Plataforma 1220 pede participação de cineastas para Festival de Busan 

[dropcap]A[/dropcap] 1220 – Produção de Filmes pretende levar para o Festival Internacional de Cinema de Busan, na Coreia do Sul, cineastas de Macau para que mostrem o seu trabalho num dos mais importantes festivais de cinema.

De acordo com um comunicado, há quatro vagas disponíveis para cineastas independentes e outros profissionais ligados ao marketing, financiamento e distribuição. São também convidados a submeter candidaturas profissionais que tenham participado em produção de curtas-metragens. Os projectos devem ser submetidos em inglês e chinês, sendo também pedida carta de referência caso o candidato esteja empregado numa empresa.

Com esta iniciativa, a plataforma 1220 possibilita aos “profissionais de Macau uma oportunidade única de interagir com outros cineastas de todo o mundo”, além de poderem partilhar “as suas experiências em termos de filmagens e procurar por oportunidades de negócio com produtoras estrangeiras”.

Apoios do FIC

O mesmo comunicado dá conta do optimismo da plataforma 1220 para o Festival Internacional de Cinema de Busan, uma vez que, no passado, “obteve uma resposta positiva no que diz respeito ao recrutamento de trabalhadores locais da área do cinema para aderirem aos mercados estrangeiros”.

“A 1220 pretende descobrir mais produções locais de cinema que promovam a competitividade do sector em Macau, para que a indústria do cinema do território siga em frente”, lê-se ainda.

A empresa foi uma das beneficiárias do Fundo das Indústrias Culturais no segundo trimestre deste ano, recebendo duas tranches no valor total aproximado de duas milhões de patacas. O valor de 1,780 milhões de patacas diz respeito à “atribuição da primeira prestação de apoio financeiro ao projecto “Plano de Apoio Financeiro Específico da Plataforma de Serviço Integrada de Cinema e Televisão 1220”, enquanto as 54 mil patacas constituem a “última prestação de apoio financeiro ao projecto ‘Plataforma de Serviços de Emissão, Venda Internacional e Pós-Produção Cinematográfica e Acesso a Feira de Exposição Internacional’”.

2 Ago 2019

Festival Lunar | “Noite de Luar de Haojiang” traz dança tibetana ao CCM

As celebrações do Festival Lunar 2019 trazem a dança e a cultura Thangka ao Pequeno Auditório do Centro Cultural de Macau a 13 de Setembro. Os bilhetes começaram ontem a ser vendidos

 

[dropcap]A[/dropcap] “Noite de Luar de Haojiang” é o título da peça de dança tibetana escolhida para celebrar o Festival Lunar no próximo mês, integrada no evento “Arte Macau”, que sobe ao palco do grande auditório do Centro Cultural de Macau no dia 13 de Setembro às 20h.

Apresentada pelo Grupo Teatral e Artístico de Qinghai, esta dança da lua é um projecto dramático que apresenta a arte religiosa Thangka à população local, numa festa de simbolismo único que “transmite um apelo artístico forte e rico”, reafirmando “a cultura tradicional chinesa com personagens vivas e vocabulário de palco inovador”, segundo o Instituto Cultural.

O bailado original “retrata artistas Thangka descrevendo as suas vidas”, inspirados nos temas da “verdade, bondade e beleza” presentes na pintura budista de influência tibetana. “A paixão e o amor do herói e da heroína por Thangka e a cultura tibetana estão presentes em todo o drama”.

O espectáculo que vem a Macau conta uma história de três épocas da vida – Vida Anterior, Outra Vida e Esta Vida – coreografadas de forma a transmitir sentimentos históricos e humanísticos, através da integração dos costumes folclóricos autóctones, na música, na dança, na arquitectura e na pintura tradicional da província de Qinghai, no noroeste da China.

As pinturas religiosas Thangka foram seleccionadas para o projecto de arte do Fundo Nacional para as Artes, que contou com exposições e espectáculos criativos da Província de Qinghai nas celebrações do 22º Aniversário do Retorno de Hong Kong à Pátria, que decorreram durante o mês de Julho no vizinho território.

Budismo em Qinghai

Qinghai é uma grande província chinesa, de população dispersa, situada ao longo do planalto tibetano acima dos seis mil metros de altitude. É um lugar de fortes tradições culturais tibetanas e mongóis, onde se situam as montanhas Kunlun, um local sagrado para os peregrinos budistas.

Existem mais de vinte mosteiros e templos budistas em Qinghai. Os principais são os Mosteiros Wutong e Longwu, cujos monges são conhecidos produtores de Thangka, pinturas religiosas em algodão ou seda, geralmente retratando divindades, cenas ou mandalas budistas. Estas peças de arte estão reconhecidas como Património Cultural Intangível da Humanidade, na lista da UNESCO, desde 2009.

A arte sacra do Thangka remonta ao século VII e tem origem no Tibete. A maioria das obras são criadas para meditação pessoal ou para a aprendizagem de estudantes monásticos. A sua importância religiosa sobrepõe-se ao valor artístico e estético. Os praticantes desenvolvem estes trabalhos como auxílio às práticas de concentração e visualização das deidades com quem pretendem fortalecer vínculos espirituais. Há muitas representações das visões dos grandes mestres, nos momentos de realização, que foram gravados e incorporados na escritura budista.

Os bilhetes para o espectáculo estão à venda desde ontem, 1 de Agosto. Os preços variam entre 100 e 300 patacas e têm desconto de 50 por cento para portadores de BIR, Cartão de Professor e de Estudante de Macau, válidos.

2 Ago 2019

Fotografia | José Drummond distinguido com menção honrosa por revista Monovisions

“The Ghost” é o nome da série de fotografias a preto e branco da autoria do artista plástico José Drummond que acaba de ser distinguida com uma menção honrosa nos Prémios Monovision Photography, da revista Monovisions. O autor, que tem feito carreira artística entre Macau e China, mostrou-se “satisfeito” com o reconhecimento

 

[dropcap]O[/dropcap] artista plástico José Drummond acaba de ser distinguido pela revista Monovisions, dedicada exclusivamente ao universo da fotografia a preto e branco, com uma menção honrosa na área das artes plásticas. As imagens premiadas têm como título “Your soul just gets a little darker until there’s nothing left aka The Ghost”.

O reconhecimento deixou o autor muito satisfeito. “Este prémio é atribuído anualmente e a competição é aberta a toda a gente, revelando uma grande diversidade. Ano após ano chama a atenção de muitos fotógrafos. Nesse sentido, sinto-me obviamente satisfeito que o trabalho seja, de algum modo, reconhecido”, disse ao HM.

José Drummond confessou que trabalha pouco com fotografia a preto e branco, possuindo apenas mais uma colecção além da que apresentou a concurso. Apesar de se expressar artisticamente com mais frequência através instalações e vídeo, defende que “a fotografia faz parte do trabalho plástico”.

No que diz respeito ao título da série, que tenta capturar em imagem a alma, José Drummond esclarece que ao longo dos anos o seu trabalho “foi ganhando cada vez mais intensidade poética” e é por isso que tem dedicado “cada vez mais importância aos títulos”.

“Neste caso, o título diz-nos que a alma vai ficando um pouco mais escura até não haver mais nada. É um título de algum modo existencialista, que reflecte a condição humana, sobre a necessidade de não deixarmos escurecer completamente essa luz que existe dentro de nós”, acrescentou.

“Trabalho de intimidade”

Rui Cascais Parada, autor e tradutor, refere-se a estas imagens como “um trabalho de intimidade e silêncio”, onde os principais protagonistas “são a beleza e o terror”. Contudo, “o silêncio é, claro, a grande circunstância e contingência daqueles que falam, o seu estado de terror, e a intimidade representa um alcance variável, mas altamente sensível”.

Depois de vários anos a residir e a expor em Macau, José Drummond mudou-se para Xangai, onde prepara uma série de exposições colectivas que devem ver a luz do dia até final do ano. O artista revelou ainda ao HM estar a preparar uma série de “open studio”, programada para acontecer todos os meses.

“Nessa série abro as portas do estúdio aos visitantes e apresento trabalhos e projectos numa série de sessões que têm como objectivo um contacto mais directo entre artistas e a audiência”, confessou. “Poderá dar-se também o caso de aqui e ali poder envolver projectos de curadoria que tenha feito com outros artistas. A ideia é combinar o envolvimento do estúdio com a ideia da sala branca da galeria”, concluiu.

31 Jul 2019

Festival | Documentários em estreia para ver de 10 a 31 de Agosto

São 23 filmes, alguns em estreia absoluta em Macau e Hong Kong, para ver no Festival Internacional de Documentário de Macau, durante o próximo mês. Há ainda uma masterclass, conversas, debates e festas para homenagear o cinema de reflexão sobre temas históricos, biográficos e sociais

 

[dropcap]A[/dropcap] Cinemateca Paixão acaba de apresentar o cartaz de filmes que chegam a Macau em primeira mão na edição do 4º Festival Internacional de Documentário de Macau (FIDM). Durante o mês de Agosto, de 10 a 31, a sala da Travessa Paixão convida o público a perder-se em histórias interessantes e curiosas sobre o que se vai passando no mundo.

