Joana Freitas Manchete SociedadeJogo | Sindicato dos EUA denuncia empresas de junkets na China Facilitam transferência de capitais e investimentos e parcerias, mas no continente e em Hong Kong e isso poderá interessar a Pequim e à luta anti-corrupção que o Governo leva a cabo. É o que diz a IUOE, que escreve nova carta à Comissão de Disciplina do continente, onde denuncia ligações entre promotores de jogo e outras empresas [dropcap style=’circle’]A[/dropcap] União Internacional dos Engenheiros Operacionais do Nevada (IUOE, na sigla inglesa) enviou uma carta a Pequim, onde denuncia alegadas ligações de junkets de Macau à China continental e a transferências transfronteiriças de capital ligado ao jogo. Numa carta disponibilizada no site do sindicato – com sede nos EUA e accionista da Wynn -, Joseph Fiedler fala da existência de mais de meia centena de empresas controladas por “influentes” promotores de jogo do território. “Muitas destas 58 empresas, de acordo com o que vem descrito em documentos entregues à Bolsa, estão envolvidas em empréstimos financeiros e consultaria para investimentos”, começa por apontar o presidente da IUOE, na carta dirigida à Comissão Central para a Inspecção da Disciplina do Partido Comunista Chinês. A lista de empresas que estão a funcionar na China em conjunto com junkets de Macau inclui nomes de promotores de jogo de referência no território, como é caso do David Group, Suncity e Tak Chun, mas não só. “Já tínhamos dado a conhecer um caso, o do grupo Neptuno, em que a família de Cheung Chi Tai estabeleceu empresas tanto em Hong Kong, como na China continental. As empresas fornecem serviços de ‘parcerias estratégicas’ com um dos maiores grupos de junket, o Neptuno.” Cheung Chi Tai, recorde-se, foi um promotor de jogo recentemente acusado de três crimes de lavagem de dinheiro, em bancos da RAEHK, em cerca de 1,8 mil milhões de patacas. Juntos na luta Hong Kong, Pequim, Shenzhen e Zhuhai são as cidades listadas, com 29 das empresas a funcionarem na região vizinha. Nestes locais, recorde-se, o jogo é ilegal, bem como o movimento de mais de 20 mil yuan por pessoa entre China e Macau. O objectivo da carta é, como diz a IUOE, ajudar a Comissão de Disciplina na luta anti-corrupção na China continental. “Estamos conscientes que não existem esforços de pesquisa para identificar sistematicamente os investimentos dos junkets na China continental e em outros locais fora de Macau”, atira Fiedler. “Esta lista representa, acreditamos, uma primeira olhada nos interesses em escala dos junkets [de Macau] na China. Se a Comissão de Disciplina estiver interessada em escrutinar as ligações dos promotores de jogos, as suas empresas e como é que eles facilitam a transferência de capital, acreditamos que esta lista poderá ser um bom primeiro passo.” A lista foi incluída na carta enviada ao Secretário da Comissão de Disciplina, Wang Qishan, a quem já foi enviada uma outra carta anteriormente pela IUOE, onde era pedida mais fiscalização a quem empresta dinheiro aos grandes apostadores através dos promotores de jogo. O sindicato representa mais de dois mil trabalhadores de casinos em Las Vegas e tem vindo a dedicar-se à investigação de assuntos relacionados com o Jogo em Macau.
Filipa Araújo Manchete SociedadeHotel Estoril | Prédio “muito perto da ruína”. Encomendado estudo ao LECM Salas que contam histórias, umas sobre saunas, outras de salões de eventos sociais e de casinos de outros tempos. O fumo dos charutos, as luzes, a sedução e a música da Diana escorrem pelas paredes que agora não contam história alguma. Velho e cansado, o Hotel Estoril está “muito perto da ruína” [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]quilo que resta do antigo luxuoso Hotel Estoril está “muito perto da ruína”. A afirmação é do engenheiro de estruturas João Manuel Costa Antunes, especialista convidado pelo Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, para guiar uma visita às abandonadas instalações do hotel. São salas que transpiram vidas de outros tempos. Decorria a década de 50 quando Macau recebeu um dos primeiros hotéis de luxo. Um primeiro andar com um grande salão nobre para os encontros sociais que as regras da sociedade assim obrigavam. Vestir bem, conversas e sorrisos são fáceis de imaginar estando dentro daquele espaço. Anos depois, aquele primeiro andar recebeu dois casinos – “o casino ocidental e o casino chinês ou oriental” – conforme indica o engenheiro ao grupo de jornalistas convidado a visitar ontem as instalações. Visita cujo objectivo era claro: verificar e compreender o estado de degradação, ou não, do edifício. Sensualidade em pedaços O relato continuou com o engenheiro, acompanhado por José Tavares, presidente do Instituto do Desporto (ID), a explicar que o salão foi substituído por uma das mais famosas saunas de Macau. Os corredores acolhem pequenas salas que agora acumulam cacos de banheiras. Os focos tentam iluminar o que já perdeu a luz e a visita continua até ao segundo andar. “Isto fechou já no fim da década de 90, era um local muito conhecido”, indica José Tavares. “Aqui eram os quartos”, disse Costa Antunes depois de subir ao primeiro andar, reforçando ainda que aquele era, em outros tempos, um “hotel de luxo”. “Sim, um hotel de cinco estrelas para a altura”, acrescenta o presidente do ID. As actuais paredes descascadas acolhem raízes de árvores que aproveitaram o silêncio e cresceram como se quisessem abraçar o hotel. As janelas de vidros partidos mostram uma luz que não mora mais ali e ouvem-se risos e mergulhos, não de antigamente, mas de agora. Vêm da piscina de fora, que vai também ser reconstruída. Na outra ala mora o que resta dos quartos virados para a praça Tap Seac. Com as janelas tapadas pela fachada, os quartos, de diferentes tamanhos, acumulam entulho. A princesa morava aqui Já a funcionar em pleno, o hotel recebeu um acréscimo: uma torre para o elevador, que levava os visitantes até ao último andar, piso que acolhia a famosa discoteca “Diana”. Um espelho, um palco central e papéis no chão contam que por ali muito se dançou. A princesa Diana dá-nos as boas-vindas num grande painel com uma fotografia sua. O azulejo de letras douradas também nos indica o nome da discoteca que agora o único barulho que imana é o dos nossos passos na madeira antiga. “Olhem bem para aqui, isto são formigas brancas”, aponta o engenheiro. Com o foco traça um caminho que as devoradoras de madeira percorreram durante os últimos anos. É inegável a destruição causada pelas formigas, mas esta foi causada principalmente pelo tempo. Enterrar o passado A visita termina no único sítio em que agora corre ar, o terraço. Acolhido pelo Pavilhão de Experimentação para Jovens, a piscina do próprio hotel e a praça do Tap Seac, o terraço traz-nos de volta à actualidade. Questionado pela comunicação social, o engenheiro assume que o hotel não está em risco de ruir, “porque não está a suportar nenhum peso”, mas ainda assim, não tem dúvidas, uma vez mais, que “está muito perto da ruína”. “A olho nu, relativamente ao edifício mais antigo e se tomarem atenção à estrutura principal, diria que está muito perto da ruína. Mas é necessário ter dados científicos, que sejam apresentados para as pessoas avaliar. Não posso dar mais do que esta opinião”, disse. Por serem necessários estudo, o engenheiro avançou que foi pedido um estudo ao Laboratório de Engenharia Civil de Macau para avaliar o estado do edifício, que já está a fazê-lo. Remodelar versus reconstruir Questionado pelos jornalistas, o engenheiro Costa Antunes não tem dúvidas que remodelar os mais de 6500 metros quadrados que constituem o Hotel Estoril é mais demorado e caro do que construir um edifício novo. “Não tenho dúvidas de que será muito mais caro remodelar”, frisou, explicando que existem várias razões, não estando só o aspecto estrutural em causa. “Diria que para reforçar [o edifício] teríamos de substituir as estruturas. Seria uma construção muito mais lenta”, argumentou. Para o especialista em estruturas, o investimento nunca seria aproveitado. “Não sei se vale a pena o investimento”, disse. Como segundo argumento, Costa Antunes explicou que há um condicionamento claro com o “pé direito do edifício”. “Se quisermos construir espaços com padrões musicais, estamos muito condicionados”, rematou. Piscina cinco pisos acima é a ideia do Governo [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]ideia está construída: a piscina municipal que pertencia ao Hotel Estoril é destruída e construída seis pisos acima, acompanhando o terraço – e a esplanada – do futuro Centro de Actividades Recreativas e Culturais para os Jovens, projecto proposto pelo Governo em substituição do que resta do hotel e para o qual foi convidado o arquitecto português Siza Vieira. “O espaço que vamos conquistar aqui – diz José Tavares, presidente do Instituto de Desporto, apontado para a piscina – é um espaço com um pé de altura de pelo menos seis a oito metros e poderão ser pensadas muitas coisas. Penso que poderá ser um espaço multiusos, não digo se será para desporto ou cultura, poderá servir para os dois”, argumentou, admitindo ainda que o projectista “melhor poderá desenhar as possibilidades e tomar outras decisões ou escolhas”. Nesta primeira fase, continua, é preciso ter uma ideia geral. Ideia essa que quer fazer nascer uma piscina de água aquecida, com cobertura para o Inverno, abandonado a tipologia de piscina olímpica. “A nossa intenção é ter uma piscina coberta para funcionar 365 dias por ano, ter a maior utilização possível, uma piscina de grande qualidade, água aquecida, sem barreiras arquitectónicas para os deficientes e que também possa ter maior rentabilidade”, defende. Para o presidente, são poucos os espaços que permitam a conquista de mais um espaço desportivo ou cultural. “Para nós é muito importante avançar com esta remodelação. Para mim, a piscina já atingiu a sua idade, já cumpriu a sua missão histórica, temos uma piscina olímpica na Taipa, portanto esta não é necessária. Temos outras que são melhores, com outras condições para as competições. Julgo ser a altura de pensar numa outra nova fase (…), numa outra melhor piscina para a população”, termina. Conselho de Juventude a favor de novo edifício Alguns membros do Conselho de Juventude, que reuniu ontem, confirmaram aos jornalistas estar a favor da construção do novo edifício, proposto pelo Governo, para dar lugar ao antigo Hotel Estoril. “A maioria dos conselheiros entende que deve ser construído o edifício”, indicou Loi Man Keong, representante do Centro da Política da Sabedoria Colectiva, frisando que o objectivo é que o espaço seja em prol da sociedade. Nas declarações aos jornalistas, os membros do Conselho indicaram que foi realizado, em Agosto passado, um inquérito, que reuniu 2500 opiniões. Wong Kuok Wai, chefe da Comissão dos Assuntos para o Jovens, da União Geral das Associações dos Moradores de Macau, indicou que 40% dos inquiridos “concordaram com a demolição do actual prédio, e 16% defendem a manutenção”. Relativamente à piscina, o chefe indica que 21% dos inquiridos defende a continuidade da piscina. Para já não poderão ser desvendadas mais informações, indicou ainda, mas o união irá elaborar um relatório para apresentar à população.
