Pintura | Exposição de Crystal M. Chan no Albergue

[dropcap style=’circle’]“[/dropcap]Eu sou a minha própria paisagem” é, mais do que uma exposição, o resultado de uma nova fase da vida profissional da artista local Crystal M. Chan. A inaugurar no próximo dia 5 de Agosto no Albergue SCM, a exposição parte de uma frase de um poema de Fernando Pessoa para revelar quadros mais intimistas e minimalistas, onde até a forma de pintar e os materiais utilizados são diferentes.
Poucas horas depois de ter regressado a Oriente vinda de Nova Iorque, onde passou meio ano, Crystal M. Chan explicou ao HM o que pretende mostrar ao público com os seus quadros. “Nesta altura estou a trabalhar com aguarelas e é algo bastante diferente em relação ao que tenho vindo a pintar no passado. Costumava usar outros materiais em que se podia ver mais os olhos e a face. Depois, a certa altura, senti que queria fazer uma mudança, que queria ver quais seriam as outras possibilidades que tinha ao nível da pintura. Penso que muitos dos trabalhos que vi em Nova Iorque me inspiraram para fazer algo mais sobre a forma como quero representar o meu trabalho.”
O uso da aguarela nos quadros não surge por acaso. “Estou à procura de algo poético no meu trabalho e tenho vindo a usar aguarela para buscar esse lado mais poético e ver as diferenças”, disse Crystal M. Chan. “Estou a pensar na melhor maneira de representar algo de forma mais poética, menos narrativa e mais sugestiva. Mais minimalista. Estes trabalhos fizeram-me pensar que estava a pintar muito à maneira chinesa na forma do corpo, que tem diferentes texturas ou padrões. Essa é a direcção que estou a tentar levar”, frisou. 31715P10T2
Não só a exposição revela uma nova fase de Crystal M. Chan como artista, como também revela uma fase em que a pintora tem estado mais virada para si mesma. “O nome da exposição é ‘Eu sou a minha própria paisagem’, é uma frase de um poema de Fernando Pessoa, um poeta português do qual gosto muito. Esse poema é sobre ‘eu tenho várias almas, não sei quem sou realmente’. Tenho vindo a pensar muito em o que sou, a minha própria existência.”
Por essa razão, Crystal M. Chan decidiu pintar-se a si própria. “No passado, mesmo desenhando amigos, namorados ou familiares, a forma como os desenhava não os representava realmente. Desta vez pintei-me a mim mesma, porque percebi que os meus trabalhos têm muito a ver comigo”, explicou.
Um olhar sobre os quadros de Crystal M. Chan permite perceber algumas semelhanças com o estilo expressionista do pintor austríaco Egon Schiele, para quem o corpo humano, mas sobretudo o feminino, era o ponto principal.
“A primeira vez que vi os seus trabalhos tinha 18 anos, num livro de pintura, e depois vi uma exposição em Viena. Quando vejo os seus quadros sinto que são muito poderosos, nunca sabemos muito bem quem foram as suas musas, mas pela maneira como ele desenha consigo sentir o desenho e a sensação de uma mente distorcida como a de Egon Schiele. Ele é a minha maior influência”, rematou Crystal M. Chan.
A exposição no Albergue SCM fica patente até ao dia 23 de Agosto e a entrada é livre. A primeira vez que Crystal M. Chan expôs em Macau foi em Julho do ano passado.

31 Jul 2015

Arranca nova edição do concurso de contos Rota das Letras

[dropcap style=’circle’]E[/dropcap]stá aí a quarta edição do Concurso de Contos do Festival Literário de Macau – Rota das Letras, que visa a recolha de histórias em português, chinês e inglês até ao dia 30 de Novembro. Segundo um comunicado da organização, “o concurso de contos decorrerá em moldes semelhantes ao do ano anterior, com os vencedores a serem seleccionados por escritores que passaram pela Rota das Letras, depois de haver uma pré-selecção de um júri composto por representantes da organização e outros convidados”.

A história terá de ser obrigatoriamente sobre Macau, e, para além da publicação do conto, existe um prémio de dez mil patacas para cada um dos vencedores, um para cada idioma. O próximo volume da colecção “Contos e Outros Escritos” será lançado em Março do próximo ano, quando decorrer a 5ª edição do Festival Literário de Macau.

Os vencedores da 3ª edição do concurso de contos foram J.Cool, natural de Macau, que escreveu em chinês, a brasileira Regina Nadaers Marques e ainda Kevin M. Maher, norte-americano. Ao jornal Ponto Final, Kevin M. Maher considerou o prémio do concurso como um “incentivo” para escrever mais histórias. “Serviu-me de validação e deu-me a segurança de que talvez possa, na verdade, escrever algo que as pessoas queiram ler”, disse o também docente de inglês na Universidade de Macau (UM).

O mesmo livro incluiu ainda os textos dos escritores que passaram por Macau no âmbito do Rota das Letras e que foram convidados a escrever sobre o território. Hu Xudong, Afonso Cruz, Andrea Del Fuego e Karla Suárez são alguns dos nomes que podem ser folheados no livro, à venda na Livraria Portuguesa.

Os vencedores da 2ª edição foram Pedro Amaral, com o conto “Diário dos Últimos Dias do Coronel Vicente Nicolau de Mesquita”, Loi Chin Pan com a história “A Pequena Loja” e Sam Lee com “M”. Carlos Afonso Portela recebeu ainda uma menção honrosa com o conto “A Chegada de Cesariny a Macau”, Isolda Brasil com “Cartas de Amor de Macau” e também Lawrence Lei, com “Caça ao Homem”.

30 Jul 2015

Exposição | Técnicas de marcenaria para celebrar aniversário do Centro Histórico

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]ntem teve lugar a inauguração da exposição da Carpintaria de Lu Ban, um dos mais importantes artistas carpinteiros na história da construção da China. A mostra ficou à responsabilidade do Instituto Cultural (IC) e da Associação Seong Ká Môk Ngai de Macau, agora com instalações completamente renovadas e inauguradas recentemente. O evento vem não só “promover o espírito de reflexão e inovador de Lu Ban, expor as técnicas de marcenaria tradicionais locais, revitalizar e pôr em uso edifícios de relevo e de valor cultural da cidade”, mas também celebrar o 10º aniversário do Centro Histórico da RAEM, que tem lugar este mês. O edifício renovado da Associação situa-se na Rua de Camilo Pessanha e é onde a mostra se encontra exposta. De acordo com comunicado do IC, Lu Ban é considerado “um extraordinário inventor e padroeiros dos carpinteiros da China”, tendo sido responsável pela invenção de uma série de novas técnicas de construção ao nível da carpintaria e do uso da madeira.
A mostra encontra-se divida em duas partes. A primeira reúne informações sobre a recuperação e protecção do edifício original. Entre 2013 e 2014, o IC procedeu à remoção de água e sal das paredes de um dos andares do Templo de Lu Ban, igualmente situado naquela zona. Foi ainda feita a reparação dos tijolos, o reforço da estrutura e a reabertura da clarabóia. A actual exposição abarca toda esta secção, mas também uma antiga sala de actividades da Associação e um pátio exterior. A colecção de artigos expostos inclui um “enorme cadeado” de Lu Ban e mais de 80 ferramentas tradicionais para trabalhar madeira, como serrotes, berbequins e marcadores de tinta. Os visitantes podem ainda ver vídeos e ler informações acerca da vida e obra do autor retratado. A mostra conta ainda com alguns documentos e materiais emprestados pelo Instituto Politécnico de Macau. Esta encontra-se aberta ao público das 10h00 às 18h00 horas, incluindo feriados.

30 Jul 2015

Música | Artistas locais apresentam livro e novos álbuns na FRC

São três jovens que actuam juntos e, pela primeira vez, lançam-se em obras a solo. Josie Ho, Hyper Lo e AJ apresentam em Agosto um livro e dois álbuns na Fundação Rui Cunha

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s três músicos de Macau Josie Ho, Hyper Lo e AJ vão lançar um livro e novos álbuns a solo já no próximo mês de Agosto. O evento acontece na Fundação Rui Cunha, onde os três vão também actuar ao vivo.
Os artistas fazem parte da editora SP Entertainment. Os músicos ficaram mais recentemente conhecidos por terem dedicado um tema ao lutador KK Ng, de Macau, sendo que, agora, se estreiam a solo.
Josie Ho escolheu o nome “Ho Chi Cheng” para o seu primeiro disco, sendo este aliás o seu nome em Chinês. O objectivo é mostrar-se a si própria através da música que faz. A cantora de Macau incorpora diferentes estilos, tanto ao nível do que produz sonoramente, como da sua própria imagem.
“Josie tem diferentes ‘looks’, que demonstram as várias facetas da sua personalidade, ao mesmo tempo que mostra o quão versátil se tornou”, começa por apontar a editora em comunicado. “Não só os fãs vão adorar, como também os ‘fashionistas’ vão apreciar a quantidade de trabalho que a sua equipa tem colocado no seu estilo.”
Não faz muito tempo que a cantora se juntou à SP Entertainment, mas a sua qualidade e reputação enquanto cantora e MC já “é evidente”, como se pode ler no documento.

