Sofia Margarida Mota EventosLançado concurso para desenhar prémio do Festival de Cinema [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]troféu “Prémio do Público” do primeiro Festival Internacional de Cinema de Macau, a decorrer entre 8 e 13 de Dezembro, será uma criação local. O desafio é lançado aos criadores locais para que apresentem um projecto para “a taça” que galardoará um dos 12 selecionados para a competição para melhor filme eleito pelo público. Os projectos candidatos serão submetidos à avaliação de um júri criteriosamente escolhido. Ao presidente Dante Ferretti, director artístico três vezes galardoado com o Óscar, junta-se um conjunto de nomes locais conhecidos pelo trabalho realizado em diferentes áreas. São eles: Chui Sai Peng, Buddy Lam, Carlos Marreiros, Ho Ka Long, Lok Hei, Pedro Ip, Si Ka Lon e Terry Sio. O concurso está aberto a todos os artistas residentes em Macau e as inscrições terminam a 9 de Setembro, sendo que não há qualquer restrição relativa a formas, materiais ou tamanho do troféu. O vencedor do concurso terá como prémio o montante de 50 mil patacas e as inscrições podem ser feitas no site do Festival. Equipa conhecida Foi ainda dada a conhecer a equipa de curadores que irá acompanhar Marco Muller na organização deste primeiro Festival Internacional de Cinema. A notícia é adianta pelo Hollywood Reporter e citada no Ponto Final. Da equipa que levará a cabo a programação e curadoria do festival constam nomes conhecidos pela experiência no sucesso de eventos idênticos: Deepti D´Cunha, Shan Dongbong, Marie-Pierre Duhamel, Sandra Hebron, Diego Lerer, Tomita Mikiko e Alena Shumakova. Marco Muller afirma ainda na mesma publicação estar “especialmente feliz por reunir mais uma vez com a equipa que tanto contribuiu para a criação de um programa tão diverso e atraente para os festivais de Veneza e de Roma. E que ajudou a trazer tantas estreias internacionais a Pequim e a Fuzhou”. À equipa junta-se ainda uma veterana da indústria cinematográfica asiática, Lorna Tee, a quem caberá assumir a direcção da gestão do festival. Nomes que também fazem parte deste festival são ainda Huang Jianxin, realizador chinês, Oh Jung-wan, produtor coreano ou ainda o produtor e guionista norte-americano James Schamus e o português Luís Urbano.
Sofia Margarida Mota EventosAFA | Kay Zhang apresenta exposição para além da inocência A primeira exposição a solo da jovem artista Kay Zhang é uma compilação visual de trabalhos que desafiam o tabu sexual. Uma exploração desenhada e colada sobre corpos e desejo, de uma artista que desafia a própria pureza da arte [dropcap style=’circle’]P[/dropcap]ara lá dos limites da inocência e num pensar sobre ela e a sua antítese é a “tela” que dá corpo ao trabalho de Kay Zhang. A 1 de Agosto às 18h30 está marcada a abertura da exposição “INNOCENCEPEDIA”, que concretiza a primeira mostra individual da jovem artista chinesa. O evento terá lugar na Art for All Society (AFA) e traz à luz do dia o conjunto de trabalhos que marcam a estreia, a solo, da mestranda da Academia de Belas Artes de Pequim. Aluna de Xu Bing, um dos nomes que marcam o cenário artístico chinês contemporâneo pela sua linguagem criativa ligada à tipografia, Kay Zhang traz a Macau “INNOCENCEPEDIA”. A exposição aborda o sexo. Palavra associada muitas vezes a tabu, ao proibido que não se fala, à pornografia ou obscenidade. Assunto inerente à essência humana e a um conjunto de curiosidades partilhadas por muitos, como relembra a AFA. A exploração da componente sexual também se reflecte na arte, sendo muitas das vezes representada através da exploração da nudez. Para Zhang, a expressão do sexo e do desejo é inevitável. A artista recorre também ao nu, mas numa combinação de técnicas e materiais que no seu conjunto denomina de artigos visuais. Estamos perante uma enciclopédia imagética que pretende, por vontade da artista, deixar a questão da pureza artística… ou a falta dela. Nascida em 1991, Zhang estudou pintura a óleo no Instituto de Belas artes de Sichuan em 2009. Esteve em Braunschweig, sendo que continuou, de regresso à China, os estudos na área da arte experimental. Actualmente a sua pesquisa e trabalho estão voltados para a arte contemporânea. Do seu leque de interesses contam o uso de diferentes meios e técnicas para abordar os assuntos que mais lhe interessam. Já viu o seu trabalho em diversas exposição na China continental e até na Suécia. A exposição na RAEM é o resultado de uma bolsa de estudo que a artista recebeu por parte da AFA para desenvolver trabalho na Academia de Belas Artes de Pequim. Os 33 trabalhos que vão ser apresentados combinam desenho e colagem, fruto dessa aprendizagem, avança uma responsável do AFA ao HM. A exposição está patente até 21 de Agosto e conta com entrada livre.
Sofia Margarida Mota EventosFotógrafa capta imagens proibidas na Coreia do Norte [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]fruto proibido é o mais apetecido, já diz o ditado, e um território hostil torna-se facilmente apetecível a profissionais de várias áreas, nomeadamente da fotografia. Foi o que aconteceu com Nathalie Daoust, fotógrafa e cineasta canadiana, autora de “Sonhos Coreanos”, um projecto que capta imagens proibidas na Coreia do Norte. Apesar das limitações, a artista não baixou os braços. Sempre vigiada e em áreas permitidas, Nathalie foi mais além e arriscou a recolha de imagens inéditas e interditas. As dificuldade em viajar na no reino de Kim Jong-un são mais que muitas. Do preço à dificuldade em chegar ao país, à vigilância extrema e manipulação dos visitantes, conhecer o coração da Coreia do Norte é impossível. Ali, só se vê o que é autorizado e só se fica nos hotéis aprovados. Só se fotografa sob vigilância, enquanto que as aldeias onde vive grande número da população com salários de cerca de um dólar mensal, ou os campos de concentração do tamanho de cidades onde estão encarceradas três gerações por crimes, não fazem parte do roteiro nem da permissão. “Tive que viajar através da China como uma turista”, diz Nathalie Daoust em entrevista à revista Another. “Depois de uma excursão de pesquisa, organizei uma segunda viagem” ao país onde não são permitidos fotógrafos alheios à Associated Press. Esta segunda incursão por terras de Kim Jong-un já foi feita especialmente para capturar imagens. Utilizou um passaporte que não era o seu, colocou a câmara à altura da barriga e um disparador remoto escondido debaixo do braço e fez-se à aventura. Ficou hospedada num pequeno hotel que mais parecia um “motel de estrada” e, apesar da sua estadia ser constantemente vigiada, com câmara analógica e disparador imperceptível estava aberto o caminho para conseguir imagens inéditas. A utilização do sistema analógico terá sido fundamental. “Acho que eles pensaram que seria uma amadora porque não usava uma câmara digital”, admite. A verificação que se faz aquando da captura de imagens “do querido líder” – para que nenhuma apresente cabeça ou pés cortado – também aqui não era possível, o que conferia à fotógrafa uma maior liberdade. O resultado é perturbador. Num misto de fotografia artística que roça as imagens eróticas do início do séc. passado, em tons sépia quase fantasmagóricos, Nathalie Daoust apresenta uma Coreia à vista de todos mas com o peso de realidade. São imagens à altura das entranhas, que convidam a quem as observa a uma imersão e consciencialização do que se passa naquele país, sendo que é este agora o objectivo da autora. Nathalie Daoust adianta ainda que passou “grande parte da carreira a explorar o mundo quimérico e fantasioso” de desejos e impulsos ocultos que estão na base dos sonhos e condutas de cada um e que os levam a ultrapassar os limites do convencional. Na Coreia, a exploração foi direcionada aos instintos de fuga, não como escolha individual, mas como modo de vida de quem é aglutinado pela nação. “Uma nação irreal” e produto de reinterpretações e ditames do poder. Agora, é objectivo do trabalho alertar todos para uma maior consciência do que ali se vive. Num país que obedece ao culto da personalidade de Kim Jong-Un, num regime opressivo, o projecto “Sonhos Coreanos” é um grito de esperança e alerta para que os governos de todo o lado sejam capazes de “impulsionar a mudança eficaz neste país”, refere Daoust na mesma entrevista.
Sofia Margarida Mota Eventos MancheteCreative Macau | Fotógrafos apresentam livro que junta música, poesia e fotografia É um projecto experimental que chega agora ao público. Rusty Fox e Chong Hoi, artistas locais, apresentam o livro “BRutAL”, que junta artes numa composição improvável [dropcap style=’circle’]”[/dropcap]BRutAL” dá nome ao livro recentemente publicado pelos criativos locais Chong Hoi e Rusty Fox. Este é um foto-livro experimental, que concretiza um projecto que junta o design, a música electrónica e a poesia à fotografia. Vai ser apresentado na Creative Macau, a 21 de Julho, pelas 18h30. O projecto começou com o uso de uma fábula oriental de modo a representar um sentimento distópico do mundo. Segundo a organização, é um livro que retrata a complexidade de sentimentos que fazem parte da RAEM, um dia pertença portuguesa. É ainda uma abordagem contemporânea dos problemas emergentes globais, tais como a crise económica, a inflação e as questões sociais que de alguma forma afectam o quotidiano de todos. “Há de alguma forma, receio de fazer parte da cauda da cadeia alimentar dentro desta sociedade capitalista”, afirma a organização em comunicado de imprensa. Chong Hoi é pós graduado em Design Gráfico pelo Instituto Politécnico de Macau. Depois de alguns anos em Xangai, onde aprofundou carreira na área da publicidade e tem trabalho feito nas áreas de fotografia, literatura, música electrónica e arte de rua, regressa a Macau. Actualmente trabalha como designer no Museu de Arte de Macau, enquanto participa na realização de filmes documentais. O artista vê cada projecto criativo como uma oportunidade de crescer e promover o design de Macau ao nível da classe mundial, insistindo em obras únicas capazes de comunicar com os outros. Para Chong Hoi, a fotografia é um meio e uma técnica de ver o mundo, sendo que considera este conceito como “além da criação”. Através das técnicas de composição e das faculdades oferecidas pelos equipamentos, o “verdadeiro espírito de fotografia é o de sentir o mundo através dos sentidos”, afirma o artista. Já Wang Lap Wong, conhecido artisticamente por Rusty Fox, sempre teve como preocupação os equilíbrios e desequilíbrios da cidade dentro da dinâmica dos seres que a habitam e que influenciam a própria percepção do conceito. Para o artista, “a maioria das pessoas anda como máquinas, dormentes e sem alma”. Neste contexto, a fotografia documental não tem limites, sendo que o seu trabalho pretende permitir ao público entender a relação, muitas vezes escondida, entre homens e os seres inanimados que os rodeiam. Tudo para que possa ter noção do extraordinário que existe na normalidade. Rusty Fox nasceu em Macau e é mestrado em Fotografia Documental pela University of South Wales. O evento marcado para a semana conta com a presença dos autores, que vão explicar como o projecto nasceu e cresceu. A entrada é livre.
