Performance | Teatro Areia Preta apresenta “Moon Light” no Iao Hon

O movimento e a música vão inundar, este fim-de-semana, o espaço público na Praça Iao Hon com um espectáculo de autoria do Teatro Areia Preta. A peça tem como pano de fundo o drama vivido pelos refugiados sírios e as guerras que empurram as pessoas para a estrada

[dropcap style≠’circle’]S[/dropcap]exta-feira, sábado e domingo, pelas 18h30, a Praça Iao Hon será palco de uma performance intitulada “Moon’s Light”, que traz para a rua o movimento e a acrobacia do Teatro Areia Preta. A companhia tem como público habitual as crianças, mas este fim-de-semana apresenta uma performance inspirada nas migrações.

“É uma peça de teatro físico com muito conteúdo de acrobacia aérea”, desvenda António Martinez, director artístico da companhia e um dos performers que vai pisar o palco. Sendo mais específico, acrescenta que é “um espectáculo com muito impacto em termos visual, colorido, com muitos elementos de acrobacia, música e sem texto”. Não é de estranhar, uma vez que esta é a linha de trabalho normalmente trilhada pela companhia. A estética que lhes é mais familiar.

Com a música e o movimento como panorama, a peça conta histórias de viagens constantes das nossas vidas, assim como as consequências e sentimentos que essas deambulações trazem às pessoas. “Moon’s Light” pretende reflectir o drama provocado pelo conflito sírio, as condições desumanas que os refugiados enfrentam. Através dos meios que caracterizam as actuações do Teatro Areia Preta – andas, acrobacias e multimédia – a peça apresenta ao público a fatalidade e as consequências da guerra, oferece catarse para os horrores dos conflitos e perspectiva um cenário de esperança.

Este é um contexto importante para António Martinez. “O teatro não pode deixar de ser uma plataforma para empurrar o público a pensar na situação que estamos a viver”, explica. Para o director do Teatro Areia Preta, o activismo e a lucidez perante a actualidade é algo que naturalmente impregna a inspiração artística e a impele a transmitir uma mensagem ao público. “Mesmo que não estejamos directamente envolvidos, a crise dos refugiados é um problema global que afecta todos, e temos de nos posicionar. É por isso que é importante o teatro agitar a consciência crítica das pessoas”, revela António.

Ao luar

A performance “Moon’s Light” não se baseia unicamente na situação da Síria. O director da companhia explica que também os fluxos migratórios “dos países da América do Sul para o Norte, de África para a Europa. No fundo, as viagens de quem foge do conflito e da miséria em busca de um recomeço, de uma vida nova, “é o nexo de união da peça toda”, revela António Martinez.

Outro dos elementos em destaque na apresentação será o próprio meio, a rua, assim como o público, bem diferente do convencional espectador de teatro.

“Não é a mesma coisa apresentar uma peça no Centro Cultural, ou na praça Iao Hon”, explica o director da companhia. Esta não é a primeira vez que o Teatro Areia Preta toma as ruas como palco, aliás, há quatro anos apresentaram um espectáculo no mesmo local deste fim-de-semana.

“Conhecemos os nossos públicos, temos alguns anos de experiência. O público da Praça Iao Hon é muito especial, são as pessoas que moram naquele bairro e que não frequentam salas de teatro”, conta António Martinez. O director e performer salienta que os espectadores da zona norte de Macau são, em regra, generosos, com grande entrega.

Este tipo de espectáculo cria um tipo de feedback diferente entre quem o vê e quem o executa. “No palco de rua há um diálogo muito especial, porque o público tem uma frescura quase infantil, está a ver algo que não esperava, que agradece muito qualquer gesto”, explica.

Normalmente, as peças do Teatro Areia Preta têm como as crianças como principais espectadores. Desta feita, o espectáculo, que decorre no âmbito do Festival de Artes de Macau, promete entreter e despertar consciências.

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