Centenário do PCC | O lugar de Macau e o bom exemplo discutido em palestra em Portugal

Numa palestra promovida pela Associação Portuguesa dos Amigos da Cultura Chinesa, a propósito do centenário do Partido Comunista Chinês, o Embaixador chinês em Portugal destacou Macau como o bom exemplo da concretização de “Um País, Dois Sistemas”, alertando para os “comentários desenfreados” feitos por outros países face à situação de Hong Kong. Já o ex-ministro dos Negócios Estrangeiros português Martins da Cruz referiu que Macau “nunca foi uma ameaça aos interesses chineses”

 

Macau tem sido apontado como o território onde tudo correu bem na aplicação do princípio “Um País, Dois Sistemas”, e essa ideia voltou a ser destacada numa palestra online promovida pela Associação Portuguesa dos Amigos da Cultura Chinesa, em Portugal, a propósito do centenário do Partido Comunista da China (PCC).

Um dos oradores foi o embaixador chinês em Lisboa, Zhao Bentang, que lembrou o facto de Deng Xiaoping “e outros comunistas chineses terem rompido com a mentalidade da Guerra Fria e, salvaguardando a unidade nacional e os interesses vitais dos compatriotas de Hong Kong e Macau produziram de maneira criativa a grande ideia ‘Um País, Dois Sistemas’, concretizando a transição pacífica e o retorno bem sucedido de Hong Kong e Macau”.

Na visão do diplomata, a realidade comprova que o princípio de integração “não é apenas a melhor solução para a questão de Macau, mas também o melhor sistema para manter a prosperidade e estabilidade de Macau a longo prazo”.

Zhao Bentang referiu também a situação da região vizinha. “Quanto às medidas tomadas pela China em relação a Hong Kong, na verdade estamos a aprender as boas experiências na prática de ‘Um País, Dois Sistemas’ em Macau, e isso também tem o objectivo de assegurar o desenvolvimento estável e a prosperidade de Hong Kong.”

O embaixador destacou ainda o facto de “alguns países tentarem sempre fazer comentários desenfreados sobre as nossas medidas em relação a Hong Kong”, algo que é “um desrespeito e interferência grosseira nos assuntos internos da China”.

António Martins da Cruz, antigo ministro dos Negócios Estrangeiros português, também participou na palestra, referindo a importância de “saber valorizar o papel de Macau” na hora de celebrar o centenário do PCC. “Com uma situação bem diferente de Hong Kong, com um ambiente agreste, Macau nunca foi, ao longo dos séculos e ainda hoje, uma ameaça para os interesses chineses.”

Para Martins da Cruz, o território representa “um marco de estabilidade no panorama actual” e uma “plataforma que facilita os investimentos mútuos e a presença das empresas chinesas em Portugal e portuguesas na China”. “Tudo isto é possível graças à visão do PCC e dos seus políticos, ao longo dos anos, que sempre souberam ter em conta a especificidade de Macau. E por isso lhe devemos estar gratos”, frisou.

Martins da Cruz lembrou também que, ao contrário de outros países estrangeiros, a China sempre manteve boas relações com Portugal. “Só Portugal foi uma excepção: estabelecido em Macau desde o século XVI, com o acordo de poder central chinês da altura e durante todos estes séculos, até 1999, Portugal não participou na violência, nos saques, na ocupação pelas potências estrangeiras, na humilhação do povo chinês. Foi aliás nessa altura que os ingleses se apoderarem de Hong Kong e que outros ocuparam Xangai, que se promoveram medidas para enfraquecer o povo chinês e destruir uma civilização com milhares de anos.”

Wu Zhiwei, membro da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês e empresário, também destacou o bom exemplo da RAEM no contexto nacional. “A 20 de Dezembro de 1999, Macau regressou ao seio da pátria, e nestes últimos 22 anos o seu desenvolvimento económico avançou a passos gigantes, o nível de vida dos residentes tem melhorado de forma continuada, a sociedade é estável e harmoniosa e as múltiplas culturas completam-se numa relação mútua. O amor à pátria e a Macau constituem os valores no território. Macau tornou-se num exemplo da concretização bem-sucedida do modelo ‘Um País, Dois Sistemas’”, referiu.

Sem imposições

Numa sessão onde todos os participantes destacaram os ganhos obtidos nos últimos 100 anos graças ao PCC, nomeadamente a quase erradicação da pobreza na China e o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), foi também abordado o sistema político no país. Martins da Cruz colocou a questão: “poderia ter sido outra força política a assumir o rumo desde 1949? Podia, mas não foi. E se fosse, provavelmente, não se manteria no poder desde então.”

“No Ocidente, na Europa e nos EUA, alguns Governos, embora de forma assimétrica, mas sobretudo comentadores e activistas (uma nova classe de geração espontânea que não consigo definir) criticam a China por não ter os nossos valores e princípios. Não entenderam a cultura e a civilização chinesas e o papel do PCC na história da China no último século. Os países devem manter relações e entendimentos independentemente dos seus regimes políticos. Senão Portugal só reconheceria talvez um terço dos Estados que tem regimes semelhantes ao nosso”, destacou o antigo embaixador.

Para Martins da Cruz, “o interesse da Europa é que a China seja um país estável, desenvolvido, previsível e confiante no seu próprio sistema”. Tudo isso acontece “graças ao pragmatismo e ao papel do PCC”.

O ex-ministro adiantou ainda um cenário hipotético. “Mas, por absurdo, vejamos outro cenário: a China com um sistema político igual aos ocidentais. Nesse caso, e sempre segundo os parâmetros daqueles que defendem a teoria, seria mais desenvolvida do que agora. Mas seria um perigo maior para o ocidente, pois seria mais desenvolvida e com os mesmos objectivos. Representaria um desafio maior na estratégia, na política e na economia. Mas os que invocam esta possibilidade não sabem ou não querem responder a este paradoxo. Porque não lhes conviria.”

Segundo Martins da Cruz, estas personalidades “não conseguem admitir que a visão do PCC, a visão chinesa sobre a situação e os equilíbrios globais não é a mesma que nós temos, nem tem de ser”.

“Não entendem que na cultura chinesa os interesses colectivos prevalecem sobre os interesses individuais. Que o exercício de hierarquia começa ainda na família e se reflecte nas empresas, na administração e no Estado. Não compreendem, ou não conseguem entender, que na cultura chinesa disciplina significa segurança. Que é indispensável para superar a pobreza e permitir a convivência de 1 bilião e 400 milhões. E que o PCC é o garante desse interesse colectivo, dessa hierarquia e dessa segurança”, adiantou.

Martins da Cruz não deixou, contudo, de colocar uma questão. “Há críticas a fazer a este sistema político? Certamente, se o compararmos com os nossos sistemas. Mas não temos o direito de impor.”
E sobre a não imposição de sistemas políticos também falou o embaixador Zhao Bentang. “Todos ganham com a coexistência harmoniosa de sistemas da China e do ocidente”, frisou, sem esquecer os ganhos que a sociedade chinesa obteve nos últimos anos. “O Presidente [Xi Jinping] disse porque é que o socialismo com características chinesas pode obter o sucesso e dar benefícios ao povo. O marxismo pode ser viável. Desde o dia em que foi fundado, o partido tornou o marxismo como pensamento orientador e persiste na combinação dos princípios básicos do marxismo com a realidade concreta da China.”

Palavras de Kevin Ho

Kevin Ho, empresário de Macau e membro da Assembleia Popular Nacional, foi outro dos oradores a tecer rasgados elogios a Pequim. “Se olharmos para o nosso país actualmente, quem pensaria que iria acontecer tudo isto nos últimos 100 anos? O que era a China? O nosso país estava essencialmente dividido em muitas partes e governado por diversas pessoas. Tínhamos uma absoluta pobreza e desde a sua formação, há 100 anos, o PCC tem estado comprometido em construir um melhor lugar para os chineses.”

Para Kevin Ho referiu ainda, a partir da Reforma e Abertura implementada por Deng Xiaoping “vimos as vidas das pessoas a melhorar, e em 2021 declaramos com sucesso a erradicação da pobreza”.

“Nos últimos 80 anos, e sob liderança do PCC, muitos milhões deixaram o estado de absoluta pobreza, o que é um milagre mundial. Não temos qualquer intenção de olhar para as políticas dos outros países e interferir nos outros países, e esperamos que a mesma percepção exista para o nosso país”, concluiu o empresário.

8 Jul 2021

Burla | Desfalcados em cerca de 1 milhão para ingressar na universidade

Um designer gráfico de 27 anos é suspeito de burlar os pais de quatro estudantes do Interior da China em cerca de 1 milhão de renminbis, levando-os a acreditar que teria ligações privilegiadas com a direcção de uma universidade de Macau. O residente é ainda acusado de falsificar certificados de admissão e forjar o envio de emails em nome da instituição de ensino

 

Os maus resultados obtidos no Exame Nacional Unificado de ingresso no Ensino Superior pelos filhos, levaram quatro encarregados de educação do Interior da China a recorrer aos serviços de um designer gráfico de Macau que alegou ter contactos privilegiados dentro do Conselho Escolar de uma universidade de Macau, para facilitar a admissão de alunos.

Como resultado, para além de ver os filhos falhar o ingresso ao Ensino Superior em Macau, as vítimas acabaram burladas em cerca de 1 milhão de renminbis e confrontadas com um esquema de falsificação de documentos emitidos em nome da instituição de ensino. O residente de Macau foi detido pela Polícia Judiciária (PJ) na segunda-feira, praticamente dois anos depois da queixa apresentada pelos lesados e da detenção de outras três suspeitas.

O caso remonta a Agosto de 2019, altura em que os encarregados de educação entraram em contacto com uma residente de Macau de apelido Cheong que se prestou a estabelecer alguns contactos para garantir que, apesar dos resultados insatisfatórios, os estudantes fossem admitidos na universidade em questão, que não foi identificada pela PJ.

Em contrapartida, as quatro vítimas prontificaram-se a pagar, por cada estudante, respectivamente, 200.000 dólares de Hong Kong, 246.300 renminbis, 243.500 renminbi e 264.500 renminbis, ou seja, cerca de 1 milhão de renminbis no total. Contudo, após apresentarem a notificação de admissão nos serviços da universidade, os encarregados de educação foram informados que nenhum dos estudantes sido autorizado a ingressar no estabelecimento de ensino.

O acontecimento levou as vítimas a apresentarem queixa à polícia, desenrolando-se daí uma investigação que concluiu que, além de Cheong, outras duas intermediárias estariam envolvidas no esquema. Detidas e interrogadas pela PJ em Setembro de 2019, as três vítimas admitiram ter seguido as instruções de um homem que era, nada mais, nada menos, que o designer gráfico de 27 anos detido na passada segunda-feira e que saiu de Macau no dia 4 de Agosto de 2019. Pelo trabalho efectuado, as arguidas admitiram ainda ter lucrado montantes entre as 36.000 e as 400.000 patacas.

Tal e qual

Através do Gabinete de Acesso ao Ensino superior, a PJ verificou que, tanto o certificado como a notificação de admissão eram falsas. Além disso, ficou ainda provado que as vítimas receberam emails falsos enviados em nome da universidade.

Através da acção da Interpol, a PJ pediu ajuda à polícia do Interior da China para interceptar o principal responsável pelo esquema, facto que veio mesmo acontecer na passada segunda-feira, dia em que o designer de Macau viria a ser detido em Zhuhai.

Interrogado pela PJ, o suspeito admitiu não ter qualquer ligação com a universidade em causa e que, em conjunto com uma das detidas em 2019, foi responsável por forjar a notificação de admissão a partir de um software online, enviar os emails falsos e criar um falso certificado de admissão.

O suspeito foi presente ontem ao Ministério Público onde irá responder pela prática dos crimes de burla de valor elevado e falsificação de documentos.

7 Jul 2021

Renovação Urbana | Governo rescinde contrato de consultoria com Deloitte

O Executivo decidiu antecipar o fim do contrato com a Deloitte por considerar que não faz sentido fazer uma nova consulta pública. O vínculo tinha um valor de 14,5 milhões de patacas

 

O Governo vai rescindir o contrato de consultadoria na área da Renovação Urbana com a empresa Deloitte. O anúncio foi feito ontem pelo secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, após a primeira reunião do ano do Conselho para a Renovação Urbana.

“Foi apresentada aos membros a situação do estudo que tínhamos encomendado a uma consultora sobre a Renovação Urbana. E fizemos um ponto da situação que se resume no seguinte: o trabalho que está feito, está feito. O trabalho que falta fazer… Vamos interromper o contrato porque o que falta fazer não faz muito sentido”, afirmou o secretário. “O trabalho que está por fazer não faz sentido, porque basicamente a consulta pública já foi feita em 2019 e não faz sentido fazer outra consulta”, acrescentou.

