Hoje Macau EventosLusodescendentes do Sri Lanka com “interesse crescente” em salvar o crioulo A investigadora Patrícia Costa lançou um projeto para divulgar o crioulo de base portuguesa do Sri Lanka nas redes sociais porque considera que há “um interesse crescente” nas comunidades lusodescendentes em preservar a língua. “Há agora um conjunto de jovens que lançou, justamente em abril deste ano, aulas [de crioulo português] para jovens e crianças”, sublinhou Patrícia Costa, investigadora do Centro de Linguística da Universidade de Lisboa. O mesmo grupo tem também procurado dinamizar ações para promover a língua no Sri Lanka, onde “a maior parte da população desconhece totalmente que existe esta comunidade de euro-asiáticos e desconhece que há uma língua totalmente diferente”, referiu Costa. Um desses jovens, Derrick Keil, lançou em fevereiro uma versão moderna de uma canção tradicional em crioulo português, Minha Amor, após ter participado no programa de talentos The Voice Sri Lanka. “É um marco importante na história da comunidade, porque pela primeira vez temos uma música dirigida a audiências várias que tem o crioulo como língua”, disse Patrícia Costa. Curiosamente foi a comunidade de falantes do crioulo português que introduziu no Sri Lanka a “baila”, que pode ser considerada atualmente o género de música mais popular no país. Patrícia Costa e uma jovem falante da língua, Vyvonne Joseph, lançaram também, em 2020, o projeto Preserving Sri Lanka Portuguese, nas redes sociais Instagram e Facebook. A investigadora disse que a iniciativa pretende, por um lado, “dar a conhecer a audiências mais gerais, também fora do Sri Lanka a existência desta língua, porque mesmo em Portugal não há uma grande consciência de que estas comunidades crioulófonas existem”. Por outro lado, acrescentou Costa, o projeto quer “auxiliar, com materiais didáticos simples, aqueles que são membros da comunidade e que procuram aprender a língua”. O crioulo português do Sri Lanka “neste momento é uma língua definitivamente ameaçada. O número absoluto de falantes é bastante reduzido”, por volta de 1.300, sendo que a maioria são “pessoas mais velhas”, lamentou a académica. Para os jovens, “aprender o crioulo português não tem o valor instrumental” que as línguas oficiais do Sri Lanka, o cingalês e o tâmil, têm, no acesso à educação e ao emprego, referiu Costa. Além disso, disse a investigadora, alguns membros da comunidade “sentem que é uma língua obsoleta” ou têm “algumas conceções erradas” de que aprender o crioulo português em casa pode prejudicar a aprendizagem de outras línguas na escola. Mas Costa sublinhou que o eventual desaparecimento do crioulo português do Sri Lanka “não é uma fatalidade inescapável”. “É possível minimizar este perigo, com algumas ações e com a concertação de investigadores, ativistas e os próprios membros da comunidade”, acrescentou. A académica defendeu ainda que uma maior ligação com os países falantes de português “seria muitíssimo vantajoso para as comunidades crioulófonas, que teriam uma espécie de reconhecimento oficial da sua existência, da sua importância e da sua herança”. O crioulo português do Sri Lanka, antigo Ceilão, é uma herança da expansão marítima portuguesa no século XVI, quando nasceu como língua de contacto entre cingaleses e portugueses, os primeiros europeus a lá chegar. A colonização portuguesa da ilha não durou mais de 150 anos, mas, mais de meio século depois, este crioulo continua a ser falado no seio das comunidades burghers, tradicionalmente católicas. Estas comunidades identificam-se como burghers – palavra que significa “cidadãos” em holandês – e o termo passou a designar-se para todas as pessoas que tivessem uma ascendência euro-asiática incluindo os portugueses e também os holandeses, no Sri Lanka.
Hoje Macau EventosXangai | Restaurante português superou pandemia e prepara aniversário Há dez anos que existe na cosmopolita Xangai, sobreviveu ao duro período da pandemia e agora celebra o aniversário. Viva!, fundado por André Zhou, é um dos poucos restaurantes portugueses na cidade chinesa e ganhou este mês o prémio para o “melhor brunch” Foto: D.R. Um dos poucos restaurantes portugueses em Xangai foi este mês distinguido com o prémio de melhor ‘brunch’, por uma publicação local, e prepara-se para celebrar dez anos, após sobreviver aos bloqueios que abalaram a cidade devido à pandemia. “Foi um período muito difícil, mas não podemos perder tempo a lamentar-nos”, disse à agência Lusa André Zhou, proprietário do Viva!, que se prepara para celebrar uma década, depois de um ano marcado por bloqueios que paralisaram os negócios na capital económica da China. “Este foi o caminho que escolhi e vou seguir em frente”, assegurou. Em 2022, Xangai foi submetida a medidas de quarentena e bloqueio, no âmbito da estratégia de ‘zero casos’ de covid-19, que vigorou na China até Dezembro passado. A mais próspera e cosmopolita cidade chinesa foi particularmente afectada por um isolamento de dois meses, na primavera do ano passado, que ficou marcado por cenas de violência e escassez de alimentos e outros bens de primeira necessidade. O Viva! mudou, entretanto, de localização, para Wuding Lu, onde está concentrada a vida noturna da cidade, e quase triplicou o espaço, para 270 metros quadrados. Este mês, a That’s Shanghai, revista local em língua inglesa popular entre a comunidade de expatriados, atribuiu ao Viva! o prémio de melhor ‘brunch’, a refeição que combina pequeno-almoço e almoço. A publicação destacou o menu de domingo, composto por frango piri-piri na grelha, costeletinhas de porco ibérico e chouriço assado. “Num verdadeiro estilo português, a proteína ocupa um espaço central nas refeições de fim de semana”, descreveu a That’s Shanghai. “Mas, além de partilhar a cozinha portuguesa com os clientes, [André] apresenta a cultura e o ‘design’, a História e os sabores – e, claro, a célebre hospitalidade – para trazer a verdadeira essência de Portugal para Xangai”, lê-se. A mão de Paulo Quaresma Painéis de cortiça e de azulejo cobrem o tecto e as paredes do estabelecimento. Os pratos e os talheres são também ‘Made in Portugal’. “O paladar é importante, mas, no mundo de hoje, o aspecto visual é também muitíssimo importante”, afirmou o empresário. “No mercado de Xangai, o cliente, mais do que comer, quer viver uma boa experiência, e isso abrange a decoração e o conforto do espaço”, notou. O menu do Viva!, escolhido por Paulo Quaresma, ‘chef’ e consultor português radicado na China desde 2010, inclui ainda amêijoas à bulhão Pato, bacalhau à Brás, feijoada de polvo, arroz de pato ou francesinha, servida com ovo e batata frita e regada no molho especial, fiel à versão ‘tripeira’. A sapateira também sai bem: “É um prato bonito”, observou André Zhou. “Primeiro está o mercado local”, disse. “Nós escolhemos sempre os pratos que são adaptáveis ao paladar chinês”, contou. “Eu não vou escolher muitos pratos de bacalhau, porque o bacalhau é um prato muito salgado que o cliente local não vai gostar. Nós escolhemos pratos que têm molho de tomate, porque eles estão habituados ao molho de tomate. Os coentros, que são muito usados na cozinha chinesa. O marisco. [Os chineses] também gostam muito das nossas moelas”. A lista de sobremesas inclui serradura e mousses de chocolate ou de manga. Natural de Braga, André Zhou fala com sotaque do Norte e torce pelo Futebol Clube do Porto, mas considera-se “filho de dois mundos diferentes”. Os pais do empresário fazem parte da primeira geração de imigrantes chineses em Portugal: “Começaram por trabalhar em feiras, depois abriram uma loja e um restaurante”. Quando saía da escola, ele ia trabalhar “na caixa ou nas limpezas, a lavar copos, fritar crepes ou a servir à mesa”. “É um negócio que exige muita energia”, disse. “Mas já me está no ADN”. Depois de se licenciar em Economia pela Universidade do Minho, em 2008, André Zhou foi para Xangai estudar língua chinesa. Entretanto, passaram 16 anos: “Foi amor à primeira vista”. Os bloqueios altamente restritivos durante a pandemia, em Xangai, e fricções geopolíticas causaram uma queda abrupta no número de residentes estrangeiros na China. Mas André Zhou está decidido: “Estou aqui e não quero sair”. “Quero desenvolver a minha carreira e talvez também casar e ficar por cá”, assegurou. “As coisas aqui acontecem com muito mais rapidez”.
Hoje Macau EventosGastronomia | SoSabi, o único espaço que serve comida indo-portuguesa em Macau Chama-se SoSabi e é um espaço de restauração da Associação para a Promoção Gastronómica de Países Africanos que serve comida indiana e, ao mesmo tempo, portuguesa, dos territórios de Goa, Damão e Diu. Este é o único espaço em Macau que, actualmente, serve estes pratos com um sabor único O SoSabi, espaço da Associação para a Promoção Gastronómica de Países Africanos, é o único local de Macau a confeccionar pratos da culinária indo-portuguesa “que só se encontram em casa de amigos”, disse o promotor da iniciativa. Sarapatel, xacuti de frango, balchão de porco ou caril de camarão. Referências da identidade culinária de Goa, Damão e Diu que, em Macau, já não existem só em almoços de família, mas agora também no espaço público. A iniciativa é de Elias Colaço, natural de Damão, que explorou até Fevereiro um quiosque no largo do Lilau, entre a colina da Penha e a Barra, com petiscos portugueses e daquelas regiões indianas, mas que “esteve encerrado por causa da pandemia” da covid-19. “Fui convidado por um dos parceiros do projecto da associação de divulgação da gastronomia africana para juntar a gastronomia de origem do antigo Estado Português da Índia, Goa Damão e Diu. Claro que aceitei de imediato”, disse à Lusa. Na rua Formosa, no centro histórico de Macau, Colaço apresenta pratos “desconhecidos da generalidade das pessoas”, mas confia que “os chineses são curiosos e atentos à novidade”. “É, efectivamente, o único local em Macau onde se pode comer comida de origem de Goa, Damão e Diu. Não sendo culinária indiana, os restaurantes indianos em Macau não a confeccionam”, apontou. Novas experiências Mas este é também lugar para novas explorações na cozinha. Elias Colaço fez “numa de brincadeira” uma francesinha “com toque de Goa”, em que substituiu a linguiça por chouriço da região. Os pratos são, na maioria, preparados fora e, no caso da francesinha, “tem o suporte de um chefe de cozinha do norte de Portugal”. “Não mexi no molho que sei ser factor importante na francesinha e, como não quero desvirtuar a mesma, o molho segue os critérios observados pelo chefe (…). Para já, está aprovada pelo mesmo e [atraiu] a curiosidade da Confraria da Francesinha de Macau que já marcou um jantar”, disse. O SoSabi – termo crioulo utilizado em vários contextos, que pode traduzir um estado de “alegria, satisfação, festa” ou significar “tudo saboroso” – abriu em Fevereiro de 2022, com o objectivo de divulgar a gastronomia africana, “tão apreciada”, mas “sem nenhum espaço de divulgação” em Macau, contou Elias Colaço, um dos quatro elementos à frente do projecto. Cachupa de Cabo Verde, Caldo de Mancarra da Guiné-Bissau, Moamba de Angola e Matapa de Moçambique são algumas das iguarias disponíveis no espaço da Associação para a Promoção Gastronómica de Países Africanos, que esteve encerrado vários meses durante à pandemia e reabriu apenas em Março, “já com nova equipa e a inclusão da gastronomia de Goa, Damão e Diu”. Para a pequena comunidade indo-portuguesa a residir em Macau, este novo projecto, lançado em Fevereiro, é uma “luz ao fundo do túnel”, reagiu à Lusa o presidente do Núcleo de Animação Cultural de Goa, Damão e Diu. “Infelizmente nunca tivemos, que eu saiba, em Macau, um restaurante goês. Os próprios goeses conviviam entre eles e hoje era na casa de um, amanhã na casa de outro, e cada um confecionava as suas iguarias e compartilhava os poucos momentos de um sítio próprio, digno de uma casa goesa. E tem sido assim em Macau nos últimos 50 anos”, frisou Vicente Pereira Coutinho, que espera agora que a população local possa “aderir e experimentar as iguarias” do SoSabi. A comunidade de Goa, Damão e Diu a residir em Macau é composta por cerca de 80 a 90 elementos, admite o responsável, notando que a presença na região também se foi diluindo ao longo dos tempos com os membros a casarem localmente. Por volta dos anos 50 do século passado, “já existiria em Macau uma comunidade goesa, damanense e diuense”, sendo que “desde a chamada liberação de Goa”, houve “muitos mais goeses” a mudarem-se para o território. “Nos anos 1970-1980 foi um período muito grosso. Aliás, até 1969 havia missões ultramarinas em que o pessoal de Goa vinha a Macau, fazia cá compras, como malas de cânfora. Muita unidade fabril de Macau exportava para colónias portuguesas”, lembrou.
