Barbearia 2Legit | Sara K, Rocklee e Fernando Lourenço, fundadores e co-fundador

Sara K, Rocklee e Fernando Lourenço decidiram aliar-se para criar um novo conceito de barbearia inspirado naquelas que ainda existem por essa Macau. A ideia voou dos EUA e estabeleceu-se perto de S. Lázaro, com ênfase na imersão comunitária

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap] 2Legit nasceu há meio ano mas já está a ferver, mais que não seja pela paixão cega dos seus dois fundadores e co-fundador, Rocklee, Sara K e Fernando Lourenço. O projecto sobrevive pela paixão e talento de ajudar os outros. Rocklee, agora com 30 anos descobriu a sua vocação pelo conceito de ser barbeiro a milhares de quilómetros de distância, nos Estados Unidos. Participa, desde novo, numa série de competições e ‘battles’ de breakdance – estilo que nasceu nos EUA e foi popularizado pelos afro-americanos, com recurso ao hip-hop – pelo mundo. “Tudo começou quando fui aos EUA para uma competição, uma coisa que faço há mais de 20 anos. Punha-me a pensar nos cortes fantásticos daqueles b-boys, mas com linhas [de corte] realmente bem feitas, sem defeitos e em como eu nunca conseguia fazê-lo”, conta. Attachment-1
As experiências iniciais, confessa, levaram a uma série de “desastres” capilares, o que o obrigou a um pente zero permanente, numa tentativa de esconder as avarias. Anos depois, foi convidado para um evento como DJ no Michigan, altura em que aproveitou para ir a Chicago. Foi numa festa nesta cidade que conheceu uma rapariga sino-americana, “das poucas que falava cantonês” por lá. A história acaba com Rocklee a conhecer o seu mentor por via da sua amiga. “Foi nesse dia que conheci o meu mentor, que me cortou o cabelo como eu sempre quis”. A paixão nasceu assim, como todas: inesperada e repentinamente. De volta a Macau, o barbeiro empenhou-se como nunca, fez várias perguntas e outras tantas experiências, até que começou a cortar cabelos “em casa, numa cadeira do Ikea”.
Decidir-se por ‘2Legit’ foi, de certa forma, fácil. “Para o nome, lembrei-me dos primórdios da cultura pop e da minha infância, quando ouvia MC Hammer e ele tinha a ‘2Legit2Quit’”, conta. Entre um trabalho a tempo inteiro num grupo hoteleiro local e a vontade insaciável de criar, Rocklee foi singrando, até abrir a barbearia em Abril.

Aliar a arte à vontade de contribuir

Para Rocklee, o conceito é sólido e imutável: uma hora na 2Legit pode ajudar qualquer um. “É uma sessão terapêutica”, exclama, com o aval de Fernando. “Sinto que ao tornar-me barbeiro, estou a ajudar os outros”, traça Rocklee. Entre risos, explicam que se trata de um momento quase catártico. Curiosamente, os cortes não são efectuado de frente para o espelho, mas sim para dentro da loja. “Dá aso à criação de conversas entre nós e a clientela, troca de experiências, de histórias e desabafos”, revelam. Várias são as histórias que têm para contar: umas mais felizes que outras, mas todas se concentram da comunidade. “As pessoas não devem seguir o rebanho, fazer o que a sociedade lhes impõe, mas sim o que realmente querem”, frisa o proprietário. Entre palavras, confessa ter sido uma dessas crianças, até finalmente perceber que só assim seria feliz. “Há dificuldade em ver o valor além do dinheiro, mas é preciso promover isso”, disse. Além das marcações diárias, os dois barbeiros ajudam muita gente. É que a estabilidade do exterior engrandece o interior.
Na calha da 2Legit estão outros projectos. Entre eles, parcerias com associações solidárias de pessoas com deficiência e ex-toxicodependentes no sentido de formar quem queira seguir a actividade. Fernando fala também na colaboração com estes grupos vulneráveis e artistas locais na criação de outros produtos.

Muito mais do que um corte

A Rocklee juntaram-se o seu primo Fernando Lourenço e Sara K, uma jovem residente que adquiriu os seus conhecimentos com um curso em Portugal. No entanto, a paixão de cortar cabelos não previa um molde tão “tradicional” como aquele a que um salão comum obriga. Entre aquelas quatro paredes, Sara sente-se a dar asas à sua imaginação. O aparar de pontas, permanentes e madeixas foram trocados pelo cavalheirismo capilar. Anteriormente, Sara trabalhou num salão local e depois como freelancer, a partir de casa. Fernando esforça-se todos os dias para manter a casa em ordem, mas não só. Neste momento, delineia um plano de longo prazo para a marca. “Não queremos só ter produtos à venda na loja, queremos criá-los para que sejam vendidos lá fora”, conta. Na 2Legit vai vender-se uma série de produtos, o mais original sendo uma pasta capilar orgânica semelhante à cera. Há, ainda este ano, espaço para a venda de roupa.
Além de cadeiras de barbeiro, o espaço está decorado com espelhos, um balcão para tatuagens, estação de lavagem e uma cabine de música, com vinis e um amplificador à mistura. É que não só há música a tocar, como artistas em ascensão podem lá actuar para mostrar do que são feitos. A 2Legit não se encara como mais um cabeleireiro. Pode dizer-se que é o barbeiro de antigamente, mas de cara lavada. Errada é a ideia de que uma barbearia dos tempos modernos obriga à criação de looks tresloucados ou cristas pontiagudas. Ali usa-se uma espécie de cera própria, fazem-se desenhos artísticos, mas principalmente, cortes clássicos e modernos. A atirar para um homem de negócios orgulhoso do que a sua cabeça veste. A equipa vai marcar presença no Flea Market, uma feira que tem lugar este fim de semana, na Estrada Marginal da Areia Preta.

