Economia | Indústria e retalho sobem em Agosto

A produção industrial e as vendas a retalho aceleraram em Agosto, segundo dados oficiais divulgados ontem, com ambos os indicadores a superar as expectativas, num sinal positivo para a segunda maior economia mundial

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] crescimento do índice de produção industrial, que mede a actividade nas fábricas, oficinas e minas da China, subiu 6,3%, em termos homólogos, acima dos 6% registados em Julho, superando a previsão da agência Bloomberg – 6,2%. Já as vendas a retalho, um indicador chave do consumo, avançaram 10,6%, em Agosto, face ao mesmo mês do ano anterior, revelou o Gabinete Nacional de Estatísticas (GNE) chinês.
Pequim está a encetar uma transição no modelo económico do país, visando uma maior preponderância do sector dos serviços, em detrimento das exportações e unidades de indústria pesada vistas como “improdutivas”.

Incerteza e instabilidade

Segunda maior economia do mundo, a seguir aos Estados Unidos da América, a China tem sido o motor da recuperação global, após a crise financeira de 2008, mas nos últimos anos a sua economia tem vindo a desacelerar. “Em Agosto alguns indicadores recuperaram. Os esforços para reduzir o excesso de capacidade de produção, diminuir a quantidade de produtos armazenados e reduzir os custos produziram resultados notáveis”, afirmou o porta-voz do GNE, Sheng Laiyun. “A economia chinesa atingiu um desenvolvimento moderado, mas estável”, e alertou para os riscos provocados pelas condições económicas externas e domésticas, que “continuam difíceis e complexas”, apresentando “muitas incertezas e instabilidade”.
O investimento em activos fixos, um indicador chave para medir a despesa do Governo em infra-estruturas, propriedades e maquinaria, aumentou 8,2%, em Agosto, face ao mesmo mês do ano anterior. “Os dados hoje (ontem) divulgados coincidem com a nossa visão a longo prazo, de que a flexibilização monetária adoptada anteriormente deverá produzir resultados na segunda metade deste ano”, afirmou Julian Evans-Pritchard, economista da consultora Capital Economics, em comunicado. Frisou, contudo, que políticas de maior flexibilização são “improváveis a curto prazo”, pelo que “o aumento na actividade económica não se deverá prolongar no próximo ano”.

Cortar no aço

Pequim tem procurado reduzir o excesso de capacidade de produção, sobretudo na indústria do aço, que a União Europeia e Estados Unidos da América dizem estar “completamente descoordenada” do mercado, provocando uma queda nos preços globais. As autoridades chinesas anunciaram já planos para reduzir a produção na indústria siderúrgica, ao longo dos próximos cinco anos, com um corte anual de entre 100 a 150 milhões de toneladas, 12,5% do total produzido pelo país.
A produção de aço, no entanto, subiu três por cento, em Agosto, face ao mesmo mês do ano passado, segundo os dados do GNE, acima dos 2,6% registados em Julho.
Assegurar altas taxas de crescimento económico é uma prioridade para o Partido Comunista Chinês, que teme que o aumento do desemprego provoque agitação social. Sheng Laiyun disse que a taxa de desemprego deverá manter-se estável, apesar do abrandamento da economia, afirmando que as indústrias de trabalho intensivo contribuem hoje mais para o Produto Interno Bruto (PIB). “Um por cento de crescimento do PIB gera hoje 1,7 milhão de postos de trabalho, mais 400 mil a 500 mil do que durante o período entre 2011 e 2013”, disse.

14 Set 2016

China |Autoridades detêm manifestantes em aldeia com experiência democrática

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s autoridades chinesas detiveram 13 residentes da localidade de Wukan, que em 2012 elegeu o comité de aldeia através de eleições por sufrágio directo, após uma rebelião popular, numa experiência inédita na China.
A vaga de detenções surge após o chefe local, Lin Zulian, ter sido detido em Junho passado, por alegado desvio de fundos públicos.
Com 15.000 habitantes, aquela localidade costeira do sul da China tornou-se um símbolo de resistência popular em 2011, quando protagonizou uma das mais celebradas experiências democráticas do país.
Protestos contra a expropriação ilegal de terras culminaram com a demissão dos líderes locais, acusados de corrupção, e a eleição de um novo comité de aldeia por sufrágio directo.
Após a detenção de Lin Zulian, que encabeçou os protestos, a polícia disse que residentes locais “continuaram a lançar boatos e a insultar, ameaçar, forçar e subornar, visando instigar, planear e lançar manifestações de massas ilegais”.
“Perturbação da ordem e dos transportes públicos”, justificaram as detenções ontem anunciadas, segundo um comunicado difundido pela polícia local.
Depois das detenções, os residentes entraram em confrontos com a polícia, que usou balas de borracha e gás lacrimogéneo para dispersar a manifestação, informou o jornal de Hong Kong South China Morning Post.
Vídeos e fotos difundidos na internet mostram os manifestantes, alguns deles a sangrar, a atirar pedras contra a polícia.

Da resistência

Os protestos de 2011, em Wukan, foram inicialmente vistos apenas como um levantamento popular, semelhante às dezenas de milhares que todos os anos ocorrem na China.
A morte de um dos líderes dos protestos, sob custódia da polícia, contudo, levou os residentes a bloquear as estradas que davam acesso à aldeia, conseguindo expulsar as forças de segurança durante mais de uma semana.
O Partido Comunista Chinês decidiu então recuar e fazer concepções raras, incluindo investigar as disputas de terra e permitir aos locais organizar eleições livres.
Lin Zulian, 70 anos, foi então nomeado chefe local com 6.205 votos, num total de 6.812 eleitores, substituindo um homem de negócios que era acusado de roubar terras para as vender a promotores.
Na semana passada, porém, foi condenado a três anos de prisão por corrupção, depois de confessar ter aceitado subornos no valor de 590.000 yuan.

14 Set 2016

China | Estudo diz que liberdades e direitos humanos estão salvaguardados

O livro Branco com o título “Novos Progressos da China na Protecção Judicial dos Direitos Humanos” divulgado ontem pelo Conselho do Estado chinês, referente a 2015, garante que os direitos e liberdades dos cidadãos foram salvaguardados respeitando sempre o primado da lei

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China “melhorou a distribuição dos poderes e responsabilidades judiciais” e “garantiu o exercício independente e imparcial da justiça”, realçou ontem o governo chinês ao abordar a evolução dos direitos humanos no país. “Os direitos e liberdades dos cidadãos, em vários domínios, foram efectivamente protegidos de acordo com a lei”, proclama o Livro Branco difundido ontem pelo Conselho de Estado chinês, com o título “Novos Progressos da China na Protecção Judicial dos Direitos Humanos”. O documento detalha que, em 2015, as procuradorias de diferentes níveis decidiram “não prender 131.675 pessoas e não julgar 25.778, em casos envolvendo a falta de evidências ou acções que não constituíam crime”. Por outro lado, aqueles órgãos apelaram em 6.591 casos, por considerarem que a decisão do juiz estava errada. No total, 54.249 pessoas foram investigadas em 40.834 casos envolvendo crimes relacionados com o trabalho, lê-se no livro branco.
Entre 2012 e 2015, os tribunais do país concluíram 94.900 casos envolvendo corrupção e subornos, e condenaram 100.300 pessoas. O documento aponta também a aprovação de várias medidas em 2015, visando proteger o direito dos advogados de exercer a profissão, tornando mais conveniente a sua participação em litígios.
Segundo o referido livro, a protecção dos direitos de vítimas menores também registou progressos, com o aumento de condenações em casos envolvendo o abuso sexual de menores. “Assegurar o primado da lei” foi um dos objectivos lançados pelo Presidente chinês, Xi Jinping, após a sua ascensão ao poder, em 2013. Porém, organizações de defesa dos Direitos Humanos acusam Pequim de estar a levar a cabo a “pior onda de repressão contra activistas e advogados que defendem os direitos humanos”.

Menos nove

Sobre a aplicação da pena de morte, o documento revela que esta é “empregue com prudência”, visando garantir que é aplicada “apenas em casos considerados extremamente graves”. Em 2015, a nova alteração do Código Penal reduziu em nove o número de crimes puníveis com a pena capital, refere.
A China exonera ocasionalmente réus presos ou executados injustamente, depois de os verdadeiros autores dos crimes terem decidido confessar ou, em alguns casos, a vítima ser encontrada com vida. Casos envolvendo erros da justiça são frequentes no país, onde as confissões forçadas continuam a ser prática comum, segundo organizações de defesa dos Direitos Humanos, e mais de 99% dos réus são considerados culpados.

13 Set 2016

Bancos chamados a reestruturar dívida de empresas

A Comissão Reguladora da Banca da China vai forçar os bancos do país a reestruturarem a dívida de empresas altamente endividadas para manter a estabilidade financeira da segunda economia mundial

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] ordem de reestruturação de dívida divulgada sábado pelo jornal oficial China Daily exige que as instituições bancárias estabeleçam “comités de credores” para aliviarem os problemas das empresas com dificuldades financeiras. Os comités têm de ser compostos por representantes de pelo menos três bancos que concederam os empréstimos a essas empresas. Em vez de cortar o crédito ou de exigir o reembolso dos empréstimos já concedidos, o regulador obriga os bancos a “fazerem todos os possíveis” para as empresas reestruturarem as suas dívidas.
A decisão do regulador bancário supõe a aplicação alargada de um plano de reestruturação que começou em Março na província de Henan, no centro do país, onde foram criados comités de credores para 535 empresas com dívidas de mais de 300 milhões de yuan, cada uma. “Antes, todos os bancos estavam ansiosos por conceder apoio financeiro a uma empresa, mas nenhum deles era responsável pelo desenvolvimento a longo prazo dessa mesma empresa”, disse Zhang Chun, chefe do regulador bancário em Henan, citado pelo China Daily.

