Kim Jong-nam: Imprensa malaia fala em envio de restos mortais para Macau

Os restos mortais de Kim Jong-nam, o meio-irmão do líder da Coreia do Norte, vão ser enviados para a família em Macau. A notícia foi avançada ontem pela imprensa da Malásia. Era suposto o corpo ter sido enviado ontem para o território

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] notícia foi veiculada pelo Sun Daily, um jornal malaio: o corpo de Kim Jong-nam, o filho mais velho de Kim Jong-il, ia ser libertado do hospital da capital da Malásia, para ser enviado à família a viver em Macau. Kim Jong-nam foi assassinado a 13 de Fevereiro, no aeroporto de Kuala Lumpur, quando se preparava para embarcar rumo à RAEM.

Logo na primeira reacção à morte do irmão mais velho do líder da Coreia do Norte, Pyongyang reivindicou o corpo por ser um cidadão norte-coreano, apesar de não reconhecer tratar-se de Kim Jong-nam. As autoridades da Malásia negaram o pedido e seguiu-se um conflito diplomático entre os dois países. A confirmação da identidade seria feita mais tarde com recurso a ADN de um dos dois filhos que vivem em Macau.

No domingo, 41 dias depois da morte de Kim Jong-nam, jornalistas e repórteres de imagem – alguns deles acampados, desde o homicídio, à porta da casa mortuária do hospital, à espera de desenvolvimentos do caso – avistaram um carro funerário escoltado pela polícia. A viatura deixou a morgue do hospital duas horas mais tarde.

Rituais e inquéritos

Acredita-se que o corpo foi levado para uma localização não identificada para um ritual religioso. Não se sabe se os restos mortais terão sido cremados ou colocados dentro de um caixão.

A imprensa da Malásia diz ainda que o envio do corpo de Kim Jong-nam foi tratado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros do país, que tem estado em contacto com a família do primogénito de Kim Jong-il. Supostamente, os restos mortais seriam enviados ontem para Macau mas, até à hora de fecho desta edição, não havia desenvolvimentos sobre o assunto.

A transferência do corpo da casa mortuária aconteceu depois de vários polícias malaios terem entrado na embaixada da Coreia do Norte em Kuala Lumpur. Algumas notícias avançam que os agentes, todos eles ligados à divisão de combate à criminalidade, foram recolher os depoimentos de três norte-coreanos que estarão escondidos dentro da representação diplomática, para evitarem ser questionados sobre a morte de Kim Jong-nam.

28 Mar 2017

Secretário de Estado do Ambiente português vai participar no Fórum Ambiental de Macau

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] secretário de Estado do Ambiente português vai participar no fórum ambiental sobre desenvolvimento sustentável que vai decorrer em Macau entre quinta-feira e sábado, ontem anunciado.

Além de Carlos Martins, a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) também vai participar, “mas os detalhes ainda estão em desenvolvimento”, afirmou Vong Man Hung, vice-directora da Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental de Macau (DSPA), em conferência de imprensa.

Este ano, o tema do 10.º Fórum e Exposição Internacional de Cooperação Ambiental de Macau (MIECF, na sigla inglesa) é o “Desenvolvimento Verde Inovador para um Futuro Sustentável” e terá como orador principal Achim Steiner, antigo director executivo do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente e actual vice-presidente internacional do Conselho Chinês para a Cooperação Internacional em Meio Ambiente e Desenvolvimento.

O presidente do Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM), Jackson Chang, afirmou que nas nove edições anteriores da MIECF foram organizadas mais de quatro mil bolsas de contacto, que resultaram na assinatura de 241 projectos de cooperação. Destes, 187 (77,6%) já foram “postos em andamento”.

Chang não quis divulgar o valor dos investimentos feitos.

Atrás do tempo

O evento vai contar com uma sessão sobre a visita, organizada pelo IPIM, dos representantes das nove províncias do Grande Delta do Rio das Pérolas e das duas Regiões Administrativas Especiais de Macau e de Hong Kong (conhecido como grupo “9+2”) a Portugal e ao Brasil, este mês.

O presidente do IPIM não adiantou pormenores sobre essa visita, dizendo apenas que foi curta, “oito dias apenas, quatro no avião, três dias no Brasil, um em Portugal”.

“Foi um calendário bastante apertado, não tiveram tempo suficiente para visitar, o tempo foi investido em contactos. Mas visitaram a Amazónia. Porquê? Porque percebemos que precisam de diferentes tecnologias de informação, de protecção do ambiente”, explicou.

O Fórum Ambiental deste ano vai contar com mais de 50 oradores e tem uma área de exposição de cerca de 16.900 metros quadrados, com mais de 450 expositores de 17 países e regiões, incluindo países de língua portuguesa.

Tal como nos cinco anos anteriores, o orçamento é de 25 milhões de patacas.

28 Mar 2017

Lai Chi Vun | Vão-se os estaleiros, ficam as peças

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] Instituto Cultural (IC) recolheu vários objectos de valor de dois estaleiros de Lai Chi Vun. Em nota à imprensa, o organismo explica que, em coordenação com a Direcção dos Serviços de Assuntos Marítimos e de Água, concluiu recentemente o trabalho de mapeamento em dois dos estaleiros.

Objectos como reclames dos estaleiros, os pilares de madeira, as tabuletas espirituais dos Deus da Terra (Tou Tei) e de Lu Ban foram retirados pelo IC para que possam ser preservados. As peças serão aproveitadas no futuro, garante o Instituto, na fase que se irá desenvolver em seguida.

No comunicado, indica-se ainda que o IC mantém o trabalho de mapeamento dos outros estaleiros, sendo salientada a existência de uma boa comunicação com a DSAMA e os vários os departamentos envolvidos na questão.

Recorde-se que o Instituto Cultural será o responsável pela recuperação de um estaleiro e duas pequenas casas.

O plano de demolição de grande parte dos estaleiros de Lai Chi Vun tem sido recebido com desagrado por vários sectores, que gostariam de ver o local preservado, por ser o último espaço representativo da construção de embarcações em Macau. Duas das estruturas foram arrasadas no início deste mês. A Administração fundamenta o seu plano de demolição com a degradação dos estaleiros e a necessidade de manter a segurança no local.

27 Mar 2017

Receitas públicas caíram 6,7 por cento em 2016

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]s receitas da Administração de Macau caíram 6,7 por cento em 2016, mas as contas públicas continuam a apresentar um saldo positivo, apesar de o excedente ter caído 26 por cento.

De acordo com dados provisórios publicados no portal da Direcção dos Serviços de Finanças, a Administração de Macau arrecadou no final do ano passado receitas de 102,412 mil milhões de patacas.

Os impostos directos sobre o jogo – 35 por cento sobre as receitas brutas dos casinos – foram de 79,482 mil milhões de patacas, uma diminuição de 5,9 por cento face a 2015.

A importância do jogo reflecte-se no peso que o imposto detém no orçamento: 77,6 por cento nas receitas totais, 78,4 por cento nas correntes e 89,8 por cento nas derivadas dos impostos directos.

Ao contrário da receita – onde todos os componentes registaram descidas em termos anuais homólogos –, a rubrica da despesa registou aumentos. A despesa global subiu 0,3 por cento face a 2015, para 80,730 mil milhões de patacas.

No âmbito do PIDDA (Plano de Investimentos e Despesas de Desenvolvimento da Administração) foram gastos 8,519 mil milhões de patacas, menos 4,8 por cento que em 2015.

Entre receitas e despesas, a Administração de Macau acumulou um saldo positivo de 21,681 mil milhões de patacas em 2016, isto apesar de a ‘almofada’ financeira ter emagrecido 26 por cento face ao ano anterior.

Casinos e contracções

Os casinos de Macau fecharam 2016 com receitas de 223,210 mil milhões de patacas, uma queda de 3,3 por cento face ao cômputo do ano anterior.

Em Fevereiro, os casinos tiveram receitas de 22,991 mil milhões de patacas, um aumento de 17,8 por cento face ao período homólogo de 2016. Foi a maior subida desde Fevereiro de 2014, segundo os dados da Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos.

A economia de Macau contraiu-se em 2016 pelo terceiro ano consecutivo, com o Produto Interno Bruto (PIB) a cair 2,1 por cento em termos reais, apesar da recuperação da indústria do jogo. No entanto, a agência de notação financeira Fitch prevê que o PIB cresça 2,5 por cento em termos reais este ano, apoiado pelo crescimento das receitas do jogo, depois da contracção de 2,1 por cento em 2016.