Flora Fong Manchete SociedadeS. Januário | Cerca de sete mil doentes mentais analisados em 2014 Mais de sete mil pessoas foram diagnosticadas, em 2014, com doenças mentais. Desde casos ligeiros a graves, o chefe do Departamento Psiquiátrico do Hospital Conde de S. Januário diz que é preciso ter atenção [dropcap style=’circle’]M[/dropcap]ais de sete mil pessoas – 1,1% da população de Macau – foram diagnosticadas com doenças mentais no ano passado. Os números, avançados pelo chefe do Departamento Psiquiátrico do Hospital Conde de S. Januário, Ho Chi Weng, evidenciam que tem de se dar mais atenção à sociedade, uma vez que muitos dos casos se mantêm escondidos, como frisa o responsável. Ho Chi Weng foi convidado do programa “Call In Macau” do canal de televisão Lotus, na segunda-feira, onde foi tema de discussão o caso da idosa que foi estrangulada com a alça de uma mala pelo marido, portador de uma doença mental grave. Segundo o Jornal Exmoo, o responsável da Psiquiatria revelou que o hospital público diagnosticou mais de 7400 pacientes com doenças mentais em 2014, sendo que grande parte destes considerado de nível ligeiro ou médio deixou o tratamento por “não achar a situação grave”. “Se uma pessoa se sentir em baixo durante duas semanas, perder interesse sobre tudo e começar com distúrbios do sono, falta de apetite ou uma cognição distorcida sobre os factos objectivos, pode ser diagnosticada com depressão grave”, explicou, dizendo que a questão necessita de tratamento urgente. Acção imediata O especialista acrescentou ainda que entre 50 a 60% dos pacientes com depressão grave podem ser curados caso recebam tratamento o mais rápido possível. Ho relembra ainda que, em casos de doenças mentais graves, caso os pacientes rejeitem o tratamento, o hospital pode apresentar ao tribunal a ordem de internamento compulsivo ou resolver o problema através da equipa de assistentes sociais do mesmo hospital. Mas alerta que é também preciso manter um contacto próximo com associações comunitárias para acompanhar os casos destes pacientes, a fim de aumentar a “rede de segurança” e evitar que aconteçam tragédias como as da semana passada, em que um homem diagnosticado mas sem receber tratamento matou a mulher. Ho Chi Weng diz que é necessário dar mais atenção à sociedade e às pessoas em volta, uma vez que, diz, há mais probabilidades de que estes pacientes se magoem a eles próprios do que a outros.
Joana Freitas Manchete SociedadeGalgos | ANIMA e organizações internacionais em vigília [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]rganizações internacionais juntaram-se à ANIMA – Sociedade Protectora de Animais para uma vigília a favor do encerramento do Canídromo de Macau. “Close The Canidrome” é o mote que levará pessoas à rua, no dia 30 de Setembro, não só na RAEM, mas também em 26 cidades de todo o mundo, como avança a ANIMA. A vigília segue-se a uma série de petições – uma delas com cerca de 340 mil assinaturas – e debates públicos sobre o encerramento da Companhia de Galgos Yat Yuen, onde todos os meses morrem cerca de 30 cães. A campanha não diz só respeito a Macau, sendo que também correm petições pelo encerramento do Canídromo na Austrália – de onde vem a maioria dos cães – e no Reino Unido, como apurou o HM. No site da Grey2K, por exemplo, pode encontrar-se na página principal um pedido de ajuda para fechar o espaço, caracterizado como “a pista mais mortal do mundo”. Na página da RSPCA, uma sociedade de protecção animal, pode ver-se uma carta que pede ao Chefe do Executivo que encerre o Canídromo e que proíba “qualquer corrida de animais”. “A retenção e as corridas de galgos no Canídromo continuam a originar sofrimento animal, um facto reconhecido internacionalmente”, pode ler-se na carta que a organização incita os visitantes a enviar ao Governo. Direito animal Ontem, a ANIMA explicou que a vigília não tem fins políticos e que pretende dar apenas a perceber que os animais têm também direitos. “Trata-se de uma concentração pacífica, silenciosa e sem qualquer conotação ou fins políticos, apenas para mostrar o nosso pesar pela morte de tantos animais jovens e saudáveis que são abatidos numa média de um por dia. Sabia que qualquer galgo que é trazido para Macau para correr está condenado a morrer? Sim, é exactamente assim. Centenas de galgos são importados da Austrália todos os anos para serem usados e abusados pelo Canídromo e nenhum sai de lá vivo”, escreve a organização. “Felizmente temos agora uma extraordinária oportunidade de fechar a pior pista de galgos do mundo. Mas precisamos de ajuda.” A vigília à luz das velas acontece no dia 30 de Setembro, das 20h00 às 22h00, no passeio junto aos lagos Nam Van, frente ao Palácio do Governo. “Close The Canidrome” é também o hashtag usado nas redes sociais para apoiar a causa.
Flora Fong SociedadeSin Fong | Réus negam desobediência. Polícias falam em resistência [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s sete moradores do edifício Sin Fong Garden que foram acusados pelo Ministério Público (MP) de desobediência qualificada devido ao protesto na rua em frente ao prédio negaram cometer o crime de que vão acusados. Ontem, na primeira audiência do caso no Tribunal Judicial de Base (TJB), os agentes da polícia que testemunharam falaram em resistência. O caso remonta ao ano passado, quando os moradores ocuparam a via pública em frente do Sin Fong Garden, em jeito de manifestação por terem sido retirados das suas casas em 2012. O prédio, em risco de ruína, foi evacuado desde aí, mas ainda não se apuraram responsabilidades, não havendo, por isso, uma solução. Ontem, agentes da polícia que serviram de testemunha disseram que prenderem os réus porque já os tinham advertido antes de que não podiam estar no local e estes além de “não ouvirem, ainda resistiram”. Todos os sete réus negaram o crime de desobediência qualificada. O juiz do tribunal, Chan Io Chão, mostrou fotografias tiradas pelas autoridades policiais onde muitos moradores estavam sentados com os braços entrelaçados, incluindo os réus, o que leva à suspeita de que os moradores tentaram resistir à polícia usando a força da multidão. O juiz questionou se ouviram alguém dar ordem para tal, mas os acusados disseram apenas que estavam no local sentados porque o passeio estava “cheio” e “estavam a descansar no chão da estrada”. Alegaram ainda que os braços dados eram “para evitar ferimentos entre a confusão”. Agitação popular O Ministério Público (MP) chamou quatro testemunhas, pessoal da Polícia da Segurança Pública (PSP), que estavam a manter a ordem no local do protesto. Estes declararam que os moradores estavam agitados quando foram impedidos pelas autoridades de abrir a porta do parque de estacionamento. Os agentes relembraram ainda as tendas que ocuparam a estrada, desde as nove horas da noite até à uma hora de manhã do dia seguinte, algo que impediu a passagem do trânsito. Os agentes disseram ainda que usaram altifalantes para advertirem os moradores de que iriam “limpar o local”, mas que estes não obedeceram. Respondendo a perguntas do juiz, todas as testemunhas defenderam que havia espaço suficiente para os moradores voltarem para o passeio. Um dos advogados dos réus, Mário Paz, perguntou aos polícias porque é que só prenderam sete moradores quando estavam mais pessoas no local e as testemunhas responderam que os outros moradores saíram antes da PSP tomar medidas. Uma das mulheres acusadas declarou que esteve sempre no passeio e nem estava sentada a ocupar a estrada, só tendo sido presa porque foi procurar o marido na altura que a PSP apareceu. Sem intenção Um das testemunhas é Chao Ka Cheong, representante dos moradores, que disse que uma parte dos moradores estava em frente do prédio à espera de um relatório de análise da DSSOPT, não tendo ocupado a estrada com intenção de se manifestarem. Outras três testemunhas assinaram por baixo e assumiram que ouviram dizer que representantes do Governo iam ao local negociar com os moradores e que podiam voltar a casa para reaver bens, pelo que “esperavam no local” que isso acontecesse. Ontem, nas alegações finais, a acusação considerou que os manifestantes mostraram cartazes com slogans e montaram tendas, pelo que isso mostra que ocuparam a estrada com intenção. A acusação disse entender o sofrimento dos réus mas acha que lutar pelos direitos deve ser feito cumprindo as leis. A defesa discorda e diz que não se consegue provar que os réus prepararam com antecedência as tendas ou a manifestação e pede ao tribunal que tenha em atenção que estes lutavam pelos seus direitos. A decisão acontece a 29 de Setembro.
Joana Freitas SociedadeETAR | Documentos para concurso público quase prontos [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Governo assegura estar a preparar-se para abrir um concurso público para a operação da Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) do Parque Industrial Transfronteiriço de Macau. Numa resposta ao HM, a Direcção dos Serviços para a Protecção Ambiental (DSPA), responsável pelas estações, diz querer abrir o concurso o mais rápido possível. “O Governo da RAEM está a efectuar o trabalho preparatório sobre o concurso público do novo contrato para a prestação de serviços de operação e manutenção da ETAR do Parque Transfronteiriço, estando na fase de conclusão da elaboração de documentos sobre o concurso”, começa por dizer o organismo. “Esperamos que a realização do respectivo concurso público se processe o mais breve possível, de modo a seleccionar uma empresa operadora qualificada para prestar os serviços.” Contudo, o brevemente será apenas para o ano, já que – como foi anunciado esta semana – o consórcio Waterleau/ATAL viu ser-lhe prorrogado o contrato de concessão até ao próximo ano. Mesmas cláusulas A ideia do Governo em fazer um concurso público para adjudicar esta concessão já vem de 2013, quando foi feita a última extensão do contrato com a empresa. A DSPA revelou que tinha outras ideias para a ETAR e disse que a abertura de concurso público iria ser feita “o mais breve possível”. Supostamente, o contrato de extensão até este ano foi feito para que não se interrompesse os serviços da ETAR, sendo esta uma solução temporária até que o Governo concluísse os trabalhos preparativos para a abertura de concurso a outras empresas. Segundo a resposta da DSPA ao HM, a razão para a renovação do contrato é a mesma que tem sido apresentada constantemente: “assegurar o interesse público e garantir a ininterrupção da prestação dos serviços de operação e manutenção das instalações de tratamento de águas residuais”. O contrato foi então renovado “com as mesmas cláusulas até ao primeiro trimestre de 2016”. A adjudicação da operação e manutenção da ETAR do Parque Transfronteiriço à Waterleau foi conseguida, como deu provado o Tribunal de Última Instância, em troca de subornos, tendo havido corrupção que envolvia Ao Man Long, ex-Secretário para os Transportes e Obras Públicas, condenado a 29 anos e meio de prisão, e os responsáveis das empresas. O consórcio vai continuar aprestar os serviços por mais dois anos e a autorização para assinatura do contrato foi dada por Chui Sai On, Chefe do Executivo, e vai valer à empresa 3,28 milhões de patacas.
