Flora Fong SociedadeHabitação | Não há condições para novos pedidos, diz IH O IH diz que não dá para abrir agora concursos para a entrega de casas, mas assegura que os terrenos para as quatro mil fracções de habitação pública em falta estão quase prontos [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Instituto de Habitação (IH) afirmou que actualmente não tem condições para abrir concurso para a entrega de mais habitações económicas, mas a Direcção dos Serviços de Solo, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) garante que já está a tratar os lotes onde vão ser construídos mais de quatro mil apartamentos públicos. No programa Fórum Macau do canal chinês da Rádio Macau, Chan Wa Keong, chefe do Departamento da Habitação Pública do IH, disse que de acordo com as disposições da Lei de Habitação Económica, é necessário resolver as questões de “uso, planeamento e design de terrenos” antes de aceitar novos pedidos por habitação económica. Chan acrescentou que actualmente as condições não são as melhores para iniciar o processo. Apesar do deputado Ng Kuok Cheong ter vindo a pedir a restituição do regime de pontuação na atribuição de casas, Chan Wa Keong salientou que o princípio de que “a habitação social é principal” não vai mudar. É que para a chefe de departamento, o regime defendido pelo deputado não vai ao encontro do actual estado sócio-económico da região nem ajuda ao aceleramento do processo de selecção. No entanto, deixou a promessa de considerar a aplicação de conceito de “proporção de diversos grupos de candidatos” aquando da revisão total da lei. Esta norma dá mais equidade a todo o processo, uma vez que diferentes grupos podem ter direito a uma habitação económica, não apenas os mais “urgentes”, como actualmente acontece. No regime em vigor, apenas os candidatos que mais precisam obtém uma fracção, ficando os restantes grupos em lista de espera. No mesmo programa, a chefe substituta do Departamento do Planeamento Urbanístico da Direcção dos Serviços de Solo, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), Wong Wai Wa, disse prever que os quatro lotes no Iao Hon – no Central Térmica da CEM na Areia Preta e dois na Doca do Lam Mau – podem ser utilizados para construir 1400 fracções públicas. Além disso, avançou que o organismo está a tratar três terrenos na Taipa onde prevê a criação de cerca de três mil apartamentos públicos. O responsável do IH frisou que os terrenos onde está planeada a construção de habitação pública, na Doca do Lam Mau, estão a ter um progresso rápido, já que um dos lotes foi recuperado e outro está já na fase de projecto. No entanto, ainda não está decidido o tipo de fracção que ali vai ser construída, com o chefe a defender que é preciso atentar na situação social da região. No que toca à supervisão da habitação económica, o responsável disse que o IH tem inspeccionado a situação do uso apropriado. “Até Agosto deste ano, o IH visitou mais de duas mil fracções, tendo descoberto 20 casos suspeitos onde os proprietários permitiram que outras pessoas vivessem nas suas casas, seja de forma remunerada ou gratuita”, avançou o responsável. “Alguns casos já foram tratados pelo tribunal”, afirmou. Recentemente, 1900 casas foram entregues, sendo que na lista a concurso – de 2013 e 2014 – havia mais de 40 mil candidatos.
Leonor Sá Machado SociedadeEducação | Governo atribuiu 770 milhões a escolas privadas O Governo atribuiu uma verba total de 770 milhões de patacas às 67 escolas particulares da RAEM. Parte do montante destinou-se à contratação de funcionários para aliviar a pressão sentida pelo corpo docente [dropcap style=’circle’]S[/dropcap]ó no passado ano lectivo, o Governo atribuiu mais de 770 milhões de patacas às 67 escolas privadas existentes no território. Cerca de 113 milhões do total serviram para financiar a contratação daqueles a quem os Serviços para a Educação e Juventude (DSEJ) chamam de “funcionários especiais”. Estes deverão cumprir funções que eram anteriormente desempenhadas pelos próprios professores, por falta de pessoal. Os novos trabalhadores vieram colmatar áreas especializadas como informática e tecnologia, saúde, laboratórios e gestão. Os números foram revelados ontem pela Chefe Funcional do Departamento de Ensino da DSEJ, Conney Long. A atribuição de uma verba específica para a contratação de pessoal não docente surgiu da necessidade de “aliviar a pressão sentida” pelos professores destas instituições de ensino que, segundo Long, desempenhavam uma série de funções que não eram da sua competência ou sequer faziam parte das suas obrigações. “Várias tarefas não devem ser da responsabilidade dos professores”, comentou ontem Wong Kin Mou, Chefe de Departamento da DSEJ. O responsável garantiu ainda que a DSEJ vai proceder a acções de fiscalização para saber se as verbas realmente deram frutos, seja ao nível da aquisição de material escolar e tecnológico, de melhoramento de instalações, entre outras. Este apoio surge integrado na criação, em 2007, do Fundo de Desenvolvimento Educativo, que serve para apoiar escolas particular de ensino não superior locais na forma de verbas: umas têm já um destino específico, mas outras podem ser empregues em diferentes áreas, dependendo das necessidades de cada escola. Neste momento, há em Macau 67 escolas privadas. Inicialmente, o Fundo detinha um capital de 1400 milhões de patacas, tendo a DSEJ optado por distribuir 350 milhões de patacas anuais entre 2007 e 2010. Ensino infantil | Inscrições feitas por sorteio A DSEJ uniformizou o prazo de inscrição das crianças residentes em creches e jardins de infância e os pais têm agora até três semanas para proceder à candidatura dos filhos. “Vamos evitar que haja uma grande concentração”, disse Hong Chi Meng, chefe de divisão da DSEJ. Também o período de entrevistas foi prolongado, com cinco semanas agora disponíveis para isto mesmo. Os dois níveis perfazem o ensino infantil, ao qual se podem candidatar crianças dos seis meses aos cinco anos. De acordo com um painel de chefes de departamento da DSEJ, prevê-se que no próximo ano lectivo corram às creches e jardins de infância pais de 5900 crianças. No entanto, o organismo prevê para uma oferta maior que a procura: haverá 7900 só para o nível um da infantil. Outra das novidades é a abolição da norma por ordem de chegada. As inscrições passam a ser feitas por sorteio. PIRLS | Alunos obrigados a fazer exame internacional Todos os alunos que frequentam turmas do 4º ano em escolas do território – cerca de 4000 – serão obrigados a fazer o exame internacional de avaliação de literacia PIRLS, a ser realizado em Março e Julho de 2016. “Temos uma lista de escolas que já se inscreveram e a EPM é uma delas”, avançou a DSEJ. Trata-se de um projecto desenvolvido pela Associação Internacional de Avaliação de Resultados Educativos e que pretende apurar a eficácia dos actuais métodos e modelos de ensino de leitura dos mais novos. O conteúdo do exame vai incluir “textos informativos e outros sobre arte e cultura”, pelo que os alunos cuja língua veicular é o Chinês, terão acesso a um exame nesse mesmo idioma. O mesmo acontece para os de Inglês.
Leonor Sá Machado SociedadeMP | Jason Chao exige informações sobre casos e alega prescrição [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]activista e vice-presidente da Associação Novo Macau (ANM) enviou ontem uma carta ao Procurador Geral do Ministério Público (MP), Ip Son Sang, onde pede ao organismo novidades sobre casos onde é acusado e onde é denunciante. “Peço que o MP me actualize, enquanto interveniente nos casos, e ao público, dos progressos dos casos mencionados”, destaca o activista. O vice-presidente da ANM alega que os casos podem até já podem ter prescrito. “À luz da tão vastamente conhecida máxima de que ‘justiça atrasada é justiça negada’, as investigações sobre estes casos já deveriam ter sido concluídas, de acordo com o artigo 258º do Código de Processo Penal”, argumenta Jason Chao no documento. Os casos a que se refere incluem o ‘referendo civil’ do Verão: num caso, Jason Chao fez uma queixa-crime contra as autoridades por alegado abuso de poder, noutros dois foi acusado por publicação “sem autorização” de dados pessoais. Noutro, foi ainda acusado pela PJ de ter mostrado o logótipo da autoridade num documento relacionado com o referendo civil, ainda que não tivesse publicado qualquer dado pessoal de um agente que, alegadamente, terá dado a sua opinião sobre a eleição de Chui Sai On. Até hoje, o caso do ‘referendo civil’ foi um dos mais mediáticos ao nível do activismo político na região, tendo mesmo merecido a atenção da imprensa internacional. Em Agosto passado, o Gabinete para a Protecção de Dados Pessoais determinou que os organizadores da iniciativa teriam que pagar uma multa que poderia ir até às 80 mil patacas.
