Fotógrafo oficial de Obama lidera em Setembro “expedição” turística a Portugal

O fotógrafo oficial das administrações Reagan e Obama, o luso-descendente Pete Souza, vai levar a Portugal, em Setembro, 28 fotógrafos profissionais e amadores, naquela que será a sua primeira viagem de férias à parte continental do país.

A viagem é promovida pela agência Sagres Vacations, baseada nos Estados Unidos (Massachusetts e Fall River) e com escritórios no Porto, especializada em experiências turísticas personalizadas nos mercados português e espanhol.

Para Pete Souza, que é descendente de açorianos, esta será a primeira “verdadeira” viagem a Portugal, onde esteve apenas em visitas oficiais a acompanhar os presidentes norte-americanos Ronald Reagan e Barack Obama, para quem trabalhou como fotógrafo oficial.

“Na verdade nunca passei grande tempo em Portugal continental e pensei que esta seria uma oportunidade incrível para fazer essa viagem”, disse Pete Souza à agência Lusa.

Marcada para de 2 a 12 de Setembro, a viagem começa no Porto e termina nos Açores, percorrendo as principais cidades turísticas de Portugal.

Com lugar para apenas 28 pessoas, o programa, que se destina a fotógrafos profissionais e amadores ou a amantes da fotografia, esgotou quase de imediato, como disse à agência Lusa Marco Fernandes, vice-presidente da Sagres Vacations.

“Mal divulgámos a viagem, tivemos logo muito interesse. O Pete pôs também no ‘Instagram’ dele e, de imediato, os últimos lugares que estavam disponíveis esgotaram. Na última semana de Dezembro, tivemos 180 pessoas a perguntar sobre o programa”, disse.

Durante a viagem, Pete Souza acompanhará os visitantes e dará “dicas” sobre como melhor fotografar os locais visitados, fazendo uma série de “mini workshops” ao longo de todo o roteiro.

“O atractivo do programa é esse conceito. Já fizemos outros programas de fotografia, mas sem o chamariz que é o Pete Souza. O Pete Souza tem seguidores em todo o mundo – recebemos contactos da Austrália para este programa – e, como é um programa de fotografia, vamos ter pessoas que sabem tirar fotografias e vão dar uma melhor imagem de Portugal”, considerou Marco Fernandes.

“É uma viagem turística para pessoas que gostam de tirar fotografias. Imagino que o nível das capacidades das pessoas que se vão juntar a nós serão muito variados, por isso espero conseguir ajudar a melhorar as suas fotografias de viagem”, considerou, por seu lado, Pete Souza.

Para o fotógrafo “freelance” e autor de vários livros, o grande atractivo é poder conhecer a parte continental de Portugal, bem como regressar, com tempo, aos Açores, que visitou na década de 1980.

“Não conheço de todo a parte continental de Portugal. Estive em Portugal duas vezes, uma vez com o Presidente Reagan e outra com o Presidente Obama, mas nas visitas presidenciais não temos verdadeiramente oportunidade de ver grande coisa fora dos encontros formais”, disse.

“Estive nos Açores numa viagem alargada, mas já foi em 1988. Será interessante ver o quanto mudou. Os meus avós são dos Açores, por isso, para mim, esta será a parte mais emocional da viagem”, acrescentou.

O fotógrafo acredita que Portugal “está a tornar-se cada vez mais um destino turístico para muitos norte-americanos” e espera “poder divertir-se, tirar algumas fotografias e ajudar algumas pessoas a melhorarem as suas imagens”.

Nascido em South Dartmouth, Massachussets, neto de emigrantes açorianos, Pete Souza trabalhou como fotojornalista “freelance” e tem trabalhos divulgados pelas principais publicações norte-americanas, bem como vários prémios de fotojornalismo.

Pete de Souza é também autor de vários livros, o mais recente dos quais – “Shade: A tale of two presidents” – compara os primeiros 500 dias de Obama com o atual Presidente norte-americano, Donald Trump.

O livro é a passagem ao papel do mesmo exercício que Pete Souza vem fazendo na sua página na rede social ‘Instagram’, onde tem mais de 2,1 milhões de seguidores.

O ‘Instagram’ de Pete Souza tem sido uma espécie de “sombra crítica” da administração Trump, com a publicação de fotografias de Obama em situações semelhantes às protagonizadas pelo actual inquilino da Casa Branca, num registo bem humorado e em que o antigo Presidente “sai sempre melhor na fotografia”.

Com várias exposições no currículo, Pete Souza tem prevista, para Fevereiro, a inauguração de uma mostra sobre os dois presidentes com quem trabalhou intitulada “Two Presidentes: Obama and Reagan”.

21 Jan 2019

Directora do Arquivo Histórico Ultramarino, em Lisboa, afasta possibilidade de reclamação de espólio

[dropcap]A[/dropcap]9 directora do Arquivo Histórico Ultramarino (AHU), em Lisboa, que tem à sua guarda documentação desde o século XVI até 1975, afasta qualquer possibilidade de os países onde houve domínio administrativo português virem a reclamar qualquer espólio documental deste acervo.

Em entrevista à agência Lusa, Ana Canas, à frente do AHU desde Junho de 2005, disse que, “no fundamental, a documentação dos organismos sediados nas anteriores colónias ficou lá”, ”nos países que se tornaram independentes de Portugal”, após a revolução de Abril de 1974.

A documentação do AHU, cerca de 17 quilómetros de prateleiras, “é esmagadoramente de organismos da administração colonial portuguesa, centrada em Lisboa”, colocando-se antes a questão de colaboração e de existência de uma base de dados comum, uma vez que este arquivo, em concreto, “é muito virado para os outros povos e não apenas para o nosso”.

“Estes arquivos também são instrumentos de soberania”, disse à Lusa, e “muitas vezes só nos apercebemos da sua importância se acontece uma catástrofe”.

“Um arquivo histórico – é genérico afirmar isto – serve para preservar a nossa identidade, a nossa memória, etc., mas serve também para reutilizar a informação que contém para questões pragmáticas do presente, mais do que se possa pensar”, disse a responsável.

“Este é um arquivo orientado para fora, não é só sobre Portugal”, sublinhou, afirmando que é necessário os portugueses “terem a percepção de que este património é importante do ponto de vista de se conhecerem a si próprios, enquanto comunidades e sociedade, na sua relação com os outros, e essa é talvez a maior riqueza e distinção do AHU”.

No tocante ao acesso, uso e difusão da documentação do AHU e dos seus conteúdos, está em funcionamento o ‘site’ http://ahu.dglab.gov.pt.

O AHU, instalado no Palácio da Ega, à Junqueira, em Lisboa, foi criado em 1931 e alberga documentação de cinco séculos, sobre todos os territórios e domínios que estiveram sob jurisdição portuguesa ou em contacto com Portugal, durante esse período.

A responsável disse à Lusa que uma das suas preocupações é no âmbito da conservação preventiva do acervo, “o que tem sido continuado, no quadro da Direcção-Geral do Livro, Arquivos e Bibliotecas [DGLAB], incluindo quanto ao controlo de pragas”, designadamente os insectos.

Esta questão dos insetos é, aliás, um alerta constante, também quanto à recepção de espólios particulares.

Reconhecendo que o AHU “não tem feito uma campanha activa” neste sentido, Ana Canas referiu que há um conjunto de acções que tem de ser feito, antes de se receber quaisquer documentos, mas que têm dado entrada no arquivo alguns espólios.

A responsável justificou ainda esta opção, pelo facto de terem “tantas responsabilidades” com a documentação a cargo, “havendo partes do acervo que ainda não estão tratadas, como alguma documentação que pertencia ao ex-Ministério do Ultramar”, transferida em 2006.

“A prioridade mais imediata, no tocante ao pessoal, é na área da conservação e restauro, até porque o apoio dos respectivos serviços da DGLAB é limitado”, mas outras das preocupações de Ana Canas é “a necessária renovação de recursos humanos”, alertando que “há que preparar a renovação geracional”.

Reconhecendo que “tudo isto tem custos”, a responsável disse à Lusa que “são necessários jovens”, uma questão “que se coloca com acuidade à administração pública, mas não só”.

21 Jan 2019

Svetlana Usacheva, curadora, diz que exposição de arte russa no MAM é “única”

São cerca de 70 as obras de arte que vieram da Galeria Estatal Tretyakov para o Museu de Arte de Macau e que pretendem mostrar ao público as criações de três períodos históricos e artísticos. De acordo com a curadora Svetlana Usacheva trata-se de uma mostra única e que apresenta ao público pinturas que nunca antes tinham sido reveladas

 

[dropcap]É[/dropcap] a primeira vez que Macau recebe um conjunto de obras primas de arte russa. Os 70 trabalhos, que estão em exposição no Museu de Arte de Macau até 22 de Abril, fazem parte do espólio da Galeria Estatal Tretyakov e representam algumas das obras mais emblemáticas daquele país.

A exposição apresenta os principais estilos artísticos e tendências na arte russa de acordo com três períodos distintos e que vão do final do séc. XVIII a meados do séc. XX.