Raimundo do Rosário não avançou a compensação que terá de ser paga à empresa, mas garantiu que o valor a pagar pelos trabalhos feitos e rescisão não vai ultrapassar o montante da adjudicação, ou seja 14,5 milhões de patacas.

Os resultados apurados da consultadoria vão agora ser utilizados para elaborar a lei da Renovação Urbana, que o secretário confirmou ser o próximo passo de um processo que se discute há anos.

Água reciclada avança

À margem do encontro, Raimundo do Rosário comentou os planos para construir uma Estação de Tratamento de Água reciclada, que poderá ser utilizada para fins domésticos, como no autoclismo. Quando assumiu a pasta dos Transportes e Obras Públicas, o secretário suspendeu um projecto semelhante e explicou a mudança de posição:

“Quando tomei posse havia um estudo para fazer uma estação de água reciclada em Coloane e, na altura, suspendi a obra. Achava o preço da água reciclada muito caro. […] Agora vamos fazer uma estação com um tratamento mais ligeiro e por conseguinte mais barato”, explicou.

Por último, o governante comentou também a polémica em torno da repetição do concurso público para a construção da Linha de Seac Pai Van do Metro Ligeiro. A necessidade de repetição foi explicada com a ausência de definição de metas temporais para a construção de certas fases do projecto.

Raimundo do Rosário não quis comentar as propostas entregues na repetição, mas pediu a compreensão da população. “Queria só dizer que em seis anos, quase sete, foi a primeira vez, e espero que única, que se cancelou um concurso e se voltou a fazer. Espero que nos seja permitido de vez em quando errar”, desabafou. Como o concurso ainda está a decorrer, o secretário recusou fazer mais comentários por considerar que seria “prematuro”.

7 Jul 2021

PCC | Exposição de fotografias recebeu mais de 16 mil visitantes

Nos dias que se seguiram à comemoração do centésimo aniversário do Partido Comunista da China, o número de visitantes da exposição de fotografias alusiva ao acontecimento mais que triplicou. Para a organização, o sucesso da exposição é o reflexo da “vontade das pessoas que vivem em Macau”

 

Desde a inauguração a 23 de Junho, a exposição de fotografias “Os 100 anos do Partido Comunista da China” recebeu até segunda-feira 16.701 visitantes e contou com a inscrição prévia de 38.213 pessoas, tendo recebido mais de 1.000 organizações e associações. De referir que, em pouco mais de três dias e desde a comemoração do centenário do Partido Comunista da China, assinalado a 1 de Julho, o número de visitantes mais que triplicou. Isto, tendo em conta que até à passada quinta-feira a exposição tinha acolhido cerca de 5.000 visitantes.

De acordo com a vice-presidente da Fundação Macau, Zhong Yi Seabra de Mascarenhas, o sucesso da exposição que vai estar patente até 15 de Julho no Complexo da Plataforma de Serviços para a Cooperação Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa, “traduz a vontade das pessoas que vivem em Macau”, incluindo as diferentes comunidades que vivem no território, como a portuguesa ou a macaense.

A responsável frisou ainda que a liderança do Partido Comunista da China (PCC) foi “muito importante” para a concretização da transferência de soberania de Macau e para que o território gozasse das vantagens do princípio “Um País, Dois Sistemas”, permitindo “fazer um bom trabalho de intercâmbio com os países lusófonos e manter o convívio entre a cultura ocidental e oriental”.

“Gostávamos que as pessoas que vivem em Macau pudessem apreciar a história e este momento, porque até a China chegar onde está hoje foram precisas muitas gerações, muitos líderes, muitos jovens e muitas pessoas que perderam a vida e contribuíram para cada passo do desenvolvimento da China. A nova geração tem de se lembrar e guardar um sentimento de gratidão (…) cabendo-nos a nós procurar a paz e construir Macau de forma benéfica”, apontou Zhong Yi ao HM.

Atrás do sonho

A vice-presidente da Fundação Macau sublinhou ainda ser fundamental que os jovens conheçam a história do PCC e das suas figuras, de modo a que possam contribuir para o sonho de tornar toda a nação chinesa numa nação próspera.

“[Quando eram jovens], líderes como Mao Zedong ou Deng Xiaoping (…) já tinham ideias para que, não só eles, mas também toda a nação chinesa pudesse viver bem. É um sonho impressionante, acho que a juventude é muito importante”, partilhou Zhong Yi.

“Cada nação tem de ser patriota. Os Chineses têm de ser patriotas assim como os portugueses também devem ser patriotas em relação ao seu próprio país. Sem amar o país como é possível ser-se um verdadeiro cidadão?”, questionou.

7 Jul 2021

Eleições | Wong Wai Man diz que a sua exclusão prejudicou a população

A comissão de candidatura Ajuda Mútua Grassroots foi recusada por ter sido considerado que não reunia as 300 assinaturas necessárias. Porém, o candidato diz que a população é que saiu prejudicada com a decisão

 

Wong Wai Man foi excluído de participar nas eleições por não ter conseguido constituir uma comissão de candidatura com 300 pessoas. O homem que em 2017 se destacou na campanha como o “Soldado de Mao”, por usar as roupas de soldado comunista, ainda recorreu da exclusão, mas o Tribunal de Última Instância (TUI) acabou por validar a primeira decisão da Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL).

Ao HM, Wong diz que a decisão só prejudica a população. “Eu não perdi nada, quem ficou a perder foi a população”, afirmou sobre a exclusão.

A declaração foi justificada com a postura que diz que os outros candidatos adoptam nas eleições. Segundo Wong, normalmente as listas fazem muitas promessas extravagantes durante a campanha, quando precisam de reunir votos, mas depois não têm qualquer intenção de cumprir.

Também por aquela que considera ser a postura dos outros candidatos, Wong aponta que a sua lista, que tinha o nome Ajuda Mútua Grassroots, apresentava as melhores respostas para os problemas da população.

De acordo com o “Soldado de Mao”, no seu programa político constavam ideias como a criação de condições para que todos pudessem ter acesso a uma habitação e a um emprego com um salário elevado. Como consequência da resolução das questões da habitação e emprego, Wong afirma que os problemas do trânsito e do ambiente vão ser também resolvidos.

Críticas à CAEAL

Foi a 25 de Junho que a CAEAL anunciou que a lista Ajuda Mútua Grassroots tinha sido excluída, uma vez que os 300 membros da comissão de candidatura não cumpriam os requisitos necessários. Segundo a primeira explicação, a CAEAL apenas teria validado 190 das 300 assinaturas, por considerar que as recusadas tinham informações incorrectas, envolviam pessoas que não podiam votar ou por haver pessoas que assinaram mais do que uma vez.

No entanto, Wong diz que ficou provado pelo TUI que apenas 16 dos assinantes não cumpriam os requisitos e que 284 foram validadas. Para o cidadão a postura deixa motivos para questionar a actuação da CAEAL. “Porque é que os 158 assinantes não podiam ser convocados para se verificar as informações? A CAEAL só disse de forma pouco clara que as informações não correspondiam à verdade…”, desabafou.

À luz da aprovação de 284 das assinaturas, Wong considerou ainda que a sua conduta de levar o caso para tribunal contribuiu para “valorizar o processo”.

Fora das eleições, Wong foi questionado sobre quem considerava ser os deputados que melhor tinham desempenhado as funções desde 2017. Para o “Soldado de Mao”, destacam-se os deputados Ella Lei e Leong Sun Iok, da Federação das Associações dos Operários de Macau, e ainda Sulu Sou e José Pereira Coutinho.

Wong foi condenado em Março de 2020 ao pagamento de uma multa 10.800 patacas, pelo crime de violação da liberdade de reunião e manifestação. Os factos levam-nos a 2017, quando Wong interrompeu a campanha da lista de Sulu Sou. Porém, sobre a avaliação positiva ao deputado com quem teve problemas legais, o ex-candidato explicou que apenas teve em consideração “os factos e não a pessoa”.

7 Jul 2021

Eleições | Fão acredita que Agnes Lam e Operários podem dar voz à APOMAC

Com Melinda Chan fora da corrida ao hemiciclo, a influência da APOMAC pode reduzir-se. No entanto, Jorge Fão acredita que há alternativas e candidatos com interesses muito semelhantes aos da associação

 

Pela primeira vez desde 2009, nem Melinda Chan, nem qualquer candidato apoiado por David Chow, vão participar nas eleições para a Assembleia Legislativa. Devido à proximidade histórica ao empresário Chow, a Associação dos Aposentados, Reformados e Pensionistas de Macau (APOMAC) pode enfrentar dificuldade para se fazer ouvir no hemiciclo. Contudo, Jorge Fão presidente da Mesa da Assembleia Geral da APOMAC, acredita que existem alternativas.

Numa posição que sublinhou ser pessoal, Jorge Fão disse ao HM que os candidatos ligados à Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), Ella Lei e Leong Sun Iok, e a ainda a independente Agnes Lam têm muitos interesses em comum com a APOMAC, sendo lógica uma aproximação política.

“Não é uma posição de direcção, mas como tenho estado ligado às eleições e à política gostava de apontar os nomes da professora Agnes Lam e também os candidatos dos Federação das Associações dos Operários de Macau, Ella Lei e Leong Sun Iok”, afirmou. “Creio que são candidaturas mais credíveis, pessoas que lutam por benefícios e interesses comuns e que não estão na Assembleia Legislativa a defender motivos populistas”, acrescentou.

No que diz respeito à lista de Agnes Lam, Jorge Fão destacou a presença do arquitecto Rui Leão. “É uma voz da comunidade portuguesa e macaense, e pelo menos a lista tem uma pessoa das comunidades. Eu considero o arquitecto Leão um membro da nossa comunidade, que cresceu em Macau. É também um bom profissional, discreto e não embarca em populismos ou demagogia”, explicou.

Questões operárias

Em relação aos deputados da FAOM, Jorge Fão destaca a defesa das questões laborais, às quais também dedicou grande parte da sua vida, tendo sido um dos membros fundadores e presidente da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM). “Embora tenha tido um caminho diferente do deles, sempre defendi a causa trabalhadora. Eles estão a trabalhar nesse sentido, sem lançarem grandes foguetes, e têm uma máquina bem oleada”, reconheceu o dirigente da associação. “São deputados energéticos, com alguma discrição, sem demagogia, populismo, sem promessas que não são para cumprir”, realçou.

Apesar dos elogios, Jorge Fão não deixa de considerar que os dois poderiam ter feito mais na AL. “Os deputados fizeram o trabalho possível. Podiam ter feito mais, mas nós sabemos que é difícil. Sempre disse que em Macau quem manda são os patrões e não acho que isso tenha mudado”, indicou.

Eleições concorridas

No que diz respeito às eleições pela via directa, são 19 as listas que vão participar, no caso de não haver exclusões por parte da Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa nem desistências.

Em relação à mudança de Angela Leong do sufrágio directo para o indirecto, Fão diz que Cloee Chao, candidata ligada aos trabalhadores do sector do jogo, pode sair a ganhar. “Ela avançou com uma candidatura, tem feito trabalho e pode beneficiar da mudança. Há apoios no sector à lista dela”, considerou.

O ex-deputado crê ainda que a lista da Associação do Bom Lar, ligada à Associação das Mulheres de Macau e liderada por Wong Kit Cheng, vai sair reforçada das eleições com a possibilidade de eleger dois deputados.

Finalmente, sobre a candidatura do macaense José Pereira Coutinho, Jorge Fão diz que vai ser eleito “sem nenhum problema” e que a grande questão é a capacidade de eleger o segundo deputado, apesar de ser “difícil”.

7 Jul 2021

Bienal Internacional de Arte arranca a 15 de Julho em toda a cidade

A segunda Bienal Internacional de Arte de Macau está à porta, com a cidade inteira a transformar-se numa galeria. Além dos espaços expositores normais, a arte vai invadir locais como a Praça do Tap Seac, as Casas-museu da Taipa, Anim’Arte Nam Van ou o Largo da Barra. A partir de 15 de Julho, até ao final de Outubro, podem ser visitadas 30 exposições espalhadas por 25 locais

 

A segunda edição da Bienal Internacional de Arte de Macau está prestes a começar, com o dia 15 de Julho a colocar a RAEM no calendário da arte contemporânea asiática. Até ao final de Outubro, Macau irá mergulhar num oceano de cultura, transfigurar-se numa galeria e jardim de arte, aberto a residentes e turistas e gratuito para quem quiser desfrutar das exposições.

