Hoje Macau EventosNão existem imagens inócuas, na floresta do lucro dois seres humanos perdem-se de vista [dropcap style=’circle’]V[/dropcap]encendo a porta de entrada do Museu de História Natural, vindo da luz rasante e outonal de Lisboa, encontro, ao cimo da escadaria, umas estruturas transparentes de varas de bambu verde formando corredores de um labirinto. No dia em que visitei a exposição, ia acompanhado de uma pessoa. Entrámos em zonas diferentes do pequeno labirinto e, subitamente, uma sucessão exacta de transparências, uma justaposição certeira de varas, criou uma opacidade que nos ocultou um ao outro. Desconcertante. Perdemo-nos completamente de vista por um momento. Na floresta do lucro, dois seres humanos perdem-se de vista. Observada a partir do mezanino elevado sobre o átrio do Museu, a estrutura revela-se, desenhando o caracter chinês 利 (li), que se pode traduzir por “lucro” ou “ganho”, embora o seu radical aponte para uma clara conexão arbórea e florestal, o que também nos permitiria ler “lucro” enquanto “crescimento”. Todavia, é logo com estas estruturas que a exposição de Ó manifesta o seu lado crítico e político. Postadas nas varas de bambu, encontram-se resmas de folhas com citações da obra Da Amizade, Cem Máximas Para Um Príncipe Chinês, um tratado composto em 1595 por Matteo Ricci e oferecido ao príncipe Jian’an Wang. Folhas destinadas a serem colhidas pelos passantes, como lembretes. Por um lado, temos as ideias de lucro e amizade, duas noções tão potencialmente complementares como antagónicas, que nos recordam a noção marxista de “trabalho morto”, isto é, o capital que, por exemplo, está significado ou encerrado numa matéria-prima e que o labor operário vivifica ou liberta (como, neste caso, o fizeram os mestres do bambu trazidos de Macau por João Ó para edificar duas partes desta instalação tripartida). Por outro lado, um lado ainda mais criticamente político, este trabalho é uma nítida alusão ao nosso tempo, um tempo que se qualifica por uma transição avassaladora da idade da memória para a idade da informação. E o que pode tal coisa significar? Antes de tudo, antes de um juízo moral, significa uma alteração no ambiente interior dos homens: memorizar torna-se uma perda de tempo, pois sei que, algures fora de mim, todo o conhecimento está armazenado, à distância de um clique. O problema é que o modelo da memória enquanto armazém é, como se sabe há muito, falacioso. Armazenar não é conhecer, mas memorizar já é. Estamos talvez a construir um mundo despossuído de conhecimento, a tal ponto que um momento pode anunciar-se no qual somente haverá lugar para o mais radical capitalismo epistemológico governado por algoritmos, ou seja, tudo o que não tiver valor de uso imediato para fazer funcionar um conjunto de instruções eficazes (é isso um algoritmo) passará progressivamente à escuridão absoluta de um espaço cada vez mais exterior aos indivíduos e às comunidades. Poderemos um dia clicar e não ter resposta à nossa busca. Ou a distância de um clique pode tornar-se infinita. Ou o clique pode mesmo nunca vir a acontecer. Há uma crescente sensação de estarmos como que a desaprender de cor, aceleradamente e por decreto (veja-se, a titulo de curiosidade, o debate em torno da Declaração de Bolonha). E pode muito bem chegar um dia, uma espécie de vindicação heideggeriana, em que não saberemos que não sabemos. Numa sala lateral ao átrio, encontra-se a peça mais intimista da exposição-instalação Palácio da Memória: um objecto de bambu que gira, suspenso, por acção de um motor, num espiralar perpétuo. Dele emana uma beleza algo terrível, acentuada pelo reverberar acústico que o mecanismo gera na sala e pelo próprio título da peça: Modelo para impossível tulipa negra. O objecto combina leveza estrutural e gravidade simbólica, ilustrando a irrespirabilidade de uma existência, ou de um universo, em circuito fechado, assim como toda a negatividade de uma repetição alucinatória. Sim, há algo de alucinatório no constante retorno das imagens que hoje quase nos cegam; que, como esta tulipa negra ilustrará, nos mesmerizam e desmemoriam, pois um dos efeitos da repetição a longo termo é a impressão de se estar perante algo de novo. Esse é o momento, já pós-alucinatório, em que a capacidade de re-conhecimento se extinguiu por fim e por completo, reduzindo-nos a uma espécie de eterno presente. Por paradoxo, parece ser precisamente o excesso de imagens que conduz à hipotrofia da faculdade de imaginar e a uma hipertrofia da imitação e da cópia, as duas agências da produção repetitiva. Na terceira parte da instalação, montada no anfiteatro do Museu, uma outra grande estrutura de bambu, reminiscente das construções de suporte cenográfico das óperas de Cantão, segura tubos néon que escrevem a frase “There is no understanding without images”, uma tradução do dictum “Non est intelligere sine phantasmate”, no latim de São Tomás de Aquino. Podíamos, então, argumentar que um mundo com cada vez mais imagens se traduziria em cada vez mais e melhor entendimento. Mas não é assim. O problema, neste caso, é que a proliferação e transmissão de imagens (para além de causar uma real fadiga da imagem, isto é, uma indiferença derivada de hábito e stress/sobrecarga) serve apenas uma concupiscência mercantil assente na exploração do predomínio da visualidade nos seres humanos. Recordemos com algum cinismo: o cocktail de stress/sobrecarga e psicotrópicos foi justamente a primeira ferramenta dos processos de lavagem cerebral experimentados pela intelligence community durante a Primeira Guerra Fria. Um cliché já antigo retorna, amargo e hiper-realista: somos alvos, indivíduos e comunidades, de uma espécie de carpet-bombing imagético: as imagens são tão fáceis e baratas de produzir que, para atingir um alvo isolado, se esfacela tudo em volta, só por via das dúvidas. Do ponto de vista do vernáculo capitalista, esta é uma técnica que “sai mais em conta e é garantida”. Mais ainda, quem fornece imagens às indústrias da imagem, onde se agigantam a Internet e as redes sociais, somos todos nós: operários não pagos, trabalhadores a tempo inteiro e aproveitados nos mínimos gestos. O que João Ó e o seu Palácio da Memória talvez nos queiram dizer é, simplesmente, que vivemos, ontem como hoje, um mundo onde não existem gestos ou imagens inócuas. De Rui Parada Cascais
Leonor Sá Machado Eventos MancheteCinema | Obra de Silvie Lai e James Jacinto sobre as Ruínas de S. Paulo estreia hoje Como surgiu a ideia de criar esta peça documental? A ideia de fazer um documentário sobre as Ruínas de S. Paulo é já bastante antiga, porque começou a ser pensada há já cinco ou seis anos. Pensada com pés e cabeça, foi só a partir de meados de 2011, portanto sensivelmente há quatro anos. A ideia sempre foi esta desde o início? Inicialmente, era explorar o tema das Ruínas de S. Paulo, porque sempre achei interessante o facto daquelas ruínas serem originalmente um colégio, para além de ser também uma igreja. Sempre considerei o tema fascinante: saber que há quatro séculos já ali existia uma instituição de ensino com uma certa envergadura e certamente com uma grande importância para Macau, que na altura era uma cidade portuária. Naquela altura estava precisamente a desenvolver-se. E como se desenvolveu até àquilo que as pessoas poderão ver hoje? Depois achámos que, ao trocar impressões com o nosso realizador, era um tema difícil de trabalhar porque eram só as ruínas. Como é que havíamos de produzir um documentário que fosse audiovisualmente interessante? Quando se esteve a fazer a pesquisa é que nos lembrámos de também falar de uma figura que também tivesse ligada a Macau. Porquê escolher Wu Li? O trabalho de envangelização dos primeiros jesuítas já tinha começado no local de onde vem. Converteu-se ao Cristianismo já em idade adulta e é na sequência do falecimento da sua esposa que aparentemente decide aceitar o desafio de ir para o Ocidente. A ideia da viagem de Wu Li era ir até Roma… Deixa até para trás os seus filhos e parte na grande aventura que é viajar até ao outro lado do mundo. No entanto acaba por vir para Macau, onde vive cerca de dois anos. Este filme-documentário é, no fundo, isso: falamos sobre a história das Ruínas de S. Paulo, tendo paralelamente um fio condutor, que é narrativa da viagem de Wu Li até Macau. isto inclui as impressões que recolheu quando aqui esteve. O guião do filme baseia-se em documentos históricos, alguma espécie de diário de bordo da viagem do protagonista? Não. Existem documentos que indicam a presença de Wu Li em Macau, mas não existem crónicas da sua passagem por aqui. Usámos foi um artifício ficcional para tentar imaginar como terá sido essa viagem. O que empregámos foi poemas da sua autoria com Macau como tema. Acabou por ser uma coisa inédita, porque os textos originais estão em Chinês e tivemos que fazer traduções para Português. É basicamente a partir destes poemas que fazemos passar algumas impressões do que ele passou, sentia… Um deles fala sobre as dificuldades que tinha na aprendizagem da língua ocidental, que seria o Latim. O documentário foi inteiramente filmado em Macau? Fizemos filmagens em Macau, claro, em Pequim, em Hong Kong e em Portugal. As cenas de reconstituição da época, que envolveram trajes da época, actores e adereços foram todos em Macau e uma cena em Hong Kong, que teve cavalos. Macau não tem condições para filmar com grandes cavalos. Esta cena, em particular, foi bastante complexa. Em Portugal filmámos em Lisboa e em S. Gonçalo do Amarante, que é uma cidade próximo do Porto que tem um convento com o mesmo nome. A sua igreja tem um frontispício muito semelhante à fachada de S. Paulo. Há alguma relação directa entre as duas igrejas? Sim, enquadram-se no mesmo estilo arquitectónico da altura. Poderá dizer-se que este trabalho tem também uma componente religiosa? O nosso intuito é fazer uma abordagem histórica e a verdade é que a Companhia de Jesus teve um papel e uma influência muitos grandes aqui em Macau. Aliás, na altura era uma instituição com grande poder na gestão da cidade. O que os documentos históricos indicam é que Macau, sendo uma cidade pequena e que estava em desenvolvimento, tinha imensas instituições que eram criadas pela Companhia de Jesus. A Santa Casa da Misericórdia, o primeiro hospital, as primeiras escolas de Macau, o Centro de Leprosos… Uma série de instituições sociais que era de iniciativa desta Companhia. Há que realçar o papel importante que tiveram ao nível dos primeiros intercâmbios científicos e culturais desse período através de Matteo Ricci e outros intelectuais. Silvie Lai, de Moçambique a Macau Nascida em Moçambique, Silvie Lai teve o primeiro contacto com o mundo exterior em português. A produtora formada em Ciências da Comunicação vive em Macau há mais de 20 anos e considera que a região é já a sua casa. Entre diferentes projectos, nutre um forte interesse por Linguística e já produziu dois outros documentários sobre Macau, que descreve como “de estilo mais clássico”. Silvie Lai confessa mesmo que foram “projectos que deram imenso gozo”. No entanto, a produtora admite ter um carinho especial por “As Crónicas de Wu Li no Colégio de S. Paulo”, pelo facto de constituírem um desafio maior e incluírem cenários da época, entre outros elementos. “Desta vez, acabou por ter uma componente ficcional mais expressiva e penso que, sinceramente, conseguimos reunir uma equipa bastante ecléctica”, explicou a autora. O documentário ficcional estreia amanhã no Galaxy, pelas 20h00, e os bilhetes já estão esgotados. Mas o documentário passará também na TDM.