O primeiro momento, dedicado ao classicismo e romantismo dos finais do séc. XVIII e primeira metade do séc. XIX, inclui as obras de relevo criadas após a fundação da Academia Russa de Arte, em 1757 em São Petersburgo.

“A academia foi responsável pela promoção de diferentes géneros artísticos daquela época, incluindo naturezas mortas, cenas históricas e do quotidiano, ou seja, os trabalhos eram o espelho daquela altura da história russa”, apontou a curadora Svetlana Usacheva ao HM.

Desta altura, Usacheva destaca a pintura da famosa Praça Vermelha em Moscovo do artista Pyodor Yakovlevich Alekseyev um dos primeiros grandes mestres russos da paisagem urbana.

“O quadro datado de 1800 mostra a praça rodeada de edifícios de diferentes épocas e de diferentes estilos arquitectónicos, onde se destaca, além do Kremlin, a Catedral de Pokrovsy e a Catedral de São Basílio”, conta. Por outro lado, e dada a presença de várias cenas com pessoas, “o quadro espelha as impressões do artista não só da arquitectura de Moscovo mas também dos residentes da cidade, sendo que as numerosas cenas que se podem ver com moscovitas lhe confere um realismo que lhe confere propriedades documentais”, apontou.

Já a primeira metade do séc. XIX, também considerada a “idade de ouro” da cultura russa está presente em obras como a escultura de Alexander Pushkin e o retrato de Nikolai Gogol . Mas, nas paredes do MAM surge em destaque a “Menina colocando uma vela de fronte de um ícone” de Grigory Mikhailov.

“A cena tem lugar no interior de uma igreja e ao fundo está um relicário de Nossa Senhora de Kazan decorado com contas, pedras preciosas e fitas”, conta. Para a curadora, “a elegância cromática e o estilo de pintura reflectem as características da arte académica de salão da época”.

Também de relevo é a cena do quotidiano do “Retrato de família” de Timofey Myagkov, de 1844. A pintura mostra uma família de Moscovo a tomar chá, “um dos passatempos favoritos dos moscovitas e tradição entre a nobreza e os mercadores da época”. À mesa estão três irmãs e o marido de uma delas e sobre a mesa, coberta por uma toalha de pano, está um samovar – utensílio para aquecer água – e um conjunto de porcelana que demonstra a importância do ritual do chá também para os russos das classes mais altas da época.

Os vagabundos

O segundo momento é dedicado ao movimento dos itinerantes e às escolas emergentes da segunda metade do séc. XIX e dos primeiros anos do séc. XX. São exemplo disso as obras que reflectem o impressionismo, o modernismo e mesmo movimento avant garde da época. Trata-se de um período de destaque para a pintura russa altura em que foi criada “A sociedade de pintores itinerantes” também conhecida por Vagabundos, em 1870.

“Os seus fundadores acreditavam no poder social e moral da arte e na sua capacidade para criar uma sociedade melhor. Ao romper com a tradicional escola da academia, estes artistas privilegiavam o realismo e a descrição da vida popular e das paisagens naturais da sua terra natal”, explica Svetlana Usacheva.

Também nesta fase histórica da arte russa se destacam obras como o retrato de Lev Tolstoy de Nikolai Nikolaevich Ge. Segundo a curadora, o pintor foi muitas fezes comparado ao escritor russo até porque “também ele apelava à rebeldia, ao acordar das almas e ao chegar aos sentimentos das pessoas”.

Nas cenas rurais os destaques da curadora vão para a obra “Crianças fugindo de uma tempestade” de Konstantin Makovsky produzida em 1872. O artista aderiu á conhecida “revolta dos 14” também conhecidos como os itinerantes mas “as ideias dos jovens reformistas eram-lhe estranhas pelo que acabou por criar o seu próprio estilo”, contou.

Já Vladimir Makovsky apresenta “Vagabundos”, uma obra icónica do autor que marcou a sua obra através dos retratos dramáticos. Nesta obra podem ver-se dois homens, marginais, à beira de um rio.

No entanto, a obra desta secção mais relevante, para Svetlana Usacheva, é “Pinheiros ao Sol” de Ivas Shishkin. Trata-se de um pintura que se assemelha a “uma fotografia capaz de colocar o observador dentro da tela”.

“Tem as fragrâncias da floresta, o ambiente de Verão e uma natureza vibrante”, acrescenta. Esta semelhança com o real tem ainda que ver com o espírito do tempo, em que “a própria ciência se redescobria”.

Arte da revolução

A exposição encerra com as obras da era soviética que marcaram o período pós-revolução de 1917.
“As obras de arte da década de 1920 a 1960 reflectiam anseios de um pensamento artístico independente , de estilo austero em que os artistas queriam revelar a personalidade dos seus personagens e reflectir o espírito do tempo”, conta a curadora. O resultado foi uma pluralidade de estilos que mantinham em comum a “rigidez realista”.

O retrato de Maxim Gorky pintado por pelo amigo Issak Brodsky aperece aqui em destaque.
“A pintura apresenta um fundo dinâmico, o mar que bate contra as rochas, o céu de trovoada iluminado com as nuvens ao sol e um albatroz. O retrato segue a tradição do retratos de grandes dimensões do neoclassicismo russo e, ao mesmo tempo, define o cânone de grandes retratos de líderes e membros do Politburo”, acrescenta a curadora. Mais do que fazer um retrato, este quadro, tal como outros da mesma época pretendem transmitir ao observador o estado de espírito do retratado.

É também nesta secção que o diálogo intercultural tem lugar com obras como “retrato de uma menina chinesa” de Andrei Mylnikov.

Na mesma secção pode ver-se um quadro com um homem no espaço e que pela primeira vez é mostrado ao público. “Não é uma pintura realista, mas reflecte uma época”, refere Svetlana Usacheva.

Fazem parte do espólio da Galeria Estatal Tretyakov de Moscovo mais de 180 mil obras, sendo a maior colecção de arte russa do mundo. Fundada em 1856 pelo coleccionador Pavel Mikhailovich Tretyakov, todo o espólio acabou por ser doado ao estado após a morte do coleccionador em 1892.

21 Jan 2019

Festival Fringe | Lei Sam I à procura do sentido da vida num supermercado

O festival Fringe recebe nos dias 25 e 26 deste mês um espectáculo fora dos palcos habituais. “Pequeno Escape” acontece no supermercado Tai Fung do edifício Vai Chun Garden, na Taipa, e é nele que Lei Sam I vai reflectir sobre a sua vida e como devemos aproveitar o momento presente

 

De onde surgiu a ideia para este projecto?

Sempre que fico frustrada com a vida, o meu passeio preferido é, muitas vezes, deambular entre as prateleiras e corredores dos supermercados. Olhar para os produtos organizados nas prateleiras sempre me deu algum conforto. Uma vez estava a olhar para os produtos, e na parte de fora lia-se: preço, ingredientes, data do produto e a data de validade. E eu pensei: “Até que ponto nos parecemos com isto, a nossa vida enquanto seres humanos e produtos?”. Temos data de nascimento, qualificações pessoais e valores de vida. A única coisa que nos falta saber é qual será o último dia das nossas vidas. Fiquei intrigada e isso levou-me a reflectir sobre o que, de facto, me interessa, neste preciso momento. Foi aí que quis começar a escrever um guião sobre a vida de uma rapariga, desde a sua juventude até à velhice, e de como ela vai enfrentando as diferentes dificuldades ao longo da vida. Além disso, procura também a coisa mais importante da sua vida. Espero que, com este espectáculo, e em conjunto com o público, possamos encontrar uma resposta para ela e para mim.

Como vai ser o espectáculo, exactamente?

O palco será num supermercado e o espectáculo decorre durante as horas de abertura do estabelecimento. Durante a performance o público vai ter auscultadores com descrições áudio da história do espectáculo. Vai ser uma viagem sobre a mudança entre a realidade (o supermercado que funciona nas horas de expediente) e a ficção (o espaço teatral) e a protagonista (que serei eu). Todos estes elementos vão guiar o público para diferentes fases da vida da protagonista, e vão levar as pessoas a perceber como é que ela cresceu e se transformou entre uma idade e outra. Vão também decorrer sessões de jogos e outras actividades interactivas ao longo do espectáculo, que está cheio de gargalhadas e emoção.

Que mensagem pretende transmitir com este espectáculo?

Aproveitem o momento. Com esta actuação especial gostaria de recordar às pessoas que, independentemente do quão stressante a vida pode ser, e de como algumas memórias podem ser dolorosas, ou até de como nos arrependemos de algumas decisões que tomamos, nunca nos podemos esquecer que não há nada melhor do que aproveitar o “momento”.

Qual é a importância de fazer espectáculos em lugares onde as pessoas vão diariamente, como é o caso dos supermercados?

