Andreia Sofia Silva Grande Plano MancheteCharles William Ricou e a história da aviação em Macau Célia Reis, historiadora e docente, encontra-se a desenvolver um projecto de investigação em torno dos primórdios da aviação em Macau e foi esse o tema que levou às “Conferências da Primavera” na segunda-feira, com a sessão “A aviação e navegação aérea em Macau nos anos 20 – um processo de inovação colonial”. Célia Reis falou de um período em que a aviação começou a ser importante para a China, por questões de segurança, e começa também a ser pensada para Macau. Neste processo, há uma personalidade cujo nome importa reter, um francês nascido em Hong Kong: Charles William Ricou, um piloto formado em engenharia e em aviação. Este começou a equacionar, a partir de Novembro de 1919, a possibilidade de “estabelecer uma carreira aérea entre Macau, Hong Kong, Xangai, Filipinas, Java, Índia”, contactando com entidades governamentais locais para a obtenção de facilidades e acordos. Célia Reis explicou que Ricou pretendia formar duas companhias aéreas, a “Far East Aviation Company”, com “uma ligação bastante mais alargada, chegando até Manila”, e outra para ligar Macau, Hong Kong e Cantão, com o nome “Macau Aerial Transport Company Limited”. Esta empresa “foi constituída em Hong Kong, com um capital de 50 mil dólares, e tinha como sócios fundadores personalidades de Macau, como Humberto de Avelar, Rodrigues dos Santos, Francisco Nolasco e Francisco da Silva”. A historiadora disse ainda na apresentação que a ideia “era completar o resto do capital necessário com acções de baixo valor para que pudessem ser compradas por todos [os habitantes] em Macau”. “Chega mesmo a haver o apelo por parte do conselho de administração da companhia para que os macaenses subscrevessem o capital, mostrando que a empresa era extremamente importante para os habitantes de Macau, realçando-se o seu valor patriótico, de solidariedade para com o progresso”, acrescentou. “Várias vozes demonstraram nessa altura que o sucesso comercial da companhia, no início, poderia ser pouco ou nenhum, embora se pensasse que a empresa poderia vir a ter alguns lucros, tendo a capacidade de servir de transporte ao correio aéreo. Porém, essa capacidade de transporte seria extremamente limitada, pois o número de objectos de correio a transportar de Macau eram 24 cartas por dia”, adiantou Célia Reis. Na altura pensava-se que Macau seria pioneira, pois “seria o primeiro território a Extremo Oriente a ter uma companhia de aviação”, algo que “traria mais visitantes e aumento do comércio”. O Governo de Macau, então liderado pelo Governador Correia da Silva, “cede aos apelos da companhia, concedendo várias facilidades, como a permissão de construção de um hangar provisório num terreno público que estava vago ou de infra-estruturas de acesso ao mar”. Além disso, foi permitida “a isenção do pagamento do imposto sobre o armazenamento do combustível”. Assim, Macau chegou a ter hidroaviões e 21 aviadores americanos contratados pela companhia. “Considerava-se que era o maior carregamento de material aéreo exportado pelos Estados Unidos da América (EUA), todo trazido para Macau.” Depois, a companhia tenta organizar-se, “chegando a pedir espaço na ilha da Taipa, concebida para ter hangares definitivos, embora tenham existido concessões provisórias”. Nesse contexto, recordou a historiadora, “houve subsídios, um contrato para o transporte de malas postais”, para que se “permitisse um desenvolvimento da navegação aérea”. Impasses até ao fim Em Maio de 1920 surgiu uma nova convenção mundial na área da aviação, à qual Portugal adere, o que faz com que a “Macau Aerial Transport Company Limited” tivesse de ser nacionalizada. O projecto chega a avançar, mas depressa recua. “A companhia aérea acede, portanto, a nacionalizar-se com a condição de obter um subsídio, e ter quatro aviões disponíveis para o serviço militar em Macau, caso fosse necessário. A questão da defesa estava sempre presente. Começou depois a haver algum desentendimento entre as condições exigidas pela companhia e aquelas que o Governador entendia serem necessárias. Além disso, o Governo de Macau precisava da autorização de Lisboa para o funcionamento da companhia aérea. Lisboa demora muito a responder, mas depois diz que o Governador pode avançar, e este começa a negociar com a companhia. Porém, começam a surgir vozes em Lisboa que vão fazer com que as coisas mudem.” Tal passa pela ideia de que os EUA estariam a demonstrar interesses ocultos através do estabelecimento da companhia. “[Em Lisboa] receia-se que esta seja a forma encontrada de uma companhia de aviação americana instalar-se em Macau, território português, por vias diferentes.” Primeiro, Lisboa proíbe, recuando-se nas negociações, sendo que o Governador seguinte, Rodrigo Rodrigues, “não está de acordo com a companhia, entendendo que não será viável”, o que leva a que todo o projecto e diálogo fiquem suspensos. Célia Reis destacou ainda que “o Governo de Correia da Silva passou por várias dificuldades nestes anos, em termos de segurança”, tendo ocorrido “incidentes muito graves na relação entre Portugal e a China”. “Por essa razão, o Governador considerava que ter aviões era extremamente importante porque, neste momento, a China também estava a recorrer à aviação. As autoridades de Portugal, porém, consideravam que os aviões de Macau não teriam nenhuma importância, comparando com o conjunto de aviões que teria a China ou mesmo o Japão. Quando se dá permissão para a constituição da companhia aérea em Macau, Lisboa entende que o território estava numa situação preocupante e poderia ter aviões com funções militares, mesmo que fossem poucos”, explicou a historiadora. O projecto cairia, porém, por terra.
João Santos Filipe Manchete SociedadeImobiliário | Sobem transacções. Descem preços Em Fevereiro, foram compradas e vendidas 176 habitações, a uma média de 76.243 patacas por metro quadrado. Em comparação com o que acontecia há um ano, os preços sofreram uma redução de 11,6 por cento, mas registaram-se mais 44 transacções No mês passado, o preço da habitação apresentou uma redução de 11,6 por cento, face ao período homólogo, para uma média de 76.243 patacas por metro quadrado. A informação foi divulgada pela Direcção de Serviços de Finanças (DSF). Em Fevereiro do ano passado, o preço médio do metro quadrado da habitação era de 86.225 patacas, 9.982 patacas acima dos valores mais recentes, divulgados na segunda-feira. Todavia, quando a comparação é entre Janeiro e Fevereiro deste ano, o preço médio das habitações apresenta uma valorização de 6 por cento, de 71.917 patacas por metro quadrado para 76.243 patacas por metro quadrado. A nível dos preços, a realidade é agora diferente do que acontecia em 2019. Antes da pandemia, o preço médio por metro quadrado era de 98.618 patacas, o que representa uma redução de 22,7 por cento, ou 22.375 patacas, face aos dados disponibilizados na segunda-feira. A informação sobre o mês passado mostra que Coloane foi a zona mais cara do território, com uma média de 83.5 71 patacas por metro quadrado. Na Taipa, o preço médio do metro quadrado foi de 82.471 patacas, e na Península de Macau de 72.986 patacas. Maior procura A maior redução dos preços parece ter resultado num aumento do número de compras e vendas de habitações. Em Fevereiro, registaram-se 176 transacções, mais 44 do que no período homólogo, quando se contabilizaram 132, o que significa um crescimento de um terço. Quando a comparação é feita entre o mês passado e Janeiro, houve menos 94 transacções, uma quebra de 34,8 por cento, de 270 compras e vendas para 176 transacções, em Fevereiro. No entanto, em 2019, antes da pandemia da covid-19, o mercado apresentava-se mais activo do que acontece actualmente. Em Fevereiro de 2019, foram registadas 279 transacções, mais 103 do que no mês passado. Contudo, em termos do volume de transacções, os números de Fevereiro de 2019 aproximam-se do registo de Janeiro deste ano. Os dados mais recentes revelam igualmente que a Península de Macau foi o local com mais transacções, um total de 126 compras e vendas de habitação. No segundo lugar surgem a Taipa com 36 transacções e Coloane, onde se registaram 14 compras e vendas de habitação.
João Santos Filipe Manchete SociedadeCinema | Anunciadas novas orientações para filmagens O atropelamento de 12 pessoas durante a gravação de uma cena de perseguição vai levar o Instituto Cultural a mudar as instruções para as equipas de filmagens no território. As autoridades querem ter mais informação sobre os planos e cenas gravadas A presidente do Instituto Cultural (IC), Deland Leong Wai Man, revelou que vão ser emitidas novas orientações para as equipas de filmagens a trabalhar no território. A informação foi revelada ontem, e surge na sequência de um acidente de viação, ocorrido em Fevereiro, durante a rodagem de um filme. Segundo Deland Leong, os diferentes departamentos do Governo estão actualmente em comunicação para ultimarem os novos planos e instruções. A partir do momento em que novas equipas de filmagem pretendam vir a Macau, as instruções vão ser distribuídas e terão de ser seguidas. As novas directrizes prevêem igualmente que as equipas de produção têm de fornecer planos mais detalhados sobre as filmagens em Macau, com a necessidade de indicarem a utilização de estradas, encerramento de ruas e condução de veículos. A partir desses planos, as autoridades vão ouvir os diferentes departamentos, como o Corpo de Polícia de Segurança Pública e a Direcção de Serviços para os Assuntos de Tráfego, para garantir que as filmagens decorrem num ambiente mais seguro e controlado. À comunicação social, Deland Leong Wai Man defendeu que seguindo este novo método, com pedidos de informações mais detalhados, a indústria do cinema vai ter um desenvolvimento mais saudável, face ao contexto actual. Rodagem suspensa Ao mesmo tempo, a responsável pelo IC confirmou a manutenção da ordem de suspensão da equipa do filme que esteve na origem de um acidente com 12 feridos, entre eles duas crianças com 5 e 6 anos de idade. O acidente aconteceu no final de Fevereiro, quando um condutor perdeu o controlo do automóvel durante a filmagem de uma cena de perseguição. Mais tarde, o caso ganhou outras dimensões quando as autoridades revelaram que a cena de perseguição estava a ser filmada, pela equipa do Interior, à margem das orientações emitidas. Sobre este episódio, Leong informou que ainda está a ser alvo de discussão, pelo que não podem ser emitidas quaisquer conclusões. Todavia, a responsável admitiu que está em cima da mesa a hipótese de cancelar a licença para gravar em Macau, dado que a equipa não seguiu as orientações inicialmente emitidas. A presidente do IC foi ainda questionada sobre se o incidente pode contribuir para que as grandes produções comecem a evitar o território. No entanto, Leong afastou este cenário e destacou que no ano passado mais de 300 equipas de filmagens do exterior estiveram em Macau, o que disse ser o número mais alto da história. A líder do IC apontou ainda que Macau é um destino cada vez mais atractivo para a gravação de filmes.