Joana Freitas EventosEstudantes discutem crise dos refugiados em simulação de cimeira [dropcap style=’circle’]E[/dropcap]studantes de diversas instituições superiores de Macau participam, este fim-de-semana, num debate que tem como objectivo simular uma cimeira de chefes de Estado e governos da União Europeia. A actividade, organizada pelo Programa Académico da UE na Universidade de Macau (UM), debruça-se sobre a questão dos refugiados na Europa. “The Macau Model European Union” conta com o apoio da Youth Association of International Affairs (YAIA) e traz ao debate 56 estudantes da própria universidade, da Universidade Cidade de Macau, do Instituto de Estudos Turísticos, do Instituto Politécnico de Macau, da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau e da Universidade de São José. “Os estudantes vão ser divididos em equipas de dois, cada equipa representando um dos 28 membros da UE. Vão discutir a posição da Europa face à onda de refugiados que está a afectar a Europa e os três melhores estudantes vão ser galardoados com uma missão de estudo à Europa. Os quatro segundos melhores vão ser premiados com prémios monetários, bem como a equipa que apresentar o melhor ensaio sobre a questão em discussão”, explica a organização em comunicado. A simulação tem como objectivo alargar o espectro de assuntos internacionais do conhecimento dos estudantes, aumentando também o seu entendimento sobre os assuntos da UE e suas instituições e cultivando o debato, o falar em público e a capacidade de negociação. O evento, que acontece no Senate Room da UM, tem início marcado para as 10h00 de dia 28 de Novembro e a cimeira acontece às 18h00, estendendo-se todo o dia 29. A entrada é aberta ao público.
Joana Freitas EventosMúsica | CCM apresenta James Galway em Janeiro [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Centro Cultural de Macau (CCM) vai trazer a Macau Sir James Galway, um famoso flautista reconhecido pela sua participação em bandas sonoras como as do filme “O Senhor dos Anéis”. Num recital “dedicado aos amantes da música”, como indica a organização do espectáculo em comunicado, James Galway traz interpretações de diversas obras-primas assinadas por autores de renome como os compositores franceses Phillipe Gaubert e Cécile Chaminade ou o mestre do barroco Marin Marais, entre muitos outros. Naquela que é a sua estreia em Macau, o músico não vai tocar a só, já que chega com o pianista Phillip Moll e a flautista Lady Jeanne Galway, sua esposa. O concerto está agendado para o dia 29 de Janeiro, às 20h00, e os bilhetes estão já à venda a preços que vão das 150 às 300 patacas. “Reconhecido como um defensor apaixonado da composição e do ensino musical, a mestria de Sir Galway atravessou fronteiras, enquanto músico de orquestra e solista. O flautista virtuoso tocou nas mais prestigiadas orquestras mundiais, da Real Filarmónica e Sinfónica de Londres à Filarmónica de Berlim, com a qual actuou sob a batuta do icónico maestro Herbert von Karajan. Ao longo de um sólido percurso artístico rumo à afirmação internacional, Galway ganhou a alcunha de ‘O Homem da Flauta Dourada’”, explica o CCM. Galway vendeu mais de 30 milhões de álbuns, incluindo um extenso alinhamento de composições clássicas, e fez colaborações como a participação na banda sonora de “O Senhor dos Anéis”, uma gravação com a banda de salsa cubana Tiempo Libre e actuações com uma série de músicos de géneros diversos, de Ray Charles a Elton John ou Andrea Bocelli. Foi agraciado por duas vezes pela Rainha Isabel II pelos serviços prestados à música, em 1979 e 2001, o seu génio foi reconhecido por inúmeros galardões, como o Prémio Carreira que lhe foi atribuído pela Gramophone. Além do concerto, há ainda uma actividae que será conduzida pelo crítico musical Chow Fan Fu, que vai apresentar uma tertúlia pré-espectáculo que introduzirá o público à carreira musical de James Galway.
Leonor Sá Machado EventosFRC | Cultura latino-americana em cinema no final do mês [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Fundação Rui Cunha (FRC) apresenta um festival de cinema que tem como mote a cultura latino-americana aliado à temática das viagens. Este vai ter lugar durante três dias, da próxima sexta-feira a domingo, e conta com a exibição de três filmes de origem hispânica. O primeiro é “Hecho en China”, que estreou em 2012 e é da autoria do realizador mexicano Gabriel Guzmán. A obra conta a história de Marcos, um homem de 50 anos com uma série de problemas na vida. A tudo isto acresce a chegada, na sua caixa de correio, de um convite para o casamento da única mulher que Marcos amou. O protagonista decide então rumar numa aventura e aceitar o convite, numa altura em que a máfia chinesa luta pela posse do seu restaurante e o seu sonho de ser escritor foi destruído. É com o seu homem das entregas que Marcos segue numa viagem até ao evento. Tudo acontece no México e mistura drama com comédia e alguma acção. Da Argentina chega “La Reconstrucción”, de Juan Taratuto. O realizador focou-se na história dramática de Eduardo, um trabalhador de uma quinta que um dia embarca numa viagem por Ushuaia. Pelo caminho, cruza-se com familiares e antigos amigos e alguns desses encontros podem mesmo desencadear acções futuras imprevisíveis. “La Reconstrucción” é de 2013 e tem Diego Peretti no papel principal. “Viejos Amigos” descreve a viagem de três velhos amigos que se reencontram no funeral de um dos seus melhores companheiros, Kike. Juntos, recordam-se do seu desejo de que as suas cinzas sejam despojadas no mar perto da cidade de Callao. Esta longa-metragem de 2014 foi realizada por Fernando Villaran Lujan no Peru. As obras serão exibidas na FRC às 19h00 dos dias 25, 26 e 27 deste mês. A iniciativa tem entrada gratuita.
Joana Freitas EventosMAM | Documentários sobre a arte da performance chinesa no antigo tribunal [dropcap style=’circle’]“[/dropcap]Olhares Interiores” é o nome de duas exposições que hoje abrem ao público no Antigo Tribunal e que apresentam documentários sobre a performance da arte chinesa e pinturas de artistas. Com abertura marcada para as 18h30, e com entrada livre, as mostras trazem a Macau criações de artistas que utilizam o corpo humano para desfamiliarizar e mostrar actividades quotidianas sob novos ângulos, levando assim os espectadores a redescobrir novos tópicos sobre si mesmos e o meio que os rodeia. Organizadas pelo IACM, Museu de Arte de Macau e Instituto Cultural, as exposições compreendem 76 peças de 53 artistas de Macau, Hong Kong, China e Taiwan. “A fim de recolher, guardar e investigar documentários respeitantes à arte de performance chinesa e promover a sua prática, através da apresentação e divulgação das suas obras, o MAM organizou já três edições de ‘Olhares Interiores: Documentários da Arte de Performance Chinesa’, em 2005, 2008 e 2012, com o apoio de várias instituições da Ásia. Graças a estas três exposições, hoje o MAM conta com mais de 900 trabalhos desta especialidade na sua colecção de Documentários de Arte Performance Chinesa, que ajudarão certamente a facilitar mais estudos e bem assim a sua categorização sistemática”, explica a organização. “A arte da performance é uma variante importante da arte conceptual, servindo-se de vários meios como a pintura performativa, a fotografia e a instalação. O teatro e a música também são utilizados para criar uma imagética de ilusões e realidades que interagem entre si. O público é assim convidado a visitar um novo universo visual, confrontando-se as experiências e as ideias dos artistas, desenvolvendo talvez algumas ideias altamente pessoais, porventura divergentes dos conceitos aqui apresentados pelos artistas.” “Quatro Artistas em Performance” é inaugurada ao mesmo tempo e apresentará trabalhos de Zhou Bin e Dong Jinling, da China, Liao Qiyu de Taiwan e Chan Ka Keong de Macau. As exposições estão em exibição até 14 de Fevereiro de 2016 e têm entrada livre.