27 Mar 2017

Desaparecimento | Funcionário de ONG de Taiwan estará na China

 

[dropcap style=’circle’]U[/dropcap]m funcionário de Taiwan de uma organização não-governamental que ajudava activistas na China encontra-se desaparecido, receando-se, à semelhança de outros casos, que tenha sido detido pelas forças de segurança chinesas, alertou a Amnistia Internacional (AI).

As autoridades de Taiwan tem informação de que Lee Ming-cheh cruzou a fronteira através de Macau no passado dia 19, mas desde então desconhece-se qual é a situação e não há qualquer registo da sua entrada num hotel ou da sua detenção, aponta a AI num comunicado.

O taiwanês, que colaborou no passado com o pró-independentista Partido Democrático Progressista de Taiwan, trabalha para uma organização que ajudava grupos civis e activistas na China, se bem que, desta vez, terá viajado para o país para gerir o tratamento médico da sua sogra.
“O facto de Lee Ming-cheh ter desaparecido volta a gerar sérias dúvidas sobre a segurança das pessoas que trabalham com a sociedade civil na China”, afirmou o director da AI na região, Nicholas Bequelin.

A história que se repete

Bequelin pediu às autoridades de Taiwan e da China que informem a família de Lee sobre as diligências que estão a tomar para o encontrar ou que divulguem o seu paradeiro. Até à data, Pequim não fez qualquer declaração sobre o que terá acontecido ao funcionário da organização não-governamental.
A mulher de Lee contactou o Gabinete Económico e Cultural de Taipé em Macau, onde lhe confirmaram que tinha abandonado o território.
O caso assemelha-se aos de dissidentes, activistas, advogados e outros trabalhadores de organizações não-governamentais que desapareceram, reaparecendo meses depois sob custódia na China.
Em muitas destas situações, as pessoas em causa estiveram confinadas em centros de detenção secretos, onde a lei chinesa permite que um cidadão seja mantido até seis meses sem obrigação de informar sobre o seu paradeiro, nem de providenciar contacto com um advogado ou familiares se tal colocar em perigo a segurança do Estado.
Grupos de direitos humanos advertiram que esta medida dá lugar a torturas que ficam impunes devido à falta de controlo.

27 Mar 2017

Novo serviço de rádio-táxis arranca este sábado

[dropcap style=’circle’]É[/dropcap] já a partir do dia 1 de Abril que começam a circular os 50 veículos da Companhia de Serviços de Rádio Táxi Macau SA, sendo que outros 50 deverão começar a circular até ao final deste ano. Segundo um comunicado, 35 veículos serão destinados ao transporte normal de passageiros, sendo que dez carros são de “grande porte” e apenas cinco serão destinados ao transporte de pessoas com mobilidade reduzida. A concessão do serviço a esta empresa foi feita por um período de oito anos. Os pedidos de transporte poderão ser feitos não apenas por telefone mas também via aplicação móvel ou no website da própria empresa.

Praças fixas

Numa fase inicial a Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) irá fixar um total de 14 paragens para estes táxis, as quais ficam situadas na zona da Barra (Rua do Dr. Lourenço Pereira Marques), Fai Chi Kei (Rua do Comandante João Belo), Areia Preta (Rua Central da Areia Preta), Hospital Kiang Wu (Rua de Tomás Vieira), Centro Hospitalar Conde de São Januário, Colégio do Sagrado Coração de Jesus (Rua do Padre João Clímaco), Dynasty Plaza (Rua de Bruxelas), Edifício do Lago (Rua de Pequim), Baixa da Taipa (Rua do Regedor), Seac Pai Van (Avenida de Ip Heng), Pavilhão Polidesportivo Tap Seac (Rua Filipe O’Costa), Portas do Cerco (Rua Marginal do Canal das Hortas), Aeroporto e Terminal Marítimo de Passageiros da Taipa (Rua Son Keng) e Praia Grande (Avenida Comercial de Macau). Caso seja necessário, “não se descarta, no futuro, a possibilidade de criar mais locais de espera nos locais adequados”, aponta a DSAT.

Todos iguais

No que diz respeito às tarifas, os táxis especiais irão cobrar a mesma quantia que os táxis normais, com excepção da cobrança de cinco patacas como taxa de chamada. Caso o cliente faça a marcação uma hora antes, não terá de pagar este valor. Os passageiros podem ainda fazer o pagamento da tarifa através do Macau Pass, bem como o cartão “Quick Pass” do Banco da China e do Banco Industrial e Comercial da China.
A DSAT afirma ainda que “tem mantido uma comunicação estreita” com a concessionária, e que tem sido intensificada a “ realização de inspecção de respectivos táxis”, para além de destacar pessoal para “fiscalizar as acções de formação dos seus trabalhadores, vistoriar os equipamentos, os sistemas e a central de táxis especiais, no sentido de tratar e ajustar atempadamente os problemas encontrados”.
Em relação ao processo de fiscalização, o organismo liderado por Lam Hin San garante que irá realizar esses trabalhos com base nos padrões de serviço do “número mínimo de veículos em operação”, bem como através do “rácio de atendimento das chamadas telefónicas” estabelecidos no contrato.
Caso sejam verificadas falhas no funcionamento do serviço, a DSAT explica que cabe à concessionária “assumir as respectivas responsabilidades”, tais como a “aplicação de multas e rescisão da concessão”.

27 Mar 2017

Saúde | Hetzer Siu aponta falhas na avaliação da deficiência

[dropcap style=’circle’]H[/dropcap]etzer Siu, presidente da Macau Special Olympics, considera que o Governo deve melhorar o sistema de avaliação de deficiência, sob pena de muitos deficientes perderem o acesso a assistência médica gratuita, apesar de terem necessidade desse apoio.

O responsável lembrou que, desde que entrou em vigor o sistema de avaliação de deficiência, em 2011, que as pessoas registadas têm direito a apoio médico sem pagar.

“Enfrentamos uma situação em que nem todos os deficientes podem obter o cartão de registo de avaliação da deficiência. As pessoas são autorizadas a ter acesso ao cartão, uma vez que têm um determinado nível de deficiência, mas quem não atingir determinados patamares não consegue ter acesso a essa assistência. É preciso avaliar se, no sistema, o cartão de registo de avaliação representa também o subsídio de invalidez”, apontou o director da Macau Special Olympics.

Para Hetzer Siu, as pessoas com deficiência mental não têm apenas a necessidade de uma avaliação do seu estado de saúde, mas também de tratamentos médicos de acordo com a sua situação. O responsável acredita que o Executivo deveria melhorar e rever o sistema da avaliação para os deficientes mentais.

Hetzer Siu afirma ainda que a ideia inicial da criação do cartão visava a criação de uma base de dados, através da qual o Governo e as instituições pudessem prever o número de portadores de deficiência existentes. Contudo, o responsável aponta que só os portadores do cartão entram para as estatísticas, o que faz com que muitos deficientes fiquem de fora.

Lei silenciosa

O presidente da Macau Special Olympics deixa ainda um alerta sobre a legislação que determina que edifícios e transportes públicos devem estar equipados com instalações disponíveis para deficientes, mas que não específica quais os serviços públicos que são obrigados a ter essas infra-estruturas. Para Hetzer Siu, tal facto acaba por tornar a lei sem sentido prático, pois define requisitos sem que haja especificidades para o seu cumprimento.

É ainda pedido que o Governo ajuste as políticas de acordo com as necessidades reais dos portadores de deficiência.
Estas declarações foram proferidas no âmbito de uma actividade organizada ontem pela Macau Special Olympics, em torno da avaliação da saúde dos portadores de deficiência mental, pertencentes a outras associações.

Segundo um comunicado, devido às dificuldades de expressão destas pessoas, é difícil tratar a tempo eventuais problemas de saúde, por ser, muitas vezes, tardio o seu diagnóstico.

Por isso, a Macau Special Olympics realiza pelos menos duas vezes por ano este tipo de iniciativas, por forma a avaliar previamente o estado de saúde destas pessoas. O director executivo lamenta que a saúde destas pessoas se torne cada vez pior, devido a dificuldades económicas e à falta de conhecimentos médicos. As dificuldades no transporte é também outra das razões apontadas para um fraco diagnóstico de doenças.

27 Mar 2017

Efeméride | Mais de meio milhão para festejar Lei Básica

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] orçamento para a comemoração do 24.º aniversário da Lei Básica de Macau é de cerca de 600 mil patacas, aplicadas na realização de um conjunto de actividades. A ideia é dar a conhecer o diploma aos residentes de forma lúdica. O valor, aponta a chefe de divisão de formação e informação cívicas do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais, Lam Lei Sio, é “bem investido e mostra resultados junto da população”.

