Andreia Sofia Silva EventosTurismo de Macau sem representação na Feira do Livro de Lisboa Ao contrário do que é habitual, a delegação do Turismo de Macau em Lisboa não participa este ano na 90ª Feira do Livro de Lisboa, que decorre no parque Eduardo VII. No entanto, a delegação prepara-se para lançar a campanha “Setembro: Mês do Livro. Leia Macau” que visa atrair mais leitores à livraria do Turismo de Macau [dropcap]A[/dropcap]rrancou na quinta-feira, dia 27, mais uma edição da Feira do Livro de Lisboa, um dos maiores eventos literários em Portugal. No entanto, devido à pandemia da covid-19, a delegação do Turismo de Macau em Lisboa não estará representada na 90.ª edição do evento como é habitual, tal como aponta a delegação em comunicado. “A situação atípica que se vive e as restrições e condicionalismos que esta pandemia impôs, levou a que o Turismo de Macau cancelasse a sua participação neste grande evento literário”, pode ler-se. Ao HM, Paula Machado, coordenadora do Centro de Promoção e Informação Turística de Macau em Portugal, adiantou que a pandemia fez com que fosse impossível cumprir prazos. “Com a pandemia e o adiamento das datas acabou por ser complicado comprometermo-nos em Abril, mês das inscrições”, disse, pelo que a campanha de Setembro surge como uma “compensação” para os habituais visitantes do espaço do Turismo de Macau na Feira do Livro, que fecha portas a 13 de Setembro. Ler em Setembro A campanha levada a cabo pela livraria do Turismo de Macau surge dada “a importância que os livros têm para o enriquecimento cultural e disseminação do conhecimento”. Desta forma, até ao dia 30 de Setembro, “serão apresentadas diferentes sugestões de leitura, dando a conhecer diferentes títulos, autores e temas, relacionados com Macau e com o Oriente”. A campanha inclui ainda vários descontos e ofertas. Numa entrevista concedida ao HM em Maio, Paula Machado revelou a vontade de apostar na venda de livros online. “Esta livraria visa promover o legado cultural de Macau e o espólio é constituído essencialmente por livros escritos por autores de Macau ou relacionados com Macau. Acaba por ser um importante complemento às nossas actividades promocionais, pois participamos na Feira do Livro de Lisboa e na Festa do Livro de Belém.” Paula Machado falou também da importância que estes eventos têm para a actividade da delegação do Turismo de Macau. “Nestas feiras acabamos por vender mais livros do que em nos outros meses do ano. Ainda assim, penso que ainda há muito a fazer para atrair mais pessoas às nossas instalações.” O objectivo, segundo Paula Machado, é que a livraria online entre em funcionamento ainda este ano.
Pedro Arede EventosExposição | Artistas locais apresentam instalações e mímica na Torre de Macau Mel Cheong e Nada Chan são as responsáveis pelo projecto Curioser & Curioser, inspirado na obra “Alice no País das Maravilhas”. Numa confluência entre instalações artísticas e performances de mímica, o objectivo é levar a audiência a interagir, nem que seja parando um pouco para “olhar para o céu” [dropcap]A[/dropcap] minha ideia é que, tal como a Alice, as pessoas queiram explorar mais e também explorar-se a si próprias, de forma a saber o que querem. Se não pararmos um pouco para pensar sobre isso, nunca saberemos”. As palavras são de Mel Cheong, artista local responsável pelas instalações do projecto Curioser & Curioser, inspirado na obra literária “Alice no País das Maravilhas”, de Lewis Carroll, patente na Torre de Macau entre 12 de Setembro e 10 de Outubro. O evento, organizado pela Rota Artes Associação, pretende levar os visitantes, crianças ou adultos, a interagir com as obras expostas e a sair da rotina. “A minha ideia inicial era criar um género de festival dedicado às crianças e à forma como podem perseguir os seus sonhos e manter uma mente curiosa à medida que crescem. Ao mesmo tempo é também para adultos, porque queremos que saibam que podem continuar a perseguir os seus sonhos. Para fazer isso, começámos a pensar que simplesmente expor as instalações, não seria suficiente porque queremos que as pessoas interajam mais”, partilhou Mel. Daí nasceu a colaboração com Nada Chan, artista responsável pelas performances de mímica que vão acontecer no mesmo espaço. “Por um lado, não queria um ambiente de museu totalmente em silêncio, queria ter algo a acontecer, mas não o caos instalado. Por isso, pedi à Nada para pensar numa performance, tendo em conta a minha instalação artística”, explica Mel Cheong. Para a artista, Macau é uma cidade onde “faz falta tempo para pensar” e a ligação “visceral” com os casinos leva a que muitos embarquem numa rotina de trabalho frenética, onde o pouco tempo disponível acaba por ser usado para usufruir de “experiências luxuosas”, em detrimento de “enriquecimento interior”. “As pessoas estão tão absortas no seu dia-a-dia e, a dada altura, também eu tive de decidir se ia trabalhar ou não num casino. Temos de encorajar os residentes que cá trabalham a não pensar só em casinos e a estar disponíveis para outras coisas. As pessoas querem desfrutar de experiências luxuosas, mas não estão realmente focadas no lado humano. Por exemplo, ler um livro também é um luxo, mas é algo que não acontece porque a rotina diária não o permite”, conta Mel. Por isso, a exposição inclui uma instalação que recria um mar de nuvens que convida os visitantes a “tirar um tempo para pensar, ter uma conversa pessoal e pôr em palavras qualquer coisa que lhes ocorra”, enquanto desfrutam de um conjunto de nuvens espelhadas por cima das suas cabeças. “Tenho medo que as pessoas se sentem na exposição e fiquem a olhar para os telemóveis e, por isso, vamos espalhar notas com dicas para agirem e explorarem o espaço”, confessou Mel. Falar com o corpo Responsável pela performance de mímica, Nada Chan dá também corpo à ideia de explorar estímulos fora da rotina, desta vez através de movimentos, formas e cores materializadas por actores. “A história da performance baseia-se em pessoas que fazem sempre o mesmo (…) e se focam, de tal forma no seu mundo, que acabam por se tornar monstros. Depois de repetirem sempre o mesmo, um deles descobre que há algo no céu (…) que podem simplesmente admirar e interiorizar com a mente”, explica Nada Chan, que é também presidente da Rota Artes Associação. Sobre o panorama artístico do território, Nada Chan considera que “Macau precisa de diferentes tipos de arte”, em vez de sítios onde as pessoas “chegam, sentam, assistem ao espectáculo e vão embora”. “Acho que esta geração precisa de novos estímulos, pois contacta com muita informação digital, que é unidimensional (…) ao contrário de estímulos reais que obrigam as pessoas a interagir”, acrescentou.
Hoje Macau EventosFestival de ‘curtas’ de Macau regressa em Dezembro com mais de uma centena de filmes [dropcap]A[/dropcap] 11.ª edição do Festival Internacional de Curtas de Macau vai realizar-se em dezembro, com mais de uma centena de filmes entre os finalistas a concurso, tendo recebido 4.232 submissões, anunciaram os organizadores. Organizado pelo Centro de Indústrias Criativas – Creative Macau e pelo Instituto de Estudos Europeus de Macau, com o apoio do Governo do território, o festival, que vai decorrer de 01 a 08 de dezembro, promove a competição de profissionais e amadores, com “produções curtas independentes de reduzido orçamento”, segundo o comunicado divulgado hoje. Tal como em anos anteriores, o festival inclui duas competições, “Shorts” (para curtas-metragens) e “Volume” (que premeia vídeos musicais). Das 4.232 submissões recebidas este ano, a maioria veio da Europa (43%), Ásia (32%), América do Norte (11%) e América do Sul (9%), segundo a nota, havendo ainda trabalhos de África (3%), Oceânia (1%) e outras regiões (1%). As curtas-metragens finalistas da seleção oficial, com 124 filmes no total, incluem 68 ficções, 26 documentários e 30 animações de quase 40 países, incluindo Portugal, pode ler-se no comunicado. Nove vídeos musicais vão ainda competir na vertente “Volume”. Os prémios incluem distinções para o melhor filme, ficção, documentário, animação, “identidade cultural de Macau” e prémios do público, entre outros. O júri deste ano é constituído por João Francisco Pinto, jornalista e diretor do canal de televisão TDM (Teledifusão de Macau), que preside ao painel, pelo realizador belga de curtas-metragens Julien Dykmans e pela realizadora sueca Måns Berthas. Esta 11.ª edição, que se realiza no Teatro Dom Pedro V, inclui 152 filmes e nove vídeos musicais, além de sessões especiais para escolas de cinema, concertos e encontros com o júri e finalistas.
