André Namora Ai Portugal VozesNão há pachorra p’ra isto! O nosso Portugal está moribundo. O povo sabe que tem um Governo de maioria absoluta conquistada há poucos meses e o que vê? O nível de vida está insuportável. Os preços no mercado ou no supermercado sobem todas as semanas. Há famílias que já não conseguem pagar a renda da casa. O que vale aos moradores de Lisboa é que a Câmara Municipal abriu um concurso para a concessão de um Subsídio de Arrendamento Mensal, o que poderá salvar as finanças de muita gente cujas candidaturas sejam aprovadas no referido concurso. Uma maioria governamental que há pouco tempo mostrava uma harmonia e uma escolha de um leque ministerial que indicava que tudo iria correr bem. Debalde. Uma das ministras mais badaladas porque se fartou de trabalhar durante a pandemia e com competência, a ministra da Saúde demitiu-se. As televisões não pararam de falar no assunto e os “comentadores” do costume, que normalmente apenas dizem baboseiras, lá vieram mais uma vez com as teses mais absurdas sobre a saída de Marta Temido do Governo. Indicaram, conforme a cor política que defendem, que a demissão se devia ao problema da falta de médicos nos hospitais, outros defenderam a ideia que a ministra foi-se embora porque já não aguentava tantas grávidas de um lado para o outro devido ao encerramento de urgências e serviços de obstetrícia, que estava cansada. Qual cansada, uma mulher de armas que aguentou dois anos uma pandemia quase sem dormir e comer. Uma governante que possui três cursos superiores e que sempre foi à luta contra alguns médicos e enfermeiros injustos e sem razão em alguns casos. E por que razão? Porque os médicos e enfermeiros obtém os seus cursos e especialidades pagos com o nosso dinheiro e não têm nenhum compromisso com o Estado de que findo os cursos deveriam ficar no serviço público pelo menos uns cinco anos. Vemo-los a debandar para o estrangeiro ou para os hospitais privados que cada vez mais pululam pelo país como cogumelos. A demissão de Marta Temido tem outras implicações, a senhora não estava nada cansada, estava farta, fartíssima das colegas invejosas, talvez por ser bonita, e da facção do Partido Socialista que começou logo a fazer-lhe a vida negra assim que foi anunciado que Marta Temido poderia vir mais tarde a substituir António Costa como líder do partido. A partir dessa data nunca mais houve apoios para as reformas na Saúde, a ministra começou a perder o apoio do próprio primeiro-ministro, que tem duas ambiciosas a seu lado. Fartou-se de sentir sabotagem por todo o lado. Até o Presidente da República se meteu onde não era chamado e tomou posição contra a tutela da ministra. Marcelo Rebelo de Sousa fala demais, todos sabemos, mas há momentos em que deve mesmo estar caladinho. E é com o país cheio de problemas, com uma ministra de uma das áreas mais importantes demitida, que vimos o primeiro-ministro acabado de sair da praia onde gozou umas boas férias e meter-se no avião para Moçambique. Os problemas são para mais tarde. Ouviu-se António Costa dizer que esta semana iria anunciar medidas que favoreçam o povinho. E o Presidente Marcelo, deve querer bater o recorde de viagens efectuadas por Mário Soares e aí foi ele, mais uma vez, para o Brasil. Por coincidência, onde tem familiares, especialmente os netinhos queridos. Já não há pachorra p’ra isto! O país está com uma inflação galopante. Os preços dos combustíveis não descem e os camionistas já reuniram para decidir se realizam uma greve nacional, ou não. É anunciado que o preço das rendas de casas, a electricidade e o gás, pedras basilares para a vida de qualquer cidadão, especialmente os mais pobres, vão aumentar assustadoramente em Outubro. Há pessoas que já não comem peixe nem carne. Isto é inadmissível quando um Governo opta para adquirir uma frota de veículos eléctricos estando provado que ficam muito mais dispendiosos que os carros a combustão. O que vale ao mundo e a Portugal é que ao fim de 60 anos as petrolíferas foram derrotadas e os grandes fabricantes de automóveis, comboios, navios e aviões já se decidiram pelo hidrogénio, a única energia do futuro. O que é certo é que uma ministra de quem o povo gostava vai-se embora, com os médicos e enfermeiros sempre a protestar por mais dinheiro, os bombeiros queixam-se, os agentes policiais dizem não aguentar mais a falta de condições de trabalho, os pescadores dizem que o trabalho já não compensa, os hoteleiros choram por falta de pessoal que queira servir à mesa ou limpar um quarto de hotel. Mas, o que vale é que o Algarve esteve a abarrotar em Agosto e os hotéis esgotados. Foi ainda na semana passada que ficámos perplexos ao ouvir um governante espanhol a anunciar que o comboio entre Madrid e Lisboa estará pronto no próximo ano. Falava de TGV? Mas o ministro português das Infraestruturas, depois daquela gafe dos dois aeroportos só de uma vez sem dar cavaco ao chefe do Executivo nem aos colegas, já tem medo de anunciar seja o que for? Pelo anúncio do governo espanhol, Portugal vai ter TGV e nós não sabemos de nada e tem de ser uma linha ferroviária completamente diferente porque a bitola espanhola é de uma medida desigual à portuguesa. Enfim, ficamos tristes por assistir a este “circo” onde só existem palhaços tristes, quando a função do palhaço é deixar todos alegres…
Hoje Macau Ai Portugal VozesCentro cultural é na Feira do Livro Em Lisboa e no Porto regressou a feira. Chamam-lhe a Feira do Livro. O livro é um património universal que merecia mais respeito. Em Lisboa estão patentes na 92ª edição, mais uma vez no Parque Eduardo VII, 340 pavilhões distribuídos por 140 participantes. Nunca fui simpatizante de feiras porque cheiram-me a sobras. No entanto, nestas feiras do livro no Porto e em Lisboa, lá estão algumas obras novas de autores conhecidos e desconhecidos, os editores, os livreiros e algumas palhaçadas para distrair as criancinhas. As pessoas correm para a feira como se fossem comprar churros ou lâmpadas. Na maior parte dos casos os livros que são vendidos ou oferecidos, mesmo com o autógrafo do autor, não são lidos. Há gente que anda com o livro que comprou na mão para o trabalho, para o café, para o barbeiro ou para a pedicura. É gente que pensa ser intelectual tendo um livro. Alguns autores aparecem na feira, autografam as suas obras e até tiram uma selfie com o comprador. Os editores pensam que a feira do livro é a salvação económica do ano. Não creio que assim seja, porque na volta que dei pela feira vi muitas sobras e a propósito permitam que vos saliente o que escreveu António Guerreiro numa das suas crónicas: “Quem visite a actual Feira do Livro e não sinta repulsa pelo populismo editorial dominante, ou tem um enorme poder de atravessar, imune, uma paisagem de destroços, ou perdeu a capacidade de reconhecer a violência que sobre ele é exercida. Aquele é um pasmado e gritante espaço onde os livros são atirados a uma simpática e contente fossa. E, depois de tanta farra, tanto barulho e tanta luz, todo esse espectáculo que parece ter-se tornado necessário para que um livro nos chegue às mãos, a sensação que dá, quando chega a hora de ler, é que se tornou já escuro demais”. Os interessados por livros visitam a feira e a escolha é variada: ficção, romance, poesia, biografia, infantil e uma vasta gama de obras literárias onde, por vezes, os autores não estudaram literatura, mas a vontade de serem famosos fala mais alto. Nas descrições que por estes dias vão aparecendo na imprensa, não parece gerar qualquer desconcerto este regime de enfartamento que a cada ano nos é tão pomposamente servido. E isto talvez se deva à eficácia desse efeito de colonização que a cultura popular gerou, neutralizando todos os antagonismos a essa nova mitologia que, segundo a escritora Dubravka Ugrešić, ajuda os consumidores a digerir a indigesta realidade, e, deste modo, a fazerem as pazes com ela. É isto o que faz de qualquer denúncia do azucrinante ambiente de festa que tomou conta do comércio dos livros algo que é encarado como uma mera afectação de gente snob. Não consigo compreender estas feiras de livros quando me habituei a investigar as mais diferentes matérias onde estão os mais diversos livros que nos fornecem o conhecimento: as bibliotecas. Ou quando posso financeiramente adquirir um livro e me dirijo aos locais onde os livros novos e velhos me dão qualquer preferência de leitura: as livrarias. Na feira de Lisboa vi autores angolanos, moçambicanos, cabo-verdianos mas, sabendo que Macau tem excelentes autores de literatura como Carlos Morais José ou de poesia como a obra do saudoso António Correia, não consigo compreender por que razão não existe um expositor exclusivamente dedicado aos muitos autores que escreveram a história de 500 anos de Macau e romances apelativos como os de Henrique Senna Fernandes. Já esqueceram Macau? Talvez, porque nem fazem ideia que naquela região hoje administrada por chineses vivem artistas e literatos de alto nível cultural. Resta dizer-vos que nesta edição de 2022 fiz uma escolha. Não procurei os nomes sonantes. Como eu, muita gente deste povo que passa dificuldades vivenciais, levaram para casa algumas obras de cujo preço era o mais barato. Uma feira do livro pode ser considerada por uns dias o nosso centro cultural, já que em Portugal os vários ministros da Cultura nunca souberam edificar um Centro Cultural que não fosse uma feira…
André Namora Ai Portugal VozesMorte e vida nas estradas As notícias na semana passada indicavam que em Portugal se tinham registado mais mortes do que em qualquer dos últimos anos. É o óbvio. Na Saúde encerram-se urgências e serviços de obstetrícia, nos centros de saúde respondem que não há médicos de família, nos hospitais aguarda-se por tratamento nos corredores. Em certos hospitais os cidadãos já aguardaram 20 horas para serem atendidos. Chegámos ao ponto de Portugal ter registado o maior número de mortes de sempre num só dia. Na quarta-feira passada, os registos deram conta de 721 óbitos em todo o país sendo o número mais alto desde que há registos e quase o dobro da média diária habitual. Destes 721 mortos registados, 221 foram atribuídos à pandemia. Porém, as estatísticas mostram que nesse mesmo dia, morreram mais 500 pessoas sem ser por Covid – o que pode resultar de um agravamento geral das condições de saúde em Portugal. Mas, na nossa análise o número de mortes é devido, em grande percentagem, aos acidentes de carro e de moto. Jovens que acabam de comprar um carro desportivo que pode atingir 250 kms/hora, pegam no volante e aceleram sem terem o mínimo de preparação para conduzir a grande velocidade. Quanto a motos é uma desgraça, não havendo uma semana em que não fique uma família de luto. O problema básico é que nas escolas não existe uma disciplina sobre as regras e a sensibilização para quando o estudante tirar a carta de condução. Não existem escolas de condução de carros e de motos onde os condutores sejam confrontados com curvas perigosas e que possam aprender a dominar o veículo que tiverem nas mãos. Para a Guarda Nacional Republicana o número de acidentes com motociclistas é assustador. Os condutores de moto representam um terço das mortes nas estradas. Isto é trágico. Normalmente, rapaziada jovem com idade aproximada dos 20 anos. Da auditoria à sinistralidade rodoviária do ano de 2021 até 30 de Setembro, verifica-se que cerca de 10 por cento dos acidentes envolveram veículos de duas rodas a motor. Uma vez que os condutores de veículos de motos são um grupo de risco porque as consequências dos acidentes com estes veículos são normalmente mais gravosas, e prevendo-se um elevado fluxo de veículos de duas rodas a motor em direcção ao Algarve para acompanhar a corrida de MOTO GP, a GNR irá desenvolver iniciativas de sensibilização em algumas áreas de serviço de norte a sul do país e nas imediações do Autódromo de Portimão. Mas, é preciso salientar algo de muito importante: milhões de motos rolam nas estradas de todo o mundo. Existem grupos organizados que, por exemplo, levam 30 mil amantes das motos anualmente à concentração de Faro. Para milhares não há nada melhor do que conduzir uma moto e desde que se saiba conduzir, que se seja cuidadoso e concentrado, penso que a moto não é o mal do planeta. Vimos os circuitos do campeonato de MOTO GP completamente esgotados e a loucura por motos é universal. O que se pede é que os amantes das motos não façam das estradas autênticas pistas quando não têm experiência para conduzir um “motão”. Em Portugal tem sido uma tragédia também, e é importante referir, o facto de as estradas serem um caminho de cabras ou uma passadeira de buracos, com a agravante de as bermas não estarem tratadas e na maioria das rodovias as bermas tem terra ou areia, o que leva, ao mínimo deslize do condutor, à sua queda e, por vezes, ao acidente fatal. A segurança nas estradas é o factor mais importante para a redução dos acidentes mortais. E essa segurança começa pelos próprios automobilistas que nem sequer olham para os retrovisores e espelhos laterais provocando desse modo que no momento que uma moto se aproxime para ultrapassar, esse automobilista comete o “crime” de efectuar uma ultrapassagem. Obviamente, que num caso destes o motociclista não tem nada a fazer do que despistar-se para fora da estrada. A moto, por representar liberdade, é que não merece que os inconscientes estraguem a imagem de uma actividade que poderia perfeitamente ser de felicidade. Boa viagem.