A efeméride é festejada no próximo sábado com a realização de um “bazar comemorativo” na Praça do Tap Seac. Cheong Kuai San, director do Centro de Educação Permanente dos Serviços de Educação e Juventude, destaca alguns dos eventos que integram a iniciativa, sublinhando a adesão da população. “Para o concurso de desenhos sobre a Lei Básica recebemos três mil trabalhos e, para os jogos sobre o mesmo tema, 32 pedidos de formação de equipa”, afirmou ontem em conferência de imprensa.

O sábado vai ainda ser preenchido com concertos, espectáculos de dança e de teatro para “promover o entendimento da Lei Básica junto dos residentes através da aproximação dos seus conteúdos a iniciativas práticas”, disse Lam Mei Sio. Acresce ainda às actividades previstas um workshop dirigido a todos sobre o diploma fundamental de Macau.

Entre Maio de Dezembro, os Serviços de Assuntos de Justiça vão promover um concurso alusivo ao plano de divulgação nas escolas. De acordo com os responsáveis pela iniciativa, é uma forma de juntar alunos e professores na discussão e esclarecimentos sobre a Lei Básica.

A equipa que organiza as comemorações prevê que as actividades cheguem a cerca de 15 mil residentes e espera duas mil pessoas no evento do fim-de-semana.

A Lei Básica de Macau foi criada em Março de 1993 pela Assembleia Popular Nacional da República Popular da China e entrou em vigor a 20 de Dezembro de 1999 com a transferência de Administração.

25 Mar 2017

Baixos salários no consulado de Macau motivam queixas

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s salários dos funcionários do consulado-geral de Portugal em Macau, considerados baixos para a média do território, motivaram ontem queixas ao secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, que disse não ter solução para o problema.

“O consulado tem uma grande falta de pessoal. Espero que olhe para Macau por um prisma diferente, porque Macau é uma cidade que ama muito Portugal”, disse Rita Santos, conselheira das comunidades portuguesas pelos círculos da China, Macau e Hong Kong, durante um encontro com José Luís Carneiro.

A conselheira explicou que os salários dos funcionários consulares rondam as 11 mil patacas, o que, “reduzindo os impostos” resulta em cerca de sete mil patacas. “É muito baixo”, frisou.

A queixa foi repetida por António José de Freitas, provedor da Santa Casa da Misericórdia: “Um funcionário público do cargo mais baixo, um servente, ganha cerca de 12 mil patacas, que é para ver como o pessoal do consulado ganha mal”.

As queixas foram feitas durante um encontro de Carneiro com 23 representantes de todas as associações de matriz Portuguesa, em que também esteve presente o cônsul-geral. Vítor Sereno lembrou que muitos dos funcionários falam quatro línguas – português, inglês, cantonês e mandarim –, o que os torna ainda “mais apetecíveis” em Macau.

“O custo de vida é dos mais altos do mundo”, alertou Sereno, lembrando que, entre 2013 e 2014, o consulado fez 16 rescisões. “As pessoas batiam-me à porta e diziam-me ‘A felicidade não enche a dispensa, não aguento mais’”, recordou.

Dilema partilhado

O problema dos salários é antigo e os conselheiros já o levaram à reunião plenária do Conselho das Comunidades Portuguesas, no ano passado, em Lisboa. Desta vez, a resposta não foi diferente.

“Não temos solução, temos uma vontade de encetar diálogo com os sindicatos. É uma questão complexa, muito difícil de resolver. Mexer nas condições remuneratórias de Macau significa mexer nas condições remuneratórias de todo o mundo. Passa por uma revisão global das carreiras”, disse Carneiro.

O problema não é exclusivo de Macau, sublinhou o responsável português. Em São Francisco (Estados Unidos) e Londres, por exemplo, foram abertos concursos e as vagas ficaram por preencher devido aos montantes oferecidos, acrescentou.

24 Mar 2017

Comunicações | CTM apresenta dados de 2016 e lança prioridades

Os lucros do ano passado da CTM decresceram 6,4 por cento em relação a 2015, um número que, ainda assim, ultrapassa os mil milhões de patacas de lucros. Este ano é para apostar na fibra óptica e na expansão do 4G

[dropcap style≠’circle’]C[/dropcap]om a liberalização do mercado das telecomunicações e a (relativa) indefinição quanto à renovação do contrato de concessão com o Governo, 2017 afigura-se como um ano importante para a CTM. A empresa fechou o ano passado com receitas superiores a 4,5 mil milhões de patacas. Descontados os custos, investimentos e impostos pagos, a companhia de comunicações terminou 2016 com lucros superiores a mil milhões de patacas, o que representou uma quebra de 6,4 por cento, em relação a 2015, quando a empresa arrecadou 1,15 mil milhões. A justificação para esta quebra foi dada pela forte competição que se fez sentir no mercado das telecomunicações móveis.

No final do ano passado, a CTM reduziu as suas tarifas, o que está previsto trazer um impacto de 200 milhões de patacas no fecho das contas deste ano.

Quanto à muito falada e criticada rede WiFi Go, Vandy Poon, CEO da empresa, defendeu que os termos do contrato com o Executivo foram cumpridos no que toca à operação. O homem forte da CTM assegura que a empresa cumpriu a sua parte, de acordo com o que foi definido e acordado configurar e construir.

Neste aspecto, Ebel Cham, vice-presidente de operações comerciais, esclareceu que não foi exigida à CTM que fizesse “actualização do software e hardware do WiFi Go”. Foi ainda salientado que até Outubro de 2014 o operador responsável pelo contrato era outro.

No que toca a uma eventual compensação ao Executivo, essa possibilidade foi afastada por Vandy Poon, apesar ter sido veiculado que estava em discussão uma forma de se ressarcir não monetariamente o erário público na sequência do relatório do Comissariado da Auditoria. Neste documento, a CTM é acusada de ter recebido mais de 400 mil patacas para instalar dispositivos com um custo que não corresponderia a esse montante.

Bem inventariado

Depois da insistência de alguns deputados para que o secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, divulgue os activos da empresa, Vandy Poon reforçou a ideia de que essa decisão está nas mãos do Executivo. Será algo que não cabe à CTM fazer, até porque é uma “lista com cerca de quatro mil itens, que não passa de um instrumento de gestão, sem qualquer interesse público”, apontou Aguinaldo Wahnon, vice-presidente dos assuntos legais e regulatórios.

O responsável pela área legal acrescentou ainda que o acordo de concessão é apenas uma parte do volume de negócios em desenvolvimento pela CTM. No que concerne à publicação, ou não, da lista de activos da operadora, Wahnon confessou que tem algumas reservas tanto por motivos de estratégia comercial, como também por a CTM ser detida por empresas cotadas no mercado bolsista.

No capítulo do número de clientes, a companhia de telecomunicações revelou que, no ano passado, mais de 600 mil pessoas era subscritoras do serviço 4G+, um volume seis vezes superior ao ano anterior. No que toca a consumidores da banda larga de fibra os clientes chegaram aos 112 mil, o que representou um crescimento de mais do dobro. “Até ao fim do ano, gostaríamos que todos os nossos clientes passassem a ter Internet por fibra e ter total cobertura de 4G”, projecta Vandy Poon.

Um dos projectos em cima da mesa para este ano é a possibilidade de se comprar bilhetes para o Turbo Jet através de uma aplicação da CTM.

24 Mar 2017

Dia Mundial da Água | A maré vermelha no Nam Van

[dropcap style=’circle’]Q[/dropcap]uem passeou nos últimos dias pelo Lago Nam Van pode ter-se apercebido da coloração um pouco mais escura das águas. A razão para a mudança de cor do local de lazer é a acumulação de organismos chamados dinoflagelados, formando um fenómeno mais conhecido como maré vermelha. Não sendo, necessariamente, causa para alarme, é uma situação que merece atenção e, como tal, foram observados pelos microscópios do Instituto de Ciências e Ambiente (ICA) da Universidade de São José. Não numa perspectiva de levantamento profundo, de ‘survey’, mas numa mera observação que revelou “que os dinoflagelados estavam a crescer em número abundante”. Quem o diz é David Gonçalves, director do instituto.

