Filipa Araújo Manchete PolíticaAL | Raimundo do Rosário promete mais caducidades de terrenos Os terrenos abriram a sessão plenária. Mais informações pedem os deputados sobre um assunto que muito se tem falado. Raimundo do Rosário explica, uma vez mais, que o Governo vai cumprir a lei e que até meio do ano serão recuperados mais terrenos A sessão de interpelações orais, na Assembleia Legislativa (AL), que decorreu ontem, começou com um dos temas mais polémicos da actualidade do território: terrenos. O ponto de partida foi uma interpelação oral do deputado Ng Kuok Cheong que pediu a Raimundo do Rosário, Secretário para os Transportes e Obras Públicas, que esclarecesse o hemiciclo quanto à situação dos terrenos que estão por resolver “os quais não foram desenvolvidos nas condições contratualmente estabelecidas, ou que estão prestes a terminar, ou já excederam, o prazo de arrendamento de 25 anos”. Raimundo do Rosário garantiu que mais terrenos vão ser declarados caducados. “Dê-me uns meses de tempo, posso garantir que no primeiro semestre mais terrenos vão ser declarados de caducidade”, afirmou, admitindo as “limitações” da situação actual. “Há limitações, mas posso garantir que nos próximos meses vamos declarar caducidade a mais terrenos. É um trabalho que temos de fazer”, reforçou. Em causa não estão os 48 terrenos , indicou, mas sim novos terrenos que completam 25 anos de concessão. O Secretário, depois de solicitado para dar mais informações, indicou que a sua equipa de trabalho se tem esforçado para colocar todas as informações nos sites dos departamentos, ao acesso de qualquer pessoa. “Há cada vez mais informações nos sites do Governo, já dispomos de muito mais informações (…) os deputados podem ainda estar atentos aos boletins oficiais”, afirmou. Vários deputados, como Si Kan Lon, José Pereira Coutinho ou Au Kam San pediram que o Governo assumisse uma posição de esclarecimento sobre o futuro da recuperação dos terrenos. “O que será feito depois? É preciso esclarecer para dar consolação aos pequenos proprietários. Quais as consequências da retoma [dos terrenos]? O tribunal em nada tem que ver com o processo de retoma. O Governo não pode dizer que não pode falar de forma genérica”, confrontou o deputado Au Kam San. Outras posturas Gabriel Tong, deputado e advogado que se ofereceu a prestar apoio jurídico aos proprietários das fracções do empreendimento Pearl Horizon, defendeu que a postura do Governo não de ser recuperação. “Creio que a recuperação de terrenos não deve ser a intenção do Governo. Os terrenos não foram concedidos para mais tarde serem recuperados”, apontou. Fong Chi Keong lembrou que durante “a governação portuguesa” nunca aconteceu um caso de recuperação de terrenos. Em resposta, Raimundo do Rosário foi claro, “iremos agir em conformidade com a lei [de Terras]”. Como apontamento final, o Secretário esclareceu que depois de todas as decisões judiciais e concursos públicos para os terrenos recuperados “será dada prioridade às construção pública nos terrenos que reunirem condições”.
Tomás Chio PolíticaFinanças | Gastos de todos os serviços públicos analisados Chong Seng Sam, subdirectora dos Serviços de Finanças (DSF), confirmou que a entidade está a avaliar os gastos de todos os departamentos públicos, semanas depois do Comissariado de Auditoria (CA) ter apontado o dedo aos gastos feitos com adjudicações sem concurso público para a realização de estudos. “A DSF está a analisar os dados dos gastos de todos os organismos públicos nos últimos anos, e vamos ter em conta a experiência de Hong Kong”, explicou a responsável ao Jornal do Cidadão. Chong Seng Sam prevê que o estudo das instruções pode estar concluído no primeiro semestre deste ano, estando a ser pensada a sua implementação ainda em 2016. A responsável defendeu que os departamentos devem utilizar os cofres públicos de acordo com as instruções. A subdirectora da DSF disse que irão ser criadas regras para uma melhor regularização dos gastos, sendo que o Governo pretende continuar com as medidas de austeridade implementadas devido às quebras no sector do Jogo. A responsável garantiu que, através da nova proposta da Lei de Enquadramento Orçamental será possível criar instruções e estimativas mais científicas para a elaboração dos orçamentos. O novo diploma vai ainda confirmar os princípios da “eficácia, eficiência e economia”, levando a Função Pública a fazer mais com menos dinheiro. A subdirectora da DSF avançou que as instruções vão regulamentar a atribuição de subsídios e despesas com viagens oficiais.
Tomás Chio PolíticaSónia Chan | Funcionários públicos não ganham mais do que sector privado A Secretária para a Administração e Justiça defende que os trabalhadores não têm salários mais altos na Função Pública face ao sector privado, garantindo que o plano completo para a fusão dos departamentos será conhecido este ano Sónia Chan, Secretária para a Administração e Justiça, deu uma entrevista ao jornal Ou Mun onde considera que os salários pagos na Função Pública não são mais elevados do que no sector privado. “Os dados do Governo mostram que nos últimos dois anos a percentagem do aumento dos funcionários públicos são de 6,76% e 2,53%, enquanto que o aumento nas empresas privadas foi de 7,33% e 8,36%. Não é fácil concluir o trabalho do aumento salarial por categorias e é algo complicado, mas o Governo vai rever as carreiras gerais este ano, estando a estudar quais as carreiras que vão sofrer aumentos em função das categorias de trabalhadores”, explicou. A Secretária garantiu que a mão-de-obra no Governo não vai sofrer cortes, não estando previsto um limite ao número de funcionários públicos. Segundo dados do Governo divulgados o ano passado, o número actual de trabalhadores é de 32 mil, tendo sido recrutadas mais 600 pessoas em 2015. “As medidas para optimizar a governação visam aumentar a eficácia administrativa e judicial, mas alguns departamentos governamentais pediram para aumentarem os recursos humanos, e outros vão precisar de mais trabalhadores depois da fusão, pelo que o Governo vai considerar as diferentes realidades na hora de recrutar”, referiu Sónia Chan. Sem avançar com um limite de funcionários a contratar, a Secretária apenas falou dos cerca de três mil profissionais de saúde para o novo hospital público, sem esquecer os funcionários para a gestão das novas águas territoriais. A nível da produção legislativa, a Secretária prometeu criar um mecanismo que permita a decisão e o planeamento sem que as leis fiquem paradas, estando prevista a contratação de mais profissionais na área do Direito para a formação de uma equipa. Plano este ano Questionada sobre o processo de fusão dos departamentos públicos, Sónia Chan garantiu que este ano será tornado público. “O plano de fusão dos departamentos governamentais para os próximos dois anos vai ser divulgado este ano. Para essa fusão, o Governo vai trabalhar objectivamente e por enquanto não estamos preocupados com o número de departamentos que vão ser alvo de reorganização”, disse. Sónia Chan admitiu que o “regime da Função Pública tem muito espaço para melhorar”, sendo que “a reforma para o regime tem de responder ao desenvolvimento da sociedade e tem de facilitar o processo administrativo. A reforma será um plano de longo prazo para concluir daqui a cinco anos”, frisou. A Secretária garantiu que os funcionários públicos em Macau têm revelado dedicação, especialmente depois da transferência de soberania. Como exemplo, Sónia Chan referiu que “a Direcção dos Serviços de Identificação recebeu 97 comentários positivos, mais 30% do que as reclamações. Nos restantes departamentos do Governo também existe muita dedicação”, rematou, negando que os funcionários públicos tenham um trabalho burocrático e rígido.
Flora Fong PolíticaLionel Leong quer rever lei sobre compras públicas O Secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong, quer avançar já este ano com a revisão da lei referente à aquisição de bens e serviços por parte do Executivo. Segundo o jornal All About Macau, a proposta prevê o aumento do limite máximo do montante de compras de serviços e materiais sujeitos a concurso público, para que não existam facilidades junto dos organismos públicos. “Vários serviços públicos apresentaram essa ideia, e a Direcção dos Serviços de Finanças (DSF) vai tratar desta questão com rigor, estando a elaborar a lei e a comunicar com a Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT). Mas o aumento do limite do montante ainda não gerou consenso”, apontou o Secretário. Uma coisa é certa: não deverá ocorrer uma redução. Lionel Leong disse não concordar com a diminuição dos requisitos para as aquisições dos organismos públicos, tendo defendendo um equilíbrio entre o trabalho legislativo e as aquisições feitas na Função Pública. O último relatório do Comissariado de Auditoria (CA) apontou o dedo a vários organismos públicos por não cumprirem a legislação referente às compras públicas. A DSF explicou que a revisão da lei é para “avançar com o tempo” mas também “abrir uma porta para uma porta mais facilitada” para a aquisição por parte dos organismos públicos.