Joana Freitas SociedadeHospital | GPDP investiga caso de documentos espalhados na rua [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Gabinete de Protecção de Dados Pessoais (GPDP) está a investigar o caso dos documentos do Centro Hospitalar Conde de São Januário espalhados na via pública. Isso mesmo confirmou o organismo ao HM, não tendo, contudo, indicado se poderá estar na calha uma eventual punição. “O caso está a ser investigado e não há mais informação para dar neste momento”, explicou o GPDP ao HM. Segundo a investigação preliminar, documentos semelhantes aos que foram encontrados na Avenida Dr. Rodrigo Rodrigues esta semana contendo dados de pacientes do hospital público estariam a ser mal processados já há dois meses. Um comunicado do hospital enviado ontem à noite após o fecho da edição explicava que “há dois meses que o(s) auxilar(es) [responsável pela destruição deste tipo de documentos] não observou as respectivas directrizes de destruição de documentos confidenciais devido à grande quantidade de documentos recolhidos” e que as chefias desconheciam o caso. Os papéis continham informação pessoal de doentes, nomeadamente o nome, idade, sexo, número do cartão de utente, sendo que alguns documentos, enviados para Hong Kong, contêm informações de identificação dos pacientes. Os documentos, recorde-se, foram colocados num saco de lixo comum, de acordo com o hospital, ao invés de serem destruídos como mandam os procedimentos, ou metidos num saco específico. Depois, terão caído do camião do lixo que os transportava, ficando na rua ao sabor do vento. Foi um funcionário do hospital que deu o alerta, mas não antes destes terem sido filmados e fotografados. Os documentos seriam de requisição de análises, segundo o São Januário.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeJustiça | Presidente do TUI diz que juízes sofrem pressões sociais Na abertura do Ano Judiciário, foi claro o aviso deixado por Sam Hou Fai, presidente do Tribunal de Última Instância: os juízes devem “reforçar a auto-disciplina” e rejeitar “seduções e perturbações” da sociedade. Sam Hou Fai disse que os juízes sofrem pressões por Macau ser um espaço pequeno [dropcap style=’circle’]F[/dropcap]ugir às tentações. É o que Sam Hoi Fai quer que os juízes dos tribunais de Macau façam. Na habitual sessão solene de abertura do Ano Judiciário 2015/2016, o presidente do Tribunal de Última Instância (TUI) deixou recados claros aos juízes do território, para que não se deixem corromper no exercício das suas profissões. Disse ainda que os profissionais da Justiça sofrem pressões. “Devem todos os juízes e funcionários da Justiça, com firmeza e determinação inabaláveis, rejeitar categoricamente toda a espécie de seduções e perturbações, cumprindo fielmente as funções em que somos investidos, a fim de honrar a missão de servir da última barreira de protecção dos direitos e interesses dos cidadãos que nos é confiada por lei”, disse no seu discurso. “Tem particular sentido reiterar hoje a exigência ao pessoal judicial de fortalecer a capacidade de resistência à corrupção e às seduções”, acrescentou. Sam Hou Fai exigiu ainda aos juízes mais “auto-disciplina” e um melhor relacionamento entre as relações interpessoais e a justiça. “É necessário manter certa distância com a sociedade, como se existisse um muro de vidro entre os juízes e a sociedade”, apontou. Sobre a expressão, Jorge Neto Valente, presidente da Associação dos Advogados de Macau (AAM), ironizou. “Com paredes de vidro não vamos ver nada, que o vidro é fosco.” O presidente do TUI lembrou ainda que, numa sociedade pequena como a de Macau, é fácil corromper e ser-se corrompido. “À medida da evolução e mudança das condições sociais, políticas e económicas de Macau (…), os tribunais e os juízes estão a enfrentar desafios sem precedentes. Acresce que Macau é uma sociedade pequena que valoriza o relacionamento interpessoal, na qual os juízes estão inseridos, daí que seja imaginável a pressão com que os juízes se confrontam”, revelou. Imprensa maldita As pressões de que fala Sam Hou Fai também dizem respeito a comentários feitos nos meios de comunicação social, algo criticado pelo presidente do TUI. “Há grupos ou indivíduos que utilizaram os meios de comunicação social para fazerem comentários aos órgãos e sentenças judiciais e até mesmo aos processos que estão a ser julgados. É claro que devemos reconhecer as influências positivas das observações, mas há também outras críticas que não são minimamente fundadas”, frisou, sem especificar de que casos falava. De resto, Sam Hou Fai não deixou de apresentar dados sobre o sistema: até Agosto deste ano estavam pendentes nos tribunais quase 10.500 processos, sendo que no ano judiciário de 2014/2015 deram entrada 22.199 processos. No mesmo ano, foram concluídos 20.493. Processos sobre acidentes de trabalho aumentam No seu discurso, Sam Hou Fai chamou a atenção para o elevado aumento de processos relacionados com acidentes de trabalho, recebidos no Juízo Laboral do Tribunal Judicial de Base (TJB). “Deu-se um acréscimo acentuado no número de processos de acidente de trabalho. Entraram no Juízo Laboral do TJB 543 processos de acidente de trabalho, um acréscimo de 53% face ao ano judiciário anterior, daí que a segurança na produção industrial seja uma questão digna da atenção especial de todos.” Quanto aos crimes relacionados com o Jogo mantém-se a tendência de subida. Verifica-se que o número de processos de natureza criminosa resultantes das actividades periféricas com o Jogo (tais como a usura, jogo ilícito, sequestro e burla) sofreu um acréscimo significativo, mantendo a tendência que se tem vindo a verificar”, referiu. Prazos processuais contestados Sobre a já falada lentidão na justiça, Sam Hou Fai referiu que o tempo de espera para julgamento, em processos com arguidos presos, é de 57 dias úteis, algo que foi contestado por Neto Valente. “Não sei onde é que foi buscar isso. Tenho julgamentos marcados para Maio do próximo ano. Estão a marcar diligências para Maio do ano que vem.”
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeNeto Valente pede “radiografia” ao sistema judicial [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]trasos, falta de recursos humanos, falta de infra-estruturas. As críticas persistem no habitual discurso de Jorge Neto Valente na sessão solene de abertura do Ano Judiciário 2015/2016. Para o presidente da Associação dos Advogados de Macau (AAM), o que falta é fazer uma “radiografia” aos problemas do sistema judicial. “O Secretário da tutela sabe dos serviços jurídicos não tem de saber do funcionamento dos tribunais. Quem sabe dos tribunais são os advogados e os magistrados. Não é um problema do Executivo, o problema dos tribunais é fazer o que nunca se fez, uma radiografia completa e um debate profundo para saber as dificuldades que cada um tem”, disse aos jornalistas à margem do evento. “A reforma profunda da Lei de Bases da Organização Judiciária é uma tarefa urgente. Mas falta-nos uma radiografia que dê transparência ao funcionamento dos tribunais. Uma reforma com visão de conjunto e que antecipe o futuro”, disse ainda no seu discurso. Soluções adiadas Neto Valente chamou a atenção para os problemas há muito apontados e que continuam sem solução. “Continuam a faltar instalações condignas para os tribunais. Não há notícias do projecto – há anos anunciado – de um edifício concebido de raiz para acolher os tribunais. Como também se deixou de ouvir falar num projecto para instalar os serviços do Ministério Público. Todos os tribunais estão hoje a funcionar em edifícios inapropriados e insuficientes para as actuais necessidades, impedindo a instalação de mais magistrados e funcionários.” O presidente da AAM falou ainda da existência de más decisões judiciais. “Não chega reduzir a antecedência com que são marcadas as audiências do julgamento. Está também em causa a qualidade das decisões. Além da minha própria experiência profissional, chegam-me testemunhos de colegas e de vários sectores da sociedade, que apontam para decisões mal fundamentadas e descontextualizadas, que não integram o espírito da justiça imanente ao nosso sistema jurídico.” Para Neto Valente, a má utilização da Língua Portuguesa nos tribunais é uma das razões para as falhas dos juízes. “Enquanto se apregoam virtudes teóricas do bilinguismo vai-se dificultando, na prática, a utilização da Língua Portuguesa, quer pelo insuficiente número de magistrados quer por falta de exigência de conhecimentos do Português no recrutamento. Está por fazer a análise das consequências dessa política, nomeadamente a falta de qualidade de muitas decisões”, rematou. Novidades sobre campus só para o ano Questionado sobre o andamento do projecto sobre o futuro campus da justiça, Raimundo do Rosário, Secretário para as Obras Públicas e Transportes, referiu que só para o ano. “Está prevista uma zona administrativa e judiciária na zona B dos novos aterros em frente ao MGM. Essas cinco aterros foram alvo de consulta pública. Nos termos do despacho as Obras Públicas têm seis meses para fazer um relatório, pelo que lá para o segundo trimestre do próximo ano vamos ter novidades sobre isso”, disse aos jornalistas à margem do evento. Chui Sai On prometeu reformas e infra-estruturas O Chefe do Executivo, Chui Sai On, prometeu no seu discurso dar resposta aos problemas há muito apontados. “O Governo irá proceder à revisão das leis e regulamentos relacionados com a organização e funcionamento dos órgãos judiciais. Além disso, irá planear e construir instalações exclusivamente afectas aos órgãos judiciais, criando melhores condições para um eficiente funcionamento do sistema judicial”, frisou.
Joana Freitas Manchete SociedadeRádio-Táxis vão voltar e podem cobrar taxas adicionais Os táxis por chamada vão voltar, mas os passageiros vão ter de pagar taxas adicionais. Já há interessados nas cem licenças, mas os requisitos do concurso, dizem, são exigentes: é preciso aplicações móveis, carros para deficientes, parque de estacionamento e sistemas modernos [dropcap style=’circle’]E[/dropcap]stá aberto o concurso público para rádio-táxis, com o Governo a permitir uma centena destes carros nas ruas de Macau. Já há interessados em participar, ainda que os critérios para a concessão não agradem muito às associações e empresas de táxis. Um comunicado da Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) indica que cem carros vão poder ser explorados durante oito anos, sendo que todos têm de funcionar por chamada, seja ela imediata ou por marcação. A empresa concessionária, que tem de ser registada em Macau, tem ainda de disponibilizar carros acessíveis a deficientes e formas mais modernas de chamar táxis, além do telefone, mas também pode cobrar mais taxas. “O concessionário obriga-se a fornecer, pelo menos, dez táxis acessíveis e táxis de grande porte. Além de disponibilizar a marcação de serviços de táxi por telefone e através da página electrónica, o concessionário deve explorar outras formas de marcação de táxis como, por exemplo, aplicações de telemóvel”, indica a DSAT. “Foram ainda exigidas a instalação nos táxis especiais taxímetros com sistema sonoro e colocação, num lugar visível, da placa com o número de matrícula do veículo, em [Braille], para facilitar a utilização destes serviços por invisuais.” Dualidades Até 14 de Dezembro, os interessados podem concorrer às licenças, algo que a Vang Iek, anterior companhia que geria os chamados táxis amarelos, não sabe se quer fazer. Recorde-se que a Companhia Vang Iek viu o seu contrato cancelado pelo Governo por ter sido acusada de não conseguir corresponder aos critérios do Governo, mas também porque se queixava de não poder cobrar taxas adicionais, sentindo, por isso, dificuldades no negócio. Cheang Veng Chio, director-geral da Vang Iek, diz que ainda não decidiu a sua candidatura. “Ainda não lemos as regras do concurso público e portanto não posso dizer se vamos candidatar-nos ou não”, disse, não querendo tecer comentários sobre a autorização, agora, de cobranças adicionais, negadas à Vang Iek. O Executivo diz que teve em conta “as opiniões” do passado, para permitir que o concessionário cobre uma taxa de chamada, taxa de hora marcada e/ou taxa de ausência. Isto porque estes táxis não podem apanhar pessoas na rua ou nas paragens de táxis, algo que a Vang Iek dizia não conseguir fazer por ser incomportável a nível financeiro. Pensar bem Para o presidente da assembleia geral da Associação das Taxistas de Macau, Ip Weng Fat, a cobrança de taxas adicionais para radio-táxis é bem recebida. A Associação, que gere táxis pretos, vai candidatar-se a estas licenças, se “conseguir preencher” os requisitos. “Nas regiões vizinhas, como em Singapura, a taxa de chamada é de cinco dólares. O nível de cobrança em Macau deve depender dos custos da operação e da razoabilidade do mercado.” No entanto, Ip Weng Fat acha que o espaço para o estacionamento de cem radio-táxis e a insuficiência de taxistas em Macau são as preocupações principais dos candidatos. Já Tony Kuok, director da Associação do Mútuo Auxílio dos Condutores de Táxi, considera que será difícil manter a operação de cem rádio-táxis devido às condições exigidas pelo Governo. Kuok diz que as antigas condições aquando do funcionamento da Vang Iek eram melhores. Isto porque a Vang Iek chegou a funcionar com alguns carros que podiam apanhar clientes nas ruas, algo que ajudava, diz, a suportar os custos de operação dos 60% de táxis que funcionavam por chamada. “O objectivo do Governo é bom, mas sendo um operador, tem que se investir muito para operar só oito anos, preocupo-me se o novo operador conseguirá ter clientes suficientes para recuperar o investimento. Actualmente a economia de Macau já não é tão boa como antes, existem menos pessoas que suportam as despesas normais de táxis, quanto mais com taxas adicionais.” Tony Kuok mostra-se interessado em candidatar-se ao concurso público, mas “preocupa-se com os custos”. Considera que o investimento é grande demais, até porque o Governo exige a criação de uma central de chamadas a funcionar 24 horas e aplicações GPS. Pelas contas de Kuok, é preciso 30 milhões de patacas só para os carros, fora as despesas de funcionamento e o parque de estacionamento, com as rendas “muito altas”. Nos critérios para o concurso, o Governo exigiu ainda a instalação de um sistema de pagamento de “moeda electrónica”, além de que a empresa ainda deve satisfazer de requisitos relativos ao número mínimo de veículos, que o Governo não diz quantos são. A data limite de entrega das propostas é dia 14 de Dezembro.