Estes organismos podem, ou não, conter toxinas altamente prejudiciais para os humanos, principalmente se forem ingeridos, dependendo das espécies que causam as marés vermelhas. Neste aspecto, os bivalves podem ser uma deliciosa ameaça, uma vez que são criaturas filtradoras e vão acumulando dentro de si estes microrganismos. Quando foram servidos num prato e temperados por toxinas, quem os consome corre o risco de estar a prejudicar gravemente a saúde.

As consequências para a saúde humana dependem do tipo de toxina. Algumas são neurotóxicas e podem causar problemas no sistema nervoso central; outras podem causar amnésia. Outra consequência para a saúde pode manifestar-se no sistema digestivo, provocando diarreia, náusea e vómitos.

O contacto directo não provoca nenhum efeito de maior. Apesar disso, não é aconselhável nadar numa maré vermelha. O nadador incauto não arrisca a vida, mas pode ficar com irritação na pele e nos olhos.

No Lago Nam Van podemos assistir “à morte de alguns organismos aquáticos nos próximos dias”, projecta David Gonçalves. No entanto, o director do ICA crê que o IACM vai tomar medidas para evitar as consequências, “nomeadamente através da renovação da água do lago”.

Líquido essencial

Como não foi realizado um estudo intensivo às restantes águas de Macau, David Gonçalves não pode adiantar o seu estado em relação às marés vermelhas. “Isto foi uma mera observação ocasional mas, do que reparei, no Lago Sai Van não me pareceu existir o mesmo problema”, conta. As águas mantiveram uma coloração normal. Também à primeira vista, os leitos do lado de fora do rio não apresentaram o mesmo problema verificado em Nam Van.

No rescaldo do Dia Mundial da Água, uma efeméride assinalada pelas Nações Unidas, foi anunciado que uma em cada quatro crianças no mundo está em risco de ficarem sem acesso a água potável, de acordo com um relatório da UNICEF. O flagelo de um recurso essencial à vida aprofunda-se com as alterações climáticas, a industrialização e os movimentos demográficos.

Por cá, os problemas com a poluição das águas verificam-se ao nível de diversos poluentes. As bacias hídricas de Macau contêm plásticos e micro-plásticos, metais pesados e “poluentes orgânicos que têm vindo a aumentar um pouco nos últimos anos”, conta o director do ICA. Relativamente a estes últimos, a sua proveniência pode ser dos afluentes das estações de tratamentos das águas residuais que não conseguem tratar totalmente dos resíduos. Depois, temos os problemas dos leitos de água que são contaminados por pesticidas vindos dos campos de exploração agrícola. Estes problemas de poluição verificam-se, principalmente, nas águas costeiras da região.

Não obstante não ter sido realizado um estudo aprofundado das águas que circulam Macau, a indústria da pesca não é algo que seja aconselhável. Como tantos outros produtos, que se importe.

23 Mar 2017

Questionada falta de ligação entre duas pistas de bicicletas

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap] deputada Kwan Tsui Hang interpelou o Governo sobre o facto de não haver uma ligação física entre as duas únicas pistas de bicicletas existentes no território. Uma fica junto à zona da “Flor de Lótus”, enquanto a segunda está localizada na Avenida dos Jogos da Ásia Oriental, na Taipa. Para a deputada à Assembleia Legislativa, a sociedade tem solicitado a criação de um acesso entre estas duas pistas, uma vez que estão relativamente perto uma da outra.

Na interpelação, a deputada escreve que o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) declarou, em Maio do ano passado, que já tinham sido terminadas as três primeiras etapas dos trabalhos para a pista de bicicletas na Zona de Lazer da Marginal da Taipa, sendo que o IACM planeava mais três etapas de construção, por forma a estabelecer a ligação com a pista de bicicletas “Flor de Lótus” e a Coloane.

A deputada lembrou ainda que, em Julho do ano passado, a Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) respondeu que já tinha um plano sobre a ligação entre as duas pistas.

Com base nessas informações, a deputada ligada à Federação das Associações dos Operários de Macau deseja ficar a conhecer os planos para as restantes obras da pista de bicicletas da Zona de Lazer da Marginal da Taipa e qual o calendário para a ligação entre as duas pistas.

A deputada pretende ainda saber qual o mecanismo de comunicação vigente entre o IACM e a DSSOPT para levar a cabo esses trabalhos, com vista a assegurar uma conclusão mais rápida das obras na pista de bicicletas da zona de lazer da Marginal da Taipa.

23 Mar 2017

Encontro | Conselheiros das Comunidades pedem Lojas do Cidadão em Macau

 

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap] visita a Macau do secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Luís Carneiro, vai coincidir com a realização do Encontro Regional dos Conselheiros das Comunidades Portuguesas da Ásia-Oceânia, que decorre já amanhã. Em declarações ao HM, Rita Santos, presidente do conselho regional do encontro, disse ser vontade dos conselheiros de Macau pedir a José Luís Carneiro a criação de Lojas do Cidadão no território.

“Queremos que o Governo possa implementar em Macau o tipo de serviço semelhante às Lojas do Cidadão, como foi implementado em França. Em Macau também podemos tratar da resolução dos problemas, em vez de termos de arranjar alguém em Portugal para nos tratar desses assuntos. Esperamos que essa medida seja extensiva a Macau”, explicou.

Rita Santos entende que a falta de recursos humanos, problema que já afecta o consulado-geral de Portugal no território, não deverá criar entraves à criação deste tipo de serviço. “Quando estivemos em Portugal foi-nos dito que o sistema das Lojas do Cidadão será implementado através de meios informáticos, por isso penso que não serão necessários muitos trabalhadores.”

Os conselheiros das comunidades portuguesas vão ainda pedir maior celeridade no tratamento dos pedidos de vistos gold, uma medida de investimento junto de empresários chineses que gerou um processo judicial por alegados favorecimentos. O caso já está a ser julgado, tendo o ex-ministro da tutela, Miguel Macedo, como um dos arguidos.

“Recebemos alguns alertas de empresários que esperam que o processo de atribuição de vistos gold seja mais rápido, porque existem casos de renovação de autorização provisória, por dois ou três anos, que ainda não estão resolvidos”, adiantou Rita Santos.

Em prol da nacionalidade

Numa altura em que a Lei da Nacionalidade está em processo de alteração na Assembleia da República, Rita Santos espera que os netos dos cidadãos portugueses, falantes de chinês, possam ganhar a cidadania.

“Vai ser discutido brevemente o projecto de alteração à Lei da Nacionalidade, e espero que, da parte de Portugal, haja uma atenção em relação a Macau. Por questões históricas, há muitos portugueses que não dominam a língua portuguesa e, caso forem implementadas essas alterações, esperamos que os seus netos possam ter direito à nacionalidade e que possam estudar português”, acrescentou Rita Santos.

A conselheira das comunidades portuguesas vai voltar a alertar José Luís Carneiro para a falta de pessoal no consulado, bem como falar da necessidade de alterar os prazos de validade dos documentos de identificação. “Recebemos muitos pedidos no sentido de alargar o prazo de validade do passaporte e do cartão de cidadão de cinco para dez anos, uma vez que há falta de trabalhadores no consulado.”

Esta é a primeira vez que o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas visita oficialmente a RAEM. “Espero que esteja mais dentro do assunto dos portugueses de Macau e que dê apoio no sentido de uma maior divulgação da língua portuguesa, que é também do interesse da RAEM. Nesse aspecto, Portugal deverá ter um papel preponderante”, concluiu.

O Encontro Regional dos Conselheiros das Comunidades Portuguesas da Ásia-Oceânia decorre no auditório do consulado-geral de Portugal em Macau e conta com conselheiros deste lado do mundo, nomeadamente Sílvia Renda, conselheira da Austrália.

José Pereira Coutinho, também conselheiro por Macau, estará em Taipé com empresários locais. “Vou estar em Taiwan para uma exposição de produtos portugueses. Há uma feira de intercâmbio de produtos entre Taiwan e Macau, e é a primeira vez que um grupo de empresários, com artistas portugueses, mostram os seus produtos” na Formosa, disse ao HM.

 

23 Mar 2017

Lai Chi Vun | Residentes exigem classificação dos estaleiros

 

[dropcap style=’circle’]S[/dropcap]ão 670 as assinaturas que constam da petição entregue ontem junto do Instituto Cultural (IC) contra a demolição dos estaleiros de Lai Chi Vun, em Coloane. A iniciativa, organizada por um grupo de residentes, tem como objectivo “a suspensão da demolição de estaleiros e iniciar, desde já, o seu processo de classificação de bens imóveis”.