Salomé Fernandes EventosLGBTQ+ | “Pose” convida ao desfile em estilo dos anos 70 e 80 O grupo Macau LGBTQ+ Social Club apresenta esta noite um evento no espaço D2 com base no estilo “voguing” e que conta com um concurso de poses. Um dos objectivos dos eventos organizados pelo grupo é permitir um melhor entendimento da comunidade LGBTQ+ [dropcap]O[/dropcap] estilo “voguing” dos salões de dança de Harlem Nova Iorque dos anos 70 e 80 serve de inspiração ao evento “Pose”, que decorre esta noite no Clube D2. Canalizar a supermodelo interior de cada um – é o desafio proposto pelo Macau LGBTQ+ Social Club. O evento começa às 22h00 e conta com um concurso em três categorias: “supermodelo lendário”, “diva com atitude” e “hot wet & saucy glamour”. A entrada tem um custo de 130 patacas. O Macau LGBTQ+ Social Club foi criado por Jimmy Chung entre o final de Dezembro e início de Janeiro, altura em que se mudou para Macau e se apercebeu de que não havia clubes LGBTQ+ ou bares gay. “Achei que seria bom começar algo para retribuir à comunidade”, disse ao HM. Lançou primeiro o grupo na plataforma “meetup”, levando mais estrangeiros a residir em Macau a juntarem-se. “No primeiro evento houve 38 pessoas, e a cada evento foi crescendo até 168 pessoas”, descreveu. Quando começou a abordar locais em Macau onde realizar os eventos, as reacções nem sempre foram positivas quando informava que eram LGBTQ. Encontrou pretextos e sugestões para arranjar sítios mais privados. “Alguns locais em Macau ainda são assim”, disse, explicando que nalguns locais a mensagem não é transmitida directamente, mas percebe-se nas entrelinhas que é melhor procurar outro espaço. A noite de hoje arranca com uma apresentação de Jimmy Chung e três co-apresentadores, num visual de alta-costura e andrógeno, semi-drag, a lançar o tema do evento. Vai ter também um sorteio de dinheiro, em que o montante ganho com a venda de rifas é dividido em duas partes, uma para o vencedor do público e outra para angariar fundos para ajudar a cobrir as despesas das actividades do grupo organizador. Fuga ao estereótipo O objectivo passa por aproximar a comunidade dos residentes locais, criando um espaço seguro para as pessoas se juntarem e conhecerem pessoas interessantes de diferentes contextos. “Para um melhor entendimento do que a comunidade LGBTQ+ significa, sem o estigma, a conotação negativa e o estereótipo da comunidade”, lançou. Uma abertura que Jimmy Chung considera ser possível promover sem passar uma mensagem política. “Estamos só a tentar [transmitir] que somos como qualquer outra pessoa, não somos diferentes de ninguém na comunidade de Macau. A única diferença é que não estamos aqui para promover ou julgar o ponto de vista de ninguém, quer da comunidade LGBTQ+ ou da chamada comunidade hetero”. Encara o grupo e os eventos como “um lugar seguro” para as pessoas que questionam a sua própria sexualidade fazerem perguntas, amigos, e um dia terem coragem de se assumirem “quando perceberem o que é certo, ou errado e o que realmente querem”. Mas que cria também espaço para pessoas que não são da comunidade LGBTQ apesar de a apoiarem, ou que têm curiosidade, explorarem esse lado e verem que “não é o típico ambiente estereotipado que se vê nos filmes e nos programas televisivos”. Jimmy nasceu em Hong Kong, de onde saiu quando ainda era criança. Cresceu no Canadá, e não esteve isento de dificuldades. “Qualquer pessoa a crescer como uma pessoa LGBTQ+, em qualquer comunidade, vai experienciar algum racismo, [reacções negativas], discriminação e ameaças”, descreveu, apontando que ao longo dos anos notou menos discriminação e pessoas a compreenderem melhor a comunidade. Já passou por França e novamente por Hong Kong, mas acabou por decidir mudar-se para a RAEM. “Apaixonei-me por Macau, pela cultura, o ambiente, as pessoas, o riso e a amabilidade das pessoas aqui é incrível”, descreveu.
Andreia Sofia Silva EventosCovid-19 | Ai Weiwei estreia novo documentário filmado em Wuhan O artista e activista Ai Weiwei acaba de apresentar um novo documentário onde revela como a cidade de Wuhan viveu a pandemia da covid-19, mas que é também uma crítica à alegada ocultação de números e de informações sobre a doença. Disponível em plataformas pagas de streaming, “Coronation” foi filmado por cidadãos de Wuhan que ajudaram o artista neste projecto [dropcap]A[/dropcap] dimensão de uma cidade sobressai mais quando está vazia. Em Wuhan, no início do ano, debaixo de uma neve intensa e com baixas temperaturas, essa dimensão era ainda maior com uma população fechada em casa a proteger-se de uma pandemia. Nos hospitais, médicos vestiam as batas e punham as máscaras, iniciando jornadas de trabalho sem fim. Lá fora, as estradas estavam vazias, ou então enchiam-se de ambulâncias. Depois, havia os prédios cheios de luzes, o vazio, o silêncio no meio do caos. Ao mesmo tempo, a velocidade na construção de novos hospitais. O novo documentário de Ai Weiwei, intitulado “Coronation”, foi filmado com a ajuda da esposa, Wang Fen, que tem irmãos a viver em Wuhan. O filme, com cerca de uma hora de duração, é o resultado de mais de 500 horas de gravações. O projecto não pretende apenas mostrar a realidade vivida no epicentro da pandemia, mas constitui também uma crítica à alegada ocultação do número de mortes por covid-19 e dos primeiros casos. Disponível para compra ou aluguer nas plataformas de streaming Alamo on Demand [para os EUA] e Vimeo [para o resto do mundo], “Coronation” tem como protagonistas os cidadãos que ficaram presos em Wuhan devido ao fecho das fronteiras da cidade, os que só regressaram muitas semanas depois por estarem fora antes do confinamento ou os médicos exaustos que adormecem em cadeiras dos hospitais com os fatos de protecção. Mas não só. Há também relatos de pessoas que passaram a viver no limbo, tal como um filho que se vê sujeito a um extenso processo burocrático para conseguir ficar com as cinzas do pai vítima de covid-19 ou um trabalhador da construção civil, voluntário, que não consegue regressar a Henan, a sua cidade natal, depois de terminar o seu trabalho. Apesar dos telefonemas, explicando a situação, este não consegue sair de Wuhan e acaba a dormir no carro. O jornal The Guardian noticiou o suicídio deste voluntário. A nota final O papel do Partido Comunista Chinês (PCC) no processo de combate à pandemia é também retratado neste documentário, quer pela cerimónia de boas-vindas a médicos e enfermeiros que receberam o prémio de adesão ao PCC, quer através de uma conversa com uma idosa. No sofá da sua casa, esta militante defende que a China continua a ser um bom país para se viver, criticando aqueles que querem emigrar e que, no estrangeiro, se vêem obrigados a pagar elevadas quantias para ter acesso a cuidados de saúde. Pelo meio, Ai Weiwei apostou em cenários quase futuristas de uma cidade vazia, com música a condizer, para depois terminar com uma mensagem. “O primeiro caso de covid-19 surgiu em Wuhan a 1 de Dezembro de 2019. Durante várias semanas as autoridades ocultaram informações sobre a transmissão do vírus entre humanos, bem como os dados relativos às infecções e mortalidade. A 23 de Janeiro de 2020, Wuhan foi sujeita ao fecho de fronteiras.” Sobre a China Ao jornal New York Times, Ai Weiwei revelou que este documentário é, acima de tudo, uma tentativa de mostrar como é o seu país. “Os espectadores têm de perceber que isto é sobre a China. Sim, é sobre a quarentena, mas, acima de tudo, tenta reflectir o que os cidadãos chineses comuns tiveram de enfrentar.” “O filme leva-nos ao coração dos hospitais temporários e unidades de cuidados intensivos, mostrando todo o processo de diagnóstico e tratamento. Os pacientes e as suas famílias são entrevistados, revelando o que pensam sobre a pandemia, ao mesmo tempo que expressam raiva e confusão sobre as restrições da liberdade impostas pelo Estado”, escreve o artista no seu website. “Coronation” mostra também o conflito entre a necessidade de liberdade pessoal e a luta pela saúde pública, um debate surgido em vários países do mundo graças à pandemia. “Apesar da escala e da rapidez da quarentena de Wuhan, estamos perante uma questão mais existencial: a civilização consegue sobreviver sem humanidade? As nações conseguem confiar umas nas outras sem transparência?”, escreve o artista no seu website oficial. O documentário “examina o espectro político do controlo estatal chinês desde o primeiro até ao último dia do confinamento em Wuhan”, apontou Ai Weiwei. “Coronation” retrata também “a brutal eficiência do Estado e a resposta militarizada para controlar o vírus”. Sobre o apoio de Wang Fen nas filmagens, Ai Weiwei contou ao jornal norte-americano que ela “teve um envolvimento emocional muito profundo” com o projecto. O artista chinês, actualmente radicado na Europa, onde dirigiu e produziu o documentário, apontou que gostava de o ter estreado num festival de cinema. No entanto, os festivais de Veneza e Toronto terão rejeitado a obra, bem como as plataformas de streaming Amazon e Netflix.
Hoje Macau EventosFilme “El Crimen del Padre Amaro” exibido na próxima terça-feira na FRC [dropcap]É[/dropcap] já na próxima terça-feira, 1 de Setembro, que a Fundação Rui Cunha (FRC) exibe, no espaço da galeria, o filme “El Crimen Del Padre Amaro”, do realizador Carlos Carrera, baseado na obra com o mesmo nome do escritor português Eça de Queiróz. A iniciativa acontece com o apoio da Associação dos Amigos do Livro em Macau e do IPOR – Instituto Português do Oriente. Antes da exibição do filme, a professora Alexandra Domingues fará uma apresentação sobre o romance. O evento integra o Programa Comemorativo dos 120 anos da morte de Eça de Queiroz, repartido em três sessões, que trouxe ao público de Macau a oportunidade de reviver o expoente da literatura do realismo português, sob diferentes prismas: Eça o Diplomata, Eça na Ópera e Eça no Cinema. O filme El Crimen del Padre Amaro conta com interpretações Gael García Bernal (no papel de padre Amaro), Ana Claudia Talacón e Sancho Garcia, que veio a ser nomeado como Melhor Filme Estrangeiro para as cerimónias dos Óscares e dos Golden Globes norte-americanos de 2003. Trilogia encerrada Este evento encerra a trilogia dedicada a Eça de Queiroz. A sessão inicial aconteceu no dia 13 de Agosto, no Auditório do Consulado Geral de Portugal, com o convidado Carlos Frota, primeiro Cônsul-Geral de Portugal na RAEM, que procurou dar a conhecer a faceta de diplomata do escritor. O tema focou a carreira diplomática de José Maria Eça de Queiroz e a discussão sobre as influências do jornalista e do romancista cáustico na defesa dos interesses de Portugal. Na sessão do dia 20 de Agosto, a professora Ana Paula Dias apresentou “Eça na Ópera”, trazendo alguns trechos musicais reveladores da intenção do autor, na intersecção entre a música e as palavras, e excertos literários declamados por Liliana Miguel Pires. A ópera e as árias líricas, referenciadas nos romances do escritor, foram também analisadas pelo médico e musicólogo Shee Va, no contexto das «Conversas Ilustradas com Música: A Ópera na Literatura», cujo ciclo realiza mensalmente na Fundação Rui Cunha.
