Saúde | Reumatologista chegou a propor criação da especialidade

Rui Melo, o médico reumatologista que está de saída do São Januário, chegou a propor um projecto de implementação da especialidade, mas tal nunca avançou. Em carta enviada a Alexis Tam, o médico denunciou problemas no funcionamento do serviço de medicina interna

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]médico reumatologista que não viu o seu contrato ser renovado pelos Serviços de Saúde (SS) revela agora a carta que enviou ao Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, a 18 de Agosto deste ano, uma semana depois de ter sido notificado de que o seu contrato não iria ser renovado.
A carta, divulgada pelo próprio médico ao HM, mostra que Rui Melo chegou a propor um plano de implementação do serviço de reumatologia no Centro Hospitalar Conde de São Januário, o qual funciona inserido no serviço de medicina interna.
A proposta de mudanças terá sido feita junto do director do serviço logo em 2014, na primeira semana de trabalho do médico. “Apresento-lhe um plano de implementação da especialidade, pois o mesmo (director) nem sequer tinha planeado a minha actuação. Começo a fazer três períodos de consulta com muitas lacunas abertas no meu horário. Volto a conversar com o mesmo no sentido de ampliar a minha área de actuação (executar técnicas da especialidade e colaborar no serviço de radiologia)”, escreveu Rui Melo. À data, o director do serviço terá solicitado “um prazo para analisar e discutir as minhas propostas”.
Na sua carta, o médico brasileiro defendeu a “necessidade de divulgação da especialidade para os centros de saúde, a fim dos clínicos gerais poderem referenciar, o mais precocemente, os casos de patologia do músculo”.
Tal plano terá sido exposto a Kuok Cheong U, director do hospital. “Sugeri fazer umas sessões de esclarecimento sobre a importância da especialidade, tendo em conta o número de habitantes e o crescente envelhecimento da população, utilizando os directores dos centros de saúde e mesmo os médicos para estarem presentes no auditório do edifício dos SS.” Kuok Cheong U terá ficado “com as cópias do projecto de implementação da especialidade e o nome de patologias que poderia receber e tratar dentro do hospital”. O director pediu então a Rui Melo para ter “calma” e aguardar “um tempo para que a situação pudesse modificar-se”.

O problema na medicina interna

Logo nos primeiros meses de trabalho Rui Melo terá começado a ser avisado pelas chefias. O director do serviço “reclamou do baixo número de consultas e ponderou que eu devia passar a cooperar no internamento da medicina interna”. Este disse mesmo, segundo a carta de Rui Melo, que Macau “não necessitava” da especialidade de reumatologia.
Rui Melo afirma ter recusado participar no internamento de doentes, por achar “não ter idoneidade para praticar a especialidade de medicina interna”. “Não iria colocar em risco a saúde dos doentes nem a minha boa prática clínica, além daquele serviço não ter falta de especialistas e de internos para aquelas actividades”, escreveu ainda.
O médico alertou ainda Alexis Tam para os problemas no atendimento a doentes reumatológicos. Logo nas primeiras semanas de trabalho, Rui Melo teve conhecimento da existência de duas especialistas em medicina interna, as quais realizam “cada uma delas, um período de consulta por semana chamada de “reumatologia” sem terem qualquer diferenciação para tal”.
O médico terá então pedido para tratar destes doentes, o que foi recusado. “Solicitei a possibilidade de distribuição dos utentes que estão em seguimento nas outras duas consultas, pois os doentes são observados num período inferior de 15 minutos por cada uma das médicas, tendo cada uma um número avultado mínimo de 30 doentes por consulta, colocando em risco a qualidade do serviço prestado.”

Má formação

Rui Melo deixa ainda uma crítica ao funcionamento do hospital público. “A presença de elementos mal formados, do ponto de vista pessoal, cultural e técnico, e que estão à frente de algumas direcções de serviços médicos, impedem a aplicação de qualquer acção técnica de qualidade nos SS.”
O médico fala da existência de situações de “boicote” aos profissionais vindos do exterior. “Se é para os SS continuarem a recrutar profissionais qualificados no exterior, mas com a a mediocridade local dos mal formados a quererem boicotá-los e a expulsá-los, acaba sendo um grande desperdício de dinheiro e de tempo para o Governo da RAEM e de prejuízo moral, profissional e financeiro para quem vem abraçar o desafio profissional num novo ambiente de crescimento e que necessita, cada vez mais, de profissionais qualificados”, escreveu.

Rui Melo explica saídas dos hospitais portugueses

Em Portugal, o médico brasileiro viu os seus contratos com os hospitais de Seia e Bragança serem rescindidos, mas ao HM explica as razões. Em Seia, Rui Melo ter negociado um orçamento para a comparticipação de doentes reumatológicos, o qual acabaria por ser negado pela nova administração do hospital. “Optei por não concordar em referenciá-los para os Hospitais da Universidade de Coimbra, e não tive o meu contrato renovado”, disse. No caso de Bragança, Rui Melo afirma ter sido vítima de um “mal entendido” entre o presidente do conselho de administração e a comissão da farmácia, “ao não aceitar a compra de novos medicamentos e impor limites ao número de doentes que poderiam ser tratados”. “Optaram por não estender o contrato entre aquela unidade e a minha clínica privada, que era prestadora do serviço.” Rui Melo, que foi acusado de passar doentes para a sua clínica, tem um processo em tribunal contra o hospital, que acusa de difamação.

26 Set 2016

Erro médico | Conselho da especialidade continua sem respostas

Com data marcada para Fevereiro, a Lei do Erro Médico, recentemente aprovada, continua a suscitar algumas questões. A obrigatoriedade de seguro, que é a mais falada entre as associações profissionais da especialidade, ainda não está regulamentada e foi o mote da discussão da reunião plenária do Conselho para os Assuntos Médicos

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]questão do seguro obrigatório a ser efectivado por todos os profissionais de saúde, que está prevista no novo diploma do erro médico, foi o tópico que mais dúvidas suscitou na reunião plenária do Conselho para os Assuntos Médicos (CAM), que teve lugar na passada sexta-feira e onde foram esclarecidos e discutidas as orientação do Regime Jurídico bem como as principais dúvidas por parte das Associações da especialidade.
Com a entrada em vigor do diploma agendada para o próximo mês de Fevereiro, os profissionais de saúde são obrigados a fazer um seguro que “visa proteger tanto médicos como utentes”, afirmou Rui do Amaral, assessor jurídico dos Serviços de Saúde (SS), após o encontro. Segundo o jurista esta é uma medida que “pretende proteger ambas as partes sem que ninguém fique prejudicado em caso de prova de erro médico”.
No entanto, a medida ainda não está regulamentada e aguarda aprovação do Conselho Executivo da proposta, que ainda aguarda definição por parte da Autoridade Monetária de Macau (AMM), sendo que Rui do Amaral garante que os interesses de cada especialidade “serão devidamente salvaguardados porque o objectivo do executivo é o de não agravar a responsabilidade que já existe e que estaria garantida no âmbito do quadro penal”.
A possibilidade de não existência de capacidade financeira para abarcar com o pagamento do prémio do seguro essencial para o exercício de funções foi outra das questões ligadas a esta matéria. O problema não é tido como relevante para os SSM na medida em que, e partindo da experiência registada em situações semelhantes, serão prémios que “não envolvem valores muito elevados”, apesar de indefinidos.
O director dos SSM, Lei Chin Ion, apontou, para justificar os valores baixos e baseado em situações idênticas, um valor máximo registado de cerca de 3 milhões de patacas para um seguro deste género.
No entanto, esta é ainda uma questão que aguarda a devida regulamentação por parte da AMM, sendo que é uma medida em que o valor vai variar segundo a especialidade exercida e o tipo de entidade responsável. “No caso de hospitais, o seguro tem um valor mais elevado, mas esse tipo e estrutura também são entidades com maior capacidade para poder cobrir essas despesas, e nas clínicas mais pequenas com menor número de especialidades, obviamente que os valores serão mais reduzidos”, remata Rui do Amaral.
A questão da notificação obrigatória em caso de suspeita de erro médico num prazo máximo de 24 horas e a definição de “fortes indícios” de que este tipo de situação tenha ocorrido também forma assuntos abordados pelas associações da especialidade e alguns membros do conselho que ainda não consideram que estejam devidamente definidas.
A justificação adiantada pelo jurista dos SSM prende-se com o facto de que dada a abrangência do tema era necessário incluir no Regime uma definição de erro médico que fosse “o mais alargada possível porque não poderia ser feita de outra forma”. “Este ainda é um processo inicial e só como o decorrer do tempo e com a prática é que se poderão efectivar mais pormenores”, remata Rui do Amaral.
O diploma referente ao erro médico começou a ser discutido em 2000, bem como outros que datam de há cerca de 16 anos. “Há muitos diplomas da saúde à espera de serem adiantados” e desde 2008 já foram regulamentados mais de 80, considerados de carácter fundamental.

26 Set 2016

SCM | Farmácia Popular com museu abre portas em 2017

[dropcap style=’circle’]E[/dropcap]stá escolhido o novo arrendatário para o rés-do-chão da Santa Casa da Misericórdia (SCM), espaço anteriormente arrendado ao Governo, onde funcionava o 1º Cartório Notarial. O Grupo Popular foi o escolhido pela SCM para ocupar o espaço com a Farmácia Popular. Segundo um comunicado enviado pela SCM, a mesma estará aberta ao público a partir do dia 1 de Abril de 2017.
A renda que o Grupo Popular irá pagar será de 700 mil patacas mensais, valor abaixo do 1,2 milhão de patacas pago pelo Executivo. A nova renda foi afixada consoante o valor oficial da inflação. Está ainda “prevista a comparticipação da Irmandade nos resultados do exercício anual da Farmácia Popular, a partir de um montante previamente acordado.”
A nova Farmácia Popular será também um local com história, estando prevista a concretização de um projecto do arquitecto Carlos Marreiros. Esta será “uma farmácia com uma componente museológica”, sendo recriado “a ambiência que viveu, desde a sua fundação, e de quando o farmacêutico Henrique Maria Nolasco da Silva a dirigia, através de fotografias da época e adereços de outros tempos.”
A SCM afirma ter tido “a preocupação de respeitar a vocação histórica e cultural, e sobretudo de assegurar a dignidade do edifício – integrado no património de Macau reconhecido pela Unesco – e de divulgar a história desta farmácia pioneira e os laços que a ligam à Irmandade.”