Tem tudo a ver com a investigação de um propósito meu, que é a forma como vivo o momento presente. Talvez seja uma auto-reflexão filosófica no teatro sobre a minha própria vida. Shakespeare disse uma vez: “O mundo inteiro é um palco, e todos os homens e mulheres são meros actores”. Pergunto-me como é que as pessoas encaram estas palavras. O teatro pertence à vida mas está além dela, então como é que encaramos a vida? Como é que todo o “momento” que acontece em palco é diferente daquele que acontece na vida real? Para encontrar a resposta, a ideia de “pôr no palco a vida real” não me saía da cabeça, numa tentativa de “construir a ficção sobre a realidade”, e chegar a ideias mais profundas que variam entre os dois “momentos”. Espero quebrar o status quo teatral ao mudar o auditório, mudando, assim, a perspectiva do público, para que o possa levar a ter a uma experiência ainda mais única.

Acha que este tipo de projectos deveriam acontecer mais em Macau? Porquê?

Em termos de dimensões e estilos, há variadíssimos supermercados em Macau, mas a viabilidade desta performance não está limitada à nossa comunidade. Cada região e país têm os seus próprios supermercados com características diferentes, além da história que é gravada previamente, e depois difundida no palco, podemos perfeitamente imaginar em colocar este espectáculo em qualquer supermercado do mundo. Tudo o que precisamos é de uma mudança na linguagem e da tradução. Isso seria fascinante.

18 Jan 2019

Oito projectos culturais vão receber financiamento do IC

[dropcap]O[/dropcap]ito de 16 projectos foram escolhidos no âmbito do programa de subsídios à arte da comunidade 2019, anunciou ontem o Instituto Cultural.

“Minha História na Jornada” (Comuna de Pedra), “Borboleta Colorida Espalhando Asa – Projecto de Coesão Comunitária de Teatro Uma Pessoa Uma História” (Zero Distance Cooperative), “Luzes Cintilantes e Flores Resplandecentes – Projecto de Arte Comunitária” (Dream Theater Association) figuram entre os seleccionados.

O projecto “Mapa da Comunidade de Coloane e Visita guiada dos Moradores” (Rolling Puppet Alternative Theatre), “Diário da Comunidade do Porto Interior 2019” (Arts Empowering Lab), “O Que Eu Posso Fazer?” (Godot Art Association), “Sobre Nós” (Four Dimension Spatial) e “Exposição Temporária – Plano de Consolidação Comunitária da Rua dos Ervanários” (Own Theatre) completam a lista de projectos seleccionados para receber financiamento do IC.

O programa, lançado pela primeira vez em 2013, tem como finalidade encorajar os grupos artísticos locais a entrarem nos bairros comunitários ou numa comunidade social particular instando os residentes a desenvolverem criações artísticas.

18 Jan 2019

Taiwan | Nova feira de arte internacional inaugurada hoje em Taipei

[dropcap]C[/dropcap]hama-se Taipei Dangdai e é a primeira edição da nova feira de arte internacional que acontece no centro de exposições Taipei Nangang. O evento foi hoje inaugurado e prolonga-se até domingo, sendo que o público poderá não só visitar obras de arte oriundas de galerias de todo o mundo como participar em palestras sobre a indústria.

Citado por um comunicado, o director da feira de arte, Magnus Renfrew, garantiu que a inspiração da sua equipa passa por “trazer novos coleccionadores para o mercado com a nossa estrutura única de sectores, oferecendo qualidade em todos os preços”.

“A arte tem tudo a ver com ideias que são comuns para todos nós, e a Taipei Dangdai aspira a ser um ponto de encontro para a troca dessas ideias, providenciando um contexto em que a arte é desembrulhada para uma audiência mais vasta e em que se reduz o fator intimidatório”, acrescentou.

Amanhã o programa é marcado pela exploração do tema “Passado”, sendo feita uma retrospectiva do trabalho de artistas como Richard Lin e Li Yuan-Chia, considerada “uma das mais importantes artistas chinesas do século XX”. Sábado será dia de olhar para o “Presente”, onde o foco será as práticas de curadoria contemporâneas e os artistas emergentes. O domingo, último dia da feira, será dedicado aos principais museus e instituições de arte da Ásia do século XX.

17 Jan 2019

Joana Vasconcelos em Paris para abrir arte contemporânea a novos públicos

[dropcap]A[/dropcap] exposição “Branco Luz”, de Joana Vasconcelos, é inaugurada hoje, em Paris, e a artista portuguesa considera que expor em sítios menos tradicionais abre “os públicos para o meio artístico”, aumentando “a intervenção da arte na sociedade”.

“A estrutura estabelecida diz que o artista deve expor numa galeria ou num museu. Obviamente aqui [nos armazéns Bon Marché] estamos a transgredir a tradição. Mas em vez de fechar o meio artístico, estes locais abrem os públicos para o meio artístico. A arte contemporânea, quanto mais vista, mais influência tem e mais altera as formas de pensar. Ora, vir a estes locais mais inusitados para a arte contemporânea é ampliar a sua intervenção na sociedade”, disse a artista portuguesa em entrevista à Lusa na capital francesa.

A exposição de Joana Vasconcelos no Bon Marché é inaugurada oficialmente na quinta-feira e fica patente até dia 17 de Fevereiro, englobando uma das suas Valquírias com 30 metros que abrange a escadaria principal e os três andares deste armazém parisiense, assim como as suas montras que dão para algumas das ruas mais prestigiadas da margem esquerda do Sena.

A valquíria, figura recorrente na obra da artista portuguesa, tem desta vez o nome de Simone, inspirada tanto na política e activista Simone Veil como na escritora e filósofa Simone de Beauvoir, mulheres que Joana Vasconcelos considera como “grandes personagens francesas”.

“É a ideia que há mulheres que marcam a sua cultura e a transformam, trazendo uma nova perspectiva para a cultura onde se inserem. A ideia de transformação é o que me interessa, mulheres que no seu tempo transformaram através da sua perspectiva. É uma projecção da minha parte, era o que eu gostava de fazer no meu tempo”, explicou a artista.

Desta vez, é uma valquíria inteiramente branca – inserida no tradicional mês do branco do Bon Marché que nos últimos quatro anos tem chamado alguns dos artistas mais prestigiados da arte contemporânea para expor no seu espaço – intercalando tricot, crochet e LED que envolve o percurso dos clientes desta loja francesa.

“Há uma interacção de técnicas entre o ‘craft’ e as tecnologias, nós misturamos duas coisas que no mundo existem separadamente. Nós construímos coisas grandes com uma técnica que usa as mãos”, descreveu Joana Vasconcelos, revelando que este projecto demorou cerca de dois anos a ser concluído, teve o contributo de mais de 60 pessoas e que vieram cerca de dez pessoas do seu ateliê para a montagem na capital francesa – que está a decorrer desde o início do ano.

Para Vasconcelos, é um regresso às suas origens. Nascida em Paris, onde viveu até aos quatro anos, e educada em Portugal, a artista admite que esta seria a segunda cidade, depois de Lisboa, onde poderia viver devido à relação que mantém a capital francesa a diversos níveis.

“A minha relação com Paris é bastante íntima, pessoal e, ao mesmo tempo, profissional. Eu nasci aqui há 47 anos e todo este tempo depois estou a colocar aqui duas peças: uma que é o ‘Coração de Paris’, na Porta de Clignancourt, onde eu nasci e onde o meu coração começou a bater, e estou a vir ao Bon Marché, que é um local iconográfico da história francesa onde integro aqui uma dimensão do luxo, do social”, disse a artista portuguesa.

O projecto do “Coração de Paris” foi escolhido pelos habitantes do 18.º bairro e pela Câmara Municipal, tendo inauguração prevista entre o fim de Janeiro e o início de Fevereiro. A artista não esquece as dificuldades passadas pelos pais na transição entre Portugal e França e considera “um privilégio” ter nascido e crescido em democracia.

“Eu sou a primeira fornada a ser educada desde a primeira classe em democracia em Portugal e isso significa um privilégio grande e agora, com a minha idade, quem deu valor a essa democracia e ao país que temos, está em locais de destaque naquilo que faz. É na minha geração que se recoloca o país no mapa. Assim como os portugueses da diáspora também têm lugares importantes e olham para Portugal de outra maneira. É fruto dessa democracia”, resumiu a artista.

Joana Vasconcelos inaugura, no dia 14 de Fevereiro, uma exposição em Serralves, no Porto, e nos meses seguintes vai ainda expor em Colónia, na Alemanha, Edimburgo, na Escócia, Roterdão, na Holanda e Madrid, em Espanha.

17 Jan 2019

Arquivo Histórico Ultramarino, em Lisboa, faz exposição que é grande montra do seu trabalho

[dropcap]A[/dropcap] exposição sobre obras públicas em Angola e Moçambique, no período colonial, que é inaugurada hoje, em Lisboa, “é uma grande montra do trabalho que faz o Arquivo Histórico Ultramarino”, disse a directora desta entidade.

Ana Canas, directora do Arquivo Histórico Ultramarino (AHU), falava à agência Lusa a propósito da exposição “Colonizando África: Relatórios das Obras Públicas em Angola e Moçambique (1875-1975)”, coordenada pela arquitecta Ana Vaz Milheiro, e que é inaugurada na quinta-feira.

“Desde a transição da tutela do AHU – do Instituto de Investigação Científica Tropical para a Direcção-Geral do Livro, Bibliotecas e Arquivos (DGLAB), em Agosto de 2015 -, o AHU faz esta primeira exposição que permite mostrar o tipo de documentação que tem, neste caso, sobretudo relacionada com as obras públicas nas antigas colónias portuguesas, incidindo em Angola e Moçambique”, disse Ana Canas.

