Maior grupo de terra rara chinês é formado para impulsionar indústria

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] aquisição e a integração da empresa para formar o Grupo de Terra Rara do Sul da China foram autorizadas por um painel de especialistas, disseram as autoridades na quarta-feira.
O grupo foi estabelecido pelo Grupo de Terra Rara de Ganzhou, Grupo de Cobre de Jiangxi e Grupo de Terra Rara e Metais Raros de Tungsténio de Jiangxi em Abril de 2015 em Ganzhou, Província de Jiangxi, como parte das medidas para promover a integração de recursos ao integrar empresas para formar entidades maiores.
Segundo Li Zhuxing, vice-presidente de Grupo da Terra Rara de Ganzhou, o trabalho de fusão do grupo passou pela avaliação de especialistas durante uma conferência de inspecção organizada pela Comissão de Indústria e Tecnologia da Informação de Jiangxi na segunda-feira.
Com um investimento de mil milhões de yuans, o grupo realizou a fusão de 24 empresas de terra rara e formou uma cadeia industrial completa incluindo exploração, fundição, processamento, comércio e pesquisa.
O grupo impulsiona a capacidade de explorar 43.600 toneladas de terra rara crua por ano e fundir e separar 59.200 toneladas dos minerais anualmente.
Zhang Fengkui, funcionário da Associação de Indústria de Terra Rara da China, disse que a formação do grupo pode reestruturar a indústria e melhorar a eficiência da utilização de recursos.

Na frente

A China é o maior produtor e exportador de terra rara do mundo. Estima-se mesmo que cerca de 97% destas terras sejam produzidas na China mas a indústria tem uma série de problemas, tais como mineração ilegal, contrabando e falta de competitividade devido a fraca pesquisa e desenvolvimento. A exploração excessiva também causou danos ambientais mas, devido à diminuição das quantidades exportadas, outros países têm vindo a incrementar a extracção de terras raras.
Em 2011, o Conselho de Estado da China emitiu uma directriz para melhorar a gestão da indústria, incluindo o combate à mineração ilegal e o incentivo de fusões.
As terras raras ou metais de terras raras são um grupo relativamente abundante de 17 elementos químicos. As principais fontes económicas de terras raras são os minerais monazite, bastnasite, xenótimo e loparite e as argilas lateríticas que absorvem iões.
As suas propriedades químicas e físicas são utilizadas numa grande variedade de aplicações tecnológicas e estão incorporadas em supercondutores, magnetos e catalisadores, entre outros. Foram também muito usadas em tubos de raios catódicos para televisores e computadores.

1 Jul 2016

Pequim sabe que Portugal aguarda mais investimento chinês

O IPIM levou a Lisboa e ao Porto 30 empresários do “Grupo 9+2” (nove regiões chinesas, Macau e Hong Kong) e o resultado provável será mais investimento chinês em Portugal, país que o embaixador chinês, Cai Run, considera uma “terra de maravilhas, dotada de excelente localização geográfica”

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Governo português “está a aguardar” a participação de empresas chinesas em diversos sectores, segundo um comunicado do Instituto da Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM) ontem divulgado.
O instituto levou na semana passada a Lisboa e ao Porto 30 empresários do designado “Grupo 9+2”, que engloba nove regiões chinesas, Macau e Hong Kong, que formam a Região do Pan-Delta do Rio das Pérolas, para impulsionar “o intercâmbio e a cooperação”.
Na passagem por Lisboa, os empresários encontraram-se com o embaixador da China, Cai Run, que, segundo o mesmo comunicado, “sublinhou que o Governo português está a aguardar a participação das empresas chinesas nos sectores de energia, serviços financeiros, seguros, medicina, preservação da saúde, negócios marítimos, agrícola, infra-estruturas e cooperação na capacidade de produção”.
O embaixador incentivou, ainda, os empresários chineses a participarem no seminário de promoção do investimento em Portugal que terá lugar em Novembro e afirmou que considera Portugal uma “terra de maravilhas, dotada de excelente localização geográfica”.
Os empresários do “Grupo 9+2” estiveram num seminário com representantes de 30 empresas portuguesas e visitaram “empresas avançadas”, da área dos transportes e “negócios marinhos”, lê-se no mesmo texto.
Nesse seminário, o presidente do IPIM, Jackson Chang, “observou que Portugal e Macau têm profundas raízes históricas, sendo cada vez mais frequente a cooperação”, e revelou que em 2015 o comércio bilateral superou os 35 milhões de dólares norte-americanos, um aumento de 11,8%.

Oportunidades no Delta

Sempre segundo o mesmo comunicado, Jackson Chang lembrou que Pequim deu a Macau a missão de ser a ponte entre a China e os países de língua portuguesa, no âmbito da cooperação económica, e garantiu que a região está “a implementar com dinamismo” os designados “três centros” (de serviços comerciais para as pequenas e médias empresas chinesas e lusófonas; de distribuição de produtos alimentares da lusofonia; e para convenções e exposições das partes envolvidas).
“Existem boas razões para crer que foram já criadas condições para as empresas de Portugal, Macau e da Região do Pan-Delta do Rio das Pérolas colaborarem estreitamente, com vista a explorar oportunidades de negócio”, lê-se no texto.
Noutro encontro, Jackson Chang convidou a Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP) a incentivar a organização de delegações de empresários portugueses para participarem na edição deste ano da Feira Internacional de Macau (MIF, na sigla em inglês) e no conferência ministerial do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa, conhecido como “Fórum Macau”, que se realiza este ano, em Macau.
A China estabeleceu a Região Administrativa Especial de Macau como a sua plataforma para o reforço da cooperação económica e comercial com os países de língua portuguesa em 2003, ano em que foi criado o Fórum Macau, que tem um Secretariado Permanente e reúne ao nível ministerial de três em três anos.

27 Jun 2016

China |Governo incentiva investimento privado

Um estudo agora divulgado revela que a desaceleração económica, a redução de capacidade, a implementação insuficiente de políticas e dificuldades de financiamento têm emperrado o investimento privado mas Li Keqiang não quer nada disso e pediu a todos os níveis de governação para agilizarem o processo, pois só assim “será possível um crescimento económico estável”. Afinal de contas, o sector é responsável por 60% do PIB e 80% dos empregos

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] governo chinês vai tomar uma série de medidas para incentivar o investimento privado no país, libertando ainda mais o potencial das empresas do sector privado.
O primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, pediu na quarta-feira aos departamentos dos governos central e locais que tomem acções concretas para impulsionar o investimento privado, depois de ouvir relatórios de uma investigação relacionada com uma reunião executiva do Conselho de Estado, presidida por Li.
Durante a reunião, o primeiro-ministro pediu ao governo de todos os níveis que prestem atenção aos problemas revelados na investigação, especialmente as dificuldades das empresas privadas de financiamento, assim como as taxas administrativas excessivas.
Keqiang enfatizou que o investimento privado é de importância crítica para a China manter um crescimento económico estável, garantir emprego e reformar a estrutura económica.

A pente fino

Uma missão nacional de inquérito sobre a desaceleração no investimento privado foi iniciada pelo Conselho de Estado há um mês, cobrindo 30 províncias e regiões.
Mais de 500 empresas foram envolvidas e mais de 10 mil questionários sobre a implementação das políticas de investimento privado foram distribuídos na pesquisa.
Os principais factores que causaram o declínio no investimento privado são: pressão de desaceleração económica, redução excessiva de capacidade, implementação insuficiente de políticas, e as dificuldades de financiamento das pequenas empresas privadas locais.
Durante a reunião, Li assinalou que tratar adequadamente das relações entre o governo e o mercado, além de aprofundar reformas, é vital para impulsionar o investimento privado.
“O governo deve cumprir com seus deveres, mas não deve abusar do seu poder”, disse.
Mais medidas devem ser divulgadas pelo Conselho de Estado para solucionar os problemas acima mencionados das empresas privadas, como melhorar o acesso ao crédito, aumentar o apoio institucional aos programas de parceria público-privada local (PPP), reduzir custos administrativos e ampliar ainda mais o acesso ao mercado.
O investimento privado tem desempenhado um papel vital no desenvolvimento económico da China nos últimos anos. Agora responde por 60% do Produto Interno Bruto (PIB) do país, 80% dos empregos, mais de metade da receita de impostos, assim como 67% do investimento directo chinês no exterior.

