IC | Festival de Artes de Macau arranca na sexta-feira

A 33.ª edição do Festival de Artes de Macau está à porta, com espectáculos e dança contemporânea, teatro dança, palestras e exibições de filmes. Com início oficial marcado para sexta-feira, destaque para o espectáculo de abertura “A Sagração da Primavera”, na sexta-feira e sábado, no Centro Cultural de Macau

 

Está prestes a começar a 33.ª edição do Festival de Artes de Macau (FAM), que arranca oficialmente na próxima sexta-feira, com um programa variado que se estende até 28 de Maio. Regressa assim um dos maiores eventos culturais do território, após três anos de paralisia provocada pelas medidas de combate à pandemia.

O espectáculo que irá marcar a abertura do FAM é “A Sagração da Primavera”, da responsabilidade da Companhia de Dança Contemporânea Pavão, que subirá ao palco do grande auditório do Centro Cultural de Macau na sexta-feira e sábado, às 20h. Ainda há bilhetes para os espectáculos, com preços entre 120 e 300 patacas.

“A Sagração da Primavera” é aquilo a que se pode designar um começo arrebatador. Resultado das visões da encenadora e coreógrafa Yang Liping e do director visual Tim Yip, esta obra de dança contemporânea não se poupa à ousadia e à sumptuosidade para retratar o poder da destruição e da regeneração.

A proposta da Companhia de Dança Contemporânea Pavão reinventa uma obra pioneira centenária, baseada na linguagem musical única da composição de Stravinsky, “preservando o apelo da obra-prima consagrada com a sua engenhosidade”, aponta o Instituto Cultural (IC).

A extravagante aventura que abre o FAM deste ano começou em 2016, quando a bailarina Yang Liping, famosa pelas suas interpretações da dança do pavão, foi convidada para repor a obra de Stravinsky. Após três anos de aperfeiçoamento com vários artistas, incluindo Tim Yip e He Xuntian, Yang trouxe uma nova vitalidade à obra-prima centenária, impregnada de simbologia, filosofia e estéticas orientais. Sacrifícios de donzelas, paganismo e rituais, e inspirações budistas discorrem na coreografia num trajecto de transcendência da vida e morte.

No sábado de manhã, entre as 11h30 e as 13h, duas bailarinas da Companhia de Dança Contemporânea Pavão ministram um workshop de dança na sala de ensaios polivalente do Centro Cultural de Macau.

Maya Dong e Xiao Qixin vão orientar os participantes para um recomeço do zero, ajudando-os a “compreender, a partir dos fundamentos do uso do corpo, a qualidade primordial da dança como linguagem corporal, o próprio corpo, a coordenação dos movimentos, o controlo do corpo e a razão pela qual este se move”, indica o IC.

Ventos e tempestades

No sábado e domingo, às 19h30, o Sands Theatre acolhe “Ligações de Hato”, um espectáculo de ópera cantonense multimédia apresentado pela Associação de Ópera Cantonense Zhen Hua Sing.

A peça tem como tema central o super tufão Hato, que atingiu Macau em 2017, causando 10 mortos, mais de 200 feridos, grandes inundações, cortes de energia e água e interrupções nas redes, deixando a cidade devastada com ruas bloqueadas por árvores caídas e cheias de lixo.

O espectáculo apresenta uma interpretação ao estilo da ópera cantonense das dificuldades que o território atravessou durante e depois da passagem do tufão, enaltecendo o apoio da Guarnição de Macau do Exército Popular de Libertação da China. O IC acrescenta que “Ligações de Hato” combina a essência “da ópera cantonense tradicional e a tecnologia multimédia do teatro moderno, com uma abordagem artística engenhosa”, celebrando “os nobres sentimentos do povo de Macau que ama a cidade e o país com dedicação altruísta”. Os bilhetes para “Ligações de Hato” custam entre 120 e 220 patacas.

