Nunu Wu Manchete PolíticaIntegração | Criado portal com informações para viver na Grande Baía O Executivo vai criar um portal online que irá agregar toda a informação necessária para quem queira ir viver para a área da Grande Baía. Além disso, está a ser estudada a possibilidade de subsidiar quem for trabalhar para as cidades abrangidas pelo projecto de integração O Governo está a trabalhar num portal online com informações indispensáveis para residentes que queiram mudar-se para a área da Grande Baía. O projecto do Executivo foi revelado por Wong Chi Hong, director dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL), em resposta a interpelação escrita da deputada Song Pek Kei. Segundo Wong, o portal sobre a Grande Baía vai disponibilizar informação essencial para preparar os residentes para a mudança, como anúncios de emprego, situação das habitações e informações sobre o trânsito. Wong Chi Hong defendeu a acção do Executivo, apontado que desde 2018 foram organizadas várias actividades de intercâmbio, no sentido de levar os residentes a encontrarem oportunidades profissionais, em outros sectores menos implementados em Macau. Além disso, Wong indicou que a DSAL tem organizado várias feiras de emprego e oportunidades de estágio, nomeadamente na empresa ByteDance, responsável pela plataforma TikTok. As oportunidades de estágio foram criadas em Fevereiro deste ano. Na interpelação, Song Pek Kei queria ainda saber se o Executivo estava disponível para subsidiar empregos dos residentes de Macau em empresas sediadas na Grande Baía. Wong não se comprometeu com uma posição, mas afirmou que o Executivo vai estudar o assunto. Drones à noite Além das questões relacionadas com a Grande Baía, Song Pek Kei pretendeu também saber os planos do Governo para promover o mercado do turismo. O director da DSAL respondeu sublinhando a importância para o Executivo das actividades nocturnas, que considera importante chamariz para ajudar a prolongar a estadia dos turistas. Neste domínio, Wong revelou que está a ser equacionada a realização, até ao final do ano, de um espectáculo com drones iluminados. Por outro lado, para promover os produtos locais, e numa altura em que a pandemia da covid-19 impõe várias restrições, o director da DSAL diz que o Governo tem apostado nas plataformas móveis e aconselha as empresas a fazer o mesmo. Wong deu o exemplo da Feira Internacional de Macau (MIF), que contou com várias transmissões em directo de influencers a promoverem marcas e produtos locais. Além disso, vários influencers convidados vieram à RAEM promover Macau, como destino turístico.
Andreia Sofia Silva Grande Plano MancheteJogos Olímpicos de Inverno | Pedido fim da política de “zero casos” de covid-19 Com o surgimento de surtos de covid-19, vários analistas defendem que a China deve pôr termo à política de “zero casos”, olhando para exemplos de outros países que abriram fronteiras. Os Jogos Olímpicos de Inverno, que se realizam em Pequim em Fevereiro de 2022, são “um desafio”. Porém, a recente experiência de Tóquio pode ser um bom exemplo para a organização Terminados os Jogos Olímpicos (JO) de Tóquio, a China prepara-se para organizar a edição 2022 dos JO de Inverno, marcados para Fevereiro em Pequim, numa altura em que têm surgido no país, nos últimos meses, vários surtos de covid-19. Ontem foram identificados, em 24 horas, 143 casos de covid-19 nas províncias de Jiangsu, Henan, Hubei e Hunan. A província de Jiangsu, no leste do país, onde começou o actual surto que, entretanto, se alastrou a outras regiões, diagnosticou 50 casos. Henan, no centro da China, detectou 37 infecções. A China mantém a política de “zero casos” em vigor, incluindo restrições transfronteiriças, mas vários especialistas argumentaram, na última sexta-feira, que esta estratégia deve ser alterada. Num webinar promovido pela empresa Baidu, académicos da Universidade de Pequim defenderam que o Governo Central deveria começar a definir estratégias com base nas experiências de outros países quanto à abertura de fronteiras, sobretudo tendo em vista a realização dos JO de Inverno. Citado pelo South China Morning Post, Liu Guoen, director do Centro de Investigação para a Saúde Económica da Universidade de Pequim, afirmou a necessidade de uma “discussão séria e sistemática” para “ajustar e optimizar a actual estratégia”. Já Zeng Guang, chefe epidemiologista do Centro Chinês para a Prevenção e Controlo de Doenças, referiu, no mesmo webinar, que “a maior parte são casos ligeiros [no último surto na China], o que não deveria ter causado tanto pânico e pressão”. “Ficar com zero casos é absolutamente impossível. Outros países não vão esperar para ter zero casos antes de abrirem fronteiras. Deveríamos aprender com a experiência de outros países como o Reino Unido, Israel e Singapura… e entender como aconteceu o ressurgimento [das infecções], se a situação melhorou e também se a população apoiou”, acrescentou Zeng Guang. O epidemiologista prevê que os JO de Inverno serão “um desafio para a capital”, um acontecimento que requer coordenação e cuidado. “[Será também] um processo para melhorarmos as nossas ideias”, frisou o epidemiologista. Uma “maior pressão” Emanuel Júnior, investigador da Universidade de Aveiro na área do desporto e geopolítica chinesa, defendeu ao HM que a chegada dos JO de Inverno “coloca uma pressão maior sobre as autoridades chinesas, uma vez que a expectativa seria de realizar este megaevento desportivo com a possibilidade de público”. No entanto, “para que isso se realize, é preciso um controlo maior nas regras quanto ao público, permitindo-se, por exemplo, que estejam presentes pessoas que já foram vacinadas [ou apostar] na realização de testes”. Mesmo face às vozes que argumentam pelo fim da política “zero casos” no país, Emanuel Júnior defende que “a estratégia chinesa de combate à pandemia tem-se mostrado das mais eficazes em todo o mundo”. Com a predominância da altamente contagiosa variante Delta do vírus SARS-Cov-2, o investigador considera que “as medidas tomadas pelas autoridades chinesas são as mais acertadas”, dando como exemplo o confinamento decretado em regiões afectadas ou a promoção da realização de testes em massa. Ainda assim, a vacinação deve ser sempre a resposta. “Nem todos os países têm os índices de testes que a China tem. Só através da testagem possível monitorar o nível de contágio e a China tem sido exemplar nisso. Contudo, nesta altura da pandemia, sabemos que a vacinação é extremamente necessária para que casos graves e mortes sejam reduzidos.” Anabela Santiago, mestre em estudos chineses e doutoranda da Universidade de Aveiro, também na área da geopolítica chinesa, lembrou ao HM que a China não divulgou ainda a sua estratégia para organizar os JO de Inverno, pelo menos a título oficial. No entanto, “há bastante tempo que a China tem apenas surtos esporádicos de covid-19, o próprio Comité Olímpico Internacional apelou para que essas olimpíadas tenham público”. Nesse sentido, defende a investigadora, é expectável “um novo fulgor, mas com medidas de segurança muito apertadas, apesar de tudo”. Num país onde o desporto assume também um forte papel diplomático, os JO de Inverno não deverão trazer, do ponto de vista político, “uma mudança de estratégia relativamente à gestão da pandemia”, assumiu Anabela Santiago. “A mudança ocorreu logo no início. A famosa primeira fase de quase negação foi rapidamente ultrapassada. A China não quer ser parte do problema, mas sim da solução. Do ponto de vista desportivo, estas olimpíadas vão servir para projectar mais as modalidades desportivas de inverno, tanto na China como fora dela.” JO e futebol são exemplos Emanuel Júnior não tem dúvidas de que “a realização de eventos desportivos como os JO de Tóquio ou o Euro 2020 servem de lição” para Pequim na hora de organizar as olimpíadas de Inverno, com cerimónia de abertura está marcada para 4 de Fevereiro. “Em Tóquio não havia espectadores, portanto a experiência serve de exemplo a nível logístico e organizativo. Já o Euro 2020 contou com público nos estádios e realizou-se em várias cidades na Europa. Cada cidade tinha as suas regras quanto à percentagem de ocupação dos estádios. De certeza que a organização dos JO de Inverno de Pequim 2022 observou estes dois eventos e vai ter isso em consideração na sua análise, para que se possam implementar regras mais adequadas para Pequim”, referiu o investigador. Para Anabela Santiago, os JO de Tóquio “são, sem dúvida, um exemplo para Pequim”, até porque “para o bem e para o mal, aprendemos sempre pelo modelo dos outros ou por comparação”. “A China sempre se pauta em tudo o que faz pela grande capacidade de mobilização da sua população e da sua força de trabalho em torno de uma causa ou objectivo. Veja-se, por exemplo, a construção de um hospital novo em 10 dias. Os últimos JO realizados em Pequim [em 2008] foram um magnífico exemplo de capacidade organizativa, e creio que estes JO de Inverno o serão também”, concluiu a académica. Recorde-se que o Governo japonês decretou estado de emergência em Tóquio a 8 de Julho, e que vigora até ao dia 22 deste mês, precisamente na mesma altura em que se realizaram os JO, que terminaram no passado domingo. O país também decidiu prolongar este nível de alerta na região de Okinawa (sudoeste), onde já estava activo, e manter certas restrições nas autarquias de Chiba, Saitama e Kanagawa, nos arredores de Tóquio, onde também foram realizadas competições.
João Santos Filipe Manchete SociedadeQuarentena | Solidão, insónias e stress pós-traumático são consequências Um estudo académico analisou o impacto das quarentenas de 21 dias feitas em Hong Kong, destacando vários efeitos negativos. Falta de sustentação científica é um dos pontos mais criticados por quem passou pela experiência, com alguns inquiridos a revelarem mais receio da “observação médica” do que do novo coronavírus Uma parte significativa das pessoas que fizeram quarentena em Hong Kong vivenciou um profundo sentimento de isolamento, solidão, confinamento, preocupações financeiras e, em alguns casos, stress pós-traumático. Os efeitos da quarentena foram estudados pela académica Judith Blaine e publicados no estudo “Explorando as Consequências Psicossociais da Quarentena Obrigatória durante a Pandemia da Covid-19 em Hong Kong”, da revista Psicologia e Ciências Comportamentais. Segundo as conclusões do estudo com base em 130 inquéritos, os efeitos da quarentena não foram apenas físicos, mas principalmente psicológicos. “O mais comum foram os efeitos duradouros de medo, ansiedade, raiva, exaustão, falta de energia e dificuldade na reintegração social”, é indicado. No que diz respeito a efeitos psicológicos, um dos inquiridos que cumpriu o período de “observação médica” no hospital admitiu o medo de ter de repetir o procedimento: “Na altura em que saí do hospital, estava tão psicologicamente afectado e assustado, que não queria ir a lado nenhum. Não queria ir a nenhum lugar onde pudesse haver alguém que me levasse de novo para quarentena”, é relatado. A nível dos efeitos físicos, alguns participantes queixaram-se da falta de espaço no quarto para fazer exercício e de ar da rua, o que causou problemas nas costas, dores musculares e até confusão mental. Um dos participantes confessou mesmo que “não se lembra de nada” dos primeiros 14 dias de quarentena no hotel. Quarentena punitiva Outro dos problemas relacionado com a quarentena apontados pelos participantes foi a frustração provocada pela falta de justificação científica para adoptar um período de 21 dias. Por exemplo, um dos inquiridos afirmou acreditar que a quarentena “foi desenhada para dissuadir as pessoas de viajar e castigá-las por fazê-lo”. Neste aspecto, uma das queixas frequentes dos inquiridos foi a ausência de base científica, que as autoridades da RAEHK não conseguiram apresentar. Neste grupo de participantes descontentes com a duração, contam-se também pessoas que não se mostraram contra a quarentena em si por considerarem ser necessária para proteger a comunidade. Porém, todos os entrevistados foram “unânimes” na duração excessiva e “sem qualquer racionalidade”. “Não me importo de fazer quarentena para proteger a cidade, e até acho que é uma medida eficaz, mas a terceira semana é apenas cruel e desnecessária”, respondeu um dos inquiridos. “Prendem as pessoas durante 21 dias sem qualquer fundamentação científica. É odioso e provavelmente uma violação da Lei Básica”, afirmou outro inquirido. Mais medo da quarenta Entre os 130 inquiridos, alguns confessarem que estavam com mais medo da quarentena do que ser contaminados com a covid-19. “Para muitos, o medo de fazer quarentena de 21 dias num hotel ou ser enviado para instalações do Governo ultrapassa o medo de ser contaminado com covid-19”, aponta o estudo. Depois, é citado um dos inquiridos: “Pessoalmente, estou menos preocupado com a doença do que com as consequências, se for infectado todos aqueles com que tive contacto têm de ser postos de quarentena, que é uma espécie de prisão”, foi respondido. Se para muitos ser enviado para a quarentena é uma prisão e um castigo, houve quem aproveitasse o momento para ter “tempo para si”. Contudo, praticamente todos os inquiridos admitiram que as novas tecnologias fizeram com que os 21 dias fossem menos penosos. “Considero que temos muita sorte por atravessarmos esta pandemia numa altura em que a tecnologia nos permite manter o contacto com outras pessoas”, opinou um entrevistado. O adeus ao humanismo A académica Judith Blaine entende que os resultados do estudo demonstram que quem passou pela quarentena obrigatória considerou a experiência como um processo desprovido de humanismo. “O principal sentimento de todos os inquiridos é que a abordagem das autoridades para proteger a população não foi humanista”, afirmou a académica ao jornal South China Morning Post. “Muitas pessoas dizem que a quarentena não é humana, que não tem ética. Se for abordada de um ponto de vista meramente científico, a verdade é que não existe um lado emocional”, sustentou a investigadora. “Somos criaturas sociais […] Se formos privados durante 21 dias da parte social isso contraria a natureza humana”, sublinhou. Face às conclusões do estudo, a autora defendeu a necessidade de maior transparência e justificação das medidas, não só por levar as pessoas a serem mais favoráveis ao procedimento, mas também porque tem efeitos benéficos na componente psicológica. “Se as pessoas compreenderem a razão das medidas de quarentena e aceitarem totalmente o conceito da quarentena, as consequências psicossociais são mitigadas”, indicou. Finalmente, a investigadora defendeu ainda a necessidade de o processo de quarentena ser acompanhado de uma linha telefónica de apoio psicológico.
