Leonor Sá Machado PolíticaTerrenos | Solução não é feita a “bel-prazer” da DSSOPT, assegura Raimundo Um dos 22 casos de terrenos cuja concessão caduca este ano foi já resolvido, com a concessionária a sofrer uma derrota em tribunal. Para Raimundo do Rosário, nem tudo é culpa das Obras Públicas e as soluções estão na Lei de Terras, não podem ser feitas a “bel-prazer” da DSSOPT [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, deixou ontem claro que as soluções para as concessões caducadas não são feitas “a bel-prazer” do Governo. Rosário falava face às críticas de deputados quanto à morosidade dos processos de reversão dos lotes. “Só há uma solução. Temos que seguir a Lei de Terras, é ela quem manda”, garantiu o responsável. Foi em resposta aos deputados Au Kam San e Zheng Anting que o Secretário afirmou estar já concluído um dos 22 casos de terrenos revertidos. “O concessionário concordou e assinou a reversão, mas disse que vai continuar em tribunal”, explicou. Além disso, Raimundo do Rosário deixou ainda a nota: “quando há problemas [relacionados com Obras Públicas], a culpa é sempre da DSSOPT”. O líder deu a entender que a responsabilidade da falta de desenvolvimento dos terrenos agora expirados não pode sempre recair na sua tutela, já que, critica, “há pedidos que são impossíveis”. De acordo com Raimundo do Rosário, vários dos projectos que passaram pelas Obras Públicas há 25 anos não cumpriam as normas a que o Governo obriga e por isso mesmo foram rejeitadas. Algumas voltaram mesmo para trás com um pedido de alterações, mas não seguiram para a frente. “Temos que saber quais são as questões imputáveis ao Governo”, frisou. Burocracias tantas A ala democrata do hemiciclo criticou o facto do processo de reversão dos terrenos ser demasiado moroso, atrasando assim aquilo que defendem que deveria ser feito: a construção de habitação pública. No entanto, o Secretário para as Obras Públicas e Transportes ficou frisou que o processo obriga a uma série de trâmites. Nomeadamente acções judiciais, que podem ascender às cinco. “Para cada terreno, há cinco acções judiciais em tribunal e que incluem questões de suspensão da concessão, de despejo e outras com efeitos suspensivos”, explicou. A clarificação surgiu depois do anúncio da derrota de um dos 22 concessionários em tribunal em meados da semana passada. Confrontado com nova insistência de Ng Kuok Cheong quanto à morosidade na resolução do assunto, o Secretário limitou-se a dizer que “não há conceito de transitoriedade”. O mesmo responsável disse, tal como já outros líderes governamentais haviam feito, que não existe qualquer caso actual que envolva troca de terrenos, ou a chamada permuta. “Que eu saiba, deputado, não estamos a efectuar qualquer troca de terrenos”, confirmou Raimundo do Rosário. Sio Chi Wai também criticou a falta de revisão da Lei de Terras, algo que, sublinha, está mesmo escrito em forma de sugestão no documento da proposta de lei. Esta data do ano da sua aprovação, 2013. “A Lei de Terras pode e deve até ser revista”, disse. O deputado defende que, aquando da aprovação deste regulamento, era já claro que este não satisfazia inteiramente as necessidades da população. Além disso, pediu à equipa de Raimundo uma reunião para discutir este tema. Já Zheng Anting voltou a frisar a necessidade de usar aqueles terrenos para o bem da população, questionando, tal como já várias pessoas fizeram, se a actual concessão não poderá ser prolongada. Tal obrigaria a que fosse prorrogado o prazo para o mesmo projecto do mesmo proprietário. Contudo, segundo Raimundo do Rosário, a legislação em vigor evita isso mesmo: “a Lei de Terras prevê, claramente, que depois de 25 anos não se pode renovar a concessão, porque é provisória (…) quando se fala da uma nova concessão, já não tem nada que ver com a antiga”, sublinhou. Assim, terão que ser encerradas as concessões actualmente atribuídas para mais tarde, depois de findo o processo, ser aberto um novo concurso público para nova atribuição.
Andreia Sofia Silva PolíticaNg Kuok Cheong junta-se à Novo Macau em protesto dia 20 [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]deputado Ng Kuok Cheong vai participar numa manifestação no próximo dia 20, ao lado da Associação Novo Macau (ANM), ao contrário do seu parceiro político na Assembleia Legislativa (AL), Au Kam San. Recorde-se que os dois deputados, apesar de continuarem a ser membros da ANM, decidiram criar uma nova associação e separar o seu escritório do da direcção da ANM. Para Scott Chiang, presidente da ANM, não deixa de ser “surpreendente” que Ng Kuok Cheong participe nos habituais protestos do dia do aniversário da transferência de soberania. “Ng Kuok Cheong e Au Kam San podem ter outra associação, mas ainda são membros da Novo Macau. A nossa manifestação é aberta a todos. É um pouco surpreendente que o deputado tenha decidido juntar-se a nós. Au Kam San e Ng Kuok Cheong têm personalidades diferentes e não podemos pô-los sempre juntos. Nos últimos dez anos têm feito coisas de forma diferente. Mas queremos que todos adiram ao nosso protesto, não só os deputados como também os cidadãos”, explicou ao HM. Temas como a democracia ou a luta contra a corrupção vão marcar o protesto, que acontece anualmente desde 2007. “Esperamos uma manifestação aberta e uma oportunidade para que as pessoas que têm uma voz para ser ouvida se possam juntar a nós. Queremos uma troca de ideias e fazer esta manifestação todos os anos e mantê-la viva. São os nossos principais objectivos”, rematou Scott Chiang.
Leonor Sá Machado Manchete PolíticaLAG | Deputados satisfeitos com prestação de Raimundo do Rosário No rescaldo do primeiro dia das LAG de Raimundo do Rosário, os deputados consideram que o Secretário foi directo a todos os assuntos colocados em cima da mesa, mas lamentam que não tenham sido dados mais pormenores sobre vários assuntos [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s deputados José Pereira Coutinho e Gabriel Tong consideram que as respostas de Raimundo do Rosário aos deputados da Assembleia Legislativa (AL) ontem, durante as LAG, foram acertadas. Questionado pelo HM sobre o rescaldo do primeiro dia do Secretário para as Obras Públicas na AL, Pereira Coutinho classifica a sessão como “interessante” e explica que o responsável é o único que, desde o estabelecimento da RAEM, tem sabido resolver os problemas da tutela. “O lixo não se consegue limpar todo de uma só vez e o Secretário está a corrigir e a resolver problemas que já vêm de trás, do tempo de pessoas que já não estão no poder”, disse. O também presidente da Associação de Trabalhadores da Função Pública de Macau fazia alusão aos dois ex-Secretários desta pasta: “um está em Coloane [Ao Man Long] e outro está no Centro de Ciência [Lau Si Io]”. Também Gabriel Tong considera que se tratou de uma sessão com pés e cabeça, onde reinou o bom senso. “O Secretário deu respostas claras e directas, é muito directo”, sublinhou. O também advogado acrescentou, no entanto, que algumas respostas não foram pormenorizadas, mas tal não faz com que Gabriel Tong deixe de ver a sessão como “positiva”. Igualmente questionado pelo HM, Si Ka Lon vê as respostas do líder desta pasta como categóricas. No entanto, diz que lhe pareceu que Raimundo do Rosário não apresentou novas ideias para o futuro. “Na minha opinião, o Secretário só se interessa em acabar primeiro os trabalhos do passado que ficaram por concluir”, começou por dizer. O deputado exemplificou com a falta de pormenorização da resposta à sua pergunta: “O Secretário também não respondeu grande coisa ao que eu perguntei sobre a criação de uma cidade inteligente, que não foi mencionado no relatório das LAG, pelo que fica a ideia que de que não existem funcionários suficientes e não há, naquela pasta, um pensamento aberto à inovação”, apontou. Si Ka Lon lamentou a inexistência de “um planeamento a cinco anos”, à semelhança daquele apresentado por Chui Sai On. O deputado considera, assim, que o Secretário pode responder de forma mais detalhada às perguntas colocadas. “Espero que exista uma comunicação melhor. Parece-me que o Secretário diz que não consegue responder a uma determinada pergunta sem explicar porquê”, criticou. Finalmente, deixou a ideia de que “talvez o Secretário tenha medo de fazer alguma promessa futura” à população. Directo ao assunto Para o deputado Chan Iek Lap, que questionou Raimundo do Rosário quanto à Escola de Pilotagem, à protecção ambiental nas escolas e às telecomunicações, a sessão foi positiva na medida em que obteve respostas claras por parte de quatro dos directores de serviços presentes ontem na AL. No entanto, lamenta que as respostas não tenham vindo de Raimundo do Rosário. De entre as questões repetidas, estão algumas relacionadas com a concessão dos terrenos ao abrigo da Lei de Terras, a celeuma do Pearl Horizon ou o trânsito. Chan Iek Lap criticou o facto das respostas serem “muito vagas” e indirectas. “Não consegui ouvir o Secretário revelar pormenores sobre a revisão de leis, uma vez que se cingiu a dizer que faz tudo de acordo com a lei”, começou por dizer. “Não foi um debate muito profundo”, acrescentou. Chan Iek Lap considera, no entanto, que este comportamento se deve ao facto da língua materna do líder não ser Cantonês. “Deve ter receio de errar se falar demais”. O deputado fez ainda a comparação com Alexis Tam, que caracterizou como “muito falador”. A defender a falta de pormenor nas respostas de Raimundo do Rosário está Mak Soi Kun, que preferia ter visto mais dados durante a tarde de ontem. “O Secretário respondeu os problemas de acordo com a lei, mas as suas afirmações não foram muito completas”, disse.
