Andreia Sofia Silva Grande Plano MancheteJMJ | Em Lisboa, jovens acreditam num catolicismo vivo em Macau Foto principal da agência Lusa Três jovens católicos de Macau que participam este ano na Jornada Mundial da Juventude defendem que praticar a religião no território tem as suas características próprias e acreditam que esta se vai manter, apesar da redução da comunidade portuguesa no território. Uma organização católica da Coreia do Sul está de olho na possibilidade de o evento decorrer no país no próximo ano A fé vive-se de diferentes formas na Jornada Mundial da Juventude (JMJ), que termina no domingo em Lisboa, e estar na sala de cinema é uma delas. À porta dos Cinemas São Jorge, na avenida da Liberdade, vários jovens peregrinos de diferentes nacionalidades vão-se juntando para assistir às várias películas de teor católico que constam no cartaz em exibição. Num dos intervalos, o HM conversou com três jovens que integram o grupo de língua portuguesa que representa a Diocese de Macau nas JMJ. Muitos vieram por vontade própria ou da família, mas todos dizem sair com a fé reforçada deste evento que tem juntado largas centenas de milhares de jovens na capital portuguesa só para estar perto do Papa Francisco. Todos mantêm viva a sua fé em Macau, apesar dos desafios diários. “A prática da fé católica em Macau não vai desaparecer. Na paróquia onde estou, tentamos aprofundar [esse assunto] e realizar mais actividades, por isso acho que se vai manter [a prática da religião] entre as pessoas que estão agora a crescer com a fé. Não sei como vai ser em relação às pessoas mais velhas”, contou Carolina Figueiredo, que diz ter começado a ser católica praticante por sua iniciativa, há cerca de dois anos, embora a religião sempre tenha feito parte do seu dia-a-dia. “Estou aqui pela experiência, para aprofundar a minha fé e encontrar novas pessoas, bem como fazer novas memórias. Espero levar comigo novas amizades e um melhor entendimento da fé”, adiantou. Sobre o Papa Francisco, destaca o facto de este ter conseguido “cativar a atenção dos jovens por todos os assuntos que aborda e pela proximidade que tem” com as pessoas. Salvador Rodrigues, de 14 anos, decidiu participar nas JMJ por ser “um evento internacional que move muitos jovens” e “uma maneira divertida e religiosa de passar férias”. “A comunidade internacional é diferente, mas todos praticam a mesma religião, e com [a presença] de diferentes culturas dá para conhecer novas pessoas. Isso é o mais importante destas jornadas”, disse. Salvador acredita ser importante “preservar a fé” em Macau “mesmo que muitos católicos estejam a ir embora”. “Há que manter, pelo menos, as raízes da fé cristã, porque mostra a presença dos portugueses em Macau ao longo da história “, frisou. De um modo geral, o jovem destaca a forma como o Papa Francisco tem comunicado com a comunidade internacional, “o que faz com que todos gostem dele”. “Isso é o mais importante, termos um Papa que dá o exemplo às pessoas na prática da fé cristã”. No caso de Miguel Rezende, de 15 anos, a sua participação fez-se muito à conta de pressão familiar, mas a realidade que encontrou em Portugal confere-lhe um sentimento de gratidão pelo “empurrão”. “Vim por causa dos meus pais, fui quase obrigado a vir. A minha família disse-me que ia ser muito divertido, e como também vinham os meus amigos, acabei por vir. Estou satisfeito com a escolha dos meus pais, e minha também, está a ser incrível. Fomos muito bem tratados. Vai ser uma experiência que vou guardar para sempre.” A família desejava que, com as JMJ, Miguel se pudesse “aproximar mais de Deus e conhecer novas pessoas, criar memórias”. Hoje, o jovem assume que, quando reza, nunca se sente sozinho. “Comecei muito cedo por me ligar à religião, os meus avós levavam-me à missa já em criança e estou feliz com isso. É algo que me preenche e quando rezo sinto que não estou sozinho, como se tivesse uma companhia ao meu lado.” Sobre a permanência do catolicismo em Macau, o jovem nota que há menos católicos, pois “muita gente saiu”. “Mas eu continuo a ir à missa e vejo lá muita gente, sempre”, frisou. Coreia à espreita À porta dos Cinemas São Jorge descansa um grupo de jovens da Coreia do Sul também aguardando pela exibição de um filme. Em conversa com o HM, o padre John Kisok Pak, director e assistente eclesiástico da ACN Internacional (Aid to the Church in Need), uma organização católica sul-coreana, fala da presença desta entidade em Lisboa, com um pequeno grupo de oito pessoas. “É a primeira vez que estamos em Portugal e também neste evento. Fala-se que uma das edições das JMJ será na Coreia do Sul, e espero que finalmente possamos receber o evento. Estamos aqui para ver como corre e para experienciá-lo, porque no nosso país teremos de organizar uma série de actividades.” Para o pároco, receber as JMJ no seu país significa chamar a atenção para a tensão militar que há muito divide Coreia do Sul e Coreia do Norte. “Estamos divididos com o norte e precisamos de paz. Não queremos guerra, nem um conflito nuclear. As JMJ podem ajudar a reflectir sobre essa questão.” Em relação à prática da fé, John Kisok Pak confessa que ser católico num país de maioria budista é desafiante. “A nossa religião está, de facto, em minoria. Tentamos introduzi-la na população mais jovem, disseminar os seus valores.” “Muitos jovens estão errados em relação a Deus e a presença neste evento pode permitir-lhes conviver de perto com o seu amor. Podem ainda ter mais contacto com a Europa e com jovens de países ocidentais”, conta John Kisok Pak quando questionado sobre a importância de estar em Lisboa num evento desta natureza. Segundo o jornal Religion Digital, a edição de 2027 da JMJ deverá realizar-se na Coreia do Sul. O diário digital espanhol revelou que “no dia 6 de Agosto, durante o encerramento da JMJ em Lisboa, o Papa Francisco anunciará o local do próximo encontro de jovens católicos, previsto para 2027. E será a Coreia do Sul, especificamente a sua capital, Seul”. A informação não está confirmada oficialmente, mas também ninguém a desmentiu até ao momento. O arcebispo de Seul, Peter Soon-Taick apresentou a candidatura para a organização da jornada e espera uma confirmação oficial do Vaticano. Para a JMJ de Lisboa deste ano, vieram 60 jovens peregrinos da Coreia do Sul que ficaram alojados em casas de famílias de Vila Nova de Famalicão. O Papa Francisco chegou a Lisboa na quarta-feira, tendo sido recebido pelo Presidente da República e demais governantes. No primeiro dia das JMJ, terça-feira, o evento no Parque Eduardo VII, no coração da capital lisboeta, recebeu 240 mil peregrinos. Chegado de cadeira de rodas, com um estado de saúde fragilizado, o Papa remeteu as primeiras palavras para algumas problemáticas que se vivem na Europa, lamentando as hesitações da “velha Europa”, incapaz de pôr um ponto final “ao descarte dos idosos, os muros de arame farpado, as mortandades no mar e os berços vazios”.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeChe Che | Bar muda de localização ao fim de 15 anos O bar Che Che, situado há 15 anos na Rua Tomás Vieira e um dos espaços de diversão nocturna mais conhecidos do território fora dos casinos, vai ter de sair da actual localização devido à não renovação do contrato de arrendamento. Gabriel Yung, gestor do espaço, anuncia a nova localização em Setembro, sendo que, para já, o negócio se mantém no Café Xina São tempos de mudança. O bar Che Che, de portas abertas há 15 anos na Rua Tomás Vieira, primeiro sob gestão de Pedro Ascensão e depois de Gabriel Yung, vai ter de mudar de localização devido à não renovação do contrato de arrendamento, que chega ao fim em Novembro deste ano. A notícia foi avançada nas redes sociais pelo próprio Gabriel Yung que, ao HM, não quis dizer, para já, a nova localização do bar, que não será muito longe da actual. “Passam sete anos desde que passei a gerir o Che Che, que abriu em 2008. Como a notícia [da não renovação do contrato] chegou tão rapidamente vamos mudar-nos primeiro para o Café Xina, mas não temos ainda [um espaço para] o novo bar”, adiantou, sendo que a nova morada só será divulgada em Setembro. Em finais de Outubro terá lugar uma festa de despedida do actual Che Che. Gabriel Yung confessa que estes anos em que tem estado à frente do negócio têm sido “os mais difíceis da sua vida”, pois “é muito difícil manter um bar em Macau, mas tenho a sorte de vos ter a todos”, ou seja, os clientes mais fiéis e habituais. As dificuldades prometem manter-se nos próximos meses. “Devido à situação económica e à mudança de gerações em Macau, gerir um bar é agora ainda mais difícil do que antes. A sociedade mudou e não podemos viver da mesma forma que antes, e manter um negócio implica ter ferramentas de como sobreviver nestas fases.” Cooperar é preciso A fim de responder aos novos desafios, Gabriel Yung confessa estar a ponderar promover “vários projectos de cooperação com diferentes grupos”, sendo que um deles é “uma loja de queijos, vinhos e bebidas espirituosas”. “Alguns projectos estão ainda em desenvolvimento e serão anunciados mais tarde. Gostaria de agradecer a todos os clientes que nos têm visitado, ficam boas memórias de todos eles”, adiantou. Beber um copo no Che Che era um ritual para muitos dos residentes que, assim, podiam escapar às luzes dos casinos e a um ambiente de diversão nocturna mais associado ao jogo. O Che Che, além de servir bebidas num cenário intimista, com música ambiente, chegou a acolher pequenos concertos. Fundado por Pedro Ascensão, já falecido, e antigo director do jardim de infância D. José da Costa Nunes, o bar passou para as mãos de Gabriel Yung que por lá passava a maior parte das noites numa luta contra o encerramento do negócio. Em 2018, em declarações ao HM, disse ser importante manter espaços desta natureza em Macau. “Não há em Macau muitos sítios deste tipo, onde uma pessoa se possa sentar, conversar e beber um copo num ambiente que estimule a criatividade. Macau precisa deste tipo de sítios”, rematou.