João Santos Filipe Manchete SociedadeCovid-19 | Recolhidas oito amostras ambientais positivas, depois de desinfecção Na inspecção a 100 objectos e superfícies em risco de contaminação, ligados aos quatro casos de covid-19, oito deram positivas, mesmo depois de terem sido desinfectadas. As amostras contaminadas tiveram origem no carro e na merenda do pai da família de quatro infectados O Governo confirmou ter recolhido oito amostras ambientais positivas, num total de 100 locais testados. O anúncio foi feito ontem à tarde e as amostras positivas foram detectadas nos locais de trabalho do pai da família infectada, o Centro de Saúde de Seac Pai Van, nomeadamente no carro e no frigorífico, onde o homem guardava a merenda. “Foram recolhidas mais de 100 amostras e apenas 8 foram positivas. São amostras dos locais que a família frequentava, recolhidas em locais e horas diferentes”, explicou Tai Wa Hou, coordenador do plano de vacinação contra a covid-19. “As amostras positivas foram recolhidas dentro do carro conduzido pelo pai e também num frigorífico no local de trabalho, onde ele colocava a merenda para comer” acrescentou. Algumas amostras positivas foram recolhidas em locais que já tinham sido desinfectados, pelo que os casos vão ser investigados. “Nos locais em que houve amostras positivas, a desinfecção tinha sido feita de forma muito rigorosa. Mas, claro que podem haver locais e cantos de alguns objectos em que o vírus resistiu”, afirmou o médico. “A desinfecção foi feita de forma rigorosa, mas apesar disso foram encontrados resultados positivos. Talvez esteja relacionado com a variante delta, que pode ser mais forte. Vamos investigar e se for preciso actualizar os critérios para exigir duas ou três desinfecções antes de abrir os espaços”, admitiu. Apesar das amostras, o Governo informou também que além das equipas de desinfecção e das pessoas já isoladas, mais ninguém entrou em contacto com os objectos infectados. 55 recusaram testes O Governo anunciou também que 55 pessoas recusaram ser testadas. Caso não mudem de atitude até hoje, o Executivo vai pedir à polícia que as encaminhe para testes ou para quarentena. “55 pessoas recusaram fazer o teste. Se até hoje [ontem] não fizerem o teste, a polícia vai contactá-los para os levar ao hospital. Se não fizerem o teste, então vão para quarentena de 14 dias”, disse o médico. “Estas são pessoas que conseguimos contactar e que só depois percebemos que não queriam fazer o teste. Alguns disseram-nos que o teste não era útil e outros que achavam que o teste devia ser voluntário e que não concordavam que fosse obrigatório”, indicou. “Falámos com eles, tentámos convencê-los e mesmo assim recusaram. É por isso que podemos ter de tomar outras medidas”, adicionou. Sobre as cerca de 4 mil pessoas que há dois dias ficaram com o código de saúde amarelo por falha dos SSM, ou por não terem feito efectivamente o teste, foi ontem revelado que as autoridades tentaram contactar todos os indivíduos. No entanto, Tai Wa Hou disse que não foi possível entrar em contacto com, pelo menos, metade das pessoas. SSM contactos por 149 pessoas de autocarros No domingo à noite os Serviços de Saúde lançaram o alerta para quem tenha viajado nos autocarros n.º 17 e n.º 19 contactasse as autoridades, devido ao risco de contaminação. Estes autocarros foram utilizados por um dos infectados e as autoridades publicaram mesmo uma lista com o número dos cartões Macau Pass das pessoas. Tai Wa Hou explicou ainda que o contacto foi facilitado nos casos em que os passageiros utilizaram Mpay ou MacauPass com identificação, ou seja que permite saber automaticamente quem são os proprietários. SSM identificaram a maioria de contactos próximos De acordo com Alvis Lo, os Serviços de Saúde contactaram com sucesso a maior parte dos contactos próximos da família de quatro pessoas infectada com covid-19. As declarações foram prestadas ontem no programa Fórum Macau, do canal chinês da Rádio Macau. Segundo as informações avançadas, 1.253 pessoas estão em isolamento por serem contactos próximos, mas o director dos SSM acredita que o número vai continuar a subir nos próximos dias. Sobre a possibilidade de qualquer pessoa ser contaminada, Alvis Lo afirmou que os SSM preferem submeter todos a quarentena do que arriscar a que uma fuga e surto na comunidade. Por outro lado, o responsável apelou aos residentes para que não facilitem, apesar de todos os testes terem apresentado resultados negativos. Segundo Alvis Lo, os próximos sete a oito dias vão ser cruciais e a população deve utilizar sempre máscara, lavar as mãos e evitar ajuntamentos no dia-a-dia. SSM | Alvis Lo atira responsabilidade para mais tarde O Director dos Serviços de Saúde considera que as responsabilidades sobre o surto que surgiu em Macau devem ser “apuradas mais tarde”. Foi desta forma que o médico reagiu às questões sobre a prestação de falsas declarações de saúde por parte da aluna escola Hou Kong, aquando da deslocação ao Interior. A escola viajou para Xian em Julho, depois de ter sido alertada pela Direcção de Educação e Desenvolvimento de Juventude para que todas as viagens não essenciais fossem adiadas ou canceladas.
João Santos Filipe Manchete SociedadeTaipa | Engenheiro detido por filmar debaixo de saias em supermercado Um residente de Macau foi detido por tirar fotografias por baixo da saia de uma mulher de 30 anos num supermercado na Taipa. No telemóvel do suspeito, a polícia encontrou vídeos do mesmo teor captados noutras ocasiões. Noutro caso, uma residente de Macau foi desfalcada em 277.000 HKD por um homem por quem se apaixonou online O Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP) deteve na passada sexta-feira um residente de Macau com 40 anos por suspeitas da prática do crime de devassa da vida privada. Em causa, está o facto de o homem, engenheiro de profissão, ter captado imagens de forma clandestina por baixo da saia de uma mulher com 30 anos, no interior de um supermercado localizado na Rua de Nam Keng, na Taipa. De acordo com informações facultadas ontem em conferência de imprensa, o caso veio a lume às 12h30 de sexta-feira, altura em que a CPSP apresentou queixa a relatar o sucedido. Segundo a mulher, enquanto percorria os corredores do supermercado começou a sentir que algo estava em contacto com as suas pernas. Voltando-se de imediato, a mulher deu de caras com um homem agachado por baixo da sua saia e com um telemóvel em riste. Logo, a vítima perguntou ao homem se tinha utilizado o dispositivo para filmar ou tirar fotografias às suas partes íntimas, pedindo-lhe igualmente para ver a galeria de imagens do telemóvel. Acedendo ao pedido, o engenheiro abriu a galeria e mostrou imagens lá alojadas a grande velocidade, não permitindo à vítima ver os conteúdos com atenção. Perante o sucedido, a mulher, também residente de Macau, disse que ia chamar a polícia. A ameaça levou o homem a iniciar uma fuga que só terminou na Rua de Bragança, local até onde se deslocou no seu próprio veículo. Após consultar as imagens captadas pelas câmaras de videovigilância, a CPSP conseguiu identificar e interceptar o homem nessa mesma rua. Durante o interrogatório, o engenheiro admitiu ter filmado por baixo das saias da vítima durante a visita ao supermercado. No entanto, ao verificar o dispositivo do suspeito, essas imagens tinham já sido removidas. Ao analisar a galeria de imagens detalhadamente, a CPSP descobriu, contudo, a existência de vídeos do mesmo teor captados noutras ocasiões. O caso seguiu no sábado para o Ministério Público (MP), onde o suspeito vai responder pela prática do crime de devassa da vida privada. A confirmar-se a acusação, o engenheiro pode ser punido com pena de prisão até 2 anos ou de multa até 240 dias. Amor dispendioso Noutro caso, a Polícia Judiciária (PJ) revelou que uma residente de Macau de 30 anos foi desfalcada em 277 mil dólares de Hong Kong (HKD), após ter conhecido um homem por quem se apaixonou numa rede social e que lhe pediu dinheiro para pagar o empréstimo da casa. Segundo a PJ, desde o dia 24 de Junho que, a pedido do homem que afirmou ser natural de Taiwan, que a mulher transferiu em três ocasiões, 84.500 HKD, 97.000 HKD e 92.000 HKD. Quando deixou de conseguir contactar o suspeito, a mulher apresentou queixa à polícia.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeGestão | Equipa de Macau vence Global Management Challenge A edição de 2019 do Global Management Challenge, competição internacional na área da estratégia e gestão, foi ganha por uma equipa de Macau. O evento aconteceu em Lisboa e contou com a participação de 16 países Macau deu cartas numa competição internacional nas áreas da estratégia e gestão. Segundo o semanário português Expresso, a edição de 2019 do Global Management Challenge foi ganha por uma equipa de quatro estudantes universitários de Macau. O estudante que liderou a equipa da RAEM, Zheng Bowen, afirmou que foi “uma honra participar e ser campeão do Global Management Challenge”. O aluno adiantou ainda que numa competição deste género é possível aprender estratégias de gestão, verificar os resultados das decisões e trabalhar em equipa. O líder da equipa de Macau acrescentou apenas que a Rússia foi um dos adversários mais fortes na competição, apesar de ter terminado em quarto lugar. A última vez que Macau venceu esta competição foi em 2017. O HM tentou chegar à fala com Zheng Bowen, mas até ao fecho desta edição não foi possível. Importa referir que a equipa participou no Global Management Challenge graças à parceria da Associação de Gestão de Macau. Competir desde 1980 O concurso Global Management Challenge é organizado desde 1980 e é considerado uma das maiores competições nas áreas da estratégia e gestão. A iniciativa, que leva as equipas participantes a confrontarem-se com diferentes culturas e formas de gerir empresas, é organizada pela SDG – Simuladores e Modelos de Gestão e também pelo semanário Expresso. No website da iniciativa pode ler-se que “ao longo dos anos [a competição alcançou] um enorme sucesso, tornando-se num evento de elevada notoriedade e visibilidade, prestigiando as organizações que nele participam”. O Global Management Challenge esteve agendado para Abril do ano passado, mas foi adiado devido à pandemia da covid-19. Participaram um total de 16 países, incluindo o território de Macau. Os participantes foram divididos aleatoriamente em quatro grupos, de quatro equipas cada, que disputaram uma semi-final que decorreu de 19 a 23 de Julho, também online. As duas melhores equipas de cada grupo passaram à final, que foi disputada online por Macau, República Checa, Portugal, Brasil, Polónia, Rússia, Quénia e Espanha, no dia 27 de Julho.
Pedro Arede Manchete PolíticaJogos Olímpicos | Participação da China encorajou “paixão patriótica”, Ho Iat Seng O Chefe do Executivo congratulou a selecção chinesa pelos resultados “bastante impressionantes” obtidos nos Jogos Olímpicos. Ho Iat Seng agradeceu ainda à China Media Group pelos direitos de transmissão do evento em Macau, que tiveram o condão de “emocionar todos” e encorajar a “paixão patriótica” No dia seguinte ao encerramento dos XXXII Jogos Olímpicos, Tóquio 2020, o Chefe do Executivo felicitou a selecção desportiva da China pelos resultados alcançados nas várias competições ao longo do evento, que resultaram na conquista 38 medalhas de ouro, 32 medalhas de prata e 18 medalhas de bronze. Segundo Ho Iat Seng, para quem os resultados foram “bastante impressionantes” e materializaram, em algumas modalidades, momentos “históricos”, a participação da equipa nacional difundiu o espírito olímpico e desportivo da China e honrou “o nome da pátria e do seu povo”. Para o Chefe do Executivo, o desempenho exemplar dos atletas chineses permitiu aos residentes de Macau encorajar o sentimento de amor à pátria e emocionar-se com o empenho demonstrado. “Cada competição da selecção nacional está ligada ao coração de todos os compatriotas de Macau. O seu empenho, determinação e firmeza, emocionaram todos, que estão dentro ou fora da China, assim como, os espectadores espalhados pelo mundo. Esta participação encorajou ainda mais a paixão patriótica e também a confiança na nação dos chineses que estão dentro ou fora da China”, afirmou Ho Iat Seng através de uma nota divulgada ontem. Sentimento de orgulho Dirigindo-se directamente aos atletas chineses em nome dos residentes de Macau, Ho Iat Seng apontou que “os compatriotas da RAEM sentem-se orgulhosos pela vossa primazia e excelência”. Como resultado, vincou Ho, Macau está agora em melhores condições de espalhar o espírito desportivo e a determinação demonstrada ao longo do evento pelos atletas da China, encontrando-se simultaneamente mais disponível para aceitar desafios e unir-se em torno do combate à pandemia. O eco da prestação da equipa nacional nos Jogos Olímpicos de Tóquio contribui também, segundo o Chefe do Executivo, para impulsionar “a aceleração do desenvolvimento adequado e diversificado da economia”, promover o princípio “Um País, Dois Sistemas” e apoiar a grande revitalização da nação chinesa. Durante o dia de ontem, Ho Iat Seng referiu ainda que parte do entusiasmo dos eventos olímpicos deveu-se à cedência dos direitos de transmissão directa dos Jogos Olímpicos de Tóquio por parte da China Media Group. Tal, sublinhou Ho, permitiu à população “não só assistir aos eventos de alta qualidade como sentir o espírito e o empenho da equipa nacional”, gerando união e confiança no combate à situação epidémica. No total, os Jogos Olímpicos Tóquio 2020 concederam 339 títulos, com os Estados Unidos a vencer 39, contando ainda 41 pratas e 33 bronzes. No segundo lugar do medalheiro ficou a China com 38 ouros, 32 pratas e 18 bronzes. Em terceiro lugar ficou o Japão, com a conquista de 27 medalhas de ouro, 14 medalhas de prata e 17 medalhas de bronze.