André Namora Ai Portugal VozesA centésima Hoje é uma data histórica na minha satisfação pessoal de escriba, porque orgulhosamente dirijo-me pela centésima vez aos meus queridos leitores do HOJE MACAU. Escrever 100 crónicas sobre o que se vai passando neste Portugal, garanto-vos que não é fácil, especialmente numa linguagem acessível a todos. Há cronistas aqui nos jornais Expresso, Público, Correio da Manhã, Diário de Notícias e outros que assiduamente são alvos de críticas dos leitores que enviam para os directores das publicações o seu direito de resposta. Em 100 crónicas que vos enviei, apenas dois leitores, usaram esse desiderato e, por sinal, não tinham razão. Fi-lo sempre do modo mais eficiente e verdadeiro que soube. Para mim, escrever neste jornal é uma honra e saúdo todos quantos trabalham neste diário, o melhor de Macau, em especial uma saudação ao Director Carlos Morais José por compreender que os portugueses residentes na RAEM satisfazem-se em saber o que vai acontecendo no seu país. Vários temas tinha em agenda para vos noticiar, mas não posso deixar passar em claro um fenómeno imensamente triste que Portugal está a viver. Este nosso condado portucalense perdeu o seu pulmão, o que é gravíssimo. A Serra da Estrela está a arder há mais de uma semana. Dois mil homens dos bombeiros, GNR e Protecção Civil têm-se sentido impotentes para controlar o maior incêndio jamais registado. Na zona de Unhais dá dó: toda a floresta está ardida, várias casas estão em ruínas devido às chamas, uma dúzia de combatentes da paz ficaram feridos e um carro dos bombeiros de Loures, possivelmente por não conhecerem as curvas mais perigosas do país, capotou e três ocupantes estão gravemente feridos. Os aviões são de dimensão pequena e pouco conseguem fazer contra a imensidão do fogo. Vergonhosamente existem três aeronaves de grande dimensão, os Canadair, mas apenas um está operacional. Custou-me muito ouvir o primeiro-ministro a dizer que os dois aviões avariados só daqui a dois anos é que estarão reparados. Até parece que estamos no Terceiro Mundo. As populações protestam e afirmam que não existe coordenação no combate às chamas. Os pastores choram, porque têm ficado sem os seus animais e alguns eram o seu sustento, como cabras e ovelhas, que lhes ofereciam o famoso queijo da serra. A Serra da Estrela tinha a maior área arbórea do país e mais de 15 mil hectares já arderam e atingiram localidades como Guarda, Covilhã, Gouveia, Manteigas e Seia. Muitas pessoas foram evacuadas de suas casas e em Unhais da Beira toda a população teve de ir embora. Vários alojamentos turísticos também já foram evacuados. Os responsáveis da Protecção Civil concordam com as críticas da população, mas afirmam que a tragédia é enorme e quase impossível de a dominar. No entanto, este incêndio está pejado de factos surreais. Era importante que efectivamente alguém com capacidade técnica e independente pudesse fazer uma análise ao que aconteceu. Tem tudo menos de normalidade, nomeadamente no seu combate. Era importante para que a culpa não morresse solteira. Por exemplo, na zona de Gouveia encontravam-se várias corporações de diferentes locais do país. Assim, que se soube do acidente do carro de bombeiros que capotou e deixou gravemente feridos três combatentes, todas essas corporações foram-se embora… Para o presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses, António Nunes, a situação é muito preocupante. Para o presidente da Liga, o Governo devia ter accionado o mecanismo europeu à semelhança de França que já está a receber apoio de vários países no combate aos seus imensos incêndios. Contudo, já o referimos aqui numa outra crónica sobre os incêndios que têm destruído os diferentes pulmões ambientais, que a mão criminosa está no terreno. A Polícia Judiciária tem realizado um trabalho exemplar, o mesmo não se podendo dizer dos tribunais. Vários indivíduos têm sido apanhados a pegar fogo nas florestas. E neste ponto, lembramo-nos dos muitos drones que já foram adquiridos pelas autoridades. Por que razão esses drones não foram colocados ao serviço de vigilância da Serra da Estrela, sabendo-se que poderia ser o próximo palco de mais um desastre natural. Os drones são fundamentais para detectar através de imagens o que se passa no terreno. Isso, não aconteceu e é neste ponto que as populações têm toda a razão em criticar e revoltarem-se contra a descoordenação que esteve bem à vista. Não chega desculparem-se com as condições climáticas, com a seca extrema e com a falta de água nas barragens. Todos aqueles que se situam nos gabinetes de análise à protecção das gentes que ficam sem nada, deviam ter uma maior capacidade de coordenação e não ouvirmos um popular a dizer que os fogos “não têm rei nem roque”… Acabei de escrever a centésima crónica e, este facto, deve-se fundamentalmente à vossa aceitação. Bem hajam.
André Namora Ai Portugal VozesAs férias não são para todos Nos meses de Agosto parece que Portugal para. Não é verdade. Muita gente vai de férias. A maioria representa a classe dos funcionários públicos. Uma outra grande parte são os proprietários de empresas, hotéis e restaurantes. Alguns até se podem dar ao luxo de encerrar o estabelecimento por um mês. O Algarve é o principal destino. As férias são sempre merecidas e todo o cidadão devia ter direito a férias. E os pobres? Pois é, aí é que está o busílis. Os pobres limitam-se a ver na barraca ou na casa da edilidade onde residem a ver na televisão aqueles programas pimbas que fazem autênticas lavagens ao cérebro dos menos cultos. Os pobres falam sobre as férias, não tenham dúvidas, e na maior parte das conversas é no estilo “ai, se eu pudesse gostava tanto de conhecer a Espanha”. Contentam-se com pouco. Nem sabem onde é Punta Cana, Maldivas ou Bali. Nem pensar. O que os pobres sabem é que a inflação está a caminho dos 10 por cento e quando vão ao mercado só veem os produtos básicos cada vez mais caros. Um vizinho meu deixou-me perplexo quando me disse que não tinha férias há 23 anos. Eu, não devendo meter-me na sua vida ainda lhe perguntei como era isso possível se ele pertencia à chamada classe média? Respondeu-me que sustentar a casa, ajudar três filhos e apoiar os custos com os netos, que o seu pecúlio mensal era chapa ganha chapa gasta. Compreendi perfeitamente e fiquei a pensar em quantos milhares de portugueses estarão na mesma situação. Sei de muita gente que não pode gozar férias, nem um fim de semana numa praia ou num hotel de três estrelas. As férias, infelizmente, não são para todos. Mas há uma confusão na mente de muita gente. Durante o ano todos se queixam que o governo é uma merda, que a vida está cara, que não podem comprar isto, aquilo e aqueloutro. É um queixume generalizado e em alguns casos até solicitam subsídios governamentais alegando que vivem em dificuldades. Mas, depois chega o Agosto e aí vão eles: o carro cheio de sacos, sacolas e todos os utensílios para a praia, aí vão eles para o sul ou para o norte, para uma boa casa que alugaram no Algarve ou para um empreendimento de turismo rural em plena região do Douro. Só em combustível e portagens é uma fortuna, pagamento do alojamento, alimentação, gelados todos os dias para a miudagem, toda uma enorme despesa que dá que pensar como é que aqueles que passaram o ano a queixar-se da vida, em Agosto a vida muda completamente e as estrelas deixaram cair-lhes em cima uma quantidade de euros. As férias têm muito que se lhe diga. Há locais no mundo em que os povos, africanos, por exemplo, nem sabem o que é isso de férias e em outros locais como Macau os habitantes estão confinados com medidas absurdas em plena clausura, sem poderem divertir-se uma semana na Tailândia. As férias são o descanso do corpo e da mente, apesar de existirem muitas famílias em que os pais trabalham mais que nos outros meses do ano. O pai vai com os miúdos para a praia e a mãe fica em casa para ir às compras, tratar do almoço e do jantar, lavar e estender a roupa e limpar o apartamento. Que raio de férias, mas é a realidade. Em contrapartida temos os portugueses que sabem gozar as suas férias porque têm a satisfação de gastar o muito dinheiro que possuem por qualquer razão. Pessoas ricas, milionárias e corruptos há em todo o mundo. O dinheiro para essa gente não é problema e podem gozar umas boas férias onde quiserem e lhes apetecerem. Alguns fazem-se transportar de avião privado ou de iate luxuoso. Os resorts de luxo estão esgotados de famílias ricas. É a vida. É o que acontece em qualquer sociedade. Há ricos e pobres, mas os pobres estão tristemente em grande maioria. A propósito de férias, referir que no Algarve tudo ultrapassa os limites: pelas casas para alugar é pedido um preço exageradíssimo a demonstrar o oportunismo dos proprietários dos imóveis, ao aeroporto de Faro chegam diariamente centenas de estrangeiros que logo invadem as ruas de Albufeira para se embebedarem e aproveitarem o conhecimento com alguma algarvia que lhes dê trela, os restaurantes queixam-se que não têm pessoal para trabalhar, os hotéis pagam uma miséria às africanas que limpam os quartos e os corredores e até um passeio de barco é mais caro que um bom repasto no hotel Sheraton, em Lisboa. O Algarve fica insuportável e no areal quase que não existe lugar para estender a toalha. Os restaurantes e bares aproveitam para quase duplicar os preços e com tantos milhares de forasteiros apenas existem os hospitais de Portimão e de Faro que estão a rebentar pelas costuras e com alguns serviços de urgência ou de obstetrícia encerrados. Para os que podem gozar férias, que o façam, que descansem, que gozem a vida. Para aqueles que têm de ficar sentados numa esplanada de café dizer-lhes que não nasceram com o cu virado para a lua…
André Namora Ai Portugal VozesHá médicos e médicos “Há quanto tempo nos quedamos, sentados nos bancos da praça, e esperamos para ver os bárbaros chegar?” In “Os Bárbaros Chegaram”, Carlos Morais José, escritor Portugal tem os serviços de urgência hospitalar e de obstetrícia num caos. Alguns serviços de muitos hospitais por todo o país têm encerrado as portas, por vezes, durante dias. Desde o maior hospital, o de Santa Maria em Lisboa à melhor maternidade, a Alfredo da Costa, Lisboa têm privado os doentes e as grávidas de serem atendidas em muitas horas dos dias. O problema da Saúde é o mais grave na maneira de pensar e de sentir da população. A maioria do povo não aceita que o Ministério da Saúde não determine, de uma vez por todas, que os médicos, enfermeiros e pessoal auxiliar passe contratualmente a vencer salários decentes para o esforço que dedicam às suas missões. São classes profissionais muito diferentes. Lidam com a vida das pessoas e não podem atender um paciente estando exaustos às 4:00 horas da madrugada depois de servirem numa urgência hospitalar 24 horas com um salário miserável e sem que o pagamento das horas extraordinárias seja executado em tempo razoável. Os médicos e enfermeiros são representados por Ordens e Sindicatos. Os dirigentes destas instituições nem sempre estão de acordo. Por exemplo, na semana passada o Governo anunciou que os médicos iriam ganhar mais dinheiro nas horas que fizessem a mais. O Sindicato Independente dos Médicos logo tomou uma posição de discórdia, alegando que o problema não está em aumentos salariais sazonais, mas sim em solucionar um problema estrutural relacionado com as condições decentes de trabalho. Temos assistido a uma barbaridade de encerramentos de urgências e serviços de obstetrícia sem sabermos se os bárbaros já chegaram. E neste caso concreto, os bárbaros são gestores que residem em gabinetes com ar condicionado e onde nada sabem decidir sobre um problema grave como uma portuguesa grávida ter de se deslocar mais de 100 quilómetros para ser atendida no parto e acaba com o bebé a nascer no interior de uma ambulância. Ou mais grave ainda, na passada quinta-feira, uma grávida em trabalho de parto deslocou-se para a urgência do Hospital de Abrantes que estava encerrada, a futura mãe deslocou-se para o Hospital de Santarém e ao chegar ao estabelecimento hospitalar os serviços obstetrícios estavam fechados e o bebé morreu. Isto é revoltante. Os bárbaros têm nome, têm cargo num determinado hospital, têm salário chorudo, têm férias passadas nos mais luxuosos locais, têm carro com motorista, ou seja, os bárbaros gastam um dinheirão ao erário público, mas para os médicos e enfermeiros não há dinheiro que lhes proporcione uma vida estável e psicologicamente pacífica. Na verdade, há falta de médicos e de outro pessoal paramédico e os serviços encerram. Esta triste realidade está a deixar um povo num estado de frustração e de depressão. Todavia, sendo nós os primeiros a defender os profissionais de saúde, temos conscientemente de afirmar que nem tudo está bem na classe médica. Como diz o povo, há médicos e médicos. Quer isto dizer que, certos clínicos portugueses são os melhores cirurgiões do mundo, tais como os que residem no piso de Cardiologia no Hospital de Santa Maria ou os que operam no IPO do Porto. Há médicos de grande competência e há outros que não acompanham a tecnologia, não estudam as descobertas clínicas que beneficiam os pacientes e alguns devido à idade avançada em vez de se reformarem trocam a medicação que receitam e o doente morre. Um dirigente da Ordem dos Médicos transmitiu-nos que “toda a classe médica é vista como elitista e arrogante, o que não é verdade porque a Ordem todos os anos abre processos disciplinares a médicos que actuaram com pura negligência”. Um outro ponto que é de suma importância tem a ver com o facto de o povo pagar a um cidadão o curso e especialidade de médico e este ao fim de estar apto a trabalhar em qualquer lugar, não é obrigado a laborar pelo menos cinco anos num hospital público. Muitos médicos pouco tempo após o fim dos seus estudos e da especialidade emigram para o estrangeiro ou transferem-se para hospitais privados, onde o salário em muitos casos é a dobrar. O caos que se verifica na Saúde no nosso país deve-se fundamentalmente à falta de punição a todo e quaisquer bárbaros que funcionem nesta complexa e difícil organização que é a saúde de todos nós.