Juntar culturas

Já AJ vai trazer a palco e dentro do seu CD a solo a fusão entre o Chinês e o Português. O músico é de origem macaense e pretende com o seu primeiro álbum aproximar mais as duas culturas.
“AJ quer mostrar e promover o seu background macaense, incorporando no seu álbum ‘Macanese’ elementos de azulejos, no seu estilo e design, mas também tentando misturar a Língua Portuguesa no Canto-Pop”, indica a SP. “A fusão das diferentes culturas e as características sensoriais vão sem dúvida proporcionar uma experiência refrescante às audiências das regiões vizinhas.”
AJ envolveu-se na composição musical recentemente, produzindo não só para si, mas para outros cantores.
Hyper Lo não se ficará, agora, apenas por Macau. O cantor, tido como “um artista de muitos talentos”, foi convidado para falar sobre a sua jornada de Hong Kong a Londres… de carro.
“Ele reconta os 45 dias da sua jornada e partilha as suas experiências no seu novo livro de viagens intitulado ‘My Driving Experience from Hong Kong to UK’”, indica a empresa de entretenimento.
Hyper tem já singles lançados ao longo dos anos, sendo que, no livro, apresenta um álbum com 12 das suas músicas.
Os três artistas vão estar na Fundação Rui Cunha no dia 4 de Agosto, pelas 15h00. O evento será a cerimónia oficial para o lançamento das novas obras, sendo que haverá, além da actuação ao vivo, uma sessão de autógrafos. A entrada é livre. J.F.

28 Jul 2015

Música | Plácido Domingo em Macau a 29 de Agosto

Com cantores escolhidos a dedo, Plácido Domingo chega à RAEM para um concerto com a Orquestra de Macau no final de Agosto. Os bilhetes estão já à venda

[dropcap style=’circle’]É[/dropcap]já no próximo dia 29 de Agosto que o Centro Cultural de Macau (CCM) vai receber o espectáculo daquele que é considerado “o último dos três tenores” e o maior cantor de ópera da actualidade ainda vivo. Na linha dos mestres como Luciano Pavarotti (falecido em 2007) e José Carreras, chega a Macau Plácido Domingo.
O espectáculo é da iniciativa do Instituto Cultural (IC), sendo que Plácido Domingo escolheu os músicos para o acompanhar no espectáculo, que contará com a presença da Orquestra de Macau. Plácido Domingo já interpretou mais de 144 obras clássicas dos compositores Giacomo Puccini, Richard Wagner e Giuseppe Verdi, entre outros.
O tenor já gravou mais de cem álbuns, sendo que muitos deles venderam mais de um milhão de cópias, tendo Plácido Domingo recebido também doze prémios Grammy. plácido domingo
Segundo o IC, Plácido Domingo “é famoso pela sua voz poderosa e de grande flexibilidade, com grande extensão vocal, bem como pela suavidade da mesma, que é também descrita como “de veludo””. Vários países como o Reino Unido, Estados Unidos e França atribuíram-lhe medalhas em reconhecimento de seu talento musical e pela sua contribuição e apoio durante toda a sua vida à arte da música. A revista The Economist descreve a sua actuação como “luminosa, inesquecível e perfeita”, elogiando-o ainda por ter “um lirismo musical e uma paixão de louvar, permitindo às audiências sentirem que o preço do bilhete vale a pena”.
Esta não é a primeira vez que o cantor lírico pisa território chinês, tendo também actuado em diversos países da Europa e também nos Estados Unidos.
Os bilhetes para o concerto “Domingo e a Orquestra de Macau” já se encontram à venda, variando entre as 680 e 1880 patacas. A organização do espectáculo também está a cargo da Direcção dos Serviços de Turismo. O concerto está marcado para as 20h00.

27 Jul 2015

IIM | 15ª Aniversário da RAEM em fotografia, vídeo e livro

São fotografias, vídeos e um livro e pretendem levar a história dos 15 anos da RAEM até longe. Na próxima quarta-feira, dá-se a cerimónia de abertura de mais uma exposição do Instituto Internacional de Macau, que tem como objectivo perceber o crescimento e as mudanças desde o nascimento da RAEM até aos dias de hoje

[dropcap style= ‘circle’]A[/dropcap]ideia surgiu do próprio Chefe do Executivo, Chui Sai On: a RAEM comemorou 15 anos desde o seu nascimento e a data merece ser celebrada. Tal como aconteceu aquando do 10º aniversário, o Instituto Internacional de Macau (IIM) abraçou o compromisso e criou aquela que se espera ser uma exposição mundial.
“Lembro-me que a exposição do 10º aniversário foi algo de muito grandioso. Tínhamos uns painéis de imagens da autoria do arquitecto Carlos Marreiros, muito grandes. Este ano quisemos fazer uma exposição mais modesta, puramente gráfica, pela simples razão de nos dar a possibilidade de flexibilidade. Este ano ajustamos a exposição ao espaço existente”, explica ao HM Jorge Rangel, presidente do IIM.
São Francisco, Toronto e Lisboa são algumas das cidades que abraçaram o convite por parte do IIM e já inauguraram as suas exposições. Em Macau só acontece na próxima semana, no dia 29 de Julho.
Da montra fazem parte 50 fotografias, de vários tamanhos, que são o resultado de uma contribuição de várias entidades públicas e privadas, dois vídeos e um livro. iim
“Procurámos evitar caras de pessoas e cortes de fitas, como por exemplo o Governo quando inaugura alguma coisa. O que pretendemos é mostrar Macau na sua variadas vertentes, para quem visita a exposição, seja em que país for, ficar com uma ideia de uma cidade cheia de vida, com muita actividade e naquilo em que se transformou 15 anos depois”, argumenta Jorge Rangel.

Das letras

Com a assinatura de Gonçalo César de Sá, será ainda apresentado o livro “Macau – Festas e Festividades”, um guião ilustrado dos múltiplos eventos culturais e religiosos no calendário anual da RAEM. “Este é um livro que foi feito de propósito para esta exposição e faz uma identificação das festas e festividades e também dos grandes acontecimentos, como o Grande Prémio ou a Maratona Internacional. Dentro das festividades estão as católicas, chinesas e outras ligadas a outros grupos culturais. Acho que está um livro muito completo”, explica o presidente, indicando que o guião foi criado para ser distribuído no dia do lançamento da exposição das várias cidades e, posteriormente, estará disponível para compra nos vários locais onde a exposição se encontrar.
A parte de multimédia também marca presença com a passagem de duas curtas metragens. “Flying Over Macau” da autoria de Sérgio Basto Perez, e “15 anos da Região Administrativa Especial de Macau”, de Silvie Lai e James Jacinto, foram os vídeos escolhidos. “Os vídeos pretendem criar um impacto sobre Macau, 15 anos depois. Não são longos nem curtos, têm o tempo suficiente para criar este impacto que se pretende”, remata Jorge Rangel.
Ainda em cima da mesa está a hipótese da exposição marcar presença de forma permanente em vários pontos da cidade, mas ainda nada é certo. A única certeza é que o Brasil vai recebê-la em várias cidades já no próximo mês de Outubro. No IIM, a exposição inaugura às 18h00 e tem entrada livre.

24 Jul 2015

Creative | Exposição de fotografia “Cities” inaugurada hoje

Trazer um olhar sobre outras cidades ao território é o objectivo máximo da exposição que começa hoje na Creative Macau. Cinco fotógrafos locais escolheram uma cidade e mostram-na em fotos muito pessoais

[dropcap style=’circle’]I[/dropcap]naugura hoje às 16h30 na Creative Macau a exposição “Cidades: Fotografias a Preto e Branco”, que reúne o olhar de cinco fotógrafos locais sobre cinco cidades à sua escolha. Carmo Correia, Wilson Caldeira, Tang Kuok Ho, Marina Carvalho e Ieong Man Pan foram os fotógrafos convidados para mostrar um pouco mais “de outras cidades que não são Macau”.
“Queríamos quebrar um bocadinho o ciclo das exposições sempre sobre Macau e as coisas de Macau”, disse ao HM a directora da Creative, Lúcia Lemos.
A única imposição colocada ao artistas foi a de efectivamente não escolherem Macau como cidade a apresentar. “Quando se fala em exposição e fotografia pensa-se logo em Macau e ultimamente tem havido imensas exposições sobre Macau e o que envolve. Esta exposição serve para quebrar isso e oferecer ao público outras cidades”, rematou.

Foto de Marina Carvalho
Foto de Marina Carvalho

A maioria dos fotógrafos está representado por cinco fotografias, mas no todo são cerca de 28 as imagens em grande formato que compõem a mostra. Até 20 de Agosto, os interessados podem conhecer o olhar do outro sobre estes locais, que vão da Ásia aos EUA.
“Esta é uma partilha do que os fotógrafos querem mostrar, não só de tema, porque os fotógrafos foram livres de escolher o que queriam expor, respeitando o facto de ser a preto e branco”, continua Lúcia Lemos, indicando que da mostra fazem parte imagens “muito interessantes”, compostas por “retratos, detalhes, paisagens ou ruas”.

Contar uma história

Ao HM, o fotógrafo Wilson Caldeira explicou que escolheu a cidade de Melbourne, na Austrália, porque viveu lá nove meses. “As fotografias não contam nada de especial, eu fazia a minha rotina no subúrbio onde vivia e esse é mesmo o meu interesse: criar rotinas sem hierarquia a fotografar”, explicou. Sem disciplina, o trabalho de Wilson Caldeira é um “misto de qualquer coisa”. As cinco fotografias escolhidas fazem parte de um trabalho “com várias dezenas de imagens” que contam a narrativa da sua passagem pela cidade australiana.