João Luz EventosDança | “Hermaphroditus” no Albergue SCM este fim-de-semana O Albergue SCM será palco no sábado e domingo do espectáculo “Hermaphroditus”, o segundo episódio do projecto “A Room of One’s Own”, baseado no imaginário poético da escritora britânica Virginia Woolf, cuja sessão inaugural foi apresentada na última edição do Festival Rota das Letras. O espectáculo assenta na perspectiva de androgenia proposta por Woolf, com interpretações de Jay Zheng, Tina Kan, Helen Ko, Karen Hoi, M.Chow e Ezaak Ez, musicado pela suavidade delicodoce da electrónica de Evade, que inclui momentos de intimidade como uma versão quase sussurrada de New Order. “Hermaphroditus” resulta da soma de vários elementos, da dança à música ao vivo, passando pelos conceitos de cenografia e guarda-roupa, explorando as subtilezas e a inconstância na natureza humana, particularmente num contexto relacional. O projecto resulta numa narrativa performativa sem história, ou indiferente a essa necessidade, coreografada por Tina Kan e Jay Zheng, interpretada pelas bailarinas locais Helen Ko e Karen Hoi, acompanhadas por interpretações do poeta português de Macau Ezaak Ez e do poeta local M. Chow. Os espectáculos começam às 20h e a entrada custa 200 patacas.
Hoje Macau EventosLiteratura | História em capítulos de Fernando Sobral editada em livro Será lançado, em Portugal, com a chancela da editora Quetzal, o livro “O Jogo das Escondidas”, uma história da autoria de Fernando Sobral passada nos anos 20 em Macau, período que teve como governador Rodrigo Rodrigues. “O Jogo das Escondidas” foi publicado em capítulos, no HM, ao longo de 2021 Uma história passada em Macau, no tempo do governador Rodrigo Rodrigues, ou seja, entre 1922 e 1924, com laivos de intriga política, mas também com casos de amor pelo meio. É esta a receita por detrás de “O Jogo das Escondidas”, romance da autoria do jornalista Fernando Sobral, já falecido, que será editado este mês pela editora portuguesa Quetzal. “O Jogo das Escondidas” é o resultado da história que foi sendo publicada em capítulos no HM ao longo do ano de 2021 e que o autor chegou a rever, a fim de ser editada em livro. À semelhança de outras obras de Fernando Sobral, que exploram o exotismo de Macau e do Oriente, contam-se em “O Jogo das Escondidas” as ligações de personagens como Ding Ling ou Félix Amoroso, com pormenores sobre o período em que o regime republicano dava os primeiros passos em Portugal e se manifestava também em Macau, sem esquecer as ligações à Maçonaria. Exemplo disso, é o facto de a personagem Félix Amoroso, num dos capítulos, reflectir sobre a tentativa de “colocar, pela primeira vez, representantes da comunidade chinesa local no Conselho do Governo, algo que não era do agrado das entidades mais conservadoras”. Além desta obra, a Quetzal vai editar “À espera da subida das águas”, romance de 2010 da escritora francesa Maryse Condé, que chega em Maio, mês em que se conhecerá o vencedor do Prémio Booker Internacional, de que a autora é finalista. Nomeada este ano por “The Gospel According To The New World”, a escritora, natural da ilha de Guadalupe, de 86 anos, é a pessoa mais velha de sempre a ser finalista do Prémio Booker Internacional, tendo já sido nomeada em 2015 pelo conjunto da sua obra. Apesar disso, em Portugal, foi apenas publicado um livro seu, em 2022, pela Maldoror, que teve pouca visibilidade, intitulado “Eu, Tituba, bruxa… negra de Salem”. Agora, a Quetzal vai lançar o romance que se passa entre Guadalupe e o Haiti e que, através da história de ligação entre um médico e uma criança filha de uma mulher que morre durante o parto, traça o mapa de duas regiões ligadas pelos danos do colonialismo. A mesma editora publicará também o primeiro romance de Anabela Mota Ribeiro, intitulado “O quarto do bebé”. Outros títulos Por sua vez, a editora Bertrand lança um novo romance de Ana Bárbara Pedrosa, “Amor estragado”. Entre as novidades da Leya encontra-se “A arte de driblar destinos”, de Celso Costa, vencedor do Prémio Leya 2022. Já a Dom Quixote vai editar o mais recente romance do Nobel da Literatura sul-africano J.M. Coetzee, “O polaco”, publicado este ano, e o segundo romance de Marieke Lucas Rijnveld, dos Países Baixos, intitulado “Minha querida favorita”. Este é o segundo romance de Marieke Lucas Rijneveld, que se segue a “O desconforto da noite”, obra com que ganhou o Prémio Booker Internacional de 2020. Pela Planeta, vai sair “Viver depressa”, de Brigitte Giraud, o último vencedor do Prémio Goncourt, um romance que reconta a improvável cadeia de acontecimentos que levaram à morte do seu marido. Na coleção dos Penguin Clássicos, sai “O estranho caso do Dr. Jekyll e do Sr. Hyde e outros contos”, de Robert Louis Stevenson, e, na chancela Iguana, uma banda desenhada assinada por Nuno Markl e Miguel Jorge, intitulada “Manual de Instruções”. A Relógio d’Água vai publicar neste mês de Maio “Neve, cão e lava. Aproximações assimptóticas”, de Rui Nunes, “O império da dor: A história secreta da dinastia Sackler”, de Patrick Radden Keefe, “Tempos emocionantes”, de Naoise Dolan, e “Os inquietos”, de Linn Ullmann. Novos poemas de Gluck Na mesma editora vão sair ainda mais um livro de poesia de Louise Gluck, “Margarida e rosa”, “O imperador Deus de Duna”, de Frank Herbert, e “Um balé de leprosos”, de Leonard Cohen, bem como os “Poemas”, de Bertolt Brecht, há muito esgotados. Na Presença, vão ser lançados os dois primeiros volumes da trilogia sobre Roma Antiga, de Robert Harris, “Imperium” e “Lustrum”, e “A morte contada por um Sapiens a um Neandertal”, livro de História que junta os autores Juan José Millás e Juan Luis Arsuaga. A Porto Editora publica “Alabardas, alabardas, Espingardas, espingardas”, de José Saramago, com capa caligrafada por José Luís Peixoto, completando assim a colecção das obras do Nobel da Literatura português assinadas com a letra de várias personalidades. Este volume conta ainda com textos de Fernando Gómez Aguilera e Roberto Saviano, que situam e comentam as últimas palavras em papel de José Saramago, e com ilustrações de Günter Grass. Na mesma editora sairá “A morte e o pinguim”, do escritor ucraniano Andrei Kurkov, autor de “Abelhas Cinzentas”. A Livros do Brasil faz chegar “Guerra”, de Louis-Ferdinand Céline, romance inédito durante quase noventa anos, encontrado entre os manuscritos do escritor desaparecidos durante a libertação de Paris, em 1944, e que agora, sessenta anos após a morte do seu autor, é trazido a público mundialmente. A Assírio & Alvim publica um novo título de Adília Lopes, “Choupos”, e “75 Canções”, de Sérgio Godinho, volume que reúne canções (partituras, letras e cifras) do músico português. Mais Sena A editora Guerra e Paz publica mais uma obra de Jorge de Sena, “Novas andanças do demónio”, um livro sobre Júlio Pomar, “Depois do novo realismo”, da autoria do filho Alexandre Pomar, e “Eduardo Lourenço: A história é a suprema ficção”, uma edição de capa dura, com fotos da infância e juventude do ensaísta, uma entrevista de José Jorge Letria e texto final de Mário Soares, em homenagem ao centenário do nascimento do escritor. A mesma editora vai ainda publicar todos os sonetos de Florbela Espanca, em “E dizê-lo cantando a toda a gente”, o romance autobiográfico de Joseph Conrad, “O espelho do mar”, traduzido pela primeira vez em Portugal, e “A vida de Tolstoi”, biografia do escritor russo autor de “Guerra e Paz”, pelo Nobel da Literatura Romain Rolland. A chancela Minotauro, da Almedina, apresenta como novidades “A tentação de Santo Antão”, de Gustave Flaubert, inspirado num quadro de Pieter Bruegel, “Almoço nu”, a obra mais famosa de William S. Burroughs e um clássico da ‘beat generation’, e “O correspondente”, de David Jiménez, romance inspirado em acontecimentos reais que mostra o mundo íntimo dos repórteres de guerra. Pela Antígona vai sair a obra “Ensinar uma pedra a falar. Expedições e Encontros”, uma compilação de 14 ensaios autobiográficos da autora vencedora do Prémio Pulitzer Annie Dillard, que formam um périplo por alguns dos locais mais remotos do planeta – do Polo Norte às Galápagos, passando pela selva equatoriana, os Apalaches e o estreito Na Tinta-da-China vão ser publicados “Tribuna negra. Origens do movimento negro em Portugal (1911-1933)”, por Cristina Roldão, José Augusto Pereira e Pedro Varela, “A vida por escrito”, um guia de escrita de biografia por Ruy Castro, e “A vida errante”, de Guy de Maupassant, um périplo do escritor por Paris, Génova, Florença, Nápoles, Palermo, Argel, Tunes e Cairuão, na coleção de literatura de viagens.