24 Jun 2016

China e Polónia com ligação ferroviária

Xi e Duda juntaram-se para esperar o comboio que agora liga a China à Polónia. Uma viagem de quase duas semanas que substitui mais de um mês por mar. Mais um passo no mapa “Uma Faixa, Uma Rota” e uma oportunidade para trincarem umas maçãs polacas, que a Rússia não quis e a China compra

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] Presidente da China, Xi Jinping, e o seu homólogo polaco, Andrzej Duda, saudaram na segunda-feira a chegada a Varsóvia de um comboio de mercadorias chinês, simbolizando o reforço da cooperação económica entre os dois países.
Os dois estadistas assistiram lado a lado ao fim da travessia de 13 dias do China Railway Express, que partiu de Chengdu, capital da província de Sichuan.
Cerca de 20 comboios de mercadorias fazem semanalmente a viagem entre a China e a Polónia, transportado produtos electrónicos, alimentos, bebidas alcoólicas e peças para automóveis.
Lançada em 2013, a viagem demora entre 11 e 14 dias, uma fracção do tempo despendido pelo transporte marítimo, que é feito entre 40 e 50 dias.
Trata-se de uma das mais extensas ligações ferroviárias do mundo e faz parte da iniciativa chinesa “nova Rota da Seda”, um gigantesco plano de infra-estruturas que pretende reactivar a antiga Rota da Seda entre a China e a Europa através da Ásia Central, África e sudeste asiático.

Maçã polaca é boa

Especialistas consideram que Varsóvia quer utilizar a ligação para corrigir um crónico desequilibro na balança comercial, reforçando as exportações de produtos agrícolas, como leite, carne e maçãs.
A Polónia é o maior parceiro comercial da China no leste da Europa e, em 2015, as trocas comerciais somaram 15,2 mil milhões de euros, segundo dados oficiais chineses.
Xi e Duda mastigavam também uma rosada maçã polaca, à medida que o comboio chegava.
A Polónia, um dos maiores produtores de maçãs da União Europeia, tem sido gravemente afectada pela decisão da Rússia de proibir a importação de frutas do país, como retaliação às sanções impostas pela União Europeia a Moscovo, em 2014, devido à crise na Ucrânia.
Os acordos assinados durante a visita de Xi permitem ao país começar a exportar maçãs para a China.

Olhai para o BAAI

Xi Jinping urgiu ainda a Polónia a “tirar máximo proveito da sua posição como membro fundador do Banco Asiático de Investimento em Infra-estruturas” (BAAI).
Visto inicialmente em Washington como um concorrente ao Banco Mundial e ao Fundo Monetário Internacional (FMI), duas instituições sediadas nos EUA e habitualmente lideradas por norte-americanos e europeus, o BAAI acabou por suscitar a adesão de mais de vinte países fora da Ásia, incluindo Portugal.
Das grandes economias mundiais, apenas os EUA e o Japão ficaram de fora.
Referindo-se ao BAAI como o “maior fundo de investimentos do mundo”, o vice primeiro-ministro da Polónia, Mateusz Morawiecki, disse aos jornalistas que Varsóvia está a discutir “investimentos enormes” com Pequim.
“É ainda cedo para dizer que chegamos a algum tipo de conclusão”, afirmou, revelando apenas que estão envolvidos “milhares de milhões”.
Lusa|HM

22 Jun 2016

Director de banco chinês suspenso após vergastar funcionários

[dropcap style=’circle’]U[/dropcap]m vídeo com funcionários de um banco chinês a levarem vergastadas devido a má prestação numa sessão de treino tornou-se viral, despertando indignação popular e a suspensão do director do banco, avançou ontem a imprensa local.
O vídeo mostra oito empregados – quatro mulheres e quatro homens – alinhados num palco e a serem questionados pelo homem porque é que tinham ficado em últimos numa competição.
Depois de ter ouvido respostas como “falhei em superar-me a mim próprio” e “falta de coesão”, o director berra: “Preparem esses rabos!” e desata a bater-lhes com o que parece ser um espesso pau de madeira.
Uma das mulheres, que se tenta proteger com as mãos, é ordenada que as retire, e grita ao ser atingida.
Os jornais chineses citaram ainda empregados do Changzhi Zhangze Rural Commercial Bank, que pediram para não serem identificados, e que dizem que outros funcionários foram forçados a rapar o cabelo como castigo.
O vídeo suscitou reacções furiosas depois de ter sido colocado ‘online’ no domingo.
O instrutor “deve ser doente”, comentou um internauta no Sina Weibo, o Twitter chinês, afirmando que os trabalhadores apenas têm uma relação de contratado e contratador com o banco.
“Eles não são escravos dos tempos antigos”, afirmou.
Outro internauta acusou o homem de ser um pervertido e defendeu que os “funcionários têm dignidade”.
O Beijing Times avançou na terça-feira que altos quadros locais, incluindo o director e o chefe do Partido Comunista no banco, uma instituição de crédito rural em Changzhi, na província de Shanxi (norte), foram suspensos por terem falhado “em controlar o programa de treino”.
As autoridades locais exigiram também ao instrutor, contratado a uma consultora de Xangai, para que peça desculpas publicamente “pelo seu comportamento inapropriado”.
 

22 Jun 2016

Cantão quer mais investimento dos PLP

O Governador de Cantão veio a Macau dizer não se importar de ver mais investimento lusófono na província mas o prato forte era mesmo a Zona de Comércio Livre de Cantão, concebida “a apontar para todo o mundo”. Quanto a Macau, Zhu Xiaodan quer ”aproveitar a sua vantagem como plataforma entre a China e os PLP”

[dropcap syle=’circle’]O[/dropcap] governador de Cantão, Zhu Xiaodan, disse ontem em Macau que aquela província está atenta aos investimentos dos países de língua portuguesa e espera que estes venham a aumentar.
“A nossa província dá muita atenção aos países de língua portuguesa, aos investimentos desses países e também aos dos países latinos e dos países africanos. Esperamos ter mais investimentos desses países na província”, disse.
O governador de Cantão falava aos jornalistas à margem da conferência conjunta de cooperação Cantão-Macau – a primeira realizada desde a aprovação do 13.º Plano Quinquenal (2016-2020) pelo governo central chinês –, durante a qual foram assinados 12 protocolos de cooperação.

Plataforma para o mundo

Antes, Zhu Xiaodan falou da Zona de Comércio Livre de Cantão, um projecto-piloto que começou a ser estudado depois do lançamento, em 2013, da zona de comércio livre de Xangai e que compreende três zonas: Nansha, em Cantão, Qianhai, em Shenzhen, e a Ilha da Montanha (Zhuhai), num total de 116,2 quilómetros quadrados.
Das três zonas, a Ilha da Montanha é a que está mais próxima de Macau e onde, por exemplo, está instalada a Universidade de Macau e vai ser criado o Parque Científico e Industrial de Medicina Tradicional Chinesa.
“Iremos ter a nossa zona de comércio livre a apontar para todo o mundo, iremos ainda maximizar o papel que a baía de Daguang (em Jiangmen) vai desempenhar na zona Delta do Rio das Pérolas, promovendo a cooperação de diferentes zonas integradas no Delta dos Rio das Pérolas”, afirmou.
“E para além disso, vamos também aproveitar a vantagem de Macau como plataforma entre a China e os países de língua portuguesa. Mediante a cooperação estreita com Macau, iremos também promover este papel da RAEM a um nível diferente”, acrescentou.
Por outro lado, salientou que a estratégia nacional sob o mote “Uma Faixa, uma Rota” leva Cantão e Macau “a atingirem outro patamar de cooperação”.
“Uma Faixa, uma Rota” é a versão simplificada de “Faixa Económica da Rota da Seda e da Rota Marítima da Seda para o Século XXI”, o projecto de investimento impulsionado pela China para reforçar a sua posição como centro comercial e financeiro da Ásia.
Nesse âmbito, sublinhou o interesse “em cooperar com as grandes empresas locais para em conjunto ponderar a construção de zonas industriais” e em “intensificar a cooperação na indústria do turismo, no sentido de apoiar Macau para que seja o centro mundial de turismo de lazer”.

