João Santos Filipe Manchete SociedadeFronteira | Portuguesa queria ver Camané, mas foi barrada Desde o início do ano pelo menos dois portugueses foram impedidos de entrar em Macau, com a justificação de que o documento de viagem tinha uma validade demasiado curta Uma cidadã portuguesa a viver em Shenzhen que pretendia assistir ao espectáculo do fadista Camané com a Orquestra Chinesa de Macau, no passado sábado, foi impedida de entrar no território. O caso foi relatado pela Rádio Macau, no domingo. A portuguesa estava acompanhada por mais dois amigos. “Apanhámos o ferry de Hong Kong para Macau, mas não me deixaram entrar em Macau. Primeiro, não explicaram porquê. Simplesmente tiraram-me o passaporte da mão e pediram-me para segui-los”, relatou a mulher com o nome de Maria. “Pediram-me para entrar numa sala, não me explicaram absolutamente nada”, acrescentou. Após esperar por longos momentos, a cidadã portuguesa interpelou as autoridades sobre a situação, porém, não obteve qualquer resposta. “Só me disseram para estar quieta e me sentar, que iam tratar de papéis”, relatou. “Entretanto, exaltei-me um bocadinho, disse que queria o meu passaporte e perguntei: ‘o que se passa?’”, acrescentou. Maria recebeu depois um papel entregue escrito em português e inglês, que recusou assinar, até ser informada sobre o que se passava e o que constava no papel. A cidadã foi, depois, informada que “o passaporte tinha pouco tempo de data de validade”. Segundo a Rádio Macau, o passaporte de Maria tem três meses de validade, e até já havia um pedido para ser feito um novo passaporte, que está para chegar. Falta de delicadeza A turista barrada queixou-se também do tratamento das autoridades. “Eles foram sempre muito brutos, mal-educados, inclusive, e não quiseram ouvir nada. Mandaram-nos sentar e mandaram-nos embora no barco de volta, sem mais justificações, sem mais nada”, retratou. Maria considerou que foi tratada com bastante rudeza. “Sentimo-nos como se fossemos criminosos”, confessou. Apesar de ter sido impedida de entrar em Macau, Maria, que tem visto de trabalho no Interior, conseguiu entrar em Hong Kong, sem problemas, duas vezes no mesmo dia. Numa delas, entrou a partir de Shenzhen, da outra entrou, quando foi impedida de entrar em Macau. Em Hong Kong, Maria recebeu um pedido de desculpas, mas apenas por parte das autoridades da RAEHK. “Eu fui sentadinha no barco sem passaporte. O passaporte foi entregue ao capitão do barco e quando chegámos a Hong Kong, tínhamos um polícia à nossa espera, a quem foi entregue o meu passaporte”, relatou. “Levaram-nos para outra sala, para uma zona de espera, onde estiveram a analisar o que se passava. O polícia depois veio falar comigo, foi super delicado, disse que não havia problema nenhum, e perguntou-se se ia ficar em Hong Kong ou se voltaria para Shenzhen”, contou. Após contar que ia ficar em Hong Kong, em casa de um amigo com quem estava, o polícia de Hong Kong afirmou que não havia qualquer problema e pediu desculpa por todo o processo. “Pondero escrever uma carta, um email, para o cônsul de Portugal em Guangzhou, porque acho que foram bastante indelicados, considerando a relação entre Macau e Portugal”, indicou. “Era a primeira vez que ia a Macau e assim não fui… Fiquei surpresa pela negativa, desapontada, fiquei triste”, desabafou. História que se repete Além do caso relatado por Maria, o HM teve conhecimento de um outro caso, que se passou com um cidadão português a viver em Xangai, onde trabalhava, e que em Março deste ano viveu uma situação semelhante. Na altura, o português conseguiu entrar em Hong Kong, onde permaneceu alguns dias para se encontrar com familiares e amigos, e tentou depois visitar Macau. No entanto, quando chegou à RAEM, para fazer uma visita de um dia, foi impedido de entrar, dado que o passaporte tinha uma validade inferior a 90 dias. Também neste caso, as autoridades de Macau mostraram-se irredutíveis, e o cidadão acabou por voltar no barco para Hong Kong, onde entrou, novamente, sem qualquer tipo de problemas.
João Luz Manchete SociedadeBaía de Shenzhen | Veículos de Macau autorizados a circular A partir de 1 de Dezembro, os veículos com matrícula da RAEM vão poder circular na Baía de Shenzhen, enquanto os veículos de Hong Kong vão poder atravessar pelo posto fronteiriço de Hengqin para a Ilha da Montanha. Arrancou ontem uma nova de ronda de atribuição de 535 quotas para conduzir até Hong Kong Vem aí a segunda fase do programa “Quotas para a Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau da Grande Baía”, que irá permitir aos condutores com matrículas da RAEM atravessar o posto fronteiriço da Baía de Shenzhen a partir do dia 1 de Dezembro. A decisão conjunta dos três governos de Macau, Hong Kong e Guangdong foi anunciada ontem pela Direcção dos Serviço para os Assuntos de Tráfego (DSAT). A segunda fase pressupõe uma relação de reciprocidade com as zonas de cooperação com as regiões administrativas especiais. Na prática, os veículos de Macau vão poder atravessar pelo posto fronteiriço da Baía de Shenzhen, enquanto os veículos de Hong Kong vão ser permitidos passar pelo posto fronteiriço de Hengqin para a Ilha da Montanha. A DSAT indicou que, até ao passado dia 8 de Novembro, mais de um milhar de veículos ligeiros de Macau reuniam condições para participar no plano de circulação rodoviária para Shenzhen. Os interessados podem consultar o website da DSAT a partir das 10h de 1 de Dezembro para conferir se preenchem os requisitos de participação no programa. O Governo ressalva ainda que caso seja necessário substituir o condutor ou o veículo depois de feito o visto de circulação no posto fronteiriço, “devem tratar-se simultaneamente das formalidades de substituição no Interior da China, em Hong Kong e em Macau, para evitar qualquer impedimento no tratamento das formalidades ou no processo de passagem fronteiriça”. A caminho da RAEHK Também ontem, foi anunciada a atribuição de 535 quotas regulares para circulação de veículos particulares de Macau entre Macau e Hong Kong na Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau, que começaram ontem a ser atribuídas. A DSAT salienta que, “desta vez, as quotas disponíveis serão atribuídas, sucessivamente, aos requerentes segundo a ordem decrescente, constantemente no resultado do sorteio das quotas”. Para aceder ao programa, o requerente terá de entregar nas instalações da DSAT, na Estrada de D. Maria II, até 26 de Fevereiro do próximo ano.
João Santos Filipe Manchete PolíticaOrçamento | Impostos do jogo ultrapassam estimativa do Governo Pela primeira vez desde 2020, as estimativas iniciais do Executivo para as receitas dos impostos do jogo pecam por defeito, depois de três anos de previsões demasiado optimistas Entre Janeiro e Outubro, os cofres da RAEM acumularam 51,6 mil milhões de patacas em impostos relacionados com as receitas dos jogos de fortuna ou azar. Os números foram actualizados pela Direcção dos Serviços de Finanças (DSF). Segundo o relatório sobre a execução orçamental de Outubro, as estimativas do Governo para todo o ano com impostos do jogo estão ultrapassadas. Quando foi elaborado o orçamento para este ano, em 2022, o Executivo apontava que as receitas ligadas ao jogo fossem de 50,9 mil milhões de patacas. Porém, a dois meses do final do corrente ano, o montante acumulado está 1,14 por cento acima da previsão. Esta é a primeira vez desde 2019, o último ano antes do surgimento da pandemia, que as estimativas do Governo para as receitas com os impostos provenientes do jogo são ultrapassadas, sem que tenha havido revisão do orçamento. Nos anos anteriores, o Executivo foi obrigado a fazer várias revisões ao orçamento, depois das receitas terem ficado muito abaixo do expectável, o que se ficou a dever à crise da indústria do jogo, motivada pelas restrições de circulação. Em 2020, o primeiro orçamento da RAEM estimava que as receitas seriam de 98 mil milhões de patacas, mas quando se fecharam as contas, as receitas não foram além dos 29,8 mil milhões de patacas, 70,6 por cento por cento abaixo da previsão inicial. Em 2021, as previsões iniciais apontavam para que as receitas com os impostos do jogo fossem de 49,8 mil milhões de patacas, mas o valor final foi de 33,9 mil milhões de patacas, 31,9 por cento abaixo do estimado. Finalmente, no ano passado, o Governo previa acumular 49,6 mil milhões de patacas com as receitas do jogo, mas mais uma vez a estimativa foi curta. As receitas não foram além dos 19,1 mil milhões de patacas, menos 61,5 por cento do previsto. Além do jogo mais nada Os dados do orçamento mostram também que o jogo continua a ser a principal actividade a financiar o orçamento da RAEM. Até Outubro, as receitas correntes foram de 67,7 mil milhões de patacas, com o jogo a contribuir com uma proporção de 76 por cento, ou seja, por cada 10 patacas que o Governo cobra em impostos, 7,6 patacas devem-se à principal indústria do território. Ainda a nível das receitas correntes, a rubrica dos impostos directos é aquela que mais se aproxima do jogo, porém, o montante que entrou nos cofres da RAEM até Outubro não foi além dos 7,8 mil milhões de patacas. Se forem consideradas as receitas de capital, a rubrica “outras receitas de capital” é a que mais próxima está das receitas do jogo. Porém, ressalva-se que neste aspecto não se está a falar de verdadeiras receitas, mas antes de cerca de 10 mil milhões de patacas que foram mobilizados da reserva financeira para o orçamento.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaNovo Bairro de Macau | Questão das empregadas domésticas em análise Vários deputados perguntaram se o Novo Bairro de Macau em Hengqin terá condições atractivas para a fixação de residentes. Ma Io Fong quis saber se as empregadas domésticas vão poder trabalhar do outro lado da fronteira nas mesmas condições. André Cheong afirmou que o assunto está a ser analisado com as autoridades chinesas O Governo está a discutir com as autoridades chinesas os detalhes sobre a contratação e permanência de empregadas domésticas no Novo Bairro de Macau situado na Zona de Cooperação Aprofundada de Guangdong e Macau na ilha de Hengqin. A questão foi ontem colocada pelo deputado Ma Io Fong no debate sectorial sobre as Linhas de Acção Governativa (LAG) para a área da Administração e Justiça, que ficou marcado pela discussão sobre se o novo projecto habitacional para residentes na ilha de Hengqin será suficientemente atractivo para os residentes da Macau. “Não posso avançar com mais detalhes [sobre a questão das empregadas domésticas] por não ter informações. A contratação de empregadas domésticas no Novo Bairro de Macau é um assunto que está a ser negociado com as autoridades e o trabalho que estamos a fazer é nesse sentido [de autorizar]”, garantiu André Cheong, secretário para a Administração e Justiça. O deputado disse que “a sociedade está preocupada com o facto de as empregadas domésticas poderem trabalhar em Hengqin”, pois “tendo em conta as respostas anteriores da Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais, estas só podem trabalhar em Macau, mas o Chefe do Executivo disse que num futuro próximo poderão trabalhar em Hengqin nas casas dos nossos residentes”. Ma Io Fong lembrou também que “cada vez mais pessoas vão viver e a trabalhar em Hengqin e se não conseguirmos uma integração [plena] isso vai afectar o desenvolvimento de Hengqin”, apontou. Está pronto a tempo? O deputado ligado à Associação das Mulheres considera essencial que se legisle para que Macau se “consiga integrar no desenvolvimento de Hengqin”, tendo questionado o ponto de situação da produção de leis. “O trabalho estará finalizado quando os nossos residentes forem viver para o Novo Bairro de Macau? Alguns residentes afirmaram que os seus filhos não conseguiram tratar de muitas formalidades no Interior da China e têm muitas vezes de gastar somas avultadas de dinheiro para as resolver. O Governo tem um plano para melhorar a situação?”, inquiriu Ma Io Fong. O deputado pediu também “preparação atempada” dos trâmites legais para que ” a confiança dos residentes não seja afectada ” quanto ao projecto habitacional. Por sua vez, Song Pek Kei lembrou que 20 funcionários públicos já estão a trabalhar na Zona de Cooperação Aprofundada de Guangdong e Macau em Hengqin existindo “diferenças culturais”. “O tempo de adaptação [dos funcionários] não é suficiente, sendo este um meio importante para a integração no nosso país. Como consegue assegurar os direitos dos que trabalham por lá?”, questionou.