Hoje Macau EventosLMA acolhe este sábado o evento “Red or Blue: Redemption” [dropcap]O[/dropcap] espaço Live Music Association recebe este sábado um novo evento a partir das 23h, intitulado “Red or Blue Redemption”. Trata-se de um DJ Set em parceria com o colectivo Red or Blue, que disponibiliza os djs Zarah Fong e Circle. No caso de Circle, um dos fundadores da Red and Blue, a música electrónica sempre fez parte da sua vida, segundo uma nota divulgada na página oficial no Facebook pelo colectivo de músicos. Circle estudou música electrónica e sempre se sentiu fascinado pela atmosfera da música House e com a possibilidade de misturar esse estilo com outros mais alternativos, criando, desta forma, um “estilo único” enquanto dj. Depois de ter actuado em vários espaços em Macau, em 2018 fundou a Red and Blue com alguns amigos, sempre com o objectivo de “partilhar música com o público sem reservas”, apostando em estilos tão diversos como o House, Techno ou Drum and Bass, entre outros. No caso de Zarah Fong aka Django, tudo começou quando este esteve numa festa de música alternativa em Tóquio. Começava aí a sua carreira como dj de música electrónica. Segundo a mesma nota da Red and Blue, “a sua personalidade sem restrições permitiu-lhe aderir a diferentes géneros musicais”, onde se incluem o Techno ou o Drum and Bass. Zarah Fong já actuou em eventos musicais como Beijing Dada, Shenzhen Oil e também em Hong Kong, ao lado de djs reconhecidos internacionalmente. Com imagem O evento conta também com a presença do dj D-HOO, nome artístico de Derek Ho, fundador da Associação de Música de Dança de Macau (MDMA, na sigla inglesa). Além de actuar como dj em várias festas, Derek Ho tem também promovido diversos eventos de House music em Macau em vários clubes nocturnos, sempre numa tentativa de trazer diversidade ao panorama musical do território. Além da música de dança, a noite no LMA fica completa com a performance visual do VJ OS. Os bilhetes custam 150 patacas e dão direito a uma bebida.
Hoje Macau EventosOrquestra de Macau junta-se ao MGM para concerto comemorativo “Comemorando o 50º Aniversário do Dia da Terra: Um Tributo à Natureza” é o nome do espectáculo que junta a Orquestra de Macau e o MGM e que visa celebrar não apenas os 50 anos do Dia da Terra, mas também os 250 anos do nascimento de Beethoven. O concerto decorre este sábado e domingo no The Spectacle, no MGM Cotai [dropcap]D[/dropcap]uas celebrações num só palco. É esta a proposta da Orquestra de Macau (OM) que, com o apoio da operadora de jogo MGM e do Instituto Cultural (IC), dá este sábado e domingo um duplo concerto de comemoração dos 50 anos do Dia da Terra e dos 250 anos do nascimento do compositor alemão Beethoven. O espectáculo intitula-se “Comemorando o 50.º Aniversário do Dia da Terra: Um Tributo à Natureza” e decorre às 14h30 na sala The Spectacle, no MGM Cotai. Segundo um comunicado do IC, o programa do concerto será focado na Sinfonia N.º 6 em Fá maior, Op. 68, “Pastoral” de Beethoven. O IC considera que este espectáculo “proporcionará ao público uma experiência sinfónica especial, com música clássica, tecnologia inovadora e arquitectura moderna”. “Ao som de uma melodia clássica que ilustra na perfeição a unidade do homem com a natureza, o público será levado a apreciar a beleza natural da cidade e a reflectir sobre a importância da protecção do ambiente”, acrescenta a mesma entidade. No mesmo fim-de-semana decorrem ainda outras actividades que visam celebrar os 50 anos da implementação do Dia da Terra, como visitas guiadas ao “Dia da Terra X Arte da Natureza”, um “Workshop de Criação de Bolas de Musgo” e um “Lanche Sinfónico”. Mais em Setembro Depois do espectáculo no MGM, a OM prepara-se para apresentar, já em Setembro, a nova temporada 2020/2021 com a série de concertos “Encontros com a OM em Setembro”, todos com entrada gratuita. O primeiro espectáculo acontece já a 5 de setembro, no grande auditório do Centro Cultural de Macau (CCM) pelas 20h, e intitula-se “Um Encontro de Sinfonias”. Nos dias 11 e 12 de Setembro acontece “Um Encontro de Violoncelos” às 20h no teatro D. Pedro V, enquanto que também no dia 12 tem lugar a iniciativa “Música na Biblioteca”, na Biblioteca da Taipa, por volta das 17h15. A 19 de Setembro, no Museu de Arte de Macau (MAM) ocorre a iniciativa “Música no MAM”, às 14h30. No mesmo dia, às 17h, a Casa Garden acolhe “Música em Património Mundial”. Este Verão, nos meses de Julho e Agosto, a OM não esteve parada e apresentou o ciclo de concertos “Episódios de Verão”. Cerca de três mil pessoas reservaram bilhetes para os seis espectáculos incluídos neste programa, com mil inscrições efectivas. Em parceria com o Centro de Ciência de Macau, a OM apresentou ainda os concertos “Festival de Ciência e Música – Desfile Nocturno dos Animais”, vistos por 280 pessoas e com cerca de 800 inscrições.
Hoje Macau Eventos“Cidade infecta”, o novo romance de Teresa Veiga que fala de solidão e desamor [dropcap]O[/dropcap] novo livro de Teresa Veiga, “Cidade infecta”, tem como pano de fundo um crime, mas gira em torno de duas amigas, explorando conceitos como relações tóxicas, violência doméstica, solidão e desamor, num romance inspirado pelo confinamento da autora. “Cidade Infecta”, editado pela Tinta-da-China, e com chegada às livrarias portuguesas marcada para dia 28 de setembro, é o mais recente livro da designada “misteriosa” autora portuguesa Teresa Veiga e o seu segundo romance, género a que volta 21 anos depois do único que escrevera, “Paz Doméstica”. Como no anterior, também em “Cidade Infecta” a autora explora a questão dos laços familiares, da luta pela manutenção da paz doméstica, ainda que seja uma paz podre, das complexas relações humanas, sobretudo conjugais, e volta a ter como protagonistas mulheres, que, à sua maneira, são personagens fortes. Raquel e Anabela são duas amigas improváveis, na medida em que nada teriam em comum, a não ser uma forte determinação em conduzir a vida familiar e a frequência de um curso de informática. Uma, professora do ensino secundário, é bonita, vistosa e voluntariosa, a outra, empregada de uma loja de tecidos, é mais apagada e humilde, e deslumbrada pela nova amiga, que conhece durante o curso. Apesar de diametralmente opostos, os seus traços de caráter aproximam-nas uma da outra, levando-as a perceber que na intimidade pouco diferem: têm casamentos tumultuosos, com maridos que as tentam oprimir, relações péssimas com a restante família e vivem numa solidão que só aquela nova amizade vem colmatar. É a partir dessa relação que se vai revelando uma vivência íntima semelhante, dominada por um machismo patriarcal e violência doméstica, a que uma reage com luta e confronto e a outra com mutismo. A tensão permanente vivida nos dois lares está patente em várias situações, como uma em que se descreve que Raquel “percebe que estava aberto o caminho para o diálogo, ainda que não fosse propriamente um diálogo mas um dueto de vozes alteradas e desafinadas”. Nessa luta de emancipação feminina, que garantem com trabalhos que lhes dão autonomia financeira, com a frequência do curso de informática, e com a resistência aos avanços dos maridos, as duas amigas insistem, ainda assim, em manter a relação conjugal e a vida familiar, fazendo levantar a questão: por que se fica preso a um casamento? Este aspeto é referido pelo marido de Raquel que a dada altura a acusa de “espezinhar levianamente o casamento, apesar de ninguém a ter obrigado a proferir o sim sacramental”. Uma das razões sugeridas pela história é a manutenção das aparências e o evitar da maledicência dos vizinhos, o que se pode explicar pela época em que a história se passa, quando a “supremacia do homem macho” – como refere Raquel – era um ‘status quo’ e os métodos violentos contra o desrespeito das mulheres relativamente aceites. Apesar de o tempo em que se passa a trama não ser definido, várias pistas colocam-na várias décadas atrás, como a referência à velocidade de 70/80 quilómetros por hora numa viagem de carro, ao dinheiro em escudos, ou a programas como a telenovela brasileira “O bem-amado” ou “Quando o telefone toca”, na rádio. A história passa-se numa pacata cidade do interior, chamada Oliveira, e como pano de fundo do enredo está o assassínio de uma mulher e um criminoso à solta, que lançam sobre a localidade, outrora segura e tranquila, o medo e a suspeição, que leva os moradores a recolherem-se quando cai o entardecer. O romance “Cidade Infecta” foi escrito em 2020 e foi inspirado pelo confinamento da autora, embora não seja sobre essa situação em particular, explicou a editora. No entanto, algumas passagens parecem aludir a esses tempos, ainda que metaforicamente, como quando se fala da ânsia com que uma das personagens esperava a primavera e de repente sentia-se como “capturada por uma rede invisível, manietada e atirada para um canto, privada para sempre do verão e da felicidade”; ou, numa referência ao crime que assolou a cidade, “um sentimento de medo estava a espalhar-se pela comunidade e a infiltrar-se nos hábitos de cada um”. Numa outra passagem, um jovem químico alerta para os malefícios do plástico como “um dos grandes problemas do futuro”, que se manterá “até que surja uma catástrofe pior e o plástico seja reabilitado”. A cena passa-se durante uma festa e o jovem acrescenta: “por isso, vamos mas é comer enquanto podemos com estas belas facas e garfos de níquel a cheirar a metal”. Cada um dos 14 capítulos do livro está escrito como um mosaico autónomo, aprofundando uma situação ou uma personagem e sem ter ligação direta com o capítulo que lhe sucede, mas no final todos se encaixam, compondo e ligando a história num todo. Teresa Veiga é uma autora de quem muito pouco se conhece, incluindo o nome verdadeiro, já que este é o pseudónimo sob o qual se esconde uma escritora que praticamente não aparece em cerimónias públicas, nem dá entrevistas, apesar de já ter recebido vários prémios literários, como o Grande Prémio do Conto Camilo Castelo Branco/APE (três vezes) e o Prémio de Ficção do PEN Clube Português. O que se sabe é que nasceu em Lisboa, em 1945, licenciou-se em Direito, em 1968, e em Filologia Românica, em 1980, e exerceu a atividade de Conservadora do Registo Civil entre 1975 e 1983. Essencialmente contista, Teresa Veiga escreveu ao longo de 40 anos apenas oito livros: além dos dois romances, é autora de cinco livros de contos — “Jacobo e outras histórias”, “História da Bela Fria”, “As enganadas”, “Uma aventura secreta do Marquês de Bradomín” e “Gente melancolicamente louca” – e um de novelas – “O último amante”.