Em risco

A economia chinesa está a crescer a uma das taxas mais baixas dos últimos anos, tendo crescido 6,7% no segundo trimestre face a período homólogo, e perante a desaceleração os problemas financeiros de muitas empresas emergem, sobretudo nas indústrias com excesso de produção. A taxa de crédito malparado nos bancos chineses aumentou nos últimos trimestres e no final de Junho era de 1,75%. No entanto, um conselheiro do banco central chinês, Huang Yiping, disse que “os números oficiais podem subestimar os problemas do malparado na China”, durante uma cerimónia em Hong Kong.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) já advertiu em Junho passado, ao apresentar seu relatório anual sobre a China, que o rápido aumento do crédito e da dívida são os principais riscos actuais para a segunda maior economia e exortou Pequim a tomar medidas para os enfrentar.

12 Set 2016

Mar do Sul da China | Pequim pede a Obama que se mantenha neutro nas disputas territoriais

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Governo chinês apelou ontem ao presidente norte-americano, Barack Obama, para que mantenha a neutralidade, nas disputas territoriais que a China mantém com os países vizinhos, no Mar do Sul da China. Numa conferência de imprensa em Pequim, a porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, Hua Chunying, pediu aos Estados Unidos da América para que desempenhem um papel construtivo na região.
Obama defendeu no Laos, durante a cimeira da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), o carácter “vinculativo” da decisão do Tribunal Permanente de Arbitragem, com sede em Haia, que concluiu, em Junho passado, que não existe uma base legal para a China reclamar direitos históricos no Mar do Sul da China. “Esperamos que os EUA desempenhem um papel positivo e justo nesta questão e que façam esforços positivos, genuínos e construtivos para a paz e estabilidade no Mar do Sul da China”, disse Hua Chunying.

Ilegalidades

Hua recordou que a China não reconhece a mediação do tribunal internacional: “O Tribunal de Arbitragem não tem jurisdição sobre o caso, e por isso consideramos a sua sentença inválida e ilegal”.
Hua enalteceu ainda a elaboração de um código de conduta entre Pequim e a ASEAN, que negociavam desde 2010, para diminuir os conflitos de forma pacífica e melhorar a comunicação, visando “evitar incidentes”.
“Ambas as partes tiveram o desejo de olhar em frente e esforçarem-se para devolver a questão do Mar do Sul da China ao diálogo e consulta”, disse.
Pequim reivindica a soberania sobre quase todo o Mar do Sul da China, com base numa linha que surge nos mapas chineses desde 1940, e tem investido em grandes operações nesta zona, transformando recifes de corais em portos, pistas de aterragem e em outras infra-estruturas.
Vietname, Filipinas, Malásia e Taiwan também reivindicam uma parte desta zona, o que tem alimentado intensos diferendos territoriais com a China.

9 Set 2016

 Minoria uigur responsável por ataque a embaixada no Quirguistão

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] ataque suicida contra a embaixada da China no Quirguistão, perpetrado na semana passada, foi organizado por militantes da minoria étnica chinesa de origem muçulmana uigur que combatem na Síria, segundo os serviços secretos daquele país. A mesma fonte detalha que o homem que conduziu o carro, que explodiu após embater contra o portão da embaixada chinesa, era membro do Movimento Islâmico do Turquestão Oriental, um grupo que reclama a independência da região de Xinjiang, no oeste da China.
O ataque causou a morte do condutor e ferimentos em dois funcionários da embaixada e numa outra mulher. “A investigação concluiu que o acto terrorista foi ordenado por grupos terroristas uigures, que operam na Síria, e estão filiados com a organização terrorista “Frente al Nosra”, afirmaram os serviços secretos quirguistaneses, citados pela imprensa chinesa. A Frente al Nosra, que em Julho passado anunciou a sua separação da al-Qaeda, é considerada o segundo grupo ‘jihadista’ mais importante na Síria, a seguir à organização extremista Estado Islâmico (EI).
A China reivindica que organizações extremistas recrutam membros na região autónoma de Xinjiang, onde vivem os muçulmanos uigures e culpa estas por fomentarem atentados no país, que causaram nos últimos anos centenas de mortos.
Em Julho passado um estudo elaborado pelo instituto New America Foundation, com base em Washington, considerou que Xinjiang oferece um “alto potencial” para os recrutadores do EI, devido “às significativas disparidades económicas entre a etnia chinesa maioritária han e a população muçulmana local” e a “forte repressão estatal”.
 

8 Set 2016

Concorrência | Protocolo de cooperação assinado com Portugal

Lisboa e Pequim assinaram ontem um protocolo bilateral que visa assegurar condições mais justas de concorrência entre os dois mercados. Esta medida pretende fomentar as trocas comerciais entre os dois países, facilitando as regras de penetração no mercado

[dropcap style≠’circle’]P[/dropcap]ortugal e China assinaram um documento que pretende fomentar a cooperação sobre segurança alimentar, defesa do consumidor e supervisão, para assegurar condições mais justas de concorrência entre os operadores económicos dos dois países. Este instrumento de cooperação bilateral foi assinado pelo secretário de Estado Adjunto e do Comércio, Paulo Alexandre Ferreira, em nome do Estado português, e o vice-ministro chinês, Ma Zhengqi, que tutela a Administração para a Indústria e o Comércio, entidade homóloga da Autoridade para a Segurança Alimentar e Económica (ASAE).
Em declarações à imprensa o representante português realçou os benefícios do acordo. “Vejo, este protocolo, mais como um primeiro passo no estreitar de um diálogo que é benéfico para Portugal, na medida que cria proximidades relativamente a um mercado que tem 1,3 mil milhões de habitantes”, afirmou.

Mais justiça

O acordo prevê a implementação de um programa de actividades de interesse comum, sobretudo ao nível da segurança alimentar e da protecção dos direitos do consumidores vincula do lado português, a ASAE e, do lado chinês, a Administração para a Indústria e o Comércio. O objectivo é a troca de informações relacionadas com as disposições legais, regulamentares, documentos normativos, assim como boas práticas e outras informações que garantam a concorrência leal e a qualidade.
Sobre o programa comum, o secretário de Estado português explicou que para a China “será muito importante o enquadramento legal da União Europeia”, tendo em Portugal “uma ponte com quem possa dialogar”. Da mesma forma, a Portugal “interessa fomentar o conhecimento do enquadramento legal da China”, de forma a passar esse conhecimento às empresas portuguesas para permitir “uma penetração mais rápida dos produtos portugueses no mercado chinês”.

Reforçar laços

Durante a celebração do protocolo, o vice-ministro chinês, Ma Zhengqi, sublinhou que “é preciso olhar para o futuro no sentido de reforçar a cooperação” com Portugal em áreas como a da energia, tecnologias de informação, agricultura, turismo e segurança alimentar. E Paulo Alexandre Ferreira reiterou, sem mais pormenores: “Confirmo que há uma vontade de ambas as partes em aprofundar o relacionamento entre Portugal e a China, no que diz respeito à cooperação económica. Mais investimento chinês em Portugal e a abertura do mercado chinês às empresas portuguesas”.
A assinatura do protocolo foi precedida por uma reunião bilateral para reforçar as relações económicas e desenvolver a cooperação nas áreas da defesa do consumidor e dos mercados.

8 Set 2016

Comércio entre China e PLP caiu 12,25% até Julho

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] comércio entre a China e os países de língua portuguesa caiu 12,25% nos primeiros sete meses do ano, face ao período homólogo de 2015, indicam dados oficiais ontem divulgados.
Segundo estatísticas dos Serviços da Alfândega da China, publicadas ontem no portal do Fórum Macau, as trocas comerciais entre a China e os países de língua portuguesa totalizaram 51,50 mil milhões de dólares entre Janeiro e Julho.
Pequim comprou aos países de língua portuguesa bens avaliados em 35,73 mil milhões de dólares – mais 0,44% – e vendeu produtos no valor de 15,76 mil milhões de dólares – menos 30,84% face aos primeiros sete meses de 2015.
O Brasil manteve-se como o principal parceiro económico da China, com o volume das trocas comerciais bilaterais a cifrar-se em 38,23 mil milhões de dólares, valor que traduz uma queda de 9,36% em termos anuais homólogos.
As exportações da China para o Brasil atingiram 11,60 mil milhões de dólares, menos 33,79%, enquanto as importações chinesas totalizaram 26,63 mil milhões de dólares, reflectindo uma subida de 8%.
Com Angola, o segundo parceiro comercial da China no universo da lusofonia, as trocas comerciais caíram 27,69%, para 9 mil milhões de dólares.
Pequim vendeu a Luanda produtos avaliados em 942,8 milhões de dólares – menos 60,64% face aos primeiros sete meses de 2015 – e comprou mercadorias avaliadas em 8,05 mil milhões de dólares, menos 19,84%.
Com Portugal, terceiro parceiro da China no universo lusófono, o comércio bilateral ascendeu a 3,14 mil milhões de dólares– mais 23,13% –, numa balança comercial favorável a Pequim, que vendeu a Lisboa bens na ordem de 2,34 mil milhões de dólares – mais 41,21% – e comprou produtos avaliados em 799 milhões de dólares, menos 10,46%.
Em 2015, as trocas comerciais entre a China e os países de língua portuguesa caíram 25,73%, atingindo 98,47 mil milhões de dólares (90,60 mil milhões de euros ao câmbio da altura), a primeira queda desde 2009.
Os dados divulgados incluem São Tomé e Príncipe, apesar de o país manter relações diplomáticas com Taiwan e não participar directamente no Fórum Macau.

Conferência a caminho

China estabeleceu a Região Administrativa Especial de Macau como a sua plataforma para o reforço da cooperação económica e comercial com os países de língua portuguesa em 2003, ano em que criou o Fórum Macau (Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa), que reúne a nível ministerial de três em três anos.
A próxima conferência ministerial – a quinta desde 2003 – vai realizar-se nos próximos dias 11 e 12 de Outubro.
A conferência vai ter por base a iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota”, estando o foco apontado ao desenvolvimento, “de modo a promover as relações económicas e comerciais entre a China e os países de língua portuguesa”, segundo anunciou na quinta-feira o governo de Macau.
“Uma Faixa, uma Rota” é a versão simplificada de “Faixa Económica da Rota da Seda e da Rota Marítima da Seda para o Século XXI”, o projecto de investimento impulsionado pela China para reforçar a sua posição como centro comercial e financeiro da Ásia.