João Santos Filipe Manchete SociedadeMelco | Prejuízos de 104,7 milhões até Junho Apesar dos resultados continuarem negativos, a concessionária apresentou melhorias em comparação com o primeiro trimestre do ano. Ao mesmo tempo, Lawrence afirmou que Julho foi o melhor mês de sempre, desde a reabertura A operadora de jogo em Macau Melco Resorts and Entertainment anunciou ontem um prejuízo de 104,7 milhões de dólares no primeiro semestre do ano. Os resultados foram anunciados ontem pela concessionária controlada por Lawrence Ho. Depois de a empresa, com quatro casinos em Macau, ter registado um prejuízo de 81,3 milhões de dólares nos primeiros três meses do ano, contabilizou no segundo trimestre um novo resultado negativo que se fixou nos 23,4 milhões de dólares. Contudo, no global, entre Janeiro e Julho, as receitas da indústria do jogo em Macau cresceram 263 por cento, em comparação com igual período de 2022, segundo a Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ), atingindo os 96,8 mil milhões de patacas, contra os 174 mil milhões de patacas arrecadados em igual período de 2019. Apesar dos resultados negativos, na apresentação dos números aos analistas, o presidente do grupo destacou uma melhoria. “Acho que em termos das receitas do segmento de massas e no crescimento directo do segmento premium, estamos a 100 por cento dos valores do segundo trimestre de 2019”, afirmou Lawrence Ho. O magnata indicou ainda que as receitas com o segmento de massas “continuaram a crescer em Julho, ultrapassando os níveis de 2019” e que as reservas dos hotéis, no mês passado atingiram a taxa mais elevada, desde a reabertura pós-covid-19. “Até agora, no início do terceiro trimestre, em Julho, como aconteceu com todo o mercado de Macau, tivemos o melhor mês de sempre, desde a reabertura”, atirou. Dores pandémicas Macau, que à semelhança do Interior seguiu a política ‘covid zero’, anunciou em Dezembro o cancelamento da maioria das medidas de prevenção e contenção, após quase três anos num estado de isolamento face ao resto do mundo e com rigorosas barreiras de circulação com o Interior. Capital mundial do jogo, Macau é o único local na China onde o jogo em casino é legal. Operam no território seis concessionárias, MGM, Galaxy, Venetian, Melco, Wynn e SJM, que renovaram, em 16 de Dezembro, o contrato de concessão para os próximos dez anos. Os novos contratos entraram em vigor a 1 de Janeiro deste ano. As autoridades exigiram no concurso público de atribuição das novas concessões a aposta em elementos não jogo e visitantes estrangeiros, na expectativa de diversificar a economia do território. Com Lusa
João Santos Filipe Manchete SociedadeCrime | Mata conterrâneo em Zhuhai e é detido em Macau Uma noite bem regada em Gongbei acabou da pior maneira, quando dois homens decidiram resolver uma discussão no meio da rua. Sem que nada o fizesse prever, um dos homens utilizou uma tesoura e matou o outro, com apenas dois golpes Um residente com 44 anos foi preso à entrada no território, depois de ter morto outro homem de Macau, em Zhuhai. O caso foi apresentado ontem pela Polícia Judiciária (PJ), e apesar de o crime ter sido cometido no outro lado da fronteira, o suspeito está indiciado, em Macau, pela prática dos crimes de homicídio qualificado e arma proibida. O homicídio aconteceu na madrugada de segunda-feira. Os dois indivíduos não se conheciam, mas eram originários da mesma vila no Interior, antes de terem vindo para Macau. O encontro deu-se numa festa de conterrâneos, organizada num apartamento de Gongbei, por um terceiro homem, também originário da mesma vila, cujo nome não foi revelado. Por volta das 02h00 de segunda-feira, durante a festa, o suspeito, que estava acompanhado pela esposa, envolveu-se numa discussão com a vítima, de 54 anos. Segundo a PJ, a discussão terá sido motivada pelo excesso de bebida, de ambos os lados, e não envolveu “nenhum assunto sério”. No calor do momento, o detido convidou o outro homem para resolverem o diferendo na rua, só os dois, o que a vítima aceitou. No entanto, após desceram as escadas, o suspeito agarrou numa tesoura que estava numa banca de venda de fruta e desferiu dois golpes no oponente, na anca e abdómen, que se revelaram fatais. Após perceber o estado do agredido, o atacante colocou-se em fuga, largou a tesoura, e dirigiu-se para Macau, onde entrou por volta das 4h35. Preso no regresso Após chegar ao território, o homem ainda conseguiu deslocar-se para Hong Kong, tendo passado a fronteira por volta das 07h. Porém, às 8h40, e numa altura em que a PJ estava informada pela congénere do Interior sobre o sucedido, o suspeito regressou a Macau, pelo Porto Exterior, acabando detido. Durante o interrogatório, o suspeito confessou a prática do crime, e explicou ter utilizado uma tesoura que estava numa banca de fruta para ferir duas vezes a vítima. Também a arma do crime foi apreendida no local pela polícia do Interior. A tesoura tem um comprimento de 21 centímetros, dos quais 8,5 centímetros dizem respeito à lâmina. De acordo com o relatório preliminar da autópsia, feita no Interior, o corpo do morto apresenta vários ferimentos, um dos quais um corte profundo na anca. Na conferência de ontem, a PJ explicou ainda que apesar do crime ter sido praticado fora do território, como o agressor e a vítima são residentes, e o suspeito se encontra em Macau, aplica-se a lei local. O crime de homicídio qualificado implica uma pena que pode chegar aos 25 anos de prisão. A moldura penal para o crime de armas proibidas, no caso de se tratar de uma arma branca, tem como limite máximo dois anos de pena de prisão.
João Santos Filipe Manchete PolíticaFunção Pública | Leong Hong Sai defende aumentos após três anos O deputado dos Moradores veio a público defender aumentos para os funcionários públicos e também para o salário mínimo universal, para ajudar a população a fazer frente à inflação Leong Hong Sai, deputado ligado à Associação dos Moradores de Macau, defendeu o aumento dos salários dos funcionários públicos e do salário mínimo, medidas que considera fundamentais para fazer frente à inflação. A opinião foi partilhada através de um artigo no Jornal do Cidadão. Segundo o legislador, o Governo tem de avaliar bem e perceber se com base na receita fiscal deste ano vai ter condições para aumentar os funcionários públicos. Porém, o deputado acredita no aumento dos funcionários públicos e aponta que seria um forte exemplo do Governo para o sector privado, sobre a necessidade de ajudar “os mais desfavorecidos” a lidarem com a crescente inflação no território. O legislador justificou também que, ao assumir um “papel de liderança” nesta matéria, o Executivo pode transmitir melhor a mensagem sobre a necessidade de o sector privado também garantir o bem-estar da população, depois das dificuldades sentidas nos últimos anos devido à pandemia. O deputado indicou que desde 2011, Hong Kong aumentou seis vezes o salário mínimo e que os salários considerados altos, médios e baixos registaram aumentos de 2,87 por cento, 4,65 por cento e 4,5 por cento, respectivamente. Ao mesmo tempo, destacou que em Macau os salários dos funcionários ficaram congelado durante três vezes. O sol é para todos Além de garantir o aumento dos funcionários públicos, Leong Hong Sai indicou a necessidade de fazer crescer o salário mínimo, que actualmente está em 32 patacas por hora e deixa de fora as empregadas domésticas, sector profissional pelo qual o deputado não demonstrou preocupações. Ainda assim, os restantes trabalhadores que auferem o salário mínimo deveriam ser contemplados com um aumento para atenuar o impacto da inflação. As declarações do deputado dos Moradores surgem depois de o Governo ter indicado no âmbito da concertação social a vontade de aumentar o salário mínimo para um valor que pode chegar às 36 patacas por hora, e que no mínimo será de 34 patacas por hora. “Com o aumento, os trabalhadores que vivem com o salário mínimo podem fazer face às maiores despesas e garantir um padrão mínimo de subsistência e de vida”, afirmou Leong. Por outro lado, o deputado considerou que se deve estudar a inclusão de mais gente nos apoios à população desfavorecida, o aumento não só do valor dos subsídios, mas também aligeirar dos critérios de acesso.