Hoje Macau EventosPublicado inédito de António Tabucchi sobre artistas portugueses [dropcap]A[/dropcap]ntónio Dacosta, Bartolomeu Cid dos Santos, Costa Pinheiro, José Barrias, Júlio Pomar, Maria Helena Vieira da Silva e Paula Rego estão entre os protagonistas do livro inédito de António Tabucchi “Estórias com figuras”, que é publicado hoje em Portugal. Graça Morais, José de Guimarães, Lisa Santos Silva são outros nomes, na origem destas “estórias” de Antonio Tabucchi (1943-2012), segundo a informação hoje divulgada pelas Publicações D. Quixote. A editora refere ainda que esta obra testemunha “a profunda e duradoura cumplicidade do autor italiano com a cultura e a arte de um país que tão bem soube compreender”. A pintura e as artes visuais, em geral, atravessaram a obra de António Tabucchi, destacando-se em particular o conto “Vozes trazidas por alguma coisa, impossível dizer que coisa”, a partir das “As Tentações de Santo Antão”, de Hieronymus Bosch, da coleção do Museu Nacional de Arte Antiga, e “Sonhos de Sonhos” de artistas como Caravaggio, Goya e Toulouse-Lautrec, entre demais criadores, abordados pelo escritor. Tabucchi nasceu em Pisa, onde estudou na Faculdade de Letras e na Scuola Normale Superiore. Ensinou nas Universidades de Bolonha, Roma, Génova e Siena, em Itália. Foi professor convidado no Bard College, de Nova Iorque, na École de Hautes Études de Paris e no Collège de France, também na capital francesa. Entre romances, contos, ensaios e textos teatrais, Tabucchi publicou 27 livros, entre os quais um romance que escreveu em português, “Requiem” (1991), tendo as suas obras sido traduzidas em mais de 40 línguas. Com Maria José de Lancastre, traduziu para italiano a obra de Fernando Pessoa. A sua obra foi posta em cena por encenadores como Giorgio Strehler e Didier Bezace. Os seus livros “O Fio do Horizonte”, “Noturno Indiano”, “Afirma Pereira” e “Requiem” foram adaptados ao cinema, respetivamente, por Fernando Lopes, Alain Corneau, Roberto Faenza e Alain Tanner.
Andreia Sofia Silva EventosComuna de Han-Ian apresenta videoinstalação de reflexão sobre Macau esta sexta-feira “New Promise Land” é o nome da exposição promovida pela associação Comuna de Han-Ian que será inaugurada esta sexta-feira, dia 28. Seis artistas, divididos em três grupos, olham para a Macau dos dias de hoje e para as promessas que fizeram a RAEM nascer. As detenções feitas no Leal Senado o ano passado são um dos temas abordados através de uma perspectiva interactiva com o público [dropcap]M[/dropcap]acau, terra anteriormente administrada por portugueses com o aval da China. A RAEM, território peculiar nascido de promessas feitas no âmbito da Declaração Conjunta, e de promessas e objectivos apresentados pela China. É este retrato socio-político apresentado na nova exposição promovida pela associação Comuna de Han-Ian, que inaugura esta sexta-feira, dia 28, na Avenida do Coronel Mesquita, Mong-Há. “New Promise Land – Video and Art Installation” é um olhar sobre a Macau contemporânea que deixou Portugal para abraçar a China em definitivo. Mas é também uma metáfora daquilo em que a sociedade de Macau se tornou. Numa nota divulgada pela Comuna de Han-Ian nas redes sociais, o nome “New Promise Land” [A Nova Terra Prometida] é um conceito oriundo do Velho Testamento da Bíblia, quando Deus prometeu aos judeus que, desde que estes fossem obedientes, haveria uma terra fértil para eles no final de todas as tormentas. Mas “New Promised Land” é também o nome de um restaurante birmanês em Macau, pelo que o nome da exposição é também o reflexo do território que há muito acolhe trabalhadores migrantes para as mais diversas actividades económicas, enfrentando as mais diversas dificuldades. “Macau tornou-se na ‘Terra Prometida’ para muitos grupos étnicos nos últimos anos”, acrescenta a mesma nota. As detenções feitas pela Polícia Judiciária o ano passado na zona do Leal Senado, quando alguns jovens tentaram demonstrar apoio aos protestos de Hong Kong, acabaram por se tornar no mote para esta exposição. “Em Agosto sabíamos o que estava a acontecer em Hong Kong e sabíamos que alguns jovens queriam dar o apoio, e que a polícia não tinha autorizado a manifestação. Nesse momento queríamos fazer algo sobre isso e levar as pessoas a perguntar porque é que tudo isso estava a acontecer, e se podíamos fazer algo. Foi essa a motivação para nos juntarmos”, contou ao HM Peeko Wong, coordenadora da exposição. O tema das detenções será abordado numa zona comum, com maior interactividade com os visitantes, segundo explicou Ao Ngan Wa, uma das artistas participantes. “Vamos tentar recriar a situação que aconteceu no ano passado e questionar o que podemos fazer. Ainda estamos a trabalhar nesta zona comum, [mas a ideia é pensar no facto de] o receptor da promessa ter o direito a dizer sim ou não. Nessa zona comum [da exposição] vamos tentar usar essa ocorrência do ano passado e levar o público a pensar nessas questões”, disse ao HM. Para Peeko Wong, o objectivo desta mostra é levar o público a pensar não apenas sobre as promessas feitas, mas também sobre as soluções para o futuro. Pensar o amanhã A exposição é composta por trabalhos de seis artistas, três de Macau e três de Portugal, Hong Kong e Taiwan, organizados em três grupos diferentes. Cada grupo aborda um tema relacionado com o território. No caso de Ao Ngan Wa, actualmente a estudar artes na Polónia, o trabalho é feito em conjunto com o português João Garcia Neto. “O João aborda as promessas que os portugueses nos deixaram, enquanto que eu abordo as promessas feitas pela China para o futuro”, contou a artista. Ao Ngan Wa lamenta que a sociedade de Macau se limite simplesmente a ouvir e a obedecer. “Parece que há apenas um caminho, que a Grande Baía é um grande projecto e que tudo vai correr bem na economia. Do lado de Macau só estamos aptos a dizer sim, não havendo lugar a discussão ou negociação. As promessas tornaram-se ordens”, defendeu. Além da dupla Ao Ngan Wa e João Garcia Neto, participam também a dupla Iao Fong Lam e Chang Ciao Yu, este de Taiwan, cujo projecto de video aborda as crenças da população local e as diferentes religiões existentes no território. Chang Ciao Yu reside actualmente em Hong Kong e partilha também a sua visão sobre as promessas feitas, estabelecendo um diálogo com os artistas de Macau. Por sua vez, Veronica Bassetto, de Hong Kong, junta-se a Lao Keng U.