8 Set 2016

Cimeira | Xi Jinping em reuniões bilaterais resolve conflitos regionais

A cimeira do G20 tem permitido aos líderes de Estado reuniões bilaterais a fim de resolverem questões regionais. Foi o que aconteceu entre o Presidente chinês, Xi Jinping, e a sua homóloga da Coreia do Sul, Park Geun-hye

[dropcap style≠’circle’]X[/dropcap]i e Park reuniram à margem da cimeira do G20, que decorre na cidade de Hangzhou, costa leste da China, após Seul ter decidido instalar no seu território o THAAD, na sequência dos testes nucleares realizados pela Coreia do Norte. “Uma gestão inadequada do problema não propicia a estabilidade estratégica na região e pode intensificar os conflitos”, afirmou Xi, que considera que o THAAD tem como verdadeiro alvo a China. Durante a reunião, Xi reafirmou o compromisso da China na desnuclearização da península coreana, e insistiu que a única via para resolver a disputa é o diálogo.
O líder chinês pediu que as conversações a seis (China, Japão, Rússia, EUA e a duas Coreias), interrompidas em 2009, sejam retomadas, e que se considere os pontos de vista de cada um dos países implicados.”Os sintomas e a raiz do problema devem ser discutidos”, referiu Xi.
Segundo Washington e Seul, a instalação do THAAD na península coreana visa interceptar projécteis da Coreia do Norte, depois do regime de Kim Jong-un ter alcançado progressos nos seus programas nuclear e de mísseis.
Os Governos da China e Rússia consideram, no entanto, que a finalidade do sistema é aceder a dados das suas bases militares mais próximas, constituindo uma ameaça directa à sua segurança.

Encontro a dois

Xi Jiping tem-se desdobrado em negociações nesta cimeira, assinando acordos bilaterais e até levando a China a aceitar o Tratado de Paris, numa acção conjunta com o Presidente Barack Obama num momento que ficará registado para a história. Na senda dos encontros com os seus homólogos, fica o registo com Mariano Rajoy. Xi agradeceu ao primeiro-ministro espanhol pela sua presença na cimeira, apesar da situação política em Espanha. Os líderes reuniram-se antes do início do segundo dia da cimeira e ambos constataram as boas relações bilaterais, prometendo que continuarão a cooperar em todas as áreas. Reconhecendo que Espanha está bastante ocupada com problemas políticos, numa alusão à ausência de um governo em plenas funções no país, Xi Jinping agradeceu de forma especial a presença de Rajoy em Hangzhou.

Troca de galhardetes

Fontes do Governo espanhol revelaram ainda que o líder chinês felicitou Rajoy pela “evolução positiva” na economia de Espanha. Rajoy aproveitou a reunião para convidar o Presidente chinês a visitar Espanha, e Xi pediu-lhe para transmitir um convite ao rei Filipe VI, visto que Rajoy já visitou a China.
O primeiro-ministro de Espanha disse ainda que o seu Governo tem total disposição para colaborar no sentido de incrementar o ensino do espanhol na China, através, por exemplo, da formação de professores.

6 Set 2016

Ambiente | Pequim e Washington assinam compromisso fundamental

Agora ou talvez nunca. EUA e China assumiram, finalmente e em conjunto, a responsabilidade por não destruir o planeta. Aleluia ou talvez não

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China e os Estados Unidos, os dois maiores emissores de gases de efeito estufa do mundo, anunciaram conjuntamente na manhã de sábado, dia 3, na China, a ratificação do Acordo de Paris, que estabelece esforços do mundo inteiro para reduzir as mudanças climáticas e controlar o aumento de temperatura. Juntos, os dois países são responsáveis por 38% das emissões do planeta. A China é o actual líder, com cerca de 20%, e os EUA, que historicamente assumiram essa posição, respondem hoje por 18%. São os primeiros grandes países a ratificarem o acordo, o que deve acelerar a sua implementação em todo o planeta.
Para entrar em vigor, o acordo, estabelecido no ano passado na Conferência do Clima das Nações Unidas (COP-21) em Paris, precisa ser ratificado por 55 países, que respondam por 55% das emissões. Até antes do anúncio, 24 países já tinham feito a ratificação, mas correspondiam apenas a cerca de 1% das emissões. Com o anúncio, esta fatia sobe para 39,06%, segundo informações passadas pelos próprios países à ONU. A expectativa é que se alcance o total necessário até ao fim do ano.
O compromisso acordado por 195 nações do mundo é de fazer esforços para reduzir as emissões de gases de efeito estufa para que o aumento da temperatura do planeta não passe muito de 1,5ºC, ficando “bem abaixo de 2ºC”.
Assim como já tinham feito antes, quando também anunciaram conjuntamente os seus compromissos de redução de gases de efeito estufa (cada país do mundo disse quanto pode contribuir para o esforço global), os Presidentes Barack Obama e Xi Jinping fizeram o anúncio na véspera da reunião do G-20 em Hangzhou, na China.
“Assim como eu acredito que o acordo de Paris se vai revelar um ponto de viragem para o nosso planeta, acredito que a História vai julgar os esforços de hoje como fundamentais”, disse Obama, ao lado de Xi Jinping e do secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon.

O mundo agradece

A secretária-executiva da Convenção do Clima da ONU (UNFCCC) saudou o anúncio. “Gostaria de agradecer à China e aos Estados Unidos por ratificarem o acordo, sobre o qual repousa a oportunidade de um futuro sustentável para todas as nações e todas as pessoas”, disse numa nota. “Quanto mais cedo o acordo for ratificado e totalmente implementado, mais seguro o futuro se vai tornar”, acrescentou.
A China comprometeu-se a atingir o pico de emissões de CO2 até 2030, reduzir a intensidade de carbono de sua economia (quanto carbono é emitido por unidade económica produzida), aumentar as fontes não-fósseis de energia e aumentar as reservas florestais. Os Estados Unidos comprometeram-se reduzir entre 26% e 28% suas emissões até 2025, em relação aos valores de 2005.
De acordo com análise feita pelo Climate Interactive, com a escola de economia Sloan do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), as duas metas juntas devem responder por 51% das emissões evitadas entre 2016 e 2100 considerando todas os compromissos anunciados pelos demais países.
Além de ser o maior poluidor histórico, a ratificação por parte dos EUA é simbólica porque o país por anos foi considerado o maior entrave a acordos climáticos. A primeira tentativa de se controlar as mudanças climáticas foi o Protocolo de Kyoto, que estabelecia metas de redução das emissões por parte dos países ricos. Mas os EUA, apesar de o terem assinado, acabaram se recusar a ratificá-lo quando o ex-presidente George W. Bush, do partido republicano, assumiu o governo e o protocolo naufragou. A pressa de Obama justifica-se também porque o actual candidato republicano, Donald Trump, já manifestou que, se eleito, iria rever a assinatura do Acordo de Paris.

Acordo de Paris. O que é?

O acordo de Paris é um tratado no âmbito da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança de Clima (UNFCCC) sigla em inglês e foi aprovado a 12 de Dezembro de 2015 precisamente em Paris. Até 2017 os países podem rectificar o acordo, assumindo uma série de medidas de contenção no que se refere a emissão de gases poluentes. O acordo que foi aprovado por 195 países, impõe o compromisso no sentido de manter o aumento da temperatura média global em menos de 2 graus centígrados acima dos níveis pré-industriais e de encetar esforços para limitar o aumento da temperatura em 1,5 graus centígrados dos níveis pré-industriais.
O ponto central do chamado Acordo de Paris é a obrigação de participação de todas as nações e não apenas países ricos no combate às mudanças climáticas. Até agora, as 23 nações que haviam ratificado o acordo eram responsáveis por somente 1% das emissões. “Com a ratificação da China e dos EUA, só será preciso conseguir mais um par de grandes poluidores para que o total de 55% seja alcançado”, explica o analista de questões ambientais da BBC Roger Harrabin.
Mas mesmo que isso ocorra em breve, ainda há muitos desafios pela frente. A Grã-Bretanha, por exemplo, ainda não ratificou o tratado. O Governo fez saber recentemente à BBC que isso seria feito assim que possível, mas não há datas. No Brasil, o tratado passou pela Câmara dos Deputados, mas ainda precisa do aval do Senado.

5 Set 2016

China | Actividade industrial sobe para nível mais alto em dois anos

[dropcap style≠’circle’]E[/dropcap]m Agosto, e de acordo com as autoridades chinesas, o índice de produção na indústria subiu para o nível mais alto dos últimos dois anos. Os peritos que avaliaram a situação chegaram a este valor associando dois indicadores: procura e produção.
O Purchasing Managers Index (PMI) fixou-se em 50,4%, em Agosto, o nível mais alto desde Outubro de 2014, detalham os dados do Gabinete Nacional de Estatísticas (GNE) chinês. É um forte aumento face ao mês anterior, quando o índice se fixou em 49,9%, e supera largamente a previsão da agência Bloomberg, que apontou para os 49,8%.
Quando se encontra acima dos 50 pontos, o PMI sugere uma expansão do sector, pelo que abaixo dessa barreira pressupõe uma contracção de actividade. O índice é tido como um importante indicador mensal do desenvolvimento da segunda maior economia do mundo.

