Andreia Sofia Silva SociedadeMacau Water | Previsto aumento do consumo até 3% para este ano Não reduziu o ano passado e vai aumentar este ano. A abertura de mais casinos vai ajudar à subida do consumo de água, diz a directora da Macau Water A Sociedade de Abastecimento de Águas de Macau (SAAM) prevê um aumento do consumo de água no território até um limite máximo de 3%. A garantia foi dada ontem por Kuan Sio Peng, directora-executiva da empresa, que explica que os empreendimentos no Cotai vão ajudar à subida. “Devido à abertura dos novos casinos esperamos um aumento do consumo de água este ano na volta dos 2 a 3%”, disse a responsável à margem de um almoço de Primavera com os meios de comunicação social. Relativamente ao ano passado, o consumo de água teve um aumento “modesto” de 1,7%. “Apesar de ter havido um decréscimo do volume de negócios, a verdade é que o consumo de água continuou a aumentar, devido à abertura dos novos casinos e algumas infra-estruturas construídas pelo Governo. Foi um ano bom para a Macau Water”, disse Kuan Sio Peng. Não se confirmaram assim as previsões de redução do consumo em 2015 feitas há um ano pelo então director da Macau Water, Félix Fan, que disse que a empresa previa uma redução do consumo de água no ano passado devido ao alargamento dos horários das fronteiras, que incentivam trabalhadores em Macau a viverem na China continental. Baixa pressão O aumento das tarifas pagas pelo Governo à concessionária, em Outubro, ajudou a “aliviar as pressões de operação”, sendo que a Macau Water não tenciona, para já, pedir ao Executivo um novo ajustamento da tarifa, revelou Kuan Sio Peng. Os resultados financeiros da empresa relativos a 2015 vão ser revelados em Março, mas a directora-executiva da empresa garantiu que o ano passado a empresa registou “um bom crescimento”. Até final deste ano, a Macau Water tenciona dar início à construção da quarta estação de tratamento de água em Seac Pai Van, a fim de assegurar com “maior segurança o abastecimento de água estável e o desenvolvimento global das ilhas”. Dividida em duas fases, a primeira fase deste projecto deverá ficar concluída já em 2019. A Macau Water garante que após a construção do quarto tubo de água bruta, uma iniciativa conjunta dos governos da província de Guangdong e Macau, o território terá então um sistema de abastecimento de água abrangente, cobrindo o sul e o norte da região, “facilitando o desenvolvimento sustentável e diversificado da cidade”, apontou a empresa em comunicado.
Joana Freitas SociedadeSaúde | Doenças crónicas continuam a ser problema Governo vai implementar medidas para continuar a fazer com que a população detecte doenças crónicas precocemente [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]s doenças crónicas continuam na liderança dos problemas de saúde dos cidadãos, o que vai fazer com que o Governo implemente mais projectos para despistagem destas enfermidades. Numa reunião da Comissão de Prevenção e Controlo das Doenças Crónicas, que contou com a presença de Alexis Tam, o Secretário defendeu a existência de melhorias no estado da saúde em Macau. “As doenças crónicas constituem ainda os principais problemas de saúde pública no território, sendo os factores de risco que afectam o desenvolvimento sustentável da sociedade. Daí que seja necessário que todos os sectores colaborem em conjunto, [é preciso que] toda a sociedade aja contra essa problemática”, pode ler-se num comunicado. “Dado que não existem quaisquer sintomas no início da maioria das doenças crónicas, que só são detectadas em períodos posteriores, o Governo desenvolveu em 2015 os projectos ‘A minha saúde depende de mim’ e o ‘Projecto Piloto de Despistagem do Cancro Colo-rectal’, esperando que com estas iniciativas possa ser detectada a doença no período inicial e iniciado o tratamento de forma atempada, diminuindo os impactos, agravamento e sequelas resultantes da doença.” Este ano, o Executivo promete a implementação de mais medidas – como o “Projecto Piloto de Despistagem do Cancro Colo-rectal” e “Curso de Auto-Gestão das Doenças Crónicas” – para “estabelecer uma estratégia preventiva de três níveis: descobrir precocemente, diagnosticar precocemente e tratar precocemente, de modo a reduzir a morbilidade e mortalidade”, avança. Alexis Tam continua a defender que os serviços de assistência médica e de cuidados de saúde têm melhorado “constantemente” e que Macau pode mesmo comparar-se às regiões mais desenvolvidas. “Os serviços de cuidados de saúde de Macau figuram em lugares avançados da lista mundial, ou seja, muitos indicadores de saúde já conseguiram ser comparáveis aos de regiões desenvolvidas”, pode ler-se no comunicado, onde o Secretário apela ainda à população para que “possa compreender e apreciar os contributos e esforços exercidos pelos profissionais de saúde, colaborando com as medidas e recomendações do Governo e aproveitando os recursos sociais para cuidar bem da sua própria saúde”. Na reunião foi ainda discutida a necessidade de elaborar mais recomendações mundiais sobre a alimentação saudável, para que a Comissão alerte a população de Macau. “Neste contexto, o Chefe do Centro de Prevenção e Controlo da Doença, Lam Chong, e [a médica] Chan Tan Mui apresentaram orientações actualizadas sobre a alimentação saudável que foram implementadas nos Estados Unidos da América e nas regiões chinesas.”
Andreia Sofia Silva SociedadeMedia | Meios não chineses agitam Governo, diz académico [dropcap style=’circle’]H[/dropcap]ao Zhidong, director do Centro de Pesquisa sobre a China Contemporânea da Universidade de Macau (UM), acredita que os meios de comunicação em Língua Portuguesa ou Inglesa podem não ser lidos pela maioria da população, mas exercem influência junto do Executivo local. “Os media não chineses têm alguma influência junto do público chinês, ainda que a maioria não compreenda o Português ou Inglês. Há sempre notícias a serem lidas pela tradução. Além disso, o Governo tem acesso à informação publicada e transmitida nos meios não chineses e aí existe influência e isso é importante”, disse ao HM Hao Zhidong. O académico organizou um seminário intitulado “O estatuto dos Mass Media em Macau”, realizado na UM que contou com a participação de nomes como o de Agnes Lam, docente da instituição, e José Carlos Matias, membro da direcção da Associação de Imprensa em Português e Inglês. Outra das conclusões do debate apontadas por Hao Zhidong é a existência de uma maior crítica pelos média não chineses. “Há mais meios de comunicação não chineses agora do que antes da transferência de soberania. Há mais jornais em Português e Inglês e essa é uma conclusão interessante. E estes meios tendem a ser mais críticos em relação a questões sociais face aos média chineses. Penso que isso acontece porque esses jornais são liderados por não chineses, então haverá mais espaço para fazer coisas diferentes, poderão ter uma mente mais aberta ou menos a noção de auto-censura. Essas podem ser as razões para serem mais críticos das questões sociais”, frisou. Quanto à questão da censura, Hao Zhidong garante que não é claro se é algo imposto ou se vem de dentro das próprias direcções dos média chineses. “O jornal Ou Mun é o mais importante e que directamente influencia as políticas do continente e o Governo Central e isso é interessante”, rematou.