Manuel Nunes EventosIC lança obra “Bibliografia da Literatura de Macau 1600-2014” [dropcap style≠’circle’]É[/dropcap] o segundo volume da “Colectânea do Museu de Literatura de Macau – Série História” e intitula-se “Uma Bibliografia da Literatura de Macau 1600-2014”. Foi apresentado no sábado passado com o apoio do Instituto Cultural (IC). A publicação de trabalhos ainda mais abrangentes e aprofundados sobre a literatura de Macau é o objectivo deste livro de Wong Kwok Keung, um autor com anos de experiência na recolha e investigação histórica que seleccionou para este trabalho uma bibliografia com mais de seis mil volumes relacionados com a literatura local. Através de análises de conteúdo, linguagem, editoras e outros factores e tendências das obras de literatura relacionadas com Macau, o autor procura apresentar o estado de desenvolvimento da literatura em língua chinesa, portuguesa e inglesa da cidade. O resultado é a criação de um “título essencial para o desenvolvimento da literatura local, por via da enumeração de valiosos materiais de referência e, naturalmente, proporcionar um valioso instrumento para investigadores na área”, indica o IC. Sempre activo Wong Kwok Keung assumiu funções na biblioteca da Universidade de Macau em 1987, assumindo actualmente o posto de bibliotecário-auxiliar da mesma. Desde 2005 é chefe do Centro de Publicações da instituição. A partir de 1990 tornou-se num activo participante de actividades sociais e começou a compilar uma lista de estudos e publicações relacionados com Macau, facultando uma importante base para estudos sobre a cidade. Nos últimos anos, publicou perto de cem artigos relacionados com publicações e materiais de investigação de Macau, focando-se sobretudo na história editorial, bibliografia documental e na história da biblioteca e arquivo de Macau e história da leitura e de Macau em relação ao Sudeste Asiático. “Uma Bibliografia da Literatura de Macau 1600-2014” encontra-se à venda ao preço de 150 patacas, estando disponível na Plaza Cultural, Livraria Seng Kwong, Livraria Portuguesa, Arquivo Histórico de Macau, Centro de Informações ao Público e no Centro Ecuménico Kun Iam.
Manuel Nunes EventosDSEJ | Festival Juvenil Internacional de Dança em Julho Dançar pelas ruas, à noite e de dia, em recinto coberto ou ar livre, para ver ou para participar com jovens de vários países do mundo. É a aposta deste festival que agora regressa a Macau. Quinze milhões de patacas é quanto vai custar o bailarico [dropcap style≠’circle’]C[/dropcap]riar uma plataforma para jovens amadores de dança, de diferentes países e regiões do mundo é o objectivo de mais uma edição do Festival Juvenil Internacional de Dança da Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ), além de pretender facultar a residentes e turistas a arte e a cultura de diferentes países e regiões. Assim, de 22 a 28 de Julho, o Festival volta a Macau, sendo de esperar que o ritmo contagie vários pontos da cidade. Criado em 1987, este festival juvenil realiza-se a cada dois anos e tem vindo a ganhar destaque no panorama dos eventos de Macau, através do qual as equipas de dança podem demonstrar as suas capacidades, bem como aprenderem as técnicas dos outros participantes. Desta forma, tornar Macau num ponto de encontro das diferentes culturas de dança é a grande aposta. A edição deste ano conta com um total de 27 equipas provenientes da Ásia, Oceânia e Europa. Destas, 15 vêm de fora, nomeadamente de países como Austrália, Grécia, Indonésia, Israel, Coreia do Sul, Letónia, Lituânia, Malásia, Nova Zelândia, Noruega, Rússia, Singapura, Eslováquia e Sri Lanka. Da China continental chega um grupo de Yunnan, contando-se ainda com equipas de Hong Kong e Taiwan. De Macau são dez as equipas que irão estar presentes. Vêm da Escola Hou Kong, da Associação Imprint Macau Dance, da Escola Kao Yip, do Grupo de Dança Juvenil – Conservatório de Macau, da Associação Internacional de Dança de Rua de Macau, da Escola dos Moradores de Macau, da Associação de Dança de Música Pop de Macau, da Escola Secundária Pui Ching, da Associação de Dançarinos Regina e da Universidade de Macau. Ruas afora Para além das actuações, está previsto um desfile, a realização de um workshop e de espectáculos de dança nocturna. A partir deste conjunto de eventos, a organização pretende que seja evidente “a integração das culturas chinesa e ocidental, demonstrando as características das indústrias culturais e criativas de Macau”. Ao longo do percurso do desfile e durante as exibições no exterior, os artistas irão interagir com os espectadores e todos são convidados a participar na festa. Segundo a organização, que a DSEJ partilha com o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais, o Instituto Cultural, a Direcção dos Serviços de Turismo, o Instituto do Desporto, o Instituto de Formação Turística e o Fórum de Educação da Ásia-Pequim, este evento irá ter um custo de 15 milhões de patacas. Os bilhetes de entrada para as exibições em recinto coberto serão distribuídos a partir das 16h00 do dia 19 de Julho em vários locais ao longo da cidade. Os professores de Macau, todavia, podem registar-se a partir de hoje, para a obtenção de bilhetes (máximo de dois por pessoa), que lhes darão acesso ao “Espaço dos Docentes”. Paralelamente, para que os jovens oriundos do exterior fiquem a conhecer melhor a cultura local, a organização vai fazer uma visita cultural por Macau. Programa 24 de Julho 17:30-19:30 Desfile Ruínas de S. Paulo, Rua da Palha, Rua de S. Domingos, Igreja de S. Domingos 20:00-21:30 Exibição “Dança Juvenil pela Paixão da Rota da Seda” Praça do Tap Seac 25 de Julho 10:00-12:00 Workshops de experimentação artística Escola Secundária Luso-Chinesa de Luís Gonzaga Gomes 25 de Julho 19:30-21:00 Dança nocturna Anim’Arte NAM VAN 27 de Julho 19:30-21:00 Dança nocturna Anim’Arte NAM VAN 26 de Julho 20:00-22:00 Exibições no interior Pavilhão I do Fórum de Macau 28 de Julho 20:00-22:00 Exibições no interior Pavilhão I do Fórum de Macau
Hoje Macau Eventos“Salão de Outono ” e “Vafa ” em simultâneo na Casa Garden em Novembro [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Fundação Oriente (FO) e a Associação Art for All (AFA) resolveram juntar o Salão de Outono com o festival Vafa (Art Vídeo para Todos), o festival internacional de vídeo-arte organizado já desde 2010. A ideia é cativar maior número de pessoas, pelo que “Um Outono repleto de arte” é também a aposta da organização ao organizar estes dois eventos em conjunto, combinando em simultâneo obras de arte locais e internacionais. A participação no Salão de Outono ainda é possível para todos os residentes e também para os artistas que mais recentemente vivem e trabalham em Macau, pois as inscrições estão abertas. Os candidatos podem apresentar trabalhos de pintura, gravura, escultura, fotografia, instalação e vídeo. Todas as candidaturas serão analisadas e seleccionadas por um júri composto por representantes da FO e da AFA, bem como por conceituados artistas locais. Os finalistas serão notificados no final de Setembro. Para participar basta fazer o download do formulário de inscrição em www.afamacau.com. O prazo termina a 30 de Agosto. Prémio “Jovem” A FO adianta ainda que tem para oferecer 50 mil patacas para reconhecer e apoiar os jovens artistas plásticos de Macau em início de carreira. Os artistas terão ainda a oportunidade de exporem o seu trabalho no território e também de desenvolver as suas qualidades artísticas em Portugal, já que o vencedor terá ainda direito a uma residência artística no país no próximo ano. Os candidatos ao prémio poderão mostrar as suas obras em conjunto com os trabalhos seleccionados para o “Salão de Outono “. Ao prémio podem candidatar-se apenas artistas actualmente residentes em Macau ou que provem ter vivido em Macau durante os últimos dois anos, independentemente da sua nacionalidade. Têm de ser portadores de Bilhete de Identidade de Residente e ter entre os 18 e os 35 anos. VAFA em movimento O concurso para o quinto Vafa também se encontra a decorrer e os artistas interessados podem apresentar as suas obras de vídeo-arte até ao dia 30 de Agosto. O júri é composto por artistas internacionais de vídeo-arte e alguns curadores de arte. Primeiro prémio e quatro menções honrosas são os prémios disponíveis, sendo que o vencedor do melhor vídeo receberá mil dólares americanos e será convidado para vir a Macau, caso não seja residente, para participar na cerimónia de abertura da exposição. O valor para cada menção honrosa é de 500 dólares americanos. Como a vídeo-arte é uma criação independente, não há critérios fixos relativos ao tema e forma das obras. A única restrição à criação será para vídeos com informações violentas ou provocadoras.