Salomé Fernandes EventosCinema | InspirARTE em Festa com oito filmes destinados a jovens Voltado para crianças e adolescentes, o “Cinema InspirARTE em Festa” apresenta filmes que exploram relações interpessoais, luta contra injustiças e aventuras segundo perspectivas de realizadores de diferentes países [dropcap]A[/dropcap] edição deste ano do “Cinema InspirARTE em Festa”, que se realiza entre quinta-feira e domingo, tem oito filmes dedicados ao público mais novo. Organizado pelo Centro Cultural de Macau (CCM), o evento traz perspectivas fílmicas de outros países, como a França, República Checa, passando pela Noruega e pela Rússia. O festival aposta na projecção de filmes dirigidos a crianças, a partir dos 3 anos, e a adolescentes. Em comunicado, o CCM descrever o cinema como o “espaço onde a imaginação corre à solta e as possibilidades são infinitas”. “Passando valores como a amizade, empatia e respeito pelos outros, algumas destas histórias também poderão incentivar à autodescoberta. Sejam estas inspiradas em acontecimentos reais ou de ficção, tanto os pequeninos como os mais crescidos acabarão por descobrir que os problemas são muitas vezes mais simples de resolver do que possam pensar”, descreve o CCM na sua página electrónica. Entre as histórias que vão passar no ecrã do CCM está a “Balada do Tibete”, galardoado com o título de melhor filme do 13º Festival Internacional de Cinema Infantil da China. É inspirado na aventura verídica de um grupo de crianças invisuais tibetanas que viajou do Monte Evereste à cidade de Shenzhen, para cantar num concurso de talentos televisivo. Thupten quer ver o mundo antes de perder por completo a visão, e guia os seus companheiros cegos em direcção à cidade vizinha. A mostra de cinema traz de volta ao ecrã personagens já conhecidas, como a Abelha Maia, que em “Jogos de Mel” ofende uma governante quando se insurge contra a exigência de metade da produção de mel reverter para os cofres imperiais. As histórias dos Moomins surgem no ecrã depois de uma nova adaptação feita por Tove Jansson, que acompanha o crescimento de Moomintroll. Relacionamentos e aventuras O evento arranca na quinta-feira, com a exibição de “O Príncipe Perdido”, às 19h30. O filme aborda a dinâmica familiar entre Djibi e a sua filha Sofia, de oito anos. O pai assume o papel de príncipe encantado na “Terra dos Contos”, onde vão à noite antes de a menina adormecer. “Cinco anos depois, Sofia afasta-se das histórias do pai, inventando os seus próprios contos. À medida que o seu papel, tanto na vida real como na Terra dos Contos, começa a mudar, Djibi tem de encontrar forma de permanecer o herói da sua filha”, descreve o site do CCM. A encerrar o programa está “Harvie e o Museu Mágico”, no domingo às 17h. A narrativa da melhor longa-metragem de animação do Festival Internacional de Cinema Infantil de San Diego 2018 é passada à volta de Harvie, um rapaz que gosta de jogos de computador, que acidentalmente faz com que peças de um museu de marionetes ganhem vida. Os outros filmes que integram o programa são “Rocca Muda o Mundo”, “Klara a Super Estrela” e “Agência de Detectives Jerry e Maya – O Primeiro Mistério”. Os bilhetes custam 60 patacas. Apesar de a mostra de cinema terminar no domingo, o site do CCM aponta para a possibilidade de se comprarem bilhetes para sessões adicionais a partir de segunda-feira. De acordo com as orientações do CCM, o uso de máscara é obrigatório durante o evento, e vão ser impostas medidas de distanciamento social.
Hoje Macau EventosCCM | Novo espectáculo da Comuna de Pedra decorre entre hoje e domingo Têm hoje início as primeiras sessões do espectáculo “Mira-monte”, nome do novo espectáculo da companhia teatral Comuna de Pedra. O texto de Inês Kuan conta a história de Lumi e a sua aventura na montanha. O espectáculo insere-se na iniciativa CCM Artmusing Summer e destina-se aos mais pequenos [dropcap]A[/dropcap] companhia teatral Comuna de Pedra está de regresso aos palcos, desta vez com um espectáculo destinado aos mais pequenos e inserido no cartaz CCM Artmusing Summer. “Mira-monte” é o nome do espectáculo que começa hoje no Centro Cultural de Macau (CCM) e que poderá ser visto até domingo, dia 23 de Agosto. Diariamente decorrem três sessões às 11h, 14h30 e 17h, com a duração de 45 minutos cada. Com direcção artística e coordenação de Jenny Mok, “Mira-monte” conta a história de Lumi e o seu percurso desafiante até ao topo de “uma bela montanha nevada”. Segundo uma nota divulgada pelo CCM, trata-se de um “adorável espectáculo sem palavras, mas repleto de efeitos visuais para miúdos a partir dos quatro anos”. O público poderá assistir a uma apresentação que combina “movimento corporal e manipulação de marionetas ao doce som do grupo Water Singers, as alegres artistas vão interagir num fantástico acampamento, montado pertinho do público”. O texto e a encenação do espectáculo está a cargo de Inês Kuan, que decidiu explorar a vida de Lumi depois da sua subida à montanha. “Qual será a próxima aventura? Será que Lumi vai explorar novas paisagens e fazer novos amigos? A conquista da montanha é a primeira de muitas histórias. A energia criativa leva-nos sempre muito para além dos sonhos mais audaciosos”, descreve o CCM. De volta Este espectáculo marca o regresso da Comuna de Pedra ao activo, depois de uma paragem forçada devido à pandemia da covid-19. Fundada em 1996, a companhia teatral tem-se dedicado a produções de dança e teatro físico bem como a trabalhos multimédia, explorando elementos diversos para desenvolver uma gama alargada de possibilidades artísticas. A companhia criou mais de 50 trabalhos tendo sido convidada para espectáculos e intercâmbios culturais com outros países, tendo também organizado uma série de projectos de colaboração, convidando artistas internacionais de renome. Nos últimos dez anos, a Comuna de Pedra tem trabalhado muito na área do teatro para a infância, tendo produzido, além de “Mira-monte”, o espectáculo Kidult Man. A companhia liderada por Jenny Mok tem-se dedicado também a vários projectos educacionais para os mais jovens, tendo organizado workshops e divulgado histórias na comunidade, palestras e seminários sobre a educação teatral das crianças.
Hoje Macau EventosGastronomia | IC lança programa de recolha de receitas macaenses [dropcap]C[/dropcap]om o objectivo de preservar e promover a gastronomia macaense, o Instituto Cultural (IC) lançou um programa de recolha de receitas junto da público, a fim serem guardadas na “Base de Dados da Cozinha Macaense” para uso público. A informação foi divulgada na segunda-feira através de uma nota oficial do IC. “O IC lançou (…) o programa ‘Apelo Internacional para o Envio de Receitas da Cozinha Macaense’, visando enriquecer a futura ‘Base de Dados da Cozinha Macaense’, a qual será criada pelo Governo da RAEM, tendo em vista a promoção do estudo e a consolidação do registo sobre as artes culinárias”, pode ler-se no comunicado. As receitas poderão estar patentes em manuscritos ou formato digital, contribuindo, desta forma, para a ajudar na investigação e promoção da gastronomia Macaense. Os formulários de inscrição e declaração relativos ao programa podem ser descarregado através da página online do IC. Segundo o organismo, “ gastronomia macaense destaca-se pela sua singularidade e pelas suas respectivas artes culinárias, fazendo parte do valoroso património cultural intangível da cidade, desempenhando igualmente um papel importante para o desenvolvimento sustentável de Macau”. Macau foi designada Cidade Criativa da UNESCO na área da Gastronomia em 2017.
Hoje Macau EventosLançada primeira pedra do centro de artes sino-lusófono [dropcap]M[/dropcap]acau assistiu ontem ao lançamento da primeira pedra de um centro de artes sino-lusófono, investimento particular que já atingiu quase 300 milhões de patacas, “para ajudar os artistas lusófonos”, disse à agência Lusa o benemérito, Ieong Tai Meng. O centro de artes vai funcionar também como uma residência artística, num edifício com mais de 20 pisos e uma galeria de exposições para trabalhos lusófonos, da China continental e de Macau. “O prédio vai ter mais de 20 andares. (…) Esperamos em 2022 ter obra feita e fazer exposições de arte”, num edifício que pode acolher mais de 100 pessoas, sendo que o investimento situa-se actualmente entre “250 e 300 milhões de patacas”, explicou Eduardo Ambrósio, presidente da Associação Comercial Internacional para os Mercados Lusófonos, durante o evento. “Todos os países lusófonos são bem-vindos a Macau” e há planos para subsidiar o transporte dos artistas, em especial daqueles que “são muito pobres, em início de carreira”, para reforçar “ainda mais a amizade com o povo de língua portuguesa”, acrescentou Eduardo Ambrósio, cuja associação deu apoio à organização do evento. Já o investidor chinês que financia inteiramente o projecto, afirmou que “como artista” conhece as dificuldades daqueles que estão a arrancar com a sua carreira e “quer oferecer a Macau o que ganhou com Macau”, salientou. Nascido em Sanshui, na província de Guangdong, o benemérito Ieong Tai Meng é um dos artistas chineses mais conceituados e premiados internacionalmente, assim como um importante académico que tem desempenhado um papel fundamental na formação de novos talentos artísticos em Macau. “Este centro de arte está a ser preparado há mais de um ano e já fizemos um registo como Associação de Artista de Macau, China e Países Lusófonos. Através desta oportunidade, esperamos criar um centro, aumentando os encontros com as artistas dos países lusófonos”, afirmou Ieong Tai Meng, à margem do evento. Casa de artistas Para o cônsul-geral de Portugal em Macau e Hong Kong, Paulo Cunha-Alves, trata-se de um projecto “que vai cimentar (…) a cooperação cultural que já existe entre a China e os países de língua portuguesa”, sobretudo porque vai “passar a existir um sítio onde vai haver um centro de exposições onde os artistas podem ser acolhidos, onde podem tomar as suas refeições, onde podem ter encontros com outros artistas deste grupo de países”. “Penso que a questão da cultura e da língua são fundamentais para aprofundar as relações entre os povos. Prezo muito a diplomacia económica, (…) mas a diplomacia cultural é muito, muito importante, porque no fundo é aquela que vai permitir laços mais aprofundados entre os povos”, defendeu Paulo Cunha-Alves.