Flora Fong Manchete SociedadeColoane | Publicação de relatório “depende da vontade” da construtora O CPU diz que não recebeu para discussão o projecto previsto para um empreendimento de luxo em Coloane e a DSPA diz que, se o público quer saber do impacto que a construção pode trazer para a natureza, tem de pedir à própria construtora [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]publicação do relatório ambiental que indica que “não vai haver impacto” no ambiente com a construção do empreendimento de luxo em Coloane só poderá ser feita se a construtora assim o quiser. Quem o diz é a subdirectora dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA), Vong Man Hung. Depois de a União Green Student de Macau ter pedido no início da semana ao organismo que torne público o relatório que já fez com que o anteprojecto da obra fosse aprovado, a responsável vem dizer que a publicação do conteúdo do relatório “depende da vontade de quem está a cargo do projecto”. Vong Man Hung disse ainda que a DSPA avaliou o impacto da construção na natureza “mais de dez vezes” desde 2009 e que a obra vai ter como referência os métodos das regiões vizinhas para diminuir a influência das obras no meio natural. Evitar danos, reduzi-los ou compensar os que foram feitos são as medidas que Vong Man Hung assegura estarem a ser pedidas à construtora. O empreendimento de luxo que poderá ser construído na montanha de Coloane voltou a ser polémica recentemente, depois de já ter levado manifestantes à rua em 2013. O prédio, que terá duas torres de habitação, fica mesmo ao lado da bomba de gasolina entre Seac Pai Van e Coloane, numa área verde. Para Lam U Tou, vice-presidente da Associação Choi In Tou Sam, ligada à Federação das Associações dos Operários de Macau, não há dúvidas: o Governo não está a demonstrar querer proteger Coloane, mas sim “assegurar o desenvolvimento do projecto”. Lam diz-se preocupado com que o começo desta obra tenha um efeito “dominó”, levando a que mais projectos ocupem as montanhas de Coloane. O vice-presidente da Associação relembrou ainda que, apesar da Lei de Planeamento Urbanístico ter entrado em vigor em 2014, este projecto “não precisou de passar os procedimentos mais rigorosos que a lei regulamenta”. Lam U Tou exemplificou com a inexistência de recolha de opiniões públicas e a discussão no Conselho de Planeamento Urbanístico (CPU), obrigatórias por lei. O vice-presidente do CPU, Leong Keng Seng, afirmou ontem que não recebeu o projecto para avaliação e frisou mesmo que, se este tivesse seguido o procedimento normal, deveria ter sido discutido pelo Conselho. Ponto de viragem Ao Jornal Cheng Pou, Lam U Tou frisou que os organismos públicos asseguram ter “exigido sempre” ao construtor a entrega de documentos suplementares sobre o projecto, mas ainda assim o responsável duvida da intenção da empresa construtora, que tem o empresário e político Sio Tak Hong como um dos investidores. “Se o construtor tivesse razão, então podia começar a obra logo, não? Os organismos não rejeitaram o pedido [de construção] mas foram exigindo sempre a entrega de documentos até que o projecto correspondesse aos requisitos”, apontou. “Não estou a ver que a atitude do Governo seja proteger Coloane de demasiado desenvolvimento, estou a ver é que o Governo está mais preocupado em assegurar a execução do projecto de construção, mas sem razões nem justificações”. Lam U Tou considera que o empreendimento de luxo pode ser um ponto de viragem nas montanhas de Coloane e preocupa-se que, caso este projecto possa vir a “escavar uma montanha, outros construtores também vão pedir o desenvolvimento noutras montanhas”. O vice-presidente defende também que o Governo deve publicar todas as plantas para a zona das montanhas em Coloane e dar explicações ao público sobre a construção. Coloane, recorde-se, tem uma reserva total protegida de mais de 198 mil metros quadrados. Arquitecto diz que há impacto Mário Duque, arquitecto local, defende que há impacto no ambiente natural de Coloane com esta construção – e com qualquer uma. Num email enviado ao HM, o arquitecto explica que “não se pode dizer que uma qualquer mudança da cobertura superficial do solo não tem impacto ambiental”, porque, defende, sempre que se mudam os materiais da camada superficial do solo existe impacto ambiental. “Mais que não seja porque se alteram as condições de conversão e de degradação da energia solar”, atira, acrescentando que neste caso é ainda mais óbvio esse impacto “por se tratar de uma substituição de materiais de coberto vegetal com materiais de coberto construído, mesmo sequer considerando tudo o que acompanha ou segue essa substituição”. “O que se poderia dizer é que o impacto se vai dar a um nível que não põe em causa, ou em crise, condições e sistemas desejáveis, necessários ou essenciais”, defende, explicando contudo que, por isso mesmo, é que os “impactos ambientais necessariamente se quantificam” para se concluir se são ou não nocivos. “Quais são os standards de toxicidade no ambiente natural e cultural aceitáveis na ilha de Coloane, por que se devem aí pautar as intervenções?”, questiona Mário Duque.
Filipa Araújo SociedadeUSJ | GAES não confirma licenciatura de Português [dropcap style=’circle’]D[/dropcap]epois da Universidade de São José ter confirmado com 99,9% de certeza o início da licenciatura de Português em Setembro próximo, o Governo insiste em manter o mistério. Sem querer revelar por “ser inconveniente” ao trabalho do Gabinete de Apoio ao Ensino Superior (GAES), a entidade explica que “sempre apoiou e incentivou as instituições do ensino superior de Macau a ministrarem cursos atinentes à Língua Portuguesa, que sirvam para formar mais quadros qualificados com capacidades bilingues nas línguas chinesa e portuguesa ou que conheçam bem as respectivas culturas”. Em resposta ao HM, o GAES explica ainda que “sobre o andamento do pedido do curso da Universidade de São José, considera-se que o respectivo pedido, apresentado pela Universidade ao Governo, possibilita o envolvimento no próprio planeamento de desenvolvimento ou a disposição dos trabalhos internos da instituição, daí que seja inconveniente, para este Gabinete, revelar dados sobre o conteúdo em causa”. No entanto, diz, irá “de forma activa”, fazer a “adequação e acelerar, assim, o processo de apreciação e aprovação destes pedidos”, mantendo sempre uma “comunicação intensa com a instituição para reconhecer o ponto de situação”. A licenciatura em causa era para ter início o ano lectivo passado, mas devido a alguns atrasos foi adiada, começando apenas este ano. Apesar da confiança do instituto de ensino, ainda não é certo que se possa avançar com a licenciatura, faltando apenas a autorização do Governo.
Flora Fong Manchete SociedadeDore | Dinheiro não foi devolvido. Investidores pedem reunião com DICJ A empresa comprometeu-se a contactar os investidores mas até agora não o fez. Paulo Chan está a ser requisitado para um encontro com as vítimas do chamado Caso Dore [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]inda nenhum investidor do caso Dore foi contactado pela empresa de junkets, nem recuperou o dinheiro investido, segundo confirmou ao HM o porta-voz dos investidores, Ip Kim Fong. As vítimas, contou, ponderam pedir outro encontro com o director da Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogo (DICJ), Paulo Chan, já no próximo mês, depois do encontro agendado para o início deste mês ter sido cancelado. A empresa Dore emitiu uma declaração no Jornal Ou Mun, em Janeiro, onde referiu que uma parte das contas envolvidas no caso de desvio de mais de 300 milhões de dólares de Hong Kong já estavam “apuradas” e que os investidores que “depositaram” o dinheiro na sala VIP da empresa no Wynn seriam contactados. No entanto, o porta-voz dos investidores afirmou, ontem, que até ao momento nenhum investidor foi contactado pela empresa, levando até a que um dos investidores pedisse uma justificação à própria Dore. “A resposta por parte da Dore indicou que foi criado um departamento especializado em Hong Kong para investigar as contas e pedia para o investidor esperar”, indicou. Encontro imediato Ip Kim Fong considera ser necessário um encontro com o director da DICJ já no início do próximo mês, para que o Governo exija uma resolução do problema à empresa. “É a empresa que tem a responsabilidade de recuperar o dinheiro, seja quem for o culpado do desvio. Não me importo que a Dore devolva o dinheiro em prestações, queremos apenas o caso resolvido”, apontou. Questionado sobre a possibilidade de falência da empresa de junkets – depois de pagar todo o dinheiro desviado – Ip Kim Fong afasta essa possibilidade. Tendo em conta a declaração da própria empresa ao jornal, assim como a renovação da licença de promotor de Jogo autorizada pelo Governo por mais três meses, o representante considera que a “situação financeira da Dore deve estar boa”, não colocando em risco a estabilidade da mesma.