Leonor Sá Machado EventosTrienal de Gravura de Macau com 122 obras em exposição [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]segunda edição da Trienal de Gravura de Macau, que se estreia às 17h00 do próximo sábado no Museu de Arte de Macau, conta com a exposição de 122 obras de gravura ocidental. A iniciativa é trazida ao território pelas mãos do Instituto Cultural, do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais, da Fundação Rui Cunha, da AFA Macau e do Centro de Design. O lema desta segunda edição é “Exposição dos Mestres”, trazendo uma novidade ao evento: foram seleccionadas algumas obras de gravura contemporânea. “A gravura ocidental foi introduzida na China através de Macau que, como cidade estratégica integrada na Rota Marítima da Seda, permitiu o comércio e o sector de impressão e arte da gravura florescerem”, explica o MAM em comunicado. Macau torna-se, assim, num “importante elo de ligação da arte da gravura” na relação entre o Ocidente e o Oriente. A primeira Trienal teve lugar em 2012. “Esta exposição aborda temas novos em termos de técnicas, materiais e diversificação, incluindo gravuras tradicionais em madeira, serigrafia e gravura em placas de cobre, entre outras”. No entanto, podem ainda ser apreciadas “obras que recorrem à impressão digital, litografias sem água e outros novos estilos, demostrando a diversidade da gravura contemporânea”. A presente mostra foi pensada pelo gravador local Wong Cheng Pou, tendo sido recebidas pelo júri 560 obras de 22 países e regiões. A selecção foi feita por um grupo de nove especialistas da área. Em exposição estarão trabalhos de artistas da Croácia, Canadá, Índia, Indonésia, Brasil, Eslovénia, Japão, Bélgica, Polónia, Tailândia, Austrália, Portugal, Espanha, Coreia, Malásia, China, Hong Kong, Macau e Taiwan. Este ano, o ouro foi para Cheong Cheng Wa, pela sua obra ‘Pessoas de Macau’. O segundo e terceiro prémios foram atribuídos ao gravador chinês Wang Li Xing e ao sino-americano Qing Yu Jian pela realização de ‘Neve Cinzenta’ e ‘Depois da Chuva’. As medalhas honrosas foram para a polaca Magda Szplit e para o nipónico Tomiyuki Sakuta. Esta 2ª Trienal conta com um segundo projecto. Trata-se de uma exposição de peças pela cidade. Na Galeria Tap Seac estará “Novo Panorama da Gravura na China”, a Galeria da Fundação Rui Cunha apresenta “A gravura poética da Europa e América”, a Galeria da AFA Macau expõe “Um Olhar sobre a Ásia” e o Centro de Design de Macau tem “Hong Kong x Macau x Taiwan”. Estes trabalhos estarão em exposição até 14 de Fevereiro de 2016. A entrada em todos estes locais e no MAM é gratuita.
Filipa Araújo EventosMercearia Portuguesa | Um brinde a “quatro anos de aprendizagem” São enlatados, doces, brinquedos, jóias e tantas coisas mais que contam a história de Portugal, das suas gentes e tradições. A Mercearia Portuguesa faz quatro anos e quer festejar com quem acompanhou o seu percurso [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Mercearia Portuguesa faz quatro anos e Margarida Vila-Nova, gerente do espaço, não podia estar mais contente com o percurso e crescimento de um lugar em que até as paredes cheiram a Portugal. Para celebrar isso mesmo, a Mercearia organiza uma actividade este sábado. “Para mim, sobretudo, estes quatro anos foram anos de aprendizagem, porque quase que conheci o meu país através da Mercearia Portuguesa”, partilha com o HM. Com cada embarque de mercadoria, cada viagem, cada chegada de novos produtos e conversas com fornecedores chegam novas histórias, marcas de uma cultura tão diversificada como é a portuguesa. “Fiquei mais nacionalista desde que vim para Macau. A minha relação com Portugal cresceu e enriqueceu ao longo deste quatro anos. Estou em permanente contacto com os produtores de artesanato, desde a cestaria à filigrana, à olaria, também à parte de gastronomia. Tenho estado muito próxima das conservas”, relembrou. Margarida Vila-Nova não esconde o orgulho de trabalhar com marcas portuguesas em Macau e diz que o saldo tem sido “muito positivo”. Um brinde a nós Para celebrar a data e não deixar passar o momento em branco, a Mercearia Portuguesa organiza, já este sábado, um encontro com todos aqueles que de alguma forma passaram pelo percurso desta loja. Entre as 17h00 e as 19h00 do próximo dia 28, as portas estarão abertas a quem quiser brindar. “É uma forma de brindarmos com todos aqueles que nos acompanharam ao longo destes últimos quatro anos, dos mais cépticos aos mais fiéis, dos mais desconfiados aos mais assíduos. Estes projectos fazem-se sempre em conjunto”, convida. Em cima da mesa irão estar as novidades para o Natal, acabadas de chegar, nomeadamente as amêndoas caramelizadas. Está também, em parceria com a PALATIUM, organizada uma prova de vinhos portugueses. “Já tínhamos esta ideia mas fomos adiando. Será uma forma de assinalar o nosso aniversário, com um leque variado de vinhos, entre os brancos, tintos, da Madeira, do Porto”, rematou, deixando em aberto a possibilidade de dar início a uma nova etapa de negócio: a prova de vinhos.
Flora Fong EventosNovo Macau | Exibição de filmes sobre assuntos internacionais [dropcap style=’cirle’]S[/dropcap]eis curtas-metragens e um documentário vão poder ser vistos este fim-de-semana na sede da Associação Novo Macau (ANM), com temas sobre direitos humanos e movimentos civis contra a violência. Pela primeira vez, a ANM convoca os cidadãos a tomar atenção aos assuntos sociais de outra forma que não a convencional manifestação ou conferência de imprensa. O documentário que vai ser exibido, “Everyday Rebellion”, é rodado por dois irmãos do Irão, Arash e Armam Riahi, que durante três anos filmaram os grandes movimentos de todo o mundo, tais como o “Occupy Wall Street”, a “Primavera Árabe”, o “Spanish Indignants” e o “Ukranian nude feminist activitism”, entre outros, mostrando a ideia de que “as pessoas têm redefinido a desobediência civil”. “The Game Must Go On” é uma das curta-metragens escolhidas pela ANM, que conta como quatro menores jogam futebol na rua porque não têm onde jogar mais, mas são repreendidos por vizinhas. Segue-se “Sprinkles 4-ever!”, um outro filme com temas sobre jovens. Nicky tem 12 anos e vive uma vida pobre, veste roupas em segunda mão e come diariamente do banco alimentar. Pode-se dizer que nunca é demais falar na guerra na Síria e isso é o que mostra a curta-metragem “The Lion and the Brave Mouse”. Uma criança de nove anos, Nora, passou quatro dias seguidos a fugir da sua casa, experimentando o horror da guerra. Gradualmente, conhece novos amigos em sítios desconhecidos, aprendendo a desenhar para mostrar as saudades que sente do seu país natal. As seis curta-metragens vão ser exibidas no dia 28 de Novembro, sábado, das 14h30 às 18h30 e o documentário vai ser exibido no dia 29, domingo, às 19h30. Duas sessões de discussão vão acontecer no final das exibições.
Leonor Sá Machado EventosPintura | Sofia Bobone com “Salpicos” na Fundação Oriente A designer Sofia Bobone estreia-se com a sua primeira exposição a solo de pintura na Casa Garden. Em foco estão telas de cavalos e corpos femininos que podem ser apreciadas até meados de Janeiro [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]designer portuguesa Sofia Bobone inaugura uma exposição a solo de pinturas originais intitulada “Salpicos” na Fundação Oriente. Formada em Design, seguiu carreira na área da publicidade, mas também de design gráfico e de joalharia. Foi há cerca de dois anos que nasceu o gosto pela pintura, tendo Sofia Bobone frequentado cursos e workshops leccionados pela Casa de Portugal em Macau. Um ano depois, foi convidada para participar na parada do Ano Novo Chinês do Cavalo, organizada pelo Venetian. Para a iniciativa, entrou com um cavalo alado feito de arames. Esta é a sua primeira exposição individual e Salpicos prioriza o retrato animal, especificamente de cavalos. No entanto, há ainda espaço para a representação do corpo humano, à imagem do artista britânico Lucian Freud. De acordo com a coordenadora da Delegação de Macau da FO, Ana Paula Cleto, Sofia Bobone é “artista desde sempre, mas de expressão algo tardia”, pois o talento para a tela só foi descoberto há cerca de dois anos. “Os motivos dominantes desta exposição são a mulher e o cavalo, dois elementos comummente aceites como sinónimo de beleza, mas também de grande força e sensualidade”, explica a coordenadora da entidade cultural. “No seu conjunto, as obras que a artista exibe distinguem-se pelo equilíbrio entre o figurativo e o abstracto, o belo e o disforme”, completa Ana Paula Cleto. A mostra, que se estreia na Casa Garden às 18h30 do próximo dia 3 de Dezembro, fica patente até 10 de Janeiro de 2016, com entrada gratuita. À conversa com o HM, Sofia Bobone confessa estar “ainda a aprender” e acrescenta que há nisso várias vantagens. Há, por exemplo “muito para explorar” no universo da pintura. Em exposição estarão entre 16 a 18 obras com recurso a técnicas mistas incluindo pastel. “Os cavalos são uma paixão minha e de família, até porque inicialmente comecei a desenhá-los para os meus filhos e para o meu marido”, explica Sofia Bobone. A representação deste animal é, acrescenta a designer, um contraste com as telas de mulheres volumosas que estarão patentes na FO. O gosto pela pintura esteve sempre latente, mesmo desde a universidade, quando a artista teve aulas de pincel e lápis na mão. Várias delas tinham modelos humanos como base e foi essa, a par com o trabalho de Lucian Freud, a inspiração da portuguesa.