Foto de Carmo Correia (Nova Iorque)
Foto de Carmo Correia (Nova Iorque)

Carmo Correia abraçou o convite e, juntando o útil ao agradável – porque partia numa viagem para Nova Iorque e Chicago – , decidiu fotografar a pensar na exposição.
“Tinha a hipótese de [escolher] estas duas cidades, mas como já conhecia Chicago e estava com vontade de fazer qualquer coisa nova, numa cidade que também para mim era nova, escolhi Nova Iorque”, contou ao HM.
As cinco fotografias pretendem mostrar a cidade mais conhecida do Estados Unidos. “Escolhi cinco imagens que no seu conjunto dizem: isto é Nova Iorque, é esta cidade. Que não pudesse ser outra coisa, ou seja, acabam por não ser monumentos, como a torre A ou B. Não quis que fosse óbvio”, justifica.
Para a fotógrafa é inquestionável a necessidade de Macau ver além de si próprio. “Acho que Macau devia olhar muito mais lá para fora, o território está sempre muito focado para olhar para dentro. É giro mostrar Macau para fora, mas nós devíamos olhar muito mais para o que está lá fora”, remata.
A capital portuguesa, Lisboa, está representada pelo olhar de Marina Carvalho. Já Ieong Man Pan escolheu a cidade chinesa Sichuan-Meigu e Tang Kuok Ho representa Nanquim. A exposição é de entrada livre e termina a 20 de Agosto.

23 Jul 2015

Fotografia | Macau participa no projecto mundial “A Nossa Língua”

Pedro Santos é arquitecto e é um dos curadores do projecto online “A Nossa Língua”, que pretende recolher as melhores imagens da cultura portuguesa nos países lusófonos. O objectivo é recolher cem fotografias, que serão compiladas num livro e documentário

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]rrancou a 13 de Julho e é mais um projecto que pretende mostrar a presença da cultura portuguesa pelo mundo. Chama-se “A Nossa Língua” – no Instagram “@ nossa língua” – e teve origem no Brasil. Vai buscar ao Instagram as melhores imagens que mostram o lado português dos lugares onde ainda se fala a língua de Camões. Há sete curadores, um por região lusófona, responsável por seleccionar as fotografias e enviá-las para a curadoria geral, no Brasil.
Em Macau, o arquitecto Pedro Santos, que no Instagram tem a conta @pedrosmithson, é o nome por detrás da recolha das imagens a Oriente, tendo sido convidado pela equipa principal no Brasil.
“O que mais fotografo cá é o espaço urbano, fico fascinado pela dimensão e intensidade da cidade, o rendilhado dos edifícios. Mas eu estou apenas como curador, a servir de júri para as fotografias. Qualquer pessoa de Macau pode participar no projecto, basta seguir o projecto no Instagram e eu depois escolho as fotografias, através da hashtag. Depois mando as fotos para a curadoria geral, no Brasil, sendo que cada curador tem direito entre dez a 20 fotografias”, diz ao HM.
Pedro Santos confessa que, por enquanto, a participação de Macau tem sido pouca. “O que eu procuro são fotografias de Macau que sejam próprias da minha linguagem, que me sejam apelativas. Tenho encontrado algumas fotografias bastante interessantes, embora de Macau ainda sejam poucas.”

Fotografia de Pedro Santos
Fotografia de Pedro Santos

Os temas vão sendo lançados, sendo que a Missão Terra acabou há dois dias e agora os participantes terão de responder ao apelo da Missão Casa, o qual dura até ao dia 26 de Julho. “Quanto mais for divulgado e quanto mais pessoas conseguirmos captar tanto melhor, porque mais rico fica o catálogo.”
Pelo lado global do projecto, Pedro Santos diz que ainda não é possível saber mais detalhes do livro e documentário. “Vai ser feito um livro com fotografias e será feito um documentário, embora não saiba ainda em que moldes será feito. Um projecto desta dimensão é sempre difícil, é a nível mundial, e por isso o documentário ainda estamos a ver o que é que podemos fazer.”
Com cerca de oito mil seguidores, um “número absurdo”, Pedro Santos diz que não há outro lugar onde a arquitectura espelhe tanto uma cultura. “Aquilo que mais procurarei é a herança portuguesa e, se possível, o contraste ou a forma como se enquadra no panorama geral de Macau e como funciona bem com toda a arquitectura chinesa. É importante um projecto como este, porque acho que em termos de cultura e imagem uma das coisas mais importantes que Macau tem é a arquitectura. Tinha esperança de encontrar mais costumes portugueses, mas tenho vindo a perceber que a arquitectura é mais fácil.”

22 Jul 2015

Ponte 16 | Concurso de fotografia “Love and Heritage” até domingo

Um concurso de fotografias sobre o património de Macau está a ser organizado pelo Sofitel e dá prémios no valor de 20 mil patacas

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Sofitel Macau do Ponte 16 organiza até dia 19 deste mês um concurso de fotografia. “Love and Heritage Photo Contest” surge para celebrar o lançamento do filme “Guia In Love” e dá prémios no valor de 20 mil patacas.
A ideia é que os interessados enviem fotografias que tenham o património de Macau como tema principal, sendo que fotografias utilizadas ou publicadas anteriormente não são elegíveis.
“O concurso quer promover a história de Macau e do património, de forma a que se aumente o interesse e conhecimento públicos sobre este tesouro da cidade”, indica a organização em comunicado.
Os candidatos têm de ser maiores de 18 anos e podem enviar as fotografias até à meia-noite de domingo. Não há limite no número de imagens que podem ser enviadas, mas estas têm de cumprir determinados requisitos: ser enviadas por email, ter 80 x 53 cm de tamanho, estar em formato JPEG ou TIFF e ter uma resolução de, no mínimo, 350 DPI. Nenhuma das fotografias enviadas será devolvida e os direitos sobre a imagem ficarão a cargo da empresa Entertaining Power Co. Ltd., podendo esta utilizá-la sem qualquer pagamento adicional ao autor da imagem. Print
As fotografias serão escolhidas por um júri composto por Sam Leong, realizador de “Guia In Love”, um representante do Sofitel Macau e Nico Vong, fotógrafo de Macau. As imagens são escolhidas com base no visual mais apelativo e no ângulo artístico, além da originalidade, criatividade e relevância do tema.
Os prémios são diversos, sendo que haverá dez premiados. Para o primeiro classificado está reservada uma noite na Prestige Suite do Sofitel e um cupão de refeição no valor de 1500 patacas. Já os segundo e terceiro classificados recebem uma noite no mesmo hotel e, no caso do segundo lugar, um tratamento individual de uma hora e meia no Spa do empreendimento. Os restantes recebem cupões.
Os vencedores serão conhecidos a 24 de Julho e as imagens premiadas vão ser exibidas desde esse dia até 16 de Agosto no Sofitel.

15 Jul 2015

Salão de Outono | AFA e Fundação Oriente procuram trabalhos artísticos

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Fundação Oriente e a Art for All Society (AFA) estão à procura de trabalhos de artistas locais para serem incluídos no Salão de Outono deste ano. As categorias são diversas e o objectivo das entidades é dar a oportunidade aos talentos locais de mostrarem o que de melhor fazem nesta área.
“Esta é uma chamada para a arte contemporânea feita por residentes de Macau e também para artistas que vivam e trabalham em Macau. As obras podem ser pinturas, impressões, esculturas, fotografia, instalações e vídeo-arte”, começa por dizer a organização. “Todas as candidaturas serão revistas e seleccionadas por um júri composto por representantes da Fundação Oriente e da AFA, além de artistas veteranos locais.”
A edição deste ano, à semelhança da do ano passado, quer ainda atrair mais jovens artistas de forma a que os seus trabalhos sejam mais reconhecidos. call for-02-cs5
O evento, o sexto desde que começou o Salão de Outono, acontece em Novembro, sendo que os nomeados para apresentaram os trabalhos serão notificados em meados de Setembro sobre a escolha.
Os formulários para as candidaturas podem ser descarregados no site da AFA e todo o material deverá ser enviado até ao dia 28 de Agosto.
Além de poderem ver os seus trabalhos expostos, os candidatos estão ainda aptos a receber o prémio “Fundação Oriente Art Award”, que pretende encorajar os jovens dos 18 aos 35 anos a criarem obras de arte. O vencedor recebe uma residência artística de um mês em Portugal, com bilhetes de ida e volta e acomodação, no valor de 50 mil patacas.
O Salão de Outono do ano passado contou com 56 trabalhos de 31 artistas. O evento é parcialmente patrocinado pelo Instituto Cultural. A exibição acontece no sábado, dia 7 de Novembro, na Fundação Oriente e a mostra ficará patente até ao dia 30 de Novembro.