26 Set 2016

Violência Doméstica | AGM quer oferecer acolhimento temporário a baixo custo

A Associação Geral das Mulheres quer arrendar casas a baixo custo e a prazo limitado para as mulheres vítimas de violência doméstica. A ideia é que estas consigam tornar-se independentes depois de serem ajudadas, para que não regressem a partilhar um tecto com os seus agressores

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Associação Geral das Mulheres (AGM) vai começar a oferecer acolhimento temporário a mulheres vítimas de violência doméstica no final do ano. Foi o que indicou a Associação numa iniciativa para a promoção da divulgação da Lei de Combate e Prevenção da Violência Doméstica, que entra em vigor no próximo mês.
Dados da Associação mostram que, em 11 anos de serviço, a linha aberta do Centro de Solidariedade Lai Yuen, sob a alçada da AGM, recebeu cerca de 4200 chamadas telefónicas pedidos de ajuda de mulheres vítimas de violência doméstica, enquanto o seu centro ofereceu serviços a 543 mulheres e 349 crianças “maltratadas”. Segundo o jornal Ou Mun, entre estas 70% foram violentadas pelo marido. Mais ainda, 60% sofriam abusos há mais de cinco anos e 30% há mais de uma década.
A responsável da AGM apresentou ainda informações de que 70% das mulheres que ligaram para a linha aberta também chamaram também a polícia para pedir ajuda, mas apenas 20% dos casos deu seguimento à situação até o agressor ser acusado pelo tribunal. Os principais factores que contribuíam para esta baixa percentagem, indica ainda a Associação, são medo face à saúde psicológica das crianças envolvidas, o acreditar no arrependimento dos agressores ou a necessidade de procurar outro alojamento caso as mulheres denunciassem o agressor.
Por isso mesmo, a AGM referiu também que vai lançar no final do ano um plano do serviço de acolhimento temporário a curto-prazo, oferecendo alojamentos temporários às mulheres. Estes locais funcionarão como casas e serão pagos pelas vítimas, ainda que sejam “de rendas a baixo custo”. O período de alojamento pode ir de 14 dias a três meses.
Wong Kit Cheng, vice-presidente da AGM, e Ho Fun Ngan, directora do Lai Yuen, referiram que já em 2008 a AGM tinha sugerido ao Governo o fornecimento do alojamento por mais tempo para as mulheres e crianças vítimas de violência doméstica, devido à dificuldade em ajudar todas as mulheres que procuram asilo no Lai Yuen. Muitas mostravam estarem estáveis quando moravam no centro, mas depois de se tornarem independentes não sabiam o que fazer, acabando por viver novamente com os agressores. O novo plano proposto pelo centro, dizem as responsáveis, pode permitir às mulheres terem mais tempo para se preparem para evitar que regressem a partilhar uma casa com os perpetradores de maus tratos.

26 Set 2016

Ung Vai Meng rejeita consultas públicas para Biblioteca Central

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]projecto para a nova Biblioteca Central de Macau não vai ser posto à auscultação da sociedade. É o que diz o presidente do Instituto Cultural (IC), Guilherme Ung Vai Meng, que afirma estar esperançoso de que os cidadãos apoiem a construção.
À margem de uma actividade de promoção de Macau em Hong Kong, o presidente do Instituto indicou que o projecto não deverá ser alvo de consulta pública, para evitar mais atrasos. “O projecto vai contribuir significativamente para a evolução da geração futura e para a construção da qualidade cultural de Macau”, frisou, acrescentando que, se o projecto continuar a ser adiado, Macau vai “ficar para trás” em termos culturais.
“Se se realizar mais uma consulta pública, o projecto vai ser ainda mais adiado e discutido por mais alguns anos. Como o Governo já fez, há dez anos, a consulta e os estudos relacionados com a construção, o Governo não vai repetir o processo, senão nada vai ser feito”, indicou.
Foi em 2007 que o edifício foi oficialmente entregue ao IC e os dois anos seguintes foram períodos para os concursos de desenho do novo espaço. Concurso que deu problemas e que levou a que, em 2010, o Governo abandonasse o projecto e o recomeçasse do zero. Em 2012 foi concluído o planeamento da primeira fase das obras. Em 2014, o estudo prévio do novo projecto foi entregue às Obras Públicas e o ano passado, o IC fez um plano sobre os livros e equipamentos a adquirir. Este ano foi criado um grupo de trabalho entre o IC e a Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) e i novo concurso público para o projecto vai ser lançado no início de 2017, estando a iniciativa aberta apenas a arquitectos locais.
O espaço deverá abrir em 2021. O responsável do IC reiterou que, em meados do Outubro, o organismo vai fazer uma exposição dos conceitos de construção da nova biblioteca que nascerá no antigo tribunal e nessa altura os cidadãos podem expressar as suas opiniões.

26 Set 2016

Teologia | São raros os alunos locais que estudam área por interesse

Macau, território onde desaguaram um dia jesuítas e outros cristãos, tem hoje uma única universidade católica. A Faculdade de Estudos Cristãos da Universidade de São José oferece um programa abrangente, mas apenas um aluno de Macau fez essa escolha por gosto, sem querer seguir a vida religiosa. É especialista em Antigo Testamento e está a fazer o mestrado na Bélgica

[dropcap style=’circle’]À[/dropcap]entrada do Seminário de São José somos avisados por uma aluna do curso de psicologia, que ali tem aulas: “quase ninguém estuda teologia, não conheço alunos”. Ali, onde também decorrem as aulas da Faculdade de Estudos Religiosos, da Universidade de São José (USJ), há uma maioria de alunos que um dia serão padres, freiras, missionários em nome de Deus. Vêm de vários países para terem formação em várias religiões, seja catolicismo ou budismo. O director da faculdade, Arnold Monera, também nos alerta não só para os poucos alunos de Macau mas também para a quase inexistência de leigos, ou seja, pessoas que não querem seguir a vida religiosa. Em todos estes anos, apenas um aluno de Macau se tornou na excepção à regra, para além de outro estudante que acabou por mudar-se para o Canadá.
Quem é este leigo com interesse pela religião? Andrew Leong licenciou-se em gestão hoteleira, o curso que, à partida, garantia um emprego certo. Mas a vontade e o interesse falaram mais alto e este aluno está hoje na Universidade Católica de Lovaina, na Bélgica, a fazer o mestrado na área da religião.
Apesar de ser especialista no Antigo Testamento, Andrew confessou, em entrevista por e-mail, que tem interesse sobre várias áreas. “Interessam-me muito as áreas da religião, como a Liturgia e a Teologia Moral, que nos diz como cada um deve viver a sua vida na Terra. Gosto também da história da Igreja, pois sem sabermos o passado comum da fé em comunidade, ninguém pode conhecer a sua identidade. Gosto ainda da Teologia Sistemática e dos Estudos Bíblicos, já que tudo começa aí”, contou ao HM o estudante, que é católico.
Andrew Leong refere ser um curioso por natureza. “Isso tem a ver com a minha personalidade, porque gosto muito de várias disciplinas, mesmo fora da teologia, como a história da China, filosofia, cosmologia e até estudos do Holocausto. Mas se tivesse de escolher uma área, seria os estudos da bíblia. Não só porque tudo começa nas escrituras, mas informa-nos como formulamos a liturgia, a teologia moral e como devemos avaliar a história da Igreja.”
“Estudar teologia nunca foi um objectivo quando era criança, nem sequer um sonho de carreira, nada disso. A minha primeira licenciatura foi em gestão hoteleira, e ganhei alguma experiência nessa área. Contudo, quando acabei o curso, soube que havia uma faculdade de teologia criada recentemente e o director da altura convenceu-me a tirar o curso. Demorei um verão inteiro até tomar uma decisão. A grande motivação surgiu porque durante toda a minha infância e adolescência a fé cristã não me foi apresentada de uma maneira sistematizada e coerente, e muitos dos meus colegas e amigos até achavam algo irracional e inaceitável. Mas para mim desde o início que fazia algum sentido. Então decidi seguir esse percurso”, contou ainda Andrew Leong.

O lugar da Bíblia

Andrew Leong confessa-se fascinado pela Bíblia, livro escrito pelos discípulos de Jesus Cristo, que poucos compreendem, diz. “É como se fosse uma grande pintura que se observa de diferentes ângulos, onde se encontra sempre algo de diferente. É também como um espelho, em que cada um se pode encontrar. É como uma janela, onde podemos olhar para o passado, presente e futuro.”
Em Lovaina, Andrew confessa que tem um contacto permanente com novas ideias e novos pontos de vista. Tem sido “uma experiência dura, desafiante”, mas não se mostra arrependido. andrew-leong
O aluno pretende voltar a Macau e tornar-se académico nesta área. “Quero contribuir de alguma forma e promover mais os estudos em religião. Como católico, e uma vez que temos um novo bispo (Stephen Lee), que tem energia e muitos planos, penso que posso contribuir com o que for necessário, sobretudo na promoção da leitura da Bíblia. Quero promover um ambiente de leitura para que as pessoas saibam como recebemos a bíblia, e também focada para pessoas de outras religiões, sobretudo para aquelas que têm diferentes perspectivas. Gostaria que o público de Macau soubesse mais sobre a fé cristã, a qual está muito ligada à história da nossa região.”

Curso para todos

Numa sociedade onde coexistem várias religiões, as pessoas parecem afastadas do seu estudo. No seu gabinete, no Seminário de São José, Arnold Monera confessou ao HM que gostaria de atrair mais leigos para o curso, que actualmente tem umas dezenas de alunos.
“Estes programas académicos não estão reservados apenas a alunos que queiram ser padres ou freiras. Claro que a maioria dos nossos alunos são seminaristas, que se estão a preparar para o sacerdócio, ou irmãs que vão entrar numa congregação. Neste momento temos um aluno de Hong Kong a estudar teologia. Este ano não conseguimos abrir o mestrado porque tivemos menos de dez alunos, o que faz com que não seja financeiramente viável para a universidade. Mas ao nível do doutoramento temos dois pastores protestantes a estudar. Esperamos que haja mais leigos a estudar na nossa licenciatura.”
Com cursos de licenciatura, mestrado e doutoramento, os programas académicos abrangem várias religiões. “No nosso mestrado não nos centramos no cristianismo. Falamos do hinduísmo, islamismo, budismo. Vivemos numa altura em que temos de ter consciência da beleza e da existência das várias religiões. A Ásia é o sítio onde um grande número de religiões se correlaciona”, defendeu Arnold Monera.
Andrew Leong encontra uma explicação para a ausência de alunos. “Se olharmos para a maioria das áreas que as pessoas de Macau estudam na universidade, descobrimos que são muito centradas na carreira, como a hotelaria, o Direito ou cursos de economia. Os estudantes de Macau e os seus pais preferem não estudar numa área que não lhes garante um bom futuro (com riqueza), então áreas como a teologia, ou a filosofia, psicologia, não são escolhidas.”

O oposto da ciência

Mas há ainda uma razão relacionada com a própria cultura chinesa. “Para a cultura chinesa, a religião é exactamente o oposto da ciência, e os discursos religiosos parecem-se com contos de fadas e lendas. Por isso é tido como algo que não se pode estudar ou explicar. Esse ponto e a mente prática das pessoas são duas das razões pelas quais as pessoas de Macau não estão interessadas em estudar esta área”, disse o estudante.
Para Arnold Monera, o facto da faculdade ter programas académicos apenas em inglês, e sem alunos do continente, torna-se ainda mais difícil captar a atenção de novos estudantes.
“E o inglês não é uma língua oficial em Macau, então a maior parte dos estudantes vão para Taiwan, é mais fácil para eles, porque podem estudar em chinês. Não sei se num futuro próximos possamos disponibilizar cursos em cantonês. Para além disso, o catolicismo é uma religião que existe em Macau mas não tem tantos seguidores como o budismo. Em termos dos jovens não há muito interesse em fazer estudos religiosos, porque acreditam que é dominado por padres e freiras, mas é uma área que está aberta a toda a gente.”
Arnold Monera, filipino, é ele próprio leigo. É casado e especialista em Novo Testamento. Mantém o sonho de um dia a USJ poder ter alunos vindos da China.
“Os estudantes chineses poderão ter interesse em estudar esta área, porque a religião tem a ver com os primórdios da humanidade. O ser humano é uma pessoa religiosa, e se retirarmos a religião perdemos uma parte importante da nossa existência. A religião tem sempre um lugar na sociedade, em qualquer sítio, não se pode erradicar”, concluiu.