Sofia Margarida Mota EventosCinema | Seleccionados projectos portugueses para Feira de Investimento Das oito candidaturas submetidas, sete foram seleccionadas para participar em mais uma Feira de Investimento do Cinema que reúne Macau, Hong Kong e Guangdong. O caminho ainda agora começou, mas os autores mostram contentamento e esperança [dropcap style≠’circle’]M[/dropcap]axim Bessmertnyi, António José Caetano de Faria, Ho Fei, Hoi Kuok Meng, Lou Ka Hou, Fernando Eloy e Wong Kong Po são os escolhidos para estar na Feira de Investimento de Produção Cinematográfica Guangdong-Hong Kong-Macau 2016. Terminou mais um processo de selecção de candidaturas para participar na Feira, que este ano decorre a 16 e 17 de Agosto, e de Macau foram escolhidos sete de oito projectos cinematográficos para serem apresentados a investidores e produtores das três regiões. Maxim Bessmertnyi diz ao HM que “está feliz”, salientando contudo que ainda é cedo para aprofundar comentários acerca do que aí vem. “Ainda são os primeiros passos de uma longa jornada”, refere o jovem cineasta radicado em Macau há mais de uma década. “O guião apresentado está numa fase muito inicial”, adianta. Para já sabe-se que versa “num estudo de carácter de quatro jovens de uma pequena cidade num período crucial de mudança nas suas vidas”. O filme é inspirado em Macau, sem descurar pequenas cidades de Portugal ou da Rússia, como frisa o realizador, que frequentou a Escola Portuguesa de Macau, ao HM. Já Fernando Eloy foi selecionado com o guião para uma longa-metragem chamada “China Beat”. O filme “absolutamente contemporâneo” retrata a juventude chinesa através de “um grupo de jovens que anda à procura do sonho”. Por outro lado, representa também uma “plataforma de ligação com os países de Língua Portuguesa em que uma das personagens volta para a China depois de quatro anos a trabalhar para uma multinacional chinesa no Brasil”, facto crucial na mudança que sofre no que respeita à “sua percepção acerca do mundo e das pessoas, incluindo as preferências musicais.” “Estes jovens percebem, aqui em Macau, que têm que fazer alguma coisa da vida deles e também pela China”, adianta Fernando Eloy. Para o cineasta, este processo de abertura da China tem sido essencialmente de absorção, mas “cada vez mais a tendência é inversa”. O filme é uma mensagem de esperança para o mundo e de esclarecimento do que é ser chinês, sendo que “os jovens chineses são mais parecidos do que diferentes relativamente aos seus pares no mundo.” Para o realizador, os “filmes hoje em dia são uma indústria” e o papel do Governo é fundamental não só para a credibilização do processo mas para dar a conhecer aos investidores este mercado. “E por se estar a falar de indústria, será também obrigação do Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM) integrar este processo”, admite. O HM tentou contactar António Caetano de Faria, o outro único português nomeado, mas o realizador não estava disponível. Plataforma de comunicação A iniciativa promovida pelo Instituto Cultural contou com oito candidaturas. Segundo a organização, a selecção decorreu após análise realizada pelo júri e baseada nos critérios de criatividade do argumento, experiência e capacidade de execução do candidato, experiência e capacidade de execução do produtor e da empresa produtora, bem como racionalidade orçamental. A iniciativa tem como objectivo descobrir potenciais projectos regionais para o grande ecrã, de modo a ampliar os canais de comunicação para os cineastas locais. O evento que se realiza anualmente desde 2014 pretende proporcionar uma plataforma “de alta qualidade e de facilitação” de contactos aos produtores e investidores de cinema das três regiões, criar oportunidades para investimento e cooperação na área do cinema e estimular os talentos neste campo, bem como promover o desenvolvimento da indústria cinematográfica nas três regiões, afirma a organização.
Sofia Margarida Mota EventosAbbas Kiarostami | Cineasta iraniano morreu segunda-feira Em ano de despedidas, Abbas Kiarostami não resistiu a um cancro. O dia 4 de Julho foi a data em que o artista multifacetado morreu, aos 76 anos, em Paris. Mais conhecido enquanto realizador, o iraniano marca a sua carreira com prestígio feito longe dos blockbusters e assina cada filme com uma identidade única, numa poesia que confunde documentário e ficção [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]bbas Kiarostami morreu aos 76 anos em Paris, vítima de cancro. Tinha regressado à cidade luz para prosseguir com o tratamento à doença que o consumia. Uma semana antes estava no Irão, país que deu vida a muitas das suas obras primas no cinema, e do qual não se queria separar. Para Kiarostami, deixar de realizar na sua terra era perder as raízes que constituíam a sua essência e a da sua criação. Mas foi também esta terra que o baniu e, quiçá, com isso permitiu ao mundo conhecê-lo melhor. Kiarostami tem a sua formação e trabalho marcados pela poesia, pintura, artes gráficas e fotografia. Uma mescla que, no seu conjunto, contribuiu para o que dele se pode ver no grande ecrã. É ponto comum na crítica internacional ser o criador de um cinema completo, em que cada produção que dirige tem um lugar preciso na história em que se insere. Com formação nas Belas Artes de Teerão, estreia-se enquanto realizador com a curta-metragem “O Pão e o Beco” em 1970, à qual se segue “O Viajante” em 1974. Esta última, já longa metragem, conta a história de um rapaz que abandona a sua aldeia natal e percorre 500 quilómetros para ir assistir a um jogo de futebol em Teerão. Está lançada a semente do “filme retrato”, que acompanhará a vida e obra do realizador e que se passava, ainda, numa monarquia. Assiste à Revolução Islâmica em 79 e foi com “Onde é a Casa do Amigo?” , em 87, que viu os seus trabalhos começarem a ser presença nos grandes festivais de cinema. O uso da criança e de temas delicados num país agora movido por tensões inerentes ao novo regime, conferem a Abbas um realismo característico que documenta a realidade à sua volta, num misto de ficção e documento. “Onde é a Casa do Amigo?” junta-se a “Vida e Nada Mais” em 1991 e a “Através das Oliveiras”, em 1994. Um conjunto de três filmes que integram a conhecida “triologia Koker”, unida pelo lugar onde se passam os argumentos, e que continuam a afirmar um neo-realismo cinematográfico particular ao realizador. Falam de um Irão conturbado, real, escondido. De temas tabu, de questões que movem ou prendem a sociedade contemporânea. Um país que vacila entre a tradição e uma modernidade que lá não chega e que não pode chegar. Polémicos na terra que os produz, são filmes banidos das salas de cinema, bem como o nome Kiarostami. A cereja de ouro Apesar dos obstáculos, o realizador continua a produzir e, reza a história, envia uma cópia clandestina do “Sabor da cereja” para o Festival de Cannes em 1997. Um filme que trata agora do suicídio. Mais um tema delicado no lugar onde foi feito. Se a cereja se transformou em Palma de Ouro, trouxe agora a proibição total em filmar no Irão. Filmes posteriores como “Cópia Fiel” de 2010, que conta Juliette Binoche ou “Um Alguém Apaixonado”, de 2012, já foram rodados por outras paragens. Mas Abbas Kiarostami não vai sem deixar um adeus. “Marcher avec le vent” é o filme de 2016, que marca o fim da carreira de um dos grandes génios do cinema do Séc. XX e que ficará com certeza para tempos vindouros.
Sofia Margarida Mota EventosMacau prepara-se para mais um festival de fogo de artifício [dropcap style≠’circle’]F[/dropcap]oi apresentada ontem mais uma edição do Concurso Internacional de Fogo de Artifício de Macau (CIFAM). A iniciativa, dada a conhecer por Helena de Senna Fernandes, directora dos Serviços de Turismo (DST), já vai na 28ª edição e promete trazer nos dias 3, 10, 15 e 24 de Setembro e 1 de Outubro muita luz aos céus da zona ribeirinha em frente à Torre de Macau. O evento, que conta com a participação de dez equipas, vai pintar e iluminar a RAEM com diferentes temas durante cinco noites. A directora da DST mostrou-se satisfeita com as 27 edições passadas, em que o evento tem logrado do apoio de companhias de fogo de artifício de renome provenientes de várias partes do mundo. A iniciativa atrai todos os anos inúmeros visitantes que se deslocam propositadamente a Macau para apreciar as exibições, afirma. Com o objectivo de posicionar Macau como um Centro Mundial de Turismo e Lazer, Helena de Senna Fernandes refere que a DST irá continuar a proporcionar aos residentes e visitantes “espectáculos extraordinários e diversificados, reforçando a cooperação entre a indústria turística e sectores relacionados”. Actividades múltiplas Tal como nas edições anteriores, este ano estarão presentes empresas pirotécnicas de renome internacional. As dez equipas participantes no concurso deste ano vêm da Tailândia, Portugal, Reino Unido, Suíça, Japão, Coreia do Sul, Itália e interior da China, entre outras. Nesta edição, o concurso conta pela primeira vez com uma companhia proveniente da Roménia e uma do Canadá. Este ano, volta a ser requerido às equipas a sincronização com música nas exibições e utilização de efeitos laser, para elevar o resultado do tema das apresentações e enriquecer os elementos dos espectáculos, refere a organização. A directora sublinhou também que, este ano, os residentes e visitantes podem ainda optar por ir ao novo espaço de lazer “Anim’Arte NAM VAN”, para apreciarem o fogo-de-artifício, ao mesmo tempo que saboreiam alguns petiscos. Podem também ver os espectáculos culturais e artísticos com características próprias no local, ou ainda passear pelas lojas de produtos culturais e criativos e feira de artesanato, desfrutando de noites de lazer, remata.
Hoje Macau EventosSands Resorts cria mundo de fantasia com o Panda do Kung Fu [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]mais recente iniciativa da Sands Resorts tem a assinatura da Dreamwoks e pretende proporcionar a toda a família um Verão num espaço de fantasia. O anfitrião é Po, o protagonista da saga Kung Fu Panda. As actividades propostas pretendem oferecer uma experiência completa dentro do mundo de Po e para o efeito o Sands Cotai disponibiliza, já a partir de 16 de Julho, o “Banquete Kung Fu de Po”. Está também prevista a realização de outras actividades como a “Academia do Panda Kung Fu” , festas de aniversários temáticas ou Caças ao Tesouro. Segundo o Director do Departamento de Marketing da empresa, a intenção é a de criar experiências e memórias aos seus convidados de modo a que estes regressem. Segundo a organização, o banquete temático já teve uma versão de teste no passado dia 5 de Julho e promete levar os interessados a um espaço especialmente decorados em que os petiscos são dedicados às estrelas de animação da Dreamworks. Enquanto se está à mesa é ainda tempo para desfrutar de uma performance a cargo das personagens que fazem parte do imaginário dos mais pequenos bem como interagir, em palco, com elas. Mas nem tudo é à mesa e a iniciativa “Academia do Panda Kung Fu” desafia os interessados para um corrida de obstáculos no mundo do terceiro filme da saga. Pela primeira vez, os pequenos mestres da arte marcial podem fazer equipa com os pais e testar as suas habilidades em forma de jogo. Para quem deseje aprofundar a experiência, as famílias podem ainda recorrer aos pacotes da operadora que incluem alojamento e refeições. Os aniversários não passam despercebidos ao mundo da ilusão e para estas ocasiões tão especiais nada como fazer do “rei desse dia” o rei do palco também. Para os petizes que ali queiram cantar os parabéns é criado um espectáculo especial a eles dedicado. Paralelamente a estas iniciativas a organização anuncia o desfile de estrelas da Dreamworks onde o contacto com as personagens do grande ecrã está à mão de cada um, ou ainda a casa ao tesouro partilhada entre pais e filhos em que é proposta à família a descoberta das suas personagens preferidas em forma de cartas a três dimensões.