João Santos Filipe Manchete SociedadeCultura | Miguel de Senna Fernandes distinguido como embaixador O nome do macaense consta numa lista, com 942 individualidades, elaborada pelo Ministério da Cultura e Turismo da China. O embaixador tem como funções a promoção e protecção do património cultural imaterial Miguel de Senna Fernandes foi distinguido como embaixador do Património Cultural Imaterial Nacional. A lista com um total de 942 nomes foi anunciada, na noite de segunda-feira, pelo Ministério da Cultura e Turismo da China. Desde 2021 que o Teatro em Patuá faz parte da lista de Património Cultural Imaterial da China. Miguel de Senna Fernandes foi escolhido como embaixador pelo seu papel no grupo Dóci Papiaçám, além de co-fundador é ainda o dramaturgo e encenador. “Sinto-me muito honrado e naturalmente feliz. Mas, principalmente honrado por ter sido escolhido. Agora, a responsabilidade, que já era grande, passa a ser maior”, afirmou Senna Fernandes, em declarações ao HM. “Ao longo destes anos, contei sempre com um grupo de pessoas muito talentosas e este prémio é deles. Esta distinção não é individual, neste tipo de coisas nunca é um trabalho individual, é um trabalho de grupo. Foi através do grupo que se exteriorizou aquilo que foi criado”, acrescentou. De acordo com o comunicado oficial do Governo Central, a figura do embaixador do Património Cultural Imaterial Nacional tem como funções assegurar a promoção e protecção do património cultural. Além da ligação a manifestações culturais protegidas, o comunicado indica que as pessoas são escolhidas por apresentarem “uma boa moral” e “excelente competência” para protegerem e garantirem a transmissão do património cultural imaterial. “Espera-se que os embaixadores do património cultural imaterial nacional desempenhem um papel exemplar, realizem activamente actividades de herança, cultivem sucessores e contribuam mais para a protecção do património cultural imaterial”, foi indicado no comunicado com as novas nomeações. Mais garantias Em declarações prestadas ao HM, Miguel de Senna Fernandes revelou ainda ver a distinção como uma “importantíssima garantia” para a sobrevivência do Teatro em Patuá, com as características do teatro macaense. “É uma garantia importantíssima da sobrevivência do teatro com todas as características que ao longo dos anos fomos firmando”, frisou o dramaturgo. “Quando antigamente falávamos para pessoas que não entendiam este tipo de piadas, de humor, tínhamos algumas reticências. Mas, hoje em dia, parto do princípio que conhecem, ou devem conhecer, o tipo de humor que colocamos em palco”, apontou. “O grupo Dóci Papiaçám sempre apresentou um teatro satírico, que visou os costumes, sejam eles quais forem, com crítica social, escárnio e maldizer. É o histórico do teatro maquista. O teatro macaense é isto. É claro que podemos fazer teatro em patuá, mas sem estas características pode não ser teatro maquista”, argumentou. Espaço para a comunidade Miguel de Senna Fernandes destacou igualmente a importância da distinção para a comunidade. “É muito bom, porque, pelo menos, nesta área da cultura, a comunidade tem um papel que continua a ser relevante e isto é importante”, considerou. “Estamos a ver uma Macau bem diferente do que era e neste mar de gente, numa espécie de cultura – à falta de melhor expressão – mais monolítica, o teatro, a cultural macaense ser relevante é algo bom para a comunidade e isto é importante”, destacou. A próxima actuação do grupo Dóci Papiaçám está agendada para os dias 30 e 31 de Maio, no âmbito do 35.º do Festival de Artes de Macau, com o nome Cuza Tá Renâ? (Que se Passa?, em português). A peça será apresentada no Grande Auditório do Centro Cultural de Macau. O macaense não arrisca antever que a distinção se vá reflectir num maior impacto ao nível da presença do público. Contudo, admite que a expectativa da organização do festival passa por ter casa cheia. Sonhos por cumprir Em relação ao futuro do teatro em patuá e dos Dóci Papiaçám, Senna Fernandes confessa que o “grande sonho” nesta fase passa por regressar a Portugal para actuar. A última vez que o grupo actuou em Portugal foi em 1999, ainda antes da transferência de soberania de Macau para a China. “O sonho é ir a Portugal”, confessou. “É uma questão de dinheiro e de logística. No ano passado, o coro foi a Portugal, mas agora queremos levar o teatro e estou a trabalhar seriamente nisto”, indicou. “A última vez que o teatro foi a Portugal foi em 1999. E nunca mais lá fomos! Não pode ser! Temos de quebrar este silêncio”, acrescentou, em tom bem-humorado. No entanto, Portugal não é o único objectivo. O co-fundador acredita também que no futuro vai ser possível ter uma actuação no Interior da China, embora admita que os moldes dessa actuação, apesar da vontade, não estão pensados. Crença e costume Em relação a Macau, além de Miguel de Senna Fernandes, consta na lista o nome de Lo Seng Chung, como embaixador da Crença e Costumes de Tou Tei. As crenças de Tou Tei dizem respeito a um dos deuses chineses mais conhecidos, também chamado como “Tou Tei Kong”, “Foc Tac Cheng San” ou “Tai Pak Kong”. De acordo com o Instituto Cultural, é “um dos mais populares deuses chineses” e tido pelos crentes “como responsável por assuntos como a protecção da vida, a saúde e a riqueza dos residentes, entre outros aspectos”.
João Luz Manchete PolíticaCAEAL | Reunião com escolas devida a recolha de assinaturas Alegações de que teria sido pedido a professores de escolas geridas por associações a recolha de assinaturas para as próximas eleições vai levar a comissão eleitoral a reunir com representantes dos estabelecimentos de ensino. A comissão recebeu também a queixa de um membro de uma associação que alega ter-lhe sido exigido um número mínimo de assinaturas para uma lista Foram partilhadas nas redes sociais queixas de alegados docentes de escolas geridas por associações de que teriam sido solicitados para recolher assinaturas para listas candidatas às próximas eleições legislativas, marcadas para 14 de Setembro. Após a reunião de ontem da Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL), o presidente da entidade, o juiz Seng Ioi Man, adiantou que irá marcar reuniões com representantes das escolas no início de Abril para partilhar os valores da justiça, integridade e igualdade. De forma geral, o responsável indicou ainda que o uso de coerção ou métodos enganosos para angariar assinaturas é um crime. Numa conferência de imprensa realizada ontem, o magistrado referiu que se a investigação confirmar as alegações dos professores, os formulários para constituir candidaturas serão considerados inválidos, de acordo com o canal chinês da Rádio Macau. A interferência no processo eleitoral de escolas geridas por associações com representação na Assembleia Legislativa, e financiadas pelo Governo, tem sido uma constante em sufrágios anteriores, nomeadamente com o pedido para docentes e funcionários assinarem proposituras de candidaturas e até de encarregados de educação. Por exemplo, em 2021, um professor da escola Choi Nong Chi Tai, ligada à Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), terá apelado a encarregados de educação para assinarem documentos das comissões de candidatura para as eleições legislativas. No sufrágio de 2017, também houve queixas semelhantes, sem que tenha havido repercussões para as listas envolvidas. No capítulo das repercussões, o presidente da CAEAL foi ontem questionado sobre a possibilidade de os candidatos desqualificados poderem ou não submeter candidaturas nestas eleições, que são as primeiras após a exclusão de cinco listas e 21 candidatos, a maioria do campo pró-democracia, em 2021. Sem responder directamente à questão, Seng Ioi Man lembrou que, de acordo com a lei eleitoral, quem não apoiar a Lei Básica e não for leal à RAEM fica afastado das eleições durante cinco anos. Seguir as pistas Em relação às suspeitas de que uma idosa terá sido convidada a assinar um boletim de propositura de candidatura às eleições legislativas quando trocava o cartão Macau Pass para idosos, o presidente da CAEAL revelou que o caso foi investigado, mas que não foi possível recolher informações concretas. Além disso, a CAEAL terá recebido a queixa de um membro de uma associação que foi incumbido de recolher um determinado número de assinaturas para uma lista. Seng Ioi Man garantiu que vai acompanhar este caso. O responsável salientou que quem ajude a angariar apoio para formar uma lista para as eleições deve assinar o formulário de nomeação e prestar assistência de forma voluntária e clara. Além disso, o presidente da CAEAL reiterou que os dirigentes de listas ou organizadores de campanha não podem recorrer a coação, fraude, pressão profissional ou promessas de benefícios para influenciar eleitores no apoio a determinada lista, seja através do voto ou da assinatura para constituir uma lista candidata. Para já, foram pedidos à CAEAL nove formulários para constituições de listas para as eleições legislativas, mas ainda nenhum foi entregue. O prazo para apresentar as comissões de candidatura termina a 6 de Junho.