De acordo com Tam Chon Ip, representante do grupo, Lai Chi Vun reúne características particulares que exigem a classificação dos estaleiros. O responsável exemplifica com “o estilo próprio da arquitectura que, segundo especialistas, tem um grande valor artístico, e a integração dos espaços enquanto parte importante da ecologia de Coloane”.

Tam Chon Ip espera que o Executivo interrompa o processo de demolição que se encontra em curso e que proteja os estaleiros dando, de imediato, início ao processo de avaliação das estruturas como património cultural imóvel.

“A recolha de assinaturas teve início antes de serem iniciadas as demolições e pedimos que o IC pare já [com o processo] e que proceda a um planeamento claro para Lai Chi Vun”, diz.

O responsável aponta ainda que a Direcção dos Serviços de Assuntos Marítimos e de Água (DSAMA) foi negligente nas suas responsabilidades, sendo que deveria ter tido em consideração o estudo e a protecção do património marítimo. Leong Kam Hon, representante dos moradores de Coloane, manifesta-se preocupado com o destino daquela povoação. “Já vivo aqui há meio século, testemunhei o desenvolvimento desta área e agora estou a assistir à sua queda e destruição”, afirmou.

Resposta

Em resposta à petição, o IC afirma que “irá analisar os materiais relevantes e irá seguir rigidamente os termos da Lei de Salvaguarda do Património Cultural”, lê-se num comunicado emitido. O Instituto salienta que “levará a cabo uma rigorosa avaliação e uma análise das informações recebidas”.

Para o efeito, o IC aponta que vai continuar a “recolher dados e a executar o trabalho de mapeamento ambiental na área dos estaleiros de Lai Chi Vun”.

A demolição dos estaleiros na zona de Coloane teve início no passado dia 8. Tem sido alvo de vários protestos e manifestações por parte de residentes que não concordam com a intervenção.

 

23 Mar 2017

Estudo | Índices de satisfação e confiança laborais sobem ligeiramente

Um estudo do Instituto de Desenvolvimento Sustentado da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau revela que, em 2017, os trabalhadores estão mais satisfeitos e com confiança no mercado de trabalho. Porém, deixa um recado ao Governo para não esquecer quem tem salários mais baixos

 

[dropcap style≠’circle’]“A[/dropcap] satisfação a quem trabalha”, podia ser o slogan que dá nome à análise aos índices de satisfação e confiança da massa laboral de Macau em 2017. Essas são as conclusões que se tiram dos resultados do estudo do Instituto de Desenvolvimento Sustentado (IDS) da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau.

Com as receitas do sector do jogo a voltarem a um registo ascendente desde a segunda metade do ano passado, o ambiente económico da região respondeu positivamente. A situação de emprego melhorou, as receitas que os residentes obtêm mantiveram um nível estável, de acordo com as informações citadas pelo IDS.

O índice de confiança, que tem uma pontuação máxima de cinco pontos, situou-se nos 3.05 pontos, ligeiramente acima do nível “normal”. Em relação ao ano passado, este item subiu 0,1 por cento.

Especificando, o registo da satisfação dos trabalhadores ficou nos 3.37 pontos, o que representou um crescimento de 0,03 por cento, ficando praticamente nos mesmos valores de 2016. Aliás, esta foi a tónica revelada pelos dados do IDS, que indicaram um ligeiro aumento dos graus de satisfação e confiança.

Na indústria do jogo, os trabalhadores viram a sua confiança diminuir 0,2 por cento em 2017, em relação ao ano passado. Já o índice de satisfação registou uma subida ténue de 0,01 por cento. Aliás, é de salientar que os resultados que o estudo apurou em relação aos trabalhadores dos casinos é inferior ao restante universo laboral.

Dados comparados

O estudo do IDS revelou que 2015 teve um índice maior em termos de confiança dos trabalhadores; no entanto, neste ano houve o maior registo ao nível da satisfação. Neste capítulo, 2010 foi um ‘annus horribilis’ no que diz respeito ao contentamento no mercado de trabalho, com o índice a 3,22 por cento.

Como seria de esperar, o estudo relaciona os índices estudados com o vigor do mercado de emprego de Macau. Como a economia do território depende fundamentalmente das receitas dos casinos, fica bastante susceptível a factores externos que afectem os lucros do jogo.

Em 2017, o grau de satisfação dos trabalhadores dos casinos subiu 4,4 por cento em comparação com 2008, o que significa que as concessionárias reforçaram o tratamento e o desenvolvimento individual dos empregados, assim como a qualidade do trabalho.

Uma das conclusões do estudo do IDS foi que se registaram melhorias no que toca às relações com os colegas, a não temer desemprego, à estabilidade no emprego nos próximos cinco anos e na relação com os chefes. Ou seja, o ambiente de trabalho parece ter melhorado com a estabilidade e os relacionamentos interpessoais no local de trabalho.

O índice de confiança dos trabalhadores revelou uma melhoria nas área da formação profissional e da aquisição de conhecimentos técnicos e pessoais, com subidas de, respectivamente, 11,2 por cento e 4,1 por cento, em comparação com 2008.

Apesar das ligeiras melhorias, o IDS sugere ao Governo que preste atenção aos sectores da sociedade que auferem salários mais baixos, de forma aumentar a sua satisfação e confiança. Outra sugestão deixada pelo instituto prende-se com a qualidade do trabalho, ou seja, uma definição mais concreta de horários e volume de trabalho que permitam conjugar em harmonia o emprego e a família.

22 Mar 2017

Segurança alimentar | Kaifong questionam importações

A União Geral das Associações de Moradores de Macau alerta para a possibilidade da existência de alimentos contaminados com radiações à venda no mercado. A entidade pede mais fiscalização e fala da existência de rótulos nas embalagens que não estão escritos nas línguas oficiais

 

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] segurança alimentar foi tema de uma conferência de imprensa promovida pela União Geral das Associações dos Moradores de Macau (UGAMM, ou Kaifong), na qual esteve presente Chan Ka Leong, chefe da Comissão dos Assuntos Sociais da organização.

Para os Kaifong, há alimentos contaminados com radiações que estão a ser importados para Macau, pelo que é sugerido que o Governo faça alterações ao regulamento administrativo aprovado em 2014, e que diz respeito aos limites máximos de radionuclídeos nos géneros alimentícios.

Chan Ka Leong lamenta que as autoridades de Macau só examinem três tipos de substâncias de radionuclídeos, algo que, na sua visão, não cumpre os padrões internacionais. O responsável acredita que, como a maioria dos alimentos é importada de outros países, qualquer problema relacionado com a segurança alimentar nas regiões vizinhas vai atrair a atenção da sociedade.

Os Kaifong estão preocupados com os alimentos importados do Japão, país que tem vindo a sofrer com acidentes nucleares. Referindo que as leis relacionadas com a segurança alimentar estão desactualizadas, Chan Ka Leong pede que haja uma maior fiscalização em relação aos alimentos produzidos no Japão.

A título de exemplo, Chan Fong, outro membro da comissão dos Kaifong, falou da comercialização de um cereal japonês no mercado de Macau que terá sido produzido em zonas afectadas por radiações, e que foi testado pelas autoridades do Continente. A importação do cereal em questão já terá sido proibida em Hong Kong e no interior da China. 

Rótulos estrangeiros

O presidente da comissão dos Kaifong chama ainda a atenção para o facto de muitos rótulos das embalagens não estarem escritos nas duas línguas oficiais do território, nem sequer em inglês, algo que vai contra um decreto-lei implementado em 1992, que determina que a rotulagem de produtos deve ser feita numa das três línguas.

Chan Ka Leong considera ainda que alguns rótulos não contêm informações completas sobre os ingredientes utilizados, sendo que muitos deles não revelam sequer o local de produção, mesmo no caso dos rótulos escritos em chinês. Por essa razão, os Kaifong sugerem a revisão do decreto-lei respeitante à rotulagem de alimentos.

O representante da UGAMM espera que o Governo aumente a frequência de testes, melhore as instalações e técnicas usadas para essa análise, e reforce a avaliação sobre os riscos de alguns alimentos. O responsável pede ainda que sejam divulgadas informações de forma imediata, de modo a informar melhor os cidadãos.

22 Mar 2017

Antigo secretário-geral adjunto da ONU presente na MIECF

 

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]chim Steiner, antigo secretário-geral adjunto da Organização das Nações Unidas (ONU), vai estar em Macau para participar em mais uma edição do Fórum e Exposição Internacional de Cooperação Ambiental de Macau (MIECF, na sigla inglesa), que começa no próximo dia 30 de Março e termina a 1 de Abril.