Sofia Margarida Mota Eventos MancheteCCM | Tiger Lillies e Theater Republique em espectáculo único O aniversário da morte do escritor e dramaturgo Shakespeare continua a marcar lugar nas salas de espectáculo da RAEM. “Hamlet” regressa a cena a 1 de Setembro, agora em jeito de cabaret-punk, que mistura circo e vídeo numa apresentação única no Centro Cultural de Macau [dropcap style=’circle’]”[/dropcap]Hamlet” está de volta a Macau para uma “encenação única”, afirma o Centro Cultural de Macau (CCM) na apresentação da peça agendada para abrir o mês de Setembro. O espectáculo junta o cabaret punk da banda de culto britânica The Tiger Lillies e a companhia dinamarquesa Theater Republique num trabalho que, segundo a organização, é “nunca visto” por juntar arte circense, vídeo e música para ilustrar a conhecida saga shakesperiana. A história de um jovem confrontado com o dever de vingar a morte do pai conta, desta vez, com a encenação de Martin Telinius e traz ao público da RAEM duas horas de “refinada sedução teatral”, num espectáculo que aborda a completa futilidade da existência. Numa explosão de som e imagem, a peça ilustra o processo inexorável da destruição de Hamlet, através de uma intensa colaboração entre “performers exímios”. A peça junta ainda uma banda de prestígio a uma conceituada companhia teatral. Os Tiger Lillies estão de novo na estrada, depois de uma longa digressão pelo mundo com um alinhamento de canções sobre carteiristas e outros vilões londrinos. A cantar e a representar, Martin Jacques, líder da banda, veste agora a pele de mentor omnipotente, dando voz a uma suite de temas originais. Estas sonoridades mantêm a banda na senda do esplendor negro de espectáculos anteriores, como o que marcou a sua estreia em Macau há cinco anos. Por seu lado, a companhia dinamarquesa Theater Republique recria em 2012, na terra natal de Hamlet, esta interpretação “extravagante e sofisticada” da obra-prima de Shakespeare e reinventa um clássico através de uma combinação inovadora de teatro, design de palco e imagens estimulantes. Ao estilo “Brechtiano”, esta “Ópera Grotesca” promete conquistar o público com uma série de canções macabras que leva os espectadores “numa viagem poética e tragicamente bela”, remata a organização. O espectáculo tem lugar a 1 de Setembro pelas 20h00 e o bilhetes serão postos à venda a partir de dia 10 de Julho com valores entre as cem e as 250 patacas. A peça conta com tradução em Chinês.
Sofia Margarida Mota EventosFRC | Apresentação de “compilação” reflexiva sobre Manuel Vicente Manuel Vicente não foi só um português em Macau. Foi o arquitecto que inspirou a metrópole, que fez do seu atelier um lugar de discussão e que tem agora um Catálogo, fruto de uma reflexão colectiva, e que é apresentado amanhã, na Fundação Rui Cunha [dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]ma leitura híbrida da cidade é o mote do debate a realizar na próxima quinta-feira, na Fundação Rui Cunha. A conversa é em torno do catálogo “Macau: Reading the Hybrid City”, que representa o resultado de uma investigação desenvolvida pela Docomomo Macau acerca da figura do arquitecto Manuel Vicente. Junta todo o material produzido para os ciclos de conferências e para a exposição “Descobrir Manuel Vicente”. Rui Leão, presidente da Docomomo, disse ao HM que o Catálogo que será apresentado é “uma coisa completa” que documenta a obra do arquitecto. “É uma reflexão crítica” que tenciona perceber a sua trajectória “no âmbito de Macau e na cultura arquitectónica portuguesa enquanto figura representativa da mesma”. Esta publicação nasce da vontade de estabelecer uma reflexão sobre a obra de Manuel Vicente a partir do ponto de vista de quem com ele trabalhou, partilhando o processo criativo, o pensamento e as estratégias que foram por ele enunciadas na sua prática em Macau, revela a organização. Macau é o segundo grande protagonista desta publicação visto que, tanto a localização periférica de Macau relativamente ao centro da discussão sobre as correntes arquitectónicas contemporâneas, como a especificidade desta cidade contribuíram para a singularidade do contributo de Manuel Vicente. “É uma obra fruto da dialéctica constante entre o seu desejo criativo de matriz europeia e a expectativa do gosto local.” Da arquitectura portuguesa Até 1974 a sociedade portuguesa era caracterizada pela sua clausura devido às circunstâncias do próprio sistema, adianta Rui Leão. Não era uma sociedade aberta ao posicionamento crítico, sendo que as limitações atingiam a arquitectura enquanto representante de acção política. “Manuel Vicente é um arquitecto-autor que vai à procura da rede e do mundo que estava a acontecer fora de portas, tanto na arquitectura, como na produção artística”, sublinha. Outra questão a ter em conta diz respeito à “prática exógena” do atelier que Manuel Vicente tinha em Macau. Mais do que um lugar de trabalho, era um lugar de reunião e discussão de época e que trazia ao território profissionais de Portugal para participar neste conhecimento. “Pela pessoa que era e pela forma como vivia e se relacionava com os outros, este era um sítio de criatividade e discussão colectiva”, o que se reflectia tanto política como culturalmente. “Dessa gente toda que por ali passou, onde me incluo, que vieram ou voltaram a Macau,” vieram à procura da Macau de Manuel Vicente o que implica “a construção de uma escola de pensamento de produção arquitectónica.” Rui Leão explica ainda a existência desta escola na medida em que “Macau, pelas circunstâncias, possibilitava ao arquitecto uma visão cosmopolita e contemporânea que acabou por ser seguida por vários profissionais que entretanto voltaram para Lisboa.” Com este caso assistimos a um modelo de arquitectura portuguesa que, ao contrário do que acontecia com as colónias naquele tempo, não saía de Lisboa, mas antes de Macau para a metrópole. Rui Leão espera que este venha a ser um documento importante enquanto refere a intenção de lançamento de um ensaio futuro juntamente com a biógrafa Raquel Ochoa que há seis anos que se dedica a Manuel Vicente. A apresentação estará a cargo de Ung Vai Meng, presidente do Instituto Cultural, havendo igualmente lugar a uma leitura crítica da responsabilidade dos arquitectos Carlotta Bruni e Carlos Marreiros. A iniciativa que tem lugar às 18h30 será proferida em Língua Portuguesa, com tradução simultânea para Cantonês e conta com entrada livre.
Andreia Sofia Silva EventosMacau Fashion Link | Custos afastaram evento do Albergue SCM A última edição do Macau Fashion Link aconteceu em 2013. Carlos Marreiros, presidente do Albergue SCM, diz que os elevados custos de produção afastaram o evento de São Lázaro, mas continua a sonhar com uma Semana da Moda nas Ruínas de São Paulo [dropcap style≠’circle’]H[/dropcap]á três anos os títulos das notícias sobre a segunda edição do Macau Fashion Link revelavam planos de maior crescimento para o evento. Mas desde então que o Albergue SCM, situado no bairro de São Lázaro, não mais voltou a receber esta iniciativa, que incluía estilistas de Língua Portuguesa em Macau. Ao HM, Carlos Marreiros, arquitecto e presidente do Albergue SCM, confirmou que os elevados custos de produção afastaram o evento de São Lázaro. “Fizemos duas edições com muito sucesso e que foram alvo de alguma atenção fora de Macau. Mas não temos capacidade, dado os poucos recursos humanos de que o Albergue dispõe. Trata-se de um evento ao ar livre e caro e devemos preparar este tipo de actividades para que possam crescer em conjunto com o Governo. Só o tecido empresarial nesta área não chega.” Marreiros diz-se satisfeito com o actual Festival de Moda de Macau, que junta artistas locais e que anualmente ocorre no Venetian, inserido na Feira Internacional de Macau (MIF). Contudo, o arquitecto alerta para a perda de ligação do evento ao património local. “O Governo, de há dois anos para cá, tem vindo a fazer o Macau Fashion Festival inserido na MIF. Só que isso acontece sem ser num cenário patrimonial natural. Tem a componente lusófona mas não tem a componente apelativa do património de Macau. Não é bem o que imaginei.” Moda nas Ruínas Carlos Marreiros continua, contudo, a sonhar com a realização de uma Semana da Moda de Macau nas Ruínas de São Paulo. “Tive a ideia de criar um evento de moda ligado ao património há 20 anos, quando era presidente do Instituto Cultural (IC). Resolvi aplicá-la no Albergue, que é património. Mas a produção do evento é cara e eu próprio acabei por falar com os departamentos relacionados com esta área e referi que o Albergue não tem vocação [para ela]. Mas imagine-se o que não seria realizar uma Semana da Moda de Macau nas Ruínas de são Paulo, com uma passerelle na escadaria”, frisou. As duas edições do Macau Fashion Link trouxeram ao território nomes como Dino Alves, considerado o “enfant terrible” da moda portuguesa, Victor Zhu, de Shenzen, ou as marcas locais Lines Lab e Bárbara Diaz, entre outros nomes do mundo lusófono.