Hoje Macau EventosAcadémica diz que eventuais compensações impedem pedido de desculpa pela escravatura O professor de História Mundial Manuel Barcia, especializado em escravidão no Atlântico, defendeu, em declarações à Lusa, que o receio de se pagarem eventuais compensações tem impedido Portugal e outros Estados de pedirem desculpa pela escravatura. No 25 de Abril, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, defendeu que Portugal deve um pedido de desculpa, mas acima de tudo deve assumir plenamente a responsabilidade pela exploração e pela escravatura no período colonial. “O problema é que, se [Portugal] pedir desculpas, está a colocar-se numa posição, do ponto de vista legal, em que pode ter que pagar” compensações, sublinhou na quarta-feira Manuel Barcia, após uma palestra realizada em Macau. “Os políticos em todas as partes estão muito assustados com isso”, disse o professor na Universidade de Leeds, no Reino Unido, apontando o caso do primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, que na semana passada se recusou a pedir desculpa pelo papel que o país teve no comércio de escravos. Um pedido formal de desculpas por parte do Estado português seria “uma coisa mínima depois de tudo o que aconteceu”, defendeu Manuel Barcia. “Mas a resposta tem de ser dada pela gente que descende dos escravos. São eles que têm de dizer se precisam” de um pedido de desculpa, acrescentou o académico cubano. A posição de Marcelo Rebelo de Sousa foi assumida no discurso na sessão solene comemorativa do 49.º aniversário do 25 de Abril na Assembleia da República, a propósito da sessão de boas-vindas ao Presidente brasileiro, Lula da Silva. “Também isso nos serve para nós olharmos para trás, a propósito do Brasil. Mas seria também possível a propósito de toda a colonização e toda a descolonização, e assumirmos plenamente a responsabilidade por aquilo que fizemos”, considerou. “Não é apenas pedir desculpa – devida, sem dúvida – por aquilo que fizemos, porque pedir desculpa é às vezes o que há de mais fácil, pede-se desculpa, vira-se as costas, e está cumprida a função. Não, é o assumir a responsabilidade para o futuro daquilo que de bom e de mau fizemos no passado”, defendeu. Marcelo Rebelo de Sousa lembrou que a colonização do Brasil teve “de mau, a exploração dos povos originários, denunciada por António Vieira, a escravatura, o sacrifício do interesse do Brasil e dos brasileiros”. “Um pior da nossa presença que temos de assumir tal como assumimos o melhor dessa presença. E o mesmo se diga do melhor e do pior, do pior e do melhor da nossa presença no império ao longo de toda a colonização”, acrescentou. Manuel Barcia defendeu que foi só devido à pressão do Reino Unido que Portugal aboliu por completo a escravatura, em 1869. Apesar de Portugal ter sido o primeiro país europeu a abolir a importação de escravos, em 1761, a medida só abrangia as colónias na Índia e a metrópole, onde havia “muito pouco” sentimento antiesclavagista, disse o académico. Barcia lembrou ainda que, apesar da abolição, Portugal continuou a permitir, a partir de Macau, o comércio de chineses, em condições de escravatura por dívidas, para o continente americano, incluindo para Cuba.
Hoje Macau EventosRestauração | Novo restaurante de dumplings abre em Lisboa Foto de Eduardo Martins Miss Dumpling – Restaurant & Wine Bar é o novo espaço dedicado à cozinha chinesa que acaba de abrir portas em Lisboa, no número 25 da Travessa dos Mastros, no bairro de Santos. O projecto tem o cunho de Song, chinesa a viver em Portugal há vários anos e de Hélder Beja, ex-residente de Macau, jornalista e antigo director do Festival Literário Rota das Letras. A equipa do restaurante é ainda composta por pessoas da China, de Portugal, do Brasil, da Ucrânia e da Índia. Depois de dois anos a levar os jiaozi mais tradicionais da China às casas de muitos lisboetas através de um serviço de entregas, e aos mercados de street food da cidade, Song encontrou finalmente uma morada permanente, servindo jiaozi recheados de diferentes carnes e vegetais, de camarão, vegetarianos e vegan – preparados na hora ao vapor ou fritos. A carta é a ainda composta por uma variedade de outros pratos, quase todos à base de legumes e vegetais, onde se destacam o Rei Cogumelo, feito de lascas de cogumelos king-oyster; o Verde e Amarelo, salada de pepino e tofu desidratado; ou a Cama de Beringela, preparado à base de farripas de beringela. Em todos eles, combinações de pimentas de Sichuan, malaguetas e os muitos molhos da gastronomia chinesa são ingredientes essenciais para um menu dinâmico, com novos pratos a surgirem com regularidade – especialidades chinesas à base de arroz e de noodles serão das primeiras novidades para breve. O restaurante alia à cozinha chinesa o melhor que o vinho português tem para oferecer, com uma selecção de vinhos monocasta de todo o país – um branco e um tinto sempre servidos a copo e funcionando como “vinho da casa”, e uma lista de garrafas únicas constantemente renovada. Para os apreciadores de cerveja, além das marcas nacionais não podia falar a chinesa Tsingtao.
Hoje Macau EventosSheyla Zandonai dá palestra sobre união do jogo com a cidade Acontece esta quinta-feira, às 18h30, na Fundação Rui Cunha (FRC) a palestra “Urbanismo do Jogo, Turismo e Início da Modernização” protagonizada pela docente e antropóloga Sheyla Zandonai. Esta iniciativa conta com o apoio do departamento de História e Património da Universidade de São José (USJ). A história da modernização urbana de Macau, desde o advento de um regime colonial de facto em meados do século XIX, tem sido contada através da história do desenvolvimento de infra-estruturas, como é o caso da recuperação da zona ribeirinha, da remodelação da cidade, com a adopção dos planos urbanísticos e das mudanças de estilo arquitectónico. No entanto, pouco se tem dito sobre a forma como a história da modernização de Macau se sobrepõe à história da urbanização induzida pelo jogo e como esta se encontra ligada à génese do turismo em Macau e no sul da China em geral. Esta história parece também um pouco desligada da sua existência espacial. Onde se localizaram os primeiros empreendimentos de Macau relacionados com o jogo e porquê? Como é que a transição da era do licenciamento do jogo para os primeiros anos do monopólio do jogo, na década de 1930, se materializou na paisagem urbana? A palestra analisa o papel do jogo como incubadora de novos tipos e formas urbanas na intersecção das racionalidades coloniais e das modernidades europeias e chinesas no âmbito da categoria de turismo mais alargada em que se insere. Argumenta-se que os esforços de modernização da Macau portuguesa na viragem do século XX evidenciam a emergência do jogo como uma força modeladora da sua imagem urbana e colonial. Docência e estudos De frisar que Sheyla Zandonai lançou, no ano passado, o livro ““The City in Review – Episodes of hope and not so in Macau”, que não é mais do que uma colectânea de crónicas publicadas na imprensa nos media em língua inglesa sobre estas temáticas. Sheyla S. Zandonai lecciona no departamento de História da Universidade de Macau, sendo doutorada em Antropologia Social e Etnologia pela École des Hautes Études en Sciences Sociales (EHESS). É autora de várias publicações sobre Macau e recebeu o Prémio de Mérito 2022 para a Investigação de Macau em Ciências Humanas e Sociais atribuído Fundação Macau e Ciências Sociais na China Press pelo seu trabalho sobre a calçada portuguesa realizado em parceria com a também investigadora e docente Vanessa Amaro. Os seus actuais interesses de investigação incluem história urbana, modernidade colonial, negócios de lazer, património e jogo.