Filipa Araújo PolíticaOrçamento | Novos relatórios e estimativas para lei sem data Nova proposta de lei ainda não tem data para apresentação, mas já foi apresentado o conteúdo da mesma. Novos relatórios, estimativas de projectos e despesas são algumas das ideias avançadas pelo Governo. Ainda assim nem todos os deputados estão contentes Depois de 45 dias de consulta pública, o Governo – através da Direcção dos Serviços de Finanças (DSF) – tornou público o conteúdo da futura proposta de Lei de Enquadramento Orçamental, que, apontam, ainda não tem data para ser entregue à Assembleia Legislativa (AL). O Governo defendeu que a proposta pretende focar-se em seis importantes pontos, sendo eles, a reformulação e o acréscimo de alguns princípios essenciais; definição do conceito de “verba destinada especificamente àquele fim”; reforçar o princípio de separação funcional da execução orçamental; normalizar a fixação do limite do valor da dotação provisional; despesas indicativas plurianuais e adicionar os relatórios intercalares do orçamento. Em termos práticos, o novo documento irá propor – para além da apresentação da proposta de orçamento a cada mês de Novembro – a apresentação de um relatório intercalar da execução orçamental, até ao final de Julho de cada ano. Relativamente às empreitadas públicas, a nova lei irá exigir que na elaboração orçamental sejam acrescentadas as “despesas indicativas plurianuais”. “Além de se incluírem as despesas previstas para o ano a que dizem respeito, deve-se apresentar a estimativa global dos projectos e as respectivas despesas indicativas dos diversos exercícios”, explicou a subdirectora da DSF, Ho In Mui. A nível de relatórios será obrigatória a apresentação do relatório de execução orçamental do Plano de Investimentos e Despesas de Desenvolvimento da Administração (PIDDA) a cada trimestre. A proposta de lei vai definir ainda que, independentemente do orçamento central da RAEM ou do orçamento privativo dos organismos autónomos, o valor da dotação provisional (exclusivamente destinada a situações imprevistas) não pode exceder 3% do total das despesas orçamentadas, e regulamenta explicitamente que não se admite o acréscimo do orçamento da despesa global sem a aprovação do hemiciclo. Cara de poucos amigos Citado pela Rádio Macau, Ho Iat Seng, presidente de AL, não se mostrou satisfeito, classificando de “irracional” a apreciação do orçamento do ano passado. “Este ano só podemos apreciar a execução orçamental do ano anterior. Isto deve ser revertido. Ou seja, este ano devemos apreciar a proposta de execução orçamental do próximo ano. Sabemos que o prazo é no dia 31 de Janeiro. Será que podemos pedir aos serviços competentes para nos entregar o relatório com antecedência, ou seja, apresentar em finais de Março, para elaboração do relatório de auditoria e para que nós tenhamos esta proposta de lei em mãos com antecedência”, apontou. Relativamente ao trabalho realizado pelo Comissariado de Auditoria, o presidente indicou que “muitos deputados também estão desiludidos. Quais são os trabalhos de fiscalização desenvolvidos pelos serviços competentes? Nós fazemos a fiscalização, claro. É da nossa competência. Mas acho que o Comissariado de Auditoria pode fazer ainda mais, porque também elabora um relatório de auditoria e pode apreciar o orçamento em primeiro lugar e, depois, elaborar um relatório de acompanhamento. O prazo de entrega das propostas é muito importante, e também o prazo de entrega de documentos entre os serviços competentes”. A consulta pública decorreu entre 7 de Julho a 20 de Agosto do ano passado, sendo recolhidos 300 textos de opinião e 110 opiniões proferidas verbalmente, totalizando 410. As opiniões envolveram várias áreas, como a supervisão do orçamento financeiro, as empreitadas de obras plurianuais, a elaboração orçamental, a execução orçamental, a verba destinada especificamente àquele fim, transparência, dotação provisional, base contabilística e sistema de contabilidade, conforme indicou o Governo.
Flora Fong Manchete PolíticaNovo Macau | Au Kam San deixa associação e fala da existência de “grupos” Um dos fundadores da Associação Novo Macau escreveu uma carta onde anuncia a sua saída, falando da existência de grupos e divisões no seio do campo pró-democrata. Direcção quer manter Au Kam San. Ng Kuok Cheong fica Já havia sinais de separação. O fundador da Associação Novo Macau (ANM), Au Kam San, decidiu deixar de vez a entidade com cariz político à qual pertencia há 24 anos, por considerar que ocorreram situação que afastaram a associação dos seus objectivos iniciais. Numa carta publicada pelo jornal All About Macau, o deputado Au Kam San criticou as mudanças internas ocorridas na ANM, falando da existência de controlo na adesão dos membros pelas novas direcções. O email de cisão da ANM foi enviado na sexta-feira. O deputado escreveu que “nesta sociedade relativamente conservadora, para criar um grupo que promove a democracia e supervisiona o Governo, existe alguma pressão”. Ainda assim, Au Kam San referiu que é aceitável aceitar todos os pedidos de adesão à ANM. Au Kam San disse que a principal razão para a sua saída tem a ver com a “mudança na vida democrata interna da associação”, incluindo as medidas adoptadas pelos novos presidentes. “Começou a existir divisão de grupos na associação e a exclusão de dissidentes, incluindo a transformação de discussões internas em críticas públicas”, disse o deputado, tendo acrescentado que a mais recente direcção da ANM controlou a adesão de membros “de forma intencional”, tendo rejeitado a adesão dos que “não são amigos”. Ao HM, o deputado explicou que a aprovação de algumas adesões foi feita mais facilmente do que outras, que chegaram a ser rejeitadas. Au Kam San diz não estar habituado “às novas regras da associação”. “Saí na altura certa”, frisou, tendo explicado que saiu para não se envolver mais em “problemas internos da associação que são desnecessários”. Ng Kuok Cheong fica Scott Chiang, actual presidente da ANM, não quis comentar com o HM a saída de Au Kam San, tendo afirmado apenas que vai continuar a fazer bem os trabalhos associativos. Já Sou Ka Hou, que antecedeu Scott Chiang no cargo, disse não concordar com as acusações e diz que Au Kam San criou “algo do nada”, sem as devidas provas. Jason Chao, vice-presidente da ANM e ex-presidente, confirmou que desde 2010 o modelo de funcionamento mudou em relação ao que foi seguido entre 1992 e 2008. “Não é possível existir uma associação que não faça uma apreciação dos pedidos, caso contrário a associação só põe carimbos. O modelo de funcionamento da ANM está diferente, mas as afirmações do Au Kam San levam o público a achar que tudo é verdade. Acho que é uma pena a saída de Au Kam San, incluindo as acusações que fez. Acho que as suas acusações vão fazer com que a sociedade compreenda mal o trabalho da associação”, disse ao HM. Jason Chao confirmou ainda que vão tentar convencer Au Kam San a ficar. “A associação vai fazer uma reunião com os membros e vamos tentar manter o Au Kam San como membro”, disse. O HM contactou ainda o deputado Ng Kuok Cheong, igualmente um dos fundadores, que disse serem “verdadeiras” as situações que Au Kam San apontou, mas ainda assim confirmou que vai manter-se na associação, justificando que a ANM “ainda está a contribuir para a sociedade”. O órgão All About Macau publicou ainda outra carta assinada pelos dois deputados, onde estes falam da situação financeira da ANM e do escritório que ambos possuem. A contribuição do deputado Au Kam San chega ao fim, enquanto que Ng Kuok Cheong vai continuar a ceder parte do seu salário como deputado. “Vamos discutir uma solução na reunião mas a ANM tem enfrentado muitos problemas e este problema não vai fazer o tecto desabar”, concluiu Jason Chao.