Pedro Arede EventosFRC | Sessão sobre presença da ópera na obra de Eça de Queiroz apresentada amanhã A sessão “Eça na Ópera” pretende explicar as ligações entre o texto literário do autor e referências a obras musicais nele patentes. A descodificação acontece amanhã na Fundação Rui Cunha e ficará a cargo de Ana Paula Dias e Shee Vá. “O Primo Basílio” será uma das obras em destaque, contou a docente ao HM [dropcap]H[/dropcap]á música escrita nas entrelinhas das obras de Eça de Queiroz. Com o objectivo de compreender as intenções do autor nesse cruzamento entre a música e as palavras, a Fundação Rui Cunha recebe amanhã, a partir das 18h30, a sessão “Eça na Ópera”, integrada no programa comemorativo dos 120 anos da morte do escritor português. A sessão de amanhã será conduzida pela académica Ana Paula Dias e o médico e escritor Shee Vá, com a primeira a debruçar-se sobre a vertente literária e a música a ficar a cargo do segundo convidado. “A Ópera (…) efectivamente aparece em quase todos os livros do Eça de Queiroz e há sempre referências aos serões musicais e a obras específicas. Eu vou falar mais da parte da literatura e o Dr. Shee Vá vai falar da ópera para, em conjunto, explicarmos que relações de intertextualidade que se estabelecem entre os livros e a ópera”, começou por dizer Ana Paula Dias ao HM. O objectivo, conta a docente, passa por “tentar descodificar um pouco as relações de sentido que se estabelecem entre os dois tipos de texto, o literário e o musical”. Para isso acontecer, serão citadas várias passagens da obra de Eça onde são feitas referências às óperas, sendo depois exibidos alguns excertos das peças em vídeo. Como exemplo, Ana Paula Dias faz referência à obra “As Farpas”, onde o autor se dirige por diversas ocasiões ao panorama musical português e à falta de formação na área. “Na fase inicial de ‘As Farpas’, o Eça aponta por diversas vezes como o panorama musical português é bastante pobre e faz várias referências a isso. Na altura, o teatro de São Carlos era o teatro da grande ópera e depois havia os teatros populares e ele critica muito o facto de não existir uma escola de canto, de formação musical em Portugal”, explica Ana Dias. No centro do palco Contudo o principal foco da sessão de amanhã será analisar a presença da ópera no romance “O Primo Basílio”, que possui uma ligação indissociável com várias peças musicais, incluindo as suas próprias caricaturas sociais patentes em personagens-tipo. “Curiosamente, ’O Primo Basílio’ é um romance construído, ele próprio, a par com as intrigas existentes nas óperas. Ou seja, tem personagens que são uma espécie de personagem-tipo da ópera, como o sedutor, o vilão sedutor, a dama romântica ou o marido enganado. As diversas fases da história vão sendo acompanhadas com o enredo das óperas”, vincou a professora. Sobre o modo de funcionamento da sessão, Ana Paula Dias explica que será “em função da reacção do público”, mas deverá passar por intercalar a leitura dos textos feitas por si, com a apresentação das óperas em vídeo, parte que ficará a cargo de Shee Vá. A sessão “Eça na Ópera” é a segunda do programa comemorativo dos 120 anos da morte de Eça de Queiroz, uma organização conjunta da Fundação Rui Cunha, Associação dos Amigos do Livro em Macau e o IPOR. A fechar o programa, no dia 1 de Setembro, também na Fundação Rui Cunha, o mote é a internacionalização, tradução e adaptação da obra do escritor, com a exibição do filme mexicano “O Crime do Padre Amaro”, do realizador Carlos Carrera, com Gael Garcia Bernal, Ana Claudia Talacon e Sancho Garcia.
Hoje Macau EventosCinema | Filme sobre refugiados judeus em Macau pode ser rodado em Portugal O livro “Strangers on the Praia”, do escritor britânico Paul French, sobre judeus refugiados em Macau durante a Segunda Guerra Mundial, vai dar origem a um filme, com planos para rodar em Portugal, disse à Lusa o autor [dropcap]F[/dropcap]ui abordado por uma produtora australiana e chinesa que gostou da história e me pediu para escrever um guião”, contou à Lusa o escritor britânico, com dois livros já publicados em Portugal, “Meia-Noite em Pequim”, da editora Bertrand (2013), e “Coreia do Norte – Estado de paranoia”, da Desassossego (2019). “A pandemia atrasou as coisas, mas antes disso já fizemos algum levantamento de lugares de filmagem”, que incluem “exteriores em Portugal” e cenas em Xangai e em estúdios australianos, disse o escritor à Lusa. O livro “Estranhos na Praia: Uma história de refugiados e resistência em tempo de guerra em Macau” (no original, “Strangers on the Praia: A Tale of Refugees and Resistance in Wartime Macao”), da editora Blacksmith Books, conta “a história pouco conhecida” de refugiados judeus em Xangai, na China, que conseguiram chegar à então colónia portuguesa, território neutro durante a Segunda Guerra Mundial. Inspirado em casos reais, o relato, que mistura factos e ficção, surgiu depois de o escritor, residente em Xangai durante 20 anos, ter descoberto arquivos de duas centenas de judeus, “a maior parte jovens mulheres”. “Como Macau era uma colónia portuguesa nessa época, muitas pessoas acreditavam que se conseguissem lá chegar poderiam ir para Lisboa, e daí apanhar um avião ou barco para Inglaterra ou os Estados Unidos”, contou. Xangai, onde “era possível chegar sem passaporte”, acolheu cerca de 25 mil judeus durante a Segunda Guerra Mundial, mas as condições para quem vivia no gueto da capital chinesa agravaram-se após um surto de tuberculose, em 1940. Nesse ano e no seguinte, chegaram a Macau centenas de refugiados judeus, não só de Xangai, como das Filipinas e Hong Kong, depois da queda da então colónia britânica nas mãos dos japoneses. “A maioria instalou-se na Aurora Portuguesa, uma pensão em Macau frequentada por homens de negócios e altos funcionários, que se converteu numa espécie de abrigo”, contou o escritor. A esperança que os levou a Macau acabaria, no entanto, por não se concretizar, e o território converteu-se num beco sem saída devido ao bloqueio naval. O cerco japonês Macau recebeu milhares de refugiados durante a Segunda Guerra Mundial, “pessoas com nacionalidade portuguesa a viver em Hong Kong e noutras ex-colónias, muitas dos quais nunca tinham posto um pé em Portugal, além de britânicos”. Com os japoneses a bloquearem o mar do Sul da China, floresceram “o contrabando e os negócios duvidosos”, “uma das únicas formas de o Governo português conseguir comida e combustível”, lembrou. “As autoridades portuguesas em Macau tinham um equilíbrio difícil de manter, e precisavam de negociar com os japoneses e os alemães, por isso algumas refugiadas judias acabaram na estranha situação de serem secretárias para empresas como o Banco Nacional Ultramarino, a traduzir documentos e escrever cartas para clientes alemães”, contou. Foi também neste contexto que o ex-magnata do jogo Stanley Ho, ele próprio refugiado em Macau após a queda de Hong Kong, floresceu. “Ele era uma espécie de contrabandista autorizado, e fez muito dinheiro, que usou para comprar os primeiros casinos”, apontou. O livro explora este ambiente de “Casablanca do Oriente”, através da perspectiva de uma refugiada judia, personagem compósita criada a partir de vários casos reais. Algumas “obtiveram passaportes portugueses através de casamentos de conveniência”, contou o escritor, enquanto outras “ajudaram agentes dos serviços secretos britânicos que fugiram de Hong Kong para Macau e queriam chegar à China continental, fingindo ser suas mulheres”. De Nam Van a Cascais Desde que escreveu o livro, divulgado em versão mais reduzida e igualmente na origem de um ‘podcast’ nomeado para os prémios do festival de rádio de Nova Iorque em 2020, muitos contactaram o escritor: “Várias pessoas me disseram o mesmo: viram fotografias da baía de Macau e pensavam que eram fotos do Mediterrâneo”. Essa é aliás uma das razões para a escolha de Portugal para as filmagens, explicou Paul French. “A passear em Cascais, pensei: ‘Isto pode funcionar’. As igrejas são iguais, [tem] o estilo especificamente português dos faróis [e] o estilo modernista das estações. Macau, nos anos 1930, era como Cascais hoje [risos]”. Actualmente a viver em Londres, onde nasceu em 1966, Paul French estudou chinês na Universidade de Xangai, na China, e admite o fascínio por Macau, que visitou várias vezes. No livro, French evoca as impressões do poeta anglo-americano W.H. Auden quando visitou o território, em 1938. A viagem deu origem ao soneto “Macau”, em que Auden chama à então colónia portuguesa “erva daninha da Europa católica” e cidade de “indulgência”. “Sempre houve grandes romances sobre Lisboa na Segunda Guerra Mundial, que foi um centro de atracção para refugiados, espiões e resistentes aos nazis, e Macau, a ‘Casablanca do Oriente’, era como uma versão asiática”, apontou.
