A Polícia Judiciária voltou ontem a alertar o público para se manter vigilante em relação a burlas, no mesmo comunicado em que revela ter recebido queixas de, pelo menos, 18 vítimas desfalcadas em quase 28 milhões de patacas. Promessas de amor e investimentos com ganhos avultados continuam a seduzir os residentes
A Polícia Judiciária (PJ) emitiu ontem um novo aviso a apelar à atenção da população para burlas, ao mesmo tempo que revelou a continuação de vítimas e de desfalques avultados.
No passado dia 8 de Junho, “a PJ emitiu um aviso alertando o público para estar atento a esquemas fraudulentos de investimento, comumente conhecidos como ‘burla do abate do porco’”, contextualizam as autoridades. “No entanto, posteriormente”, a PJ “recebeu denúncias de, pelo menos, 18 vítimas que relataram ter sido enganadas usando tácticas semelhantes, com perdas totais superiores a 27,89 milhões de patacas”.
As autoridades recordam que nestes esquemas os burlões utilizam as redes sociais para se familiarizarem com as vítimas, chegando mesmo a estabelecer relações amorosas.
Outro método frequente, é a publicação, também nas redes sociais, de anúncios falsos de investimento em acções, metais preciosos e criptomoedas, com o objectivo de atrair clientes para contactos directos em grupos de WhatsApp.
Depois de ganhar a confiança da vítima, através de conversas em que os burlões se fazem passar por especialistas em investimentos, são “oferecidas” carteiras de investimento de “elevado retorno e baixo risco” para persuadir as vítimas a investir através de plataformas fraudulentas. Segundo a PJ, alguns chegam mesmo a afirmar que as plataformas são automatizadas utilizando ferramentas de inteligência artificial, enfatizando que as vítimas só precisam de investir dinheiro para obter lucros facilmente.
A engorda do porco
Depois de cair no esquema, as vítimas seguem as instruções dos burlões e depositam dinheiro para várias contas bancárias de Hong Kong para investir. Num primeiro instante, as pessoas são iludidas com os saldos na plataforma falsas onde “verificam” os elevados retornos dos primeiros investimentos, e é aí que o golpe se efectiva, com o investimento de grandes quantias de dinheiro.
O primeiro choque com a realidade é no momento em que as vítimas pretendem levantar o dinheiro. Nessa altura, são solicitadas a pagar uma comissão para aceder aos fundos. De acordo com a PJ, é por essa altura que as vítimas acabam por apresentar queixa às autoridades.
A PJ ontem divulgou os nomes de grupos de WhatsApp, aplicações e plataformas de investimento falsas que têm desfalcado residentes. Os grupos de WhatsApp identificados pelas autoridades são INSTINET Data Think Tank, INSTINET, Advanced Strategy Sharing Classroom, INSTINET Intelligent Navigator, K5’s smart stock identification, TP-ROBOT e GC TRADE PRO.
As aplicações móveis para investimento referidas pela PJ são a INST-SI, INST-SIKK, AOT-SIGEMA e TOKENPOCKET, enquanto plataformas de investimento avançadas foram sites falsos da CITIC Securities, Douyin Charity e Junsheng Holdings.