“Let’s Get Lost” é o primeiro título que abre o evento, realizado por Bruce Weber em 1988, sobre a trágica vida do lendário trompetista de música jazz Chet Baker. “A música, as drogas e o seu coração romântico” são os ingredientes do documentário de Bruce Weber, “ele próprio fotógrafo de moda de fama mundial”, que “retrata os últimos anos do músico em extraordinárias imagens a preto e branco. O trabalho de câmara é tão poético quanto a música de Baker. No final das filmagens, Baker foi encontrado morto na rua debaixo do seu quarto de hotel em Amesterdão. O incidente adiciona um elemento de mistério ao filme”, lê-se na informação divulgada pela Cinemateca.

A projecção do filme, no dia 10 de Agosto às 14h30, será complementada com uma conversa sobre o tema “A Música, Caso e Legado de Chet Baker”, por Anson Ng, em cantonense com tradução em inglês, às 17h00 com entrada livre. O filme, que foi nomeado para Melhor Documentário na 61ª edição dos Óscares em 1989, volta a ser exibido a 24 de Agosto às 21h30.

A rúbrica “Realizador em Foco” dá este ano destaque ao portefólio do realizador cazaque Sergey Dvortsevoy, que estará em Macau para apresentar seis filmes da sua autoria e partilhar métodos criativos numa masterclass para realizadores locais. O homenageado “foi engenheiro aeronáutico e tornou-se realizador depois de estudar cinema na década de 1990. Apesar de uma escassa formação teórica, Dvortsvoy aplica um estilo narrativo directo, focando-se em personagens socialmente marginalizadas”, revela a nota de imprensa.

A não perder está a sua primeira película ficcional, “Tulpan” (2008), filme que mereceu a Dvortsvoy o prémio “Um Certain Regard” no Festival de Cinema de Cannes, com a história de um jovem que pretende casar com a mulher dos seus sonhos e dedicar-se à vida rural, o que em nada seduz a visada. E “Ayka” (2018), o seu mais recente trabalho, nomeado para a Palma de Ouro, que retrata a vida deprimente de uma mãe em fuga, com a notável interpretação de Samal Yeslyamova, que trouxe para casa os galardões de Melhor Actriz no Festival de Cinema de Cannes e nos Prémios do Cinema Asiático. Ambos os filmes são exibidos duas vezes, dias 10 e 27 e dias 11 e 29, respectivamente.

A retrospectiva do realizador nascido no Cazaquistão inclui ainda os documentários “Auto-estrada” (1998) e “Na Escuridão” (2004), numa sessão única dia 13, e “Paraíso” (1995) e “Dia do Pão” (1998), no dia 21.

Estreias asiáticas

Nas secções do festival dedicadas aos filmes mais recentes, encontram-se estreias absolutas em Macau e Hong Kong, como o filme “Onde Estás, João Gilberto?” (2018), de Georges Gachot, que acompanha o percurso de um escritor alemão que viaja para o Brasil em busca do fundador da Bossa Nova, apaixonado pela música do compositor retirado da cena musical durante mais de três décadas. A estreia, no dia 17 às 19h30, conta com uma festa pré-sessão de música e comida brasileira, das 18h às 19h, para homenagear o artista recém-desaparecido no mês passado. O filme repete no dia 23.

“Presente.Perfeito” (2019), da realizadora chinesa Shengze Zhu, é outra estreia que aborda os milhões de vloggers (video bloggers) por toda a China que mostram as suas vidas online a estranhos, à procura de popularidade, na “mais crua auto-exposição” com que os elementos marginalizados ultrapassam a solidão das suas vidas na actual sociedade chinesa. O filme ganhou o prémio Hivos Tiger no Festival de Roterdão e passa apenas no dia 18.

Outro destaque é a estreia de “Viajante da Meia Noite” (2019), do realizador afegão Hassan Fazili, que documenta a sua própria fuga com a família, depois dos talibãs terem pedido a sua morte. A recusa de exílio pelo Tajiquistão força-os a uma deriva incerta em busca de um destino que lhes reconheça o estatuto de refugiados. Passa na tela nos dias 14 e 25.

“Mais Um Dia de Vida” (2018), do realizador espanhol Raúl de la Fuente e do animador polaco Damian Nenow, é uma interessante animação sobre a Guerra Civil de Angola, a partir do livro do jornalista polaco Ryszard Kapuściński, que se aventurou em 1975 até à linha da frente do conflito armado para fazer reportagens para a agência noticiosa (PAP). A brutalidade das experiências de guerra que reportou, na sua colectânea de textos e mapas, veio a ser uma referência para a classe jornalística mundial, a partir das suas palavras: “A pobreza não tem voz. O meu dever é conseguir que essa voz se ouça”. Esta adaptação ao género de animação é exibida apenas no dia 17.

“Três Estranhos Idênticos” (2018), do realizador britânico Tim Wardle é um curioso documentário sobre o encontro, em 1980 na cidade de Nova Iorque, de três jovens rapazes que descobrem ser trigémeos idênticos separados à nascença. “Após dezanove anos de separação, a sua reunião torna-se notícia e conduz a um sinistro segredo científico”, que valeu ao filme o Prémio Especial do Júri do Festival de Sundance, EUA, em 2018, e uma nomeação para Melhor Documentário nos BAFTA 2019, no Reino Unido. A fita pode ser vista nos dias 10 e 30.

E ainda os clássicos

Entre várias outras propostas presentes neste FIDM, que ao todo projectará mais de duas dezenas de documentários, estão também dois títulos clássicos que importa assinalar. “Recordações de Uma Viagem à Lituânia” (1972) é assinado pelo realizador lituano Jonas Mekas, padrinho do cinema americano de vanguarda, que faleceu em Janeiro passado aos 96 anos de idade. Filmado entre 1950 e 1972, com a sua Bolex de 16mm, este documentário abrange mais de duas décadas, ilustrando o seu percurso em Nova Iorque e o regresso ao país natal para reencontrar os amigos. A exibição única é dia 20.

Outro clássico é o muito premiado “O Acto de Matar” (2012), na versão editada pelo realizador americano Joshua Oppenheimer, que convidou Anwar Congo, o gangster que conduziu o extermínio de comunistas na Indonésia em 1965, a reencenar voluntariamente a matança para a objectiva. “As cenas do massacre ganham um sentido surreal, com Congo no papel de assassino e vítima”, cujo orgulho se vai desfazendo à medida que o sentimento de culpa surge.

Vencedor de Melhor Documentário nos BAFTA e nos Prémios do Cinema Europeu de 2014, e nomeado na mesma categoria à 86ª edição dos Óscares, o filme foi aplaudido pelo mestre do cinema alemão, Werner Herzog, que o considerou “um dos mais importantes filmes vistos nos últimos 25 anos”. As sessões acontecem nos dias 17 e 31, com uma palestra pré-sessão, dia 17 às 14h30, pelo especialista de História da Indonésia, George Young, sobre o genocídio “Gerakan 30 de Setembro” que acorreu naquele país.

O cartaz de excelência do FIDM é mais uma aposta da Cinemateca Paixão, com o apoio da Comuna de Han-Ian – associação de arte e cultura. Os bilhetes custam 60 patacas por sessão e já se encontram à venda.

30 Jul 2019

Cinema | Festival de Documentário arranca com filme sobre Chet Baker

[dropcap]L[/dropcap]et’s Get Lost” (1988), sobre a vida do trompetista e músico de jazz Chet Baker, em versão recém-restaurada, é o filme de Bruce Weber que abre a 4ª edição do Festival Internacional de Documentário de Macau (FIDM), de 10 a 31 de Agosto na Cinemateca Paixão.

O “Realizador em Foco” de 2019 será o cazaque Sergey Dvortsevoy, que apresentará seis das suas obras e dará ainda uma masterclass destinada a cineastas e público local.

Entre muitas propostas de documentários recentes e alguns clássicos, o evento exibirá também filmes como “Presente.Perfeito” (2019) da jovem realizadora chinesa Shengze Zhu, que venceu prémios no IndieLisboa, ou as memórias do recém desaparecido pai da Bossa Nova, com o documentário “Onde Estás, João Gilberto?” (2018) de Georges Gachot, sobre a música e a vida do compositor. Os bilhetes para as sessões do FIDM encontram-se à venda desde sábado.