26 Set 2016

Auditoria | IACM permite falta de condições e de segurança em equipamentos sociais

Apesar de gastos de quase mil milhões de patacas para todo o serviço de manutenção dos espaços verdes e equipamentos de lazer, o IACM não cumpriu os seus deveres: lixo, insegurança e falta de condições são algumas das críticas apontadas pelo Comissariado de Auditoria, que frisa ter havido “descuido” em diversos aspectos

[dropcap style≠’circle’]D[/dropcap]esperdício – de recursos e dinheiro -, falta de condições para os utentes e até riscos de segurança. Uma avaliação do Comissariado de Auditoria (CA) caracteriza assim as instalações de lazer de Macau. De zonas de descanso a parques desportivos, são diversos os locais que deveriam ser melhor geridos pelo Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), mas que não o são, frisa o CA.
“A presente auditoria detectou um elevado número de problemas respeitantes às instalações e equipamentos e às condições de higiene nas instalações municipais para fins de lazer, o que demonstrou que o IACM foi insuficiente na actividade de gestão, pondo em causa a segurança e a saúde pública e prejudicando a imagem de Macau junto dos cidadãos e visitantes.”
Num relatório que não deixa de fora os detalhes de cada um dos locais que visitou, o Comissariado dirigido por Ho Veng On fala em problemas “constantes” e critica o facto de alguns problemas se estenderem por mais de um ano, como é o caso das instalações e sinalizações perto dos Lagos Sai Van.
“Desde há muito tempo, é uma noção comummente admitida pela comunidade que as instalações municipais construídas pelo Governo são seguras e fiáveis. No entanto, conforme mostram os resultados da Auditoria e devido à falta de atitude activa da entidade, um certo número de instalações e equipamentos comporta riscos de segurança, o que demonstrou o desvio da finalidade da criação das instalações municipais, colocando em destaque a actuação descuidada do [IACM]”, atira o CA, que pede que o Instituto pondere “a sério” os problemas apresentados para que haja resultados concretos.
As situações acontecem por falta de iniciativa do próprio Instituto, tanto ao nível de gestão como de fiscalização, ainda que a responsabilidade dos utentes também não seja deixada de fora (ver caixa).
“Em algumas instalações municipais geridas pelo IACM, as tarefas de reparação e limpeza são asseguradas pelos adjudicatários. Apesar disso, o IACM, enquanto entidade responsável pela gestão, deve reforçar a supervisão no sentido de garantir o cumprimento das responsabilidades dos adjudicatários. Deve também aperfeiçoar o mecanismo de inspecção de modo a permitir uma intervenção mais activa na detecção de problemas e na execução das tarefas de reparação e limpeza, evitando, assim, a passividade na realização dos trabalhos e falta de acção no caso da detecção de problemas evidentes no dia-a-dia.”

Coisas do passado

Os avisos do CA não são de agora. Em 2014, por exemplo, o Comissariado foi à Praça dos Lagos Sai Van. Foi aqui que começou a avaliação ao IACM, que passou por uma dezena de outros espaços.
“Todos os locais examinados apresentavam elevado número de problemas respeitantes às instalações e equipamentos e às condições de higiene”, indica o Comissariado, que salienta outros dois sítios além dos lagos onde os problemas são mais flagrantes: o Jardim do Mercado do Iao Hon e a Zona de Lazer do Jardim Nam Ou.
O Comissariado fala em 30 problemas detectados pelo CA nestes três locais. A maioria, 28 deles, “não foram detectados pelo IACM” e 11 deles “permaneceram sem melhorias até Março de 2016 apesar da comunicação do CA junto do IACM em Abril de 2014”.
As instalações e equipamentos danificados com risco imediato não foram reparados atempadamente e “nem sequer” foram colocadas sinalizações de risco para evitar acidentes: as rupturas nos pisos superior e inferior da Praça do Lago Sai Van mantiveram-se, bem como os equipamentos desportivos “instáveis” e cheios de ferrugem do Iao Hon. E o lixo.
“Verificou-se que o lixo existente nas calçadas permaneceu sem recolha durante dias e o lixo existente nos espaços verdes e entre as pedras se manteve por recolher durante meses.”

Dinheiro sem supervisão

O CA faz questão de referir que a construção das instalações já acarreta, por si só, “avultados custos do erário público” e diversos recursos: do IACM, das Obras Públicas, dos adjudicatários e dos trabalhadores. Mas, se a falta de atenção do IACM foi justificada por “falta de recursos” ou por não terem sido detectados os problemas (ver texto secundário), houve algo que não faltou ao Instituto: dinheiro gasto para reparar precisamente o que estava mal. Serviços que o IACM pagou mas que não tiveram qualquer supervisão.
Por exemplo, o Instituto gastou em 2015 mais de 98 milhões de patacas para aquisição de serviços de limpeza e gestão de espaços verdes das instalações municipais, onde não se incluem apenas estas. E este valor não inclui custos pagos pela Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental para os mesmos serviços.
No relatório, o CA pede ao IACM que defina um mecanismo “eficiente” para “detectar atempadamente” os problemas existentes e para os resolver “definitivamente”. Outro dos pedidos prende-se com a reparação e substituição das instalações em condições “deficientes que apresentam riscos imediatos”. Mais ainda, o CA quer que o IACM “reforce a supervisão dos serviços adjudicados por forma a assegurar o cumprimento das responsabilidades de acordo com o contrato”.

Utentes também são responsáveis

Apesar do Governo ser responsável por gerir e manter a limpeza das instalações municipais, também quem os usa tem a sua quota parte de responsabilidade. Os problemas de higiene “não têm origem no Governo”, recorda o CA, que frisa que a grande quantidade de lixo existente nas instalações municipais examinadas “foi abandonada indevidamente pelos utentes”. O aviso do CA vai, por isso, também para os cidadãos, mas o Instituto não escapa no que à promoção diz respeito.
“O IACM deve reforçar a comunicação com os cidadãos e acompanhar seriamente as suas opiniões. Não deve adoptar uma atitude arrogante e deixar passar as opiniões da população, mas deve actuar com maior determinação no sentido de criar um ambiente de cooperação entre o Governo e a população e, em conjunto, manter as instalações públicas em condições limpas e agradáveis.”

Instituto justifica-se e concorda com relatório

Do lado do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), as justificações para estes problemas dividem-se entre a falta de recursos, grande número de utentes e ausência de perigo imediato para os utilizadores. No relatório do Comissariado de Auditoria (CA), o IACM indica que não efectuou a actividade de gestão e reparação devidamente “pela insuficiência de recursos”, algo que o Comissariado considera que originou o desperdício dos seus esforços e das outras entidades envolvidas e prejudicou os avultados recursos públicos canalizados para a construção destes equipamentos.
Outro dos fundamentos apresentados pelo IACM sobre o atraso na limpeza foi o elevado número de utentes e outro ainda o facto de não haver riscos imediatos em alguns casos. Algo com que o CA não concorda.
“O IACM informou que tinha conhecimento de que algumas instalações e equipamentos estavam em condições deficientes, mas não foram feitas as reparações por estes não apresentarem risco imediato. No entanto, o CA não pode deixar de realçar que um certo número das instalações e equipamentos em condições deficientes apresentavam risco imediato”, pode ler-se no relatório.
O IACM, que frisa terem sido recolhidas dez amostras de entre 132 jardins, parques e zonas de lazer sob a sua alçada, diz concordar com o relatório – e admite que vai elevar a limpeza e o tratamento atempado de problemas. “Este Instituto pretende integrar a gestão e manutenção das instalações municipais para fins de lazer no sistema de gestão a longo prazo e melhorar o desempenho no trabalho através da obtenção do Certificado Internacional de Gestão de Qualidade ISO”, indica.

23 Set 2016

Médico Reumatologista foi afastado de vários hospitais em Portugal

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Centro Hospitalar Conde de São Januário não foi a única unidade de saúde a dispensar os serviços de Rui Melo, médico reumatologista cujo contrato de trabalho de um ano não foi renovado. Dois hospitais públicos em Portugal, nomeadamente o Hospital de Nossa Senhora da Assunção, em Seia, e a Unidade Hospitalar de Bragança também optaram por rescindir contrato com o médico brasileiro.
A primeira saída deu-se há dez anos, segundo o jornal regional Porta da Estrela. A notícia dava conta do afastamento do único reumatologista do hospital de Seia, o qual tinha a cargo 600 doentes. Após um ano de trabalho, Rui Melo foi contactado pelo conselho de administração desse hospital, o qual o questionou sobre “as elevadas despesas com os tratamentos destes doentes”, escreveu o Porta da Estrela.
A administração do hospital terá dito ao médico para não atender mais doentes fora da área do distrito de Seia, por questões orçamentais, sendo que este se recusou a fazê-lo. Pouco tempo depois, Rui Melo recebia uma carta a avisar da rescisão do contrato.
À data, a saída de Rui Melo do hospital de Seia gerou protestos por parte dos doentes, os quais desejavam a continuação do clínico, de quem diziam receber o melhor tratamento.

Mais acima

No caso de Bragança, a saída terá acontecido em 2012, pelo facto de Rui Melo alegadamente “aliciar” doentes seus a terem consultas na sua clínica privada, escreveu o jornal Correio da Manhã. O médico recusou essa acusação. “Nunca aliciei nenhum utente daquela região para a minha clínica privada, que dista a 230 quilómetros da Unidade Hospitalar de Bragança. O que me surpreende é a forma perversa como este tipo de calúnia. O objectivo daqueles é eliminar quem possa desestabilizar e ou os afrontar com qualidade humana e profissional”, referiu no seu esclarecimento ao jornal.
Esta quarta-feira o director do São Januário, Kuok Cheong U, disse aos jornalistas que os serviços de Rui Melo já não eram necessários, pelo que foi decidida a rescisão do contrato de um ano. O serviço de reumatologia irá continuar a ser mantido por duas médicas. Até ao fecho desta edição não foi possível contactar Rui Melo para mais esclarecimentos.

23 Set 2016

Metro Ligeiro | Painéis solares descartados pelo GIT

O caderno de encargos do Metro Ligeiro previa a instalação de painéis solares para a produção de energia, mas o projecto acabou por ser descartado pelo Governo devido à baixa popularidade e pouca “eficácia de custos”. O contrato de concessão com a CEM terá sido um dos factores

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s 11 estações do segmento da Taipa poderiam vir a ter painéis solares para a produção de energia, mas tal não vai acontecer. O HM sabe que essa intenção constava no caderno de encargos do projecto, mas a vontade de enveredar por uma iniciativa mais amiga do ambiente acabou por cair por terra, confirmou o próprio Gabinete de Infra-estruturas de Transportes (GIT).
“Na fase inicial da elaboração do projecto da linha da Taipa do Metro Ligeiro foi avaliada a possibilidade de introdução de instalação para geração de electricidade solar. No entanto, considerando o desenvolvimento da respectiva técnica, a popularidade e a eficácia de custos, entre outros factores, acabou por não ser colocada nas estações da linha da Taipa”, disse o GIT numa resposta escrita enviada ao HM.
Apesar disso, o Governo garante que as estações serão um sítio agradável para se estar e que se tentou, na mesma, reduzir o impacto ambiental do projecto. “Com o objectivo de poupar energia e proteger o ambiente, as estações localizadas na linha da Taipa do Metro Ligeiro foram projectadas por forma a criar um espaço aberto, tornando possíveis a ventilação e a iluminação naturais”, refere ainda a mesma resposta.
O HM sabe ainda que o contrato de concessão da Companhia da Electricidade de Macau (CEM) foi um dos factores para a não instalação dos painéis solares, pelo facto da empresa ter a exclusividade da produção e fornecimento de energia. Confrontado com esta questão, o GIT nada disse sobre o assunto. Já a CEM confirmou que não teve, até à data, qualquer informação sobre a intenção de instalar painéis solares, referindo que o Governo só teria de contactar a concessionária após a referida instalação nas estações do Metro Ligeiro.