A responsável referiu à Lusa que, no âmbito do projecto “Coast to Coast”, que estuda a paisagem colonial e pós-colonial nos domínios da arquitectura, infra-estruturas e cidades, “tem-se tratado [arquivisticamente] documentação relativa às obras públicas em todos os espaços que estiveram sob administração portuguesa, entre meados do século XIX e a década de 1930”.

Ana Canas afirmou que, a partir deste tratamento arquivístico, “os instrumentos de pesquisa vão ser disponibilizados através da base de dados arquivística da DGLAB-AHU”, referindo que o projecto foi financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), apresentado pelo ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa.

A directora sublinhou que a “boa relação” entre as diferentes instituições, no “sentido de se descrever e tratar [a documentação], permite não só dar acesso aos investigadores como ao público em geral”.

“Aproveitou-se esta parceria, em que participam investigadores muito ligados à área da arquitectura, que precisavam de aceder a documentação, que não estava ainda identificada e descrita, e que permite que documentação sobre infra-estruturas diversas, portos, caminhos-de-ferro, edifícios públicos, etc., passe a ficar disponibilizada para todos”, explicou Ana Canas.

A exposição, que vai estar patente até 18 de Abril, no Palácio da Ega, à Junqueira, é inaugurada quando, em Lisboa, se realiza o I Congresso Internacional da Paisagem Colonial e Pós-Colonial, que começou esta quarta-feira na Fundação Calouste Gulbenkian.

A mostra, salientou Ana Vaz Milheiro, a coordenadora, dá um grande enfoque à força de trabalho, “à mão de obra”, no sector das obras públicas, apresentando relatórios, mapas, gráficos e outros documentos, desde 1875, quando foi criada a Sociedade de Geografia de Lisboa, e até 1975, quando se assinalam as independências de das ex-províncias ultramarinas de Angola e Moçambique.

A arquitecta Ana Vaz Milheiro realçou o facto de as fotografias usadas na exposição “não serem de propaganda, mas as que eram usadas pelos técnicos” – a única excepção é uma fotografia da barragem das Mabubas, em Angola.

“A ideia [da exposição] é mostrar os diversos relatórios que foram produzidos [entre 1875 e 1975] pelos diversos serviços de obras públicas coloniais, e como mostram de que forma o território foi ocupado”, disse à Lusa Ana Vaz Milheiro.

A exposição faz parte de um projecto em que se mostra como o território colonial foi ocupado, do ponto de vista historiográfico. “E os nossos colegas de Angola e Moçambique fazem análises sobre este trabalho historiográfico, tentando compreender como as opções coloniais, em termos de infra-estruturação do território, se reflectem nos países, actualmente, nas opções estruturais de desenvolvimento desses Estados”, explicou Ana Milheiro.

A mostra começa de “uma forma muito visual, com imagens, de preparação do visitante para o núcleo final”, composta sobretudo por “relatórios, mapas, gráficos”.

As infra-estruturas analisadas dividem-se em três áreas: transportes (portos, ferrovias, estradas, pontes e aeroportos), assentamentos humanos, “dentro de lógicas de exploração das matérias-primas” (agrícolas e minerais), e, finalmente, a produção hidroeléctrica, “para tornar os territórios independentes do ponto de vista energético, e até, no caso de Cabora Bassa [actual Cahora Bassa, em Moçambique], numa lógica de exportação”.

Neste âmbito, explicou Ana Vaz Milheiro, “há muitos estudos que apontam para uma relação entre o que se fazia em Portugal e o que se fazia em África”.

Segundo a investigadora, muitos dos técnicos que trabalharam em África “trouxeram esse conhecimento e aplicaram-no no território português, mas também levavam os conhecimentos da engenharia, cá, e aplicavam-na nos territórios africanos”. “Havia uma grande simbiose e trocavam-se experiências”, enfatizou.

Quanto à mão de obra, “há uma população negra nos trabalhos mais duros sobre a supervisão de homens brancos, europeus, demonstrando uma segregação no trabalho”, afirmou.

“Havia trabalho compulsivo, forçado e, mais tarde, os próprios europeus, a não querem depender desse trabalho”, exigiram “a mecanização”. prosseguiu. Assim, “no final da década de 1950, vemos operários brancos a manusearem as máquinas”.

“Nas obras públicas em Angola e Moçambique não vemos nem mulheres nem crianças”, disse à Lusa Ana Milheiro.

17 Jan 2019

Aluna de português de Hong Kong lança guia turístico sobre Portugal

[dropcap]A[/dropcap]nita Wong, natural de Hong Kong e estudante de português, acaba de lançar um guia turístico sobre Portugal em chinês, depois de ter criado um blogue com escritos sobre as suas viagens. O livro contém explicações sobre os principais pontos turísticos de Lisboa, cobrindo também locais próximos como Queluz, Óbidos, Torres Vedras, Tomar e Fátima.

Em declarações ao HM, Anita Wong explicou que este é o resultado de muitas viagens que fez a Portugal nos últimos dez anos, além dos amigos que tem no país.

“Às vezes viajo uma vez por ano, outras vezes duas. Adoro as pessoas, o ambiente e a comida, e por isso é que regresso sempre”, contou a aluna que decidiu aprender português a tempo parcial num centro de ensino da Federação dos Operários de Hong Kong. Depois disso, continuou os estudos com um docente que também dá aulas de português no período nocturno.

O facto de Portugal não ser muito conhecido na região vizinha levou a estudante a escrever o livro. “Penso que Portugal tem sido subestimado. Adoro o país e é por isso que quero dar a conhecê-lo a mais pessoas de Hong Kong.”

O livro está à venda na página de Facebook “Uma Volta em Portugal”, gerida por Anita Wong. “Fiz uma edição de autor. Tenho os livros comigo e vendo-os sem a ajuda de editoras”, contou. Na sua página são partilhadas notícias, imagens e as próprias experiências de viagem de Anita Wong, que descobriu a língua portuguesa graças a um amigo português que viveu em Hong Kong.

“Também convido outros viajantes que passaram por Portugal para gostarem da página e para que partilhem as suas experiências. Espero que a minha página se transforme numa plataforma interactiva para todos aqueles que adoram o país”, frisou a autora.

Primeira vez

O facto de ser católica levou Anita Wong a destacar a cidade de Fátima no seu guia turístico. O objectivo é, aliás, mostrar não apenas o que de melhor oferecem estas cidades aos turistas, mas também as festividades que acontecem anualmente.

“Escrevi sobre Torres Vedras por causa do seu carnaval, sobre Tomar por causa da Festa dos Tabuleiros e Nazaré, devido ao facto de ser uma cidade costeira muito calma e famosa como destino de surf. Tentei introduzir algumas festividades que acontecem perto de Lisboa”, explicou.

Alexandre Lui, professor de Anita Wong, escreveu nas redes sociais que a sua aluna é a “primeira pessoa de Hong Kong a escrever livros sobre Portugal, mostrando aos locais o que há para ver e os sítios atractivos para se divertirem no país”. Até porque “Ainda há muitas pessoas de Hong Kong que ainda não conhecem bem Portugal, e alguns até confundem o país com Espanha. Este livro é bom para dar um maior conhecimento sobre este país maravilhoso”.

17 Jan 2019

RAEM 20 anos | Parada do Ano do Porco inicia comemorações

[dropcap]G[/dropcap]rupos de Portugal e de vários países asiáticos e europeus participam nas celebrações do ano novo lunar em Macau, dando início às comemorações do 20.º aniversário da transferência da administração do território, foi ontem anunciado.

“Por ocasião do importante marco do 20.º aniversário do estabelecimento da RAEM, a Direcção dos Serviços do Turismo (DST) vai organizar vários eventos de grande envergadura”, anunciou Maria Helena de Senna Fernandes. “A parada de celebração do ano do porco é o primeiro dos eventos” das festividades que marcam os 20 anos da transição da administração de Macau de Portugal para a China, sublinhou a directora da DST, em conferência de imprensa.

O primeiro dia do ano novo lunar assinala-se a 5 de Fevereiro, mas as celebrações continuam até ao dia 10 do mesmo mês e vão contar com participações de grupos artísticos de Macau, Portugal, França, Hong Kong e Japão, entre outros. Maria Helena de Senna Fernandes disse esperar que entre 80 mil a 90 mil pessoas assistam às paradas de celebração nas noites do terceiro e sexto dia do ano novo chinês (7 e 10 de Fevereiro).

O programa da parada conta com um desfile de 18 carros alegóricos, com designações alusivas aos nomes de pratos do Ano Novo lunar, vários espetáculos culturais e ainda o tradicional fogo-de-artifício. O evento está avaliado em 27,4 milhões de patacas, de acordo com a responsável do turismo de Macau.