26 Ago 2015

Mini Wong, gerente da loja de produtos criativos P.M & Salon

Numa rua estreita perto do Templo do Bazar, há um espaço de grande dimensão cheio de vidros com produtos originais. A P.M & Salon, ajuda artistas a vender os seus produtos a troco de uma comissão, mas também quer ser uma galeria de arte e um espaço de workshops

[dropcap style=’circle’]“[/dropcap]P.M & Salon é um espaço onde os artistas podem vender os seus produtos, com marcas originais, sem terem grandes despesas.” Esta é a ideia por detrás da loja gerida por Mini Wong, situada na Rua das Estalagens. Lá dentro estão produtos diversos de 20 marcas originais, sendo a maioria de Macau, embora existam outras marcas de Hong Kong.
Mini Wong é uma jovem com cerca de 30 anos que decidiu, em Outubro do ano passado, abrir a empresa Prism Creative e a loja, em conjunto com outro sócio. Localizada num antigo bairro, perto da Rua Cinco de Outubro, a P.M & Salon mostra, logo à entrada, uma série de acessórios, cartões postais, cadernos. Há também velas esculpidas e peças encaixadas como se fossem legos e que representam os principais monumentos de Macau, como as Ruínas de São Paulo, o Templo de A-Má ou Templo de Na Tcha. [quote_box_left]“Cooperamos com os artistas para que realizem workshops sobre como fazer pulseiras, colares ou velas esculpidas. A participação é muito positiva”[/quote_box_left]
A P.M & Salon não cobra aos artistas por exporem os seus produtos, mas recebe uma comissão quando estes conseguem vendê-los. Mini Wong não tem dúvidas de que essa forma de negócio apresenta vantagens e desvantagens.
“A principal vantagem é que ajudamos os artistas a mostrar as suas obras sem que tenham de pagar muito por isso, mas há uma desvantagem: sem a pressão, os artistas tendem a criar novos produtos devagar, sem que tenham motivação”, explicou ao HM. P.M & Salon
A ideia de abrir a P.M & Salon surgiu porque Mini Wong trabalhou durante dez anos na área do design gráfico, numa agência de publicidade. Até que decidiu criar a sua própria marca – a Something.
“Desisti do trabalho e quis dedicar-me à área das indústrias culturais e criativas e ter mais tempo livre. O meu sócio propôs a criação de um estúdio, mas, como podíamos não ter rendimento suficiente, surgiu a ideia de juntar os produtos criativos e vendê-los no mesmo sítio.”

Não basta vender, há que expor

Para além dos produtos para venda, a loja acolhe neste momento uma exposição de pinturas feitas com vernizes para unhas e produtos de maquilhagem, da autoria de uma artista local. As pinturas, expostas em toda a loja, são para serem apreciadas, mas também vendidas.
“Esta ideia é para nos libertarmos do conceito de que só podemos assistir a exposições nos museus ou galerias de arte. Espero que esta loja possa vir não só a expor mas a vender obras de arte, para que possamos aproximar mais os artistas aos residentes”, acrescentou Mini Wong. P.M & Salon
Para além das vendas e exposições, a loja pretende ser um espaço para a organização de workshops, sendo que cada workshop recebe um máximo de oito pessoas. “Cooperamos com os artistas para que realizem workshops sobre como fazer pulseiras, colares ou velas esculpidas. A participação é muito positiva. Muitas vezes as pessoas compram os produtos mas não conhecem o contexto criativo. Quando participam nos workshops conseguem descobrir esse lado.”

Dificuldades contornadas

“Temos sorte”, diz Mini Wong quando o HM a questiona sobre a renda da loja. Esta é suportável porque é dividida com outra empresa. Ainda não houve recrutamento de funcionários, então o arranque do negócio não precisou de muito investimento inicial. Enquanto Mini Wong gere a loja, o sócio é o principal investidor.
O movimento da Rua das Estalagens não é grande e só é mais preenchida por turistas aos fins-de-semana, sobretudo vindos de Taiwan e Hong Kong. Nos primeiros dois meses, foi difícil ter rendimentos, mas os clientes têm vindo a crescer, apesar dos lucros ainda não serem os ideais.
No futuro a loja vai sofrer mudanças e poderá transformar-se num estúdio de criações. Meses após a criação da P.M & Salon, Mini Wong adquiriu as novas experiências e conheceu mais amigos, o que não conseguiu fazer no tempo em que foi designer gráfica.

Endereço: Rua das Estalagens, rés do chão do Edifício Wo Fat, número 37º

19 Ago 2015

“Lemon Lemon”, restaurante | Jaime Lai, co-fundador e gerente

Foi com o irmão e três amigos que Jaime Lai decidiu abrir o “Lemon Lemon”, um restaurante mesmo no centro da cidade, num canto pacato e bem arranjado. A ideia é aproximar a clientela à cultura de Londres, sem esquecer o gosto da comunidade

lemon lemon[dropcap style=’circle’]F[/dropcap]oi ali mesmo, ao virar da esquina do Cine Teatro, que Jaime Lai decidiu, juntamente com o irmão e três amigos, abrir o “Lemon Lemon”. A chegada ao local não é inteiramente fácil, uma vez que fica num beco escondido, mas os azulejos pretos e a emblemática sinalização do metro londrino que decora a entrada do restaurante aguçam o apetite e a vontade de experimentar algo diferente. O espaço está bem decorado, a branco e amarelo, e até uma imitação da conhecida Mona Lisa lá está.

O menu está perfilado de comes e bebes dos mais variados que por aí há, desde pão com parmesão que se assemelha aos típicos pães de queijo brasileiros, aos nachos espanhóis, omeletes, chás com leite e batidos de frutas.

À conversa com o HM, Jaime Lai explica que tudo começou devido à experiência do fundador em Londres. “Vivi em Londres durante oito anos e quando voltei, não sabia bem o que havia de fazer em Macau, até que nos lembrámos do tempo que passávamos na Regent Street, em Londres”, começou por contar. “A cultura é mais aberta e desenvolvida e sempre passei muito tempo sentado cá fora, nas ruas, com os meus amigos e a ver as pessoas passar”, continuou.

O proprietário juntou-se aos amigos por sentir que era a coisa certa para fazer agora que está em Macau. “Queríamos um espaço calmo num cidade atarefada”, resumiu ao HM.

E agora, o que fazer?

Voltou há cerca de um ano para o território que o viu nascer, mas não tinha uma ideia sólida do que quereria fazer com o seu futuro. Até que tudo aconteceu. A ideia nasceu, assim, do objectivo de tentar criar nesta cidade um espaço onde as pessoas pudessem relaxar, com um espaço exterior em condições. Por um lado, Jaime confessa que gostaria de ter uma espécie de esplanada, mas a lei não permite e o proprietário também preferiu que assim não fosse, por duas razões: a comunidade chinesa não é fã de espaços exteriores e o local, lamenta, “não é muito bonito”.

Em Londres, Jaime Lai estudou Contabilidade e Gestão, essa sendo uma ferramenta “adequada” para o funcionamento lógico que um espaço como o “Lemon Lemon” exige. O restaurante pertence a Jaime, ao irmão e outros três amigos, todos eles sendo já sócios de uma outra empresa, à excepção do recém-chegado residente. “Têm uma empresa de decoração de interiores e foram eles que decoraram o espaço”, acrescenta. Entre imagens de uma Regent Street estampada na parede e de um quadro da Mona Lisa, estão pinturas a amarelo e branco e um vidro decorado com desenhos abstractos de várias cores.