Andreia Sofia Silva Grande Plano MancheteTurismo | Primeira metade do ano “satisfatória”, mas ainda há desafios Seis meses depois da total reabertura de fronteiras, o panorama turístico parece risonho, com 11,64 milhões de turistas registados no primeiro semestre e 2,2 milhões apenas em Junho. Luís Herédia, da Associação de Hotéis de Macau, espera um segundo semestre ainda melhor, apesar da falta de mão-de-obra que ainda afecta o sector. O académico Glenn Mccartney alerta para a concorrência do outro lado da fronteira De oito a oitenta. A conhecida expressão portuguesa parece assentar que nem uma luva no actual panorama turístico de Macau. Depois de muitos meses praticamente sem turistas e com as ruas vazias, o território parece ter voltado à azáfama habitual de turistas oriundos, sobretudo, da China, com autocarros cheios e receitas do jogo bastante animadoras. Conhecidos os números seis meses depois da total abertura do território em contexto de covid, as perspectivas para o sector do turismo parecem animadoras: Nos primeiros seis meses do ano, Macau recebeu 11,64 milhões de turistas, sendo que, em Junho, a fasquia foi de 2,2 milhões. Por sua vez, a taxa de ocupação hoteleira da primeira metade do ano foi de 78 por cento. Ao HM, Luís Herédia, presidente da Associação de Hotéis de Macau, entende que estes dados “são satisfatórios para um semestre imediato após a abertura às restrições”, tratando-se de “um novo período que estamos a entender”. “Trabalhamos para atrair turistas, temos um produto que é procurado, mas é preciso responder às expectativas e, se possível, superá-las”, disse, adiantando que não basta ter as infra-estruturas suficientes, mas também recursos humanos e outro tipo de meios “capazes de fornecer serviços de alta qualidade”. Nos meses imediatos à abertura do território, muitos hotéis não puderam operar a cem por cento devido à falta de empregados. Situação que melhorou, embora a situação esteja ainda “numa fase muito instável”. “Não só precisamos de recrutar mais trabalhadores ao exterior, como tem havido muita mobilidade nesta fase pós restrições. Tal obriga a uma gestão de recursos humanos muito exigente e a um esforço maior na formação e preparação de equipas”, disse ao HM Luís Herédia. Ainda assim, o responsável prevê que o segundo semestre “deverá ser melhor e satisfaz-nos em termos de negócio”, embora se esperem meses “desafiantes e preocupantes na gestão”. “Temos de ser competitivos como os melhores destinos turísticos, precisamos de maior estabilidade nos recursos humanos. Há ainda falta de trabalhadores, precisamos de equipas estáveis que garantam uma oferta de serviços de alta qualidade”, adiantou. Concorrência do lado de lá Glenn Mccartney, especialista em turismo e académico da Universidade de Macau, defende que há vários factores a ter em conta na hora de analisar os números registados nos primeiros seis meses do ano. “É importante notar que a duração média da estadia [por visitante] se mantém em 1,3 dias, com uma divisão de cerca de 50/50 entre os visitantes que pernoitam e os que visitam Macau no mesmo dia”, sendo que em 2019, período pré-covid, “47 por cento dos visitantes pernoitaram e 53 por cento viajaram durante o dia”. O académico recorda que “aumentar a duração da estadia dos visitantes de Macau tem sido um desafio histórico que remonta ao início da década de 2000”. Na fase actual, conseguir esse feito depende “do marketing e da promoção do destino”. Contudo, Glenn Mccartney recorda que, do outro lado da fronteira, nomeadamente Zhuhai, há alojamento a preços mais acessíveis, além de que na cidade, e também em Hengqin, “a oferta hoteleira tem aumentado, disponibilizando mais opções aos visitantes de Macau, tendo em conta que 65 por cento das visitas [ao território], no primeiro semestre, são provenientes do Interior da China”. Desta forma, “o desafio de Macau é ainda maior no que respeita ao incentivo a estadias mais longas na cidade”. Uma das possibilidades avançadas pelo académico passa por encontrar “uma forma de colaboração entre a Cotai Strip e Hengqin, bem como com agências de viagens, que poderá resultar em estadias mais longas e taxas de ocupação mais elevadas”. Fronteiras mais acessíveis Na análise ao desempenho do turismo do primeiro semestre, o académico da UM opta ainda por comparar os preços do alojamento e transportes, pois existe uma crescente acessibilidade dos postos fronteiriços. Assim, “a questão de o visitante calcular o tempo gasto para ir e voltar de Macau para Zhuhai, ou Hong Kong, pode não ser uma questão-chave”, além de que existe a ponte HKZM e os ferries diários, o que significa que “os visitantes de Hong Kong, que representaram 30 por cento das visitas no primeiro trimestre, também podem ir a Macau durante o dia”. O lugar do MICE Apesar da oferta de alojamento de baixo custo nos últimos meses ter aumentado, Glenn Mccartney defende que Macau “precisa de mais alojamento do tipo económico”. Tal “não significa que o visitante gaste menos, mas sim que o turista tem mais para gastar e mais tempo para o fazer, no jogo e fora dele, seja em lojas, restaurantes, eventos e espectáculos, ou a oportunidade de passear pela cidade, gastando mais nos estabelecimentos comunitários locais”. Ainda sobre a ocupação hoteleira, Glenn Mccartney entende que “as cidades [que acolhem] convenções e exposições podem ter estadias mais longas, uma vez que os viajantes em negócios podem ficar três ou quatro dias para uma conferência durante a semana, enquanto as viagens de lazer se concentram mais ao fim-de-semana”. Desta forma, o sector MICE [Exposições, conferências e convenções” também tira partido da existência de mais alojamento económico, defendeu. Este sector pode ajudar “a superar o desafio turístico da sazonalidade, em que há uma ocupação mais baixa de segunda a quarta-feira e uma ocupação mais elevada ao fim-de-semana”. Assim, “Macau tem procurado aumentar o segmento dos visitantes [do sector] MICE, [tendo em conta o contexto] em que as taxas de ocupação hoteleira têm tendência a ser mais elevadas aos fins-de-semana e feriados, devido ao facto de os viajantes em lazer constituírem o principal segmento [no sector do turismo]”. De destacar que, em Julho, Helena de Senna Fernandes, directora dos Serviços de Turismo (DST), disse esperar que o número de turistas chegue aos 24 milhões em termos anuais. “Estamos a trabalhar para isso. E as férias do Verão, particularmente Agosto, é tradicionalmente a época alta do turismo de Macau, seguida por Dezembro. Portanto, na segunda metade do ano teremos muitos eventos, esperamos muito que possamos atingir esse número, e assim todos os sectores podem beneficiar”, indicou. A responsável frisou ainda que “o número de visitantes do Interior da China a Macau recuperou 60 por cento do nível pré-epidémico e o de visitantes de Hong Kong voltou a 90 por cento, enquanto o mercado do exterior restaurou apenas por 20 por cento”, adiantou. Helena de Senna Fernandes também classificou como “satisfatório” o desempenho do turismo nestes seis meses, que pode ter beneficiado de várias acções promocionais da DST no exterior, em países e regiões asiáticos, como Tailândia, Malásia, Indonésia, Singapura e Coreia do Sul. As autoridades têm também apostado no convite a operadores turísticos e influencers para chamar a atenção daquilo que melhor Macau tem para oferecer.
João Luz Manchete SociedadeJustiça | Condenado por denunciar partilha de vídeo “íntimo” de crianças Um ex-professor da Escola Xin Hua foi condenado a um ano de prisão, com pena suspensa, e a pagar 80 mil patacas de multa depois de ter sido considerado culpado pelo crime de publicidade e calúnia. No final de Março do ano passado, o homem revelou que mais de 20 professores da Escola Xin Hua teriam difundido vídeos de alunos sem roupa Na segunda-feira, um ex-professor da Escola Secundária Xin Hua, de apelido Kuok, foi condenado no Tribunal Judicial de Base a pena de um ano de prisão, suspensa por dois anos, e ao pagamento de uma indemnização no valor de 80 mil patacas ao estabelecimento de ensino. As penas foram aplicadas depois de o juiz ter considerado Kuok culpado do crime de publicidade e calúnia, na sequência da denúncia que fez no final de Março do ano passado. Tudo começou quando Kuok divulgou no Facebook que mais de 20 professores da Escola Xin Hua teriam partilhado e difundido entre si, imagens de comportamentos desviantes de alunos do ensino primário do estabelecimento, onde são facilmente identificáveis e aparecem sem roupa. A publicação tornou-se viral e ganhou dimensões que levaram à investigação por suspeitas da prática do crime de pornografia infantil, depois de o ex-docente ter enviado uma carta ao Ministério Público, e levou também a reacções do Governo. Segundo o jornal All About Macau, um dos argumentos usados para a condenação foi o juiz duvidar das razões que levaram Kuok a denunciar o caso um ano depois de os factos se terem revelado. Além disso, o tribunal decidiu que o docente agiu com intenção de prejudicar intencionalmente a reputação da escola. Factos e conceitos Um dos pontos basilares que levaram à condenação de Kuok foi o facto de o juiz não ter considerado que a denúncia correspondia ao que realmente se passou. Um dos exemplos dados pelo magistrado foi a afirmação do ex-docente de que o vídeo partilhado mostraria seis crianças a mostrar as partes íntimas. Tese que difere da realidade considerada pelo tribunal, que corrige a versão de Kuok firmando que o vídeo mostrava dez alunos da escola a brincar ao “pedra, papel e tesoura”, com as regras do jogo a determinarem que os derrotados teriam de mostrar os genitais, situação que apenas se verificou uma vez, com um aluno. Este desfasamento foi usado pelo tribunal para concluir que a descrição de Kuok não foi factual. Além disso, durante o julgamento houve uma troca de argumentos sobre a definição de pornografia, com o juiz a afirmar que o vídeo não era pornográfico por não haver toque ou apalpação de órgãos genitais, ou beijos e intimidade. O magistrado afirmou ainda que é necessário ter em conta o cenário em que o vídeo é filmado e se existem movimentos corporais que transmitam pensamentos sexuais. Como tal, mais uma vez, as alegações de que o vídeo teria cariz sexual foram negadas. Também a partilha do vídeo num grupo de conversação entre docentes não foi encarada negativamente pelo tribunal, que considerou o acto natural num contexto de trabalho e para decidir que rumo disciplinar a escola deveria seguir para punir os alunos. O All About Macau indicou que o ex-docente irá recorrer da sentença.