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeNovos Aterros | Sugerida construção dos tribunais na Praia Grande O relatório referente à terceira fase de auscultação do Plano Director dos Novos Aterros mostra que há quem prefira que o novo campus da justiça seja construído nas zonas C e D para que a paisagem da Colina da Guia não seja afectada. Para a Zona B, há quem defenda edifícios mais altos para resolver a falta de habitação [dropcap style=’circle’]J[/dropcap]á são conhecidos mais detalhes sobre aquilo que a população pensa sobre o planeamento das Zonas A, B, C e D. O relatório referente à terceira fase de consulta pública sobre o processo foi tornado público ontem e mostra que nem todos concordam com a construção de habitação nas zonas C e D. “Outras opiniões sugeriram a troca dos órgãos administrativos e judiciais para as zonas C e D onde se situa o empreendimento designado por ‘Fecho da Baía da Praia Grande’, de modo a aproveitar melhor os recursos espaciais e a resolver a questão da altura (paisagem) da Zona B, (algo) que não afectará a paisagem da Colina da Penha”, revela o relatório. Contudo, a proposta para o Plano Director dos Novos Aterros prevê que o novo campus da justiça seja construído na Zona B e também há cidadãos que concordam a um “nível médio-alto” com esta posição por permitir que os tribunais estejam ao redor “das zonas financeiras e comerciais e, deste modo, os ganhos poderiam ser mútuos”. Depois do polémico debate sobre a futura altura dos edifícios habitacionais a construir na Zona B, alguns participantes na consulta pública defendem que devem existir prédios mais altos neste local, por forma a resolver o problema da densidade populacional. As opiniões contraditórias continuam. Se por um lado, “os cidadãos esperam que no planeamento global haja um equilíbrio entre a paisagem urbana e a procura de habitação” e são favoráveis a que seja fornecida mais habitação através da libertação da altura dos edifícios da Zona B, no sentido de aliviar a pressão ao nível da densidade populacional nas diversas zonas da península de Macau, outras opiniões referiram que “a quantidade de habitações da Zona B e a respectiva densidade devem ser baixas, mesmo que não se construam edifícios privados, em particular edifícios de luxo”. Mais gastronomia e turismo A ideia de criar uma praça de gastronomia, cujo projecto o Governo acabou por pôr na gaveta depois da polémica, voltou a ser defendida na consulta pública. “Sugeriu-se ainda a criação na Zona B de um itinerário turístico com elementos de cultura contemporânea, o melhoramento do trânsito assim como o acréscimo de mais elementos turísticos, nomeadamente uma praça de gastronomia, instalação de diversões e um sistema pedonal, por forma a incentivar a circulação pedonal e atenuar a pressão do número de turistas noutras zonas.” Temas mais opinados Habitação – 15,8% das respostas (a altura dos edifícios na Zona B, o Plano Director e Plano Pormenor e a Habitação Pública foram os três tópicos com mais opiniões) Infra-estruturas rodoviárias – 15,2% das respostas Paisagem urbana – 15,1% No total, foram registadas 6510 opiniões, sendo que quase duas mil opiniões foram apresentadas por iniciativa própria. Conclusões De um modo geral, a habitação, o trânsito e as instalações públicas foram os tópicos que mereceram mais atenção por parte da sociedade. Houve uma atitude positiva relativamente ao número de habitações públicas da Zona A, à quarta passagem entre Macau e Taipa e ao planeamento de instalações públicas. Apresentaram-se também muitas sugestões desfavoráveis em relação ao plano de disposição do trânsito, ao plano de instalações públicas da Zona A, à densidade populacional e às actuais zonas urbanas. Segundo inquéritos via telefone e in loco, o plano do trânsito e o planeamento das instalações públicas da Zona A estão numa situação muito desfavorável, numa situação em que “precisam de aperfeiçoamento”, pelo que esses tópicos necessitam de uma atenção especial. Houve também uma preocupação significativa em relação à altura dos edifícios da Zona B (paisagem), tendo as sugestões apresentadas sido diversificadas. Quarta travessia aprovada Os cidadãos que participaram na terceira fase de consulta pública mostram-se favoráveis à construção de uma quarta travessia entre Macau e a Taipa. Contudo, “espera-se que a circulação seja aberta durante 24 horas, assim como a circulação de motociclos, e que se acelere a construção da quarta passagem”. Cultura de bicicletas Zonas C, D e E: A bem do ambiente Parte das opiniões constantes no relatório mostram o desejo de construir zonas habitacionais amigas do ambiente nas Zonas C, D e E dos Novos Aterros. “A maior parte das opiniões concorda com a adopção do conceito “baixo teor de carbono no planeamento das Zonas C, D e E, e solicitou-se uma maior utilização de materiais amigos do ambiente. Houve também uma concordância de que a criação de zonas habitacionais de baixo teor de carbono é uma tendência contemporânea do desenvolvimento das cidades, uma vez que as técnicas neste âmbito são bastante avançadas. Espera-se que as habitações de baixo teor de carbono possam ser implementadas noutras zonas.” Para além disso, foi sugerida “a construção de ciclovias nas zonas C, D e E, de modo a haver uma articulação com a política de deslocações ecológicas”. “Espera-se que as três ciclovias das três zonas se possam interligar, incluindo mesmo a ciclovia da Taipa, com vista a criar uma ciclovia que circule a ilha”. O relatório garante que “poder-se-á criar em Macau uma cultura específica de bicicletas, e construir-se no futuro uma rede viária ecológica para interligar as cinco zonas dos novos aterros”. Zona A | A cidade do futuro Apesar dos participantes concordarem com a construção de 28 mil fracções de habitação pública na Zona A dos novos aterros, a verdade é que temem consequências catastróficas devido à elevada densidade populacional. “Mais de 50% das opiniões apresentadas por iniciativa própria são favoráveis à habitação pública, o que revela que os cidadãos concordaram até certo ponto com o aumento do número de fogos de habitação pública a construir na Zona A. No entanto, é necessário prestar atenção também às consequentes questões, nomeadamente o grande aumento da densidade populacional e as necessidades de equipamento de apoio social”, aponta o relatório. “No seio da sociedade há uma preocupação com que a densidade populacional da futura Zona A seja demasiado alta, tal como se afectará a qualidade de vida. No entanto, também há outras opiniões que concordam que o aumento da densidade populacional da Zona A poderá aliviar a pressão ao nível da densidade populacional nas diversas zonas da península de Macau”, pode ler-se. Revelando preocupação sobre uma possível insuficiência de instalações públicas na Zona A, as opiniões defendem ainda a “construção de bairros de escolas”, sendo que deve existir “uma articulação com as instalações de apoio ao trânsito para se proceder a um planeamento pormenorizado, fazendo-se o esforço possível para que haja um equilíbrio dos recursos educacionais entre as novas zonas”. O trânsito na Zona A também é outra questão que preocupa. “Propõe-se que seja reforçada a capacidade de prever desvios na concepção das redes viárias da Zona A, prevalecendo os meios de transporte públicos, bem como haja um esforço para que se desenvolva o trânsito subterrâneo para aliviar a pressão do trânsito nas ruas. Os cidadãos estão preocupados que o trânsito na Zona A no futuro não seja suportável”, remata o relatório.
Tomás Chio SociedadeTáxis | DSAT entrega Regime revisto “em breve” e adiciona figura do polícia à paisana [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) afirmou que a revisão do Regulamento do Transporte de Passageiros em Automóveis Ligeiros de Aluguer (ou Táxis) vai ser entregue à Assembleia Legislativa (AL) “o mais breve possível” e vai mesmo haver polícias à paisana a fiscalizar o transporte. Em declarações ao jornal Ou Mun, a DSAT disse estar a preparar a revisão do Regulamento em conjunto com a PSP e a Direcção dos Serviços dos Assuntos de Justiça (DSAJ) e avançou algumas das mudanças. “O trabalho está na fase final, vamos acelerar para entregar a revisão à AL o mais rápido possível”, disse o organismo. “A revisão tem alguns assuntos importantes, como a melhoria do sistema de licenciamento, o aumento da punição contra as acções ilegais, o combate às infracções via polícia à paisana, a instalação do equipamento de gravação de forma voluntária dentro dos táxis e a suspensão ou cancelamento da licença.” A Associação dos Taxistas de Macau diz mesmo que a multa atribuída neste momento às infracções cometidas por estes profissionais não é “suficientemente” dissuasora. Tai Kam Leong, vice-presidente da Associação, diz que mil patacas é o mesmo montante pago há 20 anos, pelo que sugere o aumento da sanção. “Caso os taxistas violem a lei três vezes em dois anos, o Governo pode suspender a licença e exigir que frequentem cursos de formação. Para que os taxistas consigam voltar a trabalhar devem passar um exame” exemplificou o vice-presidente. Outros dos pedidos é a criação de uma plataforma online semelhante à da Uber, para reservar táxis. De acordo dos divulgados do Governo, a DSAT contou 357 casos dos serviços de transporte sem a devida autorização, sendo que nove diziam respeito à Uber. A revisão deste regime estava planeada para terminar no ano passado. Licenças adicionais asseguradas A DSAT assegurou que vai adicionar mais 250 licenças de táxis para que o número destes transportes ascenda aos 1500 a 1600 até ao fim deste ano e indicou ainda que vai criar outra plataforma de chamada de serviços de táxi, para ser mais conveniente para os deficientes físicos.