O primeiro é sempre o pior

IMG_0247O “Lemon Lemon” abriu em Outubro do ano passado e tem já uma vasta legião de fãs, ou pelo menos é isso mesmo que as fotografias da página oficial no Facebook transmitem. Questionado sobre as dificuldades que um novo negócio enfrenta em Macau, Jaime é claro e directo: “no primeiro mês e meio foi muito complicado, porque ninguém sabia onde isto ficava e estávamos sempre sem clientes, mas agora que sinalizámos melhor e temos mais visibilidade, estamos bem”, desabafou o jovem.

Hoje em dia, a ideia passa por proporcionar às pessoas um bom início de todos os dias, antes do trabalho ou mesmo a meio deste. “As sandes são a nossa especialidade e assim as pessoas podem vir cá comer refeições mais leves, relaxar e depois voltar para o trabalho”, diz Jaime Lai.

Para já, a ideia é manter apenas um “Lemon Lemon”, mas nada exclui a possibilidade de virem a ser mais daqui a uns tempos. Para expandir a marca, os quatros sócios decidiram fazer uma série de publicações com festas, eventos especiais e casa cheia à hora de almoço para mostrar que este é um dos restaurantes-sensação do momento. Isto, juntamente com o patrocínio que o “Lemon Lemon” dá aos concertos de uma banda de artistas locais faz com que cada vez mais pessoas se juntem ali para aproveitar o descanso que uma boa refeição deve proporcionar. O local pode ainda ser arrendado para festas privadas, mas está limitado a dez ou 15 pessoas, uma vez que o espaço não é muito grande. “Isto não se parece com Macau e é precisamente essa a imagem que queremos passar”, frisou.

Actualmente, o espaço encontra-se aberto das 10h00 às 21h00, tendo o horário sido esticado recentemente, para fazer a vontade aos fãs que lá queriam ir jantar. Entre sumos frescos, café quente que aconchega a alma e muita comida das mais variadas origens, este restaurante e coffeeshop vai agradando a gregos e troianos, locais e estrangeiros. A malta que atende a clientela fala relativamente bem Inglês e por isso mesmo a barreira da língua é facilmente quebrada. A eficiência é também dado adquirido, já que se espera pouco tempo e a conta ao final da barrigada não é extensa, mas sim justa.

12 Ago 2015

“Dona Gula”, negócio de take-away | Inês Madeira, gerente

O projecto do “Dona Gula” começou em família e acabou espalhado a todos aqueles que gostam de comida portuguesa como se fosse feita pelas mães ou avós. Inês Madeira gere o projecto com duas familiares e fala do sucesso das suas receitas, procuradas sobretudo por mães ocupadas

[dropcap style=’circle’]D[/dropcap]iz o dicionário da Língua Portuguesa que “gula” é o “excesso no gosto de comer e beber”, um dos sete pecados mortais. E foi a pensar no gosto pela comida, mas sobretudo pelos pratos feitos com cuidado e qualidade, que nasceu o “Dona Gula”. Com apenas uma página na rede social Facebook e quase 300 gostos, o projecto visa a entrega de refeições, salgados e pastelaria em casa.
Inês Madeira é designer e gere o negócio, não tendo qualquer experiência com tachos e panelas. Ao seu lado tem as “donas gulas”, como a própria lhes chama, Margarida Pereira, responsável pela parte dos salgados, e Marília Coutinho, a pasteleira responsável por fazer os bolos de aniversário.
“Eu sou o maestro do que se está a passar”, conta Inês Madeira ao HM. “Tento criar algum dinamismo na página do Facebook e não apenas publicar fotos de comida. Tudo isto começou porque elas são pessoas da minha família e pensámos que, se os produtos que faziam já eram bons, poderíamos mostrar ao público em geral.”
O que começou por ser uma brincadeira já se transformou num negócio muito procurado, sobretudo entre a comunidade portuguesa. dona gula
“A Dona Gula aconteceu de forma muito espontânea e é resultado de um trabalho que já existia. Eu já consumia os produtos e pensei: ‘porque não fazer uma divulgação?’. Isto numa conversa de mesa, numa brincadeira. Foi uma brincadeira não muito na perspectiva de negócio, mas mais na divulgação dos produtos para as pessoas experimentarem, e acabou por se transformar na Dona Gula, que neste momento tem uma grande adesão por parte do público.”
Inês Madeira conta que o projecto “Dona Gula” tem servido de apoio a festas de aniversário de crianças e adolescentes, mas também serve muitas mães que nem sempre têm tempo para cozinhar.
“Curiosamente achava que as pessoas iam procurar a Dona Gula mais para festas, mas tem havido muita adesão mais para os salgados para refeições. As pessoas pedem muito esses produtos ainda congelados para depois fazerem nas suas casas, como consumo diário. É uma questão de comodismo também, porque as pessoas não têm tanto tempo e disponibilidade para cozinhar, então acabam por encomendar à Dona Gula.”

O lado caseiro à mesa

Com uma oferta variada de salgados, tartes salgadas e bolos de aniversário, o projecto “Dona Gula” apresenta-se como sendo algo mais do que um negócio familiar de entrega de comida em casa. Cada encomenda tem a garantia de ser uma refeição caseira.
“As pessoas procuram muito os produtos portugueses, de referência. As receitas dos nossos avós são uma referência para nós, não é a mesma coisa que comer um rissol caseiro ou outro. É como o pastel de nata, estes são parecidos mas não têm o mesmo sabor, porque não há essa referência cultural do que é o pastel de nata. Os chineses aceitam, mas nós sentimos falta do sabor português. E a Dona Gula tem cativado as pessoas por essa referência, por ter produtos de qualidade e comida caseira. A ideia é ter a comida portuguesa na mesa, como se fosse a mãe ou a avó a fazer, mas nós é que entregamos. A comida chega à casa das pessoas como se fossem elas a fazer”, frisa Inês Madeira.
Para já a página do Facebook está apenas em Português, sendo que a gestora do projecto considera que é necessário fazer com que o “Dona Gula” chegue a cada vez mais pessoas.
“Queremos também tentar chegar a outro público. O grande número de clientes é português, curiosamente as mães. Sentimos que há uma preocupação em ter as refeições prontas em casa ou uma ajuda numa festa para não terem de encomendar em vários sítios. Depois também têm a referência dos ingredientes, da comida que é nossa, são mesmo receitas que vêm dos avós e as pessoas sentem-se familiarizadas com os produtos”, remata.
Os preços dos produtos são variados: um bolo de aniversário personalizado pode custar quase 400 patacas, enquanto que uma tarde salgada pode atingir as 200 patacas. Também há a possibilidade de encomendar uma boa sopa de legumes ou salgados congelados, prontos a fritar. Tudo depende da gula de cada um.