Filipa Araújo Eventos“Mês de Portugal” | Iniciativa com muita adesão veio para ficar A iniciativa “Junho – Mês de Portugal” conquistou Macau. É o que dizem organizadores, que falam em mais pessoas, união entre associações e vontade de continuar [dropcap style≠’circle’]T[/dropcap]erminou ontem a iniciativa “Junho – Mês de Portugal” que, na visão dos organizadores, superou as expectativas e acaba em “balanço francamente positivo”. Foram 30 dias com exposições, ciclos de cinema, música, teatro e tantas coisa mais para marcar o Dia de Camões, de Portugal e da Comunidades Portuguesas. Este ano, entre 1 e 30 de Junho, juntaram-se o Consulado de Portugal, a Casa de Portugal em Macau, o Instituto Português do Oriente (IPOR), a Fundação Oriente, o Clube Militar e a Livraria Portuguesa. Para João Laurentino Neves, presidente do IPOR, esta iniciativa foi um óbvio exemplo de bom trabalho entre as associações. “Um trabalho que já existia bilateralmente em alguns caos, mas que agora veio para ficar. O programa veio provar que, quando as instituições se coordenam entre si, é possível construir um programa não só vasto, mas abrangente em termos das áreas da expressão cultural e artística e sobretudo um programa de qualidade”, explicou ao HM, frisando o importante trabalho que Vítor Sereno, Cônsul-Geral, desempenhou na divulgação da iniciativa. O resultado final não podia ser mais positivo, diz. “O programa não só proporcionou à comunidade de Macau um conjunto de excelentes eventos, mas promoveu-se igualmente, de forma muito positiva, aquilo que é a produção cultural e aquilo que é produção artística portuguesa”, frisou, sublinhando que, desse ponto de vista, o balanço só pode ser positivo. De olhos postos Prova do sucesso é o aumento no número de pessoas que aderiram às várias actividades. “As assistências que estiveram em qualquer um dos eventos que compunham este programa, mesmo aqueles em que tradicionalmente é mais difícil mobilizar a pessoas, cresceram quando comparando com iniciativas anteriores”, afirmou, frisando que não só portugueses compunham este auditório. A concordar está Amélia António, presidente da Casa de Portugal em Macau, que justifica uma maior adesão na calendarização das actividades. “No conjunto, as iniciativas foram extremamente positivas. Houve de facto uma maior presença das pessoas. Penso que o facto das coisas não acontecerem em dias seguidos facilita que haja uma maior adesão. Temos essa experiência, quando os eventos acontecem muito próximos uns dos outros não dá para as pessoas gerirem o seu tempo. Ser num mês inteiro, com intervalos, permite uma maior adesão”, apontou. É para continuar Desengane-se quem tinha dúvidas. A iniciativa é para continuar. “O Cônsul-Geral sempre disse que esta actividade é para ficar, mas claro depende sempre da vontade das instituições. Julgo que existe essa boa e grande vontade. Julgo que se pretende que este seja um programa para que Portugal marque de facto no calendário o mês de Junho como especial. Em que se juntam vários esforços, colaborações das instituições, empresas, parceiros, do próprio Governo da RAEM neste programa”, aponta. Para a presidente da Casa de Portugal este é o resultado de um trabalho feito ao longo dos últimos anos. “Claro que queremos continuar. Isto é uma coisa [para] a qual já se vinha a caminhar. Não é uma coisa que aconteceu este ano. Já vínhamos a trabalhar para isto, não era explícito que seria um mês, mas sempre quisemos juntar as peças de cada associação e instituição para fazer uma coisa mais representativa. Já tínhamos tentado, agora assumiu um nome e uma meta. Acho que é de defender a continuação”, rematou.
Manuel Nunes EventosCCM | “Senhor Satie de Papel” inaugura InspirARTE 2016 O primeiro dos espectáculos de Verão preparados pelo CCM começa já hoje. Vem da Polónia e é completamente dedicado aos bebés. Os pais são convidados a estarem calados e a deixarem as crianças usufruírem. No final, os mais pequenos saltam todos para o palco para uma sessão de brincadeira. A música é de Erik Satie, mas não só [dropcap style≠’circle’]B[/dropcap]eata Bablinska e Monika Kabacinska são as caras e as mentoras do Teatr Atofri, uma companhia com quase nove anos que chega da Polónia. A proposta é trabalhar para um público menor. Mesmo. A peça “Senhor Satie de Papel” é pensada e concebida para bebés até aos 24 meses e estreia hoje, no Centro Cultural de Macau (CCM). “Na Polónia, quando começámos, não existia nada disto no panorama teatral”, explica Beata, adiantando contudo que “este tipo de teatro para bebés já tem uma longa tradição com cerca de 40 anos na Europa, em países como a Alemanha, a Itália, a Áustria e a Dinamarca”. As artistas não pretendem ser educadoras, apesar de já o terem sido. “Éramos as duas educadoras, eu já ensinava dança, e resolvemos avançar com o projecto. Mas não procuramos passar mensagens com esta peça. Apenas que as crianças se divirtam”, diz Monika. Gostam muito de utilizar música porque “tem um impacto muito grande junto das crianças”, como garante Beata. Para este espectáculo escolheram, maioritariamente, música do compositor francês Erik Satie. “Escolhemos a música dele porque é simples e visual e isso inspirou-nos”, diz Beata. Para as artistas polacas, “o poder mágico da música pode iluminar a mente das crianças, marcando-as de forma positiva em muitos aspectos”. “Música, movimento e canto, é esta a nossa proposta”, complementa Monika, que confessa também que “após nove anos podemos dizer com segurança que cantar é algo muito próximo das crianças. Divertem-se imenso”. Mas nem só de Satie vive o espectáculo. “Também improvisamos ao piano”, diz Beata, admitindo que o fazem inspiradas na música de Satie com “composições muito curtas”. As duas recorrem ainda a outras fontes. “Os bebés vão ouvir música a que não estão habituados. Também usamos música popular polaca, barroca, renascentista e mesmo alguma música moderna composta hoje”, revela Monika. As cores utilizadas também alinham pelo princípio da simplicidade: “Não usamos muitas cores, apenas branco, amarelo, azul e vermelho. Um estilo Mondrian”, explica Monika. Pais mal comportados “Esperamos que levem com elas boas imagens artísticas e música. Queremos que as crianças abram a cabeça”, diz Monika, que garante que, para que as crianças consigam mesmo absorver a experiência, torna-se absolutamente essencial que os pais, ou os acompanhantes, dos bebés se refreiem de tentarem explicar às crianças o que estão a ver. “Os pais são o problema. Especialmente os avós”, explica Beata. Isto porque, continua, “têm o hábito de explicarem às crianças o que estão a ver. Na Polónia então é horrível”. A este propósito relatam-nos que uma vez em França o apresentador do espectáculo fez o aviso certo ao lembrar pais e avós (“normalmente os piores”, atalha Beata) que as crianças são estudantes profissionais pois sabem como aprender, já que apenas fazem isso. “Não precisam de lhes explicar o que estão a ver”, diz Beata, “deixem-nas sentir e concluir por elas próprias”. O prazer de destruir Passada quase uma década desde que começaram a fazer tournées pelo mundo, já contactaram crianças de diversas culturas. Mas reagirão todas da mesma forma? “Os chineses e os turcos são muito barulhentos, não faço ideia porquê”, diz Monika a rir, adiantando ainda ter notado que, apesar do banzé, “os chineses são muito focados. Falam a todo o momento mas focam-se no que estão a fazer”. Para além disso, não notam diferenças de maior e consideram que comum mesmo são os comentários que elas vão fazendo durante a peça. “Interrogam-se, debatem, apontam… o feedback é extremamente rápido”, diz Monika. O cenário e os adereços são todos feitos de papel. Um papel especial que trazem da Polónia, 50% pergaminho, explicam-nos, e as crianças vão ter oportunidade de destruir parte dele na cena final. Quando iniciaram a performance foram gravados alguns filmes com as crianças a rasgarem o papel e os resultados foram fabulosos. “É tão engraçado ver como elas se divertem a destruir o papel”, diz Beata. O espectáculo encerra com uma reunião de 15 minutos com as crianças onde elas são convidadas a irem para o palco brincar. A comunicação é basicamente gestual com algumas frases curtas e muito directas. “Também usamos algumas palavras de poesias muito conhecidas na Polónia e combinamo-las com outras ideias”, explica Monika. O espectáculo acontece hoje e amanhã pelas 17h00 e sábado e domingo, com sessões às 11h00, 15h00 e 17h00. A duração é de aproximadamente 45 minutos e o preço dos bilhetes é de 180 patacas para adultos e de 200 patacas para adultos acompanhados por crianças. O excêntrico Erik Satie foi um influente e excêntrico compositor francês que viveu na viragem do século XIX. Aclamado como “o pioneiro da música moderna em França”, Satie inseriu nas suas composições um som diferente, tendo até chegado a usar uma sirene e garrafas de leite quando compôs Parade, cujas partituras foram utilizadas num Ballet de Jean Cocteau coreografado por Leonide Massine e cenografia e figurinos de Pablo Picasso. A natureza humorística de Satie também transparece nos títulos que escolhia, como o da peça “Prelúdios Flácidos”.