André Namora Ai Portugal VozesO crime compensa Em 1970 rebentou uma “bomba” na Alemanha quando um ministro foi acusado de se ter deslocado de férias a Banguecoque e ali ter abusado sexualmente de várias meninas menores. Foi um escândalo, toda a imprensa mundial abordou o assunto. Ninguém fazia ideia o que era a pedofilia e muito menos alguma vez se tinha falado que era possível uma menina menor ser violada por um adulto, especialmente na Tailândia que era visitada por milhões de turistas. Sobre esta matéria apenas tinha vindo a lume poucos casos de abuso sexual por parte de sacerdotes católicos nos seminários. Naturalmente que o ministro alemão foi demitido e nunca mais se deixou de abordar esta matéria da pedofilia. Passaram décadas e foram criadas associações em todo o mundo na defesa das crianças e no desmascaramento de casos de abuso sexual a menores. A pedofilia tem sido ao longo dos tempos um flagelo. Alguns historiadores afirmam que os abusos sexuais com menores já vêm do tempo dos reis e de muitos séculos passados. Simplesmente, tudo era abafado, incluindo esta prática, como a homossexualidade dos monarcas e os amantes que tinham reis e rainhas de quem tinham filhos ilegítimos. Uma longa história na história mundial das relações humanas. O que se passa nos dias de hoje é, ou pelo menos parece, ser muito mais grave. As crianças são tratadas de outra forma. A maioria já não tem os avós para a educar. A maioria vai para casas de amas que os pais mal conhecem sobre a sua vida. A maioria das crianças já não é educada entre parâmetros de moral e de educação sexual. Muitas jovens com apenas 12 anos de idade têm relações sexuais com os namorados. Se ficam grávidas, ou decidem que o filho nasça ou optam pelo aborto, normalmente ilegal. A pedofilia aumentou assustadoramente desde que a internet começou a proporcionar as relações virtuais de qualquer lugar para um simples quarto onde uma jovem de 10 ou 11 anos se encontra em frente a um computador a comunicar com quem pensa ser da sua idade. Hoje em dia, a maior parte dos casos na internet tem deixado as autoridades policiais de bocas aberta. São aos milhares, os homens que criam páginas e identidades falsas e que se fazem passar por jovens da mesma idade para conquistar a confiança da presa. Pedem fotos das meninas despidas e elas enviam. Pedem para ter encontros secretos depois de comunicarem que são um pouco mais velhos que as meninas, e elas são tentadas a experimentar um encontro e aí vão elas para um apartamento onde o adulto abusa e ameaça. Diz-lhes logo se comunicarem a alguém o que aconteceu na cama que podem ficar sem os pais. O susto da criança ou da jovem atinge uma dimensão enorme e de total perplexidade. Algumas das jovens têm tido a coragem de denunciar os abusos, especialmente as mais velhas. O que é verdade indiscutível, é que temos assistido quase todos os meses a notícias em que os pedófilos saem do tribunal para prisão domiciliária ou em liberdade condicionada tendo de se apresentar às autoridades de 15 em 15 dias. Para quê, esta sentença? Sendo assim os pais interrogam-se sobre o que pode acontecer no futuro aos seus filhos que têm 3 ou 5 anos. Há imensas respostas para esses pais, mas fundamentalmente têm de deixar de oferecer computadores aos filhos menores com ligação à net e têm de controlar as horas em que os filhos estão no computador ou no telemóvel. Um psiquiatra afirmou na televisão, que chegada a hora de uma criança dormir, os pais tinham obrigação de retirar o computador ou o telemóvel do quarto dos filhos. Esta medida, segundo um agente da Polícia Judiciária, reduziria em muito os abusos nas comunicações virtuais entre adultos e crianças.
André Namora Ai Portugal VozesJá chega Ninguém tem a coragem de explicar a verdadeira razão da criação do partido político Chega. A verdade é que os apoiantes de Salazar e Caetano ainda vivos apoiam o Chega, os que deixaram o CDS-PP apoiam o Chega, os que abandonaram o PPD/PSD apoiam o Chega, os que pertenciam a grupos neonazis apoiam o Chega, os que praticaram o militantismo no Partido Socialista para esconderem a sua função na PIDE/DGS e que agora detestam o PS apoiam o Chega, a maioria dos motoristas de táxi só fala bem do Chega, os proprietários de vários hotéis em Lisboa e no Porto financiam o Chega. Este partido deixou de ser táxi e aumentou o número de deputados eleitos e já possui um grupo parlamentar. E é precisamente na Assembleia da República que o Chega tem duas vertentes: a de ser contestado a toda a hora pelos deputados socialistas, o que significa simplesmente estarem a provocar indirectamente uma onda de apoio cada vez maior ao Chega. A outra vertente é gravíssima: o Chega é demagogo, neofascista, racista e passa o tempo no Parlamento a insultar e ofender tudo e todos, incluindo os deputados do PPD/PSD, Iniciativa Liberal e PAN, já não falando do ódio demonstrado pelo Partido Comunista e Bloco de Esquerda. O Chega possui como líder um demagogo de alto calibre que chega ao ponto de no interior do Seu partido ser contestado. André Ventura já viu, surpreendentemente, muitos dirigentes nacionais e regionais a abandonar o Chega. André Ventura tem conquistado todos os demagogos e antidemocratas deste país. Um grande número de saudosistas delicia-se a ouvir o ultra direitista quando se instala no palanque da Assembleia da República para dizer: nada. Apenas grita e vocifera contra o governo socialista. Há dias, o próprio primeiro-ministro perdeu a cabeça e afirmou em plena sessão parlamentar que o Partido Comunista e o Bloco de Esquerda ainda apresentavam propostas sobre isto ou aquilo, que mostravam ter ideias válidas, mas que o Chega não apresenta nada, zero, para bem do progresso e desenvolvimento do país. O Chega já é um fenómeno político. Parece que toda a gente o despreza, mas nos cafés só se ouve os clientes a gabar a postura de André Ventura e que em próximas eleições irão votar no Chega, por ser o único partido “sério”… e que “quer o bem do povo”… Isto, é o que se passa infelizmente em Portugal e os dirigentes dos outros partidos não estão a dar a devida importância a toda esta demagogia e falatório fraudulento do Chega. O seu líder apresenta propostas completamente inconsequentes sobre a saúde, aeroportos, encerramento de urgências hospitalares, tempo indeterminado na renovação das cartas de condução, inexistência de bairros sociais, mas sem apresentar alternativas ou soluções concretas. O Chega pretende coligar-se com o PPD/PSD e com o Iniciativa Liberal, mas estes dois partidos não estão interessados em entrar num areópago fascizante que os poderia prejudicar num dia próximo que se realizassem eleições. No entanto, fiquei perplexo e preocupado quando um vizinho que toda a vida foi coerente, não escondendo a sua simpatia por Oliveira Salazar, me disse que o Chega irá chegar a ser governo de Portugal. Para vos ser sincero respondi ao vizinho que a democracia em que vivemos, mesmo com todos os seus defeitos e falta de união para que se assista a acções em benefício do povo, que o Chega não será governo porque os portugueses já se habituaram a viver sem ditadores. A conversa ficou por ali porque o vizinho está absolutamente convencido que o Chega não vai parar de aumentar o número dos seus apoiantes e que chegará o dia em que terá o maior grupo parlamentar. À partida dá a ideia de estarmos numa discussão absurda e ilógica, mas temos de pensar bem que pelo interior do país há imensa gente que só se ouve dizer que “antigamente é que era bom e vivíamos melhor”. E este pormenor tem que dar de pensar aos responsáveis pelos partidos ditos democráticos e começarem a atacar com lógica e verdade o Chega. Seria uma tragédia para Portugal regressar ao passado e uma qualquer polícia política voltar a prender portugueses que se pronunciassem contra as teses fascistas. Estamos a tratar de um tema que em princípio parece impensável, mas todos os cuidados são poucos. A demagogia e o populismo já venceram muitas eleições em países ou regiões da Europa. Vejamos os casos da Hungria e Turquia onde ditadores decidem a seu bel-prazer as medidas de teor neofascistas. O Chega tem o apoio dos vários partidos de extrema-direita espalhados pela Europa. Um exemplo é a simpatia que Marine Le Pen, a fascista francesa, nutre por André Ventura, convidando-o várias vezes para ir a França receber instruções… O que eu penso disto tudo é que… já chega!
André Namora Ai Portugal VozesCaso único: maioria absoluta que não governa Quando eu era um adolescente na década de 1960 ouvi um tio a dizer a uns amigos que o aeroporto de Lisboa tinha de sair daquele local porque se um avião caía sobre a capital era uma tragédia. Acompanho a política desde a governação de Oliveira Salazar e nunca assisti a medidas governamentais que retirassem o aeroporto da Portela do centro da grande região de Lisboa. A semana passada assistimos à maior vergonha e despotismo jamais visto na política portuguesa. Um ministro decidiu exarar um despacho governamental sem conhecimento do primeiro-ministro, e mais grave, do Presidente da República. Mas, não se tratou de qualquer despacho. O ministro das Infraestruturas de nome Pedro Nuno Santos e de alcunha “o Maserati” porque tendo adquirido uma máquina de luxo, quando se deslocou para uma cerimónia oficial escondeu a uns bons metros o automóvel para que ninguém visse que um socialista esquerdista era proprietário de um Maserati. Este mesmo governante decretou, sem mais nem menos, numa altura em que António Costa estava ausente do país, em que decorria um congresso sobre os oceanos com as mais distintas personalidades internacionais, num momento em que o país entrava em caos com as urgências hospitalares a encerrar e as mulheres grávidas sem saber onde poderiam dar à luz os seus bebés, num momento em que os turistas chegavam ao Algarve e deparavam-se com restaurantes encerrados por falta de mão-de-obra, o senhor ministro resolveu mandar um secretário de Estado assinar o despacho para a construção de dois aeroportos, no Montijo e em Alcochete, e simultaneamente dirigiu-se para todos os canais televisivos dando entrevistas que justificavam a opção tomada. Tratou-se de um caso único na política portuguesa da nova República. Como é possível que um ministro que sempre pretendeu ocupar o lugar de primeiro-ministro, tenha tomado uma decisão desta gravidade e de enormidade financeira sem dar conhecimento ao chefe do Governo. Obviamente, que António Costa assim que tomou conhecimento da arrogância ministerial revogou o despacho do ministro e assim que chegou a Lisboa reuniu com o mesmo e todo o país esperava que o ministro fosse demitido. Não se demitiu, mostrando uma falta de dignidade e de respeito por todos os portugueses, nem António Costa, lamentavelmente, o demitiu. Costa tem medo de Pedro Nuno Santos? Com quem já teve várias divergências e sabe que Pedro Nuno Santos pretende o seu lugar no palácio de São Bento. Como é que foi possível o ministro afirmar que a decisão foi tomada por “falta de comunicação” (não se riam que o caso é sério) e que também devido ao aeroporto Humberto Delgado estar a rebentar pelas costuras? Ninguém acredita neste discurso. Se a Portela estivesse a ficar inoperacional como é que só em 2027 é que tínhamos o aeroporto do Montijo a funcionar? Depois anunciou que o aeroporto de Alcochete estaria pronto em 2035 e nessa altura encerrava-se o aeroporto de Lisboa. Parece que estamos num planeta de loucos. Em 2035 é que terminavam a construção de um simples aeroporto em Alcochete, quando assistimos a China a construir em Pequim um dos melhores aeroportos do mundo em apenas dois anos. Pior ainda toda esta loucura dos aeroportos: o mesmo ministro afirmou que seria a ANA a pagar. A ANA não tem dinheiro, por vezes, para pagar subsídios de férias e de Natal aos trabalhadores. Qual Ana qual carapuça. Os milhares de milhões de euros seriam pagos por todos nós e o resto é pura mentira. Depois, a envolvência deste caso assume parâmetros inimagináveis, como por exemplo, os estudos de impacto ambiental que já foram realizados e que custaram uma fortuna, estando o de Alcochete já caducado. E com um facto que vale a pena salientar: com a rejeição total, em 2021, da Autoridade Nacional da Aviação Civil (ANAC) ao requerimento da ANA para construir o aeroporto complementar do Montijo. Tratou-se de um indeferimento liminar porque algumas das Câmaras Municipais da área não concordavam com um aeroporto onde vivem dezenas de espécies de aves diferentes. Assistimos de manhã à noite, durante toda a semana, a todos os comentadores a pedir a demissão imediata do ministro Pedro Nuno Santos. Assistimos às explicações dos melhores engenheiros a discordar com a decisão do ministro, a provarem que não há viabilidade técnica e financeira para a megalomania de construir dois aeroportos e seus apêndices, como por exemplo, mais uma ponte rodoviária e ferroviária entre o Barreiro e Lisboa. Assistimos aos mais variados especialistas de aeronáutica provando que o aeroporto de Beja pode servir perfeitamente Lisboa e o Algarve. Enfim, assistimos a uma vergonha. Um governo de maioria absoluta onde os seus membros não se entendem, não reúnem, não mostram competência para proporcionar uma melhor vida ao povo, um governo que nem satisfação deu ao Presidente da República, o qual ficou imensamente agastado e manifestou a António Costa que tem feito uma péssima escolha dos seus ministros. Portugal está em crise política num momento em que o próprio primeiro-ministro afirmou que na questão dos aeroportos o PSD seria consultado no sentido de se comprometer com um projecto que não é para amanhã, mas sim para um futuro de dezenas de anos. Até nisso, o ministro campeão da arrogância se comportou mal. A dois dias do congresso do PSD onde o novo líder tomaria posse é que anunciou a construção dos aeroportos de Montijo e Alcochete. Portugal nunca tinha visto um filme deste tipo e o mais grave de tudo é que no Partido Socialista nem se honrou a memória de Jorge Coelho, que mal desabou a ponte de Entre-os-Rios, pediu imediatamente a demissão de ministro.