Hoje Macau EventosArtFem regressa em Setembro apesar da pandemia [dropcap]A[/dropcap] segunda bienal internacional de mulheres artistas de Macau (ArtFem), que deveria ter arrancado no Dia da Mulher, em Março, foi adiada para Setembro, com “muitas interrogações” por causa da pandemia, disse à Lusa, Carlos Marreiros, presidente da comissão organizadora do evento. Em 2018, a primeira edição da bienal foi inaugurada no Dia Internacional da Mulher, a 8 de Março, mas este ano a epidemia de covid-19, que chegou ao território no final de Janeiro, levou ao adiamento da segunda edição para 30 de Setembro. “A pandemia adiou a bienal e estragou a vida a todos nós”, disse Carlos Marreiros, apontando que, apesar das restrições às viagens, não quiseram adiar esta segunda edição para o próximo ano. “Temos algumas confirmações e algumas desistências, e temos muitas interrogações, porque as pessoas querem vir ao extremo oriente, mas as restrições [às viagens] são terríveis”, explicou Carlos Marreiros, frisando, no entanto, estar “optimista”. “Neste momento, devido à pandemia, há obras que provavelmente não chegarão, por isso, temos já obras connosco para assegurar uma exposição com muita qualidade”, adiantou. Esta segunda edição vai contar com a participação de 116 artistas de todo o mundo, “com uma presença forte da China e Portugal”, e representação de todos os países de língua portuguesa. Naturalmente diverso O tema escolhido é “Natura”, incluindo “o conceito de mãe natureza na tradição folclórica e etnográfica” e “as questões climáticas para a preservação da natureza”, disse o presidente da comissão organizadora. Cinco curadores asseguram a bienal deste ano: além de Carlos Marreiros, também Leonor Veiga, em Lisboa, Alice Kok e James Chu, de Macau, e Angela Li, da China. Além das exposições, a bienal vai contar ainda com oficinas, palestras e acções de graffiti. Criada em 2018, a ArtFem “continua a ser a única bienal internacional no mundo exclusivamente dedicada a artistas no feminino”, sublinhou Carlos Marreiros. Paula Rego, que já tinha sido “madrinha” da primeira edição, em 2018 (na altura representada pela filha, Victoria Willing), vai continuar a ser “madrinha honorária” do evento, que este ano conta também com mais duas artistas plásticas a “amadrinhar” a edição: a escultora chinesa Xiang Jing e a artista Un Chi Iam, residente em Macau. A inauguração vai ter lugar no dia 30 de Setembro, com exposições no Albergue SCM, nas galerias do antigo estádio municipal, na Galeria Lisboa e na Fundação da Casa Oriente, na casa Garden. A ArtFem – 2.ª bienal internacional de artistas mulheres de Macau vai estar patente entre 30 de Setembro e 13 de Dezembro.
Pedro Arede EventosMúsica | Concrete/Lotus ao vivo no Club Legend Dupla actua amanhã a partir da meia-noite no Club Legend, integrado no evento Toghether We Dance. As portas abrem às 22h30 ao som de Ryoma. Até às cinco da manhã outros três DJs juntam-se à dança. O ambiente pouco habitual prometer puxar por uma nova faceta dos Concrete/Lotus [dropcap]H[/dropcap]abituados à sintonia com o ar livre que chega mais lá para o final da tarde, os Concrete/Lotus sobem amanhã a um palco pouco habitual, a partir da meia-noite. Sem a luz de uma tarde passada no jardim, mas com a intensidade do ambiente do Club Legend, a dupla composta pelo produtor, cantor e multi-instrumentista Kelsey Wilhelm e pela vocalista Joana de Freitas, diz estar preparada para enfrentar um desafio mais “pesado”, que permite, porém, dar aso a outras viagens a nível musical. “É a primeira vez, ou talvez a segunda, que tocamos numa discoteca. É uma atmosfera muito diferente, que nos obrigou a adaptar ligeiramente o nosso set a um concerto, com um ambiente mais pesado digamos assim. Não é pesado no sentido de mudarmos o nosso estilo, vamos é aproveitar para mostrar músicas que temos e que, por vezes, não saem do estúdio porque são um pouco diferentes daquilo que fazemos normalmente”, disse ao HM Joana de Freitas. A vocalista partilhou ainda que a actuação de amanhã no Club Legend vai permitir ao público contactar “um bocadinho com outro tipo de influências” dos Concrete/Lotus. “Tudo o que fazemos é original. Se tivéssemos de nos encaixar num género, não seria o normal, seria Trip Hop, que é como nos classificam normalmente (…) mas, na verdade, nunca sabemos bem dizer, porque somos influenciados por muitos estilos”, acrescentou. Antes dos Concrete/Lotus entrarem em palco, quando as portas do Club Legend abrirem às 22h30 o som ficará a cargo do conhecido DJ Ryoma. Depois do concerto dos Concrete/Lotus, a música vai continuar até às cinco da manhã, ficando a cargo dos DJs, D-Hoo, Matteo C. e Furtas. O evento é organizado pela Macau Dance Music Association e o custo de admissão é de 200 ou 250 patacas, consoante a entrada seja feita antes ou depois da meia-noite. É bom estar de volta Com mais ou menos luz, Joana de Freitas não tem dúvidas que, depois de tanto tempo em que a pandemia atirou Macau para um silêncio forçado, o que importa é estar de volta aos palcos, até porque em Agosto e Setembro, os Concrete/Lotus têm já agendados vários espectáculos. “A nossa parte favorita de fazer música é mesmo tocar ao vivo. É uma adrenalina incrível e sentimo-nos completamente livres. Em Julho, já tivemos um pouco dessa experiência depois de tanto tempo parados (…) com os concertos das Casas-Museu da Taipa. Este mês tivemos já convites para mais dois ou três concertos lá”, partilhou a vocalista. O primeiro desses espectáculos ao ar livre acontece já no domingo, ficando a promessa de mostrar “algumas músicas novas”. “Como estivemos tanto tempo fechados sem poder mostrar nada, agora temos uma data de músicas novas. Antes faltava tempo para criar, mas agora ficou a faltar tocar para alguém, mostrar às pessoas aquilo que fazemos”, rematou.
Salomé Fernandes EventosDocumentário | Segunda parte de “Macaenses – Uma Odisseia” apresentado esta sexta-feira O Instituto Internacional de Macau apresenta amanhã o segundo episódio do documentário “Macaenses – Uma Odisseia”. Com o contexto da covid-19, as plataformas digitais foram o meio escolhido para a divulgação [dropcap]A[/dropcap]partir de amanhã, o segundo episódio do documentário “Macaenses – Uma Odisseia” fica disponível nas páginas do Instituto Internacional de Macau (IIM) das plataformas do Facebook e Youtube. No youtube, o vídeo com legendas em português já aparece com contagem decrescente para as 12h30. A opção por uma transmissão online deveu-se à pandemia da covid-19. “O IIM espera, por este meio, atrair mais visualizações do público, não só de Macau como de outras partes do mundo”, diz em comunicado. A descrição do vídeo indica que até à Segunda Guerra Mundial, muitos macaenses saíram do território por falta de trabalho e pela ausência de condições para crescer profissionalmente. “Contudo, já tinham começado a surgir sinais dos tempos conturbados que se seguiriam: alguns já estavam a deixar Hong Kong devido à pressão comunista nos Portos do Tratado. E depois, com a invasão japonesa em Hong Kong, muitos macaenses mudaram-se para Macau como refugiados”, pode ler-se. Da migração macaense são destacados momentos como a abertura dos Portos do Tratado ao comércio externo, o estabelecimento da colónia britânica de Hong Kong, a migração que se seguiu à Segunda Guerra Mundial e as revoltas comunistas, o período pós-70, bem como a entrega à China de Hong Kong e Macau. Memórias fragmentadas O documentário foi feito com depoimentos de macaenses que vivem no América do Norte, recolhidos pelo jornalista e investigador Joaquim Magalhães de Castro, que percorreu várias cidades para registar a “história oral da vivência desses emigrantes e familiares”. Indo de encontro a esse trabalho, o IIM começou a preparar uma série de vídeos sobre a diáspora macaense naquela região. O objectivo da iniciativa, segundo o organismo, é “preservar as memórias das comunidades macaenses espalhadas no mundo, dar a conhecer às novas gerações as mudanças sociais que provocaram o grande fluxo migratório de pessoas de Macau, as razões da sua ‘deslocação’ e lembrar-lhes que as suas raízes ainda se encontram em Macau”. O projecto vai ter quatro segmentos de cerca de 30 minutos cada. Os dois primeiros já estão concluídos e o terceiro encontra-se em vias de finalização. O documentário está a ser produzido com base no guião da investigadora Mariana Leitão Pereira, com montagem de António Pinto Marques. A primeira parte esteve focada em quem viveu os tempos que se seguiram à invasão do norte da China pelos japoneses, a retirada das famílias macaenses de Xangai, a subsequente Guerra do Pacífico e a ocupação de Hong Kong.
João Santos Filipe EventosFRC | Palestra discute importância da estética no ambiente ideal para o estudo Fong Lin Wa, presidente da Câmara de Comércio de Móveis e Antiguidades de Macau, vai ser o orador do evento que tem como tema a importância da estética na criação da sala de estudo ideal. A palestra está marcada para sexta-feira, às 18h30, na Fundação Rui Cunha [dropcap]O[/dropcap]papel da estética na criação da sala de estudo como um lar e a importância para a reflexão de uma classe intelectual são os temas em discussão na Fundação Rui Cunha, na sexta-feira às 18h30. O evento co-organizado pela Câmara de Comércio de Móveis e Antiguidades de Macau será apresentado em cantonês com interpretação simultânea para inglês, e vai ter como principal orador o presidente Fong Lin Wa. Com o tema “Elegância dos Literatos I – Introdução aos Objectos de Madeira da Classe Intelectual”, Fong Lin Wa vai partilhar a história de quatro objectos raros feitos de madeira de sândalo vermelho e como estes foram importantes na constituição de um ambiente propício à reflexão de antigos estudiosos. Os objectos em causa são uma caixa e capa embelezada, um suporte para tinta, uma mesa e ainda um ceptro Ruyi de madeira esculpida. Não só de palavras vai viver a palestra que promete cativar outros sentidos, como o tacto. Assim sendo, os participantes vão ter a oportunidade para tocar nos objectos e sentirem a textura da madeira de sândalo vermelho, matéria-prima originária da Índia e que ao longo da história foi muito utilizada na escultura, principalmente em móveis, mas também em representações religiosas ligadas ao hinduísmo. Além dos objectos, a palestra vai abordar a ligação com os intelectuais na criação de um ambiente propício ao estudo. “Uma sala de estudo antiga não seria apenas um espaço físico destinado ao trabalho e produção intelectual, mas também uma habitação espiritual de antigos letrados chineses, tendo como lema ‘lar é onde está o coração’, tal como ecoa na reflexão poética de Su Dongbo”, é explicado no comunicado sobre o evento. Dongbo viveu entre 1037 e 1101, e é considerado um dos pensadores mais influentes da Dinastia Song. Além da influência a nível do pensamento político, afirmou-se como homem das artes, com trabalhos de caligrafia, pintura, poesia, e até gastronomia e farmacologia. Ao longo da palestra vai também ser abordado o contexto das “tradicionais salas de estudo, repletas de peças de arte de refinada elegância”, ao mesmo tempo que vai traçar-se um perfil sobre “o gosto estético desta classe de eruditos”. Mercado de arte A palestra de sexta-feira resulta de um esforço conjunto entre a Fundação Rui Cunha e a Câmara do Comércio de Móveis e Antiguidades de Macau, uma associação sem fins lucrativos que tem como objectivo “incentivar o desenvolvimento do mercado de arte antiga em Macau”, ao mesmo tempo que tenta promover “a cultura artística chinesa” e reforçar a “comunicação e o profissionalismo” da indústria. Fong Lin Wa é o actual presidente da associação e ao mesmo tempo o CEO da empresa Old House Gallery, que fundou em 1993 e se dedica à venda de materiais de colecção. Conta com mais de 30 anos de experiência no ramo das peças de mobiliário antigo. A Câmara do Comércio de Móveis e Antiguidades de Macau, e a Old House Gallery, vão estar ainda representadas na palestra através de Fong Mei Leng, que vai assumir a posição de anfitriã. Fong tem um mestrado em Arte Empresarial na Universidade de Tsinghua, uma das mais conceituadas do Interior, e também no Instituto de Arte da Sotheby’s, uma multinacional dedicada a leilões e venda de objectos de arte.