15 Jul 2015

Cinema | Festival de curtas-metragens de portugueses na Fundação Oriente

São todos portugueses e todos têm histórias para contar através de curtas-metragens. Está a chegar o NY Portuguese Short Film Festival, que traz a Macau oito filmes de realizadores lusos e acontece já esta semana na Fundação Oriente

[dropcap style=’circle’]P[/dropcap]ela primeira vez, o NY Portuguese Short Film Festival, festival de curtas-metragens portuguesas, chega a Macau. Nos dias 17 e 18 de Julho, uma dezena de obras vão ser mostradas ao público, às 19h00 do primeiro dia e a partir das 17h00 no segundo.
Este festival de filmes portugueses teve início em 2011 em Nova Iorque, ao mesmo tempo que em Lisboa, sendo da organização do Arte Institute. Desde 2012 que acontece anualmente nos Cinemas Tribeca, na cidade norte-americana, e na capital portuguesa. Como é hábito são sempre dois dias de festival, que consistem em mostrar o que os realizadores portugueses a viver dentro e fora do país conseguem fazer. Depois do “sucesso em Nova Iorque”, o Arte Institute resolveu levar o festival a outros países e regiões: Rio De Janeiro, São Paulo, Brasília, Londres e Luanda foram alguns deles. Este ano, o festival corre por cidades da Austrália e do Canadá, além de Portugal. OOBE
Pela primeira vez esta festa do cinema português chega Macau e traz consigo oito curtas e dois convidados que apresentam filmes de animação.

Oito filmes, oito realizadores

Da selecção oficial deste ano fazem parte o filme “Bestas” de Rui Neto e Joana Nicolau, que retrata a história de Lucas, um rapaz de 13 anos que procura vingar-se do homem que abusou da sua mãe. Quando está quase a conseguir fazê-lo, não consegue dar o último passo em frente e acaba por cair nas mãos do predador. Na lista está ainda o filme “Emma’s Fine”, de Miguel M. Matias, uma obra sobre “uma mulher que luta diariamente” contra algo que a perturba, mas que não quer dar a conhecer a outros. “Gu”, de Pedro Marnoto Pereira, é outro dos filmes que pode ver e fala de um jovem romântico que rouba uma bicicleta de dois outros homens, para conseguir encontrar-se com a namorada. Mas as coisas mudam quando os homens – e a verdade – o apanham.
Seguem-se os filmes de Yuri Alves e Joana Maria Sousa e Manuel Carneiro. O primeiro traz-nos “Exit Road”, um filme que retrata a vida de um ex-toxicodependente e ex-prisioneiro que tenta a todo o custo recomeçar a sua vida. O segundo – “OOBE” – fala-nos de alguém que nos é desconhecido: o subconsciente. E até quanto é que podemos prestar-lhe atenção.
Mas as histórias não acabam por aqui: “Emília” (Diogo Borges) versa sobre a crise financeira num país que não parece ter esperança e na luta de uma mulher para contornar esse destino e “Remissão Completa” (Carlos Melim) debruça-se sobre a história de dois velhos amigos que dão o mote para uma metáfora sobre doenças físicas e sociais. Segue-se ainda “O Rio”, de António Pinhão Botelho, um mistério sobre a rotina de um jovem casal. REMISSÃO COMPLETA

Animação

Pela primeira vez, este ano, o festival conseguiu ainda uma parceria com a Panorama Europe Film Festival, de forma a trazer duas obras de animação. Assim, Macau recebe a obra dos convidados Júlio Vanzeler e Luís da Matta Almeida, que trazem “O Gigante”, a história de amizade entre uma menina e um gigante. A RAEM recebe ainda o filme “Amphi”, de Iuri Monteiro, Francisco Correia, João Garcia, Manuel Prata e Maria Inês Barroqueiro. A película retrata a vida de uma comunidade do deserto, que, para viver mais um dia, tem de matar um dos seus.
A ideia do NY Portuguese Short Film Festival é trazer a cultura portuguesa ao grande ecrã, de forma a mostrar ao público obras feitas com uma perspectiva lusa.

14 Jul 2015

Albergue SCM | Exposição de trabalhos criados na Bienal de Veneza

[dropcap style=’circle’]I[/dropcap]naugura amanhã a exposição “Travel Notes Venice”, uma exposição colectiva de participantes de Macau na Bienal de Arte de Veneza 2015. A ter lugar no Albergue SCM, a mostra inclui trabalhos de jovens talentos de Macau, mas também de funcionários do Museu de Arte de Macau (MAM) e do Conselho para as Indústrias Culturais.
Tudo começou em Veneza, com os trabalhos de Mio Peng Fei . A exposição do artista de Macau, “Path and Adventure” foi conjuntamente organizada pelo Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), pelo MAM e pelo Instituto Cultural, sendo que muitos foram os funcionários destes organismos que acompanharam a viagem das obras até Veneza. Também do Conselho para as Indústrias Culturais foram diversos “membros para visitar organizações de indústrias culturais e locais de arquitectura histórica” e, com a ajuda do próprio Albergue, 11 jovens residentes de Macau foram convidados a visitar a Bienal, local onde criaram também diferentes tipos de trabalhos. Lai Ieng_3
Agora, todos eles têm a oportunidade de expor as suas obras, no Albergue SCM. “Tanto os jovens artistas, como o pessoal do MAM e do Conselho das Indústrias Culturais são convidados a mostrar os trabalhos que criaram em Veneza”, começa por explicar a organização. “A exposição tem diferentes tipos de trabalhos, incluindo instalação, aguarela e fotografia.”
A inauguração da mostra está marcada para as 18h30, sendo que a exibição está patente até ao dia 31. A entrada é livre e a exposição pode ser visitada do meio-dia às 20h00, ou segundas-feiras das 15h00 às 20h00.

14 Jul 2015

MGM | Concurso de fotografia no interior do hotel

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]MGM lançou um concurso de fotografia no interior do empreendimento. O “Discovering Art at MGM” pretende convidar todos os residentes e turistas a tirar fotografias de obras de arte espalhadas pelo hotel, sendo que a competição dura até 14 de Agosto.
O concurso divide-se em dois grupos: o dedicado às fotografias tiradas com máquinas fotográficas e o dedicado às imagens capturadas por telemóvel. As fotografias são julgadas com base na originalidade, na tecnicidade, na composição, no impacto geral da imagem e no mérito artístico.
Co-organizado com a Photographic Society of Macao, a competição exige que os concorrentes enviem as fotos tiradas com telemóvel com 2MB a 5MB de tamanho, em formato JPEG. As fotos têm de ser colocadas no site www.discoveringartatmgm.com e as melhores fotos vão ser colocadas na página do Facebook do evento, para votação. A foto com maior número de ‘likes’ ganha um prémio monetário de duas mil patacas e uma estadia ano MGM. mgm_mgm
Já no que toca às fotos tiradas com câmara, têm de ter 10×15 de tamanho, podendo ser a cores ou preto e branco. As imagens impressas têm de ser apresentadas sem molduras e as fotos tiradas com câmara digital devem ser entregues em papel e formato digital, com pelo menos 3000 pixeis. Estas têm de ser entregues pessoalmente antes de 21 de Agosto, no Centro de Informação Joana Vasconcelos ou na sede da Photographic Society of Macao.
As imagens vão ser escolhidas por representantes do MGM Macau e da co-organizadora, sendo que os grandes vencedores levam para casa dois bilhetes de ida e volta a Lisboa e acomodação. Os segundos e terceiros classificados podem receber prémios monetários de oito mil patacas. Mas há ainda outros prémios, que incluem três mil patacas em dinheiro e cupões para refeições no MGM no valor de 800 patacas.
O MGM dá como exemplo de obras de arte no hotel as diversas obras de Salvador Dalí e Dale Chihuly, a Valquíria de Joana Vasconcelos e as esculturas dos leões.

14 Jul 2015

Património | IC lança livros para dar a conhecer história de Macau

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Instituto Cultural (IC) lançou ontem diversas obras que têm como tema principal o património cultural de Macau e a sua salvaguarda. “O Centro Histórico de Macau”, “Anos Dourados – Lou Kau e a Casa de Lou Kau”, “Charme das Ruínas – As Ruínas de São Paulo e o Colégio de São Paulo”, “Anais das Sessões – O Edifício do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais” e ainda “Poemas de Zheng Guanying” são as obras que incluem ainda “os resultados alcançados com os trabalhos de protecção”.
Da autoria de Tang Si Peng, “O Centro Histórico de Macau” apresenta uma narrativa histórica, de imagens antigas do património, fotografias mais recentes e plantas dos alçados de alguns edifícios, “permitindo aos leitores uma abordagem geral abrangente e fácil sobre os 25 sítios que compõem o Centro Histórico de Macau”. Este livro é editado numa edição bilingue Chinês-Inglês e custa 90 patacas.
“Anos Dourados – Lou Kau e a Casa de Lou Ka”, de Lin Guangzhi, tem como pano de fundo a evolução da sociedade de Macau e faz uso de descrições vívidas para descrever a vida lendária de Lou Kau e a gloriosa época da sua família. “Charme das Ruínas – As Ruínas de São Paulo e o Colégio de São Paulo”, de Chen Wenyuan e Cao Tianzhong, explora o significado histórico e a acentuada herança cultural que se esconde neste monumento, dando a conhecer a arte arquitectónica da Igreja da Madre de Deus e do Colégio de São Paulo e narrando a história missionária do catolicismo no Oriente. IC_IC
Já com a obra “Anais das Sessões – O Edifício do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais”, de Zhao Lifeng, vemos as diferentes designações deste edifício ao longo dos tempos. Os três volumes estão à venda pelo preço de 120 patacas.
Compilado pelo Museu de Macau e pela Biblioteca de Xangai e publicado pela Editora de Livros Antigos de Xangai, o livro “Poemas de Zheng Guanying” compreende um total de seis volumes divididos em cinco partes que incidem sobre diversos temas, desde política e comércio a questões morais, desejos, sentimentos, crenças e viagens. “Estes poemas são essenciais para compreender Zheng Guanying e a sua obra-prima Advertências em Tempos de Prosperidade”, diz o IC. Esta colectânea está disponível por 980 patacas.
As publicações estarão disponíveis para venda a partir de hoje na Feira do Livro de Macau, a ter lugar no Pavilhão Polidesportivo do Instituto Politécnico de Macau, na livraria Plaza Cultural Macau, na livraria Seng Kwong, no Arquivo Histórico de Macau, no Centro de Ecuménico de Kun Iam, na Livraria Portuguesa e no Centro de Informações ao Público da Rua do Campo.