André Namora Ai Portugal VozesO beijo de afecto que deu em chacota Na semana passada os lisboetas comemoraram o tradicional. Devido à pandemia que há dois anos que não assistíamos à passagem, na avenida da Liberdade, das marchas populares em honra de Santo António. Uma tradição que mobiliza milhares de assistentes incluindo o Presidente da República. No momento em que os bairros de Lisboa mostravam as suas danças e coreografias uma senhora angolana aproximou-se do Presidente Marcelo para lhe pedir uma selfie, ao que o Chefe do Estado, acto contínuo, teve um gesto de afecto, num momento gravíssimo que o país atravessa com os serviços de Obstetrícia e Genecologia encerrados em vários hospitais e com as mulheres grávidas em pânico sem saber onde dar à luz. Marcelo Rebelo de Sousa beijou a barriga da senhora grávida e de imediato a comunicação social e as redes sociais tomaram as mais diferentes posições. Houve logo quem dissesse que era uma fotomontagem. Na televisão foi confirmado que se tratava de uma fotografia verdadeira da autoria do fotojornalista António Cotrim, da Agência Lusa. Mas, o vergonhoso foi ficando patente ao longo da semana nas diferentes redes sociais. A falta de educação, de respeito, de dignidade, de amor próprio, de humanismo levou os mais diferentes crápulas e cómicos (porque nego-me a chamar-lhes humoristas) a apresentarem a fotografia de afecto do Presidente Marcelo com as mais ofensivas, sujas e até criminosas legendas, algumas numa manifestação cabal de racismo. Não é por acaso que o Presidente Marcelo é a figura política mais popular em Portugal. São estes pormenores, como o beijo na barriga da senhora angolana que conquistam a sua grande popularidade. O povo gosta de um Presidente deste género e não de trombudos e gélidos relativamente ao convívio com as massas populares. As várias infâmias que estão publicadas nas redes sociais mereciam um castigo exemplar. O Ministério Público tem estado mal ao não mover processos-crime a quantos publicaram a fotografia em causa acompanhada de obscenidades. O que devia ser pacífico tornou-se uma panóplia de insultos e chacota. Centenas de comentários diabolizaram o Presidente Marcelo. Chegaram mesmo ao ponto de desrespeitar a senhora angolana. Muitos dos comentários aparentando ódio e racismo mostraram bem com está vivo o fascismo neste país. O nosso Presidente foi igual ao que sempre foi: afectuoso, espontâneo e ligado às pessoas que o rodeiam. Marcelo é assim mesmo, não o faz por precisar de votos porque já nem pode se reeleito. Tenho a certeza que no dia em que Marcelo Rebelo de Sousa nos deixar, o país inteiro vai chorar pelo melhor Presidente da República que alguma vez conheceu. Ele convive na tasca mais rasca com a gente mais humilde como simultaneamente almoça nos maiores palácios com outros presidentes. Repararam que nem quis um carro com a cor “oficial” preta, mas desloca-se num Mercedes cinzento prateado, a cor que a maioria do povo tem escolhido para os seus veículos? A isto chama-se simplicidade, humildade e seriedade. É isso que o torna diferente. Gosto deste Presidente que tanto alegra o semelhante como o comove. Os tais cómicos têm o desplante de dizer que se trata de um Presidente populista, não inteligente, manipulador. Que raio de gente que já se esqueceu que o Professor Doutor Marcelo era o melhor na universidade onde leccionou. Onde estará o caixote de lixo desses cómicos? Porque não falam da sua própria “genialidade” que em certos casos até fazem os espectadores mudar de canal televisivo? E contrariamente ao que muitos críticos de Marcelo afirmam, o Presidente tem tomado posição brilhante e esmagadora no respeitante aos serviços de Obstetrícia encerrados e dizendo ao primeiro-ministro que é urgente uma solução para as mulheres grávidas. O Presidente Marcelo, ao beijar a barriga de uma negra fez mais na luta contra o racismo que essas associações todas que pululam por aqui e que só sabem pedir dinheiro ao Governo justificando-se que o destino é a luta contra o racismo. Uma coisa é certa, o bebé, feliz contemplado pelo ósculo presidencial, já nasceu e encontra-se bem, tal como a sua mãe, mas vai ter uma história linda para contar com a fotografia do beijo presidencial na mão.
André Namora Ai Portugal VozesPortugal sem saúde Há muitos anos, logo a seguir ao golpe de Estado de 25 de Abril de 1974, o socialista António Arnaut ficou na história como o “pai” do Serviço Nacional de Saúde (SNS). O povo português começou a sentir que sendo a saúde o mais importante na vida passou a constatar que o SNS era algo que ninguém tinha imaginado de bom para a sociedade. As pessoas passaram a ir a um hospital público ou a centro de saúde para obter uma consulta, para realizar exames, para ser operadas sem efectuarem qualquer pagamento. Rapidamente o SNS constituiu-se como o melhor serviço prestado às comunidades. Os anos passaram e começámos a assistir à degradação paulatina dos serviços clínicos, à emigração de médicos e enfermeiros para países onde chegam a ganhar três vezes mais que em Portugal, e à sobrecarga de trabalho nas urgências dos hospitais, ao ponto de passarem a existir oficialmente umas agências que se dedicam ao negócio de contratar médicos e depois “alugá-los” aos hospitais. Ainda hoje em dia acontece a mesma coisa com a agravante de essas agências terem clínicos estrangeiros da Rússia, da Ucrânia, de Espanha, de países africanos e que praticamente não dominam a língua portuguesa. O que é grave. A salvação na maioria das vezes são os enfermeiros que sabem inglês e que servem de tradutores das queixas dos pacientes. Neste sentido, referir que na Austrália qualquer médico estrangeiro tem de estar dois anos a estudar e a efectuar exames de medicina e só se aprovarem é que lhes é concedida a licença para poderem entrar na profissão médica. Em Portugal os médicos e enfermeiros ganham mal e isso é inadmissível. Em muitos casos nem as horas extraordinárias que dedicam aos bancos de urgências são pagas. As queixas dos profissionais têm vindo a agravar-se. Já nos deparámos com greves nos hospitais e com o amontoar de ambulâncias que vêm de longe e que não tinham conhecimento das greves. Na semana passada Portugal mostrou que está sem saúde. Está doente e a doença é grave. De norte a sul têm encerrado várias urgências e outros serviços hospitalares. O maior estabelecimento hospital de Portugal, o Hospital de Santa Maria, em Lisboa, está neste momento com a sala de partos esgotada. A incompetência e falta de organização no Ministério da Saúde é um descalabro. O próprio primeiro-ministro já reconheceu que a situação é grave. António Costa reconheceu que há uma situação grave nos hospitais e que há problemas estruturais no SNS. Foram declarações a propósito do caos que se está a viver em algumas urgências de muitos hospitais do país. A situação, a título de exemplo, no Hospital de Faro está ao nível do terceiro mundo. Nas urgências do hospital faltam 20 enfermeiros e o hospital não pode funcionar no Verão quando triplica o número de doentes que procuram cura dos seus males. E ainda não se atingiu o pico do Verão e a situação em Faro já está de tal ordem que deveria levar os responsáveis do hospital e pela saúde em Portugal a agir de imediato. O caso é de tal forma desgastante, que um enfermeiro que pertence ao Hospital de Faro adiantou ao HOJE MACAU que as suas férias “vão ser passadas na cama para poder descansar. Estou a sentir-me a cair quando me desloco para casa”. O povo chegou a ter uma esperança na semana passada quando foi anunciada uma reunião entre a ministra da Saúde e os sindicatos do sector. A reunião teve lugar, mas os sindicalistas médicos vieram para o exterior completamente decepcionados e afirmaram que se tinha tratado de uma “completa encenação”. O encontro entre os sindicatos representativos dos médicos e o Ministério da Saúde para discutir um projecto de diploma sobre as matérias de remunerações em serviço de urgência durou cerca de três horas, mas no final o consenso não existiu. “Não chegamos a qualquer consenso. A proposta é dada por três meses, mas este não é um problema de Verão, de Inverno ou de Primavera. Do nosso ponto de vista, não é assim que se resolve o problema, precisamos de soluções estruturais e não pontuais”, referiu Jorge Roque da Cunha, do Sindicato Independente dos Médicos. A situação está muito degradada e para ficar ainda mais gravosa, há dezenas de médicos que irão este ano para a reforma. O Governo tem de se convencer que estas classes de médicos e enfermeiros são verdadeiramente especiais porque mexem com a vida dos cidadãos. A Medicina deve ser dos cursos mais difíceis no areópago académico e estes profissionais, particularmente, os especialistas em cirurgias têm de ganhar muito bem. O Governo tem de pensar em pagar-lhes o suficiente exigido para que os médicos e enfermeiros se sintam felizes no seu país e não debandem para qualquer lugar apenas para ganhar o que lhes é devido com justiça. Na semana que hoje iniciamos tudo tende a agravar-se e diariamente há mais hospitais a anunciar o encerramento de certos serviços e urgências. Não podemos continuar assim, com macas nos corredores aos montes onde morrem pacientes sem assistência. Portugal anuncia-se como um país que defende os direitos humanos. Desculpem, mas o que está a acontecer é um verdadeiro atentado contra esses mesmos direitos humanos.
André Namora Ai Portugal VozesDia de Portugal não existe A maioria de funcionários públicos e de algumas empresas está a comemorar o Dia de Portugal com 10 dias de férias. Dia 10 foi feriado, seguiu-se o fim de semana, hoje, dia 13, é feriado de Santo António em Lisboa e em outras cidades do país, amanhã e quarta requereram dois dias de férias e na quinta volta a ser feriado, dia do Corpo de Deus, na sexta voltaram a usar um dia das férias e gozaram mais um fim de semana. No total, 10 dias no Algarve ou em outra praia qualquer. No dia 10 de Portugal, Camões e das Comunidades portuguesas foi escandaloso. Todo o mundo debandou para as praias de mar ou fluviais. Mesmo em Braga, onde o Presidente Marcelo presidiu às comemorações, centenas de habitantes saíram da cidade para aproveitar o feriado e o fim de semana nas suas terreolas com os seus velhotes ou outros familiares e onde nem o primeiro-ministro, António Costa, se quis deslocar para não apanhar o calor abrasador que se faz sentir por todo o país. O chamado Dia 10 de Junho, de Portugal, Camões e das Comunidades portuguesas não tem qualquer razão para continuar a existir. Devia ser comemorado apenas como o Dia de Camões, o nosso maior poeta e maior representante do nosso areópago cultural. Dia de Portugal devia ser comemorado com toda a pompa e circunstância, com uma mobilização nacional e festejos em todo o país no dia Primeiro de Dezembro. Nessa data é que conseguimos restaurar a independência e sermos hoje portugueses a gritar Viva Portugal! Quanto às comunidades portuguesas, os emigrantes em todo o mundo sabem bem o que a oficialidade portuguesa faz por eles ao longo do ano. Até lhes oferece um canal RTP que mais parece ter uma programação para atrasados mentais. Fui emigrante em três países e nunca vi os responsáveis de Portugal preocuparem-se com as comunidades portuguesas. Um dia, até um ministro prometeu que iria enviar para a pequenada uma centena de bolas de futebol. Foi uma festa naquele salão com as crianças a abraçar o ministro… nem uma bola foi enviada. Esse ex-ministro ainda está vivo e pode morrer de vergonha se por acaso ler estas linhas. O dia chamado de Portugal, Camões e Comunidades Portuguesas envergonha o próprio Camões. O épico pensará como é possível dedicarem-me um dia onde a poesia é lida na praia, num barco de recreio. Num piquenique, numa viagem até Espanha ou em Braga onde meia dúzia de patriotas apenas pretenderam tirar uma selfie com o Presidente Marcelo. Luís de Camões foi um génio. Foi o nosso melhor e os Lusíadas nunca deviam ter sido retirados dos cursos académicos, antes pelo contrário, pelo menos três vezes por ano devia realizar-se congressos culturais onde se declamassem partes da maior obra camoniana e se discutisse a grandiosidade de Camões. Um dos locais no mundo onde ainda se demonstra que não existe rancor pelo desprezo concedido aos emigrantes, é Macau, onde se realiza sempre uma comemoração alusiva à data e uma romagem à estátua do maior poeta o nosso querido Camões. Estes feriados e estas datas em Portugal inserem o absurdo, o incompreensível e o risível em alguns casos. Por exemplo, o Dia da Mãe, já ninguém sabe quando é nem ninguém o comemora. Era no dia oito de Dezembro, dia de Nossa Senhora da Conceição. Todos os portugueses preparavam flores para as suas mães nessa data. O dia 1 de Novembro é feriado por todos os santos, quando o feriado devia ser a 2 de Novembro para que toda a gente pudesse deslocar-se aos cemitérios a fim de homenagear os seus santos queridos que já estão em paz. Mas, será tão difícil assim que um Governo, ou uma comissão parlamentar não possa estudar com afinco esta realidade absurda das datas de alguns feriados e os seus fundamentos? Será que não vêem que o dia 10 de Junho não significa nada, mesmo nada, não há portugueses mobilizados para uma comemoração patriótica. Repetimos que o Dia de Portugal devia ser o dia da sua independência e quem achar o contrário, que receba as minhas desculpas. Por que razão não se comemora um feriado como Dia da Cultura? E que nesse dia se realizassem exposições de pintura, feiras de livros, concertos musicais, debates sobre escritores que nos deixaram obra digna, manifestações culturais de rua, como as circenses, e onde nesse dia os canais de televisão mostrassem aos jovens e a todo o país que a cultura e a história é uma das maiores razões de se viver.