Andreia Sofia Silva Entrevista MancheteRuby Hui, presidente da Associação de Autismo de Macau: “Autismo difere de pessoa para pessoa” Criada em 2012, a Associação de Autismo de Macau continua a lutar por mais cuidados destinados a crianças e jovens com esta perturbação de desenvolvimento. Mas a presidente da associação, Ruby Hui, alerta para a necessidade de políticas mais incisivas para adolescentes e as suas necessidades específicas, sobretudo no acesso ao emprego Que balanço faz do trabalho realizado pela associação nos últimos anos? O meu trabalho é sobretudo estabelecer uma ligação com todas as entidades e recursos disponibilizados pelo Governo e também com a indústria do jogo, pois as autoridades passaram a pedir [no contexto dos novos contratos de concessão de jogo] que desenvolvam mais actividades de apoio social. Portanto, reunimos todos esses recursos para que sejam organizadas actividades recreativas para crianças e jovens. Além disso, organizamos sessões de terapia para os nossos membros. Habitualmente, pedimos apoios financeiros a empresas privadas e ao Governo, cobrindo 30 a 50 por cento dessas despesas. O apoio do sector do jogo é, portanto, bastante importante. Sim, mas na verdade não tem sido um apoio muito grande. Por exemplo, o Governo cobre parte das nossas despesas mensais, cerca de 40 mil patacas. Mas esse montante chega apenas para contratar dois funcionários a tempo inteiro e um funcionário a tempo parcial. São eles que organizam todas as actividades, tratam da parte burocrática, onde se inclui a apresentação de muitos relatórios ao Governo, porque pedimos subsídios para quase metade das nossas despesas. Assim sendo, considera que são precisos mais apoios do Executivo para poder contratar mais profissionais? Sim, seria o ideal. Associações como a nossa estão a ficar maiores e as crianças a que damos apoio estão a crescer. Diria que 60 por cento dos nossos membros têm 11 ou mais anos, e cerca de 20 por cento são ainda maiores, com mais de 14 anos. Temos de pensar no futuro deles e das necessidades em termos de terapia e tratamento para adolescentes, pois não são só os miúdos pequenos que precisam de terapias, como terapia da fala ou ocupacional. São jovens que ainda estão no liceu e precisam de adquirir diferentes tipos de competências sociais, os rapazes precisam de saber lidar com raparigas e vice-versa. Depois, quando se tornam adultos, precisam de saber lidar com os chefes, no emprego. Há muitas valências a explorar e sim, neste momento diria que os apoios não são suficientes. As escolas ainda não estão preparadas para receber estes alunos, por exemplo? O autismo pode ser diferente de pessoa para pessoa. Os alunos com autismo, mas que têm melhores capacidades de aprendizagem, estão em escolas normais. Mas os pais dizem-me que não há professores suficientes com determinadas competências para lidar e ensinar estas crianças. Há professores que têm ainda uma mentalidade muito tradicional para tratar deste tipo de jovens, que muitas vezes têm de lidar sozinhas com situações de bullying, por exemplo. Diria que existem muitas crianças e jovens com autismo com problemas psicológicos por causa da escola. Quando fala da mentalidade tradicional, o que significa isso em concreto? No caso do meu filho, por exemplo, ele é obrigado a estar sempre sentado na escola, mas muitas vezes gosta de se mexer e levantar da cadeira. Do ponto de vista dos pais que têm filhos com este problema, não haveria problema, desde que não incomodasse os outros, mas para os professores não pode ser, e queixam-se. Dizem coisas do género: “Ele vai bater na mesa, vai mexer no quadro, faz muito barulho”. Todos os dias recebo queixas dos pais na ligação com a escola, e por situações pequenas como esta. Quais são as principais dificuldades ou desafios que as famílias de Macau enfrentam quando lidam com um filho autista? No meu caso, a minha família é de classe média, e financeiramente estamos bem. Mas quando o meu filho era mais novo precisou de fazer terapia e ficou muito caro. Agora essas terapias custam ainda mais. No tempo em que o meu filho andava no ensino primário, pagava-se 600 a 700 patacas por cada sessão de terapia, mas há dias um pai disse-me que as sessões custam agora cerca de 1000 patacas por aula, o que é muito caro. Famílias de classes sociais mais baixas não conseguem pagar. Portanto, esse apoio é um dos grandes objectivos da nossa associação, angariar dinheiro para podermos fornecer explicações, sessões de terapia ou outro tipo de apoio. Tudo para que os nossos membros possam frequentar as aulas com 50 por cento de desconto, em que a associação paga metade do valor. Quando a associação foi criada, quais eram os seus principais objectivos? Em 2012 o autismo não era um tema muito falado. Por isso, juntámo-nos [alguns pais e famílias] e começámos a pedir apoio ao Governo e a tentar chamar a atenção para o assunto. Conseguimos algumas coisas, porque o Governo agora dá mais apoio a estes jovens, pelo menos para os que têm menos de 12 anos. O problema que sentimos é que esses jovens estão a crescer e para os adolescentes são necessários outros tipos de apoios, que não existem. O que é preciso mudar nas mentalidades e na sociedade em relação ao autismo? Em Macau não há muitas empresas dispostas a contratar jovens com autismo. Situação que não se verifica em Hong Kong, onde existem vários programas de contratação com empresas de cariz social. Macau precisa seguir esse caminho. Um dia no rio O Dia Mundial da Consciencialização do Autismo celebra-se a 2 de Abril e, nesse contexto, a Associação de Autismo de Macau juntou-se à Sands China para uma série de actividades com crianças e pais, que decorreu no passado dia 10 de Março. Através do Programa “Sands Cares”, a operadora de jogo proporcionou uma visita à exposição “Coastal Fantasia”, com a figura do “Rei Lagosta”, uma criação do artista Philip Colbert, e um passeio de barco pelo Delta do Rio das Pérolas. No total, participaram 70 pessoas. Citada por um comunicado da operadora de jogo, Ruby Hoi disse que o passeio “permitiu às crianças desfrutarem ao máximo da viagem”. “Agradeço por todo o apoio prestado às pessoas com autismo em Macau, e espero que todos os sectores da sociedade possam continuar a apoiar o desenvolvimento destas pessoas e a promover a sua inclusão na sociedade”, referiu. Para a operadora de jogo, este tipo de eventos pode ajudar a “reforçar a coesão das famílias que lidam com o autismo, mas também promover a sensibilização da sociedade e o apoio à comunidade de pessoas com autismo fomentando um ambiente social mais inclusivo e solidário”.
João Santos Filipe Manchete SociedadeRestauração | Lucros de empresa de Chan Chak Mo caem 87,7% No espaço de um ano, os lucros da Future Bright encolheram em 42,6 milhões de dólares de Hong Kong. O grupo aponta como principais razões para a quebra o abrandamento económico e a concorrência dos espaços comerciais no outro lado da fronteira A Future Bright, grupo de restauração detido por Chan Chak Mo, alertou os investidores para uma quebra nos lucros de cerca de 87,7 por cento, para 6 milhões de dólares de Hong Kong. O aviso foi deixado num comunicado à Bolsa de Hong Kong, em que é apresentada parte dos resultados não auditados da companhia. Os resultados esperados contrastam com os resultados de 2023, quando foi registado um lucro de 48,6 milhões de dólares de Hong Kong. Ao contrário desse ano, em que todos os trimestres geraram lucros para o grupo superiores a 10 milhões de dólares de Hong Kong, no ano passado em dois semestres foram acumulados prejuízos. E no segundo trimestre, o prejuízo atingiu 8,2 milhões de dólares de Hong Kong. A situação de redução dos lucros é justificada com os menores gastos dos turistas em Macau e Hong Kong. Apesar desta diminuição, a Future Bright não deixa de reconhecer que os dois territórios até receberam mais visitantes do que no ano precedente. “As operações do Grupo em Macau e Hong Kong continuaram a enfrentar desafios, à semelhança do que acontece com muitos operadores de restauração e bebidas, incluindo o abrandamento económico, a fraca confiança dos consumidores, a tendência predominante de consumir no Interior, a intensa concorrência e o aumento dos custos operacionais”, foi explicado. Todos estes desafios afectaram a rentabilidade do Grupo durante o ano”, foi acrescentado. Fragilidade local Como consequência do menor consumo, o segmento do negócio que se dedica à restauração e catering apresentou perdas de 3,6 milhões de dólares de Hong Kong, em comparação com os lucros de 24,4 milhões do ano anterior. O negócio de vendas de bolos secos e lembranças afirmou-se como o mais lucrativo, ao gerar 15,9 milhões de dólares de Hong Kong, enquanto o ramo de imobiliário gerou lucros de 1,1 milhões de dólares de Hong Kong. Finalmente, o grupo apresentou ainda perdas com outras despesas de 7,4 milhões de dólares de Hong Kong. Em termos de mercados, os principais lucros foram gerados em Hong Kong, com ganhos de 4,4 milhões de dólares de Hong Kong, enquanto em Macau os lucros foram de 1,6 milhões de dólares. No ano passado, após perdas crónicas, a Future Bright deixou de estar presente no Interior. Apesar dos resultados, a administração mostrou-se confiante no futuro: “O conselho de administração está optimista e acredita que o grupo beneficiará da recuperação contínua das despesas com viagens e turismo em Macau e Hong Kong”, pode ler-se no comunicado assinado por Chan Chak Mo, administrador da empresa. Além disso, os administradores prometem ajustar as estratégias comerciais a nível do menos, preços e marketing, para melhorarem a competitividade.
João Santos Filipe Manchete SociedadeInfluenza | Infecções em queda após pico de Janeiro Em Fevereiro, registaram-se menos casos de doenças de declaração obrigatória, o que se deveu à ultrapassagem do pico de gripe, ocorrido em Janeiro. Também diminuíram os casos de norovírus e escarlatina Em Fevereiro, foram registados 1.252 casos de gripe, uma redução de 42,8 por cento face às 2.190 ocorrências de Janeiro. Os números foram divulgados na manhã de ontem pelos Serviços de Saúde (SS), no âmbito da informação sobre as doenças de declaração obrigatória em Fevereiro. Os casos de gripe em Macau estavam a subir desde Dezembro, pelo que Fevereiro representa a primeira variação negativa em dois meses. No último mês do ano passado, o número de casos detectados de influenza tinha sido de 732. Quando a comparação é feita entre Fevereiro deste ano e Fevereiro do ano passado, os números mostram uma redução de 28,2 por cento das ocorrências, que no período homólogo tinham sido de 1.744 casos. No total, em Fevereiro de 2025, os SS registaram 1.539 casos de doenças de declaração obrigatória, uma redução significativa face às 2.529 ocorrências de Janeiro, que em grande parte se explicam com a redução nos números da gripe. Além da gripe, as outras doenças mais activas foram as infecções por norovírus, o principal patogénico da gastroenterite não bacteriana, e a escarlatina. Em relação às infecções por norovírus, foram relatados 62 casos, o que significou uma redução de 24,4 por cento em relação aos 82 casos registados em Janeiro. Quando a comparação é feita com o período homólogo, Fevereiro de 2024, a diminuição é mais acentuada, de 40,4 por cento, dado que nesse mês tinham sido registados 104 casos. De acordo com os SS, a infecção por norovírus é uma doença do tracto gastrointestinal, transmitida principalmente pelo consumo de alimentos ou água contaminados, mas também pelo contacto com vómitos ou excrementos dos doentes, ou outros materiais contaminados. Pode ainda ser transmitida por gotículas de saliva no ar. Menos escarlatina No mês de Fevereiro de 2025, foram ainda contabilizados 60 casos de escarlatina, o que correspondeu a uma redução de 38,1 por cento em relação aos 97 casos registados em Janeiro. Face a Fevereiro de 2024, a redução foi mais acentuada, atingido os 60,5 por cento, face aos 152 casos desse mês. Segundo os SS, a escarlatina é uma doença respiratória aguda transmissível causada pelo estreptococo beta hemolítico do grupo A. Geralmente, o período de incubação é de 1 a 3 dias. A doença é transmitida principalmente através de contacto com as secreções orais ou respiratórias ou salpicos de saliva de doentes infectados. Os infectados estão numa situação de elevado contágio, quer antes, quer depois da manifestação da doença. As pessoas podem contrair escarlatina em qualquer período do ano, mas o pico desta doença ocorre geralmente na Primavera e no Inverno e infecta principalmente crianças entre os dois e os oito anos de idade.
Hoje Macau Manchete PolíticaGongbei | Renovação de posto fronteiriço custa 500 milhões Está previsto um investimento de cerca de 500 milhões de renminbis para a remodelação de várias áreas do Posto Fronteiriço de Gongbei, junto às Portas do Cerco, que diariamente é utilizado por milhares de pessoas. A renovação deverá demorar dois anos, foi ontem anunciado Vem aí um novo Posto Fronteiriço de Gongbei. A informação foi avançada ontem pelas autoridades e noticiada pelo portal Macau News Agency (MNA), que descreve que será feito um investimento de cerca de 500 milhões de renminbis (553 milhões de patacas), para um projecto de renovação que deverá demorar dois anos a estar concluído. Segundo o portal, “o projecto faz parte de uma iniciativa mais vasta de revitalização do distrito de Xiangzhou”, em Zhuhai, e inclui um total de 144 planos, avaliados em 32,9 mil milhões de renminbis, que já se encontram “em fase de preparação”. Para já, sabe-se que a primeira fase do projecto de renovação “inclui também infra-estruturas auxiliares de transporte” e alterações no centro comercial subterrâneo, bem próximo da zona alfandegária e dos passaportes. Ou seja, será melhorada a zona dos autocarros, sendo que a estação de comboios de Zhuhai, bem próxima do posto fronteiriço, também estará integrada neste processo de renovação. O MNA descreve que para esta zona está ainda a ser planeada a construção de habitação e espaços de escritórios. Obras, um ano depois A revitalização do Posto Fronteiriço de Gongbei é anunciada um ano depois de ter sido feito um trabalho de renovação ao edifício principal do posto, que abrangeu 33 mil metros quadrados e que melhorou as infra-estruturas de fornecimento de energia, ar condicionado e abastecimento de água. O edifício foi também alvo de melhorias no exterior, entrada principal e ambiente em redor. O Posto Fronteiriço de Gongbei continua a ser um dos mais utilizados por residentes, turistas e moradores de Zhuhai. Só no dia 18 de Janeiro entraram 430 mil pessoas, sendo considerado pelas autoridades o maior número de entradas e saídas dos últimos cinco anos.