Economia em alta

O resultado “assinala uma recuperação na procura e produção e uma optimização da estrutura”, refere Zhao Qinghe, um analista do GNE, em comunicado.
A actividade da indústria manufactureira da China, um importante motor de crescimento económico do país, tem vindo a revelar-se volátil desde há vários meses, face à queda na procura global por produtos chineses e o excesso de capacidade industrial no sector secundário do país, após o fim do “boom” no sector da construção.
Zhao apontou ainda para persistentes pressões descendentes nas exportações e importações, devido à frágil recuperação da economia mundial.
Cerca de 40% das empresas inquiridas admitiram enfrentar dificuldades financeiras, enquanto cada vez mais firmas enfrentam a subida dos custos de mão-de-obra e da logística, referiu Zhao.
Após a crise financeira de 2008, a China foi o principal motor da recuperação da economia mundial, mas, no ano passado, cresceu ao ritmo mais lento do último quarto de século , 6,9%, e voltou a abrandar na primeira metade de 2016.
Pequim tem encontrado obstáculos no processo de reconfiguração do seu modelo económico, que visa apostar no consumo interno, em detrimento do investimento em infra-estruturas, como motor de crescimento.
Os dados ontem difundidos pelo GNE revelam que as pequenas e médias empresas têm enfrentado maiores dificuldades do que os grandes grupos que têm acesso mais fácil a crédito e ao mercado.

2 Set 2016

Alumínio | Empresa norte-americana comprada por milionário chinês

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m empresário da China decidiu pagar 2,33 mil milhões de dólares pela produtora de alumínio norte-americana Aleris Corporation. A Zhongwang USA, uma firma de investimentos controlada por Liu Zhongtian, anunciou em comunicado que vai pagar 1,11 mil milhões de dólares pela Aleris, que tem sede na cidade norte-americana de Cleveland, e pagar as dívidas da empresa, avaliadas em 1,22 mil milhões.
Liu é o fundador e presidente da Zhongwang China, que está cotada na bolsa de Hong Kong, e é a segunda maior fabricante do mundo de produtos industriais de extrusão de alumínio. O seu património líquido está avaliado em 3,1 mil milhões de dólares, segundo a revista norte-americana Forbes.”Esta aquisição é uma expansão internacional que visa estabelecer uma base de negócios complementares”, afirma o comunicado.
A Aleria tem 13 unidades de produção espalhadas pelos Estados Unidos da América, Europa e China, e é fornecedora de importantes construtoras, como a Airbus, Boeing e Bombardier.
Desde o início do ano, as empresas chinesas já anunciaram mais de 3,9 mil milhões de dólares em aquisições fora do país, nos sectores indústria farmacêutica, biotecnologia e saúde, dez vezes o valor total gasto em 2012, segundo a Bloomberg. O governo chinês tem encorajado as empresas do país a investir além fronteiras como forma de assegurar matérias-primas e fontes confiáveis de retornos, face aos sinais de abrandamento na economia doméstica.
No início do mês, o grupo de investimento chinês Fosun propôs comprar 16,7% do capital do Banco português BCP, por um preço que deverá rondar os 236 milhões de euros, e que poderá reforçar posteriormente a sua participação “para entre 20% a 30%”. Só em Portugal, aquele grupo detém já a Fidelidade, a Espírito Santo Saúde, reconvertida em Luz Saúde, e uma participação de 5,3% na REN (Redes Energéticas Nacionais).

1 Set 2016

China | Bancos alertam para aumento do crédito mal parado

Cada vez mais os chineses têm dificuldade em saldar as suas dívidas. Quem o diz são os gigantes bancários do país que alertam para o aumento do crédito mal parado

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s quatro maiores bancos estatais chineses anunciaram um aumento do crédito mal parado, no primeiro semestre do ano, numa altura em que a economia chinesa cresce ao menor ritmo do último quarto de século. Em comunicado enviado à bolsa de Hong Kong, o ICBC, o maior banco do mundo em capitalização em bolsa e por depósitos, revelou que a taxa de incumprimento entre os devedores em Junho, subiu para 1,55%, acima do valor registado no mesmo mês do ano passado, de 1,50%.
A mesma nota detalha que, no primeiro semestre, os lucros do banco subiram 0,8%, em termos homólogos.
Os três outros gigantes estatais anunciaram também um aumento no crédito mal parado, à medida que Pequim recorre a crédito barato visando impulsionar o crescimento económico.
O Banco da China, o mais utilizado para troca de divisas estrangeiras, disse na terça-feira que a quantidade de crédito malparado subiu para 1,47%, no final de Junho, acima do valor de 1,43% registado em Dezembro 2015.
Na semana passada, o China Construction Bank, o segundo maior credor do país, anunciou um aumento da taxa de incumprimento de 0,05%, para 1,63%, enquanto o Agricultural Bank of China fixou aquela cifra em 2,40%, ligeiramente acima do registado no ano passado.
No final do ano passado, o endividamento da China atingiu os 168,48 biliões de yuan o equivalente a 249% do Produto Interno Bruto (PIB), segundo estimativas da Academia de Ciências Sociais da China. A mesma fonte diz ainda que o maior risco reside no sector corporativo não financeiro, no qual a proporção da dívida em relação ao PIB é estimada em 156%, incluindo as dívidas contraídas por mecanismos de financiamento dos governos locais.
Em Junho passado, um funcionário da Comissão Reguladora do Sistema Bancário da China revelou que nos últimos três anos, os bancos do país amortizaram mais de 300.000 milhões de dólares em crédito mal parado, mais de três vezes o valor do resgate económico acordado em 2011 entre o Governo português e a “troika”.
A economia chinesa cresceu 6,9%, em 2015, o ritmo mais lento dos últimos 25 anos.

1 Set 2016

Sócia da Uber fecha acordos com 50 empresas de táxis

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] aplicativo de transporte chinês Didi Chuxing, que este mês adquiriu as operações da Uber na China, assinou ontem acordos de cooperação com 50 companhias locais de táxis, prevendo ampliar as suas operações conjuntas.
Os acordos prevêem que o Didi Chuxing disponibilize às empresas os pedidos dos utilizadores do seu aplicativo móvel e a informação recolhida pela sua unidade de ‘big data’ (processamento em massa de dados dos clientes), para melhorarem a sua eficiência.
As 50 empresas que se aliaram ao Didi Chuxing, uma firma na qual a Apple investiu 1.000 milhões de dólares em Maio passado, operam numa dezena de cidades chinesas, entre as quais Pequim e Xangai.
Com este modelo, a empresa chinesa inclui no seu aplicativo os serviços de 1,8 milhões de taxistas, em 380 cidades, e de condutores privados, em 400.
A firma, que tem uma quota de quase 90% do mercado chinês, recebendo por dia cerca de 16 milhões de pedidos, garante que melhorou o sistema para solicitar um táxi, permitindo saber a distância entre os clientes e os condutores, estado do trânsito, e a oferta e procura.

1 Set 2016

China | Demolido um dos maiores altos-fornos do noroeste do país

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m dos maiores altos-fornos do noroeste da China, utilizado na produção de ferro, foi ontem demolido, numa altura em que a segunda maior economia mundial tenta eliminar o excesso de capacidade de produção no sector secundário.
Segundo a agência noticiosa oficial Xinhua, 200 trabalhadores iniciaram a demolição do alto-forno número 2 do Baogang Group, uma estrutura com meio século de existência e 1.800 metros cúbicos de dimensão.
A sua capacidade de produção anual está fixada em 1,33 milhões de toneladas de ferro
No conjunto, a estrutura do forno, oleodutos e outras partes da construção pesam 10 mil toneladas, segundo técnicos responsáveis pela demolição, citados pela Xinhua.
É o maior forno a ser demolido na China, desde que Pequim anunciou um plano designado “reforma do lado da oferta”, que visa reduzir o excesso de capacidade na indústria pesada, refere a agência.
No ano passado, o maior grupo especializado em exploração de carvão, no noroeste da China, anunciou que vai eliminar 100.000 postos de trabalho até 2018, para “tentar minimizar os prejuízos”, num dos maiores despedimentos em massa registados no país nos últimos anos.
De acordo com o Ministério de Recursos Humanos e Segurança Social da China, só nas indústrias do carvão e do aço, a China deverá extinguir 1,8 milhão de empregos.
Depois de três décadas a crescer em média quase 10% ao ano, a China cresceu 6,9%, no ano passado, o ritmo mais lento do último quarto de século, enquanto o rápido processo de urbanização regista sinais de abrandamento.
Pequim quer transformar o sector dos serviços e o consumo interno nos novos motores de crescimento económico.

1 Set 2016

Mísseis | Pequim contra programa nuclear da Coreia do Norte

A Coreia do Norte continua a testar o programa de desenvolvimento de mísseis próximo dos países vizinhos. Desta vez foi o Japão que denunciou a entrada de um engenho na sua zona de identificação aérea. Há uns meses foi a vez da Coreia do sul reclamar. A China já repudiou publicamente estes actos e voltou a mostrar “solidariedade” com os dois países em causa. Em Março o governo de Pequim já havia acordado com um pacote de sanções aprovado por maioria na ONU

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China é contra o programa nuclear e de desenvolvimento de mísseis norte-coreano, afirmou ontem o ministro dos Negócios Estrangeiros, horas após Pyongyang ter testado o lançamento de um míssil balístico na direcção do Japão. “A China opõe-se ao processo de desenvolvimento de capacidade nuclear e de mísseis, pela Coreia do Norte, e é contra acções que geram tensão na península coreana”, afirmou Wang aos jornalistas, após um encontro com os seus congéneres da Coreia do Sul e Japão, em Tóquio. Referindo-se à resolução aprovada em Março pelas Nações Unidas, que condena as acções militares da Coreia do Norte, incluindo o lançamento de mísseis, Wang acrescentou que “a China é contra qualquer acção que viole a resolução 2270 do Conselho de Segurança da ONU”.
A China é o aliado mais importante da Coreia do Norte e é responsável por 90% do comércio externo daquele país. Até há pouco tempo, as relações entre Pequim e Pyongyang eram descritas como “unha com carne”, mas a China tem assumido publicamente, um distanciamento face ao comportamento do líder daquele país.