João Santos Filipe Manchete SociedadeAcidente com carro descontrolado causa pânico na Travessa dos Bombeiros Uma colisão entre dois veículos na Travessa dos Bombeiros causou momentos de pânico, por volta da 13h, quando um dos carros perdeu o controlo e embateu violentamente num portão. Segundo o jornal Ou Mun, o sinistro levou a que uma mulher que seguia no veículo cinzento, o que sofreu o embate mais violento, tivesse de ser transportada para o hospital, com ferimentos ligeiros. As imagens do acidente circularam pelas redes sociais e mostram que o primeiro embate foi causado no cruzamento entre a Rua Xavier Pereira e a Travessa dos Bombeiros. Na origem, terá estado o facto de um dos condutores não ter respeitado a prioridade. A colisão fez com que os dois carros saíssem disparados contra a montra de uma clínica e que uma mulher, que caminhava no passeio naquela altura, tivesse de fugir, de forma a evitar ser atingida pelo Toyota cinzento. Contudo, quando o acidente parecia terminado, deu-se a parte mais violenta e perigosa do embate. Sem que nada o fizesse prever, o Toyota cinzento perde o controlo, começa a andar de marcha atrás uns 30 metros em aceleração e embate contra uma loja, que na altura estava fechada e selada com as grades metais de protecção. Mesmo depois do segundo embate, o carro continuou a fazer marcha-atrás até finalmente se imobilizar. No hospital O segundo embate feriu uma mulher, uma das passageiras do Toyota cinzento, que teve de ser encaminhada para o hospital. A residente de 70 anos foi transportada para o Hospital Kiang Wu, com queixas na anca. Quando as autoridades chegaram ao local, fizeram o teste de despistagem do álcool ao condutor do carro descontrolado, que não acusou o consumo de substâncias alcoólicas. O condutor do carro preto também não tinha bebido à hora do acidente. Além dos danos causados nas lojas, várias barreiras de protecção dos passeios foram derrubadas. Contudo, o Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP) notificou o Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) para que a substituição seja efectuada o mais rapidamente possível.
João Luz Manchete SociedadeMIECF | Mais de 400 empresas participam em edição online Terminou no sábado a edição de 2021 do Fórum e Exposição Internacional de Cooperação Ambiental de Macau, fortemente afectada pelo surto local revelado na semana passada. Apesar de não ter componente presencial, mais de 400 empresas expositoras participaram no evento e foram assinados 10 protocolos de cooperação A dois dias de arrancar, um surto local de covid-19 meteu uma pedra na engrenagem do Fórum e Exposição Internacional de Cooperação Ambiental de Macau (MIECF). Com a cidade parada e passagens fronteiriças severamente afectadas, a MIECF passou para um plano exclusivamente online. Ainda assim, terminado o evento no sábado, a organização deu conta da realização de “247 sessões de bolsas de contactos, a assinatura online de 10 protocolos de cooperação”. No total, participaram mais de 400 empresas expositoras e foram exibidos mais de 750 produtos em plataformas online. Não obstante o cancelamento de todos os elementos presenciais, que tinham o Venetian como epicentro, a organização considera que o evento ajudou “as empresas de Macau, do Interior da China, dos Países de Língua Portuguesa aos quatro cantos do mundo, a aproveitar as oportunidades de negócio”. Com o tema “Rumo a uma nova era verde e de baixo carbono”, a MIECF procurou proporcionar às empresas participantes possibilidades de encontrar parcerias com uma maior precisão, oferecendo uma plataforma de comunicação. Trabalho de casa Ainda antes do anúncio que resumiria a MIECF ao plano cibernético, já as bolsas de contacto online promoviam parcerias comerciais. Ao longo de 14 dias, entre 25 de Julho e o sábado passado, realizaram-se 247 sessões de bolsas de contactos, “concentradas em temas como veículos eléctricos e respectivos equipamentos e instalações complementares, utensílios de mesa ecológicos, tecnologias biodegradáveis, serviços de protecção ambiental, materiais de construção ecológicos, entre outros”. Em relação às salas de exposição, em formato virtual, a edição deste ano da MIECF contou com a participação de mais de quatro centenas de empresas provenientes do Interior da China, Bélgica, Brasil, Portugal, Hong Kong e Macau, entre outros países e regiões, e exibidos produtos dirigidos ao mercado verde, assim como planos de gestão e tratamento de resíduos e projectos de centrais de incineração de resíduos.
João Santos Filipe Manchete PolíticaMau tempo | Escolas têm de arranjar actividades em caso de chuva intensa Na resposta a uma interpelação de Agnes Lam, o Governo apontou que, apesar de as aulas serem suspensas com avisos de chuva, as escolas continuam a ter de assumir a responsabilidade de receber os alunos As escolas têm a obrigação de se manter abertas e receber os alunos, mesmo no caso de serem emitidos os alertas de chuva intensa ou preto. O esclarecimento foi dado à deputada Agnes Lam pelo Governo, através de Leong Weng Kun, director dos Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG). Segundo as queixas da deputada, é normal que os sinais de chuva intensa vermelho ou preto, que obrigam à suspensão das aulas, sejam emitidos a breves minutos do começo das aulas. Como o aviso é emitido muito em cima do começo das aulas, a deputada diz que há pais que já vão a caminho da escola ou que inclusive já deixaram os filhos nas instituições de ensino e têm de voltar para trás. A suspensão das aulas cria o desafio dos encarregados de educação terem de arranjar uma pessoa para tomar conta das crianças, enquanto se trabalha. No entanto, o Governo garante que as escolas têm instruções para aceitarem as crianças e arranjarem actividades educativas, mesmo quando as aulas estão suspensas. “Quando for emitido o sinal de chuva intensa vermelho ou preto e as aulas tiverem que ser suspensas, as escolas devem manter-se abertas durante o período normal de funcionamento, não devendo ser exigido aos estudantes que tenham chegado à escola regressar a casa ou e os que tenham permanecido no estabelecimento de ensino não devem ser aconselhados a retirar-se das instalações”, escreveu Leong Weng Kun. De acordo com a resposta, as escolas têm de “dispor de pessoal para prestar cuidados necessários e organizar actividades educativas adequadas para os estudantes”. Previsões instáveis Na interpelação ao Governo, Agnes Lam pretendia também saber a razão de haver previsões com dias de antecedência para os tufões, mas o mesmo não ser possível para as chuvas intensas. Em relação a esta questão, os SMG explicam que os tufões são fenómenos de grande escala que com um desenvolvimento e variação estáveis, num ciclo de vida de 3 a 10 dias. Porém, as chuvas intensas são fenómenos de pequena e média escala, que evoluem “rapidamente e com grande aleatoriedade”. Devido à diferente natureza dos fenómenos, os SMG reconhecem que “não é cientificamente operacional a emissão de informações de chuva intensa com algumas horas de antecedência”. A última questão de Agnes Lam visava os atrasos dos funcionários públicos devido ao mau tempo. No entanto, o Governo mostrou-se inflexível na questão e diz que já existem instruções, pelo que não sente necessidade de alterar a forma de funcionamento para permitir atrasos.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaSegurança nacional | Kevin Ho diz que existe liberdade de expressão em Macau Em entrevista ao semanário português Novo, o empresário Kevin Ho, e também delegado de Macau à Assembleia Popular Nacional, defendeu que “a liberdade de expressão não foi afectada” em Macau e em Hong Kong com a implementação da lei de segurança nacional no território vizinho Kevin Ho, empresário de Macau e delegado pelo território à Assembleia Popular Nacional (APN), defendeu, em entrevista ao semanário português Novo, que as pessoas em Macau e em Hong Kong mantém a mesma liberdade de expressão desde que foi implementada, na região vizinha, a lei de segurança nacional. “Nos últimos dois anos foi estabelecida uma lei da segurança nacional, mas a liberdade de expressão não foi afectada. Posso falar com qualquer pessoa sobre as políticas do Governo da China e do Partido Comunista Chinês (PCC). O que mudou é que se tornou ilegal exigir a independência ou a queda do PCC”, frisou. Kevin Ho disse mesmo que “em nenhum país do mundo, por mais democrático que seja, não imagino que seja legal queimar a bandeira nacional. É isso, não consigo pensar num exemplo em que seja legal atraiçoar o próprio país”. Para o responsável, sobrinho do primeiro Chefe do Executivo da RAEM, Edmund Ho, tanto Hong Kong como Macau “têm autonomia”. “A legislação é aprovada pela Assembleia Legislativa e não vemos o Governo Central a enviar pessoas para a governação [local] ou para as assembleias. Claro que trabalhamos com o Governo Central, é evidente que o ouvimos, pois, em última análise, somos um país. Podemos ter dois sistemas, mas nenhum deles contra o país. Acho que isto é bastante inovador.” Ainda assim, Kevin Ho referiu que “há sempre a possibilidade de melhorar o funcionamento e, à medida que o tempo passa, temos grande autonomia e liberdade de expressão”. “Todas as pessoas em Macau e em Hong Kong podem falar livremente”, apontou. Sem influência Na mesma entrevista, Kevin Ho falou ainda dos 100 anos da criação do PCC e sobre os feitos do partido no país nas últimas décadas. “Recentemente tenho procurado aprender sobre a história do partido e posso garantir que se perguntar a alguém na China sobre o que foi feito pelo povo e pelo país, a resposta será muito positiva.” Questionado sobre se alguma vez tentou influenciar conteúdos jornalistas do grupo Global Media, detido em 30 por cento pela KNJ, empresa de Kevin Ho, este frisou que não. “Estou nesta empresa há dois anos e meio e nunca senti necessidade de dizer às pessoas que devem averiguar uma informação ou alterá-la por o meu país ser representado de forma errada. Não me vejo a tentar influenciar [os conteúdos].” O empresário deixou ainda claro que neste momento a aposta não é em novos investimentos, mas sim no foco da “reconstrução do grupo de media”. “Estamos a olhar para mais digitalização e novas áreas”, concluiu.