“A nossa intenção, alicerçada na participação colectiva de entidades públicas, empresas, artistas e público geral, é estimular diálogos sobre tópicos relacionados com a cidade”, afirmou ontem Mok Ian Ian, presidente do Instituto Cultural (IC) durante a apresentação da bienal.

A responsável adiantou que o Governo vai entrar com oito milhões de patacas para o orçamento global da bienal, “para a exposição principal e divulgação do evento”. O financiamento da mostra internacional será da responsabilidade das operadoras Galaxy Entertainment Group, Melco Resorts & Entertainment, MGM, Sands China Ltd., SJM RESORTS, Wynn Macau, e do grupo empresarial Nam Kwong.

As empresas, além de financiarem exposições públicas, incluindo a mostra de trabalhos de artistas locais, atribuem prémios e cedem as instalações. Questionada sobre o orçamento global do evento, Mok Ian Ian confessou não saber, “porque as empresas não revelaram ao Governo quanto investiram”, mas garantiu que apesar do reduzido orçamento público, a dedicação do pessoal do IC será total.

O tema da bienal é “criar para o bem-estar”, respondendo às naturais aspirações e metas na busca pela felicidade.
“Muitos países e regiões mergulham ainda no sofrimento provocado pela conjuntura pandémica. Por isso, um intercâmbio de nível espiritual entre pessoas de diferentes origens, estabelecido através da beleza criada pela sua arte, torna-se particularmente significativo”, afirmou Mok Ian Ian.

Nesse aspecto, Helena de Senna Fernandes, directora dos Serviços de Turismo, aproveitar a oportunidade para convidar turistas a visitar Macau durante os meses da bienal, algo que considera possível devido ao trabalho de promoção da RAEM enquanto cidade saudável e segura. Convém recordar que Macau continua com severas restrições fronteiriças.

“Entre Junho a Outubro é o momento ideal, temos as férias de Verão e semana dourada de Outubro. Espero que um evento desta envergadura possa atrair mais turistas e disponibilizar experiências culturais à população de Macau”, projectou a presidente do IC.

O que aí vem

A bienal deste ano vai estar dividida entre várias secções. O ex-líbris será a exposição principal, terá mostras espalhadas pelos espaços das operadoras de jogo, o Pavilhão de Cidade Criativa (que une Macau a outras cidades), exposições em espaços públicos, mostras de artistas locais e colaborações experimentais de docentes e alunos do ensino superior.

O foco principal desta bienal está dividido em três sessões de exposição: “O Sonho de Mazu”, “Labirinto da Memória de Matteo Ricci” e “Avanços e Recuos da Globalização”. No total, vão estar patentes, a partir de dia 16 de Julho, no Museu de Arte de Macau, mais de 100 trabalhos da autoria de mais de 40 artistas do Interior da China e estrangeiros oriundos de mais de 20 países e regiões.

Em “O Sonho de Mazu”, artistas portugueses, chineses, coreanos e do Médio Oriente reinterpretam com um olhar contemporâneo porcelana chinesa das dinastias Ming e Qing, combinando as tradicionais cores azuis e branca e materiais onde se incluem azulejos lusos. Esta exposição vai estar patente ao público até 15 de Agosto no Museu de Arte de Macau.

Outro dos focos das mostras principais é “Labirinto da Memória de Matteo Ricci”, uma secção que “descreve o olhar do Ocidente sobre a China, escrito, reescrito e subvertido ao longo de 500 anos”, com destaque para um trabalho do artista Vasco Araújo composto por uma mesa de madeira, 15 fotografias digitais enquadradas em molduras de madeira e metal.

O terceiro vector das mostras principais intitula-se “Avanços e Recuos da Globalização”, que procura reflectir a forma como a pandemia forçou o mundo a parar, apesar do caracter irreversível da globalização. Neste capítulo, será exibido entre 16 de Julho e 17 de Outubro, no Museu de Arte de Macau, um trabalho da colecção Tate em vídeo de autoria da franco-argelina Zineb Sedira intitulado “Língua Materna”.

A obra centra-se nas trocas de memórias de infância da artista, da sua mãe e da sua filha em três diferentes línguas nativas: francês, árabe e inglês. O trabalho reflecte a narração de histórias como forma de preservar a identidade cultural através das gerações e sublinha a dificuldade de manter um património partilhado através das divisões nacionais e linguísticas e reconhece a complexidade da identidade.

A prata da casa

A Arte Macau 2021 irá exibir também trabalhos de artistas locais, cuja escolha resultou da selecção de 12 peças de criadores de Macau, entre pintura, instalações tridimensionais, escultura e fotografia. O local que irá reunir estes trabalhos, entre 29 de Agosto e 24 de Outubro, será o Antigo Estábulo Municipal de Gado Bovino.

Entre os artistas locais estão João Miguel Barros, Konstantin Bessmertny, Cheong I Kuan, Fok Hoi Seng, Ieong Man Pan, Kun Wang Tou, Leong Lam Po, Mak Kuong Weng, Sit Ka Kit, Wong Soi Lon e Wong Weng Io.
Nesta segunda edição, a bienal vai extravasar para as ruas com a exibição de seis obras de artistas do Interior da China, Tailândia, Argentina, Egipto e Itália.

A Praça do Tap Seac recebe “Chacra”, uma obra do italiano Riccardo Cordero. Feito em aço, a escultura forma um círculo (como uma praça dentro de uma praça), proporcionando a sua apreciação a partir de diversas perspectivas. A criação de “Chacra” teve como objectivo guardar a memória de um mercado público de alimentos, que foi transferido para dar lugar à Aldeia Olímpica na cidade de Turim e representar o centro do espírito humano.

“Encontro” é outra escultura de grande dimensão que irá trazer uma nova vida à Praceta da Arte do Centro Cultural de Macau. Da autoria do chinês Su Xinping, esta obra em cobre representa enormes mãos numa combinação de expressão figurativa com dimensões surreais evocando uma imagem de montanha.

“Cidade Global” estará na zona das Casas Museu da Taipa. A obra do argentino Leandro Erlich, feita de aço e resina, transmite o conceito da aldeia global, da indivisibilidade da vida humana e de partilha. Visualmente, “Cidade Global” materializa-se numa esfera de onde despontam formas geográficas de diversas alturas, que se assemelham a prédios.

O homem e o conceito

A segunda edição da bienal de Macau conta com a curadoria de Qiu Zhijie, um dos artistas contemporâneos chineses mais influentes, director da Faculdade de Arte Experimental da Academia Central de Belas Artes, que durante a sua estadia na RAEM irá apresentar duas palestras temáticas, “trazendo a inspiração ao pensamento curatorial e explorando as manifestações da “Ásia” na arte”, informa o IC.

Apesar de ainda não estar em Macau, Qiu Zhijie demonstrou em vídeo a felicidade pela missão curatorial e explicou as ideias que formaram o fio condutor da Arte de Macau 2021, naturalmente influenciada pela pandemia em termos artísticos.

“Devido ao surto da epidemia, fomos forçados a isolar-nos uns dos outros, ficamos em casa e mantemos distância social”, cenário que o curador encarou como desafio à globalização e incentivo ao nativismo tribalista e ao isolacionismo. Porém, por detrás da integração global, Qiu Zhijie encontra a tecnologia como fonte de ferramentas para fazer avançar o mundo. “Há 500 anos, a bússola e a tecnologia naval iniciaram as grandes navegações e trouxeram uma onda de globalização; 200 anos atrás, as ferrovias promoveram a comunicação das pessoas, e 50 anos atrás, os aviões a jacto e depois a Internet trouxeram a conectividade global.”

Além das obras já mencionadas nas exposições principais, o curador destacou “pinturas a óleo do pintor Liu Xiaodong quando esteve preso na Nova Iorque durante a epidemia, a obra sobre a logística global “Aeroporto” dos artistas suíços Peter Fischli e David Weiss” e o vídeo “Kids” do suíço Michael Frei, uma animação superficialmente simples que explora a relação entre indivíduos e grupos”.

Por esses resorts fora

No capítulo das exposições organizadas pelas operadoras de jogo, nos seus espaços, importa referir que a mostra “Justapor”, que reúne esculturas em varão de aço da autoria de malaio Tang Mun Kian, Com a coordenação do Galaxy Entertainment Group, esta exposição retrata detalhes de arquitectura, do comércio de outros tempos e festivais de Macau. A visão de Tang Mun Kian contem laivos de cartoon e, imbuída de espirituosidade e humor, faz um esboço do cenário histórico e cultural de Macau.

“O MAR”é a exposição que estará a cargo da Melco Resorts & Entertainment, que utiliza o cenário de um teatro aquático (onde era exibido o espectáculo “The House of Dancing Water”) que pretende criar uma experiência sensorial através de uma série de instalações que incluem vídeos, música, inteligência artificial e efeitos à base de água.

Com a imagem do despertar do Leão, a MGM expõe “Despertar”, um conjunto de obras dos artistas Xue Song, Liu Guofu e Hung Yi inspiradas na figura desse animal rei da selva.

Como o nome indica, o “Projecto Sands X: Para Além do Azul – Uma Exposição de Cerâmica Extraordinária” é a mostra coordenada pela Sands China Ltd. Sob a curadoria de Caroline Cheng, obras de arte de mais de 20 artistas e instituições internacionais exploram a ligação entre tecnologia e arte de cerâmica, com uma apresentação inovadora.

A SJM RESORTS terá a seu cargo a série de exposições sob o tema de “Arte · Criação · Nova Ambiência – Pensamento Transformador, Entre numa Era de Extraordinária Inovação” e “Harmonia do Oriente e Ocidente – Exposição de Famosos Artistas Locais” e a “Reformulação do Império – Exposição Individual de Heidi Lau”. As mostras centram-se “na fusão de elementos chineses e ocidentais, por artistas locais, dando a continuidade a obras clássicas intemporais”.

A exposição do Wynn Macau Limited, intitulada “Ilusões e Reflexões – Através do Olhar dos Mestres”, é constituída por dois tesouros artísticos nacionais: “A Morada das Ilusões: O Jardim de Zhang Daqian” e “Reflexão da Vida: Cerâmica Contemporânea de Zhu Legeng”.

Por fim, a exposição coordenada pela Nam Kwong (Group) Company Limited, “Exposição de Arte do Bordado Shen da China”, tem o bordado no papel principal com o intuito de difundir a cultura tradicional chinesa. Ao longo de três meses não vão faltar ofertas culturais gratuitas para todos os gostos, espalhadas um pouco por toda a cidade.

7 Jul 2021

Covid-19 | Levantamento de restrições com Hong Kong só com “consenso” de Pequim

O levantamento das restrições de circulação entre Macau e Hong Kong está dependente do aval do Governo Central. A revelação foi feita ontem por Tai Wa Hou, coordenador do plano de vacinação contra a covid-19, que indicou existirem negociações online entre as três jurisdições.

“Temos uma ligação estreita com Hong Kong e as medidas de passagem de fronteira têm de passar pelo Interior, Hong Kong também precisa de autorização do Interior [para reestabelecer a circulação]”, informou Tai Wa Hou. “Temos feito reuniões online entre as partes envolvidas, e quando houver dados concretos vamos fazer o anúncio”, acrescentou.

Tai Wa Hou explicou que Macau e o Interior estão a negociar um plano em conjunto porque existe uma “uniformização das medidas”.

Em relação às metas de 14 dias e 28 dias sem casos de infecção comunitária em Hong Kong, que tinham sido traçadas anteriormente para a reabertura da circulação, os responsáveis admitiram que já não existem, e que a uniformização das medidas depende do Interior. “Não temos um plano definido sobre o número de dias sem casos para reabrir a circulação sem restrições. Não temos um plano…”, apontou Tai. “Primeiro, temos de ponderar a situação de Hong Kong com os casos recentes. É uma situação nova que tem de ser acompanhada. Em segundo lugar, temos de negociar com o Interior, porque temos de manter as medidas uniformizadas”, realçou.

Afastada está ainda a criação de um canal especial com o aeroporto de Hong Kong. Segundo o coordenador do plano de vacinação contra a covid-19 a questão foi levada à mesa das negociações, mas não há ainda qualquer conclusão.

Trabalhadores protegidos

Na conferência de imprensa de ontem foi também abordada a queixa de uma trabalhadora grávida da Melco Resorts que se sentiu pressionada a ser vacinada e a quem alegadamente terá sido pedido que deixasse de amamentar. Segundo o portal em língua chinesa All In, no caso de a trabalhadora não seguir as orientações da empresa não teria direito a receber o bónus de fim de ano.