Venham a nós os jovens

Zhu Xiaodan referiu ainda os esforços para aumentar o intercâmbio entre os jovens de Macau: “Vamos criar uma base de informação de empreendedorismo, nomeadamente de Nansha, e assim proporcionar uma plataforma para os jovens de Macau entrarem no mercado de Cantão. Vamos promover a criação de um fundo de inovação e também formar quadros qualificados e convidar entidades de avaliação de risco para os apoiar”, disse.
O Chefe do Executivo, Chui Sai On, também referiu o reforço da cooperação com as cidades integradas na Zona de Comércio Livre de Cantão.
“Esperamos que os jovens possam aproveitar as oportunidades nessas zonas”, afirmou.

22 Jun 2016

Banco de investimento revê crescimento em baixa

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] China International Capital Corp. (CICC), um dos principais bancos de investimento da China, reviu ontem em baixa a previsão do crescimento do país, em 2016, de 6,9% para 6,7%, segundo a agência oficial Xinhua.
O ajustamento “deve-se, sobretudo, a uma recuperação da economia mundial mais lenta do que o previsto”, afirmou a instituição, em comunicado.
A mesma nota refere que o índice de consumo deverá manter-se “estável”, enquanto “o investimento público deve crescer acima do investimento privado”.
Já as exportações continuarão “débeis” na segunda metade do ano, devido “a incertezas políticas na Europa e nos Estados Unidos da América”.
O CICC prevê ainda que a inflação se mantenha nos 1,9%, em 2016, com o índice de preços ao consumidor a registar uma tendência negativa nos próximos meses, antes de recuperar no final do ano.
“Nós mantemos a nossa previsão de que as taxas de juro não sofrerão mais cortes, em 2016, e reduzimos a previsão de cortes no coeficiente de reservas obrigatórias de quatro para um”, lê-se no comunicado.

21 Jun 2016

China | Inédita aldeia democrática protesta por detenção do chefe

[dropcap style≠’circle’]M[/dropcap]ilhares de manifestantes apelaram no domingo à libertação do chefe local na localidade chinesa de Wukan, que em 2012 elegeu o comité de aldeia através de eleições por sufrágio directo, após uma rebelião popular, numa experiência inédita na China.
Lin Zulian foi detido por alegado desvio de fundos públicos, dias após ter anunciado nas redes sociais que iria organizar uma petição ao governo local contra a apropriação ilegal de terras.
No domingo, os manifestantes percorreram as ruas da aldeia, exigindo a libertação de Lin, segundo descreve a imprensa chinesa.
Os manifestantes acreditam que as acusações contra Lin foram “fabricadas”, visando impedir a aldeia de avançar com a petição.
Com 15.000 habitantes, aquela localidade costeira do sul da China foi notícia em 2012, quando protagonizou uma das mais celebradas experiências democráticas da China.
Após uma rebelião popular, que culminou com a demissão dos líderes locais, acusados de corrupção, elegeu um novo comité de aldeia por sufrágio directo.
Lin Zulian, que encabeçou os protestos, foi nomeado chefe local com 6.205 votos, num total de 6.812 eleitores, substituindo um homem de negócios que era acusado de roubar terras para as vender a promotores. Em 2014, foi reeleito com 5.000 de 8.000 votos possíveis.

A culpa é dos estrangeiros

Em editorial, um jornal oficial do Partido Comunista da China (PCC) considera ontem que o caso de Wukan foi “politizado” por observadores estrangeiros, que o “associaram à democracia de base e às relações entre autoridades e o povo”.
“É uma visão simplista. O ponto crucial do problema em Wukan são as disputas em torno das terras e propriedade”, escreve o Global Times, jornal de língua inglesa do grupo do Diário do Povo, órgão central do PCC.
O jornal reconhece que os residentes em Wukan “não tinham confiança no comité anterior”, mas que “as disputas não podem ser resolvidas meramente através de meios democráticos”.
“As disputas em Wukan serão eventualmente resolvidas de acordo com a lei e apenas as exigências legítimas dos aldeões poderão ser atendidas”, defende.
Na China, um país onde o “papel dirigente” do PCC é um “princípio cardial”, só os comités de aldeia são escolhidos por sufrágio directo, em eleições competitivas.
Em Wukan, no entanto, até à rebelião de 2011, os membros do comité eram escolhidos pelos dirigentes comunistas, à porta fechada.

21 Jun 2016

Inquérito | Mais de 60% das famílias ricas chinesas querem emigrar

São ricos e sonham emigrar para Portugal, Estados Unidos ou Canadá. As restrições à fuga de capitais contornam-se muitas vezes recorrendo ao mundo offshore

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]ma pesquisa recente do Banco da China revelou que 60% dos chineses com uma fortuna superior a 1,3 milhões de euros (quase 12 milhões de patacas) estão no processo de emigrar ou a considerar fazê-lo. Estados Unidos da América e Canadá são os destinos de eleição, mas desde o início da crise na zona euro vários países europeus criaram programas destinados a atrair esta imigração “dourada”. Portugal não é excepção. Os cidadãos chineses compõem 87% dos estrangeiros que investem no âmbito da Autorização de Residência para Investimento (ARI) – os chamados vistos ‘Gold’ – instituída em 2012.
“Querem levar os filhos para fora daqui”, explicou à Lusa o advogado português Tiago Mateus, que presta em Pequim serviços de consultoria para investidores chineses. “Acima de tudo, procuram países sem poluição e com mais liberdades”, disse. No caso de Portugal, são ainda atraídos pela “hospitalidade dos portugueses”, o “livre acesso ao Espaço Schengen” e a “segurança”.
O abrandamento económico, a actual volatilidade no mercado financeiro e a campanha anti-corrupção actualmente em curso no país estimularam ainda mais o desejo de adquirir activos além-fronteiras. “Sentem-se agora mais seguros com o dinheiro na Europa”, disse Mateus.
No último ano e meio, o país asiático registou uma fuga de capitais privados recorde, estimada pela agência de ‘rating’ Fitch em um bilião de dólares. Pequim limita a quantia que pode ser transferida além-fronteiras, anualmente, por pessoa, a 50.000 dólares, mas existem formas (legais ou não) de contornar as restrições.
Segundo vários empresários ouvidos pela Lusa, pedir a familiares ou amigos para transferirem parte do dinheiro será a via mais utilizada. Um outro esquema recorre ao sistema financeiro Hong Kong, mais aberto e desregulado do que o da China continental. Através da subfacturação de bens exportados a partir do território ou da subvalorização das importações, é possível obter dinheiro extra em moedas estrangeiras junto dos bancos chineses. O capital é depois depositado em contas “offshore” registadas localmente, e a partir daí movimentado para qualquer parte do mundo.
Junto segue, mais tarde, a família, na procura por uma qualidade de vida que, na China, nem o dinheiro pode comprar.

Problemas de Terceiro Mundo

Na China, o êxodo de famílias abastadas para o ocidente é um fenómeno em crescimento, expondo as contradições de um país onde, apesar do sucesso económico ímpar, persistem problemas ‘terceiro-mundistas’ e um Estado autoritário. Durante as últimas três décadas, a economia chinesa avançou, em média, quase 10% ao ano, tornando-se a segunda maior do mundo.
No entanto, a corrupção, níveis de poluição, e escândalos de saúde pública terão aumentado ainda mais. As principais cidades do país, repletas de arranha-céus e equipadas com modernas infra-estruturas, são regularmente cobertas por um espesso manto de poluição. Fragilidades internas, como a recente descoberta de uma rede de venda ilegal de vacinas, parecem também obscurecer a rápida ascensão internacional do país.
Em 2008, ano em que Pequim acolheu uma memorável edição dos Jogos Olímpicos, por exemplo, a adulteração de leite infantil com melanina por 22 marcas locais resultou na morte de seis bebés e em 300 mil intoxicações. Perante estes paradoxos, a estagnação económica que afecta o ocidente parecerá um mal menor para as classes abastadas do país.