Hoje Macau PolíticaChui Sai On | O ano das “oportunidades” e “sérios desafios” [dropcap=’circle’]O[/dropcap] Chefe do Executivo, Chui Sai On, garantiu que o ano de 2016 será marcado por “significativas oportunidades para o desenvolvimento”, mas também por “sérios desafios decorrentes da coexistência de novos e velhos problemas e do aumento de riscos e de perigos”. No seu discurso proferido no almoço de primavera com o Gabinete de Ligação do Governo Central em Macau, Chui Sai On adiantou ainda que este ano será de “continuidade”, mas também de “novas realizações”. Sobre a nova gestão das águas marítimas, Chui Sai On disse que o Governo vai “apreender na sua plenitude o significado estratégico da definição das áreas marítimas e das delimitações terrestres sob jurisdição da RAEM, assumindo a responsabilidade de bem planear, gerir, aproveitar e desenvolver, integrando-as no plano de desenvolvimento para os próximos cinco anos, com vista a coordenar o desenvolvimento a longo prazo de forma mais ampla e assente numa macro perspectiva”. O Chefe do Executivo frisou ainda que o Governo vai continuar a “promover a produção legislativa assente em bases científicas, a aplicação rigorosa das leis e a empenhar os maiores esforços na construção de um Governo e de uma sociedade assente na lei”.
Filipa Araújo Manchete PolíticaAdopção | Aplicação de lei é errada. Revisão não está prevista A grande questão da adopção é a falta de uma lei que reúna todos os regulamentos e a aplicação do que dita o Código Civil. A opinião é dos agentes sociais que apelam ao Governo medidas urgentes, como famílias de acolhimento e um decisão rápida dos próprios tribunais [dropcap=’circle’]O[/dropcap] Governo disse que sim, mas afinal não. Os regulamentos sobre adopção não estão a ser revistos segundo confirmou, ao HM, a Direcção dos Serviços para os Assuntos Justiça (DSAJ). Ainda assim, o grande problema em torno do assunto passa pela má execução da lei e pela falta de um diploma que englobe todos os regulamentos, conforme aponta pessoa conhecedora do processo, ao HM. São muitas as queixas em torno da adopção. Demasiados anos nas instituições, as crianças não se tornam aptas para a adopção. A ordem tem de vir dos tribunais, depois de receberem os relatórios das instituições, mas teima em não chegar. Em entrevista ao HM, Vong Yim Mui, presidente do Instituto de Acção Social (IAS) indicou que a adopção é um “assunto importante”, mostrando abertura para rever os dois principais regimes, o de Protecção das Crianças e o Regime de Actuação. “Vamos analisar o conteúdo e depois dar uma opinião aos serviços competentes para se estudar a possibilidade e viabilidade de alterar os regimes”, indicou, frisando que a DSAJ já estaria a “propor uma revisão do regime”. Por partes. Segundo o Código Civil, artigo 1831º, é adoptando quem seja filho de pais incógnitos ou falecidos, aquele relativamente ao qual tenha havido consentimento prévio para adopção, quem tenha sido abandonado pelos pais, a pessoa cujos pais, por acção ou omissão, ponham em perigo a sua segurança, saúde, formação moral ou educação em termos que, pela sua gravidade, comprometam seriamente os vínculos afectivos próprios da filiação; ou haja sido acolhido por uma pessoa ou por uma instituição, contanto que os seus pais tenham revelado manifesto desinteresse pelo filho, em termos de comprometer seriamente os vínculos afectivos próprios da filiação, durante, pelo menos, os 6 meses que precederem o pedido de confiança. “São estas duas alíneas a grande questão. Se há tantos casos destes porque é que os tribunais não colocam as crianças em situação de adopção? Está na lei, é possível. Porque é que o tribunal não actua e não inibe os pais do poder paternal? A criança não fica em condição de adoptabilidade”, referiu a fonte ligada ao processo, frisando que “o que está em causa não é a adequação dos regulamentos ou não, é a forma como é aplicada a lei” Casa cheia Macau chegou a ser elogiado pela imprensa portuguesa por ter poucas crianças para adopção, acontece que as instituições estão cheias de crianças que esperam por um sim, dos tribunais, que os faça entrar em processo de adopção. “Não se percebe como é que o tribunal não toma uma decisão num prazo de seis meses, no máximo, e deixa a criança à espera”, aponta a fonte O sítio ideal Para Lei Man Cheng, directora da Associação Contra os Abusos das Crianças, o Governo deve ter como prioridade a protecção da criança. Como passo importante, a directora reforçou a necessidade de “evitar que a criança vá para um lar”. “Acho que seria importante criarem-se as condições necessárias para as crianças que são retiradas aos pais, serem entregues a uma família de acolhimento e não irem directamente para um lar”, defendeu. Ideia que vem concordar com o que Marjory Vendramini, directora da Associação Berço da Esperança, já tinha defendido ao HM, numa entrevista em Novembro passado, que a permanência numa “instituição não é o ambiente ideal”. “O ideal seria estar em família, se estivessem bem, claro. São os problemas que as fazem estar aqui, mas uma instituição nunca é o lugar ideal para uma criança. Até pelas coisas pequenas, por exemplo a mudança do pessoal trabalhador, isso cria instabilidade emocional para a criança, em termos de segurança e confiança. Ferramentas muito necessárias para que as crianças consigam criar uma ligação, e só assim é que é possível trabalhar com elas. Não pode haver medo”, referiu, na altura. Para a fonte ligada ao processo as “famílias de acolhimento” só seriam possíveis – assumindo a sua posição a favor desta medida – se fosse algo “muito provisório”. “No máximo seis meses”, pois as crianças – e as próprias famílias – criam vínculos que serão rompidos quando a criança avançar para o seu processo de adopção para outra família. Ainda assim, o primeiro passo, diz, deve passar por organizar a casa. “Parece-me que seria sensato que o Governo criasse uma Lei da Adopção que envolvesse todos os regulamentos, de forma organizada”, rematou.
Tomás Chio PolíticaSegurança | Nova instalação para combate de crime transfronteiriço [dropcap=’circle’]O[/dropcap] Gabinete do Secretário para a Segurança referiu que a montagem de um sistema de reconhecimento facial, em todos os postos fronteiriços, pode entrar em funcionamento já no primeiro trimestre deste ano. Numa interpelação, assinada pelo deputado Zheng Anting, sobre a situação de cooperação internacional judiciária entre Macau, Hong Kong e China continental, o deputado questionou o Governo sobre o melhoramento dos métodos e técnicas de prevenção dos crimes transfronteiriços. A Administração indica que já tem material para instalar o sistema de reconhecimento facial, e que os mesmo foram instalados nas passagens automáticas dos postos fronteiros no Outubro de 2015. Neste momento, informa que o sistema está em fase de experimentação, prevendo que entre em pleno funcionamento no primeiro trimestre deste ano. O Gabinete sublinhou que “a Polícia de Segurança Pública (PSP) começou a montar as máquinas do sistema em 2011”. Este tem capacidade, explica o Governo, de reconhecer visitantes de 160 países, consoante a capacidade da base de dados. “Os turistas passam pelo sistema de identificação sempre que entrarem e saírem de Macau. Ainda na fase de experimentação, a polícia já registou 126 casos ilegais”, indicou, ou seja, 126 pessoas com registo criminal. O Governo disse ainda que a Polícia Judiciária (PJ) e a PSP vão criar contas nas redes sociais “Wechat” e “Youtube” já no próximo mês. Serão, explica, enviados avisos e mensagens aos residentes de Macau sempre que necessário. Esta é uma forma de comunicação entre as autoridades e a sociedade, indicou. “Os departamentos de Segurança têm um mecanismo para estar em comunicação com as regiões de cooperação, ou seja, China continental e Hong Kong, para que seja possível trocar informações, organizar acções em conjunto e permitido o combate aos crimes transfronteiriços”, rematou o Governo.