João Santos Filipe Manchete PolíticaComércio | Pedidas mudanças no arrendamento público O legislador ligado à Federação das Associações dos Operários de Macau, Leong Sun Iok, pede ao Governo que apresente alternativas para acabar com as lojas desocupadas durante vários anos e promover a diversificação económica O deputado Leong Sun Iok defende uma nova política de arrendamento dos espaços comerciais geridos pelo Governo nos edifícios de habitação pública. A posição foi tomada através de uma interpelação escrita, para fazer face à redução do número de arrendamentos. Com o objectivo de promover a diversificação da economia, Leong indica a necessidade de aplicar ao arrendamento destes espaços o mesmo tipo de estratégia que foi adoptado no arrendamento dos espaços de restauração do mercado do Patane. Neste espaço, indica o deputado ligado à Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), a escolha dos inquilinos teve por base critérios como “o plano de negócios, a experiência, qualificações e a diversidade dos produtos” vendidos. Este foi um método que Leong indicou ser mais “flexível” e que traduz uma postura do Governo “mais consciente” da realidade actual. No entanto, o legislador lamenta que nas lojas arrendadas nas habitações públicas a escolha ainda seja feita através de um sorteio entre os candidatos interessados, como determinado pelo Decreto-Lei sobre o Regulamento da Concessão, Arrendamento e Cedência Gratuita de Espaços em Edifícios de Habitação Social para o Exercício de Actividades Comerciais. Este é um documento que deputado considera desactualizado, por estar “em vigor há mais de 30 anos”, pelo que questiona o Executivo sobre a vontade de substituí-lo para “ter em conta factores como o actual ambiente social e a situação do mercado”. A pensar na mudança De acordo com a versão apresentada pelo deputado, em Abril do ano passado havia 12 lojas vagas e algumas sem qualquer inquilino desde Março de 2018. “A falta de regularidade na realização de concursos públicos para as lojas de habitação pública não favorece a revitalização e o funcionamento eficaz dos recursos e dificulta o planeamento antecipado dos residentes de acordo com a procura prevalecente no mercado”, criticou. Por isso, Leong questiona o Governo sobre a possibilidade de criar um mecanismo de atribuição do arrendamento destes espaços a cada três meses ou a cada seis meses, para acabar com as situações em que as lojas ficam vários anos desocupadas. Numa altura em que vários espaços comerciais nos bairros residenciais encerram portas ou enfrentam dificuldades para competir com os preços em Zhuhai, Leong Sun Iok defende que se siga o exemplo de Hong Kong. Na perspectiva do legislador, o Governo devia ponderar criar um novo programa, para jovens empreendedores, com menos de 35 anos, em que não há uma renda fixa, e os arrendatários apenas têm de pagar 20 por cento dos lucros líquidos obtidos com o negócio.
João Santos Filipe Manchete SociedadeFogo | Dois incêndios levam duas mulheres ao hospital Os incêndios de ontem no Edifício Hoi Fu e no Edifício Jardim Iat Lai fizeram subir para seis o número de fogos em habitações no espaço de um mês. As mulheres levadas para o hospital foram consideradas em situação estável Duas mulheres foram ontem transportadas para o hospital, na sequência de um incêndio que deflagrou no Edifício Hoi Fu. Este foi um dos dois incêndios de ontem em edifícios habitacionais que fez subir para seis o número de ocorrências no espaço de um mês. De acordo com a informação do Corpo de Bombeiros, citada pelo canal chinês da Rádio Macau, na origem das chamas terá estado um curto-circuito num ar-condicionado. Nenhum dos ocupantes da casa sofreu ferimentos graves, mas duas mulheres, com 66 e 32 anos, tiveram de ser transportadas para o hospital, devido à inalação de fumos. Além das duas mulheres feridas, mais cerca de 60 residentes tiveram de abandonar as habitações, temporariamente, tendo regressado a casa posteriormente. O incêndio, que aconteceu no 29.º andar, provocou chamas de grande dimensão que acabaram por ser extintas pelos bombeiros. Após a intervenção, os bombeiros indicaram que todo o apartamento ficou com marcas de fumo, embora algumas divisões tenham sido afectadas de forma mais ligeira. A dobrar Além do caso no Edifício Hoi Fu, o Corpo de Bombeiros voltou a ter de entrar em acção, por volta das 9h, no Toi San. Segundo a informação disponibilizada, deflagrou um incêndio no Edifício Jardim Iat Lai que fez com que cerca de 30 pessoas tivessem de abandonar temporariamente as habitações. Ao contrário da primeira ocorrência da manhã, não houve necessidade de transportar qualquer dos habitantes do edifício para o hospital, e as chamas foram extintas por um dos administradores do edifício. Neste caso, suspeita-se de fogo posto, dado que foram encontrados vestígios de papéis queimados no sétimo andar, perto do local onde as chamas terão deflagrado. Em reacção ao fogo no Edifício Hoi Fu, o Instituto de Acção Social (IAS) indicou que seguiu o primeiro caso com muita atenção e enviou equipas de auxílio para o local. Os ocupantes do apartamento mais afectado precisaram de abrigo. Além disso, não se registaram mais pedidos de auxílio. No caso do Edifício Jardim Iat Lai, o IAS indicou que não recebeu qualquer pedido de ajuda, apesar de estar disponível para dar resposta a qualquer solicitação. Nos últimos tempos, o território tem atravessado uma vaga de incêndios em edifícios habitacionais, o que levou alguns deputados, como Lo Choi In e Si Ka Lon, a pedirem às autoridades para adoptarem novas medidas de segurança. Lo Choi In, deputada ligada à comunidade de Jiangmen, mostrou-se preocupada com o facto de no incêndio do Edifício do Lago o alarme não ter funcionado. Por sua vez, Si Ka Lon apelou ao Governo para ponderar a hipótese de financiar a utilização de gás natural, ao apoiar a instalação nos edifícios locais dos canos de distribuição.
João Santos Filipe Manchete SociedadeJockey Club | Abortado plano para enviar 100 gatos para Zhuhai O Macau Jockey Club pretendia enviar 100 gatos para Zhuhai, mas abortou o plano depois de ter sido pressionado por cidadãos e associações de protecção dos animais O Macau Jockey Club e o Instituto para os Assuntos os Municipais (IAM) cancelaram um plano para enviar cerca de 100 gatos para Zhuhai, para um destino que as autoridades não quiseram revelar. A polémica estalou ao final do dia de quinta-feira, quando começou a circular a informação de que cerca de 100 gatos, criados no Macau Jockey Club, iam ser enviados para Zhuhai, na tarde do dia seguinte. Contudo, a falta de garantias sobre a segurança dos animais levou vários cidadãos e associações de protecção de animais a mobilizarem-se online, mas também através dos órgãos de comunicação de Hong Kong, para impedirem o desfecho que se adivinhava trágico para os animais. Ao mesmo tempo, começavam também a surgir acusações de que o Macau Jockey Club tinha promovido uma campanha de adopções de “fachada”, com pouca promoção, apenas durante dois dias, da qual só resultaram quatro adopções. Além disso, a instituição terá recusado que alguns cidadãos e associações de protecção dos animais ficassem com vários gatos, com a justificação de que não haveria mais animais para adopção. Face às crescentes críticas públicas, na sexta-feira de manhã, o IAM emitiu um comunicado a defender o Macau Jockey Club e a garantir que Zhuhai tinha condições para receber os animais. Contudo, o IAM nunca identificou o local para onde iriam ser levados os gatos. “Tendo em consideração o bem-estar dos animais, o IAM está satisfeito com a esterilização dos gatos realizada pelo Macau Jockey Club e com as medidas tomadas”, foi indicado. “Recentemente, este Instituto procedeu à inspecção sanitária dos referidos gatos, incluindo a introdução de microchips, vacinação anti-rábica e examinação clínica. O IAM irá emitir os documentos sanitários necessários para a passagem fronteiriça dos gatos exportados, em estrita conformidade com as disposições nacionais, prestando apoio na passagem fronteiriça”, foi acrescentado. O instituto liderado por Chao Wai Ieng veio ainda defender o Jockey Club ao assegurar que tinha recorrido a “vários canais para que alguns gatos fossem adoptados pelos seus trabalhadores e pelo público”. Afinal havia outra Com a polémica a ganhar tracção não só em Macau, mas também em Hong Kong, Mary Jean Reimer, actriz, advogada e activista pelos direitos dos animais de Hong Kong, disponibilizou-se para adoptar todos os animais. Reimer, que é casada com Sean Hotung, da famosa família Hotung, apresentou ainda um plano para levar os gatos para um terreno no Interior, onde garantia a segurança dos animais. Por esta altura, também Zoe Tang, presidente da ANIMA, revelou em declarações ao portal All About Macau que estava a tentar contactar o Jockey Club e a proprietária e deputada Angela Leong para impedir o desfecho, embora sem sucesso. A ANIMA mostrava-se ainda receptiva a ficar com os animais, até que pudesse levar a cabo mais campanhas de adopção. Em vários grupos online de defesa dos animais de Macau, Angela Leong tornava-se também alvo de várias críticas, com acusações de que não tinha aprendido nada sobre a forma como tinha lidado com os 500 galgos no Canídromo, que acabaram abandonados no local, com as associações locais, conjuntamente como IAM, a promoverem campanhas internacionais de adopção. Mudança final Como consequência da polémica e do desagrado face à atitude das as autoridades, por volta das 17h30, o Macau Jockey Club anunciou ter cancelado o envio dos animais para Zhuhai, com cerca de 60 felinos a serem enviados para outras associações. Em comunicado, a empresa sublinhava igualmente “respeitar e valorizar as preocupações e opiniões dos grupos de protecção dos animais” e que ia promover uma campanha de adopções com a ANIMA. O Macau Jockey Club destacou ainda cumprir sempre “as suas responsabilidades sociais”. Além disso, foi organizada uma nova campanha de adopções, em parceria com a ANIMA, que decorreu ontem e que disponibilizava cerca de 30 gatos para adopção. No caso de não serem todos adoptados, está prevista a continuação da campanha no próximo fim-de-semana.