Sofia Margarida Mota Eventos MancheteMarionetas esperam e desesperam por museu em Macau São cerca de 900 as marionetas empacotadas à espera de mãos que lhes dêem vida. A colecção de Elisa Vilaça está há oito anos fechada enquanto burocracias, esperas e recuos por parte das instituições do Governo adiam a possibilidade de as trazer ao público da RAEM [dropcap style≠’circle’]E[/dropcap]lisa Vilaça, colaboradora da Casa de Portugal de Macau (CPM), é também a proprietária da colecção de marionetas que colocou à disposição da mesma com o objectivo de poder dar vida a um espaço dedicado a estes “bonecos”. A ideia teve início há oito anos e desde aí que os esforços por parte da CPM têm sido muitos. Os sonhos foram vários na concretização de uma plataforma criativa que incluísse as 900 marionetas que aguardam, empacotadas em contentores, uma oportunidade de cativar miúdos e graúdos. Amélia António, presidente da CPM refere ao HM o apadrinhamento deste projecto por parte da instituição que preside, sendo que considera que “tem muito interesse para Macau pois serve o calendário da diversificação e formação”, temas actualmente tidos como bandeira estandarte da região. Neste sentido, a ideia é não só que a instituição ajude na criação de um espaço capaz de albergar o espólio já existente em Macau, mas também criar um possível festival, realizar oficinas na área e ainda formar profissionais, tanto de concepção dos bonecos como de manipulação dos mesmos. Se há oito anos ainda havia esperança que o Governo pudesse “tomar conta “ da iniciativa, para Amélia António, actualmente, e dadas as esperas e recuos por parte do Instituto Cultural (IC), pode ser tempo de “arrumar as botas”. Desistir já não é para Elisa Vilaça. “Enquanto há vida há esperança” diz a proprietária do espólio ao HM. Apesar da tristeza que sente em ver a degradação gradual dos cerca de 600 bonecos que estão no território, visto os restantes 300 estarem de momento em Portugal, não considera desistir ainda da procura de uma casa para a sua colecção. Se numa fase inicial os espaços poderiam não estar disponíveis para dar apoios, “até por questões derivadas de processos de degradação das casas”, o projecto mantém-se com “viabilidade para o futuro” na medida em que representa uma rentabilização dos recursos que já existem. São objectos de valor que relatam uma história e por isso de “todo o interesse para o próprio governo” adianta a proprietária enquanto reitera a inclusão da iniciativa nas campanhas de diversificação cultural e turística da RAEM. Elisa Vilaça diz “não ter nenhum interesse pessoal na iniciativa” e lamenta que por “ questões burocráticas e políticas” os objectos de colecção já apresentem alguns danos dada a ausência de condições de preservação: “há fatos de seda que já estão danificados porque não temos como garantir condições para a preservação das marionetas”. Projecto que não se levanta Pôr de pé o projecto do Museu de Marionetas prevê três fases de desenvolvimento, correspondentes a três anos, adianta Elisa Vilaça. Numa primeira, está prevista a construção e dinamização do museu com todas as informações já disponíveis onde se insere o enquadramento histórico e cultural de cada peça em três línguas: português, chinês e inglês. Segue-se a criação de uma escola de formação onde serão ministrados cursos de construção e manipulação de marionetas compreendendo também a respectiva divulgação nas escolas. Numa terceira fase, e “num culminar de toda a montagem do projecto”, é constituída uma área mais pedagógica e prática em que se inclui a criação de malas temáticas tendo como referência os países onde as marionetas têm tido maior predominância. Estas malas poderão ser requisitadas pelas escolas que com este material têm a possibilidade de desenvolver um projecto. Sendo que compreenderá uma vertente de linguagem, história e plástica, a aprendizagem será vista numa leitura transversal com base na arte das marionetas. História em silêncio A saga de procura de um apoio, nomeadamente por parte do Governo, teve inicio há cerca de oito anos, sendo que e para Amélia António, o feedback tem “sido muito pobre. Na altura pensámos que sendo um projecto interessante para a cidade, seria de todo o interesse para o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais.” Era ainda a instituição que tinha sob a sua tutela a realização de actividades culturais e por isso foi a “nossa primeira solicitação de apoio”. “Não nos disse rigorosamente nada”. Posteriormente foi apresentado ao IC e a “recepção foi muito simpática como sempre”, afirma a presidente da CPM, sendo que “as pessoas mostram entusiasmo mas e à semelhança das situações anteriores não tivemos resposta alguma.” Junto de Guilherme Ung Vai Meng, presidente do IC, terá sentido que “o assunto teria realmente algum interesse cultural e com valor”. Deste interesse, foi solicitada uma mostra que teve lugar em 2012 na Galeria do Tap Seac e que concretizou a primeira exposição de marionetas em Macau. Em 2014 uma parte do espólio, nomeadamente constituído por marionetas asiáticas foi a Portugal integrar um exposição no festival de Sintra. Das iniciativas tomadas Amélia António refere ainda que “durante alguns anos fizemos questão, para fundamentar o nosso projecto, de assinalar o dia internacional das marionetas.” Para o efeito a Casa de Portugal de Macau trouxe à região grupos de outras paragens a apresentar os seus espectáculos. O objectivo era mostrar “de alguma forma o potencial que tínhamos para criar mais uma linha de acção e trabalho na área da cultura no território e, assim, o Governo poder vir a abraçar a ideia com outro gosto. Agora, Elisa Vilaça afirma que “se houver instituições privadas, semi-privadas ou públicas” já tanto faz desde que possam, de alguma forma, fornecer o espaço físico. “Não necessita de grandes dimensões adianta, sendo que um dos objectivos é a criação de exposições itinerantes, para que o público possa ver uma apresentação diferente pelo menos “umas três ou quatro vezes por ano”. Alerta ainda para os vários espaços de Macau, aos quais não tem sido dada a devida atenção e que poderiam “muito bem albergar este projecto” nomeadamente as casas de Taipa ou mesmo o destino previsto para as casas de Avenida do Coronel Mesquita. O HM Macau entrou em contacto com o IC de modo a saber as razões pelas quais o processo em causa está parado e quais os projectos na calha para as Casas da Taipa ou da Rua Coronel Mesquita mas não conseguiu obter informações até ao final da edição.
Sofia Margarida Mota EventosFilme de jovem cineasta de Macau aplaudido em Paris “Belonging” é a produção que revelou um jovem da RAEM no panorama cinematográfico. O destaque em Paris abre portas a um futuro promissor do jovem cineasta [dropcap style≠’circle’]B[/dropcap]elonging é a história de George, um jovem sírio em busca da sua identidade depois de deixar o país e ir para Paris. George acaba por evocar as suas memórias enquanto escuteiro e assim redescobrir a sua pertença a uma comunidade. O filme está já seleccionado para inúmeros festivais incluindo o PLURAL+ Film Fest apoiado pelas Nações Unidas e teve também a sua passagem pela RAEM no Macau Short Sound and Image Challage. Foram estas nomeações que trouxeram a Pierre Ieong, produtor e realizador, a confiança para o futuro. O filme é de alguma forma uma procura de identidade que o realizador também viveu. Nasceu e cresceu em Macau, passou por Hong Kong e agora, aos 18 anos, está em Paris a terminar o ensino secundário com distinção governamental enquanto se aventura como freelancer na produção de fotografia e vídeo. Belonging foi a primeira produção de Pierre Ieong e o sucesso que a acompanhou trouxe o interesse do público e da indústria do cinema que está agora de olhos postos no jovem realizador. Apesar do sucesso do filme, a sua produção foi “relâmpago” diz Pierre Ieong ao HM. O realizador teve conhecimento do “dead line” de candidaturas ao Plural+ 15 dias antes da mesma. Foram duas semanas de produção que incluíram a concepção do guião, casting e construção de equipa de produção. As filmagens ocuparam quatro dias e a edição e montagem, “20 horas sem parar” para que o filme desse entrada a cinco minutos do fim de prazo que lhe veio a valer o reconhecimento, afirma o realizador. Belonging abriu as portas a financiamentos que, para Pierre Ieong já têm destino: novas produções baseadas em questões socioculturais, não deixando de frisar a sua esperança de que um dia possa fazer um filme sobre Macau. Da RAEM para o Mundo Pierre Ieong com apenas 18 anos já vê o seu nome nos ecrãs de cinema com produções e realizações próprias. Actualmente vive em Paris onde está a acabar o liceu tendo passado a infância na RAEM. Para além dos livros já abraça a profissão de fotógrafo e cineasta. O bichinho do cinema remonta a 2010 quando foi protagonista no Pavilhão de Macau na expo Xangai. Pierre relembra esta altura como o início do fascínio pela sétima arte. Refere a experiência como fonte de inspiração para começar a fazer os seus próprios filmes. Foi com 16 anos, e com a chegada a Paris que conheceu “mais pessoas com a mesma paixão pelo cinema” tendo-se voluntariado para participar na série juvenil Tatane. Para o realizador, apesar de considerar Macau um território próspero e emergente , é ainda um espaço onde faltam as oportunidades para jovens artistas e criadores. Pierre Ieong alerta ainda para a necessidade de dar mais apoio a actividades culturais de modo a encorajar os mais novos, ao mesmo tempo que defende que o envolvimento dos jovens em actividades culturais é “essencial para o crescimento mental”. Para Macau, deseja que enquanto centro de convergência entre várias culturas seja reconhecido internacionalmente, ao mesmo tempo que deixa o recado para os artistas locais: “empenho na aprendizagem com coragem porque os anos de juventude são aqueles em que há mais tempo, energia e vontade”. Estes são os motes para sair da zona de conforto e partir para o desconhecido onde se pode crescer e aprender, remata.
Sofia Margarida Mota EventosJoão Pedro Rodrigues e Guerra da Mata apresentam “Do Rio das Pérolas ao Ave” Os cineastas portugueses João Pedro Rodrigues e João Rui Guerra da Mata integram o 24º Curtas de Vila do Conde, levando consigo ares da Ásia e de Macau [dropcap style≠’circle’]C[/dropcap]om abertura a 2 de Julho e encerramento a 25 de Setembro, a exposição “Do Rio das Pérolas ao Ave” terá uma programação paralela de cinema no 24º Curtas Vila do Conde, de 9 a 17 de Julho, onde a dupla de realizadores vai apresentar uma misteriosa e histórica carta branca. “Do Rio das Pérolas ao Ave” é a primeira exposição em Portugal de João Pedro Rodrigues e João Rui Guerra da Mata, realizadores que assim, se aventuram num projecto transversal, mais relacionado com as artes-plásticas. A exposição será composta por instalações concebidas exclusivamente para o espaço da Solar, em articulação com a sua configuração sinuosa e recôndita, adianta a organização. A proposta dos cineastas é apresentar um percurso lúdico pelo universo de ambos, procurando estabelecer novos diálogos com os filmes e respectivos processos de produção, numa abordagem muito diferente da que acontece habitualmente na sala de cinema, adianta a organização. Esta representa ainda uma oportunidade para a dupla do cinema português apresentar e complementar o seu trabalho cinematográfico. Nesta exposição, serão apresentadas instalações-vídeo e objectos intimamente ligados à produção de filmes como “Alvorada Vermelha”, “Mahjong”, “Manhã de Santo António”, “O Corpo de Afonso” e “Parabéns” – que já passaram pelo Curtas Vila do Conde – e “Morrer como um Homem”, “O Fantasma” e “O Que Arde Cura”. A colaboração entre João Pedro Rodrigues e João Rui Guerra da Mata é ainda marcada por uma série de “filmes asiáticos” que assinalam o reencontro de Guerra da Mata com Macau, cidade onde o realizador passou a infância. A caminho de Paris “Do Rio das Pérolas ao Ave” antecipa a retrospectiva integral que João Pedro Rodrigues e João Rui Guerra da Mata vão apresentar no Centro Pompidou, em Paris, no final deste ano. A inauguração terá lugar no dia 2 de Julho, pelas 18 horas, com a presença dos realizadores e um convidado especial, que oferecerá os seus préstimos musicais em ambiente de “sunset”. Em complemento à exposição e a convite do Curtas Vila do Conde, João Pedro Rodrigues e João Rui Guerra da Mata vão apresentar no festival uma misteriosa e histórica carta branca. As três sessões integram uma selecção de curtas-metragens escolhidas pela dupla de cineastas de autores como Buster Keaton, Charles Chaplin, Jacques Tati, Alan Schneider, Jean Genet, Andy Warhol, Kenneth Anger, Jacques Demy e Jean-Luc Godard, entre outros enquanto filmes históricos e que desafiam as convenções do cinema narrativo. Destacam-se ainda nesta edição do festival de curtas uma visita guiada à exposição na Solar pelos próprios artistas/realizadores, na quinta feira, dia 14 de Julho e o de uma conversa aberta e debate, sessão especial na sala dois do Teatro Municipal, no sábado, dia 16 de Julho.