No domingo à tarde, entre as 15h e as 16h, o produtor executivo e principal actor da companhia, Chu Chan Wa, irá dirigir uma palestra sobre o espectáculo na sala multifunções Reflections, no 6° andar do Sands Macao.

Uma ópera cantonense composta por Chu Chan Wa foi reconhecida pelo Departamento de Propaganda do Comité Central do Partido Comunista da China e pelo Ministério da Cultura e Turismo da República Popular da China.

Nos primeiros eventos do FAM de 2023, destaque ainda para a projecção do filme “Pina” do cineasta alemão Wim Wenders, na sexta-feira às 19h30 no Grand Theater dos Galaxy Cinemas.

O IC refere que “Pina” não é apenas uma homenagem a Pina Bausch, uma das melhores bailarinas e coreógrafas das últimas duas décadas, mas “um filme que preserva a enorme paixão, energia e estima que os seus bailarinos tinham por ela, visto através do olhar singular e documental de Wim Wenders. Os bilhetes para a sessão custam 80 patacas.

24 Abr 2023

31.º Festival de Artes de Macau arranca amanhã depois de pausa de um ano

Vinte programas de teatro, dança, música e artes visuais integram o programa do 31.º Festival de Artes de Macau (FAM), que arranca amanhã, depois de uma pausa de um ano, devido à pandemia da covid-19. Com o tema “Reiniciar” e até 29 de Maio, o festival também vai apresentar cerca de 100 actuações e actividades do Festival Extra, uma extensão da iniciativa principal, através do qual se procura levar a arte à comunidade, dividindo-se em 18 atividades em 24 sessões.

Para o Instituto Cultural (IC), que organiza o evento, o objectivo do FAM é “construir uma plataforma de intercâmbio artístico internacional e para os artistas locais apresentarem as suas obras, oferecendo uma variedade de programas locais e estrangeiros”.

No entanto, o actual momento pandémico obrigou a organização a “privilegiar as produções do interior da China e de Macau”, disse a presidente do IC, Mok Ian Ian, em Março, na apresentação da 31.ª edição do FAM.

A abertura “Cobra Branca” está a cargo do Estúdio de Teatro Lin Zhaohua, de Pequim, com um espectáculo que redesenha os personagens “do popular conto chinês ‘A Lenda da Cobra Branca’ de forma artística e imaginativa, combinando teatro, música, dança e arte multimédia”, indicou o IC.

O espectáculo de encerramento “Tirando Licença” é uma produção adaptada da peça homónima do dramaturgo norte-americano Nagle Jackson, apresentada pelo Teatro Nacional da China e encenada por Wang Xiaoying, e conta “a história de um experiente actor, outrora aclamado pelas interpretações do Rei Lear, que se aproxima do fim da sua vida, vagueando frequentemente entre o mundo real e o delírio, a fim de testemunhar com o público a fragilidade e a eternidade da vida”.

Prata da casa

O programa inclui o Teatro de Ópera Huangmei da província chinesa de Anhui (leste), que apresenta uma nova produção da peça clássica “O Sonho da Câmara Vermelha”, representada “pela nova geração de actores (…), transmitindo tradição e inovação”. A ópera Huangmei faz parte do Património Cultural Intangível Nacional chinês.

Do Grupo de Dança e Teatro Jin Xing de Xangai, “uma das principais companhias de dança moderna da China”, às crianças da Escola de Teatro do Conservatório de Macau e jovens alunos do curso de Representação de Ópera Cantonense, a fusão das artes que integram o festival oferece ainda ao público espetáculos como “a singular produção de teatro em patuá”, uma língua crioula de base portuguesa, pela mão do grupo de Teatro Dóci Papiaaçám di Macau.

Plataforma de desenvolvimento profissional de vários grupos artísticos locais, o FAM apresenta, entre outros, a Dança do Dragão Embriagado, pelo grupo Four Dimension Spatial na forma de um teatro de dança que alia uma actividade tradicional do festival à dança contemporânea, enquanto o teatro documentário “Vejo-te através de Memórias da Associação de Workshops de Arte Experimental Soda-City” explora o passado e o presente deste bairro intimamente ligado ao mar, passando também em revista as transformações da cidade. A maioria das actividades do FAM, que conta um orçamento de 21 milhões de patacas, são gratuitas.