Hoje Macau EventosPatuá | Miguel de Senna Fernandes pede investimento de Portugal Há muito que se observa o risco de extinção do patuá, crioulo de Macau, e Miguel de Senna Fernandes, responsável pelos Doci Papiaçam de Macau, faz agora um apelo para que em Portugal se aposte mais no seu estudo, em prol da preservação de um modo de comunicação muito próprio de uma comunidade O encenador do “único teatro activo” em patuá, que este ano celebra 30 anos de existência, considera que Portugal deve “investir mais no estudo” deste crioulo de Macau, de base portuguesa e em risco de extinção. “Portugal pode até dar-nos respostas a muitas questões que muitas vezes nós não conhecemos. Como é que linguisticamente determinada forma de expressão apareceu, por exemplo”, disse à Lusa Miguel de Senna Fernandes, responsável pela companhia de teatro Dóci Papiaçám di Macau (Doce falar de Macau). A língua crioula de Macau, preservada sobretudo através deste grupo de actores amadores, que levam a palco uma peça por ano, sofreu forte influência da língua portuguesa. “Se não chega a 80%, é 70% do português”, notou o também presidente da Associação dos Macaenses. “Há muita coisa que vem naturalmente de outras influências, do malaio, do concanim, mas o grosso, por exemplo, na formação de verbos, é muito de português (…). Do cantonês, existe uma grande influência também, não na grafia, mas no aspecto semântico”, explicou. Considerado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) como “gravemente ameaçado”, o nível antes da extinção, o patuá foi criado por imigrantes portugueses em Macau ao longo dos últimos 400 anos, e foi desaparecendo devido à obrigação de aprendizagem do português nas escolas, imposta pela administração portuguesa. Miguel de Senna Fernandes não sabe quantas pessoas dominam o crioulo, no pequeno território chinês ou na diáspora, mas admite serem “muito poucos”. Sustenta que o patuá “tem o seu valor”, conferindo à comunidade macaense uma “dimensão de tradição, uma dimensão de profundidade em termos históricos e em termos de vivência”. “Há que saber o que somos nós, que passado temos. (…) Não nos podemos esquecer de onde viemos. E o patuá está numa situação de alguma contradição. Quando falamos de língua, é necessário que a língua tenha dignidade quando é utilizada. E a contradição está em que ninguém fala patuá”, notou. “Bom trabalho” do CCCM Portugal “pode sempre fazer mais”, seja através da Casa de Macau, do Centro Científico e Cultural de Macau – “que está a fazer um bom trabalho” – ou “de uma comunidade macaense falante de patuá” a residir no território: “E por que não a partir daí reconstruir ou pelo menos preservá-lo?”. “Seria ridículo falar num museu de línguas, mas é quase como isto, uma espécie de um salão, um engenho museológico”, apontou. Referindo que “começam agora a existir muitas iniciativas” em Macau para “fomentar o patuá fora dos Doçi”, nomeadamente através da Associação de Jovens Macaenses e da recém-criada Associação de Estudos da Cultura Macaense, Senna Fernandes declarou que tem ainda um projecto pessoal: “Há 30 anos que ando para escrever e não publiquei nada, mas eu vou fazê-lo”, frisou, observando que “até este momento o único patuá que se vê [publicado] é do Adé”, como era conhecido o poeta macaense José dos Santos Ferreira (1919-1993). “Eu vou fazê-lo porque é uma outra interpretação do patuá”, disse. A China incluiu em 2021 na lista de património cultural imaterial nacional o Teatro em Patuá. Uma peça sobre a pandemia O grupo Dóci Papiaçám di Macau nasceu a 30 de Outubro de 1993, ano da morte de Adé e por ocasião da visita do então Presidente português Mário Soares a Macau e da reabertura, após obras de recuperação, do D. Pedro V, primeiro teatro de estilo ocidental na China. Miguel de Senna Fernandes integrou o projecto desde esse primeiro momento, levando à cena a peça “Olâ Pisidénte” (Ver o Presidente), apresentando “ao Presidente da República as preocupações” da comunidade macaense: a integração nos quadros de Portugal, após a transferência de administração do território para a China, em 1999, e questões relacionadas com a nacionalidade. “O grupo tem sido um bom divulgador da própria língua”, sublinhou o encenador ao fazer um balanço de três décadas de trabalho. “O teatro é uma maneira fantástica de aprender qualquer língua”. Este ano, o dramaturgo traz ao palco do Centro Cultural de Macau, entre 26 e 28 deste mês, o retrato de uma cidade livre da pandemia. Macau livrou-se das restrições anti-pandémicas, mas não da sátira dos Doçi. Com “Chachau-Lalau di Carnaval” (Oh, que arraial), é criado um novo programa de revitalização dos bairros no território e um quarteirão é selecionado como experiência piloto. Aí terá lugar um arraial. Ou melhor, um carnaval. “Macau quer ser um sítio alegre e arranja sempre esse subterfúgio do arraial ou do carnaval, como queiram chamar. É carnaval para aqui, carnaval para acolá. A palavra carnaval entra até nos pedidos dos subsídios, é a coisa mais louca que pode haver”, comenta. A peça, que volta a contar este ano com vários números musicais e trabalhos em vídeo, é interpretada em patuá, com momentos em português e cantonês. Pela primeira vez, vai escutar-se mandarim, pela voz de uma personagem que chega do interior da China, “mas que rapidamente começa a falar cantonês”. Senna Fernandes chama a atenção para “uma nova realidade” em Macau. “Fala-se tanto da Grande Baía e eu continuo sem saber o que é isto, há que integrar este elemento numa outra forma numa peça em patuá”, complementou. “Independentemente do que as pessoas possam pensar, o mandarim é uma língua que não é de Macau (…), mas, claro, por razões oficiais, por razões de Estado, e tudo mais, é óbvio e é legítimo que se espere que a comunidade também fale a língua nacional”, disse.
Hoje Macau EventosLivro em português e tétum de Gonçalo M. Tavares lançado em Timor O lançamento de uma edição bilingue em português e tétum do livro “Os velhos também querem viver”, de Gonçalo M. Tavares, é uma das várias iniciativas que esta semana assinalam em Timor-Leste o Dia da Mundial da Língua Portuguesa. O livro, produzido numa iniciativa do Centro de Língua Portuguesa (CLP) – Projecto FOCO.UNTL (Universidade Nacional Timor Lorosa’e), tem como objectivo “contribuir para um maior protagonismo da língua portuguesa e da língua tétum, enquanto línguas oficiais num cenário multilingue e multicultural como é o caso de Timor-Leste”. A edição resulta de uma candidatura submetida à Linha de Apoio de Tradução e Edição (LATE), “com o objectivo central de promover a tradução e a edição no estrangeiro de obras escritas em língua portuguesa”. A LATE é organizada, financiada e promovida conjuntamente pela Direcção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas (DGLAB) e pelo Camões, I.P. Ter FOCO Um dos projectos da cooperação portuguesa no sector da educação e da língua portuguesa, o projecto FOCO.UNTL (Formar, Orientar, Certificar e Otimizar com a UNTL) tem colaborado com o CLP em várias dimensões, como a leccionação na UNTL e de cursos de língua portuguesa, investigação, produção de materiais didático-pedagógicos e publicações. Além do livro, o CLP e o FOCO.UNTL têm previsto divulgar durante a semana vários testemunhos em vídeo recolhidos na comunidade timorense, bem como organizar diversas oficinas de escrita criativa, de linguística e ensino de língua e de poesia. A iniciativa “Português no Bairro”, também apoiada pelo CLP, apresenta no sábado uma leitura dramatizada da obra “O Lafaek e a Manu-liin”, com a estreia de um teatro fantoches, criado a partir da adaptação intercultural da obra infantojuvenil “O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá”, do autor brasileiro Jorge Amado. Outras iniciativas estão igualmente previstas para esta semana, incluindo um debate realizado hoje sobre a língua portuguesa na comunicação social timorense, organizado pelo Consultório da Língua para Jornalistas e pelo Centro Cultural Português. Prémios e apoios Amanhã, serão divulgados os vencedores do IX Prémio de Língua Portuguesa, galardão anual instituído pela Fundação Oriente para reconhecer o melhor trabalho de língua portuguesa de jovens estudantes timorenses. A iniciativa conta com o apoio do Ministério do Ensino Superior, Ciência e Cultura, do Centro Cultural Português – Díli, do Centro de Língua Portuguesa da Universidade Nacional Timor Lorosa’e (UNTL), do BNU Timor e do Leitorado Guimarães Rosa da UNTL. As comemorações oficiais estão a ser organizadas este ano pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros timorense, em colaboração com o Ministério da Educação. O palco será o maior centro comercial do país, o Timor Plaza, durante todo o dia de sábado, com vários momentos musicais, poesia, um espetáculo de circo de um artista brasileiro, danças tradicionais e discursos.
Hoje Macau EventosJazz | “The Bridge” e “Chak Seng Latin Group” actuam este sábado A fim de celebrar o Dia Internacional do Jazz, que se assinalou no último domingo, o Clube de Jazz de Macau promove, este sábado, um concerto com dois grupos musicais locais, “The Bridge” e “Chak Seng Latin Group”. O evento acontece no Grand Lisboa Palace a partir das 19h Os eventos musicais promovidos pelo Clube de Jazz de Macau estão de regresso e, desta vez, o concerto serve para celebrar o Dia Internacional do Jazz que se celebrou este domingo. O Clube, que teve o apoio da Sociedade de Jogos de Macau (SJM), leva ao palco do “Grand Pavillion”, no Grand Lisboa Palace, no Cotai, o espectáculo com duas bandas de jazz locais, os “The Bridge” e o colectivo “Chak Seng Latin Group”. O cartaz apresenta não apenas sonoridades de jazz, mas faz também uma fusão com outros estilos musicais. A banda “The Bridge” já é bem conhecido do público local, pois há cerca de 30 anos que actua em inúmeros locais e salas de espectáculos do território. O grupo é composto por sete músicos, nomeadamente Phil Reavis, Humphrey Cheong, Wilson Chan, Ramon Joaquin, Andrew Cheong, José Chan e Ray Elma. Por sua vez, o “Chak Seng Latin Group” é liderado pelo pianista de jazz e saxofonista Lam Chak Seng, residente de Macau e formado pelo Conservatório Real de Haia, na Holanda. O músico actua ainda com o guitarrista Chen Hanchong, o vocalista Chen Xiaoman, o saxofonista Zhang Yichen, o trompetista Tong Xiaoshu, o baterista de Guangdong Chen Qing Xiang e ainda o baixista Zhu Nan. Todos são músicos experientes que já actuaram em diversos festivais de música não apenas na Ásia, mas por todo o mundo. O grupo é conhecido do grande público pelas actuações versáteis que passam por sonoridades diversas que vão além do jazz e que incluem a música latina, pop e raras adaptações do jazz chinês tocado e composto no sudeste do país. No ano passado o grupo recebeu o convite para actuar na competição China Blackpool Latin Dance na província de Guangdong. Lembrar Herbie Hancock O concerto tem um custo de 300 patacas e termina por volta das 23h. Esta iniciativa, além do apoio da SJM, teve o suporte do Fundo de Desenvolvimento da Cultura. A edição deste ano do Dia Internacional do Jazz teve como objectivo lembrar o enorme percurso musical de Herbie Hancock, pianista americano nascido em Chicago, com 83 anos. A efeméride, promovida pela UNESCO, incluiu uma série de concertos realizados em todo o mundo, de Pequim a Washington, com vista a reduzir as diferenças culturais entre povos com recurso ao jazz, para que, através da música, se promova um mundo com um maior diálogo entre os povos. Macau adere, assim, com o concerto de sábado, a esta iniciativa de cariz global. De frisar que desde 2021 que o Clube de Jazz de Macau não promovia espectáculos no território. A última iniciativa, intitulada “Jazz on the Rocks”, contou com músicos locais e as cantoras Annie e Winnie. Também em 2021 o Dia Internacional do Jazz foi celebrado com os “The Bridge” e “Tomos Griffiths Big Band”.