Sobre a situação em particular, Tai Wa Hou recusou fazer julgamentos por não ter provas. Contudo, deixou um aviso: “É uma verdade absoluta que os funcionários não podem ser forçados a levar a vacina. Isso viola os nossos princípios. Se as pessoas forem forçadas pelas empresas a levar a vacina, podem apresentar queixa nos SSM, e nós reencaminhamos para as autoridades competentes”, indicou.

Tai explicou também os três princípios do Governo para a vacinação. Segundo a clarificação, a vacinação tem de ser em condições de segurança, tem de ser tomada de forma voluntária e com a possibilidade de os vacinados escolherem o produto com que querem ser inoculados.

6 Jul 2021

Macau no Coração | Há 15 anos a dançar folclore português

Fundado em 2006, o grupo Macau no Coração tem portugueses, chineses e macaenses a dançarem o típico folclore português. Em ano de pandemia e sem espectáculos, a presidente do grupo, Ana Manhão, quer melhorar o espólio de trajes do grupo e até abrir uma escola de danças tradicionais portuguesas

 

Não sabe dançar nem cantar, mas como apaixonada pela cultura portuguesa, Ana Manhão acabou por criar, em 2006, o grupo Macau no Coração. Trata-se de um grupo que, sem grandes apoios institucionais, tem vindo a actuar localmente e na China revelando algumas danças do folclore tradicional português. As associações portuguesas de folclore têm dado uma ajuda ao nível dos trajes, mas Ana Manhão quer desenvolver mais o projecto.

“Queremos ter músicas e trajes em número suficiente para termos um tema em cada espectáculo, porque agora muitas vezes estamos vestidos à moda minhota mas dançamos as músicas da Nazaré. Isso em Portugal não acontece. Nós queremos mostrar as diferentes regiões de Portugal, mas não conseguimos mudar os trajes. Se tivéssemos mais elementos conseguíamos fazer espectáculos diferentes”, contou ao HM.

“Além de dançarmos, estamos também a fazer um estudo dos trajes”, frisou. Mas Ana Manhão pretende também desenvolver o projecto de uma escola de folclore. “Queria ver se conseguíamos, porque em Portugal há escolas de danças tradicionais, mas em Macau não há. E queria abrir uma escola de danças folclóricas, mas como se fosse um centro, onde divulgaríamos também os trajes e os costumes.”

Ana Manhão assume que criar uma escola de raiz pode ser difícil, por isso tem vindo a contactar as universidades do território onde se ensina português para que os cursos possam ter esta componente do folclore e de outros elementos da cultura portuguesa. “Poderia ser mais fácil do que montar uma escola. Já marcamos algumas reuniões mas não nos parece fácil porque os currículos são feitos com aprovação do Governo e conforme as necessidades. Não é algo que se faça de um dia para o outro.”

Falta de aceitação

O grupo Macau no Coração tem um espaço nas Casas Museu da Taipa, onde habitualmente expõe alguns dos trabalhos que os membros vão fazendo. “Estamos mais focados nos elementos culturais, como o lenço dos namorados, os cabeçudos, os azulejos. Queremos desenvolver mais estes elementos.”

Como exemplo, Ana Manhão refere um lenço dos namorados de grande dimensão bordado à mão por sete pessoas em quatro meses, e que pode ser visto nas Casas Museu da Taipa, juntamente com outros trabalhos.

A responsável confessa que o grupo tem evoluído nos últimos 15 anos, mas que gostaria de ter feito mais. “No início tivemos problemas com os trajes, embora agora estejamos um pouco melhor nesse campo, graças às deslocações a Portugal.”

No entanto, a fundadora do grupo lamenta que, 15 anos depois, este ainda seja visto como uma cópia, pelo facto de os seus membros não serem todos portugueses. “Ainda há aquele pensamento de que só é original se forem apenas os portugueses a dançar as danças folclóricas. E sofremos com isso. Espero que esta mentalidade seja ultrapassada. Esperamos ter mais apoio dos portugueses que estão cá.”

Todos os anos há mais pessoas interessadas em fazer parte deste grupo, e a divulgação é um ponto chave. “Fazemos actuações em escolas secundárias e universidades, e depois convidamos os alunos a participar.”

Membros do grupo Macau no Coração fazem também parte do Macau Talent Academy, mais virada para as artes performativas. Esta iniciativa, também de Ana Manhão, tem colaborado com o grupo Macau Artfusion, mas devido à pandemia não há novos projectos.

“Os jovens já estavam no grupo Macau no Coração mas tinham os seus próprios talentos, uns faziam filmagens, outros fotografia. Decidimos separar os dois projectos e formar a Macau Talent Academy. Quando os eventos começarem somos um dos melhores grupos para participar nas paradas de rua. Eles [os membros] podem fazer mais do que no Macau no Coração, por exemplo, pois não há aquela conotação de se pertencer às danças folclóricas”, concluiu.

6 Jul 2021

UM | Estudantes locais questionam justiça de admissão em dormitório

Estudantes da Universidade de Macau queixam-se de injustiça nos processos de admissão para os dormitórios da instituição e da alegada prioridade dada a alunos de fora. Além disso, dá conta de falsos testemunhos de estudantes locais para conseguirem vagas no dormitório

 

“É uma injustiça”, foi assim que um residente e aluno da Universidade de Macau comentou o processo de admissão aos dormitórios da instituição. O estudante, que não se identificou, publicou uma carta no jornal universitário Orange Post, no final de Junho e no domingo no All About Macau, a queixar-se dos critérios de ingresso nos dormitórios, afirmando que os direitos e interesses dos estudantes locais não são devidamente protegidos. Esta não foi a primeira queixa de alunos da instituição em relação à política de admissão à residência universitária.

O All About Macau perguntou à Universidade de Macau quantos pedidos de admissão foram submetidos e aprovados para dormitórios entre 2019 e 2021 de estudantes locais e de fora. Em resposta, a instituição apenas repetiu as regras de inscrição para a residência universitária e garantiu tratar todos os estudantes com justiça.

Face à sensação de injustiça, o estudante seguiu a candidatura de três colegas, todos residentes, para a residência universitária. Apesar de terem casa na RAEM, os estudantes justificaram a necessidade de acomodação no campus com a distância a que as suas residências ficam.

Como tal, e para poupar tempo em viagens, as vidas dos estudantes locais seriam bem mais fáceis se pudessem ficar no dormitório, principalmente tendo em conta a participação em actividades académicas, associações de estudantes ou desporto universitário. Os três estudantes não foram aceites nas residências, enquanto alunos oriundos do exterior, que não se envolvem em actividades universitárias, foram aceites, de acordo com a declaração do aluno.

Depois de caloiro

A política de integração académica da Universidade de Macau contempla o registo de alunos do primeiro ano nos dormitórios, excepto para estudantes com mais de 23 anos, com licenciatura já completas, que tenham a seu cargo pessoas dependentes ou que tenham necessidades especiais.

Conforme a oferta de vagas e ponderadas as condições de selecção, a reitoria decide a admissão ao dormitório.
Porém, neste ponto da decisão da reitoria reside outra crítica do aluno que não se identifica na carta publicada no All About Macau. A avaliação pouco rigorosa terá levado a que alguns alunos locais, que mentiram na candidatura negando ter casa em Macau ou ter problemas familiares, tenham sido aceites na residência universitária. Além disso, outra crítica partilhada por outros alunos queixosos refere-se ao facto de a Universidade de Macau alegadamente ignorar factores como o tempo gasto em transportes, participação em actividades académicas e extra-curriculares que levem à necessidade de dormitório.

De acordo com a informação no site da instituição de ensino superior, o custo de um ano na residência universitária no ano lectivo 2020/2021 era de 15.300 patacas para alunos locais e 25.100 patacas para não-residentes, incluindo 15 refeições por semana e participação em actividades académicas e workshops. De acordo com o All About Macau, no próximo ano lectivo as refeições deixam de estar incluídas.

6 Jul 2021

Eleições | Latonya Leong lidera lista focada nas relações com os PLP

A Plataforma para os Jovens submeteu uma lista com seis candidatos às eleições legislativas de Setembro. Ao HM, a cabeça de lista, Latonya Leong quer ver uma maior aposta nas políticas de promoção de Macau como plataforma entre a China e os países de língua portuguesa e aponta que na AL não há qualquer deputado que dê voz à causa. A Aliança para a Promoção da Lei Básica de Macau oficializou também a sua candidatura

 

A lista encabeçada pela vice-presidente da Associação Comercial Internacional de Empresários Lusófonos, Latonya Leong, oficializou ontem a candidatura da Plataforma para os Jovens. Segundo a candidata, a lista composta por seis nomes está focada na promoção de Macau como plataforma entre a China e os países de língua portuguesa, sobretudo porque “a população acha que estas políticas não têm nada a ver com eles” e que nenhum dos actuais deputados da Assembleia Legislativa (AL) está verdadeiramente preocupado com o tópico.

“Na AL, nenhum dos deputados dá voz ao facto de Macau ser uma plataforma entre a China e os países da língua portuguesa. O Governo já investiu muitos recursos no desenvolvimento da plataforma e, por isso, gostava de saber porque é que não se avança mais?”, partilhou com o HM.

Para Latonya Leong é necessária a criação de uma base de formação de quadros qualificados bilíngues em áreas como o direito, cuidados de saúde, finanças, construção e arte, de forma a “impulsionar o desenvolvimento da diversificação em Macau.”

A candidata, ela própria bilíngue, explicou ainda que tem vindo a sedimentar o conhecimento que tem sobre o assunto através de trabalho feito no terreno ao longo dos últimos anos, tanto a leccionar português, como na promoção de workshops de produtos e actividades comerciais de países de língua portuguesa.

Sobre os membros escolhidos para a lista de candidatura, a também vice-presidente da Associação Comercial Internacional de Empresários Lusófonos frisou que a equipa da Plataforma para os Jovens, apesar de não ter experiência política é composta por “caras novas” com perspectivas “inovadoras”.

Latonya Leong sublinhou também que a candidatura que encabeça irá prestar atenção à revitalização da economia em contexto de pandemia, à educação, às características especiais de Macau e às medidas de impulsionamento destinadas aos jovens que pretendem viver e fazer carreira em Macau.

A candidata apontou ainda que a média de idades da lista é de 35 anos, abarcando “gerações nascidas entre os anos 70 e 90” que, segundo a Direcção dos Serviços de Estatística e Censos, são as gerações capazes de assumir a “artéria económica e empreendedora” do território.

Os últimos são os primeiros

No último dia destinado à apresentação de candidaturas, a Aliança para a Promoção da Lei Básica de Macau apresentou uma lista com sete candidatos, encabeçada por Zhou Xinzheng. De acordo com o canal chinês da TDM-Rádio Macau, as prioridades da candidatura passam sobretudo pela promoção do conteúdo e do espírito da Lei Básica junto do público, promovendo a reforma da Assembleia Legislativa e a construção de uma sociedade de Direito.

6 Jul 2021

Eleições | Porque concorrem Angela Leong e Ho Ion Sang pela via indirecta

Angela Leong e Ho Ion Sang concorrem pela primeira vez este ano às legislativas pela via indirecta, depois de terem apresentado sempre candidaturas a sufrágio directo e de terem obtido as mais baixas votações em 2017. No caso de Angela Leong, há quem defenda que a opção pela via indirecta pode ser sinal de perda de poder dentro da SJM

 

A candidatura dos deputados Angela Leong e Ho Ion Sang pela via indirecta, nas eleições legislativas de 12 de Setembro, pode representar a vontade de darem lugar a novos rostos na política. Importa recordar que a deputada e dirigente da Sociedade de Jogos de Macau concorreu sempre pela via directa, desde 2005 e no último sufrágio conseguiu o menor número de votos, com um total de 10.447. Já Ho Ion Sang foi candidato às directas nas eleições desde 2009 e também conseguiu o mais baixo número de votos em 2017, com 12.333 eleitores a votarem no representante dos Kaifong.

No caso de Angela Leong, a viragem para a eleição indirecta pode também ser um sinal de menor poder dentro da Sociedade de Jogos de Macau (SJM), ou de ter perdido força na representação do sector do jogo. São estas as ideias deixadas por vários analistas contactados pelo HM.

“Ho Ion Sang é um dos membros mais antigos dos Kaifong [União Geral das Associações de Moradores de Macau], e se se mantivesse no sufrágio directo provavelmente seria reeleito, mas claro que o número dois [da lista pela via directa], se passar a número um, é eleito. Com a mudança para o sufrágio indirecto, os Kaifong vão manter dois deputados na AL”, começou por dizer Larry So.