17 Jan 2019

Cinemateca Paixão apresenta filmes de Pedro Almodóvar

O cineasta espanhol será a figura de destaque do primeiro festival da Cinemateca Paixão deste ano. “Amor Almodóvar” promete trazer os principais filmes do realizador, que serão exibidos entre 16 de Fevereiro e 3 de Março

 

[dropcap]O[/dropcap] universo louco e complexo do cineasta espanhol Pedro Almodóvar vai estar em destaque no primeiro festival do ano organizado pela Cinemateca Paixão. Os principais filmes do realizador, que venceu o Óscar de Melhor Filme Estrangeiro com a película “Tudo sobre a minha mãe”, vão ser exibidos entre os dias 16 de Fevereiro e 3 de Março.

Além desse filme premiado, que data de 1999, o público vai poder ver “Fala com Ela”, de 2002, e “Volver”, protagonizado por Penélope Cruz, uma das musas de Almodóvar, e que data de 2006.

Além de “Julieta”, o último filme do realizador, os espectadores poderão também conhecer os primeiros filmes feitos na década de 80, tal como “A Lei do Desejo”, protagonizado por António Banderas e Eusebio Poncela, “Mulheres À Beira de Um Ataque de Nervos” e “Que Fiz Eu Para Merecer Isto?”, ambos protagonizados por outra das suas musas, Carmen Maura.

Na perspectiva dos gestores da Cinemateca Paixão, este festival “é uma das mais completas retrospectivas da obra de Almodóvar no universo de língua chinesa até ao momento”. Dada a importância do evento, cada filme será exibido em duas sessões.

Emoções fortes

Pedro Almodóvar nunca estudou cinema devido a dificuldades financeiras. As primeiras experiências na área começaram com uma câmara Super 8, e foi com ela que filmou o seu filme de estreia, “Pepe, Luci, Bon e as garotas de montão”, datado de 1980. Seguiu-se “O Labirinto das Paixões”, de 1982, e a partir daí o realizador começou a ser conhecido fora de Espanha.

Os responsáveis pela organização do festival consideram-no “um dos mais importantes realizadores de Espanha e Europa”, sendo que “os seus filmes são marcados pelo uso de cores fortes, radicais alterações emocionais e humor desbragado”.

Os filmes são “variadíssimos, com mulheres inteligentes e sofisticadas até famílias com complexos problemas de vida e morte e apaixonadas amantes lésbicas”. Além disso, “têm sido extraordinariamente bem recebidos pela crítica e pelo público graças aos seus característicos elementos cinemáticos, que incluem um guarda-roupa espampanante e cenários fantásticos, piadas hilariantes, envolvente música espanhola para guitarra e comoventes histórias de mulheres”.

Além da exibição dos filmes o festival conta com uma palestra onde se irá abordar a obra do realizador espanhol, protagonizada por Ka Ming, crítico de cinema de Hong Kong.

“Abram Alas a Pedro Almodóvar: O Génio Heterodoxo do Cinema Espanhol” acontece no dia 17 de Fevereiro entre as 15h00 e 16h30, e a participação do público está sujeita a uma inscrição prévia. No dia anterior acontece uma festa de abertura com música espanhola ao vivo, que se irá centrar “nos fascinantes elementos e temas cinemáticos na obra de Almodóvar” e que “abrirá o apetite do público para a louca magia cinematográfica de Almodóvar antes da película de abertura”.

17 Jan 2019

Cranberries vão lançar último álbum em homenagem a vocalista morta há um ano

[dropcap]A[/dropcap] banda de rock irlandesa Cranberries lançou uma música, que será seguida de um álbum, para homenagear a sua vocalista Dolores O’Riordan, que morreu acidentalmente há precisamente um ano quando trabalhava neste disco. A música “All Over Now” foi gravada com base nas ‘demos’ vocais da cantora.

O álbum, intitulado “In the End”, deverá sair em Abril e conta com dez outras músicas criadas pelos três membros sobreviventes do grupo, Noel Hogan, Mike Hogan e Fergal Lawler. “Lembrámo-nos do modo como Dolores tinha sido motivada pela perspectiva de trabalhar neste álbum e de voltar às ‘tournées’ para interpretar estas canções”, explicaram os membros da banda na rede social Instagram.

“O melhor a fazer era acabar este álbum que começámos com ela”, adiantaram. A utilização das ‘demos’ da cantora para elaborar o novo álbum contou com o apoio da família O’Riordan.

Dolores O’Riordan juntou-se aos Cranberries em 1990, um ano após a formação da banda, que desfrutou da sua maior popularidade nos anos 1990, com títulos como “Zombie” (1994), sobre o conflito na Irlanda do Norte.

A cantora morreu em 15 de Janeiro de 2018, aos 46 anos. Afogou-se no quarto de um hotel de Londres, após o consumo excessivo de álcool.

16 Jan 2019

MGM Cotai | Esculturas de Ju Ming até 7 de Abril

[dropcap]F[/dropcap]oi inaugurada esta segunda-feira uma exposição no MGM Cotai que apresenta as esculturas do artista Ju Ming, e que estará patente até 7 de Abril.

De acordo com um comunicado divulgado pela operadora de jogo, as 40 peças em exposição revelam “a busca de Ju Ming pelas relações humanas com ênfase no conceito estético da emergência da arte na vida, e da vida na arte, algo que está em perfeita harmonia com a missão do MGM de fazer da arte algo mais acessível junto do público”.

Os trabalhos expostos “são inspirados nas experiências multiculturais [do artista], e com 30 anos de desenvolvimento, Ju Ming aplica materiais tradicionais e contemporâneos, tal como madeira e aço inoxidável”.

16 Jan 2019

USJ recorda em Novembro centenário do nascimento de Sophia de Mello Breyner

Os cem anos do nascimento da poetisa Sophia de Mello Breyner serão recordados pela Universidade de São José num colóquio agendado para Novembro. Vera Borges, coordenadora do departamento de português, destaca a importância dos poemas de Sophia pela sua ligação aos Descobrimentos

 

[dropcap]N[/dropcap]asceu a 6 de Novembro de 1919 e será sempre recordada como uma das maiores poetisas da literatura portuguesa. Em Portugal já se preparam actividades que marcam o centenário do nascimento de Sophia de Mello Breyner e em Macau também, graças à iniciativa da Universidade de São José (USJ).

O colóquio “No centenário de Sophia de Mello Breyner Andresen (1919-2019) – Navegação a Oriente” acontece em Novembro e vai abordar três temáticas, que passam pela poética, questões de tradução e literatura na sala de aula, adiantou Vera Borges, coordenadora do departamento de português da USJ, ao HM.

“Contamos com a colaboração de colegas de Macau, que trabalham em várias instituições de ensino superior, e contamos com pessoas de fora.”

A ligação ao Oriente surge através dos escritos que a poetisa portuguesa dedicou aos Descobrimentos. “A Sophia tem uma série de poemas belíssimos, não só sobre o mar, mas sobre os Descobrimentos, a chegada dos portugueses às paragens do Oriente. É uma linha muito forte na poesia dela e que deixou seguidores. É algo particularmente interessante na literatura portuguesa.”

Neste sentido, Vera Borges considera que nunca como agora fez tanto sentido discutir os poemas deixados por Sophia de Mello Breyner. “No momento em que se começa a discutir em Portugal, até com uma certa intensidade dramática, o colonialismo português, o racismo e o Império, pegar nos textos de Sophia de Mello Breyner pode ser uma perspectiva muito interessante para se perceberem certas questões.”

Repto linguístico

A autora de livros como “A Menina do Mar” e “O Cavaleiro da Dinamarca” representa, na visão de Vera Borges, um “desafio” em termos de tradução, pela contemporaneidade da sua linguagem.

“Acho que os textos dela são um desafio, primeiro porque são belíssimos e depois pela temática que têm, e depois também pelo tipo de linguagem. É uma linguagem muito económica, concisa, exacta.”

Em Macau, Vera Borges destaca o trabalho de tradução de Yao Jingming, actualmente o director do departamento de português da Universidade de Macau, que já traduziu autores portugueses como Camilo Pessanha e Eugénio de Andrade, entre outros.

“A Sophia é um dos nomes mais traduzidos por todos aqueles que gostam de poesia, e há grandes tradutores que quiseram poemas da Sophia. Nestas paragens temos o professor Yao Jingming, que tem traduções belíssimas de textos da Sophia.”

Vera Borges assegura que aqueles que, em Macau, se dedicam ao estudo da cultura e literatura portuguesas têm “particular interesse” nos escritos de Sophia. Esta, “pela visão que nos dá do percurso histórico dos portugueses, é uma autora particularmente interessante”. Sophia de Mello Breyner faleceu em 2004 e deixou cinco filhos, um deles o escritor e jornalista Miguel Sousa Tavares.

16 Jan 2019

Dois séculos de arte russa em exposição no Museu de Arte de Macau

[dropcap]O[/dropcap] Museu de Arte de Macau (MAM) vai acolher, a partir de sexta-feira, uma exposição de arte russa dedicada aos “principais estilos e tendências artísticas” da Rússia nos últimos dois séculos, anunciou o Instituto Cultural (IC).

Cerca de 70 esculturas e pinturas a óleo compõe a mostra, “a primeira grande exposição de belas artes russas”, indicou o instituto em comunicado.