Joana Freitas PolíticaATFPM critica Comissão de Remunerações e rotatividade exclusiva Aqueles que decidem os aumentos salariais da Função Pública deveriam ser eleitos pelos trabalhadores que representam. É o que diz Pereira Coutinho, que critica o facto de existir um sistema de rotatividade com restrições no grupo [dropcap=’circle’]J[/dropcap]osé Pereira Coutinho está desagradado com as recentes nomeações para a Comissão de Avaliação das Remunerações dos Trabalhadores da Função Pública, por considerar que esta não só não representa os verdadeiros interesses das pessoas, mas também porque se rege por um sistema de rotatividade para apenas alguns membros. A nomeação dos membros da Comissão foi publicada quarta-feira em Boletim Oficial, mas as mudanças aconteceram apenas ao nível dos representantes dos trabalhadores, sendo que os cargos mais altos se mantiveram com os nomes de sempre, como Hao Yufan, que continua como presidente, e o vice-presidente – o economista e ex-deputado Ieong Tou Hong. FOTO: António FalcãoQuem também se mantém são Agnes Fok, Paulo Tse, U Kin Cho e Tina Ho Teng Iat, ex-deputada e empresária, que representam o patronato, através da Associação Comercial de Macau. Através da Federação das Associações dos Operários de Macau estão Lee Chong Cheng e Lei Kong Weng, que viram a sua nomeação renovada por mais dois anos. Joana Maria Noronha, subdirectora dos Serviços de Administração e Função Pública, é das poucas caras novas, assumindo funções como secretária-geral da Comissão. Pang Kung Hou, que representa a Associação de Pessoal Civil da Administração Pública de Macau, Mok Soi Tou, em representação da Associação de Ex-Estudantes de Administração Pública de Macau e Kot Man Kam, da Associação Desportiva dos Trabalhadores da Administração Pública de Macau são outros dos nomeados. Tudo como dantes Para Pereira Coutinho, presidente da Associação dos Trabalhadores da Função Pública (ATFPM), que já fez parte da Comissão, não é nada de novo a ausência de nova nomeação, até porque este grupo tem um carácter rotativo de dois anos para alguns membros. Contudo, o facto desta Comissão ser a única a utilizar este sistema rotativo “para alguns membros” não agrada ao deputado, que diz ainda que os principais órgãos da Comissão não representam verdadeiros interesses. “Em termos de democraticidade diria que não [demonstram representatividade], até porque algumas [associações] terão mais membros e corpos gerentes do que sócios, mas o Governo é quem tem a faca e o queijo na mão e nada podemos fazer”, disse ao HM. Para Pereira Coutinho, os membros da Comissão deveriam ter sido “eleitos pelas pessoas que representam”, de forma a terem, diz, legitimidade para falar em nome dessas pessoas. “As pessoas estão sempre dependentes dessa nomeação e foram escolhidas a dedo. Por isso é que, muitas vezes, elas têm medo de dar opinião e de melindrar sensibilidades ou [afectar] as pessoas que as nomearam.” Igual para todos O facto desta Comissão ser a única que tem um sistema de rotatividade de dois anos para alguns membros – representantes da parte laboral – também inquieta José Pereira Coutinho. Apesar de concordar, o presidente da ATFPM diz que deveriam ser todas assim e não percebe porque é que só esta funciona desta maneira. “A ex-Secretária para a Administração e Justiça, Florinda Chan, inventou um sistema de rotatividade dos membros desta Comissão, o que significa que só daqui a 12 ou 14 anos é que poderei estar lá novamente. Mas, este sistema só existe para esta e não para as outras. Tenho feito até interpelações escritas sobre isso: se isto é assim nesta, porque não expandir a rotatividade para outras comissões? Existem centenas em que as pessoas estão há décadas e não são substituídas.” O também deputado diz ainda que a nomeação não deveria ser interna e que, para todos os membros, o prazo no cargo deveria ser de um máximo de “três a quatro anos”. “De uma maneira geral, o resultado das Comissões é quase nulo.” A Comissão de Avaliação das Remunerações dos Trabalhadores da Função Pública tem como objectivo propor ao Governo o valor dos aumentos dos salários da Administração, sendo que a proposta deste ano é de uma subida de 2,5%. “Não deveria estar abaixo da inflação. Pelo menos deveria ser igual”, critica ainda Pereira Coutinho.
Tomás Chio PolíticaExecutivo questionado sobre centro de formação médica [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]deputado Zheng Anting entregou uma interpelação ao Governo onde questiona os planos para a criação do centro de formação de médicos prometido pelo Governo e que poderá formar médicos especialistas. No documento, Zheng Anting lembrou que, a par do aumento da população, também têm aumentado o número de casos de cancro, doenças cardiovasculares ou diabetes, entre outras patologias, sendo que muitos cidadãos optam por procurar a cura em países estrangeiros. Para o deputado, a razão principal para a fuga dos pacientes deve-se à falta de médicos especialistas. Frisando que o Governo está a tentar melhorar a situação dos recursos humanos e das instalações, o deputado defende que as medidas adoptadas não são suficientes, referindo ainda que mais de 2800 residentes procuraram médicos no estrangeiro. “O Governo já disse que tem um plano de recrutamento de 275 novos médicos especializados até 2018, mas a formação de novos profissionais leva tempo e os médicos que trabalham no serviço público sentem uma grande pressão. Tenho dúvidas sobre se Governo consegue cumprir esse plano de acordo com o calendário e suspeito que o número de profissionais não vá responder aos pedidos dos cidadãos no futuro”, ressalvou. O Executivo já disse que não há condições para criar uma Faculdade de Medicina na RAEM, mas Zheng Anting relembra que o Governo prometeu uma instituição de ensino para breve e questionou o Executivo sobre as outras medidas para atrair profissionais de saúde estrangeiros para trabalhar em Macau. “No futuro será cada vez mais importante ter uma medicina de excelência em Macau. Portanto, para que se melhore a qualidade dos serviços de saúde locais, o Governo tem planos para desenvolver os serviços?”, questionou o deputado à Assembleia Legislativa.
Joana Freitas PolíticaComissão de Avaliação das Remunerações mantém quase todos os membros [dropcap style=’circle’]D[/dropcap]esde ontem que estão em funções os membros da Comissão de Avaliação das Remunerações dos Trabalhadores da Função Pública, que tem como objectivo propor ao Governo o valor dos aumentos dos salários da Administração. A nomeação foi feita em Boletim Oficial e tem a duração de dois anos, sendo que quase todos os membros já pertenciam ao organismo. Hao Yufan continua como presidente. O reitor da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade de Macau vê assim renovada a sua nomeação, à semelhança do economista e ex-deputado Ieong Tou Hong. Quem também se mantém são Agnes Fok, Paulo Tse, U Kin Cho e Tina Ho Teng Iat, ex-deputada e empresário, que representam o patronato, através da Associação Comercial de Macau. Representando os trabalhadores – através da Federação das Associações dos Operários de Macau – estão Lee Chong Cheng e Lei Kong Weng, que vêem a sua nomeação renovada por mais dois anos. Joana Maria Noronha, subdirectora dos Serviços de Administração e Função Pública, é das poucas caras novas, assumindo funções como secretária-geral da Comissão. Pang Kung Hou, que representa a Associação de Pessoal Civil da Administração Pública de Macau, Mok Soi Tou, em representação da Associação de Ex-Estudantes de Administração Pública de Macau e Kot Man Kam, da Associação Desportiva dos Trabalhadores da Administração Pública de Macau são outros dos nomeados. José Pereira Coutinho, deputado e presidente da Associação dos Trabalhadores da Função Pública, deixou a Comissão há dois anos, tendo tecido diversas críticas ao trabalho do grupo, por considerar que a actualização salarial proposta não era representativa da realidade. Pereira Coutinho nunca mais fez parte da Comissão. O HM tentou contactar o também deputado para uma reacção às renovações e novas nomeações, mas não foi possível.