“No caso de Angela Leong, a situação é semelhante”, frisou. “Ela tem sido muito pró-activa no apoio às gerações mais jovens, penso que esse é o seu objectivo. Além disso, tanto Ho Ion Sang como Angela Leong são deputados próximos do Governo Central, então é por isso que preferem seguir para o sufrágio indirecto, para que as suas posições possam ser mantidas nos próximos anos e para que as gerações mais jovens tenham a oportunidade de chegar a deputados.”

Também Leung Kai Yin, analista político e docente do Instituto Politécnico de Macau (IPM), acredita que o foco é dar oportunidades aos jovens de serem eleitos. “Ho Ion Sang e a sua associação querem ter uma nova geração de deputados na AL, através de sufrágio directo. Ho Ion Sang pensa que será fácil obter um assento pela via indirecta. Quanto a Angela Leong, seria difícil obter um assento pela via directa, então o facto de Cheung Lap Kwan, que tem ocupado um assento no sector cultural e desportivo, querer reformar-se, constitui uma boa oportunidade.”

Ho Ion Sang concorre pelo sufrágio indirecto substituindo Chan Hong no sector dos serviços sociais e educacional. No sufrágio directo, os Kaifong fazem-se representar com a lista União Promotora para o Progresso, liderada por Leong Hong Sai. No caso de Angela Leong, concorre ao lado de Chan Chak Mo, um veterano no sector cultural e desportivo.

O risco de Angela

O jurista e professor universitário António Katchi tem outra visão da candidatura de Angela Leong: se esta concorresse pela via do sufrágio directo, corria o risco de não ser eleita. “A decisão de Angela Leong é uma manobra destinada a garantir a sua eleição, relevando o empenho dos capitalistas do sector do jogo em manter a sua máxima representação possível na AL, e não uma perda de interesses em tal representação. Pela via do sufrágio directo, Angela Leong correria um sério risco de não ser reeleita, ao passo que pelo sufrágio indirecto tem a eleição praticamente garantida.”

Segundo o jurista, Leong corre o risco de ficar de fora do próximo elenco no hemiciclo “porque cada vez menos poderá contar com o voto dos trabalhadores do sector do jogo”.

“Este sector representa um campo onde se digladiam interesses antagónicos dos capitalistas e dos trabalhadores. À medida que estes se vão consciencializando desse antagonismo e projectam essa consciência em lutas laborais, vão abandonando, no terreno eleitoral, as candidaturas identificadas com os interesses dos patrões do jogo, promovendo ou apoiando candidaturas mais conotadas com os seus próprios interesses.”

Neste sentido, “é neste quadro que surge a lista encabeçada por Cloee Chao, que deverá absorver o voto de uma parte cada vez maior dos trabalhadores do sector do jogo”, aponta António Katchi.

Mas além de Cloee Chao, que este ano se estreia como candidata liderando a lista “Novos Jogos de Macau”, também Sulu Sou e José Pereira Coutinho podem captar votos, uma vez que são “forças políticas que têm mantido um razoável grau de proximidade com as classes trabalhadoras”. Estes factores “vão, naturalmente, provocando erosão do eleitorado de Angela Leong”.

Na visão do jurista, “esta tendência já se observou nas eleições de 2017, com a derrota de Melinda Chan”, hoje directora-executiva da Doca dos Pescadores. “À medida que se desenvolve a luta de classes, o lógico será que os capitalistas fujam ainda mais do sufrágio director e prefiram ‘aconchegar-se’ no sufrágio indirecto, que está quase inteiramente nas suas mãos.”

Para Larry So, o facto de Angela Leong concorrer pelo sufrágio indirecto é também sinal de perda de poder dentro da Sociedade de Jogos de Macau (SJM), onde desempenha o cargo de directora-executiva e co-presidente. “Ela já não está numa posição de representatividade do sector do jogo, e esta mudança pode ser uma mensagem de que está mais ligada aos sectores cultural e desportivo, que é uma das suas áreas, uma vez que foi bailarina.”

Para Leung Kai Yin, Angela Leong perdeu poder, mas quer continuar no hemiciclo “para manter alguma influência em Macau, não apenas para ela, mas também para os seus filhos”. “O seu filho e filha também desenvolveram a sua carreira em Macau e é muito fácil protegê-los e ajudá-los a desenvolver a carreira, mesmo que ela já não tenha uma posição importante na SJM.”

Uma questão de lobbying

Com a mudança de Angela Leong para a via indirecta, para um sector que não está ligado a interesses empresariais ou do jogo, como fica a representatividade dos casinos no hemiciclo? Além disso, não é certo se Davis Fong Ka Chio, académico da Universidade de Macau ligado a esta área, será novamente nomeado deputado pelo Chefe do Executivo.

Larry So confessa não estar preocupado com a eventual falta de representatividade dos casinos, até porque estes já fazem lobby junto do Governo. “A maior parte dos deputados, sobretudo os que concorrem pelo sufrágio indirecto, estão de certa forma ligados a este sector. Esta é a indústria mais importante de Macau e penso que os seus interesses já estão muito representados na AL, não ficaria preocupado com isso.”

“O facto de estarmos numa fase de revisão das licenças de jogo faz com que as concessionárias sejam muito activas e façam lobby junto do Governo. [Estas] trabalham de forma muito próxima com o Governo para defender os seus interesses, portanto, ter alguém na AL que as defeda não é o mais importante. Mesmo um deputado na AL não consegue representar todas estas empresas e os seus interesses”, acrescentou Larry So.

Leung Kai Yin não tem dúvidas de que “não há grande interesse na questão da representatividade política, porque, depois da situação em Hong Kong, [as operadoras] sentem que o Governo é forte, sobretudo desde que Ho Iat Seng foi eleito Chefe do Executivo. Há coisas que não passam pela AL”, frisou.

6 Jul 2021

Óbito | Nuno Prata da Cruz, dirigente macaense nos EUA, morre de doença prolongada

Morreu, na última sexta-feira, Nuno Prata da Cruz, dirigente do Clube Lusitano da Califórnia, nos EUA. Miguel de Senna Fernandes recorda-o como uma pessoa “muito respeitada” que nunca faltou a um Encontro das Comunidades Macaenses, enquanto que José Sales Marques destaca o facto de Nuno Prata da Cruz ter sido “um ilustre filho de Macau que singrou nos EUA”

 

“É com profunda tristeza e coração pesado que anunciamos o falecimento de não apenas um dos fundadores do Clube Lusitano da Califórnia como também um amigo muito especial.” Foi desta forma que os dirigentes desta associação da comunidade macaense nos EUA anunciaram o falecimento de Nuno Prata da Cruz, a 2 de Julho, em Oakland, vítima de cancro.

Nuno Prata da Cruz foi um dos fundadores do Clube Lusitano da Califórnia e um dedicado dirigente macaense na diáspora.

Na nota publicada na rede social Facebook, o Clube destaca o facto de Nuno Prata da Cruz ter sido “um importante e influente membro do Clube Lusitano da Califórnia e da comunidade macaense a nível global”. “Ele era muito orgulhoso da sua herança portuguesa e queria sempre garantir e preservar a nossa cultura, comida, música e história. Foi um privilégio conhecê-lo e trabalhar com ele”, acrescenta ainda a mesma nota.

Roy Eric Xavier, académico macaense da Universidade de Berkeley, também escreveu na rede social Facebook sobre o falecimento deste dirigente da diáspora. “Ele era um brilhante porta-voz e um grande amigo. A comunidade macaense a nível mundial está de luto e recorda os seus muitos feitos”, escreveu.

Sempre presente

Contactado pelo HM, Miguel de Senna Fernandes, presidente da Associação dos Macaenses (ADM), recorda o lado “afável” de Nuno Prata da Cruz, que conheceu em 1993, aquando da primeira edição do Encontro das Comunidades Macaenses. “Sempre nos demos bem e ele nunca faltou a nenhum Encontro. Era uma pessoa muito respeitada e é uma pena, não contava com este falecimento.”

Há muito que Nuno Prata da Cruz estava doente, conforme recorda Miguel de Senna Fernandes. “Em 2015 estive nos EUA e fiz uma visita às casas macaenses, e fui à Califórnia. Ele e a Maria Roriz [actual dirigente do Clube Lusitano da Califórnia] foram os cicerones e foi fantástico. Nessa altura ele já estava doente, mas depois recuperou muito bem. Mas nas últimas duas a três semanas teve uma recaída.”

José Sales Marques, presidente do Conselho das Comunidades Macaenses (CCM), recorda “o ilustre filho de Macau que singrou nos EUA” e que se tornou “num dirigente histórico do Clube Lusitano da Califórnia”.
“Conheço-o desde há muito tempo e trabalhamos juntos durante mais de duas décadas a favor da causa Macaense e em prol das comunidades macaenses espalhadas pelo mundo. Esteve na fundação do CCM e tenho por ele grande estima. Lamento profundamente, em meu nome e no do CCM, o seu passamento e dou os meus sentidos pêsames à família, ao Clube Lusitano da Califórnia e a todos os seus amigos”, disse ao HM.

Quanto ao futuro do Clube Lusitano da Califórnia, Miguel de Senna Fernandes assegura que “está muito bem entregue à Maria Roriz”, uma vez que esta tem sido “uma grande dirigente e dinamizadora”.

“O Clube Lusitano da Califórnia tem muitos sócios e é a maior casa macaense nos EUA. Têm cerca de 900 sócios, mas claro que nem todos são macaenses. A grande parte pertence à comunidade portuguesa, sobretudo oriunda dos Açores. O clube abriu a porta a esses sócios e fez bem, e preza-se muito pela divulgação da cultura portuguesa. O Nuno era um grande entusiasta na divulgação da língua portuguesa e de todas essas coisas, até porque a sua esposa é portuguesa”, rematou.

5 Jul 2021

Tráfico Humano | Executivo reage com “indignação” a relatório dos EUA

O Governo reagiu com “forte indignação” ao relatório dos Estados Unidos sobre tráfico humano, considerando que a administração norte-americana distorce intencionalmente dados e resultados das medidas de prevenção e combate ao fenómeno

 

“O relatório apresentado por parte dos EUA referente a este ano, persiste em ignorar, mais uma vez, factos objectivos, usando de desprezo e preconceito pela legislação e pelo sistema judicial independente de Macau, distorcendo intencionalmente os efeitos das medidas de prevenção e combate, levadas a cabo ao longo dos anos” pelo território.

Foi desta forma que o Governo de Ho Iat Seng respondeu ao relatório sobre Tráfico Humano de 2021, elaborado pelo Departamento de Estado norte-americano, apresentado na quinta-feira em Washington onde se afirma que a RAEM “não cumpre integralmente os padrões mínimos para a eliminação do tráfico, mas está a empenhar esforços significativos para o fazer”.

O Governo da RAEM acrescenta ainda que o documento emitido por Washington tem “conclusões eivadas de juízos subjectivos, tendenciosos e arbitrários, contendo alegações infundadas, por forma a provocar confusão na sociedade internacional e postergar os esforços desde sempre envidados”. Assim sendo, “as autoridades de segurança opõem-se a este relatório, manifestando não só a sua discordância, como também uma forte indignação”, lê-se na resposta do gabinete de Wong Sio Chak, secretário para a Segurança.

As autoridades de Macau sublinharam ainda que as forças de segurança “prosseguirão a cooperação activa com os órgãos judiciais para realizar o trabalho de aplicação da lei, bem como o fortalecimento dos intercâmbios e acções de cooperação internacional e inter-regional, explorando em conjunto estratégias de prevenção e combate”.

Elogios perdidos

No entanto, acrescenta o Departamento de Estado norte-americano, os esforços de protecção, avaliados em 1,74 milhões de patacas, não aumentaram comparativamente ao período analisado no ano passado.

Segundo o relatório norte-americano, o Governo da RAEM prestou “fracos esforços de protecção e, pelo segundo ano consecutivo, as autoridades não identificaram ou prestaram serviços às vítimas”.

Por essas razões e pelo facto de o Governo nunca ter identificado nenhuma vítima de trabalho forçado, Macau permanece, pelo segundo ano consecutivo, incluído no “escalão 2” (segunda classificação mais alta de quatro) de conformidade com a Lei de Protecção às Vítimas de Tráfico de 2000 (TVPA, na sigla em inglês).

A nível da prevenção do tráfico humano, os EUA reconhecem também diversos esforços positivos e indicam que o Governo de Macau destinou 3,44 milhões de patacas à comissão de actividades de combate ao tráfico em 2020, um valor ligeiramente maior do que em 2019.