Joana Freitas Manchete SociedadeConstrutora demoliu edifício “de valor arquitectónico” ao lado da Casa de Lou Kao [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]demolição das construções que estavam no terreno entre a Rua de São Domingos e a Travessa da Sé fez com que Macau perdesse um edifício de valor arquitectónico. A denúncia parte do arquitecto local Mário Duque, que disse ao HM que, no lote onde vai nascer um centro comercial, estava ocupado por um prédio importante. “A obra na Travessa da Sé ao lado da Mansão Lou Kao demoliu um edifício Art Deco, de interesse arquitectónico, independentemente de qualquer classificação administrativa de que as substâncias arquitectónicas possam ser alvo”, começou por referir ao HM. Duque diz ainda ser “impossível” que o Instituto Cultural (IC) “não tivesse conhecimento das características da obra em curso, nem conhecesse o edifício ao lado daquele que é classificado e que administra”, para que pudesse “produzir recomendações, para além das obrigações, no âmbito das consultas institucionais por que os projectos passam”. O arquitecto diz que o edifício tinha as características dos prédios de “rendimento elegantes na linguagem geométrica Art Deco”, que se construíram nas capitais europeias na primeira metade do século XX. Segundo Mário Duque, tinha a organização geminada típica de fogos de grandes dimensões e com tectos muito altos. “Tinha a característica curiosa de, apesar da influência europeia e de ser um prédio alto, o interior de cada fogo estava organizado com a parte das cozinhas separada do resto da habitação onde, em cada a piso e a partir de cada fogo, se acedia por uma ponte ao ar livre”, uma separação que o arquitecto nota como sendo semelhante às habitações térreas que ainda existem na vila da Taipa e de Coloane. Oportunidade perdida Para Duque, a construtora e dona da obra – respectivamente a Sociedade de Engenharia Soi Kun, do deputado Mak Soi Kun, e a Kimberley Investments de Hong Kong – perderam uma boa oportunidade. “O aproveitamento em curso na Travessa da Sé conjuga vários lotes, no qual este seria a mais-valia de que os promotores não souberam tirar partido. A experiência revela que muitas destas intervenções que sacrificam substâncias arquitectónicas de interesse viram obsoletas num espaço de tempo curto e, na quase totalidade dos casos, não justificam o sacrifício.” O edifício era horizontal e as fracções do último andar foram recentemente objecto de uma venda judicial, como disse ao HM o arquitecto. O HM pediu informações ao IC, mas não foi possível obter resposta até ao fecho desta edição.
Flora Fong SociedadeSin Fong Garden | Reconstrução deve arrancar no Verão [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]comissão de proprietários do edifício Sin Fong Garden já entregou o projecto para a demolição do prédio à Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) em Janeiro, através da Macau Empresa Social Limitada. A Associação dos Conterrâneos de Kong Mun de Macau prometeu já pagar 60% das despesas da obra, estando previsto o arranque da reconstrução do prédio no Verão. Chan Pou Sam, vice-presidente da Associação, referiu que a DSSOPT já aprovou o projecto de reconstrução, entregue em Novembro do ano passado, afirmando que este caso tem gerado muita preocupação junto da sociedade e prevendo a continuação de entraves. “Podem existir empresas de construção que não tenham vontade de se candidatar ao concurso público”, adiantou Chan Pou Sam, referindo que não se exclui a possibilidade de ser feito um concurso por convite. Uma empresa de Singapura já terá sido convidada para fazer o trabalho de mediação, avaliação do concurso público e do orçamento da obra, para que haja uma igual divisão de despesas juntos dos proprietários. O edifício Sin Fong Garden está em risco de ruína desde 2012, o que obrigou à saída de 200 famílias e à sua distribuição por outras casas com a ajuda do Governo. Só no final do ano passado é que os proprietários chegaram a um consenso quanto à reconstrução do prédio.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeExpatriados | “Choque cultural afecta” crianças portuguesas e macaenses Anastasia Lijadi, professora da Universidade de Macau, defende que os filhos de pais portugueses ou macaenses podem “sentir desafios semelhantes” às chamadas crianças expostas a uma terceira cultura (Third Culture Kids), como a perda de identidade ou o choque cultural quando chegam a Portugal. A tese de doutoramento de Anastasia Lijadi, sobre os Third Culture Kids, foi distinguida em Janeiro na Universidade de Alberta, Canadá [dropcap style=’circle’]S[/dropcap]ão crianças quase sem terra obrigadas a mudar de escola, de casa e de país com frequência devido ao trabalho dos pais. Essas mudanças repentinas a que são sujeitas na idade de desenvolvimento físico e cognitivo fazem delas crianças expostas a uma terceira cultura (são Third Culture Kids – TCK) e também a alterações do foro psicológico. Foi este o tema da tese de doutoramento de Anastasia Lijadi, docente do Departamento de Psicologia da Universidade de Macau (UM) que em Janeiro foi distinguida pela Universidade de Alberta, Canadá. A tese intitula-se “Bloom where you are planted: Place identity construction of TCK”. Ao HM, a docente defendeu que as crianças nascidas no seio de famílias portuguesas e macaenses, que se mudaram para a RAEM recentemente, não podem ser consideradas TCK, embora possam sentir “desafios semelhantes” quando chegam a Macau, apesar das parecenças culturais existentes. “As crianças macaenses ou portuguesas são expostas a uma diferente cultura (são Cross Culture Kids – CCK). Contudo, podem sentir desafios semelhantes às crianças TCK, em termos de perda de identidade ou confusão de identidade. Podem ainda sentir o reverso do choque cultural, pois quando visitam Portugal chegam à conclusão de que pensam e agem de forma diferente em relação às crianças que não saíram de Portugal”, defendeu a docente, numa resposta por email. Durante o doutoramento, concluído o ano passado, Anastasia Lijadi conheceu casos de crianças que nasceram em Macau ou que “se mudaram para Macau durante a sua infância e só conhecem o seu país graças ao passaporte ou férias de Verão”. “As razões pelas quais os pais se mudaram para Macau são várias, sendo que a maioria trabalha na área da advocacia ou no Governo. São crianças CCK, porque interagem ou vivem em dois ou mais ambientes culturais diferentes durante um significante período de tempo, durante os anos de desenvolvimento”, explicou ainda. Pouco foco no problema O trabalho de investigação realizado para a sua tese permitiu a Anastasia Lijadi chegar à conclusão de que, em Macau, a maioria das crianças TCK são filhas de pais que trabalham em multinacionais na área financeira, construção, turismo, aviação ou entretenimento, mas também na área da educação. Perda de identidade, confusão sobre a sua origem e até solidão são os problemas mais comuns neste tipo de crianças. “As crianças TCK não têm apenas de renegociar a sua etnicidade junto das comunidades local e global, como também têm de reavaliar toda a sua construção de identidade incorporando os diversos elementos dos sítios por onde vão passando”, frisou a académica. “A noção de maturidade e de experiência das crianças TCK pode ser exagerada, já que uma criança TCK pode ter aprendido os costumes de muitas culturas, mas pode não ter interiorizado uma única cultura”, disse Anastasia Lijadi. Apesar de considerar que a oferta educativa é variada em Macau para as famílias expatriadas, Anastasia Lijadi considera que a falta de psicólogos que dominem outra língua que não o Chinês pode não ajudar na resolução destes problemas. “Há poucos psicólogos que dominam o Inglês em Macau e não estão focados nos problemas sentidos por estas crianças. Contudo, sugiro que a melhor forma de dar apoio a estas crianças TCK é fazer ajustamentos no novo lugar envolvendo as partes mais importantes da sua vida, os pais e a escola. O professor, psicólogo ou conselheiro escolar devem trabalhar em conjunto para garantir a prevenção de problemas e criar programas de intervenção. Mas os pais não devem permitir que o problema seja unicamente resolvido pela escola”, defendeu a docente. Para receberem os alunos vindos de outros países, as escolas de Macau fazem “ajustes académicos”, como aulas adicionais e consultas aos pais, sendo ainda pedido o apoio do docente ou dos colegas a nível da integração social. A questão do Mandarim Anastasia Lijadi revelou ainda que a maioria das crianças TCK ou CCK, apesar de terem “a oportunidade de interagir com crianças locais”, acabam por estar sempre um pouco à parte da sociedade. E a culpa é do ensino do Mandarim. “As escolas internacionais e as escolas secundárias com o ensino do Inglês ensinam o Mandarim. Por comparação, as escolas locais usam o Cantonês como língua de ensino e como base de conversação. É fácil afirmar que as crianças TCK em Macau estão a aprender a falar Mandarim, mas não a língua local, então é muito difícil para estas crianças interagir com a maioria da sociedade no seu dia-a-dia. Depois de viver aqui oito anos, sinto-me envergonhada pelo facto do meu Cantonês não ter melhorado, mas falo melhor Mandarim porque aprendo todos os dias com as minhas duas filhas”, disse a docente. Anastasia Lijadi defendeu ainda que, para as crianças, “a comunidade falante de Inglês em Macau deveria conseguir misturar-se mais com a comunidade expatriada”, sendo que “muitas vezes a sociedade tenta integrar as crianças TCK no seu modelo monocultural”. A docente acredita que o passado e experiências anteriores das crianças são muitas vezes esquecidas em prol da sua nova fase de integração social. Macau “não estava preparada” para famílias expatriadas A viver em Macau há oito anos, a docente da UM, com um mestrado pela Universidade de São José (USJ), defende que Macau “não é um lugar comum para as famílias expatriadas”. “Só muito recentemente é que as famílias de expatriados se começaram a mostrar em Macau. O território não estava preparado e não antecipou a procura de um determinado estilo de vida pelos expatriados e aqui refiro-me às questões interculturais, como a interacção no dia-a-dia, comunicação, informação e valores sociais. A maioria das famílias expatriadas decidiram mudar-se e viver em Macau devido aos elevados salários, baixos impostos e alguns privilégios que não tinham na sua terra natal. Isso faz com que seja difícil saírem de Macau”, explicou. Anastasia Lijadi não deixou de falar das barreiras culturais entre macaenses, portugueses e chineses. “Macau tem vindo a abraçar o multiculturalismo nos últimos anos e, tanto os portugueses, como os macaenses têm feito parte da população. Mas como alguém que está de fora, e depois de muitos anos a viver aqui, penso que existe uma parede transparente que separa os chineses de Macau, os macaenses e os portugueses. É muito raro vê-los a jantar juntos numa mesa, a não ser que estejam ligados pelo trabalho ou outra organização”, rematou.