Acto “imperdoável”

O míssil balístico lançado ontem pela Coreia do Norte, a partir de um submarino, entrou na zona de identificação aérea do Japão pela primeira vez, denunciou o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe. “Esta é a primeira vez que um míssil da Coreia do Norte foi lançado a partir de um submarino para a zona de identificação aérea do nosso país”, disse Abe aos jornalistas, de acordo com a televisão pública NHK. O mesmo responsável qualificou o acto de “imperdoável”, considerando que constitui uma “grave ameaça” para a segurança do Japão e indicou que, apesar de ambos os países não manterem relações diplomáticas, Tóquio apresentou o seu protesto formal a Pyongyang através da sua embaixada em Pequim.
O míssil caiu em águas que correspondem à zona de identificação aérea (ADIZ), área em que o Estado titular da mesma exige identificação às aeronaves estrangeiras que a atravessem.

Gigantes de acordo

À margem da Cimeira de Segurança Nuclear, que teve lugar em Washington, em Abril, Barack Obama e Xi Jiping acordaram unir esforços face à ameaça nuclear da Coreia do Norte, que já na altura, havia testado um novo míssil próximo da Coreia do Sul.
Concordam em discutir formas “de desencorajar as acções com os testes mísseis nucleares que fazem escalar tensões na área e que violam as obrigações internacionais”, disse Obama. Por sua vez Xi, citado pela agência estatal chinesa Xinhua declarou que espera que todos os envolvidos implementem de “forma completa e estrita” o novo pacote de sanções ao regime de Kim Jong-un, recentemente aprovadas pelo Conselho Geral da ONU com o aval da China. Depois da reunião ao mais alto nível ter acontecido, foi a vez do Ministro dos Negócios Estrangeiros ter afirmado à imprensa que foi “uma conversa cândida e aprofundada e alcançaram um importante consenso”. Depois deste “acordo” Pyongyang tem continuado a fazer demonstrações da sua capacidade bélica.

Sanções pesadas

O pacote de sanções imposto à Coreia do Norte foi discutido no Conselho de Segurança das Nações Unidas e aprovado por unanimidade, em Março deste ano. Daqui resultaram restrições ao comércio, importação e exportação de matérias-primas, obrigação de inspecção de cargas provenientes e com destino a Pyongyang e sanções económicas pesadas contra bancos coreanos. Sanções diplomáticas e um embargo total à venda de armas ligeiras fazem parte deste pacote classificado por Samantha Power, embaixadora norte americana na ONU, “Como as mais severas medidas impostas pela ONU em 20 anos”. Antony Blinken, secretário de Estado adjunto dos EUA disse que as medidas “deixam uma mensagem forte e clara ao regime Norte coreano”. Mensagem essa que parece não tirar o sono nem demover das suas intenções de Kim jong-un que continua a atacar os vizinhos Japão e Coreia do Sul.

25 Ago 2016

 Espaço | Projecto chinês prevê estação lunar habitada

Existe a possibilidade de ser instalada uma estação de radar habitada na lua, no programa espacial chinês. Mas este projecto megalómano tem merecido especial atenção devido aos custos e à viabilidade do mesmo. A comunidade internacional receia que fins militares falem mais alto e mostra-se desconfiada

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] programa espacial chinês pediu a um grupo de cientistas nele envolvido, para estudarem a hipótese de uma estação de radar habitada na Lua, um projecto cuja viabilidade e custo elevado têm levantado algumas questões, segundo o diário South China Morning Post.
O estudo foi iniciado este ano com um financiamento de 16 milhões de yuan. Nele é contemplada a hipótese de instalar uma antena de radar, até 50 metros de altura, capaz de monitorizar áreas da Terra muito maiores do que o conseguido pelos satélites convencionais. Com uma base deste tipo poder-se-iam obter imagens mais claras do planeta, que permitiriam um melhor estudo da superfície terrestre, do fundo do mar e até do subsolo.
O radar lunar, por enquanto apenas um projecto, poderia ter usos científicos tais como a previsão meteorológica ou de terramotos, mas também militares, segundo o diário de Hong Kong.

Conselhos académicos

Uma das pessoas envolvida no estudo é um especialista em radares Guo Huadong, da Academia Chinesa de Ciências, que já propôs esta possibilidade há três anos num artigo de uma revista científica publicada na China. Nela, ressaltou que a Lua poderia oferecer grandes vantagens para a observação terrestre frente aos satélites artificiais, desde uma melhor estabilidade a uma maior durabilidade dos aparelhos que se construam nela. Advertiu também que, uma estação deste tipo requereria uma enorme quantidade de energia, sobretudo para o envio de transmissões de rádio de alta intensidade, por isso sugeriu que a sua construção fosse acompanhada da instalação de uma central de energia solar ou nuclear em solo lunar.
As ambições deste projecto são ciclópicas e não deixam a comunidade internacional descansada. É que há quem desconfie das intenções deste estudo e receiam que tenha fins militares.

22 Ago 2016

Xi Jinping e Suu Kyi negoceiam paz e construção de barragem

O Presidente da China, Xi Jinping, afirmou na sexta-feira durante um encontro em Pequim com a líder da Birmânia, Aung San Suu Kyi, que apoia o processo de paz no país entre o governo e os grupos rebeldes. Em troca Suu Kyi acenou com a possibilidade de retoma da construção da barragem, parada desde 2011

[dropcap style≠’circle’]D[/dropcap]urante o encontro entre os dois líderes, Xi Jinping prometeu “desempenhar um papel construtivo na promoção do processo de paz”, segundo a agência chinesa Xinhua. “A China atribui grande importância ao desenvolvimento das relações com o Myanmar” , escreveu Xi, de acordo com um comunicado oficial.
A Birmânia vai organizar, no final do mês, uma conferência com os grupos rebeldes, com Suu Kyi a fazer da paz um prelúdio para o relançamento da economia depois de o seu partido ter vencido as históricas eleições de Novembro do ano passado. “Como bom vizinho, a China vai fazer todo o possível para promover o nosso processo de paz”, disse a ministra dos Negócios Estrangeiros birmanesa aos jornalistas, em Pequim, antes do encontro com Xi.

Interesses comuns

A China tem todo o interesse em que este acordo seja assinado porque conhece bem a realidade dos grupos étnicos armados na Birmânia e tem presente o perigo que representam, uma vez que dividem a fronteira. A propósito deste assunto a Nobel da Paz realçou “esta é uma fronteira muito importante onde existem muitos grupos étnicos armados”. Há facções que lutam contra o governo há décadas. Têm lugar nas pobres e militarizadas fronteiras da Birmânia, prejudicando os esforços para elevar a economia depois de ter sido posto termo à junta militar.
Desde a sua independência do Reino Unido em 1948, a Birmânia, onde vivem mais de 130 etnias diferentes, é palco de revoltas de grupos que reclamam o direito à autonomia. Alguns têm laços étnicos e culturais com a vizinha província chinesa de Yunnan, e a fronteira é permeável ao comércio de droga, armas e pedras preciosas. O apoio da China é visto como crucial para pôr fim a décadas de conflitos étnicos no país, algo em que Pequim está interessado, visto que em ocasiões passadas os confrontos com o exército da Birmânia ocorreram em zonas junto à sua fronteira.
Os líderes têm trunfos na manga e Suu Kyi alimenta junto do vizinho, a esperança de reanimar o projecto de construção da barragem de Myitsone. Avaliado em mais de três milhões de euros, é co-financiado por uma empresa chinesa e iria fornecer a maior parte da produção de energia eléctrica aquele país. Desde que foi travada a sua construção, em 2011, é um espinho na agenda política entre os vizinhos.

22 Ago 2016

Ningbo e a cidade de Liampó

[dropcap style=’circle’]N[/dropcap]a província de Zhejiang encontramos a cidade de Ningbo, situada no Delta do Rio Yangtzé. Com uma estratégica posição na costa marítima a meio da China, usufrui de três portos, o Beilun banhado por um canal de águas profundas, o Zhenhai e o antigo porto de Ningbo, equipado para petroleiros e outros navios de grande porte.

Se a razão da visita é ser Ningbo a última cidade do Grande Canal e encontrar-se na lista das cidades chinesas ligadas à antiga Rota Marítima da Seda, confesso trazer a curiosidade desperta pela Peregrinação de Fernão Mendes Pinto e Tratado das Coisas da China do Frei Gaspar da Cruz, cujas informações recolhidas em meados do século XVI, me colocavam a imaginação às voltas ao pretender entender como seria Liampó, “estabelecimento mercantil nas ilhas de Shuang-hsü”, como o classifica Rui Loureiro numa das notas redigidas no Tratado das Coisas da China. Por isso, aqui não vamos escrever sobre a actual Ningbo e seus arredores, nem da cidade esplendorosa desde a dinastia Tang até à Song do Norte, que com o nome de Mingzhou foi um dos principais portos da costa chinesa, o que continuou na dinastia mongol dos Yuan. Com a abertura dos caminhos terrestres, a cidade começou a perder importância e caída no esquecimento, quando em meados da dinastia Ming, o , dominicano Frei Gaspar refere, os portugueses “a invernar nas ilhas de Liampó e estarem nelas tanto de assento e com tanta isenção que lhes não faltava mais que ter forca e pelourinho”.

Tal estabelecimento inicial dos mercadores portugueses em Liampó terá ocorrido em 1540 e segundo Rui Loureiro, Liampó tanto designava nas nossas fontes quinhentistas a cidade de Ningpo e área circundante, como o estabelecimento português que floresceu entre 1540 e 1549 em Shuang-hsü, uma das ilhas do arquipélago de Chu-san, no litoral fronteiro a Ningpo.

Complementa Victor F. S. Sit, ” Em Shuangyu, os portugueses envolveram-se com piratas chineses e japoneses (wokou) em negócios ilícitos de elevados lucros, dando, assim, origem a uma colónia portuguesa, a segunda maior da Ásia, de importância apenas inferior à de Malaca. Lá viviam 10 mil comerciantes, entre os quais 1200 portugueses. Havia mil casas, uma municipalidade, uma assembleia, um tribunal, várias igrejas e um hospital. Esta povoação mais parecia um estado dentro da China”.