Da exclusividade

Olhando para a revisão do “Contrato de concessão do exclusivo da produção, importação, exportação, transporte, distribuição e venda de energia eléctrica”, datado de 2007 e publicado em Boletim Oficial (BO), conclui-se que “durante o período de concessão, só a concessionária tem o direito de utilizar as vias públicas, bem como os respectivos subsolos, com o fim de fornecer energia eléctrica”. Contudo, são excepção “os casos autorizados pela RAEM, depois de ouvida a concessionária”.
O mesmo documento revela que “o regime de exclusivo não abrange nem prejudica as instalações particulares que sejam ou venham a ser alimentadas por energia eléctrica de produção própria e as redes de distribuição para tracção eléctrica, desde que devidamente autorizadas pela RAEM”.
O HM contactou ainda André Ritchie, antigo coordenador-adjunto do GIT, o qual não quis fazer comentários sobre este assunto.

23 Set 2016

Mong Há | Construção recomeça em 2017 com custos mais altos

Com um orçamento mais alto, a segunda fase das obras de habitação pública e pavilhão de Mong Há vão recomeçar em 2017. O Governo assegura que resolveu os litígios com o empreiteiro original, mas não menciona a que preço

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Gabinete para o Desenvolvimento de Infra-Estruturas (GDI) apresentou ontem o novo plano do Complexo Desportivo e da habitação pública de Mong Há, que deverá começar as obras no primeiro semestre do próximo ano. O organismo confirmou ao HM que o Governo conseguiu chegar a acordo com o empreiteiro que estava originalmente encarregue do projecto, a quem pagou parte das infra-estruturas construídas, e que lança agora um concurso público.
As obras da 2ª fase da habitação social e do complexo desportivo de Mong Há foram suspensas há mais de quatro anos, por litígios entre o empreiteiro e o Governo. Agora, com concurso público aberto, o GDI prevê que as obras recomecem no próximo ano e durem 1470 dias úteis. É estimado também que o custo total, devido à inflação, vá aumentar 20% comparando com o original, que foi de 685,4 milhões de patacas.

Incógnitas financeiras

Era a Companhia de Construção Hobbs a responsável pela construção, que assinou o contrato em 2011 e que deveria ter as obras prontas em 2014. O GDI admite que “o Governo já efectuou pagamento sobre as despesas de construção efectivamente concluídas pelo empreiteiro original”, mas não adianta, ainda que questionado pelo HM, quanto é que foi esse valor. Lam Wai Hou, Chefe funcional de obras do GDI, também não revelou a quantidade de dinheiro envolvida no litígio com a ex-empreitada, mas garantiu que iria fornecer à comunicação social os conteúdos da resolução em breve.
Foi através de uma terceira parte que o Governo “chegou a acordo sobre a resolução do contrato com o empreiteiro original”, tendo sido posteriormente revertido “o local de obra”.
O GDI diz que a escolha dos materiais de construção já foi ajustado de forma a acabar com os problemas encontrados nas outras habitações públicas. No total foram entregues sete propostas para as obras e a vencedora terá de acabar o que ficou por fazer, que é quase toda a estrutura.
A segunda fase da Mong Há tem uma área de construção total de 87.500 metros quadrados e vai contar com 37 pisos e 768 fracções, 512 são T2.

23 Set 2016

Operação Trovoada | Resultados “reforçam necessidade” de mais acções em casinos

A “Operação Trovoada 16” terminou com 1085 indivíduos a caminho do Ministério Público e com o enfâse na necessidade de reforço de fiscalização nos casinos, onde ocorre a grande maioria dos crimes de usura associados ao Jogo. O combate aos delitos relacionados com a droga é também prioridade das autoridades

[dropcap style≠’circle’]E[/dropcap]m dois meses foram detectados 103 crimes associados ao sector do Jogo, e que compreendem essencialmente a usura, e mais 50 associados a burlas. De um total de 824 crimes distribuídos por 87 categorias, dez são directamente relacionadas com esta indústria, mas muitas há no que respeita a crimes violentos que podem ter a sua génese em dívidas mal paradas no sector.
Os dados são resultado da Operação Trovoada 16 que envolveu as autoridades policiais das regiões de Guandong, Hong Kong e Macau. A mega operação de combate a actividades criminosas decorreu durante dois meses, entre 22 de Julho e 21 de Setembro, e abrangeu dez áreas associadas a actividades criminosas.
Não sendo os crimes do jogo cometidos no seio da sociedade, os números vêm constatar a necessidade de reforçar as acções de fiscalização nos casinos e nas zonas periféricas porque “acabam por afectar a sociedade”, referiu João Augusto da Rosa, Adjunto do Comandante-geral dos Serviços de Polícia Unitários, na conferência de imprensa para a apresentação dos resultados.
O encontro, que se baseou essencialmente em números, deu ainda a conhecer que foram encaminhados para o Ministério Público 1085 indivíduos e expulsas da RAEM 967 pessoas acusadas por “crimes diversos” (774), imigração ilegal, excesso de permanência ou porque a sua estadia não “se coaduna com a qualidade de turista”.
Comparativamente aos valores apresentados no ano passado referentes à operação equivalente de combate ao crime, os números desceram, tanto em delitos como em agentes destacados. A justificação não é porque a criminalidade terá diminuído, mas sim porque o período de tempo foi menor. Em 2015 a “Trovoada” decorreu durante três meses e agora apenas dois e “por isso houve uma descida significativa de agentes disponibilizados e de casos descobertos”, justifica João Augusto da Rosa.

Coacções e apreensões

Quanto às medidas de coacção aplicadas aos envolvidos em actividades criminosas, 234 casos ficaram com termo de identidade e residência e 152 proibidos de entrar em casinos. Com pena de prisão imediata ficaram cinco indivíduos. Em números foram apreendidos quase cinco milhões de dólares de Hong Kong e quase 200 mil patacas. Ficaram ainda nas mãos das autoridades documentos falsos, notas falsas, armas, essencialmente facas e bastões extensíveis, cartões de débito, telemóveis, quatro motociclos e um veículo.
Dos artigos apreendidos, o topo da tabela vai para os estupefacientes com a retenção de cerca de 35 gramas de cocaína, 120 de ketamina e mais de 100 gr de Ice, uma metanfetamina. Outra apreensão de relevo foi a de “chá com leite”, uma nova droga que está a ganhar popularidade em Macau, com mais de cem gramas apreendidas.
Questionado acerca do possíveis casos detectados na Escola Portuguesa de Macau (EPM), João Augusto da Rosa garante que “não há dados de alunos da EPM associados a actividades criminosas nomeadamente associadas ao consumo de drogas”, salientando que este é um combate a ter permanentemente.
No total, e sob a coordenação dos Serviços de Polícia Unitários (SPU), o Corpo de Polícia de Segurança Pública (PSP) e a Polícia Judiciária (PJ) foram realizadas 760 acções de fiscalização que tiveram como alvo operações em casinos, casas de massagens e clubes nocturnos, bares, cafés, espaços de diversão e estabelecimentos hoteleiros. Paralelamente, foram reforçadas acções de identificação e verificação de viaturas bem como aumentados os patrulhamentos nos pontos mais críticos no que respeita à segurança.

23 Set 2016

Demência | Inaugurado novo centro de diagnóstico no São Januário

O Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, inaugurou ontem o Centro de Diagnóstico e Tratamento de Demência, que vai funcionar junto às novas urgências do São Januário. Terá capacidade para atender até 30 doentes por dia, com uma lista de espera de um mês. Não estão previstas novas contratações

[dropcap style=’circle’]É[/dropcap]a segunda inauguração dos Serviços de Saúde (SS) no espaço de meses, mas desta vez a pensar nos mais velhos que sofrem de perda de memória progressiva. No novo Centro de Diagnóstico e Tratamento de Demência há mesmo uma sala que parece saída do século passado, com sofás e bordados brancos e fotografias de uma Macau que já não existe espalhadas pelos corredores. Na sala da nostalgia, a pequena caixa de música com a bailarina, o ábaco e o velhinho bule ajudam a buscar pedaços de uma memória já frágil, mas que precisa de ser tratada.
A pensar no Dia Mundial do Alzheimer, que se celebrou ontem, o Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, inaugurou o Centro que vai funcionar bem junto às novas urgências do São Januário e que terá capacidade para tratar entre 20 a 30 doentes por dia. Ali serão tratados os pacientes encaminhados a partir dos centros de saúde, sendo que no espaço haverá uma concentração dos serviços já existentes.
“Os casos encaminhados para aqui poderão levar cerca de um mês [a serem analisados]. Esperamos reduzir o mais possível no futuro”, disse Alvis Lo, médico pneumologista que trabalha no hospital na área da Geriatria e que vai coordenar o novo Centro.
O espaço terá salas de avaliação de funções cognitivas, salas de diagnóstico e tratamento médico e médicos especialistas em Geriatria, Psiquiatria e Neurologia. Contudo, segundo Alvis Lo, não está prevista a contratação de mais profissionais de saúde para este novo local. “Estamos bem preparados em termos de recursos humanos. Temos três consultas profissionais – Geriatria, Psiquiatria e Neurologia – e estes médicos vão continuar com os trabalhos. Não recrutamos novos médicos mas continuamos com os médicos que temos, vamos redistribuir os trabalhos.”
O novo Centro chega mais de um ano depois da inauguração das novas urgências, sendo que não terá sido necessário um grande investimento, garantiu Alvis Lo. “O espaço estava destinado para as consultas da urgência, já tínhamos os equipamentos. Não tivemos um grande investimento.”

Quatro mil doentes

Não será fácil chegar até ali e admitir as doenças da perda de memória. Segundo Alvis Lo, nem todos aceitam ser avaliados. “Desde que a pessoa não recuse a avaliação no centro de saúde, da nossa parte o tempo pode ser bastante reduzido. Muitas vezes as pessoas recusam receber a avaliação dessa doença no centro de saúde.”
Hoje existirão cerca de quatro mil doentes em Macau, mas continuam a faltar dados oficiais. “Há cinco anos já tínhamos uma consulta externa sobre a perda de memória. Mas em Macau não sabemos exactamente quantos são os doentes com demência, ainda que se estime que haja cerca de quatro mil doentes e mil casos confirmados”, acrescentou o coordenador do Centro.
Alexis Tam garantiu no seu discurso que estes números têm tendência a subir. “Com o envelhecimento da população e com o aumento da esperança média de vida, prevê-se que este número vá aumentar.” salanostalgiahm
Para isso já estão a ser pensadas medidas, como a criação de uma base de dados, como já tinha avançado o HM numa reportagem sobre o assunto. “Pretendemos estudar a viabilidade da constituição de um sistema de registo de dementes que possa ser útil na elaboração de políticas e na gestão de pacientes e dos serviços de acompanhamento necessários”, referiu o Secretário.
Para além disso, “será criado um grupo de prevenção e tratamento da demência no âmbito da Comissão de Prevenção e Controlo das Doenças Crónicas, a quem é incumbida a função de estabelecer laços de colaboração com associações e organizações da sociedade, por forma a promoverem os trabalhos de sensibilização”, concluiu Alexis Tam.