Flora Fong Manchete SociedadeLiu Chak Wan queixa-se de falta de indemnização O membro do Conselho Executivo e empresário diz que a modificação de 150 para 90 metros na construção de um prédio mesmo em frente ao Farol da Guia lhe custou mais de mil milhões de patacas e assegura que o Governo se comprometeu a pagar uma compensação [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]empresário da área da construção Liu Chak Wan diz que o Governo lhe deve uma indemnização de 1,6 mil milhões de patacas, valor que o responsável pelo projecto do lote 134 da ZAPE, ao lado do Gabinete de Ligação do Governo Central na RAEM, diz ter perdido com alterações à construção. Liu Chak Wan, membro do Conselho Executivo e um dos detentores da Transmac, planeava construir uma torre de habitação com 135 metros de altura, mas as exigências do Executivo obrigaram-no a baixar a altura do prédio para 90 metros para evitar que não se visse o Farol da Guia. O empresário vem agora admitir que é o dono do projecto e do terreno de 7802 metros quadrados, composto por cinco parcelas. Actualmente, o prazo de arrendamento dos lotes vai até 2020, excepto na última parcela, que tem de ser aproveitada até 2018. Recentemente, o Governo anunciou que este é um dos terrenos que foi arrendado em 1940 pelo prazo de 50 anos. As parcelas foram, depois, sendo transmitidas: em 1957, 1967 e 1974. Liu Chak Wan foi questionado na segunda-feira sobre o plano de desenvolvimento do terreno: disse que adquiriu o terreno em 2004 e que o plano original era construir um edifício de 135 metros, como cita a publicação All About Macau. No entanto, o plano gerou polémica em 2007, quando um grupo de cidadãos se manifestou contra a altura do edifício que obstruiria a vista do Farol da Guia, tendo até enviado uma carta à Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO). Desde então o plano foi suspenso. O Governo publicou o planeamento para os arredores da Colina da Guia e baixou a altura de prédios da mesma zona. O empresário teve que baixar a altura dos prédios, algo que, diz, o fez perder pelo menos 1,6 mil milhões de patacas. Liu Chak Wan assegura que o “Governo tinha prometido dar indemnização”, mas que até ao momento nada disse. A perda Em 2006, o preço médio dos imóveis em Macau era de 15 mil patacas por um metros quadrado, sendo que, no ano passado, esse preço aumentou para cerca de 90 mil patacas. Liu Chak Wan defende que pagou o prémio de concessão do terreno e fez “tudo para corresponder às exigências do Governo”, mas que “depois de dez anos” o Governo ainda não decidiu qual a proposta de indemnização, nem a forma de cálculo. “Comprei o lote por um preço caro, investi mais de mil milhões e questionei muitas vezes o Governo, que não deu atenção. Nem todos conseguem aguentar tanto tempo, quantos dez anos ainda tenho que esperar?” O empresário acrescentou que o plano para a construção do edifício de 90 metros já foi autorizado pela DSSOPT, mas ainda não foi emitida licença, pelo que não há data de avanço do projecto. O HM tentou consultar a DSSOPT sobre a situação da indemnização, mas até ao fecho desta edição não conseguiu uma resposta.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeIlha Verde | Convento jesuíta continua a albergar trabalhadores Cinco anos depois, o histórico convento situado na Ilha Verde continua envolto numa disputa de propriedade que não avança em tribunal. Um dos alegados proprietários continua a arrendar quartos a trabalhadores não residentes [dropcap style=’circle’]D[/dropcap]uas empresas, um terreno, um convento que serve de casa a quem vem da China para trabalhar na construção civil. Em 2012, era assim o panorama de um terreno localizado na Ilha Verde onde está situado um histórico convento jesuíta. Cinco anos depois, nada mudou. O HM confirmou junto da secretária de Jack Fu, da Companhia de Desenvolvimento Wui San, que os arrendamentos continuam a ser feitos a estes trabalhadores, apesar da degradação do edifício e do lixo industrial que se encontra nas imediações. Jack Fu é um dos donos da Companhia de Desenvolvimento Wui San, que se afirma a proprietária do terreno, por oposição à Empresa de Fomento e Investimento Kong Cheong, de Fong Lap. “As pessoas continuam a arrendar espaços no convento e a viver lá como antes, porque sem um julgamento no tribunal ninguém pode fazer nada no terreno”, disse Leong, secretária de Jack Fu, que deu ainda um prazo de dois anos para que haja algum resultado na barra dos tribunais. Desde há cinco anos que a Companhia de Desenvolvimento Wui San tenta expulsar os moradores que diz serem ilegais, mas até agora não conseguiu nenhuma mudança. Na altura o HM visitou o local, que se mostrava bastante degradado. Os moradores, que não quiseram dar a cara, confirmaram que arrendavam um beliche por cerca de cem patacas e que trabalhavam na zona do Cotai, vindos da China. Leong garantiu ainda que não houve quaisquer avanços sobre um possível projecto de reabilitação ou desenvolvimento do terreno. O HM contactou o Instituto Cultural (IC), que disse apenas que “tem vindo a preocupar-se com a Casa Retiro, actualmente propriedade privada”, não tendo recebido até ao momento nenhum projecto. Com 180 anos de história, o convento está situado numa zona já incluída na lista dos sítios classificados no âmbito da protecção do património. Em 2011, o arquitecto Francisco Vizeu Pinheiro disse ao HM que o convento poderia ser a última prova da existência dos jesuítas na zona da Ilha Verde.
Tomás Chio SociedadePedida outra consulta sobre Plano Quinquenal [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Federação de Juventude de Macau lançou um relatório, no último domingo, sobre os conhecimentos dos residentes sobre o Plano de Desenvolvimento Quinquenal, sendo que este indica que 65% dos entrevistados nunca ouviu, nem recebeu qualquer informação sobre o plano. Segundo o Jornal Ou Mun, a Fundação organizou um inquérito, entre 28 de Dezembro a 2 de Janeiro, via telefone, para perceber os conhecimentos dos cidadãos sobre o plano. Os resultados, agora divulgados mostram que 65% dos 502 inquiridos, maiores de idade, nunca ouviram falar, nem receberam qualquer informação sobre o plano. Um total de 30 pessoas, de 169 entrevistados, disse conhecer o plano e saber que o Governo está a receber opiniões dos residentes. Apenas um, do total de inquiridos, afirmou ter apresentado opinião sobre o assunto. Neste caso o residente não entregou directamente a sugestão ao Governo mas sim a um deputado. Os resultados mostram ainda que 21% dos inquiridos sabiam da criação da Comissão para a Construção do Centro Mundial de Turismo e Lazer. De acordo com os dados da Federação, a participação e o conhecimento dos cidadãos para o plano são “sinceramente insuficientes”. A Federação considera que o Governo não está a fazer uma boa promoção do plano, estando em falta informações ao público. É importante, defende, que o Governo realize uma segunda fase de consulta pública para que os residentes, especialmente os jovens, conheçam mais sobre o plano, aproveitando para recolher ainda mais opiniões. É ainda tornado público que as maiores preocupações dos residentes fixam-se no aumento da qualidade de vida e na melhoria do nível educativo. Por fim, questionados sobre a conclusão de projectos avançados, os inquiridos indicaram que esperam que dentro dos próximos cinco anos o metro ligeiro (40%), o Centro Hospitalar das Ilhas (30%), a construção e o Plano dos Novos Aterros Urbanos (25%) e para a Estação de Tratamento de Águas Residuais da Península de Macau (23%) estejam concluídos.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeUSJ | Pequim rejeita recrutamento de alunos do continente O Ministério da Educação da China não deu autorização à Universidade de São José para recrutar alunos do interior da China, prática recorrente em universidades locais. Peter Stilwell não comenta [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Universidade de São José (USJ) vai continuar a não ter autorização para recrutar alunos do interior da China. A informação foi feita à reitoria da instituição de ensino superior privado na passada quinta-feira e confirmada ao HM pelo Gabinete de Apoio ao Ensino Superior (GAES). “O GAES ajudou, recentemente, a USJ a transmitir o seu desejo de recrutamento de estudantes do interior da China, ao Ministério da Educação da República Popular da China. Posteriormente, sobre este caso, o Gabinete recebeu uma notificação, do mesmo Ministério, na qual é referido que, provisoriamente, não é aceite o pedido desta universidade”, pode ler-se numa resposta escrita. Contactado pelo HM, Peter Stilwell, reitor da instituição, não quis fazer qualquer comentário ou explicar quais as alternativas que podem ser adoptadas para responder a esta situação. As dificuldades de recrutamento sentidas pela USJ constam no último relatório anual da instituição de ensino superior privado, referente ao ano lectivo de 2013/2014. No documento, a USJ explica que teve nesse ano 236 alunos, uma quebra face a 2012/2013. “Os números são mais baixos do que nos anos anteriores e reflectem uma crescente competição no mercado local do ensino superior, agravado no nosso caso por não estarmos autorizados a recrutar estudantes do continente”, pode ler-se. Outras quebras A universidade falou ainda de uma quebra de cem alunos nos programas de licenciatura. “Não temos dúvidas quanto à pressão que a USJ enfrenta com a redução dos estudantes locais. Estes factores agravam-se com a nossa situação particular, já que somos talvez a única universidade de Macau que não está autorizada a recrutar estudantes do continente”, aponta ainda o relatório. Na última entrevista concedida ao HM, em Abril do ano passado, Peter Stilwell dizia estar à espera de boas notícias quanto à possibilidade de recrutamento de alunos do continente. “Sei que o Secretário Alexis Tam tem tomado isso a peito. Não me quero antecipar mas julgo que ele terá notícias positivas para dar. Julgo que está desbloqueado o processo por iniciativa dele próprio, que na sua última deslocação a Pequim se encarregou de tomar isso em mãos. Podemos prestar um serviço aos alunos da China continental, que nos permite completar aquilo que nos falta para sermos rentáveis em termos de propinas e fazer o que é o objectivo da universidade, que é um espaço de culturas. Creio que temos condições para isso”, acrescentou. O Ministério não deu uma razão para que o pedido fosse negado.