Andreia Sofia Silva PolíticaAuditoria | Chui Sai On defende necessidade de sondagens e consultas O Chefe do Executivo garante que já reuniu com os Secretários para melhor responder às sugestões do Comissariado de Auditoria sobre o relatório que denuncia abusos nas adjudicações para estudos. Alexis Tam diz ter gasto apenas 600 mil patacas em dois estudos [dropcap style=’circle’]C[/dropcap]hui Sai On, Chefe do Executivo, reagiu ontem pela primeira vez ao relatório do Comissariado de Auditoria (CA) que denuncia abusos cometidos pelos serviços públicos na realização de estudos. À margem da cerimónia de inauguração do edifício de doenças infecto-contagiosas em Coloane, o Chefe do Executivo garantiu que vão ser tomadas medidas e que há margem para melhorias. “O Governo dá grande importância a este relatório e pessoalmente falei hoje [ontem] com os Secretários. Vamos aprender com as sugestões do relatório e alguns serviços já tomaram algumas medidas e vão ter em conta as sugestões, como por exemplo o Fundo dos Pandas. É um tempo muito importante para fazermos uma reavaliação e um estudo aos serviços que são adjudicados. Vamos poder ponderar como vamos dirigir os serviços públicos”, explicou aos jornalistas. Chui Sai On disse ainda que há um espaço para melhoria. “Em termos estratégicos teremos de ver quais os trabalhos que têm de ser melhorados em relação às adjudicações”, frisou, apontando que a grande parte dos estudos encomendados pelo Governo tem de ser feita. “Macau é uma cidade de rápido desenvolvimento e há muitos estudos que precisamos de fazer. Em termos de Administração, os estudos a nível interno são importantes para lançarmos políticas. Mas os Secretários vão reavaliar os processos”, explicou. Questionado sobre se acredita existirem abusos cometidos na Função Pública, Chui Sai On negou. “Acho que não, não podemos dizer que as consultas não são qualificadas. Os meus colegas são empenhados e dedicados e um estudo é um princípio antes da política ser lançada”, rematou. Alexis gastou 600 mil Depois da inauguração do Centro Clínico de Saúde Pública de Coloane, o Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, frisou a importância da realização de estudos por parte dos departamentos públicos, afirmando que a existência destes sobre o Turismo, por exemplo, é algo necessário. “É importante a Direcção dos Serviços de Turismo (DST) realizar o estudo [do Plano Geral de Desenvolvimento de Turismo de Macau, que custa 18 milhões de patacas], porque o Gabinete de Estudo das Políticas trabalha directamente com o Gabinete do Chefe do Executivo. Existem estudos porque existem necessidades, temos diferentes âmbitos e, por isso, diferentes estudos”, referiu Alexis Tam, apresentando dados do seu Gabinete. “Da minha parte gastei apenas 600 mil patacas em dois estudos”, esclareceu. Para o Secretário, é normal os estudos apresentarem diferentes valores. “Não devemos ponderar o montante apenas para depois comparar os estudos feitos. Um estudo de um milhão de patacas terá uma menor profundidade do que um estudo de 20 milhões, por isso é que há serviços públicos que aplicam esses montantes para contratar empresas profissionais”, disse Alexis Tam. Alfândega | Novo director anunciado este mês Questionado sobre o nome que irá suceder ao da falecida Lai Man Wa na direcção dos Serviços de Alfândega, Chui Sai On prometeu anunciar o nome até ao final deste mês.
Flora Fong Manchete PolíticaDSAJ concorda com regulamentação de assédio sexual verbal A DSAJ admite ser complicado criminalizar o assédio sexual verbal, até porque diferentes países e regiões têm leis diferentes sobre o assunto, mas concorda com a sua criminalização. Nem que para isso os tribunais fiquem mais sobrecarregados [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Direcção dos Serviços para os Assuntos de Justiça (DSAJ) concorda com a regulamentação do crime de assédio sexual verbal na revisão que está a ser feita pelo Governo ao Código Penal. Isso mesmo confirmou o chefe substituto do Departamento de Estudos do Sistema Jurídico e Coordenação Legislativa do organismo, Cheong Ham, que falou do assunto na primeira sessão de consulta pública, esta semana. A criminalização do assédio sexual verbal, além dos crimes de assédio e atentado ao pudor, está a ser pedida por diversos deputados, com Wong Kit Cheng a demonstrar ser uma defensora acérrima desta criminalização. A DSAJ admite que a legislação em causa é uma “dor de cabeça”, mas o organismo assegura que vai regulamentar o que chama de “importunação sexual” com “múltiplas abordagens”, de modo a incluir diversos tipos de actos. Segundo o Jornal Ou Mun, a primeira sessão de consulta pública sobre a proposta da revisão ao Código Penal para criar novos tipos de crimes sexuais aconteceu na terça-feira passada, tendo sido presidida por Cheong Ham. Alguns participantes da consulta questionaram sobre a matéria de prova e penalização relativa aos crimes sexuais, tendo outros apontado que a proposta apenas criminaliza os actos físicos, mas exclui actos de assédio sexual através de linguagem, imagens ou mensagens. Cheong Ham admitiu que, por vezes, o assédio verbal pode ser mais grave do que o assédio sexual físico e deu um exemplo real: uma mulher “sofreu danos psicológicos depois de um colega” a assediar verbalmente. A mulher exigiu que a situação acabasse, mas isso não aconteceu, sendo que, como não é crime, continua a ser vítima do que o responsável diz ser “tortura mental”. Não está fácil Cheong Ham afirma que esta revisão vai ter em conta as múltiplas abordagens possíveis de assédio sexual e diz que a DSAJ vai incluir não só uma revisão à lei, como a coordenação e intervenção de organismos públicos para ajudar as vítimas. O responsável fala ainda na possibilidade de serem criadas linhas orientadoras para que a sociedade saiba o que é o assédio sexual, como já tinha sido pedido. “O objectivo é mostrar tolerância zero perante o assédio sexual, de forma a que não se permita mais assédio físico nem verbal”, indicou, acrescentando que não é fácil legislar, uma vez que há diversas formas de olhar para o assédio verbal. “Tendo em conta informações de diferentes países, cada país ou região tem uma forma diferente de regulamentar o assédio verbal. Em Hong Kong, o Conselho de Igualdade de Oportunidades tem instruções e mecanismos de acompanhamento. Em Taiwan, pune-se através de medidas administrativas. Caso seja criminalizado, além de aumentar os trabalhos de órgãos judiciais, os actores e vítimas precisam de perder tempo para que aconteça a investigação criminal”, alertou.
Flora Fong PolíticaDeputadas querem regulação para amamentação em espaços públicos [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]s deputadas Ella Lei e Wong Kit Cheng querem ver garantido o direito de amamentação dos recém-nascidos em espaços públicos e exigem que o Governo elabore regulamentos ou instruções para a criação de salas de amamentação. As deputadas apresentaram o pedido ao Executivo através de interpelações escritas. “A Organização Mundial de Saúde (OMS) considera que a amamentação é a forma ideal de alimentação para um bom crescimento dos bebés, sendo também importante para a saúde das mães”, começa por justificar Wong Kit Cheng. Citando informações dos Serviços de Saúde (SS), a deputada da União Geral das Associações de Moradores de Macau (UGAMM), lembrou que a taxa de amamentação passou dos 55% em 2003 para os 88,73% em 2014, sendo que apenas 20% das mães em Macau continua a dar de mamar para lá dos seis meses. Wong Kit Cheng considera, contudo, que a decisão das mães de amamentar ou não depende não apenas do seu estado de saúde, mas também do apoio e aceitação da sociedade. Wong Kit Cheng referiu que não é satisfatório que existam poucos estabelecimentos com salas de amamentação. Já a deputada Ella Lei, da Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), defendeu que a falta desses espaços em parques, restaurantes ou postos fronteiriços faz com que muitas mães tenham de amamentar os seus filhos nas casas de banho, por forma a evitarem olhares estranhos. “O Governo referiu em Dezembro do ano passado que está a elaborar instruções para regulamentar a criação de salas de amamentação em espaços públicos, para além de estudar o limite de publicidade ao leite em pó. Quais serão as exigências para os equipamentos nessas salas?”, questionou Ella Lei. Wong Kit Cheng frisou ainda que o Executivo já tinha referido que iria garantir a protecção da amamentação das trabalhadoras na Lei das Relações Laborais, mas aquando do processo de revisão do diploma não foi mencionada essa sugestão. Se a deputada da UGAMM defende que os Serviços de Saúde (SS) devem avançar com o projecto, Ella Lei espera que o Governo torne a criação das salas de amamentação algo obrigatório.