Leonor Sá Machado SociedadeTCM | Empresa obrigada a enviar relatório sobre incêndio numa semana [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) já requereu à empresa de autocarros Sociedade de Transportes Colectivos de Macau (TCM) que redigisse um relatório sobre o acidente que teve lugar na segunda-feira e envolveu um autocarro de gás natural que se incendiou. “A DSAT prestou muita atenção ao incidente de um autocarro movido a gás natural e exigiu que a TCM apresente o relatório do incidente dentro de uma semana”, adverte o organismo num comunicado. A DSAT frisa que o autocarro em causa ia precisamente a caminho do Centro de Inspecção de Veículos Automóveis do Canal dos Patos “para uma inspecção especial”. O mesmo organismo atribui o incidente a problemas de um “dispositivo ou circuito eléctrico”, em nada relacionado com o facto do veículo ser movido a gás natural. A TCM será obrigada a “proceder a uma examinação dos outros autocarros movidos a gás natural” além da entrega do relatório. A empresa tem 20 autocarros deste género. Em comunicado, a DSAT lembra que todos os autocarros públicos devem ser sujeitos a uma inspecção anual obrigatória, mas também uma outra especial para os veículos em funções. Já para aqueles movidos a gás natural, a TCM terá que entregar um relatório extensivo sobre os veículos de dois em dois anos. O incidente teve lugar durante a manhã da passada segunda-feira na Ponte Nobre de Carvalho, já junto da rotunda Ferreira Amaral, quando o autocarro se incendiou, não causando feridos. O veículo não transportava passageiros e o condutor escapou ileso.
Joana Freitas Manchete SociedadeHospital | Falha no cumprimento de regras leva papéis confidenciais às ruas Documentos de pacientes do São Januário voaram de um camião do lixo e espalharam-se pela rua. Os papéis, confidenciais, deveriam ter sido destruídos, mas uma falha no cumprimento das regras fez com que fossem parar às ruas, motivando um pedido de desculpas da parte do hospital público [dropcap style=’circle’]D[/dropcap]ocumentos confidenciais de pacientes do Centro Hospitalar Conde de São Januário foram parar à Avenida Dr. Rodrigo Rodrigues, depois de terem sido transportados num camião do lixo sem terem sido destruídos. O insólito aconteceu na noite de segunda-feira e levou a uma conferência de imprensa para os responsáveis do hospital público pedirem desculpa. Houve ainda tempo para uma investigação preliminar do caso pelo Centro Hospitalar, que frisou que o caso se deveu ao incumprimento das normas gerais para o tratamento de dados pessoais de doentes. “A maior parte dos documentos são provenientes do serviço de patologia clínica, que é o laboratório do hospital, e na origem disso está o incumprimento de normas que estão estabelecidas e em prática no hospital no que concerne à recolha de material confidencial”, disse o vice-director do hospital, o médico Mário Évora. Os documentos – que não se sabe exactamente quantos eram – estavam num saco do lixo normal e não foram destruídos ou colocados em sacos próprios para o efeito, que são utilizados quando há demasiados papéis para triturar e recolhidos de forma diferente do lixo comum. O saco caiu de um camião do lixo e os papéis – que seriam, na sua maioria, requisições de análises segundo a rádio Macau – ficaram na via pública. Foi um profissional do hospital que deu o alerta. Mais medidas O Centro Hospitalar admitiu que enviou para o local trabalhadores que trataram de “recolher a maioria dos documentos”, tendo sido recolhidos cerca de 60, mas não sem antes terem sido colocados vídeos e fotografias nas redes sociais. “Dada a importância do caso”, o hospital fez questão de pedir desculpas publicamente. Os Serviços de Saúde deram indicações ao São Januário para que seja instaurada uma “rigorosa investigação interna” que, depois de concluída, será dada a conhecer ao público. Entretanto, Alexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, adiantou que vai averiguar a questão, sendo que o responsável da tutela só soube do sucedido através dos jornalistas. “Tendo em conta que envolve dados pessoais dos cidadãos, esta situação não poderá repetir-se”, frisou, à margem do Fórum Global de Turismo. O hospital garante que vão ser tomadas mais medidas para evitar situações semelhantes, que passam pela colocação de mais máquinas trituradoras e fazer “uma revisão completa” dos procedimentos. O hospital apela ainda ao público que, caso encontre quaisquer documentos, os devolva.
Leonor Sá Machado Manchete SociedadeEleições UM | “Vigilantes” enviam carta à direcção a pedir transparência O grupo de “vigilantes” da UM vai entregar uma carta à direcção da instituição, pedindo transparência nas eleições para a associação de estudantes. O colectivo alega intromissão do staff universitário no processo eleitoral [dropcap style=’circle’]O[/dropcap] grupo de “vigilantes” da Universidade de Macau (UM) prepara-se para enviar uma carta à direcção da UM, onde pedirá esclarecimentos sobre a alegada intromissão do corpo académico nas eleições para a associação de estudantes, classificando esta acção de “inimaginável”. Segundo Jason Chao, é preciso “transparência” em todo o processo eleitoral. “A associação de estudantes vive separadamente da Universidade”, começou por explicar o activista, que diz que o grupo de “vigilantes” da UM apelida a acção do corpo universitário de “ridícula” e “infundada”. O colectivo começa por fazer duas acusações: a primeira denuncia a recusa da Universidade em fornecer ao corpo associativo as listas dos alunos da UM para efeitos de contagem e identificação no acto da eleição, deixando esta tarefa a cargo de staff da própria instituição. Em segundo lugar está a “insistência da UM” em transportar as urnas para um local “seguro”, tarefa esta igualmente desempenhada pelo corpo de seguranças da instituição. “Isto mostra que a UM ignora o facto da associação de estudantes ser um corpo legalmente independente com a sua própria linha de acções e normas, incluindo a eleição do seu líder”, acrescentou Chao em declarações aos média, numa conferência que teve lugar ontem. No entanto, o porta-voz do grupo de vigilantes não se fica por aqui: o activista acusa a UM de fazer afirmações falsas “com o objectivo de fazer com que a sua posição agressiva seja menos evidente”. Jason Chao quer não só que o corpo institucional se afaste do processo eleitoral para o bem das eleições, mas também pelo reputação da Universidade. Semelhanças de má memória “A liderança da Universidade está a prejudicar a reputação da escola metendo o nariz onde não deve”, aponta. O activista vai mais longe e compara a presente situação com o mediático caso do afastamento do ex-docente da UM, Bill Chou. “As semelhanças inegáveis entre este caso e o de Bill Chou só vêm reforçar as dúvidas fundamentadas de antigos alunos da existência de questões políticas no sentido da UM querer controlar as eleições”, justifica. A conferência findou com um apelo de Chao para que todos os antigos alunos se juntassem a esta causa “fazendo frente” ao corpo institucional por eleições justas. “Parem de se intrometer”, urgiu o activista à UM. O caso da intervenção do corpo institucional nas eleições dos estudantes foi dado a conhecer pela imprensa, que dava conta do sucedido no início desta semana. Os alunos acusam a Universidade de “ingerência abusiva” e a indignação do corpo estudantil surgiu depois do Gabinete de Assuntos Académicos da UM ter anunciado que ia tomar conta da gestão das urnas eleitorais das votações que deveriam ter lugar entre hoje e sexta-feira. Os alunos queixaram-se assim de que a universidade que controlar “demasiado de perto”, a actividade sufragista. Facebook | Grupo cria página e pede que activistas não intervenham Foi criada uma página do Facebook que pede aos indivíduos de fora da Universidade de Macau (UM) que não intervenham mais no assunto das eleições da associação de estudantes da instituição. O grupo fala de nomes como o ex-professor da UM, Bill Chou, ou ex-presidente da Associação Novo Macau, Sou Ka Hou. Segundo o grupo, estas pessoas estão a “meter-se em assuntos internos” da universidade. “Além de se criticar a intervenção das autoridades universitárias, devemos expressar o desagrado quanto à intervenção de pessoas externas à universidade neste assunto”, lê-se na página. O corpo associativo é composto somente por alunos e não podemos esperar que a UM se torne na próxima ‘Universidade de Hong Kong’, onde os meios de comunicação intervêm em todos os problemas que existem”, lê-se. Sobre o assunto, Jason Chao comenta apenas que o intuito dos “vigilantes” não é o de interferir nas eleições, mas sim de resolver a questão e ajudar a que estas aconteçam de forma justa. “É um dever de todos nós”, argumentou ontem. F.F.