Flora Fong SociedadeColoane | Pedido relatório de impacto ambiental de construção de luxo [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]União Macau Green Student entregou uma carta à Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA) em conjunto com vários residentes, criticando a avaliação do impacto ambiental que foi feita ao projecto de luxo que pode nascer na montanha de Coloane. Os residentes dizem estar preocupados com a preservação de Coloane e dizem não perceber porque é que a construção foi aprovada sem consulta pública, num caso que, afirmam, diz respeito à sociedade. Como avançou o HM na segunda-feira, o Governo aprovou o anteprojecto de um edifício com mais de 30 andares que vai ser construído perto da Casamata no Alto de Coloane. Este esteve parado em 2013 devido a polémicas com o local, mas o último relatório de impacto ambiental corresponde aos requisitos da DSPA, o que pode dar autorização para a construção. A Green Student quer que o Governo mostre ao público o relatório do impacto ambiental entregue pela construtora – que tem Sio Tak Hong como um dos investidores e Joe Chan, presidente da União, mostrou preocupação face à possibilidade do projecto destruir “ainda mais” o único pulmão de Macau. “O projecto recebeu aprovação da DSPA e chegou à Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT). Caso não peçamos para saber mais, receio que o organismo também emita a licença da obra sem o público saber, o que vai ser um passo irreparável. Este acto é de uma enorme irresponsabilidade face às próximas gerações”, disse, lembrando que o Governo prometeu em 2013 que ia tratar o caso de forma “especial” precisamente devido ao local. Agora, diz Chan, a DSPA deu luz verde ao avanço do projecto “em segredo”. Joe Chan espera que a DSPA torne o relatório sobre o impacto ambiental transparente ao público, criticou que este não foi apreciado pelo Conselho Consultivo do Ambiente, nem foram ouvidas opiniões de residentes através de consulta pública. A construção do projecto na única zona mais verde de Macau leva Joe Chan a dizer que não se está a pensar na saúde de todos os cidadãos. E o CPU? Para o presidente da União, há ainda outra dúvida: quando o projecto surgiu, em 2013, Macau ainda não tinha o Conselho de Planeamento Urbanístico (CPU). Agora este já existe, mas Joe Chan diz ter dúvidas sobre se o projecto foi debatido no CPU. “O desenvolvimento de Coloane não deve ser decidido só por uma direcção”, frisa. Apesar de o novo projecto reduzir a volumetria do empreendimento, incluindo a eliminação de uma das torres, o presidente considera que continua a haver destruição da vista da montanha e dos recursos públicos em nome do interesse do sector imobiliário. Além disso, a União Macau Green Student quer ainda saber qual o calendário para a implementação de legislação sobre a avaliação do impacto ambiental – apresentado pela DSPA em 2012. O mesmo organismo afirmou em 2014 que ia fazer consultas públicas sobre o regime no final do ano e depois entrava em processo legislativo. No entanto, a DSPA voltou a dizer neste mês de Fevereiro que vai avançar com a consulta pública este ano.
Tomás Chio SociedadeSalário mínimo | Carta de associação denuncia fraude [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Associação de Mútuo-Auxílio de Trabalhadores enviou uma carta ao Governo onde denuncia a existência de fraude no pagamento de horas extra aos funcionários da limpeza e segurança dos edifícios. A carta enviada às redacções acusa uma empresa ligada à gestão de prédios de ter obrigado os seus empregados a assinar um acordo que determina uma diminuição do valor das horas extra, devido à implementação do salário mínimo obrigatório para estes funcionários. A carta fala do caso protagonizado pela empresa Yi Fat – ligada à gestão de prédios em Macau e na Taipa – que terá garantido serviços de 24 horas para os edifícios que trabalham consigo, tendo os empregados na área da segurança de trabalhar dois turnos seguidos, o que significa que cada trabalhador terá de cumprir 12 horas de trabalho, incluindo quatro horas extras. A Associação afirma ainda que “a empresa aproveitou as zonas cinzentas da lei para praticar uma acção fraudulenta aos proprietários dos apartamentos e aos funcionários dos edifícios”. A Yi Fat, diz ainda a carta, terá forçado os trabalhadores a assinar um acordo que obriga os funcionários a trabalhar dez horas por dia, incluindo duas horas extra, sendo que o salário pago para cada hora extra é inferior ao que a nova lei determina. A empresa terá referido que as 26 patacas por hora extra é um valor que consta nos regulamentos da Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL), tendo-os forçado a assinar o documento. Enquanto isso outros trabalhadores terão sido despedidos, tendo sido substituídos por trabalhadores não residentes. A Associação pede que o Governo dê mais atenção a estes casos, tendo acusado o Executivo de falta de fiscalização na área da gestão predial e de aplicar a Lei do Salário Mínimo “sem sinceridade”. O HM tentou contactar a empresa, mas sem sucesso. Também a DSAL foi contactada para saber se o organismo teria recebido alguma queixa, mas não foi possível obter resposta.
Flora Fong SociedadeColoane | Projecto de luxo próximo da Casamata avança Um relatório de projecto ambiental entregue pela empresa da qual faz parte o dono do Hotel Fortuna diz que a construção do empreendimento de luxo na montanha de Coloane não vai trazer qualquer problema ao ambiente. A DSSOPT ainda não emitiu licença para o projecto, mas aprovou o anteprojecto [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]projecto de um edifício de luxo com mais de 30 andares a construir no Alto de Coloane, junto à histórica Casamata construída no tempo da Administração portuguesa, já recebeu luz verde da Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA) graças à publicação do relatório de impacto ambiental. Em 2013, o projecto foi criticado pela sociedade por poder afectar a histórica Casamata. Segundo o jornal online All About Macau, a DSPA finalizou a análise do relatório sobre o projecto que arrancou em 2013 mas que foi suspenso devido à polémica. O relatório confirma que o prédio vai corresponder aos “requisitos técnicos” do Executivo. “O projecto localiza-se junto à zona das colinas de Coloane e a análise do relatório foi feita com base no impacto ecológico, o habitat natural, a riqueza das espécies existentes e o período de influência do projecto, bem como a dimensão das mudanças ambientais. Foram ainda avaliados os potenciais impactos da obra no ambiente ecológico, tendo sido apresentadas diversas medidas para diminuir esse impacto”, pode ler-se no jornal de língua chinesa. Apesar da aprovação da DSPA, a Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) ainda não emitiu qualquer licença de construção pelo facto de não ter recebido o projecto final, ainda que tenha aprovado o anteprojecto da construção. “As devidas alterações no anteprojecto já foram introduzidas conforme o parecer do Instituto Cultural (IC), traduzido sobretudo na redução da volumetria do empreendimento, ou seja na eliminação de uma das torres. A par disso, foi também mantido o espaço envolvente da Casamata, indicado no parecer do IC, que não dispõe de cave, contudo nos demais espaços está previsto a construção de cave. A área bruta de construção do empreendimento teve uma redução de área de cerca de 20 mil metros quadrados”, aponta a DSSOPT em comunicado. A DSSOPT não garantiu, no entanto, se a construção do edifício vai obrigar a mais escavações na colina, já que o prédio vai ocupar um quinto dessa área. A empresa responsável pela construção é de Hong Kong e tem Sio Tak Hong, proprietário do Hotel Fortuna, como um dos principais investidores de Macau ligado ao projecto. O empresário está no Comité Nacional da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês (CCPPC) e chegou mesmo a afirmar que “há prédios altos em todo o lado” e que se o Governo “pode destruir o ambiente”, a sua empresa também se sente no direito de seguir o mesmo caminho, como citava em 2014 o jornal Tribuna de Macau. Este é também um dos proprietários envolvidos no caso da troca de terrenos da Fábrica de Panchões Iec Long.