A muy nobre e sempre leal cidade de Liampó

Ainda antes do estabelecimento em Macau dos portugueses, segundo Montalto de Jesus refere, “da leitura de outro relato contemporâneo, a famosa Peregrinação de Mendes Pinto, ressalta que Liampó foi sempre considerada como a mais bonita, a mais rica e a melhor abastecida colónia que os portugueses tiveram na Ásia – um município oficializado como cidade portuguesa e intitulado, nos testamentos e escrituras, Esta muy nobre e sempre leal cidade de Liampó, pelo Rey nosso Senhor, como se se situasse em Portugal. A colónia atingiu o auge da sua prosperidade depois da descoberta do Japão (ocorrida entre 1542 e 1543). O comércio, calculado em mais de três milhões de cruzados de ouro, rendia três ou quatro vezes o capital investido. A comunidade era de mil e duzentos portugueses e mil e oitocentos orientais, que por ali prosperavam sem ser molestados pelos piratas. Ao Sul, no entanto, os portugueses eram muitas vezes vitimados e o comércio entre Malaca e Liampó disso se ressentia fortemente. Certa vez calhou a António de Faria, que arruinado resolveu vingar-se. Com o apoio dos seus companheiros equipou uma expedição contra o seu saqueador, o famoso corsário Coja Acém, terror da costa chinesa. A partir do Sião, Faria esmagou muitos piratas poderosos – e uma das vitórias impressionou tanto os chineses que estes lhe enviaram uma deputação, oferecendo-lhe um tributo de vinte mil taéis e solicitando a sua protecção como rei dos mares. Ele de boa vontade aceitou e emitiu salvos-condutos, pondo como condição que os portugueses fossem tratados de forma fraternal pelos chineses sempre que se encontrassem.” (…) “a expedição teve a seguir a fatalidade de naufragar numa ilha deserta – e a perseguição teria terminado aí não fosse o apresamento de um barco que casualmente lá aportou para se restabelecer de água. Então, com a frota de um pirata chinês, Faria terá eventualmente conseguido alcançar, derrotar e matar Coja Acém e a sua horda, não dando quartel nem aos feridos e doentes encontrados em terra. A frota vitoriosa, carregada de ricos espólios, perdeu-se parcialmente num tufão”. Tal terá ocorrido por volta de 1541 e é preciso lembrar que por essa altura, e desde 1521, após a primeira das duas batalhas navais ocorridas entre navios mercantes portugueses e a armada chinesa, as autoridades chinesas decretaram a expulsão dos portugueses e por isso, eram estes ali considerados piratas.

Os piratas japoneses

Tributários da China no século V a.n.E., durante a dinastia Zhou do Leste, os japoneses ao longo dos tempos até à dinastia Ming continuaram a receber do erudito país constantes influências, tanto culturais como religiosas, de onde lhes veio na dinastia Tang, o Budismo, o modelo com que estruturaram a sua hierarquia Imperial, a arquitectura das casas e muitas outras influências. Já na dinastia Yuan, por os japoneses não quererem em 1266 ser tributários da dinastia mongol, em 1274 e 1281 foram invadidos pelas tropas de Kublai Khan. Nessas duas vezes, na primeira invasão os 30 mil mongóis e coreanos foram repelidos por uma tempestade e na última, com 140 mil soldados, “ao fim de dois meses de luta, nova tempestade – Kamikaze, vento divino – dispersa a frota invasora. Novamente Kubilay se prepara para tomar as ilhas, organizando um quartel-general para o ataque em 1293. A sua morte em 1294 susta esta tentativa. O regente dos Hojo, mantém, no entanto, o alerta militar até 1314”, segundo Gonçalo Mesquitela. Estas tentativas mongóis de invasão levaram os japoneses à construção de embarcações, ficando assim guarnecida a capacidade marítima do Japão. Anteriormente e desde longo tempo, “o comércio exterior japonês estivera entregue a navegadores coreanos e chineses. A ameaça mongol, como dissemos, desenvolveu a classe marítima nipónica. Nas décadas que se lhe seguiram, instituíram-se numerosas comunidades japonesas na costa, (…), aventurando-se depois no mar da China”, como refere Mesquitela. E com ele continuando, “Nos princípios do século XIV, os japoneses começaram as actividades de pirataria e saque das costas, tendo daí advindo para estes barcos japoneses o nome de Wako, oriundo da bandeira invocadora do deus da Guerra que ostentavam. Este carácter de pirata resultava também da clandestinidade a que as autoridades da Coreia e da China obrigavam o comércio marítimo, considerado indesejável, pelo que o pretendiam suprimir ou, pelo menos, restringir fortemente”.

Logo desde o início da dinastia Ming, em 1373 o Imperador Hong Wu (1368-1398) “mandava ao Japão dois monges como seus enviados, pedindo que cessassem as actividades Wako contra a navegação e as costas chinesas”, Mesquitela e continuando com a sua ideia, em 1401 o Japão tornou-se de novo tributário da China, prometendo acabar com os wako a troco de uma viagem de dez em dez anos. Nesse decénio houve seis. “Com um acordo comercial mais liberal, recomeçou o comércio em 1432, sob a mesma base de uma embaixada decenal, mas com mais navios”. Por essas ligações de barco receberam então os japoneses a influência chinesa nas artes e na técnica.

Navegação marítima interdita

Após a chegada da última das sete viagens do Almirante Zheng He, em 1433 o Imperador Ming, Xuande (Zhu Zhanji, 1425-35), “desencorajara abertamente quaisquer ligações marítimas de chineses com o estrangeiro, instituindo penas severas para os infractores, que, no entanto, nunca deixaram de se multiplicar”, segundo Rui Manuel Loureiro. E continuando com Frei Gaspar: “E ainda ao longo da costa, nem de uma parte para outra na mesma China, lhe é lícito ir sem certidão dos loutiás da terra donde partem, na qual se relata para onde vai e o negócio a que vai, e os sinais de sua pessoa e a idade que tem. Se não leva esta certidão é degradado para as partes fronteiras”. (Existiam os passaportes internos para os chineses viajarem dentro na China). “O mercador que leva fazenda leva certidão da fazenda que transporta e como pagou direitos dela. Em cada alfândega que há em cada província paga uns direitos, e não os pagando, perde a fazenda e degradam-no para as partes fronteiras.

Sem embargo das sobreditas leis, não deixam alguns chineses de navegar para fora da China a tratar; mas estes não tornam mais à China. Destes vivem alguns em Malaca, outros no Sião, outros em Patane e assim por diversas partes do Sul estão espalhados alguns destes que saem sem licença. Pelo que destes que já vivem fora da China, alguns tornam em seus navios a navegar para a China debaixo do amparo dos portugueses. E quando hão-de despachar os direitos de seus navios, tomam um português seu amigo a quem dão algum interesse, para que em seu nome lhes despache os direitos. Alguns chineses, desejando ganhar o remédio para sua vida, saem mui escondidos nestes navios destes chineses a contratar fora e tornam mui escondidos que o não saibam nem seus parentes, porque se não divulgue e não incorram na pena que os tais têm. Pôs-se esta lei porque achou el-rei da China que a muita comunicação das gentes de fora lhe podia ser causa dalguns alevantamentos, e porque muitos chineses, com achaque de navegarem para fora, se faziam ladrões e salteavam as terras de longo do mar”, segundo escreveu o Frei Gaspar da Cruz.

Foi após os problemas ocorridos entre 1521 e 1522 e sobretudo pelos desmandos de Simão de Andrade, que levaram à expulsão dos navegantes portugueses da costa chinesa, que estes chineses a viver fora da China os encaminharam “a que fossem a Liampó fazer fazenda, porque não há naquelas partes cidades nem vilas cercadas, senão muitas e grandes aldeias ao longo da costa, de gente pobre, a qual folgava muito com os portugueses, porque lhes vendiam seus mantimentos, com que faziam seu proveito. Nestas aldeias eram estes mercadores chineses que com os portugueses navegavam aparentados e por serem conhecidos recebiam ali por sua causa melhor os portugueses, e por eles negociaram com os mercadores da terra trouxessem suas fazendas a vender aos portugueses. E como estes chineses que andavam entre os portugueses eram os que terçavam (interceder a favor) entre os portugueses e os mercadores da terra nas compras e vendas, tinham deste negócio mui grande proveito. Os loutiás pequenos de longo do mar recebiam também mui grandes proveitos deste trato, porque recebiam grossas peitas de uns e doutros, pelos deixarem contratar e lhes deixarem trazer e levar as fazendas. Pelo que esteve este trato entre eles muito tempo encoberto d’el-rei e dos loutiás grandes da província.

Depois de se haverem feito por algum tempo assim encobertamente as fazendas em Liampó, foram-se pouco a pouco estendendo os portugueses e começaram a ir fazer fazenda ao Chincheo e às ilhas de Cantão. E também já outros loutiás, pelas peitas, os iam consentindo por todas as partes, pelo que chegaram alguns portugueses com a contratação até além de Nanquim, que é já muito longe de Cantão, sem nunca el-rei ser sabedor deste trato. Sucederam as contratações de maneira que começaram os portugueses a invernar nas ilhas de Liampó”, Tratado das Coisas da China de Frei Gaspar da Cruz.

Em 1542/3 chegaram os portugueses ao Japão e “Liampó tornou-se numa importante base comercial para os Portugueses nas viagens para o Japão, que aí desafiavam todas as ordens proibitivas em vigor para o comércio externo. Um incipiente comércio popular, no dizer dos governantes, e o comércio clandestino, agravaria ainda mais o problema da pirataria japonesa”, segundo referem Jin Guo Ping e Wu Zhiliang.