29 Abr 2021

IC admite que o cartaz do Festival de Artes de Macau foi plagiado

[dropcap]O[/dropcap] Instituto Cultural (IC) foi acusado de plágio no cartaz de promoção do espectáculo de encerramento do Festival de Artes de Macau que anuncia a ópera “A alma de Macau”. As denúncias chegaram ao canal de notícias “All About Macau”.

De acordo com esta fonte, os autores das imagens utilizadas no cartaz acusam ainda o IC de ter desvalorizado a situação num primeiro momento, quando alertado, e depois de lhes ter sido oferecido dinheiro em troca da resolução da situação em privado.

A presidente do IC, Mok Ian Ian, não nega o plágio e acabou por explicar o que aconteceu. “O colega responsável pelo design recolheu na Internet uma série de imagens de ópera cantonense como referência para conceber o cartaz”, começou por dizer à TDM. Segundo a responsável, as imagens acabaram por ser utilizadas como elementos de composição do cartaz. “Terá sido isso que aconteceu pelo que percebemos para já”, disse.

Explicações dadas

Segundo a directora do IC, o autor foi contactado a fim de lhe ser prestado esclarecimentos. “Falámos com a pessoa afectada para lhe explicar o incidente e para pedir desculpa em nome do IC. Essa pessoa aceitou o nosso pedido de desculpas”, apontou Mok. “Depois de um processo de conversação vamos pagar os direitos de autor e indicar os créditos da imagem”, acrescentou a presidente do IC.

No entanto a responsável não adiantou os valores a pagar pelos direitos de autor, nem as consequências deste plágio para o funcionário que desenhou o cartaz.

O cartaz em causa anunciava o espectáculo de 1 de Junho, “A Alma de Macau”, uma cooperação com a Trupe de Ópera Cantonense de Foshan. De acordo com a apresentação do IC, “o espectáculo é a interpretação de um evento verídico que teve lugar em Macau em 1849”. “A Alma de Macau” é uma obra adaptada pelo dramaturgo Li Xinhua, a partir de uma peça homónima de ópera de Pequim. Os papéis principais são divididos entre o cantor local Chu Chan Wa e Li Shuqin, director da Trupe de Ópera Cantonense de Foshan.

9 Abr 2019

Performance | Teatro Areia Preta apresenta “Moon Light” no Iao Hon

O movimento e a música vão inundar, este fim-de-semana, o espaço público na Praça Iao Hon com um espectáculo de autoria do Teatro Areia Preta. A peça tem como pano de fundo o drama vivido pelos refugiados sírios e as guerras que empurram as pessoas para a estrada

[dropcap style≠’circle’]S[/dropcap]exta-feira, sábado e domingo, pelas 18h30, a Praça Iao Hon será palco de uma performance intitulada “Moon’s Light”, que traz para a rua o movimento e a acrobacia do Teatro Areia Preta. A companhia tem como público habitual as crianças, mas este fim-de-semana apresenta uma performance inspirada nas migrações.

“É uma peça de teatro físico com muito conteúdo de acrobacia aérea”, desvenda António Martinez, director artístico da companhia e um dos performers que vai pisar o palco. Sendo mais específico, acrescenta que é “um espectáculo com muito impacto em termos visual, colorido, com muitos elementos de acrobacia, música e sem texto”. Não é de estranhar, uma vez que esta é a linha de trabalho normalmente trilhada pela companhia. A estética que lhes é mais familiar.

Com a música e o movimento como panorama, a peça conta histórias de viagens constantes das nossas vidas, assim como as consequências e sentimentos que essas deambulações trazem às pessoas. “Moon’s Light” pretende reflectir o drama provocado pelo conflito sírio, as condições desumanas que os refugiados enfrentam. Através dos meios que caracterizam as actuações do Teatro Areia Preta – andas, acrobacias e multimédia – a peça apresenta ao público a fatalidade e as consequências da guerra, oferece catarse para os horrores dos conflitos e perspectiva um cenário de esperança.