Hoje Macau EventosEscritor e editor Luís Carmelo morre aos 68 anos O escritor Luís Carmelo, vencedor do Prémio de Ensaio da Associação Portuguesa de Escritores (APE) 1988 com “A tetralogia lusitana de Almeida Faria”, morreu domingo, em Lisboa, aos 68 anos, disse ontem à Lusa fonte próxima do escritor. Sem precisar as causas da morte do editor e escritor, a mesma fonte adiantou que o velório de Luís Carmelo decorrerá na terça-feira, das 17:30 às 22:30 na Basílica da Estrela, em Lisboa. Na quarta-feira, o velório continuará entre as 09:30 e as 13:00, hora em que o funeral sairá para o cemitério do Alto de S. João, onde o corpo do escritor será cremado, pelas 14:00. Autor de mais de 30 obras, Luís Carmelo nasceu em Évora em 25 de Agosto de 1954 e doutorou-se na Universidade de Utreque, Holanda. Cronista do Expresso e do jornal Hoje Macau, Luís Carmelo tem obra publicada na área do romance, poesia, ensaio. O escritor foi ainda finalista do Prémio Literário Casino da Póvoa/Correntes d´Escritas em 2019, com o livro de poesia “Tratado”. Autor de mais de 30 obras, Luís Carmelo nasceu em Évora e doutorou-se pela Universidade de Utreque, na Holanda. “Entre o Eco do Espelho” (1986), “Cortejo do Litoral Esquecido” (1988), “No Princípio era Veneza” (1990), “Sempre Noiva” (1996), “A Falha” (1998), “As Saudades do Mundo” (1999), “O Trevo de Abel” (2001), “Máscaras de Amesterdão” (2002), “O Inventor de Lágrimas” (2004), “E Deus Pegou-me pela Cintura” (2007), “A Dobra do Crioulinho” (2013), “Gnaisse” (2015), “Por Mão Própria” (2016), “Sísifo” (2017) e “Cálice” (2020) são os romances publicados por Luís Carmelo. Na tela O romance “A falha” foi adaptado ao cinema por João Mário Grilo, em 2002, a partir de argumento escrito pelo realizador e por Luís Carmelo. Na poesia, é autor das obras “Fio de prumo” , “Vão Interior do Rio”, “Ângulo Raso”, “Mymosidades”, editado pela sua própria editora, a Nova Mymosa, “As Mialgias de Agosto”, “Extintor de Achados”, “Tratado”, “Ofertório”, “Anatomia”, “O Pássaro Transparente”, “Lucílio”, “Biografia do Mundo” e “El Asombro Irrealizado”, uma antologia publicada em 2023 na Ciudad de México. Na ensaística, entre as obras de Luís Carmelo contam-se “A Tetralogia Lusitana de Almeida Faria”, “La Représentation du Réel dans des Textes Prophétiques”, a sua tese de doutoramento, “Sob o Rosto da Europa”, “Anjos e Meteoros. Ensaio Sobre a Instantaneidade”, entre outros. Luís Carmelo ensinava escrita e cultura na EC.ON Escrita Criativa Online, no Instituto Camões, na Universidade Aberta e no Âmbito Cultural El Corte Inglês. Escrito na rede “E agora pirou-se o Luís Carmelo (1954-2023), que fez questão de trabalhar até ao fim e por isso sairão ainda este ano uns tantos livros seus. Tínhamos algumas diferenças de opinião e gosto, mas sempre com algum afecto mútuo. Era um soldado da escrita: o seu exército, não sendo o meu, reconheci-o sempre como digno. Se houver um Valhalla para maníacos da coisa escrita, ele estará lá (merece) todos os dias a espadeirar com Odin, a morrer com Wittgenstein e a cear com Sísifo. Ou vice-versa”, escreveu Rui Zink, no Facebook.
Hoje Macau EventosConímbriga | Enterramentos infantis e muralha pré-romana descobertos Sondagens que seriam só de suporte a um projecto de conservação da muralha de Conímbriga acabaram por revelar algumas surpresas, como parte de um muro que se supunha existir antes da ocupação romana e enterramentos infantis, uma raridade. As quatro escavações junto à muralha romana que delimita Conímbriga, no concelho de Condeixa-a-Nova, avançaram no início de Março, cumprindo um desígnio muito específico – diagnóstico de locais onde se pretendia executar poços de drenagem numa empreitada de estabilização daquele património. Num dos locais, os arqueólogos encontraram uma parte de uma muralha da Idade do Ferro, prévia à ocupação romana de Conímbriga, confirmando aquilo que já se supunha existir, mas que nunca tinha sido encontrado, notou Virgílio Correia, arqueólogo do Museu de Conímbriga que dirigiu as escavações, juntamente com o director do espaço, Vítor Dias. O director do Museu de Conímbriga olha para as escavações e comenta: “Isto está melhor do que a encomenda”. Mas para o arqueólogo a “grande surpresa” centra-se nos seis enterramentos infantis encontrados, da altura da ocupação romana, “muito raros em todo o Império”. “Haverá duas ou três dezenas” de enterramentos infantis identificados em toda a zona de influência do Império Romano, sublinhou. Em Conímbriga, foram encontrados restos mortais de quatro bebés num dos locais de sondagens e outros dois noutro local de escavação. “Os enterramentos infantis são sempre uma surpresa, porque a prática de enterramentos infantis, para os romanos, é uma coisa muito complexa. Do ponto de vista jurídico, uma criança não era uma pessoa e, então, há todo o tipo de práticas estranhas. Havia muitas que eram deitadas para um monte de entulho. Não estava nada à espera”, contextualizou Virgílio Correia. As crianças deverão ter entre semanas a menos de um ano de idade e, face ao local onde foram encontradas, acredita-se que poderão ter sido enterradas quando aquela zona era uma espécie de estaleiro de obra, quando se avançava para a construção da muralha romana junto ao anfiteatro, que seria demolido. “Relativamente aos poucos enterramentos infantis que se conhecem no mundo romano, conhecem-se em situações estranhas, como crianças enterradas nos jardins de casas de Pompeia, ou entre entulhos de material que se estragava de um centro de produção de cerâmicas no sul de França”, avançou Virgílio Correia. No caso de Conímbriga, as crianças não estavam misturadas com entulho, mas terão sido enterradas com “poucos cuidados”. Para exposição Outra descoberta que entusiasmou a equipa é um pequeno tinteiro do tempo da ocupação romana que serviria para molhar a pena com que se escrevia. “É uma coisa excepcional, que aqui parece que se perde algures e vai dar ao entulho do anfiteatro”, constatou Virgílio Correia, antevendo que a peça possa acabar exposta no museu. As sondagens foram feitas junto à muralha romana, na zona que faria fronteira com o anfiteatro, que foi demolido para dar lugar àquela estrutura defensiva. Nas quatro escavações, encontram-se vestígios do século III ou IV antes de Cristo até à época medieval (séculos IX ou X depois de Cristo). Até o carvão e sementes carbonizadas encontradas serão posteriormente estudados.
Andreia Sofia Silva EventosFAM | Bailado português e teatro para ver esta semana O cartaz desta semana do Festival de Artes de Macau apresenta um espectáculo da Companhia Portuguesa de Bailado Contemporânea. Esta sexta-feira é apresentado, no Sands Theatre, “Na Substância do Tempo”, em homenagem à poetisa Sophia de Mello Breyner. O cartaz compõe-se ainda com a peça de teatro “Eu sou uma lua”, da companhia Teatro da Torre do Tambor do Oeste Os amantes de bailado ou simplesmente apaixonados pelos poemas de Sophia de Mello Breyner Andresen podem, esta semana, assistir ao espectáculo da Companhia Portuguesa de Bailado Contemporâneo que integra o cartaz do Festival de Artes de Macau (FAM). “Na Substância do Tempo” sobe ao palco do Sands Theatre esta sexta-feira, às 20h, apresentando-se um “programa triplo que entrelaça as imagens em movimento” saídas dos poemas de Sophia que faz uma ligação com “as leis da gravitação interna dos passos de dança”. Intituladas “Em redor da suspensão”, “Outono para Graça” e “Requiem”, as três peças “criam o momento em que o discurso coreográfico se assume como uma metáfora”. Assim, os bailarinos e coreógrafos “ecoam a poesia de Sophia e mergulham no mundo visível da dança”. Este espectáculo tem como coreógrafos Vasco Wellenkamp e Miguel Ramalho, contando com um total de 11 bailarinos. A Companhia Portuguesa de Bailado Contemporâneo foi fundada por Vasco Wellenkamp, coreógrafo que já conta com diversos prémios no currículo, em 1997, tendo conquistado ao longo dos anos uma reputação internacional. Teatro lunar O cartaz do FAM traz ainda, esta sexta-feira e sábado, a peça de teatro “Eu sou uma lua”, do Teatro da Torre do Tambor do Oeste. O espectáculo acontece no pequeno auditório do Centro Cultural de Macau (CCM) às 19h45. Conforme escreveu o Diário da Juventude de Pequim, esta é uma “história sobre a lua e a dor, cruel, mas terna”. Revelam-se histórias de seis pessoas, que têm uma ligação entre si, contadas em forma de prosa e poesia, nomeadamente a do astronauta que está numa missão à lua ou um assalariado que perdeu a actriz que admirava, ou ainda o caso de uma estudante de matemática que engorda quando chega à puberdade, ou uma estrela de rock que não tem sorte no amor. Cada vez que uma destas personagens olha para a lua, pensa nas suas preocupações e angústias. A lua funciona, aqui, como um mecanismo para a auto-reflexão e conhecimento. Trata-se de uma “peça que combina o sentimento solitário e poético, exclusivo da literatura chinesa, e ainda o humor negro auto-depreciativo americano”. O espectáculo divide-se em duas partes: a viagem à lua de um astronauta isolado e as histórias das restantes cinco pessoas que buscam respostas ao olhar para a lua. O texto desta peça foi escrito pela dramaturga Zhu Yi, tendo o espectáculo estreado em Nova Iorque em 2011. A encenação ficou a cargo de Ding Yiteng, tido como um dos grandes encenadores chineses da sua geração. O espectáculo tem uma hora e cinquenta minutos e é interpretado em mandarim, com tradução para inglês. Destaque ainda para os restantes espectáculos que decorrem este fim-de-semana integrantes do FAM, nomeadamente “Os milagres dos armazéns Namiya”, do grupo “Cultura Supersky”, apresentado no grande auditório do CCM este sábado e domingo às 20h. Trata-se de uma adaptação do romance, com o mesmo nome, do japonês Keigo Higashino, sobre a história de três ladrões que se escondem numa loja deserta, numa cidade remota, perdida no meio do nada. O Teatro Caixa Preta, no edifício do antigo tribunal, recebe o espectáculo “m@rc0 p0!0 endg@me 2.0”, dos grupos locais Associação de Arte Teatral Dirks x Estúdio Paprika. O evento é apresentado de sexta-feira a domingo às 20h e no sábado e domingo às 15h. O cartaz do FAM apresenta ainda um espectáculo de teatro com marionetas “Neste Lado de Macau – Em Busca da Verónica” com o artista Bernardo Amorim e a colaboração de Elisa Vilaça, artista residente da Casa de Portugal em Macau, José Nyogeri e Nelma Silvestre. A iniciativa acontece no sábado, em versão cantonense, às 15h e 20h, e domingo, em português, no mesmo horário, no Centro de Arte Contemporânea de Macau – Oficinas Navais N.º 2. Esta é uma nova versão do espectáculo “No Outro Lado de Macau – Uma Aventura Mágica” apresentado na 31ª edição do festival. Bernardo Amorim promete “levar crianças e adultos numa fantástica jornada” pela descoberta das aventuras de Verónica.