20 Jun 2016

Hong Kong | Sequestrador de herdeira milionária condenado

[dropcap style=’circle’]U[/dropcap]m membro de um grupo que sequestrou uma herdeira de um milionário em Hong Kong foi ontem condenado a 12 anos de prisão.
Queenie Rosita Law, de 29 anos, neta do falecido magnata dos têxteis Law Ting-pong, que fundou a cadeia de vestuário Bossini, foi levada de sua casa, na antiga colónia britânica, em Abril do ano passado.
A mulher foi mantida numa gruta numa montanha e os familiares pagaram um resgate de 28 milhões de dólares de Hong Kong para que fosse libertada.
Zheng Xingwang, de 30 anos, foi o único suspeito levado a tribunal em Hong Kong. Declarou-se culpado da acusação de levar/deter uma pessoa à força, com a intenção de procurar obter um resgate.
Outros oito homens foram levados à justiça no interior da China, onde também se declararam culpados, estando a aguardar o veredicto.
“O sequestro é um crime perverso e abominável”, afirmou o juiz Kevin Zervos, aquando da leitura da sentença.
Zheng Xingwang, que é natural do interior da China, facultou apoio logístico e material para o resgate, segundo foi dito em tribunal.
Queenie Rosita Law e o namorado estavam a dormir em casa quando um grupo de seis homens invadiu a propriedade, amarrou-os e colocou-lhes fita adesiva na boca, segundo a descrição ouvida em tribunal.
Apesar de os sequestros serem raros em Hong Kong foram registados vários casos envolvendo altas figuras, incluindo o filho do magnata Li Ka-shing, em 1996, que foi libertado depois de o seu pai ter alegadamente pagado um resgate de mil milhões de dólares de Hong Kong.

17 Jun 2016

Mulher e filho de ex-ministro condenados por corrupção

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap] mulher e o filho do ex-chefe da Segurança da China Zhou Yongkang, condenado no ano passado à prisão perpétua por corrupção, foram punidos com nove e 18 anos na cadeia, respectivamente, pelo mesmo crime.
Zhou Bin, filho do mais alto líder chinês condenado por corrupção desde a fundação da China comunista, foi declarado culpado de aceitar subornos e realizar operações empresariais ilegais, segundo a agência oficial Xinhua, que cita um tribunal de Hubei.
Terá ainda de pagar uma multa fixada em 350,2 milhões de yuan.
A esposa de Zhou, Jia Ziaoye, de 46 anos, foi também multada em um milhão de yuan, por aceitar subornos, segundo o jornal oficial Global Times.
Zhou Yongkang, que entre 2002 e 2007 foi responsável pelo poderoso Ministério da Segurança Pública, incluindo polícia, tribunais e polícia secreta, foi condenado no ano passado.
No início deste ano, Li Dongsheng, um antigo vice-ministro da Segurança e aliado de Zhou, foi punido com 15 anos de prisão por aceitar subornos.
Li foi apresentador da televisão estatal CCTV durante muitos anos, tendo assumido directamente uma posição importante no ministério, apesar de não ter experiência em questões de segurança.
Também a esposa de Zhou Yongkang trabalhou para a CCTV.

17 Jun 2016

Dívida da China é mais do dobro do PIB

A semana passada o FMI tinha alertado para o perigo da dívida chinesa. Esta semana é um próprio economista do Governo que veio a público confirmar os receios. O sector estatal é o que mais contribui para o caos. A culpa é do facilitismo dado ao crédito para promover crescimento

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] montante total de empréstimos na China atingiu mais do dobro do Produto Interno Bruto (PIB), em 2015, afirmou ontem um economista do governo, considerando que o crédito disponibilizado pelo Estado ao sector corporativo pode revelar-se “fatal”.
A dívida da China tem explodido à medida que Pequim tornou o crédito mais barato e acessível, num esforço para incentivar o crescimento económico.
Enquanto o estímulo é visto como positivo para melhorar os números de crescimento a curto prazo, muitos analistas apontam para a insustentabilidade deste modelo.
No final do ano passado, o endividamento do “gigante” asiático atingiu os 168,48 biliões de yuan, o equivalente a 249% do PIB, segundo Li Yang, investigador da Academia de Ciências Sociais da China.
Fontes ocidentais estimam um valor superior.
Em meados de 2014, a consultora McKinsey Group afirmou que, no conjunto, o endividamento da China atingiu os 28 biliões de dólares.

O buraco das estatais

Segundo Li, o maior risco reside no sector corporativo não financeiro, no qual a proporção da dívida em relação ao PIB é estimada em 156%, incluindo as dívidas contraídas por mecanismos de financiamento dos governos locais.
“Muitas das companhias em questão são empresas estatais que contraíram grandes empréstimos em bancos públicos, podendo implicar riscos sistémicos para a economia”, acrescentou.
“O mais grave na [dívida] corporativa não financeira da China é que, se houver problemas com esta, o sistema financeiro chinês sentirá problemas imediatamente”, realçou Li.
O problema afectará também os cofres do Estado, porque os bancos chineses estão “estreitamente vinculados ao governo”.
“É uma questão fatal para a China. Devido a esta ligação, é provavelmente mais urgente para a China do que para outros países resolver a questão da dívida”, afirmou.

FMI já tinha avisado

17 Jun 2016

Único museu do país dedicado à Revolução Cultural silenciado

Em 2005, Pen Qian, um antigo ajudante do presidente da câmara de Shantou, ao saber que muitas das vítimas dos linchamentos dos guardas revolucionários foram enterrados na zona, construiu o museu. Ao reformar-se entregou a gestão ao governo. Agora foi tapado por cartazes de propaganda comunista e, no local, polícias à paisana disfarçados de turistas, impedem a imprensa de fotografar e filmar e interrogam os jornalistas que se aproximam

[dropcap style=’circle’]S[/droopcap]ituado numa montanha nos arredores da cidade de Shantou está o único museu da China que presta homenagem às vítimas da Revolução Cultural (1966-1976), um local que neste ano, quando o início do movimento completa 50 anos, foi silenciado e passou a correr perigo.
Não é tarefa simples chegar ao museu. Os guias de viagens poucas informações dão e não há placas indicativas ao longo da estrada que leva ao Tashan Park, um parque natural de espessa vegetação onde está o memorial. Para passar despercebido, o museu tem aspecto de templo tradicional, embora nem muros ou lápides mostrem imagens budistas, mas sim os nomes de mais de 300 pessoas acusadas de serem “contra-revolucionários” durante os anos 60 e 70.
Logo na está uma estátua e um retrato, respectivamente, de Yu Xiqu, um prestigiado juiz local que sofreu, como outros aí mencionados, graves abusos por parte dos guardas vermelhos.
A 16 de Maio deste ano foi comemorado, com quase total silêncio da imprensa oficial e das instituições, o 50º aniversário do início daquele período turbulento e, desde então, todo o museu foi tapado por cartazes de propaganda comunista.
Na entrada, sobre o cartaz que indica que ali fica o museu é possível ler outro que diz “Acto de promoção dos valores nucleares do socialismo”. Alusões ao “Sonho Chinês”, o mantra ideológico do actual presidente Xi Jinping, repetem-se nas paredes forradas de cartazes, decoradas com foices e martelos e imagens da porta da Praça da Paz Celestial.
Não é fácil observar outros detalhes, já que polícias à paisana, que se fazem passar por turistas, tentam impedir a imprensa de fotografar e filmar o lugar, e interrogam os jornalistas que se aproximam.

Existir é milagre

O museu foi construído em 2005 e é quase um milagre continuar de pé mais de dez anos depois, tendo em conta que, embora o governo chinês reconheça oficialmente, após a morte de Mao Tsé-tung, que a Revolução Cultural foi um erro, evite relembrá-lo publicamente e, menos ainda, citar as vítimas concretas. Neste caso, foi um líder comunista local que decidiu criar o museu. Peng Qian, um antigo ajudante do presidente da câmara de Shantou, construiu o espaço e foi o que, possivelmente, salvou a estrutura de ser demolida.
Contou Peng que decidiu criar um lugar para homenagear um assunto tão delicado na China, após ficar a saber que muitas das vítimas dos linchamentos dos guardas revolucionários foram enterradas na Montanha Pagoda.
Nos primeiros anos de funcionamento, o museu chegou a atrair uma certa atenção dos média, e até recebeu doações milionárias para a sua manutenção. Todavia, em 2014, pouco antes de se aposentar, Peng cedeu a gestão ao governo, o que fez com que este caísse no esquecimento e que, nas últimas semanas, viesse a ser presa da censura.