“Através das diferentes obras, a exposição apresenta os principais estilos e tendências artísticas da Rússia desde finais do século XVIII até meados do século XX”, e reflecte “os hábitos de vida e características do povo russo nos últimos 200 anos”.

Todas as obras integram o acervo da Galeria Tretyakov, em Moscovo, que organiza a exposição a par do Museu de Arte de Macau (MAM), do IC.

Entre os vários artistas representados, o IC destaca nomeadamente os pintores realistas do grupo “Os Itinerantes”, do século XIX. A exposição vai estar patente no MAM até 22 de Abril.

15 Jan 2019

Culinária | Tertuliano de Senna Fernandes premiado

[dropcap]T[/dropcap]ertuliano de Senna Fernandes foi distinguido como embaixador de gastronomia no sul da China, segundo um comunicado enviado ontem à comunicação social. A distinção é o resultado do concurso “King of Gastronomy in South of China” organizado pela Estação de televisão de Zhujiang e pelo Comité de Cantão.

Foi há 14 anos que o ‘Chef’ Tertuliano de Senna Fernandes começou a fazer formações na área da gastronomia na República Popular da China, tendo trabalhado no continente e, posteriormente, em Macau.

“A sua notoriedade levou a que começasse a ser convidado a participar em vários eventos tornando-se cada vez mais conhecido no meio, com a particularidade de ser o único macaense de ascendência portuguesa”, aponta um comunicado. Tertuliano de Senna Fernandes é Presidente da Associação de Gastronomia Internacional de Macau, instituição que se encontra na rede das Cidades Criativas da Ásia.

15 Jan 2019

António Conceição Júnior fala de “Episódios da Vida Cultural de Macau no Século XX” na FRC

[dropcap]A[/dropcap] rubrica “Serões com História” promovida pela Fundação Rui Cunha vai abrir o ano de 2019 com “Episódios da Vida Cultural de Macau do Século XX”, uma palestra a cargo de António Conceição Júnior. A iniciativa tem lugar no próximo dia 21, pelas 18h30 e vai trazer à Praia Grande uma viagem pelas “escolhas pessoais” do orador acerca da temática.

Ao HM, Conceição Júnior admite que “nunca ninguém conhece toda a vida cultural de uma cidade, sobretudo num lugar no mínimo bi-cultural” e Macau não será excepção visto que apresenta “momentos e períodos mais ricos e outros de maior pobreza da vida intelectual”.

Por outro lado, “os períodos têm uma tendência para a alternância, sempre ligados à história do território”, acrescentou o orador. A título de exemplo, Conceição Júnior refere períodos históricos que marcaram a cultura de outros locais. “Os impulsos sociais e económicos são determinantes. A China dos Tang ou o Renascimento são exemplos de picos na história da China e da Itália”, disse.

Questionado sobre a evolução dos episódios culturais no território, Conceição Júnior ressalva que “as perspectivas dependem muitas vezes de onde se está, se numa ‘trincheira’ ou em campo aberto”, tendo em conta a sua vasta experiência profissional na área. Recorde-se que o orador foi director do Fórum de Macau, Chefe dos Serviços Recreativos e Culturais e Consultor Cultural do Leal Senado.

Plano real

Para Conceição Júnior, a cultura deve não deve ser encarada como “transcendência, como alguns imaginam, mas antes um conjunto de actos de maturidade decorrente da bagagem cultural de cada um”. O facto de ser um produto concreto também não a remete para a formalidade e muito menos para “a prática burocrática”.

“Há um grande equívoco quando se pensa que a oficialização da cultura é que é. Não é verdade”, até porque “nenhum autor, intelectual ou artista de qualidade pode ser ‘atropelado’ pelo que é oficial. A cultura não é oficial, está longe de ser propriedade de alguém ou de algo. A cultura não é um despacho, nem um exercício burocrático, e muito menos a burocracia pode ser uma canga”, remata.

15 Jan 2019

Associação promove concurso para eleger novos pontos panorâmicos de Macau

A Associação de Intercâmbio de Cultura Chinesa vai assinalar o 20º aniversário da RAEM com a criação de oito pontos panorâmicos que sejam exemplo do desenvolvimento. Para o efeito, a entidade lança um concurso para escolher uma de vinte sugestões

 

[dropcap]N[/dropcap]o ano em que se comemoram os 20 anos de transferência de administração da RAEM, a Associação de intercâmbio de Cultura Chinesa vai promover um concurso para reconhecer mais oito pontos panorâmicos no território. O objectivo é definir os oito locais que mais reflictam a evolução de Macau ao longo destas duas décadas.

A organização começou a trabalhar no projecto em Agosto do ano passado e foram ontem divulgados os 20 locais que vão a concurso. Os eleitos são a Fortaleza do Monte, o Jardim de Camões, a Colina da Pena, os Lagos Nam Van e Sai Van e a Torre de Macau, a praça Flor de Lótus, a Praça de Santo Agostinho, a igreja de São Lázaro, a Rua da Felicidade, a Casa do Mandarim, O Centro de Ciência de Macau, a Praça das Portas do Cerco, a Praça do Senado, a Travessa da Paixão, o Centro Ecuménico Kun Iam, a Rua do Cunha, a Cotai Strip, a vila de Coloane, a Rocha do Dragão a Universidade de Macau e a mais Ponte HKZM.

“Os oito locais vencedores vão ainda protagonizar a marca local enquanto destino turístico e servir de inspiração para produtos a ser criados pelas indústrias criativas”, refere a associação na apresentação do evento.

Participantes premiados

As votações decorrem a partir do próximo dia 15, vão até ao dia 28 de Fevereiro e são abertas a residentes e a não residentes, maiores de 12 anos. Os menores de idade têm que apresentar autorização dos encarregados de educação. Os participantes habilitam-se ainda, com o seu voto a participar em dois sorteios onde podem vir a ser premiados.

A celebração da transferência de administração já é um hábito da Associação de intercâmbio de Cultura Chinesa. A primeira iniciativa teve lugar no 10º aniversário da RAEM com o lançamento do concurso “Canção de Macau”. Já no 15º aniversário a mesma entidade lançou um livro de fotografia do território sob o olhar de profissionais de Taiwan.

Fundada em 2005, a Associação de Intercâmbio de Cultura Chinesa tem desenvolvido o seu trabalho tendo em conta a posição de Macau enquanto plataforma de comunicação entre a China e o mundo. Neste sentido, é seu objectivo “unir a comunidade chinesa que se encontra espalhada por todo o mundo e promover o entendimento mútuo em campos como a arte, cultura, sociologia ou tecnologia”.

15 Jan 2019

Miguel Gonçalves Mendes pede ajuda financeira a Macau para acabar filme

[dropcap]O[/dropcap] cineasta português Miguel Gonçalves Mendes tem vindo a promover uma campanha de recolha de fundos para concluir o seu mais recente projecto, “Sentido da Vida”, tendo alargado esse pedido de apoio a Macau.

“Neste momento, e ao fim de seis anos de filmagens, encontro-me a terminar o filme ‘O Sentido da Vida’, cuja acção também se desenrola em Macau e [aborda] a nossa relação com a lusofonia. Contudo, a nossa situação financeira é tão delicada que criamos uma plataforma de financiamento colectivo para tentar concluir o filme”, escreveu em comunicado.

A campanha de recolha de fundos termina a 18 de Fevereiro e visa angariar 350 mil euros (cerca de três milhões de patacas), montante que “permitirá concluir a edição e a pós-produção do filme”. No total, o “Sentido da Vida” custa 1,8 milhões de euros (cerca de 16 mil milhões de patacas).

A produtora JumpCut, responsável pelo filme, propõe contrapartidas para aqueles que se disponham a apoiar financeiramente o projecto. “Independentemente do valor escolhido para financiar a obra, todos terão a oportunidade de dar a cara num frame do filme por 10 euros (92 patacas). Para tal, bastará enviar uma foto. Existem ainda contributos especiais para estudantes, com acesso a um workshop leccionado pelo realizador sobre o género documentário biográfico.”

“O Sentido da Vida” foca-se na história real de Giovanne Brisotto, “um jovem brasileiro com Polineuropatia Amiloidótica Familiar (PAF, vulgarmente conhecida como Paramiloídose ou Doença dos Pezinhos), uma doença incurável, de origem portuguesa, que foi espalhada pelo mundo durante o período das grandes navegações”. No filme, “Giovane dá uma volta ao mundo, de mais de 56 mil quilómetros, desembarcando na Índia e estabelecendo depois a rota que se pensa ter sido a da primeira viagem a disseminar a doença. Segue até Macau e, depois, para o Japão, numa jornada onde ambiciona perceber qual, afinal, ‘O Sentido da Vida’”.

Ao mesmo tempo, o filme acompanha sete histórias de oito figuras públicas portuguesas, “estabelecendo uma constelação de personagens que nos faz questionar até que ponto seremos mais parecidos aos heróis que admiramos e qual a diferença entre a imagem pública e privada num mundo em rede e em constante processo de aceleração”.