Filipa Araújo PolíticaIlha da Montanha | Lionel Leong quer maior e mais rápida cooperação [dropcap style=’circle’]S[/dropcap]São cinco as sugestões deixadas por Lionel Leong, Secretário para a Economia e Finanças, durante a primeira reunião do mecanismo de cooperação Zhuhai-Macau para a construção da área da Ilha da Montanha da zona piloto de Comércio Livre de Guangdong. Lionel Leong quer que as duas zonas, Macau e a Ilha da Montanha, assumam uma posição de trabalho mútuo na construção de “Uma faixa, uma rota”, assim como na construção da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau. Como segundo ponto, o Secretário considera necessário dividir o trabalho e integrar as vantagens de cada zona para benefícios mútuos. “Envidar esforços para a implementação dos projectos relevantes actualmente existentes, insistindo no princípio de uma eficácia pragmática” e “apoiar activamente a participação das Pequenas e Médias Empresas (PME), jovens e profissionais de Macau na construção da área da Ilha da Montanha” são outras das ideias defendidas pelo Secretário durante o encontro. Lionel Leong considera ainda ser crucial optimizar a sistematização dos mecanismos de trabalho, sendo que “assim será possível reforçar a cooperação”. Nova equipa Tal como afirmou durante a apresentação das Linhas de Acção Governativa (LAG), Lionel Leong, confirmou a criação da Comissão de Desenvolvimento da Plataforma de Serviços para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa, presidida pelo próprio Chefe do Executivo, Chui Sai On, para impulsionar e reforçar a construção de Macau como uma plataforma de serviços. O Secretário propôs ainda que, durante o próximo ano, seja possível acelerar a implementação dos 33 projectos de investimento recomendados pelo Governo para o Parque Industrial de Cooperação Guangdong-Macau. Negociações mais rápidas entre as duas partes sobre o aumento de capital social do Parque Científico e Industrial de Medicina Tradicional Chinesa é outro dos pedidos. Moedas à parte Durante o encontro do Secretário com o coordenador e adjunto da parte de Zhuhai e também membro da Comissão Municipal do Partido Comunista da China daquela região e director do Conselho de Gestão da nova área de Ilha da Montanha, Niu Jing, Lionel Leong propôs que seja feito um trabalho contínuo na exploração e inovação no acesso das instituições financeiras de Macau ao mercado da Ilha da Montanha. Implicando, isso, actividades de empréstimos transfronteiriços e de produtos financeiros em renminbi por parte dos bancos de Macau. “(…) Bem como a promoção de modelos inovadores do regime de passagem alfandegária, envidando esforços para a facilitação das actividades de importação e exportação de mercadorias, assim como da circulação dos residentes”, indica um comunicado do gabinete do Secretário. Até ao momento, 875 empresas com capital de Macau efectivaram a sua inscrição e registo na Ilha da Montanha, das quais 794 são recém-inscritas no presente ano, o que equivale a cerca de dez vezes mais do que o total de empresas deste género registadas nos últimos cinco anos. Além disso, dois grupos de um total de 90 empresas de Macau foram já introduzidos no Vale de Criação de Negócios para Jovens de Macau na Ilha da Montanha, indica ainda.
Flora Fong PolíticaAu Kam San defende doenças crónicas e gravidez no privado Não é contra o investimento no privado, mas quer, sim, a divisão de gastos. Au Kam San esclarece as declarações que fez na AL [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]deputado Au Kam San esclareceu que não está contra o Governo investir mais no serviço público de saúde, mas diz que quer, isso sim, que cuidados de saúde ao nível das doenças crónicas, idosos e mulheres grávidas sejam transferidos para o privado, a fim de evitar uma “expansão ilimitada” das despesas nesta área. Recorde-se que o deputado falou do excesso de apoios ao sector privado de saúde no debate sobre as Linhas de Acção Governativa (LAG) na área dos Assuntos Sociais e Cultura, onde disse que muito investimento no hospital público poderia prejudicar os serviços privados. Ao HM, o deputado explicou melhor a ideia. “Não sou contra mais investimento no serviço público de saúde, mas as despesas não podem ser aumentadas sem limite. Como existe uma insuficiência dos serviços de saúde públicos e uma grande lista de espera nas consultas, concordo com a necessidade de investir de forma apropriada nos centros de saúde e Complexo de Cuidados de Saúde das Ilhas. No entanto, como esses serviços são gratuitos, e como há muita procura, a oferta pode aumentar e os cidadãos deixarão de ir aos serviços privados. Com isso os cofres públicos poderão ser gastos de forma ilimitada, até o sector público ocupar todo os serviços em Macau”, referiu o deputado. Sem controlo Questionado sobre se acha suficiente a implementação dos subsídios para as consultas externas, no valor de 110 patacas por doente, nos centros de saúde privados, incluindo os serviços de urgência do Hospital Kiang Wu e oito centros de saúde de instituições sem fins lucrativos, o pró-democrata diz que não é uma boa medida. “Na realidade, os cidadãos podem ir às consultas de 48 em 48 horas, ou seja, uma vez em dois dias, e é difícil o Governo controlar esses recursos públicos”, explica. Au Kam San acha que o Governo deve preocupar-se com a falta de supervisão da atribuição de subsídios para as consultas externas no privado, além de criticar a escolha das “associações amigas do Governo”. O deputado acha ainda que a sugestão sobre a distribuição dos cuidados de saúde pode ser diferenciada dos actuais subsídios, argumentando que, no serviço público, os residentes só vão às consultas uma vez entre um a seis meses, sendo “mais claro” o controlo das despesas. Au Kam San acredita que os subsídios deveriam ser atribuídos directamente aos residentes em vez de serem concedidos às clínicas privadas, num formato semelhante aos actuais vales de saúde.
Leonor Sá Machado PolíticaJustiça | Lei sobre cooperação judiciária este mês na AL [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s trabalhos preparativos entre Macau e a China para a cooperação na área da justiça já estão a decorrer e Sónia Chan assegura que a lei sobre a cooperação judiciária regional, falada durante as Linhas de Acção Governativa, poderá ser entregue à Assembleia Legislativa ainda este mês. Isso mesmo foi confirmado num comunicado publicado pelo Gabinete da Secretária para a Administração e Justiça. A legislação, sublinhou a Secretária, vai definir os contornos da regulamentação de cooperação. “A implementação da cooperação judiciária necessita de uma base legal e para isso a legislação da cooperação judiciária regional é indispensável. Deste modo, a elaboração desta legislação já está concluída e, dentro do corrente mês, a respectiva proposta de lei será entregue à Assembleia Legislativa para discussão”, revela o documento. A responsável frisou que os sistemas normativos em vigor em Macau, na China e em Hong Kong são diferentes, pelo que “o acordo de cooperação judiciária terá de estar necessariamente sob a premissa de “um país””. Haverá, de acordo com Sónia Chan, um período de adaptação antes que o mesmo sistema seja alargado para as várias regiões de forma homogénea. Foi já estabelecido um “consenso” no que diz respeito ao conteúdo básico do acordo, ainda que alguns pormenores tenham que ser limados. “Os trabalhos preparativos no âmbito da cooperação judiciária entre Macau, China interior e Hong Kong estão a decorrer”, refere o documento. Para já, os esforços concentram-se para a assinatura, já para o ano, do primeiro acordo neste sentido. “O Governo irá fazer os possíveis para conseguir assinar o acordo no próximo ano”, assegura o comunicado.