29 Jul 2019

Museu do Oriente apresenta ciclo de cinema sobre Goa

O Museu do Oriente, em Lisboa, apresenta, em Setembro, o ciclo de cinema “Era uma vez em Goa: Identidade e Memórias no Cinema”, com organização da académica Maria do Carmo Piçarra. Além de filmagens históricas e documentários, o cartaz presta homenagem a Paulo Varela Gomes, crítico, escritor e historiador português já falecido

 

[dropcap]E[/dropcap]ntre os dias 4 e 29 de Setembro o auditório e a Sala Pequim, do Museu do Oriente, em Lisboa, vão receber um ciclo de cinema inteiramente dedicado à presença portuguesa em Goa e que é comissariado pela académica Maria do Carmo Piçarra, especialista em estudos sobre cinema de cariz colonial.

“Era uma vez em Goa: Identidade e Memórias no Cinema” visa, de acordo com um comunicado, desvendar “olhares sobre Goa antes e imediatamente após a integração do território na Índia, em 1961, além de olhares contemporâneos – documentais sobretudo –, de realizadores portugueses e goeses que problematizam cinematograficamente a sua complexidade identitária e cultural”.

Nesse sentido, serão apresentados filmes de arquivos públicos – da Rádio e Televisão Portuguesa, do Centro de Audiovisuais do Exército (CAVE), da Filmoteca Española –, por vezes desprovidos de som, que serão comentados por especialistas. Além dos filmes considerados mais “oficiais”, por terem sido produzidos com o objectivo de propaganda, serão também reveladas ao público investigações de realizadores não goeses, como “Eternal Foreigner” (2003), de Paula Albuquerque, “Pátria Incerta” (2005), de Inês Gonçalves e Vasco Pimentel ou “A Dama de Chandor” (1998), de Catarina Mourão.

Este ciclo de cinema conta também com filmes goeses contemporâneos, documentais e um filme ficcional konkani, que “fixam percepções pessoais, mas que atestam quer a singularidade identitária goesa quer um cuidado em fixar as alterações culturais e da ecologia do território”. O konkani, a que os portugueses chamavam canarim, é uma língua indo-ariana falada na Índia.

Esta iniciativa do Museu do Oriente visa ainda homenagear o trabalho de Paulo Varela Gomes, escritor, crítico e historiador de arquitectura, falecido em 2016. Varela Gomes foi co-autor e apresentador da série documental “O Mundo de Cá”, emitida pela RTP durante os anos 90, que se debruçava sobre a presença portuguesa no Oriente na época da Expansão.

Da história à modernidade

“Mogacho Anvddo” é o nome do primeiro filme konkani, rodado em Goa no ano de 1950 por Jerry Braganza e integra o cartaz deste ciclo de cinema. O público poderá também ver películas goesas mais contemporâneas, como é o caso de “Digant”, filmado no ano de 2012 por Dnyanesh Moghe. “Digant” é “um filme ficcional que participa no esforço de manutenção de uma produção de cinema local, em konkani, estando ligado, pela abordagem temática, às preocupações, pela via documental, de outros realizadores goeses”.

Agrupados sob o título “Comunidades goesas e culturas em filmes documentais”, serão exibidas películas como “Caazu” (2015), de Ronak Kamak; “Dances of Goa” (2012), de Nalini Elvino de Sousa; “Shifting Sands” (2013), de Sonia Filinto e “Saxtticho Koddo – O Celeiro de Salcete” (2018), de Vince Costa. A obra “I Am Nothing”, de Ronak Kamat, “fixa aspectos da vida e obra de Vamona Navelcar, um dos maiores vultos da pintura na Índia, que afirma a sua identidade goesa sem esquecer nunca a sua ligação a Portugal”.

No caso do filme “Pátria Incerta”, produzido por Inês Gonçalves e Vasco Pimentel em 2005, pretende-se olhar “para o génio que o povo colonizado revela ao produzir uma síntese civilizacional própria”, uma vez que, durante 450 anos, “Goa fez parte do império colonial português, de costas voltadas para o resto da Índia”.

“Nos primeiros 60 anos da ocupação, metade da população (intensamente culta, intensamente estruturada, intensamente hindu) foi forçada a converter-se à religião católica. Tal como o clima húmido de Goa dificulta o sarar das feridas, também o passado parece não conseguir cicatrizar. A memória da cultura portuguesa sobrevive em Goa e revela-se à vitalidade da cultura hindu, nunca enfraquecida, presente por toda a parte – até nos católicos goeses, descendentes de hindus convertidos”, acrescenta o comunicado.

“A Dama de Chandor”, de Catarina Mourão, retrata a história de Aida, uma mulher com 80 anos que vive sozinha num palácio numa aldeia de Goa. “Este documentário conta a sua história, acompanhando o seu esforço diário para preservar a todo o custo a casa onde vive, símbolo visível e palpável da sua identidade que ela sente ameaçada. A ‘dama de Chandor’ e a sua casa confundem-se. Aida terá de viver até garantir que a casa lhe sobrevive.”

O filme “I Am Nothing”, de Ronak Kamat, tem como base a investigação sobre a vida e obras do lendário e enigmático artista goês-português, Vamona Navelcar. “O filme fixa o seu processo criativo e tenta compreender o pensamento por detrás das suas obras, enquanto recolhe opiniões profundas e perspicazes sobre e pelo homem conhecido informalmente conhecido como ‘o artista de três continentes’”, aponta o mesmo comunicado.

História em silêncio

Este ciclo de cinema dedicado a Goa não termina sem uma exibição de curtas-metragens de arquivo, sendo que alguns filmes, devido à passagem do tempo, perderam o som. Um deles é “En la India Portuguesa: Goa de Ayer y de Hoy”, foi filmado por ocasião das comemorações do centenário de S. Francisco Xavier e que mostra como o regime ditatorial de Franco, em Espanha, apoiou a política colonial do Estado Novo em Portugal.

Será também exibido o trabalho de Miguel Spiguel, o realizador que mais filmou o chamado “Oriente português”. Em 18 de Maio de 1959 estrearam, no cinema Império em Lisboa, várias curtas-metragens realizadas por Spiguel relativas à chegada a Goa de Vassalo e Silva, entre outros temas, sendo que “Rumo à Índia” mostra a chegada de tropas ao território.

29 Jul 2019

Óbito | Rutger Hauer, eterno vilão de “Blade Runner”, morre aos 75 anos 

[dropcap]O[/dropcap] actor holandês Rutger Hauer, que ficou célebre sobretudo no filme “Blade Runner”, de Ridley Scott, morreu no dia 19, aos 75 anos, revelou esta quarta-feira a revista Variety. A informação foi avançada pelo agente, Steve Kenis, explicando que o actor estava doente, morreu em casa e que o funeral se realizou ontem, na Holanda.

Nascido a 23 de Janeiro de 1944, em Utrecht, Rutger Hauer estreou-se no final dos anos 1960 na série de televisão “Floris”, de Paul Verhoeven, realizador com quem iria trabalhar em anos seguintes, nomeadamente em “Delícias Turcas” (1973) e “O Soldado da Rainha” (1975).

No entanto, foi com o papel do vilão Roy Batty, líder dos replicantes no filme de culto “Blade Runner – Perigo Iminente”, de Ridley Scott, que Rutger Hauer ficou célebre em 1982.

Na mesma década, participou em filmes como “A Mulher Falcão” (1985), de Richard Donner, “Morto ou Vivo” (1986), de Gary Sherman, e “A Lenda do Santo Bebedor” (1988), de Ermanno Olmi. Com “Fuga de Sobibor”, telefilme de Jack Gold, de 1987, venceu um Globo de Ouro como actor secundário.

Terror, ficção científica, acção, foram vários os géneros cinematográficos em que Rutger Hauer se moveu no cinema, tendo entrado, por exemplo, em “Drácula 3D”, “Buffy, caçadora de vampiros”, “Batman – O início”, “Sin City – Cidade do pecado” e “Valerian e a cidade dos mil pllanetas”.

Em 2013 protagonizou “RPG”, longa-metragem portuguesa de ficção científica, realizada por David Rebordão e Tino Navarro. Entre as suas últimas aparições no cinema está a participação em “Os Irmãos Sisters”, de Jacques Audiard.

26 Jul 2019

Filmes de Leonor Teles e Tiago Guedes em competição no Festival de Veneza

[dropcap]O[/dropcap] filme português “Cães que ladram aos pássaros”, de Leonor Teles, vai estar em competição no 76.º Festival de Cinema de Veneza, que decorre de 28 de Agosto a 7 de Setembro em Itália, foi ontem anunciado. O filme integra a secção competitiva Orizzonti, sub-secção de curtas-metragens, de acordo com a produtora Uma Pedra no Sapato num comunicado.