Hoje Macau EventosLançado livro “Amores do Céu e da Terra, Contos de Macau” [dropcap style=’circle’]É[/dropcap] já na próxima terça-feira, 24 de Novembro, que a Casa de Portugal em Macau, com o apoio do Instituto Cultural (IC), lança o livro “Amores do Céu e da Terra, Contos de Macau”, na Livraria Portuguesa. O livro é da autoria de Ling Ling, escritora de Macau, e Fernanda Dias, tendo tido tradução de Stella Lee. Integrado na “Colecção de Literatura Chinesa e Portuguesa” do IC, o livro é composto por treze contos de Ling Ling, os quais “descrevem as condições sociais dos macaenses das camadas sociais inferiores, de meados dos anos 40 ao início dos anos 50 do séc. XX, prestando homenagem a professores e amigos da autora”. As personagens do livro, criadas pela autora, viviam em Macau nessa época, constituindo vestígios da história da cidade. Através da edição de uma série de livros originais sobre literatura de Macau ou relacionados com o tema, de escritores chineses e portugueses, a “Colecção de Literatura Chinesa e Portuguesa pretende que autores e leitores ultrapassem barreiras linguísticas, reconhecendo outro mundo literário nas obras traduzidas para a língua chinesa ou para línguas estrangeiras (principalmente a portuguesa)”, aponta o IC em comunicado. Lei Lei, pseudónimo de Lei Im Fong, também deu aulas, foi jornalista e editora do suplemento do jornal chinês Va Kio. Já assinou os livros “Amores do Céu e da Terra”, “Sete Estrelas”, “O Interior e o Exterior da Janela Norte”, “Amor no Pó Vermelho” e “Amor Mundial”. Fernanda Dias vive em Macau desde 1986 e é autora de várias obras de poesia e ficção, incluindo “Horas de papel”, “Dias da Prosperidade e Contos da Água e do Vento”. Já Stella Lee, doutorada em Literatura, já colaborou com Fernanda Dias na tradução de alguns poemas.
Filipa Araújo EventosTrabalhos artísticos da ARTM expostos na Livraria Portuguesa [dropcap style=’circle’]U[/dropcap]ma vez mais, a Associação de Reabilitação de Toxicodependentes de Macau (ARTM) organiza uma mostra de todos os trabalhos desenvolvidos no último ano pelos pacientes dos programas de reabilitação. O espaço escolhido é a Livraria Portuguesa que, de segunda a quarta-feiras da próxima semana, vai acolher algumas dezenas de trabalhos de vários tipos. “Os trabalhos que irão estar expostos são trabalhos artísticos do último ano, feitos com aguarela, óleo, feltragem, quilling, entre outros”, explica o presidente da ARTM, Augusto Nogueira, ao HM. A exposição é o resultado de uma terapia que utiliza a arte como “mecanismo efectivo de suporte à expressão de sentimentos e percepções do mundo”. “É a forma que eles [pacientes] têm para se expressar”, aponta. Este tipo de terapia de arte permite ao paciente acreditar e reconhecer nas suas capacidades individuais e nos seus modos de expressão, através dos quais podem promover o crescimento físico, psíquico, emocional e espiritual, durante o seu processo de evolução, defende a Associação. Os workshops artísticos, organizados pela ARTM, são orientados por especialistas e dirigidos aos pacientes dos centros de tratamento masculino e feminino. “Estas actividades, integradas no programa de reabilitação, promoveram com êxito a expressão artística dos clientes e a descoberta de novas capacidades individuais”, aponta a ARTM. As peças, conforme indica o presidente, podem ser compradas.
Hoje Macau EventosIniciativa “Art Mo” arranca a 4 de Dezembro São quatro eventos temáticos numa iniciativa que pretende mostrar aos turistas algo novo. Entre os dias 4 e 13 de Dezembro, Macau recebe o evento “Art Mo”, um roteiro que pretende chamar a atenção para o que se faz por cá em termos artísticos e para o património existente [dropcap style=’circle’]“U[/dropcap]ma nova perspectiva para a indústria de arte em Macau”. É desta forma que os promotores do evento “Art Mo” falam da mais recente iniciativa artística que chega ao território entre os dias 4 e 13 de Dezembro. O público e até os turistas, porque este evento também é para eles, poderá assistir a quatro eventos temáticos intitulados “Art Mo Tour”, “Art Mo Fórum”, “Art Mo Exhibition” e “Art Mo VIP Night”, e que “pretendem abrir um novo capitulo para o turismo da arte temática em Macau”. O evento pretende estar espalhado por vários sítios da cidade, estando a ser criado o cartão “Friends of Art”. Este dará acesso a um shuttle bus gratuito com o nome “Art Mo Tour”, que levará o público às várias atracções espalhadas pelas ruas, para além de proporcionar descontos em restaurantes e hotéis. O roteiro do evento inclui entradas gratuitas em exposições. Os promotores do evento garantem ter “trabalhado arduamente” para desenhar um roteiro “que cubra todos os espaços artísticos de Macau, desde galerias a estúdios, museus ou atracções históricas”. “Ao criarmos este roteiro, acreditamos que vamos mostrar um lado mais sofisticado de Macau através de exposições especiais para convidados, turistas e público”, apontam. “Desde o inicio da “Art Mo” que a nossa missão é promover o intercâmbio entre a arte e a cultura não só no território como no estrangeiro, por forma a promover o desenvolvimento e sustentabilidade, ligando a cultura local, as indústrias criativas e o turismo”, aponta um comunicado. Com a “Art Mo”, os seus promotores pretendem “influenciar a indústria da arte em Macau para que se possa transformar numa forma de comunicação significativa entre a comunidade artística da Áisa e a necessidade de diversificação de Macau”. Todos os anos a “Art Mo” propõe-se explorar “diferentes projectos relacionados com a arte e eventos, com o objectivo de se tornar num excitante evento anual que represente Macau”.
Joana Freitas EventosBienal de Shenzhen | CURB vence proposta e organiza pavilhão de Macau [dropcap style=’circle’]O[/dropcap] CURB – Centro de Arquitectura e Urbanismo vai ser o responsável pela organização da exposição do Pavilhão de Macau na Bienal Bi-citadina de Urbanismo/Arquitectura de Shenzhen e Hong Kong 2015, a ter lugar em Shenzhen. O anúncio foi ontem feito por comunicado do Instituto Cultural (IC), que indica que, entre as quatro propostas apresentadas, foi a do CURB que venceu. Macau foi uma vez mais convidada a participar nesta Bienal em Shenzhen, que é dedicada este ano ao tema “Re-viver a Cidade”, com vista a criar um mundo melhor com base na remodelação dos espaços urbanos e residenciais. “Pretende-se promover a reutilização, reconsideração e re-imaginação da arquitectura e da cidade, apelando ao aproveitamento e à reinterpretação daquilo que já existe e de tudo o que nos rodeia”, começa por indicar a organização. As quatro propostas apresentadas – e avaliadas por Huang Weiwen, director do Centro de Arte Pública de Shenzhen, Chan Chun Kwong, Vice-director da Faculdade de Arquitectura da Universidade de Hong Kong, Leong Chong In, ex-Presidente da Associação dos Arquitectos de Macau e membro do Instituto de Planeamento Urbano de Macau, e outros – tiveram em conta precisamente esse tema. A Bienal foi fundada em 2005 em Shenzhen, seguindo-se o convite à participação de Hong Kong em 2007, ano em que a exposição passou a ser organizada interactivamente e de forma singular, tornando-se uma “Bienal Bi-citadina”, a única bienal a nível mundial dedicada exclusivamente à temática da cidade. O evento conta já com cinco edições realizadas em Shenzhen e Hong Kong, sendo que, em 2013, Macau foi, pela primeira vez, convidada a participar. O CURB foi recentemente criado, sendo que dele é responsável o arquitecto português Nuno Soares e Ana Simões.