É melhor esquecer

Shantou, um dos principais portos do sul da China, está a mais de dois mil quilómetros de Pequim, o epicentro da Revolução Cultural, mas a distância não a livrou, como ao resto do país, dos excessos da época, na qual milhões de pessoas foram indiscriminadamente perseguidas. Embora a Revolução Cultural seja tema de livros e filmes na China – o facto de que quase toda a população do país naquela época tenha sofrido dificulta a censura total – o Museu de Shantou é o único dedicado integralmente a este período.
Existe pelo menos outro museu no país que menciona o período de terror dos guardas vermelhos, o de Jianchuan (centro do país), mas não está dedicado de forma exclusiva a esta matéria, e dá uma imagem neutra ao facto histórico, sem mencionar as vítimas.
Apesar do silêncio no aniversário de 16 de Maio, o jornal oficial do Partido Comunista, “Diário do Povo”, que possui uma versão online em português, publicou no dia seguinte um editorial admitindo que a Revolução Cultural foi “um caos interno que trouxe enormes catástrofes” e aventurou-se mesmo a dizer que nunca se repetirá.

16 Jun 2016

Xi Jinping e líderes mundiais enviam condolências aos EUA por ataque em discoteca

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s Presidentes da China e de Israel e o primeiro-ministro do Japão condenaram ontem o massacre de domingo numa discoteca da cidade Orlando, nos EUA, e enviaram condolências ao chefe de Estado norte-americano, Barack Obama.
O Presidente chinês, Xi Jinping, enviou as suas condolências ao povo norte-americano, numa mensagem dirigida a Obama, informou ontem o Diário do Povo, órgão central do Partido Comunista da China.
As autoridades chinesas permanecem em estreito contacto com as congéneres norte-americanas, à espera de confirmar a identidade de todas as vítimas, clientes de uma discoteca ‘gay’, destacou a imprensa oficial.
Também o Presidente israelita, Reuven Rivlin, lamentou ontem o massacre e apresentou condolências ao seu homólogo norte-americano.
“Este ataque contra a comunidade LGTB [lésbicas, gays, bissexuais e transgénero] de Orlando é tão cobarde como aberrante”, considerou, numa declaração dirigida a Obama, na qual expressou a solidariedade do povo israelita.
Rivlin enviou os seus pêsames às famílias das vítimas e disse esperar “uma rápida recuperação dos feridos”.
O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, condenou igualmente o ataque e manifestou a sua solidariedade para com os Estados Unidos “neste momento difícil”.
“O terrorismo é um desafio contra os valores partilhados pelo Japão e Estados Unidos. Vamos continuar a trabalhar na luta contra o terrorismo em conjunto com a comunidade internacional”, disse Shinzo Abe, numa mensagem dirigida a Obama.
Shinzo Abe mostrou-se “profundamente comovido e indignado” com o massacre.
Na noite de sábado para domingo, um norte-americano identificado como Omar Mir Seddique Mateen, de origem afegã, entrou na discoteca Pulse, em Orlando (Florida) e abriu fogo contra os clientes, causando 50 mortos e 53 feridos.
O tiroteio está a ser investigado pelas autoridades norte-americanas como um acto de terrorismo.

14 Jun 2016

Cinema | China poderá ser em 2017 o maior mercado mundial

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap] venda de bilhetes de cinema na China pode atingir, em 2017, os 10.300 milhões de dólares, superando pela primeira vez as dos Estados Unidos, actualmente o maior mercado mundial, prevê um relatório da consultora PricewaterhouseCoopers (PwC).

O relatório ontem publicado, aponta para um crescimento anual do sector cinematográfico na China, de quase 20%, registando ainda uma ampla margem de crescimento, podendo as receitas ultrapassar os 15.000 milhões de dólares no final desta década.

Segundo o estudo de mercado, cerca de um terço das receitas de bilheteira mundiais virá das salas chinesas, já que a PwC, segundo a agência noticiosa Efe, calcula que o sector cresça em termos mundiais, até 2020, cerca de 49.300 milhões de dólares.

Segundo o mesmo estudo os retornos publicitários na indústria cinematográfica chinesa poderão ultrapassar, em 2020, os 161 milhões de dólares.

O cinema chinês cresceu, paralelamente, ao desenvolvimento do gigante do imobiliário e do entretenimento, Wanda Group, que é actualmente a maior cadeia de salas de cinema no mundo, depois de ter adquirido, em 2012, a sua principal rival norte-americana.

14 Jun 2016

Pequim e União Europeia em diálogo estratégico de alto nível

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap] China e a União Europeia (UE) realizaram neste final de semana a sexta ronda do diálogo estratégico de alto nível. Na ocasião ambos os lados comprometeram-se a aprofundar as relações em diversas áreas.
A China vê a UE como um parceiro estratégico integral de benefício mútuo disse Yang Jiechi, Conselheiro de Estado chinês, sublinhando que o aprofundamento das relações sino-europeias vão, não apenas ao encontro à procura económica e social, mas também levam à paz e estabilidade global e à recuperação económica.
Os dois lados concordaram em implementar o consenso alcançado na 17ª Conferência China-UE realizada em Junho do ano passado que busca fortalecer a sinergia entre estratégias de desenvolvimento e aprofundar a cooperação nas áreas de comércio, infra-estruturas, conectividade, direito e facilitação do intercâmbio de pessoas, disse Yang.

Mais vitalidade

As partes acordaram ainda acelerar as negociações nos investimentos bilaterais e injectar um novo vigor na cooperação em segurança política, inovação tecnológica, economia marítima, tecnologia oceânica e turismo cultural, sublinhou o conselheiro.
A UE e a China vão fortalecer a coordenação e assegurar o sucesso da 18ª Conferência China-EU que se realizará em Pequim no próximo mês. Da mesma forma, ambas as partes concordaram em desenvolver esforços conjuntos para que a reunião do G20 gere resultados positivos.
Para Federica Mogherini, Alta Representante da UE para Política Externa e Segurança, os dois lados estabeleceram cooperações frutíferas em várias áreas, gerando benefícios práticos para os dois lados. Para a representante, o fortalecimento do diálogo China-UE gera resultados positivos e ajuda a solucionar questões regionais importantes.
Na ocasião, Yang afirmou ainda que a China quer avançar na cooperação com a Bélgica nas áreas de microelectrónica, aeroespacial, energia nuclear, medicina biológica e protecção ambiental.

13 Jun 2016

China |FMI alerta para riscos de escalada da dívida empresarial

Segundo David Lipton, subdirector executivo do FMI, a dívida empresarial chinesa, aproximadamente 145% do PIB, é muito preocupante. As empresas públicas, com 55% da dívida, são as principais causadoras, estando muitas, diz, “já ligadas à máquina”

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] crescimento da dívida empresarial é um problema sério que tem vindo a agravar-se na China e que precisa ser combatido se Pequim quiser evitar um risco sistémico para o país e para a economia global, alertou David Lipton, primeiro subdirector executivo do Fundo Monetário Internacional (FMI).
Enquanto a dívida total da China, de 225% do Produto Interno Bruto (PIB), não é particularmente alta para os padrões globais, a dívida empresarial é de aproximadamente 145% do PIB, alta sob qualquer perspectiva, avalia o FMI.
“A escalada da dívida empresarial é um problema chave na economia chinesa”, afirmou Lipton durante uma conferência na cidade chinesa de Shenzhen no sábado. “A dívida empresarial permanece um problema sério e crescente o qual deve ser endereçado imediatamente com um compromisso de reformas”, concluiu.
A experiência de países que viram uma elevação massiva da dívida no passado mostra a necessidade de agir rapidamente e lidar de forma eficaz tanto com credores como devedores, disse Lipton. O especialista considerou que é preciso atacar problemas de administração no sector bancário os quais levam ao surgimento desta queståo.