Hoje Macau EventosLíngua portuguesa | “Pelé” incluído no dicionário Michaelis “Pelé” tornou-se a mais recente palavra da língua portuguesa, ao ser incluída como um novo adjectivo no dicionário Michaelis, como sinónimo de “excepcional, incomparável, único”. “Aquele que é fora do comum, que ou quem em virtude de sua qualidade, valor ou superioridade não pode ser igualado a nada ou a ninguém, assim como Pelé, apelido de Edson Arantes do Nascimento (1940-2022), considerado o maior atleta de todos os tempos; excepcional, incomparável, único. Ele é o pelé do basquete. Ela é a pelé do ténis. Ela é a pelé da dramaturgia brasileira”, lê-se no texto da Michaelis. A inclusão de “Pelé” no dicionário foi o resultado de uma campanha da Fundação Pelé, que recolheu 125.000 assinaturas na Internet em poucos meses. A campanha foi apoiada pelo Santos, o clube onde “O Rei” jogou a maior parte da sua carreira desportiva, e pelo grupo de comunicação social Globo. A Academia Brasileira de Letras (ABL), que rege a língua no país onde vivem dois terços dos falantes de português, lançou o seu próprio dicionário em 2021, mas ainda não inclui a palavra “Pelé”. Edson Arantes do Nascimento ‘Pelé’, considerado por muitos como o maior jogador de futebol de todos os tempos, morreu a 29 de Dezembro de 2022 aos 82 anos de idade, como resultado da falência de múltiplos órgãos devido ao cancro do cólon de que sofria desde o ano anterior. Até agora, é o único jogador a ter ganhado três Taças do Mundo com a sua equipa nacional: Suécia 1958, Chile 1962 e México 1970.
Hoje Macau EventosPaulina Chiziane recebe prémio em Lisboa a 5 de Maio A escritora moçambicana Paulina Chiziane vai receber o Prémio Camões, atribuído em 2021, no próximo dia 5 de Maio, numa cerimónia a decorrer no Museu Nacional dos Coches, em Lisboa, anunciou o Ministério da Cultura. O prémio será entregue à autora de “Balada de Amor ao Vento” e “Ventos do Apocalipse” pelas mãos do primeiro-ministro, António Costa. A entrega do galardão acontece 10 dias depois da cerimónia de entrega do Prémio Camões a Chico Buarque, vencedor em 2019. Para o ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, “a entrega do Prémio Camões à escritora moçambicana Paulina Chiziane é um momento de enorme significado e enorme simbolismo para a cultura em português. É a primeira mulher negra a receber aquele que é o prémio de maior prestígio da língua portuguesa”. Na altura da atribuição do prémio, o júri, que elegeu por unanimidade a escritora moçambicana, justificou a escolha com a “sua vasta produção e recepção crítica, bem como o reconhecimento académico e institucional da sua obra”. O júri referiu também a importância que Paulina Chiziane dedica nos seus livros aos problemas da mulher moçambicana e africana, e sublinhou o seu trabalho recente de aproximação aos jovens, nomeadamente na construção de pontes entre a literatura e outras artes. Para as mulheres Após receber a distinção, Paulina Chiziane dedicou o prémio às mulheres, considerando que este serve para valorizar o papel do sexo feminino numa altura em que o seu trabalho ainda é subvalorizado. Alguns dos seus livros foram publicados em Portugal e no Brasil, e estão traduzidos em inglês, alemão, italiano, espanhol, francês, sérvio, croata. Paulina Chiziane nasceu em Manjacaze, Moçambique, em 1955. Estudou Linguística em Maputo. Actualmente, vive e trabalha na Zambézia. Ficcionista, publicou vários contos na imprensa. O seu primeiro romance, “Balada de Amor ao Vento” (1990), foi publicado após a independência do país, e é também o primeiro romance publicado de uma mulher moçambicana. “Ventos do Apocalipse”, concluído em 1991, saiu em Maputo, em 1993, como edição da autora e foi publicado em Portugal, pela Caminho, em 1999, antecedendo “Balada de Amor ao Vento”, em Portugal, pela mesma editora, em 2003. A Caminho possui aliás os títulos da autora publicados em Portugal: “Sétimo Juramento” (2000), “Niketche: Uma História de Poligamia” (2002), “O Alegre Canto da Perdiz” (2008). Da sua obra fazem igualmente parte “As Andorinhas” (2009), “Na mão de Deus” e “Por Quem Vibram os Tambores do Além” (2013), “Ngoma Yethu: O curandeiro e o Novo Testamento” (2015), “O Canto dos Escravos” (2017), “O Curandeiro e o Novo Testamento” (2018).
Hoje Macau EventosLíngua Portuguesa | “Ler em Rede” integra projecto de digitalização Plataforma “Ler em Rede”, com conteúdos em português para estudantes não nativos, e desenvolvida pelo Instituto Português do Oriente e o Camões I.P., passa a integrar o projecto de Digitalização do Ensino Português no Estrangeiro, financiado com fundos públicos e apresentado na última sexta-feira na Alemanha Criado em Macau, o plano “Ler em Rede”, desenvolvido pelo Instituto Português do Oriente (IPOR), o Camões I.P. e a empresa de tecnologia OMNI, passa a integrar o projecto de Digitalização do Ensino Português no Estrangeiro (EPE), desenvolvido pelo Camões – Instituto da Cooperação e da Língua e financiado com fundos públicos do Plano de Resolução e Resiliência [PRR]. Integrada no “Ler em Rede” encontra-se a plataforma “Viagem nas Palavras”, criada pelo IPOR e que já é utilizada em várias escolas de Macau. O projecto Digitalização do EPE arrancou no dia 21 de Abril em Hamburgo, Alemanha, com a entrega dos primeiros equipamentos a professores e alunos. Esta iniciativa tem como objectivo a qualificação da rede EPE através da disponibilização de equipamentos a todos os alunos e professores para a utilização de plataformas digitais de conteúdos em língua e cultura portuguesa. “Ler em Rede” pretende ser uma ferramenta para proporcionar a todos os jovens que aprendem português no âmbito da rede EPE a possibilidade de desenvolverem competências através de experiências pedagógicas de “qualidade, diversificadas, atractivas e criativas”, sempre dentro dos moldes definidos para o ensino do idioma de Camões a estrangeiros. Esta plataforma incentiva o percurso de autoaprendizagem, podendo também ser utilizada em contexto de sala de aula, como um recurso adicional à disposição dos docentes. Três níveis, 60 unidades Organizada em três níveis etários e com 60 unidades didácticas, o “Ler em Rede” incorpora “recursos tecnológicos inovadores” que visam promover uma aprendizagem centrada nas competências de leitura, mas que potencia também as áres da compreensão do oral e da escrita. O projecto Digitalização EPE beneficia cerca de 22.000 alunos da rede de cursos extracurriculares promovidos pelo Camões, I.P. em Espanha, Andorra, França, Reino Unido, Alemanha, Luxemburgo, Bélgica, Países Baixos e África do Sul, bem como na Austrália, Canadá, EUA e Venezuela. O investimento PRR do Camões, I.P., inserido na Medida TD-C19-i01-m13, representa um investimento global de 18,9 milhões de euros.
Hoje Macau EventosDia Internacional dos Museus celebrado com jogos e workshops Sob o tema “Museus, Sustentabilidade e Bem-estar” decorre este ano mais uma edição do “Carnaval do Dia Internacional dos Museus” a partir do dia 14 de Maio. A ideia é celebrar a efeméride, instituída a 18 de Maio de 1977, com uma série de actividades que vão desde os jogos aos workshops. A cerimónia de abertura do evento, que integra grande parte dos espaços museológicos geridos pelo Instituto Cultural (IC), arranca dia 14 de Maio no Centro de Ciência de Macau, onde, a partir das 14h, serão organizados “jogos de cabine, workshops e jogos online”. No entanto, nesse dia, todos os museus do território promovem, entre as 14h e as 18h, diversas iniciativas como é o caso do jogo “Múltiplas Perspectivas sobre Museus” ou “Vamos começar por conhecer as exposições do Museu de Macau”, sem esquecer as oficinas nas áreas da xilogravura, impressão e cerâmica. Para assinalar o dia i, os museus estarão abertos ao público gratuitamente ao longo do mês de Maio, sendo que cada espaço terá o seu calendário de exposições, workshops ou visitas guiadas a propósito desta celebração. Cultura e GP O Museu do Grande Prémio de Macau é um dos que estará aberto gratuitamente no dia 18. Nesse dia será realizado o workshop “Impressão de carros de corrida em sacos ecológicos”, tendo com pano de fundo a 70.ª edição do Grande Prémio. Nos domingos de 21 e 28 de Maio, às 10h30 e 15h30, decorrem ainda os workshops “Produção de badges de carro de corrida em cera” e “Pintura do carro dos seus sonhos”, podendo inscrever-se crianças dos quatro aos 14 anos com os seus pais. Entre os dias 14 de Maio e 3 de Junho os interessados podem ainda participar no “Jogo Online do Carnaval do Dia Internacional dos Museus de Macau 2023”. Com o rol de actividades organizadas em Macau pretende-se “realçar a essência cultural de Macau, criando um ambiente intensamente cultural e festivo para as comunidades”.