Pedro Arede Grande Plano MancheteTestes | Mais de 4 mil pessoas com código amarelo Ao todo, há mais de 4.000 pessoas com o código de saúde amarelo. Destas, cerca de 2.000 são TNR cuja inscrição para os testes de ácido nucleico teve erros, estando agora obrigadas a confirmar a sua identidade ou a repetir o teste. Quem recusar colaborar pode ir para quarentena decretada por ordem executiva. Nova ronda de testagem pode ser feita em dois dias Foto de Tatiana Lages Está aberta a caça ao código amarelo. Concluído o programa de testagem da população em massa havia, no total, 4.704 pessoas cujo código de saúde foi convertido na cor amarela, às 16h de ontem. Ao longo do dia de ontem, o número de códigos amarelos foi descendo à medida que os problemas foram resolvidos. De acordo com o médico-adjunto da direcção do Centro Hospitalar Conde de São Januário, Tai Wa Hou, destas, 2.259 são residentes que não realizaram o teste contra a covid-19 no prazo estipulado ou cujo caso deve ser analisado individualmente e 2.445 dizem respeito a trabalhadores não residentes (TNR) cujo processo de inscrição contou com erros na entrega ou aceitação de documentos de identificação. “Cerca de 2.000 pessoas que acusam cor amarela são TNR que, durante o registo de informações [para a realização do teste], foram registadas com o bluecard. Isso impossibilitou a identificação dessas pessoas porque a nossa base de dados utiliza o documento usado para entrar em Macau [como o passaporte] para fazer o registo. Por isso, não foi possível fazer a identificação”, começou por explicar Tai Wa Hou. Segundo o responsável, todos os detentores de código amarelo estão a ser contactadas por telefone para regularizar a situação, confirmar a identidade e, se for caso disso, repetir o teste, podendo o encargo ser suportado pelo próprio se ficar provado que o erro não foi do pessoal do posto de testagem. “Já começámos o trabalho para encontrar essas pessoas e, os casos em que não for possível verificar a identidade vão ter de fazer novamente o teste de ácido nucleico. Para os casos em que for possível identificar a identidade o código será convertido na cor verde”, explicou. Contudo, explicou Tai, aqueles que, mesmo após o contacto, recusarem fazer o teste e colaborar com a operação poderão, accionada a intervenção do CPSP, ser levados para um posto de testagem do qual só sairão após obtido o resultado. Se mesmo assim o visado não colaborar, poderá ainda ser emitida, no limite, uma ordem executiva para obrigar a quarentena. Quem facultou informação correcta e tem código de saúde amarelo deve enviar SMS para os números 6333 7492 ou 6333 7593. Para mais esclarecimentos está ainda disponível uma linha aberta do Centro de Coordenação (28 700 800). Tendo em conta a experiência adquirida durante o processo de testagem em massa, Tai Wai Hou não descartou a possibilidade de vir a reduzir, no futuro, o período de exames a toda a população de três para dois dias. Afirmando que essa é uma medida não confirmada e em “fase de discussão”, certo parece ser que, na eventualidade de novas rondas de testagem, estão a ser equacionadas alterações como o aumento do número de postos de testagem e melhorias no sistema de marcação prévia. Sobre o assunto, Tai Wa Hou garantiu ainda que se não se registar nenhum caso de covid-19 entre as pessoas que estão a fazer observação médica e que tiveram contacto com os quatro casos confirmados, não haverá segunda ronda de testagem em massa. Boatos | Detido por mencionar casos falsos nas redes sociais A Polícia Judiciária (PJ) deteve na passada quinta-feira um homem de 46 anos por deixar um comentário numa rede social onde afirmava que cinco trabalhadores dos Serviços de Saúde envolvidos no programa de testagem em massa tinham sido infectados com covid-19. “A PJ descobriu, numa plataforma de redes sociais, um post relacionado com o elogio do pessoal de Macau que executava o trabalho anti-epidémico. Naquele post, alguém deixou um comentário dizendo que cinco dessas pessoas tinham sido confirmados com a infecção do novo tipo de coronavírus”, pode ler-se num comunicado emitido no sábado pelas forças de segurança. Segundo a mesma nota, encontrando-se o território em estado de prevenção imediata desde as 15h30 do dia 3 de Agosto, o comentário representa um crime contra a segurança, ordem e paz públicas em incidentes súbitos de natureza pública. A PJ apurou que o conteúdo do comentário “era falso e incutia a ideia de que existiam novos casos confirmados”, pelo que no actual estado social, “as expressões em causa são suficientes para provocar pânico ou ansiedade pública” e prejudicar a segurança, a ordem pública e a prevenção da pandemia. Após um “trabalho exaustivo” foi possível identificar que o homem é um residente de Macau, desempregado, que tinha sido presente ao Ministério Público por duas vezes, em 2016 e 2021, pelo crime de dano. Segundo a polícia, o suspeito confessou ter criado informações falsas e disseminado intencionalmente as mesmas através da conta que detém numa rede social “com o objectivo de atrair a atenção e discussão de internautas e do público em geral acerca das suas expressões”. Pelo crime de que é acusado, o homem pode vir a ser punido com uma pena de prisão até 2 anos ou de multa até 240 dias. Família alerta Governo para contacto próximo e fica dias à espera Uma família que alertou voluntariamente o Governo para o facto de ter passado por uma zona vermelha queixou-se da desorganização dos procedimentos. O caso da família Lei, que está em quarentena, foi revelado pelo jornal All About Macau. Lei, a mulher e os dois filhos, de dois anos e meio e 10 meses, viveram no Edifício Mei Lin, o prédio onde vive a aluna infectada da Escola Hou Kong. Apesar de terem mudado de casa, como aquela era a morada que constava no código de saúde, este ficou vermelho. Lei contactou as autoridades para avisar que código de saúde estava vermelho e que passou pelo prédio no dia 31 de Julho. Depois de testado, a 5 de Agosto, voltou a casa e enviou um email aos SSM para saber o que fazer. No dia seguinte, os SSM perguntaram a Lei se tinha estado no Edifício Mei Lin, o que foi confirmado. Nessa conversa, o residente ficou a saber que a família teria de fazer quarentena. Às 20h30 de sexta-feira, a polícia ligou a Lei e informou-o que ia enviar um veículo especial para levar a família a um centro de testes, no Pac On, e depois para a quarentena. No entanto, às 23h Lei ainda não tinha recebido qualquer aviso nem o carro tinha chegado. Face aos atrasos, Lei ligou várias vezes para esquadras da polícia e só conseguiu falar com um agente, que lhe disse que ia fazer averiguações. Sem mais nenhum feedback, o residente foi deitar os filhos de dois anos e meio e de 10 meses. Finalmente, às 2h, a polícia ligou para Lei e disse-lhe que a viatura ia chegar imediatamente. Como estava em casa isolado, o residente ainda tentou falar com os agentes para ir apenas na manhã seguinte, uma vez que as crianças já dormiam, mas teve mesmo de apanhar o carro às 2h40. No Pac On a família foi testada às 3h30, e ficou à espera, sem que lhe fossem dadas mais informações. Às 5h30, e sem informações durante horas, a família foi finalmente informada um carro iria transportá-los para o hotel de quarentena. A coordenadora do núcleo de prevenção de doenças infecciosas, Leong Iek Hou, afirmou ontem que, face ao tempo limitado, foi dada prioridade aos contactos próximas, mais arriscados, como pessoas com quem tomaram refeições perto dos infectados, ou que estiveram no mesmo autocarro. Depois seriam tratados os contactos por via secundária, como a família de Lei. As autoridades afirmam que foram identificadas 1018 pessoas como presenças nas zonas vermelhas e amarelas, todas em quarentena ou isoladas sob observação domiciliária. Destas, 77 são de contacto próximo, 594 contacto próximo secundário e 164 presentes em zonas de código vermelho.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeCovid-19 | Passageiros dos autocarros 17 e 19 devem contactar autoridades Os passageiros que possuem MacauPass ou cartão de consumo electrónico, e que andaram nos mesmos autocarros que os quatro infectados com covid-19, devem contactar o Centro de Coordenação e de Contingência do novo tipo de coronavirus. Segundo um comunicado, uma doente, do sexo feminino, apanhou o autocarro número 17 às 16h11, dia 27 de Julho, tendo feito o percurso compreendido entre a paragem “Est. Coelho Amaral/ Horta E Costa” até à paragem “Edifício Nam Kwong”). No dia 1 de Agosto, a mesma doente apanhou o autocarro número 19 às 20h52, tendo feito o percurso entre a paragem “Est. Coelho Amaral/ Hospital Kiang Wu” até à paragem “Edf. Seng Yee”. No mesmo dia, apanhou o autocarro número 17, mas às 22h55, tendo feito o percurso entre a paragem “Terminal das Portas do Cerco” até à paragem temporária dessa carreira na Rua de D. Belchior Carneiro. Segundo uma nota de imprensa emitida este domingo, as pessoas que fizeram o mesmo percurso de autocarro devem contactar o Centro de Coordenação após verificarem os dados nas tabelas divulgadas. Deve ser enviado um SMS para o número 63337420 com os dados relativos ao itinerário e à data em que a pessoa apanhou o autocarro, quais as paragens de embarque e de saída e ainda o número do MacauPass. Devem também ser fornecidos dados pessoais como o nome, sexo, data de nascimento, tipo e número de documento de identificação, bem como o número de telefone. Na mesma nota é referido que os Serviços de Saúde de Macau (SSM) “já conseguiram encontrar a maioria dos passageiros que se encontravam nos mesmos autocarros com a doente, mas alguns deles ainda não foram identificados”. Dados do autocarro nº 17, dia 27 de Julho, em direcção ao Centro Cultural Dados relativos ao autocarro nº 19, dia 1 de Agosto, em direcção à Alameda da Tranquilidade Dados do autocarro nº 17, do dia 1 de Agosto, em direcção às Portas do Cerco / Jardim Luís de Camões
Hoje Macau Manchete SociedadeCovid-19 | Resultados negativos em teste a toda a população de Macau As autoridades de Macau anunciaram hoje que todos os testes à covid-19 deram negativo em toda a população do território, na sequência da testagem massiva realizada em três dias. No total foram testadas 716.251 pessoas cujos resultados saíram às 02:00 de hoje e “todos com resultados negativos”, informou, em comunicado, Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus. “O Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus informa que foram testadas no âmbito do plano massivo 614.465 pessoas e que desde o dia 03 de agosto, 101.786 pessoas deslocaram-se, por sua iniciativa, aos postos de testes de ácido nucleico para realizar o teste”, acrescentou. Os quatro casos da variante Delta do novo coronavírus detetados numa família residente em Macau levaram na terça-feira o Governo do território a decretar o “estado de emergência imediata” e a realização de testes à covid-19 para toda a população, a partir de quarta-feira e durante três dias. As autoridades anunciaram o encerramento de espaços culturais, desportivos e de diversão, bem como a suspensão ou cancelamento de atividades que se podiam traduzir na aglomeração de pessoas. No arranque dos testes em massa, na quarta-feira, registaram-se filas enormes nos postos de testagem, a decorrer em 42 locais. Problemas informáticos causaram problemas na marcação dos testes e na criação do código QR de saúde que vigora no território, o que levou as autoridades a pedirem desculpa à população. Na origem dos quatro novos casos (uma família com dois filhos) esteve a filha do casal, que se deslocou a Xian, na China, em visita escolar, entre 19 e 24 de julho, informaram os responsáveis de saúde. Macau detectou 63 casos desde o início da pandemia, não registando qualquer morte. Nenhum profissional de saúde foi infetado ou identificado qualquer surto comunitário.
João Santos Filipe Grande Plano MancheteJogos Olímpicos | O sonho de Macau, que se vai tornando impossível A medalha de ouro de Edgar Cheung Ka Leong entusiasmou a população de Macau, mas vincou o contraste entre as duas regiões administrativas especiais. Enquanto os atletas de Hong Kong sobem ao pódio nos Jogos Olímpicos de Tóquio, os de Macau têm de se contentar em assistir pela televisão. O cenário de desânimo dos dias de hoje contrasta com os anos em que o território alimentou o sonho olímpico A conquista de medalha de ouro em esgrima por parte de Edgar Cheung Ka Leong, a primeira de Hong Kong desde a transição de 1997, causou uma onda de entusiasmo em Macau. Ao contrário da RAEHK, a RAEM não faz parte do Comité Olímpico Internacional (COI), e por isso está vedado aos seus atletas locais o sonho com os Jogos Olímpicos. Porém, a questão permanece no espírito de muitos. Será que um dia Macau vai concretizar o sonho, que pareceu real na década 1980, e participar na mais celebrada competição desportiva mundial? Segundo o secretário-geral do Comité Olímpico e Desportivo de Macau (CODM), o deputado Chan Chak Mo, a questão já não se deve colocar e está completamente afastada. O legislador diz que os Estatutos do COI tornaram a adesão impossível, com as alterações estatutárias de 1996. “Os Estatutos do Comité Olímpico Internacional mudaram nos anos 90 e impedem a inscrição de membros que não sejam soberanos. Como Macau é China não se pode candidatar, foi o que nos explicou o COI”, contou Chan Chak Mo, ao HM. O secretário-geral considerou ainda que a questão foi deixada pendente durante a Administração portuguesa e que agora já não pode ser resolvida. “Hong Kong fez a candidatura antes da transferência da soberania, numa altura em que os estatutos ainda não tinham sido alterados. Foi por isso que foram aceites”, indicou. “Ao contrário, Macau não completou a candidatura antes da transferência e agora já não pode fazer nada”, acrescentou. “O processo de entrada tinha de ficar concluído nos anos 90, antes da transferência”, vincou. Para o presidente da Comissão de Juventude do Comité Olímpico e Desportivo de Macau (CODM), Ma Chi Seng, o cenário apresenta-se muito difícil, devido aos mesmos motivos estatuários. Apesar disso, o também deputado sublinha que a candidatura de Macau não recebeu uma resposta negativa categórica. “O meu desejo é que o COI reavalie a candidatura de Macau, porque acho que nos temos preparado para fazer parte do COI e temos mostrado ao mundo que Macau é uma região muito apaixonada pelo desporto”, indicou. “A RAEM teve medalhas com muito significado nos Jogos da Ásia Oriental em modalidades como wushu, taekwondo, karaté e triatlo”, argumentou. A história da “maior desilusão” O Comité Olímpico e Desportivo de Macau foi fundado em 1987, então com a designação de Comité Olímpico de Macau. Na altura, ainda na Administração portuguesa, o objectivo era fazer com que Macau participasse nos Jogos Olímpicos. Até hoje, o feito nunca foi alcançado e Manuel Silvério, histórico presidente do Instituto do Desporto, e uma das pessoas mais envolvidas na candidatura, admite que é a sua maior mágoa profissional. “Foi a maior desilusão não ter conseguido alcançar esse objectivo. Acho que as pessoas sabem o esforço que foi feito e a forma como nos dedicámos, ao longo de 20 anos, para que o desfecho fosse diferente. Mas, claro, é um desgosto muito grande não termos entrado”, reconheceu Silvério, em declarações ao HM. Ao contrário da entrada no Conselho Olímpico da Ásia que foi concluída em 1989 com sucesso e permitiu a participação em várias edições dos defuntos Jogos da Ásia Oriental, a entrada para o COI ficou por concluir. “Infelizmente, o processo no COI foi muito complicado. A situação de Macau era menos conhecida. Tivemos o cuidado de disponibilizar muita informação e explicar a situação política e económica do território. Só que naquela altura, Macau começou praticamente a viver a fase de transição e a preparar a transferência de soberania para a China”, apontou como uma das dificuldades. Por outro lado, a mudança dos estatutos complicou o processo. “Depois da nossa candidatura os estatutos foram alterados e deixaram de permitir membros que não fossem soberanos. Foi algo que jogou contra nós, mas o COI está sujeito às leis internacionais e como a nossa candidatura foi feita antes da alteração dos estatutos não devia ter havido problema”, atirou Manuel Silvério. Incompreensão portuguesa Além dos desafios naturais do processo e da situação de Macau, contra o território jogou também a posição política do Governo de Lisboa. Em Portugal, eram muitos os anticorpos contra a participação autónoma de Macau, ao contrário do que acontecia em Hong Kong. “Talvez por falta de informação sobre Macau, o poder desportivo em Portugal não concordava que o território tivesse um comité olímpico próprio. Mesmo depois do 25 de Abril, quando a população tinha visto reconhecido o direito de manifestação, continuavam a ser contra”, recordou. “Mais tarde, entrámos na fase de transição e Portugal até concordou com a entrada no COI. Só que depois, a situação em Macau já se tinha alterado… Os próprios estatutos do COI tinham mudado”, lamentou o ex-presidente do Instituto do Desporto. Apesar dos resultados desanimadores, o CODM não parou de se esforçar, mesmo depois da transferência, e