Hoje Macau SociedadeAdministração | Receitas caem 32,3% até fim de Agosto [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]s receitas das Administração caíram até ao final de Agosto 32,3%, para 72.704,9 milhões de patacas, mas a execução orçamental continua positiva. Dados provisórios da execução orçamental entre Janeiro e Agosto indicam que as receitas totais do Governo foram de 72.704,9 milhões de patacas, o que reflecte uma queda de 32,3% face aos primeiros oito meses de 2014 e traduzem 68,1% do total previsto para os 12 meses do ano. As receitas correntes valeram aos cofres 71.815,9 milhões de patacas, menos 32,8% do que nos primeiros oito meses de 2014, e representavam 67,7% do que estava previsto para 2015. Entre as receitas correntes, os impostos directos arrecadados valeram 61.507,5 milhões de patacas, menos 34%, e estavam executados em 66,3%. Nesta rubrica, o imposto especial sobre o Jogo, no valor de 35% das receitas brutas apuradas pelos operadores, permitiu o encaixe de 58.588,6 milhões de patacas, menos 35,5% do que nos primeiros oito meses do ano passado, mas a traduzir 68,2% do que está previsto para 2015. A quebra de receitas da Administração fica a dever-se à queda das receitas mensais do sector do Jogo em casino e a importância destas verbas está reflectida no peso do imposto especial no orçamento: 80,6% das receitas totais, 81,6% das receitas correntes e 95,3% dos impostos directos. Já no campo da despesa, o Executivo gastou 43.852 milhões de patacas, mais 25,5% do que entre Janeiro e Agosto de 2014 e a representar 49,9% do que estava previsto. Apesar de apresentarem um aumento de 67,8% face aos primeiros oito meses de 2014 e de terem uma despesa realizada de 2.017,3 milhões de patacas, os Investimentos do Plano (PIDDA) contabilizam no final de Agosto 13,7%. Entre receitas e despesas, a Administração realizou um saldo de 28.863 milhões de patacas no período compreendido, menos 60,2% do que entre Janeiro e Agosto de 2014, mas a representar 153,5% do que foi inscrito como previsão de saldo positivo para 2015.
Filipa Araújo Manchete SociedadeMetro | Problemas no solo param obra. Construtora sabia da questão. Governo lança novo concurso público O Governo sempre soube. O solo que recebe o parque e oficina do metro ligeiro da Taipa não aguenta a construção e a razão é simples: lodo e entulho fazem com que o mesmo se movimente. A construtora foi avisada, mas optou por nada fazer. Agora, resta esperar e ver milhões de patacas a sair dos cofres constantemente [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]história é novidade para alguns e uma certeza para muitos. O terreno apontado para a construção do parque de materiais e oficina do metro ligeiro da Taipa não reúne as condições para receber a construção. A razão é simples: uma grande percentagem do solo é lodo e há muito entulho. Componentes estas que proporcionam o movimento do próprio solo, não permitindo a fixação das estacas que servem como base a qualquer construção. “A obra está parada por esta razão”, assim começa por contar ao HM fonte ligada ao projecto. São cerca de 300 estacas que estão em causa e todas elas, diz, estão neste momento a apresentar um movimento de quase dois metros para cada lado. “Isto não pode acontecer, não se pode construir nada sem que as estacas estejam fixas”, continua. Um exemplo simples para se perceber o que acontece às estacas é pensar num lápis dentro de um copo de água: a qualquer movimento a água mexe, movendo consigo o lápis. Um problema desde sempre A fragilidade do solo foi, desde o início do projecto, um dado adquirido. “O projecto contemplava esta questão, a construtora sabia que existia este problema”, adianta a fonte, mas, ainda assim, a obra continuou sem que nada se resolvesse. De forma simplificada, como explica o arquitecto Francisco Vizeu Pinheiro – apesar de não estar envolvido no projecto – o edifício, neste caso a oficina do metro ligeiro, apoia-se numa base e “essa base apoia-se em estacas”. O número de estacas e a necessidade das mesmas depende do tipo de solo. “No caso de Macau, depende das zonas, mas por exemplo na zona do Cotai, que antigamente era água, o solo é formado por lodos, portanto é uma superfície muito instável”, explica. “A forma mais segura é levar as estacas até à chamada rocha mãe [Bed Rock]”, conta. Mas há ainda a hipótese da estaca se fixar por atrito, não tendo necessidade de chegar até à rocha mãe. Com a obra parada, neste momento, as estacas em causa estão a mais de 70 metros de profundidade, mas ainda assim continuam a mover-se. “É preciso clarificar que existe solução para este problema”, refere a fonte que fala com o HM. “É preciso fazer estudos geológicos porque se a [rocha mãe] estiver num nível extremamente profundo, os técnicos terão de ver caso a caso”, explica também Vizeu Pinheiro. “O metro tem de estar num suporte de rocha, porque é um peso que está em movimento, apoiado num solo que não é estável. Há sempre margens de segurança, mas têm de ser feitos estudos com amostra do terreno da zona da construção para elaborar um modelo do terreno e ver como o edifício se comporta nesse mesmo terreno. Isto permite ter uma referência”, indica. Segurança é precisa Vizeu Pinheiro explica ainda que, se as estacas que não estão fixas, podem “afectar o edifício em diferentes maneiras”. “Uma das mais conhecida é a Torre de Pisa, em que há um desequilíbrio na sua verticalidade, outra maneira é existirem rachas na estrutura. Isto não é novo em Macau. Aconteceu em outros casos. Tudo depende da qualidade da construção, da qualidade do projecto”, esclarece. Para o engenheiro civil Manuel Catarino em Engenharia tudo é possível e tudo se faz. Mas para isso é preciso dinheiro, claro, e quanto mais, mais se faz. “Agora o que se faz é redimensionar, fazer o desenho todo outra vez e ver se dá para aproveitar o que já foi construído. Para ser viável tem de se aproveitar”, explicou. Importante será referir, diz fonte próxima à construção, que a maior preocupação são os movimentos dos lodos. É preciso, diz, nesta fase do projecto construir um “bloco que una as estacas, passando a funcionar como um conjunto, uma grelha, e não individualmente”. Este detalhe iria “assegurar a construção no seu todo”. Mas também, acrescenta, é preciso vontade do Governo e que uma nova construtora assuma um erro que foi cometido inicialmente. Situação “altamente delicada”. Tempo é dinheiro Durante a apresentação da Linhas de Acção Governativa (LAG), Raimundo do Rosário, o Secretário dos Transportes e Obras Públicas (DSSOPT), não conseguiu apresentar um calendário de trabalho da construção em causa, muito menos apresentar o montante orçamento, incluindo as constantes derrapagens orçamentais. “Apesar das pessoas acharem que não, a questão do solo e do seu movimento pode ser ultrapassada (…). O grande problema neste momento é a obra estar parada, isso implica gastos, perde-se muito dinheiro, todos os dias”, explicou a fonte ao HM. O problema que está a fazer o Governo perder milhões, poderia, diz, ter sido evitado, até porque o projecto inicial previa a necessidade de garantir o equilíbrio das estacas. “Os desentendimentos entre o Governo e a construtora, em que a própria não teve isto em atenção, levaram a que a obra parasse. Enquanto eles não se entenderem a obra não avança e o dinheiro está a ser gasto, a cada dia que passa”, remata. Questionada pelo HM, a empresa de construção Top Builders, processada pelo Governo, recusou-se a prestar declarações. Governo garante novo concurso público Em resposta ao HM, o Gabinete para as Infra-Estruturas (GIT) garantiu que depois de resolvida a negociação com a empreiteiro irá lançar novamente um concurso público. Para o efeito, o Governo explica que já deu “início aos respectivos trabalhos preparatórios administrativos para lançar novamente o concurso, com o objectivo de reduzir o tempo necessário para o lançamento de concurso, quando tiver o resultado da negociação e reiniciar rapidamente a obra”. O fim da negociação não parece estar próximo e, mais uma vez, tal como Raimundo do Rosário, Secretário para os Transportes e Obras Públicas afirmou anteriormente, o Governo não descarta a possibilidade de “resolver o problema por meio judicial”. Por isso, explica o GIT, o Administração não pode comentar, nesta fase, sobre o que “a sociedade falou da empreitada de construção da estrutura do parque de materiais e oficina, para não afectar a negociação”.
Flora Fong SociedadeToi San | Associação apela a reparação de prédio [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Aliança de Povo de Instituição de Macau pediu à Direcção dos Serviços para Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) que resolvesse o caso de ruína eminente do edifício Peng Meng, localizado na zona norte. Li Canfeng, director do organismo, respondeu que o caso vai ser novamente investigado para avaliar o risco de insegurança no local. Recorde-se que o HM noticiou, no dia 21 de Agosto, que as rachas do edifício estão cada vez maiores, tendo o presidente da Associação, Chan Tak Seng, pedido ao Executivo que haja uma comunicação mais alargada com a Sociedade de Turismo e Diversões de Macau (STDM), proprietária do prédio, de forma a solucionar este problema. Segundo o Jornal do Cidadão, Chan Tak Seng, a subdirectora da Aliança, Song Pek Kei e outros seis membros reuniram-se na semana passada com os director e subdirector da DSSOPT, Li Canfeng e Cheong Ion Man. Chan Tak Seng afirmou que o Edifício Peng Meng, localizado na Rua Central de Toi San, é um prédio muito antigo com vários incidentes de rachas e queda de cimento, colocando mesmo os peões em risco. A isto junta-se a deterioração do sistema de drenagem causado pela realização de uma obra numa habitação pública próxima. O presidente da Associação considera que a responsabilidade deve recair e ser assumida tanto pela entidade que detém o edifício, como pelo Governo, no sentido de melhorar as suas condições estruturais. Apurar riscos Li Canfeng respondeu, citando o resultado de um teste feito ao edifício em 2012, que não foi encontrado qualquer risco óbvio de ruína. Contudo, em nome da Associação, Chan Tak Seng considera que o sentimento de risco dos moradores também não pode ser ignorado. Também Song Pek Kei considera que o Governo deve tomar precauções para fazer com que ambas as partes paguem a sua parte para a resolução do problema das rachas. O director das Obras Públicas garantiu que vai enviar pessoal para inspeccionar o edifício mais uma vez, no sentido de confirmar o nível de segurança da estrutura. Os moradores também terão uma palavra a dizer sobre o assunto e Li Canfeng mostrou-se aberto a negociações para proceder à reparação.