Flora Fong Manchete SociedadeIAS | Criado novo regime de apoio. Instituições tecem críticas O IAS já criou um novo regime de apoio financeiro para instituições sociais privadas, mas alguns dirigentes não parecem estar contentes. É que o documento, alegam, vem dificultar a contratação de pessoal experiente e não faz distinção entre diferentes funções desempenhadas [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Instituto de Acção Social (IAS) já criou um novo regime de apoio financeiro para as instituições dos serviços sociais em Macau no sentido de subsidiar, na totalidade, o vencimento do pessoal. O referido regime promove também o “salário duplo” e a criação do regime de previdência para os trabalhadores. Contudo, os líderes de instituições locais discordam da eficácia deste regime, alegando que não traz melhorias aos ordenados dos funcionários e não atrai mais pessoal. Numa resposta dada a uma interpelação escrita de Chan Hong, a presidente substituta do IAS, Vong Yim Mui, admitiu que o actual regime já não é capaz de acompanhar o ritmo de desenvolvimento da sociedade. Vong afirma já ter elaborado a proposta do novo programa de apoio financeiro e organizou várias sessões de apresentação e de consulta junto de mais de 70 associações particulares desde final de 2014. O objectivo é ouvir a opinião da população no sentido de aperfeiçoar o documento. A responsável apontou que o problema mais relevante do actual regime é que o subsídio destinado ao pessoal não abrange todas as categorias de funcionários. A título de exemplo, fala dos trabalhadores contratados pelas instituições, cujo número é superior àquele de quem beneficia do subsídio. Este é, por sua vez, prestado pelo Governo e a sua distribuição pelos trabalhadores deve ser feita e assegurada pelas instituições. As instituições têm liberdade para decidir se querem ou não aderir ao futuro regime. Com a actualização do documento, disse Vong Yim Mui, o número de pessoal beneficiário do subsídio passará das actuais 2100 pessoas para as 3300, registando-se assim um aumento de 60%. Também o valor anual envolvido no processo passa dos 840 milhões de patacas para os 1130 milhões, sofrendo um acréscimo de 35%. Vong defende que a distribuição do subsídio vai ser racional e equilibrada, já que, através de um modelo de “combinação por custo razoável”, será prestado às instituições um apoio financeiro que permite o seu funcionamento. O subsídio está preparado para abranger chefias, trabalhadores de áreas profissionais, de apoio administrativo e “quadro de pessoal estandardizado” para as instituições do mesmo tipo de serviço, de modo a constituir um critério uniformizado do apoio financeiro ao pessoal, mas não chega a todos. O IAS também quer lançar um outro apoio pecuniário para promover a atribuição de um “salário duplo”. Este vai constar na criação de um regime de previdência, de acordo com o princípio de “atribuição do apoio mediante a comunicação dos casos concretos.” Líderes desapontados O novo regime vai criar cargos subsidiados tais como de supervisor, monitor de serviços ou subchefe, com o objectivo de “permitir a oportunidade de fomentar a promoção”. No entanto, Hetzer Siu, director executivo de Macau Special Olympics não partilha desta opinião. “No sector de reabilitação, não há um aumento óbvio do pessoal, mesmo que o valor de subsídio aumente a remuneração de assistentes sociais com a entrada em vigor do novo regime”, disse o responsável. Hetzer Siu tem vindo a pedir ao Governo, há vários anos, que diminuísse o fosso de remuneração atribuída aos assistentes sociais do sector público e do privado, decidindo-se apenas pela atribuição de um subsídio directo. No entanto, uma vez que o subsídio mensal máximo de um assistente social privado se mantém nas 29 mil patacas – quantia menor do que o índice salarial previsto pelo Executivo – Siu diz que estes profissionais preferem sempre ingressar na Administração. O líder da Associação frisa também que é muito importante classificar os níveis de subsídio prestados pelo Governo para os profissionais que tenham diferentes níveis de experiência. “Actualmente, os profissionais que trabalhem há apenas um ano têm direito ao mesmo subsídio de outros que estejam em funções há dez anos”, explica. “Estes [profissionais] apercebem-se que só vão conseguir ganhar um determinado salário durante toda a carreira e isto não é atractivo o suficiente para que pessoas experientes se candidatem às instituições privadas”, continua. Hetzer Siu queixa-se de que o IAS “não está a fazer uma gestão sustentável” do pessoal. “Estamos desapontados”, destacou. Para a deputada Chan Hong, o novo regime não é suficientemente flexível, pois regulamenta o âmbito de acção e o conteúdo de cada categoria profissional, mas não abrange todas as existentes. Chan exemplifica com o caso dos terapeutas da fala: estes são subsidiados pelo IAS e pela Direcção dos Serviços para a Educação e Juventude (DSEJ), mas o novo regime limita a obtenção de subsídio apenas ao do IAS. O documento também corta as asas a estes profissionais, possibilitando o apoio apenas a crianças com mais de três anos de idade. Atenção às diferenças Também o secretário-geral das Cáritas de Macau, Paul Pun, discorda da viabilidade sustentável do referido documento. “O Governo unifica o critério de remuneração para os trabalhadores de uma mesma categoria, mas os conteúdos, as dificuldades e os níveis de perigo são diferentes de função para função, é difícil unificar”, justificou. Paul Pun criticou o novo regime de ser restritivo. “Ao longo do tempo, podemos recrutar mão de obra de forma mais flexível com o resto de subsídio fornecido pelo Governo, mas no futuro seremos impedidos de o fazer, porque a norma dita que caso o resto do apoio financeiro vá além dos 15%, as instituições terão que fazer a devolução do valor ao Governo”. Hetzer Siu defende, ainda assim, que a ser implementado, este novo regime devia ter sido posto em prática em Julho passado, mas o IAS promete acelerar o processo para que esteja pronto em Janeiro próximo.
Leonor Sá Machado Manchete SociedadeTurismo | Chui Sai On quer junção à cultura Turismo e cultura combinados para um maior crescimento do sector e mais recursos humanos. É o que defende o Governo, no dia em que abriu o Fórum de Economia Global. O IFT vai ter um papel principal no turismo de Macau [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Chefe do Executivo, Chui Sai On, defendeu ontem que é preciso “combinar turismo e cultura” para fomentar o crescimento do sector e “desenvolver os recursos humanos”. O líder do Executivo falava na abertura do 4.º Fórum de Economia de Turismo Global, uma cerimónia que terminou com a assinatura de acordos e de um memorando de entendimento com a Organização Mundial de Turismo para o estabelecimento de um Centro Global para Educação e Formação em Turismo em Macau. “Temos de combinar turismo e cultura para que isso possa trazer maior crescimento ao sector. O turismo hoje dá-nos muitos desafios e oportunidades e temos de agarrar estas oportunidades, no sentido de desenvolver mais os recursos humanos”, afirmou Chui Sai On. Segundo a informação divulgada à imprensa, “este novo projecto permitirá aprofundar a cooperação entre as partes, providenciar programas de educação e formação, realizar estudos em turismo, bem como oportunidades de estágios para melhorar a qualidade dos recursos humanos de Macau, elevando assim a sua competitividade internacional enquanto destino turístico”. Na cerimónia de abertura, Chui Sai On sublinhou que “os cidadãos de Macau podem usufruir dos frutos do desenvolvimento que o turismo traz à cidade”, observando que a região “tem a vantagem de [ser governada sob o princípio] ‘Um país, dois sistemas’ e de ter registado um desenvolvimento económico muito rápido”. Olhar para o futuro “Tudo isto são boas características para podermos construir um centro de turismo internacional e também uma plataforma de parcerias económicas entre a China e os países de língua portuguesa”, acrescentou, invocando que já “há bastante cooperação” regional e internacional. Para Chui Sai On, o facto de este fórum ser organizado pela quarta vez em Macau vai permitir “mostrar as vantagens de Macau a promover a cultura diversificada e as trocas internacionais”. Já Edmundo Ho, antigo chefe do Executivo de Macau e presidente do fórum, sublinhou que o espectro da cooperação foi estendido desde os países que integram a antiga rota marítima da seda até às nações emergentes da América Latina. “‘Uma faixa, uma rota’ é uma ideia e uma proposta e nós gostaríamos de ver algumas parcerias com os países a nível mundial. Não simplesmente aqueles que estão directamente ligados à rota da seda antiga”, afirmou. Edmundo Ho referiu-se em particular aos países parceiros desta edição do fórum – os quatro membros da Aliança do Pacífico: Chile, Colômbia, México e Peru, nações com que a China tem vindo a “aumentar as trocas”. “Esperamos que, ao utilizarmos esta plataforma que é o fórum, possamos ser capazes de promover o turismo entre a China e os países da América Latina e de construir novos interesses para um crescimento ulterior neste sector”, defendeu, apontando o turismo como “o pilar estratégico na economia” chinesa. LUSA/HM IFT na linha da frente com dois grupos de investigação O Instituto de Formação Turística (IFT) está a ganhar cada vez mais terreno no mundo da investigação a nível mundial, com a assinatura de um memorando para a criação do Centro Global para a Educação e Formação Turística e o anúncio da criação da Comissão da Aliança Global para a Pesquisa em Turismo (GReAT Alliance, na sigla inglesa). O Executivo assinou ontem um memorando de entendimento com a Organização Mundial de Turismo da ONU para a criação do referido Centro, no qual o IFT deverá desempenhar o papel principal, segundo a presidente do Instituto, Fanny Vong. “Para já, o IFT é o único que está a colaborar”, informou Vong. “Assim que o Centro foi criado, ambas as partes vão trabalhar conjuntamente para implementar projectos que incluem a realização de programa educativos e de formação, projectos de investigação turística e criação de programas de estágio”, esclarece o IFT. A responsável explica ainda que a GReAT Alliance – da responsabilidade do IFT – se vai focar precisamente nisso: em debater os principais problemas da actualidade no mundo do turismo através da criação de uma rede de universidades mundial. Coincidência ou não, a verdade é que GReAT quer dizer “óptimo” em inglês, resultado que Fanny Vong diz esperar do trabalho daqui para a frente desenvolvido. “Já temos o nosso próprio centro de investigação, mas sentimos que não é suficiente para fazer face a vários problemas no sector do Turismo, pelo que precisamos de olhar a nível global, convidando vários outros centros de investigação universitários para criar esta aliança”, esclareceu a líder. Em causa está a discussão de assuntos como Turismo e Paz Mundial, Turismo e Afiliação à pobreza. A assinatura do primeiro memorando teve lugar durante a manhã de ontem, no Fórum Global de Turismo e o anúncio da criação da GReAT foi feita à tarde, durante a cerimónia de inauguração oficial do seu novo campus, na antiga Universidade de Macau. Cooperação regional importa, diz Secretário da OMT O Secretário-geral da Organização Mundial do Turismo (OMT) disse ontem que “a Ásia é o motor do mundo” e sublinhou a importância do turismo cultural e da cooperação para dinamizar o sector de Macau. “Somos um parceiro comprometido com este fórum. E queremos continuar. É muito importante estarmos aqui convosco por três razões. A primeira é que aqui é a Ásia, é o nosso futuro, o futuro do mundo. De facto, a Ásia é o motor do mundo, daquilo que acontece na direcção certa”, disse Taleb Rifai na abertura do 4.º Fórum de Economia de Turismo Global, que decorre até quarta-feira, em Macau. “E depois também porque é a China: o futuro da China é o nosso futuro (…) E em terceiro lugar porque é Macau. De facto, Macau é uma história de sucesso dos séculos XX e XXI”, acrescentou. O 4.º Fórum de Economia de Turismo Global tem como tema “Agarrar as oportunidades de ‘Uma Faixa, Uma Rota’”, tema que o responsável diz ser muito importante: falta, de facto, ‘Uma faixa, uma rota’ divulgando as novas dinâmicas do turismo global. “O primeiro aspecto é o elemento do turismo cultural e o outro é a cooperação regional. Sem a cooperação regional, [a iniciativa] ‘Uma faixa, uma rota’ não tem grande sentido”, disse. Taleb Rifai recordou que Macau celebra este ano o décimo aniversário desde a inscrição do centro histórico da cidade como património mundial pela Unesco, salientando que essa distinção “traz oportunidades”, mas também implica “uma maior responsabilidade para encontrar o equilíbrio entre o aumento da procura turística e a preservação” desses locais. Além de observar a importância de reforçar a conectividade entre as regiões e países da Ásia-Pacífico, Taleb Rifai apelou à facilitação dos vistos para estimular o crescimento económico e a criação de empregos através do turismo.