Flora Fong PolíticaInfertilidade | Wong Kit Cheng pede continuidade de tratamentos fora de Macau O cancelamento do apoio a residentes inférteis levou Wong Kit Cheng a escrever um comunicado, onde apela aos SS que voltem a implementar um mecanismo que, apesar de tudo, estava a ajudar [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]deputada Wong Kit Cheng pediu aos Serviços de Saúde (SS) que voltem a subsidiar os residentes de Macau que tenham problemas em ter filhos, e que tenham sido diagnosticados problemas de infertilidade. Isto porque o subsídio, que permitia às mulheres fazerem tratamentos de inseminação artificial em Hong Kong, foi cancelado pelos SS no mês passado sem aviso prévio. Num comunicado enviado pela deputada à imprensa, Wong Kit Cheng explicou que um grupo de cidadãos inférteis viu todos os tratamentos fora de Macau suspensos em Novembro. Os SS referiram, durante o debate das Linhas de Acção Governativa (LAG) da área dos Assuntos Sociais e Cultura, que o tratamento de infertilidade “não é urgente” e que “nenhum outro governo se responsabiliza pelas as despesas de inseminação artificial”. No entanto, a deputada apontou casos como os de Hong Kong, Taiwan, Singapura, Estados Unidos, entre outros, explicando que esta é a principal medida empregue para tratar a infertilidade. “Embora actualmente não se possa confirmar se existem países que pagam todas as despesas de tratamento de inseminação artificial, alguns oferecem apoios financeiros como uma das políticas para aumentar a taxa de natalidade”. Wong Kit Cheong defende ainda que a Lei de Bases da Política Familiar regulamenta exactamente a existência de um plano familiar. Este inclui, por sua vez, os trabalhos de tratamento de infertilidade. Assim, considera que os SS devem tratar disso como uma prioridade. A deputada avançou que os SS têm salientado que o regime de transporte de pacientes para tratamento no estrangeiro é rigoroso, ou seja, deve ser julgado por médicos especializados, seguido da apresentação de um pedido a um chefe de departamento e da apreciação por uma junta médica. No entanto, a deputada alega que os SS exemplificaram que os casos acima referidos não foram bem sucedidos por mais de seis vezes, avaliando esta questão como um abuso do regime. “Apesar de inseminação artificial poder não ser bem sucedida, pelo menos dá oportunidade de tratamento aos pacientes. O organismo deve ter um regime que evite o abuso irracional do subsídio e, antes que tal seja criado, os SS devem rever o seu sistema de transporte em vez de cancelar todo o apoio para os residentes inférteis”, acrescentou.
Hoje Macau PolíticaHospital das Ilhas | Raimundo Rosário não confirma construção até 2019 [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, não consegue garantir que o novo hospital possa estar concluído em 2019, data que já tinha sido referida anteriormente e que Alexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, voltou a confirmar na Assembleia Legislativa (AL). De acordo com a Rádio Macau, também a data inicialmente prevista para a primeira fase é impossível de cumprir. “Com toda a sinceridade não sei [se conseguimos ter o hospital pronto em 2019], já que não temos ainda o projecto completo. Para a semana vou à AL e terei certamente oportunidade de esclarecer, mas neste momento não é possível dizer quando o hospital fica completo dado que não temos o projecto completo e aprovado”, disse Raimundo Rosário à Rádio Macau, no final de uma reunião da 1.ª Comissão Permanente da AL, afastando a possibilidade de “conseguir ter o projecto aprovado” até à apresentação das Linhas de Acção Governativa da tutela, que começa amanhã. Sobre a data avançada no início do ano pelos Serviços de Saúde, que previam a conclusão da primeira fase do hospital das ilhas para 2017, Raimundo do Rosário disse que seria “impossível”, porque no final de 2015 ainda não há um projecto feito e o novo hospital “é muito grande”. Supostamente a segunda fase era que a ficaria concluída em 2019, mas Alexis Tam frisou na sexta-feira que essa era a data nova para a conclusão total. “Só posso dizer que o plano vai ser adiado até 2019. Nós não compreendemos essas questões da construção. Por isso, eu e o director dos Serviços [de Saúde] também só conseguimos ser informados do calendário da construção e qual será, mais ao menos, a data apontada para a conclusão, consoante as informações dos engenheiros, dos técnicos de construção civil”, afirmou, acrescentando que existe “outro Secretário para tratar dos grandes empreendimentos”.
Filipa Araújo PolíticaFundo da Segurança Social | Aumento das contribuições em 2016 [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]vontade de implementar um Regime de Segurança Social obrigatório foi tema de debate durante o segundo dia de apresentação das Linhas de Acção Governativa (LAG) de Alexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura. A rapidez na implementação deste regime foi defendida pelo Secretário, que adiantou ainda que será “promovida a implementação do aumento do montante de contribuições” já no próximo ano. O processo legislativo do Regime de Previdência Central Não Obrigatório será acompanhado, afirmou, pelo Fundo de Segurança Social e haverá, em 2016, uma promoção na “adesão dos empregadores e trabalhadores ao regime”. A deputada Angela Leong aproveitou o seu momento de debate para questionar Alexis Tam sobre os planos da sua equipa de trabalho quanto à implementação do sistema. “Temos esta ideia do Regime de Previdência Central [Obrigatório] porque achamos que é muito importante e está ligado às condições da população”, defendeu Alexis Tam. Em 2008, lembrou o Secretário, o Governo avançou com o projecto de consulta sobre a segurança social. A ideia de implementar o regime chegou, diz, porque “a maioria das empresas são pequenas e médias empresas (PME) e têm lucros baixos”, sendo que “algumas destas têm um fundo de previdência particular, portanto o consenso social foi de que não queríamos avançar logo com um regime de previdência obrigatório, mas sim com o não obrigatório”, indicou. Agradar aos grandes Uma vez mais, Alexis Tam voltou a mostrar a vontade de expandir este regime depois da primeira avaliação ao regime não obrigatório, três anos depois de implementado. “Depois de avaliar os resultados poderemos ver se é o momento oportuno para implementarmos o regime de previdência central compulsivo. O que nós queremos é atrair a adesão destas grandes empresas”, indicou Alexis Tam. O Secretário admitiu ainda que o Fundo de Segurança Social já apresentou uma proposta para que nos primeiros três anos os empresários possam usufruir de descontos fiscais nos impostos. Em reacção às explicações do Secretário, a deputada Angela Leong apontou que a questão da obrigatoriedade, ou não, deve ser “melhor articulada”. Ideia também defendida por Chan Meng Kam que apresentou algumas reservas quanto ao assunto.
Filipa Araújo Manchete PolíticaPortuguês | Leonel Alves pede “clarificação política sobre ensino” da língua O problema está entre a teoria e a prática. A criação de um espaço exclusivo para a formação de Português e a clarificação política sobre o ensino da língua foram ideias defendidas frente a Alexis Tam pelo deputado Leonel Alves. Já o Secretário assegura que o Português é uma mais-valia que deve e será aproveitada [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]deputado Leonel Alves pediu a Alexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, que o Governo crie um “estabelecimento de ensino autonomizado, vocacionado exclusivamente para a Língua Portuguesa”. As declarações surgiram no segundo dia de apresentação das Linhas de Acção Governativa da pasta de Alexis Tam, onde Leonel Alves disse ainda ser necessária uma “clarificação política sobre o que se pretende com o ensino da língua” lusa. “O ensino de uma língua é sempre importante, uma mais-valia”, disse o deputado, indicando ainda que existe “uma falta de sintonia entre a teoria e a prática, ou seja, entre o programa político [relativamente ao apoio e promoção da Língua Portuguesa] e a execução desse mesmo programa”. Leonel Alves considera que o Executivo crie um estabelecimento que permita a formação de intérpretes e “outros profissionais do saber”. Por isso, diz, é “urgente haver uma clarificação política sobre o que se pretende com o ensino da Língua Portuguesa”. É ainda muito necessário, defende, apostar na “moralização dos dirigentes” de Macau e dos seus serviços, visto que estes apresentam comportamentos de clara desmoralização. “É uma realidade constatável alguma desmoralização dos dirigentes que trabalham com esta matéria, basta ler os jornais. (…) E alguns até tencionam desistir da trajectória que têm vindo a desenvolver. Portanto, há necessidade de moralizar os dirigentes, há necessidade também de melhorar as estruturas de funcionamento e há também necessidade de incentivar cada vez mais os jovens na aprendizagem desta língua”, defendeu Leonel Alves. Referindo-se à Universidade de Macau (UM) e ao Instituto Politécnico de Macau (IPM), o deputado salientou a atitude de trabalho que esta última instituição de formação tem mostrado, em contraste com a primeira, que durante a semana passado avançou com o que seriam cortes no apoio à Língua Portuguesa, algo desmentido horas depois. “É preciso melhorar as estruturas de funcionamento (…) a autonomia [da UM] deve ser preservada, mas a universidade é nossa, é de Macau, e quem é responsável por Macau é o Governo, por isso tem que haver uma ligação entre o programa político e o que estas instituições fazem no dia a dia”, argumentou. Recado dado Alexis Tam assegurou ao deputado Mak Soi Kun que a aposta no Português será uma constante na sua pasta. “O Português é uma língua oficial, é uma vantagem para a nossa ligação mais íntima com os Países de Língua Portuguesa, porque somos uma plataforma”, indicou, sublinhando que também a China continental, ao longo dos últimos anos, tem apostado mais no ensino da Língua Portuguesa, tirando partido disso para as suas relações com o mundo. “Macau deve aproveitar bem esta vantagem, temos uma comunidade e muitos portugueses que contribuíram para Macau em várias áreas, seja na educação ou na jurídica, por exemplo. Temos que perceber as vantagens, porque somos uma ponte de ligação entre a China e o mundo”, frisou. Criticando aquilo que chama de “momentos e assuntos infelizes”, Alexis Tam apontou o dedo ao pouco trabalho que a UM tem realizado quanto à promoção da Língua Portuguesa. “Não deve haver contradições com as políticas consagradas nas LAG (…) Lancei uma instrução para a UM, porque eu também vi as notícias nos jornais. A UM tem autonomia, nós Governo podemos apenas lançar instruções e supervisionar. Só isto. (…) Mas eu quero apostar no Português e, por isso mesmo, quando o presidente do IPM me pediu mais recursos eu concordei. Esta é a minha posição”, reforçou. O trabalho realizado pela UM deve, para o Secretário, ser melhorado. “Nós temos de aproveitar a vantagem de Macau. E não só no ensino superior, eu quero investido [o ensino de Português] no ensino básico, irei apoiar sempre”, garantiu. Direito em linhas tortas Durante o momento de debate, Leonel Alves aproveitou ainda para questionar o Governo sobre o não reconhecimento do curso de Direito na UM em Portugal. “O que é o que Governo e a Universidade com a sua autonomia podem fazer para alterar esta situação?”, questionou. Em resposta, Alexis Tam, apontou apenas vontade de alterar a situação para que estes cursos voltem a ser reconhecidos em Portugal. “Desejo que a UM aplique o mecanismo que tinha para que os cursos feitos na universidade de Direito de Macau continuem a ter o reconhecimento de Portugal”, rematou. UM | Fernanda Gil Costa espera “futuro promissor” Fernanda Gil Costa, directora do Departamento de Português da Universidade de Macau (UM), disse ao HM que as recentes declarações de Hong Gang Jin, directora da Faculdade de Artes e Humanidades, a deixam “na expectativa de um futuro promissor para o departamento”. “Desejo que as suas palavras sejam a garantia de oportunidades adequadas ao valor e importância do departamento de Português”, acrescentou. A directora da Faculdade disse ao HM que as informações sobre o fim da disciplina opcional de Português noticiadas se trataram “de um mal entendido”, referindo que não há reduções no ensino da língua.