O “cancro” do sector público

Uma característica definidora da situação da China são as companhias estatais, as quais, segundo os cálculos do FMI, são responsáveis por 55% da dívida empresarial mas produzem apenas 22% do ganho económico.
Num ambiente de desaceleração do crescimento económico, a queda nos lucros e a subida do endividamento limitam a capacidade das empresas de pagar a fornecedores e liquidar dívidas. Lipton destacou que isto leva ao não cumprimento de obrigações com os bancos, à inadimplência. Para o homem do FMI, uma “estimativa conservadora” seria a de que o nível de inadimplência da dívida empresarial chegue até aos 7% do PIB chinês.
“O ‘boom’ do crédito do ano passado apenas aumenta o problema”, declarou Lipton. Na sua avaliação, muitas empresas públicas já estão “ligadas à máquina de respiração artificial”.

Melhorar a gestão

A conversão de dívida em acções pode ter um papel na redução do endividamento, mas os bancos precisam de estar preparados para conduzirem uma triagem e terem autoridade para discernir entre as companhias que podem ser salvas e as que devem falir, disse ainda. Lipton também questionou a proposta do governo chinês de fundir companhias estatais fortes com empresas frágeis. Para o representante do FMI, isto não só não resolve o problema como mina a rentabilidade das boas companhias.
“A lição que a China precisa de interiorizar se quiser evitar um ciclo de expansão de crédito, inadimplência e reestruturação é melhorar a gestão empresarial”, afirmou Lipton que defendeu ainda o fortalecimento da lei e de sistemas de transparência e pediu o fim dos subsídios para empresas com ligações ao governo.

13 Jun 2016

China | Leite em pó sujeito a regras duras

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] órgão de supervisão de segurança alimentar da China emitiu um regulamento, que entrará em vigor a partir do dia 1 de Outubro deste ano, para realizar uma fiscalização rigorosa sobre o leite em pó para bebés. Os produtores nacionais e estrangeiros devem registar-se e obter a autorização da Administração Geral da Supervisão de Alimentos e Medicamentos se quiserem vender na China.
No caso do uso de matérias-primas estrangeiras, devem especificar o lugar ou país e frases vagas como “leite importado”, “proveniente de pastos estrangeiros” ou “matérias-primas importadas” serão proibidas, de acordo com o Regulamento de Registo da Fórmula para Bebés divulgado na quarta-feira. Além disso, passará a ser proibido incluir afirmações, tais como “bom para o cérebro”, “melhora a imunidade” ou ” protege o intestino” em instruções ou embalagem, aponta ainda o regulamento.
O leite em pó para bebés é uma questão sensível na China, após uma série de escândalos desde 2008, quando foi descoberta melamina nos produtos da marca chinesa Sanlu. Em Abril, a polícia prendeu nove pessoas envolvidas na produção e venda de leite em pó infantil falso sob as marcas “Similac” e “Beingmate”. Cerca de mil latas cheias, mais de 20 mil vazias e 65 mil marcas falsificadas foram apreendidas. Em 2015, a China produziu 700 mil toneladas de leite em pó infantil, 65% das vendas anuais do produto no país.

13 Jun 2016

Pequim garante redução da produção de aço

Com agências

Reduzir, sim, mas o Ministro das Finanças vai avisando que a economia planeada é história. Por isso, as reduções têm de se submeter ao mercado pois, argumenta, “mais de metade dos fabricantes de aço são privados”. Mas, pelo sim, pelo não, lançou uma campanha de verificação de consumos energéticos das unidades fabris. Quem gastar demais pode vir a fechar a porta

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap] China quer reduzir ainda mais o excesso de capacidade de produção na indústria do aço mas com base nas forças do mercado e não nas metas estabelecidas pelo governo, declarou o Ministro das Finanças, Lou Jiwei, na segunda-feira, no início do diálogo anual de alto nível entre a China e os Estados Unidos.
A China dá grande importância ao corte da capacidade industrial excessiva e tomou medidas para eliminar 90 milhões de toneladas de capacidade de produção de aço, disse Lou em uma conferência de imprensa.
No entanto, descartou a possibilidade do governo estabelecer uma meta quantitativa.
“A China tem dito adeus à economia planificada, por isso o governo não pode ditar às indústrias nada a esse respeito. Mais de metade dos fabricantes de aço do país são privados”, indicou.

Quem gasta demais, fecha

Na sequência das tentativas de redução de capacidade, Lou Jiwei anunciou ainda o lançamento de uma investigação para recolher informação sobre o consumo de energia nas siderúrgicas do país.
Segundo o jornal oficial Shanghai Daily, a campanha, promovida pelo Ministério da Indústria e a Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma, encarregada da planificação económica do país, requer a supervisão dos governos locais e uma auto-avaliação das próprias empresas.
Pequim exige a todos os governos e siderúrgicas que recolham dados sobre o consumo de energia das empresas até finais de Junho, para serem entregues antes do dia 10 de Julho.
As empresas que apresentem níveis de consumo energético superiores ao permitido oficialmente para o sector deverão corrigir esse problema ao longo dos próximos seis meses, com a possibilidade de o prazo ser prorrogado por três meses.
As firmas que não cumprirem com aquela meta serão encerradas, informa o jornal.

A culpa foi da crise

Lou Jiwei contestou ainda as críticas dos Estados Unidos da América e União Europeia ao excesso de capacidade de produção da China, afirmando que há “muito exagero” sobre este tema.
Durante a oitava ronda do Diálogo Estratégico e Económico China – EUA, que decorreu até ontem, em Pequim, o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Jack Lew, afirmou que aquele problema “tem o efeito de distorcer e danificar os mercados globais”.
Lou recordou que boa parte do excesso de capacidade de produção na indústria pesada chinesa se deve ao plano de estímulo massivo lançado por Pequim após a crise financeira global, em 2008, quando o país se tornou no motor da economia mundial, representando mais de 50% do crescimento.
“Nessa altura, o mundo aplaudiu a decisão da China e louvou o seu contributo para impulsionar o crescimento económico global”, assegurou, enquanto “agora, o mundo aponta para a China e diz que o excesso de capacidade é um obstáculo para o planeta, mas não dizem o mesmo quando a China contribui para o crescimento global”.
O ministro assegurou ainda que Pequim “está a abordar com seriedade o problema do excesso de capacidade”, com uma redução da sua capacidade produtiva de aço a rondar os 90 milhões de toneladas anuais, em 2015, e planos semelhantes para os próximos exercícios.
O 8º Diálogo Estratégico e Económico China-EUA é realizado num momento em que o excesso de capacidade de aço se tornou um importante desafio global.
Os produtores de aço dos Estados Unidos recorrem cada vez mais a medidas comerciais e à protecção tarifária para superar um mercado desacelerado, uma prática a que se opõem fortemente os exportadores chineses.

8 Jun 2016

Pequim e Washington à procura de entendimentos

Ontem e hoje Pequim acolhe mais uma edição do Diálogo Estratégico e Económico China-EUA. Na mesa estão as diferenças e a procura de entendimentos entre as duas potências mundiais sem esquecer os mais recentes apertos às ONGs, o excesso de produção industrial e a Coreia do Norte

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] Diálogo Estratégico e Económico China-EUA que decorre em Pequim e reúne entidades governamentais de ambas as partes abriu ontem com Xi Jinping a exultar a importância de superar as diferenças enquanto que do outro lado do Pacífico, os EUA alertam para questões do excesso industrial, as restrições às ONGs e as sanções à Coreia do Norte.
O Presidente chinês, Xi Jinping, apelou ontem à gestão de “diferenças dificilmente evitáveis” entre a China e os Estados Unidos da América de uma forma “pragmática” e com base na confiança e respeito mútuos.
No discurso que abriu a oitava ronda do Diálogo Estratégico e Económico China – EUA, Xi afirmou que ambas as potências devem cooperar, ao invés de competir entre si, assegurando que as soluções podem ser encontradas, desde que os “esforços sejam redobrados”. Quanto às diferenças que não podem ser resolvidas no momento “temos de geri-las de uma forma pragmática e construtiva, colocando-nos no lugar do outro”, disse. Para Xi, China e EUA podem alcançar consensos desde que sigam “os princípios do respeito mútuo e igualdade”.
Sem mencionar o aumento de tensões no Mar do Sul da China, que Pequim reclama na quase totalidade, Xi pediu uma maior coordenação bilateral em assuntos vinculados com a região Ásia-Pacifico em que “o vasto Pacífico devia ser um cenário para a cooperação inclusiva e não um campo para competir”, afirmou.
O presidente chinês reviu ainda a evolução dos laços bilaterais sino norte-americanos desde que ascendeu ao poder, há três anos, e sublinhou que a relação cresceu em “amplitude e profundidade”, mas instou as duas partes a reforçar a comunicação para evitar “juízos estratégicos errados”.