13 Jul 2015

CCM | Kayhan Kalhor e amigos sobem ao palco em Setembro

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Centro Cultural de Macau (CCM) apresenta, em Setembro, Kayhan Kalhor e Amigos, para um concerto de música indo-persa. Os cantores sobem ao palco do CCM no dia 4 de Setembro, pelas 20h00.
Intitulado “A Reinvenção da Música Persa”, o concerto traz ao território Kayhan Kalhor (Kamancheh), Ali Bahrami Fard (Santur), Sandeep Das (Tabla) e Narendra Mishra (Cítara), que prometem transportar o público “de volta ao berço de civilizações antigas”. O espectáculo apresenta “melodias exóticas do dastgah persa e do raga do Norte da Índia”.
Kayhan, considerado o mestre iraniano de kamancheh, viaja com um grupo de músicos fundindo duas tradições que há séculos se vêm cruzando histórica, geográfica e culturalmente. O ensemble vai tocar um conjunto raro de instrumentos incluindo os sons do santur, da tabla e da cítara. PRINCIPAL
Quatro vezes nomeado para os Grammy, Kalhor tem feito colaborações com o Silk Road Ensemble de Yo-Yo Ma e com o compositor Osvaldo Golijov. “Combinando precisão clássica e arrojo criativo, as suas frequentes incursões performativas têm-lhe permitido tocar com regularidade com grupos de referência como o Kronos Quartet, Brooklyn Rider ou com a Filarmónica de Nova Iorque e, além de ter gravado com grandes instrumentistas iranianos, Kalhor compôs para cinema e televisão, incluindo a banda sonora de Youth Without Youth (2007) de Francis Ford Coppola”, explica a organização em comunicado.
Para os que queiram saber um pouco mais sobre este artista, realiza-se ainda uma tertúlia pré-espectáculo moderada em Inglês pelo músico mexicano Raul Saldaña. A sessão tem entrada livre e acontece também no CCM uma hora antes do concerto. O orador vai abordar o percurso e repertório de Kayhan Kalhor com destaque para as músicas do mundo e seus instrumentos.
Para o concerto, os bilhetes já estão à venda, com preços que vão desde as 150 às 300 patacas.

13 Jul 2015

Ilustração | André Carrilho vence World Press Cartoon 2015

O português André Carrilho venceu o Grande Prémio do World Press Cartoon (WPC) 2015, com uma imagem sobre o vírus ébola

[dropcap style=’circle’]U[/dropcap]m desenho do cartoonista André Carrilho, publicado no jornal Diário de Notícias a 10 de Agosto de 2014, venceu o World Press Cartoon deste ano. A imagem retrata a forma como o vírus ébola é visto pela comunicação social fora de África.
O juri justificou o prémio referindo que o desenho de André Carrilho “não expõe apenas o problema de uma doença devastadora, mas sobretudo denuncia a dualidade de critérios da imprensa europeia e norte-americana perante a origem das vítimas”.
Na altura, o cartoon do português foi analisado e comentado em vários jornais e partilhado nas redes sociais.
Ao Público, o ano passado, o cartoonista explicou a ideia por detrás do desenho. “Parece-me que a atenção que se dá às epidemias nos média ocidentais não tem a ver com uma medida universal de sofrimento humano, mas com a maior ou menor possibilidade de nos atingirem. Os meios de comunicação social tendem a passar de alguma indiferença para a sobreexposição e pânico, sem nunca deixarem de tratar o assunto numa perspectiva que opõe ‘eles’ [África] a ‘nós’ [EUA e Europa].”
O vírus ébola e o Mundial de Futebol no Brasil foram os grandes temas de destaque desta edição do World Press Cartoon, que em 2013 abandonou Sintra passando agora a realizar-se em Cascais, com um Grande Prémio estabelecido de dez mil euros.
Na categoria de “Caricatura”, o vencedor foi o brasileiro Cau Gomez por um retrato caricaturado do futebolista Messi e o Papa Francisco, enquanto o segundo prémio coube a Dalcio (Brasil) que retratou o músico David Bowie, e o terceiro prémio foi para Riber (Francês).
No “Desenho de Humor”, o primeiro prémio foi atribuído ao grego Michael Kountouris, vencedor do Grande Prémio da edição de 2013, numa caricatura sem título, mas que tem dois homens a segurar dois cartazes com peixes de diferentes tamanhos.
Na categoria “Editorial”, que deu a vitória ao português André Carrilho, no segundo lugar ficou o búlgaro Tchavdar e, em terceiro, o ucraniano Cost.
O júri que seleccionou as obras integrou António Antunes (Portugal), Agim Sulaj (Albânia), Xaquin Marin Formoso (Espanha), Firoozeh Mozaffari (Irão) e Augusto Cid (Portugal).

13 Jul 2015

Entrevista | Mané Crestejo, músico, regressa a Macau 20 anos depois

Vencedor da Academia de Estrelas da TVI em 2002 e com honras de abrir um noticiário devido à sua vitória, Mané Crestejo está de volta à terra que o viu nascer 20 anos depois. Ao HM, o músico – que ainda esteve numa final do Chuva de Estrelas e numa eliminatória do Festival da Canção – falou do sonho da música, relembrou tempos difíceis em Portugal e falou da sua identidade macaense

Quem é Mané Crestejo?
Sou um macaense que nasceu em 1976 numa Macau completamente diferente do que é hoje. Aqui cresci e desde muito novo tive o sonho de ser músico.

Mais do que ser cantor, ser músico?
Sim, ser músico. Esse lado de ser cantor surgiu mais tarde porque comecei com oito anos a tocar piano, depois aos dez anos comecei a tocar bateria e aos 14 peguei definitivamente na guitarra e foi com a guitarra, como auto-didacta, que comecei a tentar compor. Naturalmente que as primeiras músicas eram semelhantes a muitas das coisas que ouvia. A partir de determinada altura, e já a viver em Portugal, comecei a procurar compor, em Português e em Inglês, num estilo próprio mas claro, com influências do multiculturalismo cá de Macau. Desde então, procuro manter esse contacto.

Já vamos falar do seu percurso musical, que conheceu o apogeu no início deste milénio. Voltando à Macau do antigamente. Quais são as suas recordações?
Saí de Macau com 20 anos e, por isso, lembro-me de muita coisa (risos). Essencialmente lembro-me das coisas culturais da cidade como as corridas dos Barcos-Dragão, os meus tempos como jogador de futebol… Joguei como guarda-redes e cheguei a representar a Selecção de Macau. Recordo também com saudade os tempos passados no Liceu [Nacional Infante Dom Henrique], com os meus amigos e colegas. E ainda o tempo que passei como animador da Rádio Macau, em 1995 e 1996.

Nesse tempo ia a Portugal com regularidade?
Naquela altura, íamos a Portugal de três em três anos. Dependia sempre das licenças especiais que os meus pais tinham.

São os dois macaenses?
Não. O meu cruzamento deriva de pai macaense, da família Sales, e de mãe portuguesa. Eles conheceram-se em Moçambique, onde casaram. O meu irmão mais velho, com ano e meio de diferença, nasceu lá mas eu já vim nascer a Macau. Mané Crestejo_GLP_01

Depois foram 20 anos em Macau. Então, saiu de Macau antes da transferência de soberania.
Sim, um pouco antes, em 1996. Até 1999, ainda vim duas vezes de férias e na cerimónia de transferência até estava em Macau.

Que sentiu nesse dia?
Foi triste. Andei a percorrer as ruas e, em certos momentos, senti aquela tristeza do fim de um era, do fim de um período de convívio e de experiências da comunidade portuguesa. Porque, na verdade e desde então, as coisas mudaram drasticamente na sociedade de Macau. Ainda voltei a Macau, de férias, em 2005 e já foi um choque para mim, quanto mais o ano passado quando decidi regressar.

Foi exactamente ao encontro do que lhe ia perguntar a seguir, isto é, a Macau em que cresceu nada tem a ver com esta Macau do século XXI.
Sim, muito diferente. Claro que falo de diferenças mais ao nível físico. Existem certas zonas em que o património se mantém e as coisas estão quase iguais ao que eram em 1999 e aí, sim, a gente sente-se muito mais aconchegada. Contudo, no geral, Macau está muito diferente. Em 2005, ainda havia um campo de futebol no Tap Seac e, o ano passado, quando regressei já não. Grande parte do meu tempo era passado naquele campo a jogar futebol e basquetebol. Foi um choque tremendo, já para não falar dos diversos amigos que perdi.