João Santos Filipe Desporto MancheteMotociclismo | Peter Hickman provou superioridade e alcançou quarta vitória Após dominar as sessões de qualificação e arrancar do primeiro lugar da grelha de partida, o piloto britânico nunca facilitou e alcançou mais um triunfo no Circuito da Guia Peter Hickman (BMW M1000RR) foi o vencedor do Grande Prémio de Motas, no sábado, uma prova que dominou desde o início, após ter partido do primeiro lugar da grelha de partida. Com este triunfo o britânico que representa as cores da equipa FHO Racing juntou mais uma vitória às três conquistadas em 2015, 2016 e 2018. “Tudo correu de acordo com o planeado”, afirmou Hickman no final. “Os pneus estiveram fantásticos, tudo funcionou na perfeição. O Davey (Todd) estava a pressionar-me no início, o que foi bom, porque quando ganhei uma vantagem, comecei a cometer erros”, reconheceu. Contudo, o piloto acabaria por se encontrar, momentos mais tarde. “Tive uma pequena conversa comigo mesmo e, pela décima volta, estava novamente focado”, acrescentou. A equipa FHO Racing é propriedade de Faye Ho, neta de Stanley Ho, e no final o britânico destacou a importância do colectivo. “Estou satisfeito pela Faye Ho e por toda a equipa, que trabalhou sem descanso para conquistar esta vitória”, realçou. A prova ficou marcada pelo acidente de Brian McCormack (BMW M1000RR), logo na volta inicial, e que envolveu também Nadieh Schoots (Yamaha R1), que caiu quando tentava evitar a moto do piloto caído. No entanto, como o azar de uns é a sorte de outros, a interrupção permitiu a Davey Todd (BMW M1000RR) ter uma nova oportunidade. O piloto abortou o primeiro arranque da corrida, e tudo apontava para a desistência, porém a interrupção deu tempo para resolver os problemas técnicos da BMW. “Foi o Peter Hickman que me disse que poderia ter um problema”, revelou Todd. “Ele viu algum fumo a sair da moto na volta de aquecimento e acabou por ser um tubo de óleo partido. Senti que o meu mundo tinha acabado, quando caminhava no ‘pit-lane’. No entanto, a equipa foi fantástica, continuaram a trabalhar para o caso de aparecer uma bandeira vermelha, que acabou por acontecer, portanto, pude tomar parte no segundo arranque”, acrescentou. “Um grande obrigado a Phil Crowe, ele cedeu-nos o tubo de substituição, dado que não tínhamos nenhum, e sem ele não teríamos voltado à corrida”, destacou. O último lugar do pódio foi ocupado por David Datzer (BMW M1000RR), que saiu da segunda linha da grelha de partida. O arranque esteve longe de ser ideal, com a perda de inúmeras posições, mas aos poucos subiu até ao terceiro lugar. “Fiquei desapontado com o meu arranque”, admitiu o piloto alemão. “No entanto, fui abençoado com uma grande moto, que foi preparada por uma grande equipa. Conseguir recuperar e chegar outra vez ao pódio de Macau é uma excelente conclusão do evento”, apontou. Em relação a Michael Rutter (BMW M1000RR), o recordista de vitórias no Circuito da Guia foi obrigado a desistir momentos depois do segundo arranque com problemas mecânicos. “Foi pena, dado que a moto tinha vindo a melhorar ao longo de todo o fim-de-semana”, disse o recordista de vitórias. “Já aqui ando há tempo suficiente para perceber que são coisas que acontecem”. Corrida Posição Piloto Moto Tempo 1.º Peter Hickman BMW M1000RR 29m16s090 2.º Davey Todd BMW M1000RR a 28s969 3.º David Datzer BMW M1000RR a 30s809 Alto Prestação de Brookes Peter Hickman foi de longe o melhor piloto ao longo do fim-de-semana. No entanto, o australiano Joshua Brookes merece também ser destacado porque conseguiu um excelente quarto lugar, naquela que foi a sua estreia no Circuito da Guia. Fica a expectativa de que num possível regresso no futuro possa melhorar ainda mais este lugar Baixo Queda de Hólan Todas as quedas de pilotos ao longo do fim-de-semana são de lamentar, pelas pesadas consequências. Contudo, o momento vivido por Hólan assumiu contornos dramáticos, uma vez que o piloto checo caiu na última curva do circuito, de forma violenta, quando estava com uma volta de atraso e não lutava por qualquer objectivo.
João Santos Filipe Desporto MancheteTaça GT Macau | Raffaele Marciello leva Mercedes ao lugar mais alto do pódio O suíço foi o vencedor da Taça GT Macau – Taça do Mundo de GT da FIA, num fim-de-semana em que o construtor de Estugarda arrasou a concorrência. Edoardo Mortara criticou Maro Engel, que com problemas mecânicos atrasou os restantes concorrentes no recomeço da prova e permitiu a Marciello distanciar-se na frente Raffaele Marciello foi o vencedor da Taça GT Macau, num fim-de-semana em que o Mercedes AMG GT3 esteve sempre muito acima da concorrência. O suíço despediu-se assim do construtor alemão com a segunda vitória no Circuito da Guia, um feito que tinha alcançado pela primeira vez em 2019, também ao volante de um Mercedes. “Estou muito feliz com a vitória, porque a equipa é praticamente a mesma de 2019. É uma combinação vencedora!”, afirmou Marciello. “Em comparação com as outras corridas, Macau é especial também por ser uma prova em que não partilho o carro com mais ninguém, pelo que é um resultado que depende só de mim”, acrescentou. “Fiquei feliz por terminar o meu percurso com a Mercedes AMG desta forma”, completou. Com os Mercedes a mostrarem-se bem mais rápidos que a concorrência, a principal preocupação para Marciello foi o colega de equipa, Maro Engel, vencedor da prova em 2014 e no ano passado. Porém, o piloto alemão mostrou ter como prioridade a vitória da marca, mais do que o triunfo individual, pelo que não correu riscos de maior na altura de pressionar o colega de equipa. A vitória de Raffaele Marciello ficou praticamente confirmada, após a saída do Safety Car, que tinha sido chamado à pista, depois do acidente de Chen Weian na Curva do Hotel Lisboa. Na altura do recomeço, o carro de Engel perdeu a potência, o que permitiu a Marciello cavar uma distância de vários segundos para a concorrência, mas que também significou um fim inglório para a prova do alemão. Mais atrás, Edoardo Mortara , o Senhor Macau, bem tentou rodar próximo dos rivais. E na zona menos lenta até conseguia aproximar-se, mas a partir da Curva Melco até à Curva do Hotel Lisboa, onde é possível ultrapassar, o Audi R8 LMS nunca mostrou ter a potência necessária para permitir a ultrapassagem. E se o problema tinha sido identificado no sábado, durante a corrida de Qualificação, a situação não se alterou no domingo. O segundo lugar foi assim realisticamente o melhor que o suíço poderia ambicionar. “Não sei se a desistência do Engel me ajudou muito, porque a distância para a frente cresceu. Fui muito pressionado pelos BMW, atrás de mim e para ser sincero nem sei como mantive a vantagem do segundo lugar”, reconheceu Mortara. “Consegui o segundo lugar e fiquei muito feliz”, frisou. Contudo, Mortara não deixou de criticar Engel, por considerar que o piloto da Mercedes devia ter entrado para a boxes, antes da saída do Safety Car, para não atrasar os outros concorrentes. “O Maro teve um problema, e na minha opinião se tens um problema tens de ir para as boxes”, indicou. “Perdi muito tempo atrás dele no recomeçou, porque após a saída do Safety Car não podemos ultrapassar antes da linha de meta”, vincou. “Foi uma manobra muito suja e acho que o Marciello não precisava disto para ganhar”, criticou. No lugar mais baixo do pódio terminou Augusto Farfus (BMW M4 GT3), vencedor da edição de 2018 da prova. O simpático brasileiro nunca teve ritmo para andar entre os da frente, mas conseguiu aproveitar as desistências de Engel e de Sheldon Van der Linde, para conquistar mais um pódio. “Caí no início e depois limitei-me a tentar sobreviver. Beneficiei dos azares dos outros, mas Macau é uma pista onde uma pessoa precisa de ter sorte e eu tive”, disse Farfus. “Vou para casa com um sorriso, porque terminei a época com um pódio”, acrescentou. Taça GT Macau Posição Piloto Carro Tempo 1.º Raffaele Marciello Mercedes AMG GT3 38m35s554 2.º Edoardo Mortara Audi R8 LMS GT3 a 2s510 3.º Augusto Farfus BMW M4 GT3 a 4s295 Alto Hello Kitty É estranho ver um desenho animado como a Hello Kitty associado a carros tão agressivos como os GT. No entanto, o piloto Adderly Fong arriscou com uma decoração a antecipar as celebrações do 50.º aniversário da Hello Kitty e causou furor. Durante dias, foram várias as filas na banca de venda de merchadising para comprar miniaturas do Audi R8 LMS com a decoração especial ou outros materiais, como peças de roupa. Baixo Domínio da Mercedes As corridas de GT são uma das grandes atracções do Grande Prémio de Macau, não só pela espectacularidade dos carros, mas pela qualidade de topo dos pilotos que nos visitam. Contudo, num circuito em que é sempre muito difícil ultrapassar, foi uma pena que a Mercedes estivesse tão acima dos rivais, o que retirou alguma emoção da corrida. Isto sem tirar mérito ao trabalho do construtor.
João Santos Filipe Desporto MancheteFórmula 3 | Luke Browning deu aula defensiva e venceu corrida atrás do Safety Car Numa corrida marcada pelo acidente que deixou o carro de Paul Aron em chamas, Browning defendeu-se bem de todos os ataques e foi o vencedor da 70.ª edição do Grande Prémio de Macau. A prova terminou em situação de Safety Car Luke Browning (Hitech Pulse-Eight) foi o vencedor da 70.ª edição do Grande Prémio de Macau, numa prova que ficou marcada pelo espectacular acidente de Paul Aron (SJM Theodore Prema). Apesar de ter cortado a meta em situação de Safety Car, que saiu de pista só para não aparecer na fotografia, o britânico foi o mais rápido ao longo do fim-de-semana e soube defender-se quando foi altamente pressionado. “Vamos, baby!”, foram estas as palavras de um Luke Browning muito eufórico, quando saiu do carro após a vitória na prova, que esteve suspensa mais de uma hora, além de outras entradas do Safety Car. “Ao longo da corrida dei por mim a pensar quantos recomeços precisávamos de fazer antes do final”, admitiu. “Mas, foi um fim-de-semana muito agradável e dei por mim a sorrir ao longo de todos os momentos. Foi um sonho”, acrescentou. Browning, estreante no Circuito da Guia, arrancou do primeiro lugar e depois de se defender na primeira volta começou a abrir uma vantagem significativa para os restantes participantes. Ao mesmo tempo que o líder dava mostras da sua rapidez, atrás, alguns dos candidatos à vitória iam ficando pelo caminho. O primeiro a desistir foi Alex Dunne (Hitech Pulse-Eight), que logo na primeira volta saiu em frente na Curva do Hotel Lisboa. Duas voltas depois, novo favorito eliminado. Dino Beganovic (SJM Theodore Prema) aproveitou o sistema de DRS para ultrapassar o colega de equipa Gabriele Minì (SJM Theodore Prema), mas falhou a travagem do Hotel Lisboa e bateu nas barreiras de protecção. Contudo, o momento mais intenso registou-se na volta número oito, quando Paul Aron bateu na barreira e o carro se incendiou de imediato, ficando a arder durante minutos na pista, antes da intervenção das equipas de emergência. Como consequência, a corrida foi interrompida durante quase uma hora, para remover o carro ardido e fazer a limpeza necessária, devido aos fluidos deixados no asfalto. No entanto, ficou a ideia de que as equipas de segurança entraram em acção demasiado tarde, o que poderia ter resultado em consequências mais graves, se Aron não tivesse sido capaz de sair da viatura pelos seus meios. No recomeço, Browning foi altamente pressionado até à Curva do Hotel Lisboa por Gabriele Minì, que procurou o interior da pista, enquanto Dennis Hauger (MP Motorsport) apostou no lado de fora do traçado. O britânico não acusou a pressão e manteve-se na liderança. Já Hauger recolheu os dividendos de apostar no lado de fora da pista e subiu ao segundo lugar por troca com Minì. Porém, a prova durou poucos minutos, uma vez que mais um acidente na Curva dos Pescadores levou à entrada de um novo Safety Car, que insistiu em manter-se em pista, mesmo quando estavam reunidas as condições para recomeçar a prova, a tempo da última volta. Grande Prémio de Macau – F3 Posição Piloto Equipa Tempo 1.º Luke Browning MP Motorsport 1h35m08s337 2.º Dennis Hauger Hitech Pulse-Eight a 0s347 3.º Gabriele Minì SJM Theodore Prema a 0s699 Alto Regresso dos F3 Depois de dois anos em que o Grande Prémio teve como principal categoria os Fórmula 4, foi muito positivo assistir ao regresso dos F3 como “prato principal” do fim-de-semana de corridas. É um carro espectacular, muito rápido, e com motores que se ouvem a vários metros de distância e que contribuem para o prestígio deste que é o evento mais internacional de Macau. Baixo Excessos do Safety Car É incompreensível que a prova tenha terminado atrás do Safety Car, que apenas saiu de pista no final da última volta para não aparecer na “fotografia”. Antes do início dessa volta, a pista estava limpa e não se viu uma razão para que a prova não fosse recomeçada para uma última volta lançada.