Um comunicado oficial aponta que Achim Steiner, que também foi director executivo do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, será o “principal orador” do Fórum Verde da MIECF, falando sobre o tema “Desenvolvimento Verde Inovador para um Futuro Sustentável”.

Actualmente a desempenhar funções como vice-presidente internacional do Conselho Chinês para a Cooperação Internacional em Meio Ambiente e Desenvolvimento, Achim Steiner irá fazer uma análise aos “problemas ambientais que se colocam no âmbito da economia global, bem como aos desafios mais graves em termos de sustentabilidade ambiental”. O comunicado aponta também que Steiner se irá debruçar sobre “assuntos ligados às alterações climáticas, as metas para um desenvolvimento sustentável e uma melhor utilização dos recursos naturais”.

Além disso, o antigo secretário-geral adjunto da ONU irá “reflectir sobre o papel das políticas governamentais na promoção de uma economia verde, assim como sobre as implicações dessas políticas no desenvolvimento futuro de negócios, indústrias e mercados (incluindo inovações tecnológicas)”.

Esta não é a primeira vez que é convidada uma personalidade de relevo para falar em Macau das alterações climáticas e de outras questões ambientais. Na MIECF já estiveram oradores como Subinay Nandy, na qualidade de director na China do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, ou ainda Peter J. Kalas, antigo ministro do Ambiente e assessor do Gabinete do Primeiro-Ministro da República Checa. Gro Harlem Brundtland, ex-primeira-ministra norueguesa e antiga presidente da Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (também designada como Comissão Brundtland), foi outra das convidadas.

22 Mar 2017

Macau suspende importações de carne do Brasil

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] carne brasileira está proibida de entrar em Macau. A decisão do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), foi dada a conhecer ontem, numa nota enviada ao fim do dia à imprensa. O IACM diz estar  “a acompanhar com especial atenção o incidente que envolve carne congelada originária do Brasil, tendo decidido suspender o tratamento de requerimentos para importação de carnes congeladas e refrigeradas daquele país.”

A decisão surge na sequência do escândalo de falsificação dos prazos de validade das carnes, e da sua adulteração, o que levou a China, a Coreia e a União Europeia a suspender qualquer importação do produto.

A China pediu ontem ao Brasil transparência na investigação que está a desenvolver sobre fabricantes de carne que vendiam produtos contaminados para o exterior e um reforço do controlo sobre os alimentos exportados pelo país.

“Esperamos que o Brasil leve a cabo uma minuciosa investigação, de forma aberta e transparente, e informe a China dos resultados”, afirmou a porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros, Hua Chunying.

Hua sublinhou que se trata de uma medida de “prevenção” e “temporária”, mas considerou que é cedo para apontar a data em que a importação de carne brasileira voltará a ser autorizada na China.

A porta-voz instou ainda Brasília a reforçar o controlo para garantir a segurança e fiabilidade dos produtos que vende na China.

Usos e abusos

A Coreia do Sul, Chile e União Europeia anunciaram também a suspensão das importações de carne produzida no Brasil, enquanto o Governo do Presidente Michel Temer tenta limitar o impacto do escândalo, que afectou um dos sectores mais fortes da economia brasileira.

De acordo com a polícia federal brasileira, funcionários públicos eram subornados por directores de empresas para darem aval a carnes com prazos de validade já ultrapassados e adulteradas.

Entre as práticas, foi comprovado o uso de químicos para melhorar o aspecto das carnes, a falsificação de etiquetas com a data de validade ou a inclusão de alimentos não adequados para consumo na elaboração de enchidos.

 O IACM diz ainda que irá “notificar os importadores locais sobre a suspensão e alertar o sector para prestar atenção à origem dos produtos importados”  e promete acompanhar o caso junto das autoridades brasileiras.

22 Mar 2017

Inquérito | Internet cada vez mais usada por famílias

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] utilização da Internet entre os agregados familiares está a tornar-se cada vez mais popular, conclui a Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC). De acordo com dados publicados ontem sobre a matéria, 167.600 famílias estiveram ligadas à rede em 2016, o que representa 88,6 por cento do total de utilizadores. Noutras contas, em comparação com o ano anterior, registou-se um aumento de 2,3 pontos percentuais.

Acederam à Internet através da banda larga de fibra óptica 77.900 agregados familiares, o que traduz um “crescimento significativo” de 115 por cento, assinala a DSEC. Já o acesso via banda larga fixa baixou 36,3 por cento.

Em termos globais, 499.900 pessoas com idade igual ou superior a três anos estiveram online (mais 6,2 por cento na comparação anual), sendo que a taxa de penetração da Internet foi de 81,6 por cento (mais quatro pontos percentuais).

São os indivíduos entre os 25 e os 34 anos aqueles que recorrem mais à Internet, com uma taxa de penetração superior a 97 por cento. Mas mais de metade das pessoas com idade igual ou superior a 55 anos está também online, tendo-se verificado uma subida de 5,2 pontos percentuais.

Quanto à frequência de utilização, 93,2 por cento acedem diariamente. Neste parâmetro, registou-se um decréscimo de 1,2 pontos percentuais em relação a 2015.

Comprar lá fora

No que toca às finalidades de acesso, a maioria (91,5 por cento) ligou-se à Internet para comunicar, o que revela uma queda anual de 1,1 pontos percentuais. Depois, 61,3 por cento dos residentes utilizaram-na para pesquisar informação.

Destaque para um aumento de quase 22 por cento dos consumidores online do território: 75.800 pessoas fizeram compras através de sites. A mediana da despesa cifrou-se em mil patacas no quarto trimestre de 2016, sendo assim idêntica à do mesmo trimestre do ano anterior. As despesas em viagens, bem como em vestuário, calçado e malas, mantiveram-se semelhantes às de 2015, mas desceu o dinheiro gastou em produtos electrónicos.

A DSEC conta ainda que, no ano passado, 561.400 indivíduos utilizaram telemóvel, mais 0,3 por cento em relação a 2015, o que equivale a uma taxa de penetração de telemóvel de 91,7 por cento. A proporção de utilizadores de Internet que usaram telemóvel para aceder à rede (91,9 por cento) aumentou 0,6 pontos percentuais.

No inquérito lançado aos agregados familiares, observou-se ainda que 147.400 famílias tinham computador. O número representa 77,9 por cento do total, ou seja, menos 1,1 pontos percentuais face a 2015. A DSEC atribui a queda à disponibilização mais acessível de aplicações noutros equipamentos, nomeadamente nos telemóveis.

21 Mar 2017

Fronteiras | Salvos-condutos em formato cartão chegam em 2019

Daqui a dois anos, os turistas chineses portadores de salvos-condutos para Macau e Hong Kong passam a ter acesso ao documento no formato de cartão. O chefe de gabinete do secretário Wong Sio Chak explica ainda que a utilização das passagens automáticas nas fronteiras aumentou

 

[dropcap style≠’circle’]C[/dropcap]heong Ioc Ieng, chefe de gabinete do secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, adiantou que em 2019 poderão ser implementadas mudanças ao nível dos documentos de entrada nos territórios de Macau e Hong Kong.

Numa resposta à interpelação escrita da deputada Kwan Tsui Hang, o chefe de gabinete disse que os salvos-condutos para Macau e Hong Kong deverão passar a ser em formato cartão daqui a dois anos, substituindo o actual formato de passaporte, cuja validade é de apenas cinco anos.

Para facilitar a entrada dos turistas portadores dos salvos-condutos em formato de cartão, as autoridades começaram a permitir a entrada dos turistas do interior da China em Setembro de 2014, desde que cumpridas as formalidades e registos à entrada nos canais automáticos.

Caso os visitantes possuam o salvo-conduto para Macau e Hong Kong em formato de passaporte e o visto de uma entrada, não podem aceder às passagens automáticas de Macau, uma vez que o visto ficará inactivo assim que regressarem ao interior da China, explicou Cheong Ioc Ieng.

Quanto aos turistas acima dos 11 anos com salvo-conduto em formato passaporte e o visto de múltiplas entradas, quando entram nas passagens de controlo manual pela primeira vez podem registar-se no Serviço de Migração da Polícia de Segurança Pública (PSP), podendo utilizar as passagens automáticas nas fronteiras de Macau.