Joana Freitas SociedadePearl Horizon | DSSOPT ajuda, mas não pode resolver problemas [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Direcção dos Serviços para as Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) não pode fazer mais do que ajudar a responder a questões dos proprietários de fracções do edifício Pearl Horizon. O prédio está atrasado e alguns cidadãos já compraram fracções que, até agora, não estão prontas. Depois de centenas terem ido fazer queixa à DSSOPT, em conjunto com a deputada Ella Lei, o HM questionou a DSSOPT sobre o assunto: sendo este um condomínio privado, poderá o Governo fazer alguma coisa como foi pedido em sede do Executivo? A DSSOPT garante que “teve ultimamente uma reunião com os representantes dos cidadãos que adquiriram o edifício ainda em construção localizado no estaleiro, no sentido de responder às suas questões, nomeadamente em termos de andamento da obra e ponto de situação da obra”. Ainda assim, a questão respeitante à relação de construtora e compradores, na compra e venda do aludido edifício em construção, “deve ser solicitada junto dos serviços competentes”. Estes são, ao que o HM apurou, o Conselho de Consumidores e os tribunais. O Grupo Polytec, concessionário do terreno, prometeu uma conclusão das obras para finais deste ano e a entrega das casas em 2018, mas os proprietários têm vindo a queixar-se de que a obra tem tido poucos trabalhadores e apontam que apenas as fundações estão prontas.
Leonor Sá Machado Manchete SociedadeUSJ | Criada licenciatura de Design de Moda em Inglês A USJ vai ter a primeira licenciatura do território em Design de Moda. Até já há uma lista das cadeiras: Teoria da Moda, novas tendências e desenho de clássicos masculinos e femininos são alguns dos enfoques [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Universidade de São José vai ter uma licenciatura em Design de Moda, o primeiro curso do género no território. Para a co-fundadora da LinesLab, Clara Brito, esta é uma iniciativa de louvar, já que vem abrir, na RAEM, mais uma porta ao nível do ensino superior. “Parece-me que é importante que haja um curso ligado à área da Moda, até pelo historial da cidade nas indústrias têxtil e fabril”, começou Clara Brito por dizer. “É preciso dar alguma continuidade a esse património, nomeadamente na área da formação.” A criativa considera que este curso vem acrescentar valor à indústria que o Governo diz querer desenvolver. Também Bárbara Dias vê com bons olhos a criação da licenciatura. “É positivo, até porque no meu tempo não havia nenhum instituto que tivesse este tipo de cursos e acho que quanto mais, melhor”, começa por dizer, em declarações ao HM. A designer de Moda detém a marca Bárbara Diaz, que funciona no território. Contas feitas ao currículo disponível em Boletim Oficial, a criativa argumenta que o curso deveria conter outras disciplinas que servissem como base relacionadas com tecidos. Embora o Instituto Politécnico de Macau tivesse já oferecido formação nesta área, nenhuma instituição de ensino superior local abriu um curso de Licenciatura. O anúncio, publicada em despacho de Boletim Oficial, determina que serão precisos quatro anos para a conclusão deste curso, leccionado em língua inglesa e que além de disciplinas práticas e direccionadas para o mundo da Moda, também inclui aulas de Mandarim, Português e Inglês. Entre as outras cadeiras estão Materiais Têxteis, Teoria da Moda e Análise de Tendências, História de Arte, Estética Cultural, Produção de Malhas, Design de jeans e casual wear, Modelagem e Confecção, entre outras. São precisos 148 créditos para concluir este curso, que deverá dar acesso às profissões de Estilista, Gestor de Marcas e de Moda ou Designer. Formação lá fora dá entrada cá dentro Questionada sobre a existência de pessoas que possam servir como professores ou instrutores neste novo curso, Clara Brito afirma que esta pode ser uma oportunidade para residentes permanentes de Macau a residir no estrangeiro voltarem e remarcarem a sua pisada na terra natal. “Pessoas que nasceram cá ou que tenham ligações [ao território] e que se formaram fora”, exemplifica. A criação desta licenciatura abre, na óptica da designer, fronteiras não só no próprio mundo da Moda, mas também do empreendedorismo e da gestão. Já Bárbara Dias mostra-se menos confiante na existência de profissionais disponíveis para leccionarem cadeiras neste novo curso. Principalmente em língua inglesa. “Penso que uma ou outra pessoa que conheço possam dar algumas disciplinas, mas não me parece que haja cá muita gente qualificada para o efeito”, lamentou.
Joana Freitas SociedadeETAR | Waterleau – ATAL fica com operação por mais dois anos [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]consórcio da Waterleau e da ATAL conseguiu ficar novamente com a operação e manutenção da Estação de Tratamento de Águas Residuais do Parque Industrial Transfronteiriço de Macau (ETAR), apesar do Governo ter dito que iria fazer um concurso público para adjudicar esta concessão. De acordo com um despacho ontem publicado em Boletim Oficial, o consórcio – envolvido no escândalo de corrupção Ao Man Long – vai continuar aprestar os serviços por mais dois anos, até 2016. A autorização para assinatura do contrato foi dada por Chui Sai On, Chefe do Executivo, e vai valer à empresa 3,28 milhões de patacas. Em 2013, quando foi feita a última extensão do contrato com a empresa, a Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental revelou que tinha outras ideias para a ETAR, sendo que uma delas era fazer um concurso público para a operação e manutenção do espaço. A abertura de concurso público iria ser feita “o mais breve possível”, como disse em 2014 a DSPA ao jornal Ponto Final. Supostamente, o contrato de extensão até este ano foi feito para que não se interrompesse os serviços da ETAR, sendo esta uma solução temporária até que o Governo concluísse os trabalhos preparativos para a abertura de concurso a outras empresas. Agora, há nova extensão até 2016. Ontem, o HM tentou obter esclarecimentos da DSPA sobre a decisão de manter o consórcio Waterleau – ATAL à frente da infra-estrutura, mas não conseguimos obter qualquer resposta até ao fecho desta edição. A adjudicação da operação e manutenção da ETAR do Parque Transfronteiriço à Waterleau foi conseguida, como deu provado o Tribunal de Última Instância, em troca de subornos, tendo havido corrupção que envolvia Ao Man Long, ex-Secretário para os Transportes e Obras Públicas, condenado a 29 anos e meio de prisão, e os responsáveis das empresas.
Leonor Sá Machado SociedadeTurismo | Directora da DST desvaloriza quebra do número de visitantes [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]subdirectora dos Serviços de Turismo (DST), Cecilia Tse, afirmou ontem que o sector do turismo não está a sofrer com a queda no número de visitantes. Cecilia Tse rejeita a possibilidade da indústria estar em crise, assegurando que não vai ser necessário rever o orçamento do organismo. “Os nossos projectos de divulgação e promoção nesta segunda metade do ano estão dentro do orçamento apresentado para este ano, não precisamos aumentá-lo. Apenas fazemos uma gestão flexível do dinheiro e até atrasámos ou cancelámos actividades promocionais e reduzimos despesas que consideramos não serem urgentes”, disse a subdirectora, em declarações à Rádio Macau. “Por isso, não precisamos aumentar qualquer orçamento para reforçar a realização das actividades de divulgação”, explicou. A responsável adiantou que a cidade continua a ser um ponto preferido de visita para os turistas e, argumentou, “vários hotéis e projectos de grande dimensão, que vão ser concluídos progressivamente entre a segunda metade deste ano e 2016” determinam isso mesmo. “O período médio de permanência dos hóspedes nos estabelecimentos hoteleiros indica que Macau continua a ser atractiva enquanto cidade de turismo”, acrescentou Cecilia Tse. A número dois da DST aproveitou para referir a presença de Macau no top 10 dos destinos recomendados de uma revista da área. As declarações da responsável surgem depois de Alexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura se ter mostrado igualmente confiante nos números, prevendo mesmo que a percentagem de turistas vão aumentar durante a segunda metade de 2015. Capacidade para mais de 500 mil turistas por dia O Gabinete do porta-voz do Executivo assegurou ontem que a cidade tem capacidade para receber o actual número de visitantes que chegam diariamente. De acordo com comunicado, o Gabinete garante a eficiência dos serviços de passagem nas fronteiros, da gestão do tráfego automóvel e de questões de segurança. O mesmo documento aponta para uma média diária de 430 mil entradas de turistas na RAEM, com os valores de Janeiro a Agosto a apontarem para 540 mil indivíduos num só dia. Em jeito de tranquilizar a população, o Gabinete informa que pode fazer uso de informações do departamento de tráfego para ajustar roteiros de viagem, de forma a evitar a sobrelotação de certas zonas, o que por sua vez garante um dia-a-dia normalizado para os cidadãos.
Joana Freitas Manchete SociedadeWynn | Desvio de dinheiro de sala VIP apresentado às autoridades Uma sala VIP da Wynn controlada pela Dore viu serem desviados cerca de dois mil milhões de dólares de Hong Kong por uma contabilista da empresa. Os lesados já se manifestaram em frente à operadora, Lionel Leong já pediu uma investigação à DICJ e a Dore apresentou queixa à polícia [dropcap style=’circle’]L[/dropcap]ionel Leong afirmou já ter pedido à Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos uma investigação sobre o caso do promotor de jogo que desviou milhões de dólares do casino da Wynn. Também a empresa promotora, a Dore Entertainment, já veio a público dizer que apresentou queixa à polícia sobre a funcionária que terá desviado o dinheiro. O caso veio à luz do dia na semana passada, quando mais de 30 pessoas se queixaram junta da Wynn por não conseguirem aceder ao seu dinheiro “depositado” numa sala VIP controlada pela Dore dentro do casino. Estas pessoas afirmaram haver pelo menos 60 vítimas com depósitos que ascendem pelo menos a 700 milhões de dólares de Hong Kong. Contudo, um relatório da Daiwa Capital Markets, que trabalha para a Dore, foi tornado público na semana passada, anunciando que a empresa promotora de jogo poderá ter perdido até dois mil milhões de dólares de Hong Kong. O montante certo, diz ainda a empresa, é difícil de contabilizar. Fraude severa Entretanto, numa declaração emitida pela Dore, a empresa – sociedade unipessoal – confirmou que a contabilista chefe da empresa, de nome Chao Ioc Mei, “terá utilizado a sua função e autoridade para prejudicar gravemente o interesse e dignidade da empresa”, tendo ainda “iniciado algumas actividades sem autorização e fora da suspeita da empresa”. Como se pode ler na declaração, a que o HM teve acesso – e datado de 11 de Setembro – o caso é tido pela empresa como “severo” e que envolve “fraude” pelo que foi feita queixa na polícia. Segundo o Jornal Ou Mun, uma vítima de apelido Tong que trabalha também como junket, afirmou que as vítimas têm prova dos depósitos e que tinha confiança na empresa. No entanto, depois de acontecer o incidente, as vítimas pediram explicação e o levantamento de dinheiro à sala VIP, que respondeu apenas “estar em reunião com a administração” e não poder resolver o problema. Outra vítima com apelido Chan afirmou que tem um depósito de 30 milhões de dólares de Hong Kong na mesma sala VIP e nunca se preocupou por a empresa “ser experiente em Macau”. A Dore Entertainment entrou no mercado de Macau em 2006 e, de acordo com o seu registo na Bolsa de Valores de Hong Kong, foi a primeira a ser escolhida como promotora das salas VIP pela Wynn Macau. O HM tentou entrar em contacto com a Wynn, mas não foi possível até ao fecho desta edição. Também não foi possível obter reacção da DICJ, por ser domingo. No sábado, os lesados apresentaram as suas queixas por carta à Wynn, numa espécie de manifestação em frente à operadora. Lionel Leong não afasta rever legislação Depois de questionado sobre o caso do junket do casino Wynn que desviou dinheiro do casino, o Secretário para a Economia e Finanças disse apenas não fechar a porta a possíveis revisões à legislação ligada ao Jogo. Sem dar garantias, Lionel Leong disse que esta é uma situação que pode vir a acontecer, se necessário, mas não teceu comentários específicos sobre o caso. “Temos uma lei para controlar os promotores de Jogo. Quanto à questão de saber como podem ser aperfeiçoadas as leis, especialmente para garantir o desenvolvimento saudável da indústria do Jogo, temos de acompanhar [a situação] e, caso necessário, introduzir alterações na legislação”, afirmou.