Como foi regressar às origens 20 anos depois?
A readaptação está a ser gradual. Vim para cá de férias e sem intenção de ficar. Voltei em Julho de 2014 com viagem de regresso em Setembro mas surgiu a possibilidade de trabalhar no Consulado de Portugal e, como estava a acompanhar a minha mãe que estava doente, decidi aceitar o convite. Essa decisão ia sempre sendo a prazo. Primeiro até final do ano, depois até ao Verão, agora, novamente, até final do ano. Se renovarem o contrato, não coloco de parte a possibilidade de ficar mais tempo. Tem sido uma experiência gratificante pois acabei por me reunir com muitos dos meus antigos colegas e amigos do liceu e do Dom Bosco.

[quote_box_right]“Aconteceram muitas coisas em Portugal que marcaram e muito a minha vida, desde a carreira musical a amigos. Claro que estando de volta [a Macau] estou a criar novas memórias e a tentar tirar algum partido deste meu regresso”[/quote_box_right]

A caminho dos 40 anos, tendo vivido metade aqui e metade em Portugal, sente mais saudades de Portugal ou está bem em Macau?
É uma pergunta difícil. Sinto-me dividido. Quando fui para Portugal sentia-me um emigrante e agora, voltando para cá, tenho a mesma sensação, apesar de aqui ter nascido. Aconteceram muitas coisas em Portugal que marcaram e muito a minha vida, desde a carreira musical a amigos. Claro que estando de volta estou a criar novas memórias e a tentar tirar algum partido deste meu regresso.

Como já foi dito anteriormente, voltou a Portugal em 1996. O que é que aconteceu daí para frente?
Fui-me envolvendo com a música. Comecei a participar em alguns programas de televisão como o Chuva de Estrelas, em 1999, onde cheguei à final com uma interpretação de “Iris” dos Goo Goo Dolls. Mas o mais marcante foi, sem sombra de dúvidas, a Academia de Estrelas, em 2002, da qual saí vencedor. Era um programa da TVI, ao estilo da Operação Triunfo mas, fora a componente do canto, também com a vertente da representação e da dança. Lembro-me perfeitamente dos professores de representação que eram o António Feio e a Margarida Marinho. Tínhamos o Luís Madureira como professor de voz e o Paulo Jesus como coreógrafo.

Essa foi a grande alavanca na sua carreira.
Sim, claro. Como fui o vencedor, o prémio incluía um carro…

Ainda tem esse carro?
Não. Troquei-o na altura por um melhor. Parte do prémio foi ainda um curso na Oficina de Actores na NBP e a gravação de um disco, que foi o meu primeiro álbum de originais intitulado “Longe”, através da Farol.

Com isso, o seu sonho de criança tornou-se realidade. Essa componente de representação foi sempre secundária?
Sim, era acessória. A minha presença em representação na televisão é muito residual. Logo ao início, tive duas participações em duas novelas da TVI – Saber Amar e Anjo Selvagem -, mas era mais como músico e cantor. Depois, envolvi-me no teatro musical e participei em dois musicais com o Fernando Mendes e, mais tarde, participei no musical dos Xutos & Pontapés, intitulado “Sexta-feira 13”.

Esses musicais aconteceram quando?
Os que fiz com o Fernando Mendes foram em 2003 e 2005. O do Xutos aconteceu em 2006, no Music Box, um espaço aberto junto às Docas. Actualmente, pode ver-se o espectáculo na íntegra no YouTube. Depois desse espectáculo fiz uma pausa e comecei a dedicar-me novamente à composição, começando a preparar o meu próximo projecto.

Esse projecto, que acabou por ser o seu segundo trabalho musical, viu a luz do dia em que ano?
Em 2008, não a solo, mas com o projecto Mariária. Trata-se de um projecto de música do mundo, com influências tradicionais e celtas.

Há influências de Macau?
Também. Fui beber aqui e ali. Aliás, um dos temas que tem bastantes influências de Macau e da China é o tema “Ao Seu Lugar” que venceu o segundo lugar no International Songwriting Competition em 2009, na categoria de World Music. Foi o tema que nos permitiu dar a conhecer o projecto.

Quantos álbuns editou?
Um álbum a solo completo que foi o primeiro. Dois de projecto e um EP, o último que lancei no final do ano passado, em Outubro de 2014, que são só cinco temas.

Que mais fez em Portugal?
Tive algumas participações aqui e ali, em diversos outros projectos. Cantei em coros, em programas de televisão e em galas. Paralelamente, e como engenheiro de som, estive ligado à produção de álbuns de Paulo Gonzo e Madredeus.

Participou no Festival da Canção?
Sim, em 2001, se a memória não me falha, numa eliminatória da Madeira, antes da participação na Academia de Estrelas. Interpretei a música “Fechar os Olhos (e Olhar)”.

O facto de ter vindo para Macau em 2014, por entre diversas razões, pode também ter a ver com o facto de estar a atravessar um momento de menos trabalho em Portugal?
Provavelmente, sim. Aproveitei para vir precisamente porque não estava a ter tanto trabalho lá, numa fase mais baixa. Estar cá também me permite auscultar o que há de oportunidades na música. Macau é um mercado totalmente diferente, onde temos de ter em conta a multiculturalidade. Aqui, não posso pensar apenas no mercado português e na comunidade portuguesa.

Mas o sonho, apesar de algumas dificuldade, mantém-se.
Sim, o sonho mantém-se. Sempre.

O que é que tem feito por aqui, relacionado com a área artística?
Por enquanto ainda nada, ou muito pouco. Em Outubro de 2014, fiz uma actuação de uma hora no Hard Rock Café, no âmbito do Pink Oktober, através do convite da Vera Fernandes. E, agora, a convite do Miguel de Senna Fernandes também participei no espectáculo dos Dóci Papiaçam di Macau, uma experiência fantástica.

Tem composto? Trouxe instrumentos consigo? Que tempo tem reservado ao seu sonho, se é que podemos dizer assim?
Não trouxe nada. Tive que comprar uma viola acústica aqui (risos) para poder continuar a tocar. A minha guitarra e todo o meu equipamento de produção ficou em Portugal. Em Macau, estou a reinvestir um pouco e comprei a viola precisamente para manter o contacto com a música e fui compondo algumas coisas. Ninguém me sondou para mais projectos e, na verdade, sou eu quem está a sondar e tentar perceber que músicos é que estariam interessados em criar qualquer coisa de novo, porque existem muitos músicos por cá. Contudo, a maioria toca mais covers, algo que não tenho problema, mas queria mesmo era criar coisas novas. A criação original sempre foi o meu interesse principal.

E Portugal? Neste ano que aqui esteve, surgiu algum convite?
Sim, têm perguntado mas perguntam sempre muito por cima. Normalmente questiono quantos concertos são, que projectos. Porque a viagem daqui para Lisboa é muito longa e cara. Teria de valer a pena. Recusei alguns trabalhos, uma vez que a minha ida não compensava só para fazer um concerto. Se houvesse uma sequência de espectáculos, sim, estaria interessado em ir.

O que é que acha que pode ter acontecido na sua vida/carreira para que nos primeiros anos, depois da vitória na Academia de Estrelas, ter tido tanto trabalho e agora estar a passar por um momento menos bom?
Foram várias circunstâncias. A crise talvez tenha sido a maior de todas. Houve uma altura em que as Câmaras Municipais organizavam festas e ofereciam os concertos às populações. Nessa altura, havia muito trabalho mas essa prática foi prejudicial uma vez que as pessoas começaram a ser habituadas a não pagar espectáculos. Depois, quando os Municípios deixaram de oferecer esses espectáculos, tudo se complicou. Os concertos começaram a diminuir assim como a formação das próprias bandas. Muitas das bandas, mesmo de artistas consagrados como Rui Veloso ou Luís Represas, diminuíram as suas formações para fazer face aos gastos. Mas nem sempre é a mesma coisa. Não há nada que pague a verdadeira dinâmica do tocar ao vivo, até porque o público entranha-se mais na música.

Portanto, voltar a Portugal só houver algo aliciante na música?
Sim. Claro que, se houver trabalho na música, voltarei a Portugal. Ou então, se não houver oportunidade para continuar por Macau, procurarei noutro lado como Londres ou Nova Iorque. E sempre foi minha intenção experimentar a realidade desses locais.

Quando venceu a Academia de Estrelas, iludiu-se ou é uma pessoa de pés firmes no chão?
Não. Sempre tive os pés bem assentes no chão e, por isso, nunca me iludi e nunca me desiludi. Repare, até mesmo nos momentos menos bons são essas alturas que nos definem. Ou mantemos a convicção daquilo que nós queremos ou deixamo-nos seguir o caminho das editoras, muitas vezes diferente daquele que idealizamos.

A música deu-lhe mais amigos ou mais inimigos?
Mais amigos. Sinto que ganhei mais amigos até porque conheci vários músicos com quem tive a oportunidade de trabalhar e aprender. Músicos dos Pólo Norte, da Rita Guerra, dos Madredeus, e esse convívio permitiu-me enriquecer musicalmente.

Quais são as suas influências e os seus ídolos?
Quando era mais novo gostava mais de rock. Ouvia Guns n’ Roses, Bon Jovi… Mas a partir do momento que fui viver para Portugal tive contacto com vários outros estilos e passei a ouvir o José Afonso, Trovante, Loreena McKennitt, Carlos Núñez, Dulce Pontes, entre outros.

Gosta de Fado?
Gosto de fadistas. Para ouvir Fado tudo depende do fadista que esteja a cantar. Do lado masculino, admiro muito o Ricardo Ribeiro e do lado feminino, ouço a Ana Moura que, para além de muito bonita, tem um calor de voz que gosto.