Flora Fong Manchete SociedadeReciclagem | Governo apresenta medida. Associação mostra-se contra A promotora da greve no sector da reciclagem continua a acusar o Governo de nada fazer e defende que conceder empréstimos com juros baixos, algo apresentado recentemente pelo Governo, não é a solução ideal. Bom mesmo seria criar um Fundo de Reciclagem [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Associação de Confraternização de Reciclagem de Materiais Ecológicos de Macau considera que o futuro do sector é incerto e voltou a acusar o Governo de não adoptar medidas eficazes, mostrando-se contra a recente ideia do Governo em conceder empréstimos com juros baixos. À margem de um fórum organizado pela Associação, os responsáveis pediram a criação de um Fundo de Reciclagem “o mais depressa possível”, aponta o jornal Ou Mun. O evento serviu ainda para discutir as políticas de protecção ambiental e as dificuldades sentidas no sector. Citado pelo Ou Mun, Chan Man Lin, presidente da Associação, avançou que a Direcção dos Serviços para a Economia (DSE) reuniu com a Associação na semana passada, tendo proposto a introdução de um empréstimo com baixos juros para a aquisição das máquinas necessárias. No entanto, o presidente defende que a medida “não é útil”. “Não sabemos até quando conseguimos sobreviver, se fechamos as portas a seguir à compra das máquinas. Se isso acontecer, passamos a ter dívidas com o Governo?”, questionou. Chan Man Lin espera ainda que a Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA) acelere o estudo sobre a criação de um Fundo de Reciclagem no território, uma vez que o organismo disse precisar de cerca de um ano e meio para desenvolver esse projecto. Cabaz de problemas No fórum, o presidente reiterou que o sector enfrenta problemas como a falta de armazéns, as elevadas rendas das lojas e a diminuição do preço dos materiais de reciclagem. Depois de uma semana de greve ocorrida no início deste mês, a Associação entende que caso volte a acontecer uma greve, a Companhia de Sistemas de Resíduos (CSR), concessionária, só poderá transportar os materiais para os aterros, aumentando a pressão no sistema de recolha do lixo, defendeu Chan Man Lin. Leong Pou U, membro do Conselho Consultivo do Ambiente que também esteve presente no fórum, diz concordar com as dificuldades do sector, frisando que o actual Fundo para a Protecção Ambiental e de Conservação Energética não consegue abranger as empresas de reciclagem. Apesar disso, Leong Pou U acredita que o Governo tem condições para criar um plano especial para o sector.
Andreia Sofia Silva SociedadeCentro de doenças infecciosas em Coloane pronto até final do ano [dropcap style=’cricle’]A[/dropcap]lexis Tam anunciou na sexta-feira que até finais deste ano estará pronto, em Coloane, o Centro de Saúde Pública, destinado ao internamento de portadores de doenças infecciosas. O projecto terá custado cerca de 340 milhões de patacas e terá capacidade para 60 camas. A nova unidade – localizada no Alto de Coloane – resulta da remodelação de um outro centro, também de recuperação de doenças infecciosas. O Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura confirmou, contudo, não haver ainda planos para a utilização do Centro de Saúde Pública em Coloane nas fases em que não se registem epidemias no território. “Acredito que se acontecer alguma epidemia em Macau este centro clínico vai ajudar imenso nos trabalhos de isolamento dos pacientes. As instalações vão oferecer um espaço para os pacientes recuperarem, mesmo que, para já, não esteja prevista nenhuma epidemia em Macau”, frisou Alexis, acrescentando que este não é o único espaço dedicado às doenças infecciosas. Atrasado pela cultura Junto ao hospital Conde de São Januário deverá ser construído, em 2018, o Edifício de Doenças Infecciosas de Saúde Pública, o qual servirá para diagnosticar as doenças infecciosas e ser uma “instalação complementar de reabilitação”. O Edifício de Doenças Transmissíveis da Saúde Pública teve de ser submetido a uma nova concepção em 2008, por ser mais alto do que a lei permitia, o que causou o adiamento das obras. O local deverá estar pronto em 2018, depois de novos atrasos devido à necessidade de elaboração de um parecer do Instituto Cultural por causa de duas casas que poderão ter valor histórico e que teriam de ser demolidas para o espaço nascer. Serviço público de Psiquiatria sem problemas Alexis Tam garantiu que o serviço público de psiquiatria está bem e recomenda-se: no ano passado foram registados 1189 casos, o que, segundo os SS, representa uma diminuição de 2,1% face a 2013, números que “registam um declínio em dois anos consecutivos”. Há cerca de 12 mil casos a receber tratamento na consulta externa do serviço de psiquiatria, “correspondente a 1,9% da população local”, aponta o organismo.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeSaúde | Governo continua sem saber orçamento e prazos para novo hospital Tanto o Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura como o director dos Serviços de Saúde afirmam não ter conhecimento do orçamento para o novo hospital nem da data de conclusão. As Obras Públicas remetem explicações para o GDI, que afirma ter recebido apenas partes de projectos e de necessitar de tempo para avaliações e pareceres técnicos. Os SS comprometem-se a entregar tudo até Janeiro [dropcap style=’cricle’]E[/dropcap]m 2012 coube aos Serviços de Saúde (SS) anunciar as datas para a conclusão do novo Complexo de Cuidados de Saúde das Ilhas, bem como uma previsão de orçamento: dez mil milhões de patacas. Anos depois, o Governo continua sem saber ao certo quanto custará o novo hospital do território nem quando poderá ficar concluído. Em conferência de imprensa, Alexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, disse desconhecer os novos detalhes do projecto. “Isso não depende de nós, mas do Gabinete para o Desenvolvimento de Infra-estruturas (GDI). Os SS são apenas utilizadores e não sabemos o andamento da obra e a data de construção. O projecto já foi entregue ao GDI. Nós todos somos utilizadores e não somos nós que vamos construir”, referiu Alexis Tam. Lei Chin Ion, director dos SS, garantiu que o GDI “está na fase de apreciação” dos projectos. “[O projecto do novo hospital] terá de passar por vários departamentos e depois vai ser realizado o concurso público. Tudo está dependente da realização do concurso público por parte do GDI, tal como o custo e o prazo de entrega”, explicou. O HM contactou a tutela dos Transportes e Obras Públicas no sentido de saber mais detalhes sobre o orçamento, mas o Secretário Raimundo do Rosário remeteu explicações ao GDI. Em resposta ao HM, o organismo garantiu que, afinal, “até à data foram submetidos parte dos projectos” pelos SS. “Os projectos [de fundações] do Instituto de Enfermagem e do Edifício Residencial para Trabalhadores foram submetidos no quarto trimestre de 2014 e no segundo trimestre de 2015 iniciaram-se os respectivos trabalhos de construção de fundações. No segundo trimestre de 2015, recebemos os projectos de fundações do Hospital Geral e do Edifício de Apoio Logístico e também do Edifício de Administração e Multi-Serviços e estima-se iniciar os respectivos trabalhos de construção [destas fundações] no final do corrente ano”, começa por dizer o organismo. Só no segundo e terceiros trimestres deste ano é que o Gabinete recebeu “parte dos projectos de super-estrutura dos edifícios” do Instituto de Enfermagem, do Edifício Residencial para Trabalhadores, do Hospital Geral e do Edifício de Apoio Logístico. Ontem, contudo, os SS admitiram querer entregar GDI, até Janeiro, todos os projectos que ainda faltam relativamente à construção do Hospital. Só aí poderá haver avanços. “A entrega será em Janeiro do próximo ano ao GDI para abertura do concurso público [para construção]”, disse o director dos SS, Lei Chin Ion. Um grande bico de obra Indicando que a obra tem 77 mil metros quadrados e é constituída por sete edifícios, praça, passagens superiores, vias rodoviárias e infra-estruturas de apoio, o GDI diz que o projecto é “de grande escala”, necessitando sempre de pareceres técnicos. Neste momento, o gabinete conta então com “parte dos projectos dos edifícios”, sendo que cada um “necessita de passar por um processo de avaliação em que é necessário recolher pareceres técnicos de mais de dez entidades”. Os SS dizem que “[a maioria dos serviços competentes] entregou parecer dentro de um mês”, como disse Lei Chin Ion, que destaca que cada uma destas fases costuma demorar, em média, meio ano. Após a avaliação há ajustamentos e só depois “quando se encontrarem reunidas as condições necessárias”, o Gabinete dará início ao concurso público para a construção. Orçamento a subir Em Janeiro deste ano, os SS anunciaram que o orçamento global iria ser conhecido após meados deste ano, confirmando que as obras poderão estar concluídas em 2017, com excepção do hospital de reabilitação. Lei Chin Ion deu ainda a entender que o orçamento para o novo hospital pode vir a ser superior a dez mil milhões de patacas, à semelhança do que já tinha sido afirmado em Janeiro. “O preço de 2012 é diferente, já foi actualizado e já tem versões diferentes. O orçamento depende dos materiais que são usados no edifício e que serão aprovados, só teremos um orçamento mais concreto depois da abertura do concurso. O montante apresentado anteriormente é diferente.” A conferência de imprensa decorreu depois de Alexis Tam ter visitado as instalações do futuro Centro de Saúde Pública em Coloane, destinado ao tratamento de doenças infecciosas, bem como o serviço de Psiquiatria na Taipa e o novo alojamento para trabalhadores de emergência (ver textos secundários).
Flora Fong SociedadeTabaco | Mais pessoas deixaram de fumar devido ao aumento do imposto [dropcap style=’cricle’]A[/dropcap]Associação para a Abstenção do Fumo e Protecção da Saúde afirmou que os pedidos de ajuda para a desistência de fumar aumentaram 30% nos primeiros oito meses deste ano, tendo “subido significativamente” depois do aumentar do imposto sobre o tabaco, em Julho passado. Segundo o canal chinês da TDM, o presidente da Associação, Ao Ka Fai, disse, numa actividade do “Dia de Saúde” no sábado passado, que de Janeiro a Agosto deste ano o número de pessoas que pediram ajuda para deixar de fumar aumentou cerca de 30%, comparado com o período homólogo. Após a implementação do aumento para o dobro do imposto sobre o cigarro, Ao Ka Fai diz que o número de pedidos aumentou de forma exponencial. “Uma das maiores razões para as pessoas quererem deixar de fumar é o preço dos cigarros. Antes era pouco mais de 20 patacas por um pacote, agora aumentou para as 50 patacas. Isso quer dizer que as medidas relacionadas com a economia têm um grande efeito no consumo de tabaco e são dissuasórias.” O responsável avançou que a maioria das pessoas que tencionam desistir de fumar é do sexo masculino e tem mais de 35 anos. Ao Ka Fai disse ainda que a Associação tem acompanhado a população e o vício do tabaco, fazendo estatísticas via telefone, que resultam em dados que mostram que todos os anos existem cerca de 20 a 30 % das pessoas que conseguem deixar de fumar.