Filipa Araújo Manchete PolíticaPresidenciais | Abstenção mancha eleições que levam Marcelo a Belém Metade do povo votou e escolheu o professor Marcelo Rebelo de Sousa para representar o país nos próximos cinco anos. A abstenção continua a ser a personagem principal nas eleições portuguesas e “é “urgente mudar” esta tendência [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]povo decidiu e não foi necessária uma segunda volta: Marcelo Rebelo de Sousa é o novo Presidente da República portuguesa, apesar de só tomar posse em Março próximo. Foram mais de dois milhões os portugueses que votaram – tanto no país como nos círculos fora dele – no professor de Direito e ex-comentador político. Marcelo Rebelo de Sousa ganhou em todos os distritos de Portugal e recolheu 52% dos votos, deixando o candidato independente Sampaio da Nóvoa em segundo lugar, com 22,9%. Logo depois, a representante do Bloco de Esquerda, Marisa Matias, conseguiu 10,13% dos votos e, na quarta posição, a Socialista, também com candidatura independente, Maria de Belém, com 4,24%. “Nunca esperei que fosse [uma vitória] tão expressiva perante os outros candidatos. Dois milhões e quatrocentas mil pessoas a votar no professor Marcelo é uma indicação clara do que ele fazia na opinião maioritária, junto dos eleitores. É também um sinal positivo da percentagem que obteve em Macau (49%), o que é a confirmação de que os eleitores de Macau votam sobretudo no centro de Direita e seguem uma tradição de votação aqui [no território]”, indicou Arnaldo Gonçalves, académico, comentador e militante do Partido Social Democrata (PSD) no território. Já para Tiago Pereira, líder do Partido Socialista (PS) em Macau, Marcelo Rebelo de Sousa exercerá o cargo “com a dignidade e sabedoria que o mesmo exige”. “É uma pessoa com cultura democrática, de diálogo. Estou confiante que será um digno Presidente de República”, afirmou ao HM. João Pedro Góis, apoiante de Sampaio da Nóvoa na RAEM, lamentou os resultados, que não deram hipótese da segunda volta. “Temos que aceitar”, referiu, frisando o trabalho “notável” que o candidato independente realizou durante a sua campanha. Os mais de um milhão de votos são sinal de “maturidade democrática”, um sinónimo “muito positivo da força que pode ter a cidadania e o empenhamento cívico”. Medidas urgentes Uma vez mais, contudo, a abstenção foi a personagem principal. Quase cinco milhões de pessoas não votaram, só em Portugal, o que dá 51,16%. Em Macau o número sobe para 96,71% de abstenção, sendo que apenas 526, dos 15.977 eleitores, votaram. Para Arnaldo Gonçalves, os resultados reflectem “a evolução gradual” da abstenção que tem existido na democracia portuguesa. “Não é só destas eleições presidenciais, mas também nas legislativas. As pessoas sentem-se pouco motivadas para ir votar, isso acontece quando escolhem o partido que as vai governar, ou o Presidente da República”, apontou o académico. Esta tendência, que diz ser geral no espaço europeu, deve-se ao “desinteresse” e ao complicado “sistema administrativo e burocrático em termos de exercício de voto”. “Não se percebe muito bem porque é que não evoluímos para o sistema americano em que é possível o voto electrónico. E há maneira de fazer isso com viabilidade, não se percebe porque é que não se consegue fazer. Seria muito mais fácil”, argumentou. Na opinião de Tiago Pereira uma coisa é certa e urgente: é preciso combater a abstenção. “É preciso fomentar uma maior participação das pessoas, não só nas eleições mas também na vida política. É preciso reverter isto”, apontou. Em concordância com Arnaldo Gonçalves, o representante Socialista não tem dúvidas que o sistema de voto electrónico seria uma boa solução. “Esse será claramente um passo importante. Em Macau não é tão relevante porque no que concerne às eleições presidenciais o voto pode ser feito presencialmente, mas em vários outros sítios é extremamente difícil as pessoas deslocarem-se aos postos consulares ou embaixadas para exercerem o seu direito. Nestes casos é óbvio que o voto electrónico contribuirá para diminuir a abstenção”, refere. O “valor altíssimo” da abstenção é um “combate que deve ser comum a todas as forças políticas”, diz Tiago Pereira, que reforça que “tem de se combater a abstenção”. A distância larga que existia na campanha de Marcelo Rebelo de Sousa para com outros candidatos pode ter sido um motivo que levou muitas pessoas a não votarem, conforme argumenta Miguel Bailote, coordenador da secção do PSD em Macau. “As eleições presidenciais têm menos apelo do que as [eleições] legislativas. Isto é uma coisa que tem sido um crescendo na democracia portuguesa, acho que as pessoas estão cada vez mais desligadas da política e os políticos não têm conseguido motivar as pessoas”. Ainda assim, ao contrário dos restantes militantes, Miguel Bailote não acredita que o voto electrónico melhorasse o cenário votante actual. “Acho que o voto electrónico é uma coisa que tem de ser muito bem pensada e tem de ter uma garantia muito elevada”, registou. Benefícios fiscais é uma das propostas que poderia apelar ao voto, sendo defendida por João Pedro Góis. “Provavelmente como isto já teria algum peso na vida das pessoas, as pessoas já se motivariam mais a votar”, defendeu. O voto electrónico seria uma “solução magnífica” para o país, correspondendo ao nível tecnológico que se vive actualmente. Voltas e mais voltas Uma segunda volta foi muito desejada por João Pedro Góis, mas a maioria absoluta atingida por Marcelo Rebelo de Sousa não o permitiu. “Em vantagem”, com “anos de campanha eleitoral na televisão”, o professor amoleceu o coração dos portugueses, apontou ao HM. A contrariar está Arnaldo Gonçalves, que afirma que “se houvesse mais votantes, a distribuição dos votos seria exactamente a mesma”. “A distância do primeiro ao segundo lugar indica isso mesmo”, defendeu. Tiago Pereira acha difícil prever o que poderia acontecer, mas para Miguel Bailote os resultados seriam claros. “Os resultados são o espelho da vontade do país. Acho que a abstenção não influenciou o não ir a uma segunda volta. Se não houve segunda volta é porque os candidatos da Esquerda, designadamente do PS, eram fracos”, rematou. Macau elege Marcelo Rebelo de Sousa com 97% de abstenção Ainda são resultados provisórios, mas mostram que os votantes de Macau pouco se mexeram para exercer o seu direito. Às mesas do Consulado Geral de Portugal em Macau deslocaram-se 526 votantes, ou seja, 3,29% dos 15.977 eleitores inscritos. Feitas as contas, sem contar com os resultados relativos aos eleitores de Xangai, Pequim, Seul e Tóquio, Marcelo Rebelo de Sousa recolheu 187 votos, seguindo-se Sampaio da Nóvoa com 101, Marisa Matias com 28 votos e Maria de Belém com 20. O candidato Paulo Morais não conseguiu ultrapassar as duas dezenas de votos e Henrique Neto, Jorge Sequeira, Vitorino Silva não passaram a barreira dos cinco votos e Cândido Ferreira não reuniu qualquer voto. Registaram-se 12 votos brancos e dois nulos. Vítor Sereno, Cônsul-Geral de Portugal em Macau e Hong Kong, indicou, ao HM, estarem garantidas as condições necessárias para que a afluência fosse mais intensa por parte da massa eleitoral. “Tínhamos as condições logísticas preparadas para uma maior afluência, mas acho que a condições climatéricas não ajudaram”, apontou. Para o representante oficial português, o desinteresse por parte do eleitorado deverá ser uma hipótese afastada. “Pelo menos não quero pensar que [a abstenção] é desinteresse pelas eleições presidenciais”, referiu. Apesar das percentagens, Vítor Sereno garante a “sensação de dever cumprido”. Recorde-se que a massa eleitora de Macau é composta por eleitores chineses com passaporte português, sendo clara a não ligação com a vida política portuguesa.