Secretário visita centro que apoia 230 utentes

O Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura visitou ontem o Centro de Cuidados Especiais Longevidade, na Taipa. A funcionar desde 1998, o espaço está desde o ano passado a prestar cuidados a doentes que sofrem de várias patologias ligadas à demência. É, aliás, a única unidade na RAEM a fazê-lo.
No dia em que a demência foi o tema, e em que se assinalou o Dia Mundial do Alzheimer, Alexis Tam chegou pontualmente às 15h00 para fazer a visita. Uma visita guiada, onde foi possível visitar várias salas para acompanhamento de idosos. Aqui, são estimulados a fazer várias actividades para ocupar os seus dias, mas sobretudo para continuar a exercitar o cérebro e prevenir doenças degenerativas do foro psiquiátrico.
“Actualmente esta instituição tem capacidade para prestar cuidados a 230 utentes, todos em regime externo. Vinte e cinco vagas são destinadas a portadores de demências, sendo que neste momento existem 18 casos já identificados”, disse Paul Pun, Secretário Geral da Cáritas, que também esteve presente durante o encontro.
A Instituição, que funciona com apoios do Governo, da Cáritas e também graças a trabalho voluntário, presta também apoio domiciliário, estando neste momento a acompanhar 80 casos.
Alexis Tam, acompanhado do seu chefe de Gabinete, Ip Peng Kin, e da Presidente do Instituto de Acção Social (IAS), Vong Yim Mui, começou a visita pela sala de escrita. Munidos de pincéis e grandes folhas de papel, alguns idosos pintavam caracteres chineses. Tam esteve à conversa com alguns deles e questionou-os se estavam satisfeitos com as políticas de saúde levadas a cabo pelo Governo. A resposta foi positiva e veio pela boca de uma voluntária que ocupa os seus dias na instituição a ajudar quem mais precisa. A mulher estudou Medicina Chinesa durante seis anos e esteve mais quatro a aprender medicina ocidental. Entretanto, o filho teve uma doença e acabou por morrer, pelo que se dedica agora a ajudar quem mais precisa.
Continuando a visita, o Secretário mostrou-se surpreendido com as instalações, nomeadamente o refeitório que, “apesar de ser um espaço pequeno é arejado, bem ventilado e com muita luz”, disse.
Alexis Tam reforçou que as necessidades da população mais velha são uma preocupação para o actual Governo. “Com uma esperança de vida cada vez maior, Macau tem já uma população envelhecida e com ela vêm as dificuldades cognitivas”, daí a importância de serem criados mais espaços para diagnóstico precoce e tratamento das demências.
Alexis Tam garantiu que uma nova unidade vai abrir na zona da Areia Preta, mas ainda não tem data marcada.

22 Set 2016

Reumatologia | Especialidade assegurada ainda que sem mais contratações

Rui Melo está de saída do hospital Conde de São Januário mas os Serviços de Saúde não vão contratar mais médicos para o serviço de Reumatologia. O serviço de Radiologia, no entanto vai contar com novas contratações

[dropcap style=’circle’]”[/dropcap]A Reumatologia no Hospital Conde de São Januário continua a ser assegurada por duas médicas.” Esta é a garantia dada pelo porta-voz dos Serviços de Saúde (SS), depois de uma notícia da TDM que dava conta que Rui Melo, médico do hospital público, não terá renovado o seu contrato de trabalho, após um ano a exercer a especialidade em Macau.
Ontem, à margem da cerimónia de inauguração do Centro de Avaliação e Tratamento da Demência, o director dos SS, Lei Chin Ion, confirmou que, para já, não vão ser recrutados mais médicos para o serviço de Reumatologia, sendo que apenas a Radiologia, que este ano sofreu com a saída de dois médicos, terá novos rostos.
“Em termos de recrutamento de médicos depende muito das nossas necessidades”, apontou. No geral vão ser contratados mais 51 médicos especialistas, 55 médicos de clínica geral e 82 internos do internato complementar.
Kuok Cheong U, director do São Januário, disse que o hospital simplesmente “deixou de ter a necessidade da prestação do serviço (por parte do médico Rui Melo)”, por isso “não foi renovado o contrato”.
Em declarações à TDM, o médico disse ter sido alvo de um boicote e garantiu “que os doentes vão sair prejudicados pela falta de especialistas na área”. A TDM noticiou que Rui Melo chegou a Macau, em Novembro do ano passado, e veio implementar um serviço de especialidade que há mais de 17 anos se encontrava extinto nos SS, no entanto o porta-voz do organismo garantiu que a “Reumatologia não é nenhuma especialidade no São Januário e quer antes quer depois da saída do referido médico, a especialidade esteve sempre inserida na medicina interna”. O mesmo garante ainda que os cuidados médicos prestados nesta área da Medicina vão continuar a ser assegurados. O caso da saída do médico acabou por ser “um namoro que não deu em casamento”, exemplificou o porta-voz.
Mário Évora, director clínico do Hospital, já tinha afirmado que não vai haver lacunas. “Continuaremos a ter todas as condições para resolver os problemas que nos surjam”, disse à TDM, referindo-se à prestação de cuidados e acrescentando que pode haver contratações futuras para reforçar o serviço de Reumatologia.
Rui Melo diz ter sido apanhado de surpresa quando soube que o seu contrato de trabalho não seria renovado. Foi então que em declarações ao Canal Macau alegou ter sido alvo de um boicote do director dos serviços de medicina interna, Ng Hou. O referido clínico acusou ainda o responsável dos serviços de discriminação e de falta de competência.

Lei Chin Ion quer menos doentes enviados para o exterior

O director dos Serviços de Saúde (SS), Lei Chin Ion, pretende reduzir o número de doentes enviados para tratamento no exterior. A garantia foi dada à margem da cerimónia de inauguração do Centro de Avaliação e Tratamento da Demência. “Estamos a trabalhar no sentido de reduzir, no futuro, o envio de doentes”, apontou, quando questionado sobre um artigo recente do jornal South China Morning Post, que relatava os milhões que já foram gastos pelos SS para o envio de doentes.
“A capacidade de equipamento e recursos é maior em Hong Kong do que em Macau, temos de admitir esta realidade. Mas em Macau temos de tomar conta de 600 mil pessoas, embora tenhamos temos plena capacidade para disponibilizar os serviços médicos fundamentais. Há casos pontuais de doenças que raramente ocorrem em Macau, e por isso enviamos os doentes para o exterior”, disse ainda Lei Chin Ion, adiantando que o número de doentes enviados foi muito baixo o ano passado.
“Em termos de técnicas e equipamentos, se tivermos insuficiências, não temos outra opção, teremos de enviar doentes para Hong Kong, mas o número é muito baixo. Em 2015 o número de doentes enviado ao estrangeiro foi muitíssimo baixo, em cada mil doentes só uma média de 1,6 pessoas foi enviada para o exterior. Depois de tratados os nossos médicos acompanharam a situação, tal como o transplante de órgãos e outras cirurgias complexas”, concluiu. A.S.S.

22 Set 2016

Hovione | Avaliação de fumos em actualização

Começou com queixas por parte dos moradores do Edifício do Lago e a discussão já passou para a internet. Qual a composição dos fumos que saem da chaminé da fábrica da Hovione na Taipa? Neste momento nem a própria empresa sabe e mais informações só para o ano

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Hovione não tem passado despercebida na comunidade virtual. A empresa de produtos farmacêuticos situada na Taipa tem sido alvo de críticas online, nomeadamente no que respeita à emissão de fumos. As queixas juntam-se ao já anunciado descontentamento expresso pelos moradores do Edifício do Lago, que receiam que os conteúdos do fumo sejam prejudiciais à saúde.
Agora, na rede social Facebook, não só a imagem da chaminé da empresa a emitir fumos durante a noite, como também a referência a maus cheiros eventualmente daí advindos, têm causado alguma polémica.
Ao HM Eric Ng, coordenador de Emergência da Hovione Macau, fez saber que se encontra em curso um estudo que divulgará a composição química dos fumos emitidos pela empresa. A resposta que acabou por ser dada pessoalmente, visto os esclarecimentos pedidos por correio electrónico andarem a ser progressivamente adiados, não adianta nada acerca dos gases que chegam aos ares daquela zona. São ou não inofensivos? Eric Ng não responde, mas refere que a actualização desta informação será dada atempadamente estando agendada para o próximo ano, altura em que a empresa realiza o dia aberto e convida elementos da comunicação social para conhecerem as entranhas da indústria farmacêutica local.

Nem sim, nem sopas

Confrontado com as notícias relativamente recentes de que a Hovione havia dado a conhecer de que estes fumos seriam resultado do sistema de abastecimento de gás sem que contivessem qualquer valor tóxico, Eric Ng não confirma nem desmente.
“Não estamos autorizados em dar essa informação neste momento”, afirma o coordenador de Emergência, ao mesmo tempo que diz que apesar da informação dada anteriormente ser válida, não pode ser considerada actual, visto o processo que indica o conteúdo dos fumos da Hovione estar ainda a ser realizado.
“Não podemos adiantar qualquer informação.”
Há cerca de três meses, o HM anunciava que os moradores do Edifício do Lago, complexo de habitação pública na Taipa situado em frente à fábrica, estavam já preocupados com os fumos que diariamente saem das chaminés. Contudo, e segundo o canal chinês da Rádio Macau, a empresa descartou qualquer toxicidade dos fumos expelidos.
Eddy Leong, director-executivo da fábrica da Hovione, explicou que o fumo é oriundo “do sistema de abastecimento de gás”, sendo que nos dias em que os valores de humidade relativa no ar são mais elevados “é normal sair algum fumo branco”.
Na altura, o responsável avançou que “passa-se o mesmo nos hotéis de luxo. Já apresentamos várias explicações junto do público e o Governo tem conhecimento disto”.
Johnny Cheong, responsável pela parte de produção, referiu que é normal que o fumo contenha maus cheiros devido à utilização de alguns materiais, sendo que a Hovione faz testes antes da emissão dos fumos. Johnny Cheong também confirmou que os fumos não são tóxicos nem perigosos para a população.
O director-executivo frisou que é feita uma fiscalização rigorosa das instalações, sendo que a inspecção de segurança é feita por uma entidade de Hong Kong. A Hovione mantém ainda contactos estreitos com a Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA), enviando relatórios de forma regular ao Executivo, disse Eddy Leong.

Alargamento para breveCimento com menos pó

Após a polémica gerada à volta da poluição gerada pelas poeiras da fábrica de cimento de Ka Hó, a Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental confirma que as medidas que em 2014 prometeu colocar em vigor estão, na generalidade, concretizadas, de modo a proporcionar uma maior bem estar a trabalhadores e população. Em resposta ao HM, a DSPA afirma que “continua a realizar inspecções e supervisões aos estabelecimentos industriais, os quais têm, gradualmente, melhorado as suas instalações interiores”. Actualmente, já foi plenamente implementada a utilização do tapete rolante para descargas de materiais, os veículos estão equipados com caixas integralmente cobertas, a lavagem de carros é automática e já são utilizados veículos de limpeza também automáticos. A DSPA adianta ainda que estas medidas de melhoramento “já cumprem de forma geral as exigências definidas pelo regulamento administrativo” e vão ao encontro do que foi prometido há dois anos.