João Luz Manchete SociedadeMacau Jockey Club | Prémios cortados em 30% por baixas apostas O Macau Jockey Club cortou os prémios monetários em 30 por cento devido ao fraco volume de apostas. Nos primeiros nove meses do ano, as receitas brutas do único operador de apostas em corridas de cavalos apenas aumentou 14 por cento face ao mesmo período de 2022 Os sinais de problemas financeiros do Macau Jockey Club continuam a surgir. Desta vez, o único operador de apostas em corridas de cavalos anunciou que iria cortar em 30 por cento os prémios monetários, a partir do sábado passado. O ajuste, noticiado pelo Canal Macau da TDM, foi assumido numa carta enviada aos membros do clube e aos donos dos cavalos que correm na pista da Taipa. “Por estarmos a receber menos apostas do que esperávamos ao longo dos anos, o clube vem relutantemente implementar uma medida de ajustamento. Esperamos assim manter uma operação estável do clube, apesar dos desafios do ambiente económico actual”, é indicado pelo Macau Jockey Club. A medida surgiu após uma reunião com representantes dos donos dos cavalos, jockeys e trabalhadores que vão sofrer cortes nos salários na sequência do ajuste. Segundo fontes conhecedoras do processo, citadas pelo Canal Macau da TDM, a reunião terá terminado com a ameaça de processos judiciais movidos contra a empresa caso não sejam repostos os prémios financeiros. Além disso, a empresa que opera o Macau Jockey Club, liderada por Angela Leong, avançou que poderia diminuir o número de corridas por fim-de-semana para três ou quatro, mais uma medida que contou com a reprovação de trabalhadores e donos de cavalos. Apesar da intenção, no fim-de-semana que passou realizaram-se as habituais cinco corridas, mas não existem certezas sobre o que está reservado para o futuro. Negócio a evaporar Recorde-se que o Macau Jockey Club foi proibido de receber apostas do estrangeiro, incluindo regiões e países como Austrália, Singapura, Malásia e Hong Kong. A restrição vem agravar os desafios e magras receitas que a empresa tem enfrentado nos últimos anos, sem mostrar sinais evidentes de recuperação depois da pandemia. Durante os primeiros nove meses deste ano, o Macau Jockey Club apurou 32 milhões de patacas, o que representa apenas uma subida de 14 por cento face ao mesmo período do ano passado, quando a região estava ainda paralisada pelas restrições de combate à covid-19. O registo deste ano ficou apenas a 43 por cento dos níveis verificados no mesmo período em 2019. O contraste é ainda mais evidente se recuarmos uma década, com as receitas brutas dos primeiros nove meses de 2023 a ficarem apenas a 11,7 por cento dos níveis registados em 2013. O Macau Jockey Club, a operar há 30 anos, tem registado perdas financeiras consecutivas. Ainda assim, o Governo aprovou a prorrogação do contrato de franquia das corridas de cavalos até 31 de Agosto de 2042, em Fevereiro de 2018.
Hoje Macau Manchete SociedadeEconomia | PIB mais que duplicou no 3.º trimestre face a 2022 O Produto Interno Bruto de Macau mais do que duplicou no terceiro trimestre, em comparação com o mesmo período de 2022. A recuperação foi impulsionada pelas “exportações de serviços de jogo” que foram quase nove vezes superiores ao mesmo período do ano passado Durante o terceiro trimestre deste ano, o Produto Interno Bruto (PIB) de Macau mais do que duplicou, com um acréscimo anual de 116,1 por cento, em termos reais, devido principalmente ao forte desempenho das exportações de serviços, indicou na sexta-feira a Direcção de Serviços de Estatística e Censos (DSEC). Salientam-se os aumentos ampliados para 781,4 por cento das exportações de serviços do jogo e 255,4 por cento das exportações de outros serviços turísticos. A DSEC destacou ainda o contributo da procura interna, que aumentou 15,7 por cento, “em virtude da recuperação contínua da formação bruta de capital fixo e do consumo privado, os quais impulsionaram, em conjunto e num ritmo energético, a continuidade de recuperação económica de Macau”. A formação bruta de capital fixo registou um acréscimo anual de 45,5 por cento, verificando-se nos últimos dois trimestres crescimentos positivos, com a DSEC a realçar ainda os aumentos anuais de 43,9 por cento no investimento em construção e de 50,4 por cento no investimento em equipamento. No capítulo do consumo privado, é salientada a “contínua dinamização”, “estimulada pelas melhorias no ambiente económico e na situação de emprego”, que levaram a despesa de consumo privado a acelerar o crescimento em relação ao segundo trimestre e um “aumento anual de 29,6 por cento, destacando-se as subidas de 22,4 por cento na despesa de consumo final das famílias no mercado local e de 138,7 por cento na despesa de consumo final das famílias no exterior”. No sentido oposto, a DSEC refere que a despesa de consumo final do Governo desceu 23,6 por cento em termos anuais, em consequência do fim das medidas no âmbito do “Plano de subsídio de vida”, popularmente conhecido como cartão de consumo. Neste aspecto, a DSEC dá conta de variações de -41,7 por cento nas compras líquidas de bens e serviços, e de +3,1 por cento nas remunerações dos empregados. Contas feitas Nos primeiros três trimestres de 2023 o PIB registou uma subida anual de 77,7 por cento, em termos reais e a recuperação de Macau equivaleu a 77,4 por cento do volume económico do mesmo período de 2019, informam os Serviços de Estatística e Censos (DSEC). Quanto ao sector público, o investimento em construção pública e o investimento em equipamento subiram no terceiro trimestre 26,8 por cento e 139 por cento, respectivamente, em termos anuais, graças à continuada realização de obras de grande envergadura, nomeadamente infra-estruturas e diversos empreendimentos de habitação pública. Quanto ao sector privado, o investimento em construção privada cresceu 61,5 por cento e o investimento em equipamento subiu 39 por cento, em termos anuais, visto que as concessionárias de jogo de fortuna ou azar reforçaram os investimentos, estimuladas pela recuperação do ambiente económico de Macau, indica a DSEC.
João Luz Manchete PolíticaMenores | Deputado quer proibir sobremesas com álcool Face à popularidade de chá com leite e Maotai, Ngan Iek Hang pergunta se o Governo planeia regulamentar o consumo por menores de sobremesas que contenham álcool. Face ao aumento da necessidade de fiscalizar negócios que vendam produtos com álcool, o deputado dos Moradores pergunta se haverá reforço da mão-de-obra O deputado Ngan Iek Hang, um dos mais jovens no elenco de legisladores, gostaria de ver alargado o âmbito das leis de Macau que proíbem o consumo de bebidas alcoólicas a menores de idade. Numa interpelação escrita divulgada no fim-de-semana, o legislador ligado à União Geral das Associações dos Moradores de Macau mencionou a “moda” dos “produtos alimentares com sabor a vinho chinês, nomeadamente, café com leite com sabor a Maotai, chá com leite com sabor a Maotai. Na sua visão, é possível que se verifique uma “expansão dos negócios de algumas empresas, é também possível o surgimento de chocolates, gelados e sobremesas com álcool”. Apesar de ainda não existirem, Ngan Iek Hang pergunta se, a longo prazo, o Governo “vai considerar regulamentar os alimentos com álcool, incluindo os chocolates e gelados, bem como as sobremesas”. O deputado ressalva que, “embora o título alcoométrico dos produtos alimentares possa não ser visível no momento da sua produção no local e não atinja 1,2 por cento, é ainda possível que os mesmos despertem o interesse dos jovens em experimentá-los várias vezes, o que terá um certo impacto no seu crescimento e desenvolvimento”. Face a estes produtos com álcool que são produzidos na hora, o deputado pergunta como irá o Governo “proceder a inspecções e dar orientações aos lojistas, para evitar a venda a menores de bebidas alcoólicas com título alcoométrico superior a 1,2 por cento”. Sociedade vigilada Como as novas restrições impostas pela lei de prevenção e controlo do consumo de bebidas alcoólicas por menores em vigor, Ngan Iek Hang prevê o aumento da pressão sobre os serviços públicos. “Acredito que a lei vai contribuir para reforçar a prevenção dos menores de entrarem em contacto com o álcool e salvaguardar a saúde física e mental destes no seu crescimento. Porém, na prática, a execução da lei implica uma vasta gama de vertentes quer para o agente responsável pela execução da lei quer para os lojistas”. O deputado indica que o Gabinete para a Prevenção e Controlo do Tabagismo passou para o nível de departamento, acompanhado pela mudança da sua designação para Gabinete para a Prevenção e o Controlo do Tabagismo e do Alcoolismo. Como tal, Ngan Iek Hang estima que “a carga de trabalho do mesmo será muito pesada na fase inicial, envolvendo as inspecções, a divulgação jurídica e a execução da lei”. Assim sendo, pergunta se o Governo pondera aumentar a mão-de-obra. Além disso, para aliviar os recursos humanos, o deputado sugere que sejam aumentados os métodos de denúncia nas plataformas online para casos de consumo de álcool por menores de 18 anos.