André Namora Ai Portugal VozesProstituição a pagar impostos Não faço a mínima ideia quem foi o inventor da frase relativa à prostituição de a mesma ser “a profissão mais antiga do mundo”. Em Portugal, praticam a prostituição milhares de mulheres, homens e agora os raparigos, a quem chamam de travestis. A prostituição masculina ou feminina resulta de vários fenómenos, nomeadamente, da pobreza, do desemprego, do sonho em ser-se muito rico e até por exemplos que já vêm de antepassados no seio familiar. A prostituição em Lisboa e Porto é, sem sombra de dúvidas, uma prática frutuosa. Vende-se o corpo por muito dinheiro. Há mulheres e travestis que chegam a obter 30 mil euros mensais. Os brasileiros conseguem uma fortuna tal que muitos já compraram três casas no Brasil. Muitos brasileiros têm o hábito de se deslocarem a Portugal como turistas e nesse mês têm anúncios nos sites da prostituição e regressam ao Brasil com dezenas de transferências bancárias efectuadas para a cidade onde residem. Existe a prostituição de luxo e a miserável. Luxuosamente temos as chamadas “acompanhantes” que cobram por um fim de semana em Londres seis mil euros com tudo pago. No luxo vivem aquelas e aqueles que devido à muita beleza física chegam a receber no apartamento 12 clientes por dia, a 100 e a 200 euros por hora. Quanto à miséria é vê-las nas estradas e em alguns locais já conhecidos, à chuva e ao frio, esperando que um cliente pare o carro e concorde com a proposta. Estas prostitutas e travestis sofrem muito. Além da situação horrível que é a falta de higiene ainda têm que apanhar sovas de gangues que as abordam para lhes roubar o dinheiro. Algumas têm o chulo à distância, mas se o gangue repara que a prostituta tem segurança, o chulo vai parar ao hospital. No que respeita às autoridades policiais há de todo o género no que respeita a esta profissão. Alguns agentes policiais e da GNR levam a missão a sério e prendem-nas. Outros recebem uma “prendinha” e fecham os olhos permitindo que as prostitutas e os gays se mantenham por Monsanto, por baixo da Ponte Vasco da Gama ou Parque Eduardo VII, no caso lisboeta. Desde 2020 que se aguarda por uma solução que aprove a legalização desta profissão e que para além de descontarem para a Segurança Social, pagarem impostos e ainda passarem a ter uma maior segurança em todos os sentidos. Os deputados debateram na semana passada uma petição com mais de quatro mil assinaturas que deu entrada na Assembleia da República há dois anos e exige que esta actividade seja reconhecida como profissional com os respectivos descontos fiscais e regalias sociais como qualquer outro trabalho, só que enquadrada como divertimento adulto. Não conseguimos saber o que ficou resolvido no Parlamento. Mas, nem tudo foram rosas. Houve quem se manifestasse junto à Assembleia da República contra a abordagem da petição. A legalização da prostituição divide a sociedade portuguesa. Por um lado, as pessoas que assinaram a petição defendem a legalização da actividade e a despenalização de lenocínio desde que não seja por coação. Por outro lado, há associações que veem esta profissão como uma expressão de violência contra as mulheres, esquecendo completamente os gays. Segundo os peticionários, em termos de regulamentação, a profissionalização da prostituição deve ser proibida a menores de 21 anos e cidadãos estrangeiros em situação ilegal, o que é o caso de inúmeras brasileiras e russas. As casas para a prática da prostituição devem ser legalizadas, uma vez que se encontra aí a segurança para trabalhar. Os mesmos peticionários salientam o reforço da fiscalização e que se torne obrigatório a realização de exames médicos a cada seis meses. Hoje em dia, a actividade tem servido para proliferar uma quantidade diversa de doenças, algumas graves como a infecção na garganta que leva o cliente a ter de ser intervencionado cirurgicamente. A prostituição não constitui um crime em Portugal, no entanto também não é reconhecida como uma actividade profissional. Já o lenocínio é um crime consagrado pelo Código Penal português, que penaliza a conduta de, profissionalmente ou com intenção lucrativa, fomentar, favorecer ou facilitar o exercício por outra pessoa de prostituição. Para as associações que estão contra a petição, afirmaram em comunicado que a petição é um atentado contra a Constituição e contraria um conjunto de outros compromissos e recomendações internacionais. E ainda sublinham que a data em que se realizou este debate – no Dia Mundial da Criança – é uma “coincidência paradoxal e quase cruel, quando os estudos internacionais, a experiência no terreno e o testemunho da própria peticionária denunciam que a média de idade de entrada na prostituição se faz antes da maioridade entre os 12 e os 17 anos”. De que lado está a razão, todos nos perguntamos, mas o que sabemos é que a prática da prostituição sem regras oficiais leva a todo o tipo de crime, incluindo a constante exploração dos e das proprietários das casas onde é praticada a actividade. Portugal não pode continuar com as estradas cheias de prostitutas que deixam qualquer turista estupefacto pela quantidade, o que não quer dizer que o mesmo não aconteça por essa Europa fora em menor número. A verdade lógica é que os legisladores têm de conseguir uma solução intermédia em que a prostituição deixe de ser uma pocilga gigante.
André Namora Ai Portugal VozesAbandonados Que me perdoem os órfãos que possam ler estas linhas, mas quase todos nós tivemos uma mãe e um pai. Pais que tudo fizeram ao longo da vida pelos seus filhos. Muitos trabalharam de manhã à noite para que não faltasse a comida em casa, para que não faltasse nenhum material para a escola, para que não faltasse umas botas ou umas sapatilhas para as aulas de ginástica. Os pais sempre a toda a hora viveram preocupados com os seus filhos. Ficavam tristes quando algum filho chumbava no liceu ou na universidade. E muitos não tiveram dinheiro suficiente para pagar os estudos universitários aos seus filhos. Todos os filhos compreenderam, pouco ou muito, o que era o amor de uma mãe, o que significava um abraço do pai motorista que ao fim de uma semana de andar a conduzir um camião pela Europa chegava a casa e nem o cansaço evitava que as lágrimas lhe caíssem pela alegria de voltar a ver a família. Os filhos souberam sempre que alguns pais, não falo dos ricos, fizeram imensos sacrifícios e tiveram de pedir ajuda a amigos para os criar com dignidade e com o mínimo de cultura. Por outro lado, muitos pais eram abastados em bens e administravam empresas que lhes resultava em grande riqueza. Esses pais deram aos filhos um triciclo, uma bicicleta, uma moto e um carro. Puderam pagar o curso de Direito ou de Engenharia. E a que propósito vos falo das relações entre pais e filhos? Porque em Portugal estamos a assistir a algo degradante que choca qualquer cidadão minimamente moralista no que respeita ao seio familiar. Vem aí o mês de Junho e com ele a desgraça. Um enfermeiro do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, informou-me que a partir de Junho até ao fim de Setembro, os hospitais começam a ficar com velhotes, já curados após algum tempo de internamento, completamente abandonados. Os filhos e as filhas que normalmente têm nas suas residências os pais, chega a esta altura do ano e arranjam uma doença para os progenitores e vão interná-los nos hospitais para poderem ir de férias descansadamente. Mas, o “crime” é maior quando esses filhos informam o estabelecimento hospitalar com o número de telefone falso e a morada falsa. Esses filhos, vão de férias e quando voltam não vão buscar os pais ao hospital e ali ficam os velhotes abandonados. Deixei a palavra crime entre aspas, mas não devia, porque penso que estamos perante um crime de abandono tão igual como se fossem deixar os pais num descampado junto a uma árvore. Só que nos hospitais os gestores são humanos e vão dando de comida e mantendo os velhotes internados. O problema é que estão a ocupar camas que fazem falta a outros doentes que necessitam de internamento e muitas vezes têm de ser submetidos a intervenções cirúrgicas. Como é possível um filho ou uma filha abandonar o pai ou a mãe num hospital e os responsáveis clínicos sem saberem nada de como contactar com um familiar. Estes filhos mereciam um castigo enorme. Não vos digo a minha opinião sobre que tipo de castigo mereciam, mas seria bem doloroso. Actualmente encontram-se, imaginem, 500 idosos abandonados nos hospitais de Portugal. Uma fonte da Direcção-Geral de Saúde transmitiu-nos que se prevê que em Agosto o número de velhotes abandonados possa chegar aos mil e quinhentos. Que chocante e vergonhoso, o modo de pensar destes filhos. Uma ida para a praia ou para a serra, para Ibiza ou Bali é mais importante que os seres humanos que tudo fizeram para que eles pudessem hoje gozar a vida sem o mínimo de amor, consideração e dignidade pelos seus pais abandonados na cama de um hospital. Como é possível que se embebedem numa festa qualquer nas férias nos Açores sabendo que o seu pai ou mãe estão abandonados. Estamos perante um caso de grande dificuldade em solucionar, mas deviam começar por obrigarem esses filhos mostrar o Cartão de Cidadão, uma factura do telefone com os seus nomes e um comprovativo da morada passado pelas Juntas de Freguesia. Certamente que o número de pais abandonados reduziria de imediato. O caso tem entristecido todos quantos trabalham nos estabelecimentos hospitalares, porque alguns dos idosos passam o tempo a andar de um lado para o outro porque estão completamente lúcidos e já saudáveis. Desejo imenso que as autoridades da Saúde portuguesa possam ler estas linhas para que, pelo menos, obriguem os funcionários das recepções dos hospitais a exigirem aos filhos os documentos que referimos.
André Namora Ai Portugal VozesTimor com 20 anos de independência Na verdade, o tempo passa depressa. Parece que foi ontem que vi o novo Presidente da República de Timor-Leste, José Ramos-Horta, em condições precárias de vida em Nova Iorque lutando pela libertação do seu país e correndo o mundo a tentar convencer os diplomatas que Timor-Leste nada tinha a ver com a Indonésia e, infelizmente, com Portugal muito pouco. Portugal esteve militarmente no território anos e anos. Os portugueses sofreram lá as agruras das colunas negras dos japoneses e javaneses, durante a Segunda Guerra Mundial, que mataram milhares de timorenses e portugueses. As autoridades de Lisboa nunca se preocuparam com Timor-Leste, muito menos em enraizar a língua portuguesa de forma bem audível. As autoridades portuguesas do antigo regime apenas souberam enviar deportados políticos para morrerem em Timor-Leste. Felizmente, muitos conseguiram contar a história da nulidade da administração portuguesa junto de um povo que o que aprendia em português nunca mais esquecia. A língua portuguesa tem sido de tal forma divulgada, que nem um jornal ou uma revista em português é editado. Mas, o bahassa-indonésio não falta nas páginas de um pasquim que se vende diariamente. O nosso Presidente Marcelo Rebelo de Sousa esteve em Timor-Leste pela primeira vez para as comemorações dos 20 anos de independência e para a posse de Ramos-Horta como o novo Chefe de Estado, que por sinal, proferiu, em português, um discurso memorável. Triste é que tenha sido anunciado que a presença do Presidente Marcelo visou essencialmente reforçar uma série de (in)verdades sobre Timor-Leste como as políticas de cooperação. Basta atendermos à implantação da língua portuguesa, que é oficial, e que apenas serve para justificar orçamentos ou a balela do investimento português naquele país, que nunca existiu nem existirá em termos significativos. Em 20 anos nem uma fábrica de nada. Em Manatuto existe uma das melhores minas de mármore de grande qualidade e nunca se fez nada. No território existe um lugar paradisíaco com águas sulfurosas que daria uma das melhores termas da Ásia que poderia atrair centenas de turistas para a cura do reumatismo, além de se poder construir no local um hotel de luxo que de imediato daria emprego a centenas de nativos. Em 20 anos é lamentável que apenas se tivesse apresentado ao Presidente português um hotel com o mesmo nível de uma pensão em Sintra, um mercado que foi renovado por portugueses e umas águas límpidas para Marcelo mergulhar e deliciar-se com uma temperatura que nem no Algarve. Em 20 anos alargaram-se umas estradas e nas primeiras chuvadas tempestuosas logo se assistiu a derrocadas por todo o lado. Recordo-me de uma conversa em Díli, com o ex-Presidente Bill Clinton, onde ele afirmava que o petróleo e o gás natural iriam proporcionar que Timor-Leste fosse um dos países mais ricos em toda a Ásia e Oceânia. Afinal, onde estão os milhões de dólares oriundos da exploração do petróleo e gás natural no Mar de Timor, mais concretamente no Great Sunrise (?), onde os australianos têm manifestado grande satisfação pelos lucros do acordo que fizeram com as autoridades timorenses. Essa riqueza imensa ainda não deu para construir escolas pelo país com o ar refrigerado, ainda não deu para construir bairros sociais e apenas se tem assistido à ocupação de terrenos por crápulas que sabem perfeitamente que a terra não lhes pertence, ainda não deu para ocupar as crianças que deambulam pela rua a vender jornais, algumas órfãs do tempo da invasão militar indonésia, ainda não deu para renovar o aeroporto de Bacau, que tem uma pista de dimensão dupla à de Díli, ainda não deu para os timorenses terem uma residência decente, transporte que não os ponha em perigo de vida e ainda não deu para que seja criada uma Autoridade Contra a Corrupção. Timor-Leste tem de mudar radicalmente para que daqui a 20 anos alguém não escreva estas mesmas palavras. Os estudantes que terminam os cursos superiores têm emprego aonde? Na função pública? Não chega nem para um terço dos que se tornam “doutores”. Os jovens timorenses estão a aderir a gangues ou a grupos disfarçados de arte marcial para que possam ter um pecúlio resultante do crime praticado, nem que seja a venda de estupefacientes. Os jovens têm um futuro muito negro pela frente porque a tecnologia não avança. Até nos dias em que o povo viveu em festa pela comemoração de 20 anos de independência, a Timor Telecom, fez o favor aos jornalistas e demais servidores de não lhes fornecer internet. Em 20 anos não se construiu uma Central Eléctrica que não danificasse os aparelhos eléctricos domésticos e que não estivesse constantemente a energia a falhar. Em 20 anos não se construiu uma marina para abarcar os muitos iates que passam pela frente da ilha do crocodilo. Em 20 anos parece que estão quase a terminar um novo porto, o qual há muito já devia estar finalizado para que o desenvolvimento de Timor-Leste deixasse de ser uma batata frita… Esperemos que o Presidente Marcelo tenha tido vergonha do pouco que fizemos em Timor e que a tal cooperação tem sido uma falácia ao longo de 20 anos de independência. Esperemos que o novo Presidente Ramos-Horta consiga obrigar os governantes a trabalhar para o povo e não para os seus palacetes e vivendas compradas na Austrália…