O nome de Leonor Teles, de 27 anos, sobressaiu no cinema português em 2016, quando venceu o Urso de Ouro, o prémio máximo do festival de Berlim, com “Balada de um batráquio”. Depois das curtas-metragens “Rhoma Acans” e “Balada de um batráquio”, Leonor Teles assinou em 2018 a primeira longa documental, “Terra Franca”, vencedora de uma dezena de prémios, que acompanha a vida de Albertino Lobo, um pescador de Vila Franca de Xira (onde a realizadora nasceu) ligado desde sempre ao rio Tejo.

“A Herdade” na corrida

Outro filme português que também está em competição é “A Herdade”, de Tiago Guedes, e que estreia em Portugal a 19 de Setembro. “A Herdade” tem co-produção da Leopardo Filmes e da Alfama Filmes, e conta a “saga de uma família proprietária de um dos maiores latifúndios da Europa, na margem sul do rio Tejo, […] fazendo o retrato da vida histórica, política, social e financeira de Portugal, dos anos 40, atravessando a revolução do 25 de Abril e até aos dias de hoje”.

Com argumento de Rui Cardoso Martins e Tiago Guedes, com a colaboração de Gilles Taurand, o elenco é composto por Albano Jerónimo, Sandra Faleiro, Miguel Borges, João Vicente, Ana Bustorff, Beatriz Brás, entre outros. Depois de Veneza, o filme terá a sua estreia norte-americana no Festival Internacional de Cinema de Toronto, cuja 44.ª edição decorre entre 5 e 15 de Setembro.

26 Jul 2019

Teatro | CCM apresenta “Do Pó às Cinzas” em Setembro 

Começam a ser vendidos este domingo bilhetes para a nova produção teatral que sobe ao palco do Centro Cultural de Macau de 20 a 22 de Setembro. “Do Pó às Cinzas” é uma encenação da responsabilidade de Fredric Mao, encenador de Hong Kong

 

[dropcap]O[/dropcap] Centro Cultural de Macau (CCM) apresenta a peça “Do Pó às Cinzas”, estando programados três espectáculos que estarão em cena no pequeno auditório do CCM de 20 a 22 de Setembro. Os bilhetes começam a ser vendidos este domingo.

Encenada pelo icónico mestre do teatro de Hong Kong Fredric Mao e escrita pelo prolífico dramaturgo Nick Yu, “Do Pó às Cinzas” é uma viagem de amor e ódio criada em jeito de homenagem ao lendário escritor e prémio Nobel da Literatura Harold Pinter. A peça leva ao palco um intenso turbilhão de emoções inspirada em “Cinza às Cinzas”, uma das mais reconhecidas peças de Pinter.

Adoptando o tom desconcertante do dramaturgo britânico, o trabalho de Yu funciona enquanto metáfora dos impulsos de luxúria e paixão que incessantemente comandam as vidas das pessoas. Interpretada em Cantonense por seis actores locais, “Do Pó às Cinzas” aborda a crença tradicional chinesa da incarnação para compor personagens em diversas variações existenciais. Uma história de dois casais, cujos caminhos se entrecruzam em quatro situações distintas que se repetem.

Esta produção é o epílogo de um projecto de residência artística lançado pelo CCM o ano passado e uma excelente oportunidade para um grupo de actores locais abraçarem um desafio de longa duração integrando uma equipa profissional sob a direcção de um mestre encenador.

Mestres consagrados

Fredric Mao Chun-fai, o encenador desta peça, está há 40 anos ligado ao mundo da dramaturgia, não só através da encenação mas também através do estudo e do ensino a jovens artistas. Com 72 anos de idade, Fredric Mao tem agora um novo projecto depois de ter levado em cena um espectáculo em Hong Kong, em Fevereiro deste ano, que teve como objectivo rejuvenescer a antiga ópera cantonense.

Harold Pinter nasceu em 1930 em Londres, Reino Unido, e ingressou na vida teatral como actor. Em 1957, Pinter escreveu a primeira peça, “The Room” e ao longo da carreira a sua obra catapultou o britânico como um dos autores fundamentais do teatro contemporâneo.

Ao longo da carreira, Pinter escreveu mais de 30 peças, que foram traduzidas e encenadas em todo o mundo. Além do teatro, o autor também escreveu para rádio, televisão e cinema, onde colaborou com Joseph Losey.

26 Jul 2019

Instituto Politécnico de Macau vence 3º concurso mundial de tradução chinês-português

[dropcap]A[/dropcap] equipa do Instituto Politécnico de Macau (IPM) ganhou o primeiro prémio geral do terceiro Concurso Mundial de Tradução Chinês-Português, entre 166 equipas de 43 instituições de ensino superior internacionais, foi ontem anunciado.

O segundo prémio foi atribuído à equipa da Universidade do Minho (Portugal), enquanto a equipa do Instituto Confúcio para Negócios FAAP [Fundação Armando Alvares Penteado, Brasil] conquistou o terceiro prémio, indicou, em comunicado, o IPM.

O IPM repetiu, nesta edição, o primeiro lugar dos prémios especiais para as equipas das instituições de ensino superior de Macau, conquistado em 2018. O segundo lugar nesta categoria foi para a equipa da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau (MUST).

As cinco menções honrosas foram entregues às equipas da Universidade de Comunicação da China; da Universidade Católica Portuguesa; da Universidade de Aveiro; à Universidade de Estudos Internacionais de Xian e à Universidade de Estudos Internacionais de Zhejiang, de acordo com a nota.

O presidente do IPM, Im Sio Kei, destacou a aposta na formação de quadros bilingues, através da criação da licenciatura e do mestrado em tradução e interpretação chinês-português, bem como o curso de doutoramento em língua portuguesa, bem como de actividades académicas, acções de formação e a publicação de materiais didácticos, indicou o mesmo comunicado.

Além disso, o IPM, que organiza o concurso juntamente com o Gabinete de Apoio ao Ensino Superior (GAES) do Governo da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM), tem-se dedicado às áreas da Inteligência Artificial e da Tradução Automática, tendo criado o Laboratório de Tradução Automática Chinês-Português-Inglês, o que mostra o empenho da instituição em demonstrar o papel relevante Macau na construção do Centro Internacional de Inovação Científica e Tecnológica na Grande Baía, referiu.

Durante a cerimónia de entrega de prémios, o IPM lançou ainda o quarto volume do “Português Global”, uma série da manuais didácticos, realizados em parceria com a Universidade de Lisboa, para aprendizes chineses que estudam a língua portuguesa.

As equipas concorrentes, compostas por dois ou três alunos e um professor orientador, tiveram cerca três meses para traduzir um texto de português para chinês, contendo no máximo dez mil frases, extraídas dos textos ou livros de partida fornecidos previamente.

25 Jul 2019

Pintura | Obras de Liu Mengkuan em exposição a partir de amanhã

[dropcap]A[/dropcap] inauguração da exposição “Banhando-se na Brisa Primaveril – Pinturas de Liu Mengkuan”, está agendada para amanhã, pelas 18:30, na Galeria de Exposições Especiais do Museu das Ofertas sobre a Transferência de Soberania de Macau. No total vão ser exibidas 90 pinturas que mostram “como Liu Mengkuan herdou e inovou as técnicas de pintura da Escola Lingnan”, aponta o Instituto Cultural numa nota de imprensa.

Liu Mengkuan é membro fundador da Associação de Arte de Hong Kong e presidente do Clube de Arte Mu Feng. Liu iniciou os estudos com Yang Shanshen, mestre da segunda geração da Escola Lingnan, em 1977, e decidiu ser pintor a tempo inteiro em 1983, tornando-se um membro da terceira geração da escola. Em 2003, fundou o Estúdio de Arte Mu Feng em Hong Kong e orientou cursos de pintura da Escola Lingnan no Museu de Arte de Hong Kong e no Centro de Artes de Hong Kong. Em 2012, fundou o Clube de Arte Mu Feng e dedicou-se à promoção da arte da Escola Lingnan.

Liu Mengkuan “é exímio a pintar flores, animais, pássaros, peixes, insectos, além de paisagens e criou um estilo fresco e puro nas suas pinturas”, aponta a mesma fonte acrescentando que “as suas obras herdaram a essência do espírito da Escola Lingnan de desenhar a partir da natureza, combinando-o com técnicas de pintura ocidentais”.

A exposição vai ser acompanhada por uma palestra, no sábado, em que Liu Mengkuan vai apresentar as pinturas dos mestres da Escola Lingnan, e compartilhar a sua experiência artística. A mostra estará patente ao público até 25 de Agosto.

25 Jul 2019

Cinemateca Paixão | Ciclo de filmes japoneses entre Julho e Agosto

“Japanese Summer Breeze” é o título do ciclo de cinema japonês que traz ao território três filmes recentemente estreados, sobre temas quotidianos, questões familiares, assuntos do coração, dores de crescimento e mais alguns ingredientes

 

[dropcap]A[/dropcap] Cinemateca Paixão estreou ontem o primeiro filme do ciclo de cinema nipónico, que dá pelo título de “Japanese Summer Breeze”. Em cartaz vão estar três recentes longas-metragens, de 2018 e 2019.