Entre as principais recomendações a Macau, incluem-se uma maior identificação de vítimas, “especialmente entre as populações vulneráveis, como trabalhadores migrantes e trabalhadores do sexo”.

Em todo o mundo, mais de 109 mil vítimas de tráfico humano foram identificadas no ano passado, das quais mais de 14 mil eram vítimas de trabalho escravo, segundo o relatório. Na região de Ásia oriental e Pacífico, onde Macau se localiza, o número de vítimas identificadas em 2020 diminuiu consideravelmente, para 2.884 pessoas, uma diferença de 12 mil pessoas desde 2019.

5 Jul 2021

Eleições | Paul Chan Wai Chi concorre por “necessidade social”

O ex-deputado e democrata Paul Chan Wai Chi vai liderar a lista Associação do Progresso de Novo Macau no acto eleitoral de Setembro. A decisão foi formalizada na semana passada, com a entrega da lista com cinco nomes à Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa.

Chan explicou entrou na corrida devido à “necessidade social”. Sobre o aumento do número de listas democratas, face a 2017, Paul Chan Wai Chi considerou que é um fenómeno “saudável” e que mostra o desenvolvimento da cultura eleitoral local. Sobre os principais destaques do programa político, indicou a necessidade de melhorar a qualidade de vida da população.

Wong Wai Man fora das eleições

Wong Wai Man, candidato que em 2017 se destacou nas eleições por se vestir de soldado comunista, está fora do acto eleitoral de Setembro. A decisão da Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL) foi confirmada pelo Tribunal de Última Instância (TUI), na sexta-feira.

Wong tinha apresentado uma comissão de candidatura para a lista “Ajuda Mútua Grassrots”, no entanto, a CAEAL apenas validou 190 assinaturas das 300 exigidas. Segundo o órgão que organiza o acto, 158 assinaturas foram recusadas por terem informações incorrectas, 79 por não serem eleitores qualificados, ou sejam residentes permanentes, e oito por estarem repetidas. Em 2017, a lista de Wong Wai Man recolheu 1.350 votos.

Wong Kit Cheng lidera Aliança de Bom Lar

A deputada Wong Kit Cheng vai liderar a Lista Aliança de Bom Lar, que tem ligações à Associação Geral da Mulheres de Macau. As prioridades da campanha passam pela defesa dos direitos das mulheres e crianças, ao mesmo tempo que promete lutar por “políticas favoráveis às famílias”, como o aumento da licença de maternidade para 90 dias e o subsídio de nascimento a subir para as 15 mil patacas.

Além disso, Wong Kit Cheng assumiu o compromisso com o melhoramento dos serviços prestados a idosos e ainda com o aumento da qualidade educativa na RAEM. Wong é deputada desde 2013, sempre eleita na primeira vez pela lista União Promotora para o Progresso. Em 2017 voltou a ser eleita, mas pela lista Aliança de Bom Lar com 9.496 votos.

5 Jul 2021

Eleições | Lee critica Governo e deputados por não ouvirem a população

O nome principal da Lista Ou Mun Kong I exigiu ao Governo mais um cheque pecuniário ainda este ano e apoios financeiros complementares a jovens e idosos. Lee Sio Kuan apelou a Ho Iat Seng para que oiça mais a população

 

Um candidato que quer representar a opinião popular na Assembleia Legislativa. Foi desta forma que Lee Sio Kuan definiu a sua prioridade enquanto cabeça de lista da candidatura Ou Mun Kong I, e com a qual espera conquistar um lugar no hemiciclo.

Lee Sio Kuan entregou a lista à Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL) na quinta-feira e disse, de acordo com o jornal All About Macau, que participa no acto eleitoral para mudar a cultura da AL, para onde espera levar as vozes mais populares.

O candidato a deputado deixou ainda críticas ao Chefe do Executivo por considerar que, nesta fase da pandemia, os apoios não são suficientes para a maior parte da população. Por isso, prometeu, caso seja eleito, trabalhar para que o Governo distribua mais 10 mil patacas aos residentes, além de ter exigido para que seja aumentada a pensão para os idosos, assim como os apoios para os mais jovens, para que possam comprar casa.

No que diz respeito à actuação do Executivo, Lee Sio Kuan mostrou-se preocupado por considerar que as respostas às dúvidas da população são cada vez mais “superficiais”, e pediu para o desemprego e os interesses da população sejam levados a sério.

Sobre o processo eleitoral, o líder da Lista Ou Mun Kong I apelou à CAEAL que investigue casos de alegadas ilegalidades eleitorais, como a situação com a Associação dos Conterrâneos de Jiangmen que distribuiu cupões para supermercados. A associação tem ligações com a lista União de Macau-Guangdong. No momento em que o candidato apresentou esta questão aos jornalistas, ajoelhou-se, assim como o número dois da lista, Kuong Kai Nang.

No dia seguinte, os dois membros foram igualmente ao hemiciclo falar com o deputado responsável pelo atendimento ao público, que, segundo o calendário da AL, era Zheng Anting, ou seja da associação criticada.

À saída os candidatos criticaram a actuação dos deputados por não ouvirem a população, recordaram várias promessas deixadas por cumprir e avaliaram a prestação do hemiciclo em 5 pontos, numa escala de 0 a 10 pontos.

Kot com 12 candidatos

Com o prazo para a apresentação das listas à CAEAL decorrer até hoje, também Nelson Kot, cabeça da “Poderes do Pensamento Político” procedeu à formalidade de entrega da papelada. A lista conta com 12 candidatos e Kot apelou ao Executivo para informar a população sobre as intenções do concurso de atribuição das novas licenças de jogo. As actuais seis licenças terminam dentro de um prazo inferior a um ano.

Segundo Kot, a falta de informação afecta a confiança das empresas em Macau e também deixa os trabalhadores num clima de incerteza.

Também a Força do Diálogo, liderada a Choi Man Cheng, presidente da Federação de Juventude de Macau, apresentou a lista à CAEAL. Na altura da entrega, Choi reconheceu ser um “estreante” na política, ao contrário das associações tradicionais e dos candidatos mais experientes, mas destacou o entusiasmo da equipa.

Sobre os aspectos que vão ser focados ao longo da campanha, o cabeça-da-lista apontou a recuperação económica, redução do custo de vida, criação de mais espaços para a população e melhoramento do ambiente da cidade.

5 Jul 2021

Discurso | Chefe do Executivo avisa contra desafios ao Partido Comunista

O líder do Governo de Macau analisou o discurso de Xi Jinping na comemoração dos 100 anos do PCC e traçou linhas vermelhas para quem questionar o Partido e as “influências externas” que levantam dúvidas sobre a concretização do princípio “Um País, Dois Sistemas”

 

Nada contra o Partido. O Governo da RAEM não vai admitir qualquer questão sobre a legitimidade do Partido Comunista da China e muito menos desafios. As linhas vermelhas foram traçadas por Ho Iat Seng na sexta-feira, num evento em que apresentou a sua análise ao discurso de Xi Jinping no 100.º Aniversário do Partido Comunista da China.

“A RAEM permanecerá sempre inabalável na defesa da liderança do Partido Comunista da China. Qualquer actividade que desafie o poder do Governo Central e a autoridade da Constituição Nacional e da Lei Básica é absolutamente inadmissível”, avisou Ho Iat Seng.

O Chefe do Executivo prometeu também “unir” todos os sectores da sociedade na aprendizagem das posições tomadas pelo presidente da República Popular da China. “O Governo da RAEM irá unir e liderar os diversos sectores da sociedade na aprendizagem e implementação do espírito dos importantes discursos do Secretário-Geral Xi, proferidos na cerimónia de celebração do 100.º Aniversário do Partido Comunista da China e durante a sua visita a Macau, e promover o desenvolvimento estável da prática ‘Um País, Dois Sistemas’ com características de Macau, acompanhando a pátria no desenvolvimento e na prosperidade”, afirmou.

O discurso de sexta-feira focou três conclusões sobre as quais Ho Iat Seng diz ter ficado “profundamente ciente”. Na primeira conclusão do Chefe do Executivo, “a gloriosa jornada de cem anos do Partido Comunista da China […] comprova totalmente que sem o Partido Comunista a Nova China as promissoras perspectivas da grande revitalização na nação chinesa não existiriam”.

Na segunda conclusão, o Ho Iat Seng argumentou que sem o partido não teria havido prosperidade. “O Partido Comunista da China é o fundador, o líder e o defesa da grandiosa causa ‘Um País, Dois Sistemas’. Sem o Partido Comunista, Macau não usufruiria da prosperidade e da estabilidade sob a égide do princípio ‘Um País, Dois Sistemas’”.

Aviso às “forças externas”

Quando falou do partido como basilar para o princípio “Um País, Dois Sistemas”, Ho aproveitou para deixar um recado “às forças externas”. “Perante das dúvidas e acusações infundadas de algumas forças externas, a firmeza do Governo Central na salvaguarda da soberania, da segurança e dos interesses do desenvolvimento do país é inabalável”, frisou.

No último aspecto, Ho Iat Seng avisou contra os desafios e apontou que as pessoas na RAEM têm como dever “respeitar e salvaguardar a liderança do Partido Comunista da China e promover a prática bem-sucedida e estável de ‘Um País, Dois Sistemas’ com características de Macau’”.

Além dos três eixos do discurso, Ho prometeu igualmente “em prol dos interesses dos residentes […] agarrar as oportunidades, impulsionar activamente o desenvolvimento dos vários empreendimentos da Região, incentivar a construção da zona de cooperação aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin, acelerar o desenvolvimento adequado e diversificado da economia, participar activamente nas grandes estratégias nacionais e aprofundar a integração de Macau na conjuntura do desenvolvimento nacional”.

5 Jul 2021

Covid-19 | De Macau para Portugal, das férias adiadas ao regresso possível em tempos de pandemia

Reportagem de João Carreira, da agência Lusa

Uma das mais longas quarentenas do mundo, obrigatória no regresso a Macau, tem ‘sequestrado’ aos poucos a esperança a Filipe Figueiredo de ainda este ano passar férias em Portugal, acompanhado da mulher e dos quatro filhos.

“Ninguém vai a Portugal para estar menos de duas semanas. Duas semanas em Portugal, mais três semanas em quarentena, são cinco semanas. E ninguém tem cinco semanas de férias”, conclui o advogado.

Já Margarida Galamba, também emigrante em Macau, partiu este fim de semana para Portugal. Depois de um confinamento profilático que se determinou a cumprir, os primeiros meses vão ser em regime de férias, mas somente porque decidiu, após 15 anos, ‘reformar-se’ do antigo território administrado por Portugal.

Em Macau, não parecem ser os custos acrescidos ou mesmo o risco de eventuais contágios que dissuadem os emigrantes portugueses de irem de férias a Portugal. O problema, admitem, é depois o regresso a um dos territórios mais seguros do mundo em termos pandémicos, cuja quarentena obrigatória num quarto de hotel pode chegar quase a um mês se o local de origem for considerado de alto risco, sendo que, atualmente, é de 21 dias para quem volta de Portugal.

O aumento do preço das passagens aéreas e do número de escalas desencoraja, mas é o risco de eventuais surtos de covid-19 poderem ‘roubar’ ligações aéreas e/ou obrigarem Macau a reforçar as medidas de prevenção fronteiriças que dissuadiu a família de Filipe Figueiredo, deixando-a pelo segundo verão consecutivo ‘em terra’. Conclusão, talvez no Natal, se não, em 2022, admite.

“Apesar de dois dos meus filhos estarem em idade de serem vacinados, outros dois não estão, e, portanto, confesso que não sei como é que isto se ia processar em termos de deslocações, que testes é que podiam fazer ou não”, explica.

“Mas depois outro problema que é o da quarentena”, acrescenta, sem conseguir disfarçar um riso: “uma família de seis pessoas fechada, (…) durante 21 dias, acho que não seria muito bom para ninguém (…) sobretudo com crianças pequenas”.

O advogado, que é também presidente da Associação de Pais da Escola Portuguesa de Macau, destaca “uma certa instabilidade em termos mundiais” para também justificar a decisão.

Afinal, se, “de um momento para o outro, há, por exemplo, um surto em Singapura que impede que os aviões (…) venham para Macau, as viagens de regresso estariam automaticamente cortadas”, assinala, lembrando um cenário com o qual foram confrontados alguns emigrantes portugueses no último Natal. “Sobretudo quando se sabe que “a política adoptada por Macau é bastante conservadora e rigorosa”, reforça.