Filipa Araújo PolíticaLAG |Grupos vulneráveis na lista de Alexis Tam O Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura incluiu na lista de prioridades para 2016 os grupos da sociedade mais vulneráveis. A ideia, defende, é concretizar mecanismos de apoio e cuidado de forma permanente [dropcap style=’circle’]I[/dropcap]dosos, jovens e deficientes são uma prioridade na lista de Alexis Tam, assegurou o responsável no segundo dia de apresentação das Linhas de Acção Governativa (LAG) dos Assuntos Sociais e Cultura. O envelhecimento da população é um facto inegável para o Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura que sublinhou ser esta uma das maiores preocupações da sua equipa. Confirmando a tendência de envelhecimento, o Secretário defendeu ser necessário enfrentar o desafio e, por isso, diz, em 2016, “serão definidos programas para o futuro”. Assim, vai ser criado um “mecanismo interdepartamental de coordenação e vai dar-se início a trabalhos de implementação do Plano Decenal de Acção para o Desenvolvimento dos Serviços de Apoio a Idosos”. Uma nova iniciativa foi ainda anunciada por Alexis Tam, que indicou que o Governo vai introduzir o conceito avançado pela Organização Mundial de Saúde de “idosos com vitalidade”. O aumento da pensão de idosos, que pouco mais ultrapassa as três mil patacas, foi ainda outra sugestão de alguns deputados. Em reacção, Alexis Tam, desvalorizou o possível aumento, pois esta pensão conta com o apoio de outras medidas complementares. “Temos um pacote de medidas que outros territórios não proporcionam”, frisou. Velhos e novos Não são só os idosos que estão no centro das atenções. Também as famílias em situações vulneráveis serão visadas, pelo que o Governo decidiu tornar o Plano de Apoio Alimentar de Curto Prazo numa medida de carácter permanente. Os deficientes serão contemplados por um conjunto de medidas de apoio definidas por um Plano Decenal para os Serviços de Reabilitação, “assim como se procurará tornar o subsídio provisório de invalidez numa medida a longo prazo”. Relativamente às crianças com deficiência congénita será também criado um grupo interdepartamental, sob a coordenação do Gabinete de Alexis Tam, que “será composto por membros dos Serviços de Saúde (SS), do Instituto de Acção Social (IAS) e da Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ). Este grupo pretende aumentar a capacidade de colaboração na detecção precoce de diagnósticos, na avaliação, mas também na disponibilidade de serviços, de forma a promover o desenvolvimento coordenado com do tratamento precoce e da educação no ensino especial. Quanto à polémica questão das vagas nas creches para as crianças, Alexis Tam garante que no próximo ano a população poderá contar com mais de dez mil lugares, o que permitirá “a entrada nas creches de crianças com dois anos de idade”. Feitas as contas, o número de vagas aumentará em duas mil, passando de 8500 para 10.500. Vícios e curas O Secretário informou que será aperfeiçoado o “novo regime de atribuição de apoio financeiro a instituições de serviços social e vai promover-se o processo legislativo do Regime de Credenciação e Inscrição para o Exercício de Funções de Assistente Social”. É preciso, disse ainda, alargar-se a rede de serviços de aconselhamento para a eliminação do vício do jogo e reforçar a sensibilização dos residentes sobre o combate à droga. Negociações em curso Durante a apresentação das suas LAG, Alexis Tam avançou ainda que já estão em cursos as negociações com a região vizinha de Zhuhai para a construção de um lar de idosos na Ilha da Montanha, aumentando para quatro o número de lares certificados até 2018. “O Chefe do Executivo, Chui Sai On, já está em contacto com as autoridades de Zhuhai sobre as questões do foro jurídico, o preço de aluguer do terreno e outras formalidades”, indicou o Secretário. Durante a apresentação das LAG, membros da equipa do IAS indicou que, neste momento, Macau conta com um total de 1700 camas e a fila de espera ultrapassa as 500 pessoas, sendo o tempo de espera superior a um ano. “Em Hong Kong o tempo de espera é de 30 meses”, contrastou, indicando que o número de camas aumentará, até 2018, para cerca de 750.
Joana Freitas Manchete PolíticaDeputados contestam investimento na Saúde pública e falam em “concorrência” [dropcap style=’circle’]N[/dropcap]a apresentação das Linhas de Acção Governativa (LAG) foram muitos os deputados que criticaram o investimento do Governo na área da saúde pública. Geralmente, as críticas levadas a Alexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, dizem respeito aos problemas com o hospital público e a falta de profissionais de saúde, mas na semana passada os deputados estavam mais preocupados com o que as consequências que a resolução desses problemas poderiam ter no privado. Já na quinta-feira, o assunto tinha sido debatido, com deputados a dizerem que o hospital público está a fazer “concorrência” ao privado. Na sexta-feira, último dia de Alexis Tam na AL, o tema voltou à baila e foi a vez de Fong Chi Keong, presidente da Associação de Beneficência do Kiang Wu, deixar um alerta ao Secretário. “O hospital público está a roubar os recursos humanos das clínicas [privadas]”, começou por dizer Fong Chi Keong, normalmente um dos deputados que mais defende o mercado livre de Macau. “Pode haver uma catástrofe na área da Saúde. Agora há muito dinheiro, se fizer dessa forma nem com muito dinheiro conseguimos. O Secretário é novo no cargo, claro que tem a ambição de fazer algo brilhante, mas tem de, nesse caminho, tomar medidas de forma gradual e não alterar por alterar.” Ligado ao hospital privado Kiang Wu, Fong Chi Keong não escondeu que são oito os deputados da AL que se sentam aos eu lado na direcção do hospital privado. Lau Veng Seng é um deles e fez questão de defender isso mesmo. “Querem recrutar 500 profissionais, mas de onde vem este pessoal? De certeza que vem do sector privado. Nós sabemos.” Também tu, Au O “grande investimento” no serviço público de Saúde foi motivo de debate durante algum do tempo de apresentação das LAG, sendo que, segundo a TDM, até Au Kam San, deputado da ala democrata que critica constantemente o excesso de apoios ao privado, diz que as intenções do Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura face ao sector público da saúde pode “prejudicar” o sector privado. Em resposta, Alexis Tam fez questão de sublinhar que a população está em primeiro lugar e disse mesmo aos deputados que, se não concordam com o investimento no público, que reprovem o orçamento proposto. “Se não concordam com o nosso orçamento podem cortar. Nós precisamos da vossa autorização, mas se não concordam, então não autorizem e cortem o nosso orçamento para não podermos recrutar mais pessoal”, disse, atirando a responsabilidade para o hemiciclo. Alexis Tam, que recordou que o Governo apoia o Kiang Wu, frisou também que percebe a ideia dos deputados. “Eu percebo. Se calhar queriam que o [Governo] adquirisse mais serviços da vossa parte. Compreendo a vossa posição”, frisou, acrescentando, contudo, que a sua ideia “é ter por base a população e não satisfazer os interesses de uma qualquer minoria”.