Flora Fong PolíticaInvalidez | Chan Hong questiona conceito do subsídio provisório [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]deputada Chan Hong quer saber se o subsídio provisório de invalidez, atribuído pelo Instituto de Acção Social (IAS), ganhará estatuto de sistema de segurança social ou de política de regalias. Implementando em Julho de 2014, o subsídio provisório de invalidez é atribuído a residentes permanentes de Macau que tenham contribuído para o Fundo de Segurança Social (FSS) pelo menos 36 meses e que perderam a capacidade de trabalho, temporária ou permanentemente. O subsídio, contudo, é provisório e os deputados têm vindo a pedir que se torne efectivo. Numa interpelação escrita, Chan Hong frisou que uma parte dos portadores de deficiência não tem capacidade de trabalho, nem contribui suficientemente para o FSS, características que não lhes permite candidatarem-se ao subsídio em causa. “Até fim de 2014, entre dez mil portadores de cartão de deficiência, 1100 ainda não se registaram no FSS e 950 portadores ainda não contribuíram para o FSS pelo menos durante 36 meses”, apontou. O período da implementação do subsídio provisório de invalidez já foi prolongado até final deste ano, mas a medida tem sido prorrogada sempre que o Governo decide, não sendo efectiva. Chan Hong lembrou que o Governo já disse que este subsídio é complementar à pensão de invalidez e que, neste momento, está a ser revisto o regime de segurança social. O Governo indicou ainda que iria resolver o problema de contribuição insuficiente ao FSS, no final de 2015, no entanto, a deputada criticou o facto de que até ao momento não haja novidades. “O Governo deve ter um atitude clara sobre a definição do subsídio provisório de invalidez como um modelo de segurança social, ou como uma política de regalias”, apontou.
Tomás Chio PolíticaNg Kuok Cheong exige explicações do Governo sobre terrenos [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]deputado Ng Kuok Cheong voltou a interpelar o Governo sobre os planos de aproveitamento de nove dos 48 terrenos que ainda não foram desenvolvidos pelos concessionários, incluindo um terreno que iria albergar o Ocean World, um parque temático. Na interpelação escrita, Ng Kuok Cheong indicou que o Executivo iniciou a análise dos terrenos não aproveitados em 2009, sendo que apenas foi estudada a possibilidade de recuperação de 48 lotes. O deputado lembrou que alguns desses terrenos já entraram num processo de recuperação, mas não existe qualquer novidade sobre os restantes nove lotes. “Vários cidadãos exigem a recuperação dos terrenos desaproveitados, tal como o terreno para o projecto do Ocean World, cuja concessão foi feita antes da transferência de soberania. Os cidadãos acham que existe a possibilidade de conluio entre empresários e o Governo, porque ainda não foi anunciada qualquer novidade sobre estes terrenos”, explicou o deputado. Para Ng Kuok Cheong, o terreno do Ocean World poderia servir para a construção de vinte mil fracções de habitação pública. “Depois de uma investigação de seis anos, o Governo tem ou não razões para não declarar a caducidade dos nove terrenos desaproveitados?”, questionou. O deputado do campo pró-democrata considerou “normal” a possibilidade de surgirem processos judiciais no período de recuperação dos terrenos, se o Governo tomar a decisão correcta. “Vai o Governo começar o processo de recuperação, declarando ou não a caducidade das concessões desses terrenos, para que não se gastem os recursos de solos e se sacrifique os interesses públicos?”, rematou ainda.
Flora Fong PolíticaAgnes Lam pede auditoria interna a serviços públicos [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]presidente da Associação Energia Cívica, Agnes Lam, considera necessário criar um sistema de auditoria interna e de responsabilização do pessoal da Função Pública que trabalha na área da adjudicação de serviços, por forma a evitar os abusos que foram denunciados no mais recente relatório do Comissariado de Auditoria (CA). Em declarações ao Jornal do Cidadão, a também docente da Universidade de Macau (UM) e ex-candidata às eleições legislativas defende que sejam criados critérios internos para a avaliação das condições das entidades a quem são adjudicados os serviços, regras essas que devem ser aplicadas a todos os organismos públicos. “Cada organismo deve ser alvo de auditoria interna para evitar que aconteçam estes problemas. Os departamentos financeiros devem ter cuidado face aos trabalhos de auditoria”, defendeu Agnes Lam, tendo referido ainda que o regime de responsabilização é essencial para punir os funcionários públicos que abusem das suas competências ou que tenham um mau desempenho nas suas funções. A docente disse ainda ser necessário não apenas consultar os valores praticados por entidades locais mas também estrangeiras, para que haja uma comparação de preços de forma mais abrangente. Recorde-se que o CA indicou que mais de mil estudos e sondagens foram feitos sem autorização e sem necessidade, tendo havido despesas no valor acima dos cem milhões de patacas.
Flora Fong PolíticaIACM | Lei de gestão de mercados elaborada este ano [dropcap style=’circle’]O[/dropcap] Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) afirmou que a elaboração da proposta da lei sobre gestão de mercados pode estar concluída ainda este ano. A notícia foi dada numa resposta do organismo a uma interpelação escrita do deputado Si Ka Lon. Depois do Comissariado contra a Corrupção (CCAC) ter descoberto, no ano passado, que alguns regulamentos e posturas municipais estavam caducados ou desactualizados perante a realidade actual de Macau mas continuavam a ser usados, o deputado questionou o IACM sobre se o mesmo iria levar a cabo uma revisão e adaptação desses mesmos documentos. Em resposta, Lo Veng Tak, presidente substituto do presidente do Conselho de Administração do Instituto, admitiu que o Regulamento do Licenciamento de Estabelecimentos para Venda a Retalho de Carnes, Pescados, Aves e Vegetais e o Regulamento para os Mercados Municipais foram elaborados no “século passado” e já não correspondem às necessidades, pelo que estariam a ser revistos estes regulamentos. Agora, o IACM diz que a conclusão da revisão poderá ser este ano. “O IACM concorda com as opiniões apresentadas pelo CCAC sobre os regulamentos e posturas municipais, por isso vai acelerar os trabalhos de revisão, dependendo da sua urgência”, indicou. Lo Veng Tak acrescentou que o organismo “irá tentar concluir a elaboração da proposta da lei sobre gestão de mercados ainda em 2016”, bem como acelerar a revisão de outros regulamentos.
Joana Freitas PolíticaIndústrias Culturais | Si Ka Lon defende apoio a projectos chumbados Mais de duas centenas de projectos que pediam o apoio do Fundo das Indústrias Culturais foram chumbados, mas o deputado Si Ka Lon considera que estes deveriam ter apoios na mesma [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]deputado Si Ka Lon sugere que as empresas que foram excluídas da atribuição do subsídio do Fundo das Indústrias Culturais sejam apoiadas para melhorar os seus projectos antes chumbados. O Fundo aprovou 86 de 321 candidaturas. O Fundo de Indústrias Culturais divulgou a lista dos subsídios atribuídos no último ano, que conta com sete plataformas e 66 projectos comerciais. O deputado considera que as sete plataformas podem cumprir funções de centros de incubação para projectos culturais, auxiliando os próprios projectos excluídos da lista. Este apoio irá permitir que a qualidade dos mesmos possa ser desenvolvida. Si Ka Lon falou ao jornal Ou Mun e explicou ainda que o Centro de Design de Macau e o Centro dos Serviços Integrados Culturais e Criativos de Macau servem como estes espaços. “Estas plataformas têm capacidade, condições e espaço para ajudar outras empresas, para que se desenvolvam os projectos das empresas e, compreensivamente, a indústria cultural em Macau”, apontou. O deputado sublinhou que “os centros podem ainda dar mais sugestões para o desenvolvimento do sector, a fim de empurrarem o sector para uma nova etapa”. Dicro Fong, o represente do Centro de Design de Macau, garantiu que “o centro pode arrendar, a um baixo preço, espaços às empresas de indústrias culturais que não foram seleccionadas para o subsídio do Governo, para que possam desenvolver os seus projectos”. O mesmo responsável explicou que o facto das empresas não terem sido incluídas no Fundo poderá dever-se à insuficiente clareza financeira aquando da candidatura ou até mesmo ao desenvolvimento do próprio projecto. “Mas o nosso centro auxiliará as empresas activamente”, frisou, apontando que a taxa de ocupação do espaço reside nos 90%. O responsável admite que existem algumas lacunas que pedem melhoras, tal como o limite de recursos humanos nos projectos. Por isso, apontou, este serviço deve ser melhorado, funcionando também como um incentivo a mais inscrições.