Macau recebeu visitas de Juan Samarach e Jacques Rogge, ex-presidentes do COI. O empenho esteve em vias de dar frutos a tempo dos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008, mas um retrocesso de última hora acabou com as esperanças. “Devo dizer que em 2007 o nosso processo esteve para ser concluído com sucesso. Estivemos perto. No entanto, devido a outras circunstâncias que desconheço e que também não quero comentar, houve um grande retrocesso”, admitiu Manuel Silvério. Sem esperança Actualmente, Manuel Silvério não acredita que Macau entre para o Comité Olímpico Internacional, porque “já não faltam muitos anos até 2049”, altura em que legalmente expira a Lei Básica e com ela a RAEM. Contudo, o ex-dirigente do Instituto do Desporto recusa que estatutariamente seja impossível, porque a candidatura foi feita antes dos estatutos serem mudados e porque existe o precedente de Hong Kong: “É verdade que houve contratempos, mas julgo que é possível, desde que haja vontade da parte do COI e também da República Popular da China. Seria sempre possível negociar uma filiação com um prazo até 2049”, sustentou. Silvério considera igualmente que a participação dos atletas com as cores de Macau seria um acto de “justiça” para a população e para a Macau, que “nos últimos anos tem apostado e investido tanto no desporto”. O ex-membro do Governo destaca ainda o contributo para o espírito olímpico da RAEM através da organização dos Jogos da Ásia Oriental, em 2005, e dos Jogos da Lusofonia, em 2006. O ex-dirigente também não tem dúvidas que a participação nos Jogos Olímpicos seria um factor extra de motivação e desenvolvimento para o desporto e atletas locais. “A possibilidade de entrarmos directamente ia fazer com que mais pessoas se focassem nesse objectivo, mas também criar condições para trazer elementos especializados de fora, como treinadores e pessoal técnico, que iam impulsionar a formação de atletas locais”, aponta. Que atleta local? A opinião de que a participação nos Jogos Olímpicos seria um factor de motivação para os atletas locais é partilhada por Paula Carion, ex-karateca que ganhou a medalha de ouro nos Jogos da Ásia Oriental, em Macau, e três medalhas de bronze, em três edições dos Jogos Asiáticos. Carion vai mais longe e vinca que Macau tem mesmo cada vez mais condições para os atletas singrarem, a nível de instalações, como o Centro de Formação e Estágio, inaugurado em 2019. Porém, avisa que é preciso mudar de mentalidade. “Em Macau há atletas com potencial e acredito que alguns teriam capacidade para chegar ao nível olímpico, claro que não são todos”, disse a ex-atleta, ao HM, apontado o exemplo da triatleta Hoi Long. “Só que muitas vezes as limitações começam logo em casa. As famílias não alimentam os sonhos desportivos e são as primeiras a colocarem travões nas carreiras dos jovens, porque não acreditam que um atleta tenha futuro, a nível de uma carreira profissional”, indicou. Paula Carion indicou ainda que o Instituto do Desporto e a Direcção de Serviços de Educação e Desenvolvimento da Juventude continuam a falhar na criação de um estatuto de alta competição, para que os melhores atletas possam conciliar estudos e treinos: “É irreal pensar que os jovens vão começar a treinar aos 16 anos, quando têm mais tempo para se dedicar, e vão chegar ao topo. Para conseguir atletas de nível mundial é preciso tempo, preparação, e isso passa por facilidades na escola”, justificou. Por sua vez, Chan Chak Mo, deputado que representa o sector desportivo na Assembleia Legislativa, aponta um caminho diferente: “Actualmente, para se desenvolverem e competirem a nível próximo dos atletas do Interior, os desportistas têm de ir treinar para o Interior. E isso já acontece com as equipas de pingue-pongue e wushu”, apontou. Olimpíadas é “adeus” a Macau Para os jovens de Macau o sonho de participação nos Jogos Olímpicos não é impossível. A presença tem de ser feita com as cores da República Popular da China, o que implica que nunca mais voltem a vestir as cores da RAEM. A situação foi explicada ao HM por Manuel Silvério. “Os atletas de Macau podem ir aos JO com a comitiva da China. Mas, para isso têm de se desfiliar das associações de Macau e filiar nas federações do Interior, o que implica que não podem voltar a competir por Macau e que vão ter de participar nas competições das federações do Interior”, explicou. “É sempre um processo que leva muito tempo”, acrescentou. Chan Chak Mo confirmou esta versão: “Tenho a certeza que os atletas de Macau podem ser integrados nos programas nacionais. Agora, se forem para o Interior com a intenção de participarem nos Jogos Olímpicos, tenho a certeza que não podem voltar a representar Macau”, acrescentou. Visita dificultada Tradicionalmente, após os Jogos Olímpicos, os atletas da China visitam Macau e Hong Kong. Porém, este ano, segundo o Instituto do Desporto (ID) o cenário é mais complicado. O convite foi feito no ano passado, ainda antes do adiamento, mas as circunstâncias actuais dificultam a visita: “Devido ao adiamento relacionado com a pandemia dos Jogos Olímpicos, e uma vez que a seguir vão ser realizados os Jogos Nacionais da China, ainda existem muitas limitações e incertezas que podem afectar o trabalho dos atletas e os calendários. Por isso, os planos futuros da comitiva ainda estão a ser alvo de equação”, afirmou o ID, ao HM. Apesar da situação pandémica, deputados e membros do Comité Olímpico e Desportivo de Macau (CODM), Ma Chi Seng e Chan Chak Mo, deixaram o desejo que a visita se volte a realizar, pelos efeitos positivos que consideram ter na RAEM.
João Santos Filipe Manchete PolíticaAL | Au Kam San despede-se com apologia da legitimidade da vigília do 4 de Junho O democrata está de saída do hemiciclo e aproveitou para defender a vigília do 4 de Junho que organizou durante os últimos 30 anos. A intervenção foi alvo de protesto de vários deputados e de uma repreensão do presidente da AL Au Kam San aproveitou a sua última intervenção antes da ordem do dia para defender a vigília do 4 de Junho, e acusar a Comissão para os Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL) de utilizar fundamentos errados na exclusão do campo democrata das eleições. Deputado desde 2001, o organizador da vigília está de saída da AL, por não se recandidatar, mas antes negou qualquer natureza subversiva. “As vigílias do 4 de Junho que se realizaram ao longo destes anos visavam principalmente um tema, isto é ‘reabilitar o movimento cívico de 1989 e construir uma China democrática’”, começou por explicar Au. “Veja-se o exemplo da vigília para a comemoração do 30.º aniversário do incidente de 4 de Junho de 1989, realizada em 2019. O organizador exibia cartazes com as seguintes afirmações: ‘não se esqueça o 4 de Junho’, ‘o espírito do movimento cívico de 1989 sempre permaneceu, e os mártires da democracia também’, e ‘uma injustiça por reabilitar durante 30 anos’, etc. Tudo isto era claro e não continha as afirmações citadas pela Polícia”, acrescentou. Segundo as forças de segurança comandadas por Wong Sio Chak, cujo entendimento foi utilizado pela CAEAL para excluir os candidatos às eleições, as vigílias são ilegais por haver mensagens como ‘terror branco sob a governação do partido comunista’, ‘não se esqueçam do 4 de Junho, e persistam nessa guerra’, ‘a ditadura do partido comunista teme o jasmim’, ‘fim da ditadura monopartidária!’”. Ontem, Au indicou que foi a própria polícia a reconhecer que as mensagens exibidas em 2011 não tinham partido do organizadores, e apontou que foram plantadas com segundas intenções: “Estas afirmações foram ‘transplantadas’ à força nas vigílias de 4 de Junho, para tecer crimes e imputá-los a essas vigílias”, acusou, sem indicar os responsáveis. O organizador frisou ainda que objectivo da vigília foi sempre “dar resposta ao movimento democrático da China e promover o desenvolvimento democrático de Macau” e que “nunca teve qualquer relação subordinada a organizações externas”. Protestos patriotas No final da intervenção, Au Kam San disse ser “absolutamente inaceitável” que “uma vigília organizada com consciência e paz” seja considerada “ilegal” e deixou um desejo: “A participação na vigília do 4 de Junho passou a ser entendida, através de extensão, como a ‘prova do crime’ de não se defender a Lei Básica e de não se ser fiel à RAEM, o que é um grande absurdo”, considerou. “O falecido presidente Liu Shaoqi disse: ‘ainda bem que a História é escrita pelo povo’. Nós acreditamos que a História vai conter uma avaliação do público sobre isso!”, concluiu. A intervenção gerou protestos de Vong Hin Fai e José Chui Sai Peng, com o último a mencionar a decisão do Tribunal de Última Instância (TUI), que excluiu 21 candidatos. Chui e afirmou ainda que Macau é China e apelou ao presidente da AL, Kou Hoi In, para intervir. Por sua vez, Kou considerou que o discurso de Au Kam San violou uma decisão do Governo Central sobre o 4 de Junho e defendeu a decisão da CAEAL e do TUI. “Claro que pode ter um entendimento diferente e não concordar, mas no discurso criticou a CAEAL e a decisão. Espero que corrija a intervenção”, reprimiu Kou. O presidente da AL reconheceu ainda ter avisado o deputado no dia anterior sobre o conteúdo da intervenção. No entanto, quando Au Kam San voltou a pedir a palavra, Kou disse-lhe que não valia a pena dizer mais nada. O deputado calou-se e a sessão prosseguiu com uma intervenção de Iau Teng Pio. O deputado nomeado pelo Executivo condenou prontamente Au e a sessão continuou. Nomeados defendem acesso único de patriotas à administração pública Os deputados nomeados pelo Chefe do Executivo consideram que a administração pública só deve ter patriotas”. “Tal como a maioria dos amigos que Amam a Pátria e Macau, o princípio ‘Macau governado por Patriotas’ é uma garantia fundamental para a plena e rigorosa implementação do princípio ‘Um País, Dois Sistemas’”, afirmou Davis Fong, em nome também de Ma Chi Seng. “Assim, os indivíduos que entrem na estrutura administrativa da RAEM devem ser aqueles que amam a Pátria e Macau, e que contribuam verdadeiramente para o bem-estar da população”, acrescentou. Davis Fong, especialista na área do jogo, afirmou ainda que os dois nomeados dão o “firme apoio” à decisão da CAEAL de proibir 21 deputados de se candidatarem às eleições, uma decisão que foi posteriormente validada pelos tribunais. “Trata-se de uma acção em estreito cumprimento do princípio ‘Um País, dois Sistemas’ e da Lei Básica, assim como de uma prática correcta que garante a concretização do princípio ‘Macau governado por patriotas’, às quais temos de manifestar o nosso apoio”, vincou. Autonomia relativizada A opinião de apoio da exclusão dos deputados e de outras pessoas da estrutura da função pública teve o apoio dos deputados nomeados Iau Teng Pio, Lao Chi Ngai, Chan Wa Keong e Pang Chuan, numa intervenção concertada. Iau, advogado, foi um pouco mais longe, numa intervenção também em nome de Lao Chi Ngai, e pareceu defender a redução da autonomia de Macau face ao Interior: “A prática demonstra que só com plena administração do Governo Central sobre a Região Autónoma Especial pode ser efectivamente implementado o princípio ‘Macau governado por patriotas’; a ordem constitucional só pode ser efectivamente defendida com ‘Macau Governado por patriotas’”, afirmou Iao. “Só assim é que a RAEM pode alcançar a estabilidade a prosperidade”, adicionou. Iau falou ainda que a RAEM está numa luta constante para que os patriotas ocupem todos os cargos de gestão e para que a opinião dos patriotas seja sempre a principal no seio da sociedade. Neste capítulo o advogado diz que é preciso formar os jovens para conhecerem a versão correcta da história e saberem a diferença entre a verdade e a mentira. Por último, Chan Wa Keong frisou que desde a transição que Macau voltou ao sistema de governação do País e que as pessoas têm de escolher entre a estabilidade e a prosperidade dos patriotas que foi defendida pelo TUI, e o outro cenário, de caos. Eleições | Sulu Sou pediu desculpa por falhar na defesa de direitos O deputado Sulu Sou foi excluído das próximas eleições por ser considerado “infiel” à RAEM. Ontem, na última intervenção antes da ordem do dia, pediu desculpa à população: “Pedimos desculpa por não termos conseguido, através da via política, defender o nosso direito à eleição e o direito de voto dos nossos apoiantes!”, afirmou. Segundo o democrata, os direitos de eleger e ser eleito foram abalados e “a saída e a manutenção dos deputados eleitos pela população deixaram assim de estar dependentes dos eleitores, não havendo mais deputados totalmente eleitos pela população”. Para o legislador, esta é uma nova realidade que faz com que o regime seja “não democrático”. Sulu Sou indicou ainda que o papel do campo democrata passou sempre por “ser oposição e apresentar alertas e críticas”, mas lamentou a decisão do TUI, de confirmar a exclusão das eleições, que disse deixar a justiça para o coração dos cidadãos. “Muitas pessoas estão com o coração pesado, esqueceram-se de persistir no caminho e no rumo, e sentem-se às vezes sufocadas”, afirmou Sou. “Contudo, perante o resultado de 31 de Julho, acreditamos que a justiça se faz no coração das pessoas, e pela história”, indicou. “Apagou-se a luz, numa sala já escura, mas há sempre luz onde há pessoas”, acrescentou. Migração | Lei aprovada com críticas à mistura Foi ontem aprovada a nova lei de controlo de migração e autorizações de permanência de residência. O diploma teve, no entanto, em vários pontos, votos contra do campo democrata e de José Pereira Coutinho. A primeira questão prendeu-se com a recolha de dados biométricos ao nível da retina e íris de quem entra em Macau. Esta é uma prática que só se aplica em Singapura e na Índia, e levantou dúvidas a Sulu Sou, Agnes Lam, Au Kam San e José Pereira Coutinho. Os democratas votaram contra. Antes, na resposta, Wong Sio Chak considerou que a medida é adoptada a pensar no futuro e permite uma passagem das fronteiras mais rápida. Sobre a adopção de tecnologia recente e pouco utilizada, Wong Sio Chak defendeu-se com o exemplo dos Estados Unidos, que de acordo com o secretário, foi o primeiro país a adoptar o controlo fronteiriço com recurso a impressões digitais, na sequência dos ataques do 11 de Setembro. As questões dos colegas valeram uma “bicada” do deputado Pang Chuan, nomeado pelo Chefe do Executivo, que apontou que na comissão da especialidade não tinha havido perguntas sobre o assunto, ao contrário do que se via no plenário. Au Kam San ainda tentou perceber os critérios adoptados para definir que os não-residentes são uma “ameaça à segurança interna”. O deputado acabou por colocar várias vezes a questão, e até pediu ao secretário que não se limitasse a repetir que os outros países tinham sistemas semelhantes. Wong Sio Chak repetiu que os outros países também têm poderes semelhantes e que é preciso ver “caso a caso”, sem nunca ter apontado os critérios utilizados. Os artigos neste ponto tiveram votos contra de Au Kam San, Sulu Sou, Ng Kuok Cheong e José Pereira Coutinho. Também ontem foi aprovado o Regime Jurídico da Segurança Contra Incêndios em Edifícios e Recintos, por unanimidade. Plenário | Entradas só para testados… ou não Horas antes do plenário de ontem, os serviços da AL avisaram algumas redacções que só seria admitida a entrada dos jornalistas que já tivessem sido testados. No entanto, todos os profissionais da comunicação social com um código de saúde verde acabaram por poder entrar, desde que permanecessem numa zona mais afastada. Posteriormente, Kou Hoi In foi questionado pela imprensa da razão das restrições, mas “fugiu” para o elevador, sem responder. A política afectou igualmente os trabalhadores da AL, que terão sido avisados que só poderiam trabalhar depois de serem testados. Contudo, os serviços da AL arranjaram um sistema de testes, que também abrangeu os deputados, que desta forma, e ao contrário da população, evitaram as longas filas de espera. Hemiciclo | Chan Hong faltou à chamada Alvo de várias críticas e pedidos de exclusão da Assembleia Legislativa nas redes sociais, a deputada Chan Hong faltou ontem à sessão do Plenário. Chan está debaixo de fogo pelo facto de ser vice-directora da escola Hou Kong, instituição responsável pelo surto que está a abalar Macau. Segundo o jornal Exmoo, Chan Hong já tinha abandonado o plenário mais cedo na terça-feira, para evitar os jornalistas. Debate | Wong Sio Chak deixou Sulu Sou a falar sozinho O debate sobre o impacto da nova lei da migração foi um dos mais participados. Sulu Sou usou os 30 minutos a que teve direito, mas não sem antes dizer “não se preocupem que daqui a uns tempos já ninguém faz estas intervenções”. Porém, por volta das 20h00, o secretário Wong Sio Chak levantou-se e foi embora, para admiração dos deputados. “O senhor secretário saiu, mas vou continuar”, disse Sulu Sou. Minutos depois, Wong Sio Chak regressou ao lugar. No entanto, nessa altura a sessão foi para intervalo. Só depois da interrupção e da intervenção de outros legisladores é que Wong teve oportunidade de se explicar: “Tive de me ausentar para satisfazer as minhas necessidades, tenho de pedir desculpa”, justificou.