5 Ago 2015

“Macau Roomate”, website de quartos para arrendar | Leon de Spain, criador

Radicado em Macau desde 1991, Leon de Spain seguiu uma tendência muito em voga na Europa e Estados Unidos e criou o website “Macau Roomate”, vocacionado para os anúncios de casas ou quartos disponíveis para arrendar. A utilização ainda é gratuita e o projecto ainda não é rentável, mas poderá sê-lo no futuro

[dropcap style=’circle’]“[/dropcap]Preciso de um quarto: orçamento 5000 patacas. Fumador, acordado até tarde devido ao trabalho. Gosto de sair ou de estar em casa com umas cervejas, jogar jogos de computador ou ver filmes e séries. Amigável e maluco por limpeza”, pode ler-se num ‘post’ no Macau Roomate. Outro anúncio é feito por um homem de 36 anos que procura pessoas para dividir o seu apartamento de três quartos, num prédio que até tem ginásio incluído. Não tem preferência: qualquer pessoa pode morar na casa, seja rapaz ou rapariga.
Estes são dois exemplos de anúncios de quartos para arrendar e que compõem o novo website “Macau Roomate”, o primeiro projecto online do género em Macau para quem tem um quarto vago em casa e quer partilhar despesas. O objectivo é encontrar o parceiro ideal para uma casa, sendo uma “prioridade providenciar uma procura escolha, segura e bem sucedida”.
Até aqui, encontrar casa no território para os recém-chegados implicava lidar directamente com agentes imobiliários ou pesquisar em websites, também ligados a agências. A rede social Facebook vem, desde há algum tempo, apresentando alguns anúncios, mas segundo Leon de Spain, mentor deste novo projecto, o website vem tornar mais fácil o que sempre foi difícil.
Com algumas semanas de existência, o “Macau Roomate” já tem cerca de 30 utilizadores, incluindo mais de 500 pessoas que seguem a página no Facebook. “Penso que o website é muito eficiente”, disse ao HM Leon de Spain. “As casas têm estado a ser arrendadas muito rapidamente no Facebook, mas com um website as coisas são mais acessíveis. É uma melhor forma de reter a informação para que os utilizadores tenham um acesso mais fácil”, explica.
Leon de Spain tentou implementar algo que já é muito comum noutros países, mas que ainda não é conhecido no território.
“Este é de facto o primeiro projecto do género em Macau e não há outro. Um dos motivos pelos quais criei o website é porque é muito difícil encontrar uma casa em Macau e as rendas são muito caras portanto pensei que muitas pessoas gostariam de reduzir as despesas partilhando a renda. E uma forma de fazer isso seria através de colegas de casa”, partilha, acrescentando que “ter colegas de casa é algo muito popular na Europa e nos Estados Unidos”, mas aqui, diz, ainda não viu muitas pessoas a fazer isso, apesar da grande procura.
Apesar do pouco tempo de existência, Leon de Spain nota uma grande aceitação por parte das pessoas. “A aceitação tem sido bastante boa, só estamos a funcionar há cerca de dez dias e já temos 30 utilizadores. Alguns anunciam que estão à procura de um quarto, outros anunciam os seus quartos para arrendar. Está a crescer devagar mas só agora começou.”
Leon de Spain, que trabalha na área de Multimédia, garante que, para já, não tem lucros com o projecto, mas que poderá tornar o website rentável no futuro. “Essa não é uma questão no momento uma vez que o projecto ainda agora começou. É grátis para os utilizadores e, neste momento, não existem quaisquer ganhos. Talvez mais tarde, quando o website começar a ser mais utilizado, seja possível ter alguns ganhos. Uma das formas do website se tornar rentável é através da publicidade, talvez algumas empresas queiram publicar anúncios no website. Também há a possibilidade de implementar alguns custos para os utilizadores que estejam a anunciar”, contou o mentor do “Macau Roomate”.
Leon de Spain veio para Macau nos idos anos 90, mais concretamente no ano de 1991, época em que arranjar uma casa a preços baixos era bem mais fácil. Ainda assim, Leon de Spain conta que nunca teve problemas em encontrar um apartamento, por ter vários amigos que trabalham no ramo do imobiliário. O “Macau Roomate” foi feito a pensar nas necessidades dos que ainda agora chegaram. “Há muitas pessoas que estão a chegar a Macau para viver por um ou dois anos e não querem gastar muito dinheiro numa casa. É mais fácil e conveniente. E muitas vezes até é melhor partilhar casa com alguém local que leve essas pessoas a conhecer melhor Macau. É mais fácil fazer isso agora do que antes”, rematou.

29 Jul 2015

“Lei.s”, sapataria | Sandy Lei, fundadora

Tornando realidade o sonho do pai, Sandy Lei fundou a sapataria “Lei.s”, onde o objectivo é dar conforto aos pés dos clientes, sem ligar a modas

[dropcap style=’circle’]“[/dropcap]Life needs to be simple” é o slogan criado por Sandy Lei para a sua nova marca de sapatos, fundada este mês. O negócio é novo para a jovem, mas a verdade é que a família de Sandy trabalha na produção de sapatos há mais de 20 anos.
“Lei.s é o apelido da nossa família, pelo que este pode ser considerado um negócio familiar”, começa Sandy por explica ao HM. “O meu pai começou a trabalhar na produção de sapatos em 1985, depois criou uma fábrica na cidade de Zongshan em 1992, que tem até agora. A fábrica tem recebido encomendas de grandes marcas da China e do estrangeiro para fazer sapatos.” 
Agora, com o passar do tempo, a família Lei – que não tinha a sua própria marca de sapatos – passou a ter. A “Sapataria Lei.s” é o sonho realizado do pai de Sandy, que queria que a profissão fosse passada para as novas gerações, o que acabou por acontecer.
Para Sandy é importante não só a aparência dos produtos, mas também as suas características. Por isso mesmo, a jovem assegura que o “conforto é a prioridade” para a marca.
“Uma vez o meu pai encontrou um comerciante que inventou uns sapatos que tinham na sola uma função semelhante à das almofadas de Memory Foam e conseguimos trazer esta tecnologia exclusiva para vender em Macau”, conta Sandy.
Assim, explica, as palmilhas dos sapatos da “Lei.s” são feitas com este sistema, que “memoriza a forma dos pés de quem calçar os sapatos, além de serem feitos por pele genuína e não rasgarem os pés, fazendo com que os pés fiquem mais confortáveis”, diz Sandy ao HM. “Os nossos produtos visam as mulheres que precisem de trabalhar de pé durante um longo período de tempo, tais como professoras, funcionárias bancárias e de Jogo.” 11751078_1029736300379283_764358941_n
A sapataria localiza-se no 3º andar do Centro Comercial Hoi Tou, na Avenida do Conselheiro Ferreira de Almeida. Abriu há um mês à experiência, sendo que vai ser oficialmente aberta no início de Agosto.