Flora Fong SociedadeCanídromo | Metade dos entrevistados em pequeno inquérito querem encerrar espaço [dropcap style=’cricle’]A[/dropcap]União Geral das Associações dos Moradores de Macau (Kaifong) publicou um inquérito onde mostra que apenas cerca de 40% dos residentes quer manter as corridas de galgos no Canídromo, sendo que 50% esperam que o espaço seja encerrado ou mude para outro sítio. O inquérito teve apenas em conta um universo de 902 moradores, onde 10% manifestaram não ter sequer uma opinião face ao assunto. Dentro da maioria que quer ver o Canídromo encerrado, 35% querem habitação pública no local. Sam Keng Wuan, representante dos Kaifong, explicou ainda que 30,15% dos entrevistados considera que as apostas e galgos “ajudam muito” no desenvolvimento turístico e na economia da zona norte, enquanto 38,14% acham que pouco ou nada ajuda. Cerca de 40% das opiniões dizem que as corridas de galgos causam ruído e 30% acham que existem problema de cheiros na zona devido ao espaço. Para o presidente da Associação de Mútuo Auxílio dos Moradores da Ilha Verde, Cheong Git, o facto das receitas das corridas de galgos terem diminuído de 340 milhões em 2010 para 145 milhões de patacas em 2014 mostra que a ajuda económica e de desenvolvimento turístico do espaço é limitada. O contrato de exclusividade do Canídromo vai expirar no final do ano, mas o Secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong, já revelou que o Governo tenciona renovar o polémico contrato temporariamente sem alterar as condições.
Leonor Sá Machado Manchete SociedadeEducação | Jovens de Macau dão prioridade a dinheiro e bens materiais por “influência social” Os jovens de Macau não se assumem como consumistas e materialistas, mas estudos de académicos da RAEHK e da DSEJ dizem o contrário: os valores já não são o que eram e quem está agora na universidade prefere um emprego com boa remuneração a uma carreira de sonho [dropcap style=’cricle’]É[/dropcap]comum ouvir-se dizer que a sociedade chinesa está, há já alguns anos, imersa numa era de consumismo, onde as pessoas valorizam os bens materiais e o dinheiro acima de qualquer outra coisa. E há estudos que o comprovam – as tradições continuam, certamente, bastante demarcadas no país, mas é aos bens materiais que os mais novos se aliam. o HM foi tentar perceber se esta tendência também acontece em Macau ou se se cinge somente ao continente. Para os estudantes por nós ouvidos as coisas não são bem assim, mas para a professora do departamento de Comunicação da Universidade Baptista de Hong Kong, Kara Chan, esta é uma realidade já bastante visível. Há ano e meio, Chan publicou um estudo onde explora as diferentes fontes para a aquisição de valores materialistas entre os jovens da RAEM e a pesquisa, que data de final de 2013, mostra que o elemento que mais fomenta o materialismo entre os jovens – entre os 13 e os 20 anos de idade – é a relação entre pais e filhos e colegas de escola. Mas o documento enfatiza ainda uma forte influência da própria cultura. “A cultura Chinesa coloca muito ênfase na faceta social, pelo que a comparação social de consumo entre amigos é promovida”, refere Chan. Apoiado pelo Instituto Cultural, o estudo “Desenvolvimento de Valores Materialistas entre as Crianças e Adolescentes” determina que a grande maioria dos jovens debate, em conversas corriqueiras, as últimas compras e novidades de conhecidas marcas de roupa e sapatos. “A troca de experiências de consumo espoleta o desejo de saber se os seus colegas e amigos compraram, ou não, determinados objectos de certas marcas”, informa. Os valores aqui tão perto Um dos obstáculos à obtenção de dados honestos foi, de acordo com Chan, o facto do estudo consistir num questionário preenchido pelos alunos: estes sentem a necessidade de fazer com que as suas respostas correspondam à ideia social que se quer fazer passar. Foi precisamente isso que aconteceu com os alunos entrevistados pelo HM: a grande maioria não se perspectiva como consumista, mas admite viver num ambiente escolar do género. O intervalo para almoço varia de escola para escola, mas os jovens de t-shirt branca e calções azuis, do Instituto Salesiano de Macau, enchem as ruas de São Lourenço das 12h00 às 13h00. A meio caminho, o HM encontrou meia dúzia deles – literalmente –, mas só três puseram a vergonha de lado e decidiram dar o seu testemunho. Em causa está a vontade de seguir os estudos numa instituição de ensino superior ou, por outro lado, a preocupação em arranjar um emprego que pague bem ao final do mês. “Todos queremos ir para a universidade”, declararam, sem hesitações. O primeiro no palanque foi Larry, que admite querer um bom ordenado, mas não sem primeiro estar a fazer o que gosta. “O ideal seria poder juntar as duas coisas”, explica. A ideia, dizem todos, é ingressar na faculdade. Uns querem o curso de Comunicação e há mesmo quem vejo nos seus docentes um modelo a seguir: “quero estudar para um dia ser professor”, diz-nos Ronaldo. “Quero estudar fora, mas depois voltar para Macau e exercer aqui a minha profissão enquanto professor.” No que diz respeito ao valor dado ao dinheiro, Larry afirma não dar “grande importância”, pelo que prefere saber que faz o que gosta ao invés de ter um cheque chorudo ao final do mês. Os estudantes, que frequentam os 11º e 12º anos do Instituto Salesiano, afirmam que o dinheiro não traz felicidade, mas dois dos cinco amigos já têm um part-time e usam o ordenado para comprar “coisas na internet”. A Escola Secundária Estrela do Mar, junto ao Largo do Lilau, é, ao contrário dos Salesianos, mista. À porta estavam Catarina e Leong Iok I, que contam histórias diferentes para um futuro próximo. Ainda o 11º vai a meio e a primeira aluna está certa do que quer: “Quero estudar Medicina fora de Macau”, começa Catarina por dizer. “Não me importo onde tiro a licenciatura, mas o mestrado tem que ser tirado num sítio de renome”, acrescenta. Questionada sobre as suas prioridades, Catarina aponta que prefere um “emprego adequado às suas capacidades do que um que pague bem”. O estudo de Kara Chan determina que a atitude dos pais face ao consumismo influencia em muito a forma como os jovens perspectivam o futuro e reagem em sociedade. “Uma vez que a comparação social de consumo tem um forte efeito directo no apoio de valores materialistas, os pais e educadores deviam desencorajar as crianças e os jovens a comparar padrões de consumo e bens com os seus amigos”, aponta Chan. Mas os pais de Catarina não se identificam neste padrão… pelo menos não totalmente. “Os meus pais são liberais nessa matéria, preferem que escolha uma coisa que eu goste, mas também já deixaram a ideia de que seria bom juntar uma boa carreira com um bom ordenado”, adiantou a jovem. De dentro para fora “Os jovens de Macau estão, definitivamente, mais materialistas”, começa por dizer ao HM um professor de apelido Au. Especialista em Música e membro de um grupo de aconselhamento juvenil dos Salesianos, Au confessa debater-se frequentemente com este problema. “Os jovens fazem comparações, entre si, dos bens materiais que têm e isso vê-se nos trabalhos que os professores mandam fazer”, explica. “Entre eles, focam-se muito no dinheiro e olham para os bens materiais como símbolo de riqueza”. O docente vê a sociedade e o ambiente familiar como os principais influenciadores desta tendência. E diz que esta começa a tornar-se visível entre o 8º e o 9º ano. Questionado sobre a existência de valores sociais entre estes alunos, Au refere que ainda não conseguiu determinar se os jovens seguem algumas destas premissas, como são a preocupação com os mais velhos, a contribuição para a economia do lar, entre outras. Além de alunos de escolas secundárias, o HM também entrevistou jovens universitários. Célia é estudante de Tradução no Instituto Politécnico de Macau (IPM) e concorda com a tendência de consumismo desenfreado em Macau. “A maioria dos jovens, incluindo eu, quer ganhar mais dinheiro para gastar em coisas de que realmente gostamos, até porque há quem compre só porque os outros têm também, como casas ou automóveis”, começou por dizer. Célia criticou esta vertente social que, diz, tem vindo a conquistar cada vez mais adeptos. “Conheço muita gente que age por imitação, por vezes sem pensar no seu próprio poder de compra”, adiantou. “Há mais pessoas a querer frequentar cursos, mas por crerem que dá um certo status quo”, acrescentou a finalista. Remuneração acima de tudo Em 2012, num universo de mais de 3100 jovens residentes, nota-se uma clara propensão para priorizar uma alta remuneração e uma carreira estável. Estes dois elementos sobrepõem-se às preocupações com a saúde ou as relações interpessoais. As informações foram publicadas num estudo realizado há dois anos e meio pelo Gabinete Coordenador dos Serviços Sociais Sheng Kung Hui Macau. Embora apenas 2% da população juvenil tenha sido inquirida, os dados não enganam: uma esmagadora maioria destes jovens concorda com a persecução dos estudos – 77,5% – e mais de metade deles concorda que “quando escolhem um emprego, a primeira coisa a ponderar é a remuneração”, um resultado que o Gabinete afirma ser semelhante ao verificado em 2010. Quando questionados acerca das prioridades futuras, uma esmagadora maioria de 84,2% aponta os estudos e uma carreira como o elemento mais importante. Comparativamente, a vontade de formar família através da contracção do matrimónio parece ter crescido cerca de 5%, com 65,3% dos inquiridos a concordarem com o casamento. O mesmo estudo parece mostrar uma maior confluência entre os valores tradicionais na China e da globalização: assim, junta-se a vontade de esperar para ter relações sexuais depois do casamento, com a de optar por um emprego que pague bem. É que o mesmo estudo mostra um claro aumento nos alvos das despesas destes jovens : cerca de 58,7% e 48,7% dos jovens dão prioridade à compra de acessórios de entretenimento e peças de vestuário. Um curso no papel Se se tomar como base as declarações do professor Au e dos dois estudos aqui referidos, pode dizer-se que um curso superior é das etapas mais importantes para os jovens locais, mas nem sempre para seguir à risca as saída profissionais que dita. Isto porque, de acordo com o estudo do Gabinete, a maioria pretende ter uma conta bancária gorda, a desempenhar o trabalho dos seus sonhos sem grandes expectativas salariais. Segundo dados fornecidos ao HM pelo Gabinete de Apoio ao Ensino Superior, o número de novos alunos locais em instituições universitárias pouco cresceu desde há cinco anos. No ano lectivo 2010/2011 estavam 17.300 pessoas inscritas em instituições de ensino superior locais, número que não difere em muito com os 18.600 que deram entrada no ano lectivo passado. A área que mais estudantes junta é a de Comércio e Gestão. Há cinco anos, 16.400 dos mais de 17 mil optaram por esta área. Já o curso mais requisitado é o mestrado em Gestão de Empresas, no qual entraram 4400 alunos na Universidade Cidade de Macau (UCT) em 2010 e outros três mil na Universidade de Ciência e Tecnologia (MUST). Ao contrário do que se poderia pensar, são estas as duas universidades que lideram o ranking de inscrições, segundo o GAES. Os dados não mostram sequer a Universidade de Macau, que no ano passado estreou o seu novo campus na Ilha da Montanha, prevendo aumentar exponencialmente o seu corpo estudantil. Ajuda externa De entre as soluções de Kara Chan para colmatar este problema que considera estar a “crescer progressivamente”, está uma maior atenção dos pais e professores às crianças, de forma a que seja possível moldar-lhes os valores fora do círculo do consumismo e da comparação social. “Os pais e educadores deviam ajudar os jovens a distinguir entre ‘querer’ e ‘precisar’, discutindo com eles como lidar com o seu próprio estatuto social de bens materiais”, aponta a académica de Hong Kong. A directora do departamento de Comunicações adianta uma outra sugestão interessante, desta vez dirigida ao Governo local. “O Executivo deve dar início a um programa educativo para as crianças de Macau no sentido destas desenvolverem uma atitude saudável em relação ao dinheiro, à gestão financeira e à aquisição de bens materiais”.