22 Set 2016

Corrupção | Empresa envolvida em caso da DSAT sabia horários de inspecções

Continuou o julgamento de Lou Ngai Wa, chefe de departamento da DSAT acusado de corrupção. Uma testemunha admitiu que uma das empresas envolvidas sabia dos horários de inspecção e até recebeu visitas dos funcionários da DSAT para ajudar na elaboração da proposta que lhe deu parques para gerir

[dropcap style=’circle’]U[/dropcap]ma funcionária de uma das empresas de gestão de auto-silos públicos que está envolvida no caso de corrupção que tem Lou Ngai Wa como principal suspeito admitiu ontem que sabia dos horários em que eram feitas as inspecções pela Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT). O julgamento do ex-Chefe do Divisão da Gestão de Tráfego da DSAT continuou ontem no Tribunal Judicial de Base (TJB).
O caso de alegada corrupção envolveu um funcionário e o ex-Chefe de Divisão do organismo – acusado de ter recebido subornos para atribuir a gestão de parques públicos a empresas. Já anteriormente, um funcionário da Companhia de Gestão de Estacionamento de Lun Hap tinha admitido subornos pagos a Pun Ngai, ex-funcionário da DSAT, para que a gestão de alguns auto-silos públicos ficasse com a empresa. Agora, uma funcionária diz que os parques de estacionamento administrados pela Companhia tinham todos falta de pessoal , quando a DSAT chegava para fazer inspecções, a companhia chamava pessoal de outros parques. A empresa, diz, sabia todos os horários da inspecção.
A funcionária indica ainda que, durante a elaboração da proposta para a candidatura da gestão, foi-lhe ordenado por Leong Ion Fai, arguido e gerente, que fizesse alterações ao preço proposto face aos salários dos funcionários. Mais ainda, acrescentou, o segundo arguido, o ex-funcionário da DSAT Pun Ngai, foi à companhia durante a mesma altura de elaboração da proposta.
Lou Ngai Wa é acusado de corrupção por ter alegadamente ajudado três empresas de auto-silos a obter 54 contratos para a gestão de parques de estacionamento sem necessidade de concurso público. As empresas envolvidas são a Companhia de Serviços de Limpeza e Administração de Propriedades San Wai Son, a Empresa de Gestão Predial de Lam Fung e a Companhia de Gestão de Estacionamento de Lun Hap.

22 Set 2016

Fundação Macau | Mais de metade dos apoios foi para a Educação em 2015

São milhões disponibilizados, tantos que mereceram cinco reforços orçamentais. Mas o relatório da Fundação Macau assegura que mais de 50% dos apoios atribuídos foi para talentos e Educação: entre bolsas de estudo e dinheiro para equipamentos e reparação de escolas, mais de dois mil milhões de patacas saíram dos cofres do organismo em 2015

[dropcap style≠’circle’]M[/dropcap]ais de metade dos apoios financeiros da Fundação Macau (FM) foram, em 2015, para o sector da Educação. Dados do relatório anual da entidade apontam para a entrega de diversas bolsas de estudo e dinheiro para projectos de investigação, que não esqueceram alunos dos Países de Língua Portuguesa.
Ao todo, a concessão de apoios financeiros da FM ascendeu aos 2,39 mil milhões de patacas. Mais de metade (57,04%) foram para projectos de “educação e investigação”, área a que se seguiu a cultura, desporto e lazer (com 17,37% dos pedidos) e acções filantrópicas e de voluntariado, que valeram 10,62% dos subsídios. Apoios internacionais e a indivíduos não chegaram sequer a 1%.
No relatório analisado pelo HM, pode ver-se que a Fundação atribuiu 384 bolsas de estudo a alunos locais do ensino superior e a mais de 9800 estudantes dos ensinos primário e secundário. Ao todo, foram 53 milhões de patacas em bolsas de estudo, divididos em diferentes graus. Por exemplo, todos os 9883 estudantes do ensino básico que receberam apoios foi na forma de “bolsas de mérito”. Outros 150 receberam bolsas de mérito especiais e 94 estudantes foram agraciados com apoios para as licenciaturas que frequentam.
Das 31 vagas disponibilizadas pela FM para subsídios para estudantes bilingues do curso de Direito Chinês – Português todas foram preenchidas, mas ao nível das bolsas para intercâmbio no exterior apenas 26 – de mais de 40 – foram atribuídas.
Outro das secções para que a Fundação Macau atribui dinheiro é a continuação de estudos em Portugal para alunos que completem o ensino secundário. Em 2015, 82 das 148 vagas foram preenchidas. No ensino do Português houve ainda mais seis bolsas atribuídas para alunos que frequentaram as aulas de Língua Portuguesa do Instituto Português do Oriente e o concurso de eloquência de Português.

Para todos

Os estudantes de fora não foram esquecidos: mais de uma dezena de pessoas de S. Tomé e Príncipe, Timor e Moçambique receberam apoios da Fundação, aos quais se juntaram 15 de Cabo Verde e Guiné Bissau. Para o interior da China foram quase uma centena de bolsas de estudo: a maioria (47) para cursos de licenciatura e para filhos de trabalhadores da indústria aeroespacial da China (33).
O relatório mostra ainda que a FM assegurou mais apoios ao nível da Educação, ainda que logísticos. “Ter boas instalações de ensino e equipamentos modernos constitui uma das chaves para assegurar a qualidade e sucesso da aprendizagem escolar ou universitária. Assim, com vista a cooperar com a política do Governo, a FM tem vindo a atribuir subsídios a instituições de ensino de Macau para a realização de obras de ampliação e remodelação dos edifícios escolares e renovação das instalações e equipamentos de ensino, de modo a criar melhores condições na área da Educação. Em 2015, subsidiamos a construção de prédios para escolas dos ensinos, primário e secundário e a aquisição de novos equipamentos pedagógicos, no valor de 430 milhões de patacas”, indica a Fundação.
Os apoios financeiros atribuídos a instituições privadas do ensino superior para a melhoria das instalações e equipamentos e construção dos campus foram no valor mais de 1,1 milhões de patacas, com a Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau, Universidade São José e a Universidade da Cidade de Macau a liderar o grupo dos subsidiados. A FM apoiou ainda a aquisição conjunta de um banco de dados de acervos de biblioteca de nove instituições de ensino superior, algo que custou dez milhões de patacas.
Num ano em que a palavra-chave para as políticas do Governo foram os talentos, a Fundação Macau focou-se também em projectos de formação de novos profissionais, tendo criado em 2014 os “Prémios para Talentos de Macau” destinados a premiar os residentes da RAEM que se distinguem em competições ou acções de abrangência nacional e/ou internacional. Em 2015, foram atribuídos dez prémios destes.
O organismo atribuiu ainda subsídios para apoiar mais de 140 projectos de estudos e investigação, num valor que atingiu 46 milhões de patacas.

Análises tantas

A liderança divide-se entre dois Conselhos – o de Curadores e o de Administração. O Conselho de Curadores fez quatro reuniões para apreciar mais de uma centena de pedidos. Aprovou 82, que obrigaram ao pagamento de mais de 1,8 mil milhões de patacas. A este número juntam-se mais 67,3 milhões de patacas que foram atribuídos por aprovação do Conselho de Administração. Este grupo, que analisa os pedidos de subsídios superiores a 500 mil patacas, reuniu 55 vezes para apreciar 939 pedidos – aprovou 716.
Em 2015, a FM assegura que continuou a reforçar os apoios atribuídos a instituições médicas, a lares de idosos e instituições de solidariedade social. Por exemplo, mais de 20 milhões de patacas foram para os hospitais privados e a Cruz Vermelha de Macau adquirirem equipamentos médicos e fazerem obras de manutenção.
A FM é constantemente criticado pelos apoios que dá, especialmente porque muitos deles são atribuídos a entidades que também fazem parte do corpo da Fundação. O dinheiro da Fundação, recorde-se, vem directamente das receitas dos casinos, sendo que a entidade recebe cerca de 2% do total dos lucros do Jogo.

MUST tem mais vagas para bolsas que duas públicas

A Universidade de Ciência e Tecnologia (MUST, na sigla inglesa) teve mais vagas para bolsas destinadas a alunos finalistas do que o Instituto Politécnico de Macau e o Instituto de Formação Turística. Dados de 2014 e 2015 mostram isso mesmo, ainda que não seja possível recuar mais. Por exemplo, em ambos os anos a Universidade de Macau conseguiu dez vagas para “bolsas destinadas aos alunos finalistas com melhor aproveitamento escolar”, que foram totalmente preenchidas. A MUST conseguiu preencher seis das sete vagas abertas para si, enquanto o IPM preencheu seis das seis que tinha disponíveis e o IFT duas das quatro reservadas para os seus alunos.

Números

2,762,468 mil milhões de patacas eram as receitas da FM no final de Dezembro de 2015, sendo que as despesas ascenderam quase ao total desse número: 2,762,253,200 mil milhões. As “necessidades” levaram a cinco “reforços orçamentais”, num total que ascendeu a mais de 600 milhões de patacas

21 Set 2016

Turismo | Sector hoteleiro alerta para quebra nos preços e maior competição

Há uma ligeira crise a instalar-se no sector hoteleiro e os alertas foram deixados ontem por presidentes de associações, na reunião do Conselho para o Desenvolvimento Turístico. O excesso de oferta de quartos de hotel face ao igual número de turistas a pernoitar em Macau faz com que os preços estejam a baixar. Analistas falam, contudo, de uma crise passageira

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] sector hoteleiro afirma estar a passar por uma ligeira crise, numa altura em que os empreendimentos no Cotai vão sendo inaugurados aos poucos e há uma maior oferta em termos de quartos de hotel. O problema é que o número de turistas que pernoitam em Macau tem-se mantido igual, o que faz com que a elevada competição comece a chegar ao sector, algo que o obriga a baixar os preços. Dados divulgados esta semana mostram que as receitas dos hotéis baixaram em relação a 2014.
Ontem, em mais uma reunião do Conselho para o Desenvolvimento Turístico, alguns membros, que representam associações, expressaram os seus receios ao Governo.
“Houve um aumento de 15% no número de quartos, mas o número total de visitantes que cá pernoitam permanece o mesmo. Verificámos uma descida bastante visível no preço dos quartos. Estamos preocupados que o número de quartos aumente, pois deverão ser mais quatro mil nos próximos meses. Com tanta oferta o preço dos hotéis pode descer e afectar o sector”, referiu um dos membros. “Houve investimentos de milhões e milhões de patacas por parte dos hotéis, para conseguirem determinado número de visitantes, mas têm surgido muitas dificuldades, porque há mais concorrência e competitividade”, disse outro.
Num encontro que serviu para apresentar os mais recentes projectos da tutela dos Assuntos Sociais e Cultura, os membros do Conselho apoiaram a renovação das Casas-Museu da Taipa, do Museu do Grande Prémio e ainda da povoação de Ka-Hó, defendendo que o turismo local precisa de maior diversidade para sair de uma situação de impasse.
“O sector do turismo precisa de mais elementos e um conteúdo mais enriquecido. O Governo tem de lançar um calendário para que a população saiba o desenvolvimento dos trabalhos e para que Macau tenha uma maior competitividade”, afirmou outro representante.
Quanto ao responsável pela Associação dos Hoteleiros de Macau, falou da necessidade de ter “um maior foco nos elementos culturais”. “Faltam novos elementos e esses três projectos estão de acordo com as necessidades de Macau.”
Já outro membro do Conselho adiantou que também as pequenas empresas, nomeadamente o sector da restauração, estão a sofrer com este panorama. “Se o Governo conseguir trazer mais turistas ao centro da cidade só assim o sector pode beneficiar. Espero que os projectos avancem rapidamente para vermos os efeitos o mais depressa possível.”
O próprio Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, admitiu que se não forem lançados novos projectos não haverá novos elementos turísticos, o que “significa que o sector do turismo vai recuar”.