Leonor Sá Machado SociedadeHotel Estoril | Retirada do painel de azulejos satisfaz a população A maioria das pessoas que opinou acerca do destino do Hotel Estoril está a favor do reaproveitamento do local em prol dos jovens e da cultura, mas quis mesmo banir os azulejos da fachada, como anunciou Alexis Tam na semana passada. E tudo devido ao Feng Shui [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s resultados da consulta pública sobre o destino do edifício do antigo Hotel Estoril mostram que o Governo ouviu a maioria das pessoas quando decidiu, na semana passada, retirar o painel de azulejos do edifício. A maioria disse querer que o local seja reaproveitado enquanto centro recreativo para os jovens, mas representantes da área da Educação e vários jovens mostraram desagrado na manutenção do painel de azulejos da fachada. E tudo devido ao Feng Shui, filosofia de origem chinesa vastamente que determina sorte ou azar de acordo com o posicionamento de objectos, entre outras premissas. “Tanto o sector educativo como um número considerável de jovens manifestaram a sua discordância em relação à manutenção do painel após as obras de requalificação”, refere o Gabinete do Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, em comunicado. Parte das opiniões expressaram igualmente vontade de retirar o painel de azulejos, recolocando-o num museu para apreciação dos turistas, sem que perturbasse o novo design e propósito do Hotel Estoril, “algo que o Governo também considera viável” e que já disse que iria fazer. Em declarações à imprensa, o responsável mostrou-se agradado com as opiniões expressas durante a consulta pública, uma vez que são conducentes com as do Governo. O edifício está abandonado há vários anos e a intenção é ali construir um centro de actividades culturais, recreativas e desportivas para os mais novos, lá integrando o Conservatório de Macau, “a fim de proporcionar um espaço favorável à educação nas artes para os jovens locais, assim como para o seu desenvolvimento físico e mental”. Há espaço para todos O Conservatório não vai apenas servir para os alunos inscritos nas aulas desta escola, mas também para actividades musicais dos residentes ou associações. Serão ainda, “de acordo com as estimativas preliminares técnicas” do Secretário, criados mais mil lugares de estacionamento num auto-silo de três andares, de forma a facilitar o tráfego automóvel naquela zona. “É de acreditar que de entre outros planos de requalificação, este será o mais adequado e vantajoso em termos de benefícios sociais e maior bem-estar para a população”, destaca o Gabinete. A piscina, no entanto, será reconstruída, uma vez que a sua arquitectura está, na opinião do Governo, “ultrapassada”, e as suas instalações “muito envelhecidas e danificadas”, razão pela qual se vai optar pela transformação do local numa piscina que esteja aberta 365 dias por ano. A ideia não é nova, mas só agora o plano se torna mais concreto. “Nem a distribuição de espaços nem as suas instalações conseguem satisfazer as exigências modernas e assim, entende-se necessário a transformação do local numa piscina que esteja aberta durante todo o ano, permitindo aos cidadãos usufruir de uma instalação desportiva com condições de qualidade”, aponta o comunicado, notando que a piscina tem já 63 anos de existência. Nas mesmas declarações, o Secretário afastou a possibilidade de ali ser construído um museu de Jogo de fortuna ou azar, como algumas opiniões sugeriram. Isto porque, de acordo com Alexis Tam, o local foi abandonado enquanto albergava um casino, salas de sauna, dança, karaoke e hotel. O mesmo comunicado ressalta a opinião, que diz ser de “um reputado arquitecto local”, do edifício ter já perdido a “sua alma e carácter” por estar muito danificado. Alexis Tam confirmou que foram já realizadas 20 reuniões com vários sectores sociais, incluindo sessões de auscultação pública. As opiniões restantes serão analisadas depois do próximo dia 20. Pedida classificação como património Uma actividade de recolha de assinaturas a favor da classificação do antigo Hotel Estoril como património cultural foi convocada por uma associação local de planeamento urbanístico. O Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, defende que “respeita a ideia”. A associação chama-se Root Planning e lançou a actividade numa página do Facebook até ao dia 17 deste mês, sendo que a petição da classificação do antigo Hotel Estoril como património cultural será depois entregue ao Instituto Cultural (IC). “De acordo com a Lei da Salvaguarda do Património Cultural, cada residente de Macau pode apresentar a sua sugestão de classificação de património. A Root Planning já elaborou um documento de justificação do pedido, esperamos que os interessados concordem e assinam a petição [para depois fazermos algo]”, disse ao Jornal Ou Mun Alexis Tam. O Secretário mostrou-se satisfeito com a atitude da associação e diz que já pediu ao IC atenção ao caso.
Flora Fong Manchete SociedadeCanídromo | Secretário pediu estudo sobre impacto na comunidade Lionel Leong pediu a uma instituição universitária um estudo sobre o impacto do Canídromo na comunidade. Estudo que poderá ajudar a decidir a renovação do contrato de concessão ou o término deste. A ANIMA diz-se confiante com o fim do espaço, que poderia ser usado para muitas outras coisas, como dizem especialistas [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong, afirmou ter pedido um estudo sobre o impacto do Canídromo na comunidade residente no local onde se encontra a infra-estrutura. A informação foi dada aos jornalistas depois de una reunião com o Conselho Permanente de Concertação Social, na passada sexta-feira, sendo que Lionel Leong não adiantou data para a conclusão do estudo. “Já dei instruções à Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos para pedir a uma instituição académica que faça um estudo, para saber se a permanência do Canídromo pode trazer impacto ou não para as zonas em redor, para as pessoas que vivem na zona. Depois deste estudo, vamos decidir. O processo está a andar, está em curso, o estudo já está em fase de encomenda”, disse aos jornalistas, citado pela Rádio Macau. Não se sabe qual a instituição académica que está a fazer o estudo, que deverá conter ainda, de acordo com a TDM, o impacto que a existência destas corridas de apostas tem na zona do Fai Chi Kei, um dos locais residenciais mais populosos. Ainda assim, as opiniões podem não ficar apenas pela instituição académica, já que, em comunicado, Lionel Leong assegurou que a renovação do contrato de concessão do Canídromo “carece de auscultação de opiniões abrangentes, nomeadamente dos residentes, comerciantes e turistas da zona”. ANIMA confiante A licença de exploração do Canídromo tem sido alvo de intensa discussão, levando até a própria Sociedade Protectora dos Animais de Macau – ANIMA, com o apoio de associações locais e internacionais, a ter entregue uma petição, no final de Julho, exigindo a não renovação da licença. O contrato com o Canídromo termina no final do ano e a ANIMA acredita que o Governo vai ter “o bom senso” de encerrar o Canídromo. Albano Martins, presidente da ANIMA, disse à TDM que está à espera disso. “O Secretário sabe qual deve ser a resposta e acredito que um académico com dois dedos de testa saiba exactamente qual é a resposta, não tem sentido, com a falta de espaço que a cidade tem, ter animais a ocuparem instalações com muitas centenas de milhares de metros quadrados”, começou por dizer. “Noventa e cinco por cento é decisão do Governo em ter coragem de dizer ‘não’ a alguns interesses, alguns dos quais demasiado cinzentos para o gosto da comunidade”. Centro modal no local Dois membros do Conselho de Planeamento Urbanístico (CPU) esperam que o Governo possa transformar o Canídromo num centro modal de transportes ou em instalações para desporto e cultura. Em declarações ao Jornal Ou Mun, Lam Iek Chit e Ben Leong sugeriram alterar as funções do espaço já que, considera Lam, o negócio das corridas de galgos já não está a corresponder às necessidades económicas, além de que as associações de animais continuam a apontar que os galgos estão em sofrimento e a crueldade contra animais já não é aceite pela maioria de pessoas, pelo que acha necessário “desistir” do conceito de corridas de apostas. O responsável acrescentou que, como na zona norte existem muitas edifícios habitacionais, vai existir uma grande necessidade de instalações públicas e transportes, pelo que o espaço poderá ser melhor aproveitado. Lam Iek Chit dá como exemplo a mudança dos actuais terminais de autocarros do Fai Chi Kei e Iao Hon para o local, aliviando as estradas ocupadas actualmente pelos terminais. Ben Leong, também presidente da Associação de Arquitectos de Macau, concorda em não se renovar o contrato do Canídromo, pedindo para o espaço centros de actividades comunitárias, espaços desportivos e parques de estacionamento. Metade por metade Um inquérito do Centro da Política da Sabedoria Colectiva que questionou cerca de mil pessoas mostra que as opiniões sobre a permanência do Canídromo são “metade a favor e outra metade contra”. Segundo o Jornal Ou Mun, o subdirector do Centro, Loi Man Keong referiu que, depois de uma análise preliminar ao inquérito, a proporção de opiniões da permanência e do fecho do Canídromo são equivalentes, uns preferindo manter por achar esta uma memória colectiva, outros a dizer que não querem o ruído e a falta de espaço na zona. O inquérito vai ser publicado oficialmente no final do mês de Setembro.