Em que estado está a música portuguesa? É necessário cantar em Inglês como os Moonspell para ser reconhecido mundialmente?
Não penso que seja necessário. Esta é uma luta de anos mas o que está em jogo são as quotas dedicadas à música portuguesa nas rádios lusas, que nunca chegam àquilo que é estabelecido por lei. Por isso, as pessoas estão mais habituadas a ouvir em Inglês e a rádio acaba sempre por definir os gostos. Repare que uma pessoa pode ouvir uma música na rádio e dizer “detesto isto” mas, depois dessa música passar dez vezes, já se começa a cantarolar. Daí que quando surge um projecto como os D.A.M.A., mais recente e que me recordo, é de louvar pois cantam em Inglês e começam a ter algum público fiel, mesmo que seja um mercado muito específico como o hip-hop. Penso que, a haver uma crise na música portuguesa, ela será mais relacionada com a forma como a música é apresentada ao público, porque havendo um controlo mais afincado das editoras e das rádios, eles é que acabam por influenciar o público.

E em Macau, como está a indústria musical?
Está numa fase pré-natal. Ainda não há investimento e cultura de edição musical. Só ultimamente é que começaram a surgir apoios, quer do Instituto Cultural quer da Fundação Macau para produções de artistas locais. Ainda assim, é muito pouco. Fora o estúdio da Casa de Portugal, não conheço mais qualquer estúdio que permita aos músicos arranjarem um produtor e gravar um trabalho. É preciso isso – e muito mais – para que, pelo menos, possamos estar ao nível de Hong Kong. Mas a região vizinha tem as editoras mundiais lá estabelecidas, tem outra orgânica e até mesmo os músicos de lá são mais ouvidos em Macau que os locais. É preciso pro-actividade. Os músicos têm de começar a criar mais em Macau, seja em Cantonês, em Mandarim, em Português ou em Inglês. Isso iria dar mais destaque àquilo que é a cultura de Macau, a diversidade.

O que é para si ser macaense?
Para mim ser macaense é ser muito paciente, se calhar mais paciente que o chinês (risos). Na verdade, sinto-me especial por pertencer a uma comunidade que é única no mundo e que tem as suas especificidades. Ser capaz de interagir com as mais diversas culturas é um ponto forte do ser macaense. Posso falar Chinês, posso falar Português e até posso falar Inglês. Temos muita felicidade em adequarmo-nos.

As tradições macaenses sempre estiveram presentes em sua casa?
Sim. Lá em Portugal, fazia e comia minchi (risos). Aprendi com a minha mãe. Fazia também chao min e cheguei a cozinhar comida macaense para os meus amigos. Eles adoravam até porque fazia a massa chinesa estaladiça com molho.

Fala chinês?
Falo. E agora mais uma vez que com o regresso tenho falado muitas vezes em Cantonês. O Mandarim já é mais complicado mas no Cantonês estou a falar cada vez melhor.

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Discografia

1996 – Participação na colectânea Made in Macau
2002 – “Longe”, primeiro CD de originais
2008 – “Mariária”, primeiro CD do projecto homónimo
2012 – “Terra de Sal”, segundo CD com o projecto Mariária
2014 – “Comeback”, EP a solo

10 Jul 2015

LMA | Festival “Kill The Silence” chega a Macau para quatro dias de festa

Música ao vivo, filmes e sessões com artistas. Está aí o Festival “Kill The Silence”, que traz a Macau quatro dias de entretenimento no espaço da LMA

[dropcap style=’circle’]E[/dropcap]steve em Hong Kong nos últimos dois anos, quando começou, mas agora chega a Macau. O Festival “Kill The Silence” – “O Silêncio Não é Opção, em Português” – acontece na Live Music Association (LMA) durante quatro dias este mês e promete trazer música, filmes e muito mais ao território.
“Kill The Silence” é um festival experimental de arte, que mistura diferentes géneros de actividades. Este ano, à RAEM, chegam artistas de Portugal, EUA, Suíça e Itália, além dos locais que representam Macau e Hong Kong. rtistas1
A abrir, no dia 12 de Julho, está o tema “Música em Filmes”. Das 21h00 à meia-noite, pode assistir-se a espectáculos musicais que vão actuar como bandas sonoras ao vivo, já que acompanham filmes e vídeos experimentais de Macau e Hong Kong. A banda de rock local ‘Forget the G’ vai acompanhar os filmes do produtor cinematográfico de Macau Ao Ieong Weng Fong, enquanto Kai-Ho, realizador de Hong Kong, apresenta as suas curtas-metragens pela primeira vez, ao som da música de improviso de Wilmer Chan.
O segundo dia, 14 de Julho, e o terceiro, 17 de Julho, são dedicados ao tema “Swiss Underground” e apresentam, das 20h00 às 24h00, o grupo LUFF – Lausanne Underground Film & Music Festival e o So-so Film de Macau com curtas metragens seleccionadas. O evento terá ainda música ao vivo, com o co-programador musical . . . (a.k.a. Nikola Mounoud) e será seguido de uma sessão sobre cinema.
O quarto dia, marcado para o dia 18, encerra o “Kill The Silence” e prolonga-se, por isso, das 19h00 às 4h00 com música ao vivo. Nesta noite, actuam Mounoud (da Suíça), Caligine + Callum Duo (Itália e EUA), Underture (Hong Kong e Macau), Grand Guignol (Macau), open& (Portugal), KUNG Chi-Shing + Nerve (Hong Kong) e Faslane, Sinking Summer, N1D, Noise808 e Faye, todos de Macau. artistas2
“Convidámos artistas que cobrem uma abrangente diversidade de géneros, desde o experimental, ao Freeform Jazz ao EDM”, explica a organização, da qual faz parte o grupo MoWave, em comunicado “Nos últimos dois anos, conseguimos trazer mais de 42 grupos de artistas de diferentes locais à volta do mundo. O ‘Kill The Silence’ vai permitir aos espectadores ter acesso a estilos de músicas diferentes e de diferentes locais do mundo.”
Os bilhetes estão já à venda, sendo que o passe de quatro dias – à venda até 11 de Julho – custa 250 patacas. Os bilhetes individuais custam 120 patacas para o dia 12, 50 para os dias 14 e 17 de Julho e 180 patacas para o dia do encerramento. Os bilhetes podem ser comprados na Livraria Portuguesa e na Livraria Pinto, podendo ainda ser adquiridos na porta da LMA.

9 Jul 2015

CCM | Peça de teatro “A Falta” no palco em Setembro

A peça de teatro “A Falta” sobe ao palco do Centro Cultural de Macau (CCM) em Setembro. Concebida pelo Teatro Gecko, a obra – “uma peça de teatro físico” – envolve dança, arte circense e mímica.
“Levando o público às profundezas da psique de Lily, uma mulher que decide voltar atrás no tempo para explorar as suas memórias mais íntimas, ‘A Falta’ é uma combinação de imagens e movimentos, música e efeitos sonoros, já descrita como uma manta viva de ilusões visuais”, realça a organização.
Apresentada através de diversas expressões artísticas, a peça é dirigida pelo director artístico Amit Lahav. O Teatro Gecko é uma companhia britânica multi-premiada e internacionalmente reconhecida. A peça que traz agora a Macau já “foi um sucesso no Festival Show Case de Edimburgo em 2013 e aplaudida desde então em diversas salas e festivais, tendo andado em digressões pelo Reino Unido e entre continentes, da América do Sul à Ásia”. ccm2_ccm
Além do espectáculo, os actores do Teatro Gecko orientam ainda um workshop de teatro físico concebido para explorar fisicalidade, foco, trabalho de equipa e improvisação. Dedicada a participantes com experiência teatral, a sessão decorre no dia 4 de Setembro de 2015 e as inscrições custam cem patacas. Incluída na mesma série de actividades, o CCM apresenta uma tertúlia pré-espectáculo sobre teatro físico, que tem entrada livre.
A peça está marcada para o dia 5 de Setembro, pelas 20h00 e é aconselhável para maiores de 13 anos. Os bilhetes custam 180 patacas e estão já à venda.

9 Jul 2015

Cabo Verde | Exposição na Casa Garden para celebrar independência

Uma figura incontornável que merece destaque no dia em que se celebra a independência de Cabo Verde. É o que diz a Associação de Divulgação da Cultura Cabo-verdiana sobre Amílcar Cabral, cujos pensamentos vão estar expostos em diversos materiais na Casa Garden

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Casa Garden recebe a partir deste fim-de-semana e até ao final do mês uma exposição para celebrar a independência de Cabo Verde. “O Legado de Amílcar Cabral” é o título da mostra, que inaugura amanhã e fica patente até 31 de Julho.
Organizada pela Associação de Divulgação da Cultura Cabo-verdiana, a exposição assinala o 40º aniversário da independência de Cabo Verde, que se comemorou a 5 de Julho, e traz 27 cartazes e um catálogo, construídos a partir do material documental recolhido pela associação junto da Fundação Amílcar Cabral, com sede na cidade da Praia, e da Unidade de Coordenação da Reforma do Estado do Governo de Cabo Verde. Na exposição estão reunidos documentos, imagens, escritos e testemunhos que procuram não só evidenciar a actualidade do pensamento de Amílcar Cabral, mas também a sua importância para Cabo Verde e como líder africano, como indica a organização. Amilcar-Cabral
Nascido na Guiné, Amílcar Cabral mudou-se aos oito anos para Cabo Verde. Em Setembro de 1956 cria, em conjunto com outros, o Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde, também conhecido pela sigla PAIGC. Foi este o movimento que organizou a luta pela independência de Cabo Verde (e da Guiné Bissau), que era colónia de Portugal.
A 20 de Janeiro de 1973, Amílcar Cabral é assassinado em Conacri, por dois membros de seu próprio partido. Amílcar Cabral profetizara seu fim, ao afirmar: “Se alguém me há de fazer mal, é quem está aqui entre nós. Ninguém mais pode estragar o PAIGC, só nós próprios.”
A Associação de Divulgação da Cultura Cabo-verdiana pretende “homenagear essa figura incontornável da história africana do século XX que foi Amílcar Cabral e, por via dele, todo o povo cabo-verdiano e a sua História”. Uma história que chega à RAEM, já que o povo de Cabo-Verde, relembra a organização, “ousou construir uma pátria feita, hoje, de uma nação dispersa pelo mundo e presente também aqui em Macau”.
A abertura da exposição, que decorre na Casa Garden, está marcada para as 18h30 de amanhã e tem entrada livre. Está patente até ao fim do mês.