Uma visão corroborada por Margarida Galamba. Há dois anos sem férias, a ex-dirigente da Casa de Portugal admite que está “um bocadinho apreensiva” porque “o contexto [pandémico] é muito diferente” entre Macau e Portugal.

“Andamos de máscara, estamos vacinados, mas não temos aquele medo de ‘ai ai que vou ser infetado’. Porque não há casos em Macau” e aqueles que chegaram à fronteira “ficaram à porta” ou foram encaminhados para o hospital ou para quarentena nos quartos de hotel.

Em Portugal, o período inicial de férias de Margarida Galamba vai ser muito diferente de todos os outros anos pré-pandémicos. A cautela impera. Vai para casa dos pais, já idosos, cumprir o tal confinamento profilático, apesar de estar vacinada, assim como eles.

Não contava sair num cenário de pandemia, mas o contexto familiar pesou, ainda que agora a viagem custe o dobro e que falte na bagagem o certificado digital covid da União Europeia, algo que “foi impossível tratar”, à falta de informação consular, e que deve afetar “milhares de portugueses fora de Portugal (…) que não estão inseridos no programa de vacinação” do Serviço Nacional de Saúde”, sublinha.

Macau registou pouco mais de meia centena de casos, nenhuma morte associada à covid-19. No território não foi identificado qualquer surto comunitário e nenhum dos profissionais de saúde foi infectado.

4 Jul 2021

Delta do Rio das Pérolas retratado em conferência multidisciplinar

É já nos próximos dias 8 e 9 de Julho que se realiza a palestra online “Narrating Pearl Delta River” [Narrando o Delta do Rio das Pérolas], organizada por Mário Pinharanda Nunes, da Universidade de Macau (UM) e Rogério Miguel Puga, da Universidade Nova de Lisboa. A ideia é olhar para esta zona do sul da China não apenas de uma perspectiva literária ou histórica, trazendo também para o diálogo áreas como as artes plásticas, incluindo um ângulo de contemporaneidade.

“Queríamos que a conferência tivesse uma perspectiva mais alargada”, disse ao HM Mário Pinharanda Nunes. Para o académico, o Delta do Rio das Pérolas “é um imaginário cada vez mais presente”, apesar de hoje “se mencionar mais como a Grande Baía”.

“Optámos por este título porque a maioria dos trabalhos se centram em épocas passadas, como o século XIX, e temos mesmo um trabalho sobre o século XVII. Felizmente, conseguimos captar também o interesse de colegas que trabalham a contemporaneidade, nomeadamente na área da literatura.”

Rogério Miguel Puga confessou que o objectivo desta conferência “não é apenas estudar Macau, Hong Kong ou Cantão de forma isolada, mas tentar também comparar os mesmos espaços na representação do Delta do Rio das Pérolas como um espaço geopolítico e também psicogeográfico do sul da China, através de uma abordagem comparatista”.

“É um espaço terreno e fluvial ao mesmo tempo, que nasce do comércio e que ainda hoje se centra nessa área”, acrescentou.

Para o académico, o Delta do Rio das Pérolas “continua a ter interesse e cada vez mais na vertente da actual política chinesa”. “É um espaço comercial e político da China e é único na história universal de encontros e desencontros, e interesses transaccionais. É um espaço histórico palimpsesto, que pode ser estudado por camadas e que exige ser estudado desta forma comparada, tendo sempre em mente o passado histórico e a sua importância actual”, referiu.

Do passado ao presente

Quais são então os autores que podem ser vistos e ouvidos neste evento que traz “uma abordagem global e interdisciplinar”? Os organizadores destacam o diálogo sobre o trabalho de Kit Kelen, onde será feita uma leitura ilustrada da sua poesia. “A ideia era alargar o evento às artes plásticas e temos a contribuição do professor Kit Kelen, já aposentado, mas que é bastante conhecido em Macau pelo trabalho que fez na década de 90 até há uns cinco anos atrás. Trabalhava muito com jovens poetas”, referiu Mário Pinharanda Nunes.

Sara Augusto, académica do Instituto Politécnico de Macau, irá falar da “Poemografia, a escrita a preto e branco de António Mil-Homens”, imprimindo à conferência um tom mais contemporâneo, enquanto que Paul Van Dyke vai falar sobre casas de penhores. Será também dado destaque às obras de Maria Ondina Braga ou Rodrigo Leal de Carvalho, sem esquecer a obra de Henrique de Senna Fernandes.

“Mónica Simas falará sobre ‘Os Dores’ de Henrique de Senna Fernandes, um autor macaense que também se ocupa de vários espaços do Delta do Rio das Pérolas nos seus romances, incluindo Portugal e cidades chinesas”, explicou Rogério Miguel Puga. Everton Machado, da Universidade de Lisboa, irá ainda falar do poeta Wenceslau de Moraes. Esta conferência conta também com a participação do Centro Cultural e Científico de Macau.

A conferência pode ser vista aqui.

2 Jul 2021

Covid-19 | Visitantes de Hong Kong obrigados a usar máscara em Macau

Ainda nada está decidido, mas caso seja aberta a bolha de viagem entre Macau e Hong Kong os visitantes da região vizinha poderão ter de usar o código azul de saúde, o que obriga a usar sempre máscara. Estará, por isso, interdito o seu acesso a piscinas públicas ou bares, por exemplo

 

As autoridades locais continuam a negociar as condições para a abertura de uma bolha de viagem com Hong Kong, mas não confirmaram se as fronteiras podem abrir no próximo dia 11 de Julho, como noticiaram alguns media. Uma coisa é certa: alguns critérios já foram discutidos, conforme adiantou ontem Leong Iek Hou, coordenadora do Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus.

“Ainda não temos uma decisão para permitir a circulação. Definimos alguns padrões, como as pessoas que já levaram as duas doses da vacina terem de apresentar um teste de ácido nucleico negativo com o prazo de 48 horas, bem como realizar um teste à chegada a Macau.”

Além disso, os visitantes de Hong Kong vão ficar sujeitos aos limites impostos pelo código de saúde azul, que obriga a algumas restrições de acesso. “[Os visitantes] só podem participar em actividades onde se tem de usar sempre máscara, não podem entrar em bares ou salas de karaoke. Em relação às piscinas não poderão ir caso tenham código azul, ou só poderão ficar em determinados andares nos hotéis.”

Na conferência de imprensa de ontem foi também avançado que está a ser estudado um plano para “permitir a entrada de turistas estrangeiros nos casinos, porque são estabelecimentos especiais”. “É um dos estudos que tem prioridade neste momento. Quando vêm a Macau, se não podem ir aos casinos, parece estranho, mas iremos publicar as conclusões assim que as tivermos”, disse Leong Iek Hou.

Medidas diferentes

Os responsáveis do Centro falaram também da possibilidade de os residentes de Macau terem menos regras para entrar no território vizinho, por comparação às pessoas vindas de Hong Kong. “Como a situação interna de Macau e Hong Kong é diferente, haverá medidas diferentes.”

Também a implementação de quotas diárias está por definir. “Será que Hong Kong vai ter mais casos importados no futuro? Se houver apenas casos importados ou com fonte desconhecida, temos o princípio de que, a partir do momento em que não haja qualquer caso, passados 28 dias é que teremos essas medidas para facilitar a passagem.

Se esses casos não causarem infecções comunitárias iremos esperar pelos 28 dias. Acredito que em breve teremos essas medidas”, adiantou Leong Iek Hou.

Tai Wa Hou, coordenador do plano de vacinação contra a covid-19, disse que a imunidade de grupo poderá ser atingida quando cerca de 70 por cento da população estiver vacinada. “Aumentou o número de pessoas inoculadas, por dia temos entre 500 a 600 pessoas. Nas últimas duas a três semanas aumentou dez vezes o número de pessoas que levaram a vacina. Cerca de 35 por cento da população de Macau já está vacinada. Claro que se for 100 por cento ainda melhor, mas é difícil atingir essa percentagem. Segundo um estudo científico, devemos chegar a pelo menos a 70 por cento da população para atingir imunidade”, concluiu.

Infecção local em Hong Kong

Foi ontem registado um novo caso local de infecção por covid-19 em Hong Kong, que obrigou à quarentena dos moradores do Port Centre, um edifício residencial na zona de Aberdeen. Segundo o canal RTHK, é ainda desconhecida a origem da infecção de uma mulher de 41 anos que vive nesse edifício, mas que trabalha a tempo parcial como empregada de limpeza no hotel Yau Ma Tei’s Bridal Tea House. “Enquanto caso positivo preliminar de uma fonte desconhecida, o risco de infecção na zona é considerado elevado”, disse uma fonte governamental. A mulher não tem registo de viagens, não apresenta quaisquer sintomas e não foi vacinada contra a covid-19. O caso foi detectado esta quarta-feira no âmbito da realização de testes de despistagem à covid-19 feitos aos funcionários do hotel na zona de Yau Ma Tei.

2 Jul 2021

Eleições | Coutinho apresenta lista e afirma que arrasava Metro Ligeiro

Na entrega da lista da Nova Esperança, José Pereira Coutinho deixou críticas ao despesismo público, aos conflitos de interesses dos deputados, à cobertura das eleições pela TDM e avisou que se fosse Chefe do Executivo que mandava demolir o Metro Ligeiro

 

A lista de José Pereira Coutinho, com o nome Nova Esperança, foi ontem entregue à Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL). Após a oficialização, o cabeça-de-lista criticou o despesismo do Governo e afirmou que se fosse Chefe do Executivo mandava demolir o Metro Ligeiro.

“O secretário das Obras Públicas [Raimundo do Rosário] diz que o metro não pode ficar parado porque é como um carro. Um carro se estiver parado na garagem estraga-se. Mas, este carro é um Rolls Royce, custa muito dinheiro mantê-lo a andar na rua”, começou por afirmar. “Quem paga? Se fosse do bolso dele será que ele colocava o Rolls Royce na rua? A nossa opção é parar o Metro Ligeiro e não fazer mais”, considerou. “Eu se fosse Chefe do Executivo um dia demolia todo o metro. Estragou toda a imagem e fisionomia de Macau… E depois é o despesismo”, sublinhou.

Pereira Coutinho recordou que o território atravessa uma fase difícil a nível do emprego dos residentes e defendeu que os titulares de altos cargos políticos devem assumir responsabilidades “pelo menos políticas” para os gastos excessivos.

Ainda no capítulo do despesismo, o candidato considerou que a sua equipa foi responsável pelas críticas às obras do Museu do Grande Prémio, que fizeram com que os gastos para o interior foram reduzidos de 800 milhões de patacas para 400 milhões de patacas. “Economizámos mais de 300 milhões de patacas [ao Erário Público]”, vincou. “Mas somos só nós, nenhum deputado se interessa pelo despesismo”, desabafou.

Instruções polémicas

Com o acto eleitoral deste ano foram emitidas orientações aos funcionários públicos com carreiras especiais que proíbem a participação em comissões de candidatura. O assunto mereceu críticas de Pereira Coutinho, que deixou elogios a Ché Sai Wang, funcionário que ocupa o segundo lugar da lista Nova Esperança.

“Che Sai Wang é o segundo candidato. Eu admiro que um funcionário público no activo tenha coragem de estar na Lista Nova Esperança, porque não foi fácil reunir as assinaturas [para constituir a comissão de candidatura]”, elogiou. “Tivemos que retirar mais de 100 assinaturas de funcionários públicos e agências das forças de segurança porque foram proibidos de assinar”, revelou. “Isto mostra que em Macau não há falta de talentos e que há pessoas corajosas, que querem servir a sociedade”, rematou.

Além de Che, fazem também parte da lista Tang Si Wan, Chan Hao Weng, Lídia Lourenço, Hung Oi Ming, Cheang Ka Keong, Chang Fong I, Fok Chao Iu, Ng Kin Hong e Ho Sio Peng.

Sobre as eleições, o candidato da lista que em 2017 conseguiu 14.386 votos afirmou que a corrida vai ser mais complicada e que vai precisar de quase 11 mil votos para ser reeleito: “O meu lugar está em causa, mas sinto-me muito honrado por exercer estas funções há mais de 16 anos”, considerou.

Assuntos da agenda

Sobre os trabalhos para a próxima legislatura, Pereira Coutinho alertou para a necessidade de abrir as comissões aos cidadãos e de ser criado um mecanismo para monitorizar os conflitos de interesses dos deputados.

“É preciso regulamentar de forma urgente os conflitos de interesses. Os deputados não podem sobrepor os interesses privados ao interesse público”, alertou.