João Santos Filipe Manchete PolíticaOrçamento | Kevin Ho defende subsídios só para quem mais precisa Numa altura em que se espera a apresentação das Linhas de Acção Governativa, as primeiras do novo Governo, Kevin Ho apela à precisão na distribuição de apoios sociais O deputado de Macau na Assembleia Popular Nacional e empresário Kevin Ho defende que o Governo deve ser cauteloso com o orçamento da RAEM, e fazer uma distribuição mais precisa dos apoios sociais. A mensagem foi deixada através de declarações prestada à TDM. “No que diz respeito aos beneficiários da assistência social, o Governo tem de ser mais preciso na sua distribuição. Os que têm mais necessidades devem receber mais”, afirmou o empresário. Nos últimos tempos, vários representantes de diferentes associações têm defendido uma nova distribuição de apoios, apesar de oficialmente o orçamento da RAEM não ser deficitário. No primeiro mês do ano, o orçamento teve um superavit de 3,68 mil milhões de patacas, menos 1,74 mil milhões de patacas do que no primeiro mês do ano passado. “Quer se trate dos subsídios anteriores, em dinheiro, ou das várias políticas preferenciais para os residentes, como a distribuição dos dividendos das receitas da RAEM […] os que têm maiores necessidades devem receber mais apoio”, justificou o empresário. Um dos apoios que tem sido visado por alguns deputados e associações é o programa de comparticipação pecuniária, também conhecido como o “cheque pecuniário”, de 10 mil patacas para residentes permanentes e 6 mil patacas para residentes não-permanentes. Embora não tenha sido visado por Kevin Ho, foram várias as vozes políticas locais que pediram a eliminação do apoio para os residentes que não vivem pelo menos metade do ano na RAEM. Confiança no Governo A emissora pública ouviu também Lao Chi Long, empresário local e membro da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês (CCPPC), que apesar de reconhecer as limitações no estado actual da economia, mostrou confiança no Executivo de Sam Hou Fai para dar a volta à situação. “Embora a economia possa não ter um desempenho tão bom quanto o esperado, estou confiante que o Governo da RAEM tem a capacidade de mudar esta situação e implementar mais políticas para impulsionar um desenvolvimento económico positivo”, afirmou Lao, citado pelo Canal Macau. Nos últimos tempos, têm surgido cada vez mais pedidos de apoio às pequenas e médias empresas que não estão a beneficiar do aumento do número de turistas do Interior. Também diferentes representantes do mercado imobiliário, como o ex-deputado Ung Choi Kun, têm defendido políticas de apoio a empresários, construtoras e redução de impostos, para promover mais compras e vendas de casas e espaços comerciais.
João Luz Manchete PolíticaMacau Pass | CAEAL atenta a solicitações em trocas A Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa não recebeu uma “queixa formal” sobre o caso da idosa que terá sido convidada a assinar uma lista para as eleições enquanto trocava o cartão Macau Pass. Ainda assim, a comissão diz estar preocupada e que presta “especial atenção” à situação Mesmo sem qualquer queixa formal, a Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL) garante que vai estar atenta ao processo de troca de cartões Macau Pass para idosos, no âmbito do programa de incentivo ao consumo Grande Prémio do Consumo. “Mesmo que ainda não tenha recebido uma queixa formal sobre a situação, a CAEAL vai manter-se em contacto com a Direcção dos Serviços de Economia e Desenvolvimento Tecnológico (DSEDT) e acompanhar de perto a situação e todas as notícias relativas às eleições legislativas a ter lugar no corrente ano”, indicou a CAEAL em resposta a questões colocadas pelo HM. Recorde-se que na segunda-feira passada, uma residente afirmou aos microfones do programa Fórum Macau, do canal chinês da Rádio Macau, que a sua avó teria sido convidada a assinar um boletim de propositura de candidatura às eleições legislativas quando trocava numa associação local o cartão Macau Pass para idosos para participar no Grande Prémio do Consumo. Sobre este episódio, o organismo que organiza e fiscaliza as eleições legislativas, liderado pelo magistrado Seng Ioi Man, assegura estar a acompanhar o caso. “Aos comentários tecidos pela ouvinte da Rádio Macau sobre a troca do Cartão da Macau Pass para Idosos, a CAEAL presta especial atenção, e para inteirar-se da situação, entrou em contacto imediatamente com a DSEDT, que é responsável pela coordenação do trabalho de substituição daquele cartão com as instituições de serviço social e associações cívicas colaboradoras.” Secar a concorrência Na semana passada, a DSEDT afirmou ao HM ter realizado sessões de formação, emitiu orientações para as associações cívicas que estão a colaborar com o Governo na troca de cartões Macau Pass para idosos e lembrou aos funcionários que devem limitar o seu serviço à substituição dos cartões. “A DSEDT continuará a fiscalizar todos os postos de serviços, e caso verifique a violação das orientações em qualquer um destes, cessará, de imediato, o serviço de substituição de cartões disponibilizado pelo posto de serviço envolvido”, acrescentou a entidade liderada por Yau Yun Wah ao HM. O HM procurou conhecer as consequências para casos em que as associações cívicas tanto junto da CAEAL, como da DSEDT. Além do encerramento dos postos de troca de cartões, não foi referido se haveria alguma consequência legal, ou infracções às leis que regulam as eleições. O ex-deputado Au Kam San apresentou uma explicação para o “nervosismo” das principais associações tradicionais recorrerem a todos os expedientes para recolher o máximo de assinaturas possíveis, mesmo quando prestam serviços públicos, como a troca de cartões Macau Pass para idosos. “Isto é uma táctica, porque na mesma eleição, qualquer eleitor só pode assinar uma vez uma lista (…), caso contrário estará a cometer um crime. Quanto mais assinaturas uma lista conseguir, mais espaço retira a outras listas. Se uma associação reunir 50.000 assinaturas, mesmo que só submeta 500 e que as restantes 49.500 sejam deitadas no lixo, esses eleitores não vão poder assinar outras listas”, indicou Au Kam San numa publicação no Facebook. O ex-deputado salienta que apesar de não ser punido com prisão quem assina mais do que uma propositura de candidatura, além do pagamento de multa, o eleitor pode ficar com registo criminal.
Andreia Sofia Silva Entrevista ManchetePaul French, escritor: À procura de Wallis Simpson na China O Festival Literário Rota das Letras, que começa na sexta-feira, vai contar com a presença do escritor Paul French, que lançou no ano passado um novo livro biográfico, “Her Lotus Year”, que descreve a vivência de Wallis Simpson na China, antes de ser duquesa de Windsor. O autor britânico irá também falar sobre “Destination Macau”, um relato nostálgico e quase cinematográfico da história da cidade Como chegou à história da experiência de vida de Wallis Simpson na China? Vivi em Xangai durante muitos anos e muitos visitantes sabiam que Wallis Simpson tinha passado um tempo na cidade. Corriam rumores sobre o que tinha feito, e os visitantes queriam sempre saber se os boatos eram verdadeiros, como a ideia de que ela tinha aprendido técnicas sexuais esotéricas ou se tinha posado nua para fotografias. Também se falava que tinha pertencido a um grupo de contrabando de ópio, ou a um grupo de apostas que combinava corridas de cavalos. Para mim, como autor e especialista nas experiências de estrangeiros em Xangai na primeira metade do século XX, nada disto fazia sentido. Então pensei que esta era a altura ideal para descobrir realmente o que Wallis tinha feito na China. O facto de ela ter estado no país em 1924 e 1925, dois dos anos mais fascinantes da história da China moderna, ajudou bastante. Como descreve a vida da duquesa no país durante aquele período político específico? A China estava num caos total quando ela lá esteve, pois Puyi, o último imperador, tinha sido expulso da Cidade Proibida e ocorreram as maiores greves de sempre na história de Hong Kong. Além disso, registaram-se fracções políticas em Guangzhou, senhores da guerra a lutar em Xangai e no Norte da China. Esses foram também os anos mais húmidos de que há registo na China, com quebras de produção nas colheitas e a ocorrência de surtos de febre tifoide e cólera. Disparou o número de bandidos e piratas. Depois, em Março de 1925, morreu Sun Yat-sen, líder da revolução republicana de 1911, sem que tenha deixado um sucessor óbvio. Wallis deparou-se com tudo isto, pois ficou retida na ilha de Shamian, em Guangzhou, enquanto a cidade se debatia; em Xangai, viu cadáveres a serem trazidos para a cidade, vindos das batalhas dos senhores da guerra; viu vítimas de tifo e cólera em Tianjin; e tropas dos senhores da guerra a ameaçarem Pequim. Mas também se encontrava, em grande parte, numa bolha protectora estrangeira que a protegia dos soldados estrangeiros e da sua pele branca. Podia deleitar-se com a cultura e a estética da China, enquanto à sua volta o país inteiro ameaçava explodir. Como era a personalidade de Wallis Simpson, figura controversa no contexto do casamento com o duque de Windsor? É muito importante não confundir a Wallis de 1924 com a Wallis posterior, dos longos anos de exílio e controvérsia como Duquesa de Windsor. Em 1924, Wallis tinha apenas 28 anos, fugia de um marido fisicamente abusivo (o seu primeiro marido, Win Spencer, um comandante da marinha americana) e ainda não era particularmente sofisticada ou cosmopolita. Estas eram caraterísticas que aprenderia na China, misturando-se nas “colónias” [concessões] estrangeiras internacionais e boémias de Xangai e Pequim. De facto, foi em Pequim que se misturou pela primeira vez com embaixadores, políticos chineses de alto nível, oficiais militares de alta patente e estetas, e com eles aprendeu tudo, desde jogar bridge e apreciar jade até como se comportar na alta sociedade. Obviamente, isso foi útil uma década mais tarde, quando conheceu o Príncipe de Gales em Inglaterra. É certo que a Wallis posterior, a duquesa, é uma figura mais difícil de gostar. Talvez ela e o duque tenham tomado algumas más decisões políticas e feito algumas amizades, talvez Wallis se tenha tornado um pouco amarga por não ter sido aceite pela família real britânica. Mas o certo é que em 1924 era jovem, livre de um mau marido e estava num dos países mais fascinantes do mundo. O que podem os leitores percepcionar desta figura e sobre a China daquele tempo, com “Her Lotus Year”? A China em 1925 estava à beira de uma potencial explosão, pois todo o país poderia ter caído no caos total, dividindo-se em territórios do tamanho de Portugal geridos por senhores da guerra com exércitos privados, ou uma dinastia Qing ressurgente apoiada pelo Japão no Norte [da China], os republicanos no Sul e, claro, as potências estrangeiras – Inglaterra, América, França e Japão – que detinham terras chinesas como colónias. Em última análise, isso não aconteceu, mas ninguém sabia disso em 1925. A própria Wallis oscilou entre sentir-se incrivelmente confortável e feliz naquele que foi o seu “Ano de Lótus”, como a própria o descreveu, citando os soporíferos náufragos de Homero que nunca querem regressar a casa; e sentir-se aterrorizada com a violência dos senhores da guerra ou daqueles que eram contra estrangeiros. Quais os maiores desafios, como escritor, no processo de investigação da história de Wallis? Wallis tornou-se provavelmente a mulher mais fotografada e falada da história, mais do que Marilyn Monroe, mais do que até a Rainha Isabel II. Mas em 1924 ela não era famosa de todo. Por isso, deixou um rasto muito difícil de seguir. Escreveu as suas memórias, mas estas foram “desinfectadas”. Um grande problema foram também os rumores que o Governo britânico e os serviços secretos fizeram circular em 1936, numa tentativa de destruir a ideia de um casamento entre o Rei Eduardo VIII e Wallis. A tentativa falhou, pois ele abdicou do trono e eles casaram, mas esses rumores e insinuações sexuais, muitos deles racistas e misóginos, mantiveram-se até hoje, além de que continuam a ser regularmente reciclados na imprensa tabloide britânica e americana. Achei a verdadeira Wallis uma personagem muito mais simpática do que esperava, e espero que os leitores também sintam isso. É convidado de mais uma edição do Rota das Letras. Como se sente por fazer parte do festival? Adoro fazer parte do Festival Literário de Macau. Embora já tenha falado antes em Macau, nomeadamente na Livraria Portuguesa e outros locais, nunca tinha participado no festival. Estou ansioso por poder falar sobre Wallis Simpson e também sobre a minha nova colecção de ensaios sobre Macau, intitulada “Destination Macau”. Algumas histórias de Macau que me têm agradado ao longo dos anos, algumas delas apresentadas com um olhar mais inglês, por assim dizer, poderão interessar e serão uma novidade para o público local. Livro | “Destination Macau”, a cidade entre “o imaginário e o real” Paul French acaba de lançar o terceiro volume da colecção “Destination”, que teve edições sobre Xangai ou Pequim, e que agora se dedica a contar histórias da Macau antiga, um “lugar tão imaginário como real”, como descreve a sinopse da obra. A obra do autor britânico apresenta “a Macau dos artistas George Chinnery e George Smirnoff, dos escritores Deolinda da Conceição e Maurice Dekobra, até às fantasias da ‘Pulp Fiction’ e sonhos febris cinematográficos de Josef von Sternberg e Jean Delannoy”. Não faltam ainda, escritas pela pena de Paul French, histórias em torno de figuras históricas como Pedro José Lobo e Ian Fleming, autor e criador de James Bond. É descrita a Macau do tempo da II Guerra Mundial, dos que “vieram para Macau em busca de ouro e os que procuravam refúgio da guerra”, sem esquecer “os combatentes que procuravam uma passagem secreta através da ‘neutra’ Macau”. Paul French desvenda mistérios ou conta histórias esquecidas para muitos, como a ideia de que o Japão terá tentado comprar Macau em 1934 ou a pessoa que navegou com a rainha dos piratas de Macau, Lai Choi San. São, ao todo, 18 histórias “verdadeiras de pessoas fascinantes que viveram ou visitaram Macau nos séculos XIX e XX”.