João Santos Filipe Desporto Manchete70º Grande Prémio | André Couto regressa a casa com o construtor Dongfeng Honda O piloto de Macau admitiu que na sessão de treinos livres de ontem se sentiu “cada vez mais veloz”, mas aponta que corre sem expectativas, porque o Circuito da Guia é sempre uma lotaria Uma corrida para desfrutar, sem metas traçadas de antemão, num circuito perigoso e sempre muito desafiante. Foi desta forma que o herói local André Couto comentou as expectativas para o fim-de-semana, depois de ter terminado em 11.º e 3.º as duas sessões de treinos-livres da Taça de Carros de Turismo de Macau. “Estou a sentir-me cada vez veloz. Mas, em Macau é complicado ter expectativas, só posso dizer que vou fazer o meu melhor”, começou por dizer Couto, ao HM. “Não guiava aqui há muito tempo, e nem sempre é fácil participar no Grande Prémio de Macau com uma boa estrutura, como acontece comigo este ano. Por isso, vou tentar desfrutar ao máximo, e esperar que as coisas corram bem”, acrescentou. Em relação ao dia de ontem, o piloto indicou que a pista esteve algo suja, com muitas folhas. Porém, destacou que as condições são iguais para todos. “O circuito tem muitos sobressaltos, o que é normal aqui, mas entre as diferentes categorias que correm, a nossa é a que sofre menos com esse aspecto da pista”, indicou. “Hoje [ontem] o circuito não estava muito limpo, há muitas folhas, o que também pode ter a ver com o facto de ter estado muito vento. Mas, as condições de pista são iguais para todos”, descreveu. A trabalhar no futuro Sobre a participação deste ano, André Couto mostrou-se muito satisfeito por poder correr com a equipa do construtor Dongfeng Honda, após ter ficado parado nos últimos dois anos, tempo da pandemia, devido às restrições de viagem. “Depois de a minha carreira ter sido afectada com o encerramento das fronteiras e as restrições de viagem não foi fácil voltar a competir”, reconheceu Couto “Consegui este lugar, para este ano, estou em Macau a competir numa equipa competitiva, e quando se trabalhar num construtor é sempre muito entusiasmante. É um programa muito interessante”, destacou. No entanto, com o final da época, o piloto de Macau reconheceu que começa a preparar o futuro, num cenário em que há cada vez menos apoios para os pilotos locais. “Estou numa situação em que só posso correr quando há convites, estou dependente das oportunidades que surgem”, indicou. “Estou para voltar ao Japão, gostava de correr num projecto relacionados com carros da categoria GT, talvez num Lamborghini, ou no Lamborghini Super Trofeo, mas não sei se é possível”, apontou. “Mas estou aberto a qualquer oportunidade”, completou.
João Santos Filipe Desporto Manchete70º Grande Prémio | Fórmula 3: Gabriele Minì mais rápido na primeira sessão de qualificação O piloto italiano da SJM Theodore Prema está provisoriamente na grelha de partida para a Corrida de Qualificação, mas os tempos devem continuar a cair ao longo do dia de hoje Gabriele Minì (SJM Theodore Prema) está na pole-position provisória para a Corrida de Qualificação do Grande Prémio de Macau, após ter sido o único piloto a rodar abaixo da barreira dos dois minutos e seis segundos, no dia de ontem. A primeira sessão de qualificação para a Corrida de Qualificação ficou marcada por dois acidentes e ainda um final mais emotivo, com os pilotos a fazerem cair sucessivamente os tempos anteriores. No meio da emoção final, o italiano Gabriele Minì foi o mais rápido, com a marca de 2m05s521. O registo está longe da pole-position de 2019, com o tempo de 2m04s997, estabelecido por Juri Vips. Contudo, a proximidade entre as duas marcas torna provável que o registo seja batido na qualificação de hoje, agendada para as 15h05. No segundo lugar encontra-se Luke Browning (Hitech Pulse-Eight), com o registo de 2m06s018 e Dino Beganovic (Jenzer Motorsport) que fez a volta mais rápida em 2m06s131. Por sua vez, Dan Ticktum (Rodin Carlin), duplo vencedor da prova, ficou no 10.º ligar, com o registo de (2m06s985). Quanto ao vencedor de 2019, Richard Verschoor (Trident Motorsport) fez a 11.ª melhor marca (2m07s064), a quase dois segundos de Gabriele Minì. Sempre o centro das atenções em Macau, a alemã Sophia Floersch (Van Amersfoort Racing) não foi além do 24.º lugar, com o registo de 2h08s966. Sessão interrompida Apesar dos momentos mais emocionantes no final da sessão, a qualificação ficou marcada por dois acidentes que fizeram com que a prova fosse interrompida. A primeira bandeira vermelha surgiu quando estavam passados cerca de 10 minutos do início, depois de Sebastían Montoya (Campos Racing) ter saído em frente na Curva do Hotel Lisboa. Na origem do acidente, esteve o facto do piloto ter abordado aquela parte do circuito com demasiada velocidade. A batida significou que a sessão ficou terminada imediatamente para o filho do ex-piloto de Fórmula 1 Juan Pablo Montoya. O outro acidente foi protagonizado por Zane Maloney (Rodin Carlin), que se despistou mais perto da Colina da Guia. Também neste caso, a qualificação ficou imediatamente terminada para o barbadense. Destaque igualmente para o piloto Callum Ilott, que acabou por não comparecer na Circuito da Guia para disputar a prova, ao contrário do inicialmente previsto.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeEPM | Filipe Regêncio Figueiredo volta a liderar associação de pais A lista única para liderar a Associação de Pais da Escola Portuguesa de Macau foi ontem a votos, contando com algumas caras novas, mas mantendo Filipe Regêncio Figueiredo na presidência. O advogado considera que esta é uma “altura chave” para a escola implementar mudanças essenciais no ensino secundário O advogado Filipe Regêncio Figueiredo continua a ser presidente da Associação de Pais da Escola Portuguesa de Macau (APEPM). A lista única que liderou, com “pessoas novas, nomeadamente macaenses, para espelhar a diversidade dos encarregados de educação dos alunos da EPM”, foi ontem a votos. Ao HM, o responsável disse que esta é uma “altura chave para se implementarem medidas que há muito são desejadas pelos encarregados de educação”, tendo em conta “as recentes alterações na fundação e a próxima alteração da direcção”. Uma dessas mudanças consideradas essenciais é a “melhoria substancial no ensino da língua chinesa e no rácio professor/aluno”. Além disso, Filipe Regêncio Figueiredo entende que “o espaço da escola e o currículo do ensino secundário” são também assuntos que “necessitam de reflexão”. Isto porque “o currículo do secundário, nomeadamente do 12º ano, é extremamente pesado num ano tão importante e já por si intenso na vida escolar dos alunos”. “Impor, neste ano, mais disciplinas do que aquelas que existem no currículo de Portugal não nos parece razoável, devendo encontrar-se soluções para uma melhor adequação e conjugação entre os requisitos impostos pelo Ministério da Educação de Portugal e a Direcção dos Serviços de Educação e Desenvolvimento da Juventude”, adiantou. Em causa está o facto de o currículo da EPM, para se adequar à legislação de Macau, ter disciplinas como História, Música e Matemática em todas as áreas do ensino secundário. “Em vez de serem leccionadas no 12º ano, poderiam ser dadas no 10º e 11º anos”, aponta o responsável. Chamar mais pais A nova APEPM tem também como prioridade “aumentar o número de associados e promover a participação dos encarregados de educação na associação, uma vez que, de acordo com a nova legislação, esta passa a estar representada no conselho de administração da escola”. Desta forma, explica Filipe Regêncio Figueiredo, a APEPM torna-se num “meio de comunicação privilegiado entre encarregados de educação e a escola”. O novo papel irá permitir à APEPM “uma maior renovação dos seus órgãos, algo que se deseja fortemente”, além de tornar este organismo “mais representativo da diversidade que actualmente compõe a comunidade educativa”.
João Luz Manchete PolíticaLAG | Académicos da UM aplaudem Governo e dão sugestões Académicos do Centro de Estudos de Macau analisaram as Linhas de Acção Governativa para 2024, concordando na generalidade com o rumo político tomado. Consolidar a recuperação e estabilizar a economia num contexto de elevadas taxas de juro dominaram as intervenções. As críticas focaram-se nas políticas de juventude e planos de revitalização de zonas turísticas O caminho para a prosperidade da RAEM passa primeiro por consolidar a recuperação económica e estabilizar as finanças, mantendo os apoios sociais, para contornar os desafios que se avizinham. Esta foi a tónica principal do seminário organizado pelo Centro de Estudos de Macau da Universidade de Macau para analisar as Linhas de Acção Governativa (LAG) para 2024. Apesar de algumas sugestões, as vozes críticas foram escassas, com os académicos a louvarem e a prestarem apoio às decisões do Governo de Ho Iat Seng. O presidente do Instituto de Gestão de Macau, Samuel Tong Kai Chung, salientou que o tema principal das LAG é “consolidar o desenvolvimento e reforçar a diversificação”, focado na economia pós-pandémica e na recuperação social em linha com o previsível o ambiente global de elevadas taxas de juro. O académico entende que as medidas delineadas nas LAG para a estratégia “1+4” tem um planeamento claro, com um esquema razoável para as pequenas e médias empresas (PME), assim como para a economia comunitária. O professor da Faculdade de Ciências Sociais Kwan Fung é da opinião de que as LAG transmitem uma mensagem de busca do progresso e estabilidade, salvaguardando a qualidade de vida dos residentes, com apoios sociais e habitação pública. O docente considera que estas LAG dão à população uma grande confiança em relação ao futuro. Ficar à margem O professor da Faculdade de Ciências e Tecnologia da UM Lok Man Hoi alertou para o efeito das elevadas taxas de juro, em particular no acesso ao crédito, que pode impactar o mercado obrigacionista de Macau. Por sua vez, Wong Seng Fat enfatizou que o cultivo e retenção de talentos deve ser uma prioridade para sectores que dependem da inovação industrial. Além disso, sugeriu que o Governo aposte na popularização da ciência nas escolas secundárias e nas universidades. O académico apelou ainda à construção de uma quinta ponte entre Macau e Taipa para resolver os problemas ligados ao desenvolvimento urbano. A professora So Siu Ian foi mais acutilante na sua intervenção, focando os planos de revitalização dos bairros antigos, com o apoio das operadoras de jogo. A académica alertou para a necessidade de não serem elaborados planos de desenvolvimento idênticos para as várias zonas e respeitar as características culturais de cada área. Será também fundamental ter em conta o impacto destes planos na vida da população, em particular no trânsito, e fazer contínuas reavaliações dos projectos. Contrariando a narrativa dominante, o secretário-geral da Caritas Macau expressou preocupações com as políticas de bem-estar dos jovens. Paul Pun argumentou que a evolução demográfica alterou os padrões de vida e, por exemplo, de acesso à habitação, com os jovens obrigados a ponderarem as futuras responsabilidades de cuidar os pais, factor que pode tornar menos apetecível uma candidatura à habitação económica. Paul Pun referiu também que a localização do Novo Bairro de Macau e a competição laboral com profissionais de fora da RAEM são fontes de preocupação das gerações mais novas. Como tal, o responsável vincou a necessidade de o Governo prestar atenção aos problemas enfrentados pelos jovens de Macau. Apesar das críticas e sugestões, Paul Pun ainda aplaudiu a decisão do Executivo de Ho Iat Seng em tornar permanente o subsídio aos cuidadores.