Filipa Araújo Manchete PolíticaLAG 2016 | Saúde é “prioridade máxima” para Alexis Tam, que promete Academia de Medicina [dropcap style=’circle’]“C[/dropcap]onsidero que a Saúde é a prioridade das prioridades”, apontou Alexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, durante a apresentação, ontem, das Linhas de Acção Governativa da sua pasta. A área da saúde foi, de facto, o tema mais falado durante toda a sessão plenária na Assembleia Legislativa. Reflectindo sobre o trabalho até agora feito, Alexis Tam mostra-se positivo. A extensão das horas em quatro serviços especializados do Centro Hospitalar Conde de São Januário e dois Centros de Saúde, a diminuição do tempo de espera para a primeira consulta foram alguns dos pontos elogiados pelo Secretário. Alexis Tam apontou ainda o recrutamento de 591 profissionais de saúde – 529 já contratados -, sendo que 60 são médicos e 62 ainda estão m processo de recrutamento, como um “grande esforço” de sucesso. De forma geral, os deputados reagiram de forma positiva ao trabalho realizado pela equipa de Tam, elogiando os resultados. Ainda assim, dizem, há muito há a fazer. Mais e melhor “Vejo que a área da saúde melhorou, mas não o suficiente. Por exemplo, no recrutamento de recursos humanos não vejo melhorias”, disse a deputada Wong Kit Cheng. A deputada considera que transformar o hospital público numa espécie de dois hospitais, funcionando num sistema diurno e nocturno, irá pressionar os recursos humanos já existentes. “Temo que os profissionais sofram mais pressão com o alargamento dos horários e o sistema prolongado nas consultas externas. Tudo isto implica gestão de recursos humanos e os que existem já têm muito trabalho”, argumentou. Em resposta, Alexis Tam não concordou com as afirmações avançadas pela deputada. “Estamos todos a colaborar, eu falo com todos os meus colegas e estamos todos a trabalhar. No mês passado vi uma sondagem que me permitiu perceber que pela primeira vez em 16 anos, a população está a sentir satisfação nos serviços prestados na área da saúde”, indicou. Melinda Chan também aproveitou o seu tempo para questionar Alexis Tam sobre o processo de recrutamento, pedindo ao representante para explicar como será. O Secretário indicou que o recrutamento vai continuar para melhorar os serviços de saúde e “dar resposta à sociedade de Macau”. O recrutamento será prioritário para locais e, caso estes não consigam responder, o Governo conta com o “apoio da Administração de Saúde da China, serviços de saúde de Hong Kong, Taiwan e Portugal”. “Todas as entidades já identificaram a vontade de trabalhar connosco”, assentou, indicando que a sua pasta “não está a desperdiçar recursos com o recrutamento, está sim a investir”. Alexis diz ainda que “será definido um plano de recursos humanos. Pretende-se, no futuro, dar mais formação aos médicos de clínico geral e de especialidades médicas, bem como começar os trabalhos preparatórios para a criação da Academia de Medicina de Macau”. As áreas do Oftalmologia, Cirurgia Plástica, Oncologia e o hospital de dia contarão com o prolongamento o horário de funcionamento das consultas externas já no início do próximo ano, adiantou o Secretário. Alexis Tam afirmou ainda que será criado um Centro de Recursos para o Controlo do Tabaco para que sejam disponibilizadas “informações diversificadas relativas ao controlo do tabagismo”. Inseminação artificial é hipótese A inseminação artificial foi uma das novidades também avançadas ontem. Pela voz do próprio director do hospital público, Kuok Cheong U, ficou a saber-se que os Serviços de Saúde estão a pensar na possibilidade de implementação deste formato no território, ainda que o responsável diga que “este não é um meio indispensável, mas sim complementar”. Neste momento, as utentes interessadas precisam de ir às regiões vizinhas, como Hong Kong, para conseguir realizar o tratamento. “Isto é possível, há, é verdade, vários serviços aos quais recorremos e investimos nas regiões vizinhas, inclusivamente no âmbito da inseminação”, começou por explicar. “É possível fazermos este tratamento em Macau? É uma matéria a estudar. Estamos a analisar a todos os níveis. Estamos a pensar”, indicou o director, avançando que neste momento estão 30 utentes em tratamento. Uma hora para amamentar O deputado José Pereira Coutinho quis saber, comparando com os dados de Hong Kong – bem mais elevados do que Macau –, como é que o Governo justifica o baixos níveis de amamentação no território. “O que é o Governo vai fazer para aumentar o número de amamentação? Existe uma estratégia? Os dados indicam que depois de saírem do hospital as mães deixam de amamentar”, questionava ontem. Em resposta, Lei Chin Ion atribuiu os números à cultura da própria sociedade, admitindo que o Governo terá de fazer mais. “A sociedade tem de estar preparada, mas nós também precisamos de fazer mais (…) O [serviço] público já dá uma hora para amamentar, esperamos que o privado também faça o mesmo”, rematou. Reacções| Alexis Tam passa teste com distinção “Alexis Tam conseguiu ser concreto e evitou divagar nos assuntos que lhe competiam. Conseguiu apresentar ideias concretas, mostrou-se melhor preparado, mais do que antes [na apresentação das Linhas de Acção Governativa (LAG) para 2015]. Parece que aprendeu”, afirmou o deputado José Pereira Coutinho, em reacção à apresentação das LAG para 2016 do Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura. Para o deputado, esta apresentação foi, até ao momento, a melhor de todas as pastas, surgindo depois de uma semana que começou “muito morna”. “Nota-se uma diferença enorme na preparação e segurança nas palavras do Secretário, quando comparamos, por exemplo, com o discurso do Secretário da Segurança, Wong Sio Chak, no início desta semana”, argumentou. “Alexis Tam focou os pontos essenciais e tentou responder a todas as perguntas que lhe foram colocadas pelos deputados. Acho que é desta forma que os Secretários devem estar preparados. Acho muito bem”, sublinhou. Também o deputado Gabriel Tong concorda com Pereira Coutinho. “Fiquei com muito boa impressão do Secretário e com o que ele apresentou. Mostrou vontade de saber comunicar com os deputados e mostrou querer responder a tudo. Parece-me que o projecto que ele apresentou é bastante grande e isto exige um grande esforço para o realizar”, disse, frisando a confiança que tem em Alexis Tam e na sua equipa. O destaque na Saúde como ponto principal foi a “melhor opção”, como classificou Pereira Coutinho, por ser um dos maiores problemas para resolver em Macau. Contrariando esta ideia, esteve o deputado Kou Hoi In que diz-se “pouco satisfeito” com as respostas dadas pelo Secretário. “Não consigo ver novos pontos nas LAG, nem respostas [aos problemas] por Alexis Tam, por exemplo, desenvolver os bairros antigos como zonas turísticas ou a ligação entre as zonas para distribuir os turistas para essas mesmas zonas. O Secretário usa apenas os pontos turísticos antigos, não fala em novos elementos”, argumentou, indicando que talvez “o tempo limitado para responder” justifique as “respostas vagas”. Com Flora Fong
Joana Freitas PolíticaLAG 2016 | Aumento da qualidade da Educação e mais aposta em línguas [dropcap style=’circle’]O[/dropcap] Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura não esconde a importância da educação e dos jovens no seu mapa de trabalho, sendo que o “aumento da qualidade educativa e promoção do desenvolvimento integral dos jovens” é a meta para Alexis Tam. A equipa do Secretário garante que no próximo ano irá “melhorar o sistema educativo não superior através do melhoramento das instalações das escolas”, implementando o Projecto Céu Azul, que já tinha sido anunciado e que pretende retirar do interior dos edifícios as instalações escolares. A medida foi elogiada pela deputada Chan Hong, que defendeu esta deve ser uma prioridade do Governo. “As crianças precisam de espaço, precisamos que o Governo pondere na melhor forma de resolver este problema”, indicou. Alexis Tam disse que “serão implementados, de modo ordenado, os planos de curto, médio e longo prazo, criando condições para a mudança faseada de quinze escolas, que se encontram totalmente instaladas em pódios de prédios, de forma a criar um melhor ambiente de estudo para o desenvolvimento integral dos alunos”, explicou. Uma medida de Registo Central para o Primeiro Acesso Escolar dos Alunos do Ensino Infantil, que permita facilitar a inscrição das crianças, será também implementada em 2016. Línguas de gato Serão ainda promovidos “projectos de formação de quadros qualificados bilingues em Chinês e Português, assim como a cooperação na área de ensino e da investigação”, para que se complete o objectivo de Macau ser uma plataforma para esta formação. O Governo promete ainda elevar o ensino do Mandarim e das línguas portuguesa e inglesa, através de concursos de línguas. Serão ainda criadas mais oportunidades para que os jovens conheçam melhor a Lei Básica, afirmou Alexis Tam. Questionada sobre as escolas não aderentes ao serviços de educação gratuita, a equipa de Alexis Tam afirmou ser necessário haver um desenvolvimento com “equilíbrio”. “Estas escolas, algumas são internacionais, e têm a liberdade de escolher se querem aderir ao nosso programa ou não. Os pais é que escolhem. Se quiserem uma destas escolas, o Governo tem um apoio que pode ser dado, e esse apoio irá continuar”, frisou Leong Lai, directora da Direcção dos Serviços de Educação e Juventude.