João Santos Filipe Manchete SociedadeExplosão | Taiwan revela morte de menina ocorrida em Macau A informação da morte da menina de dois anos em Macau apenas foi confirmada pelos Serviços de Saúde (SS), depois de ter sido revelada, em primeira mão, pelos órgãos de comunicação social da antiga Formosa. Os SS consideram que atenderam a “todas as necessidades” da vítima e da família em tempo útil Faleceu a menina de dois anos que tinha sido atingida por detritos projectados por uma explosão em Taiwan. Apesar do óbito ter acontecido na sexta-feira, no Centro Hospitalar Conde São Januário, a informação foi divulgada na noite de quarta-feira pelos órgãos de comunicação social de Taiwan. O caso remonta a 13 de Fevereiro, quando uma família com sete elementos de Macau estava a fazer turismo em Taichung e foi atingida por vários objectos projectados para a rua, devido a uma explosão no 12.º andar de um centro comercial. Nesse dia, foram declarados mortos dois residentes, os avós da família. Contudo, a menina de dois anos, neta das outras vítimas mortais, ficou em coma, com lesões cerebrais, ligada à máquina e a lutar pela vida. A menina foi transportada para Macau a 26 de Fevereiro, permanecendo sempre em coma, e internada no Centro Hospitalar Conde São Januário. Na sexta-feira à noite, 7 de Março, acabou por falecer. A informação foi comunicada aos meios de comunicação social de Taiwan pelo homem que no dia do acidente ajudou a transportar a menina de urgência para o hospital. No entanto, a informação do óbito não foi comunicada em Macau. A informação apenas foi tornada pública, depois notícia ter sido avançada pelos órgãos de comunicação social de Taiwan, onde o caso ainda está a ser investigado e promete muitos desenvolvimentos, pela necessidade de serem apuradas responsabilidades sobre o acidente e pagas as compensações às famílias das vítimas. Do acidente, no que diz respeito a vítimas de Macau, resultaram outros quatro feridos que recuperaram sem problemas. Atrás do prejuízo Com a informação dos órgãos de comunicação social de Taiwan a ser divulgada nas redes sociais, e a chegar a alguns órgãos de comunicação social locais, os Serviços de Saúde acabaram por emitir um comunicado, na madrugada de quinta-feira, em chinês. A informação em português apenas foi disponibilizada de manhã. “Os Serviços de Saúde informaram que, após a obtenção do consentimento da família, foi agora anunciado que a menina de Macau que ficou ferida na anterior explosão de gás em Taichung morreu no Hospital Conde de S. Januário no dia 7 deste mês”, foi confirmado. As autoridades defenderam ainda a qualidade dos serviços prestadas à vítima e à família: “Os Serviços de Saúde manifestaram profundo pesar pela morte da menina e apresentaram as mais profundas condolências à sua família, também foram prestados apoio emocional e serviços de aconselhamento aos familiares e atendidas as suas necessidades em tempo útil”, foi acrescentado. Críticas online Com a notícia do óbito por parte dos órgãos de comunicação de Taiwan, surgiram vários comentários online a lamentar o sucedido e a desejar as condolências à família. No entanto, a postura do Governo e dos órgãos de comunicação social de Macau foi igualmente alvo de várias críticas, face à incompreensão pelo facto do desfecho deste caso, que foi altamente mediático, apenas ter sido conhecido através dos órgãos de comunicação social de Taiwan. Em alguns dos grupos de conversação mais populares do território em chinês tradicional lamentava-se a falta de transparência do Governo da RAEM e a falta de vontade dos órgãos de comunicação social para noticiarem eventos fora da agenda do Governo.
João Santos Filipe Manchete SociedadeCombustíveis | Pedida nova equipa para controlar preços A associação Poder do Povo, presidida por Lam Weng Ioi, afirma que os produtos e serviços derivados do petróleo têm preços excessivos no território e pede uma supervisão séria por parte das autoridades A associação Poder do Povo defende a criação de um grupo de trabalho para controlar as flutuações dos preços ligados aos produtos derivados do petróleo em Macau. A posição foi tomada pelo presidente Lam Weng Ioi, através de uma carta entregue na sede do Executivo. De acordo com a mensagem divulgada ontem, a associação considera “evidente” que os preços precisam de ser regulamentados porque “se mantêm” sempre “muito elevados”, com uma média superior a 14 patacas por litro de gasolina, apesar do preço do crude sofrer várias flutuações. Na perspectiva da associação dirigida por Lam, a necessidade de supervisão fica ainda mais clara, quando actualmente os preços praticados são muito semelhantes aos que eram cobrados em outras alturas quando o preço do petróleo era muito mais alto. “O aumento dos preços destes bens de primeira necessidade está invariavelmente a aumentar os encargos da população”, é argumentado. Por isso, a associação Poder do Povo sugere um grupo para “monitorizar e controlar os preços” dos derivados do petróleo, e em principalmente aqueles dos bens ou serviços com maior impacto na vida da população, como o preço dos combustíveis, transportes, comunicações e electricidade. “As empresas relevantes devem ser sujeitas a licenciamento e supervisão”, foi indicado. A associação indica também que as empresas “que exploram serviços públicos devem ser obrigadas a divulgar informações sobre os preços e a limitar os seus lucros, devendo os seus dados financeiros ser auditados e publicados”. “O Governo deve avaliar os preços e o desempenho operacional das empresas em causa e rever regularmente as licenças, bem como introduzir mais concorrentes através de concursos públicos regulares”, foi acrescentado. Luta eterna Também na carta a associação se insiste numa das suas principais bandeiras, o controlo da emissão de autorizações para trabalhadores não residentes. “De acordo com as queixas dos nossos membros, algumas empresas controladas ou fiscalizadas pelos serviços públicos, como parques de estacionamento ou outros serviços subcontratados pelos serviços públicos, estão cheias de trabalhadores não residentes, para trabalhos como limpezas, gestão de condomínios e até engenharia”, foi indicado. “Não apoiamos a discriminação dos trabalhadores não residentes, mas o Governo deve tomar a iniciativa de incentivar estas empresas a contratarem mais trabalhadores residentes, principalmente na situação económica actual”, foi frisado. “A prioridade dos trabalhadores locais no acesso ao emprego não deve ser apenas um slogan vazio”, foi concluído.
João Luz Manchete PolíticaMacau Pass | Troca de cartão polémica devido a cobrança Depois de um idoso se queixar de lhe terem pedido 50 patacas para trocar o Macau Pass, o Governo afirmou que a partir de hoje não há cobranças, depois de anunciar que a troca era gratuita. Quanto ao pedido para assinar listas para as eleições, o Executivo garantiu ao HM que se tiver conhecimento de irregularidades encerrará postos de troca de cartões Depois de uma queixa na segunda-feira de que uma idosa terá sido convidada a assinar um boletim de propositura de candidatura às eleições legislativas quando trocava o cartão Macau Pass para idosos para participar no Grande Prémio do Consumo numa associação local, ontem o processo voltou a conhecer um novo episódio. Mais uma vez, no programa Fórum Macau do canal chinês da Rádio Macau, um idoso queixou-se de lhe ter sido cobrado 50 patacas para trocar o cartão Macau Pass para Idosos que permite participar no programa de descontos e incentivo ao consumo Grande Prémio do Consumo. O caso ocorreu numa loja da Macau Pass onde o funcionário terá informado o residente de que se fizesse a troca num dos cerca de 60 postos de troca em serviços sociais e associações locais o serviço seria gratuito. Recorde-se que no final da semana passada, no dia em que começou a troca de cartões, a Direcção dos Serviços de Economia e Desenvolvimento Tecnológico (DSEDT) emitiu um comunicado a informar que “o tratamento das formalidades de substituição” dos cartões era gratuito. Também o pedido de um cartão temporário não teria encargos. “Caso os idosos necessitem de utilizar o cartão durante o período de substituição, a Macau Pass fornecer-lhes-á gratuitamente um cartão de utilização temporária”, mesmo nos centros de serviços da Macau Pass. Depois da queixa, a DSEDT esclareceu que as 50 patacas cobradas seriam devolvidas no saldo do novo cartão. Além disso, o Governo negociou com a Macau Pass para, a partir de hoje, terminarem a pré-cobrança de taxas para trocar os cartões. Perninha eleitoral Além da cobrança de 50 patacas, a troca de cartões e o pedido de cartões temporários que se faz exclusivamente nas lojas da Macau Pass tem sido criticada pelas longas filas que tem gerado. O deputado Pereira Coutinho foi uma das vozes que denunciou a situação. Por outro lado, quando o serviço de troca de cartões decorria apenas há três dias úteis, uma residente alegou que a sua avó foi convidada a assinar um boletim de propositura de candidatura às eleições legislativas quando tentava trocar o cartão Macau Pass para idosos numa associação local. O HM contactou todos os serviços públicos envolvidos (Instituto de Acção Social, Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa e DSEDT), para saber se estaria em curso alguma investigação relacionada com acções eleitorais durante as trocas dos cartões para idosos, e quais as consequências, e só obteve resposta da DSEDT. O organismo liderado por Yau Yun Wah começou por referir que a DSEDT organizou sessões de formação e esclarecimentos para “as entidades colaboradoras em relação aos procedimentos de substituição de cartões para idosos”. Além disso, a DSEDT afirmou ter elaborado “Orientações de operação e confidencialidade” e solicitou “aos funcionários de todos os postos de serviços que as cumprissem rigorosamente”. Em relação ao pedido para assinar proposituras de candidaturas durante a troca de cartões, a DSEDT salienta ter “lembrado aos seus funcionários que se devem conformar com as orientações para prestar assistência aos residentes na substituição de cartões, limitando-se apenas o serviço disponibilizado ao de substituição de cartões”. Comunicação que a DSEDT garantiu ao HM, num e-mail enviado ao fim da tarde de quarta-feira, ter sido reiterada “há alguns dias”. Em relação a possíveis consequências de aproveitamento eleitoral de associações no trabalho de substituição de cartões, o Governo garantiu ao HM que estará atento. “A DSEDT continuará a fiscalizar todos os postos de serviços, e caso verifique a violação das orientações em qualquer um destes, cessará, de imediato, o serviço de substituição de cartões disponibilizado pelo posto de serviço envolvido”, foi acrescentado.