Andreia Sofia Silva Entrevista MancheteCamané, fadista: “O Fado é uma música para a vida” É já amanhã, pelas 20h, que Camané irá actuar em Macau, desta vez no Centro Cultural de Macau ao lado da Orquestra Chinesa de Macau (OCM). Em conversa com o HM, o fadista revela que o fado tradicional faz parte do seu ADN e do mais recente álbum, “Horas Vazias”, gravado em plena pandemia O primeiro espectáculo que deu em Macau foi em 1997, portanto esta é a quinta vez que actua no território. É como voltar a uma espécie de casa? Sim. É voltar a um sítio que ficou sempre na minha memória, graças aos portugueses, chineses e macaenses que conheci em Macau e com quem contactei na altura. De todas as vezes que estive em Macau gostei imenso do ambiente, os concertos correram todos muito bem. Esta é uma oportunidade de fazer um segundo espectáculo com esta orquestra, algo que também gostei muito da primeira vez que tocámos, em 2007. Depois actuei no Venetian em 2013, num espectáculo em que os fados foram traduzidos para chinês e inglês, e foi fantástico. O fado é uma música traduzível? O fado vive muito da palavra, da poesia. As pessoas identificam-se com os sentimentos, com as descrições sentimentais, da vida, da dor, do quotidiano. Pessoas de todo o mundo identificam-se com isso. As palavras também são traduzíveis, apesar de tudo, mas há uma parte que passa, que é o sentimento, a emoção, que não se explica. Quando era miúdo ouvia música francesa e não percebia uma palavra, mas emocionava-me. Muita da poesia não se explica, mesmo traduzida. São pequenas coisas que as pessoas vão, aos poucos, percebendo. A poesia não é para perceber, é para se ir percebendo. É mais para ser sentida, talvez. O fado também é assim? Acho que toda a música é para ser sentida. Aos poucos vamos identificando esses sentimentos que associamos à música e depois, mais tarde, tiramos conclusões, ou não. São coisas muito do momento, e acho que a música é isso. Toda a arte tem essa particularidade, de encontrarmos pequenas coisas com as quais nos identificamos. Como é cantar com uma orquestra chinesa? Como é a conjugação de sonoridades e instrumentos diferentes com a sua voz? Já houve uma experiência que resultou muito bem com a OCM. O alinhamento baseia-se no meu repertório. Há temas que são tocados apenas com os guitarristas e depois passamos para um tema com orquestra, fazemos esta intercalação. Em vinte temas que vou cantar, dez serão com arranjos de orquestra e com a orquestra. Acho que vai funcionar muito bem [a ligação] desta orquestra com o meu repertório. Já fizemos dois espectáculos juntos e experimentei passar uns arranjos de uma outra orquestra com a qual actuei para a orquestra de Macau e as coisas funcionaram muito bem. Como é constituído esse repertório? É constituído com a maior parte dos temas que tenho cantado. Tenho feito muitos concertos com orquestras e guitarristas. Mesmo em Portugal, quando vou fazer espectáculos, convido sempre uma filarmónica para tocar comigo, pois tenho os arranjos feitos. Muitas vezes são miúdos entre os 8 e os 14 anos que vão tocar comigo. É sempre muito interessante haver outras gerações a entenderem e a perceberem o fado. Neste caso, [os músicos] da OCM percebem e ficam a conhecer o fado, e acho isso fantástico. O repertório vai ser uma espécie de retrospectiva daquilo que é um percurso, com fados que têm feito parte da minha carreira. Vai haver temas diferentes daqueles que foram apresentados no último espectáculo, mas haverá outros repetidos, também. Tal como a relação entre Portugal e China que sempre se manifestou em Macau, com alguns desentendimentos e compreensões, também é essa a relação do seu fado com a OCM? Ultrapassam-se diferenças de comunicação e de linguagem musical? Sim. A música tem essa particularidade, é também uma linguagem universal. Os músicos vão ter os arranjos feitos e entendem perfeitamente. Claro que vão existir algumas complexidades, porque o fado tem muitas paragens que fazem parte da música, tal como no jazz, por exemplo. Muitas vezes a paragem, no fado, acaba numa sílaba. Cantei, da última vez que estive em Macau, o “Fado da Sina” que, como costumo dizer, tem paragens em todas as estações, e é incrível como o maestro conseguiu perceber, decorando as palavras com as paragens, e não houve uma falha num tema que é difícil. Acho que desta vez o maestro também vai perceber. Teremos vários dias de ensaios para que não existam falhas. De certeza que vamos encontrar uma forma de alinharmos as coisas. Editou, em 2021, o álbum “Horas Vazias”, o seu mais recente trabalho. Porquê este nome? Horas vazias é quando estamos livres, quando temos tempo e preenchemos um vazio. E preenchemo-lo com muitas coisas, com arte, música, coisas que nos alimentam a alma. Por acaso foi gravado na altura da pandemia, mas o nome não surgiu por essa razão. De facto, as horas vazias é também quando temos ideias para fazer um disco, e as coisas foram surgindo com o tempo. É o disco em que tive uma produção de um grande músico, que é o Pedro Moreira, que também está ligado ao jazz. Pontualmente, fomos trabalhando juntos, ele conhecia muito bem o meu trabalho, e então teve um grande entendimento do que poderia ser o álbum. É um disco de fado, mas ele percebeu, graças a todos estes anos, a forma como estou no fado. E que forma é essa? É uma forma em que as músicas, mesmo quando não são fáceis, transporto-as para este ambiente musical que é o fado. Não gosto de aproximar o fado das outras músicas, pois esta é uma música especial, como é o flamengo e o tango. Não é preciso aproximar-me de outras músicas, tenho é de fazer fado. Cresci a aprendê-lo e a viver com ele, e não tenho essa necessidade. Ele [Pedro Moreira] percebeu isso e foi fantástica a forma como trabalhámos juntos. É um disco que tem muitos compositores, como Pedro Abrunhosa, Jorge Palma, Vitorino, cujas composições eu transportei para este ambiente musical. Depois tem os fados tradicionais, as letras novas que fui descobrindo. É um disco que gostei muito de fazer. Neste espectáculo vou cantar alguns temas deste disco. Vou cantar temas de outros trabalhos anteriores que têm orquestrações feitas, mas vou incluir um pouco de tudo. Como é um trabalho com orquestra, faz sentido ir buscar alguns temas mais antigos, com arranjos muito bonitos de Mário Laginha, José Mário Branco, também do Pedro Moreira e de uma série de pessoas que me têm acompanhado. Há fados que não podem escapar ao alinhamento dos seus espectáculos. Muitas vezes impõe o seu repertório, ou vai um pouco na onda daquilo que o público quer? Não. Incluo, acima de tudo, o meu repertório e alguns temas que as pessoas conhecem, como “Sei de um Rio” ou “Ela Tinha uma Amiga”, mas há vários que gosto de cantar. Mas, normalmente, faço as coisas em que acredito, dou às pessoas aquilo que quero e em que acredito. Tenho sempre a esperança de que se identifiquem ou gostem. Claro que há temas que vão de encontro aquilo que as pessoas querem ouvir, e às vezes há dois ou três temas do meu repertório que gosto de cantar e que fazem parte de coisas que gosto muito de cantar, porque tenho tanto prazer a fazê-lo que acho que isso passa para o público. Mas são poucos. Quando actua no estrangeiro sente que não leva apenas o nome Camané, mas também a língua e a cultura portuguesa? Sente essa responsabilidade? Este ano aconteceram-me coisas fantásticas [com espectáculos] em que não havia muitos portugueses nas salas, nomeadamente na República Checa, na Polónia, na Áustria. Mas não penso muito nisso. Faço a mesma coisa quando vou tocar nestas salas fora de Portugal, em que sei que não existem portugueses, do que faço em Portugal. A música emociona e essa é a tal coisa que não se explica, e a barreira da língua ultrapassa-se com a música. Como acha que os chineses percepcionam o fado? Não sei. É como quando oiço música e sinto que há qualquer coisa que é verdade, que é muito expressiva e emociona-me. Evidentemente há muita música no mundo que gosto e da qual não percebo a língua. Quando ouvi música chinesa em Macau [ópera], e outras coisas mais populares, gostei imenso. A língua é mesmo uma barreira ultrapassável. Conta muito a entrega e a capacidade que temos de transmitir as emoções. Isso é o mais importante, e tenho tido sorte até hoje. Não gosto de falar de mim nesse aspecto, mas a verdade é que as pessoas se emocionam e não percebem uma palavra do que estou a dizer em palco. Continua sempre ligado ao fado tradicional? É contra dar novas roupagens ao fado? Não sou contra nada. Há coisas que estão muito bem feitas nessas áreas, mas a minha forma de estar no fado é que tem a ver com esse percurso que tive. Cresci no meio do fado, comecei a ouvi-lo com seis anos, tenho 57 anos. Não quero mudar nada porque é algo que tem a ver comigo, e o fado é uma música para a vida. Acontece com pessoas mais novas do que eu, ou que estão agora a começar, que tendem a tentar que o fado se aproxime das outras músicas, porque querem chegar a um público maior. É uma opção, mas para mim não. Também há quem faça música inspirada no fado, mas isso é outra coisa. A Ana Moura fez discos de fado fantásticos e teve outras opções. Não digo que sou contra, mas eu não mudo. Percebo que as outras pessoas tenham outras influências. Claro que já fiz outras coisas, fiz uma participação nos Humanos [grupo que gravou canções de António Variações], participei em discos dos Xutos & Pontapés. No final deste disco, por exemplo, tenho um conjunto de cordas inserido num tema, mas o ambiente musical, para mim, é muito importante, e esse é o fado. Ao fim de tantos anos de carreira, o fado tem representado coisas diferentes para si? Tem toda a importância na minha vida, é uma forma de estar na vida. Tem sido sempre uma motivação. Em Macau, há grupos que tentam manter o fado ou o folclore vivo. São importantes estas expressões de portugalidade noutros lugares? Super importante. Isso acontece em várias partes do mundo em que há uma ligação muito forte com Portugal e com a língua. Em Macau, na altura em que estive aí, assisti a algumas coisas ligadas ao fado, e achei fantástico. É importante que essa ligação cultural se mantenha.