Uma crise passageira

O economista Albano Martins confirma ao HM o panorama de elevada competição e de quebra de preços. “Vão aparecer mais hotéis, mais camas, e vai haver muito mais competição. Existindo mais oferta, e se a procura não crescer significativamente, o que vai acontecer é que os preços vão descendo até chegar a uma altura em que a crise se pode instalar. Mas isso vai depender do mercado, pela maneira como o Jogo vai reagir daqui a diante. Vamos ter de ver se o Jogo vai continuar a crescer ou se vai recuperar a partir do próximo ano. Vai haver ainda a oferta do MGM e do Lisboa Palace e a concorrência vai acontecer.”
Contudo, o economista afirma que será uma crise passageira, com resolução a partir de 2018, data em que o empreendimento da Sociedade de Jogos de Macau (SJM), o Lisboa Palace, deverá ser inaugurado.
“Só a partir de 2018, altura em que se prevê uma expansão da economia de Macau, haverá efeitos directos e indirectos a nível dos hotéis. A verdade é que até lá (os hotéis) vão passar um mau bocado, porque há uma oferta brutal”, acrescentou.
Se para o sector a queda dos preços constitui um problema, o mesmo não acontece com os hóspedes, defendeu o economista. “É bom que a concorrência se faça a preços mais baixos, porque todos sabem que os preços em Macau são altíssimos. Não vejo isso com grande preocupação, mas claro que as pessoas que estão no sector olham para a sua carteira. Mas quem está fora do sector olha para isso de forma perfeitamente natural. É o sinal de uma economia livre.”

Quebra suave

Anthony Wong, docente de Turismo na Universidade Cidade de Macau (UCM), lembrou que a quebra nas receitas foi modesta, desvalorizando a existência de uma crise mais grave. “Penso ser razoável este ajustamento na indústria hoteleira. Teremos um número semelhante de turistas mas teremos mais quartos de hotel, então a oferta será superior à procura, é razoável que haja um decréscimo da taxa da ocupação e também dos lucros.”
Tal como os representantes do sector, também o docente acredita que só com mais atracções é possível fazer com que os turistas pernoitem mais tempo no território.
“A única forma de aumentar as receitas e também a ocupação hoteleira prende-se com a oferta de mais atracções turísticas. Então o primeiro desafio será aumentar as atracções turísticas, mas também será um desafio para operadores turísticos e hotéis manterem os hóspedes e fazer com que eles regressem. Haverá vários quartos de hotel a ser construídos nos próximos tempos e isso trará pressão no sector, porque a competição será muita.
Albano Martins recorda que “é provável” que, com a nova oferta dos casinos, com os novos centros de diversão que estão a ser criados, as dormidas aumentem e possa haver uma melhoria. “O que é preciso é que haja gente a ficar mais tempo e não a entrar em Macau. A taxa de ocupação dos hotéis deverá cair nesta fase, o sector vai ter dificuldade e a única hipótese é baixarem os preços”, rematou o economista.

Os números da crise

– Lucros de 2,76 mil milhões de patacas, menos 44,4% face a 2014
– Segmento dos hotéis de quatro estrelas teve um prejuízo de 171 milhões de patacas, porque as receitas das novas unidades obtidas no ano passado foram inferiores às despesas desse ano, incluindo as operacionais anteriores à sua entrada em funcionamento
– Receitas do sector dos hotéis e similares chegaram às 26,04 mil milhões de patacas, menos 6,6%
– Existe um total de 107 estabelecimentos hoteleiros, mais oito face a 2014
– O número de trabalhadores no sector também aumentou, sendo mais 14,7% face a 2014
– Os turistas continuam a pernoitar, em média, uma noite em Macau
– Em Agosto, Helena de Senna Fernandes, directora dos Serviços de Turismo, disse esperar um aumento de turistas internacionais na ordem dos 10%, embora o número de turistas se deva manter igual aos anos anteriores, na ordem dos 30,7 milhões de pessoas. Os turistas da China registaram uma quebra de 0,4% nos primeiros seis meses do ano

Helena de Senna Fernandes desvaloriza queda das receitas

A directora dos Serviços de Turismo desvalorizou ontem a queda das receitas na hotelaria, destacando que está a aumentar o número de hóspedes e o tempo de estadia na cidade. “O número de hóspedes tem subido e o número de pessoas a pernoitar em Macau também subiu”, disse Helena de Senna Fernandes, sublinhando que em Junho e Julho deste ano, ao contrário do que é frequente, o número de turistas “que ficaram mais do que um dia em Macau” foi maior do que o de pessoas que visitaram a cidade em menos de 24 horas.
Senna Fernandes sublinhou que abriram novos hotéis em Macau e, “com mais quartos disponíveis”, o preço dos quartos, naturalmente, baixa. “Ao mesmo tempo, a taxa média de ocupação está na ordem dos 80% (…). Se calhar estivemos muito acostumados a taxas de ocupação na ordem dos 90%, mas acho que não há muitos destinos no mundo que tenham este tipo de taxa de ocupação”, afirmou. “Tem de haver equilíbrio entre os preços dos quartos e a taxa de ocupação”, acrescentou, em declarações aos jornalistas à margem da apresentação da quinta edição do Fórum de Economia de Turismo Global de Macau.

21 Set 2016

Lisboa Palace recontrata trabalhadores despedidos

[dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]a sequência das manifestações por parte dos trabalhadores dos estaleiros do Lisboa Palace, que dizem ter sido demitidos injustamente, a operadora inverteu a medida e o responsável pela empreitada prometeu que iria recontratar estas pessoas. A celebração do novo contrato tem lugar hoje e o início de funções também.
A medida é tomada após uma reunião entre representantes da empreitada do Lisboa Palace e representantes da Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), em que a deputada Ella Lei frisou, após o encontro e segundo comunicado divulgado à imprensa, que este caso veio demonstrar que o regime de contratação de trabalhadores não residentes ainda tem muitos problemas.
“Se o Governo mantiver a fraca supervisão que tem tido vai, com certeza, prejudicar os residentes, sobretudo nesta fase da economia do território, pelo que tanto o Executivo como a sociedade devem prestar uma atenção especial a estes assuntos”, remata a deputada.

21 Set 2016

Jornal chinês associa declínio das receitas com campanha de Pequim

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] principal jornal oficial chinês de língua inglesa, o China Daily, publicou ontem um artigo em que volta a associar directamente o declínio das receitas de jogo em Macau à campanha contra a corrupção lançada por Pequim.
“A Las Vegas da Ásia começou a perder algum brilho desde 2014 (…), quando o combate contra a corrupção e extravagância, por parte de Pequim, aliado à economia da China em ‘corda bamba’, assustou os grandes apostadores, afastando-os para outros destinos de jogo regionais”, refere o China Daily, destacando que o Camboja surge como “um rival emergente”.
As receitas do jogo encetaram em Junho de 2014 uma trajectória descendente, com o mês de Agosto a colocar termo a 26 meses consecutivos de quedas anuais homólogas. Essa curva descendente – a mais longa de sempre – tem vindo a ser imputada por analistas a um cocktail de factores em que os efeitos da campanha anti-corrupção lançada por Pequim surgem à cabeça. No entanto, tal associação por parte da imprensa oficial chinesa tem sido muito pontual.
Mesmo com uma forte queda de 34,3% em 2015, as receitas de jogo de Macau ainda são três vezes superiores às de Las Vegas, seis vezes superiores às de Singapura e dez vezes superiores às da Coreia do Sul e às Filipinas, segundo salienta o China Daily, citando o Chefe do Executivo, Chui Sai On.
Na semana passada, a Fitch prognosticou uma diminuição de 5% das receitas dos casinos para o cômputo de 2016.

21 Set 2016

Fórum de Turismo Global | Nova edição aborda tendências de consumo

O 5º Fórum de Economia de Turismo Global vai acontecer nos dias 15 e 16 de Outubro no Studio City e tem por tema “As Novas formas de Consumo- Transformar a Indústria Turística”. É a resposta do Governo à geração mais nova que procura novas rotas, tem novos interesses e tem um novo aliado: a internet

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Governo quer adaptar a indústria às gerações mais novas. E vai começar já com a quinta edição do Fórum de Economia de Turismo Global, que acontece nos dias 15 e 16 de Outubro no Studio City. Numa conferência de imprensa que ontem decorreu, o Executivo centrou-se na necessidade que o turismo de Macau tem de se adaptar às novas necessidades de mercado.
Uma nova geração de turistas emergiu e com ela a necessidade de novas respostas deste sector. Macau é conhecido pelos casinos, mas há muito mais para ver. “Macau não é só jogo”, disse Ip Peng Kin, chefe do Gabinete do Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura.
Para Helena de Senna Fernandes, directora dos Serviços de Turismo, e Pansy Ho secretária-geral do Fórum de Economia de Turismo Global, é esta nova mensagem que importa passar junto dos operadores e representantes turísticos que vão participar durante os dois dias do Fórum.
“Vivemos numa época de revolução ao nível do consumo, com as novas gerações de consumidores a apresentarem grandes mudanças em relação aos padrões de consumo. Esta nova tendência tem um forte impacto na economia de turismo”, frisou Ip keng Kin. “E é por isso que é necessário adaptar os modelos de gestão desta importante indústria.”
Na mesma linha de pensamento, Pansy Ho sublinhou que o ecossistema de consumo se transformou, “passando do antigo modelo económico gerado pela oferta para um novo modelo económico orientado para o consumidor”. Esta edição, assegura, vai explorar como é que esta nova classe consumidora está a influenciar a indústria turística mundial e como é que os seus comportamentos de consumo e uso das novas tecnologias têm trazido mudanças sem precedentes para a indústria turística global.

Portugal ausente?

Com uma lista de vários participantes ligados ao sector do Turismo de todo o mundo, destacou-se a ausência de Portugal. Helena de Senna Fernandes avançou que “foi dirigido um convite ao Ministério da Economia, que é quem tutela o Turismo, mas até ao momento não foi recebida qualquer confirmação”.
China e França são os grandes convidados deste Fórum, com quem se pretende a troca de sinergias no sentido de trazer e levar turistas.
“A China por ter capacidade de difundir três mil anos de história e ser a cidade parceira do evento, com a Exposição das Cidades e Províncias Parceiras do Fórum. França porque continua a ser um importante pólo de atracção turística no mundo inteiro”, referiu a directora da DST. A cidade das luzes estará representada no Fórum com o tema “França: Arte e Cultura como impulsionadores do Turismo”.
O Orçamento para esta edição é de 45 milhões de patacas, sendo que 21 milhões são pagos pelos operadores turísticos e os restantes divididos entre os patrocinadores, onde estão incluídas as operadoras de autocarros, empresas e casinos de Macau, disse Ip Peng Kin.
O Governo tem como parceiros a Organização Mundial do Turismo e a Câmara do Turismo da China e do Centro de Pesquisa de Economia de Turismo Global. Durante a iniciativa será ainda lançado um guia com as atracções locais para facilitar a “venda” da RAEM aos operadores do turismo.