Joana Freitas EventosAngola | Fotógrafo português retrata as mulheres Zungueiras [dropcap style=’circle’]C[/dropcap]hamam-se Zungeiras, ou Quintadeiras, e são mulheres que percorrem as ruas de Angola de cabazes à cabeça. Vendem fruta, produtos de cozinha, alimentos, roupa, sapatos. Foram proibidas de o fazer. Mas continuam. E, consigo, continuam os encantos que transmitem a quem passa ou a quem as vê através de uns novos olhos. Foi o caso de João Rodrigues, fotógrafo português a trabalhar em Angola, que retratou as mulheres zungueiras através da sua lente, simplesmente porque a sua forma de vida o cativou. “Acho que, por aqui, a mulher zungueira é vista como algo perfeitamente normal, acho que é tão normal que só um olhar de fora é que repara [nelas] e as observa. Mas é impossível não notar a presença delas. Estão em todo o lado”, relata João Rodrigues ao HM. “Decidi fotografar porque acredito que dentro desta mulher está muita coisa. Sim, este é um projecto com relevância antropológica, mas decidi fotografá-las essencialmente pelo que representam esteticamente: vejo-as muito femininas. E filosoficamente: quantas delas não dariam boas advogadas, gestoras, ministras?” Isabel Formado em Psicologia, João apaixonou-se por fotografia há cerca de 13 anos, tendo tido já oportunidade para expor os seus trabalhos. A ida para Angola valeu-lhe uma colaboração com um colégio local, onde dá formação na área da Educação. Mas valeu-lhe também mais do que isso: uma viagem a um mundo que poderia perfeitamente ter passado despercebido por ser tão comum no quotidiano africano. “Estive relutante em avançar com este projecto, porque me pareceu à primeira vista um cliché. Mas por essa mesma razão, por ser algo característico desta terra e por não ter havido ainda um grande enfoque artístico nelas, é que decidi avançar e fazer a sua apoteose”, explica ao HM, acrescentando que “ao fim e ao cabo, a ‘mamã zungueira’ acaba por ser um pedaço histórico da vida em Angola, bem como uma figura icónica da sociedade”. João Rodrigues decidiu, então, falar com estas mulheres. Perceber os seus modos de vida. E tirar os seus retratos, numa espécie de “resenha poética da sua figura e da sua apologia política e social”. Algo que, confessa, nem sempre foi fácil. E que continua a ser um desafio. “Continuarei a percorrer as ruas, perseguindo estas mulheres, pedindo a sua autorização para as retratar, coisa que nem sempre é fácil, uma vez que, por motivos vários, é-me negada essa intromissão, ora por não se quererem mostrar para fora dessa forma, ora por não se acharem bonitas na sua indumentária de trabalho.” A busca pelo pão Quando se procuram notícias sobre as zungueiras não é difícil dar de caras com os problemas que estas mulheres enfrentam, agora e desde sempre. Queixam-se de serem maltratadas pelos agentes federais – que, segundo a imprensa, lhes tiram o dinheiro e a mercadoria -, trabalham no meio do trânsito caótico de Angola, carregam pesos significantes na cabeça ao mesmo tempo que, muitas delas, carregam filhos nas costas ou na barriga. “Aqui, na província de Benguela, até é tranquilo para elas. Os problemas com as leis estão em Luanda, onde há relatos de agressões e despejos”, explica João ao HM. O governo angolano quis acabar com a actividade das zungueiras e passá-las para as bancas dos mercados oficiais. O braço de ferro ainda continua, especialmente nas ruas da capital, onde a proibição de venda nas ruas foi implementada com mais força. Mas João Rodrigues quer mostrar mais do que a questão política que ronda estas ‘mamãs’. “Outra coisa que me espantou foi o espírito empreendedor delas”, diz-nos, enquanto nos encaminha para um vídeo que mostra as zungueiras a adaptarem-se aos tempos modernos e a permitirem o pagamento dos seus produtos através de terminais automáticos multibanco. “Estas mulheres lutam por algo nobre e eu fiquei enternecido ao vê-las. A mulher zungueira é para mim uma empreendedora, uma lutadora, o sustento da casa e um binómio de amor. É uma mulher com inteligência e a perseverança de andar quilómetros com uma verticalidade única, fazendo o que acredita ser um trabalho digno. Uma mulher que simplesmente ganha o seu pão e o dos seus filhos mas com força para se manifestar, discordar das leis e fazer frente a essa repressão”, continua. [quote_box_left]“Por motivos vários, é-me negada essa intromissão [da fotografia], ora por não se quererem mostrar para fora dessa forma, ora por não se acharem bonitas na sua indumentária de trabalho”[/quote_box_left] Macau? Talvez Depois de um projecto em Cabo-Verde – onde João expôs, no Centro Cultural Português, na cidade da Praia, fotografias de portas da cidade, que davam conta das histórias e da alma de cada casa – e de um projecto sobre as mulheres obreiras da Índia, o caminho na fotografia é para continuar. “[A fotografia] surge da necessidade de interiorizar o mundo e de expor o meu mundo cá para fora. Não posso ainda falar dos meus próximos projectos. Para já pretendo ficar [em Angola] um ano, mas um dos meus sonhos é conhecer os países de Língua Portuguesa.” África primeiro, diz, porque algo na cultura o puxa e lhe dá vontade de lá ficar. “Se uma porta se abrir”, Macau pode ser o próximo passo, até porque há, provavelmente, muito por fotografar aqui. “Se fosse para Macau com certeza algo me iria saltar à vista. Não sei o que seria, mas antes de vir para Angola não sabia o que iria ser o meu alvo e ele apareceu. Em Macau à primeira vista o Jogo parece-me ser interessante, mas só um olhar profundo me faria decidir em investir num projecto”, diz-nos João Rodrigues, com a certeza de que, por agora, a ideia é continuar a dar relevo ao projecto da “Mamã Zungueira”, não só nos média, mas com exposições fotográficas e tertúlias. Tudo para que as pessoas não esqueçam as mulheres que “trocam, num escambo ordinário, a força dos músculos, a força lenta e cuidadosa da passada, pelo dinheiro”, como no diz. “Um dia as mulheres serão mais felizes. Um dia. Um dia ‘mamã’. Mas esse dia vai ter de esperar e o melhor é aguentar e aguardar verticalmente por ele.”
Leonor Sá Machado EventosTeatro | CCM acolhe peça infantil interactiva em Janeiro [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Centro Cultural de Macau (CCM) traz ao território “Farfalle” – borboleta em italiano –, uma peça infantil interactiva que conta a história da vida das borboletas e o seu ciclo. Em palco entre os dias 13 e 17 de Janeiro, funde dança, arte contemporânea e tecnologias digitais num mundo no qual “as crianças são convidadas a pisar o palco para brincar e interagir com imagens no espaço teatral que dá asas à sua imaginação”. De acordo com a organização, a peça pretende aguçar o gosto dos mais novos pela dramaturgia. “A experiência é possível graças a sensores instalados numa plataforma especialmente construída, levando performers e público a passear num cenário projectado de imagens botânicas e sons da floresta tropical”, esclarece o CCM. “Farfalle” é da autoria da companhia italiana TPO, “pioneira na criação de teatro infantil interactivo”, que desde cedo tem vindo a produzir peças com alto teor de conservação do meio ambiente. Em funcionamento desde 2000, a TPO veio a Macau em 2012 para apresentar “Saltbrush”, um espectáculo que mostrava a arte aborígene australiana e dava a conhecer o conceito de beleza natural. O próximo ano é já de movimento para o colectivo, que vai correr mundo numa digressão. A começar em França, saltam para Hong Kong para voltar a ter espectáculos na Europa. A seguir a Macau seguem-se peças novamente em França, outras em Itália, na Noruega, na China e, finalmente, na Austrália. Em palco serão apresentados cerca de nove espectáculos diferentes que contam histórias de e para crianças. A linguagem é universal, já que as imagens, o cenário digital, o movimento e a mímica desempenham um forte papel. Liderada pelos directores artísticos Francesco Gandi e Davide Venturini pelos designers digital e de som Elsa Mersi e Spartaco Cortesi e pelo engenheiro Rossano Monti, a companhia italiana funciona no teatro Fabbrichino, situado na localidade de Prato. O “Farfalle” acontece às 19h30 de sexta-feira e às 11h00 e 15h00 de sábado e domingo. Os bilhetes custam 180 patacas e podem ser adquiridos online ou no CCM. Recomendado para maiores de três anos de idade, dura 45 minutos e acontece no pequeno auditório.