Melhores dias virão

O centro onde fica a loja acabou de ser renovado, pelo que muitos espaços continuam vazios ou em obras. Sandy admite que, devido a isto, o movimento ainda não é muito bom para o negócio. A pagar uma renda que não ultrapassa as dez mil patacas, depois de ter gasto também com obras de decoração, Sandy admite que a renda é mais barata pelo facto da sua loja não ser no rés-do-chão. No entanto, além da loja ser pequena, ainda há a questão da clientela.
“Até ao momento, o movimento de clientes é mau, poucas pessoas fazem compras no centro ou vêm para passear pouco tempo porque há poucas lojas abertas. Mas como em breve vai ser criado um café aqui ao lado, acredito que vai melhorar.”
A fundadora da “Lei.s” explicou ainda que a maioria dos clientes veio depois de consultar a página do Facebook. Portanto, Sandy criou uma promoção de 22% de desconto para os clientes que gostarem da página, além de um sorteio.
Os preços dos sapatos rondam as 300 patacas e as 700 patacas, mas as encomendas especiais podem chegar às mil patacas.
“O material dos nossos sapatos é do mesmo material e produzido na mesma fábrica do das marcas, mas esses são vendidos a mais de mil patacas, pelo que os nossos produtos são mais vantajosos ao nível dos preços”, assegura a jovem.
A gestão da loja é feita por Sandy e e pela irmã mais nova que ajuda só aos fins-de-semana. “Faço a gestão da sapataria de segunda a sexta-feira. Ao fim-de-semana preciso de contactar com a fábrica sobre as encomendas, os novos produtos ou os novos design.”
Sandy orgulha-se de apresentar os seus serviços ao público mais pela qualidade do que pela marca. “Os nossos produtos não são para acompanhar o que está na moda, mas para que as pessoas tenham sapatos confortáveis. Não temos produtos de todas as cores, mas podem ser feitas encomendas à escolha. O design dos sapatos muda de acordo com as estações do ano. Mas uma coisa é certa: não somos uma loja de moda mas sim uma profissional e fazemos sapatos para pessoas que trabalham.”
Sandy explica ainda que os clientes podem mostrar o seu design favorito à “Lei.s” para que sejam feitas encomendas.
“Isso sobretudo para as mulheres que tenham pés demasiados pequenos ou grandes”, disse, acrescentando que está ainda a rectificar a tabela de preços, ainda que garanta que as encomendas de sapatos não ultrapassam as mil patacas.
 

22 Jul 2015

“Mariazinha”, restaurante português | Nélson Rocha, proprietário  

Abriu há cerca de um mês e já é um sucesso pela qualidade que traz a cada prato. O restaurante “Mariazinha” está localizado perto das Ruínas de São Paulo e pretende mostrar os sabores do norte de Portugal, pouco explorados em Macau. A francesinha tem sido o maior sucesso

  
[dropcap style=’circle’]N[/dropcap]o “Mariazinha” a comida é fresca, tipicamente portuguesa e começa a ser preparada logo de manhã cedo, à medida que os clientes começam a chegar para degustar o menu de almoço. Os ingredientes parece que vieram directamente das nossas casas.
É assim o novo restaurante português que abriu recentemente em Macau, junto à zona das Ruínas de São Paulo. Os donos do novo espaço não trazem apenas os típicos pratos e sobremesas portuguesas, mas querem mostrar também o que de melhor se cozinha no norte do país.
Ao HM, Nélson Rocha, um dos proprietários, conta como veio para Macau com a esposa, Filipa, para cumprir um sonho de longa data.
“Sempre foi uma ambição minha abrir um restaurante fora de Portugal, porque toda a vida trabalhei lá na área da restauração, desde miúdo. Macau surgiu numa das visitas que fizemos, gostei muito de Macau e achei que aqui, mais do que qualquer outro sítio, fazia sentido [abrir] um restaurante português. Depois tínhamos a oportunidade de vir para cá, porque a minha esposa cresceu aqui e já tinha muitos contactos. Acabou por se juntar o útil ao agradável”, apontou.
A principal atracção no menu tem sido a francesinha, prato típico da cidade do Porto que ainda está ausente de muitas mesas dos restaurantes portugueses locais. “Queremos começar mais pela cozinha do norte, porque acho que muitos restaurantes portugueses em Macau têm uma culinária mais típica de Lisboa. Nós queremos ter mais a comida do Norte, com o prato bem servido e a comida de qualidade. Esse foi, aliás, um dos motivos pelos quais decidimos vir para Macau, porque verificámos que, apesar de haver muitos restaurantes portugueses, ainda há muito a fazer”, frisou Nélson Rocha.
O “Mariazinha” tem sido tão bem-sucedido que muitos clientes fazem questão de regressar. As horas de almoço conseguem preencher todas as mesas. FotoMariazinha2
“A adesão tem sido muito positiva e está a ser uma alegria para nós. As pessoas gostam sempre de visitar as novidades, mas connosco têm vindo cá quatro, cinco, seis vezes. Temos clientes que em duas semanas de abertura já vieram cá seis vezes. Isso é bom porque significa que as pessoas gostam.”
Para Nélson Rocha, a qualidade da comida é o que faz os clientes regressarem. “Muita gente vem ao almoço, por causa do nosso set menu, que está muito bom e completo, e acabam por constatar que a comida é boa e têm regressado. À noite vêm para provar a Francesinha e para provar também os pratos da carta, mas temos tido muita procura pela Francesinha. Temos a Posta à Mirandesa, Lombo de Vitela com molho de cogumelos… depois regressam para provar essas coisas também.”
Com o “Mariazinha”, Nélson Rocha acredita estar a fazer a diferença em relação à oferta já existente, mas também promete que o que as pessoa vêem agora é aquilo a que vão ter direito.
“Estamos a apostar num serviço de qualidade e é para manter. Temos a vantagem de ter um contrato de renda um bocadinho mais alargado em relação ao que acontece em Macau, por isso estamos para ficar. Vim para cá com a minha filhota e a ideia era ela crescer aqui. As coisas estão a correr bem e penso que as pessoas vão reconhecer a qualidade.”
Apesar do sucesso, Nélson Rocha pretende fazer mudanças no menu nos próximos tempos. “No futuro queremos fazer alguma rotação dos pratos, com algum cuidado porque há pessoas que procuram sempre por determinados pratos. Mas queremos mudar aqueles que não têm tanta procura. A Francesinha não podemos mudar porque tem sido, de facto, bastante procurada. Podemos aumentar o nosso menu. Temos planeado para o Inverno fazer as receitas mais pesadas, como Tripas à Moda do Porto, um prato que as pessoas têm perguntado se vamos ter, só vamos ter no Inverno. Mas as pessoas já começam a dizer que têm saudades.”
O “Mariazinha” oferece menus diários por 130 patacas e está aberto todos os dias, excepto aos domingos.
 