Joana Freitas Manchete SociedadePearl Horizon | Polytec ajuda compradores. Indemnização não está garantida na lei, nem nos contratos A Polytec vai ajudar os promitentes-compradores do Pearl Horizon a pagar empréstimos ao banco, mas estes têm de ser devolvidos mais tarde. A ajudar, o HM sabe que os investidores não têm qualquer garantia de que podem receber indemnizações: os pagamentos feitos pelas fracções aconteceram antes de estar em vigor a lei que os protegeria e os contratos de promessa de compra e venda não falam em qualquer compensação [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]grupo Polytec vai conceder subsídios a uma parte dos promitentes-compradores do Pearl Horizon para “aliviar” os pagamentos mensais feitos aos bancos. A União de Proprietários do edifício confirmou o anúncio e diz que vai aceitar os apoios, que chegam depois dos bancos terem rejeitado a suspensão de pagamentos de empréstimos. Os investidores do Pearl Horizon, contudo, não têm qualquer garantia de que podem receber indemnizações: os pagamentos feitos pelas fracções aconteceram antes de estar em vigor o Regime Jurídico da Promessa de Transmissão de Edifícios em Construção e os contratos de promessa de compra e venda, ao que o HM apurou, não falam em qualquer compensação. Os promitentes-compradores querem a resolução final do caso, mas aceitaram esta ajuda da empresa. Numa carta enviada pelo Grupo Polytec, conseguida pelo HM, a empresa frisa “entender bem as preocupações” e diz que, depois de vários encontros, aceitou um dos pedidos apresentados, que chega da parte de alguns dos promitentes-compradores que começaram a pagar prestações mensais de hipotecas aos bancos desde o início da data dos contratos até agora. “A nossa empresa concorda com o pedido de ajuda [aos promitentes-compradores] que pagam prestações mensais, depois de uma avaliação da situação, vamos atribuir subsídios com valor máximo 30 mil patacas e por um máximo de três meses, como uma medida temporária para aliviar a pressão”, aponta a Polytec na carta. Ainda assim, a medida não vem só: o Grupo Polytec avançou que quando o Pearl Horizon estiver concluído, os subsídios têm de ser devolvidos à empresa, ou as propriedades serão alienadas para uma terceira parte antes da conclusão. Kou Meng Pok, presidente da União de Proprietários do Pearl Horizon, afirmou ao HM que os compradores que se comprometeram vão aceitar esta medida por não terem, agora, condições para as pagar. Sem confirmar o número concreto dos proprietários que podem receber subsídios, o presidente defende que “são muitos”. Sem suporte Uma parte dos investidores optou por pagar a entrada para as fracções e apenas pagar as restantes prestações quando o edifício estiver concluído, enquanto outros estão já a pagar tudo. Ao que o HM apurou, a empresa não teria obrigação de ajudar os investidores, já que os contratos não indicam o pagamento de qualquer compensação. “Nos contratos, não está escrito que podemos ser indemnizados [em caso algum]”, referiu ao HM um dos responsáveis da União de Proprietários do Pearl Horizon. “Por isso é que solicitámos ajuda ao Governo, para saber como podemos proteger-nos. Mesmo que os contratos sejam injustos, o Governo recebeu impostos de selo e registou as propriedades horizontais, o que foi um grande erro. Não deve deixar vender coisas falsas ou que as pessoas sejam enganadas. Mas não violamos as leis. E não somos protegidos na mesma”, apontou Kou Meng Pok ao HM. Outro dos problemas que os promitentes-compradores enfrentam prende-se com o facto de terem comprado fracções antes da entrada em vigor do Regime que permite a compra de fracções em construção. “Estes contratos foram assinados antes de 2013, portanto ainda não estava em vigor a lei que veio precisamente tutelar essa questão. O problema é que se celebravam contratos-promessa sobre fracções de prédios que só estavam ainda na planta. Era um risco enorme para os promitentes-compradores – o que se veio a verificar. Aparentemente era um investimento seguríssimo e muito lucrativo. Actualmente, os contratos promessa que incidam sobre fracções autónomas de prédios em construção estão sujeitos a enormes restrições, desde logo a autorização da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT). E um dos requisitos para a emissão de autorização prévia pela DSSOPT é precisamente estarem concluídas as obras de fundação do edifício”, explica um jurista ao HM. Por fazer O Pearl Horizon, recorde-se, já deveria estar concluído mas nem as fundações tem. “O promitente comprador não tem qualquer protecção sequer comparável com a de um proprietário. A razão porque se celebram esses contratos promessa é porque efectivamente a lei veda a celebração de contratos definitivos – de compra e venda – quando o prédio ainda não está construído – e portanto não existe ainda a fracção que se pretende vender” , continua o advogado. Em tribunal, os promitentes-compradores não podem ir contra o Governo, apenas contra a empresa, para lhe pedir a restituição do preço que pagaram a título de sinal. Contudo, pelo menos face ao que assegura o responsável da União, não há qualquer tipo de compromisso perante esta situação. Poderá ainda existir a possibilidade do Governo impor a obrigação à próxima empresa de respeitar os contratos promessa existentes, mas essa possibilidade é, para o jurista que prefere o anonimato, “muito remota”. O Governo retirou o terreno à empresa por esta não ter cumprido o prazo de aproveitamento do terreno. Na carta, o Grupo Polytec defende que “tem uma meta igual à dos proprietários” e que ainda espera um julgamento “justo” do tribunal. Kou Meng Pok diz que o Grupo Polytec prevê que o recurso contra a decisão do Governo em Tribunal Administrativo pode acabar em breve, daí ter avançado com subsídios. Mais de 80% do edifício já tinha sido vendido há três anos.
Joana Freitas SociedadeCanil | IACM nega impedimento de adopção de animais [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) veio negar o impedimento de adopção de seis animais do canil. Através de um comunicado enviado à imprensa, o organismo diz que a exigência do pagamento de três mil patacas por cada um dos seis cães – ou sete, de acordo com o IACM – retidos pelo canil se deveu ao facto dos animais terem sido reclamados como pertencentes aos cidadãos. O caso remete à semana passada: como o HM avançou, um grupo de pessoas que estaria interessado em adoptar seis cães que iam ser abatidos queixava-se de ter sido impedida de o fazer. “A pretensão de obter esses cães pelas pessoas interessadas [foi] efectuada através do procedimento de ‘reclamação’, daí que, nos termos da lei, seja necessário exigir aos interessados, na qualidade do seu dono, pagar as correspondentes multas e taxas”, escreve o IACM. De acordo com relatos da Associação para os Cães de Rua e Bem Estar Animal (MASDAW), que esteve a tentar ajudar os cidadãos e falou ao HM, os interessados só teriam dito ser os donos dos animais, porque o IACM terá negado os pedidos de adopção e dito aos cidadãos que, se quisessem salvar os animais, teriam de “dizer que eram os donos dos cães”. O comunicado do instituto não confirma se isto é verdade, mas também não nega que tenha acontecido. “[Se os cães] capturados nos espaços públicos forem licenciados, os trabalhadores do canil municipal podem fazer leitura do código identificador próprio do microchip implantado nos animais e avisar os seus donos, consoante os dados de identificação. Se, porém, não se encontrar nenhum microchip nesses animais, os mesmos serão considerados cães vadios e alojados na zona própria para eles. Qualquer pessoa que compareça para reclamar determinado cão vadio, será considerado como seu dono inicial que pretende efectuar a sua ‘reclamação’, devendo, neste caso, seguir o procedimento para ‘reclamação de cães apreendidos’”, explica o IACM, justificando assim as multas no valor de três mil patacas por cão. O IACM não diz se é possível adoptar estes cães vadios, mas assegura estar a incentivar a adopção, ainda que com algumas avaliações antes – por exemplo o tamanho do animal. “Os médicos veterinários do IACM escolhem, de entre os animais recolhidos, os cães e gatos dóceis, saudáveis e de porte moderado, prolongando correspondentemente o período da sua retenção. O IACM quer sublinhar que todos os animais destinados a ser adoptados são adequados para ser alojados na zona própria para animais a adoptar, conforme a avaliação do canil municipal. De acordo com o procedimento comum de adopção, os cães capturados só podem ser transferidos para a zona própria para animais a adoptar desde que satisfaçam as condições e requisitos para o efeito, mediante diagnóstico veterinário”, remata.