André Namora Ai Portugal VozesFestejar o campeão e morrer O meu saudoso familiar Fernando Namora foi um génio como romancista, ensaísta, poeta, pintor e médico. Sempre foi o meu escritor preferido. Eu, sou um simples escriba que simplesmente abracei o prazer de informar os outros. Faço-o com amor pela escrita que poucos me ensinaram, mas li sempre muito e não posso esquecer o livro de Fernando Namora, de 1989, sob o título “Jornal Sem Data”. Daí, esta minha crónica também não ter data, mas ter jornal. Honra-me escrever o que consigo para este “Hoje Macau” que faz inveja a tanta gente. Hoje, trago-vos um tema que chocou muitos portugueses: a morte de um adepto do Futebol Clube do Porto que ao festejar o feito do seu clube por se ter sagrado campeão nacional, foi morto junto ao Estádio do Dragão. Todos sabemos o que foi e tem sido a actividade das claques dos principais clubes Benfica, Sporting, FC Porto e até a terrível claque de Guimarães. No Benfica os “No Name Boys” nem estavam legalizados e numa final da Taça de Portugal até mataram com um verylight um adepto sportinguista que se encontrava na bancada. Felizmente, nos dias de hoje assiste-se a um jogo no Estádio da Luz e não se vê esse grupo a provocar distúrbios. A “Juve Leo” foi o que se sabe: os seus mentores invadiram a academia, agrediram violentamente jogadores, técnicos e equipa médica acabando condenados no tribunal. À semelhança do Benfica também em Alvalade, durante os jogos, dá a ideia que esse grupo já não existe nos mesmos moldes. Os “Super Dragões”, ui, esses continuam em acções de violência e não param de amedrontar seja quem for. Estou convencido que até o presidente portista Pinto da Costa tem medo deles. Estes grupos sujaram a imagem do futebol e entraram na prática de ilegalidades, como a venda de drogas, muitas vezes ligados a redes internacionais e ao controlo da prostituição. As autoridades policiais chegaram mesmo a apresentar propostas aos governos para que essas claques organizadas fossem radicalmente banidas e proibidas de entrar nos estádios. Certo é que o crime tem aumentado entre grupos rivais espalhados por todo o país, especialmente os que se dedicam à venda de droga, aos assaltos a residências e ao controlo do tráfico de seres humanos. O que não sabíamos era que no seio dos “Super Dragões” existissem facções que se digladiassem e que chegassem ao ponto de numa noite de festa, com milhares de portistas na rua a festejar a vitória do campeonato 2021/22, junto ao Estádio azul e branco, os simpatizantes e dirigentes da claque portista iniciassem uma batalha campal e que o número dois da claque e o seu filho estejam a ser investigados pelo esfaqueamento mortal de um compatriota portista que estava no local também a festejar a vitória da equipa de Sérgio Conceição. O filho está detido e o pai entregou-se às autoridades policiais com receio de ser morto pelos rivais. Ao que se chegou no futebol. O mundo do crime está no seu seio e lamenta-se profundamente que os “Super Dragões” ainda não tenham sido ilegalizados. E já que estamos no mundo do crime, deixo-vos um EXCLUSIVO HOJE MACAU: Especialmente, nas duas cidades portuguesas Lisboa e Porto, pululam motos, bicicletas e trotinetas com uma caixa amarela ou verde às costas que será suposto transportar comida e bebidas para quem telefona interessado em comprar determinados pitéus. Podemos informar que existe a funcionar, pelo menos, nas referidas cidades, uma rede internacional que usa alguns dos estafetas do Bangladesh, Brasil, Nepal, Turquia e poucos portugueses para esse trabalho de transporte de comida ao domicílio. Simplesmente, cada vez tem aumentado o transporte de cocaína e outras drogas que são solicitadas por meio de uma linguagem codificada e que está a passar de boca em boca junto dos alegados consumidores. Naturalmente, que o negócio do transporte de droga ao domicílio já está a render muito mais do que transportar uma pizza ou um frango assado…
André Namora Ai Portugal VozesAssédio está na moda Quantos professores tiveram os meus amigos leitores? Quantos professores tiveram os vossos filhos e netos? Há décadas que um aluno gosta da professora e que um professor gosta de uma aluna. Lembramo-nos quando andávamos no antigo quinto ano do liceu, nos anos de 1960, de uma aluna das mais velhas ter pedido namoro a um professor e vieram a casar e a constituir família. O tema nem sempre foi pacífico. Naturalmente, que houve abusos ao longo dos anos. O professor dava boleia à aluna e obrigava-a a sexo oral no carro em troca de boas notas. Alunas que deixavam papelinhos na agenda do professor para encontros íntimos. Sempre aconteceu. Ouvimos histórias do meu avô, da minha mãe e nós próprios assistimos nos estabelecimentos de ensino por onde passámos a abusos morais ou sexuais entre docentes e discentes. Agora, em Portugal a moda virou o descalabro ou caos pelas universidades do país. Desde a Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, a Coimbra, Porto ou Minho, a moda é a denúncia de eventuais vítimas de abuso sexual e moral. É um corrupio de queixas contra os professores alegando as alunas que têm sido abusadas pelos seus mestres. Ninguém nega que um ou outro professor passe das marcas e que desde o piropo ao convite para passear ou jantar a uma aluna que não tenha existido. Vocês imaginam que catedráticos como Marcelo Rebelo de Sousa andem pelas universidades a tentar levar as alunas para a cama? Nós não acreditamos nesta nova moda de correr para a denúncia de abuso sexual e moral, quantas vezes por vingança só porque o professor chumbou a aluna. Há vítimas, não tenhamos dúvida. Mas, as estudantes que têm apresentado “só agora” queixa dos seus professores, no caso de terem sido abusadas nunca foi com o seu consentimento? Conversámos com um professor reformado da Universidade Católica de Lisboa que nos transmitiu ter tido ao longo da sua carreira conhecimento que colegas seus tentavam abusar de alunas e que alguns conseguiram os seus intentos a troco de boas classificações no final de cada ano lectivo. Acrescentou-nos que por várias vezes avisou colegas que o comportamento estava a ser anormal e que poderia romper com o seu futuro se alguém denunciasse o abuso. Que em Lisboa, sempre existiram professores que à parte da sua residência familiar, tinham um apartamento alugado onde davam “explicações”. Claro, que a desculpa das explicações às alunas não passava de relações sexuais. O nosso interlocutor adiantou-nos que chegou mesmo ao seu conhecimento que esses seus colegas tiraram fotografias das jovens nuas e venderam-nas em Espanha por muito dinheiro. Naquele tempo, a pornografia era quase inexistente. No entanto, as queixas de alunas e até alguns rapazes afirmando que têm sido abusados não têm cessado. Todas as semanas lá vem a público que mais vítimas acabaram de denunciar os professores. O abuso sexual ou moral é intolerável e indiscutível. É crime, ponto. Mas, algumas das jovens que se têm queixado têm telhados de vidro. Porquê? Porque a filha de um amigo nosso informou-nos que uma das vítimas que apresentou queixa está estampada como universitária, com idade de 20 anos, no site de prostituição de nome “classificados” e que a sua presença como prostituta a receber 100 euros por hora, com uma média de seis clientes por dia ou noite, foi confirmado por um professor que marcou encontro e deslocou-se à residência que a jovem indicou no bairro de Benfica, em Lisboa. Ora, se está mais que provado que muitas universitárias ganham dinheiro na prostituição, temos que admitir que essas jovens têm de estar caladinhas e não apresentar queixa dos professores por abuso sexual só porque sim. É mesmo uma moda. Que seja uma moda, mas que dê frutos. Que consigam saber a verdade dos factos. Que confirmem quem são os professores abusadores e que estes sejam sentenciados em tribunal. Só não entendemos é a razão de as queixas terem agora aparecido e tornarem-se numa onda persecutória de tantos docentes dignos, bons chefes de família, mestres exemplares e que constatando esta moda ficam envergonhados e com vontade de abandonar a vida académica. E, no entanto, temos de considerar uma situação directamente ligada a estas alegadas acusações de abuso sexual de estudantes contra professores, que é sem dúvida alguma o modo que as estudantes passaram a vestir-se nas universidades. Em alguns casos é provocador: o decote é enorme e veem-se metade dos peitos, a minissaia não é saia, são uns mini calções que mais parecem umas cuecas. É esta forma de vestir, especialmente quando chega a Primavera e o meio ambiente começa a aquecer. Muitas culpas para as estudantes que se vestem de maneira provocante. Já nos dizia um sacerdote que abandonou a Igreja de “que um homem não é feito de pau…”.
André Namora Ai Portugal VozesA justiça é uma injustiça Há muitas décadas que em Portugal se ouve dizer que temos dois tipos de justiça: a justiça para ricos e a justiça dos pobres. E assim é em pleno ano de 2022. Assistimos aos factos mais inacreditáveis. João Rendeiro desviou uns dinheiros e foi logo dado como um criminoso enorme obrigado a fugir e lá está doente numa prisão escabrosa da África do Sul. Se compararmos Rendeiro com Ricardo Salgado, coitado, é um menino de coro. Salgado deixou centenas de famílias na miséria com as aldrabices e as fraudes do Banco Espírito Santo. Milhões e milhões de euros que desapareceram quando ele sempre levou uma vida faustosa e ainda recentemente se deu alo luxo de se deslocar de Cascais para Tróia de helicóptero. Para cúmulo e tristeza de milhares de pessoas inventou que tinha demência para não comparecer em tribunal. Uma ofensa gravíssima a quantas pessoas sofrem dessa doença e seus cuidadores. O tribunal é que tinha a obrigação de contratar um médico especialista anónimo para realizar os exames a Salgado e concluir se existia demência ou não. As nossas dúvidas prendem-se com a afirmação de Salgado de que estava a escrever as suas memórias… Se for assim, que grande demência que terá o mentiroso e que incompetência demonstra a nossa Justiça. Depois temos o Vale e Azevedo, que após desviar milhões de euros do Benfica e de outras pessoas a quem enganou, vive luxuosamente em Londres, num prédio do conhecimento de toda a gente excepto das autoridades judiciais que afirmam não o encontrar. Passamos a bola para o sacador sul-africano Joe Berardo, que depois de se tornar num pseudo socialite conseguiu que o governo português lhe concedesse um espaço no Cento Cultural de Belém para instalar um museu com o seu nome. O descaramento é tão grande que ninguém, nem o próprio, é capaz de justificar como adquiriu tantas obras valiosas expostas onde nunca deviam ter entrado. O mesmo Berardo entrou pela Caixa Geral de Depósitos, o tal banco que não empresta dois mil euros a um cidadão com dificuldades na doença, e sacou um “empréstimo” de mais de 300 milhões de euros, sem quaisquer garantias, e foi comprar acções do Banco Millennium. A Portugal Telecom e a EDP eram as nossas maiores empresas. Davam lucro ao país de uma forma extraordinária. Na PT entraram lá dois malandros, Bava e Granadeiro, e a empresa desapareceu, tal como a sua riqueza material. Na EDP, António Mexia foi considerado por uma revista internacional como o gestor mais mentiroso de Portugal. A EDP foi vendida aos chineses e Mexia foi desmascarado nas suas ilegalidades e afastado de administrador. José Sócrates é o caso mais badalado na sociedade. Um fulano da JSD na Covilhã, agente técnico, que levava uns projectos de imóveis à edilidade serrana e eram todos aprovados. Abandonou os social-democratas e instalou-se no Partido Socialista onde foi aldrabando Mário Soares e outros senadores socialistas, ao ponto de chegar a secretário-geral do partido e a primeiro-ministro com maioria absoluta, tantas eram as aldrabices e os conluios que ia tendo com Kadaffi, Chávez, Lula da Silva e o obsceno Carlos Santos Silva. Sócrates deu-se ao luxo de afirmar que era engenheiro, quando o não-curso tinha disciplinas feitas ao domingo e depois foi publicando livros que eram escritos por um professor universitário. A célebre “Operação Marquês” está na justiça para as calendas, mesmo com o actual primeiro-ministro, António Costa, a afirmar que a criatura “aldrabou” o Partido Socialista. E depois há a chamada raia miúda que são os graúdos ex-ministros que Sócrates teve e que só souberam praticar a corrupção. E não podemos esquecer o escandaloso caso de corrupção do juiz Rangel que até colocou uma estagiária a decidir processos de suma importância. Processos judiciais são aos montes. Julgamentos que já se deviam ter realizado não têm conta. Prisões destes malandros já há muito que a nossa justiça os devia ter encaminhado para o sol aos quadradinhos. Esta, é a justiça dos ricos. Riem-se de todos nós e vão gozando o dinheiro depositado nas offshores que a mesma justiça finge não saber onde existem. Mas, a nossa justiça tem outra característica: a circense. Uma palhaçada que um povo inteiro para não chorar, põe-se a rir. Quem chora são as vítimas do ex-padre Gama que armado em exorcista abusou de dezenas de mulheres e foi preso. Mas, só lá esteve seis meses na prisão. Acaba, vergonhosamente, para a justiça que temos, de ser libertado. E sabem com que justificação? Com mais uma ofensa a todos os homens que infelizmente sofrem de disfunção eréctil. Ninguém acredita na justificação, mas mesmo que presentemente tenha contraído a disfunção eréctil, tinha de ficar na prisão cumprindo o mal que fez a tanta gente. O abusador sexual armado em padre católico provocou um número substancial de vítimas que hoje em dia ainda se lamentam dos males que o ex-padre lhes provocou. Que raio de justiça é esta? Um abusador, violador, chulo, expulso da Igreja Católica, é libertado sem mais nem menos para poder continuar a exercer os seus crimes nas três, imaginem, três vivendas enormes que possui. A justiça nem pergunta onde foi buscar tanto dinheiro se o ex-padre Gama foi expulso de exercer o sacerdócio? Este ex-padre Gama e a sua libertação são a vergonha nacional que a maioria dos portugueses não aceita e repudia.