Miguel Gonçalves Mendes realizou o documentário “José e Pilar” sobre José Saramago, tendo este projecto sido produzido pelo cineasta espanhol Pedro Almodóvar e Fernando Meirelles. O cineasta português é também autor do documentário sobre o poeta e pintor Mário Cesariny, intitulado “Autografia”.

14 Jan 2019

Banda portuguesa Xutos & Pontapés cumpriram 40 anos este domingo

[dropcap]N[/dropcap]uma madrugada de Janeiro de 1979, e em minutos, apresentou-se pela primeira vez ao vivo uma das mais duradouras bandas rock portuguesas. Os Xutos & Pontapés cumpriram 40 anos no domingo.

A data de aniversário serviu para assinalar o nascimento oficial dos Xutos & Pontapés, que aconteceu a 13 de Janeiro de 1979 no salão de baile dos Alunos de Apolo, em Lisboa, numa noite em que tocaram quatro músicas em pouco mais de cinco minutos.

Na altura, o grupo, que chegou a chamar-se Delirium Tremens e depois Beijinhos e Parabéns, integrava os jovens Zé Pedro, Kalú, Tim e Zé Leonel, influenciados pelo punk-rock que entrava em força na cena musical estrangeira.

Quarenta anos depois, o grupo persiste na música portuguesa – já sem Zé Pedro e sem Zé Leonel -, com mais de uma dezena de álbuns e muitas canções que servem de âncora para um clã do rock com milhares de fãs de várias gerações.

Para festejar a data redonda, os Xutos & Pontapés editam um novo álbum, “Duro”, que sairá no dia 25, coincidindo com um concerto no espaço Lisboa ao Vivo. A 1 de Fevereiro apresentam-no no Hard Club, no Porto. Este é também o primeiro álbum que Kalú, Tim, João Cabeleira e Gui editam sem o guitarrista Zé Pedro, que morreu em 2017, mas o registo incluirá gravações feitas ainda por este músico.

Musicalmente, “Duro” deverá ser de rock mais pesado, como resposta ao registo anterior, “Puro”, de 2014, como contou o baixista e vocalista Tim e o guitarrista João Cabeleira em 2018 à agência Lusa.

Aos fãs, a banda explica que o álbum “Duro” é “um legado de perseverança e persistência, de luto e de alegria, de ansiedade e calma”.

14 Jan 2019

Biografia de Leonard Cohen e segundo volume de “Eliete” nas novidades da editora Tinta-da-China

[dropcap]U[/dropcap]ma biografia de Leonard Cohen, ilustrada com fotografias e documentos, uma edição fac-similada da revista “Persona”, dedicada a Fernando Pessoa, e a segunda parte do romance “Eliete”, de Dulce Maria Cardoso, marcam as novidades da editora portuguesa Tinta-da-China para este ano.

A editora vai lançar uma caixa de colecção, reunindo edições fac-similadas dos 12 números da mítica revista publicada entre 1977 e 1985, dedicada a Fernando Pessoa, que inclui textos de autores como Eugénio de Andrade, Agustina Bessa Luís, Eduardo Prado Coelho, Ana Hatherly, Eduardo Lourenço, Vasco Graça Moura, Jorge de Sena e Mário Cesariny.

Esta edição, que é uma parceria com a Casa Fernando Pessoa, inclui ainda um caderno original, com textos de Arnaldo Saraiva e Jerónimo Pizarro. Outra das novidades da Tinta-da-China é o lançamento de “I’m Your Man: A vida de Leonard Cohen”, por Sylvie Simmons, “a monumental biografia, profusamente ilustrada com fotografias e documentos, do músico e poeta de culto desaparecido em 2016”, segundo a editora.

A Tinta-da-China vai ainda publicar “Mapas”, de John Freeman, o primeiro livro de poesia deste norte-americano, que foi editor da Granta em língua inglesa durante vários anos e responsável pela revitalização da revista literária.

Na Colecção de Poesia dirigida por Pedro Mexia, os destaques da editora vão para “A Musa Irregular – Edição aumentada”, de Fernando Assis Pacheco, que reúne toda a sua produção poética, “Retratos com Erro”, novo livro de Eucanaã Ferraz, considerado um dos maiores poetas contemporâneos da língua portuguesa, publicado imediatamente após a edição brasileira, e “Câmera Lenta e Outros Poemas”, de Marília Garcia, que lhe valeu o Prémio Oceanos 2018 e que estava apenas publicado no Brasil.

Na mesma colecção será ainda lançado “Ideas of Order” (no título original), uma das obras seminais de Wallace Stevens, poeta de língua inglesa, traduzido por Pedro Mexia.

No que respeita à ficção, a Tinta-da-China prepara-se para publicar a segunda parte da história de Eliete, de Dulce Maria Cardoso, cujo primeiro volume foi lançado em 2018, e uma antologia de contos de Sérgio Sant’Anna, organizada pelo escritor Gustavo Pacheco, a partir dos vários livros do autor, e nunca antes publicada.

Outra novidade na área do romance é o início da publicação da obra de Emmanuel Carrère, que se inicia com a reedição, em nova tradução, de “O adversário”, obra que consagrou o autor, a que se seguirá “o monumental” “O Reino”. Durante este ano será também editado um volume de contos do autor catalão que a Tinta-da-china tem vindo a publicar desde 2007, Jaume Cabré, intitulado “Quando a penumbra vem”.

Na Colecção Pessoa, dirigida por Jerónimo Pizarro, será publicada a primeira biografia inglesa de Fernando Pessoa, com o título “Fernando Pessoa, the Poet with Many Faces: a biography and anthology”, de Hubert D. Jenings.

“Escrito na década de 1970, o livro deveria ter sido impresso em 1974, mas a Revolução dos Cravos interrompeu os planos editoriais. O datiloscrito, encontrado numa garagem em Joanesburgo, na África do Sul, e colocado à guarda da Universidade de Brown (EUA), é agora enfim publicado, numa edição de Carlos Pittella, que selecionou os poemas que compõem a antologia apensa”, explica a Tinta-da-China.

Na Coleção de Literatura de Viagens, dirigida por Carlos Vaz Marques, destacam-se “Cinco travessias do inferno”, de Martha Gellhorn, correspondente de guerra, que partilha as suas cinco “melhores viagens de terror”, e “O Uso do Mundo” (título provisório), obra de Nicolas Bouvier, que relata uma viagem de longos meses entre os Balcãs e o Afeganistão, nos anos 50.

Ainda no âmbito da literatura de viagens, a editora publicará “Uma Estranha no Comboio” (título provisório), de Jenny Diski, no qual a escritora britânica, nunca antes publicada em Portugal, parte da sua longa viagem de comboio pelos Estados Unidos para contar todo o tipo de episódios insólitos que viveu e encontros que teve com figuras bizarras.

Relativamente a ensaios, a Tinta-da-China vai apostar num livro sobre a história da expansão portuguesa “contada às avessas”: não do ponto de vista da metrópole, mas sim do ponto de vista daqueles que partiram e se instalaram nas margens do império português.

Intitulado “Filhos da Terra: Identidades mestiças nos confins da expansão portuguesa” é escrito pelo historiador António Hespanha.

O outro ensaio a ser publicado é assinado por Fernando Rosas e, sob o título “Salazar e os Fascismos”, debruça-se sobre os fascismos que têm vindo a recair sobre o mundo, examinando e comparando os vários fascismos que grassaram na Europa ao longo do século passado e as ameaças que se fazem sentir no século XXI.

14 Jan 2019

Fotografia | Roberto Santandreu revisita estaleiros de Lai Chi Vun

[dropcap]O[/dropcap]s estaleiros de Lai Chi Vun, o maior grupo de estaleiros navais de Macau, estão em foco numa exposição de fotografia de Roberto Santandreu que é inaugurada a 17 de Janeiro na Casa da América Latina, em Lisboa.

Intitulada “O Estaleiro”, a exposição apresenta uma proposta fotográfica com imagens marcadas pelo tempo, nas quais o autor partilha as vivências e sensações que teve ao fotografar os estaleiros abandonados de Lai Chi Vun.

Na mesma exposição, que ficará patente até 1 de Março, segundo uma nota da organização, são igualmente exibidas fotografias de frases manuscritas encontradas naquela histórica estrutura naval.

Construídos a partir da década de 1950, os Estaleiros Navais de Lai Chi Vun são o maior grupo de estaleiros navais de Macau, e considerados um dos maiores legados de património industrial da construção naval da região do sul da China.

Os estaleiros apresentam técnicas e métodos relacionados com a construção naval no final do século XIX, revelando igualmente a organização e o modo de vida da comunidade da vila de Lai Chi Vun e as influências que tiveram do sector da indústria naval.

Em 2017, o Instituto Cultural de Macau recebeu um pedido para iniciar o procedimento da classificação dos estaleiros navais, por iniciativa de um grupo local, e o projecto avançou no ano passado para ser preservado como património cultural.

Nascido em Milão, em 1948, de nacionalidade chilena, Roberto Santandreu trabalhou em Oslo e em Londres, fixando residência em Lisboa, em 1975.