Joana Freitas EventosSound & Image Challenge | Creative e IEEM lançam festival cinematográfico de 1 a 7 de Dezembro Mostra de filmes, conversas e muita festa. É em Dezembro. A organização do concurso Sound & Image Challenge lança uma semana dedicada à Sétima Arte. Os eventos são no Teatro D. Pedro V e no Cinema Alegria. A entrada é livre [dropcap style=’circle’]D[/dropcap]e 1 a 5 de Dezembro, o Teatro D. Pedro V vai transformar-se numa sala de cinema. A Creative Macau e o Instituto de Estudos Europeus (IEEM) organizam, durante uma semana, um festival dedicado à visualização de filmes, todos finalistas do concurso Sound & Image Challenge, lançado durante este ano. Mas a organização não se fica por aqui e apresenta ainda workshops. Dos quatro cantos do mundo chegam documentários, animação, ficção e publicidade. Além disso, este ano o concurso deu asas à imaginação e vai dar uma oportunidade a cantores e bandas locais. Algo que vai permitir a visualização de videoclips feitos com música composta por talentos de Macau. A abrir a semana, na terça-feira dia 1 de Dezembro, está a cerimónia de abertura do Festival, que arranca com o concerto do quarteto New Music Hong Kong Ensemble, com hora marcada para as 19h00. Segue-se a projecção do documentário “Retrospectiva”, da própria organização, e entregas de prémios, além da projecção dos trailers dos filmes finalistas do concurso em todas as categorias. O evento, que tem entrada livre, continua no dia 2 de Dezembro com uma actividade especial: a mostra de filmes vencedores do 12º Black & White International Audiovisual Festival 2015. A partir das 15h00, podem ser vistos os filmes “Preto ou Branco”, de Alison Zago, do Brasil, “Cabeza de Caballo”, do espanhol Marc Martinez, e ainda o documentário alemão “Sorrounded” e a animação espanhola “Canis”, entre outros. O festival de Macau entra em cena às 19h00 – estendendo-se até às 21h00 – com as melhores curtas de Ficção. “Still in Time” (Espanha), “The fantastic love of Beeboy and Flowergirl” (Alemanha), “Laura” (Espanha), “The Purplish love” (Hong Kong) e “The Wall” (França). Há ainda oportunidades para troca de impressões com os realizadores antes e depois da sessão. O dia 3, quinta-feira, arranca com os finalistas do concurso Volume do Sound & Image Challenge deste ano. Videoclips de bandas locais vão poder ser vistos das 15h00 às 16h00. “Sleepwalker”, de Forget the G, “Odyssey”, dos Concrete/Lotus, “Romantic Film”, de Crosshair e “Business Suit Morning Struggle”, dos Turtle Giant, foram algumas das músicas escolhidas por realizadores de Macau e Espanha para a produção de videoclips. Das 19h00 às 21h00 seguem-se os documentários merecedores de destaque no concurso deste ano. “A journey”, “Aldona”, “Yaar”, “Bad Boy Breathing” e “Hide and Seek” são os nomes das películas desta categoria, trazidas até Macau por realizadores da Bélgica, Espanha, Polónia e Dinamarca. Falar de Macau e de cinema O festival continua na sexta-feira, das 15h00 às 21h00, com um destaque especial: Macau Cultural Identity traz ao grande ecrã filmes que se focam nas mais bonitas e tradicionais características de Macau. Destaques para os filmes “The Identity of the Egg Tart”, de Kenny Leong, “The Other Half”, do realizador português João Luís, e “Jason Lei”, de Pharrel Ho. Seguem-se as curtas de Animação – que integraram a competição deste ano e que chegam todas da Europa – e as películas da categoria de Publicidade, que apresentam, entre outras, “What Makes Hong Kong Asia’s World City”, de João Seabra, e “Anti-Smoking PSA”, do local Cheok Wai Lei. Mas o fim-de-semana vai dar que falar e não só por causa dos filmes. A Creative e o IEEM trazem ainda simpósios com entrada livre, a terem lugar no sábado no Teatro D. Pedro V, e a exibição de um filme antes da entrega dos prémios aos vencedores do Sound & Image Challenge. (ver caixa) Nesse mesmo dia está marcada ainda uma ‘after-party’, a partir das 22h30, na Live Music Association, com Djs locais e bandas cujas músicas foram seleccionadas para os videoclips finalistas e vencedores. O festival continua no sábado e no domingo, mas no Cinema Alegria, a partir das 16h00 e até às 19h15. Aqui serão mostrados todos os filmes vencedores do Sound & Image Challenge. A Creative convida ainda o público a votar no seu filme preferido, de forma a que também a audiência possa participar na escolha de um dos prémios a atribuir. Os prémios – que contam com o patrocínio do BNU, Fundação Oriente e Macaulink – totalizam 83 mil patacas. Do júri do concurso fazem partes nomes como Alice Kok, James Jacinto, Rui Borges, Yves Sonolet, Vicent Cheong, Miguel Khan, Zhang Zeming, João Francisco Pinto e Mário Dorminsky, todos da área do Cinema, Artes e Música. Simpósios Dia 5 de Dezembro, Teatro D. Pedro V 10h00 às 12h00 “Programação, Apresentação e Entrega à Audiência” (Álvaro Barbosa, reitor da Faculdade de Indústrias Criativas da Universidade de São José, Mário Dorminsky, fundador e director do Fantasporto, João Francisco Pinto, director de programas da TDM) 13h30 às 15h30 “Contar histórias com a câmara” (Zhang Zeming, realizador, produtor e guionista, Albert Chu, realizador e presidente da Associação CUT, Gonçalo Ferreira, colorista para Motion Pictures, Margarida Vila-Nova, actriz, Ivo Ferreira, realizador)
Joana Freitas EventosFringe | Dança, circo, histórias e teatro ao fim-de-semana [dropcap style=’circle’]O[/dropcap] Festival Fringe continua este fim-de-semana com diversas peças de dança, teatro e circo locais e de fora. Na sexta-feira, as actividades abrem com o espectáculo “Brinquedo, Arroz e Chuva”, uma peça de teatro falada em Cantonês que retrata a história de um jovem de Sarajevo que dispara a sua arma e muda o curso da história, ao mesmo tempo que um outro rapaz começa o seu dia de trabalho, numa cozinha, apenas desejando saber como cozinhar uma boa refeição. Do outro lado, um grupo de pessoas, que esperam ansiosas pela época das chuvas – como irão suportar a longa espera? “Três histórias, três adolescentes de três diferentes lugares, diferentes origens e diferente tempos, mas…será que no fim… todos possuem os mesmos impulsos, os mesmos ideais?”, aponta a organização. O espectáculo – da responsabilidade da Long Fung Drama Club – custa 50 patacas e está em exibição de sexta-feira a domingo, nos Lagos Nam Van, a partir das 20h00. Sábado e domingo é a vez de “(Des) Contextualizado”, apresentado pelo grupo Unitygate e Stella e Artists. O espectáculo de dança acontece nas Ruínas de São Paulo, às 16h00 e 17h00, e na Rua da Palha às 14h00, tendo entrada livre. Conta-me histórias Se o seu interesse for ouvir histórias, então é para si a actividade trazida por Uncle Arvin, de Hong Kong, um contador de histórias que se tem dedicado ao desenvolvimento das artes junto da comunidade, promovendo o conto e apostando na criatividade dos livros ilustrados. Em Cantonês, as histórias vão poder ser ouvidas sábado às 18h30 no Café falala e às 20h30 no Buddy Caffe. No domingo, hora marcada para as 15h15 no Dream Corner, às 18h30 no Café Philo e às 20h30 no Mind Café. A entrada custa 50 patacas com uma bebida incluída. Domingo, o dia está dedicado ao teatro. “Sem Abrigo” é a peça apresentada pelo Teatro Areia Preta – MAS Productions, às 17h00 no teatro Hiu Kok, na Av. do Dr. Francisco Vieira Machado. A entrada é livre para ficar a conhecer a história de quatro sem abrigo. “O grupo Teatro Areia Preta faz-nos ver que cada um de nos poderia acabar numa situação parecida, sem casa, sem trabalho, consequência da falta de amor do ser humano e de uma sociedade imperfeita”, explica a organização. Às 16h00 nas Ruínas de São Paulo acontece o espectáculo de circo “A Vida numa Bolha”, de Alfredo Silva. “Um balão viaja impulsionado pelo vento consoante a sua direcção e intensidade e porque não também pela criatividade e imaginação? Um simples Balão irá compor um ambiente singular e criar um mundo fantástico e divertido! Como será a vida dentro de um Balão?”, atira a organização. A entrada é livre. Finalmente, de Taiwan, chega “Beleza 2015″. Trazido pela Oz Theatre Company mostra duas personagens sem nenhuma característica peculiar que debatem entre si as relações de poder entre duas pessoas, questionando o verdadeiro valor da beleza. Marcados para as 15h00 e para as 20h00, no edifício do antigo tribunal, o espectáculo custa 50 patacas.
Andreia Sofia Silva EventosSunny Side Up lança disco sobre Fernando Pessoa [dropcap style=’circle’]C[/dropcap]hama-se “Pessoa” e é o novo trabalho da banda Sunny Side Up, composta pelos músicos Tomás Ramos de Deus, Filipe Fontenelle e Miguel Andrade. Ao HM, Filipe Fontenelle fala de um disco composto por dez canções, todas elas feitas a partir de poemas do poeta português Fernando Pessoa. “Na sequência do primeiro disco que fizemos, ‘Tributo a Macau’, esta foi uma proposta que a gente quis fazer aproveitando a data que ia ser assinalada este ano, dos 80 anos da morte de Fernando Pessoa. Aproveitamos para fazer uma escolha de poemas que gostássemos e fizemos um disco com dez poemas, todos compostos pela banda”, disse o músico. O público poderá ouvir canções em Português e também Chinês. A versão traduzida foi feita com base em livros cedidos pelo Instituto Cultural (IC) e com o trabalho do departamento de Português da Universidade de Macau. Da selecção “Fomos procurar em toda a obra do Fernando Pessoa e fomos escolhendo os poemas que gostássemos, ou que pudessem ficar melhor musicados. Às vezes havia poemas muito curtos, com um verso apenas, que iria ter mais parte instrumental, e quisemos dar ênfase à poesia e à palavra. Temos alguns temas que ficaram fora do disco, que vão ser apresentados ao vivo, mas o espectáculo vai ter cerca de uma hora e meia e o disco tem apenas dez músicas. Foi um processo natural e levou alguns meses a preparar”, explicou Felipe Fontenelle. O concerto de que fala o músico servirá para apresentar oficialmente o novo trabalho dos Sunny Side Up e irá decorrer no Teatro D.Pedro V a 27 de Novembro. Os bilhetes já se encontram à venda e custam cem patacas. Quanto ao álbum “Pessoa”, estará disponível em formato digital no iTunes e em formato físico na Casa de Portugal em Macau, entidade que apoia o projecto.