Hoje Macau Desporto Manchete70º Grande Prémio | O menu do segundo fim-de-semana Depois do aperitivo servido no fim de semana passado, nestes próximos quatro dias vamos degustar do melhor que o automobilismo nos pode oferecer no Circuito da Guia, com duas Taças do Mundo da FIA, as provas finais da competição de carros de Turismo com maior expressão a nível mundial e do maior campeonato de automobilismo da China, e ainda a única prova de motociclismo de estrada do continente asiático Grande Prémio de Macau de F3 – Taça do Mundo de F3 da FIA Colheita excepcional Os novos F3 mostraram toda a sua espectacularidade e rapidez em 2019, e depois de três anos de F4 como “prato principal”, Macau já merecia algo mais requintado para este banquete automobilístico. Contudo, esta não foi uma corrida fácil de colocar de pé pela FIA, com as equipas a debaterem-se com algumas dificuldades em viajar até Macau, a começar com a falta de peças sobressalentes e exigente logística. Nove das dez equipas do Campeonato de F3 da FIA aceitaram viajar, cada uma com três monolugares Dallara, até à RAEM para a mais icónica corrida de F3 do panorama mundial e entre 27 concorrentes há muita qualidade e caras conhecidas. Richard Verschoor venceu em 2019 e foi chamado pela Trident para liderar a equipa italiana. Agora a competir na F2, o neerlandês vai tentar obter um “bis” nas ruas de Macau. Contudo, o nome mais sonante da grelha de partida é certamente o de Dan Ticktum, por duas vezes vencedor do Grande Prémio de Macau de F3, ou então, Marcus Armstrong e Callum Ilott, actuais pilotos da IndyCar Series. O irreverente piloto britânico, que agora milita na Fórmula E, venceu em 2017 e 2018, regressando com o objectivo de se tornar o primeiro a vencer a corrida três vezes desde a introdução da F3 em 1983. Já o neozelandês e o compatriota que emigrou para os EUA querem “vingar” performances passadas no Circuito da Guia. A super-equipa SJM Theodore Prema Racing alinha com três carros para vencer, com Paul Aron, Dino Beganovic e Gabriele Minì, enquanto a Red Bull Junior Academy – Zane Maloney, Isack Hadjar e Pepe Martí – espalhou o seu talento por várias equipas. Com um teste de F1 no bolso, Franco Colapinto, apoiado pela Williams F1, é outro talento nato que certamente vai dar nas vistas. Outros nomes familiares, mesmo para aqueles que não seguem a disciplina, são certamente os de Sophia Flörsch, que dispensa apresentações em Macau, Sebastián Montoya, filho do colombiano ex-F1 Juan Pablo Montoya, ou Charlie Wurz, o filho do austríaco ex-F1 Alexander Wurz. Pilotos com ligações a equipas de F1: Red Bull Junior Team Dennis Hauger, Zane Maloney, Isack Hadjar, Pepe Martí, Oliver Goethe Ferrari Driver Academy Dino Beganovic Mercedes Junior Team Paul Aron Williams Driver Academy Luke Browning McLaren Driver Development Programme Ugo Ugochukwu Alpine Academy Gabriele Minì, Sophia Flörsch, Nikola Tsolov Taça GT Macau – Taça do Mundo de GT da FIA Duelo de titãs Muito provavelmente esta vai ser a melhor edição de sempre de uma corrida que se iniciou em 2008 para “Gentleman Drivers” locais e que é hoje um feudo dos grandes construtores e de pilotos profissionais. A Audi, a BMW, a Ferrari, a Mercedes-AMG e a Porsche estão representadas na grelha de partida, com equipas oficiais, ou estruturas apoiadas pela fábrica, e pilotos cedidos pelas marcas. A grelha de partida de duas dezenas de carros da categoria FIA GT3 conta com todos os vencedores das Taças do Mundo disputadas até aqui – Maro Engel, Laurens Vanthoor, Edoardo Mortara, Augusto Farfus e Raffaele Marciello – mais o vencedor da Taça GT Macau de 2020, Ye Hongli, dois campeões do DTM, Sheldon van der Linde e Thomas Preining, dois vencedores do Grande Prémio de Macau de F3, Daniel Juncadella e Mortara (de novo), e o vencedor das três maiores provas de resistência de GT3 da actualidade, Jules Gounon. Os grandes construtores não se pouparam a esforços, a BMW trouxe duas equipas europeias para estrear o seu M3 GT3 nas ruas de Macau, a Mercedes-AMG fez o mesmo para a despedida de Marciello da marca (o próximo destino ainda é incerto, mas a rival BMW é uma forte probabilidade), a Audi foi contratar Mortara só para esta corrida, e até a Ferrari, que é sempre aquela marca que menos precisa de investir no “customer racing”, enviou o rápido brasileiro Daniel Serra para o confronto deste fim de semana. Pilotos de fábrica: Audi Christopher Haase BMW Augusto Farfus Sheldon van der Linde Ferrari Daniel Serra Mercedes-AMG Raffaele Marciello Maro Engel Jules Gounon Daniel Juncadella Porsche Kevin Estre Thomas Preining Alessio Picariello Matteo Cairolli Laurens Vanthoor 55º Grande Prémio de Motos de Macau Duelo a dois … ou a três! A 55.ª edição da corrida de motociclismo de Macau vai ter como principal protagonistas o duo da FHO Racing BMW Motorrad, Michael Rutter e Peter Hickman. Ambos os britânicos vão tripular motos BMW M1000RR com as cores da equipa de Faye Ho, a neta de Stanley Ho. O australiano Josh Brookes é o terceiro membro da equipa e provavelmente o único, na teoria, capaz de se intrometer na luta destes dois multi-vencedores do evento. O finlandês Erno Kostamo, venceu a edição de 2022, e o alemão David Datzer foi o segundo, mas o nível do plantel da corrida do ano passado era muito mais humilde. O regresso em força do contingente anglófono traz consigo pilotos com currículo e andamento, como Davey Todd, quatro classificado em 2019, para além de Rob Hodson, Michael Evans, Paul Jordan, Dominic Herbertson ou David Johnson. Destaque também para a presença da holandesa Nadieh Schoots, que no ano passado se tornou na primeira mulher a competir no evento principal de duas rodas de Macau, que vai pilotar uma Yamaha da Basomba Racing em honra ao amigo falecido este ano na Ilha de Man, o espanhol Raul Torras. Excluindo os dois anos da pandemia que não se realizou o Grande Prémio de Motos, esta será a primeira vez desde 1986 que não virá de Portugal qualquer piloto para competir numa corrida de duas rodas do evento. Aliás, é preciso recuar até aos anos 1960s, nos primórdios das corridas de motos no território, para não se encontrar um nome português numa prova de motos do Grande Prémio de Macau. Corrida da Guia – TCR World Tour Melhores da especialidade Ao longo da sua história de mais de cinquenta anos, a Corrida da Guia sempre foi um ponto de encontro entre os melhores pilotos de Turismo internacionais e alguns dos habituais da modalidade deste ponto do globo. Este ano a história repete-se. Quando o Discovery Sports Events decidiu dar a machadada final na Taça do Mundo de Turismos da FIA – WTCR no final do ano passado, o WSC Group, que tem os direitos do TCR, não perdeu tempo e lançou o TCR World Tour. O fim de semana do 70.º aniversário de Macau encerrará uma época de grande sucesso para o conceito que se situa no topo da pirâmide mundial dos carros de turismo e que, em 2023, a caminho de Macau, teve corridas na Europa, América do Sul e Austrália. Três pilotos, que representam três marcas diferentes, vão lutar por este troféu. A equipa Cyan Racing Lynk & Co venceu as três corridas na sua última participação na Corrida da Guia Macau em 2019, conta com a estrela chinesa Ma Qing Hua, vencedor do título do WTCC de 2017, Thed Björk, e pelo duplo campeão do WTCR, Yann Ehrlacher, para além do uruguaio Santiago Urrutia. Ehrlacher lidera na tabela de pontos, mas em igualdade pontual com Rob Huff. A privada Audi Sport Team Comtoyou conta com o inglês, que detém o recorde de maior número de vitórias na Corrida da Guia, e outro vencedor desta corrida, Frédéric Vervisch, no seu alinhamento de Audi RS 3 LMS da segunda geração. A Hyundai estará presente com “Norbi” Michelisz, o campeão do WTCR de 2019 e vencedor da Corrida da Guia Macau em 2010, que está apenas um ponto atrás de Ehrlacher e Huff. O húngaro será acompanhado pelo companheiro de equipa Mikel Azcona – campeão do WTCR do ano passado – e por um terceiro piloto ainda não nomeado para um Hyundai Elantra N TCR. Sem a força de outros tempos, a Honda escolheu o argentino Nestor Girolami para guiar o seu novo Honda Civic Type R FL5 TCR. A estes juntam-se os pilotos que se qualificaram para esta corrida via o TCR Asia Challenge da passada semana: Lo Sze Ho (Hyundai), Paul Poon (Audi), Deng Bao Wei (Honda), Yan Chuang (Lynk & Co), Osborn Li (Hyundai) e Ken Tian Kai (Audi). Classificação – TCR World Tour: 1. Y. Ehrlacher, 384 pontos; 2. R. Huff, 384; 3. N. Michelisz, 383 Taça de Carros de Turismo de Macau – CTCC Couto, Souza e um campeonato por decidir Este ano, o Campeonato Chinês de Carros de Turismo assumiu-se como um dos mais fortes campeonatos nacionais de Turismo. Agora adoptando a cem por cento o regulamento técnico do TCR, a competição nacional chinesa conta com equipas oficiais da Dongfeng Honda, Hyundai e Link & Co. O Circuito da Guia vai ser o palco de todas as decisões de uma competição liderada pelo norte-irlandês Jack Young da Dongfeng Honda. Para as gentes de Macau, o interesse nesta corrida vai concentrar-se em duas histórias: o regresso há muito esperado de André Couto ao Grande Prémio e o fim de carreira de Filipe Souza. Numa corrida em que as “ordens de equipa” podem pesar e muito, Couto pode ser a chave na luta pelo título da marca japonesa. Por outro lado, Souza, o único piloto de Macau a vencer a Corrida da Guia, quer despedir-se com um resultado de vulto num circuito que conhece como a sua palma da mão. Desafio do 70.º Aniversário do Grande Prémio de Macau Homenagem aos locais Para muitos será provavelmente “mais do mesmo”; uma corrida com os carros do troféu bimarca Subaru BRZ e Toyota GR86, conduzidos por pilotos da região. Contudo, esta será uma justa homenagem às provas locais, que durante os setenta anos foram sempre um pilar do Grande Prémio, ajudando a manter o interesse no evento entre a população local e das regiões vizinhas. A lista de inscritos inclui nada menos do que uma dúzia pilotos de Macau, liderados por Rui Valente e Lei Kit Meng, dois históricos do automobilismo de Macau, aos quais se juntam Mou Chi Fai, Cheung Hing Wah, Chan Chi Ha, Lo Kai Tin, Leong Iok Choi, Carson Tang, Sou Ieng Hong, Leong Keng Hei, Wong Ka Hong e Cheang Kin Sang. Programa de corridas – Quinta-Feira, 16 de Novembro 06h00: Fecho do Circuito 06h30-07h00: Inspecção do Circuito 07h45-08h30: 55.º Grande Prémio de Motos de Macau – Treinos Livres 09h00-09h40: Grande Prémio de Macau de Fórmula 3 – Taça do Mundo de F3 da FIA – Treinos Livres 1 09h55-10h20: Taça de Carros de Turismo de Macau – China Touring Car Championship – Treinos Livres 1 10h30-10h55: Desafio do 70° Aniversário do Grande Prémio de Macau – Treinos Livres 1 11h10-11h40: Corrida da Guia Macau – Kumho TCR World Tour Event of Macau – Treinos Livres 1 12h15-12h45: Taça GT Macau – Taça do Mundo de GT da FIA – Treinos Livres 1 13h00-13h25: Taça de Carros de Turismo de Macau – China Touring Car Championship – Treinos Livres 2 13h35-14h00: Desafio do 70° Aniversário do Grande Prémio de Macau – Treinos Livres 2 14h15-14h45: Corrida da Guia Macau – Kumho TCR World Tour Event of Macau – Treinos Livres 2 15h15-15h55: Grande Prémio de Macau de Fórmula 3 – Taça do Mundo de F3 da FIA – Qualificação 1 16h10-16h40: Taça GT Macau – Taça do Mundo de GT da FIA – Treinos Livres 2 18h00: Abertura do Circuito
João Luz Manchete SociedadeDroga | Apenas um consumidor com menos de 21 anos até Junho No primeiro semestre deste ano, o Sistema de Registo Central dos Toxicodependentes contabilizou 61 consumidores, um aumento de 15,1 por cento face a 2022. O Governo diz que apenas uma pessoa com menos de 21 anos consumiu drogas nos primeiros seis meses do ano. O registo é baseado nas pessoas apanhadas a consumir e nas que estão em reabilitação O Instituto de Acção Social (IAS) revelou que durante a primeira metade deste ano, de acordo com o Sistema de Registo Central dos Toxicodependentes de Macau, o número total de pessoas que consumiram drogas foi de 61, o que representa um aumento de 15,1 por cento em comparação com o mesmo período de 2022. Num comunicado divulgado na terça-feira à noite, o IAS vai mais longe e declara que entre Janeiro e o fim de Junho apenas um jovem com menos de 21 anos consumiu drogas em Macau. A contabilidade, apresentada na segunda Sessão Plenária da Comissão de Luta contra a Droga de 2023, é baseada em pessoas que cumprem penas de prisão por consumo de drogas e em quem se encontra em processo de reabilitação. Além deste universo, as autoridades esperam que os consumidores de drogas se registem no sistema, uma perspectiva optimista face à criminalização do consumo na RAEM. Recorde-se o caso do residente de Macau na casa dos 20 anos que foi detido em 2021 pela prática do crime de consumo ilegal de estupefacientes, após se ter dirigido aos serviços de urgência do Centro Hospitalar Conde de São Januário por não se sentir bem depois de consumir uma substância ilegal. Para dar uma ideia do desfasamento dos dados de Macau face ao resto do mundo, importa referir que em 2021 o Gabinete das Nações Unidas contra a Droga e o Crime revelava que cerca de 5,5 por cento da população mundial, entre os 15 e 64 anos, teria usado drogas pelo menos uma vez no ano anterior. Os dados do primeiro semestre avançados pelo IAS referem que 0,009 por cento da população de Macau consumiu drogas. Diminuindo o escopo populacional, o IAS afirma que a taxa de toxicodependência dos jovens estudantes de Macau no primeiro semestre foi de 0,96 por cento, uma diminuição de 1,96 por cento em comparação com 2,92 por cento revelado por uma investigação semelhante realizada em 2018. Também no ensino superior, o IAS refere que a taxa de toxicodependência de estudantes caiu significativamente de 4,9 para 1,2 por cento. Pratos do dia Durante a reunião, a secretária para os Assuntos Sociais e Cultura afirmou que depois da pandemia a circulação de pessoas aumentou, “o que trouxe um certo nível de desafio aos trabalhos de combate às drogas”. Elsie Ao Ieong U adiantou ainda que o Governo tem cooperado com as regiões vizinhas nas áreas da prevenção e tratamento da toxicodependência. Com o retomar do normal funcionamento das fronteiras entre as diferentes localidades, o problema de consumo de drogas transfronteiriço voltou a aparecer. A percentagem relativa ao abuso do álcool e dos medicamentos prescritos têm vindo a aumentar, o que é uma situação que merece a nossa atenção, indicou a responsável. Como é habitual nestas circunstâncias, o Governo enumerou as substâncias mais consumidas em Macau, com a metanfetamina (ice) a continuar a ser droga mais tomada nos primeiros seis meses deste ano, com uma percentagem de 23,4 por cento. A ketamina foi a segunda droga mais popular, consumida por 10,4 por cento das pessoas apanhadas nas malhas da lei. Os locais de consumo de drogas foram principalmente em Macau, representando 74,2 por cento do total, enquanto quase 80 por cento dos locais de consumo de drogas foram em casa, casa de amigos e hotéis.