A anunciada brisa estival japonesa arrancou ontem ao final da tarde com o filme “Ramen Teh” (2019), do realizador singapurense Eric Khoo, sobre perdas familiares e a cura da alma através do estômago, com múltiplas sessões até ao dia 6 de Agosto.

“Eating Women” (2018), do realizador Jiro Shono, também sobre o poder da culinária e da partilha, estreia amanhã, dia 26 de Julho, e fica até 8 de Agosto. E “And Your Bird Can Sing” (2018), do realizador Sho Miyake, sobre as derivas da juventude, chega à tela no sábado, 27 de Julho, para ficar até 14 de Agosto.

Sopas de fitas

“Ramen Teh” é uma história sobre a busca da família e as memórias dos sabores de infância. Masato é cozinheiro num restaurante de “ramen” na cidade de Takasaki, no Japão. Após a morte súbita do pai, com quem mantinha uma relação emocionalmente distante, o jovem japonês encontra uma antiga mala cheia de objectos de recordação e um caderno vermelho, que pertenciam à sua mãe, falecida quando o rapaz tinha apenas dez anos.

A curiosidade sobre a família materna de Singapura leva Masato a viajar para aquele país, onde conhece uma jovem blogger de gastronomia que o ajuda a investigar as raízes e encontrar um tio materno. Através deste familiar, Masato vai descobrir que a avó ainda está viva, a pessoa certa para lhe explicar o terno, mas atribulado romance entre os pais. A reunião entre avó e neto é também ajudada pelos ingredientes que entram nas receitas de família, em especial na sopa “bak kut teh” singapurense, de que Masato ainda se recorda.

Amizades e Amores

“Eating Women” (2018), ou “Taberu Onna” no original é uma história sobre oito mulheres que se encontram frequentemente com uma ensaísta e alfarrabista, cuja loja de livros usados funciona na sua própria casa. Como gosta de cozinhar, a anfitriã prepara com frequência pratos especiais para experimentar com as amigas, enquanto conversam à mesa, ou no alpendre à luz da lua, partilhando as suas complicadas vidas. E quem são estas amigas? Mulheres com diferentes idades, carreiras, percursos, expectativas, amantes, companheiros, famílias. Mas que têm em comum a paixão pela boa comida e pelo convívio, como forma de aliviar a tensão das rotinas diárias.

25 Jul 2019

Yangyang Ruan distinguido em concurso na Casa da Música do Porto

[dropcap]O[/dropcap] pianista chinês Yangyang Ruan venceu, no domingo, o título de Melhor Pianista do Mundo, no Concurso Internacional Santa Cecília, que decorreu na Casa da Música, no Porto, anunciou ontem a organização.

Yangyang Ruan interpretou o Concerto para piano e orquestra n.º1, op. 11, do compositor polaco Frédéric Chopin, numa prova que durou 35 minutos.

O jovem pianista, com o primeiro lugar, recebeu um prémio no valor de oito mil euros e a oportunidade de lançar um CD, em colaboração com a produtora espanhola KNS Classical.

O vencedor vai, ainda, poder participar em recitais em Espanha, Alemanha, França e em Portugal, no Ciclo Recitais do Curso de Música Silva Monteiro e na Casa da Música, no Porto.

O pianista chinês competiu com os pianistas Philipp Seucher, proveniente da Áustria, e Yedam Kim, da Coreia do Sul.

Júri de luxo

Do júri do concurso fizeram parte especialistas nacionais e internacionais, como os portugueses Álvaro Teixeira Lopes, António Oliveira, Arminda Odete Barosa, Fausto Neves e Nelly Santos Leite.

Aos jurados portugueses, juntaram-se Akemi Alink-Yamamoto, do Japão, Carles Lama, de Espanha, Dorian Leljak, da Croácia, Fu Hong e Shao Xiao Ling, da China, e Guigla Katsarava, da Georgia.

Yangyang Ruan, proveniente de Xiamen, na China, começou a estudar aos cinco anos. Em 2017, ingressou no Instituto Curtis de Música, em Filadélfia, nos Estados Unidos — a escola durante anos dirigida pelo histórico pianista Rufolf Serkin –, onde Ruan prossegue a formação.

Este ano, Yangyang Ruan conquistou o 3.º lugar na Competição de Piano da Televisão Central da China.

O Concurso Internacional Santa Cecília, que conta com 21 edições, “é o maior e mais antigo concurso internacional de música realizado em Portugal”, lê-se no comunicado.

Desde a primeira edição, juntou cerca de 70 participantes, com idades entre os cinco e os 32 anos, provenientes de 28 países diferentes, como Japão, Brasil, Israel e Estados Unidos da América.

24 Jul 2019

Hong Kong | Takashi Murakami no Centro Tai Kwun até 1 de Setembro

A exposição “Murakami vs. Murakami” pode ser vista no Centro de Arte Contemporânea Tai Kwun em Hong Kong. É uma oportunidade para conhecer o mundo da arte popular levada ao extremo, pelo artista japonês que forrou de monstros e mascotes as paredes e o chão da galeria

 

[dropcap]O[/dropcap] artista japonês é hoje um fenómeno cultural de excentricidade, com exposições de grande envergadura criadas para as massas. São autênticas explosões de cores e contradições, onde as personagens têm tanto de alegre quanto de ameaçador. Flores e caveiras, monstros e bonecos de animação, a arte clássica japonesa e o design pop comercial, tudo misturado na cabeça divertida ou insana do criador.

“Murakami vs. Murakami” é o título desta mostra cheia de dicotomias e contrastes, que chegou a Hong Kong no dia 1 de Junho e vai estar até 1 de Setembro, no Centro de Arte Contemporânea Tai Kwun. Ali estão vários Murakamis, que logo à entrada da exposição se apresentam ao visitante com toda a extravagância a que nos habituou, revelando o seu universo original e multifacetado.

A antiga esquadra de polícia e prisão da Hollywood Road, em Central, reabilitada e inaugurada em 2018 para se tornar num complexo de galerias dedicadas às artes, foi tomada de assalto pela obra de Takashi Murakami, que ocupa todos os pisos e salões. A capacidade do artista maravilhar e confundir o espectador com cada projecto, fez dele um dos mais conhecidos autores contemporâneos da “pop art” na última década, com grandiosas exposições a solo em museus e conceituadas galerias por todo o mundo, na senda de nomes como Andy Warhol, Damien Hirst ou mesmo Jeff Koons.

A Hong Kong trouxe 60 obras de pintura e escultura que representam várias fases da sua produção artística. Como é descrito pelos curadores da mostra – Gunnar B. Kvaran, director do Astrup Fearnley Museet de Oslo, Noruega, e Tobias Berger, director artístico do Centro Tai Kwun, de Hong Kong –, “Murakami vs. Murakami” apresenta as “divergências extremas na obra do artista, desde os trabalhos pós-apocalípticos em grande escala às suas flores optimistas, passando ainda pelas pinturas contemplativas Enso [motivos circulares zen e caligrafia japonesa] que oferecem visões budistas de iluminismo espiritual”.

Espaço de arte imersiva

O mais surpreendente é o impacto visual das enormes salas forradas a carpete e papel de parede artístico. São espaços imersivos em que os visitantes se sentem de repente presos no mundo das personagens de animação, inspiradas na manga japonesa e no animé. E não é raro encontrar nestes locais muitos jovens, fãs do “cosplay” (costume+play), que se fotografam e filmam a si mesmos, fantasiados das mascotes preferidas. Sejam as flores infantis e as caveiras, as Kakai Kiki ou os Mr. Dobs, as criações de cartoon de Murakami.

Também em exibição está pela primeira vez a estátua de 4,5 metros de “The Birth Cry of a Universe” e algumas das peças icónicas de design de vestuário assinadas por Murakami, a par de vídeos e peças da sua colecção de arte privada. Até ao final do período da exposição está prevista uma programação extra, que inclui sessões educacionais, debates públicos com o artista, visitas guiadas, workshops didácticos, palestras e projecções de filmes de animé, entre outras iniciativas que podem ser pesquisadas na página web do Centro Tai Kwun.

Não ficou a faltar sequer uma loja pop-up de artigos de merchandising, relacionados com as obras expostas, incluindo tapetes e papéis de parede, alguns produzidos excepcionalmente para esta mostra.