Leonor Sá Machado EventosThis is My City | Conferências, cinema e cabaret no fim do mês [dropcap style=’circle’]O[/dropcap] This is My City (TIMC) está aí à porta e promete uma série de actividades para todos os gostos. Até meados de Dezembro, a população vai poder assistir a sessões de cinema ao ar livre, a palestras inovadoras e participar numa conferência sobre Economias Criativas ou numa concentração de fotógrafos. Entre as actividades está, de acordo com o organizador do evento, Manuel Correia da Silva, a conferência com enfoque nas Economias Criativas. Esta é, para o designer, “a que mais vale a pena destacar”. Questionado sobre o conteúdo da iniciativa, Manuel Silva explica que “vai bastante além do design e da arquitectura de uma cidade”, abrangendo áreas como a Política ou a Economia que gerem o território. O TIMC apresenta assim Charles Landry ao público, um renomado escritor e especialista desta área, que em 1978 abriu a sua empresa de consultoria, Comedia. Esta foca-se na relação entre cultura, criatividade e a transformação das cidades. Landry corre o mundo dando conselhos e sugestões aos seus governos sobre como dinamizar o espaço urbano. Vão ainda estar presentes outros especialistas de Hong Kong, Macau e Shenzhen. A palestra, organizada em conjunto com o Centro de Estudos Europeus, também vai dar atenção ao caso de Macau. “Para situar a conversa no local onde estamos, também teremos oradores de Macau, Hong Kong e Shenzhen, pelo que achámos que seria interessante também juntar um grupo de pessoas do Porto”, explica. É que a cidade portuguesa é, como esclarece Manuel Silva, “cidade-irmã” da RAEM, pelo que se quer “explorar mais esta parceria”. Desenvolver, pensar, fazer e investir são os quatro painéis desta sessão, que tem lugar às 10h00 de 8 de Dezembro, no Centro de Design de Macau. Concentrações várias Tudo começa no Albergue SCM, a 24 de Novembro. Os horários ainda vão ser anunciados, mas o TIMC conseguiu trazer o projecto Pechakucha a Macau, que permite a apresentação de um sem número de temas com uma regra: cada orador terá 20 segundos para apresentar cada imagem de uma série de 20, ficando cada apresentação nos cinco minutos de duração. O projecto abrange todos os temas possíveis, desde música, design, urbanismo, fotografia, experiências pessoais e sociais, entre outras. O Pechakucha acontece em alternância com uma mostra de cinema ao ar livre, cuja selecção de curtas-metragens foi feita por António Conceição – conhecido por Kiko –, vocalista da banda local Turtle Giant. Ambas terão lugar das 18h00 às 21h30. O dia 28 reserva-se à “Hackathon”, uma maratona de programadores informáticos cujo objectivo é criar novas formas de facilitar a vida na cidade, de soluções “inteligentes” como aplicações móveis. O mesmo dia acolhe uma concentração de “instagramers”, a Instameet. Pessoas com contas na rede social Instagram vão andar pela cidade com um olho na lente e outro no que se passa à volta. A ideia é captar, através da fotografia, a essência da cidade. O Centro de Design é o ponto de partida e as fotografias serão depois publicadas sobre o hashtag de #TIMCity2015. Da conversa ao cabaret A 3 de Dezembro estreia a mostra Luso Design Show, para a qual a organização convidou uma série de artistas lusófonos, incluindo do Brasil, Angola e Portugal. “Vamos ter marcas muito interessantes”, acrescentou Manuel Correia da Silva ao HM. Dois dias depois, estreia na cidade um espectáculo que conta com a mestria de Inês Trickovic e se passeia pelas margens de Macau. Trata-se de um cabaret flutuante – já que acontece num barco – com muita dança e música à mistura. Esta é a única iniciativa paga de todo o programa, mas os preços ainda serão anunciados. Finalmente, o TIMC deste ano encerra com a vinda do música e designer angolano Vítor Gama, que vai apresentar um instrumento totalmente original por si criado na Universidade de São José. Chama-se Toha e será apresentado juntamente com a história e experiência de Gama neste mundo. O TIMC tem trazido várias iniciativas internacionais ao longo dos últimos anos.
Andreia Sofia Silva EventosPaulo Senna Fernandes participou na China Fashion Week [dropcap style=’circle’]O[/dropcap] estilista local Paulo de Senna Fernandes voltou a participar em mais uma edição da Semana da Moda da China (China Fashion Week), tendo levado uma delegação de 26 profissionais do sector. Segundo o estilista, “foi muito importante estar presente neste evento internacional” devido à oportunidade de se ter uma boa colaboração com Pequim. “A indústria de Moda não pode ser ignorada e deve ter mais apoios. Macau precisa de ter mais exposições e desfiles de estilistas, tudo isso para atrair mais compradores e jornalistas. Espero que no próximo ano a Feira Internacional de Macau (MIF) possa trazer mais consumidores de Moda e jornalistas”, frisou. O estilista, presidente da Associação Moda de Macau, defendeu que o território precisa de uma academia de Moda. “Ter uma academia de Moda em Macau seria bom para trazer professores famosos, porque podem dar uma grande ajuda aos futuros estilistas, que terão mais oportunidades de competir lá fora. A Associação Moda de Macau está à procura de apoios monetários, mas não quer apenas ter esses apoios, mas sim mostrar ao Governo que a Associação está a colaborar e a desenvolver a indústria da Moda”, revelou. Paulo de Senna Fernandes considera ainda que deveria ser um dos membros do Conselho para as Indústrias Culturais. “Após dez anos em silêncio, penso que este é o momento certo para exigir um lugar no Conselho para as Indústrias Culturais para poder apresentar as minhas ideias, porque não quero ver a continuação do atraso da Moda em Macau”, apontou num comunicado enviado ao HM.
Andreia Sofia Silva Eventos MancheteLivros do Oriente lança biografia de Roque Choi Cecília Jorge e Rogério Beltrão Coelho ultrapassaram várias dificuldades para trazer a biografia de uma das personagens mais conhecidos na história de Macau. “Roque Choi – Um homem, dois sistemas” vem, sobretudo, “dar um contributo” para que se conheça um homem que sabia bem das culturas portuguesa e chinesa [dropcap style=’circle’]R[/dropcap]oque Choi faz parte daquele grupo de homens da velha Macau que viu tudo o que havia para ver neste pequeno território, desde conflitos como o “1,2,3”, nos anos 60, ao período fascinante do comércio do ouro ou do nascer do Jogo. Contudo, este empresário e político, falecido em 2006, não tinha ainda uma biografia mais completa sobre a sua intensa vida. Esse vazio foi agora quebrado graças aos jornalistas Cecília Jorge e Rogério Beltrão Coelho que, com a editora Livros do Oriente, publicaram a obra “Roque Choi – Um homem, dois sistemas, apontamentos para uma biografia”, a qual será lançada oficialmente na próxima segunda-feira, dia 16, na Fundação Rui Cunha (FRC). Ao HM, Rogério Beltrão Coelho fala do trabalho sobre uma “figura ímpar”. “Não só era uma figura mediadora como era uma figura que funcionava tranquilamente e com uma grande consistência, quer junto da comunidade chinesa quer junto da comunidade portuguesa. Era um homem que conhecia profundamente as duas culturas e quando traduzia ou intermediava jogava com esse conhecimento que tinha.” Além de apresentar a vida de Roque Choi, o livro contém ainda uma entrevista inédita feita pelo jornalista português José Pedro Castanheira, dando também a conhecer as vidas de outras personalidades com quem Roque Choi se cruzou, como é o caso de Pedro José Lobo. Há ainda espaço para diversos testemunhos de pessoas próximas, como Abílio Dengucho, Anabela Ritchie ou Carlos Monjardino. “Quem conheceu Roque Choi, ou quem com ele conviveu, vai lembrar-se de algumas particularidades e vai deparar-se com elementos que não conhecia. Quanto às novas gerações, muita gente não sabe sequer quem é Roque Choi e vai ficar a conhecê-lo. Acho que é um contributo interessante, porque para além dele, no livro fazem-se pequenas mini-biografias de cerca de 30 personalidades de Macau dos últimos cem anos”, explicou Beltrão Coelho. Das burocracias Chegar às informações da vida de Roque Choi não foi fácil. A pesquisa junto do Boletim Oficial (BO) acabou por ser, muitas vezes, a única via, mas também a mais difícil, dado que foi invocada várias vezes a Lei de Protecção dos Dados Pessoais. “Uma coisa é proteger a intimidade na actualidade, outra coisa é não possibilitar a consulta de documentos com 50 anos e que são oficiais. Todo o percurso de uma determinada pessoa, num serviço público, pode constar no processo nesse serviço. E aí é vedado o acesso. Todos os movimentos de um funcionário público estão no BO (risos). Mas dá dez vezes mais trabalho e não faz o mínimo sentido. Numa das vezes que nos foi recusado [o acesso] e com um parecer jurídico… mas enfim, conseguiu-se ultrapassar essa situação. Mas o facto é que não há um entendimento prático e lógico do que é a protecção dos dados pessoais”, criticou Beltrão Coelho. Defendendo que a biografia vem “dar um contributo”, por conter “muita informação, em muitos casos curiosa”, Rogério Beltrão Coelho diz, contudo, que não está prevista a tradução para Chinês. “A nossa editora funciona em Português. Não é nossa tradição publicar em Chinês, os livros têm de ser feitos para um determinado mercado e nós não entramos no mercado chinês. Mas se alguma entidade quiser traduzir, considero que faz todo o sentido”, concluiu.