Por último, Coutinho criticou a cobertura das eleições dos canais portugueses da TDM, que não têm enviado jornalistas à entrega das comissões de candidatura nem listas dos diferentes candidatos. “O Departamento de Informação da TDM está cada vez pior. Há quatro anos atrás fizeram tantas entrevistas [aos candidatos]… Agora, viemos cá entregar as assinaturas e nem uma pessoa apareceu. O canal chinês veio…”, comparou. “Será que a entrega das assinaturas [da comissão de candidatura] não é um acto importante? Porque é que não vieram fazer a cobertura? Mas, gastam o dinheiro do erário público…”, queixou-se. “Sabem quanto é que a TDM recebe do orçamento de Macau? Recebe 400 milhões de patacas. E não fazem a cobertura da entrega de uma comissão de candidatura com 500 assinaturas…. Se for uma porcaria qualquer de um evento lá fora mandam o batalhão todo de operadores de câmaras e de jornalistas…”, desabafou.

2 Jul 2021

PCC | Continuar a fazer história rumo ao segundo centenário

Numa visita guiada à exposição fotográfica de celebração do centenário do Partido Comunista da China, o HM passou em revista alguns dos momentos mais marcantes da história do PCC e do país. Desde o congresso de Xangai liderado por Mao Zedong ao socialismo de características chinesas da Nova Era de Xi Jinping, o PCC promete continuar o “grande milagre da história da humanidade” por mais 100 anos

 

O Partido Comunista da China (PCC) celebrou ontem 100 anos de existência. Ao final do primeiro centenário e com os olhos postos no futuro, foram inúmeros os momentos marcantes que ficaram para a história daquele que é o maior partido marxista-leninista do mundo, actualmente com 95 milhões de membros.

Inaugurada a 23 de Junho, a exposição de fotografias “Os 100 anos do Partido Comunista da China” imortaliza em imagens 298 desses momentos, desde a fundação do partido até ao “sonho do rejuvenescimento da nação chinesa”, passando pela criação da República Popular da China. A exposição, patente até 15 de Julho, conta com a organização da Fundação Macau e pela Nam Kwong União Comercial e Industrial.

A vice-presidente da Fundação Macau, Zhong Yi Seabra de Mascarenhas, aceitou o desafio de guiar o HM numa visita pela exposição.

A origem do PCC, começou por lembrar Zhong Yi apontando para uma imagem da primeira tradução chinesa do livro “Manifesto” de Karl Marx de 1920, está na Rússia, “mais precisamente a partir do momento em que acontece a Revolução de Outubro de 1917”.

Noutra imagem contemporânea dos anos que precederam a fundação do PCC, é possível ver três edições da histórica revista “A Juventude” (“La Jeunesse”), que serviu de plataforma para vários intelectuais progressistas da época como Deng Xiaoping, Chen Duxiu e Li Dazhao “espalharem a palavra do Marxismo” em busca de um novo movimento cultural capaz de transformar “fundamentalmente” a China e o estabelecimento da República da China, fundada em 1911 após a queda da dinastia Qing.

A fundação do PCC viria a ser oficializada a 23 de Julho de 1921 numa casa da Concessão Francesa de Xangai. Lado a lado com a imagem do edifício histórico que acolheu o primeiro congresso do partido, é possível ver um barco turístico para onde a reunião foi transferida após ter sido interrompida pela polícia francesa, obrigando os membros do congresso a mudar-se para Jiaxing.

“Este momento foi marcante porque abriu uma página nova que permitiu a criação do PCC”, explicou Zhong Yi.
Outra fotografia mostra Mao Zedong a falar com camponeses em Yangjialing, em Yan’an, demonstrativa da “aposta na criação de campos de cultivo para alimentar a população”. Contudo, esta foi uma fase atribulada.

“Foram ultrapassados muitos obstáculos, houve muitas lutas e morreram muitas pessoas. O povo chinês participou com muita força e até, nalguns casos, com a própria vida para construir a China. Por isso, ainda hoje dizemos que a base do PCC é o povo e o partido nunca pode deixar de procurar os interesses e o bem-estar da população”, explicou a responsável da Fundação Macau.

Outro dos momentos imortalizados em imagem mostra Mao Zedong a discursar no sétimo congresso do PCC em 1949 realizado em Xibaipo, onde propõe que o foco do trabalho do partido seja gradualmente deslocado do campo para as cidades.

Também em 1949 foi realizada a primeira Sessão Plenária da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês (CPPCC), cuja importância reside em mostrar que, desde logo, “existem vários partidos que participam por esta via e dão opiniões”.

Construção e reconhecimento

Às 15h do dia 1 de Outubro de 1949 era fundada a República Popular da China. Na imagem exposta é possível ver Mao a discursar na Praça de Tiananmen, no mesmo local onde, ontem, o presidente Xi Jinping proclamou o discurso alusivo ao centenário do PCC (ver páginas 4-7).

“O Governo Central da República Popular da China foi estabelecido. O povo chinês levantou-se. Uma nova Era de desenvolvimento e progresso na nação chinesa começou”, pode ler-se na legenda da fotografia que cita as palavras de Mao.

Os anos que se seguiram, explicou Zhong Yi, ficaram marcados pela publicação da primeira lei de casamento e de terrenos, pelo regresso de estudantes e cientistas que voltaram do estrangeiro “para ajudar a construir o país”.

“O primeiro carro produzido na China tornou-se realidade. Foi a fase da modernização, tanto na área industrial como no panorama internacional. Foram criadas as zonas autónomas de Xinjiang e do Tibete e realizada a primeira feira de Cantão”, apontou Zhong Yi.

“Nesta fase surgiram muitos cidadãos exemplares que seguiram o espírito comunista, trabalharam na sombra e deram, até, a sua vida, influenciando todas as gerações seguintes”, detalhou a responsável.

A explosão de alegria protagonizada em 1971 pelo vice-ministro dos negócios estrangeiros Qiao Guanhua e o representante permanente chinês nas Nações Unidas, Huang Hua, assinala o momento em que o organismo internacional reconhece os direitos legais da República Popular da China.

Em 1972 Mao Zedong encontra-se com o presidente dos EUA, Richard Nixon, em Pequim, colocando um ponto final ao isolacionismo internacional do país e normalizando as relações entre os dois países.

A abertura seguinte

Liderada por Deng Xiaoping, seguiu-se a fase das reformas e abertura, marcado pelo desenvolvimento do socialismo com características chinesas. Foram criadas zonas económicas especiais como Zhuhai e Shenzhen, começa a surgir indústria potenciada por investimento privado e a China assume-se como potencia desportiva em modalidades como o voleibol.

Em 1985, numa imagem onde se vê Deng Xiaoping com o indicador apontado ao céu, o líder viria a cortar um milhão de soldados das forças armadas para se focar na modernização socialista e contribuir para a paz mundial.

“Nesta ocasião, além de referir que o foco era a construção económica, disse também que o povo chinês nunca foi um povo invasor nem hostil”, partilhou a responsável da Fundação Macau.

Numa curiosa imagem captada em 1978 é possível ver o pai de Xi Jinping, Xi Zhongxun, número um em Guangdong na altura, a conduzir uma pesquisa de campo para flexibilizar investimento estrangeiro em algumas cidades da província. A observar tudo está Xi Jingping, na altura estudante da Universidade de Tsinghua, a aproveitar as férias de Verão para participar no trabalho de campo.

O ano de 1979 ficou marcado pelo estabelecimento das relações diplomáticas entre a República Popular da China e os EUA, a partir do momento em que o presidente Jimmy Carter recebe o Deng Xiaoping na Casa Branca.

Sem esquecer a protecção ambiental, seguiu-se Jiang Zemin (1989) no comando do PCC. A aposta no multilateralismo é evidente. A bolsa de Xangai dá os primeiros passos numa pequena sala equipada por desktops, começam grandes obras como Barragem das Três Garganta no rio Yangtze e são criadas políticas de desenvolvimento das zonas mais pobres do país.

É também sob a liderança de Jiang Zemin que são materializadas as transferências de soberania de Hong Kong (1997) e Macau (1999).

Hu Jintao sucede no cargo. O desenvolvimento económico é exponencial e a China assume-se como segunda potencia económica em 2010. Os Jogos Olímpicos de Pequim são também organizados sob a sua liderança.

Em 2005 foi aprovada a lei anti-secessão na qual se afirma que a República Popular da China assume que irá seguir o princípio da reunificação pacífica.

A nova Era

A 15 de Novembro de 2012, Xi Jinping sucedia na liderança do PCC dando início à construção de uma “sociedade moderadamente abastecida” e de “um país socialista moderno” e à nova Era do socialismo com características chinesas. Desde logo é proposta a ideia do grande rejuvenescimento da nação chinesa como sendo o “sonho chinês”.

Segundo Zhong Yi, esta foi a fase do “fortalecimento” em que se insistiu na ideia da “liderança do PCC” e que “o seu dono é o povo”. O processo de reabertura continua e a modernização acontece a nível económico, ecológico e relativamente à melhoria das condições de vida das populações mais pobres.

“Xi Jinping criou cantinas para todos (…) e os partidos devem ser capazes de criar pureza de espírito para servir o povo e não abusar do poder, chegando às zonas mais difíceis e montanhosas para ouvir a população e os seus desejos”, explicou a responsável da Fundação Macau.

Um dos painéis da exposição retrata o actual presidente da China a trabalhar de perto com a população em diversos contextos, desde os seus tempos de juventude. Ao longo do caminho até ao segundo centenário espera-se, de acordo com os objectivos do PCC plasmados na exposição fotográfica que, em 2049, a China seja um “grandioso país socialista que é próspero, forte, democrático, culturalmente avançado, harmonioso e bonito”.

2 Jul 2021

Jogo passa de resultado recorde em Maio para pior receita do ano em Junho

O sector do jogo teve em Junho as piores receitas de 2021, depois de em Maio os casinos terem registado o melhor resultado do ano, indicaram hoje dados divulgados pela Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos.

Em Junho, as operadoras arrecadaram 6.535 milhões de patacas, quando em Maio tinham contabilizado 10.445 milhões de patacas.

O resultado coincide com o decréscimo no número de visitantes, depois de ter sido identificado um surto comunitário de covid-19 na província vizinha chinesa de Guangdong, que levou as autoridades de Macau a reforçarem as medidas de prevenção e as restrições fronteiriças.

No primeiro semestre do ano, o total de receita acumulada ficou-se pelos 49.023 milhões de patacas, quando em 2019, antes da pandemia, os casinos já tinham arrecadado quase o triplo. Ainda assim, a receita bruta do jogo subiu 45,4% em relação aos valores de 2020, ano de grande impacto da pandemia sobre a indústria do jogo.

Após o reinício, no final de setembro, da emissão dos vistos individuais e de grupo da China continental para o território, suspensos desde o início da pandemia, o número de turistas tem subido gradualmente, ainda que continue muito abaixo da média de cerca de três milhões de visitantes registada por mês em 2019.

1 Jul 2021

Transporte marítimo | Empresas de Pansy Ho esperam manter prejuízos este ano

A Sociedade de Turismo e Diversões de Macau (STDM), cuja directora é Pansy Ho, prevê a continuação neste ano de prejuízos na área da exploração do transporte marítimo no Terminal Marítimo do Porto Exterior.

Segundo o relatório e contas da empresa, divulgado ontem em Boletim Oficial, “de momento não está ainda prevista uma data de retoma dos itinerários entre Hong Kong e Macau, prevendo-se a persistência dos prejuízos até 2021”. Igual argumento é referido nos relatórios e contas das empresas Far East Hidrofoil Company e Hong Kong Macao Hydrofoil Company, onde Pansy Ho também ocupa o cargo de directora.

No ano passado, a STDM esteve isenta do pagamento das retribuições mensais relativas ao Terminal Marítimo do Porto Exterior, tendo “assumindo a responsabilidade social corporativa de isentar todos as subconcessionárias do Terminal Marítimo do pagamento de todas as tarifas de utilização mensais, o que resultou numa quebra significativa das receitas”. De uma forma geral, a STDM diz ter sofrido “grandes prejuízos com a exploração” do Terminal.

Tanto a Far East Hydrofoil como a Hong Kong Macao Hydrofoil assumem estarem a preparar-se “para a retoma do turismo regional”, apesar de terem sofrido “o impacto [económico] de múltiplos factores, incluindo as mudanças nas formas de deslocação provocadas pela abertura da ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau”. Incluem-se ainda “o declínio do número de passageiros devido à instabilidade do clima social e político em Hong Kong e a suspensão total dos serviços de embarcações de passageiros devido à pandemia”. Mesmo com “medidas rigorosas de controlo de custos” o desempenho das duas empresas “foi gravemente afectado”.

1 Jul 2021