14 Jan 2019

Festival Fringe | Performance de Jenny Mok nos Três Candeeiros vai durar cinco dias

O espectáculo da companhia Comuna de Pedra “100 horas” vai colocar Jenny Mok a viver durante cinco dias na Rotunda de Carlos da Maia. A ideia é interagir com os moradores e registar a experiência pessoal e de quem por ali passa de modo a perceber a reacção das pessoas a novos acontecimentos, à sua presença e depois ao seu desaparecimento

 

[dropcap]A[/dropcap] artista Jenny Mok vai mudar de casa precisamente durante 100 horas e escolheu a Rotunda de Carlos da Maia para viver ao longo deste período. O objectivo é dar corpo ao projecto “100 horas”, uma performance da companhia Comuna de Pedra, que integra o festival Fringe e que vai ter lugar de 22 a 26 de Janeiro.

Para o efeito, Mok vai acampar no meio da rotunda, fazer dali a sua casa e abri-la a quem quiser. “Não é propriamente aquilo a que as pessoas poderiam chamar de espectáculo em que os intervenientes produzem uma cena que dura no máximo algumas horas”, explicou a responsável pela Comuna de Pedra. Aqui, a performance dura cinco dias, ininterruptamente e não contempla as tradicionais “representações artísticas”.

“Não vou dançar, não vou representar, vou apenas viver ali e no processo vou também tentar conviver com a comunidade que ali habita e que ali vai passando”, acrescentou.

A diferença vai também ser notada no público, sendo que quando um espectáculo é feito num palco, “as pessoas vão com o intuito de ver uma coisa preparada e ensaiada”. Mas aqui tudo acontece “enquanto as pessoas têm a sua vida do dia a dia, no sítio onde vivem e onde têm o seu negócio. Elas vivem ali e de repente algo de novo acontece nas suas vidas”, aponta Mok.

Na agenda

O quotidiano da artista vai ser na sua maioria preenchido com o imprevisto que resulta destas interacções, mas há diariamente três actividades marcadas.

“Uma é a venda de comida, em que eu vou cozinhar e partilhar o que faço, sendo que quem quiser pode fazer as refeições comigo”, referiu.

No entanto, não se trata de uma oferta, “as pessoas têm que dar algo em troca, o que quer que seja, uma garrafa de cerveja, algum objecto, ou ajudar em alguma coisa”. A ideia é promover a interacção com os frequentadores daquela área.

Outra das actividades que tem agenda marcada para todos os dias é um programa de rádio, criado ali mesmo e “que vai estar no ar diariamente, pelo menos durante uma hora”. Também aqui o público pode participar através de uma espécie de discos pedidos. “As pessoas podem escrever uma carta a dedicar uma canção a alguém e quem estiver responsável pelo funcionamento da rádio vai ler essa carta e passar a essa canção”, explica Jenny Mok. Ao mesmo tempo, este programa vai estar disponível na internet de modo a chegar ao público em geral.

A terceira actividade é também de livre participação e é um convite às pessoas a fazerem o que quiserem na “casa” da artista. “Podem apresentar espectáculos de rua, pequenas performances, podem estar apenas ali a conversar” aponta Mok. “A minha sala de estar é na rua e é aberta a todos os que quiserem ali apresentar qualquer coisa. Não interessa o que tenham para apresentar, mas podem fazê-lo”, sublinhou.

Em directo

Para Jenny Mok a realização desta performance vai muito além do lado artístico. Aliás, o objectivo é que seja uma experiência social. Por isso, escolheu a zona dos Três Candeeiros. “É uma espécie de bairro, não é uma área económica ou financeira. É uma zona residencial com algum pequeno comércio, onde as pessoas vivem e fazem o seu quotidiano”.

Para concretizar a experiência, a artista vai registar tudo em vídeo e fazer o registo escrito no momento. Jenny Mok vai ter um quadro branco onde vai anotar todos os acontecimentos destas 100 horas de residência nos Três Candeeiros. “Vou ter um quadro em que anoto de cinco em cinco minutos, ou de dez em dez, o que se está a passar. Por exemplo, se alguém fala comigo sobre um assunto, se alguém tem uma atitude, o que quer que seja, vai ficar registado”, disse. Estas anotações são também abertas aos transeuntes que por ali forem passando e “se as pessoas quiserem podem também escrever neste quadro o que entenderem e mesmo os seus pensamentos ou sentimentos acerca do que estão a ver”. No final dos cinco dias, o quadro com as anotações também estará disponível online.

Desta forma a artista pretende ainda chegar a duas camadas de público: aquele que ali vive e que vai conviver com ela e os que podem assistir à performance à distância, através da internet.

O tempo das coisas

Em última análise “100 horas” pretende ser uma reflexão acerca da duração das coisas, apontou Mok. “Estamos numa cidade em que tudo tem uma duração e nem nos lembramos disso. Algumas vezes a nosso conceito de duração das coisas também é muito individual. Aliás a duração de uma vida nem é assim tão longa e por isso o tempo que as pessoas dedicam às coisas é muito relativo”, apontou Jenny Mok.

Por outro lado, considera, “as pessoas dão valor às coisas quando as perdem e quando alguma coisa acaba, de repente ganha valor e sente-se a sua falta”. Do lado oposto à nostalgia do que acaba, está a resistência à novidade, sendo que aqui as pessoas tendem a reagir com reservas e mesmo repúdio, apontou.

Nesta performance vai existir um princípio, uma duração e um fim, Mok pretende perceber a reacção de quem vive naquela zona de Macau a esta situação que, sendo nova, de alguma forma dura no tempo, vai integrar a vida das pessoas e vai terminar. “É uma espécie de experiência em que pretendo colher informação colectiva acerca da forma como as pessoas percepcionam um acontecimento que entra na sua vida, como é que interagem com ele e que, passado pouco tempo, desaparece”, acrescentou.

Além de ser uma experiência para si, trata-se ainda de um acontecimento que vai afectar quem vive nos Três Candeeiros. “Muitos dos residentes não vão gostar de me ver ali, e isso pode acontecer porque é um bairro já com a sua dinâmica própria e eu vou destabilizar esta dinâmica”, justificou.

Por fim, “também vai ser interessante perceber as percepções da fronteira entre espaço pessoal e público, visto estar a viver ali, um espaço que é pessoal, mas que ao mesmo tempo está aberto a todos” rematou a artista.

14 Jan 2019

Vice-presidente da Assembleia da República portuguesa defende canal de televisão lusófono

[dropcap]O[/dropcap] vice-presidente da Assembleia da República de Portugal, Jorge Lacão, defendeu ontem a criação de um canal lusófono partilhado pelos vários canais de televisão dos países de língua portuguesa, com “uma dimensão à escala planetária”.

Jorge Lacão falava à agência Lusa à margem dos trabalhos da VIII Assembleia Parlamentar da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (AP-CPLP), que decorre na capital de Cabo Verde, e na qual está a participar em substituição do presidente da Assembleia da República de Portugal, Eduardo Ferro Rodrigues, ausente por motivos de doença.

O deputado, que irá intervir hoje, sexta-feira, durante a sessão plenária desta AP-CPLP, que tem como tema “CPLP – Uma comunidade de pessoas”, irá voltar a esta ideia, a qual já foi aflorada em encontros anteriores.

Este canal lusófono, explicou, seria “partilhado pelos vários canais de televisão dos vários países, com uma dimensão à escala planetária”. “Pode parecer uma ideia excessivamente megalómana, mas, se pensarmos bem nas capacidades de emissão já hoje existentes em cada país, uma partilha deste género poderia ser um contributo qualitativo de grande alcance para a aproximação dos nossos povos”, adiantou.

Questionado sobre o tema da mobilidade, comum a todas as intervenções da sessão de abertura desta Assembleia Parlamentar, Jorge Lacão recordou que a política oficial portuguesa, conduzida pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros, vai no sentido de colocar toda a política de vistos “ao alcance deste objectivo da mobilidade dos cidadãos da CPLP”.

Jorge Lacão sublinhou “a forma extraordinariamente empenhada” com que Cabo Verde está a receber as delegações da Assembleia Parlamentar e de como o presidente da Assembleia Nacional cabo-verdiana se está a empenhar neste mandato de dois anos à frente da AP-CPLP, que agora começa.

O parlamentar considerou de “extraordinária relevância” o discurso do Presidente da República de Cabo Verde, o qual “revela uma visão cosmopolita, de grande alcance relativamente ao aprofundamento do que gostamos de designar como o estatuto da lusofonia, um estatuto que permita ao conjunto dos cidadãos dos países da CPLP partilhar cada vez mais fatores de mobilidade de todos os níveis”.

Durante a sua intervenção, que decorreu na sessão de abertura, Jorge Carlos Fonseca lembrou que ainda este ano vai organizar, em Cabo Verde, “um grande encontro de jovens da CPLP e da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental [CEDEAO] que deverá ser um espaço de reflexão e de proposições relativamente ao devir dos nossos países, na perspectiva dos jovens”.

O chefe de Estado cabo-verdiano aproveitou para “solicitar o decisivo apoio dos senhores representantes do Parlamento da CPLP para a realização desse evento”. A este pedido, Jorge Lacão referiu que a iniciativa será apoiada por Portugal “em todo o alcance” e “em todo o sentido”.

11 Jan 2019