15 Jul 2015

“SomBento”, organização de eventos | Luís Bento, proprietário

A empresa SomBento não tem mãos a medir. Num território que reúne as condições perfeitas para a organização de eventos, Luís Bento disponibiliza material musical e electrónico, entre outros. A meta é uma: proporcionar um excelente espectáculo

[dropcap style=’circle’]“[/dropcap]Foi o acaso que fez nascer esta empresa, foi quase por acidente ou necessidade, não era algo pensado, com um plano de negócios.” Assim começa por explicar ao HM Luís Bento, proprietário da empresa SomBento dedicada à organização de eventos.
Antes de ser empresário, Luís Bento sempre se dedicou à música. Aqui em Macau faz parte de vários projectos músicas, sendo um deles bem conhecido na comunidade portuguesa – a banda ‘80&Tal’. Em Portugal, Luís Bento, em 2003, começou a comprar algum equipamento musical que o faz ter neste momento uma diversidade invejável.
“Comecei a comprar vários instrumentos musicais e outro tipo de equipamento para dar resposta aos eventos a que ia. Fossem eles aniversários, casamentos, conferências, ou outro tipo de eventos. Aos poucos fui comprando material e quando dei por mim tinha um armazém cheio de equipamento”, relembra.
A oportunidade para vir para Macau surgiu em 2013 e foi nesse mesmo ano que Luís Bento registou a sua empresa, por sentir que o mesmo acontecia no território. “Durante dez anos em Portugal trabalhei no sistema de recibos verdes com a SomBento, era uma simples prestação de serviços ou aluguer de material. Em Macau, percebi que este sistema tem pernas para andar e o território precisa disto, portanto foi quando cheguei que registei a empresa”, explica o empresário.

Um bocadinho de tudo

Com um crescimento notável, Luís Bento começou aos poucos e poucos. No início os eventos eram dirigidos a 200 ou 300 pessoas e agora têm capacidade para mil, duas mil “ou muito mais”. Sombento Vektor Logo
Algum do material o empresário trouxe de Portugal e precisamente este mês chegará um novo contentor com mais equipamento. “A SomBento tem um bocadinho de tudo. Fazemos casamentos, baptizados, jantares, apresentações, lançamento de produtos, tudo o que esteja relacionado com som e a parte audiovisual”, enumera.
Na bagagem a empresa tem “todo o tipo de aluguer”, seja para bandas de jazz, rock ou música clássica. “Quando é pedido algum tipo de equipamento que não faz parte das opções disponíveis, é fornecido de igual forma ao cliente recorrendo a outras colaborações”, adiciona o empresário.
A agenda está mensalmente ocupada e apesar da empresa só ter um colaborador, o próprio proprietário, é através da contratação pontual que tudo acontece. “A empresa recorre sempre a mão-de-obra local conforme cada evento, porque há vários tipos de eventos e nalguns são precisas mais pessoas”, explica.

Um submundo deslumbrante

“Quando cheguei a Macau deparei-me com um submundo que não está à vista das maioria das pessoas. São as salas de eventos dos casinos. Erradamente pensamos que os casinos se resumem apenas a Jogo, bares e a estada no hotel. Não, é errado. Nos primeiros eventos que fiz fiquei super surpreendido com o facto de entrar numa sala e estar a acontecer um evento para 200 pessoas e ao lado, com mais quatro ou cinco salas, decorrerem eventos com cem ou mil pessoas”, aponta o músico.
Dentro dos meandros da organização e dos próprios eventos, Luís Bento afirma que “Macau reúne as condições todas para suportar e organizar eventos não só locais mas internacionais”.
Eventos organizados por países como a Índia, Brasil, China, Itália, América foram apenas alguns que a SomBento já acolheu. Apesar disso, são as conferências e encontros profissionais para a zona da Ásia o tipo de eventos que mais estão sob a alçada da empresa de Luís Bento.
Há no entanto um problema no mercado. “O equipamento no território, ou a gestão desse mesmo equipamento não é bem feita. Um exemplo simples, um concerto de uma banda de jazz para a inauguração de uma galeria não necessita do mesmo número de equipamento para um concerto para duas mil pessoas”, clarifica. Situação, aponta que acontece no território. “Uma das coisas que a SomBento faz é dimensionar cada equipa e cada set de equipamento ao evento, sem ter que estar a sobredimensionar”, aponta.
Este mês, dia de 14 de Julho, as luzes e música da SomBento vão estar atrás da organização de um evento na piscina do Hotel Sheraton. Apesar das horas de trabalho serem muitas e a pressão também, o objectivo é sempre cumprido: proporcionar um evento de qualidade, em que as pessoas se possam divertir.

8 Jul 2015

“7 Burguer”, restaurante e espaço de festas | Roy Ho, co-proprietário

O restaurante “7 Burguer” abriu há precisamente um ano e oferece à clientela uma vasta variedade de comidas. O menu é extenso, mas o que importa mesmo são os hambúrgueres do novo espaço de dois pisos, que dá mesmo para as Ruínas de S. Paulo. Ali quer-se um espaço confortavelmente internacionalizado

[dropcap style=’circle’]F[/dropcap]oi Roy Ho que, de boné em riste e calças descontraídas, aceitou estar à conversa sobre a criação do “7 Burguer”, uma das poucas hamburguerias de Macau situada na zona mais turística e movimentada da cidade: na rua que desemboca nas Ruínas de S. Paulo. O espaço é grande, ocupando dois pisos inteiros de um prédio restaurado, mesmo à direita do conhecido monumento.
O objectivo, começou Ho por explicar ao HM, é atrair gentes de todo o mundo que por cá passem, não apenas pessoas de Macau. “A ideia é internacionalizar o espaço e o tipo de clientes que temos, não apenas locais e é isso que sentimos que faltava em Macau: um restaurante que apelasse à fome de estrangeiros”, justifica o co-proprietário.
De entre as nacionalidades frequentes estão pessoas de Hong Kong, da Coreia, de Taiwan e até alguns ocidentais. Entre pequenos autocarros ao estilo londrino, ursos de peluche de diferentes tamanhos, cartazes promocionais, rede de internet gratuita e lustrosas escadas convidativas, o “7 Burguer” vai de vento em popa, como nos diz Ho, que acredita estar não só a desenvolver, como a oferecer a quem lá entra, uma experiência como poucas em Macau.
A localização atira qualquer um para preços de renda exorbitantes, mas a verdade é que “isso não é um problema”, uma vez que a quantia mais avultada está a ser paga pelos proprietários de uma nova loja que nasceu no rés-do-chão. Roy detém o restaurante com mais uma pessoa e juntos foram introduzindo algumas alterações ao espaço. A decoração foi pensada para fazer com que os clientes queiram por lá ficar na conversa ou até mesmo a entreterem-se com jogos de tabuleiro e outros, que estão organizados numa estante ao lado da janela. hm3
“Optámos por decorar o espaço com motivos mais ocidentais porque servimos comida europeia e mesmo os hambúrgueres são estilo inglês, não americano”, disse o jovem. Ar fresco, música ambiente e muita luz é aquilo que se pode encontrar no “7 Burguer”, que foi baptizado com este nome em jeito de trocadilho em mandarim. É que a fonética que corresponde ao número “sete” também vai ao encontro daquela que forma uma das sílabas da palavra “hambúrguer”.