Hoje Macau EventosRelatos de sem abrigo na Livraria Portuguesa [dropcap style≠’circle’]“O[/dropcap] Pomar” de Rodrigo Barros, o livro que reúne quarenta narrativas na primeira pessoas sem abrigo de Lisboa, tem apresentação marcada para hoje, na Livraria Portuguesa às 18h30. Segundo a apresentação do evento na página do facebook da Livraria Portuguesa, “O Pomar” reúne o testemunho de quatro dezenas de sem-abrigo. O suficiente, segundo o poeta José Tolentino Mendonça, para traçar “um retrato desarmante do Portugal contemporâneo”. Tolentino alerta ainda para a importância em olhar para estes relatos “do ponto de vista da política e da vida civil, da cultura e da qualidade da coesão humana que as nossas sociedades fomentam.” As histórias são de sobreviventes do dia a dia “numa infelicidade e num (anti) heroísmo que ignoramos.” Ilustrativamente José Tolentino Mendonça refere a criação por um dos sem abrigo de uma história de ficção: Nasci no planeta XKL 23 Omnipotentis. Sou um chimita. Foi por acidente que a minha nave veio parar aqui à Terra. Foi depois de passarmos por Andrómeda que os problemas começaram… Lá em cima parece tão bonita a Terra. Cá em baixo é uma confusão. Não me adapto. Construí um emissor para enviar mensagens de socorro a XKL Omnipotentis. Até agora não houve resposta’.” A apresentação levada a cabo pelo jornalista, escritor e editor Carlos Morais José e será seguida pela projecção do documentário “Nocturnos” e conta com entrada livre.
Sofia Margarida Mota Eventos MancheteGrafiti | Macau ainda tem muito caminho para andar Reabilitar edifícios devolutos com cores e imagens. Dar voz aos artistas que usam o grafiti para transformar Macau numa região mais actual, mais interventiva e mais bonita. Deixar que a arte urbana invada a RAEM e assim acompanhar tendências internacionais na diversificação cultural. Estas são as premissas que poderiam fazer da Macau uma casa para o grafiti, uma solução para as paredes abandonadas e um chamariz para o turismo [dropcap style=’circle’]E[/dropcap] se Macau fosse uma galeria a céu aberto à semelhança de projectos que já se fazem um pouco por todo o mundo? O grafiti tem sido o rei na lavagem de cara de muitos espaços públicos e privados um pouco por todo o lado. A arte urbana passou de marginal a acarinhada não só pelos seus criadores como por um público que cada vez mais a aprecia. Viajar para ir a estes novos “museus” já consta dos planos de muitos e alguns já fazem parte dos roteiros mais apreciados. Em Macau o aproveitamento de espaços antigos devolutos para a criação, nomeadamente para obras em grafiti, também é assunto que não passa despercebido. São interessados os criadores locais, a população e mesmo os deputados. Ainda esta semana o tema foi mote de interpelação por parte da Angela Leong. A deputada interpela o governo precisamente acerca da criação de uma zona para grafiti nos bairros antigos enquanto atracção turística e cultural. No que respeita ao património público o Instituto Para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) disse ao HM que terá tido um espaço dedicado a este género de arte na Rua dos Mercadores, num espaço alugado. No entanto e após a devolução ao respectivo proprietário o espaço estaria destinado a outros fins de foro privado e como tal não poderia interferir. É hoje um parque de estacionamento. Salientou ainda que sem autorização ninguém pode interferir no espaço público sob risco de ser acusado de vandalismo. O crime que representa a possível utilização de espaço para o grafiti é corroborado pela Polícia de Segurança Pública que confirma ao HM que o acto é classificado de Dano Qualificado, incorrendo a pena de multa ou prisão. Quanto ao aproveitamento artístico de espaços, o IACM afirma que não será da sua tutela, remetendo a responsabilidade para o Instituto Cultural (IC). O IC adianta que está empenhado na promoção das diferentes formas artísticas na RAEM salientando a recente criação de uma zona especial de exposições no lago Nam Van para a qual convidou a equipa de artistas locais GANTZ5 Crew para realizar um trabalho entre Maio e Junho integrado na iniciativa “Anim’Arte NAM VAN”. Não adianta, no entanto, qualquer outra informação sobre a reutilização de mais espaços para promoção do grafiti. Colectivo local A GANTZ5 Crew é o colectivo de artistas locais que se dedica ao grafiti na RAEM. Pat Lam que assina como PIBZ é um dos membros da Crew e começou a pintar paredes em 1999. Para o artista, é “como dar um presente à cidade”. O colectivo já tem trabalhos espalhados por Macau e para Pat, actualmente é mais fácil pintar grafiti, lembrando as detenções e os problemas com as autoridades por que já passou. Para o artista o grafiti traria a Macau uma atenção especial. Salienta ainda a sua importância no alerta para os edifícios mais antigos e em mau estado enquanto pensa na “reabilitação” artística, mesmo que temporária dos mesmos. Pat afirma ainda a falta de espaços para pintar e relembra o projecto que animou a Rua dos Mercadores e a sua importância, lamentando o fim do mesmo, sem continuidade ou alternativa. A utilização das zonas mais antigas de Macau é ainda considerada uma mais valia tanto cultural como promotora de mais visitantes à região. Fica a questão dee porque é que a RAEM não promove o grafiti enquanto cartão de visita turístico ao mesmo tempo que dá “outro ar” à “baixa” da cidade. Por esse mundo fora O grafiti tem vindo a sair dos subúrbios urbanos onde nasceu enquanto arte marginal, de intervenção e reflexão social, e tem vindo a ocupar o coração das grandes cidades. O fenómeno é visível um pouco por todo o mundo e os seus protagonistas cada vez mais destacados internacionalmente. Há cidades pelo mundo fora que são já são denominadas “amigas do grafiti”. Lisboa por exemplo, é uma delas tendo registado nos últimos anos um elevado aumento de turistas para visitar as suas paredes pintadas. Na Europa é já tida como a capital do grafiti. Também a Ásia tem vários exemplos entre os quais se destaca Kaosiung em Taiwan onde o governo tem vindo a expandir cada vez mais os espaços para que os artistas possam pintar legalmente. O governo local deu andamento à legalização do que chama de arte pública e com um espaço mais alargado de tela urbana, promove não só os artistas locais como cativa talentos de fora. Kaosiung é agora também um destino para uma vaga de visitantes que à semelhança de Lisboa procuram mais oferta no designado turismo cultural. A movimentada Shibuya em Tóquio ou o não menos conhecido Soho de Hong Kong não são excepção e já contam com espaços assinados por artistas internacionalmente reconhecidos como Space Invader, Titi Freak, ou do português Vhils. Alexandre Farto, também conhecido por Vhils foi um dos nomes do ano passado referido pela revista Forbes enquanto talento português e o já consagrado e ainda anónimo Banksy que chama tantos a conhecer as paredes que vai pintando, esteve nos nomeados às 100 pessoas mais influentes do mundo da Time em 2010.