Pedro Arede Manchete SociedadeTestes | Alvis Lo admite limitações ao nível dos recursos humanos O director dos Serviços de Saúde admitiu que há cirurgiões a trabalhar em postos de testagem e que a distribuição de recursos humanos alocados ao programa de testes em massa pode afectar a prestação de cuidados médicos à população. Três centenas de técnicos de Guangdong chegaram ontem a Macau para ajudar ao programa de testagem O director dos Serviços de Saúde (SSM) Alvis Lo Iek Long, admitiu ontem que, enquanto decorrer o programa de testagem em massa da população, a prestação de serviços não prioritários pode ser afectada, incluindo ao nível dos cuidados de saúde. Segundo Alvis Lo, perante a actual conjuntura e dado que os recursos humanos são “limitados”, é evidente que “a maior prioridade é o controlo da situação epidémica”. “Para responder ao surto, os recursos são limitados e os trabalhadores dos nossos serviços têm, primeiro, que dar prioridade ao tratamento dos quatro casos confirmados em Macau e ao isolamento e investigação das pessoas de contacto próximo”, começou por dizer na habitual conferência de imprensa de actualização sobre a covid-19. Segundo o responsável, estão actualmente alocados ao trabalho de testagem em massa cerca de 850 profissionais de saúde e 330 trabalhadores de outros departamentos, sem qualquer formação médica. “É uma questão de distribuição de recursos. Há muitos serviços importantes que não podem ser suspensos e que nós mantemos. Mas, noutro tipo de serviços, os recursos podem ser reduzidos. Temos uma ordem de prioridades e sabemos que alguns cidadãos podem ser afectados mas agora, a nossa maior prioridade é o controlo da situação epidémica”, explicou. Ao HM, um paciente que está internado no Centro Hospitalar Conde de São Januário relatou que há três dias não é visto por um médico, ao contrário do acompanhamento diário que tinha recebido até então. Além disso, uma enfermeira terá também admitido que a situação era “difícil” e que o número de médicos no hospital tinha sido reduzido. No seguimento do tema, o director dos Serviços de Saúde apontou que, dada a situação, existem inclusivamente cirurgiões destacados para a recolha de amostras de testagem e que estão a desempenhar a tarefa pela primeira vez. “Os cirurgiões que começaram a recolher amostras (…) não conseguiam trabalhar de forma rápida. Mas hoje [ontem] verificámos que a velocidade de execução desses profissionais aumentou muito”, detalhou. Forças especiais Durante a conferência de imprensa, Alvis Lo Iek Long revelou ainda que chegaram ontem a Macau 300 técnicos de Guangdong destinados a apoiar Macau no trabalho de testagem em massa da população. Segundo Alvis Lo, à chegada, os referidos técnicos “finalizaram as formalidades fronteiriças” e só vieram a Macau para apoiar a actual ronda de testes, voltando para Guangdong assim que o programa estiver concluído. Para já, os técnicos serão distribuídos para apoiar os vários postos de teste de ácido nucleico. Horas mais tarde, em comunicado, o Governo agradeceu os “enormes esforços envidados pelo Governo da província de Guangdong” e vincou que o apoio dos técnicos vai elevar “a eficácia na realização massiva de testes”, reduzindo o tempo de espera da população. Covid-19 | Mais de metade da população testada. 115 mil negativos O director dos Serviços de Saúde, Alvis Lo Iek Long revelou que até ao final da tarde de ontem tinham sido testadas 379 mil pessoas contra à covid-19, ou seja, 55 por cento da população. Além disso, do total de testados, 115 mil obtiveram resultados negativos, correspondente a todos os resultados apurados até à altura. Para o responsável, estes são indicadores demonstrativos de que, até às 09h de sábado, será possível concretizar a testagem de toda a população. “Em três dias temos de concluir os testes. Já concluímos a testagem a 55 por cento da população e faltam 41 horas para testar os outros 45 por cento, pelo que os cidadãos não têm de se apressar. Temos espaço e tempo para concluir os restantes testes”, considerou. Questionado sobre a demora no carregamento dos resultados dos testes nos códigos de saúde, Alvis Lo disse que, tendo em conta o fluxo de exames, o tempo necessário para que tal aconteça pode atingir dois dias. “Dado o grande volume de amostras recolhidas pelo programa de teste de ácido nucleico, o tempo necessário para o carregamento do resultado do teste no Código de Saúde pode atingir dois dias”. Sobre a possibilidade de realizar uma segunda ronda de testes à população, hipótese avançada no dia anterior pelo Chefe do Executivo, o director dos Serviços de Saúde foi peremptório em dizer que o assunto está em cima da mesa e que depende dos resultados da primeira ronda de testes à população. “Dependendo do resultado dos testes, e também dos resultados das pessoas com contacto próximo, não podemos excluir a possibilidade de realizar uma segunda testagem em massa. Se não pudermos controlar bem a transmissão, isso pode resultar numa grande pressão para o nosso sistema de saúde”, apontou Alvis Lo. Vacinas | Macau sem postos de vacinação O Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus suspendeu o serviço de vacinação do Centro Desportivo Mong-Há, o único que estava disponível, para o transformar num novo posto de testagem contra a covid-19 integrado no programa de testagem em massa da população. Tai Wa Hou, membro da Direcção do Centro Hospitalar Conde de São Januário, confirmou ontem, na conferência de imprensa da covid-19, que a vacinação estará suspensa, acrescentado que “depois da testagem em massa” será ponderada a data para voltar a administrar vacinas. O Centro Desportivo Mong-Há “suspendeu os serviços de vacinação, hoje [ontem] 5 de Agosto” e “passou a realizar testes de ácido nucleico”, pode ler-se num comunicado divulgado ao mesmo tempo que o fluxo de milhares de pessoas continuava a pressionar a capacidade de resposta dos postos de testagem, agora 42 no total (28 em Macau e 14 na área da Taipa e Coloane). Porém, logo no primeiro dia, a operação no novo centro de testes foi criticada pela população. Em declarações ao jornal Exmoo, uma residente de apelido Van revelou que os funcionários presentes não responderam às suas dúvidas. A residente contou ainda que quando viu que o centro seria aberto para testagem se dirigiu para o local, onde esperou das 9h45 até às 13h. A espera de mais de 3 horas pela abertura do posto motivou a queixa de Chan, outra residente que demonstrou receio pela multidão que se aglomerou, devido ao risco da falta de distanciamento social. Chan considerou que o Governo não preparou bem a abertura do espaço, antes do anúncio. Código de saúde | Alvis Lo exclui quarentenas para não testados O director dos Serviços de Saúde, Alvis Lo Iek Long garantiu que quem não faça o teste de ácido nucleico até às 09h de sábado, não será punido ou obrigado a realizar quarentena, apesar da cor amarela no código de saúde. “Não queremos punir. Se o código de saúde for amarelo, não podem entrar em estabelecimentos. Claro que vamos tentar identificar essas pessoas e pedir-lhes novamente para fazer o teste de ácido nucleico. Forçar essa pessoa a uma quarentena (…) não será uma consequência directa, porque assim desperdiçamos recursos públicos e quem perde é toda a população”, referiu. Testes | Locais a pagar para quem precisa passar fronteira O centro de coordenação de contingência negociou com uma entidade terceira a possibilidade de cidadãos que precisem de passar a fronteira com urgência efectuarem o teste de ácido nucleico mediante pagamento e obter um certificado em papel em 12 horas. As autoridades ressalvam que para “concentrar registo e amostragem, melhorar o fluxo de pessoas nos locais, reduzir a aglomeração, o programa de teste de ácido nucleico para toda a população de Macau não disponibiliza o certificado de teste de ácido nucleico em papel. Os locais onde se paga para obter certificado de teste são no Posto fronteiriço de Hengqin, Centro Médico Kuok Kim (Macau), Kuok Kim (Fórum de Macau) e Kuo Kim (Pac On). Hou Kong | Director da escola pediu desculpa Iao Tun Ieong, director da Escola Secundária Hou Kong pediu desculpa pela inconveniência e insegurança provocadas pelo surto originado pela visita de estudo em que uma aluna foi infectada. “A população condena a escola e a aluna. Achamos que é compreensível, porque sentem raiva no coração. Por isso, publicámos pedidos de desculpa em jornais”, afirmou o responsável, citado pelo canal chinês da Rádio Macau. Iao Tung Ieong confessou ainda ter-se sentido muito triste por ver pessoas em fila, à chuva, para fazer o teste de ácido nucleico. No entanto, realçou o cuidado que estas visitas implicam. “Cada vez que realizamos uma visita, seguimos as instruções do Executivo. Naturalmente, as autoridades desaconselham deslocações ao exterior, mas não disseram para evitar zonas de baixo risco. Como tal, tivemos em consideração as instruções da Comissão Nacional de Saúde da China, que não levantaram questões de acessibilidade”, explicou. Iao Tun Ieong pediu o fim da condenação pública da aluna infectada, que caracterizou como uma vítima inocente, acrescentando que a escola procurou apoio psicológico para a jovem. China | Dois casos em Chongqin ligados a Macau As autoridades do Interior anunciaram ontem a descoberta de dois casos em Chongqing, que se acredita que tenham sido contaminados pela estudante de Macau da Escola Secundária Hou Kong. De acordo com as explicações das autoridades chinesas, citadas pelo jornal Ou Mun, as pessoas infectadas no Interior estiveram no Museu dos Guerreiros de Terracota, em simultâneo com a aluna de 12 anos, quando esta já tinha sintomas. O contacto que gerou a infecção aconteceu no dia 23 de Julho.