29 Jul 2016

Animais | Diversões turísticas na Ásia levam ao sofrimento de milhares

China e Tailândia são dois dos lugares na Ásia onde mais animais sofrem por serem atracções turísticas. Ingenuidade ou puro esquecimento fazem de todos nós contribuintes para que continuem as fotografias com tigres e passeios em elefantes e, consequentemente, os abusos e maus tratos a animais. Está na altura de riscar alguns desejos da sua lista

[dropcap style=’circle’]F[/dropcap]otografias com macaquinhos vestidos com lantejoulas. Passeios nas costas de elefantes, selfies com ursos polares no meio de centros comerciais ou aquela imagem de um turista sentado num templo com tigres enormes ao lado.

São várias as formas de entretenimento com animais que são toleradas na Ásia, com a China e a Tailândia no topo dos locais com atracções. Mas sabe qual é o preço para que turistas como nós possam ter uma fotografia com animais presos em cativeiro? Maus tratos, sofrimento, doenças e malformações e, às vezes, a própria vida. É este o preço que pagam os animais confinados a circos, gaiolas ou correntes.

Só abriu em Janeiro deste ano, mas é já considerado um dos “zoos mais tristes do mundo”. O Grandview Aquarium, em Cantão, alberga 500 espécies diferentes de animais, incluindo do Árctico. Mas fica num centro comercial, sem luz natural e onde as jaulas são “demasiado pequenas”. A ideia de criar o espaço? Permitir selfies com animais raros e providenciar ao público espectáculos de entretenimento.

Torturas expostas

Urso polar num centro comercial em Guangzhou
Urso polar num centro comercial em Guangzhou

Dois ursos polares, seis baleias-beluga jovens, dois lobos do Árctico e cinco leões marinhos fazem as delícias dos visitantes no Grandview Aquarium. Mas o oposto não é real: o facto do local não ser um santuário, mas um zoo, leva a problemas que podem já ser notados nos animais.

“Sofrem de negligência, maus tratos, falta de estimulação e falta de luz natural. Os espaços pequenos não permitem que façam os movimentos normais que fariam na Natureza”, pode ler-se num relatório da Animals Asia.

O fundador do Grandview Aquarium é a Haichang Ocean Park Holdings, um dos maiores operadores de parques aquáticos do continente. Espectadores, alguns sem saber, relatam que os animais estão a sofrer de uma doença conhecida como “zoochosis”, um comportamento típico de animais em cativeiro, onde os movimentos são tão repetidos que se tornam únicos, invariáveis e sem qualquer função útil para a criatura.

“Os leões marinhos e as baleias nadam em círculos nos seus pequenos tanques e os ursos, raposas e lobos raspam as unhas nas paredes, enquanto andam para a frente e para trás no mesmo sentido. Muitos animais em cativeiro desenvolvem este comportamento anormal e neurótico, porque são literalmente levados à loucura por causa do local onde estão confinados. Animais marinhos em cativeiro morrem, normalmente, mais cedo do que no seu habitat natural”, explica a Animals Asia, uma das maiores organizações do mundo de protecção animal.

Os ursos polares ainda sem nome que habitam no local são a maior atracção para quem quer tirar selfies. Vídeos e imagens mostram os animais num pequeno quadrado de cimento pintado de azul: a maioria das vezes, os ursos estão deitados com a cara no chão de cimento – para que possam escapar ao calor de Cantão -, ou a tentar fugir de turistas que dão murros nos vidros para chamar a atenção dos animais.

“Os pobres dos ursos não têm por onde escapar. Nenhum local para se esconderem das pessoas a tirar fotografias”, frisou Dave Neale, director do departamento de Bem-Estar Animal da organização. “Eles precisam de espaço, para correr, para subir, para caçar… para andar.”

Depois da morte do “urso polar mais triste do mundo” – o Arturo, preso num zoo da Argentina – os ursos desta infra-estrutura aqui ao lado já são considerados uma substituição. E o problema é que parecem haver sempre substitutos.

O erro de não pensar

O Grandview Aquarium é, como muitos outros aquários que servem de zoo, uma “prisão” para animais a quem estão a ser negados os direitos de viver num habitat natural para prazer dos humanos. Mas, como muitos outros sítios, não é o único a chamar a atenção.

Recentemente, diversos mosteiros budistas na Tailândia começaram a ser investigados, depois de um dos mais populares templos do país ter sido acusado de tráfico de vida selvagem e maus tratos: mais de uma centena de tigres viviam no local. Mais de 40 crias foram encontradas congeladas.

Ao retirarem os tigres do templo, as autoridades tailandesas foram confrontadas pela população, que queria proteger os tigres e pensava que o local para isso era o templo. Esse é, de acordo com organizações internacionais pelos direitos dos animais, um dos maiores problemas. É que, enquanto turistas, muita gente não pensa que por trás de um belo exemplar de tigre que posa para uma foto, estão inúmeros casos de maus tratos e de injecção de drogas aos animais.

“É um erro, um acto cruel, que não nos apercebemos do que estamos a fazer. Pagamos para tirar fotos com um tigre, ou para andar de elefante ou para ver macacos a dançar e golfinhos a saltar. Quase 110 milhões de pessoas visitam anualmente atracções relacionadas com a vida selvagem. Mas a maioria não se apercebe o abuso que pode estar por trás desses momentos mágicos. Às vezes, uma vida de sofrimento”, realça um relatório de Junho deste ano da World Animal Protection. A organização estima que, pelo menos, 550 mil animais selvagens sofram às mãos de pessoas que têm como intuito atrair turistas – e isto só falando em espaços registados, com infra-estruturas.

No relatório da organização, a World Animal Protection fez uma lista (ver em baixo) das dez atracções mais mortíferas com e para os animais. Uma delas é precisamente a selfie com o tigre.

“As crias são retiradas da mãe cedo, para que se habituem a fotografias e poses durante horas a fio. São normalmente mantidos em jaulas com chão em cimento ou correntes.”

Contribuintes para o mal

Os ursos bebés são acorrentados pelo pescoço para aprenderem a andar em duas patas
Os ursos bebés são acorrentados pelo pescoço para aprenderem a andar em duas patas

Como qualquer pessoa a viver na Ásia, também o leitor deve ter visitado a Tailândia, destino típico para um passeio às costas de um elefante. No local, pode até nem ter pensado para aquilo que estava a contribuir. A World Animal Protection explica.

“Para que os elefantes aceitem dar boleias às pessoas, são retirados às mães em bebés e passam por um terrível processo conhecido como ‘the crush’, que envolve mantê-los em jaulas minúsculas e fechadas ou prendê-los com correntes nos pés, para que só se mexam quando mandados. Dor severa é constantemente infligida no animal, com ganchos de metal na cabeça e, nos parques, evita-se que desenvolvam relações sociais uns com os outros.”

Os elefantes são criaturas conhecidas por sentirem dor pela perda de um membro da família, imporem o luto entre eles e fazerem parte de uma sociedade.

Os macaquinhos que dançam, às vezes vestidos e maquilhados, nas ruas de Guilin, por exemplo, são outros dos animais que mais sofrem por causa do turismo.

“Os macacos mais jovens são treinados de forma agressiva e dolorosa, para que andem e se comportem como humanos. São mantidos em correntes e, quando não estão a dançar, servem para fazer poses para tirar fotografias. Ao crescer, a corrente começa a ficar enfiada na própria carne do macaco”, relata a World Animals Protection.

Infames circos

Deixando de parte os animais que anualmente são mortos para comida de forma cruel, os festivais de carne de cão ou as tradições que existem apenas para infligir sofrimento, há ainda outra atracção mundial que envolve abusos a animais. São os circos: local de diversão para uns e de desespero para outros.

Uma investigação recente da PETA Asia and Pacific na cidade de Suzhou, na China, é prova disso mesmo. A organização registou algumas das cenas num vídeo impróprio para os mais sensíveis. O HM viu algumas das imagens – ursos e tigres em gaiolas desapropriadas ou animais acorrentados pelo nariz são apenas algumas delas. As outras mostram animais em agonia, aos gritos.

“Visitámos dez circos diferentes e locais de treino de animais só nessa cidade, que tem mais de 300 circos. Os abusos e maus tratos são de uma escala massiva. Crias de ursos são acorrentadas pelo pescoço à parede durante horas, para que aprendam a andar em duas patas. São espancados quando não fazem os truques e, quando acabam o espectáculo ou já estão velhos demais para performances são deixados 24 sob 24 horas fechados em gaiolas”, pode ler-se no relatório da PETA.

Macacos, tigres, elefantes, ursos, lamas e até cães de grande porte e porcos são as estrelas deste filme de terror. “Um dos macacos foi acorrentado aos cornos de uma cabra e forçado a fazer o pino enquanto a cabra subia a uma escada.

Circos como estes não acontecem apenas na China, com Singapura, México e até a Grécia a figurarem na lista de locais com estes espectáculos. Por cá, contudo, muitos dos circos não têm sequer autorizações necessárias para manter os tigres, que são protegidos sob a lei chinesa. Quando os tigres são considerados velhos demais para executar truques, são mortos para serem usados em tratamentos de medicina tradicional.

O que fazer?

animaisO desejo de estar perto de um exemplar da vida selvagem é comum entre turistas, especialmente aqueles que são amantes dos animais. Muitos nem sabem sequer que estão a contribuir para maus tratos – por exemplo, um estudo da World Animal Protection mostra que 80% de mais de 50 mil críticas deixadas em sites sobre locais de vida selvagem são positivas – e também é verdade que há locais que são santuários para os animais.

Então, como saber quando visitar um local? A World Animal Protection é peremptória: nunca pague para ver animais como atracção. “Todos os bilhetes comprados neste sentido apoiam uma indústria cruel. Não interessa se não gosta de animais, se sabe dos maus tratos de que são alvo deve optar por não ir.”

Quase de certeza que cada um de nós já montou um elefante, tirou uma foto com um leão ou foi a um qualquer parque aquático. Agora, antes de lá voltar, lembre-se de analisar bem se vai ver um santuário ou se vai pisar um espaço que maltrata as suas principais estrelas quando as cortinas se fecham.