João Luz Manchete SociedadeJogo | Julho volta a bater recorde de receitas As receitas do jogo em Macau atingiram 16,66 mil milhões de patacas em Julho, o valor mais alto desde Janeiro de 2020. Desde o início do ano até ao final de Julho, as receitas brutas apuradas pelos casinos do território quase quadruplicaram o registo do ano passado Julho voltou a ser o melhor mês para os cofres dos casinos do território, que amealharam cerca de 16,66 mil milhões de patacas em receitas brutas, desde o início da pandemia, de acordo com dados oficiais divulgados ontem pela Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ). A performance da indústria conseguiu ultrapassar o registo de Maio, que detinha o recorde de maior volume de receitas desde o início da pandemia, quando os casinos amealharam 15,56 mil milhões de patacas. Em termos anuais, o mês passado trouxe receitas mais de 40 vezes superiores (+4082.9 por cento) às verificadas em Julho de 2022 quando a indústria do jogo teve receitas de abaixo dos 400 milhões de patacas. Importa contextualizar que o mês de Julho do ano passado foi marcado pela total paralisia da cidade, depois do surto de covid-19 descoberto a 18 de Julho, com as fronteiras e ligações à China e ao mundo encerradas. Como consequência, registou-se o pior mês para a indústria, que contabilizou as mais baixas receitas desde, pelo menos, 2003. Face a este cenário comparativo, e apesar da recuperação, a performance dos casinos do território durante o mês passado foi cerca de 31 por cento inferior aos montantes contabilizados antes da pandemia de covid-19. Panorama geral Tendo em conta o período entre Janeiro e o final de Julho, as receitas da indústria do jogo cresceram 263 por cento, em comparação com igual período de 2022, alcançando quase 96,8 mil milhões de patacas, segundo os dados avançados ontem pela DICJ. Porém, em comparação com os tempos antes da pandemia, as receitas foram quase metade quando comparadas com os 174 mil milhões de patacas arrecadados em igual período de 2019. Feitas as contas às receitas apuradas até ao momento, o sector do jogo já cumpriu quase 74,5 por cento da meta estimada pelo Governo para 2023. A indústria do jogo, a principal fonte de receita via impostos do Governo, representava mais de metade do produto interno bruto (PIB) de Macau em 2019 e dava trabalho a quase 68 mil pessoas no final de 2022, ou seja, a quase 20 por cento da população empregada. Com Lusa
João Santos Filipe Manchete PolíticaHospital das Ilhas | Lei aprovada por unanimidade Elsie Ao Ieong U confirmou que o acesso ao novo hospital com preços do sector público só vai ser possível se os pacientes forem encaminhados por centros de saúde ou pelo hospital Conde de São Januário. Nos outros casos, o complexo hospitalar vai funcionar como uma instituição privada A Assembleia Legislativa aprovou ontem na especialidade e por unanimidade a lei do futuro Complexo de Cuidados de Saúde das Ilhas. A questão dos preços foi um dos assuntos mais discutidos pelos deputados, com pedidos de esclarecimentos e de razoabilidade, para não afastar os residentes da futura unidade hospitalar. Segundo as explicações da secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Elsie Ao Ieong U, o novo Hospital das Ihas vai ser essencialmente privado, com os preços definidos pelo Peking Union Medical College Hospital, entidade responsável pela exploração, de acordo com “princípios de mercado”. Apenas nos casos em que os residentes sejam encaminhados por clínicas dos Serviços de Saúde ou pelo Hospital Conde São Januário, os preços vão ser iguais aos praticados no serviço público. “Se os pacientes recorrerem aos futuro Centro Médico [Hospital das Ilhas] sem terem sido enviados pelos Centros de Saúde dos Serviços de Saúde nem pelas Urgências do Centro Hospitalar Conde São Januário, então vão ter de pagar os preços praticados pelos serviços médicos privados”, explicou Elsie Ao Ieong U. “Temos de perceber que o recurso ao Centro Médico, a pedido do paciente e sem encaminhamento dos Serviços de Saúde, prejudica o Centro Hospitalar Conde São Januário e a triagem feita dos pacientes, pelo sistema actual”, acrescentou. Em relação aos preços praticados quando se considera que foi prestado um serviço público, a secretária apontou que vai ser tido em conta o actual regime, em que existem pessoas com serviços gratuitos ou que pagam 70 por cento do valor real. No caso dos não residentes, o montante cobrado pode chegar a 200 por cento. Além disso, haverá uma comparação com os preços praticados em Hong Kong. Kou Hoi In, porta-voz As explicações da secretária sugiram após vários deputados como Ella Lei, Ron Lam, José Pereira Coutinho, Ip Sio Kai, entre outros, terem levantado questões. Muitas delas visaram matérias financeiras, como orçamentos, previsão de lucros, amortização do investimento inicial, entre outras. Contudo, antes de responder às questões, Elsie Ao Ieong U contou com um aliado de peso, o presidente da Assembleia Legislativa, Kou Hoi In, que se intrometeu na discussão, ao explicar não ser possível responder a algumas questões. “Os deputados estão com pressa e querem saber muitas coisas sobre o Centro Médico. Tudo depende da aquisição de instalações e equipamentos e da forma como vai funcionar”, respondeu o presidente da Assembleia Legislativa. “Claro que querem saber como vai ser elaborado o orçamento, mas nesta situação ainda há dificuldade em dar as informações. O hospital ainda nem foi criado, porque a proposta não foi aprovada”, acrescentou. Após dar a primeira resposta aos deputados, Kou Hoi In passou a palavra à secretária: “Os dirigentes do Centro Médico ainda têm de se reunir para definir os trabalhos da próxima fase [após a aprovação da lei]. Temos de esperar que os próximos passos sejam definidos”, respondeu a secretária. “Há todo um processo a cumprir e espero a vossa compreensão”, respondeu face aos legisladores.
João Santos Filipe Manchete PolíticaSegurança | Ho Iat Seng defende necessidade de exército forte No 96.º aniversário do Exército de Libertação do Povo Chinês, o Chefe do Executivo afirmou que a guarnição de Macau é essencial para “o desenvolvimento e estabilidade” do território Apenas com um exército forte é possível garantir a segurança do país. Foi esta uma das principais mensagens deixada por Ho Iat Seng, durante as cerimónias de celebração do 96.º aniversário do Exército de Libertação do Povo Chinês, realizadas ontem. “Um país forte deve ter um exército forte, pois só assim poderá garantir a segurança da nação. Desde o 18.º Congresso Nacional do Partido Comunista da China, a construção das forças armadas alcançou grandes êxitos”, afirmou o Chefe do Executivo. Ho Iat Seng elogiou o trabalho realizado por Xi Jinping, por ter aumentado a “lealdade política” das forças armadas: “Sob a orientação do pensamento de Xi Jinping sobre o reforço dos militares, tem-se implementado a estratégia militar para a nova era, mantido a liderança absoluta do Partido sobre as forças armadas do Povo e prosseguido firmemente um caminho chinês para o desenvolvimento militar”, vincou. “Têm sido tomadas medidas abrangentes para aumentar a lealdade política das forças armadas, para as reforçar através de reformas, tecnologia e da formação de pessoal competente”, acrescentou. Na mensagem, o Chefe do Executivo destacou também várias vezes que o exército serve o Partido Comunista e que dessa forma serve a população. “O Exército de Libertação do Povo Chinês é um Exército do Povo que, liderado pelo Partido Comunista da China, pautado pela tradição honrosa e pelas vitórias gloriosas, realizou conquistas indeléveis em nome do Partido e do Povo”, explicou. Ho afirmou ainda acreditar que o exército está a atravessar um processo de modernização e que, brevemente, irá atingir “padrões de classe mundial”. Impacto local Por outro lado, o Chefe do Executivo destacou o papel da guarnição de Macau do Exército de Libertação do Povo Chinês, no que diz ser a estabilidade e desenvolvimento do território. “A Guarnição em Macau é uma heroica guarnição do Exército de Libertação do Povo Chinês, também construtora e guardiã da causa ‘Um País, Dois Sistemas’, assumindo-se como pilar da prosperidade e estabilidade de Macau”, apontou. Ao mesmo tempo, Ho Iat Seng considerou que a guarnição tem pautado a actuação pelo “firme apoio ao Governo da RAEM na sua governação” e “na participação em actividades de interesse público”. Neste sentido, o Chefe do Executivo indicou que a atitude da guarnição “lhe moldou a imagem de um exército civilizado e poderoso, granjeando-lhe o sincero reconhecimento dos residentes de Macau”.
Andreia Sofia Silva Grande Plano MancheteJornada Mundial da Juventude | Diocese de Macau participa com dois grupos Começaram ontem em Lisboa as Jornadas Mundiais da Juventude, evento anual que reúne jovens católicos e o Papa Francisco, que chega hoje ao país. A Diocese de Macau faz-se representar com dois grupos de jovens, de língua portuguesa e chinesa, num total de 69 pessoas “Participar nas Jornadas Mundiais da Juventude (JMJ) é algo marcante na vida de um jovem católico”. A frase é do padre Daniel Ribeiro, radicado em Macau, responsável pelo grupo de 30 pessoas pertencentes ao grupo da comunidade católica em língua portuguesa que representa a Diocese de Macau nas JMJ que arrancaram ontem em Lisboa e que chegam ao fim no domingo, dia 6. A diocese faz-se também representar por um grupo de língua chinesa liderado por Tammy Chio. O momento alto do dia de hoje é a chegada do Papa Francisco ao país, prevendo-se uma agenda cheia de actividades em toda a cidade de Lisboa e na zona do Parque Tejo, entre os concelhos de Lisboa e Loures, onde foi construído, nos últimos meses, um altar onde o Papa irá falar aos jovens católicos. Segundo a agenda do evento, o Papa permanecerá em solo luso até domingo. Chegados a Portugal na passada terça-feira, o grupo coordenado por Daniel Ribeiro é composto por dois padres, um seminarista, um adulto e vários jovens de Macau, Portugal, dois da Guiné-Bissau e duas jovens da Venezuela e Argentina. Na sua maioria, “são catequistas ou pessoas que ajudam no coro das igrejas da Sé ou da Taipa”. Todos eles “residem em Macau e participam nas actividades da Igreja, à excepção da jovem da Argentina”, contou ao HM. A primeira paragem do grupo foi na Diocese de Leiria-Fátima, com a realização de uma caminhada de peregrinação de cinco quilómetros até ao Santuário de Fátima. Aí, o grupo de Macau ficou em casas de famílias locais, em jeito de “preparação para o encontro com o Papa”. Para o padre Daniel Ribeiro, as JMJ são importantes pela possibilidade de “ver jovens do mundo todo em oração com o desejo de aprofundar a vivência da fé, algo valioso”. Além disso, “Portugal é um país que trouxe a fé cristã e católica para Macau, pelo que [a presença da Diocese de Macau nas JMJ] é mais significativa. Os jovens estão muito animados. A JMJ é um momento em que todos percebem a importância da unidade na diversidade.” O pároco já participou noutras edições das JMJ, nomeadamente em Madrid e no Rio de Janeiro. “Vivi momentos que marcaram para sempre a minha vida, que ganhou um significado mais profundo. A presença de Jesus vivo e próximo de cada um de nós é muito forte na JMJ”, contou. Questionado sobre a importância da presença da Diocese de Macau no contexto das relações entre a China e o