O artista e a pop-art

Takashi Murakami nasceu a 1 de Fevereiro de 1962 na cidade de Tóquio, no Japão. Desde pequeno que era fã de animé e manga, na tradição dos desenhos animados japoneses, sonhando vir a trabalhar na indústria da animação quando crescesse. Mas acabou por frequentar a Universidade de Artes de Tóquio, onde cursou Nihonga, técnica japonesa surgida nos anos 1900 para revigorar e modernizar o estilo da pintura tradicional. Entretanto, desiludido com a arte insular nipónica, começou a procurar outras influências e estilos contemporâneos, inspirado pelos media e pelo avanço das tecnologias.

Em 1994, Murakami recebeu uma bolsa do Conselho Cultural Asiático e fez o estágio do International Studio Program, em Nova Iorque, nos Estados Unidos, onde ficou durante um ano.

Aí foi exposto à inspiração dos artistas do Ocidente e não parou mais. Já famoso no Japão, começaria a subverter convenções e a derrubar fronteiras entre as clássicas belas-artes e a moderna arte popular. Atirou-se ainda à tarefa ambiciosa de tornar a arte contemporânea em arte comercial, virada para as grandes audiências e para os seus “otaku”, fãs obsessivos de mascotes e personagens de animação.

Além da pintura, escultura, desenho, animação e outros projectos artísticos, Takashi Murakami iniciou também, em 2002, uma longa colaboração artística com a marca de luxo Louis Vuitton, a convite do designer de moda Marc Jacobs. O seu trabalho passou já pelo Mori Art Museum em Tóquio, pelo Rockefeller Center em Nova Iorque, pelas Gagosian Galleries de Roma e Londres, pelo Museu Guggenheim em Bilbao, pela Galerie Emmanuel Perrotin em Paris ou pelo Palácio de Versailles.

24 Jul 2019

Roberto Fernández Retamar morre aos 89 anos

[dropcap]O[/dropcap] poeta e ensaísta cubano Roberto Fernández Retamar, Prémio Nacional de Literatura e presidente da prestigiosa Casa das Américas, morreu este sábado em Havana, aos 89 anos.

“Perdemos um dos maiores poetas e pensadores da nossa América e do mundo: Roberto Fernández Retamar. Deixa-nos um trabalho excepcional, focado na descolonização e anti-imperialismo”, escreveu na rede social Twitter o ex-ministro da Cultura da ilha, Abel Prieto.

Jornalista, poeta, ensaísta, professor universitário e diplomata, Fernández Retamar (1930-2019) começou a trabalhar muito cedo como jornalista na revista “Alba”, para a qual entrevistou o vencedor do Prémio Nobel da Literatura norte-americano Ernest Hemingway.

Na década de 1950 colaborou com a revista emblemática “Origens” e envolveu-se na luta clandestina contra o regime de Fulgencio Batista.

Após o triunfo da revolução liderada por Fidel Castro em 1959, ocupou vários cargos em instituições culturais, incluindo a Casa das Américas, onde dirigiu pela primeira vez a revista da instituição desde 1965 e assumiu a presidência de 1986 até hoje.

Fernández Retamar também fundou e editou até 1964 a revista “Unión” juntamente com os renomados intelectuais Nicolás Guillén, Alejo Carpentier e José Rodríguez Feo.

Foi membro da Academia Cubana da Língua, que dirigiu entre 2008 e 2012, e membro correspondente da Real Academia Espanhola.

Escrita reconhecida

Autor de uma vasta obra em prosa e verso, os seus livros foram traduzidos para uma dúzia de idiomas e o seu ensaio “Caliban, notas sobre a cultura da Nossa América” (1971) é considerado um dos mais importantes da literatura latino-americana do século XX.

Fernández Retamar era membro do Conselho Cubano de Estado – o órgão máximo do Governo no país – e deputado na Assembleia Nacional entre 1998 e 2013.

Em 1989 foi agraciado com o Prémio Nacional de Literatura, o mais importante do género na ilha, e depois o Prémio Nacional de Ciências Sociais em 2012 e o Prémio Internacional José Martí da Unesco em Janeiro passado, entre outras distinções.

Os restos mortais de Roberto Fernández Retamar serão incinerados e, na próxima semana, uma homenagem será preparada como despedida na Casa das Américas.

23 Jul 2019

Cinema | Filme nomeado para os Césares 2019 em cartaz na Cinemateca Paixão

O que leva as pessoas a resistir e a seguir em frente, perante a adversidade, é eterno e intemporal. “Amanda” é uma história de família sobre as mudanças que ocorrem após um violento ataque terrorista. Nomeado para os Césares 2019, o filme está em exibição até à próxima terça na Cinemateca Paixão

 

[dropcap]A[/dropcap] perda e a dor colectiva causada pelos ataques terroristas islâmicos em cidades europeias é o ponto de partida para este filme francês, realizado por Mikhaël Hers, que também assina o argumento a meias com Maud Ameline. “Amanda” (2018) é um drama contemporâneo sobre valores familiares, que está em exibição na Cinemateca Paixão até ao dia 30 de Julho.

Trata-se de uma história normal sobre pessoas normais num país europeu normal. São os acontecimentos dolorosos que vão obrigar as personagens a amadurecer e a repensar na vida após a tragédia. Toda a gente é forçada a reagir, mas não é a raiva e a impotência que o filme explora, é antes o processo de superação e a humanidade que se manifesta através dos compromissos inevitáveis que se estabelecem entre os protagonistas.

A Amanda do título é uma menina de sete anos que vive em Paris e é criada pela mãe, Sandrine, solteira e professora, com a ajuda irregular do seu irmão mais novo, David, um jovem de 20 anos, que vai trabalhando aqui e ali, a tomar conta de apartamentos e fazer tarefas de manutenção.

Quando é preciso, David faz de baby-sitter à sobrinha, vai buscá-la à escola e toma conta dela. A mãe ausente de David e Sandrine é inglesa e vive em Londres, sem grande relação com os filhos. David tem o sonho de ir assistir a um jogo de ténis em Wimbledon, mas não quer saber sequer da progenitora.

A vida de David muda quando a irmã é assassinada no meio de um ataque terrorista que acontece numa praça pública de Paris. A Amanda vai ter que ficar a seu cargo e ambos vão aprender a adaptar-se à nova situação.

Segundo a crítica internacional, o filme é bem-intencionado, evita o cliché dos confrontos religiosos, não explora as questões políticas contra o islamismo, opta antes pela autenticidade das relações e pelo retrato honesto do quotidiano de quem tem que continuar a viver o dia-a-dia.

Passagem pelo Indie

O filme foi acolhido e reconhecido em diversos festivais internacionais, vencendo o prémio principal e o melhor argumento do Festival Internacional de Tóquio 2018, para Mikhaël Hers e Maud Ameline. “Amanda” foi igualmente nomeado para os Césares 2019, nas categorias de melhor actor, com Vincent Lacoste, e melhor música original, de Anton Sanko; nomeado para os Lumiere Awards 2019, como melhor filme e melhor actor; nomeado para os Laurier du Cinéma 2019 e para a Selecção Orizzonti do 75º Festival de Cinema de Veneza.

O filme esteve ainda presente na competição do IndieLisboa 2019, indigitado para o Prémio Silvestre como melhor filme, que viria a ser atribuído ex-aequo a “I Do Not Care If We Go Down In History As Barbarians”, de Radu Jude, e a “M.”, de Yolande Zauberman. Mikhael Hers é já um nome habitual no Festival Internacional de Cinema Independente de Lisboa, por onde passaram os seus três primeiros filmes: “Primrose Hill”, “Memory Lane” e “Ce Sentiment de L’Été”.
Mikhaël Hers nasceu em França em 1975 e estudou produção cinematográfica em La Fémis, em Paris. Formou-se em 2004 e começou então a produzir e realizar os seus próprios filmes. Escreveu e dirigiu as médias-metragens “Charell” (2006), “Primrose Hill” (2007) e “Montparnasse” (2009), todas estreadas no Festival de Cinema de Cannes e, esta última, vencedora do Prémio Jean Vigo.

“Memory Lane” (2010) é a sua primeira longa-metragem. A segunda, “Ce Sentiment de L’Été” (2015), venceu o Grande Prémio do Júri no Festival Internacional de Cinema de Bordéus, em França, e foi apresentado ainda no Festival de Roterdão, na Holanda.

As sessões da Cinemateca Paixão acontecem entre hoje, dia 23, e terça-feira, de 30 de Julho, sempre às 19h30, excepto no sábado, em que a sessão é às 21h30. O filme é exibido na língua original, em francês, com legendas em chinês e inglês. A duração é de 106 minutos e os bilhetes estão disponíveis por 60 patacas na bilheteira ou na página web.

23 Jul 2019

Imagem de fotojornalista português seleccionada para exposição colectiva em Nova Iorque

[dropcap]O[/dropcap] fotojornalista português Gonçalo Lobo Pinheiro, radicado em Macau, foi seleccionado para a exposição colectiva de fotografia “Documenting Humanity” em Nova Iorque, que inaugura terça-feira.