Hoje Macau EventosFRC | Um mês de filmes na Casa Garden O III Ciclo de Cinema dedicado aos assuntos da lei avança para mais um mês em que o advogado é estrela. São seis os filmes que fazem parte do cartaz que vai encher o ecrã da casa Garden de 21 de Junho a 21 de Julho [dropcap style=’circle’]N[/dropcap]a sétima arte tudo é possível. Da fantasia ao espelho da realidade, o grande ecrã a todos acolhe. O exercício de determinadas profissões não é excepção e a Fundação Rui Cunha, não alheia ao facto, pôs mãos à obra em mais um ciclo de cinema. Quem assume a rédea é o CRED-DM – Centro de Reflexão, Estudo e Difusão do Direito de Macau que numa parceria com a Fundação Oriente (FO) apresenta um mês de mão cheia de filmes em que a realidade do exercício legal está em destaque. Nesta edição, a programação ficou a cabo de Francisco Gaivão. Ao HM o advogado diz que escolheu essencialmente filmes de que gosta e que são “mais centrados na perspectiva do advogado dentro da teia do filme”. Por outro lado também é “limitado aos que conheço melhor e que são os americanos, entre clássicos e contemporâneos”. As películas escolhidas para preencher este mês tocam questões delicadas e éticas que segundo Francisco Gaivão são aspectos fundamentais “principalmente quando se trata de advocacia criminal” sendo que da selecção constam produções que se passam essencialmente em casos de julgamento em que “algumas são situações reais”. É também no exercício da advocacia criminal que o profissional se vê mais envolvido em questões e dilemas éticos em que “tem mesmo que por de lado as suas convicções pessoais para que possa cumprir a sua função legal”. À conversa Cada sessão é seguida de dois dedos de conversa entre o público onde “se fala um bocadinho sobre o filme e se discute algumas das coisas mais interessantes do que se esteva a assistir”. O mote escolhido para o ciclo foi inspirado na frase de Voltaire ” Eu queria ser advogado, é o mais belo estado do mundo” tendo em conta que o programador partilha da mesma opinião corroborando com “uma das mais nobres profissões de toda e qualquer sociedade.” As sessões têm lugar às 19h30, antecedido de um cocktail a partir das 19h00 e contam com entrada livre. 21 de Junho A Few Good Men, 1992, de Rob Reiner. Após um soldado morrer acidentalmente numa base militar, depois de ter sido atacado por dois colegas da corporação, surge a forte suspeita de ter existido um “alerta vermelho”, uma espécie de punição extra-oficial na qual um oficial ordena a subordinados seus que castiguem um soldado que não tenha se comportado correctamente. Quando o caso chega aos tribunais, um jovem advogado (Tom Cruise) resolve não fazer nenhum tipo de acordo e tentar descobrir a verdade. 28 de Junho – Philadelphia, 1993, de Ron Nyswaner Andrew Beckett (Tom Hanks) é um promissor advogado que trabalha para um tradicional escritório da Filadélfia. Após descobrirem que é portador de HIV, Andrew é despedido. Decide assim contratar os serviços de Joe Miller (Denzel Washington), um advogado negro e homofóbico. Durante o julgamento, é este advogado que é forçado a encarar seus próprios medos e preconceitos. 5 de Julho – Erin Brockovich, 2000, de Steven Soderbergh Erin (Julia Roberts) é a mãe de três filhos que trabalha num pequeno escritório de advocacia. Quando descobre que a água de uma cidade no deserto está a ser contaminada e a espalhar doenças entre os seus habitantes, começa a investigar a situação. Com astúcia consegue convencer os habitantes da cidade a cooperarem com ela, fazendo com que tenha em mãos um processo de 333 milhões de dólares. 12 de Julho – A Time to kill, 1996, de Joel Schumacher Em Canton, no Mississipi, dois brancos espancam e estupram uma menina negra de dez anos. São presos mas quando são levados ao tribunal para o devido julgamento, o pai da menina (Samuel L. Jackson) decide fazer justiça com as próprias mãos e mata os dois criminosas em frente a diversas testemunhas e fere seriamente um polícia. É este pai que vai a tribunal por assassinato numa sociedade ainda dividida do sul dos Estados Unidos. 19 de Julho – Reversal of Fortune, 1990, de Barbet Schroeder Em Dezembro de 1979, Sunny von Bülow (Glen Close), herdeira de 14 milhões de dólares, entra em coma irreversível. O seu marido, Claus von Bülow (Jeremy Irons), é acusado de ser o responsável por ter utilizados doses altas de insulina e contrata o professor de Direito Alan Dershowitz (Ron Silver) para provar a sua inocência. Baseado em factos reais, o filme recupera um dos julgamentos mais famosos da década de 1980. 21 de Julho – My cousin Vinny, 1992, de Jonathan Lynn Quando Bill Gambini (Ralph Macchio) e um amigo são acusados de assassinato decidem chamar Vincent La Guardia Gambino (Joe Pesci), um primo de Bill que é advogado, para os defender. Quando Vinny chega sabe-se que acabou de se licenciar e que nunca passou por nenhum processo.
Hoje Macau EventosWorkshop aberto de pintura [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]cha que tem jeito para a pintura? Gostava de participar na produção colectiva de um quadro? Então é assim: amanhã, sábado, pelas 15H, o artista plástico Alexandre Baptista, que esta semana estreou a sua exposição “Desenhar é Dar o Coração” no albergue da Santa Casa da Misericórdia, vai coordenar no mesmo local um workshop para a produção de um quadro numa tela com 3Mx1.5M. A pintura será efectuada com tintas acrílicas para a coisa não ficar tão difícil. Para já, sabe-se que participarão na obra Carlos Marreiros, Pakeong Sequeira, Wilson Lam, Erik Fok, Jason U, Alexandre Marreiros e, provavelmente, você que acabou de ler esta notícia. A sessão dura até às 19 horas.
Manuel Nunes Eventos MancheteAlexandre Marreiros expõe no MAM: “Uma leitura do tempo com T maiúsculo” Arquitecto, mas apaixonado por desenho e pelo trabalho manual desde pequeno, Alexandre Marreiros foi para o Rio de Janeiro estudar os grandes arquitectos brasileiros contemporâneos mas acabou apaixonado pelas favelas. Um lugar onde “as coisas vão-se aniquilando mas sempre com um final feliz”. O resultado é “um registo documental que acabou na pintura” [dropcap style=’circle’]“C[/dropcap]omo arquitecto interessa-me a arquitectura que se desenvolve de uma forma vernacular. A casa, o lugar onde nós como humanos nos sentimos seguros”, começa por nos contar Alexandre Marreiros. Foi para o Rio de Janeiro estudar os grandes arquitectos contemporâneos brasileiros mas acabou, como ele diz “fulminado, de uma forma quase alérgica” pelas favelas. Um fenómeno urbano que descreve como “um manto bordado que cobria aquelas montanhas”. É também esta ligação quase natural do construído pelo homem com o disposto pela natureza que interessou Marreiros. “O Rio tem aquela topografia especial, montanhosa, e é admirável como pessoas sem know-how conseguiram adaptar-se ao local e o deixam falar por si, como a acção do homem se adapta ao que já lá estava”, diz Alexandre, confessando mesmo que “não conseguiria fazer um manifesto arquitectónico melhor”. Naturalmente, Alexandre não acha a melhor forma de vida mas considera que “à medida de que vai sendo construída a história bate sempre certo, há uma relação com o lugar. As coisas vão-se aniquilando mas há sempre um final feliz” Curioso por saber como tudo aquilo se desenvolvia passou grande parte dos seis meses que esteve no rio de Janeiro a deambular pelo Complexo do Alemão (o maior complexo de favelas do mundo) e na favela do Tabajaras. Indo às origens “Cnidosculos Quercifolius”, assim se designa a exposição, é o baptismo latim para – a planta favela, endémica do Brasil, que deu origem ao termo “favela” como fenómeno de habitação marginalizada, ilegal. Uma definição que, garante Marreiros, “deve-se a ao regresso dos soldados ao Rio de Janeiro após a Guerra dos Canudos, onde encontraram condições miseráveis de habitação na primeira favela do Brasil, o morro da Providência. Mas, para Alexandre, as favelas também “são cor e são luz”, que assim começa por explicar ao HM como chegou a este trabalho. O objectivo não é o de gerar grandes reflexões mas sim o de “proporcionar algumas pistas que possam conduzir as pessoas a descodificarem as histórias que existem na arquitectura e que são transportadas para a pintura”, explica. O particular que forma o todo “Tento apresentar ao observador a ideia de espaço que começa com um registo de desenho e um registo fotográfico exaustivo e acabou, por minha necessidade, na pintura”, adianta Alexandre, porque só a pintura consegue “transportar o registo para uma composição de cor, de espaço, de vazio, de afastamento entre as coisas que também podem ser lidas como um todo”. A sua sensação da favela. Um local delimitado, onde em que o particular forma o todo. A fita cola colorida, que pode ser observada nalguns dos trabalhos, surge pelo interesse plástico que o material lhe suscitou e por lhe aportar a cor da favela. “Aparece de uma forma tosca porque ou faço as coisas muito certinhas ou muito toscas. Ando nessa procura”. Para Alexandre, “as favelas são como a construção de um quadro”. “Um lugar onde existe um espaço e um limite, em que as formas, as linhas e as manchas se vão adequando a esse limite”, explica. “A preocupação foi transportar para esta exposição o que entendo ser a arquitectura hoje em dia”. Ou seja, para Alexandre a arquitectura é “a história das coisas construídas, vividas, habitadas e que manifestam sempre a sua cultura”. Para o artista, “através da arquitectura podemos ler o nosso tempo. A favela não fazia sentido há 200 anos mas hoje é necessária. É uma leitura do tempo com T maiúsculo”. Transformação fulminante Macau não podia fugir da conversa e aproveitámos para saber como Alexandre Marreiros vê a cidade. A resposta não tardou. “É fulminante a forma como se transforma”. A falta de planeamento, todavia, é algo que o preocupa esperando que este venha a existir pelo menos nos novos aterros. “Ainda consigo ler muitas histórias nesta tradição de conquista de terras ao mar. Afastar tecido antigo do que se foi desenvolvendo menos bem. É uma cidade que ainda me conta histórias bonitas mas com alguns capítulos mais negros de permeio.” Mas também existem vislumbres do futuro que, para ele, será “uma massificação de descaracterização”, com alguma pena sua mas, como não acredita que a arquitectura seja intemporal, mas sim “muito efémera”, entende que a descaracterização que se adivinha será apenas uma marca do que foi este tempo de agora. “Não é mau nem bom, mas talvez outro tipo de estratégia fosse mais adequado”. Algo o anima, todavia, a recente abertura da faculdade arquitectura dá-lhe esperança. “Espero que. daqui a uns anos, (os novos arquitectos) possam ter uma opinião clara e, acima de tudo, competente da cidade.” A culpa é do desenho Nascido em 1984 em Cascais, Portugal, Alexandre Marreiros estudou artes no liceu, formou-se em arquitectura pela Faculdade de Arquitectura e Artes da Universidade Lusíada de Lisboa, onde posteriormente obteve o grau de mestre. “O que me conduziu à arquitectura foi o desenho. Sempre gostei de desenhar. Fiz muitas cabanas , muitas árvores, muitos carrinhos de rolamentos. Tive um percurso de artes antes mas na altura de decidir optei pela arquitectura sem nunca me desligar muito das artes plásticas”. Exibiu em exposições colectivas em Lisboa, individualmente na Galeria GivLowe e na Casa Lusitana. Recentemente, participou como artista convidado no Festival Silêncio de Lisboa e no Festival Literário de Macau. Em 2015 recebeu uma menção honrosa da Ilustração Contemporânea Portuguesa. Vive e trabalha em Macau. A exposição inaugura hoje, pelas 18:30H no Museu de Arte de Macau.