André Namora Ai Portugal VozesO erro da Assembleia da República Hoje é feriado aqui em Portugal. É o dia 25 de Abril, que para mim é apenas da liberdade que me acabou com a censura do que escrevia. De resto, celebram a liberdade quando durante 48 anos tem havido mais libertinagem do que liberdade. Mais corrupção do que solidariedade. Mais vigaristas do que homens de bem. Mais governantes que só pensaram em ganhar dinheiro do que beneficiar o povo. Sinceramente, já não festejo esta data. Os meus amigos dizem que sou um “anarca do caraças”. Do caraças, não. Sou anarca porque aprendi a ser independente na análise dos factos. Por esse mundo fora entendeu-se que a invasão da Rússia à Ucrânia não tinha os seus motivos, e vai daí, os russos são uns bandidos, uns nazis, uns filhos da puta. Conhecemos dezenas de russos e de ucranianos. E antes de 2014, os nazis estavam na Ucrânia e em Moscovo liderava um ditador que nunca se saberia o que podia fazer. Começou por reaver a Crimeia, que desde 1773 já era território russo após a guerra entre a Rússia e a Turquia. E o senhor Putin achou que os americanos estavam a abusar e a introduzir na Ucrânia material bélico sofisticado em bases militares subterrâneas que podiam colocar em perigo a segurança da Rússia. Em 2019 iniciou uma acção de espionagem com centenas de homens em território ucraniano para ficar com todos os pormenores militares americanos. E, quando no início de este ano o informaram de que perto da capital Kyiv estavam instalados mísseis americanos que em cinco minutos podiam desfazer Moscovo, o homem passou-se, enlouqueceu e chamou os generais para ordenar a imediata invasão da Ucrânia, começando pelo bombardeamento das bases militares onde existia material americano e pelos prédios onde residiam militares americanos disfarçados de ucranianos. Atenção, que nós não inventamos os factos como faz diariamente José Milhazes na rádio e televisão, depois de ter vivido dezenas de anos à custa dos russos e só agora é que os insulta. Obviamente, que ninguém pode concordar com a loucura de Putin que não perdoa inocentes como as crianças e os velhotes durante os bombardeamentos. Mas, daqui a muitos anos os historiadores hão-de referir estas linhas que acabámos de vos escrever sobre as razões do início da invasão russa à Ucrânia. Mas, a semana passada teve um episódio histórico: o grande erro da Assembleia da República portuguesa. Foi vergonhoso irmos na onda da moda em que o presidente ucraniano anda há meses a dizer a mesma coisa pelos parlamentos europeus. A Assembleia da República portuguesa tinha todo o direito de ouvir o presidente Volodymyr Zelensky dizendo de sua justiça. No entanto, uma guerra tem sempre duas partes em confronto e dois pontos de vista completamente diferentes. A nossa Assembleia da República, até pelo nosso passado histórico-cultural, tinha a obrigação de ser diferente dos outros e só tinha ganho encómios se tivesse convidado também o presidente da Rússia, Vladimir Putin, para explicar aos deputados portugueses quais as razões do massacre que tem sido levado a efeito pelas suas tropas em terras ucranianas. Putin tinha todo o direito de falar verdade, mentir, inventar ou revoltar quem o escutasse, mas o nosso Parlamento é que não pode expandir um discurso no qual anuncia que Portugal continuará a enviar material bélico para a Ucrânia. Portugal, um país mais pequeno que uma província espanhola, que nem tem pistolas decentes para os seus agentes policiais e anuncia que vai enviar, ou que já enviou, armamento e munições para as tropas ucranianas. Discordo em absoluto e talvez por isso não critico os deputados comunistas que faltaram à sessão solene. A sessão teve os deputados presentes a aplaudir de pé as palavras de Zelensky, o qual no seu discurso relembrou o 25 de Abril. A que propósito? Vangloriando a revolta militar interna contra um regime instalado? Certamente que não. Louvando um Conselho de Revolução que chegou a mandar prender democratas? Não acredito que tivesse sido essa a sua ideia. Comparar a liberdade que o 25 de Abril proporcionou ao povo português com a liberdade que os russos estão a retirar aos ucranianos. Aí sim, creio que foi esse o motivo pelo qual Zelensky se referiu à data que hoje comemoramos. Contudo, não gostei do discurso de Zelensky porque foi fotocópia do que tem dito pelos parlamentos europeus e muito menos gostei do discurso do presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva. Então, a segunda figura do Estado português toma posição radical contra um país com quem mantém relações diplomáticas, a Rússia, e ameaça com a entrega de armamento ao inimigo desse país? Mas, ao que chegámos em termos oficiais. Em Portugal não se sabe ter uma posição neutra em termos oficiais? Portugal com esta atitude de Santos Silva passou a ficar na lista negra de Putin e se um dia o “maluco” russo carregar no botão nuclear, pois, podem ter a certeza que Portugal leva com uma ogiva mesmo no centro de Lisboa. A irresponsabilidade política portuguesa bateu no fundo e nem sequer sabem analisar o que uma guerra deste tipo que decorre na Ucrânia pode resultar para todos nós. A razão da nossa posição ficou bem patente na inteligência do secretário-geral da ONU, António Guterres, que amanhã irá manter um encontro com Vladimir Putin, em Moscovo, e de seguida com Zelensky, em Kyiv. Ora aí está a diferença com o nosso Parlamento. Guterres dá um exemplo de política acertada em ouvir as duas partes em confronto.
André Namora Ai Portugal VozesA Páscoa não é uma amêndoa A Páscoa, efeméride tradicional dos religiosos católicos, e não só, já lá vai e aqui em Portugal esta rapaziada foi toda para a praia porque apareceu um calor na ordem dos 27 graus, sem ter a noção de que para a semana vão ter chuvadas fortes com a temperatura a baixar para uma máxima de 14 graus. Uma semana em que Braga delirou cheia de cidadãos espanhóis para as cerimónias tradicionais pascais. Muito se falou do nascimento de Jesus Cristo, da sua morte e da sua ressurreição. Os crentes discutem esta matéria mas também têm de ouvir aqueles que dizem que Cristo nunca existiu, que Cristo não foi crucificado, que nunca ressuscitou e por aí fora. Cada ser humano tem o direito de pensar e de amar aquilo que pensa ser verdadeiro. Se vos disser que um irmão vosso tem uma fortuna de mil milhões de patacas e que sabe que você passa fome e não o ajuda nem com uma pataca, você não acredita. É difícil a um homem que lhe ensinaram aos cinco anos de idade o que foi Cristo, o que fez e porque há Páscoa, não acreditar nos dias da sua vida que não aconteceu como lhe ensinaram. A maioria dos portugueses é católica, mas que raio de catolicismo quando passaram o tempo na praia, na pesca, no futebol e as igrejas quase vazias. O cardeal Patriarca de Lisboa, em plena Páscoa não soube, ou não quis, explicar por que razão os sacerdotes pedófilos que abusaram de crianças continuam no seu posto mantendo o abuso sexual de menores e de mulheres. Quem acredita em Cristo e na Páscoa fica desesperado com tanta hipocrisia, com as igrejas cheias de ouro e ao lado, nos bairros de lata, estão católicos a morrer à fome. O Presidente da República foi de visita na Páscoa à ilha de São Jorge, nos Açores, um ilhéu que pode desaparecer se um vulcão emergir das profundezas terrestres/marítimas. Não vimos Marcelo Rebelo de Sousa a oferecer uma amêndoa a uma criança. E esse gesto é que representaria o simbolismo da solidariedade, da paz e do amor pela igreja que se escolheu. Marcelo Rebelo de Sousa vai à missa todos os domingos. Para quê? Se não sabe que na Páscoa temos de ser solidários com o semelhante com uma simples amêndoa. Já não há amêndoas ou não há solidariedade? Ir a uma missa falar com Deus é um sinal de que se tem de ser honesto, sério e mostrar que se anda neste mundo com o objectivo de fazer bem aos outros. Nós não somos ricos, mas tivemos de nos lembrar que a nossa empregada que vem uma vez por semana limpar a casa tem uma filha pequenita e, como tal, tivemos de comprar uma caixa de amêndoas para adoçar a boca da filhinha e para que a mãe lhe explicasse o que era a Páscoa e porque se oferecem amêndoas. Se Cristo morreu para nos salvar, porque não caminhamos para a morte fazendo o bem e salvando vidas que estão numa plataforma de perigosidade por falta de meios? Nós sabemos que toda esta matéria teológica é muito complicada. Tem muita discussão pelo meio. Tem os ateus, os pouco crentes, os seres humanos das mais diferentes religiões, sabemos que é tão complicado que até a entidade máxima ortodoxa da Rússia anunciou que os seus conterrâneos deviam ajudar Putin e deviam ir para a guerra matar outros seres humanos. Tal como sabemos que as alas mais conservadoras de certas religiões em países da Europa e nos Estados Unidos da América estão a apoiar certos grupos nazis da Ucrânia e a enviar-lhes material bélico de tão sofisticada tecnologia que até mandaram ao fundo o melhor barco de guerra russo. A Páscoa já passou. Já estamos noutra, mas os que não receberam sequer uma amêndoa não esquecem que a Páscoa é uma mentira. Tal como tantos episódios da vida, sem solidariedade essa vida é uma morte lenta e, não tenhamos dúvidas, que a culpa da falta de solidariedade está na maioria das vezes nos gestos e na prática de certas religiões. Atenção, que não estamos a defender o ateísmo, mas mesmo que defendêssemos, ninguém poderia dizer que estávamos errados porque ao longo dos séculos tivemos exemplos de sobra que nos manifestaram que os religiosos estiveram errados e que ainda nos dias de hoje continuam, quando tomamos conhecimento que os nossos filhos e netos são obrigados a fazer sexo oral ao padre durante a catequese. Na Páscoa todos os católicos, antes de ir para a praia, futebol ou discoteca, deviam pensar se já cumpriram o exemplo de Jesus Cristo. Deviam pensar na namorada Madalena que Cristo teve e quando a acusaram de prostituta e ele respondeu “Atire a primeira pedra aquele que nunca pecou”. Todos os fariseus ficaram inertes e foram desaparecendo. Cumprir o exemplo de Cristo, para os crentes, é muito difícil num mundo cada vez mais egoísta, corrupto e avarento. Cumprir Cristo e a Páscoa sabemos que não é para todos, mas aqueles que fazem o sinal da cruz não podem depois esquecer-se de uma amêndoa para a filha do vizinho que é tão pobre e nem sequer sabe o que é a Páscoa.
André Namora Ai Portugal VozesA hipocrisia na solidariedade Lembram-se certamente de quando se iniciou a invasão da Ucrânia pelas tropas russas e as mulheres e crianças ucranianas começaram a fugir para a Polónia, Roménia, Hungria e Moldávia. Lembram-se certamente do desvario que foi em Portugal com toda a gente a apregoar que estava disposta a ajudar os novos refugiados de qualquer forma. Partiram de Portugal muitos camiões e carrinhas carregados de géneros alimentícios e roupas com destino às fronteiras dos referidos países com a Ucrânia. Até a apresentadora polémica, Bárbara Guimarães, quis fazer propaganda dela própria e anunciou que ia a caminho da Polónia para ajudar, mas ninguém viu qualquer imagem da senhora junto da Ucrânia, a qual foi criticada por ter abandonado os filhos e ter dito que ia pela estrada fora. Os portugueses disponibilizaram-se de imediato a receber em suas casas refugiados ucranianos, organizaram movimentos de apoio aos refugiados, os voluntários eram inúmeros, o Governo anunciou que daria todo o apoio e que poderia receber milhares de refugidos pelas diversas cidades do país. Afinal, as promessas instantâneas não passaram de hipocrisia na solidariedade. Já entraram em Portugal milhares de refugiados ucranianos, na sua maioria mulheres e crianças. Mas, o absurdo está à vista. Apenas um terço de refugiados ucranianos que chegaram a Portugal já pode aceder a ofertas de emprego. Os Serviços de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) estavam para ser extinguidos desde que foi morto um migrante nas suas instalações. Nada aconteceu e os SEF é que deviam ser eficientes no tratamento burocrático da documentação necessária para quem chegou há mais de um mês e nada tem. Não tem, por exemplo, o Certificado de Protecção Temporária, que dá direito a que o refugiado fique com autorização de residência. Já chegaram cerca de 27 mil pedidos de certificação aos SEF e até agora apenas foram emitidos 8500 certificados de concessão de autorização de residência, sem os quais as pessoas não podem começar a trabalhar. Onde está a solidariedade apregoada? Onde está o rápido facilitismo para benefício dos refugiados? É que o problema maior está ligado à impossibilidade de os refugiados receberem qualquer apoio sem terem a referida documentação. Os SEF até se dignaram criar um site anunciando que o mesmo ia permitir simplificar a obtenção da Protecção Temporária por um ano, prorrogável por dois períodos de seis meses, e que, com base neste pedido os cidadãos teriam acesso a número de identificação fiscal, de Segurança Social e do Serviço Nacional de Saúde. Bem, meus amigos, isto tudo deve ter sido para presidente Zelensky ver… Os SEF sacodem a água do capote e dizem que têm de esperar pela Segurança Social, pelos Serviços de Saúde, pelas Finanças e sabe-se lá que mais autoridades, quando sabemos que o nosso país é dos mais burocratas do mundo. Ou então, tudo tem de ser resolvido por baixo da mesa com um envelope. O que sabemos é que todos têm uma desculpa. A Segurança Social diz que está à espera disto e daquilo. Os Serviços de Saúde idem aspas, aspas. As Finanças adiantam uma história quase incompreensível de que atribuem o NIF após recepção dos elementos de identificação dos migrantes por parte dos SEF. Perceberam alguma coisa? Nós, também não. O que sabemos é que cerca de 20 mil refugiados andam por aí a receber apoio e ajuda de amigos e de associações de ucranianos, numa terra que não conhecem e onde só choram pelos seus maridos que ficaram na guerra. Era tudo facilidades, na televisão só se ouviam governantes a afirmar que Portugal tudo faria para que nada faltasse aos refugiados. O comportamento que as nossas autoridades têm tido para com essa gente que ficou sem nada, tem sido execrável e a merecer a condenação de todo os portugueses. Uma senhora ucraniana de 40 anos com três filhos e com quem contactámos, afirmou que tem uma sensação de estar abandonada e a depender de intermediários a quem já deu todo o dinheiro que trouxe para que possa ter o documento necessário para poder trabalhar. Entretanto, foi colocada num quarto em Lisboa e ali passa o tempo com os meninos. Já foi a um balcão dos SEF e disseram-lhe que não sabiam quando chegaria o seu documento. Uma resposta, ao bom estilo da função pública em Portugal. Contudo, o mais vergonhoso para todos nós é que já há muitas ucranianas que querem regressar na esperança de poderem voltar à sua terra e aos braços dos seus maridos. Os serviços públicos que ouviram os seus ministros, o seu primeiro-ministro e o seu Presidente da República afirmarem que Portugal iria receber os refugiados da Ucrânia com toda a abertura, têm de se convencer que, neste caso, a burocracia tem de ser posta de parte e têm de trabalhar competentemente para que ninguém possa dizer que a solidariedade em Portugal é uma hipocrisia.