Joana Freitas PolíticaSecretário Alexis Tam com políticas na área do lazer e lança “Anim’Arte Macau” Mais museus, esplanadas, arte e cultura portuguesa. São as promessas e planos de Alexis Tam para 2016 na área do turismo e do lazer [dropcap style=’circle’]O[/dropcap] Governo vai lançar o programa “Anim’arte Macau” para promover novos produtos turísticos. A informação foi avançada por Alexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, durante a apresentação das Linhas de Acção Governativa (LAG) da sua pasta. O objectivo é, diz, “enriquecer o conteúdo cultural e de lazer, na área do turismo”, incluindo, por exemplo, a transformação total do Centro de Actividades Turísticas, que alberga já um museu temático do Grande Prémio, num complexo apenas dedicado a esse evento desportivo. A ideia é “aproveitar a marca e criar um projecto de alta qualidade”. Alexis Tam disse querer expandir a vertente de lazer da cidade, criando para isso mais espaços e museus dedicados à cultura. Uma das apostas é a cultura portuguesa e dos países lusófonos. “No Jardim do Carmo e nas Casas-Museu da Taipa podemos [dar a possibilidade] aos turistas para conhecerem a cultura portuguesa. Já falei com os cônsules dos países lusófonos e eles poderão usar o espaço para apresentarem a cultura desses países e fazerem semanas dinâmicas”, começou por dizer o Secretário. A ideia, frisou, é tornar aqueles espaços da Taipa num ambiente “mais europeu”, com “lojas de lembranças, esplanadas e cafés”, para que os turistas fiquem por cá mais tempo. Barcos para Coloane A parte velha da cidade não fica esquecida: o Porto Interior, na zona da Barra, era antigamente ponto de saída de barcos da Barra para as ilhas de Coloane e da Taipa. O Secretário quer voltar ao passado. “Vamos reavivar esses cenários do passado. Vamos fazer uma remodelação das pontes em frente da Barra e voltar a permitir a travessia de barco daí até Coloane. Desta forma, Macau pode aproveitar a sua costa”, frisou. O espaço em frente à Sede do Governo, em Macau, vai também ser transformado: “vamos criar entretenimento para os turistas” no espaço, assegurou Tam. No âmbito do desporto, o Secretário prometeu continuar a prestar grande atenção à criação do sistema de quadros qualificados e reforçar a formação dos jovens atletas e de talentos. Dois novos regulamentos de prémios desportivos, vão ajudar a impulsionar o nível do desporto de rendimento”, rematou.
Flora Fong PolíticaAssociação apresenta ao Governo proposta de conselho de gestão distrital [dropcap style=’circle’]A[/dropcap] Associação de Iniciativa de Desenvolvimento Comunitário de Macau sugeriu a criação de um conselho distrital de gestão que seja responsável pela escolha de deputados que representem cada distrito. “Um conselho distrital pode resolver e acompanhar os problemas da vida da população, enquanto a AL se concentra em elaborar leis e supervisionar a elaboração e execução de estratégias do Governo, bem como o orçamento de finanças públicas”, começaram por explicar. Este órgão deverá funcionar de forma complementar à Assembleia Legislativa (AL). Conforme notícia do Jornal Ou Mun, os membros da associação, incluindo os dois deputados pró-democratas Au Kam San e Ng Kuok Cheong, juntamente com Ieong Man Teng e Lei Man Chao, avisaram que vão apresentar a sugestão ao Chefe do Executivo. Os membros sugerem dividir Macau em cinco distritos, de acordo com a proporção populacional, que deverá por sua vez determinar o número de deputados do conselho de gestão distrital. Propõem ainda que este colectivo seja composto por 30 membros, divididos pelos distritos central, sul, noroeste, nordeste e das ilhas. A Associação espera que este conselho posse realizar reuniões plenárias de forma periódica, tendo em conta a participação de representantes do Governo para discutir planos de trabalho. “Acreditamos que pode aumentar a participação política de cidadãos, faz com que a governação aproxima mais a vida da população”, indicaram.
Hoje Macau PolíticaDeficientes | Wong Kit Cheng quer inclusão de crianças até três anos [dropcap style=’circle’]A[/dropcap] deputada Wong Kit Cheng quer que o Governo ofereça, no âmbito do seu serviço one-stop de avaliação de crianças destinadas à educação especial, mais ajudas àquelas que têm entre zero e a três anos de idade. O pedido foi feito através de interpelação escrita, onde a deputada cita os resultados da consulta pública feita em Abril alusiva ao tema. “De acordo com os dados da consulta pública da proposta de revisão ao Regime Educativo Especial, de meados de Abril passado, só são elegíveis para ingressar em classes de educação especial crianças dos três aos 21 anos”, começa por dizer. No entanto, a deputada defende que deviam ser integradas crianças mais novas. “A Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) prometeu pensar na criação de um centro one stop de avaliação e apoio para os estudantes de educação especial, juntamente com os Serviços de Saúde (SS) e o Instituto de Acção Social (IAS), pelo que queria saber se o centro também vai oferecer os serviços a crianças deficientes entre os zero e os três anos de idade”, questionou. Além disso, Wong Kit Cheng quer saber quais os resultados já alcançados pelo grupo intersectorial já estabelecido para lidar com os mais novos. “Embora a Associação de Psicólogos de Macau tenha já dito que o número de terapeutas tem que corresponder às necessidades da sociedade, queria saber qual é a situação laboral destes profissionais em Macau”, frisou. “O período que vai dos zero aos três anos de idade é o melhor para tratar das crianças com problemas mentais, mas a DSEJ ainda não respondeu claramente se os bebés vão poder usufruir deste serviço, nem se as associações vão poder contratar terapeutas de fora”, colmatou a deputada. Tomás Chio
Isabel Castro PolíticaPorque não me falas [dropcap style=’circle’]F[/dropcap]icámos a saber esta semana que a Universidade de Macau pretende, a partir do próximo semestre e até ao ano lectivo de 2017/2018, acabar gradualmente com a língua portuguesa como disciplina opcional para os alunos que, frequentando outros cursos, querem ter um contacto com o idioma. A universidade justifica a decisão com um argumento de ordem economicista, difícil de aceitar: diz então a instituição instalada em grandiosas instalações da Ilha da Montanha que, para evitar “desperdício de recursos”, as aulas hoje dadas neste regime opcional passarão a fazer parte de um “minor” a ser criado no ano em que o Português sai da lista de 13 disciplinas de escolha livre. Alega o estabelecimento de ensino que, “infelizmente, a maior parte dos alunos que escolhiam esta cadeira normalmente paravam quando atingiam o nível 1”, ou seja, a universidade considera que entre um semestre de aulas de Português e nada, nada é bem melhor, porque o que interessa é que a malta seja poupadinha. Apesar de a instituição de ensino superior – financiada com dinheiros públicos – garantir que a língua portuguesa é de grande importância e que tudo está a ser feito para que sejam cumpridos os desígnios do Governo de Macau em relação à matéria, a verdade é que a aprendizagem da língua vai deixar de ser acessível a quem quer tirar “minors” e “majors” noutras áreas de conhecimento. Ou seja, basicamente, a Universidade de Macau vai passar a ensinar português a muito menos estudantes. Aqueles que, estando em cursos de diferente natureza, queiram ficar com umas noções do idioma, vão ter de recorrer a outras instituições de ensino. A notícia não surpreende. Ao contrário do que escreveu no comunicado de reacção à notícia desta semana, a Universidade de Macau não é (e nunca foi) conhecida por dar grande significado à língua e às outras dimensões da cultura portuguesa. Este facto – é um facto objectivo, não é uma impressão – não chocaria se a universidade fosse privada. Acontece que não é. Basta abrir o site da instituição para se perceber como a língua portuguesa é (mal) tratada. Clica-se na opção “português” e o que nos aparece à frente deveria ser motivo de profunda vergonha para quem gere uma instituição que passa a vida a gabar-se dos seus feitos: encontramos então uma mistura de português e inglês, sendo o inglês muito mais presente. Também na comunicação com os jornalistas de língua portuguesa não há, salvo raríssimas excepções, o menor cuidado com o idioma usado para se tentar passar a mensagem. Para quem não está dentro dos detalhes da profissão, aqui