Joana Freitas SociedadeDois casos “graves de gripe” nos Cuidados Intensivos [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s Serviços de Saúde foram notificados pelo Hospital Kiang Wu da hospitalização de uma mulher com 79 anos de idade, residente de Macau, com gripe A, e de dois casos de gripe H1N1. No primeiro caso, a mulher, com doenças crónicas, apresentou sintomas de febre, tosse e dificuldades de respiração a 18 de Fevereiro. Nesse dia foi internada no Hospital Kiang Wu e a realização do raio-x revelou a existência de pneumonia bilateral. Apesar de ainda ter febre, o estado clínico da doente “é considerado satisfatório”. As amostras submetidas a teste rápido tiveram reacção positiva à Gripe A. Já os casos do vírus H1N1 dizem respeito a dois homens com 53 anos de idade, residentes de Macau. Um contraiu “pneumonia nos dois pulmões” e, em 24 horas, o seu estado clínico agravou-se e devido a insuficiência respiratória teve de ser transferido para a Unidade de Cuidados Intensivos onde respira com recurso a ventilação. Apesar da situação clínica ser considerada crítica o paciente apresenta melhoras. O outro homem está fora de perigo. Nenhum dos três pacientes tinha efectuado a vacinação antigripal do Inverno. A mulher que foi internada no São Januário com gripe H1N1 a 10 de Fevereiro piorou e o seu estado é considerado crítico, estando ligada a um ventilador. Desde o início de Fevereiro de 2016, foram clinicamente declarados 204 casos de gripe, face a 69 casos no mês de Janeiro.
Tomás Chio SociedadeHomem de Shenzen terá comprado blue card por 50 mil patacas [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Polícia Judiciária (PJ) prendeu um cidadão oriundo de Shenzen, de apelido Chan, suspeito de ter comprado um blue card falso por 50 mil patacas. Segundo o jornal Ou Mun, o homem terá comprado a falsa identificação através de um amigo com ligações a um hotel que teria uma vaga para um trabalhador não residente na área das limpezas. Contudo, Chan nunca desempenhou funções neste hotel e o blue card seria apenas mais conveniente do que o seu passaporte chinês para entrar em Macau e jogar nos casinos. O suspeito já foi presente ao Ministério Público estando a responder pelo crime de falsificação de documentos. O jornal Ou Mun referiu ainda um caso de imigração ilegal ocorrido em 2014, quando a Polícia Judiciária (PJ) detectou anomalias nas transacções das contas bancárias e nos registos de entrada e saída de trabalhadores chineses contratados por este mesmo hotel. As autoridades suspeitaram de que alguns empregados de hotel ou junkets venderam blue card a residentes chineses para estes jogarem no território. Ouvida pelo Ou Mun, a deputada Ella Lei fala de ausência de supervisão e abusos. “Se a PJ já tinha detectado o hotel em 2014, porque é que o caso continuou a acontecer? O pedido para TNR foi ou não investigado, e porque é que o novo pedido de blue card foi aprovado?”, questionou. A deputada indicou que o Governo já autorizou quotas para mais de 200 mil TNR, sendo que mais de 180 mil se deslocam a Macau. “Alguns TNR não trabalham em Macau depois de conseguirem o blue card e, em muitos casos, os documentos não estão completos, mas ainda assim os processos foram aprovados. Isto é testemunho de que o Governo não fiscaliza bem o processo de aprovação e que falta um mecanismo para a saída destes trabalhadores”, apontou. Ella Lei falou ainda dos “grandes empresários que podem ganhar dinheiro com a venda das quotas”, sendo que “não é fácil para as Pequenas e Médias Empresas (PME) obterem uma quota”. A deputada pede, assim, que seja diminuído o número de quotas para os grandes empresários. Ao Ou Mun, o Gabinete de Recursos Humanos (GRH) disse que vai punir de forma severa os empregadores suspeitos de obterem quotas de forma fraudulenta, sendo possível a sua abolição total.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeEPM | Sales Marques garante “excelente saúde financeira” José Sales Marques afirma que a Escola Portuguesa de Macau não tem problemas financeiros e que o Governo de Macau vai apoiar as obras de melhoria das actuais instalações [dropcap style=’circle’]F[/dropcap]ala a título pessoal porque afirma que a Fundação da Escola Portuguesa de Macau (EPM) desconhece o relatório do Ministério da Educação português que fala de instabilidade no projecto educativo em Macau. Ao HM, José Sales Marques confirma que não existem problemas financeiros na EPM. “Quero tranquilizar a comunidade portuguesa, os encarregados de educação e os alunos para dizer que está tudo bem e que não há preocupações em relação ao futuro. A EPM neste momento goza de uma excelente saúde financeira e as coisas estão a correr bem”, disse o membro do Conselho de Administração da Fundação. “O Governo de Portugal tem responsabilidades que têm sido cumpridas e o Governo de Macau já disse muitas vezes que vai continuar a apoiar com empenho a EPM, não apenas no seu funcionamento mas também em relação a projectos de investimento. A ampliação e o melhoramento que vai ser introduzido nas actuais instalações contarão com o apoio do Governo de Macau”, acrescentou José Sales Marques. Contraponto Na edição da passada sexta-feira, o jornal Ponto Final citou um relatório do Ministério da Educação em Lisboa, que revela que o fim do financiamento da Fundação Oriente (FO) “agravou a situação financeira da escola e a sua viabilidade a médio e longo prazo”, para além de falar da existência de dívidas. Em declarações à Rádio Macau, Carlos Monjardino, presidente da FO, já veio negar essas afirmações. “Isso já é demais. A saída da FO já era expectável há muito tempo. Não se pode vir agora dizer que tenha colocado a viabilidade da escola em termos financeiros. Isto não é assim”, apontou. “Não reconhecemos estar a dever o que quer que seja à Fundação Escola Portuguesa ou à EPM, mas estamos disponíveis para continuar a subsidiar, de alguma maneira, se assim o entenderem e quiserem, a EPM todos os anos durante um período a definir”, rematou.
Hoje Macau SociedadeAdministração | Contas com primeira queda em cinco anos [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Administração encerrou 2015 com receitas totais de 109.778 milhões de patacas, a primeira queda em, pelo menos, cinco anos, segundo dados oficiais divulgados na sexta-feira. Dados provisórios publicados pela Direcção dos Serviços de Finanças (DSF) indicam que as receitas totais sofreram uma descida de 29,7%, um cenário esperado, já que tinham registado o menor crescimento (0,4%) em 2014, ano em que as receitas do sector do Jogo encetaram uma curva descendente. Esta é a primeira queda no cômputo de um ano pelo menos desde 2010. Dados anteriores não estão disponíveis na página online da DSF. Os impostos directos sobre o jogo – no valor de 35% sobre as receitas brutas dos casinos – foram de 84.430 milhões de patacas, reflectindo uma redução de 34,5% face a 2014. As taxas sobre o sector não reflectem, com efeito, a queda de 34,3% da receita bruta apurada dos casinos em todo o ano de 2015, face a 2014, porque são pagas no mês seguinte ao mês de referência e em termos orçamentais contabilizadas de Dezembro de um ano até Novembro do ano seguinte. Mas a importância do jogo reflecte-se no peso que o imposto detém no Orçamento: 76,9% nas receitas totais, de 77,6% nas correntes e de 90,3% nas derivadas dos impostos directos. Já no campo da despesa, Macau gastou, entre Janeiro e Dezembro do ano passado, 80.479 milhões de patacas em termos globais – mais 22,4% do que em 2014. O Plano de Investimentos e Despesas de Desenvolvimento da Administração (PIDDA) equivaleu a 8.948 milhões de patacas, mais 23,3% face ao período homólogo de 2014. Ainda assim, entre receitas e despesas, a Administração acumulou um saldo positivo de 29.298 milhões de patacas, valor que excedeu largamente o orçamentado para todo o ano (18.805 milhões de patacas), mas que traduziu uma queda de mais de dois terços (67,6%) comparativamente ao arrecadado em 2014.