Do outro lado da mesa

Por seu lado, o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Jack Lew, transmitiu à liderança chinesa a sua preocupação com a nova lei daquele país para regular o trabalho das ONG estrangeiras, que considera ter ficado “debilitado”.
No seu discurso de abertura Lew advertiu que a resolução deste assunto será importante para a relação bilateral entre as duas potências em que defende o papel das organizações não-governamentais na abertura e integração da China na economia mundial e a sua contribuição para cobrir as necessidades humanas básicas e incrementar o “êxito económico” do país. Ao mesmo tempo manifesta a sua preocupação “porque a China recentemente aprovou uma lei para administrar as ONG estrangeiras que debilita aqueles fundamentos, ao criar um ambiente pouco favorável para as ONG estrangeiras”, considerou.
O mesmo responsável disse também que o presidente dos EUA, Barack Obama, e o seu homólogo chinês, discutiram pontos de vista diferentes relativamente às ONG, sendo que “resolver isto será importante para uma relação bilateral”, assinalou o secretário do Tesouro.

Excesso de produção

No plano económico, Lew destacou o processo de transição que atravessa a economia chinesa, a segunda maior do mundo, e qualificou como “essencial” o país colocar em marcha as reformas para a redução do excesso de capacidade industrial, a abertura de mais sectores ao investimento estrangeiro e o desenvolvimento do mercado de capitais. “O excesso de capacidade tem o efeito de distorcer e danificar os mercados globais”, disse, aplaudindo a decisão da China em tomar medidas para combater o problema.
Pequim anunciou, no início do ano, planos para reduzir este excedente de produção na indústria do aço e do carvão chinesa, que desde há quatro anos resultam numa queda consecutiva dos preços.

E na Coreia do Norte

O Secretário de Estado norte-americano, John Kerry, assegurou que é “imperativo” continuar a pressionar a Coreia do Norte e apelou à China para trabalhar na mesma direcção que os Estados Unidos.
Na presença do conselheiro de Estado chinês, Yang Jiechi, e o vice-primeiro ministro, Wang Yang, anfitriões do encontro, o responsável sublinhou a “necessidade” de ambos os países estarem “firmemente juntos”, no que toca ao regime norte-coreano.
“Recentemente trabalhámos juntos para adoptar as sanções do Conselho de Segurança da ONU mais fortes de sempre impostas à Coreia do Norte, em resposta às sucessivas violações deste país de resoluções passadas”, recordou Kerry, em referência às medidas adoptadas após os ensaios nucleares realizados por Pyongyang.
A China, um país que até há poucos anos referia a sua relação com a Coreia do Norte como sendo de “unha com carne”, começou a aplicar estas sanções em Abril. Porém, na semana passada, o Presidente chinês, Xi Jinping, recebeu uma delegação do país que lhe reiterou a aposta no desenvolvimento de armas atómicas.
“Não há qualquer motivo para que qualquer país necessite de avançar para a criação de mais armas nucleares”, assinalou Kerry, acrescentando que “o mundo está a avançar na direcção oposta”.
Os secretários norte-americanos de Estado, John Kerry, e do Tesouro, Jack Lew, encabeçam a delegação norte-americana, enquanto o lado chinês está representado pelo conselheiro de Estado Yang Jiechi e pelo vice-primeiro ministro Wang Yang.

7 Jun 2016

China e Índia enfrentam vasto problema de saúde mental

[dropcap style=’circle’]M[/dropcap]ais de um terço da população chinesa e indiana sofre de problemas mentais, mas apenas uma pequena fracção recebe tratamento médico adequado, indicam estudos ontem divulgados pela revista britânica “The Lancet”.
Há mais pessoas com problemas mentais, neurológicos ou relacionados com o uso de substâncias nos dois países mais populosos do mundo do que em todos as economias desenvolvidas combinadas, indicam as investigações.
Este problema agravar-se-á nas próximas décadas, especialmente na Índia, onde deverá afectar um quarto da população em 2025.
A China está já a enfrentar uma rápida subida de problemas de demência, uma tendência relacionada com o envelhecimento da população, fruto das políticas de controlo da natalidade iniciadas há mais de 35 anos.

Não há condições

Nenhum dos dois países está equipado adequadamente para enfrentar as necessidades relacionadas com a saúde mental, de acordo com relatórios publicados nas publicações médicas “The Lancet” e “The Lancet Psychiatry” e “China-India Mental Health Alliance”, divulgados pela agência France Presse.
Na China, apenas 6% das pessoas com problemas de saúde mental, como depressão, desordens relacionadas com a ansiedade, ou com o abuso de substâncias e demência procurou ajuda médica, indicam as investigações.
“A falta de assistência médica nas zonas rurais” é especialmente grave, explica Michael Phillips, um dos coordenadores das investigações e professor na Emory University em Atlanta e na Jiao Tong University em Shangai.
Mais de metade dos doentes com desordens psicóticas graves, como a esquizofrenia, não são diagnosticados e muitos menos recebem tratamento, acrescenta o investigador.
Na Índia, a percentagem da população com problemas mentais que recebe tratamento é igualmente pequena, o que contrasta com taxas acima de 70% verificadas nos países desenvolvidos.

No campo ainda é pior

A divisão entre as economias desenvolvidas e estes gigantes populacionais é também expressiva no que concerne os orçamentos empregues no tratamento das doenças mentais. Enquanto na China e na Índia, os orçamentos de saúde consagram menos de 1% à saúde mental, nos Estados Unidos, por exemplo, este valor ascende quase a 6% e em França e na Alemanha alcança os dois dígitos.
Tanto a Índia como a China lançaram recentemente políticas de supressão de necessidades relacionadas com as doenças mentais, mas a realidade no terreno mostra que há ainda muito caminho a percorrer.
“As carências de tratamento, especialmente nas zonas rurais, são muito grandes”, afirma a propósito da Índia Vikram Patel, um professor na London School of Hygiene and Tropical Medicine.
Mas na China a realidade não é diferente. Deverá demorar décadas para que cada um destes países resolva estas necessidades, concluem os estudos. Os investigadores sugerem que um largo conjunto de praticantes tradicionais na Índia e na China podem ser treinados para reconhecer problemas de saúde mental e ajudar com tratamento.

20 Mai 2016

China | Parceria assinada com Moçambique tida como única fora da Ásia

Pequim assinou um acordo de cooperação com Moçambique como nunca foi visto fora da Ásia. Esta amizade, que vem desde a guerra de independência, resulta agora em apoios sínicos que vão do armamento um gigante plano de infra-estruturas colocando Moçambique como um ponto vital da nova Rota da Seda

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] Acordo de Parceria e Cooperação Estratégica Global, assinado na quarta-feira pelo Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, e pelo seu homólogo chinês, Xi Jinping, torna Maputo num caso único para a diplomacia chinesa fora da Ásia.
Além do país africano, apenas Camboja, Laos, Birmânia, Tailândia e Vietname – todos países vizinhos da China – celebraram o mesmo tipo de acordo com Pequim.
Aquele documento, que estabelece os 14 princípios que deverão nortear as relações bilaterais, prevê fortalecer os contactos entre o exército, polícia e serviços de inteligência dos dois países.
Pequim compromete-se assim a ajudar Maputo a reforçar a capacidade de Defesa nacional, salvaguardar a estabilidade do país e formar pessoal militar.
Estipula ainda o comércio de armamento, equipamento e tecnologia, numa altura de renovada tensão político-militar entre o Governo da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) e a Resistência Nacional Moçambicana (Renamo).
Durante as conversações entre Xi e Nyusi, decorridas no Grande Palácio do Povo, no centro de Pequim, o Presidente chinês lembrou o papel da China na libertação nacional de Moçambique.
“A amizade [entre os dois países] surgiu da luta conjunta contra o imperialismo e o colonialismo”, sublinhou.
A China apoiou os guerrilheiros da Frelimo na luta contra a administração portuguesa e foi um dos primeiros países a estabelecer relações diplomáticas com Moçambique, logo no próprio dia da independência, 25 de Junho de 1975.