João Santos Filipe Manchete PolíticaEconomia | Lei Chan U pede explicações sobre turismo de saúde O deputado dos Operários pede ao Executivo que apresente as medidas que vai adoptar para fomentar a indústria do turismo de saúde, que é vista como um dos pilares da diversificação económica O deputado Lei Chan U pretende que o Governo apresente as medidas que vão ser adoptadas para concretizar a política de exploração do turismo de saúde. A pergunta faz parte de uma interpelação escrita, e surge depois do Hospital das Ilhas ter entrado em funcionamento, em Setembro do ano passado. Segundo o deputado, o Executivo indicou que o caminho para explorar o turismo de saúde passava pela criação de parcerias entre as autoridades, as concessionárias de jogo e os diferentes serviços médicos. Contudo, legislador ligado à Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM) considera que é necessário disponibilizar mais informação sobre o que realmente se pretende para o sector e como se vão concretizar os objectivos: “Qual é o ponto de situação sobre o aproveitamento do Centro Médico de Macau do Peking Union Medical College Hospital como catalisador para atrair mais turistas de saúde e promover o desenvolvimento deste sector em Macau?”, questiona o deputado dos Operários. “E que medidas concretas foram adoptada pelo Governo para efectivamente aplicar esses planos?”, acrescenta. Segundo o entendimento de Lei Chan U, com o Hospital das Ilhas em funcionamento desde Setembro de 2024 é necessário “reforçar gradualmente o seu papel e as suas funções na promoção do desenvolvimento do sector”. Hospitais de dia Além de pedir na interpelação escrita que se passe do papel à realidade, Lei Chan U questiona o Executivo sobre os planos para criar os chamados “hospitais de dia”. Inicialmente apresentada no ano passado, a ideia passa por criar novas unidades de saúde no sistema de licenciamento, que ocupem uma função intermédia, entre as clínicas e os hospitais. De acordo com os moldes apresentados, e citados por Lei Chan U, a criação das novas unidades de saúde implica a alteração do regime de licenciamento das instituições de saúde. E o Governo prometeu uma nova consulta pública neste sentido. Porém, ainda não se verificaram desenvolvimentos. Como tal, Lei pede um ponto da situação: “A Administração indicou que vai lançar uma consulta pública sobre o aumento do número de licenças para os hospitais de dia no primeiro trimestre de 2025. Qual é o ponto da situação dos trabalhos preparatórios da consulta pública? Quando está previsto o início da consulta pública?”, interroga. Apresentado como um dos grandes projectos na área da saúde em Macau, o Hospital das Ilhas abriu no ano passado, em Setembro. No entanto, ao contrário do que chegou a ser esperado não é um hospital público, e a gestão foi entregue a uma entidade privada, o Peking Union Medical College Hospital. Quando pretendem utilizar estes serviços, os residentes têm de pagar como qualquer turista ou outro cliente. A única forma de serem atendidos em condições iguais às do sector público acontece quando os residentes são encaminhados para este hospital pelos Serviços de Saúde.
Andreia Sofia Silva Grande Plano MancheteIC | Lançado livro sobre as raízes históricas da Rua das Estalagens “In Search of Its Roots – An Illustrated History of Rua das Estalagens” é o nome da obra bilingue, lançada em formato digital, que conta a história desta rua histórica de Macau, revelando os negócios que sobreviveram à passagem do tempo. A produção esteve a cargo da Sociedade de Artistas de Macau, com o apoio do Instituto Cultural e da Sands China A história serpenteia pela Rua das Estalagens desde finais do século XIX. A estreita artéria sempre foi palco de um intenso reboliço social e comercial e foi onde Sun Yat-sen, considerado o pai da China moderna e da revolução republicana, abriu farmácias e drogarias, sobretudo a partir de 1893. Ao longo dos anos, a Rua das Estalagens, no Porto Interior, foi um exemplo vivo do comércio, sendo que os governadores portugueses foram, progressivamente, expandindo a rua, composta por edifícios do estilo chinês e templos, como o Templo do Bazar e Templo da Deusa Noi Wo. Todos estes pedaços de história se contam agora na publicação digital “In Search of Its Roots – An Illustrated History of Rua das Estalagens”, obra produzida pela Sociedade dos Artistas de Macau e de autoria de Siguo Chen nos textos e ilustrações de Shirley Lu. Os responsáveis pela edição são o Instituto Cultural (IC) e a operadora de jogo Sands China. Segundo uma nota de imprensa da Sands China, o livro, em chinês e inglês, pretende “destacar o passado fascinante da histórica rua de Macau e a beleza do seu legado”, contendo entrevistas com figuras ligadas à rua, sejam comerciantes ou moradores. Pretende-se, deste modo, levar “residentes e visitantes a redescobrir a preciosidade das lojas centenárias e o património cultural da rua através de histórias lendárias”, para que estes possam “alargar a sua compreensão sobre a transformação do bairro e dos seus habitantes”. O conteúdo do livro resulta de “conversas próximas com representantes de associações, entidades empresariais e residentes do bairro”, tendo como fonte dezenas de histórias orais que facilmente se podem perder se não forem registadas. Esta obra não fica encerrada no mundo digital, tendo sido impressa para constar nas bibliotecas públicas de Macau e escolas, a fim de “promover o sentido do património cultural e realçar os laços mútuos entre as pessoas de Macau”, pretendendo ser “um recurso comunitário valioso para aprofundar a compreensão e a apreciação de Macau e da rua”. 200 anos de história Um dos destaques dado no livro é ao sector têxtil que sempre predominou na Rua das Estalagens. No capítulo intitulado “Two Centuries of Prosperity: Spinning a Legacy in the Textiles Trade” [Dois séculos de prosperidade: A construção de um legado no comércio de têxteis], lê-se que “a Rua das Estalagens sempre foi um centro para a indústria têxtil”. Nos anos em que o sector têxtil tinha uma maior presença no território, entre as décadas de 70 e 90, “a rua albergou mais de 20 lojas com produtos de fábrica, incluindo três espaços da Loja de Fazendas Veng On”. “Em seu redor existiram 30 negócios relacionados com estas lojas, como alfaiates, lojas de roupa, lojas com produtos ocidentais e lojas de ornamentos para funerais, o que trouxe reputação à rua”, lê-se ainda. Na Rua das Estalagens “o comércio de tecidos tem mais de 200 anos”, aponta o mesmo texto. Outros capítulos do livro falam da presença do revolucionário republicano em Macau, em “The Starting Point of Sun Yat-sen’s Story” [O Ponto de Partida da História de Sun Yat-sen] ou estórias de personalidades ligadas à rua e ao seu comércio. Na conclusão da obra, refere-se que depois da transição, a rua “enfrentou novos desafios: a crise financeira global, a epidemia da SARS, a covid-19 e a incerteza da economia, deixando novamente a necessidade de renovação”. “No passado, os negócios floresceram, por si só, graças ao trabalho árduo e resiliência. Mas hoje em dia a comunidade junta-se com uma visão partilhada, planeando de forma activa [o desenvolvimento da rua] com o apoio do Governo de Macau e as empresas de resorts integrados. Com estes esforços, existe um sentido de esperança que a Rua das Estalagens recupere brevemente a sua antiga vitalidade, estando pronta para uma nova era de prosperidade”, é apontado. Visão institucional A presidente do IC, Deland Leong Wai Man, apontou que o livro resulta do “esforço ponderado para alargar a discussão em torno da preservação e revitalização [da rua]”, segundo a mesma nota de imprensa. “Espera-se que a renovação da rua inspire mais pessoas a tomar conhecimento dos bairros históricos de Macau e a participar na sua preservação, combinando ideias e recursos para garantir que a cultura e a história da cidade continuem a prosperar durante gerações”, disse ainda. Por sua vez, Wilfred Wong, presidente-executivo da Sands China, defendeu que “a Rua das Estalagens é um microcosmo da própria Macau, um lugar onde uma história rica se encontra com um futuro moderno”. “As paredes das suas ruelas testemunharam a transformação de Macau, e as suas histórias e pessoas merecem ser recordadas, pois são fontes preciosas do património cultural de Macau. O nosso esforço para publicar o livro foi possível graças à colaboração da nossa equipa local para realizar entrevistas com proprietários de lojas históricas, criar ilustrações e tirar fotografias, entre outros trabalhos”, frisou. Fachadas novas Recorde-se que esta publicação surge depois de ter sido anunciado pelo Governo a actuação da Sands no plano de revitalização da Rua das Estalagens, nomeadamente com o “Programa de Recrutamento de Empreendedores para a Rua das Estalagens”, lançado em Abril do ano passado. A operadora de jogo explica que os sete negócios seleccionados para a iniciativa “têm vindo a abrir por fases, trazendo energia para a zona juntamente com outros novos negócios, proporcionando uma plataforma para jovens empresários ambiciosos poderem realizar os seus sonhos”. Além disso, a operadora de jogo pretende revitalizar as fachadas das lojas “com desenhos que realçam as suas características, ressoando a história da rua e da cidade”. Para esta iniciativa, a Sands também tem colaborado com a Sociedade de Artistas de Macau, sendo que os desenhos serão criados por dois jovens artistas locais, Lei Chek On e Sit Ka Kit. “O objectivo é que, com um esforço colectivo como este, a comunidade possa redescobrir a história da rua e aprender sobre as suas histórias e lojas passadas através das interpretações visuais destes artistas locais de Macau e das suas percepções do território”, lê-se. Siguo Chen, o autor do livro, é um jornalista veterano com uma carreira de mais de 60 anos que tem estado profundamente ligado à área de media tanto em Macau como em Hong Kong.