Vaticano, Daniel Ribeiro apenas referiu que “quando existe um diálogo verdadeiro e respeitoso, tudo fica mais fácil”. “Como padre e para os jovens de Macau, a nossa missão é rezar para que a paz possa reinar nas relações internacionais e no coração de cada pessoa”, frisou. Encontro na fundação O grupo de língua portuguesa reuniu, na última semana, com membros da direcção da Fundação Jorge Álvares. Citada por um comunicado, a presidente da entidade, Celeste Hagatong, adiantou que foi disponibilizado um “apoio financeiro para os casacos personalizados com a inscrição ‘JMJ Lisboa 2023 – Diocese de Macau’, usados pelos jovens durante o evento”. Desta forma, a fundação “colabora na participação da juventude de Macau neste encontro entre jovens católicos de todo o mundo com a Sua Santidade o Papa Francisco, para celebrarem a fé, participarem em actividades religiosas e culturais e compartilharem experiências e valores comuns, que jamais esquecerão na sua vida”. “Acesso ao mundo” O HM conversou ainda com Tammy Chio, responsável pelo grupo que se exprime em cantonês e que inclui 39 pessoas que começou a sua jornada no Porto. A vice-directora da Comissão Diocesana da Juventude confessou que “depois de três anos de pandemia é a primeira vez que organizamos um grupo de grandes dimensões para participar num programa mundial ligado à nossa igreja”. “Este é um tempo para os jovens terem acesso ao mundo e conectar-se com pessoas que partilham a mesma fé. É um grande evento para os jovens e todos esperam encontrar-se com o Papa e desfrutar [da presença em Portugal]”, adiantou. Em declarações ao Clarim, em Outubro de 2022, antes do arranque do evento e quando Macau vivia ainda sob as restrições impostas para combater a pandemia, com dificuldades em viajar, não era ainda certa a presença da Diocese de Macau em Lisboa. Ainda assim, Tammy Chio falou da importância dos jovens de Macau se prepararem para este evento de cariz mundial. “Se os jovens quiserem estar presentes, têm de se preparar. Têm de estudar, ter algo para partilhar com os jovens de todo o mundo com que se vão cruzar em Lisboa.” Estar nas JMJ constitui “uma boa oportunidade para que os jovens e a nossa Igreja ‘local’ continuem a estudar e a aprender mais sobre a nossa fé”, acrescentou. Uma questão polémica Em Portugal, as JMJ têm estado envoltas em polémica por dois motivos: a descoberta de casos de abuso sexual de menores na Igreja portuguesa e os elevados montantes públicos que estão a ser investidos pelas câmaras municipais de Lisboa e Loures na construção de infra-estruturas e preparação de todo o evento, que promete parar a cidade. Confrontado com o facto de as JMJ se realizarem no mesmo ano em que foram descobertos os casos de abuso sexual cometidos por padres, Daniel Ribeiro destaca que “os escândalos devem ser investigados com seriedade e a justiça deve ser feita”. “Portugal é um país de maioria católica, que tem uma fé viva e muito bonita. A JMJ será um grande presente para todos aqueles que participarem e de certa forma estiverem envolvidos. Os jovens, mais do que nunca, precisam de ambientes saudáveis e de valores para crescerem. A JMJ será uma bênção para os portugueses. Como brasileiro, posso dizer que até hoje colhemos os bons frutos do encontro de 2013”, adiantou. Milhares de peregrinos Dados avançados na passada segunda-feira pela organização das JMJ mostram que 78 mil peregrinos já se encontravam em Lisboa, divididos em 3.110 grupos. Desse total, 351 grupos, representando 10.700 peregrinos, fizeram a entrada nas paróquias das chamadas dioceses de acolhimento – Lisboa, Santarém e Setúbal. Segundo os últimos números divulgados pela organização da JMJ Lisboa 2023, estão inscritos mais de 313 mil peregrinos de todos os continentes. A abertura oficial fez-se ontem com uma missa celebrada pelo cardeal-patriarca de Lisboa, Manuel Clemente, no Parque Eduardo VII. As JMJ nasceram por iniciativa do Papa João Paulo II, após o sucesso do encontro promovido em 1985, em Roma, no Ano Internacional da Juventude. O primeiro encontro aconteceu em 1986, em Roma, tendo já passado, nos moldes actuais, por Buenos Aires (1987), Santiago de Compostela (1989), Czestochowa (1991), Denver (1993), Manila (1995), Paris (1997), Roma (2000), Toronto (2002), Colónia (2005), Sidney (2008), Madrid (2011), Rio de Janeiro (2013), Cracóvia (2016) e Panamá (2019). A edição deste ano esteve inicialmente prevista para 2022, mas foi adiada devido à pandemia de covid-19. O Papa Francisco foi a primeira pessoa a inscrever-se na JMJ Lisboa 2023, no dia 23 de Outubro de 2022, no Vaticano, após a celebração do Angelus. O dinheiro gasto nas JMJ e os casos de abuso sexual têm levado a alguns protestos em Lisboa contra a realização do evento. Um dos exemplos foi o artista Bordallo II que invadiu o recinto, no Parque Tejo, e estendeu nas escadas do altar um tapete com notas de 500 euros estampadas, chamada de “passadeira da vergonha”. Carlos Moedas, presidente da Câmara Municipal de Lisboa, publicou nas redes sociais um vídeo em jeito de resposta, onde surge a estender um pequeno tapete que dá as boas-vindas aos participantes. Já o Bispo auxiliar de Lisboa, Américo Aguiar, disse desdramatizar os protestos e viver bem com a liberdade de expressão. O responsável pediu “um voto de confiança de que [as JMJ] são uma coisa boa, positiva, importante para os jovens do mundo inteiro, para os jovens portugueses, e que as contas se fazem no fim”. “Nós vivemos num Estado de Direito, vivemos num regime democrático que vai fazer 50 anos. Vivo bem, vivemos bem com aquilo que é a liberdade de expressão dos cidadãos. O que eu peço é que aconteçam [eventuais protestos] sempre no maior respeito uns pelos outros, quer quando seja a meu favor, quer quando seja contra”, disse Américo Aguiar à agência Lusa. Com Lusa
João Santos Filipe Manchete PolíticaDeputados pedem atenção à saúde mental na sequência da morte de Jane Lao Após o impacto do suicídio da youtuber Jane Lao, e as acusações de assédio por parte da empresa Manner, vários deputados defenderam a necessidade de melhorar os cuidados de saúde para pessoas com dificuldades psicológicas. A situação da saúde mental foi abordada ontem no plenário da Assembleia Legislativa pelos deputados Ma Chi Seng, Wong Kit Cheng e Lo Choi In. Na perspectiva de Ma Chi Seng, deputado nomeado por Ho Iat Seng, a solução para os problemas mentais passa por um estudo das causas do suicídio e uma maior cooperação com as associações. “O Governo deve reforçar os estudos sobre os principais problemas sociais e definir políticas e medidas para aliviar a pressão emocional das pessoas”, indicou. “O Governo e as associações devem, com espírito de solidariedade, prestar apoio psicológico e emocional às pessoas que dele necessitam, contribuindo assim para aliviar a sua pressão”, vincou. Mudança de políticas Por sua vez, Wong Kit Cheng alertou para o papel das redes sociais e para a necessidade de prestar apoio às vítimas. “As mudanças do ambiente da internet também merecem a nossa atenção, por exemplo, algumas informações negativas e comentários irracionais retransmitidos nas redes sociais podem facilmente suscitar sentimentos negativos, como pessimismo, solidão e depressão entre as pessoas em risco”, afirmou a deputada da Associação Geral das Mulheres. “Uma vez que os jovens utilizam a internet como plataforma principal de recepção de informações, as reacções em cadeia daí resultantes também são imprevisíveis”, acrescentou. Neste sentido, Wong apelou à promoção de “uma cultura saudável na internet, para evitar ofensas às pessoas com a saúde mental em risco”. Por sua vez, Lo Choi In disse ser necessário “alargar a rede de segurança social, criar mais oportunidades de emprego para os jovens locais e reduzir a ocorrência de tragédias”. “Entristece-me profundamente a ocorrência de uma série de casos deploráveis de jovens que se suicidaram uns atrás dos outros”, reconheceu. “Gostaria de exortar uma vez mais o Governo e os serviços competentes a darem prioridade, no âmbito da utilização dos seus orçamentos, ao apoio da prestação de serviços sociais tendo em conta a gravidade e a urgência”, apelou.
João Santos Filipe Manchete SociedadePJ | Autoridades desmantelam rede de tráfico de droga A polícia anunciou a detenção de um homem e duas mulheres que se dedicavam ao tráfico de droga. As duas detidas estavam em excesso de permanência no território e as drogas apreendidas tinham um valor de mercado de 78.540 patacas A Polícia Judiciária (PJ) anunciou ter desmantelado uma rede constituída por três indivíduos que se dedicavam à prostituição e ao tráfico de estupefacientes. O balanço da operação foi apresentado ontem numa conferência de imprensa. O caso apresentado envolve um homem com 42 anos e duas irmãs, de 42 anos e 37 anos. Os três foram presos por alegado tráfico de droga, após terem sido interceptados na posse de 23,62 gramas de metanfetaminas em cristal e dois comprimidos da mesma substância. Segundo as autoridades, os estupefacientes têm um valor no mercado de 78.540 patacas. A investigação terá começado depois de ter sido recebida uma denúncia sobre a existência de uma rede de tráfico de droga que trazia estupefacientes do Interior para vender em Macau. A informação levou os investigadores a identificarem um indivíduo do Interior, que passou a ser seguido quando entrou no território. Foi dessa forma que a polícia conseguiu descobrir que estava hospedado num hotel da zona norte da cidade. Durante a investigação, as autoridades aperceberam-se que o homem estaria acompanhado no quarto por uma mulher. Numa das saídas para a rua, a mulher foi abordada pelas autoridades e na revista foram encontrados três pacotes pequenos de metanfetaminas e um comprimido da mesma substância, dentro de uma mala. De seguida, a polícia entrou no quarto do hotel, onde estava o arguido, e encontrou uma outra mala, com mais 21,72 gramas de metanfetaminas e outro comprimido. Foram ainda encontradas balanças electrónicas, sacos de plástico e outras ferramentas para o consumo de droga. Venda local Segundo as autoridades, o principal suspeito admitiu que comprava drogas no Interior para vender em Macau. O homem afirmou ainda consumir parte do produto e utilizar a mulher para fazer as vendas no território. A versão avançada foi corroborada pela detida. O indivíduo também admitiu ter arrendado um apartamento em Macau. Nesse local foi encontrada outra mulher, que admitiu ser irmã da suspeita que já estava detida. A mulher reconheceu ainda que traficava droga naquele local e que fazia transacções com vários clientes. Segundo as autoridades, a mulher de 37 anos afirmou também dedicar-se à prostituição e indicou estar em excesso de permanência há mais de três anos, desde Março de 2020. A irmã mais velha também estava em excesso de permanência, mas apenas por dois meses. Os três foram encaminhados para o Ministério Público e estão indiciados pela prática dos crimes de tráfico ilícito de estupefacientes e de substâncias psicotrópicas e detenção indevida de utensílio ou equipamento.