Filipa Araújo SociedadeTurismo | Apesar de queda, Governo acredita manter números Apesar do número de visitantes de Macau ter caído, a permanência aumentou. Em reacção, o Governo garante que continuará a apostar no modelo de turismo, não para aumentar, mas sim para melhorar, sempre, diz, atendo à capacidade da terra no acolhimento de turistas [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s números já não são novos: o bolo total de visitantes de Macau diminuiu 3,5% este ano, ao contrário da média do tempo de permanência dos turistas, que registou uma subida nos primeiros sete meses do ano, fixando-se nos 2,2 dias, ultrapassando pela primeira vez os dois dias. Face à ligeira queda, em comunicado à imprensa, o Governo explica que “tomou a iniciativa de proceder a um ajustamento das actividades turísticas, esperando que através das diferentes actividades se possa melhorar e optimizar as promoções para a diversificação dos mercados de origem e atrair turismo de qualidade e, assim, se conseguir o prolongamento de tempo de permanência no território”. O Executivo explica que continuará a avaliar a capacidade de acolhimento de turistas por parte do território e a perceber o ambiente turístico e as infra-estruturas, a fim de elevar a qualidade dos serviços prestados. No mesmo documento é explicado que o objectivo, traçado nas Linhas de Acção Governativa (LAG), de tornar Macau num Centro Mundial de Turismo e Lazer continua a ser a linha guia do Executivo. O Governo irá, pode ler-se no documento, promover o desenvolvimento estável e sustentável do sector do turismo, “não havendo intenções de procurar aumentar a quantidade, mas sim melhorar o modelo de turismo, por forma a elevar a qualidade e aumentar os mercados de origem”. Alexis tranquilo Sobre a queda do número de visitantes, num comunicado à imprensa, Alexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, não se mostrou preocupado. Antes pelo contrário, assumiu a sua confiança perante o futuro. “Mesmo com uma queda de 3,5% dos visitantes, durante os primeiros sete meses deste ano, comparado com o ano passado, o número de visitantes irá [voltar a subir] com a realização de vários eventos de grande envergadura durante o segundo semestre. Estou confiante que o número irá manter o nível alcançado no ano passado”, afirmou. O Secretário explica ainda que o Governo sempre se pautou pela definição das políticas e disposições para promover o desenvolvimento “saudável e sustentável do turismo local”, dando, por isso, também atenção à capacidade de acolhimento dos visitantes, principalmente nas épocas festivas, como por exemplo no Concurso Internacional de Fogo-de-artíficio, Festival Internacional de Música, Festival de Gastronomia de Macau, Grande Prémio, Maratona Internacional de Macau e Parada “Macau, Cidade Latina”, entre outros. Alexis Tam indicou ainda que já recebeu apoio da Administração Nacional do Turismo e do Ministério de Segurança Pública “quanto à viabilidade de um controlo adequado no número de visitantes do continente”, sobretudo, nestas épocas festivas. Lá de longe O objectivo de atrair turistas internacionais continua a marcar presença no topo da lista dos afazeres do Governo. No comunicado, o Executivo garante que irá continuar a esforçar-se para cooperar com o sector do turismo, para que sejam criados pacotes promocionais, conforme o momento festivo, “aumentando assim o leque de mercados de origem de turistas”. O Secretário caracterizou as acções da Direcção dos Serviços de Turismo (DST) de “muito positivas”, atingindo bons resultados, principalmente, indica, na Coreia do Sul e Indonésia. No futuro, diz, irá “reforçar a promoção junto dos mercados da Europa, Estados Unidos e Canadá”. Sentir cada vez menos Quando questionado, pelo canal chinês da Rádio Macau, sobre o resultado pouco eficaz do programa de roteiros turísticos “Sentir Macau passo a passo”, Alexis Tam admitiu a falta de promoção, garantindo que já conversou com a DST apelando à melhoria do programa. Wu Wai Fong, presidente da Associação de Guias Turísticos de Macau, afirmou, ao mesmo meio de comunicação, que até ao momento o número de excursões do interior da China diminuiu 10 a 20%, comparado com o período homólogo. Considera que o Governo deve mudar o modelo de visita de turistas no território, implementando políticas mais diversificadas. Como exemplo, Wu Wai Fong indicou a cooperação com companhias aéreas para criar planos de “uma viagem, vários destinos” para explorar clientes de diversas regiões. Para Loi Hoi Ngan, professor do Centro de Estudos Políticos, Económicos e Sociais, a explicação da disposição estratégica do desenvolvimento do turismo pelo Governo poderá aumentar a confiança do sector turístico.
Filipa Araújo SociedadeAutocarros | Novos contratos são todos diferentes [dropcap style=’circle’]O[/dropcap] esclarecimento surge do Secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, quando questionado pela imprensa: as duas operadoras que ainda estão sem novo contrato de concessão pública, a Transmac e a TCM – Sociedade de Transportes Colectivos de Macau, vão ter contratos diferentes. A razão é simples, explicou o Secretário à margem da reunião plenária do Conselho de Ciência e Tecnologia: os novos contratos têm como base os contratos antigos e não o concurso que foi feito. “Há uns anos houve um concurso com cada [operadora] na base da aquisição de um serviço e as condições para adquirir esse serviço não eram as mesmas para todas as companhias. Portanto, a negociação com cada companhia para passar para concessão pública não parte do zero, mas sim da condição concreta do contrato que está em vigor”, explicou Raimundo do Rosário. Assim, os novos contratos não podem ser iguais para todos, diz. Isto porque, o Governo está a “negociar, não com base num concurso que foi feito, mas com base num contrato que já existe”. Actualmente a Transmac e a TCM ainda funcionam em regime de prestação de serviços, estando os seus contratos ilegais. A TCM irá assinar um novo ainda este ano depois de ter entrado em acordo com o Governo, e aponta-se o próximo ano para que o mesmo aconteça com a Transmac, sendo que Raimundo do Rosário admite não saber qual a data para isso acontecer. Nova Era, Pneu solta-se na via A Polícia de Segurança Pública (PSP) afirmou ao canal chinês da Rádio Macau que, na noite de quarta-feira por volta de 22h00, o pneu de um autocarro da Nova Era soltou-se na via e passou para outra faixa de rodagem, quando o autocarro mudou de direcção na Rua do Almirante Sérgio, para a Avenida de Almeida Ribeiro. O incidente não causou feridos mas precisou de uma intervenção imediata e de pessoal para parar o trânsito. Este é o terceiro incidente da Nova Era esta semana, depois de no mesmo dia um homem de 77 anos ter visto as suas pernas amputadas depois do autocarro lhe passar por cima. O idoso foi transportado para o hospital ainda consciente. Noutro caso, no início da semana, uma mulher foi atropelada também, tendo sido transportada para o hospital com ferimentos ligeiros.
Hoje Macau SociedadePortuguês | IPOR quer afirmar Macau como centro de promoção [dropcap style=’circle’]O[/dropcap] Instituto Português do Oriente (IPOR) quer contribuir para a afirmação de Macau como centro de promoção do Português na Ásia, voltando a assumir um papel na coordenação de projectos de promoção da língua na região. Em declarações aos jornalistas, João Neves, director do IPOR, salientou o posicionamento estratégico da Macau na região Ásia-Pacífico para a consolidação do ensino da Língua Portuguesa e, por outro, como centro de desenvolvimento de conhecimento e de materiais de apoio, áreas nas quais o Instituto está igualmente empenhado. O director do IPOR falava à margem do Encontro de Pontos de Rede de Ensino de Português Língua Estrangeira na Ásia, que ontem teve início nas instalações do Consulado Geral de Portugal em Macau com a participação de docentes radicados em Goa, Pequim, Seul, Banguecoque, Hanói, Xangai e Jacarta. “Queremos contar com estes leitores, e, por via deles, estreitar, no futuro, também as ligações às universidades de onde provêm e a outros agentes de promoção do Português nesses países”, explicou. Para João Neves é fundamental “convocar estes saberes que estão disseminados por estes países na região (…) para projectos em conjunto que cumpram objectivos comuns, por exemplo, de elaboração de materiais para as novas plataformas tecnológicas ou para os fins específicos que estão na base da procura do Português na região”. A estes oito leitores, que integram a rede do Camões I.P., João Neves acrescentou os 11 docentes do IPOR (e a colaboração de professores de escolas oficiais de Macau e de universidades locais), referindo tratar-se de um núcleo de enorme qualidade, “cujas experiências queremos pôr em partilha e potenciar”. Difícil e em Inglês Ensinar Português na Ásia nem sempre é tarefa fácil como salientou Pedro Sebastião, destacado na Universidade de Hanói, onde a licenciatura de Português “é recente e tem a nota mais baixa para entrada na universidade”. Apesar dos 200 alunos, Pedro Sebastião, que é acompanhado por seis professores vietnamitas, reconhece um interesse económico no Português já que o Brasil, Angola ou Moçambique possuem embaixadas no Vietname e pretende encontrar estratégias que motivem alunos “pouco trabalhadores” e com “receio de enfrentarem dificuldades”. Em Jacarta, a João Soares faltam professores já que, sendo o único, tem entre cem a 150 alunos por semestre, mas vinca que “há um grande potencial de crescimento” num país onde a grande dificuldade é colocar em prática o que se aprende na aula. Por outro lado, acrescentou, a estratégia de divulgação “teria a ganhar” se, pelo menos no nível de iniciação, os manuais estivessem em Inglês, a primeira língua de contacto entre professor e aluno. Com maior implantação, o ensino do Português em Goa continua em desenvolvimento e tem anualmente cerca de 1500 alunos a aprender, dos quais 200 na universidade e 700 nas escolas secundárias. Apesar do número de professores ser superior a 25, Delfim Correia da Silva salienta que encontros como o de Macau e a partilha de experiências entre os docentes de vários países “são fundamentais para o desenvolvimento da língua” e para que os professores trabalhem de frente e não de costas voltadas.