Hoje Macau PolíticaAL | Governo responde a perguntas de deputados em Fevereiro Habitação e terrenos. Os dois temas preenchem de novo a maioria das interpelações dos deputados em dia de ouvirem respostas do Governo [dropcap style=’circle’]D[/dropcap]ezassete interpelações orais submetidas pelos deputados vão obrigar representantes do Governo a irem à Assembleia Legislativa (AL), no próximo dia 1 de Fevereiro, para responder sobretudo sobre terrenos e habitação pública. Treze dos 14 deputados eleitos directamente pela população vão usar da palavra na ronda de interpelações orais, a primeira da actual sessão legislativa, a somar a quatro eleitos escolhidos por sufrágio indirecto. “A concretização dos princípios de justiça, transparência e equidade na recuperação dos terrenos desaproveitados e a mobilização dos recuperados para a construção de habitação pública são as principais tarefas governativas a que o público presta especial atenção”, sintetiza Ng Kuok Cheong. “Após um longo tempo de estudos, não se deverá tomar uma decisão para proteger o interesse público?”, questiona o deputado ao falar de parcelas de terrenos que não foram aproveitadas pelos privados a quem foram concrecionadas dentro do prazo – algumas a recuperar, algumas “em tratamento” e outras “deixadas em paz”. É também de terrenos que fala Kwan Tsui Hang, que quer saber se o Governo pretende divulgar periodicamente o ponto de situação do uso, do direito de propriedade, do aproveitamento e prazos dos terrenos ao público. Já Lam Heong Sang, vice-presidente da AL, toca nos lotes definidos para a habitação pública, indagando quando vão estar concluídas as mais de quatro mil fracções prometidas. Era zero A política de habitação pública também merece a atenção de Melinda Chan que recorda que o Secretário da tutela afirmou não ser possível construir no presente ano, porque não existem terrenos, o que significa que “Macau vai entrar numa era de ‘zero’ habitações públicas disponíveis”. Ho Ion Sang, ao notar que esta oferta não satisfaz as necessidades dos residentes de classe baixa e que “as pessoas não conseguem suportar os elevados preços e as altas rendas dos imóveis”, insta à criação de “mecanismos eficientes de longo prazo”, por forma “a evitar a discricionariedade das políticas resultando em flutuações no mercado imobiliário”. Zheng Anting tem idênticas preocupações, defendendo que “há que recuperar, o quanto antes, terrenos desaproveitados para construir habitação pública”. O reordenamento dos bairros antigos serve também de mote para as interpelações ao Governo: “Ao longo dos últimos dez anos, nunca foram concretizados os trabalhos” e o Governo retirou a proposta de Lei do Regime Jurídico (submetida em 2011 e retirada em 2013), sem que nada tivesse dito sobre o regime que o vai substituir (renovação urbana) desde o seu anúncio, afirma Leong Veng Chai, pedindo um ponto de situação. Si Ka Lon põe o dedo na mesma ferida, estabelecendo paralelismos com Hong Kong: “Macau, por sua vez, anda às voltas com o mesmo assunto – quando é que cria o conselho – e, perante a renovação urbana, não tem coragem e não o assume”. Também o ambiente estará em foco no dia 1 de Fevereiro: Chan Hong aponta que “a taxa de reciclagem é desproporcionada em comparação com o avolumar do lixo e o desenvolvimento económico” há muitos anos, criticando o “fraco apoio” à recolha e reutilização de recursos e a ausência de uma “política de longo prazo”. Wong Kit Cheng aborda, por sua vez, os lugares de estacionamento com parquímetro reservados aos serviços públicos para saber se vão ser “devolvidos”. Outra pasta visada é a da Saúde. Angela Leong centra-se nas doenças de foro psicológico e Chan Iek Lap nos preparativos para a abertura de uma Academia de Saúde da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade de Macau, em Setembro, e sobre os médicos especialistas a formar, a pensar no segundo hospital público, previsto para 2019. Já Ella Lei pretende saber se há estatísticas e uma avaliação sobre as necessidades em termos de transplantes de órgãos, num território onde durante mais de dez anos nunca foi instituído um regime de dádiva. Mak Soi Kun interpela o Governo sobre o acesso a um “número bastante limitado” de canais da Televisão Central da China, enquanto Au Kam San pretende perguntar ao Governo se vai estudar que indústrias têm espaço para desenvolvimento no quadro de “ajustamento” do sector do Jogo.
Flora Fong PolíticaConstrução Civil | Governo quer rever regime de segurança e higiene [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) considera necessária a revisão do Regulamento de Segurança e Higiene no Trabalho da Construção Civil, antes que entre em vigor o novo Regulamento de Segurança e Saúde Ocupacional. A DSAL promete recolher as opiniões de patrões e empregados no final deste ano, por forma a melhor o conteúdo do diploma e para que se possa iniciar o processo legislativo “o mais rápido possível”. A informação consta numa resposta a uma interpelação escrita da deputada Ella Lei, que questionou o atraso da entrega da proposta de lei do Regulamento de Segurança e Saúde Ocupacional ao hemiciclo, frisando que já em 2012 a DSAL tinha planos para apresentar o diploma. A novidade foi dada na resposta da directora substituta da DSAL, Teng Nga Kan a uma interpelação escrita da deputada Ella Lei, onde se questionou o atraso da entrega da proposta do Regulamento de Segurança e Saúde Ocupacional à Assembleia Legislativa (AL), e se lembrou que o organismo tinha um plano em 2012. Teng Nga Kan, directora substituta da DSAL, disse ser necessário “primeiro fazer a revisão do Regulamento de Segurança e Higiene no Trabalho da Construção Civil e do seu regime de punição”, devido ao desenvolvimento do sector e da diversificação do uso de máquinas e equipamentos. A responsável lembrou a existência de um ambiente de trabalho na construção civil mais “complicado”, bem como na área da segurança dos trabalhadores. A revisão pretende melhorar a gestão do pessoal e dar um maior esclarecimento dos procedimentos a serem adoptados pelos técnicos, incluindo um aumento das multas de violação dos regulamentos por parte dos construtores. Teng Nga Kan acrescentou que, através da revisão da lei, a segurança dos locais das obras sairá reforçada e espera que se mantenham as boas condições dos equipamentos e do ambiente de trabalho, para prevenir acidentes.
Filipa Araújo PolíticaPresidenciais | Urnas em Macau com pouca afluência Pouco mais de 500 pessoas foram votar no próximo Presidente da República português. Apesar do Consulado prever uma grande afluência, tal não aconteceu [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]pesar dos eleitores de Macau terem à sua disposição dois dias para votarem nas eleições às presidenciais de Portugal, apenas 526 pessoas – de um total 15977 -foram votar. “No primeiro dia [sábado] votaram 262 pessoas”, indicou ao HM Ricardo Silva, Chanceler do Consulado de Portugal em Macau e Hong Kong. Até ontem tinham votado mais 262 pessoas, perfazendo um total de 526 votantes. À disposição do eleitorado recenseado em Macau estavam seis mesas de voto, sendo que ontem uma recebia apenas os votos enviados de Xangai, Pequim, Seul e Tóquio, como informou Vítor Sereno, Cônsul-Geral do Consulado de Portugal em Macau e Hong Kong, aos meios de comunicação. O número de mesas foi justificado pelo próprio como preparação para “um afluxo elevado” previsto. Lista recorde Mais de 9,7 milhões de eleitores foram chamados a escolher o novo Presidente da República, que irá substituir Aníbal Cavaco Silva, sendo dez os candidatos na corrida, o que constitui um recorde de nomes no boletim de voto. Se um dos candidatos obtiver mais de 50% dos votos será eleito no imediato chefe de Estado, mas caso contrário haverá uma segunda volta, a 14 de Fevereiro, com os dois concorrentes mais votados. Os dez candidatos apareciam no boletim de voto pela seguinte ordem: Henrique Neto, António Sampaio da Nóvoa, Cândido Ferreira, Edgar Silva, Jorge Sequeira, Vitorino Silva (Tino de Rans), Marisa Matias, Maria de Belém, Marcelo Rebelo de Sousa e Paulo Morais. Para o sufrágio de domingo estavam inscritos um total de 9.741.792 eleitores, mais 85.318 do que em 2011, ano em que Cavaco Silva foi reconduzido no cargo de Presidente na primeira volta, com um resultado de 53,14%. Nas últimas eleições, a abstenção também subiu para valores recorde, situando-se nos 53,56%. A menor abstenção verificou-se na reeleição de Ramalho Eanes, em 1980, com 15,6%. No pós-25 de Abril foram eleitos por sufrágio universal e directo Ramalho Eanes, Mário Soares, Jorge Sampaio e Cavaco Silva, sendo que todos foram reeleitos.