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeEstudo | Só 10% dos universitários locais querem viver em Hengqin Um estudo da Associação Geral de Estudantes Chong Wa conclui que apenas dez por cento dos jovens locais que frequentam o ensino superior desejam mudar-se para a Zona de Cooperação Aprofundada em Hengqin para viver e trabalhar. Mais de 60 por cento diz desconhecer as políticas elaboradas para a Ilha da Montanha Só dez por cento dos estudantes universitários de Macau desejam mudar a sua residência e encontrar trabalho na Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin. É o que revela um inquérito realizado pela Associação Geral de Estudantes Chong Wa, que conclui ainda que 63 por cento dos inquiridos desconhecem as políticas criadas para aquela zona em matéria de fixação de negócios, moradores e recursos humanos. O inquérito, cujos resultados foram divulgados no domingo, mostra também que cerca de 60 por cento dos entrevistados nunca visitaram, estudaram ou realizaram estágios em Hengqin, pelo que desconhecem o ambiente laboral, as perspectivas em matéria de emprego ou o nível salarial praticado pelas empresas aí estabelecidas. Em termos concretos, 36 por cento dos jovens dizem não saber o montante dos salários pagos do outro lado da fronteira, enquanto cerca de 20 por cento entendem que a Zona não disponibiliza mais oportunidades de carreira. Bairro sem procura Relativamente ao projecto do Novo Bairro de Macau, construído em Hengqin, e cuja venda de casas arranca no próximo mês, o interesse dos mais jovens também não é muito elevado. Isto porque 23 por cento diz não ter certezas se quer, de facto, viver neste complexo de empreendimentos habitacionais, enquanto 33 por cento mostram alguma vontade de lá viver. O inquérito realizou-se entre os dias 1 e 10 de Julho através de entrevistas a alunos do ensino superior de Macau, tendo sido validadas 405 respostas. Segundo um comunicado da associação, o seu vice-presidente, Mio Man Lap, defende que as autoridades devem reforçar a divulgação de políticas e medidas destinadas à Zona de Cooperação através das redes sociais e meios de comunicação social. Além disso, o responsável entende que as autoridades podem disponibilizar mais ofertas de estágios e visitas para atrair a atenção dos jovens.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaTNR | Associação defende serviços de tradução em disputas laborais O Sindicato Progressivo dos Trabalhadores Domésticos pede que o Governo providencie serviços de tradução para as línguas nativas dos trabalhadores não-residentes, pois em casos de disputas laborais a comunicação e o entendimento dos processos tornam-se complexos Jassy Santos, presidente do Sindicato Progressivo dos Trabalhadores Domésticos em Macau, exige que a Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) disponibilize tradução não apenas para inglês, mas para as línguas nativas dos trabalhadores não-residentes (TNR) no território, tal como tagalo, indonésio ou vietnamita, entre outros idiomas. Segundo o jornal All About Macau, a responsável exige tradução para que a comunicação entre Governo, patronato e trabalhadores seja plena para que os direitos laborais sejam verdadeiramente respeitados. A dirigente associativa pede também que sejam providenciados serviços de apoio jurídico. “A DSAL não dá apoio e a pandemia foi apenas um pretexto, pois mesmo antes não providenciava tradutores para os TNR”, acusou. A dirigente deu o exemplo o caso de um amigo que uma vez acompanhou à DSAL num processo que acabaria por se arrastar por muito tempo até ser aprovado o pedido de tradução, que estava apenas disponível em português, chinês e inglês, sem a possibilidade de adaptação a outras línguas. Cada trabalhador pode ainda levar um profissional para traduzir e interpretar, mas os processos de aprovação são morosos. “Os TNR não falam chinês nem português e apenas conseguem traduzir os documentos ou comunicar através de aplicações de telemóvel. Todos os casos são tratados assim”, disse. O exemplo da limpeza O caso recente da disputa laboral na empresa Serviços de Limpeza Tai Koo é também exemplificativo dos problemas decorrentes da falta de tradução. Em Junho, a empresa foi acusada em tribunal de não pagar as devidas indemnizações por despedimento de trabalhadores, bem como pagamentos relativos a subsídios de férias ou cumprimento de horas extraordinárias. Em tribunal havia de facto um tradutor para inglês, língua que nem sempre é compreendida pelos TNR. “Se o Governo fornecesse tradução para tagalo [língua filipina], poderíamos compreender e explicar melhor as nossas opiniões”, disse Jassy Santos, que pede que seja introduzido em Macau o mesmo tipo de serviço já disponível em Hong Kong. Na região vizinha “existe uma mentalidade mais aberta na hora de tratar deste tipo de processos, pois os TNR têm acesso aos serviços de que necessitam e podem ainda pedir apoios, mas em Macau é mais difícil”, adiantou.
João Santos Filipe Manchete PolíticaInternet | Deputado pergunta por ligação sem restrições em Hengqin Leong Hong Sai recordou a promessa governamental de 2021, quando foi indicado que os residentes no Novo Bairro de Hengqin teriam acesso a internet sem firewall do Interior, com acesso a aplicações como o Facebook, Whatsapp, Instagram e Youtube O deputado Leong Hong Sai quer saber quando o Governo concretiza a promessa de implementar em Hengqin o acesso à internet sem restrições, ao contrário do que acontece no Interior. A promessa tinha sido feita em 2021 pelo Chefe do Executivo, na apresentação da Zona de Cooperação Aprofundada, e o tema foi abordado ontem na Assembleia Legislativa, numa intervenção antes da ordem do dia. Segundo as previsões oficiais, em Setembro começa a venda para os residentes de Macau de fracções no Novo Bairro de Macau em Hengqin. No entanto, ainda não são conhecidos os planos para permitir que os residentes tenham acesso livre à Internet no outro lado da fronteira, como tinha sido prometido em 2021. O deputado Leong Hong Sai considera que esta é uma das principais preocupações de quem pensa em mudar-se para a Ilha da Montanha. “Além das instalações complementares de trânsito e saúde, bem como da articulação entre Macau e a Zona de Cooperação Aprofundada ao nível do regime escolar, a sociedade está também preocupada com as instalações complementares de telecomunicações, incluindo a qualidade dos serviços a disponibilizar e o seu âmbito”, avisou. “Como existe um mecanismo de fiscalização dos serviços de internet no Interior da China, e os residentes de Macau têm, desde há muito, um modelo diferente de internet e de comunicação, é provável que não se consiga implementar um serviço de internet semelhante ao de Macau”, acrescentou. Apresentar as metas O legislador ligado à associação tradicional dos Moradores, questionou também o andamento dos trabalhos e se existem metas para o cumprimento da promessa: “Recorde-se que, em 2021, o Chefe do Executivo afirmou que os residentes da Zona de Cooperação Aprofundada iam ser protegidos no uso das plataformas das redes sociais, Facebook e Instagram, sem ‘VPN’, então, as respectivas medidas vão ser implementadas? Quando isto vai ser concretizado?”, perguntou. A utilização de VPN [rede virtual privada] no Interior permite aceder aos sites bloqueados pelo Governo Central. Contudo, a sua utilização pode levar à aplicação de sanções criminais. “Os residentes de Macau também costumam utilizar a Whatsapp, LINE, Snapchat, Telegram e Twitter, entre outras aplicações, para comunicar com os familiares e amigos e saber das novidades internacionais, e nunca foram impedidos de ver vídeos no Youtube”, destacou Leong. “A sociedade está atenta à questão de os residentes do Novo Bairro poderem ou não gozar legalmente dos referidos direitos de comunicação”, completou.
Hoje Macau Manchete SociedadeCurso de Verão de português da UM “excelente”, mas aquém de níveis pré-covid O curso de Verão de língua portuguesa da Universidade de Macau (UM) voltou este ano ao formato presencial, após três edições ‘online’, com um balanço “excelente”, mas números distantes dos níveis pré-pandemia. Antes de ingressar no ensino superior, Elio, de Xangai, não sabia que língua se falava em Portugal. Mas já conhecia Fernando Pessoa. A poesia, aliás, teve responsabilidades na decisão de começar a aprender português, há cerca de meio ano, na Universidade de Estudos Internacionais de Xangai. “Os poemas de Portugal, gosto do carácter que têm, do romantismo. Não escolhi espanhol porque é muito extrovertido”, disse aos jornalistas, numa entrevista que começou em português e terminou em inglês, na sexta-feira, à margem da cerimónia de encerramento do curso de Verão de língua portuguesa da UM. Elio, inscrito no nível elementar, foi um dos participantes na formação da UM que, este ano, regressou ao formato presencial após três edições ‘online’ motivadas pela pandemia da covid-19. Mas não é o único que se apaixonou pela criação pessoana. Helena, nome português de Huang Xin Yi, de Pequim, subiu ao palco para dizer versos de Pessoa, num espectáculo que associou poesia e movimento. “Usamos gestos quando falamos e fazemos contacto visual com o público, acho que foi uma experiência muito boa”, disse à Lusa, elegendo o preferido dos poemas: “É o Mar Português”. O curso de Verão da UM, na 37.º edição, decorreu entre 10 e 28 de Julho, com as manhãs destinadas à língua portuguesa e a módulos temáticos, em áreas como tradução, história de Macau ou relações internacionais, e as tardes passadas em clubes, nomeadamente de capoeira, folclore ou enologia. Com 280 alunos, de Macau, China continental e Coreia do Sul, esta edição ficou aquém, em termos de inscrições, dos cursos anteriores em formato presencial – o último tinha sido em 2019, quando participaram cerca de 500 alunos. Entre 2020 e 2022, já em modo ‘online’, foram “à volta de 300”, disse à Lusa um dos coordenadores do projecto. Vítor Silva acredita que, com este hiato de três anos, “se perdeu um pouco o ritmo” a que as instituições de ensino e estudantes estavam habituados. “Alunos do Vietname este ano não apareceram, da Malásia também costumávamos ter alguns, mesmo da Coreia, normalmente eram grupos de 20 ou 40, e foram muito menos, do Japão nem veio ninguém”, notou. “Esperamos que toda esta dinâmica que teve este ano acabe por projectar a imagem do curso e que volte a retomar os números pré-pandemia”, disse. Os descobrimentos Vítor Silva, que fez um balanço “excelente” do curso de Verão, salientou que para a iniciativa da UM contribui o “ambiente muito favorável” de Macau – português é uma das línguas oficiais – para “aprender muitos aspectos novos da cultura, além da componente linguística”. “Vêm para Macau envolver-se em actividades que certamente não estão disponíveis no contexto onde eles vivem e aprendem a língua portuguesa, [e contribui] o facto de Macau ser uma cidade muito dinâmica em termos de divulgação da promoção da língua portuguesa. Encontram-se em qualquer parte restaurantes portugueses”, exemplificou. Celina, nome português escolhido por Zhou Jun, concorda: “Macau é um lugar muito especial, com um ambiente muito bom para estudar português, as placas [na rua] estão sempre escritas em chinês e português.” A aluna, de Xiantan, cidade da província central de Hunan, estuda há quatro anos português na Universidade Jiaotong, em Pequim. Aconteceu por um mero acaso, quando, finalizado o secundário, folheava uma publicação à procura de cursos e universidades para se candidatar. “Descobri o português num livro”, admitiu. Deste curso que agora terminou, leva “muito sobre os conhecimentos, culturas e artes dos países de língua portuguesa”.