fica o contexto: o Gabinete de Comunicação Social do Governo tem um site de acesso exclusivo aos jornalistas que serve para a divulgação das notas de imprensa dos vários serviços e entidades públicas, site este que tem versão em chinês e versão em português. Ora, a Universidade de Macau envia para o site em língua portuguesa comunicados destinados aos jornalistas de língua portuguesa redigidos em inglês. E aqui vão alguns exemplos, para fundamentar o que escrevo: na passada quarta-feira, fomos todos informados de que a UM Portuguese Debating Team wins 2nd prize at Portuguese debating competition for students in Asia. Na terça-feira, disseram-nos que os UM students win 1st prize at ‘Challenge Cup’ Contest. Na segunda-feira, a UM wins championship at 3rd Macau Model European Union e a UM holds joint conference with United Nations Commission on International Trade Law. Got it? Dir-me-ão que há coisas mais importantes do que a língua em que chegam as notas de imprensa da Universidade de Macau e eu concordo, mas pouco. A forma diz muito sobre as práticas de uma instituição de ensino que deveria ter orgulho em pertencer a uma terra com uma herança portuguesa que a China quer preservar. E é óbvio que aquilo que é português é uma pedra no sapato universitário da Ilha da Montanha, um fardo que tem de se ir aguentando, um legado muito pouco desejado. Das coisas que são mais importantes do que a forma: o curso de Direito em língua portuguesa. O desinvestimento que por ali anda e que começou, há já alguns anos, com a nomeação para cargos de chefia e de direcção de académicos sem currículo, nem provas dadas no direito de matriz portuguesa, no Direito de Macau. Independentemente do mérito e dos conhecimentos que possam ter, com a fantástica capacidade de gestão pela qual são reconhecidos, nada têm que ver com o que ali se ensinava, com o espírito do curso. Direito é, acima de tudo, cultura, capacidade de compreensão de uma certa forma de estar. Direito é também língua, por mais que alguns não queiram. Em Hong Kong nunca houve qualquer problema em se perceber que assim é. Volto ao site da Universidade de Macau e aqui estou eu de novo empancada na forma: clico na portuguesa Faculdade de Direito e aparece-me uma Faculty of Law com um Bachelor of Law in Portuguese Language que, dizem-me, é um program with a purpose of preparing students to be jurists and being familiar with Macau legal system. Salva-se a additional information da introduction – um texto miraculosamente escrito em português. Volto atrás e clico no study plan, que me apresenta uma lista de disciplinas, todas elas com nomes ingleses, sobre cadeiras que são dadas em português. Nem todas têm correspondência com o curso que frequentei há uma década, nesta mesma universidade. Mudou-se o programa, a carga horária das disciplinas e deixou de ser um curso automaticamente reconhecido em Portugal, para ter apenas validade neste 30 quilómetros quadrados. Very useful, portanto. Regresso ao ensino do português. À incapacidade que tenho em perceber que a língua portuguesa não seja entendida com um grande investimento. À incapacidade que tenho em perceber por que razão não é a Universidade de Macau o maior pólo de formação de Português para estrangeiros na Ásia, porque é que não é reconhecida fora do território como um grande centro de aprendizagem da língua portuguesa. No meio de tudo isto, há o Governo. The Government. E um chanceler da universidade que se chama Chui Sai On e que é também Chefe do Executivo, o homem que tem a responsabilidade máxima de zelar pelos nossos recursos e pelos nossos interesses. Talvez não fosse má ideia, um dia destes, começar a olhar com atenção para o que se passa lá longe, na Henqin Island.
Flora Fong PolíticaInspecção de Jogos | Melco e MGM esperam supervisão mais forte [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s responsáveis pelas operadoras Melco Crown e MGM estão à espera de mais supervisão no que ao Jogo diz respeito agora que Paulo Chan está ao leme da Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ). Uma das esperanças de Lawrence Ho e Grant Bowie é que o novo director reveja “totalmente” os regulamentos e leis do Jogo e ainda que colabore mais com as operadoras. Ao Jornal Ou Mun, o director-executivo da Melco Crown Entertainment, Lawrence Ho, disse esperar que Paulo Chan continue a desenvolver o mercado do Jogo de forma saudável, mas também que reforce a supervisão das salas VIP. Questionado sobre o que espera sobre a revisão a médio-prazo das licenças de Jogo, Ho diz que o mais importante é a justiça. “O Governo pode dar notas às seis operadoras de Jogo de acordo com o investimento feito no sectores extra-jogo. É como se fosse uma escola: há alunos bons e maus e acho que a Melco Crown é uma boa aluna”, atira, considerando que o Governo consegue perceber bem, se analisar, o resultado dos esforços das operadoras. Já Grant Bowie, director-executivo da MGM, disse que um dos objectivos com o novo director da DICJ é manter uma cooperação próxima de forma a que as políticas entrem também em acordo com a operação das empresas. “A comunicação entre as concessionárias de Jogo e a DICJ é importante, porque só através dessa cooperação Macau pode tornar-se uma cidade competitiva”, indicou ao mesmo jornal. “O sector do Jogo entrou num período de ajustamento e a sociedade acha que a queda em cadeia das receitas dos promotores de Jogo é o grande problema do sector. Apesar da questão dos empréstimos das salas VIP não ser tratada por operadoras de Jogo, é preciso consolidar a supervisão e o modelo de gestão destes”, concluiu Bowie.
Andreia Sofia Silva PolíticaVasco Fong promete revisão da Lei de Dados Pessoais para 2016 Vasco Fong confirma que a revisão da Lei de Dados Pessoais poderá avançar no próximo ano. Está também a ser pensada legislação sobre armazenamento de grande volume de dados [dropcap style=’circle’]V[/dropcap]asco Fong, actual coordenador do Gabinete de Protecção de Dados Pessoais (GPDP), confirmou ontem que a revisão da Lei de Dados Pessoais só deverá avançar no próximo ano. Este é um projecto que já vem dos tempos em que a actual Secretária para a Administração e Justiça, Sónia Chan, era coordenadora do Gabinete, mas que tem tardado a ver a luz do dia. “Gostaríamos que isso foi feito o mais rapidamente possível. Mas estamos a envidar todos os esforços e espero que isso possa ser feito no próximo ano”, disse Vasco Fong, à margem do seminário “Big Data, desafio crucial – Protecção da Privacidade e Cooperação”, que decorreu ontem na Torre de Macau. O coordenador do GPDP referiu ainda que a “sociedade tem evoluído rapidamente” e que “está provado que a nossa legislação, em alguns aspectos, está desactualizada”. Por isso mesmo, assegurou, já se “começou o estudo prévio sobre essa matéria”, explicou. Big Data is watching you Sobre a questão do “Big Data”, ou seja, o armazenamento de uma grande quantidade de dados, Vasco Fong mostrou intenções de legislar sobre o assunto. “Neste momento não temos nenhum projecto concreto sobre esta matéria. A razão pela qual convidámos especialistas de vários países foi para ouvir as experiências nas outras partes do mundo. Mas não se afasta a possibilidade de avançar com um projecto nesse sentido, mas no futuro”, disse ainda. No seu discurso, Vasco Fong exemplificou que “o sector do consumo é uma das plataformas onde se compilar um grande volume de dados pessoais”, sendo que, a maior parte desses dados é obtida nas compras online. “É de referir que também há compilação de informações nas outras indústrias e sectores, tais como no turismo, seguros, banca ou telecomunicações”, apontou. “Devemos estudar oportunamente os problemas de protecção da privacidade suscitados pelo ‘Big Data’, com o objectivo de adoptar as medidas adequadas o mais cedo possível e procurar um equilíbrio”, defendeu ainda o coordenador. Chefe apoia O Chefe do Executivo, Chui Sai On, esteve presente na cerimónia de abertura e referiu que “o Governo vai continuar a dar apoio aos trabalhos relativos à protecção da privacidade e simultaneamente aperfeiçoar o regime existente”, sendo que o GPDP pretende “estabelecer um regime efectivo de protecção da privacidade e dados pessoais que corresponda aos padrões internacionais”. No seminário participou um grupo de especialistas na área de “Big Data” vindos de Portugal, incluindo Filipa Calvão, presidente da Comissão Nacional de Protecção de Dados.