Este é um contexto importante para António Martinez. “O teatro não pode deixar de ser uma plataforma para empurrar o público a pensar na situação que estamos a viver”, explica. Para o director do Teatro Areia Preta, o activismo e a lucidez perante a actualidade é algo que naturalmente impregna a inspiração artística e a impele a transmitir uma mensagem ao público. “Mesmo que não estejamos directamente envolvidos, a crise dos refugiados é um problema global que afecta todos, e temos de nos posicionar. É por isso que é importante o teatro agitar a consciência crítica das pessoas”, revela António.

Ao luar

A performance “Moon’s Light” não se baseia unicamente na situação da Síria. O director da companhia explica que também os fluxos migratórios “dos países da América do Sul para o Norte, de África para a Europa. No fundo, as viagens de quem foge do conflito e da miséria em busca de um recomeço, de uma vida nova, “é o nexo de união da peça toda”, revela António Martinez.

Outro dos elementos em destaque na apresentação será o próprio meio, a rua, assim como o público, bem diferente do convencional espectador de teatro.

“Não é a mesma coisa apresentar uma peça no Centro Cultural, ou na praça Iao Hon”, explica o director da companhia. Esta não é a primeira vez que o Teatro Areia Preta toma as ruas como palco, aliás, há quatro anos apresentaram um espectáculo no mesmo local deste fim-de-semana.

“Conhecemos os nossos públicos, temos alguns anos de experiência. O público da Praça Iao Hon é muito especial, são as pessoas que moram naquele bairro e que não frequentam salas de teatro”, conta António Martinez. O director e performer salienta que os espectadores da zona norte de Macau são, em regra, generosos, com grande entrega.

Este tipo de espectáculo cria um tipo de feedback diferente entre quem o vê e quem o executa. “No palco de rua há um diálogo muito especial, porque o público tem uma frescura quase infantil, está a ver algo que não esperava, que agradece muito qualquer gesto”, explica.

Normalmente, as peças do Teatro Areia Preta têm como as crianças como principais espectadores. Desta feita, o espectáculo, que decorre no âmbito do Festival de Artes de Macau, promete entreter e despertar consciências.

11 Mai 2017

Festival de Artes de Macau | Três estreias para o fim-de-semana

[dropcap style≠’circle’]É[/dropcap] já esta sexta-feira que arrancam três novos espectáculos inseridos na 18ª edição do Festival de Artes de Macau (FAM). ANECKXANDER decorre no edifício do antigo tribunal até à próxima segunda-feira, tratando-se de um solo criado pelo bailarino belga Alexander Vantournhout. É, segundo o Instituto Cultural, “uma autobiografia trágica do corpo”, que procura garantir “o equilíbrio na linha ténue entre a tragédia e a comédia”. Neste espectáculo, o bailarino “reexamina o seu próprio corpo num cenário minimalista”.

Outro espectáculo que também arranca já no dia 5 é “Hu(r)mano”, uma peça de dança urbana coreografada pelo português Marco da Silva Ferreira. Este espectáculo visa explorar “a tensão entre homens e cidades nos nossos dias”.

Por sua vez, “Rusty Nails & Outros Heróis” é apresentado pela companhia teatral holandesa TAMTAM objektentheater, sendo um “divertido teatro através de objectos, imagens, música e vídeo”.

Na segunda-feira, dia 7, estreia “A Lenda da Senhora General”, um uma ópera cantonense protagonizada por um grupo de adolescentes. No domingo é também apresentado o trabalho do grupo alemão Protokoll, intitulado “Macau Remoto”.

Este projecto “convida indivíduos a passear pela cidade ao som de instruções recebidas através de auscultadores”. A performance decorre no Cemitério de São Miguel Arcanjo.

4 Mai 2017