João Santos Filipe Manchete SociedadeCaso IPIM | Liberdade condicional negada a Miguel Ian Cumpridos mais de dois terços de uma pena de prisão de quatro anos, Miguel Ian Iat Chun tentou sair em liberdade condicional, mas a pretensão foi recusada. Os fundamentos do Tribunal de Segunda Instância, que confirmam uma decisão anterior, ainda não foram tornados públicos Foi recusado o pedido de liberdade condicional apresentado por Miguel Ian Iat Chun, ex-director-adjunto do Departamento Jurídico e de Fixação de Residência por Investimento do Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM). O ex-funcionário público foi condenado a quatro anos de prisão efectiva em Outubro de 2020, pela prática de sete crimes de falsificação de documento, no âmbito do julgamento do caso IPIM. Após o primeiro pedido ter sido recusado, Miguel Ian Iat Chun apresentou recentemente recurso para o Tribunal de Segunda Instância (TSI). Contudo, a análise feita pelos juízes Chan Kuong Seng, como relator, Tam Hio Wa e Chao Im Peng foi igualmente desfavorável a Miguel Ian Iat Chun. A liberdade condicional pode ser autorizada quando o condenado cumpriu dois terços da pena, desde que tenha cumprido sempre seis meses da pena de prisão efectiva. Além disso, para garantir a liberdade condicional, o tribunal tem de considerar que “o condenado, uma vez em liberdade, conduzirá a sua vida de modo socialmente responsável, sem cometer crimes” e que a liberdade se revela “compatível com a defesa da ordem jurídica e da paz social”. A liberdade condicional não é concedida quando faltem mais de cinco anos para o cumprimento total da pena. Os fundamentos para a recusa do pedido de liberdade condicional ainda não foram tornados públicos, uma vez que a decisão do TSI foi tomada na manhã de quinta-feira. Semelhanças com o passado Miguel Ian está a cumprir a pena de prisão desde Outubro de 2020, tendo sido colocado em prisão preventiva, logo após ter sido conhecida primeira decisão do caso. Na primeira vez que o Tribunal Judicial de Base se pronunciou sobre o caso, Miguel Ian foi o ex-funcionário público condenado com a pena mais pesada. Ian, que na altura tinha deixado o IPIM e cumpria funções no Fundo de Segurança Social como chefe de Departamento do Regime de Aposentação e Sobrevivência, foi condenado por ajudar a associação criminosa liderada por Ng Kuok Sao a falsificar documentos. Esta não foi a primeira vez que Ian vê recusado um pedido de liberdade. Logo em Outubro de 2020, o então arguido tentou aguardar em liberdade pelo trânsito em julgado da condenação, mas a pretensão foi recusada. Em comum as duas decisões têm o facto de terem a participação das juízas Tam Hio Wa e Chao Im Peng. No entanto, nessa decisão de Dezembro de 2020, o colectivo de juízes era também constituído por Choi Mou Pan.
Hoje Macau Manchete SociedadeDesemprego | Taxa entre os residentes mais baixa desde a pandemia Com o fim da política de zero casos de covid-19 e das várias restrições de circulação, que isolaram Macau e o Interior da China do resto do mundo, a economia começa a recuperar e o desemprego a mostrar sinais animadores A taxa de desemprego entre os residentes caiu para 3,5 por cento no segundo trimestre de 2023, o valor mais baixo desde o início da pandemia de covid-19, foi anunciado sexta-feira. De acordo com dados oficiais divulgados pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC), a taxa de desemprego entre os residentes diminuiu 0,4 pontos percentuais em comparação com o primeiro trimestre deste ano. O desemprego entre a população em geral de Macau caiu 0,3 pontos percentuais para 2,8 por cento, a taxa mais baixa desde o final de 2020, ano durante o qual as empresas despediram quase 18.900 trabalhadores sem estatuto de residente. Apesar da queda do desemprego, a taxa de actividade da população caiu para 67,7 por cento, o valor mais baixo desde 2007, numa cidade que está em acelerado processo de envelhecimento, sobretudo devido a uma das mais baixas taxas de natalidade do mundo. No período entre Abril e Junho, estavam registados em Macau cerca de 10.400 desempregados, menos 100 do que no período entre Março e Maio, segundo os dados oficiais da DSEC. Entre os desempregados, a maioria tinha sido despedida ou da construção civil ou do jogo, o sector dominante da economia de Macau e o mais atingido pela crise económica provocada pela pandemia. No início de 2020, a indústria do jogo no território atingiu um máximo histórico de 87.500 funcionários. Em três anos de pandemia, um em cada quatro trabalhadores (24,1 por cento) do sector perdeu o emprego. Dores da pandemia As receitas dos casinos de Macau atingiram 80,1 mil milhões de patacas na primeira metade de 2023, mais 201,5 por cento em comparação com igual período do ano passado, mas menos 46,4 por cento do que no mesmo período de 2019. Macau, que à semelhança da China continental seguia a política ‘zero covid’, anunciou, em Dezembro do ano passado, o cancelamento da maioria das medidas de prevenção e contenção, depois de quase três anos das rigorosas restrições. Com o alívio das medidas, a cidade registou na primeira metade deste ano 11,6 milhões de turistas, três vezes mais do que no mesmo período de 2022. Em Julho, o Centro de Estudos e o Departamento de Economia da Universidade de Macau previram que a taxa de desemprego vai cair para 2,6 por cento e que o salário mediano vai subir 9,6 por cento até ao final de 2023. Governo diz que vagas em feiras correspondem à procura Dados da Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) revelam existirem actualmente 7.400 vagas de emprego disponíveis nas feiras de emprego organizadas pelo Governo, envolvendo 250 tipos de trabalho, sendo estas “suficientes para responder à procura”. Além disso, nos primeiros sete meses do ano foi dado apoio a 7.527 pessoas no acesso ao emprego, número “superior ao total de pessoas colocadas pela DSAL em todo o ano passado (6.288 pessoas), correspondendo a cerca de 2,6 por cento da população activa residente”, aponta a DSAL em comunicado. Os números avançados pela DSAL baseiam-se nos dados do inquérito ao emprego realizado entre Março e Maio deste ano. A DSAL tem realizado, juntamente com a Federação das Associações dos Operários de Macau, sessões de emparelhamento para residentes que não conseguiram ainda encontrar trabalho. Este ano já se realizaram 91 sessões para empregos específicos e 30 sessões de emparelhamento de emprego para empresas de lazer, sendo que, até ao momento.
João Santos Filipe Manchete PolíticaFukushima | Operários querem bloqueio a lembranças do Japão O membro do Conselho Consultivo para os Assuntos Municipais da FAOM questionou o IAM sobre a possibilidade de proceder a inspecções regulares a lembranças que residentes trazem do Japão. A medida visava impedir a entrada de produtos radioactivos Chan Ka Keng, membro do Conselho Consultivo para os Assuntos Municipais e da Federação das Associações dos Operários de Macau, afirmou estar preocupado com as lembranças trazidas por residentes que visitam o Japão. As declarações foram feitas na sessão de sexta-feira de manhã do Conselho Consultivo para os Assuntos Municipais, na sequência da possibilidade das águas da Central Nuclear de Fukushima serem libertadas no mar. De acordo com as declarações citadas pelo Jornal Cheng Pou, Chan apontou que o Japão é um dos destinos turísticos mais populares para os residentes de Macau, pelo que há sempre o risco de serem trazidas lembranças com produtos frescos embalados. Neste sentido, o membro da FAOM questionou o IAM sobre a possibilidade de serem colocados pontos de inspecção às compras dos residentes no Japão, de forma a testar os níveis de radioactividade. “Será que esta é uma das preocupações? Os produtos [trazidos pelos residentes] não podem ser ligeiramente radioactivos? Será que Macau vai inspeccionar os produtos comprados no Japão e impedi-los de entrar, apenas por precaução?”, questionou. Por sua vez, O Lam, vice-presidente do Conselho de Administração para os Assuntos Municipais respondeu que a legislação actual torna ilegal que os residentes tragam consigo produtos que obrigam à realização de inspecções e quarentenas. O Lam também indicou a Chan Ka Keng que, até ao momento, não foram registados valores anormais de radioactividade nos produtos marítimos importados do Japão. Além de membro do Conselho Consultivo para os Assuntos Municipais, Chan Ka Keng é o representante da FAOM no Conselho da Educação, na condição de suplente. Bloqueio nacional No mês passado, o Instituto para os Assuntos Municipais admitiu suspender a importação de produtos alimentares do Japão e exigir a apresentações de certificados de radiação e de origem dos produtos. A posição foi tomada em antecipação do despejo para o mar de água usada na refrigeração da central nuclear de Fukushima. Esta é uma posição que está a ser concertada pelo país, com o potencial bloqueio de Macau a ser anunciado, depois de o Interior e Hong Kong terem anunciado medidas semelhantes, no caso de haver uma descarga da água de Fukushima. Actualmente, o bloqueio às importações abrange Fukushima, mas no futuro poderá focar nove outros distritos, nomeadamente Chiba, Tochigi, Ibaraki, Gunma, Miyagi, Niigata, Nagano, Saitama e Tóquio. A preocupação com o tratamento da água não se limita à China, apesar de a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), organização criada no seio das Organização das Nações Unidas (ONU), considerar que a descarga é segura. Ainda assim, o plano tem encontrado oposição em vários locais, embora não seja a nível governamental, como na Coreia do Sul e nos Estados Unidos.
João Santos Filipe Manchete PolíticaCaso Manner | Secretária defende Fundo de Desenvolvimento da Cultura O Fundo de Desenvolvimento da Cultura (FDC) desmente alguns dos números avançados sobre apoios concedidos à empresa Manner, mas não adianta o valor exacto do apoio. Em vez disso, pediu à população para fazer os cálculos a partir da informação divulgada “nos canais oficiais” A secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Elsie Ao Ieong U, defendeu o mecanismo de financiamento do Fundo de Desenvolvimento da Cultura (FDC) às empresas da RAEM. As declarações foram prestadas na sexta-feira, depois de ter sido tornado público que a empresa Manner, acusada de assediar uma ex-funcionária que cometeu suicídio, tinha recebido vários apoios monetários através do FDC. Com a revelação do trágico caso de suicídio, surgiu uma onda de críticas ao FDC e apelos para que qualquer tipo de financiamento com capitais públicos à Manner fosse cortado, dado o comportamento da empresa, acusada de bullying contra a ex-funcionária. Questionada sobre o assunto, a secretária explicou que “o FDC estipula regulamentos para cada plano de apoio financeiro” e que os “diferentes planos de apoio financeiro têm requisitos comuns, como por exemplo a exigência de os projectos financiados não poderem envolver actos contra a segurança do Estado, contrários à ordem pública ou aos bons costumes”. Nas situações em que é considerado que um projecto viola “os requisitos e o estatuto”, explicou Elsie Ao Ieong, “o Governo tem o direito de cancelar a concessão do apoio financeiro”. Apesar desta cláusula, a responsável admitiu que desde a criação do FDC não houve “nenhum cancelamento de apoio financeiro por violação dos regulamentos”. O FDC foi criado no ano passado, através da fusão do Fundo de Cultura com o Fundo das Indústrias Culturais. A secretária alertou igualmente que “os projectos financiados necessitam de ter uma influência positiva na sociedade” e que se houver “algum desvio do projecto financiado em relação ao requerimento inicial” o “Governo exigirá a restituição do montante recebido”. É fazer as contas A sexta-feira ficou igualmente marcada por um comunicado do Fundo de Desenvolvimento da Cultura (FDC) a contestar os números de apoios concedidos à Manner. O comunicado tem a particularidade de não apresentar os dados verdadeiros do apoio. Com algumas publicações a adiantar a existência de apoios de quase 30 milhões de patacas, o FDC acusou os dados de serem “rumores falsos”. “O FDC esclarece que alguns dos dados foram alterados e que existem erros e imprecisões, pelo que se apela ao público para que verifique as informações exactas através dos canais oficiais”, foi comunicado. Porém, em vez de apresentar a matemática, o FDC pediu à população para fazer as contas através dos “canais oficiais, tais como as páginas oficiais do FDC, do Gabinete para o Planeamento da Supervisão dos Activos Públicos (GPSAP) e da Imprensa Oficial”. De acordo com as contas do jornal All About Macau, entre apoios de diferentes departamentos, empréstimos bonificados e prémios pela prestação da empresa, saíram dos cofres públicos 9,75 milhões de patacas para a Manner.