Acordo de primeira

No aspecto económico e comercial, o mesmo acordo dedica ainda uma cláusula à iniciativa chinesa Rota Marítima da Seda do século XXI.
Aquele termo refere-se a um gigante plano de infra-estruturas que pretende reactivar a antiga Rota da Seda entre a China e a Europa através da Ásia Central, África e sudeste Asiático.
Neste sentido, os dois países devem cooperar nas áreas transporte marítimo, construção de portos e zonas industriais portuárias, aquacultura em mar aberto e pesca oceânica.
A China divide em 16 categorias os acordos de parceria que estabelece com países estrangeiros.
No caso de Portugal, por exemplo, Pequim assinou, em 2005, um Acordo de Parceria Estratégica Global, note-se, sem o termo cooperação.
Filipe Nyusi realiza esta semana a sua primeira visita oficial à China, o principal credor de Moçambique.
Desde 2012, a China aumentou em 160% o financiamento a Maputo, segundo dados citados pela imprensa moçambicana.
A descoberta recente de empréstimos de 1,4 mil milhões de dólares que não foram contabilizados nas contas públicas ou reportados ao Fundo Monetário Internacional (FMI) descredibilizou Moçambique perante os mercados financeiros e doadores internacionais.
Já a descida do preço das matérias-primas levou a uma depreciação de 35% da moeda local, enquanto as reservas em moeda estrangeira caíram 25% no ano passado.
Em declarações aos jornalistas, o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Zhang Ming, disse na quarta-feira que “a China vai ajudar [Moçambique] neste momento difícil (…) fornecendo tecnologia, equipamento e até apoio financeiro”.
Zhang recusou-se, no entanto, a adiantar valores: “Como não se pergunta a idade a uma mulher, não se pergunta o valor a um comerciante”, justificou.

20 Mai 2016

Lei reguladora das ONG estrangeiras aprovada

A Assembleia Nacional Popular aprovou ontem a lei que regula o trabalho das Organizações Não Governamentais (ONG) estrangeiras a actuar no país, e que poderá pôr em causa a sua manutenção no continente.
Apesar das duras críticas da União Europeia e dos Estados Unidos da América, foi aprovada com 147 votos a favor e um contra.
O texto ainda não foi publicado, mas a proposta de lei, avançada pela agência oficial Xinhua no início desta semana, previa que o trabalho das ONG passe a estar dependente da aprovação da polícia.
Englobadas neste regime estão as instituições de caridade, associações empresariais, instituições académicas e outras organizações estrangeiras a actuar na China que serão obrigadas a trabalhar em parceria com agências controladas pelo Governo chinês.
O projecto de lei outorgava poderes à polícia para interrogar o director ou representante de uma ONG a “qualquer momento” e estipulava que as autoridades possam interromper qualquer actividade que coloque em perigo a segurança nacional.
Segundo a Xinhua, o mesmo documento apontava a criação de uma “lista negra” das ONG que “incitem à subversão” ou “separatismo”, prevendo a proibição de operarem no país.

Ligações perigosas

Segundo dados oficiais, existem cerca de 7.000 ONG estrangeiras a operar no país, em áreas tão diversas como o meio ambiente, ciências, educações ou cultura.
Nos últimos anos, a imprensa estatal chinesa tem acusado as ONG estrangeiras de ameaçar a segurança nacional ou tentar desencadear uma “revolução colorida” contra o Partido Comunista Chinês.
Em Janeiro passado, as autoridades chinesas detiveram e deportaram um activista sueco, co-fundador da ONG China Action, que oferecia assistência jurídica a advogados que recorriam ao sistema judicial chinês para tentar punir abusos das autoridades.
Desde que o actual Presidente chinês, Xi Jinping, ascendeu ao poder, no final de 2012, o número de presos políticos na China quase triplicou, enquanto o controlo sobre a sociedade civil tornou-se ainda mais apertado

2 Mai 2016

Empresas chinesas querem porto português para canalizar mercadorias para a Europa

O embaixador da China em Portugal disse na quarta-feira que o Governo chinês está a estimular as empresas de transporte marítimo chinesas a encontrarem um porto em Portugal para canalizarem mercadorias para o mercado da União Europeia (UE). “Portugal é porta de entrada para a Europa e oceano Atlântico. A cooperação pode ser reforçada na área das infraestruturas. Nesta estratégia há vários projetos importantes”, disse Cai Run, numa referência à iniciativa estratégica “Uma Faixa, uma Rota” lançada por Pequim em 2013 e dirigida à Europa.
“Estamos a estimular as empresas de transporte marítimo a encontrarem um porto em Portugal, como um foco para a distribuição de mercadorias para o mercado da UE. Muitas empresas portuguesas também estão a procurar novos canais para a exportação dos seus produtos para a China”, assinalou Cai Run.
Durante o debate, o embaixador chinês destacou as “profundas relações pragmáticas em todos os âmbitos” entre os dois países, quando se celebra “o início da segunda década do estabelecimento da parceria estratégica global sino-portuguesa”.

7 mil milhões e a subir

Cai Run recordou que o comércio entre os dois países “cresceu 8,58% em 2015 face ao ano anterior” e revelou que Portugal já recebeu “mais de sete mil milhões de euros de investimento chinês, o quinto maior destino de investimento chinês na Europa”, para além de o investimento português na China também registar um “desenvolvimento estável”.
O diplomata sublinhou que a iniciativa estratégica “Uma Faixa, uma Rota” vai ser reforçada, com mais de 70 países interessados em participar no projeto.
“Portugal é um dos 57 membros fundadores do Banco asiático de investimento em infraestruturas, o objetivo é interligar o plano de investimento da União Europeia à iniciativa ‘Uma Faixa, uma Rota’”, disse.
A “cooperação trilateral” entre a China, Portugal e países lusófonos foi também salientada pelo representante de Pequim, nomeadamente a importância da 5ª conferência ministerial do Fórum Macau, que se realiza este ano na Região Administrativa Especial chinesa e que vai juntar a China e os países de língua portuguesa em contactos oficiais e empresariais.
O embaixador também vaticinou um reforço da cooperação empresarial bilateral na área ciência e inovação, e prognosticou a “tecnologia científica” como “ponto de crescimento” na futura cooperação bilateral.
“As empresas [estatais chinesas] ‘Three Gorges’ e ‘State Grid’ já estabeleceram um centro de investigação conjunta com os parceiros EDP e REN”, recordou a propósito.

O que a China quer

No início da intervenção, e numa referência ao “desenvolvimento da China”, Cai Run tinha enunciado alguns dos objectivos da liderança de Pequim: Garantir até 2010 uma sociedade “confortável” para os 1,3 mil milhões de chineses, e “aprofundar as reformas nas áreas política, social, cultural, e na construção do próprio Partido Comunista Chinês, incluindo intensificar a reforma estrutural no lado da oferta, assegurando um crescimento económico médio-alto”.
De acordo com o embaixador, em 2015 a economia chinesa teve um crescimento de 6,9% e pela primeira vez o sector dos serviços representou metade do PIB, atingindo 50,5%.
Informou ainda que o consumo contribuiu 66,4% para o crescimento económico na China, “tornando-se pela primeira vez o maior dos três motores de crescimento, à frente do investimento e exportação”, num país que “deu um contributo de 25%” para a economia global. Cai Run admitiu que o seu país ainda tem um “logo caminho” pela frente: “A nossa meta é que até 2020 o PIB e o rendimento ‘per capita’ dupliquem em relação ao 2010”.

22 Abr 2016