Andreia Sofia Silva EventosGuia Michelin | Restaurantes locais mantêm classificações e há mais dois distinguidos Restaurantes de renome no território como o “Zi Yat Heen”, no Four Seasons, o “Robuchon au Dôme”, “The 8” e “The Kitchen”, no Grand Lisboa, bem como o “Lai Heen”, no “Ritz-Carlton”, entre outros, mantiveram, na edição deste ano do Guia Michelin para Macau e Hong Kong, as estrelas atribuídas há vários anos. Restaurante no MGM Cotai obtém primeira estrela, bem como o “The Huaiyang Garden”, no ‘resort’ The Londoner A edição deste ano do “Guia Michelin para Hong Kong e Macau 2023” manteve as estrelas atribuídas há vários anos aos restaurantes “Zi Yat Heen”, do Four Seasons, “Robuchon au Dôme”, “The 8” e “The Kitchen”, três espaços situados no hotel Grand Lisboa. Inclui-se ainda a distinção ao “Lai Heen”, no “Ritz-Carlton”. A cerimónia de atribuição das distinções decorreu ontem. Destaque para a distinção atribuída ao “Five Foot Road”, de comida de Sichuan, no MGM Cotai, que ganhou, pela primeira vez, uma estrela Michelin. Hubert Wang, presidente da MGM China, disse que esta distinção demonstra a “ambição” da concessionária em “promover grandes histórias da cultura chinesa e dos seus tesouros gastronómicos”. O espaço que também se estreou no Guia Michelin para Hong Kong e Macau foi o “The Huaiyang Garden”, no ‘resort’ The Londoner. A estrela Michelin atribuída ao “Zi Yat Heen”, mantida há 14 anos, foi recebida pelo chefe executivo do hotel Four Seasons, Charles Leung, que disse estar “orgulhoso de trabalhar com uma equipa talentosa e apaixonada que partilha comigo os mesmos valores e aspirações em criar uma cozinha e serviços de nível mundial”. Chique francês Nesta edição do Guia Michelin foram ainda distinguidos três espaços de restauração do universo da Sociedade de Jogos de Macau (SJM). O “Robuchon au Dôme” manteve as três estrelas, bem como o “The 8”, enquanto o “The Kitchen” manteve uma estrela, distinções mantidas há dez anos. Em Hong Kong o restaurante “L’Atelier de Joel Robuchon”, gerido pela Sociedade de Turismo e Diversões de Macau, manteve as três estrelas obtidas pela primeira vez há 12 anos. Foi em 2001 que a empresa convidou o reputado chefe francês para trazer para os dois territórios pratos de assinatura da alta cozinha francesa, tendo os dois restaurantes obtido três estrelas logo na primeira edição do Guia Michelin para Macau e Hong Kong, em 2009. O “The 8” obteve uma estrela dois anos após o início das operações, tendo passado para a lista de três estrelas a partir de 2014. Daisy Ho, directora-executiva da SJM, disse ontem estar “muito agradecida pelos esforços diligentes das nossas equipas de restauração que construíram uma tradição de excelência na SJM, que permitiu à indústria obter distinções à escala global”. Por sua vez, o “Lai Heen”, restaurante de comida cantonense, manteve a estrela Michelin ganha pela primeira vez há sete anos, juntamente com outros espaços de restauração localizados nos empreendimentos da Galaxy, como o “Feng Wei Ju”, “8 1/2 Otto” e “Mezzo Bombana”. Já o “Ritz-Carlton Café”, que serve pastelaria francesa, foi nomeado como “Michelin Selected Restaurant” [Restaurante Seleccionado Michelin] pelo sexto ano consecutivo. Do lado da Melco Crown quatro restaurantes situados no City of Dreams, Studio City e Altira Macau mantiveram as suas estrelas. O “Jade Dragon” mantém, há cinco anos consecutivos, três estrelas, enquanto “Alain Ducasse” manteve as duas estrelas. O “Pearl Dragon” e “Ying” mantém ambos uma única estrela. No caso da Wynn, o guia manteve as estrelas do “Wing Lei”, o japonês “Mizumi”, o “Sichuan Moon”, com duas estrelas, e o “Wing Lei Palace”.
Andreia Sofia Silva EventosIIM | Lançado livro sobre comendador Arnaldo de Oliveira Sales Foi lançado, esta segunda-feira, o livro “Comendador Arnaldo de Oliveira Sales (1920-2020)” sobre esta importante figura da diáspora macaense, e que conta com contributos de Pedro Catarino, José Eduardo Garcia Leandro, José Luís de Sales Marques, Clube Lusitano de Hong Kong e prefácio de Jorge Rangel Falecido em Março de 2020 com 100 anos de idade, o comendador Arnaldo de Oliveira Sales, conhecida figura da diáspora macaense e da comunidade portuguesa de Hong Kong tem agora um livro que recorda o seu percurso. Lançado pelo Instituto Internacional de Macau (IIM) esta segunda-feira, “Comendador Arnaldo de Oliveira Sales (1920-2020)”, conta com testemunhos de pessoas que com ele conviveram de forma próxima, nomeadamente José Sales Marques, seu familiar, ou o antigo governador de Macau Garcia Leandro. A obra conta ainda com contributos de Pedro Catarino, diplomata português, e do Clube Lusitano de Hong Kong, tendo ainda prefácio do próprio presidente do IIM, Jorge Rangel. Nascido em 1920 em Cantão, Oliveira Sales foi o primeiro presidente do Conselho Urbano de Hong Kong (um conselho municipal responsável pelos serviços municipais na ilha de Hong Kong e em Kowloon), em 1973, tendo sido ainda um dos fundadores da Federação Desportiva e do Comité Olímpico de Hong Kong, e presidente desta instituição em 1972, durante os Jogos Olímpicos de Munique. Ao HM, José Sales Marques destaca o papel que Oliveira Sales teve quando presidiu à Câmara Municipal do Leal Senado. “Posso dizer que ele me inspirou em muitos aspectos no trabalho que desenvolvi no Leal Senado, particularmente em relação às questões da cultura. Fez-me sentir a importância de tratar e acompanhar a questão da cultura. Por isso é que nos meus tempos no Leal Senado nunca deixei de ter esta área sob minha directa responsabilidade.” Arnaldo Sales era primo direito da mãe de Sales Marques. “Conheci-o já numa fase diferente. Ele era um homem muito ocupado e muitas vezes ouvíamos dizer que ele vinha a Macau falar com os governadores. Comecei a ter uma relação mais próxima com ele a partir do momento em que fui para o Leal Senado.” O economista macaense recorda que, em 1993, quando passou a assumir as funções de presidente da câmara, o território tinha um problema com a gestão do lixo, tendo Oliveira Sales dando algumas sugestões a Sales Marques para o solucionar. “Ele foi presidente do Conselho das Comunidades Macaenses e teve também um papel importantíssimo no lançamento dos encontros dos macaenses, incluindo na questão de procurar obter a maior unidade possível entre as diversas Casas de Macau. Punha a sua autoridade para de facto fazer sentir às pessoas a importância da nossa comunidade como um todo”, lembrou. Relações próximas com Macau O HM contactou Garcia Leandro para perceber que contributo deu para este livro, mas até ao fecho desta edição não foi obtida uma resposta. No entanto, no livro “Macau nos anos da Revolução portuguesa: 1974-1979”, o antigo governador português do território dedica um capítulo a Oliveira Sales, que aponta como sendo uma “figura notável” e uma “personagem carismática e fascinante”, que permitiu “um excelente elo de ligação a Hong Kong”. “Foi das pessoas que mais me impressionaram em toda a vida”, escreveu Garcia Leandro, que o descreveu também com sendo um “homem complexo, orgulhoso, hábil e eficiente, um excelente gestor que muito honrou Portugal, tendo recusado todos os convites para aceitar a cidadania britânica”. Uma vez que Oliveira Sales foi presidente, durante três mandatos, do Urban Council de Hong Kong, nesse período “as relações de Hong Kong com Macau foram muito reforçadas”, recordou Garcia Leandro. Aquando da sua morte, a Federação Desportiva e Comité Olímpico de Hong Kong recordou que “sob a sua presidência de 1967 a 1998, os atletas de Hong Kong foram ganhando reconhecimento gradualmente em muitas competições multidesportivas internacionais, como os Jogos da Commonwealth, os Jogos Olímpicos e os Jogos Asiáticos”. “Com a sua visão e o máximo esforço, Hong Kong permaneceu como uma entidade desportiva separada após a passagem da soberania”, do território do Reino Unido para a China, enfatizou a organização. “O seu trabalho como presidente do Conselho Urbano, Membro da Autoridade de Habitação, Comité Consultivo de Direito Básico de Hong Kong e outros serviços públicos foi amplamente reconhecido pelos governos de Hong Kong e por várias organizações. A sua morte é uma grande perda para o desporto e para a comunidade local”, acrescentou aquela organização. O Presidente da República portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, lamentou também a morte do comendador e recordou “uma das figuras mais relevantes da comunidade macaense e portuguesa” em Hong Kong.
João Luz EventosIC | Festival de Artes de Macau arranca na sexta-feira A 33.ª edição do Festival de Artes de Macau está à porta, com espectáculos e dança contemporânea, teatro dança, palestras e exibições de filmes. Com início oficial marcado para sexta-feira, destaque para o espectáculo de abertura “A Sagração da Primavera”, na sexta-feira e sábado, no Centro Cultural de Macau Está prestes a começar a 33.ª edição do Festival de Artes de Macau (FAM), que arranca oficialmente na próxima sexta-feira, com um programa variado que se estende até 28 de Maio. Regressa assim um dos maiores eventos culturais do território, após três anos de paralisia provocada pelas medidas de combate à pandemia. O espectáculo que irá marcar a abertura do FAM é “A Sagração da Primavera”, da responsabilidade da Companhia de Dança Contemporânea Pavão, que subirá ao palco do grande auditório do Centro Cultural de Macau na sexta-feira e sábado, às 20h. Ainda há bilhetes para os espectáculos, com preços entre 120 e 300 patacas. “A Sagração da Primavera” é aquilo a que se pode designar um começo arrebatador. Resultado das visões da encenadora e coreógrafa Yang Liping e do director visual Tim Yip, esta obra de dança contemporânea não se poupa à ousadia e à sumptuosidade para retratar o poder da destruição e da regeneração. A proposta da Companhia de Dança Contemporânea Pavão reinventa uma obra pioneira centenária, baseada na linguagem musical única da composição de Stravinsky, “preservando o apelo da obra-prima consagrada com a sua engenhosidade”, aponta o Instituto Cultural (IC). A extravagante aventura que abre o FAM deste ano começou em 2016, quando a bailarina Yang Liping, famosa pelas suas interpretações da dança do pavão, foi convidada para repor a obra de Stravinsky. Após três anos de aperfeiçoamento com vários artistas, incluindo Tim Yip e He Xuntian, Yang trouxe uma nova vitalidade à obra-prima centenária, impregnada de simbologia, filosofia e estéticas orientais. Sacrifícios de donzelas, paganismo e rituais, e inspirações budistas discorrem na coreografia num trajecto de transcendência da vida e morte. No sábado de manhã, entre as 11h30 e as 13h, duas bailarinas da Companhia de Dança Contemporânea Pavão ministram um workshop de dança na sala de ensaios polivalente do Centro Cultural de Macau. Maya Dong e Xiao Qixin vão orientar os participantes para um recomeço do zero, ajudando-os a “compreender, a partir dos fundamentos do uso do corpo, a qualidade primordial da dança como linguagem corporal, o próprio corpo, a coordenação dos movimentos, o controlo do corpo e a razão pela qual este se move”, indica o IC. Ventos e tempestades No sábado e domingo, às 19h30, o Sands Theatre acolhe “Ligações de Hato”, um espectáculo de ópera cantonense multimédia apresentado pela Associação de Ópera Cantonense Zhen Hua Sing. A peça tem como tema central o super tufão Hato, que atingiu Macau em 2017, causando 10 mortos, mais de 200 feridos, grandes inundações, cortes de energia e água e interrupções nas redes, deixando a cidade devastada com ruas bloqueadas por árvores caídas e cheias de lixo. O espectáculo apresenta uma interpretação ao estilo da ópera cantonense das dificuldades que o território atravessou durante e depois da passagem do tufão, enaltecendo o apoio da Guarnição de Macau do Exército Popular de Libertação da China. O IC acrescenta que “Ligações de Hato” combina a essência “da ópera cantonense tradicional e a tecnologia multimédia do teatro moderno, com uma abordagem artística engenhosa”, celebrando “os nobres sentimentos do povo de Macau que ama a cidade e o país com dedicação altruísta”. Os bilhetes para “Ligações de Hato” custam entre 120 e 220 patacas. No domingo à tarde, entre as 15h e as 16h, o produtor executivo e principal actor da companhia, Chu Chan Wa, irá dirigir uma palestra sobre o espectáculo na sala multifunções Reflections, no 6° andar do Sands Macao. Uma ópera cantonense composta por Chu Chan Wa foi reconhecida pelo Departamento de Propaganda do Comité Central do Partido Comunista da China e pelo Ministério da Cultura e Turismo da República Popular da China. Nos primeiros eventos do FAM de 2023, destaque ainda para a projecção do filme “Pina” do cineasta alemão Wim Wenders, na sexta-feira às 19h30 no Grand Theater dos Galaxy Cinemas. O IC refere que “Pina” não é apenas uma homenagem a Pina Bausch, uma das melhores bailarinas e coreógrafas das últimas duas décadas, mas “um filme que preserva a enorme paixão, energia e estima que os seus bailarinos tinham por ela, visto através do olhar singular e documental de Wim Wenders. Os bilhetes para a sessão custam 80 patacas.