João Luz Manchete PolíticaGrande Prémio | “Champanhegate” resulta em multa à organização A Comissão Organizadora do Grande Prémio de Macau vai pagar uma multa devido ao champanhe bebido pelo vencedor da Fórmula 4. A polémica que envolveu o piloto britânico de 16 anos Arvid Lindblad foi considerada uma “uma profunda lição” O director do Instituto do Desporto e coordenador da Comissão Organizadora do Grande Prémio de Macau, Pun Weng Kun, revelou ontem que a organização do maior evento desportivo de Macau irá “pagar mais tarde” a multa correspondente à pública violação da recém-aprovada lei de prevenção e controlo do consumo de bebidas alcoólicas por menores. Sem referir o valor da multa, Pun Weng Kun afirmou que os Serviços de Saúde investigaram o caso e actuaram de acordo com a lei. “O Instituto do Desporto respeita muito o processo de investigação e está, basicamente, tudo concluído. Mais tarde iremos pagar a multa”, afirmou Pun Weng Kun em declarações ao canal chinês da Rádio Macau. A lei prevê uma multa entre 1.500 e 20.000 às entidades que disponibilizem bebidas alcoólicas a menores e estipula que pais e a escola que o menor frequenta, assim como a entidade que facultou a bebida alcoólica, recebam informações a “alertar sobre os malefícios para a saúde dos menores decorrentes do consumo de bebidas alcoólicas”. A polémica começou no domingo depois da entrega do troféu ao jovem piloto britânico que, como é hábito, recebeu das assistentes da organização uma garrafa de champanhe, assim como os outros pilotos que sobem ao pódio. As consequências dos tragos bebidos da garrafa chegaram no dia seguinte, quando o director dos Serviços de Saúde, Alvis Lo, confirmou aos microfones do Fórum Macau, na mesma emissora pública, que o caso estaria a ser investigado. Aprender com os erros No dia em que revelou estar a correr uma investigação por infracção à lei do consumo de álcool por menores, Alvis Lo sugeriu que para o resto da competição fosse disponibilizado champanhe sem álcool para pilotos menores de idade. O directo do Instituto do Desporto confirmou ontem que a organização do Grande Prémio acatou a sugestão de Alvis Lo. Assim sendo, foram tomadas medidas para disponibilizar bebidas sem álcool durante a cerimónia no pódio de acordo com as idades dos pilotos. Além disso, Pun Weng Kun descreveu o incidente como um momento que proporcionou “uma profunda lição”.
João Santos Filipe Manchete PolíticaAPOMAC | Francisco Manhão diz que política para idosos é propaganda O presidente da APOMAC considera que o Governo podia ter congelado os ordenados dos directores para aumentar as pensões para idosos. Ao contrário do anunciado, Manhão aponta também que nem todos os idosos vão recebe a pensão mensal de 3.740 patacas Francisco Manhão considera que as medidas para os idosos apresentadas nas Linhas de Acção Governativa (LAG) são propaganda e que não existe uma verdadeira preocupação com a terceira idade. Foi desta forma que o presidente da direcção da Associação dos Aposentados, Reformados e Pensionistas de Macau (APOMAC) reagiu ontem ao anúncio de terça-feira. Em causa está o facto de os documentos das LAG anunciarem uma pensão para idosos de 3.740 patacas por mês, paga em treze meses, valor semelhante ao dos últimos anos. Contudo, Francisco Manhão contesta que esta seja a realidade de todos os idosos, ao contrário do que a informação oficial deixa a entender. “Quando lemos o que foi anunciado, parece que este valor [3.740 patacas] é pago a todos os idosos, mas não é o caso. Eu, por exemplo, só recebo 75 por cento, porque antecipei o pagamento da pensão para idosos. Mas há mais um outro lote de pessoas que recebe menos dos que os 75 por cento [desse valor]”, afirmou ao HM. “A pensão 3.740 patacas não é para toda a gente”, sublinhou. Em relação ao valor, o presidente da APOMAC defendeu também que à luz das estimativas para as receitas do orçamento para 2024, que havia margem para aumentos, de forma a contrariar a inflação. “Nem sequer se aumentou a pensão em 260 patacas para chegar ao valor das 4.000 patacas. É um aumento que devia ser para todos os idosos. Se o Governo gasta tanto dinheiro, se gastasse mais 260 patacas não custava nada”, indicou. “E depois tem o desplante de dizer que está preocupado com a terceira idade. A inflação come tudo, e parece que os idosos não precisam de ser apoiados. Há muita propaganda que se preocupam com a terceira idade, mas na realidade os idosos sentem-se prejudicados”, opinou. Francisco Manhão apresentou uma alternativa, no caso de o Executivo considerar que não tem dinheiro para aumentar as pensões: “Bastava que tivessem congelado os aumentos da função pública no que diz respeito às categorias de directores e superiores, e ficavam com dinheiro para pagar as pensões”, sugeriu. Apoios insuficientes Além de considerar parte das medidas anunciadas como propaganda, Manhão mostrou-se também surpreendido com o facto de não ter havido actualização de outros subsídios. “São umas Linhas de Acção Governativa que desvalorizam a terceira idade. Até a injecção extra de 7 mil patacas devia ser feita com retroactivos, porque os idosos ficaram prejudicados nos últimos anos”, considerou. O dirigente associativo queixou-se igualmente da falta do cartão de consumo. “Faz muita falta aos idosos, porque permite comprar bens essenciais. Também é uma medida importante para as pequenas e médias empresas, porque os gastos são feitos em Macau, não são lá fora”, partilhou. “Mesmo ao nível de ajudar as pequenas e médias empresas, acho que seria uma medida mais justa e lógica”, atirou. No mesmo sentido, Francisco Manhão criticou também a manutenção do valor dos vales de saúde em 600 patacas. “É um vale para lavar os dentes, só chega para isso”, atacou. “É um valor que devia ser actualizado. O Governo este ano tem tão boas receitas, e nem aumenta estes valores”, completou. APOMAC de fora Apesar de ser uma das associações que representam reformados e idosos em Macau, desde que Ho Iat Seng assumiu o cargo de Chefe do Executivo a APOMAC deixou de ser ouvida para a elaboração das Linhas de Acção Governativa. Oficialmente, nunca houve qualquer tipo de justificação, para a alteração. O HM contactou o Gabinete de Comunicação Social a 12 de Outubro sobre o assunto, para perceber os motivos que levaram a APOMAC a deixar de ser ouvida, mas até ontem, mais de um mês depois, não recebeu resposta. Este ano, o Chefe do Executivo realizou 13 reuniões para ouvir associações e grupos da sociedade das Linhas de Acção Governativa, e, segundo as contas do HM, pelo menos 12 pessoas participaram em mais do que uma reunião.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaLAG 2024 | “PME vivem sob pressão, isso é inegável”, diz Ho Iat Seng O Chefe do Executivo foi ontem questionado sobre as pequenas e médias empresas (PME) dos bairros residenciais que sofrem com a quebra de clientes dada a transferência do consumo para o Interior da China, impulsionado pelo programa de circulação de veículos de Macau na província de Guangdong. Ainda assim, negou a possibilidade de dar novos apoios económicos além das linhas de crédito já criadas. “As PME vivem sob pressão, isso é inegável, mas podemos fazer os trabalhos que temos vindo a desenvolver e que serão prorrogados no próximo ano. Temos apoiado os estabelecimentos típicos, de restauração e não só, sobretudo na promoção junto dos meios de comunicação social, para que tenham maior fluxo de clientes. Se a clientela está disposta a frequentar esses estabelecimentos, isso depende deles. Pelo menos existe essa projecção em termos de publicidade. Queremos que os apoios online se traduzam em mais negócios para esses estabelecimentos.” “Digo, francamente, que não temos nenhuma margem para conceder mais apoios”, frisou. “Mesmo com um excedente orçamental diminuto podemos ainda conseguir ter benefícios sociais e apoios. Este é um orçamento pautado pelas regras de disciplina orçamental e não é assim tão folgado”, disse. Song Pek Kei foi uma das deputadas que falou desta matéria, lembrando que as PME têm sido obrigadas a lidar “com as mudanças das formas de consumo da população” no período pós-pandémico. “O ambiente socioeconómico de Macau pauta-se ainda por muitas dificuldades e a sociedade espera o lançamento de mais medidas de fomento à economia”, frisou. O debate de ontem abriu também com a intervenção de Chui Sai Peng sobre esta matéria. “O negócio dos restaurantes nos bairros comunitários ao fim-de-semana tem sido baixo. Esse é um facto incontestável e permanece uma grande vontade de consumir fora de Macau. Vão ser dados alguns incentivos financeiros às PME que estão nos bairros antigos?”, inquiriu. O Chefe do Executivo lembrou que a “tendência de desenvolvimento da economia tem sido bastante positiva”, embora “muitas empresas não estejam ainda a ser beneficiadas com a retoma económica”. “Esta tendência mantém-se e esperamos que no próximo ano possamos ter uma maior recuperação económica e mais frutos do desenvolvimento. O Governo assumiu o compromisso de intervir na revitalização de diferentes zonas em parceria com as concessionárias de jogo, mas isso leva algum tempo”, adiantou. Será que aguentam? Questionado sobre a necessidade de aumentar os dias de licença de maternidade, o Chefe do Executivo lembrou a revisão recente. “Neste Governo não há ainda estudos para a sua actualização”, completou. Além disso, o governante questionou a capacidade das PME para suportar um aumento dos dias de licença de maternidade. “Temos de ver a capacidade das PME se conseguem suportar este aumento dos dias da licença de maternidade, e se calhar têm dificuldade. O emprego das mulheres é uma questão que pesa e não podemos copiar cegamente a experiência de outros países, temos de atender à realidade local. Não queremos prejudicar o trabalho das mulheres e, tendo em conta as regiões vizinhas, a nossa taxa de natalidade não é a mais baixa”, disse. Cartão de consumo | Rejeitada nova ronda Ho Iat Seng deixou bem claro que não existem condições no orçamento para o próximo ano para assegurar uma nova ronda de cartões de consumo para a população, à semelhança do que disse sobre os apoios adicionais para as pequenas e médias empresas exigidos por vários deputados. Song Pek Kei foi uma das vozes que pediu o regresso do cartão de consumo, a par de mais medidas de fomento económico. “Esta versão do orçamento passou por várias revisões e estudos, e depois chegámos a este resultado, que nos permitiu voltar a atribuir as sete mil patacas [para as contas individuais do Fundo de Previdência Central]. Desde que haja uma pataca de excedente orçamental estou disposto a voltar a distribuir esse mesmo excedente”, frisou Ho Iat Seng.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaIdosos | Deputados apelam à subida das pensões, mas Governo rejeita O Chefe do Executivo afastou o aumento das pensões para idosos, garantindo que será feita nova avaliação no próximo ano. Ho Iat Seng garantiu que a classe sénior tem apoios suficientes e que “nenhum idoso vai ficar na rua”, enaltecendo ainda a importância do trabalho feito pelos mais velhos No dia do debate na Assembleia Legislativa (AL) sobre o relatório das Linhas de Acção Governativa (LAG) para o próximo ano, a falta de aumentos em termos de apoios sociais, nomeadamente a reforma para idosos, foi um dos temas quentes do debate. Contudo, e apesar de várias questões colocadas pelos deputados nesse sentido, o Governo afasta, para já, o aumento das pensões, actualmente com o valor mensal de 3.740 patacas. “O valor da pensão para idosos não está relacionado com o nosso PIB [Produto Interno Bruto], mas com o regime de segurança social relativamente ao artigo 26”, que define que o montante das prestações da segurança social é fixado por despacho do Chefe do Executivo após ser ouvido o Conselho Permanente de Concertação Social. “Em 2019 fizemos um estudo em relação ao mecanismo de ajustamento das pensões, temos uma base legal para isso. No próximo ano iremos fazer novos cálculos para ver se é possível ajustar a pensão para idosos. Como temos um mecanismo de actualização não vale a pena estarmos aqui a discutir”, frisou Ho Iat Seng. A deputada Ella Lei, ligada à Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), sublinhou as dificuldades sentidas pelos idosos. “Temos um elevado envelhecimento da população e o número de idosos mais que duplicou. Há que aperfeiçoar as medidas. O Governo vai rever as pensões? O tempo de espera para um lar é superior a um ano e os apoios aos cuidadores não são suficientes. Muitos idosos receiam não conseguir suportar as despesas do dia-a-dia e da habitação para idosos”, argumentou a deputada. Por sua vez, Ho Iat Seng lembrou que “há dois níveis [de alojamento para idosos], com lares e residências”. “Os nossos idosos não vão ficar na rua, vamos cuidar deles”, garantiu, frisando que muitos reformados têm poupanças. “Nós, chineses, temos as poupanças para a nossa velhice. Caso haja necessidade, terão o apoio do Governo. Se houver algum idoso na rua avisem-nos que o Instituto de Acção Social irá lá. Há idosos mais abastados que não precisam da ajuda do Governo.” A terceira economia O deputado Ma Io Fong lembrou que “o envelhecimento da população é um problema cada vez mais premente”, devendo o Executivo “ter em conta esta questão e acelerar a economia da terceira idade”, através da atribuição de subsídios às empresas e acções de formação para idosos. Ho Iat Seng disse que, de facto, a aposta no trabalho sénior tem sido “uma pretensão” do Governo, apelando à alteração de mentalidades. “Muitos dos empregos nas empresas de administração predial, segurança e limpeza são feitos por pessoas com mais idade. Temos de apoiar a participação dos idosos nos trabalhos que sejam próprios para a sua condição física. Temos de apoiar a entrada dos idosos no mercado laboral e temos de ter essa abertura de mentalidades. Espero que não venhamos a ser alvo de críticas, temos de ter essa abertura e compreensão.” Ho Iat Seng não deixou de dar o seu próprio exemplo. “Eu e o presidente da AL [Kou Hoi In] somos cidadãos séniores, o deputado Chan Chak Mo também é! Será que somos incapacitados [para trabalhar]? Não. Os cidadãos seniores podem contribuir para o nosso mercado de trabalho porque temos falta de trabalhadores”, rematou.