8 Jul 2015

Exposição | Artista local Wu Lusheng inaugura mostra amanhã

[dropcap style=’circle’]S[/dropcap]ão quadros a óleo com traços de pintura chinesa, onde os animais têm um papel de destaque. É assim a obra de Wu Lusheng, que a partir de amanhã poderá ser visitada pelo público na Sala de Exposições do Centro UNESCO de Macau. A iniciativa, integrada no Projecto de Promoção de Artistas de Macau, é organizada pela Fundação Macau (FM) e tem o nome de “Cavalos Banhados a Tinta – Obras de Wu Lusheng”. O mesmo nome serve para um álbum, que será lançado também amanhã.
Nascido em 1965 em Kashi, na região autónoma Uigur de Xinjiang, China, Wu Lusheng fez a sua formação superior no Instituto de Artes de Xinjiang em 1982, tendo estudado depois na Faculdade de Educação de Belas-Artes da Universidade Normal de Xinjiang, em 1986. cavalos_Fundação Macau
Residente em Macau, Wu Lusheng é professor convidado da Universidade Cidade de Macau (UCM) e membro da Associação de Artistas de Belas Artes da China, bem como presidente da Associação de Comunicações dos Professores de Arte de Macau. O artista é ainda pintor residente na Galeria de Belas-Artes de Fenghuangling, em Pequim.
Com um leque de exposições individuais no continente e em Macau, Wu Lusheng já conta com várias obras premiadas, tendo também muitos trabalhos publicados em livros de pinturas. Segundo um comunicado, “o artista gosta de animais e de pintar animais, e prefere, sobretudo, pintar cães e cavalos, tanto em pintura a óleo como com pintura tradicional chinesa”.
Aberta amanhã, a exposição poderá ser visita até ao dia 16 deste mês, diariamente, na sala de exposições da UNESCO, situada na Alameda Doutor Carlos D’Assumpção, no NAPE. A entrada é gratuita.

7 Jul 2015

Fotografia | Artista de Singapura expõe na FRC

[dropcap sryle=’circle’]Y[/dropcap]vonee Ng apresenta, a partir da próxima semana na Fundação Rui Cunha, a exposição “Inflorescence”. A fotógrafa de Singapura reúne numa mostra cerca de uma dezena de fotografias que captam especificamente flores frescas. A exposição pode ser visitada de 7 a 25 de Julho.
Yvonne Ng nasceu numa família apaixonada já por si pela arte de fotografar. Licenciada em três diferentes cursos – Design, Artes Visuais e Fotografia -, Yvonne Ng venceu ainda prémios internacionais, por exemplo cinco prémios na competição de fotografias Prix De La Photographie Paris, um dos eventos mais importantes ao nível da fotografia.
A fotógrafa da Singapura mudou-se depois para a cidade americana de Nova Iorque, onde começou a sua carreira profissional, fotografando para revisitas famosas como a “Vogue”, “Glamour”, “Travel and Leisure” e “Style”, enquanto tirava ainda o curso de mestrado de Cinema na The City College of New York. flores
Em cooperação com a artista Flávia Cardoso, Yvonne Ng expõe agora em Macau oito fotografias de flores frescas, cuja ideia, salienta a organização, é a de que as imagens foram “congeladas no tempo” e os autores “captaram precisamente a beleza das flores”.
O organizador principal da exposição é a Associação de Comunicação de Culturas e Artes Yu Yi, a qual se tem dedicado à promoção da arte e cultura em Macau, tendo já realizado diversas actividades. “Inflorescence” tem ainda apoio do Instituto Cultural (IC) e da Fundação Rui Cunha. O evento de inauguração começa às 18h30 do dia 7 de Julho e a mostra, de entrada livre, fica exposta até dia 25 de Julho. 

2 Jul 2015

CEM | Lançado concurso de fotos sobre economia de energia

De agora até Setembro, habilite-se a ganhar prémios: só preciso de poupar energia e mostrar como o faz, diz a CEM

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Companhia de Electricidade de Macau organiza até Setembro o Concurso de Fotos Instantâneas sobre Poupança de Energia. A ideia é encorajar os cidadãos a identificar situações de poupança de energia no seu quotidiano, a fotografá-las e a ganhar prémios, de forma a que também se apercebam da necessidade de se poupar luz.
“Uma pequena mudança pode fazer uma grande diferença para a Terra. Recordar os momentos fotografados instantaneamente através do telemóvel e imediatamente partilhá-los através das redes sociais tornou-se num dos meios de comunicação na sociedade moderna. [O concurso serve] para permitir que os cidadãos de Macau se consciencializem sobre a poupança de energia e entendam a importância de se preservar os recursos”, adianta a empresa em comunicado.
As fotos a concurso deverão estar relacionadas com o conceito de poupança de energia e poderão ser tiradas através de telemóvel ou câmara fotográfica. Os participantes deverão colocar as fotos na página de fãs da CEM no Facebook “Macao Energy Saving Contest” em www.facebook.com/energysavingmacao, com uma legenda com menos de 50 caracteres chineses ou cem palavras em inglês por cada foto. cem
Após fazer o upload das fotos, o participante poderá partilhá-las na sua página pessoal no Facebook para receba mais “likes”.

“Likes” dão prémio

O vencedor da “A Minha Eco-Foto Favorita”, que obtiver o maior número de “likes”, será premiado com um relógio da Apple. Além disso, três de entre todos os votantes ganharão um prémio pecuniário de mil patacas cada, sendo estes apurados através de sorteio.
Não há restrições quanto ao limite de participações, mas são aceites apenas participações individuais. Os prémios incluem valores pecuniários entre as três mil e as seis mil patacas para os vencedores do concurso geral.
O Concurso de Fotos Instantâneas sobre Poupança de Energia da CEM tem início agora e termina a 15 de Setembro, enquanto que a votação do público no Facebook também termina a 30 de Setembro.
Os resultados serão anunciados na página de Internet da CEM no dia 20 de Outubro de 2015. A Associação de Fotografia Digital de Macau e a Associação de Salão Fotográfico de Macau foram convidadas como co-organizadores.

2 Jul 2015

Melco | Anúncio de vencedor para estágio com Zaha Hadid este mês

[dropcap style=’circle’]É[/dropcap] já este mês que se sabe quem é o estudante de Arquitectura de Macau escolhido para estagiar com a designer e arquitecta Zaha Hadid – autora da quinta torre do City Of Dreams. Entre os seleccionados estão Stephanie Choi, Jeff Lei, Ives Ma, Rui Chen e Ka-hou Wu, pelo que um deles estará, no próximo mês, a trabalhar sob mestria de Hadid.
Os concorrentes foram escolhidos por um painel de júris que incluiu o arquitecto macaense Carlos Marreiros, Michele Pasca di Magliano, Hélder Santos, David Clarke e a própria Hadid.
Este é apenas um dos vários concursos desenvolvidos em 2012 pela equipa “Atreve-te a sonhar”, da Melco Crown. Esta tem, de acordo com a empresa, o objectivo de atrair jovens talentosos e investir na indústria das artes e da criatividade. “Expondo os feitos e a proximidade com mestres reconhecidos mundialmente, faz com que o impossível se torne possível”, refere a Melco.
O concurso de Design Zaha Hadid arrancou no ano passado e desafiou jovens estudantes de Macau a participarem com o desenho de uma habitação integrado num espaço de paisagem. A avaliação foi feita com base na capacidade dos concorrentes lidarem com complicações, saberem lidar com tecnologia de impressão a três dimensões e, claro, a sua criatividade. Para Carlos Marreiros, foi “um prazer” ser parte deste painel, para um projecto que diz ser visionário.
“A exposição que a Melco Crown Entertainment dá aos jovens locais vai ao encontro da nossa em cultivar a próxima geração de arquitectos, encorajando-os a ir mais além e a retirar o melhor da tecnologia mais avançada”, disse o arquitecto e artista local. Já Michele Magliano considera que o nível de criatividade destes estudantes é “fascinante” e mostra a sua capacidade de juntar factores como a paixão, a visão e a ousadia para ir mais longe. Magliano vai, juntamente com Hadid, trabalhar com o estudante finalista na sede da empresa no final deste ano.

1 Jul 2015