Andreia Sofia Silva EventosCCCM | UM patrocina base de dados de documentos históricos O Centro Científico e Cultural de Macau assinou, na quinta-feira, um acordo com a Universidade de Macau para o patrocínio de uma base de dados digital com documentação histórica digitalizada, existente em todo o mundo, sobre as relações entre portugueses e asiáticos, permitindo um acesso mais fácil a investigadores Fazer investigação histórica implica trabalhar com documentos raros, facilmente danificáveis e, muitas vezes, de difícil acesso, espalhados em vários locais. A fim de reunir toda esta documentação online, o Centro Científico e Cultural de Macau (CCCM) tem vindo a expandir a base de dados intitulada “Portuguese Asian Digital Archives Network” (PADAN) [Rede Portuguesa de Arquivos Digitais Asiáticos] que, na quinta-feira, passou a contar com um novo patrocinador, a Universidade de Macau (UM). A PADAN é, assim, uma plataforma digital para a agregação do material de investigação sobre a Ásia existente nas bibliotecas, arquivos e centros de documentação de Portugal e outros países. Com esta iniciativa, pretende-se que alguma da documentação à guarda da UM passe a pertencer a esta rede, conforme disse ao HM Rui Martins, vice-reitor da instituição. “A UM tem muita informação e muitos documentos históricos adquiridos recentemente, nomeadamente o manuscrito, adquirido a privados, sobre a instalação da primeira embaixada portuguesa na China, e que data do reinado de D. João V. Só existem dois exemplares em todo o mundo e um deles está no Palácio Nacional de Queluz.” Carmen Amado Mendes, presidente do CCCM, destacou no seu discurso que a PADAN irá “promover a investigação internacional sobre a história das relações entre portugueses e asiáticos e uma maior cooperação ao nível dos arquivos internacionais”. “Os arquivos históricos e documentos escritos à mãos são algumas das mais preciosas e importantes fontes para a investigação histórica, mas o facto é que são materiais frágeis e únicos, o que significa que o acesso é difícil e restrito. Recentes desenvolvimentos ao nível da tecnologia digital resultaram na possibilidade de haver um maior acesso a imagens e documentos históricos digitalizados, e este desenvolvimento traz um enorme potencial para fomentar e melhorar o estudo em torno de documentos raros sem risco de os danificar”, acrescentou. Livros e mais livros O acordo assinado na quinta-feira visa ainda a publicação de mais obras entre o CCCM e a UM, com o apoio financeiro desta universidade. “Temos uma colecção de oito livros publicados e há mais projectos a caminho”, contou Rui Martins. Uma das últimas edições foi sobre os 200 anos do jornal “Abelha da China”, sendo que a primeira edição aconteceu há dez anos com a publicação, na versão portuguesa, da tese de doutoramento de Carmen Amado Mendes, intitulada “Portugal e o estabelecimento da Questão de Macau, 1984-1999: Pragmatismo nas Negociações Internacionais”. Espera-se, assim, um aumento do número de livros editados neste contexto, em diversas áreas académicas.
Hoje Macau EventosVida e obra de Natália Correia assinaladas na Assembleia da República A vida e obra de Natália Correia foram evocadas ontem numa sessão da Assembleia da República, no âmbito do centenário de nascimento da escritora e poetisa, que incluiu a apresentação da sua recém-publicada biografia. A iniciativa teve lugar pelas 18:00, na Biblioteca Passos Manuel, a seguir à sessão plenária, com a apresentação do livro “O Dever de Deslumbrar – Biografia de Natália Correia”, de autoria de Filipa Martins, editado pela Contraponto. Intitulada “Vida e Obra de Natália Correia”, a sessão acontece no quadro das comemorações do centenário da escritora e antiga deputada (1980-1991), e foi presidida pelo presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva. “O Dever de Deslumbrar”, que foi publicado a 16 de Março, é uma biografia que, tanto ou mais que a vida da escritora, traça o retrato do Portugal daquela época. Como destacou o jornalista João Gobern, por ocasião do pré-lançamento da biografia, ao ler-se esta obra, percebe-se até que ponto “se estendia a presença tentacular da biografada”. “O dever de deslumbrar” foi publicado no ano do centenário do nascimento de Natália Correia, que se assinala a 13 de Setembro, e dos 30 anos da sua morte, ocorrida a 16 de Março de 1993, e permite ficar a conhecer a realidade do país nos seus 70 anos de vida. “Mesmo os que têm uma secreta embirração podem partir para esta biografia quase como um dicionário histórico sobre como foi Portugal durante a vida de Natália Correia”, destacou o jornalista, apontando que o livro aborda a obra da autora, “uma dimensão política extraordinária, a dimensão sentimental e o seu ‘toca e foge’ com a religião”. Filipa Martins recordou, na altura, que Natália Correia foi “a autora mais censurada do Estado Novo”, uma das vozes mais críticas da ditadura e, depois, da entrada de Portugal na União Europeia, acrescentando que “o pensamento dela era premonitório”. À sua maneira O seu feitio intempestivo era temido, inclusivamente pelos outros deputados, destacou Filipa Martins, assinalando que Natália Correia “era insubordinada” e que “os parlamentares é que tiveram de se adaptar” a ela. “Não cumpria os tempos, fumava no parlamento, mesmo depois de ser proibido, interpelava os parlamentares a pôr gotas nos olhos, convidou a Cicciolina para ir ao parlamento e escreveu-lhe um poema, chegava sempre atrasada à Assembleia da República”, lembrou, sublinhando que Natália Correia “tinha a sua carteira de valores”.
João Luz EventosFRC | Dia Mundial do Livro comemorado com tertúlia na segunda-feira A Fundação Rui Cunha comemora na segunda-feira o Dia Mundial do Livro com uma “conversa de café” subordinada ao tema: “A Luz dos Livros: Pode um livro mudar as nossas vidas?” Ana Paula Dias, Filipe Saavedra, Lawrence Lei, Pedro d ‘Alte, Sara Augusto e Shee Va são os convidados da tertúlia aberta dedicada ao prazer da leitura No domingo celebra-se o Dia Mundial do Livro e do Direito de Autor. O dia 23 de Abril foi escolhido pela Unesco, na XXVIII Conferência Geral, ocorrida em 1995. Além de ser o dia de promoção da leitura e do respeito dos direitos de autor, 23 de Abril homenageia também os escritores Inca Garcilaso de la Vega, Miguel de Cervantes e William Shakespeare, que, coincidentemente, morreram em 23 de Abril de 1616. É com este antecedente preambular que se celebra na próxima segunda-feira na galeria da Fundação Rui Cunha (FRC), a partir das 18h30, o Dia Mundial do Livro com uma “conversa de café” subordinada ao tema: “A Luz dos Livros: Pode um livro mudar as nossas vidas?” A organização do evento acrescenta ainda que a decisão pela escolha do dia 23 de Abril para celebrar a ferramenta de excelência para a transmissão de conhecimento, além do prazer da leitura, teve também por “base a lenda de S. Jorge e o Dragão, que na Catalunha assinalam para honrar a velha tradição segundo a qual, neste dia, os cavaleiros oferecem às suas damas uma rosa vermelha de S. Jorge (Sant Jordi) e recebem em troca um livro, testemunho das aventuras do cavaleiro”. Folhas essenciais No dia em que também se celebra o 11.º Aniversário da FRC, o evento dedicado ao prazer e importância da leitura conta com a participação de Ana Paula Dias, Filipe Saavedra, Lawrence Lei, Pedro d ‘Alte, Sara Augusto e Shee Va. O evento é organizado pela Associação dos Amigos do Livro em Macau e a Associação Luz da Asia (que está em fase de gestação) e será realizado em língua portuguesa com alguns dos diálogos em inglês e/ou chinês. A FRC refere que os oradores da tertúlia “falarão sobre a verdade, ainda que ficcionada, contida nos livros, assim como sobre a procura do bem (ou do mal) nos meandros obscuros da crueldade que mascara a bondade e define o rumo das nossas vidas”. Apesar da abertura e desejos de participação activa do público, é provável que sejam elencados os benefícios da leitura para a saúde mental, para reforçar a imaginação e criatividade, “contribuindo para um mundo melhor”. “Os livros constituem pontes de comunicação. Nesse sentido, apelamos a todos os participantes que tragam, igualmente, um livro, para que dessa forma possamos trocar os múltiplos momentos de deleite que a sua leitura proporcionou”, sugere a FRC. Bibliotecas ao rubro Um pouco por todo o mundo, o Dia Mundial do Livro é aproveitado para estimular e promover a leitura, a indústria dos livros e os correspondentes direitos de autor. O Instituto Cultural (IC) também tem eventos de celebração do Dia Mundial do Livro, com “uma série de actividades promocionais, incluindo cabines de jogos, workshops, exposições, palestras, e sessões de leitura em família, com o objectivo de enriquecer a vida cultural e recreativa do público e de promover um ambiente livresco por toda a cidade”. Uma das actividades é organizada em conjunto pelo IC, DSEDJ, e pela Biblioteca da Universidade de Macau e Associação de Bibliotecários e Gestores de Informação de Macau, “Semana da Biblioteca de Macau de 2023”. Amanhã e no domingo, o Centro Cultural de Macau acolhe uma série de actividades como troca de livros, jogos de banca e uma feira do livro, de modo a encorajar mais residentes a desenvolverem o hábito de leitura. A partir de hoje e até 6 de Maio, estarão montadas, em vários locais da cidade, estantes de livros “Biblioteca “Pop-up”” para o público escolher e ler livros de forma gratuita. O IC acrescenta que “as estantes serão montadas aleatoriamente em diferentes esquinas e cantos da cidade, para que os residentes possam, como na caça ao tesouro, ir à sua procura com base nas dicas publicadas pela Biblioteca nas suas redes sociais, encontrando bons livros para ler”.