Flora Fong SociedadePearl Horizon | Manifestação frente à sede da Polytec [dropcap style=’cricle’]C[/dropcap]erca de 300 proprietários de fracções do edifício Pearl Horizon manifestaram-se contra o construtor, o Grupo Polytec, solicitando a assunção de responsabilidades no atraso da conclusão do empreendimento. O projecto deveria ter sido concluído este ano, mas o construtor diz só conseguir acabá-lo em 2018. Depois da entrega de uma carta na Sede do Governo na semana passada, os proprietários entregaram no sábado passado uma carta na sede da construtora, a Sociedade de Importação e Exportação Polytec na Avenida do Nordeste, empunhado cartazes onde se podia ler “Grupo Polytec devolve-nos a casa”. Os protestos foram acompanhados por Si Ka Lon e Ella Lei, de acordo com a TDM. Ng, um dos proprietários, afirmou que já reuniu na semana passada com a Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) e assegura que o subdirector do organismo prometeu que “vai dar uma resposta à questão no final de Outubro”. Os proprietários esperam que o Governo e o construtor cheguem a um consenso o mais rápido possível, uma vez que poderá estar em causa a não prorrogação do contrato, ainda que o Governo não parece inclinado para tal. Os queixosos pediram para falar directamente com o presidente do grupo, Or Wai Sheun, mas não foi possível. Entretanto, Sónia Chan, Secretária para a Administração e Justiça, assegurou que o “Governo vai empenhar-se ao máximo para garantir os interesses dos pequenos proprietários sob o princípio da legalidade”, estando já a estudar a questão da prorrogação ou não do contrato com a empresa. Contrato que expira no final do ano.
Flora Fong SociedadeIAS | Quase dois mil pedidos de ajuda de famílias monoparentais [dropcap style=’cricle’]O[/dropcap]Instituto de Acção Social (IAS) anunciou que foram tratados mais de 1800 pedidos de ajuda de famílias monoparentais junto das instituições de serviços sociais locais desde 2003. Segundo o instituto, a maioria dos pedidos de ajuda vem de mulheres. Segundo o Jornal do Cidadão, o chefe do Departamento da Família e Comunidade do IAS, Ao Chi Keong, relembrou que desde 2003 que existe uma rede de apoio às famílias monoparentais, tendo esta aumentado de cinco entidades de serviços sociais para as 34 actuais. Até ao momento, já foram tratados mais de 1800 casos de pedidos de ajuda: destes, 200 casos já passaram a ser famílias compostas por duas ou mais pessoas, ainda que 1500 casos continuem a precisar da ajuda dos serviços do IAS por ainda terem de lidar com a situação de monoparentalidade. Ao Chi Keong avançou que os pedidos de ajuda são principalmente provenientes de mulheres, seguindo-se as crianças cujo pai ou mãe morreram ou de casos de penas de prisão. O responsável disse que o IAS tem como objectivo que todos os assistentes sociais possam oferecer mais apoios, exigindo que cada profissional trate de , pelo menos, 20 casos por ano. Até porque, diz, poderão surgir mais casos com a entrada em vigor da Lei da Violência Doméstica. “Temos 200 assistentes sociais, podemos aceitar no mínimo quatro mil casos. Há o potencial de que estes venham a aumentar, devido à implementação da Lei contra a Violência Doméstica e o aumento da existência de diversos problemas familiares” rematou.
Hoje Macau Manchete SociedadeNg Lap Seng | Relatório diz que empresário tem má reputação e ligações perigosas [dropcap style=’cricle’]U[/dropcap]m relatório encomendado por uma operadora de Jogo descreve o empresário de Macau Ng Lap Seng, acusado pelos EUA de subornar ex-dirigentes da ONU, como “tóxico” devido a alegadas ligações a tríades e redes de prostituição. O relatório elaborado em 2010 pela empresa de investigação privada de Steve Vickers, antigo chefe do Gabinete de Informações Criminais da Polícia de Hong Kong, foi revelado há poucos dias pelo Programa de Jornalismo de Investigação da Universidade de Berkeley, Califórnia, e traça um perfil do magnata. A Sands quis avaliar os riscos de estabelecer negócios com Ng. A resposta foi clara: “A Internacional Risk sublinha que a reputação de Ng e as suas relações são bem mais tóxicas do que as do típico magnata chinês de Macau (…) Recomendamos à Sands que proceda com extremo cuidado em qualquer relação que estabeleça, já que associar-se com ele pode representar um grande risco à reputação” da empresa. Recorde-se que, segundo a imprensa, Ng Lap Seng seria a ligação de Leonel Alves, advogado da Sands, em Pequim para que fosse possível avançar com a venda dos hotéis do Four Seasons. No relatório de cerca de 70 páginas, Vickers revela como Ng é descrito na imprensa como um “senhor do crime de Macau” e uma das figuras que controlam o tráfico internacional de prostituição no território. Má Fortuna, amor ardente O seu Hotel Fortuna, diz o relatório remetendo frequentemente para artigos de jornais (alguns dos anos 1990), era frequentado por membros da tríade Shui Fong, à qual se suspeita que Ng pertença, segundo “uma fonte do Governo ligada à regulação de jogos de Macau”. Ng é descrito como bem conectado em termos políticos, tanto em Macau como na China – a discoteca do Hotel Fortuna era, aliás, muito frequentada por generais do Exército de Libertação Popular, indica o documento. Entre 1999 e 2000, Ng adquiriu 34,5% do capital da Teledifusão de Macau, 15% vendidos pelo antigo Chefe do Governo Edmund Ho, e 19,5% pelo magnata Stanley Ho. Foi responsável, em 2001, a par do Governo, pelo lançamento da Feira Internacional de Macau, que ainda hoje decorre anualmente. O relatório observa ainda que o empresário recebeu diversas medalhas e distinções de Macau e da China e também, em 2009, um prémio do Comité dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio da Organização das Nações Unidas (ONU). São também conhecidas as suas doações ao Partido Democrático dos Estados Unidos nos anos 1990 e à Administração de Bill Clinton, noticiadas na imprensa norte-americana por suscitarem suspeitas de que tivessem origem ilícita. Menos conhecido é o seu alegado envolvimento na aquisição daquele que viria a ser o primeiro porta-aviões chinês. Segundo apurou Vickers, Ng terá sido o empresário por detrás da compra, num leilão, de um antigo porta-aviões russo, o Varyag, em 1998. O negócio foi feito através de uma empresa registada em Macau chamada Chong Lot por 20 milhões de dólares, que declarara a intenção de converter o navio num casino flutuante. No entanto, o Varyag “está actualmente [em 2010] a ser requalificado e há especulações que se vá tornar um porta-aviões operacional nos próximos anos”. De facto, foi apresentado ao mundo em 2012 com o nome Liaoning. Em Macau, onde Ng chegou em 1979, vindo do condado de Jiujiang, na província chinesa de Guangdong, construiu também o complexo residencial Windsor Arch. Em declarações ao jornal de Hong Kong South China Morning Post, Vickers reafirmou as conclusões do relatório, mas rejeitou comentar por motivos legais. Por seu lado, o advogado de Ng, Kevin Tung, disse ao jornal que os conteúdos do relatório são baseados em “rumores”, não sendo “admissíveis em tribunal nos Estados Unidos”. “As pessoas podem dizer o que quiserem, [mas] sujeitam-se a acusações de difamação. Nesse sentido, não tenho nenhum comentário sobre essas alegações não fundamentadas”, afirmou. ONU rejeita doação de 15 milhões de dólares A Organização Mundial das Nações Unidas (ONU) rejeitou uma doação do empresário Ng Lap Seng enquanto o também representante político de Macau está detido acusado de alegada corrupção. De acordo com a agência noticiosa France Press, o valor da doação era de 15 milhões de dólares americanos. O dinheiro era proveniente da Fundação Sun Kian Ip Group – a da empresa de Ng Lap Seng – e seria o remanescente de uma quantia anterior. Na sexta-feira, o escritório da ONU para a Cooperação Sul-Sul, a entidade mais mencionada no caso, disse que “não iria prosseguir” com a oferta da Sun Kian Ip. Em Abril, contudo, uma equipa da ONU tinha considerado a Fundação de Ng Lap Seng como “legítima”. A equipa – que veio especificamente a Macau com o propósito de avaliar a Fundação privada – considerou o empresário como “humilde, muito feliz por ter o encontro e por estar perto da ONU”, além de não ter sido detectado “qualquer problema”. Jorge Chediek, o novo director da Cooperação Sul-Sul da ONU, frisou ter encomendado a semana passada uma nova investigação interna a tudo o que esteja relacionado com a Fundação. A Sul-Sul recebeu 1,5 milhões de dólares da Fundação de Ng Lap Seng, sendo que faltariam estes 15 milhões. Chediek disse que se colocava a hipótese do dinheiro ser devolvido.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeMong-Há | Académicos questionam planos do Governo O Secretário Alexis Tam quer transformar a zona residencial de Mong-Há num pólo cultural que consiga atrair turistas. Mas o académico Anthony Wong, do IFT, pede um bom sistema de transportes para que isso aconteça. Vizeu Pinheiro defende a criação de pousadas da juventude e diz que os estudos já feitos não devem ser ignorados [dropcap style=’cricle’]M[/dropcap]ong-Há é feita de prédios residenciais, ruas cheias de trânsito, o espaço cultural Armazém do Boi e ainda um edifício de habitação social. Mas o Governo quer que seja bem mais do que isso, ao ponto de se transformar num pólo cultural com actividades que consigam atrair a atenção dos turistas. Contudo, Anthony Wong, docente de turismo do Instituto de Formação Turística (IFT), instituição universitária localizada em Mong-Há, acredita que esse objectivo vai ser difícil de atingir. “Para começar, não sei se os turistas estão interessados em deslocar-se até à zona de Mong-Há. Penso que vai ser um desafio atrair turistas para aquela zona. Sabemos que o sistema de transportes nessa área é mau, o que é um constrangimento”, disse o docente ao HM. “Há uma parte dos turistas que está interessada na cultura, mas não todos os turistas. Essa área tem de ser atractiva para os turistas, com algo que valha a pena uma visita e não sei o que poderá ser feito [nesse sentido]. Também tenho dúvidas sobre qual seria a melhor área para levar os turistas, numa zona tão movimentada. Há