Joana Freitas EventosVenetian | Tap Dogs enchem casa e falam do percurso do primeiro grupo inteiramente americano Chegaram a Macau para uma semana de espectáculos, naquela que foi a sua primeira vez num território que alguns apelidam de “Havai” e outros de “pequena Las Vegas”. Os Tap Dogs são um grupo de dançarinos, homens, que enchem o palco com movimentos de sapateado durante uns longos 80 minutos. Na sala do Venetian, onde actuaram até domingo, falaram sobre o percurso do grupo, pela primeira formado apenas por americanos [dropcap style=’circle’]É[/dropcap]um espectáculo de dança, mas mais do que isso. É também uma espécie de teatro. E uma espécie de espectáculo de rock. O show dos Tap Dogs conseguiu encher a plateia do Teatro do Venetian, durante uma semana de espectáculos que durou até ao passado domingo. Chris Erk, o “capitão” que comanda o estaleiro de obras onde dançam os Tap Dogs, fala de uma experiência única na China, onde o grupo fez uma tour que terminou aqui no território. “Na China parece que guardam as reacções para os grandes momentos. Focavam-se no espectáculo imediatamente depois a haver um grande clímax, que fazia as pessoas reagir. Também houve lugares em que andavam crianças a correr de um lado para o outro e havia barulho na sala, mas tudo foi uma experiência nova. Ajudou-nos muito a ver quais os momentos do show que as pessoas mais gostam”, começa por contar ao HM Chris Erk, o mais velho dos Tap Dogs – tem 34 anos e faz do espectáculo a sua casa há mais de uma década. “O espectáculo está feito para que vá sendo cada vez mais fascinante à medida que avança”, explica ainda. Isso mesmo ficou comprovado depois da primeira actuação: cá fora eram muitas as críticas positivas a um espectáculo que fica marcado por um cenário de estaleiro de obras e muita, muita variedade. Desde sapateado em estruturas de metal suspensas, a dança onde a água é o principal elemento e até sapateado de cabeça para baixo, o espectáculo engloba só homens, cada um com um talento especial. “O do Anthony [Russo] é o de aparecer e fazer as senhoras ficarem malucas”, brinca Chris, referindo-se ao segundo no comando dos Tap Dogs. Além de Chris e Anthony, fazem ainda parte do espectáculo Richie Miller, Justin Myles (o mal comportado), Aaron Burr (para quem a dança é sinónimo de funk), Jacob Stonebraker (o “miúdo”, mais novo do grupo) e Kurt Csolak e Philip Russo, os duplos que “sabem todas as posições dos colegas”, no caso de precisarem de entrar em acção por causa de acidentes. “Pela primeira vez”, todos os que fazem parte do show são americanos – uma alteração ao grupo original que começou com o coreógrafo australiano Dein Perry e que sempre contou com dançarinos do país dos cangurus. “O criador do show trabalhava em metalurgia, mas também tinha aulas de dança e sapateado. Eventualmente, percebeu que gostava mais de trabalhar em teatro do que no que fazia e, então, criou o seu próprio espectáculo”, explica ao HM Chris Erk. “Daí que, tanto o cenário, como o próprio show tem uma vibe de trabalho árduo, onde trabalhamos como cães, daí o nome.” E, de facto, tudo é pensado ao pormenor. Até as botas utilizadas são de uma marca famosa na Austrália de calçado de trabalho, a Blundstone. Dança como vida Com membros com idades que vão dos 22 aos 34 anos, a equipa dos Tap Dogs é composta por dançarinos formados em diferentes estilos de dança. O ballet, contudo, é um denominador comum. Tal como a tenra idade com que começaram a dar os primeiros passos na dança. “Desde os dois ou três anos que faço sapateado, mas o meu background é ballet e jazz. É o caso de muitos de nós”, começa por nos dizer Justin. “Isso reflecte na coreografia, ajuda-nos no equilíbrio. Se não tivéssemos esse background caíamos de cara no chão.” Richie nem sequer queria dançar. Era mais virado para o desporto, até que foi “arrastado para a dança”, como nos conta. “Via a minha irmã nas aulas de dança e, quando ela saía, eu dizia-lhe ‘fizeste mal aquele movimento’ e mostrava como se fazia”, diz-nos, a rir. “O que aprendemos nas aulas de dança é utilizado no show, mas sempre que subimos ao palco aprendemos mais e mais. As coisas mudam e progridem.” Todos têm o seu caminho individual, algo que agrada a Chris, devido à diversidade que isso traz ao palco. Além da dança, artes marciais, natação, ski e outros desportos mais radicais são também parte do processo. Há também músicos, como é o caso de Justin Myles e Anthony Russo. Macau de prazeres A confiança mútua, bem como a amizade, são as bases para um espectáculo que começou em 1995 e já viu mais de uma centena de dançarinos diferentes fazer quase a mesma coreografia. Todos sabem montar e desmontar o cenário, algo que é, aliás, feito durante o próprio show e todos se dão “como irmãos”. Mas, apesar do sexo masculino estar maioritariamente presente há duas jovens mulheres, que dão música aos Tap Dogs. Literalmente. Noriko Terada e Nerida Wu são as duas bateristas e multi-instrumentalistas que acompanham os “cães” e que, em Macau, se sentiram “muito bem” e que tudo foi muito divertido. E o mesmo dizem os outros. “Macau é lindo, é como uma pequena Las Vegas”, atira um dos Tap Dogs. “É selvagem”, ri outro. “Faz-me lembrar o Havai, por causa de ser uma ilha no meio de tanta outra coisa.” Durante mais de uma semana alojados no território, os Tap Dogs tiveram tempo para passear e ver espectáculos. “Acho que tem um equilíbrio muito bom entre os resorts mais modernos e o que é mais antigo, como a vila da Taipa”, conta-nos Chris. “É refrescante: se quisermos relaxar na piscina, podemos. Mas se quisermos sair e misturar-nos com a cultura local, também o podemos fazer.” Para Jacob é tudo ainda mais novo: nunca tinha entrado num casino. E o mais novo do grupo quase que não o conseguia, já que acabou de fazer 22 anos. Anthony adorou a “noite das mulheres do Bellini”, mas assegura – enquanto ri – que “só por causa da banda”. Daqui, os Tap Dogs partiram “satisfeitos” e o mesmo diz quem viu o espectáculo do Venetian. “Foram fantásticos e ainda por cima são lindos de morrer”, disse, no final do show, Ana Isabel ao HM. A portuguesa não foi a única a comentar “o talento incrível e a rapidez” dos dançarinos. “Foi espectacular. Tudo está incrivelmente bem montado”, disse Alan, outro dos espectadores ao HM. “Espero que regressem.”
Hoje Macau EventosMoçambique | História do Parque de Gorongosa na Torre de Macau [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]história e a recuperação do Parque Nacional da Gorongosa, a principal área protegida de Moçambique, que viu quase 90% da sua fauna dizimada após o fim da guerra civil, em 1992, estarão em exposição em Macau este mês. A iniciativa é da Associação dos Amigos de Moçambique em Macau, que desenvolveu a exposição, em cooperação com a direcção do Parque Nacional da Gorongosa (PNG), explicou ontem à Lusa o vice-presidente da Associação, Carlos Barreto. Entre 14 e 29 de Novembro, estarão em exposição na Torre de Macau um conjunto de fotografias e filmes fornecidos pelo PNG, que a Associação apresenta como sendo “talvez a maior história de restauração da vida selvagem em África”. Os filmes em exibição integram dois sectores, um deles formado por pequenas metragens, de um a dois minutos. O segundo integra filmes mais longos, de até 25 minutos. Em qualquer caso, tratam-se de imagens e filmes que explicam o que é o parque e as actividades de recuperação que estão em curso. “Pretende-se dar a conhecer a história do parque, estabelecido em 1924 no centro de Moçambique, a vida selvagem, a preservação do meio ambiente, as novas espécies descobertas entretanto e desconhecidas até à data e a integração das comunidades no projecto de restauração deste paraíso”, explicou a Associação dos Amigos de Moçambique em Macau, num comunicado. Carlos Barreto sublinhou que está em causa um projecto com uma “imagem muito positiva” e lembrou que Macau pretende afirmar-se como uma plataforma para o estreitamento das relações entre a China e os Países de Língua Portuguesa. Neste contexto, a associação considerou que seria “interessante” levar até à região chinesa um “aspecto” que não está propriamente relacionado com as relações comerciais e económicas, mas que é “muito importante” e pode, por outro lado, ajudar a desenvolver essas relações. A entrada na exposição é gratuita e, para já, está garantida a visita de perto de mil alunos de escolas de Macau. Fauna em recuperação Em 2005, o Governo moçambicano assinou com a fundação do filantropo norte-americano Gregory Carr uma parceria por vinte anos com vista à recuperação da área protegida. Numa entrevista à Lusa em Outubro, o director do PNG, Mateus Mutemba, disse que a fauna parque está “em franca recuperação”, contando agora com quatro mil espécies, algumas novas para a Ciência. Segundo o director do PNG, a população de elefantes registava menos de cem animais no pós-guerra e está agora estimada em mais de 500, os búfalos, que chegaram a ser 14 mil em 1972, caíram para 60 em 2000 e são agora mais de 600, tornando-se “muito frequente vê-los nas planícies da Gorongosa em manadas de cem indivíduos”. A população de pivas subiu de 3500 para 35 mil e a Gorongosa acolhe a maior população desta espécie de grande antílope em África. Os pala-pala são agora 800 e as próprias impalas sofreram “uma recuperação visível” e já abundam no parque. “Fizemos também a reintrodução de elandes, búfalos, bois-cavalos, alguns hipopótamos e elefantes, para ter melhoramento genético, e registamos com satisfação que, associadas ao ritmo de recuperação natural de algumas espécies, já contribuem para que haja mais diversidade”, referiu o director do parque. Salientando que o PNG nunca tinha sido muito estudado, Mateus Mutemba disse que três levantamentos de biodiversidade foram realizados desde o início do projecto de restauro e que identificaram cerca de quatro mil espécies, algumas das quais inéditas.