Cedência de vistos

Questionado sobre a questão de facilitar a cedência de vistos com vista a fomentar a entrada de mais turistas no território, o chefe do Gabinete para os Assuntos Sociais e Cultura disse apenas que não se pode continuar a aumentar este tipo de entradas. “Não podemos aumentar a atribuição dos vistos porque existem limites e temos de aprender a conviver com isso”, frisou Ip Peng Kin. Ainda assim, fez saber “que estão a ser levadas a cabo conversações a esse respeito”, ainda que seja “preciso mais trabalho governamental”. A esse propósito foi salientada a “participação pela primeira vez de uma delegação de Cantão, com oficiais do turismo, para consolidar e facilitar a relação regional”, concluiu Ip Peng Kin.

21 Set 2016

Novo museu do Grande Prémio poderá vir a funcionar 24 horas por dia

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] novo museu do Grande Prémio de Macau poderá vir a funcionar 24 horas por dia, prevendo-se a ocupação de todo o edifício do Centro de Actividades Turísticas. A garantia foi dada ontem pelo Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, na reunião do Conselho para o Desenvolvimento Turístico.
“Temos a perspectiva de que o museu possa vir a funcionar 24 horas por dia, para que o público possa sentir a sua importância”, referiu o Secretário sobre o projecto anunciado recentemente e que terá cerca de 16 mil metros quadrados. Alexis Tam mostrou ainda abertura para a participação de nomes internacionais que já estiveram no Grande Prémio de Macau, para que possam contar e partilhar as suas histórias sobre as competições no território. A sugestão foi feita por um membro do Conselho.
Coube à directora dos Serviços de Turismo, Helena de Senna Fernandes, a apresentação do projecto e das actividades que este vai conter. “Teremos zonas de exposição para vários tipos de veículos e queremos adicionar mais espaços para a realização de actividades, como a projecção de filmes e zonas para as indústrias culturais e criativas. Também queremos abranger uma zona de actividades para pais e filhos. Gostaríamos de construir mais elevadores e escadas rolantes para facilitar o acesso”, apontou.
Alexis Tam respondeu ainda às muitas críticas já feitas publicamente sobre o orçamento do novo museu, que custará 300 milhões de patacas. “Não vamos apenas renovar o museu mas todo o Centro de Actividades Turísticas, que se vai transformar num museu internacional, e por isso o orçamento tem esse valor. Já fizemos mais de 60 edições do Grande Prémio mas continuamos a ter um museu muito humilde”, concluiu.

21 Set 2016

Parque Central | Bombas da piscina responsáveis por inundação no estacionamento

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] inundação constante no parque de estacionamento do Parque Central da Taipa deve-se a problemas nas bombas de drenagem da água da piscina. A reparação, diz o Governo em comunicado, já foi feita, depois de uma avaria.
“Relativamente à fuga de águas residuais na cave 2 do auto-silo do Parque Central da Taipa, após uma vistoria, verificou-se uma avaria das bombas para águas residuais da piscina, o que originou um entupimento causado pelos produtos higiénicos e outros produtos constituídos por materiais de tecidos”, começa por indicar a Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT). “Deste modo, contactamos a entidade utente para acompanhar os trabalhos de reparação das bombas para águas residuais, bem como esclarecer as observações referentes à manutenção e reparação quotidiana. Neste momento, ficaram concluídos os trabalhos de reparação pela entidade utente.”

Sempre a somar

Esta é mais uma das polémicas a envolver o espaço, aberto há menos de três anos. Este ano, uma avaria no sistema de filtragem levou a piscina a encerrar temporariamente para a execução de “obras urgentes de reparação”. O ano passado, e depois de um relatório do Comissariado de Auditoria, Li Canfeng, director da DSSOPT, teve mesmo de pedir desculpa publicamente por causa dos problemas na construção do Parque e instalações. Na altura, foi criado um grupo de trabalho inteiramente dedicado à fiscalização do espaço.
Isto depois de, como avançado pelo HM, a abertura da piscina ter atrasado porque a Chon Tit, empresa responsável por toda a construção, estava a fazer alterações ao nível estético e da iluminação por “sugestões dos cidadãos”. Cidadãos que, contudo, ainda não tinham sequer estreado a piscina.
A Sociedade de Investimentos e Fomento Imobiliário Chon Tit (Macau) chegou a ser visada pelo Governo devido a “falhas” na construção. Diversos deputados queixam-se da empresa, com capital do interior da China e cujo director foi condenado por estar envolvido no escândalo de corrupção Ao Man Long, por falhas de segurança.
No comunicado agora enviado, o Governo não especifica se a entidade que fez a reparação das bombas é a empresa ou o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), mas assegura que, após tomada de conhecimento sobre as fugas de água através das bombas, tanto a Chon Tit como o IACM foram ao local.
“Verificou-se que o entupimento foi causado pelos lixos, produtos constituídos por materiais de tecidos e produtos higiénicos, o que originou a avaria das mesmas e sem condições de funcionamento. Na sequência da análise, constatou-se que o motivo de avaria das referidas bombas para águas residuais se deve ao uso indevido. Além de contactar com a entidade utente para acompanhar os trabalhos de reparação, a DSSOPT entendeu que a mesma deve reforçar a manutenção e reparação”, remata.

21 Set 2016

Macau | Aberto mais um centro para tratamento de dependências

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Associação de Reabilitação dos Toxicodependentes de Macau (ARTM) inaugurou ontem um novo centro para tratamento de dependências como droga, álcool e jogo, com capacidade para acolher um total de 80 pacientes.
“É um projecto antigo. Na ARTM temos estado sempre lotados e havia necessidade de aumentar o espaço, a capacidade de apoio. É um projecto que vem desde há muito tempo, desde 2008 sensivelmente que o temos em mente, e agora finalmente concretizou-se”, explicou o presidente da ARTM, Augusto Nogueira.
O centro tem capacidade para acolher 50 homens e 20 mulheres, estando reservadas dez camas para pessoas de ambos os sexos que “requeiram cuidados intensivos” ou que “estejam em grave situação de saúde”.
Trata-se da primeira valência da ARTM – fundada há mais de década e meia – direccionada em particular para diferentes tipos de dependências, apesar de os vários centros da organização não-governamental terem lidado no passado com casos de outras adições.
“Já temos vindo a trabalhar com pessoas com álcool e uma ou outra com problemas de jogo, apenas não estávamos focalizados para isso e agora vamos estar”, sublinhou Augusto Nogueira à agência Lusa.

Frentes diversas

Localizada em Ka-Hó, na ilha de Coloane, a nova unidade de reabilitação da ARTM conta com 28 funcionários, incluindo colaboradores que estiveram recentemente na Austrália a receber “formação intensiva”.
Das três dependências, Augusto Nogueira salienta que a droga constitui a que “exige maior atenção”, por ser aquela em que a organização que fundou e preside é “especializada” e por “requerer maior atenção, tanto a nível do tratamento como da prevenção”.
Segundo dados do Sistema de Registo Central do Instituto de Acção Social (IAS) estavam referenciados, no final do ano passado, 617 toxicodependentes em Macau.
Um número calculado com base na declaração voluntária de quem solicita ajuda, junto das instituições oficiais ou organizações não-governamentais, ou em dados da polícia ou dos tribunais, pelo que, como observa o presidente da ARTM, estima-se que “o número real seja superior”.
A ARTM opera em diversas frentes, contando com centros ou unidades de tratamento, incluindo com metadona, além de um programa de distribuição ou recolha de seringas e serviços de aconselhamento e apoio e ainda prevenção e sensibilização.

21 Set 2016

USJ | Novo mestrado inclui Educação Especial e Inclusiva

Um plano curricular que inclui o ramo de Educação Especial enquanto opção de mestrado foi ontem aprovado para a Universidade de S. José. O objectivo é colmatar a lacuna de profissionais na área e formar para uma atitude capaz de incluir a diferença

[dropcap style=’circle’]F[/dropcap]oi ontem aprovado um novo mestrado em Educação, a ser ministrado pela Universidade de S. José (USJ), que inclui especialização na área de Educação Especial e Inclusiva. A aprovação do novo plano curricular foi publicada ontem em Boletim Oficial e foi recebida com alegria pela professora Ana Correia, responsável pelo curso e directora da Faculdade de Psicologia e Educação da USJ.
Ana Correia explica ao HM que “o facto de se dividir e especializar o grau académico teve a ver com áreas que foram identificadas com uma grande necessidade de formação de professores educadores e profissionais no geral”. A área da Educação Especial “é uma área muito querida” pela USJ e o estabelecimento tem vindo a desenvolver trabalho, nomeadamente no que respeita à investigação.
Mas não só. “É uma área que necessita de muita atenção por parte das políticas da educação em Macau”, adianta ainda a académica. “De um ponto de vista legal é também uma área que está em fase de transição e mais do que educação especial estamos a falar aqui de educação inclusiva, pelo que o presente grau pretende melhorar a formação dos professores que trabalham em escolas que aceitam crianças com dificuldades de aprendizagem, deficiências ou outras características que as tornam ‘excepcionais’.”
As aulas já começaram mas o facto do plano de estudos ter sido aprovado vai permitir a entrada de alunos que assim o desejem ainda neste ano lectivo. “Isto é possível porque o módulo inicial do presente mestrado ainda é idêntico ao antigo, o que vai permitir aos alunos uma sequência normal e depois, sim, poderão ter as opções agora aprovadas”, explica Ana Correia.
A Universidade vai transferir directamente os alunos do módulo antigo para o agora aprovado e esta possibilidade já estava.
Neste momento, o mestrado em Educação tem “uma turma pequenina constituída por 12 alunos”, mas Ana Correia espera que esta abertura a novos conhecimentos possa acrescentar alunos já nos próximos dias. Os professores serão “de topo na área da Educação Especial”, afirma a professora, na medida em que o corpo docente foi previamente preparado para a possibilidade de integração no ensino deste novo grau académico. Dos elementos destacados está a australiana Chris Forlin, especialista em Educação Especial e Inclusiva e que já trabalha com a USJ enquanto consultora.

É preciso atitude

O caminho ainda é longo para uma maior inclusão da diferença, mas já está a ser feito. Passa efectivamente pela educação, não só a escolar mas, “e sobretudo”, por educar as famílias, quer as que têm crianças especiais, quer as restantes que, por vezes, mostram alguma preocupação em relação à possibilidade de que os seus filhos “partilhem a escola e a sala de aula com meninos com necessidades educativas especiais”.
Por outro lado, é preciso formar as escolas e professores e ter profissionais que adicionem à formação experiência e, acima de tudo, atitude. “É necessário retirar medos e preconceitos”, afirma a professora enquanto adianta que “a desculpa de ‘eu não sei nada disto, ou de não é a minha área ou não tenho conhecimento científico’, apesar de ser elemento importante não é o fundamental”. Para Ana Correia é claro que é atitude com que se desempenha esta função na área da Educação Especial e Inclusiva é “meio caminho andado para um bom desempenho”.

20 Set 2016