João Santos Filipe Manchete SociedadeCovid-19 | Centros de testes sem capacidade para lidar com afluência Sistemas informáticos em baixo, concentrações e filas intermináveis nos centros de testagem e pessoas impedidas de entrar em hospitais e mercados por não serem capazes de completar a declaração de saúde. Foi este o cenário vivido no primeiro dia de testagem maciça O anúncio da obrigatoriedade de testar toda a população em três dias causou ontem o caos em Macau. De madrugada já circulavam imagens de pessoas que vivem do outro lado da fronteira a dormir nas ruas e estações de autocarros, por não terem teste de ácido nucleico válido para regressarem a casa. De manhã o cenário piorou. Segundo as instruções do Governo, era possível marcar o teste através do Código de Saúde. Todavia, o sistema começou a falhar logo pela manhã, às 8h40, ainda antes de os centros de testes abrirem, o que devia ter acontecido às 09h, ao mesmo tempo que nos 41 locais se concentravam pessoas, formando longas filas. No Centro de Actividades no Edifício do Bairro da Ilha Verde as coisas correram ainda pior e o espaço não começou a testar antes das 10h, de acordo com o jornal Ou Mun. À publicação, uma residente de apelido Cheang, que foi para o início da fila às 06h, queixou-se da falta de informação relativamente à prioridade de quem fez a marcação prévia. Cheang foi um dos muitos exemplos de residentes apanhados nos cenários de caos que caracterizaram os postos de testagem. Situação semelhante foi relatada por Lo, uma residente da terceira idade. Ao Ou Mun, afirmou ter chegado ao centro do Bairro da Ilha Verde entre as 07h e as 08h, munida de marcação. Porém, apesar da marcação teve de esperar porque a fila “era muito longa”. As queixas foram repetindo-se um pouco por todo o lado. Na Escola Secundária Pui Ching, que acumulou filas que chegaram ao Jardim Lou Lim Iok, uma residente mostrou a indignação de estar na mesma fila que pessoas sem marcação, apesar de ter chegado cedo ao local. A residente que não foi identificada pela emissora pública denunciou a “falta de organização”. As esperas de várias horas fizeram com que no Campo dos Operários uma pessoa tivesse de ser transportada para o hospital, segundo o jornal Exmoo, por se sentir mal devido à exposição solar. Na mesma zona, vários trabalhadores não-residentes dormiam nas ruas e paragens de autocarros, enquanto aguardavam pelos resultados dos testes para poderem passar a fronteira. Marcações só em chinês Além dos desafios logísticos e longas filas, quem não fala chinês enfrentou um desafio maior: durante grande parte do dia, o portal para as marcações dos testes apenas apresentava os nomes dos centros em chinês. A questão sobre a “falha” foi colocada durante a conferência com o Chefe do Executivo, que prometeu que o assunto ia ser resolvido o mais depressa possível. Várias horas depois do início dos testes e quando o Governo já apelava às pessoas para não comparecerem nos locais de testagem, surgiram os 41 nomes dos locais, e as respectivas moradas, em português. Contudo, o caos matinal não se ficou apenas pelos centros de testagem. Com os códigos de saúde a falharem, a identificação teve de ser feita mediante a apresentação do bilhete de identidade de residente para entrar em vários espaços, como no mercado do Iao Hon. Situação idêntica aconteceu no Hospital Kiang Wu, de acordo com o jornal Exmoo, onde algumas pessoas foram impedidas de entrar para outros fins que não a testagem. A razão apresentada foi o facto de a declaração de saúde não estar a funcionar. Alvis Lo culpa residentes Segundo o director dos Serviços de Saúde, Alvis Lo, a responsabilidade pelas longas filas foi de quem apareceu nos centros de testes sem marcação. “Formaram-se algumas aglomerações porque houve pessoas que não fizeram marcação, o que causou muita insatisfação a quem fez”, afirmou na conferência diária sobre a pandemia. “Mas, agora, a ordem está muito boa”, frisou. Apesar da declaração, Alvis Lo pediu desculpas pelo sucedido: “Esta manhã houve muitas filas e apresento as minhas desculpas pelos inconvenientes causados”, reconheceu. “Acho que há sempre espaço para melhorias [no nosso trabalho]”, acrescentou.
Pedro Arede Manchete PolíticaSurto | Ho Iat Seng diz que normalidade pode voltar em 14 dias Apesar de não afastar a hipótese de avançar com novas rondas de testagem em massa, o Chefe do Executivo está confiante que Macau pode voltar à normalidade dentro de 14 dias. Ho Iat Seng apresentou “sinceras desculpas” pelas falhas no sistema de código de saúde e revelou que, ao contrário de outros espaços de diversão, os casinos vão permanecer abertos O Chefe do Executivo, Ho Iat Seng defendeu ontem acreditar que, após o surgimento de novos casos de covid-19, Macau pode voltar “gradualmente à normalidade” dentro de duas semanas. “Esperamos conter esta fase dentro de 14 dias. Se não houver surtos ou grandes calamidades podemos conter esta evolução epidemiológica e passados esses 14 dias podemos voltar gradualmente à normalidade”, disse Ho Iat Seng na Sede do Governo, por ocasião de uma conferência de Imprensa sobre a evolução da pandemia no território. Segundo o líder da RAEM, tal pode vir a acontecer, pois todos os factos levam a crer que o foco de contágio está fora de Macau e circunscrito ao voo que fez a ligação entre Xi’an e Zhuhai, onde seguiu a estudante de Macau que originou o surto no território e levou à confirmação de outros três casos (pais e irmão). “Dentro de 14 dias podemos ter a situação de Macau dentro da normalidade e ser considerados como um local de baixo risco”, reforçou. Sobre o programa de testagem em massa, Ho Iat Seng não descartou a hipótese de vir a avançar com novas rondas de exames à população. Isto, caso venham a aparecer casos positivos durante o processo em curso, que termina às 9h00 de sábado. “Não podemos descartar a possibilidade que realizar uma segunda ou terceira ronda [de testagem em massa] mas temos de ver primeiro se há grandes problemas ou resultados positivos na primeira ronda. Dentro desta confusão, o que podemos fazer é continuar a rever e a melhorar o nosso trabalho para as próximas rondas. Se garantirmos 100 por cento de casos negativos, claro que não avançamos”, esclareceu o Chefe do Executivo. Importa frisar que, momentos antes, o líder do Governo de Macau lamentou também que o código de saúde tenha deixado de funcionar correctamente durante a manhã de ontem. A culpa, disse, foi da actualização do sistema para acolher a obrigatoriedade de apresentar um teste de ácido nucleico com a validade de 12 horas (em vez de 24 horas) para sair de Macau. “Publicamente peço sinceras desculpas a toda a população pela falha do sistema informático. Ontem, já tínhamos ajustado o sistema do código de saúde para 24 horas. No entanto para passar as fronteiras tivemos que considerar as exigências das autoridades de Zhuhai [testes com prazo de 12 horas] e o sistema não se conseguiu adaptar à mudança momentânea”, partilhou. Cartas na mesa Questionado se o encerramento dos casinos está a ser ponderado, à semelhança de outros espaços de diversão, Ho Iat Seng afastou, para já, esse cenário, dado que o surto actual não envolve funcionários do sector do jogo. “Por enquanto não vamos encerrar os casinos porque o problema não aconteceu nos casinos. Quando encerrámos os casinos [em 2020], os envolvidos eram funcionários dos casinos e, por isso, é que tomámos a medida de encerrar os casinos por 15 dias. Mas desta vez, o caso diz respeito a uma pessoa que trabalha numa loja que vende fruta e, por isso, essas lojas é que têm de ser encerradas”, referiu. Sobre a possibilidade de existir uma dualidade de critérios na génese da decisão, Ho rejeitou a ideia e explicou que se tratam de situações diferentes. “Não é uma dualidade [de critérios] e não é uma posição que tomamos como Governo. O mais seguro seria encerrar tudo, mas não podemos actuar assim. Tem de ser de maneira gradual. Estes casos confirmados não estão relacionados com os casinos. Estamos a encerrar cinemas, saunas, salas de massagens e karaokes, porque ninguém usa máscaras nestes estabelecimentos”, vincou o Chefe do Executivo. Em cima da mesa, ficou ainda a hipótese de vir a ajustar o orçamento estimado, tendo em conta a previsível redução das receitas brutas de jogo. “Depois de quase 500 dias sem casos em Macau temos agora este surto. Se não conseguirmos atingir a previsão das receitas de jogo de 130 mil milhões de patacas iremos ajustar o orçamento”, admitiu Ho Iat Seng.
João Santos Filipe Manchete SociedadeCensos | Recolha de informação arranca sábado Governo vai sortear diariamente 200 cupões de consumo em supermercados no valor de 200 patacas. Só as pessoas que preencherem os questionários online podem participar no sorteio, que implica um investimento de 20 mil patacas Os agentes da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) vão começar a visitar domicílios para recolher informação para os censos a partir de sábado e até 21 de Agosto. Os dados da mega operação para conhecer os habitantes de Macau foram apresentados ontem numa conferência de imprensa da DSEC, liderada pelo director Ieong Meng Chao. Durante quinze dias vão estar no terreno cerca de 2.200 agentes, que vão visitar os domicílios em grupos de dois e recolher as informações através de um tablet. Os agentes utilizam uniformes dos Censos 2021, têm um cartão de identificação própria e pastas cinzentas. Em caso de dúvida, os habitantes das fracções pode ainda digitalizar o código QR das cartas/questionários ou ligar para a linha azul dos Censos, através do número 8809 8809. Sobre as visitas domiciliárias, a DSEC apelou “a todos os cidadãos de Macau que prestem apoio e colaborem com os agentes de censos durante a visita domiciliária e que forneçam informação correcta”. Quem quiser evitar o contacto com os agentes pode ainda preencher os dados através da internet, meio disponível entre os dias 7 e 16 de Agosto. Como forma de incentivar as pessoas a adoptarem o preenchimento online, o Governo está vai realizar sorteios diários, que atribuem aos vencedores 200 patacas num carregamento de MPay ou em cupões de compras de supermercados. São sorteados 200 prémios por dia, 2.000 no total, o que implica um investimento das autoridades de 20 mil patacas. Reforço da segurança Ainda em relação aos procedimentos, nomeadamente informáticos, as autoridades prometeram “reforçar a cibersegurança para proteger os dados” recolhidos, bem como “a confidencialidade das informações fornecidas pelos agregados familiares”. “Os resultados dos Censos são muito importantes para o desenvolvimento de Macau. Os dados não só reflectem a evolução da estrutura demográfica e das respectivas características socioeconómicas, como também são referências relevantes no planeamento do futuro por parte do Governo (…) na definição de políticas nas áreas da educação, habitação, transportes, assistência médica e serviços sociais”, exemplificaram as autoridades. “Além disso, os dados são também essenciais para as instituições privadas decidirem sobre negócios e para os académicos realizarem estudos”, acrescentaram.
João Luz Manchete PolíticaEleições | CAEAL promete atenção a perturbações do processo eleitoral Foi ontem sorteada a ordem das candidaturas no boletim de voto para as eleições legislativas de 12 de Setembro, o último passo antes da apresentação dos programas eleitorais. O presidente da Comissão de Assuntos Eleitorais diz que o organismo está a fazer o seu trabalho da melhor forma possível Em jeito de avaliação do desempenho da Comissão dos Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL) ao longo do processo eleitoral, que culmina nas urnas a 12 de Setembro, o juiz Tong Hio Fong acredita que o organismo que dirige “só está a fazer o seu trabalho, de acordo com legislação.” Face à questão se estava orgulhoso do trabalho feito até agora pela CAEAL, o presidente da entidade respondeu: “Orgulho ou não, essa não é a questão essencial, porque só estamos a fazer o nosso trabalho, que tentamos fazer da melhor maneira”. Tong Hio Fong falou ontem aos jornalistas depois do sorteio que determinou a ordem das candidaturas no boletim de voto para as eleições legislativas. O passo seguinte será a entrega dos programas eleitorais, para o qual o presidente da CAEAL alertou as listas para que não deixem passar o tempo. O prazo limite é as 17h45 de amanhã, quinta-feira. Ontem começou o período de proibição de propaganda política, facto que motivou uma reunião entre os mandatários das listas e alguns candidatos com a CAEAL e o Comissariado contra a Corrupção. O encontro teve como objectivo “chamar a atenção de todos que durante este período, até 28 de Agosto, é proibido realizar actividades de propaganda”. “Esperamos que todas as listas e os respectivos mandatários sigam as nossas orientações para não violarem a lei”, acrescentou Tong Hio Fong. Vontade de votar Questionado sobre a possibilidade de a decisão do TUI, que oficializou a desqualificação de várias listas candidatas, levar ao aumento de votos em branco, Tong Hio Fong afirmou que “a intenção de votação depende dos eleitores”. O magistrado disse ainda que espera que “os eleitores dêem importância ao seu direito de voto”. De resto, o presidente da CAEAL garante serão pedidas responsabilidades “a todas as actividades e actos que prejudiquem a eleição”. Entre superstições numéricas e uma atmosfera descontraída de bingo, o sorteio da ordem das candidaturas no boletim de voto determinou que a lista liderada por Zheng Anting, União de Macau-Guangdong, surge em primeiro lugar. Resultado que foi recebido efusivamente, depois de a bola correspondente à lista ter sido tirada por Agnes Lam. Para se entender o cenário, cada cabeça de lista foi à vez tirar, à sorte, bolas de duas caixas. Numa caixa estavam bolas numeradas de 1 a 14, relativas à posição no boletim de voto, e noutra estavam bolas identificando as candidaturas. O número 4, que significa “morte” na numerologia chinesa, e que é considerado um número pouco auspicioso calhou à lista Plataforma para os Jovens, liderada por Leong Wai Meng. A lista de Pereira Coutinho ficou com o 14º lugar, o último no boletim de voto.