André Namora Ai Portugal VozesNasceu um novo tabu Eram cinco da tarde da passada quarta-feira. No Palácio da Ajuda, em Lisboa, chegava um número incontável de veículos topo de gama. Mercedes, BMW, Lexus, Audi e todos os tipos de carros de topo de gama faziam fila para deixar os novos ministros e secretários de Estado que iriam tomar posse perante o Presidente da República. Um país tão pequeno com tanto narcisismo. A dado momento, chegou o novo presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, e qual não foi o espanto de todos os jornalistas quando saiu do seu carro uma loira vistosa, de movimentos rápidos e seguros que abriu a porta da nova entidade sob uma postura de protecção total, era a guarda-costas de Santos Silva, uma mulher-polícia que vai dar que falar. Os novos governantes entraram apressadamente para o interior do palácio e a cerimónia teve lugar com o Presidente da República a discursar após a posse do novo governo chefiado por António Costa. Mas, o inesperado estava para acontecer. Marcelo Rebelo de Sousa tem uma experiência política que o leva a escrever discursos, por vezes, estonteantes. E foi o que aconteceu. Quando menos se esperava o Presidente Marcelo virou-se para os presentes e salientou que uma maioria absoluta não é o mesmo que “poder absoluto” ou “ditadura da maioria”, termos que Mário Soares já tinha usado dirigindo-se a Cavaco Silva. Um discurso que ia deixando a plateia cada vez mais perplexa. Um discurso que se iniciou com uma longa reflexão sobre a guerra que acontece na Ucrânia (“sabemos que ninguém gosta de passar de potência mundial a potência regional”), o Presidente exigiu, quanto à agenda interna, “passos mais vigorosos” na reforma do sistema de justiça, “reformar com brevidade e bem” o Serviço Nacional de Saúde, mudanças no sistema eleitoral que o tornem “mais eficaz cá dentro e lá fora”, que os fundos europeus “avancem depressa” para “remendar o que há a remendar e construir o que houver para construir”. Um discurso como nunca tínhamos ouvido a Marcelo Rebelo de Sousa e o pior ainda estava para vir. Uma posição presidencial que deve ter deixado o próprio primeiro-ministro de boca aberta, o que não se viu por estar de máscara na cara. O aviso do Presidente dificilmente poderia ter sido mais claro: agora que tem maioria absoluta, Costa tem de governar “sem desculpas nem álibis”. E que nem pense em, a “meio caminho” zarpar para a Europa. Acabava de nascer um novo tabu. Um novo tabu porque há muito que se fala na ambição de António Costa pretender ocupar em 2024 o lugar do belga Charles Michel na presidência do Conselho Europeu. Não é por acaso, que Costa colocou no Governo os delfins que têm sido apontados como seus possíveis sucessores à frente do Partido Socialista, Pedro Nuno Santos, Mariana Vieira da Silva, Fernando Medina e Ana Catarina Mendes. Por mais que os jornais porta-vozes do Governo digam que o primeiro-ministro cumprirá a legislatura, o tabu manter-se-á até 2024. Costa sempre foi ambicioso e a maioria absoluta dá-lhe, feliz ou infelizmente, o direito de fazer o que quer. No entanto, o Presidente Marcelo já avisou que se António Costa resolver imitar Durão Barroso promoverá eleições antecipadas. Estamos perante um tabu de certo modo triste. Quando se esperava que o novo Governo pudesse durante os próximos quatro anos e meio tudo fazer para mudar Portugal, já só se sabe comentar que a meio do trajecto o primeiro-ministro vai para a Europa a fim de se tornar em uma personalidade de cariz internacional. Uma coisa é certa, o povo confiou em António Costa e concedeu-lhe uma maioria absoluta. Porque gostou do seu trabalho, porque soube escolher a pessoa ideal para coordenar a vacinação nacional que já matava milhares de portugueses. O povo pensou que oferecendo-lhe a maioria absoluta tudo passaria a ser diferente com uma governação preocupada, em primeiro lugar, nas pessoas que sobrevivem com dificuldades imensas. A ideia de António Costa de ir para o Conselho Europeu é de tal forma quase que vinculativa, que até no seio de os socialistas não se fala em outra coisa. O antigo ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado, chegou a afirmar numa entrevista da semana passada que António Costa “faria bem qualquer cargo a nível europeu. Não tenho nenhuma dificuldade em perceber, que de facto, a função de presidente do Conselho Europeu possa pela primeira vez ser ocupada por um português”. Para nós, estas entrevistas não são por acaso na mesma semana em que o novo Governo tomou posse e em cuja cerimónia o próprio Chefe de Estado veio dar um recado de tão grande importância que nos leva a afirmar que nasceu um novo tabu.
André Namora Ai Portugal VozesVira o disco e toca o mesmo Portugal passa a ter um novo Governo. Quatro anos de interrogações. Quatro anos de prepotência. Quatro anos de tentativas de melhorar o país. Quatro anos de ministros a digladiarem-se para verem quem vai ocupar o lugar de António Costa à frente do Partido Socialista, quatro anos de abusos, corrupção e compadrio, o costume, há 50 anos de democracia. Ao conversarmos com várias pessoas ao longo da semana passada todos foram unânimes em surpreender-nos afirmando “vira o disco e toca o mesmo”. Não concordámos, porque em muitos casos o disco não virou. O líder socialista fez escolhas absurdas para o novo Governo. Começamos pela ministra da Presidência, Mariana Vieira da Silva, que passa a ser a número dois do Executivo, uma espécie de vice-primeira-ministra e que só ocupa aquele lugar por ser filha de um dos maiores amigos de António Costa, o ex-ministro Vieira da Silva e um histórico do PS. A “menina” Mariana nunca mostrou capacidade para resolver fosse o que fosse e nos últimos tempos muitos governantes com tarimba já não a podiam aturar devido à sua arrogância. Costa manteve Pedro Nuno dos Santos, o homem que nem dorme a pensar no lugar de secretário-geral do PS e que tem demonstrado uma incompetência profunda no dirigismo institucional, com o pior exemplo no caso da TAP. Costa manteve João Cravinho mudando-o da pasta da Defesa Nacional para os Negócios Estrangeiros e iniciando assim, um mal-estar nas relações com o Presidente da República. Marcelo Rebelo de Sousa nem pode ouvir falar em Cravinho desde a mudança na chefia da Armada e Costa afrontou o Presidente para o futuro, com a agravante de a tutela dos Negócios Estrangeiros ter uma ligação muito forte ao Palácio de Belém. Com tantas personalidades de alto nível, com experiência diplomática, a que propósito Costa foi manter João Cravinho? Só por provocação e para preparar desde já a candidatura a Presidente da República do almirante Gouveia e Melo. Costa manteve as ministras da Agricultura e do Trabalho que só demonstraram incompetência em todo o último mandato. Valha-nos a decisão acertada de manter a ministra da Saúde, que além da competência académica foi um mouro de trabalho durante todo o processo de vacinação nacional. Costa fez uma muito boa escolha, ao designar Elvira Fortunato para a pasta da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior. Esta senhora é de uma competência a toda a prova, além de ser uma política independente, sendo muito importante que um Governo possua uma técnica de nível elevado. Costa cometeu a maior gaffe que se pode imaginar ao decidir-se por um dos maiores incompetentes que existem na política portuguesa, referimo-nos ao novo ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, que ainda gostaríamos de saber quantos livros leu na vida, quantas vezes entrou no Teatro D. Maria e no Teatro S. Carlos e quantos museus já visitou. De Cultura sabe tanto como nós de gambozinos… Costa fez a melhor escolha para o novo Governo quando convidou António Costa e Silva para a tutela da Economia e do Mar. Este ministro é um génio em Economia e tem recebido os maiores encómios das mais diversas instituições ligadas ao desenvolvimento e progresso económico. De lamentar, e muito, que Costa não lhe tivesse entregado a responsabilidade dos milhões que aí vêm da União Europeia e fosse entregar essa missão à “menina” Mariana Vieira da Silva. Incompreensível. Incompreensível foi também a decisão de Costa em colocar como ministra da Defesa Nacional uma mulher. Podiam todas as pastas serem entregues a mulheres que não vinha mal ao mundo, mas numa área onde apenas pululam homens em armas e onde existe um relacionamento difícil com chefes das Forças Armadas, nunca uma mulher devia ter sido nomeada para este cargo e o futuro nos dirá. A este propósito, um general no activo disse-nos na passada sexta-feira, simplesmente: “O Costa está maluco”. O mesmo Costa que tomou boas e más decisões, como por exemplo, fez muito bem em premiar os competentes Duarte Cordeiro e João Costa para o Ambiente e Acção Climática e Educação, respectivamente. Como dissabor maior a nomeação de quem nunca fez nada no PS, nem como líder da bancada parlamentar, e vemos Ana Catarina Mendes subir a ministra sem a mínima competência para tal. Sobre José Luís Carneiro para ministro da Administração Interna não nos pronunciamos porque apenas sabemos que é um bom militante socialista. Na área da Justiça a maioria dos intervenientes ficou descontente com a nomeação de Catarina Sarmento e Castro. Sobre a pasta da Coesão Territorial também não nos pronunciamos porque não fazemos a mínima ideia do que seja essa missão. Naturalmente, que faltava a polémica, a grande polémica que foi a nomeação de Fernando Medina para as Finanças. Por um lado, as críticas chovem a cântaros pelo tal facto de Medina ter enviado à embaixada da Rússia nomes de alguns russos que participaram em manifestações contra o regime de Putin. Mas, a maioria não sabe que Medina recebeu indicações do Ministério dos Negócios Estrangeiros, porque era a Câmara Municipal de Lisboa que tinha filmado os eventos. Fernando Medina é um economista de grande sapiência, como secretário de Estado realizou uma das melhores reformas que jamais algum governante levou a efeito e como presidente da edilidade lisboeta gastou mais de 40 milhões de euros a ajudar quantos ficaram sem emprego durante o confinamento e a pandemia da covid-19, proporcionando a cada cidadã e cidadão da sua jurisdição que se encontravam em dificuldades severas a quantia de 1500 euros a cada um, no âmbito da plataforma Protege que ele próprio criou. Um homem simples, de grande solidariedade, merece um cargo ministerial e na nossa óptica, no futuro, o lugar de António Costa. Aqui deixámos a nossa visão sobre o acontecimento da semana, sem poder esquecer que tudo começou mal. O Presidente da República tomou conhecimento da lista dos novos governantes pela Comunicação Social. António Costa não pode imaginar que uma maioria absoluta seja uma ditadura de pensamento.
André Namora Ai Portugal VozesA guerra é nos supermercados Guerra, guerra, guerra é a palavra constante nos noticiários radiofónicos e televisivos. O cenário na Ucrânia é cada vez mais chocante e os bombardeamentos russos não têm cessado. As negociações entre as partes continuam e ainda há uma leve esperança que o cessar fogo se torne uma realidade. A guerra na Ucrânia pode ter muito que se lhe diga e as opiniões dos comentadores divergem. Contudo, a guerra em Portugal é bem diferente e os mesmos noticiários não lhe têm dado a importância devida. Essa guerra situa-se nos supermercados das mais diversas formas. A invasão da Ucrânia agravou o custo dos produtos que consumimos e que diariamente sobem em flecha. Na batalha para ver quem paga, muitos produtores já preparam uma guerra com os supermercados. As famílias fazem contas à vida e mais de metade dos gastos são nos bens necessários. Todos os produtos estão a ficar mais caros e em muitos locais já se raciona o óleo de girassol. Não vendem mais do que três unidades por cliente. Os frescos aumentam porque os agricultores dizem que estão pela hora da morte e precisam urgentemente de apoio governamental. A carne e o peixe nem pensar em comprar diariamente. O preço subiu assustadoramente. Os pescadores dizem que têm de parar a faina devido ao insuportável preço do gasóleo. Esta, é outra história lamentável existente em Portugal. O exagerado preço dos combustíveis não tem compreensão. O preço está cheio de impostos para isto e aquilo. O governo anunciou que o IVA iria baixar, mas nada acontece. O preço do crude há mais de uma semana que tem baixado e o preço do barril já está abaixo dos 100 dólares, mas as gasolineiras portuguesas nem um cêntimo baixaram no preço de venda ao público. Assim é roubar os portugueses e muitos utentes já tiveram de deixar o carro estacionado, com o litro de gasolina a mais de dois euros por litro. Até o grande número de pessoas que têm animais domésticos têm tido os maiores problemas para fazer frente ao aumento dos preços. Um saco de 20 kg de comida para cão aumentou de um dia para o outro de 27 para 30 euros e o preço por quilo da ração para pintos, um dos produtos mais vendidos, subiu 40 por cento. Uma guerra deste tipo entre o consumidor e o vendedor é grave e não está a merecer a atenção que lhe é devida. Não se pode entrar num supermercado, é o leite, o pão, os iogurtes, a fruta, os vegetais, tudo está mais caro e anunciam que os aumentos não vão parar. Dizem que é por causa da guerra da Ucrânia, mas o que é que os agricultores que deviam plantar girassol, trigo e milho como antigamente tínhamos o Alentejo cheio, têm a ver com a guerra da Ucrânia. Há quem pense que está a haver muito aproveitamento explorador, mesmo sabendo-se que a Ucrânia e a Rússia produzem 50 por cento do óleo de girassol do mundo. O que podemos dizer-vos é que o preço dos alimentos bateu o recorde de sempre. Os reflexos das dificuldades que se sentem na vida dos portugueses acontecem um pouco pela Europa fora. Os transportes marítimos encareceram, o mesmo acontece com o preço das viagens aéreas. Um exemplo: trazer um contentor da China para o Norte da Europa custava 2 mil dólares há pouco mais de um ano e hoje custa 14 mil euros. Os especialistas não nos fornecem explicações plausíveis e muito menos, o que poderá acontecer no futuro. O que sabemos é que o arrastamento da guerra na Ucrânia só pode piorar a situação, mas ninguém admite que a pressão sobre os preços desapareça este ano. Antes pelo contrário: os próximos meses serão de agravamento, de racionamentos e, em alguns casos, de risco de escassez. E não nos podemos esquecer que a maior fatia dos orçamentos familiares é destinada à alimentação e bebidas, que em média representa, segundo o Instituto Nacional de Estatística, 20 por cento dos gastos. Há muitas famílias assustadas, algumas já pediram apoio às Juntas de Freguesias e às Santas Casas de Misericórdia, à Cáritas e são frequentadoras assíduas do Banco Alimentar. Como referimos, não se compreende como é que o Alentejo abandonou o trigo, milho, girassol e outros produtos que em tempos passados dava e sobrava para alimentar Portugal. No Alentejo já assistimos a padarias a aumentar três vezes o preço do pão em poucos meses, porque a farinha de há um ano a esta parte aumentou para o dobro no preço. No meio desta lacuna alentejana, o povo português já dependia da Rússia e da Ucrânia que são os maiores produtores mundiais de trigo. Obviamente que no epicentro da alta dos preços estão as matérias-primas mais omnipresentes na economia: o petróleo e o gás natural. Daí o aumento do preço da energia e seus derivados. Até o papel higiénico está a subir de preço incrivelmente porque o gás natural serve para produzir ar quente e é preciso secar o papel. Há produtores de papel higiénico que já estão a gastar 10 vezes mais que anteriormente na produção. Vivem-se momentos de algum desespero e como vimos não é só na Ucrânia. Naturalmente que se trata de um sofrimento diferente, mas a fome também mata.