Um espaço além-fome

No entanto, o “7 Burguer” não serve apenas como restaurante, mas também como espaço de aluguer de festas. Os preços parecem acessíveis, se se pensar na escassez de locais do género. “O aluguer do espaço para 30 a 40 pessoas, com comida de buffet incluída, ronda as 200 patacas por pessoa”, explica Roy Ho.
Em jeito de brincadeira, diz mesmo que pode ser feito um desconto se o grupo pedir bebidas extra. A conversa decorreu numa das várias mesas espalhadas pelo sítio e a vontade de trincar uma das delícias do menu aumentou à medida que os pedidos da clientela foram chegando. A página de Facebook do restaurante está perfilado de fotografias de festas e encontros, a mais visível sendo a de Natal, que teve lugar durante esta época festiva, no ano passado. O espaço encheu-se de pessoas e o ambiente foi “festivo”, a vermelho e verde. À parte dos hambúrgueres, há ainda quem prefira as sopas, as sobremesas ou simplesmente um copo de vinho, algo fácil de encontrar por ali, já que várias estantes mostram aquilo que de melhor a casa tem para oferecer.

Muito mais virá

Tal como nos animais e nos seres humanos, também nos locais e nos negócios a evolução desempenha um papel crucial. Neste caso, o que mais pode ser feito dentro de um espaço que serve comida e oferece conforto? “Começámos a ter música acústica ao vivo e embora neste momento tenhamos apenas um cantor filipino, qualquer pessoa que saiba cantar, pode vir falar connosco e talvez até ficar para tocar”, diz Ho. Os sets de música ao vivo acontecem todas as sextas-feiras e sábados, geralmente desde a hora de jantar até à hora de fecho, às 22h00. No entanto, até isso os proprietários querem alterar. “Estamos a pensar acrescentar algo mais ao conceito que já temos e queríamos alargar o horário para abrir às 11h00 e fechar perto das 2h00 da manhã”, continuou o dono por dizer.

1 Jul 2015

Iao Hin, Galeria de Arte | Simon Lam, curador: “O mais difícil é incutir à comunidade local o gosto pela arte”

Uma antiga cadeira de dentista, um espaço livre para exposições e workshops, um corredor cheio de motas antigas e vários projectos futuros. É assim que as galerias de arte Iao Hin se desenvolvem, com o novo espaço aberto há seis meses

[dropcap style =’circle’]O[/dropcap] mais recente espaço da galeria Iao Hin encontra-se em frente ao Mercado Vermelho, num daqueles edifícios à beira-rio, quase em ruína, não fosse o investimento de alguns patrões do ramo imobiliário. É o caso deste lugar, localizado num dos andares mais altos do prédio em questão.

A entrada, essa, denota um sentido de gosto e conhecimento cultural de quem não se presta a faltas de talento. Simon Lam é o curador dos dois espaços, ambos em funcionamento desde 2012. No entanto, aquele mais perto do mercado tem uma particularidade: foi inteiramente remodelado para abrir ao público há cerca de seis meses, com um conceito e aspecto completamente novos.

Em conversa com o HM, Simon Lam confessa que o principal motivo para o estabelecimento das galerias foi o facto deste ser “um nicho de mercado”, já que mais ninguém detinha um espaço do género naquela altura. “Não havia qualquer galeria de arte em Macau. Havia museus, concertos e eventos de arte, mas não havia um único espaço dedicado à arte, como em Hong Kong”, frisou Lam. “Começou com o conceito dos artistas virem cá para fazer workshops, conferências e reuniões e foi aí que começámos a expor os trabalhos de artistas locais”, começa Simon por explicar. “Nesta altura, alguns artistas estrangeiros contactaram-nos para expor os seus trabalhos na galeria, pelo que tiveram início as exposições de maior envergadura”, acrescenta.

No entanto, tal diz respeito à galeria existente na Rua de Tercena, travessa bem tradicional da região. O local junto ao mercado servia anteriormente como armazém para mobílias antigas encontradas e estúdio para trabalhos de design. “Eu estava a fazer trabalho de design e, passado um ano, começámos a ter um volume estável de negócio, pelo que acrescentámos a organização de aulas e workshops sobre esta indústria”, disse. “Em 2011, o mercado de arte estava a explodir em Hong Kong e lembrámo-nos de criar aqui um conceito que na altura era inexistente”, confessou. O início, admite, foi complicado, uma vez que a adesão foi fraca, tendo começado com “20 ou 30 pessoas” nas suas primeiras exposições. Hoje em dia este número cresceu e Simon calcula que mais de cem pessoas aparecerem para ver as mostras em exibição, de entre as quais estão especialistas de arte, como curadores e críticos. iao hin

“De tempos a tempos temos exposições de artistas locais para ir avaliando as vontades da população e saber quais os seus gostos e sinto que o mercado está cada vez mais receptivo, embora a maioria dos visitantes continue a ser estrangeira”, acrescentou ao HM. Assim, ambas as galerias têm conceitos distintos. Aquela localizada na baixa da cidade é mais selectiva e acolhe exposições de artistas de renome. A do Mercado Vermelho foca-se mais na proliferação de talentos locais menos conhecidos, onde todos são bem-vindos, após aval do curador.

O preencher de uma lacuna

O curador gere a marca e os espaços com a sua esposa Florence, a directora. O casal viveu no estrangeiro e foi no Reino Unido que mais tempo esteve, cerca de dez anos. Daí mudaram-se para outros países europeus, até que em 2011 decidiram criar raízes em Macau, onde viram uma grande falha. A Iao Hin junto ao rio está decorada com uma série de artigos antigos, nomeadamente mobília descoberta no lixo e nos grandes contentores, como são uma antiga cadeira de dentista – actualmente considerada vintage –, várias cadeiras e mesas, um hall com algumas motas locais de diferentes décadas, entre outros itens. Existe ainda uma espécie de quarto munido de um pequeno espaço de trabalho que serve para vários fins, nomeadamente projectos artísticos.

