de 375,2 mil milhões de dólares – quase o dobro do Produto Interno Bruto (PIB) português – no comércio com os EUA. O Presidente norte-americano, Donald Trump, exige a Pequim uma redução do défice dos EUA em, “pelo menos”, 200.000 milhões de dólares, até 2020, visando cumprir com uma das suas principais promessas eleitorais. Trump quer ainda taxas alfandegárias chinesas equivalentes às praticadas pelos EUA e que Pequim ponha fim a subsídios estatais para certos setores industriais estratégicos.

15 Jun 2018

Comércio entre China e países de língua portuguesa subiu 25,9% até Março

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s trocas comerciais entre a China e os países de língua portuguesa atingiram 30,18 mil milhões de dólares norte-americanos no primeiro trimestre, traduzindo um aumento de 25,9 por cento em termos anuais homólogos.

Dados dos Serviços de Alfândega da China, publicados no portal do Fórum Macau, indicam que a China comprou aos países de língua portuguesa bens avaliados em 21,01 mil milhões de dólares – mais 24,3 por cento – e vendeu produtos no valor de 9,17 mil milhões de dólares – mais 29,6 por cento em termos anuais homólogos.

O Brasil manteve-se como o principal parceiro económico da China, com o volume das trocas comerciais bilaterais a cifrar-se em 21,47 mil milhões de dólares entre Janeiro e Março, um valor que representa uma subida de 27,9 por cento face a igual período do ano passado.

As exportações da China para o Brasil atingiram 7,47 mil milhões de dólares, reflectindo um aumento de 32,9 por cento; enquanto as importações totalizaram 13,99 mil milhões de dólares, mais 25,46 por cento comparativamente aos primeiros três meses do ano transacto.

Com Angola, o segundo parceiro lusófono da China, as trocas comerciais cresceram 22,4 por cento, atingindo 6,80 mil milhões de dólares.

Pequim vendeu a Luanda produtos avaliados em 481 milhões de dólares – mais 16,82 por cento – e comprou mercadorias avaliadas em 6,32 mil milhões de dólares, reflectindo uma subida de 22,8 por cento.

Com Portugal, terceiro parceiro da China no universo dos países de língua portuguesa, o comércio bilateral cifrou-se até Março em 1,34 mil milhões de dólares – mais 15,3 por cento – numa balança comercial favorável a Pequim.

A China vendeu a Lisboa bens na ordem de 815 milhões de dólares – mais 13,3 por cento – e comprou produtos avaliados em 528 milhões de dólares, mais 18,6 por cento face aos primeiros três meses do ano passado.

14 Jun 2018

Macau quer ser centro de comércio de diamantes e pedras preciosas

[dropcap style≠’circle’]M[/dropcap]acau assinou um acordo com a Bolsa de Diamantes de Xangai para ser um centro de comércio de diamantes, aproveitando o papel de plataforma entre a China e os países lusófonos, que têm matéria-prima em pedras preciosas.

O acordo de cooperação foi assinado no final da semana passada entre o Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM) e a Bolsa de Diamantes de Xangai para desenvolver a indústria de diamantes e jóias no território, diz o IPIM em comunicado.

“As redes doméstica e internacional já estabelecidas pela Bolsa de Diamantes de Xangai, os recursos de matérias-primas abundantes de pedras preciosas dos países de língua portuguesa” e o turismo da região são os principais factores que, de acordo com o IPIM, vão contribuir para o desenvolvimento da indústria da joalharia de Macau.

Na assinatura do acordo estiveram presentes, entre outros, a vice-ministra do Comércio da China, Gao Yan, o secretário para a Economia e Finanças de Macau, Lionel Leong, o presidente do IPIM, Jackson Chang, e o presidente da Bolsa de Diamantes de Xangai, Lin Qiang.

Segundo o IPIM, Xangai é já um “dos cinco maiores centros de negócios de diamantes no mundo, juntamente com Antuérpia, Nova Iorque, Bombaim [Mumbai] e Joanesburgo”

“A Bolsa de Diamantes de Xangai constituiu a segunda maior plataforma de importação de diamantes mundial, cujo valor de transações ultrapassam os cinco mil milhões de dólares”, apontou o IPIM.

12 Jun 2018

Comércio | Pequim reduz limite ao investimento estrangeiro

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China está a elaborar novas listas para o acesso do investimento estrangeiro ao mercado, de acordo com informação veiculada pelo Ministério do Comércio. As restrições à energia, recursos, infra-estruturas, transporte, circulação do comércio e serviços serão removidas ou relaxadas nas próximas listas, disse Gao Feng, numa conferência de imprensa.

O país já havia anunciado medidas para liberalizar os sectores de finanças e automóveis.

Gao disse que o Ministério do Comércio, junto com outras agências do Governo, está acelerar esforços na elaboração de duas listas, que devem ser divulgadas e implementadas antes do final de Junho. Uma para a implementação nacional e outra para zonas piloto de livre comércio.

Haverá um período de transição para algumas indústrias e medidas específicas serão introduzidas para a abertura nos próximos anos, acrescentou.

A China estabeleceu uma série de medidas para ampliar significativamente o acesso ao mercado desde o início de 2018, ano que marca o 40º aniversário da política de reforma e abertura do país.

O investimento estrangeiro na China bateu um novo recorde de 877,56 bilhões de yuans em 2017, o que representou um aumento de 7,9 por cento em termos anuais.

1 Jun 2018

Comércio | Casa Branca comunica ao Congresso que chegou a acordo com a ZTE

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Casa Branca comunicou ao Congresso que chegou a acordo com o grupo de telecomunicações chinês ZTE, o que vai permitir à empresa continuar a operar nos EUA, revelou fonte conhecedora do processo, sob anonimato.

A notícia foi dada pela agência noticiosa AP, que avançou que a resolução do caso ZTE pode facilitar o caminho para um acordo sino-norte-americano nas negociações comerciais. Sob o acordo, a ZTE vai despedir a sua equipa de gestão, contratar funcionários norte-americanos e pagar uma multa.

Esta penalização vai acrescentar-se aos mil milhões de dólares (858 milhões de euros) que a ZTE já pagou por ter vendido equipamentos à Coreia do Norte e ao Irão em violação das sanções impostas pelos EUA. Por seu lado, o Departamento do Comércio dos EUA vai levantar a interdição à compra de componentes de que a firma necessita a empresas norte-americanas, que deveria durar sete anos. A interdição, imposta no início deste mês, ameaçava acabar com a ZTE.

28 Mai 2018