A competição foi promovida pelo 24HourProject e o fotógrafo português “é o único representante português dos 80 escolhidos em centenas de participantes de diversas partes do mundo e milhares de fotografias”, pode ler-se num comunicado divulgado pelo próprio.

A imagem escolhida é o retrato da trabalhadora indonésia Ratna Khaleesy, intitulada de “Hope and belief”, distinguida em diversos prémios de fotografia desde o início do ano, entre as quais se destaca o prémio de fotojornalismo português Estação Imagem ou o Festival della Fotografia Etica, em Itália.

“Estou muito contente por mais esta distinção. Os últimos dois anos, em particular, têm sido muito gratificantes no que diz respeito ao reconhecimento do meu trabalho internacionalmente com alguns prémios e exposições de fotografia. Fico honrado pelos meus pares verem nas minhas fotografias qualidade relevante para serem destacadas”, afirmou Gonçalo Lobo Pinheiro, citado na mesma nota.

22 Jul 2019

Existe necessidade urgente de repensar a questão da identidade, diz Amin Maalouf

[dropcap]O[/dropcap] escritor e ensaísta Amin Maalouf, vencedor do Prémio Gulbenkian 2019 manifestou em entrevista à Lusa profunda “inquietação” pela actual situação mundial, onde deixou de existir “credibilidade moral”, e assinalou a urgente necessidade de “repensar” a questão da identidade.

“Não é uma questão simples. Não há uma solução milagrosa, estamos num mundo que atravessa um momento extremamente delicado, na minha perspectiva uma das coisas essenciais reside na necessidade de repensar a questão da identidade”, assinalou na sede da Fundação Gulbenkian, em Lisboa, onde na sexta-feira recebeu o Prémio Calouste Gulbenkian 2019 por um júri presidido por Jorge Sampaio e também justificado pela sua “promoção activa da fluidez cultural”.

Filho de pais libaneses – mãe nasceu no Egipto – Amin Maalouf, natural de Beirute, 70 anos, tem dupla nacionalidade libanesa e francesa e é apontado como um dos mais empenhados intelectuais na busca de um novo caminho de convivência multiétnica, multirreligiosa, multicultural.

No seu recente ensaio “O Naufrágio das Civilizações” (2019), vários anos após “As Identidades Assassinas” (1998), retoma a abordagem das diversas derivas e feridas do mundo presente. E no qual detecta uma relação de “causa-efeito” entre o naufrágio do Levante, a região do Mediterrâneo Oriental, do Médio Oriente, e o naufrágio de outras civilizações.

“Temos necessidade de mudar a atitude que consiste em resumir a identidade de uma pessoa a um aspecto, seja religioso, nacional ou outro, e é necessário ajudar as pessoas a assumir o conjunto da sua identidade, o conjunto da sua pertença. Quando algumas pessoas têm uma pátria de origem e uma pátria de acolhimento, é necessário que possam assumir plenamente a sua pertença às duas”, assinala o autor de “As Cruzadas Vistas pelos Árabes” (1983) e “Leão, o Africano” (1986).

O escritor, vencedor do Prémio Gouncourt em 1993 pelo seu livro “O Rochedo de Tanios” e que foi eleito para a Academia Francesa em 2011, sublinha o “importante trabalho a fazer para garantir uma coexistência harmoniosa”, que considera “o grande projecto” da época actual. “Mas tenho a impressão que não fizemos o suficiente por isso”, ressalvou.

A “má gestão” das questões em torno das identidades, em particular na região do Mediterrâneo Oriental, continua a manifestar-se, apesar de recordar que o século XX foi “desastroso” desse ponto de vista.

“Houve evidentemente a tragédia arménia, todas as tragédias que se sucederam, nem as contamos, toda essa região que era uma região de reencontro, de Sarajevo a Alexandria, de Bagdad a Constantinopla, toda essa região que tinha potencialidades gigantescas, que poderia ter sido um pólo de progresso para todo o mundo. Foi uma verdadeira tragédia o que aconteceu”, lamentou.

Na sua inquietação, Maalouf depara-se hoje com uma época de imensos sucessos, mas também de profundos fracassos, de uma ordem internacional em colapso, de um mundo árabe, “do meu Levante” como refere, que atravessa um dos momentos mais negros da sua história, da grande potência ocidental que perdeu a autoridade moral.

“Existem relações muito pouco saudáveis entre diversas partes do mundo, estamos num mundo que precisa de coexistência, de uma gestão serena das identidades, e não caminhamos nessa direcção”, sublinhou.

Lucidez é uma palavra muito presente no seu amplo vocabulário. “Temos necessidade de lucidez, frequentemente somos regidos seja por preconceitos seja por bons sentimentos… Penso ser necessário ver o mundo tal qual ele é, tentar compreender os mecanismos do problema, e tentar verdadeiramente resolvê-los”, sugeriu.

“O que me perturba sempre, e trata-se de uma característica da nossa época, é que falamos muito dos grandes problemas e temos a impressão de resolvê-los porque falámos deles. É verdade para o clima, é verdade para outras situações, falamos, os problemas estão presentes, agravam-se de uma década para a seguinte e não fazemos nada de decisivo para terminar com essa deriva”, acentuou.

O ensaísta, que viveu a sua infância no Líbano – “havia qualquer coisa no Líbano que era promissora, infelizmente a experiência não conseguiu manter essa promessa”, disse – depara-se com novos fenómenos que acentuam a inquietação que percorre a sua obra.

“Já ninguém possui uma verdadeira credibilidade moral. Nem pessoas, nem instituições, nem referências morais, estamos numa época em que tudo é posto em causa, tudo parece em vias de perder a sua capacidade de exercer uma autoridade moral. Vai da Casa Branca ao Vaticano, por todo o lado as instituições estão em profunda crise e cuja credibilidade foi abalada”, concluiu.

22 Jul 2019

César Pelli, arquitecto das Petronas Towers, na Malásia, morre aos 92 anos

[dropcap]O[/dropcap] arquitecto argentino César Pelli, que projectou as emblemáticas Torres Petronas de Kuala Lumpur, na Malásia, e o One World Financial Center, em Nova Iorque, morreu na passada sexta-feira aos 92 anos.

“Quero enviar as minhas condolências aos familiares e amigos do talentoso César Pelli. As obras que deixa no mundo como legado são uma fonte de orgulho para os argentinos”, afirmou o Presidente argentino, Mauricio Macri, no ‘Twitter’.

O arquitecto também foi homenageado por Juan Manzur, governador de Tucuman, a província onde César Pelli nasceu em 12 de Outubro de 1926, e se formou como arquitecto.

Formado na Universidade Nacional de Tucuman, o arquitecto mudou-se graças a uma bolsa para os Estados Unidos em 1952, vivendo em Connecticut. César Pelli tornou-se um profissional de prestígio internacional e deixou a sua marca em vários arranha-céus e edifícios em todo o mundo, o que levou à conquista de mais de 300 prémios por excelência em design.

César Pelli foi reitor da escola de arquitectura da Universidade de Yale de 1977 a 1984 e recebeu a medalha de ouro do Instituto Americano de Arquitectura, em 1995, pela sua distinta carreira.

Entre as suas obras mais famosas estão as Torres Petronas de Kuala Lumpur, com 452 metros de altura, que ostentaram o título de edifícios mais altos do mundo entre 1998 e 2003. Foi também o arquitecto responsável pela ampliação do Museu de Arte Moderna (MoMa) de Nova York, em 1984, construiu a Torre Iberdrola, em Bilbau, o International Financial Center, em Hong Kong, a Grande Torre Costanera, em Santiago do Chile, o Pacific Design Center em Los Angeles, o ARIA Resort em Las Vegas, além de dezenas de teatros e centros culturais em todo o mundo.

Uma das suas mais recentes obras foi o Salesforce Transit Center, em São Francisco, que abriu em 2018 e inclui espaços verdes, um centro comercial e um anfiteatro.

22 Jul 2019

Edgar Martins traz a Macau fotos de prisão do Reino Unido em 2020

O projecto fotográfico do português Edgar Martins, com reclusos de uma das mais violentas prisões do Reino Unido, foi publicado em livro e vai estar em exposição em Lisboa no final do ano. A Macau virá de Junho a Setembro de 2020

 

[dropcap]W[/dropcap]hat Photography & Incarceration have in Common with an Empty Vase” (“O que a fotografia e a prisão têm em comum com uma jarra vazia”, em tradução do inglês) tem imagens recolhidas na HM Prison Birmingham e num bairro nas imediações, com os presidiários, famílias e outras figuras locais.

“Utilizando o contexto social do encarceramento como ponto de partida, exploro o conceito filosófico de ausência e abordo uma consideração mais ampla do conceito de fotografia quando se cruzam questões de visibilidade, ética, estética e documentação. De uma perspectiva humanista, o trabalho procura reflectir sobre como se lida com a ausência de um ente querido, trazido pela separação forçada”, resumiu o fotógrafo sobre o projecto.