O chefe de gabinete de Wong Sio Chak referiu ainda que a percentagem de utilização das passagens automáticas dos turistas do Continente subiu de 46 por cento em 2014 para 64,5 por cento em 2016, o que significa, para Cheong Ioc Ieng, uma normalização do sistema de passagem automática nas fronteiras.

O chefe de gabinete de Wong Sio Chak disse ainda que o Executivo está a colaborar com Singapura e Alemanha sobre a utilização mútua de passagem automática. A colaboração com Singapura ainda está, no entanto, numa fase de estudo, sendo que a responsável prevê que este ano o Governo continue a discutir com as autoridades da cidade-Estado.

No que diz respeito à Alemanha já existe consenso, apontou Cheong Ioc Ieng, sendo que dar-se-á início ao processo de teste, com a divulgação das informações junto do público.

21 Mar 2017

Apoio judiciário | Mais de uma pessoa por dia recorre ao sistema

Um total de 465 pessoas recorreu ao apoio judiciário no ano passado. É o número mais alto desde que a nova lei entrou em vigor, em 2013. Para Miguel de Senna Fernandes, é sinal de que a população recorre e confia nos tribunais

[dropcap style≠’circle’]E[/dropcap]m três anos de implementação do novo regime geral de apoio judiciário, os dados relativos aos pedidos apresentados mantiveram-se relativamente estáveis, sendo que, na prática, mais do que uma pessoa por dia requereu ajuda junto da Comissão de Apoio Judiciário (CAJ).

Em 2016, o CAJ recebeu um total de 465 pedidos, o número mais elevado de sempre. No primeiro ano da entrada em vigor do diploma, foram recebidos 437 pedidos, seguindo-se 443 em 2014 e 414 no ano de 2015.

Em declarações ao HM, o advogado Miguel de Senna Fernandes considera que os valores mostram, sobretudo, a confiança que a população começou a revelar em relação ao sistema judicial.

“Os números apontam para um certo sentido, que é o facto da confiança no tribunal para a resolução de conflitos ter aumentado. Isso é coisa que não se via há uns dez anos, ou mesmo 15. Para que o tribunal possa agir e para que os cidadãos desistam da chamada justiça privada, é um bom sinal”, afirma.

“Sem dúvida estes números dizem-nos que os cidadãos têm noção de que existem os tribunais para resolverem problemas e conflitos entre as partes”, vincou.

Miguel de Senna Fernandes entende, no entanto, ser importante saber mais informações sobre estes números. “Temos o número de pedidos de apoio judiciário, mas é importante saber que apoio é este, em que áreas é mais solicitado. Será mais na área penal, como normalmente o apoio judiciário é solicitado? Se em direito penal é normal haver apoio judiciário, porque as razões para esse acesso são diferentes, temos de ver se houve este aumento ou não, se tem uma expressão nas acções cíveis”, frisou.

O facto de o CAJ ter recebido mais 51 pedidos entre o ano passado e 2015 não é, no entanto, um reflexo do aumento de processos na área laboral. João Nogueira Marques, também advogado, explicou que ao nível dos conflitos laborais esta questão não se coloca, porque cabe ao Ministério Público representar o trabalhador no processo.

João Nogueira Marques diz ainda “não ter conhecimento de muitas queixas relativas ao funcionamento do sistema de apoio judiciário”.

Na apresentação das Linhas de Acção Governativa para este ano, a secretária para a Administração e Justiça avançou com a possibilidade de introduzir alterações ao diploma referente ao apoio judiciário. Sónia Chan referiu serem necessárias mudanças, uma vez que os funcionários públicos não estão abrangidos por este esquema. “Vamos rever a lei e ver se já não se adapta à realidade, sobretudo quando [estes trabalhadores] são lesados na execução da lei”, disse.

21 Mar 2017

Prometido plano educativo abrangente para Seac Pai Van

Vitor Ng

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] lote CN6a de Seac Pai Van vai ser destinado à construção de escolas públicas, um centro de educação profissional e um centro de formação linguística. De acordo com a directora dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ), Leong Lai, os projectos educativos integram o plano de urbanização daquela zona, que conta com uma área de cerca de sete mil metros quadrados, e visam dar às famílias residentes mais opções na educação dos filhos.

Leong Lai salienta que, actualmente, há 13 escolas na zona das ilhas capazes de fornecer serviços nas áreas da educação infantil, primária e secundária, e que Seac Pai Van já conta com duas escolas para os dois primeiros níveis de ensino.

No plano para o próximo ano lectivo está a abertura de quatro turmas dedicadas ao primeiro ano de educação infantil, capazes de garantir 110 lugares.

Após concluir as obras no lote CN6a, as quotas de alunos na zona de Seac Pai Van vão ter um aumento, sendo que a DSEJ vai continuar “a comunicar de forma activa com as escolas”, e a apoiar a reconstrução e a extensão das instituições através do Fundo de Desenvolvimento Educativo. Leong Lai afirma ainda que tenciona obter terrenos para albergar mais escolas.

Aprender além da escola

A directora da DSEJ esclarece também a finalidade e os meios que vão ocupar o lote CN6a. O centro de educação profissional vai oferecer um ensino que junta a teoria e a prática e, de acordo com a intenção dos Serviços de Educação, tem prevista a instalação de uma zona de culinária internacional, um espaço dedicado ao design de exposições e de convenções, e um centro para as indústrias culturais e criativas.

Leong Lai acrescenta que, além da formação contínua e da realização de exames, o centro vai organizar diversas actividades. A directora exemplifica com a possibilidade de realização de colóquios, seminários, exposições e competições.

O centro da formação em línguas vai realizar iniciativas que visem a aprendizagem de português, mandarim e inglês “de acordo com a vida real”. A ideia é fomentar o interesse e a confiança dos alunos na aprendizagem linguística em ambiente apropriado. O centro de línguas vai ainda disponibilizar cursos para adultos.

Ainda de acordo com a resposta da DSEJ, mal terminem os procedimentos relativos ao concurso público, o Governo vai dar início às obras de construção.

21 Mar 2017

Trânsito | Discutidas soluções com empresas de autocarros

O Governo promete analisar com as concessionárias de autocarros soluções para a melhoria do trânsito no território. A associação de moradores do ZAPE exige mudanças na circulação da zona

 

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] director dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT), Lam Hin San, disse, no âmbito de uma reunião com a Associação dos Moradores da Zona de Aterros do Porto Exterior (ZAPE), que o Governo vai comunicar com as três operadoras de autocarros e elaborar um plano em conjunto para avançar com uma proposta prática de melhoria do trânsito no território.

Segundo o jornal Ou Mun, Cheong Kin Chong, presidente da associação, lembrou que o trânsito é um problema que existe em Macau há muito tempo e que não pode ser resolvido rapidamente.

Não obstante, Cheong Kin Chong entende que há detalhes que podem fazer toda a diferença. Para o representante da associação, uma das razões do excesso de trânsito no território é o facto de as passadeiras estarem a pouca distância umas das outras. Como os peões têm prioridade de passagem, tal origina um congestionamento de veículos. O presidente sugere, portanto, que a DSAT melhore a instalação das passadeiras e recorra ao uso de pontes pedonais.

Além disso, Cheong Kin Chong apontou que as faixas amarelas – para embarque e desembarque dos passageiros e cargas e descargas de mercadorias – estão “sempre ocupadas com baldes do lixo ou bilhas de gás”. Portanto, as acções são feitas nas estradas ou nas passadeiras, o que causa congestionamento no trânsito.

O responsável máximo da DSAT indicou que, para já, vai tratar da instalação de semáforos. Sobre a questão das pontes pedonais e das passadeiras, frisou que precisa de recolher dados para fazer uma análise.

No caso do ZAPE, Cheong Kin Chong considera que o problema do trânsito é mais grave em épocas de maior movimento em Macau, por se tratar de uma zona com vários prédios comerciais e escritórios. O presidente sugere, assim, que a DSAT faça um desvio da paragem de autocarro localizada em frente ao edifício China Civil Plaza, para que se possa evitar a situação de excesso de autocarros a recolherem passageiros na mesma paragem. O responsável pela associação de moradores pediu ainda que seja aditado um semáforo no cruzamento junto ao Banco Tai Fung.