Sérgio Fonseca Desporto MancheteAutomobilismo | Corridas locais entraram numa nova era em Zhaoqing No pretérito fim-de-semana, no Circuito Internacional de Guangdong, teve início um novo capítulo do automobilismo de Macau, com a primeira prova dos novos carros de Turismo da categoria Macau Road Sport Challenge. Presente neste evento esteve Rui Valente, que voltou a estar em destaque, ainda que o resultado final não tenha sido o esperado, muito devido a uma maldade cometida por um adversário Apesar do esforço financeiro que representa a aquisição de novos carros, a verdade é que a aposta da Associação Geral Automóvel de Macau-China (AAMC) resultou em pleno, com 44 concorrentes, 16 dos quais da RAEM e os restantes do Interior da China e de Hong Kong, a inscreverem-se nesta primeira prova destinada apenas aos modelos Toyota Gazoo Racing GR86 e Subaru BRZ. Tal foi o número de participantes, que o pelotão teve ser dividido em dois. As classificações destas duas primeiras corridas, a que se somarão os resultados da próxima jornada dupla, vão seleccionar os concorrentes participantes no 70º Grande Prémio de Macau. Dado o elevado número de concorrentes, e à expectativa que apareçam ainda mais carros no próximo confronto, poderá resultar que existam duas corridas, em vez de uma só, para os Toyota Gazoo Racing GR86 e Subaru BRZ no grande evento do mês de Novembro – uma no primeiro fim de semana e outra no segundo. Nota positiva em final inglório No segundo circuito permanente da Província de Cantão assistiram-se a duas corridas altamente disputadas, com toques e alguns excessos. Rui Valente foi uma das vítimas da impetuosidade alheia. “Estragaram-me o carro todo, fui empurrado para fora da pista quando estava em segundo lugar na segunda corrida”, contou o piloto, naturalmente desapontado, ao HM. “O fim-de-semana até começou bem. Depois de uma qualificação que não foi assim tão boa, fiz o 13º melhor tempo, a primeira corrida até correu bem, pois a ideia era ficar entre os cinco primeiros e depois lutar por um lugar no pódio na corrida da tarde”, explicou Rui Valente que, como quase todos os pilotos, ainda se está a adaptar à sua nova montada. “Eu estava no terceiro lugar, na penúltima volta, e se tivesse levantado o pé, seria esse de certeza o resultado da corrida. Mas como vi que podia passar o segundo, ultrapassei. Porém, a duas curvas do fim, fui abalroado por um adversário que seguia atrás de mim.” Este acidente, perfeitamente evitável, acabou por borrar a pintura de um fim de semana que estava a ser bastante bom para Rui Valente. “Fiquei com o carro bastante danificado e muito aborrecido porque ele apenas foi penalizado em dez segundos”, referiu o piloto do Subaru BRZ nº20. Menor velocidade e maior diversão Rui Valente terminou o seu Subaru BRZ praticamente nas vésperas da prova. Um pequeno teste antes da prova deu para colocar o carro pronto para a abertura de temporada, embora o piloto saiba que ainda pode evoluir a sua nova máquina japonesa. Sendo um carro muito diferente do seu anterior Mini Cooper S, por estar muito mais próximo de um carro de série, o experiente piloto português gostou da experiência. “Este é um carro muito mais lento, mas a corrida até que é divertida”, explicou Rui Valente, piloto que se estreou no Grande Prémio de Macau em 1988. “Nas corridas tens que te empenhar e andar ao máximo do princípio ao fim, pois os carros são todos iguais e rodam à mesma velocidade. A diferença está nos décimos de segundo.” Depois das boas indicações dadas nesta corrida no circuito dos arredores da cidade de Zhaoqing, a próxima e derradeira jornada dupla da Macau Road Sport Challenge antes do Grade Prémio está agendada para o fim de semana de 19 e 20 de Agosto neste mesmo palco; curiosamente Zhaoqing significa “início auspicioso”.
João Santos Filipe Manchete PolíticaSegurança | Pereira Coutinho preocupado com qualidade de brinquedos Uma inspecção em Hong Kong mostrou que vários balões para festas contêm substâncias cancerígenas. A situação alarmou Pereira Coutinho e levou o deputado a pedir ao Governo um sistema de inspecção de brinquedos, para garantir a segurança das crianças O deputado Pereira Coutinho está preocupado com os padrões de segurança dos brinquedos para crianças. Foi desta forma que o deputado reagiu a um relatório do Conselho de Consumidores de Hong Kong, que concluiu que entre 19 tipos de balões de látex à venda na região vizinha, apenas seis cumpriam os padrões de segurança vigentes na União Europeia, havendo mesmo produtos contendo produtos cancerígenos. Numa interpelação escrita, o legislador ligado à Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM) pergunta ao Governo como garante a segurança dos brinquedos importados para Macau, dada a ausência de uma política coerente. “Segundo o relatório de inspecção do Conselho do Consumidor de Hong Kong, de 15 de Junho de 2023, em 19 tipos de balões de látex à venda no mercado, foram detectadas substâncias suspeitas de serem cancerígenas”, relatou o deputado. “O Conselho de Consumidores de Hong Kong recomenda que se evite soprar nos balões com a boca, sobretudo crianças, que se lave as mãos antes de comer e depois de brincar com balões, e que não se coma enquanto se brinca, a fim de reduzir o contacto com substâncias nocivas, acrescentou. Dores de cabeça No entanto, a falta de medidas está a preocupar os pais, argumenta. “Macau, como porto franco de comércio, nunca implementou medidas ou mecanismos de inspecção da segurança dos brinquedos infantis, situação que deixa muitos pais preocupados com a saúde das crianças”, acusou. “O Governo deve tomar como referência as medidas adoptadas nas regiões vizinhas e criar mecanismos aperfeiçoados para testar a qualidade dos diversos produtos, com vista a salvaguardar a saúde e a segurança da população”, defendeu. Por isso, Coutinho pergunta se o Governo tem planos para criar “um mecanismo de inspecção da qualidade e segurança de diversos produtos”, como brinquedos ou artigos de uso diário pelas crianças, e um mecanismo para inspeccionar as importações. Por outro lado, e em relação aos balões, o deputado pede medidas urgentes para proteger os residentes. “O Governo deve adoptar medidas urgentes, por exemplo incluir as substâncias cancerígenas na lista de proibição de importação, a fim de evitar a entrada em Macau de balões de látex que apresentem riscos para a saúde, e a consequente ocorrência de problemas de saúde”, considerou. “Como vai fazê-lo?”, perguntou.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaDSAL | Plano de formação subsidiada com menos candidatos Há cada vez menos candidatos aos cursos de formação subsidiada da Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais. Os dados mostram que, na primeira metade deste ano, o número de candidatos para o plano de formação subsidiada para o aumento de capacidades técnicas diminuiu 52 por cento O posicionamento dos residentes em relação ao mercado de trabalho parece estar a mudar, ou pelo menos, em relação aos programas de formação profissional subsidiados pelo Governo. Segundo dados divulgados pela Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL), em resposta a interpelação escrita do deputado Lei Chan U, o primeiro semestre deste ano registou menos candidatos para os planos de formação subsidiada orientada para a empregabilidade e aumento de capacidades técnicas em comparação com o segundo semestre de 2022. Assim, nos primeiros seis meses de 2023, houve 2600 candidatos ao subsídio para a melhoria de capacidades técnicas, uma quebra de 52 por cento, enquanto para o apoio financeiro destinado à empregabilidade registou 6900 candidaturas, menos 18 por cento. A DSAL aponta ainda que mais de 20.900 pessoas receberam subsídios do Governo ao abrigo destes planos, num montante aproximado de 124 milhões de patacas. Wong Chi Hong, director da DSAL, considera que a evolução decrescente se deve à recuperação gradual da economia desde a reabertura de fronteiras. O responsável vincou que o organismo que dirige vai “acompanhar de perto a evolução do mercado de trabalho e avaliar a aplicação” do plano de formação subsidiada, mantendo “uma estreita ligação” com os sectores económicos e suas necessidades. A ideia é continuar a “ajudar os residentes com necessidades de emprego, para que possam melhorar competências e aumentar a competitividade laboral através da formação profissional”. Será adequado? O responsável máximo da DSAL assegurou que será feito um inquérito aos beneficiários do apoio para “aperfeiçoar de forma contínua o programa, ajustando o conteúdo dos cursos em função das necessidades do desenvolvimento económico e social e das exigências das indústrias”. Na sua interpelação, o deputado questionou, precisamente, a evolução em termos de candidaturas para estes programas de formação subsidiada desde a “flexibilização das medidas de prevenção da pandemia”. Lei Chan U quis ainda saber se foi realizado algum questionário sobre “a adequabilidade dos conteúdos dos cursos aos postos de trabalho dos residentes que participaram nas formações”, bem como a adaptação à política “1+4”, criada pelo Governo para diversificar a economia. “Tendo em conta a melhoria progressiva da situação do emprego, quando vai a Administração rever e a avaliar os programas em causa?”, questionou o deputado.