Flora Fong Manchete SociedadeTransmac | Novo contrato entra em vigor em Janeiro A Transmac admite que o seu novo contrato de concessão entre em vigor já a 1 de Janeiro do próximo ano e Kent Lei, da empresa, garante que as negociações estão a chegar a bom porto [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]vice-director de operações da Transmac, Kent Lei, admitiu que o novo contrato de concessão da empresa para o fornecimento de serviços públicos de transporte entre em vigor a 1 de Janeiro de 2016. Este é o novo contrato que vem substituir um considerado ilegal pelo Comissariado Contra a Corrupção (CCAC) e que a Transmac não quer alterar. Depois de esta semana o Governo ter indicado que a TCM já assinará o novo contrato, mas que a Transmac ainda não tinha concordado com a situação, o representante da empresa vem agora dizer que o consenso está perto de se alcançar. “Concordamos com a estrutura geral do contrato, estamos a negociar activamente os detalhes mais técnicos e esperamos ter o contrato em vigor no dia 1 de Janeiro do próximo ano, uma vez que o progresso está a ser positivo”, começou por dizer. Numa intervenção do programa Macau Talk, o responsável acrescentou que a Transmac está ainda em negociações com o Governo, mas que estas estão a ser frutíferas. Lei afirmou ainda que a empresa quer acelerar o andamento das negociações com o Governo para fechar o novo contrato de concessão dos serviços de transportes públicos colectivos. “Estamos a realizar reuniões de duas em duas semanas, o objectivo é renovar o contrato original, mantendo os direitos e deveres”, acrescentou. O responsável não adianta valores nem diz o que está a atrasar as negociações, porque afirma não ser adequado falar mais do assunto para “evitar colocar demasiada pressão ao Governo”. O CCAC de todos os males No entanto, deixa claro que a situação da Transmac é bem diferente das restantes empresas de transportes públicos. “As três operadoras são diferentes: uma foi criada há pouco tempo, outra opera apenas uma secção. Mas nós temos duas secções a nosso cargo e a manutenção do enquadramento jurídico até aqui empregue será benéfica para ambas as partes”, notou Kent Lei. Recorde-se que os novos contratos com as operadoras dos transportes públicos surgem na sequência de um relatório do CCAC que, em 2013, apontou anomalias ao modo como foram estabelecidos os acordos entre o Governo e as concessionárias. A Sociedade de Transportes Colectivos de Macau (TCM) já chegou a um entendimento com o Governo e, no início da semana, foi emitida uma ordem executiva para ser celebrado um novo acordo. A Nova Era, que sucedeu à antiga Reolian em Julho do ano passado, negociou condições diferentes dos contratos de aquisição de serviços, considerados irregulares pelo CCAC. A vice-directora executiva da TCM, Leong Mei Ieng, que esteve também presente no programa, disse concordar com as cláusulas do novo contrato, mas a data de assinatura será ainda anunciada pelo Governo. Sobre o impasse nas negociações dos novos contratos de concessão dos serviços, o vice-administrador delegado da Nova Era, Kwok Tong Cheong, considera errado comparar, directamente, o novo contrato da Nova Era com os antigos. “Creio que o Governo está a tentar que as três empresas tenham um novo contrato. Nós somos a única empresa que se preparou para as novas condições. Não passámos de um contrato antigo para um novo”, sublinhou o responsável da empresa. Kwok passou, a partir do momento em que fechou o contrato de operação, a receber um subsídio de 17 milhões de patacas por mês. Nova Era pede carreiras “expresso”. Outros querem mais recursos humanos A empresa de autocarros Nova Era sugeriu, no programa Macau Talk de ontem, a criação de carreiras expresso, tendo enviado a mesma sugestão para a Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT). “Estamos a tentar criar carreiras ‘expresso’. Isto vai ajudar a transferir alguns passageiros das rotas mais concorridas. A proposta está na DSAT e vamos tentar falar com eles”, defendeu Kwok Tong Cheong, vice-administrador delegado da empresa. “Claro que o Governo tem um ponto de vista diferente, mas vamos tentar fazer com que as coisas resultem”, afirmou. Depois de um ouvinte do programa se ter queixado da dificuldade em apanhar autocarros na zonas norte e de Seac Pai Van, o vice-administrador respondeu que o plano da Nova Era passa pela disponibilização de carreiras com menos paragens, de forma a cumprir metas de tempo mais curtas para percursos mais longos. Kwok acredita ainda que o serviço deverá ainda “ajudar” a aumentar o grau de satisfação dos passageiros. “Caso a DSAT dê luz verde ao projecto, podemos começar a circular dentro de dois ou três meses. Macau, Taipa e Coloane devem ser abrangidos pelas novas carreiras especiais”, informou. Outro ouvinte, que declarou ser condutor de autocarros, disse que já se queixou quanto ao comportamento dos passageiros, os quais também já chamou várias vezes a atenção, considerando que é alvo de injustiças. Na resposta, o responsável da Transmac, Kent Lei, afirmou que o maior problema da empresa é a falta de recursos humanos. Por isso mesmo disse esperar atrair mais pessoas para este mercado, mas frisou que a contratação de TNR está fora de questão. Leong Mei Ieng, da TCM, considera que para atrair trabalhadores jovens se deve primeiro mudar a imagem dos cidadãos para os condutores. Os dirigentes de todas as três empresas concordam com o corredor exclusivo para transportes públicos entre a Barra e a Bacia sul do Patane. Como justificação, dizem que os autocarros andam a baixas velocidades e só a fluência nas estradas consegue atrair futuros passageiros.
Joana Freitas SociedadeDepressão | Professor da UM estuda tratamento que pode levar a remissão total [dropcap style=’circle’]U[/dropcap]ma equipa liderada pelo professor Xiang Yutao, da Universidade de Macau (UM), conseguiu encontrar um tratamento para a depressão que poderá levar à remissão total da doença. De acordo com um comunicado da universidade, o académico – que ensina na Faculdade de Ciências da Saúde e que trabalhou em conjunto com o Centro Nacional de Investigação Clínica de Doenças Mentais – baseia-se num método de tratamento que mede o estado dos doentes de forma regular. “O conceito de measurement-based care (MBC ou cuidados baseados na medição, na tradução literal) tem ganho atenção no tratamento da depressão porque permite aos psiquiatras tomar decisões com base em cada indivíduo, consoante as mudanças detectadas na psicopatologia e na tolerância aos anti-depressivos”, começa por indicar o comunicado da UM. A equipa de Xiang Yutao “descobriu” que o MBC é mais efectivo do que os tratamentos normais na melhoria dos sintomas de depressão em pacientes com altos níveis da doença e também em atingir a remissão total clínica da desordem. No estudo, conduzido em 120 pacientes com depressão moderada a severa, a equipa tratou os doentes de forma aleatória com o sistema MBC ou com o tratamento padrão, chegando à conclusão que o tratamento com MBC era mais eficaz. “Os resultados do estudo mostram que mais pacientes tratados com MBC conseguiram melhorias – 86,9% VS os 62,7% do tratamento padrão – e remissão da doença – 73,8% VS 28,8%. Da mesma forma, o tempo de resposta e remissão foram mais curtos com o MBC.” Xiang Yutao foca-se na investigação aos transtornos de humor e comportamento e psicofarmácia.
Joana Freitas Manchete SociedadeMortalidade Infantil | Taxa desce 53% desde 1990. China diminui em 80% A China conseguiu diminuir em 80% os números da taxa de mortalidade infantil, ainda que continue na lista de países onde mais crianças morrem. Os números constam do último relatório da UNICEF, que mostra que não foi atingido o objectivo planeado anteriormente, mas que, ainda assim, se salvaram mais de 40 milhões de crianças [dropcap style=’circle’]É[/dropcap]o último relatório da UNICEF sobre a taxa de mortalidade infantil e é animador: os números de crianças que morreram com menos de cinco anos baixaram em 53% desde 1990. O documento traz um sabor agridoce para a China – o continente encontra-se entre os países em que mais crianças pereceram só este ano, ainda que mostre estar muito melhor desde os anos 1990. O relatório – intitulado “Promise Renewed: 2015 Progress Report” – indica que a China está ao nível de Angola e da Etiópia e acima da Indonésia no que diz respeito à percentagem de crianças falecidas antes dos cinco anos em todo o mundo. A China ocupa os 3%, com cerca de 182 mil falecimentos só em 2015, como consta no relatório. Combinando com valores anteriores, pode, no entanto, ver-se que a China ocupa o 130º lugar na lista de países com a mais alta taxa de mortalidade, tendo assistido a um declínio de 80% nas mortes infantis de 1990 para cá. Nesse ano, havia 54 mortes por cada mil nascimentos, tendo este número diminuído para 37 em 2000 e para 11 este ano. A taxa de redução ano a ano atinge os 6,5%. Números redondos As taxas analisadas no relatório da UNICEF pelo HM mostram que se contabilizaram no continente mais de um milhão e meio de mortes em 1990, um número que nem chegou aos 200 mil em 2015. A morte ao nascer, por exemplo, chegou às 30 crianças por cada mil em 1990 – este número é de seis por cada mil este ano. Os números não incluem, contudo, Macau ou Hong Kong. Na página dos Serviços de Saúde (SS) do território, só é possível ver a taxa de mortalidade infantil até 2013, uma vez que o sistema não está actualizado. Aqui, consta-se ainda que a taxa de mortalidade infantil contabiliza apenas crianças que morrem antes do primeiro ano de vida. Os dados – apenas em percentagem – mostram que – em 2009 – 2,9% das crianças morreram (por cada mil), um número quase idêntico aos da China. Nos anos seguintes – 2010, 2011, 2012 – a taxa manteve-se igual. Em 2013, desceu para 2%. Dos dados não constam os números do ano passado ou deste. Estimativas que doem Portugal integra um grupo de 14 países que apresenta o terceiro melhor indicador de taxa de mortalidade abaixo dos cinco anos, juntamente com a França, Alemanha, Holanda ou Espanha. Desde 1990, a taxa de mortalidade infantil reduziu-se em 76%. Em termos globais, a taxa de mortalidade infantil no mundo desceu para metade em 25 anos – o número de mortes de menores de cinco anos diminuiu de 12,7 milhões em 1990, para 5,9 milhões em 2015. Este é ainda o primeiro ano em que o total se irá situar abaixo do patamar dos seis milhões, ainda que as novas estimativas que constam do relatório publicado pela UNICEF indicam que “apesar de os progressos globais terem sido substanciais, continua a registar-se por dia a morte de 16 mil crianças menores de cinco anos”. A UNICEF estima que, em 2015, morrerão em todo o mundo 5,9 milhões de crianças com menos de cinco anos. A maioria por causas que poderiam ser evitadas. Problemas de saúde e malnutrição são as principais barreiras para manter os mais pequenos vivos, bem como a falta de acesso a cuidados de saúde comuns, como vacinas ou até hospitais bem equipados. O relatório mostra ainda que a meta fixada há 15 anos não foi atingida, já que o objectivo de Desenvolvimento do Milénio era uma redução em dois terços. Ainda assim, desde 2000 que as vidas de 48 milhões de crianças foram salvas.
Flora Fong SociedadeIdosos | Deputado denuncia excesso de prescrição de medicamentos A prescrição de medicamentos para doentes idosos crónicos está a inquietar Si Ka Lon. O deputado queixa-se de que medicar para vários meses de uma só vez acontece devido à falta de profissionais [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]deputado Si Ka Lon escreve, numa interpelação escrita, que há idosos a quem são passadas receitas médicas para meses de tratamento, algo que o deputado considera ser uma forma de evitar a repetição de consultas, devido à pressão dos recursos humanos da saúde. Si Ka Lon aponta que existem vários idosos que têm doenças crónicas e que se queixaram que os médicos do hospital e centros de saúde públicos lhes dão sempre medicamentos para vários meses de uma só vez, algo que os idosos não consideram favorável para a sua saúde. Já o deputado considera que este comportamento não traz qualquer alteração na situação da saúde e quer saber, isso sim, se o Governo já tem números no que aos profissionais de saúde que precisam de formação diz respeito. Si Ka Lon relembra que, na proposta do Plano Decenal de Acção para o Desenvolvimento dos Serviços de Apoio a Idosos 2016 – 2025, implementada pelo Instituto de Acção Social (IAS), foi mencionado que vai existir a formação de profissionais de saúde para o sector geriátrico, contudo o deputado considera que o plano não apresenta metas concretas para a formação destes profissionais. “O Governo avaliou a situação actual e a real necessidade dos recursos humanos na saúde? Quando é que pode implementar metas e uma proposta de execução mais concreta?” Austeridade? O deputado referiu ainda que o montante da pensão de idosos foi aumentado várias vezes nos últimos anos, o que o leva a questionar se o capital investido no Fundo de Segurança Social (FSS) pelo Governo pode vir a ser influenciado pela situação da queda das receitas do Jogo. Si Ka Lon considera que é ainda mais urgente agora aumentar o montante das contribuições para o FSS e questiona o Executivo sobre por que é que este determinou o ajustamento deste regime apenas em 2018 e não brevemente.