Hoje Macau EventosActor Alberto Villar morre aos 87 anos [dropcap]O[/dropcap] actor Alberto Villar, morreu sábado aos 87 anos, em Lisboa, onde estava hospitalizado, confirmou à Lusa fonte familiar. Nascido em 1933, Villar estreou-se como amador no Grupo Miguel Joaquim Leitão, em Leiria, e, como profissional, em 1959, na companhia itinerante de Rafael de Oliveira, onde se manteve até 1961, e com a qual percorreu o país em sucessivas digressões. A sua carreira foi marcada por várias digressões, tanto em Portugal como no estrangeiro, nas distintas companhias a que pertenceu, nomeadamente na de Amélia Rey Colaço/Robles Monteiro, Metrul, onde foi também encenador, na de Francisco Ribeiro, ou no Teatro de Todos os Tempos e na Companhia Independente de Teatro e no Teatro Experimental de Cascais (TEC). No Teatro Nacional D. Maria II, desde a sua reabertura, em 1978, participou em várias peças, designadamente, “Auto da Geração Humana”, “O Judeu”, “Pedro, o Cru”, “Auto de Santo António”, “As Fúrias”, “Ricardo II”, “Felizmente Há Luar”, “As Alegres Comadres de Windsor” ou “Os Filhos do Sol”. A sua carreira de mais de 50 anos está muito associada ao D. Maria II, onde esteve em cena quando se deu o incêndio no edifício, em 1968. “Foi um dia muito triste”, recordou, numa entrevista à agência Lusa, referindo “a força e o ânimo da Sra. D.ª Amélia [Rey-Colaço] para [continuar] como companhia, noutro teatro”. Lápis azul Estrearam em seguida, no então Teatro Avenida, em Lisboa, “A Invasão”, de Miguel Franco, em que fez parte do elenco. A peça “saiu de cena pouco depois da estreia, proibida pela Censura, após uma ida ao teatro do almirante Américo Thomaz”, então Presidente da República. “Ficámos todos arrasados, mas seguimos em frente pois a companhia dependia da bilheteira, já que era muito curto o apoio do Estado”, afirmou. Não foi a primeira vez que Villar sentiu a repressão da Censura. Em 1973 fez parte do elenco da peça “Fonte de Ovejuna”, de Lope de Vega, segundo versão de Natália Correia, pelo TEC, numa encenação de Carlos Avilez. “A estratégia era apresentar a peça em Espanha e, confiando numa boa apresentação e recolher boas críticas, como aconteceu, e apresentá-la depois em Portugal, contornando a Censura Prévia”. A peça em que no final as actrizes despiam as blusas e de peito nu se dirigiam à plateia foi apresentada em Portugal, mas com advertência das autoridades de “apenas o ser no concelho de Cascais”, contou numa entrevista à agência Lusa. Uma das últimas vezes que surgiu em palco foi em 2015, no Teatro Nacional D. Maria II, em Lisboa, na peça “Cyrano de Bergerac”, de Edmond de Rostand, que João Mota encenou. Alberto Villar era o nome artístico de José Alberto do Espírito Santo, nascido em Leiria a 2 de Novembro de 1933. Alberto Villar contracenou, entre outros, com os actores Raul Solnado, Camilo de Oliveira, Eunice Muñoz, Catarina Avelar, Guida Maria, Rita Ribeiro e Alina Vaz, com quem codirigiu o projecto “Viagens ao Teatro”, que esteve em cena, em Lisboa, durante 25 anos.
Hoje Macau EventosTerminadas pinturas em dois murais na Rua de 5 de Outubro [dropcap]O[/dropcap]O “Plano das Lojas com Características Próprias” foi lançado no início do mês passado, e a primeira fase teve como foco a Rua de 5 de Outubro, comunicou a Direcção dos Serviços de Economia (DSE). Houve 41 lojas com características reconhecidas, cumprindo os requisitos de terem produtos característicos ou serviços de alta qualidade, elementos culturais e sucessão de técnicas, reconhecimento social, estilo inovador e boa reputação. O objectivo da DSE passa por remodelar as imagens distintivas de diferentes zonas e criar pontos populares para mostrar as histórias e cultura locais de Macau através de murais de pintura. Foram concluídos os trabalhos dois murais, e vão começar “em breve” os trabalhos da terceira pintura, esperando o Governo que a iniciativa promova o fluxo de pessoas que visita essas zonas. “As lojas participantes concordam, em geral, que o plano pode produzir efeitos da marca e desempenhar um papel activo na promoção e divulgação (…) para encontrar novas oportunidades de negócios quando os turistas voltarem a Macau após a epidemia”, pode ler-se na nota. A Rua de 5 de Outubro é descrita pela DSE como uma zona “rica em história” e com “grande concentração de lojas e restaurantes característicos”. As primeiras lojas receberam apoio da DSE para entrar na plataforma de consumo Meituan Dianping, do Interior da China, para que os turistas tenham informações sobre os seus negócios. “Com o desenvolvimento social e o avanço da informação tecnológica, as PME devem procurar mudança pela inovação, especialmente havendo um grande espaço para a exploração de marcas, elevação do valor acrescentado de serviços e produtos, desenvolvimento científico, tecnologia e as aplicações on-line”, defendeu a DSE. O organismo criou um projecto para as lojas características, com instrutores de consultoria a dar orientações às empresas, em conjunto com o Centro de Produtividade e Transferência de Tecnologia de Macau. Estão ainda planeados workshops nas áreas de vendas online, serviço de qualidade e venda, aplicação técnica e gestão de riscos e de operações.
Hoje Macau EventosFRC | Conferências abordam facetas de Eça de Queiroz, da diplomacia à ópera O 120.º aniversário da morte do escritor Eça de Queiroz vai ser assinalado em Agosto e Setembro na Fundação Rui Cunha, num ciclo de conferências que aborda o autor português em três facetas, da diplomacia à ópera. O programa é organizado em parceria com a Associação dos Amigos do Livro em Macau e o Instituto Português do Oriente [dropcap]O[/dropcap] programa comemorativo dos 120 anos da morte de Eça de Queiroz, organizado pela Fundação Rui Cunha, a Associação dos Amigos do Livro em Macau e o IPOR – Instituto Português do Oriente, arranca em 13 de Agosto, quinta-feira, às 18h30, no auditório Stanley Ho, com uma conferência sobre a carreira diplomática do escritor, apresentada por Carlos Frota, primeiro cônsul-geral de Portugal no território. Uma das questões mais pertinentes sobre a carreira diplomática de José Maria de Eça de Queiroz é saber quanto prevalecia o olho de jornalista e de romancista cáustico na defesa dos interesses de Portugal. O autor que ficaria para a história como um dos nomes maiores do realismo literário português, ingressou na carreira diplomática em 1873 com a nomeação para cônsul de Portugal em Havana. Durante o auge da produção literária, desempenhou funções consulares em Newcastle e Bristol, em Inglaterra, seguindo-se Paris como destino profissional, em 1888. Conversa com música A 20 de Agosto, também às 18h30, é a vez de a professora Ana Paula Dias apresentar “Eça na ópera”, na Fundação Rui Cunha, a propósito das referências à música clássica e árias líricas nos seus romances. A sessão, que vai incluir alguns trechos musicais alusivos à obra de Eça, falecido em 16 de Agosto de 1900, integra-se nas “Conversas Ilustradas com Música”, produzidas pelo escritor Shee Vá na Fundação Rui Cunha, cujo ciclo actual tem como tema “A ópera na literatura – Ouvir com os olhos”. A fechar o programa, no dia 1 de Setembro, também na Fundação Rui Cunha, o mote é a internacionalização, tradução e adaptação da obra do escritor, com a exibição do filme mexicano “O Crime do Padre Amaro”, do realizador Carlos Carrera, com Gael Garcia Bernal, Ana Claudia Talacon e Sancho Garcia. A controversa adaptação do romance homónimo de Eça foi nomeada para o Óscar de melhor filme estrangeiro em 2002. A sessão é precedida de uma conferência pela professora Dora Nunes Gago. Todas as sessões serão em português e a entrada é livre, mas sujeita a limite, em virtude do cumprimento das medidas sanitárias regulamentares em vigor.