A necessidade de cultivar

O maior obstáculo, neste caso, parece ser o aparente desinteresse da comunidade local chinesa na arte contemporânea. As rendas aqui não desempenham um papel determinante, já que os espaços não estão a ser alugados. “O mais difícil é incutir à comunidade local o gosto pela arte”, lamenta Simon, que refere ser complicado explicar às pessoas que a arte é um valor acrescentado. Uma das vantagens, diz, é o facto das obras ali expostas poderem “vir a ser uma excelente fonte de investimento”, seja agora ou futuramente.

O curador ilustra com uma situação em particular: “vamos agora ter uma mostra do French May com esculturas feitas a partir de raízes de árvores, mas a comunidade chinesa não dá valor e acha-a desinteressante porque diz serem coisas feitas pela natureza”. Actualmente, o casal trabalha com um estagiário e um outro funcionário. Questionado sobre uma nova onda de expansão da Iao Hin, Simon Lam comenta que para já os planos não vão nesse sentido. Não só porque “as rendas estão muito caras”, mas também devido ao facto de não sentirem necessidade de expandir.

Para além de uma galeria, o espaço é também uma loja e um local com potencial para talentos desconhecidos. Para já, o futuro da empresa passa pela organização de workshops, aulas temáticas e leilões de pequena envergadura, que contam com a total participação dos residentes. “As pessoas vão poder trazer itens que já não queiram ou não lhes façam falta para vender na galeria, depois do seu valor ser mensurado por especialistas convidados”, diz entusiasmado.

24 Jun 2015

“My Art: Sweets”, loja de doces | Carina Ribeiro, criadora

O percurso de Carina Ribeiro pelo mundo da culinária e doçaria começou nos idos anos 2000. Primeiro em Macau, depois em Portugal, Carina foi chef de cozinha. Até que regressou ao território e decidiu começar a vender bolos de aniversário e sobremesas para fora. A “My Art: Sweets” começou no Facebook, mas agora já tem um espaço físico na zona do Dom Bosco

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s bolos de Carina Ribeiro têm a fama de serem deliciosos, de várias cores, tamanhos e feitios. Tudo depende do gosto do cliente e da pessoa a que se destinam. Há quatro anos que Carina começou a fazer bolos por encomenda via Facebook, através da sua página “My Art: Sweets”, mas o que era um projecto pessoal que funcionava através do ‘passa a palavra’, depressa se transformou num negócio com pernas para andar.

A loja propriamente dita abriu esta semana junto ao Colégio Dom Bosco e disponibiliza bolos e sobremesas já feitos, prontos a comprar, café, chás, crepes e panquecas. Carina Ribeiro planeia um dia ter refeições, mas, para já, os mais gulosos podem também desfrutar de crepes e panquecas na “happy hour”, que dura entre as 16h00 e as 17h00.

Chegar a um público mais vasto foi o objectivo desta chef de cozinha, mãe de três filhos. “Quis abranger um maior mercado, porque através do Facebook, apesar das pessoas irem passando a palavra, acabamos por ficar nos clientes regulares. Não há tanta gente, as pessoas deixam de visitar a página. Então comecei a ver que já tinha a minha cadeia de clientes e decidi deixar a minha página no Facebook, que apesar de tudo continua a funcionar e a aceitar pedidos. Quero chegar a uma maior clientela e poder dar a conhecer o meu produto a mais pessoas”, contou ao HM.

Carina Ribeiro garante que não quer ficar por aqui, pretendendo continuar a dar cartas como empresária no mundo da cozinha. “Depois do Facebook, o próximo passo seria abrir a minha loja de bolos, mais tarde o meu café, mais tarde um restaurante (risos). É esse o meu objectivo.”

Com poucos dias de funcionamento, a loja é um sucesso, apesar de muitos ainda não ousarem passar para o lado de lá da porta e provar as sobremesas. “O público ainda tem um bocado de receio, porque vêem que não sou chinesa, ficam mais cépticos para entrar. A pessoa tem de sorrir um bocadinho, convidar a entrar. Se falarem inglês, entram. Vou tentar mudar isso aprendendo um bocadinho mais de chinês, porque o meu chinês ainda não é perfeito”, referiu.

A mentora da “My Art: Sweets” conta que há quatro anos, quando começou, havia pouca oferta no mercado ao nível dos bolos e sobremesas personalizados. Mas agora começam a surgir as lojas de bolos e Carina Ribeiro não quis ficar para trás.

“De há dois anos para cá já se vêem várias lojas em Macau como a minha e essa foi uma das razões que me fez sair do online. Pensei que, se não começasse agora, depois iria ser apenas mais uma loja. Já houve um pequeno ‘boom’. Mas esta é das poucas lojas onde as pessoas podem comer na hora, beber um café ou um chá, onde todas as coisas são caseiras”, aponta.

No início eram as marmitas

Carina Ribeiro chegou a Macau pela primeira vez em 1994 e começou a trabalhar nesta área porque, um dia, experimentou uma refeição num restaurante perto do Centro Cultural de Macau (CCM) e não gostou do que provou. Mas antes disso já Carina Ribeiro fazia refeições para fora, a partir de casa.

“Tive de criticar, porque o bacalhau com natas tinha açúcar. Mas a pessoa que estava no restaurante perguntou-me se não gostaria de trabalhar com eles. Fui, fiz uma entrevista, gostaram muito e passei a trabalhar lá e foi assim que virei chef de cozinha. Durante algum tempo trabalhei lá, depois mudei e trabalhei em vários restaurantes. Mas aí não fazia doces, era só comida tradicional portuguesa. Depois abri o meu café em Portugal e foi aí que comecei a fazer bolos e a apostar na doçaria, para não pedir bolos de outros lados. Foi aí que comecei a ganhar paixão por fazer bolos.”

Carina Ribeiro deixou Macau em 2004 para voltar em 2011. Ainda passou pelo Westin Resort, até que decidiu ser mãe a tempo inteiro. Nascia então a “My Art: Sweets”. “Organizei uma festa de aniversário e achei os bolos caríssimos, então pensei que não valia a pena pagar aquele preço, porque eu sabia fazer melhor. Decidi abrir a minha página no Facebook.” O gosto pelos bolos de chocolate de Carina fez-se logo notar: “comecei logo com muitas pessoas”.

17 Jun 2015