Pedro Arede Manchete PolíticaAL | Deputados defendem incentivos e inoculação obrigatória para pessoal médico Perante o surgimento de novos casos em Macau, vários deputados defenderam medidas de incentivo à vacinação mais interventivas e apontaram que “não basta lançar apelos”. Mak Soi Kun considerou ser imperativo tornar a vacinação obrigatória para trabalhadores da área da saúde. O Governo concorda que os médicos devem dar o exemplo, mas afirma que o risco é o maior incentivo para a vacinação A reboque da confirmação de novos casos de covid-19 em Macau, foram vários os deputados que, no segundo dia da sessão plenária dedicada a responder a interpelações orais, pediram ao Governo para criar incentivos destinados a aumentar a taxa de vacinação da população e, consequentemente, uma barreira imunológica na comunidade. Mak Soi Kun foi um dos deputados que pediu a palavra para se pronunciar sobre o assunto, começando por referir que é impossível falar de uma forma realista sobre vacinar toda a população, quando nem os próprios trabalhadores da área da saúde mostram ter confiança na vacina contra a covid-19. “Só temos 42 por cento de população vacinada e a taxa de vacinação dos médicos é 66 por cento. Os médicos são especialistas e nem eles querem vacinar-se. Será que não têm confiança na vacina? Estão a aguardar para ver o resultado? Os residentes, vendo que os médicos não tomam a iniciativa claro que também não se querem vacinar. Os médicos devem servir de exemplo”, começou por apontar o deputado. Mak Soi Kun foi mais longe e sublinhou ser urgente tornar a vacinação obrigatória, o quanto antes, entre o pessoal médico, até porque eles próprios são responsáveis por tratar dos residentes infectados com covid-19. “Se os médicos ficarem infectados quem é que vai tratar dos residentes. A população quer que os médicos se vacinem primeiro. Olhando para a experiência do estrangeiro, a vacinação do pessoal médico é obrigatória. A solução passa por impor a vacinação ao pessoal médico. Se os médicos ficarem infectados como podem servir a população”, acrescentou. Na mesma linha de pensamento, e após adaptar a interpretação oral que tinha preparado ao surgimento dos novos casos em Macau, Song Pek Kei referiu que “não basta lançar apelos” é necessário definir prazos concretos para a criação de uma barreira imunológica. Até porque, caso não seja possível levantar algumas restrições, a situação económica do território vai continuar a deteriorar-se e as empresas ficam sem “perspectivas futuras”. Por seu turno, Agnes Lam defendeu também a implementação de novos incentivos à vacinação, dando como exemplo a possibilidade de, tanto empresas como organismos públicos, concederem dias de férias pagos para os funcionários inoculados. O medo ajuda Na resposta aos deputados, Tai Wa Hou, médico-adjunto da direcção do Centro Hospitalar Conde de São Januário, que compareceu no plenário no lugar da secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Ao Ieong U, começou por dizer que, olhando para Hong Kong, é possível verificar que os incentivos à vacinação não estão a ter resultados e não existe melhor motivação para a população do que ver o risco de contágio a aumentar. “A vacina é a única forma para retomar uma vida normal, mas só com uma percentagem de vacinação de 80 ou 90 por cento é que é preciso construir uma barreira imunológica. Criar incentivos para a população se calhar não é uma boa solução porque em Hong Kong também foram lançados incentivos reais para a vacinação, mas parece que os resultados não são satisfatórios. O incentivo para a vacinação tem muito a ver com a situação da pandemia pois, se houver risco nos bairros comunitários a população tem mais incentivos para se vacinar”, referiu Tai Wa Hou. Sobre a possibilidade de vir a tornar a vacinação obrigatória, o responsável apontou que “Macau ainda não está nessa fase”, sublinhando, contudo, que “os trabalhadores dos Serviços de Saúde têm a obrigação de se vacinar”. “As pessoas podem escolher se se querem ou não vacinar. Não podemos tomar medidas para as obrigar ou outras medidas semi-obrigatórias. Ainda não estamos nessa fase”, disse Tai Wa Hou.
João Santos Filipe Manchete SociedadeCovid-19 | Detectados quatro casos positivos locais depois de viagem ao Interior Viagem de “intercâmbio” da Escola Hou Kong resultou em infecção de quatro pessoas em Macau, onde estiveram 10 dias, antes de serem diagnosticadas. Ontem, o Governo declarou Estado de Prevenção Imediata, os esforços foram canalizados para a testagem e os infectados apresentam a variante Delta [dropcap]O[/dropcap] Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus anunciou ontem a detecção de quatro casos de infecção com a variante Delta da covid-19, que estiveram em contacto com a comunidade durante dez dias. A situação foi revelada ontem às 15h30 e o Chefe do Executivo declarou o Estado de Prevenção Imediata. Os infectados são um casal e os respectivos filhos, que habitam no edifício Mei Lin, na Rua de Coelho do Amaral, o que levou as autoridades a deslocarem-se ao local e a criar uma cerca sanitária, para testar moradores. O caso foi detectado depois de o homem de 51 anos, que é motorista nos Serviços de Saúde, e a mulher, de 43 anos e empregada numa loja de fruta, terem feito testes de ácido nucleico, na segunda-feira, em Zhuhai, cujos resultados confirmaram as infecções. O casal conseguiu regressar a Macau, antes do resultado positivo ser conhecido, porque tinham outros testes de ácido nucleico válidos, em vias de expirar. Contudo, não foram os únicos infectados, uma vez que o filho e a filha foram igualmente identificados como casos confirmados. Após a divulgação do contágio, as equipas de desinfecção deslocaram-se ao local de trabalho da mulher e ao mercado dos Três Candeeiros, que foram isolados. O mesmo aconteceu com o Centro de Saúde de Seac Pai Van e o Posto de Saúde de Coloane, onde o homem trabalha. Visita de estudo As autoridades acreditam que uma visita de estudo da Escola Hou Kong, que se deslocou a Xi’an entre 19 e 24 de Julho, está na origem da infecção de Macau. A visita teve como objectivo realizar actividades de intercâmbio. A filha do casal, assim como um grupo de 30 alunos da escola, viajaram nos voos CZ3761, entre Zhuhai e Xi’an, e regressaram no CZ3762, entre Xi’an e Zhuhai, onde estiveram em contacto com dois casos ligados ao surto de da Nanjing. “A filha passou por uma zona de alto risco, uma vez que a 19 de Junho partiu de Zhuhai para Xi’an para participar em actividades de intercâmbio e verificámos que o percurso coincide com os casos conexos a Nanjing e Zhongshan. A filha esteve no mesmo voo que envolveu as pessoas infectadas que partiram de Nanjing para Zhongshan e Zhuhai”, afirmou Alvis Lo, director dos Serviços de Saúde. “Esta é a possibilidade de infecção que achamos mais provável”, acrescentou. A médica Leong Iek Hou foi mais assertiva: “Concluímos que a infecção partiu da filha”, vincou. Leong explicou também que a infectada apresentou sintomas logo no dia 22 de Julho, quando estava em Xi’an com os 30 colegas da escola de Macau. “Apresentou sintomas como tosse, perda de paladar, até que a 27 de Julho finalmente apresentou melhorias”, revelou a médica. Foi com sintomas que a aluna da Escola Hou Kong entrou em Macau, a 25 de Julho, e terá levado a infectar o irmão, que teve sintomas como febre e nariz entupido, a 28 de Julho. Finalmente, a 1 de Agosto, o pai apresentou um quadro clínico que incluiu dores de garganta, assim como a mãe, apesar dos casos só terem sido detectados dois dias depois. Perguntas sem resposta A questão de a filha ter entrado em Macau com sintomas de covid-19, levantou questões sobre a declaração de saúde. Além disso, os voos em causa tinham sido anteriormente referidos pelo Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus como um trajecto de risco, por estarem ligados a duas infecções. Apesar destes aspectos, e de nos voos estarem 30 alunos da escola Hou Kong, a situação de risco dos estudantes também não terá sido comunicada às entidades de saúde para monitorização. Neste cenário, a questão da responsabilização foi levantada na conferência de imprensa sobre a pandemia da covid-19. Como a aluna infectada é menor de idade, levanta-se a possibilidade de a escolar ser responsável por um eventual comportamento negligente. A pergunta ficou sem uma resposta concreta: “No dia 22 de Julho começou a ter tosse, mas os sintomas foram muito ligeiros. Nunca teve febre, mas vamos ver o código de saúde que declarou… As pessoas quando entram em Macau e têm sintomas têm de os declarar correctamente”, afirmou Leong. “Quanto à escola, vamos apurar se a aluna falou com os professores e directores. Quando tivermos informações vamos declarar”, acrescentou. Oito dias em comunidade À hora de fecho do HM ainda não era conhecido na totalidade o percurso dos infectados nos dias em que estiveram em Macau antes do diagnóstico e em livre contacto com a comunidade. As informações preliminares da médica Leong Iok Hou indicam que os infectados, além dos locais de trabalho, frequentaram os restaurantes Federal, entre as 13h e as 14h de 25 de Julho, e Nga Kai, a 27 de Julho, entre as 18h e as 19h30. No dia 26 de Julho, o filho esteve ainda entre as 13h e as 15h na Biblioteca do Jardim Luís de Camões. Por sua vez, o pai foi ainda vários vezes a Zhuhai às compras, e passou pelo menos cinco vezes a fronteira, antes de ser identificado como caso confirmado. Ontem, as autoridades não conseguiram confirmar o número de casos de contacto próximo e de contacto próximo secundário, apesar de a prioridade ser “perseguir os contactos próximos”. Todavia, foi anunciado que três colegas da mãe tinham sido levados para o Hospital Conde São Januário para serem testados e isolados. O mesmo aconteceu com as pessoas que trabalham nos centros de saúde com o homem de 51 anos. Também os 30 colegas da aluna iam ser testados, mas à noite as autoridades só tinham identificado 19, sem que houvesse confirmação de infecções. Contudo, uma das pessoas está em quarentena, depois de ter apresentado sintomas de febre. Cidade dividida por zonas Apesar das dúvidas, Alvis Lo, director dos SSM, deu uma certeza: a cidade vai ser dividida por zonas com cercas sanitárias, tal como já tinha sido anunciado anteriormente pela secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Elsie Ao Ieong U. A primeira zona vermelha foi instalada no edifício Mei Lin e prolongada para dois edifícios vizinhos. Estas pessoas não podem sair de casa e são testadas no local. Na mesma rua foram ainda classificados outros edifícios como zona de código de saúde de cor amarela. Já na Rua da Emenda, e até a Rua Horta e Costa, também foram classificados edifícios na zona amarela. Além disso, a secretária diz que está tudo preparado para a eventualidade de fazer testagem da população em massa, uma medida que ontem às 22h ainda não estava decidida. Nas imediações dos prédios assinalados a vermelho, as autoridades perguntaram sobre o paradeiro de membros do agregado familiar que não estavam em casa, para efeitos de testagem, e disponibilizaram alimentos aos afectados. A secretária deixou ainda um apelo à população para ficar na RAEM. “Esperamos que a população de Macau que tenha estado exposta ou em contacto próximo se dirija imediatamente ao hospital e que as pessoas utilizem sempre máscara”, apelou.
Nunu Wu Manchete SociedadeAlegado rapto de bebé leva mãe a procurar ajuda de Wong Kit Cheng [dropcap]N[/dropcap]o domingo à tarde, uma mulher aflita publicou num popular grupo de Facebook uma mensagem a dar conta do alegado rapto do seu filho bebé, pela família do pai. De acordo com o relato, um dia, enquanto não estava em casa, o marido foi a sua casa e levou o bebé de cinco meses. Desesperada, e há dez dias (no domingo) sem saber o paradeiro do filho, resolveu publicar a história num grupo com mais de 27 mil membros, depois de pedir ajuda à Polícia Judiciária, ao Movimento Católico de Apoio à Família e ao Instituto de Acção Social. Além disso, recorreu ao gabinete da deputada Wong Kit Cheng. O HM contactou a deputada e representante da Associação Geral das Mulheres que não comentou o caso, para proteger a privacidade das pessoas em causa. Porém, confirmou ter recebido a senhora, prestado aconselhamento e encaminhado o caso para as entidades competentes. A mulher é uma trabalhadora não-residente, oriunda de Hong Kong, empregada numa loja de animais. Segundo o relato, tanto o marido como os sogros deixaram de atender as chamadas telefónicas ou responder a mensagens no WeChat. Finalmente, o marido terá, alegadamente, respondido de forma breve, dizendo que o bebé estava vivo e bem de saúde. Foi-lhe também negado o pedido de envio de fotografias ou vídeos da criança. Nariz na porta Na semana passada, recebeu uma mensagem do marido a dizer que tinha mandatado um advogado para tratar dos procedimentos do divórcio e de requerer a custódia do filho. Assim sendo, na sexta-feira, dirigiu-se à casa da família do marido e, depois de ouvir barulho que denunciava a presença de pessoas, bateu à porta. Ajudada pela alegada persuasão do porteiro e um agente policial que a acompanharam, finalmente, o sogro abriu a porta. Porém, este ter-se-á escusado a atender à vontade da mãe, que solicitava ver a criança. Segundo a senhora, o sogro terá afirmado pertencer à Polícia Judiciária, estatuto que terá feito com que o agente da polícia que acompanhava a mulher se retirasse. A porta fechou-se de seguida. O HM entrou em contacto com a mulher, mas, até ao fecho da edição, não obteve resposta.