Hoje Macau Manchete SociedadeKong Chi | Relatadas promessas de proximidade ao MP A primeira sessão desta semana do julgamento do caso de ex-procurador Kong Chi arrancou com a inquirição de testemunhas que confirmaram que a empresária Choi Sao Ieng terá oferecido ajuda para resolver casos judiciais através de ligações que teria ao Ministério Público. No entanto, as testemunhas afirmaram não conhecer Kong Chi O arranque de mais uma semana de sessões do julgamento do caso do ex-procurador do Ministério Público (MP) Kong Chi pegou onde as últimas sessões tinham terminado. A Acusação continuou a inquirir testemunhas que terão recorrido aos serviços de intermediação da arguida e empresária Choi Sao Ieng para se livrarem de problemas com a justiça. O Tribunal de Segunda Instância (TSI) tem mais de meia centena de casos para analisar que o MP alega serem o ponto fulcral da actividade da “associação criminosa” constituída pelos arguidos. Nas últimas sessões, a maioria das testemunhas ouvidas negaram conhecer Kong Chi e os restantes arguidos, excepto a empresária Choi Sao Ieng, que a acusação entende ter prometido a dissolução de casos e bons resultados na sequência ligações privilegiadas ao MP. Segundo o canal Macau da TDM, uma das testemunhas ouvidas na segunda-feira referiu que a empresária Choi Sao Ieng lhe terá prometido ajuda para resolver um caso de furto em que o seu filho era suspeito. A testemunha, mãe do jovem em apuros, revelou em tribunal que o seu filho é autista e terá furtado bens de várias lojas. Para solucionar esta situação, a arguida terá pedido 20.000 patacas de comissão, que a testemunha não pagou, para resolver o caso com ajuda dos conhecimentos que tinha no MP e do seu escritório de advogados. A testemunha negou ainda conhecer o ex-procurador Kong Chi. Tudo normal A narrativa da ponte de ligação de Choi Sao Ieng ao MP, capaz de fazer desaparecer investigações e processos, tem sido repetida ao longo do desfile de várias testemunhas no TSI. Além de afirmarem não conhecer o ex-procurador Kong Chi e a advogada Kuan Hoi Lon, outra constante nos depoimentos das testemunhas foi acreditarem que os pagamentos feitos à empresária serviriam para pagar honorários à advogada conhecida de Choi. A ligação entre os arguidos foi defendida na semana passada com duas testemunhas a afirmarem que conseguiram os contactos da empresária Choi Sao Ieng e de Kuan Hoi Lon através de pessoas no MP, uma das testemunhas terá mesmo identificado Kong Chi como a pessoa que lhe deu esses contactos.
João Luz Manchete SociedadeGuangzhou | Comitiva empresarial de Macau procura cooperação Uma comitiva de mais de 30 representantes do sector empresarial da RAEM visitou o distrito de Nansha, em Guangzhou, acompanhada pelo IPIM, em busca de pontes de cooperação com congéneres da capital de província. A delegação foi constituída por representantes de associações comerciais, sectores de manufactura, convenções e exposições O Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM) levou um grupo de mais de 30 representantes dos sectores empresarial e comercial de Macau numa visita ao distrito de Nansha, em Guangzhou, segundo um comunicado emitido ontem pelo organismo. A visita aconteceu na semana passada e teve como objectivo planear acções de intercâmbio e investigação, estudar as perspectivas de desenvolvimento do sector de importação e exportação, das indústrias de cooperação internacional e da inovação tecnológica e promover mais contactos e cooperação entre empresas de Guangdong e Macau. A comitiva liderada pelo presidente do IPIM, Vincent U, foi composta por mais de três dezenas de representantes de Macau de associações comerciais, dos sectores de manufacturas, convenções e exposições, logística, comércio electrónico transfronteiriço, venda a retalho e das indústrias culturais e criativas. Em discurso no “Seminário de Intercâmbio Comercial entre Empresas de Macau e Nansha”, Vincent U referiu que a cooperação económica e comercial entre Macau e Guangzhou se tem vindo a aprofundar ao longo dos últimos anos, com empresas de renome de Guangzhou a estabelecerem-se em Macau, enquanto uma série de empresas de Macau optou por investir e estabelecer-se em Guangzhou. Neste domínio, o dirigente do IPIM vincou o papel de plataforma empresarial que Nansha representa ao ligar Guangdong a Macau e Hong Kong. Trunfos na manga A continuação de grandes projectos de construção de infra-estruturas que aproximem as regiões foi outro dos trunfos apresentados para facilitar a cooperação empresarial e a circulação de bens. Nesse aspecto, o subchefe da Divisão de Promoção de Investimento Externo junto do Departamento do Comércio da Província de Guangdong, Wang Yi, sublinhou a importância do alargamento das redes viárias. “A próxima abertura do novo acesso entre Shenzhen e Zhongshan (em Zhuhai) irá encurtar a distância de viagem entre Nansha e Macau”, afirmou. O responsável espera que, desta forma, “mais investidores de Macau possam investir e desenvolver-se em Nansha e participar no desenvolvimento conjunto da Grande Baía”. A visita teve no roteiro paragens nas novas instalações do Porto de Nansha, OVO PLUS Incubation Centre, o Museu de Ciência e Tecnologia Automóvel de Guangzhou. Foram também visitadas instalações de empresas de Macau estabelecidas em Nansha.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaHabitação intermédia | Governo não avança já com construção A construção de casas para a classe média na avenida Wai Long vai mesmo avançar, mas não para já. Ho Iat Seng disse ontem que não quer gastar já o dinheiro público neste projecto tendo em conta o reduzido número de candidatos à habitação económica O Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, adiantou ontem que o Executivo não vai avançar com a construção de habitação intermédia a curto prazo, optando por analisar primeiro se existe, de facto, uma classe média no seio dos candidatos às casas económicas. O governante, ao falar em conferência de imprensa após apresentar o relatório das Linhas de Acção Governativa (LAG) para o próximo ano, lembrou que o número de candidatos para as 5.014 fracções económicas fica abaixo do esperado. “Temos de perceber as razões para se construir a habitação intermédia. Tal foi feito porque havia uma grande lista de espera para a habitação económica e queremos promover a habitação para os jovens, e porque tinham uma pontuação menos vantajosa [neste concurso]. No concurso para as fracções de habitação económica o número de candidatos é ainda reduzido. Segundo a nossa avaliação não existe, para já, uma classe sanduíche a precisar da habitação intermédia, tendo em conta esse número reduzido de candidaturas aquém do esperado.” Ho Iat Seng garantiu, no entanto, que o projecto nunca será suspenso. “Vamos continuar com o projecto de habitação intermédia na avenida Wai Long e posso afirmar que os trabalhos preparatórios estão finalizados. Mas, por enquanto, não vamos gastar dinheiro público para a habitação intermédia porque essa necessidade não é premente. Suspendemos a construção da habitação intermédia na avenida Wai Long porque temos de ser pragmáticos e ter em conta as necessidades.” “Não vou cancelar a habitação intermédia, mas no próximo ano teremos de observar a situação das candidaturas à habitação económica, para ver se há ou não uma classe sanduíche. Se houver uma grande procura podemos construir de imediato a habitação intermédia, temos recursos para isso”, adiantou ainda. Com estabilidade O Chefe do Executivo comentou ainda as recentes medidas que facilitam a compra de uma segunda casa para habitação, com o fim do imposto de selo de cinco por cento, entre outras medidas fiscais de flexibilização do mercado. “Reduzimos o imposto de selo e segundo as instruções da Autoridade Monetária e Cambial de Macau sobre os bancos, o nosso sector imobiliário tem uma oferta bastante satisfatória, não existindo a necessidade de prolongar as medidas provisórias, pelo que vamos voltar à antiga política fiscal de 2010.” Quanto às medidas em vigor para as hipotecas de casas, o Chefe do Executivo adiantou que “têm tido efeitos na estabilização do mercado imobiliário, mas têm distorcido os valores das casas de menor dimensão, com os preços a aumentar entre 20 e 30 por cento”. “Os jovens têm vindo a sofrer com os elevados preços da habitação no mercado privado. Os custos de construção são os mesmos, mas houve um aumento no preço das casas na Taipa de 12 a 13 mil patacas por pé quadrado, o que é ridículo”, frisou. Na zona A vão continuar a disponibilizar-se 32 mil fracções públicas e quatro mil privadas. “Seja qual for o Governo, esta política já definida vai persistir”, disse Ho Iat Seng, que não quis avançar se é novamente candidato às eleições para o Chefe do Executivo do próximo ano. Acima de tudo, o governante quis salientar que não pretende “tomar medidas exageradas para perturbar o funcionamento do mercado privado, a não ser que o preço dos imóveis se mantenha alto”. “Somos uma sociedade de capitalismo e temos de deixar as regras do mercado a funcionar. Temos de ter em conta a habitação para as populações vulneráveis, mas o jogo do mercado privado funciona e não precisa de intervenção do Governo. As pessoas podem escolher e não estamos num cenário de monopolização, oferecemos sim muitas alternativas e escolhas”, concluiu.