Filipa Araújo PolíticaCooperação Macau-Shenzhen “elevada e produtiva” [dropcap style=’circle’]O[/dropcap] balanço está feito. A cooperação entre Macau e Shenzhen durante o ano de 2015 foi elevada e tem “resultados cada vez mais visíveis”. Quem o diz é o Governo, depois de, numa reunião que decorreu ontem, Chui Sai On, Chefe do Executivo da RAEM, e Xu Quin, presidente daquele município, terem concordado no bom trabalho realizado até agora no âmbito da economia, do comércio, das convenções e exposições, das finanças, da criação de negócios por jovens, do turismo, da educação e da saúde. Os dois assinaram ainda um par de novos memorandos. “No próximo ano, a cooperação entre Shenzhen e Macau vai continuar a aprofundar-se, avançando com projectos principais e levando a cabo os protocolos de cooperação já assinados, no sentido de contribuir para o desenvolvimento mútuo e melhoria da qualidade de vida dos dois territórios. Entretanto, as duas partes vão explorar gradualmente a cooperação na inovação financeira e criação de negócios por jovens, para além dos domínios já amadurecidos, tais como de economia, comércio, convenções e exposições, educação e cultura”, explica o comunicado. A próxima fase conta com uma forte aposta na cooperação da construção da Região do Grande Golfo de Guangdong, Hong Kong e Macau e no aproveitamento das vantagens das áreas de Qianhai e de Shekou do munícipio de Shenzhen, que fazem parte da Zona de Comércio Livre de Guangdong. Na reunião foram assinados dois memorandos: o de “Aprofundamento da Cooperação entre Macau e Shenzhen e Estímulo Conjunto à Construção da Região do Grande Golfo de Guangdong, Hong Kong e Macau” e o de “Cooperação no Sector do Turismo”, que permitem reforçar o estreitamento da cooperação no âmbito da economia, do comércio, das finanças, da cultura, da inovação e da criação de negócios. O Governo está a estudar alargar o Plano de Apoio a Jovens Empreendedores até às três áreas que fazem parte da Zona de Comércio Livre de Guangdong.
Flora Fong PolíticaRegulamento sobre abate de motas aguarda entrada na AL [dropcap style=’circle’]F[/dropcap]inalmente, a Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA) já concluiu a elaboração da proposta de revisão ao plano de subsídio para eliminar as motas mais poluentes, uma medida de combate à poluição há muito esperada. A proposta já está na lista de espera para apresentação na Assembleia Legislativa. A novidade foi dada numa resposta a uma interpelação da deputada Kwan Tsui Hang, que questionou o Governo sobre a calendarização do referido plano de subsídio. O abate deste veículos poluentes deveria ter sido implementado ainda este ano, mas o passo dos trabalhos revela o contrário. O director da DSPA, Vong Hoi Ieong, respondeu que, recentemente, através da recolha de opiniões e sugestões, os residentes concordam com o plano de apoio financeiro para eliminar os veículos altamente poluidores. No entanto, na parte de abate de veículos a diesel, o director defende que há uma série de aspectos e âmbitos complexos, incluindo o aumento do critério de emissão de veículos para o nível cinco do padrão europeu de emissões, antes da implementação do financiamento. Foi ainda considerada a necessidade da cedência de um grande terreno para colocar os veículos para abate. “Depois de avaliação e análise integradas, actualmente só existem condições qualificadas para subsidiar a eliminação de motociclos de combustão interna a dois tempos. A DSPA já concluiu a elaboração da proposta do regulamento em relação ao plano de subsídio e já pediu que o documento entre em processo legislativo”, revelou o director na resposta. Outra proposta do regulamento sobre o critério de emissão de veículos foi também concluída pela DSPA e pela Direcção dos Serviços para Assuntos de Tráfego (DSAT). Sobre esta, Vong Hoi Ieong revelou que está a analisar o resultado de um estudo requerido.
Filipa Araújo Manchete PolíticaTabaco | Proibições igual a queda dos negócios. E aumento do contrabando O consumo não diminui. As vendas sim. E o contrabando aumenta. São reacções de vendedores de tabaco à proposta de proibição de fumar e de expor produtos, que dizem que vai afectar e muito o sector [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]s medidas do Governo contra o tabaco estão a destruir o negócio às empresas de venda de produtos ligados ao sector. O consumo não está a diminuir, mas a compra sim, dizem associações, sendo que o contrabando é o vilão principal desta série iniciada com as proibições efectuadas pelo Governo. O aumento do imposto sobre o tabaco, em Julho passado, o limite de transporte entre fronteiras de 19 cigarros por pessoa – já implementado – e a proposta de proibição de exposição dos produtos de tabaco nas montras das lojas são factores de “grande pressão” para os vendedores do sector. As queixas foram ouvidas ontem, durante uma reunião com a 2.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa (AL), por representantes da indústria de tabaco de Macau e por um grupo de operadores de estabelecimentos de vendas exclusivas de charutos. “[Estas medidas] vão afectar os respectivos sectores. [Os representantes afirmam que] a aprovação da proposta de Lei [de Prevenção e Controlo do Tabagismo] vai colocar em causa a sua sobrevivência”, indicou o presidente da Comissão, Chan Chak Mo. A Comissão analisa, actualmente, a revisão à Lei do Tabaco que, se aprovada, irá implementar a proibição total de fumar e a exposição destes produtos. Consumo mantém-se Os representantes argumentaram que o objectivo de diminuir o consumo de tabaco, sempre defendido pelo Governo, não está a ser atingido. “Eles disseram que estas medidas não contribuíram para baixar ou reduzir o consumo de tabaco. Deram vários exemplos, como em Singapura em que não é permitida a entrada de tabaco, mas é permitido o fumo nos casinos”, indicou. Os representantes indicaram ainda ter levado a cabo um inquérito que permitiu perceber não estar a ser respeitado pelos consumidores de tabaco o limite de transporte de 19 cigarros por pessoa na passagem das fronteiras, promovendo o contrabando. Em linhas simples, o número de consumidores não diminuiu, argumentam os membros do sector, mas o de compras sim. Face aos novos preços, que sofreram um aumento substancial, os fumadores compram tabaco fora de Macau e continuam a consumir. Quem perde, dizem, são os vendedores locais. Para além disso, “retirar os produtos das montras quando eles já trazem as indicações nos pacotes é ir contra a Lei da Defesa dos Direitos e Interesses dos Consumidores”, foi outro dos argumentos apresentados. A diferença está no charuto Relativamente à venda exclusiva de charutos, os membros do grupo argumentaram que a inclusão das salas de provas nas lojas na proibição total de fumar em recintos fechados vem destruir o negócio. “A opinião dos vendedores de charutos é que este produto é diferente do tabaco. Só é consumido por adultos. Deve por isso ser tratado de uma forma diferente dos cigarros”, explicou o presidente da Comissão. Segundo os dados do Governo, existem actualmente 20 charutarias em Macau, envolvendo cem trabalhadores e com representação de centenas de marcas de charutos importados. “Cada caixa de charutos custa entre sete a oito mil patacas. Sem uma sala de prova, os representantes argumentam que perdem o negócio porque os consumidores só escolhem depois da degustação dentro dessas salas”, explicou Chan Chak Mo. Os empresários alegaram ainda que noutros países estas salas de prova são uma excepção na lei para que as lojas possam manter o seu negócio. “Eles alegaram que aquelas salas são só para charutos e não cigarros”, afirmou. Questionado pelos jornalistas, Chan Chak Mo não adiantou qualquer reacção por parte da Comissão, indicando apenas que o grupo de trabalho sabe que o inquérito e dados apresentados representam a visão dos representantes e que o Governo via ser questionado sobre os resultados das medidas.
Filipa Araújo PolíticaOrçamento | Relatório de 2014 com falhas e baixa execução do PIDDA [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Assembleia Legislativa encontrou problemas no relatório de execução orçamental do ano passado. “A nossa equipa de assessoria encontrou problemas no relatório de execução do orçamento de 2014, tais como aqueles apontados na apreciação da propostas de orçamentos, em 2013”, indicou ontem Cheang Chi Keong, presidente da 3.ª Comissão Permanente da AL, que analisa o diploma na especialidade. Depois de justificar que a 2.ª Comissão Permanente – grupo que avaliou as propostas de lei sobre o orçamento – está com muito trabalho em mãos e, por isso, este relatório foi passado para a Comissão que preside, o também deputado indicou que a baixa taxa de execução do Plano de Investimentos e Despesas de Desenvolvimento da Administração (PIDDA) continua a ser um dos problemas mais comuns. Depois de uma reunião interna, Cheang Chi Keong assegura que o orçamento de 2014 foi executado de acordo com a lei e avaliado positivamente pelo Comissariado da Auditoria, mas adiantou que, no próximo encontro, os membros da Comissão irão colocar questões aos representantes do Governo. Isto porque a pouca execução do orçamento é a maior preocupação dos deputados, sinal claro, diz Cheang Chi Keong, de alguma “falta de rigor” por parte do Governo. “Tivemos aumento das despesas, mas a taxa de execução [do PIDDA] foi baixa”, apontou. “O Governo quer ter margem”, indicou, mas “é preciso ter uma orçamento mais apertado, mais certo e, claro, mais perto da realidade”. Com isto, o presidente indicou que a Comissão irá apresentar alguns pedidos de esclarecimento ao Executivo. Há desvios nas contas, conforme explicou o presidente, e os excedentes, indicou ainda Cheang Chi Keong, serão, depois de concluída a análise, canalizados para a reserva financeira já no início de 2016.