Filipa Araújo Manchete SociedadePapa Francisco | Às portas da estreia do filme na Ásia, religiosos elogiam “coração simples” De uma espontaneidade inconfundível e carregado de bom humor são algumas das características atribuídas ao Papa Francisco por religiosos locais. Com dois anos de pontificado e um filme sobre si a estrear este mês, o Papa Francisco trouxe mudanças que outros papas nunca conseguiram. O segredo é a sua simplicidade, defendem devotos [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]último tweet assinado pelo próprio Papa Francisco diz: “Que todas as paróquias ou comunidades religiosas na Europa recebam uma família de refugiados”. Com direito a ‘hashtags’, os perfis da rede social Twitter do Papa existem em quase todas as línguas. Jorge Bergoglio, ou Papa Francisco, é já considerado o Papa mais social de toda a história dos Sumo Pontífices. Mas este foi apenas um dos seus muitos momentos que causaram estranheza e surpresa na sociedade mundial. Sem passar indiferente a ninguém, religiosos ou não, Bergoglio conseguiu o que “muitos outros Papas não conseguiram”, como defende a directora do Centro do Bom Pastor, Juliana Devoy. Foi em Março de 2013, depois do segundo dia de conclave, que, pelo fumo branco, se anunciou a nomeação de um novo Papa, lugar deixado em aberto por Bento XVI, ou Joseph Ratzinger, por questões de saúde. Bergoglio tornou-se assim o primeiro jesuíta a ser eleito Papa, assim como o primeiro originário do continente americano, tornando-se assim o primeiro Papa não europeu em mais de 1200 anos. Pela primeira vez foi também feita a escolha do nome Francisco. Bergoglio explicou que a escolha se baseou em Francisco de Assis, padroeiro de Itália e fundador da família franciscana, pela sua simplicidade e dedicação aos pobres. “Foi a escolha do Espírito Santo e o Espírito Santo escolhe sempre a pessoa mais apropriada para o momento”, começa por explicar o Padre José Mario Mandía ao HM, quando questionado se, de facto, este Papa terá sido a melhor escolha para a Igreja Católica. Um caminho diferente Pouco depois da nomeação, Francisco começou a surpreender a sociedade, crentes e não crentes, a começar pela abdicação de toda a ostentação que durante anos caracterizou o Vaticano e seus representantes. Vestes simples, sem ouro, sem tecidos caros, e uma cadeira modesta foram algumas das medidas logo impostas pelo novo Chefe do Estado do Vaticano. Também os carros com tejadilho e vidros à prova de bala foram dispensados e muitos foram os passeios dados por Francisco. Uma tentativa de levar uma “vida normal” marcada pelos seus hábitos e momentos rotineiros era o que o novo Papa defendia. “Gosto imenso dele. Muita gente gosta dele, o seu jeito simples conquistou, ele não finge ser, ele é e isso não se consegue esconder”, defende a irmã Juliana Devoy. As acções simples e caridosas mantiveram-se. E agora, dois anos e meio de pontificado, a colecção já vai longa. No início deste ano morreu Willy Herteller, um sem-abrigo que vivia há 25 anos no Vaticano e que muito se dedicava à propagação da religião. Em sua memória, o Vaticano – o Papa – decidiu que Willy deveria ser sepultado no cemitério reservado para os membros da Santa Sé, o Campo Santo Teutónico, localizado, claro, junto da Basílica de São Pedro. A porta do Vaticano foi também aberta para os transexuais e homossexuais. Depois de receber uma carta de Diego Lejárraga, um devoto espanhol que se viu muitas vezes rejeitado pela própria paróquia da sua cidade natal, Francisco decidiu receber o transexual, acompanhado pela sua namorada, no próprio Vaticano. “Claro que és filho da igreja”, foram as palavras do Papa para com o jovem. Segundo o jornal El Mundo, foi o próprio Papa que ligou a Diego depois de ter lido a sua carta, passando-lhe a mensagem que estava a par da sua situação e a convidá-lo então para a visita. Em 2013, depois de visitar o Brasil, o Papa Francisco, durante a viagem de avião, explicou aos jornalistas presentes que não seria ele que iria julgar os homossexuais. “Se uma pessoa é homossexual e procura Jesus, e tem boa vontade, quem sou eu para julgá-la? O catecismo diz que não se deve marginalizar essas pessoas por isso. Elas devem ser integradas à sociedade. O problema não é ter esta tendência. Devemos ser irmãos”, disse. Muito de muita coisa Ainda dentro dos assuntos polémicos, Francisco tomou uma posição firme quanto à questão da pedofilia que envolveu vários membros da igreja católica. “Corresponde aos Bispos diocesanos e aos superiores maiores a tarefa de verificar que nas paróquias e nas outras instituições da Igreja se garante a segurança das crianças e dos adultos vulneráveis”, apontou numa mensagem enviada aos bispos de todos os países, frisando que “não existe qualquer espaço no sacerdócio para pessoas que abusam de menores”. No mesmo documento, Bergoglio explicava que depois de vários encontros com as vítimas, a emoção foi incontrolável. “Esta experiência reafirmou a minha convicção de que devemos fazer tudo o que for possível para livrar a Igreja do flagelo do abuso sexual de menores e abrir caminhos para a reconciliação e cura dos que foram abusados”, defendeu. Os jovens e as mulheres têm sido também uma grande área de dedicação do Chefe do Estado do Vaticano que muita preocupação tem mostrado para com os mais carenciados. “As mulheres são a coisa mais bela que Deus fez”, afirmou ao jornal italiano Il Messagero, referindo-se ao papel necessário da mulher na Igreja. No início deste mês, o Papa Francisco chocou quando ofereceu o perdão às mulheres que abortaram e aos presos que “tomaram consciência da injustiça cometida”. Rasgando uma postura sempre defendida pela Igreja – a de rejeição do aborto – Francisco vem atribuir agora o perdão a todas as mulheres que abortaram, indicando que todos os padres católicos o deverão fazer. “Ele não está a dizer que a Igreja passa a aceitar ou que pode ser feito, o que está a fazer é a perdoar. Porque todos nós erramos. O Vaticano, a Igreja, os seus membros também erram. Somos humanos e é isso que este Papa não esconde, é isso que ele mostra ser: humano”, defende Juliana Devoy. Um Papa diferente Questionada sobre o rumo diferente que Francisco trouxe à Igreja e à própria religião, Juliana Devoy não tem dúvidas. “Ele é totalmente diferente de outros Papas. Claro que cada um tem a sua personalidade e, por isso, todos tiveram o seu próprio estilo, mas eu gosto deste. O Papa [Francisco] tem um estilo diferente, algo muito próprio. Acho que ele sabe muito bem como comunicar com as pessoas, acho que ele é altamente verdadeiro e focado nos objectivos, por isso, diz coisas que muitas pessoas não diriam em voz alta. Ele não se importa, porque ele não está a fingir ser qualquer coisa, ele é íntegro, assume os seus defeitos, e da Igreja, e quer resolvê-los”, argumentou. Para o Padre José Mario Mandía, talvez a mudança mais forte seja a capacidade que o Papa tem em mostrar como colocar a teoria em prática. “Ele é o próprio exemplo, um modelo, ele cumpre aquilo que diz. A doutrina é passada por acções que se tornam exemplos para qualquer pessoa”, defendeu. Pegando no exemplo dos refugiados, sendo que esta semana o Papa pediu que todas as paróquias da Europa recebam pelo menos duas famílias de refugiados tal como o Vaticano vai fazer, o Padre José Mario Mandía mostra a postura de exemplo que este Papa pretende ser. “Se todas as paróquias católicas em Espanha, Itália, Alemanha e França responderem à sua sugestão e receberem estas famílias, isto poderá significar que mais de 75 mil famílias encontrem um lar na Europa”, frisa. Na terça-feira passada, o Papa decidiu reformular o procedimento da própria igreja na anulação dos matrimónios, tornando-o mais rápido e simples. Agora, segundo um “motu proprio”, uma carta papal, uma sentença será suficiente para anular o casamento, ao contrário do que acontecia anteriormente, em que eram necessárias duas sentenças. Todo o processo será ainda, decidiu Francisco, grátis. “O conselho aos casais que ele deu [foi] ‘ganhem o hábito de dizer estas três palavras, Por favor, Obrigada, Desculpa’”, relembrou o também director do jornal O Clarim. Para o padre, o Papa Francisco não veio mudar a doutrina da Igreja em nada, mas veio, sim, “mostrar em acções concretas o que significa colocá-la em prática”. Um bom tipo Numa entrevista ao jornal argentino Voz del Pueblo, o Papa Francisco reforçou o seu jeito simples e bem-humorado. “Quero ser lembrado como um bom tipo”, foi a resposta quando questionado sobre a imagem que quer deixar no fim do seu papado. Assumindo-se como alguém que pouco segue o protocolo, Francisco diz-se um cobarde quanto sente dores físicas. O “indisciplinado”, como o tratam no Vaticano, tem saudades de ir comer pizza à rua, mas mais que isso, sente falta dos seus passeios lá fora. “Quando era cardeal adorava caminhar pela rua, andar de autocarro e de metro. A cidade encanta-me, sou citadino de alma (…) Não conseguiria viver no campo”, admite. Antes de dormir, lê São Silvano do Monte Athos, que considera ser “um grande mestre espiritual”. No fim do papado, apenas quer ser recordado como “um bom tipo que tentou fazer o bem. Não tenho outra pretensão”, argumentou na entrevista, citada pelo Observador. Numa das suas viagens, durante este ano, sobre a sua morte, Francisco terá dito “dois ou três anos e depois vou ter com o Senhor”. Uma previsão que pouco agrada aos seus seguidores que consideram que ainda “muito há a fazer”. “Bergoglio, o Papa Francisco” ou “Papa Francisco: A História do Papa Francisco”, um filme de 2015, estreou no passado Julho na Argentina e estreia já este mês nos cinemas na Europa e na Ásia, com data marcada para 30 de Setembro nos cinemas das Filipinas.