“Os animais não são actores, nem palhaços de circo. Mas milhares deles são treinados forçosamente para fazer truques, depois de viagens de longas horas confinados em caixas e separados das famílias. Queremos um mundo onde os animais selvagens possam estar na Natureza, onde pertencem. Mas uma das grandes barreiras para que tal aconteça é o turismo global. Mais de 13 mil animais foram salvos [em 2015] de condições abusivas e transferidos para santuários, onde não há espectáculos, nem interacções com turistas”, recorda a World Animal Protection. Alguns desses santuários até lhe abrem as portas, para poder observar os animais, de longe. Em segurança para si e para eles.

As dez piores distrações

1 – Passeios de elefante
2 – Fotografias com tigres
3 – Brincadeiras com leões
4 – Ursos em exposição
5 – Fotografias e passeios com tartarugas (especialmente em vias de extinção)
6 – Performance de golfinhos, focas e leões-marinhos (perseguidos no habitat natural e confinados a jaulas e piscinas que diminuem a sua esperança de vida em mais de metade)
7 – Performance de macacos
8 – Visitas a quintas com gatos-almiscarados (usados na produção de café)
9 – Encantamento de serpentes
10 – Quintas de crocodilos (onde são forçados a reproduzir-se para que haja pele suficiente para roupas e malas e onde são mortos pela carne)

Petições online
Leia e informe-se sobre as condições de alguns animais em cativeiro. Se concordar, pode assinar petições contra o abuso e maus tratos em sites como petaasia.com, worldanimalprotection.org, animalsasia.org, wwf.org
26 Jul 2016

Mar do Sul | Tusk admite dificuldade em alcançar acordos

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, admitiu sábado a dificuldade em alcançar acordos com Pequim sobre as disputas que mantém no Mar do Sul da China e garantiu que o bloco comunitário “continuará a defender a lei internacional”.
“Não é fácil alcançar acordos com os nossos colegas chineses quando se trata deste assunto. As nossas conversas têm sido difíceis, duras, mas também promissoras”, sublinhou, em conferência de imprensa, no final da Cimeira do Encontro Ásia-Europa (ASEM), que terminou este fim-de-semana em Ulan Bator, capital da Mongólia.
O governo chinês manifestou a sua firme oposição a que o Mar do Sul da China fosse um dos temas discutidos na cimeira, realizada três dias depois de o Tribunal Permanente de Arbitragem de Haia ter considerado sem fundamento as pretensões de Pequim no Mar do Sul da China, decidindo a favor das Filipinas.
Assim, a declaração final emitida pela presidência do país anfitrião não menciona explicitamente o Mar do Sul da China, mas cita, entre outros temas, o compromisso dos líderes que participaram em promover a segurança marítima, e o seu apoio à resolução das disputas com base na lei e códigos internacionais. donald tusk
Apesar disso, a China, que enviou à cimeira o seu primeiro-ministro, Li Keqiang, classificou de “ilegal e nulo” o veredicto do tribunal.
Tusk reiterou que a União Europeia “reconhece” a decisão que, afirmou, o que ficou “claro no comunicado divulgado ontem [na sexta-feira] pela Alta Representante da UE para a Política Externa, Federica Mogherini”, que também assistiu à cimeira, na qual Portugal se fez representar pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva.
Tusk disse ainda que a UE “não se posiciona” sobre aspectos de soberania, neste caso, e expressou a necessidade de as partes “resolverem a disputa por meios pacíficos” e também “de acordo com a lei internacional”.
Pequim reivindica a soberania sobre quase todo o Mar do Sul da China, com base numa linha que surge nos mapas chineses desde 1940 e tem investido em grandes operações nesta zona, transformando recifes de corais em portos, pistas de aterragem e em outras infra-estruturas.
Vietname, Filipinas, Malásia e Taiwan também reivindicam uma parte desta zona, o que tem alimentado diferendos territoriais com a China.
 

18 Jul 2016

China | Tese de novas medidas de estímulo ao consumo reforçada

[dropcap style≠’circle’]S[/dropcap]egundo a agência Reuters em Pequim, a inflação ao consumidor na China cresceu ao ritmo mais lento desde Janeiro enquanto os preços ao produtor seguiram em queda, reforçando a tese de economistas de que novas medidas de estímulo pelo governo podem ser necessárias para apoiar a economia.
O índice de preços ao consumidor (CPI) subiu 1,9 por cento em Junho relativamente ao ano anterior, face ao aumento de 2 por cento em Maio, afirmou a agência nacional de estatísticas este domingo. Analistas esperavam uma subida de 1,8 por cento, segundo a pesquisa da Reuters.
A inflação ao consumidor na China continuou baixa em comparação com a meta oficial de cerca de 3 por cento este ano, indicando uma procura persistentemente fraca na segunda maior economia do mundo.
Os preços dos alimentos subiram 4,6 por cento em Junho, face aos 5,9 por cento do mês anterior. Os preços de não-alimentos subiram 1,2 por cento perante um ganho de 1,1 por cento em Maio.
“A nossa visão é que, apesar da China reiterar a importância da reforma do lado da oferta por causa de preocupações sobre a dívida e o excesso de capacidade, as autoridades ainda precisam estimular a procura para conseguirem atingir a meta de crescimento”, disse Zhou Hao, economista sénior para mercados emergentes da Ásia no Commerzbank em Singapura.
Em Junho, o índice de preços ao produtor (PPI) na China caiu 2,6 por cento quando comparado com o mesmo período do ano anterior. Analistas esperavam que caísse 2,5 por cento.
O declínio ampliou a série de recuos para 51 meses consecutivos, apesar de continuar a mostrar moderação, sugerindo que as dificuldades sobre os lucros das empresas podem estar a diminuir. O PPI tinha recuado 2,8 por cento em Maio.

13 Jul 2016

Taiwan dispara míssil contra a China por engano

[dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]a sexta-feira, um navio de guerra de Taiwan lançou por engano um míssil “destruidor de porta-aviões” na direcção da China e atingiu uma traineira taiwanesa, anunciou a marinha da ilha.
O incidente, que causou um morto, ocorreu cerca das 8:10 locais durante um exercício, numa altura em que as relações entre a ilha nacionalista e Pequim se têm vindo a deteriorar.
O míssil Hsiung-feng III, desenvolvido em Taiwan e com um alcance de 300 quilómetros, atingiu o navio de pesca ao largo de Penghu, arquipélago controlado por Taiwan no estreito da Formosa, tendo morto o capitão e ferido três outros tripulantes.
O míssil atravessou a traineira sem explodir e sem a afundar e a marinha deu a entender que poderá tratar-se de erro humano.
O porta-voz do Ministério da Defesa Chen Chung-Chi apresentou desculpas e condolências às famílias das vítimas.
O Conselho dos Assuntos Continentais de Taiwan, encarregado da política em relação à China, recusou dizer se o incidente tinha sido comunicado a Pequim.

Relações pouco estreitas

As relações entre Pequim e Taiwan, que a China considera parte do seu território, esfriaram consideravelmente após a eleição em Janeiro para a presidência taiwanesa de Tsai Ing-Wen, originária do Partido Democrático Progressista, tradicionalmente independentista.
Na quarta-feira, três dias depois de a China ter anunciado a suspensão de todas as comunicações com Taiwan, Tsai Ing-wen declarou que a manutenção da paz no estreito “representa uma parte muito importante na segurança regional”, independentemente do partido que governe a ilha.
“Vamos continuar a dialogar com a China, apesar de neste momento, temporariamente, os canais de negociações oficiais se encontrarem interrompidos. Todavia, ainda existem outras opções de comunicação e diálogo”, disse durante uma visita ao Paraguai.

4 Jul 2016

Empresas chinesas ascendem no palco internacional

Boston Consulting Group publicou ontem um relatório onde lista as 100 maiores “competidoras globais” verificando-se que mais de uma quarto são chinesas. Por outro lado, ficou-se também a saber que as empresas das economias emergentes já ocupam mais de 40% de participação no mercado industrial

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s empresas com rápido crescimento em vários sectores na China e outras economias emergentes estão a ascender no palco internacional, de acordo com um relatório do Boston Consulting Group (BCG).
O relatório, publicado na segunda-feira, lista 100 empresas consideradas como “competidoras globais”, as empresas de desenvolvimento contínuo em direcção ao mercado global com desempenhos excelentes. Daquele total, 28 empresas são chinesas, ou seja, mais de um quarto.
“As empresas chinesas são o maior grupo da lista. Por isso, pelo tamanho absoluto da posição, terão mais impacto do que qualquer outra”, disse Dinesh Khanna, co-autor e líder da prática de Vantagem Global do BCG.
Entre as empresas chinesas listadas estão Alibaba Group, Citic Group, Dalian Wanda Group Co., Xiaomi Corp. e China Eastern Airlines Corp.
“Acreditamos que estas empresas representam a próxima força do crescimento económico”, disse Khanna.

Emergentes em força

De acordo com o relatório, as empresas das economias emergentes já ocupam mais de 40% de participação no mercado industrial, dos electrodomésticos à construção e bens imobiliários.
“Há dez anos, a lista de competidores globais era dominada pelas empresas de recursos e mercadorias industriais competindo em termos de custo. Muitos competidores de hoje dependem do consumo da classe média nos mercados emergentes e outros lugares,” disse Michael Meyer, co-autor e parceiro com base em Singapura.
Apesar da turbulência económica em diferentes países, o rendimento e os lucros de 100 empresas mantiveram-se num nível estável. No total, entre 2005 e 2014, conseguiram quadruplicar os rendimentos no exterior para 944 mil milhões de dólares.
Estas empresas, nos seus processos de desenvolvimento, também se envolveram na aquisição de empresas estrangeiras para expandir escala, explorar novos mercados ou procurar melhoria de tecnologia, indicou o relatório.
Fundado em 1963, o BCG é uma das principais consultorias no mundo em relação à estratégia comercial com 85 escritórios em 48 países.

1 Jul 2016