João Santos Filipe Manchete SociedadeMedicamentos | Detectada loja envolvida em distribuição ilegal A acção das autoridades decorreu na quarta-feira, e resultou na apreensão de mais de 500 caixas de medicamentos antivirais para a hepatite B e injecções hipoglicemiantes. Os visados arriscam uma multa que pode chegar às 700 mil patacas As autoridades anunciaram ter detectado uma loja, nas Portas do Cerco, que se dedicava à distribuição de medicamentos importados para o território sem autorização legal. O caso foi revelado na noite de quarta-feira, através de um comunicado do Instituto para a Supervisão e Administração Farmacêutica (ISAF) e dos Serviços de Alfândega (SA). De acordo com a informação divulgadas, as autoridades “realizaram uma acção conjunta e apreenderam mais de 500 caixas de medicamentos antivirais para a hepatite B e injecções hipoglicemiantes que não tinham sido registados e aprovados para importação pelo ISAF”. As injecções hipoglicemiantes são utilizadas por pessoas com diabetes, uma condição que se caracteriza por níveis muito elevados de açúcar no sangue. A hepatite B é uma doença viral, que tende a afectar o fígado e que pode evoluir para outras doenças como cirrose ou até cancro do fígado. Pode ser transmitida através da partilha de seringas, relações sexuais e outros contactos sanguíneos. A loja, identificada como uma “agência comercial na zona das Portas do Cerco”, estava “envolvida no fornecimento de medicamentos sem licença e na importação ilegal de medicamentos”. Após a operação, o ISAF abriu um processo para investigação deste caso, enquanto os SA “procederam à acusação contra o responsável da loja em relação à violação das disposições da importação de produtos”. Multa até 700 mil patacas Após a divulgação do caso, o ISAF e os SA fizeram um comunicado a garantir que “combatem em conjunto as actividades ilegais através da partilha de informações, comunicação e colaboração interdepartamentais”. Além disso, foi deixado um alerta aos infractores que podem se obrigados a pagar multas, e até assumir responsabilidade criminal. “Segundo a legislação em vigor relativa às actividades farmacêuticas, só podem fornecer medicamentos os estabelecimentos com licença concedida pelo ISAF”, foi explicado. “Além disso, a importação de medicamentos também está sujeita à autorização prévia e licença de importação concedidas pelo ISAF. O infractor poderá ser punido com multa de até 700 mil patacas e para circunstâncias graves, o infractor poderá assumir responsabilidade penal”, foi acrescentado. O ISAF pediu também aos residentes que tenham conhecimento da existência de locais de venda não autorizados de medicamentos, ou de quando estes são vendidos sem a licença de importação, que denunciem as situações às autoridades.
João Luz Manchete SociedadeCentros comerciais | Galaxy e Sands com quebras de receitas em 2024 A Galaxy e a Sands China tiveram quebras nas receitas líquidas nos centros comerciais tanto no quatro trimestre de 2024, como em todo o ano passado. No caso da Galaxy, as receitas líquidas do ano passado caíram 10,8 por cento, enquanto a Sands China registou quebras de quase 4 por cento Os últimos resultados financeiros das concessionárias Galaxy Entertainment Group e Sands China revelam diminuições nas receitas líquidas dos seus centros comerciais no Cotai no ano passado. Os resultados financeiros de 2024 mostram que as grandes superfícies do Cotai não escaparam ao clima de contracção que assola o sector do comércio e retalho em todo o território. No caso do principal resort integrado da concessionária que tem Francis Lui ao leme, o Galaxy Macau, o seu centro comercial registou no último trimestre de 2024 receitas líquidas superiores a 348 milhões de dólares de Hong Kong, um desempenho semelhante aos três meses anteriores. Porém, em termos anuais as receitas líquidas do centro comercial do Galaxy Macau no quatro trimestre de 2024 caíram 4,4 por cento face ao mesmo período de 2023. Tendo em conta os resultados anuais, em 2024, o shopping do Galaxy Macau facturou 1,39 mil milhões dólares de Hong Kong, total que representou uma descida de 10,8 por cento das receitas líquidas. Porém, as receitas do ano passado foram 13,1 por cento superiores ao registo de 2019, quando o centro comercial do Galaxy Macau apurou 1,23 mil milhões de dólares de Hong Kong em receitas líquidas, de acordo com o portal GGRAsia. Frutos ímpares Em relação aos cinco centros comerciais que a Sands China tem no Cotai, a empresa registou resultados financeiros díspares no ano passado. No cômputo das cinco propriedades, as receitas líquidas no último trimestre de 2024 totalizaram 136 milhões de dólares norte-americanos, um aumento de 8,8 por cento face aos três meses anteriores, mas uma quebra de 12,8 por cento em relação ao mesmo trimestre de 2023. Já quanto ao resultado do ano inteiro, as receitas líquidas dos centros comerciais da Sands China foram de 492 milhões de dólares, menos 3,9 por cento em relação aos 512 milhões apurados em 2023, e também menos cerca de 7 por cento do registo de 2019. Recorde-se que no último ano antes da pandemia, 2019, a operadora ainda não tinha inaugurado o shopping The Londoner Macao. Entre o portfolio de centros da Sands China, o The Venetian e o centro combinado do The Plaza e Four Seasons foram os que facturaram mais receitas, com 230 milhões de dólares e 158 milhões de dólares, respectivamente. Porém, se as receitas líquidas do The Venetian tiveram um aumento anual de 1,3 por cento em 2024, enquanto o centro comercial combinado registou uma quebra anual significativa de 15,5 por cento face a 2023. A performance das grandes superfícies comerciais do Cotai não destoa dos dados estatísticos globais tanto no volume de negócio do comércio no território, como nos gastos per capita dos turistas relativos ao ano passado. No que diz respeito aos gastos dos visitantes, no ano passado cada um gastou em média 2.387 patacas em Macau, menos 7,3 por cento face a 2023 e menos 1,2 por cento em comparação com o registo de 2019. Por outro lado, o volume de negócios dos estabelecimentos do comércio a retalho registou em 2024 uma redução de 14,9 por cento face ao ano anterior, de acordo com os dados da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos, com as quebras a estenderem-se aos supermercados, que normalmente escapavam às tendências negativas. Os negócios das lojas de relógios e joalharia foram os que mais sofreram no ano passado, com quebras anuais de 25,3 por cento.
João Santos Filipe Manchete SociedadeAmbiente | Qualidade do ar em Macau piorou no ano passado Entre os países ou regiões analisadas, Macau é o 52.º com pior qualidade do ar, um registo pior do que em 2023, quando estava na 64.ª posição do ranking mundial No ano passado, o ar em Macau ficou mais poluído, e o nível médio da concentração das partículas 2,5 ultrapassou em três vezes os valores recomendados. A informação consta do ranking mundial da qualidade do ar, elaborado pela da empresa suíça IQAir. Em termos da poluição do ar, as partículas PM2,5, também conhecidas como partículas finas, são altamente perigosas, porque podem entrar no sistema respiratório e alojar-se nos alvéolos dos pulmões, contribuindo para o desenvolvimento de várias doenças, inclusive algumas mortais. Segundo a empresa IQAir, no ano passado a média anual de concentração das partículas 2,5 foi de 17,7 microgramas por metro cúbico. O valor excede em mais de três vezes as recomendações da Organização Mundial de Saúde. Em comparação, a avaliação de 2023 mostrava que a concentração média das partículas 2,5 tinha sido de 16,2 microgramas por metro cúbico, o que prova a deterioração da qualidade do ar. Os dados detalhados mostram que os meses mais perigosos para a saúde da população ocorreram em Dezembro do ano passado, quando a média da concentração de partículas foi de 39 microgramas por metro cúbico, um valor que excede em pelo menos sete vezes os valores considerados seguros para a saúde. Janeiro de 2024 foi outro mês preocupantes, com a concentração média a ser de 30,2 microgramas por metro cúbico, valor que excede em cinco vezes os valores saudáveis. No pólo oposto, Junho, Julho e Agosto foram os meses com o ar mais saudável, com concentrações de a variar entre 5,1 microgramas por metro cúbico e 9,8 microgramas por metro cúbico, valores que excedem uma a duas vezes os valores seguros. A subir no ranking Com a qualidade do ar em Macau a ficar pior entre 2023 e 2024, a RAEM conseguiu subir 12 lugares no ranking da 64.ª posição para a 52.ª posição. No entanto, quanto mais alto se está no ranking pior é a qualidade do ar. Por sua vez, a China surge no 21.º lugar, com uma concentração de 31.0 microgramas por metro cúbico. Enquanto o Chade é o país com a pior qualidade do ar, com uma concentração de 91,8 microgramas por metro cúbico. A região de Hong Kong surge no 63º lugar, com uma concentração de 16,3 microgramas por metro cúbico. Quando a comparação é feita apenas tendo em conta a Ásia Oriental, a China domina em toda a linha, ocupando os 15 primeiros lugares do ranking das cidades com o ar menos saudável. Hotan, no sudeste de Xinjiang, alcançou o pior registo e apresentou uma concentração de 84,5 microgramas por metro cúbico, o que excede em mais de 10 vezes os valores saudáveis. No pólo oposto, o Japão ocupou os 15 lugares das cidades com o ar mais puro, com Suzu, cidade na Península de Noto, a ser a mais saudável com uma concentração de 5,1 microgramas por metro cúbico. Nenhuma cidade da Ásia Oriental cumpriu os padrões recomendados.
João Santos Filipe Manchete PolíticaDSAL | Chan Un Tong escolhido como próximo director Ao fim de 13 anos, Wong Chi Hong vai deixar o cargo de director da DSAL. A saída está marcada para a próxima semana. Chan Un Tong é o homem que se segue naquela que é uma das cadeiras “mais quentes” da Administração da RAEM Chan Un Tong foi promovido a director da Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL). A escolha do secretário para a Economia e Finanças, Tai Kin Ip, foi revelada ontem, através do Boletim Oficial, e produz efeitos na terça-feira da próxima semana. A decisão representa uma promoção para Chan Un Tong, que era desde 2016 subdirector da DSAL. As mudanças foram justificadas pela “vacatura do cargo”, embora o actual director, Wong Chi Hong, se vá manter em funções até ser substituído, e ainda com o facto de o secretário ter considerado que Chan tem “competência profissional e aptidão para o exercício do cargo de director”. Chan Un Tong é Licenciado em Direito Económico na Faculdade de Economia da Universidade de Jinan, em Cantão. Além disso, frequentou um curso de Introdução ao Direito de Macau na Faculdade de Direito da Universidade de Macau. Em termos profissionais, Chan foi adjunto-técnico da Direcção dos Serviços de Assuntos de Justiça entre Agosto de 2002 e Agosto de 2005. Foi neste ano que transitou para a DSAL, assumindo o cargo de técnico, até Maio de 2007. Antes de chegar a subdirector da DSAL, Chan desempenhou ainda as funções de técnico do Gabinete para os Recursos Humanos, técnico superior do Gabinete para os Recursos Humanos, coordenador-adjunto do Gabinete para os Recursos Humanos até 2016. Fim do percurso A informação divulgada ontem significa igualmente que o tempo de Wong Chi Hong à frente da DSAL chegou ao fim, depois de praticamente 13 anos. Esta é uma direcção de serviço sempre muita dada a críticas de deputados e associações locais devido às competências de autorização na contratação de trabalhadores não residentes. O motivo da substituição ainda não foi indicado, mas Wong estará em condições de se reformar. Em 2012, quando assumiu as tarefas actuais, Wong Chi Hong era Coordenador do Gabinete para os Recursos Humanos, depois de ter sido durante vários anos assessor do Gabinete do Secretário para a Economia e Finanças, Francis Tam. Ainda durante a Administração Portuguesa, tinha desempenhado diferentes funções na então da Direcção dos Serviços de Trabalho e Emprego, que mais tarde foi rebaptizada de DSAL. Com a promoção de Chan Un Tong ficou um cargo disponível como subdirector da DSAL que vai ser ocupado por Chan Tze Wai. Licenciada em economia pela Universidade de Jinan, Chan era desde 2021 subdirectora da Direcção dos Serviços de Economia e Desenvolvimento Tecnológico, onde trabalhou directamente sob o controlo hierárquico de Tai Kin Ip, secretário que a nomeou para as novas funções.