muito trânsito, é uma zona residencial e um bom sistema de transportes tem de surgir em primeiro lugar”, acrescentou ainda Anthony Wong. Já o arquitecto Francisco Vizeu Pinheiro acredita que “a Avenida Coronel Mesquita pode ser um eixo turístico”, pedindo ao Governo para ter em conta os estudos académicos que já foram realizados sobre a requalificação da zona, tal como um trabalho de campo realizado pelos alunos da Universidade de São José, IFT, Universidade de Hong Kong e uma instituição do continente. Uma das propostas, contou Vizeu Pinheiro ao HM, referia-se à construção de uma ligação entre o Armazém do Boi e a zona do Forte de Mong-Há, “que está praticamente às moscas”. A ideia seria construir uma escada mecânica entre os dois locais. “As propostas feitas pelo mundo académico devem ser consideradas pelo Instituto Cultural (IC). Lembro-me que foi feito uma espécie de inquérito ou consulta à população local e a turistas, e esse é um trabalho que está com o IFT, mas é uma pena não se aproveitarem esses estudos de quatro universidades sobre este tema”, disse ainda o arquitecto. O que fazer com as casas? Na Avenida Coronel Mesquita encontram-se ainda várias casas tradicionais que o Governo queria transformar em museus, mas que, até ao momento, permanecem como sempre foram: de habitação. Para Vizeu Pinheiro, as estruturas já existentes não devem ser alteradas. “O mais autêntico é manter as casas na sua função original e serem residências, ou relacionadas com a residência, com uma adaptação para cafés ou bares, porque algumas casas ainda estão ocupadas e penso que deveriam manter-se. São casas pequenas, penso que é algo que tem de ser estudado e podem haver várias alternativas.” Uma delas, segundo o arquitecto, poderia ser a construção de pousadas da juventude. “É uma categoria que falta e pode-se experimentar o património das casas portuguesas, que é autêntico e vivo, não é uma coisa que está só no museu. A história que vai ser narrada neste espaço cultural deve ser uma história de matriz portuguesa e a história chinesa dessa zona”, defendeu. A ideia de transformar a zona de Mong-Há numa área cultural foi confirmada na passada quinta-feira pelo Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, que anunciou a integração do espaço Armazém do Boi, que já realiza diversas actividades de cariz cultural. O HM contactou os responsáveis do Armazém do Boi, mas não foi possível obter uma reacção até ao fecho desta edição.
Joana Freitas Manchete SociedadeSegurança | Prometidas mais medidas contra imigração ilegal Mais câmaras de videovigilância, mais patrulhas e mais operações. São as promessas do Governo face à tendência de aumento da migração ilegal para Macau, de onde saíram quase duas mil pessoas repatriadas só este ano [dropcap style=’cricle’]O[/dropcap] Secretário para a Segurança disse ontem que vai aumentar a segurança nas áreas marítimas e na Universidade de Macau na Ilha da Montanha, pontos que, diz, são comuns à passagem de ilegais para Macau. Numa visita de reconhecimento feita ontem por Wong Sio Chak, o responsável disse ainda que mais de mil pessoas já foram repatriadas só este ano. “Estamos atentos ao problema da imigração ilegal. Vamos ajustar as estratégias de combate, fazendo uma avaliação dos casos concretos e tendências por forma a melhor planear as operações, e vamos intensificar a cooperação entre os serviços fronteiriços de Guangdong e de Macau, garantindo a estabilidade da segurança de Macau”, começa por dizer um comunicado que cita o Secretário para a Segurança. Dados passados aos jornalistas durante a visita indicam que as autoridades repatriaram 1810 desde Janeiro a Setembro, um aumento que – face ao mesmo período do ano passado – é de 64%. Wong Sio Chak tem uma explicação para o fenómeno. “Com as restrições na emissão de vistos para Macau implementadas pela China continental nos últimos dois anos e com o reforço na intercepção e fiscalização dos imigrantes ilegais por parte das autoridades, o número aumentou subitamente”, frisa, acrescentando que há mais justificações para o facto de Macau continuar a ser um ponto de entrada preferido para ilegais. “Há vários anos que o problema de migração ilegal não se consegue reprimir na sua totalidade e a principal razão deve-se à existência de diferenças entre a situação económica geral de Macau e das regiões vizinhas, o que cativa a entrada ilegal de delinquentes. A isto junta-se a favorável situação geográfica de Macau, uma vez que grande parte do território está cercado por mar e a maioria das correntes marítimas das águas circundantes são calmas. Acresce, ainda, a ligação terrestre com a China continental, bem como a complexidade do ambiente das águas costeiras, o que facilita a mudança constante dos pontos de tomada e largada de imigrantes ilegais na costa, com o objectivo de escaparem à fiscalização dos agentes da autoridade”, frisa o Secretário num comunicado. Coloane e Hengqin Segundo os dados, os ilegais entram em Macau principalmente por barco, por via terrestre e até a nado. A zona da praia de Hac Sá é um dos pontos identificados como sendo uma entrada, com mais de 900 pessoas a serem apanhadas no local, perto do Grand Coloane Resort, e ao longo dos trilhos. Também o novo campus da Universidade de Macau na Ilha Montanha é outro dos pontos preferidos. Em 2014, 51 pessoas passaram de forma ilegal o muro, que este ano recebeu autorização para ser aumentado. Foi ainda colocada uma estrutura semelhante a arame farpado no cimo da parede e estão planeadas mais câmaras dos que as 70 já existentes. Nestes nove meses, apenas seis ilegais saltaram o muro, algo que o Secretário atribuiu ao reforço da segurança. “Com vários reajustamentos de efectivos policiais, com o reforço de aplicação das leis e ainda com o melhoramento gradual das instalações de segurança da universidade, a transposição dos muros diminuiu significativamente. Actualmente, os Serviços de Alfândegas (SA) estão também a planear estender as boas experiências de combate à migração ilegal adquiridas do campus universitário para outros locais de semelhante natureza”, frisa Wong Sio Chak. À espera do pior Apesar da promessa de reforço, a Secretaria para a Segurança admite que a migração ilegal mostra tendência para aumentar e prevê que estas redes “se organizarão melhor e tornarão mais difícil a sua descoberta”. Assim, as autoridades vão continuar a ajustar os recursos e a melhorar as operações contra a migração ilegal, passando estas por reforçar as operações STOP nas estradas e as operações conjuntas entre organismos públicos da RAEM, mas também da China.
Leonor Sá Machado SociedadeMGM | Empresa promove iniciativas de parceria com PME locais [dropcap style=’cricle’]A[/dropcap]MGM pretende criar uma série de parcerias com PME locais, de forma a promover esta indústria. No passado dia 7, a operadora anunciou a organização, juntamente com o Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM) e a Câmara do Comércio de Macau, da realização da Sessão de Bolsas de Contacto de Negócios de PME e do MGM, a ter lugar no dia 30 de Novembro. A mesma conferência serviu ainda para discutir o eventual estabelecimento de um Comité de PME com a MGM. A MGM tem vindo, de acordo com um comunicado, a promover o desenvolvimento de indústrias locais de pequena dimensão, assim “nutrindo e trabalhando com negócios locais emergentes para manter a sua visão de ‘Criar uma Macau Melhor’”, explica a empresa. De acordo com dados oficiais, cerca de 80% das suas compras foram efectuadas com negócios locais de Macau, no sentido de reforçar a expansão dos dois lados: tanto as PME lucram, como a MGM fortalece a sua imagem junto do mercado e expande as suas possibilidades. De entre as várias áreas de cooperação, a MGM tem-se focado na segurança, limpeza, restauração, iluminação, decoração e mobiliário. As pequenas empresas que mais importam à operadora são aquelas que empregam até 15 funcionários, as que contratam pessoal até aos 45 anos e as que promovem as marcas de Macau. Grant Bowie é um dos primeiros a aplaudir este tipo de iniciativas: “As PME locais são importantes para a economia de Macau e a MGM China tem vindo a desenvolver negócios e relações com PME de Macau desde 2007”, disse o director-executivo da empresa. Para que o sucesso seja atingido, esclarece, “é preciso que todos trabalhemos conjuntamente” com o Governo e o IPIM. “O sucesso da região será feito pelas pessoas de Macau”, frisou. Uma bolsa para não esquecer A bolsa de contacto do próximo mês vai compreender um conjunto de apresentações de empresas locais. Durante a iniciativa, os empresários presentes vão ter dez minutos para apresentar as suas ideias de negócio e os seus produtos. “A empresa também refere que o evento vai fornecer uma lista de itens que vai querer comprar em negócios locais”, informa a MGM em comunicado. No entanto, esta não será uma bolsa única, já que está prevista a realização de uma sessão deste género trimestralmente. A criação da já referida Comissão vai servir para discutir formas de expandir esta relação entre a gigante do Jogo e os negócios mais pequenos do território. O deputado e presidente da Câmara do Comércio de Macau explicou que a MGM China tem exercido “a sua responsabilidade social” através da promoção de um mercado diversificado. “Ao seu mercado, acrescentaram Micro PME, Marcas de Macau e Jovens Empresários no seu programa de PME, o que permitir expandir as oportunidades oferecidas a estas empresas”, começou por dizer. Isto, refere, é benéfico para a economia local e nutre as pessoas que estão interessadas em desenvolver o mercado empresarial. Negados problemas com a Dore De acordo com o jornal Ponto Final, a MGM negou a existência de problemas com a empresa de junkets Dore. A operadora tinha sido acusada como sendo uma das visadas no rombo de milhões de patacas por uma funcionária da Dore, mas aos jornalistas negou que isso tenha acontecido, como aconteceu com uma das salas VIP da empresa na Wynn. “Não tivemos nenhum caso semelhante como o que aconteceu na Wynn. Vamos continuar a seguir a lei para prevenir essas situações”, disse Grant Bowie, director-executivo do MGM.