O livro está dividido em três capítulos, que variam entre imagens de arquivo, fotografias feitas durante os três anos de trabalho, que incluem a documentação de objectos simbólicos para os presos, como um par de sapatos de criança ou um maço de cigarros, além de uma reprodução do diário de um recluso escrito especificamente para este projecto.

“Estava interessado em explorar todo um conjunto de estratégias e metodologia que fossem para além do documental e que contribuíssem para o debate acerca da ontologia da imagem fotográfica”, explicou à agência Lusa o fotógrafo.

Convite para a prisão

O projecto foi feito a convite da organização Grain Projects e acabou por se centrar no que rodeia a prisão e os seus ocupantes e menos no interior e funcionamento do edifício, devido às dificuldades em ultrapassar as limitações administrativas.

“O maior desafio foi lidar com a prisão em si. A HMP Birmingham é uma prisão complexa, com muitas carências e deficiências, falta de investimento crónico. Durante os três anos em que trabalhei com a prisão tiveram quatro directores distintos e por isso a evolução do projecto foi tumultuosa e muito condicionada por vários eventos e circunstâncias: aconteceram os maiores motins da história de um estabelecimento prisional em Inglaterra, a prisão sofreu os maiores níveis de consumo de droga e violência da sua história e, no último ano, passou pelas maiores mudanças estruturais dos últimos 10 anos”, admitiu Edgar Martins.

O projecto foi premiado com o terceiro lugar da categoria ‘Série dos Prémios de Fotografia Artística LensCulture’, em 2018, e vai iniciar uma série de exposições em Lisboa a 14 de Novembro, na Galeria Filomena Soares Lisboa, onde vai ficar até Janeiro de 2020. De seguida viajará para o território, até ao Museu de Arte de Macau onde a mostra vai poder ser visitada de 6 de Junho a 1 de Setembro de 2020. O Museu do Chiado, em Lisboa, receberá o acervo expositivo a partir de Outubro de 2020.

22 Jul 2019

Imagens que narram um século da história de Macau em exposição na Casa Garden

[dropcap]M[/dropcap]acau acolhe, na próxima quarta-feira, uma exposição com mais de 150 imagens que ilustram um século da história do antigo enclave português, entre 1844 e a década de 1940.

Depois de passar pelo Museu do Oriente, em Lisboa, a exposição “Macau: 100 Anos de Fotografia” chega à Casa Garden para abordar a história social e política daquele território que esteve sob administração portuguesa durante 450 anos.

“Trata-se de uma mostra documental sobre a evolução da cidade, os seus costumes e tradições, a vivência das comunidades e alguns acontecimentos marcantes na história de Macau”, refere a Fundação Oriente, em comunicado.

Comissariada por Rogério Beltrão Coelho, jornalista que trabalhou em Macau, a exposição reúne imagens do acervo do Museu do Oriente, mas conta com contributos do Museu Francês de Fotografia, do Museu Militar do Porto e de particulares.

A exposição recorda, neste século de imagens, acontecimentos como as celebrações do IV Centenário da Descoberta do Caminho Marítimo para a Índia (1898), as primeiras travessias aéreas de Lisboa a Macau – 1924 e 1931 -, os efeitos dos tufões (com destaque para o de 1874) e diversas manifestações artísticas e desportivas.

Além das imagens colhidas pelo fotógrafo amador francês Jules Itier em 1844 – que são as mais antigas conhecidas imagens da região – a mostra presta homenagem a Man Fok, “que pode ser considerado, em Macau, o maior fotógrafo chinês do final do século XIX”, indicou a organização.

Outra figura em destaque é José Neves Catela (1902-1951), que foi, durante 25 anos, a partir de 1925, ano em que chegou ao território, “o fotógrafo português de Macau”, segundo a Fundação Oriente.

Neste sentido, estarão em destaque alguns dos “mais importantes fotógrafos chineses, portugueses e de outras nacionalidades” que, ao longo daquele período, “fizeram de Macau tema das suas fotografias, incluindo profissionais sedeados em Hong Kong”.

“Macau: 100 Anos de Fotografia” inaugura na quarta-feira, às 18:30, e estará patente até 21 de Setembro.

19 Jul 2019

FIMM | Festival arranca em Outubro com ópera e jazz

[dropcap]O[/dropcap] Festival Internacional de Música de Macau (FIMM) arranca em Outubro com a ópera “Flauta Mágica” de Mozart, interpretada pela companhia alemã Komische Oper Berlin e a companhia britânica de teatro 1927, foi ontem anunciado.

Para o Instituto Cultural (IC), que organiza o certame, trata-se de uma “produção inovadora que combina (…) a arte da animação cinematográfica e o canto ao vivo”, indicou a entidade, em comunicado. Na área do jazz, o festival traz este ano o pianista norte-americano Billy Childs, vencedor de cinco prémios Grammy, que vem acompanhado de outros três músicos.

Dos Estados Unidos também voa para Macau o quinteto de sopros ‘Dorian Wind Quintet’. De regresso à região está a Orquestra Filarmónica de Viena, com a orientação do maestro colombiano-austríaco Andrés Orozco-Estrada.

Já a Orquestra de Macau irá juntar-se à Orquestra e o Coro do NCPA da China para apresentar a obra Cantata do Rio Amarelo. Os bilhetes para o XXXIII Festival Internacional de Música de Macau encontram-se à venda a partir de 4 de Agosto.

19 Jul 2019

“Guerra dos Tronos” com recorde de nomeações para os Emmys 2019

[dropcap]A[/dropcap] corrida aos Emmy Awards 2019 – troféus que premeiam o melhor de cada ano na indústria televisiva norte-americana – foi anunciada na passada terça-feira, 15 de Julho, com a série “Guerra dos Tronos” (Game of Thrones) a arrebatar um recorde de nomeações: 32 nomeações em 26 categorias.

A série de culto da HBO, que este ano emitiu a sua 9ª e derradeira temporada, conseguiu estar representada nas principais categorias, incluindo a melhor série de drama, onde enfrentará as rivais “Bodyguard”, “Ozark”, “Pose”, “Succession”, “This is Us”, “Better Call Saul” e “Killing Eve”.

O elenco de “Guerra dos Tronos” está igualmente contemplado nas categorias de melhores actor e actriz numa série de drama, com Kit Harington e Emilia Clarke, melhor actriz convidada numa série de drama para Carice van Houten, três nomeações na categoria de melhor actor secundário para Alfie Allen, Nikolaj Coster-Waldau e Peter Dinklage, e quatro lugares na categoria de melhor actriz secundária para Lena Headey, Sophie Turner, Maisie Williams e Gwendoline Christie.

Apesar do coro de críticas dos milhões de fãs, que exigiram um novo final para a série, a história criada por George R.R. Martin vê assim o reconhecimento do trabalho nesta última temporada, que já em 2018 arrecadou o principal galardão de melhor série dramática. O anterior recorde de nomeações, numa só temporada, pertencia à série “NYPD Blue”, da ABC (American Broadcasting Company), que foi exibida entre 1993 e 2005.

E a Sra. Maisel

A segunda série a reunir mais nomeações foi a comédia da Amazon “The Marvelous Mrs. Maisel”, com 19 hipóteses de prémio, logo seguida pelo recente sucesso da mini-série “Chernobyl”, que recebeu 18 nomeações, e pela comédia “Barry”, com 17 nomeações, ambas produzidas pela HBO. O canal de televisão por assinatura é assim o grande vencedor, com um total de 137 nomeações nesta 71ª edição dos Emmy Awards, batendo as posições da Netflix com 117, da NBC com 58 e da Amazon com 47 nomeações.

A 71ª edição dos Emmy Awards está marcada para o dia 22 de Setembro, no Microsoft Theater de Los Angeles, manhã de 23 de Setembro, segunda-feira, aqui em Macau.

19 Jul 2019

Oitava edição do Festival Rota das Letras lança Concurso de Contos

[dropcap]A[/dropcap] 8ª edição do Festival Literário de Macau – Rota das Letras arrancou, com o lançamento do Concurso de Contos nas línguas portuguesa, chinesa e inglesa. Os interessados deverão submeter as suas histórias até às 20h do dia 30 de Novembro de 2019, na redacção do jornal Ponto Final ou através do email shortstories.thescriptroad@gmail.com.

As regras do concurso são idênticas às de 2018, com a entrega de prémios (um para cada idioma) no valor de 10 mil patacas e a publicação em livro – nas três línguas – dos textos seleccionados.

Os contos serão seleccionados por escritores que passaram pela Rota das Letras, depois de uma pré-selecção a cargo de um painel composto por representantes da organização e de outras entidades.

19 Jul 2019