21 Mar 2017

Rui Afonso | Macau de luto com a morte de advogado e antigo deputado

Faleceu na sexta-feira um homem cuja história pessoal e profissional é fundamental nas últimas décadas de Macau. Rui Afonso é recordado como uma figura incontornável, de grande elegância no trato e com princípios de correcção e ética inabaláveis. Ajudou a modernizar a legislação do território e a preparar a abertura de Macau ao mundo
Rui Afonso, “uma figura histórica de Macau”

[dropcap style≠’circle’]D[/dropcap]ificilmente se encontra uma pessoa que reúna consensos. É coisa rara, ao alcance de poucos. Porém, Rui Afonso é uma dessas pessoas, granjeando um respeito transversal mesmo entre aqueles com quem discordou politicamente. Faleceu na passada sexta-feira uma figura incontornável aos últimos 30 anos em Macau, em particular durante o período de transição para a Administração chinesa. De uma correcção e finura reconhecida por todos, foi pai da abordagem do modelo político-constitucional e jurídico-administrativo português importado para o ordenamento de leis do território. Em termos pessoais, José Luís Sales Marques destaca Rui Afonso como uma “pessoa que sempre mereceu o maior respeito da sociedade de Macau”.

Pouco tempo depois de ter chegado ao território foi nomeado director dos Serviços de Administração e Função Pública, ajudando a reformular a máquina administrativa. Assumiu as funções de deputado entre 1984 e 1997 na Assembleia Legislativa (AL), onde participou no desenho do ordenamento jurídico do território que, em parte, perdura até hoje. Foi, ainda, membro do Conselho Consultivo da Lei Básica e do Conselho Superior de Justiça de Macau.

“O contributo do Rui Afonso para a modernização legislativa do território é inestimável, algo que aconteceu dentro e fora da Assembleia”, conta Anabela Ritchie, ex-presidente da AL. Neste papel, destaca o carácter “trabalhador, incansável e rigoroso” do deputado. Fica na memória da ex-parlamentar como uma pessoa muito atenta, dialogante, estimado e respeitado por todos. O inteiro quadro legislativo que passou pela AL nos anos de transição foi “analisado por nós ao pormenor, a opinião de Rui Afonso era muito escutada”, recorda.

Também no plano político foi alguém que ajudou a ex-presidente da AL a alcançar consensos, algo que era uma característica muito vincada na sua personalidade. Conseguia reunir harmonia naturalmente através da sua finura de trato e apurada argúcia.

Rui Afonso foi uma das pessoas responsáveis pelo alargamento do sufrágio e imprimiu uma visão moderna a Macau, principalmente no que toca ao desenvolvimento de condições para a abertura do território ao mundo.

Leonel Alves retrata a advogado como um “exímio parlamentar”. Neste detalhe, o histórico deputado na AL confessa não perceber porque Rui Afonso nunca seguiu a carreira política em Portugal. “Daria um bom deputado na Assembleia da República, e tinha perfil para fazer um percurso governativo de relevo”, completa.

Finura na crítica

Mesmo na discórdia política granjeou o respeito dos seus pares. “Quer se concorde, ou não, ele teve uma influência importante em tudo o que nós vemos no próprio sistema político que herdámos destas últimas décadas”, comenta Miguel de Senna Fernandes. O deputado que substituiu Rui Afonso, depois deste ter pedido a demissão das suas funções na AL, acrescenta que o advogado “é uma figura histórica de Macau”.

Uma das fases mais marcantes da acção de Rui Afonso em prol da transparência política em Macau deu-se quando entrou em choque com a administração do, à altura, Governador Rocha Vieira, nomeadamente com posições que tomou enquanto deputado na AL.

Sérgio de Almeida Correia, amigo e colega de Rui Afonso destaca o amor incondicional que este tinha à liberdade. Algo que o advogado sentiu na pele numa altura em que assinava artigos de opinião muito críticos em relação à Administração de Rocha Vieira. “Cheguei a dizer-lhe que ia deixar de escrever porque achava que estava a criar problemas ao escritório”, conta o amigo de Rui Afonso. A resposta que recebeu foi: “nem pense nisso, porque aquilo que está a fazer é muito importante para os portugueses e para a população de Macau”.

Sérgio de Almeida Correia salienta o carácter de um homem que abominava “trafulhices e golpadas”. Neste registo, o advogado categoriza Rui Afonso como “um homem de palavra, dos mais sérios e honestos que conheceu” em toda a sua vida.

Enquanto deputado, era alguém muito atento aos reais problemas de Macau, ao que era necessário ser feito. Nesse aspecto, Sérgio de Almeida Correia recorda que Rui Afonso era implacável com promiscuidades entre a produção legislativa e os casos de justiça que corriam nos tribunais. Quando apareciam propostas de alterações pontuais às leis para favorecer um tribuno, ou um interesse que este representasse, a resposta de Rui Afonso era implacável. “O que vemos hoje já acontecia de forma velada, seja quando é aprovada legislação que lhes dá jeito, ou quando não aprovam legislação para não serem prejudicados nos seus negócios”, explica o advogado. Sérgio de Almeida Correia salienta que “antigamente isso não acontecia como acontece hoje, porque havia gente na AL como o Rui Afonso, que não o permitia”. Apesar do lamaçal que a política sempre envolveu, ainda havia defensores da legalidade, com uma conduta “do ponto de vista moral e ético de grande integridade”, explica.

Defensor da transparência

Anabela Ritchie concorda com esta visão de rectidão, acrescentando que foi uma pessoa que “não levou os aspectos e interesses pessoais para dentro da AL”.

Esta característica intrépida ficou vincada no seu papel aquando do relatório à Fundação Oriente, em que ficou patente que os fundos que eram recebidos da indústria do jogo, “eram pura e simplesmente canalizados, na íntegra, para Portugal”, conta Sérgio de Almeida Correia. Algo que não agradava, naturalmente, à população de Macau, em particular aos chineses. Nesse aspecto o advogado destaca o papel de Rui Afonso, que “foi a primeira pessoa a dizer que a única saída decente para aquilo era devolver o dinheiro a Macau”.

De acordo com o amigo, uma das coisas que Rui Afonso mais abominava era a forma como os dinheiros públicos eram geridos na recta final da administração portuguesa do território.

Aliás, este grau de integridade valerem-lhe o respeito por todos os sectores da sociedade. “Foi uma peça importante para o estabelecimento de pontes entre as diversas comunidades, aliás, a comunidade chinesa tinha por ele um grande apreço por ele”, explica Leonel Alves.

Bombeiro de serviço

A sua coragem não se ficou apenas na acção política, em particular num episódio digno de um filme de super-heróis. Uma vez, em viagem numa auto-estrada portuguesa, Rui Afonso deparou-se com um veículo a arder. “Diz que nem pensou e agiu por impulso”, conta Anabela Ritchie. Saiu do seu carro e socorreu a pessoa que se encontrava no veículo em chamas. “Quando nos contou isso, não o fez como quem relata um acto heróico”. O episódio deixou-lhe queimaduras na mão e no rosto. De acordo com a ex-presidente da AL, o seu amigo de 30 anos considerou o acontecimento como “algo que qualquer pessoa faria”.

De resto, o advogado fica para a memória de quem privou com ele como uma pessoa de integridade inquestionável e afabilidade. Na esfera privada, era alguém que gostava de mimar os amigos, em especial à mesa, em torno de um bom queijo e uma garrafa de vinho. “Era um ‘bon vivant’, gostava de ter a casa cheia, apreciava e sabia receber, era uma pessoa com uma simpatia fora de série”, conta Sérgio de Almeida Correia.

Além dos prazeres da conversa à mesa, não dispensava uma caminhada domingueira pelos trilhos de Coloane, e não conseguia viver sem livros, cinema e música. Aliás, neste aspecto o amigo e vizinho recorda um episódio em que depois de uma manhã em que exagerou no volume da aparelhagem, apanha Rui Afonso e a mulher no elevador. Começaram por elogiar o gosto musical do vizinho. Comentando, em seguida, que não era preciso preocupar-se uma vez que também gostavam muito “de Brel e da Carmina Burana”.

Sérgio de Almeida Correia conta este episódio com ternura, salientando a personalidade de Rui Afonso que, além da correcção extrema, tinha uma personalidade que punha qualquer pessoa à vontade.

Deixa-nos alguém que ganhou o respeito de Macau, que não recusava casos no seu escritório, mesmo quando, por vezes, os clientes não conseguissem pagar os seus honorários, ou em situações de contratos rescindidos, ou processos disciplinares injustos movidos pela antiga Administração portuguesa. Sérgio de Almeida Correia conta que quem recorria ao seu escritório sabia que “ali ninguém tinha medo do Poder, ninguém tinha medo da Administração de Macau, algo que não se via em todos os escritórios”. Parte como chegou e como viveu: em liberdade e sem medo.

20 Mar 2017