Hoje Macau EventosGrande Baía | Candidaturas a financiamento na área do cinema até 14 de Junho [dropcap]A[/dropcap] “Feira de Investimento na Produção Cinematográfica da Grande Baía – Guangdong-Hong Kong-Macau 2019” lança a partir de hoje o repto aos membros da indústria cinematográfica do território, interessados em submeter as suas candidaturas a financiamento de projectos, entre 28 de Maio e 14 de Junho. Organizada pelo Instituto Cultural (IC), pela Administração de Cinema da Província de Guangdong, e pela CreateHK, esta feira de investimento está a receber propostas de candidatos locais, com idade igual ou superior a 18 anos, que sejam os realizadores dos projectos que apresentam, contando já com filmes de ficção previamente exibidos ao público, com pelo menos 20 minutos de duração. Um júri composto por profissionais da indústria, convidados pelo IC, seleccionará até oito propostas locais para serem objecto de recomendação e participação, numa fase posterior de selecção global das três regiões, de acordo com critérios de selecção como: criatividade do argumento, viabilidade do projecto experiência, capacidade de execução do candidato e equipa, bem como razoabilidade orçamental. A iniciativa realiza-se no território desde 2014, com o objectivo de estabelecer uma plataforma de qualidade e conveniência para o intercâmbio entre produtores e investidores na área do cinema. Nas edições anteriores participaram 111 projectos e 210 investidores das três regiões. Os formulários podem ser descarregados nas páginas electrónicas do IC e das Indústrias Culturais e Criativas de Macau.
Raquel Moz EventosCiclo afro-americano na Cinemateca Paixão em Junho Os últimos filmes de Spike Lee e de Barry Jenkins, dois nomes de destaque do cinema afro-americano, vão estar na mostra “Black is Beautiful” que inaugura sexta-feira na Cinemateca Paixão. Cinema de excelência é no mês de Junho [dropcap]A[/dropcap] Cinemateca Paixão inaugura o ciclo de cinema afro-americano “Black is Beautiful”, que decorre de 7 a 20 de Junho em Macau, com festa, filmes e conversas sobre a cultura e a sociedade negra dos Estados Unidos da América. São 10 títulos de excelência que prestam tributo à crescente popularidade do cinema feito por cineastas de etnia africana, com filmes de referência, clássicos e actuais, premiados nos mais importantes festivais da especialidade. “Já era altura”, explicou a directora da Cinemateca, Rita Wong, “de reunirmos um conjunto de filmes de importantes realizadores afro-americanos, num ciclo temático que representasse a qualidade das produções que têm sido feitas nos últimos anos”. A vontade vem desde há dois anos atrás, quando o filme “Moonlight” (2016), de Barry Jenkins, venceu o Óscar de Melhor Filme da Academia, ao mesmo tempo que o documentário “I’m Not Your Negro” (2016), de Raoul Peck, sobre a vida do escritor e activista James Baldwin, também nomeado para Melhor Documentário aos Óscares da 89ª Cerimónia da Academia de Cinema e vencedor na mesma categoria dos Prémio BAFTA, ambos anteriormente exibidos na Cinemateca. O projecto “Black is Beautiful” é assinado pelo curador Francisco Lo, “com quem temos trabalhado já em diversas ocasiões, nomeadamente no ciclo que fizemos no ano passado sobre o Novo Cinema Americano, com diversas produções independentes norte-americanas. Ele tem estudado e trabalhado muitos anos como crítico de cinema nos EUA, por isso está bem familiarizado com este cinema de cultura negra, que é hoje uma tendência que desperta enorme interessante, um cinema maduro e experiente, que achámos que merecia uma maior atenção do nosso público em Macau”, sublinhou Rita Wong. O ciclo é especial e começa logo em clima de festa, com a presença dos DJs convidados de Hong Kong, Kong Matt Force e Fotan Laiki, que são prova de que a cultura pop urbana, como o rap e o hip-hop, evoluíram desde as raízes negras do Bronx até se tornarem num fenómeno global. “Na mostra também vamos conhecer melhor esta cultura, de dentro para fora. Quando escolhemos os filmes, procurámos cobrir diferentes áreas, como a música, os movimentos artísticos, a literatura, a vida em sociedade, todos dirigidos por realizadores afro-americanos, homens e mulheres”, segundo revelou. O filme de abertura é o mais recente do realizador Spike Lee, “BlacKKKlansman” (2018), que venceu o Grande Prémio de Cannes em 2918 e o Melhor Argumento Adaptado nos Óscares de 2019, baseado na história verídica de um detective policial negro que se infiltra com sucesso, por via telefónica, na Klu Klux Klan. O cineasta volta a bisar nesta mostra com “Do The Right Thing” (1989), sobre o crescendo de tensão e violência, entre negros, brancos, porto-riquenhos e coreanos, num dia demasiado quente em Brooklyn. Exibido três décadas antes, o filme, nomeado em várias categorias aos Óscares e Golden Globes, sairia das passadeiras vermelhas de mãos abanar. Aos pares Pela longa e extraordinária carreira de 40 anos, como realizador, produtor, argumentista e actor, Spike Lee tem nesta mostra lugar de destaque, contador por excelência de histórias de conflitos raciais, pesando nas consciências de Hollywood com os temas incómodos do seu país. Os dois filmes, antigo e recente, integram o primeiro dos cinco pares de títulos em que esta mostra está organizada: Um clássico e um Vencedor, Rebelião de L.A., Afro-Futurismo, Estranhos Companheiros de Cama, e Vencidos Pela Lei. “O curador teve esta ideia interessante, de colocar cada par de filmes numa espécie de confronto, como se fosse um jogo de basquetebol da NBA, muito característico da cultura norte-americana. Os pares têm, cada um, uma unidade temática, que os relaciona por razões de semelhança ou contraste, em comparações destinadas a criar uma certa química entre eles”, explicou a directora. Pela ordem acima descrita, o segundo par em confronto é “Killer of Sheep” (1978), de Charles Burnett, sobre os altos e baixos de um trabalhador de matadouro que luta com a família pela sobrevivência num bairro de Los Angeles, e “Daughters of the Dust” (1991), de Julie Dash, sobre uma comunidade descendente de escravos das Sea Islands, na costa da Carolina do Sul, que tenta resistir e preservar a sua cultura e património. O terceiro par opõe “An Oversimplification of Her Beauty” (2012), de Terence Nance, sobre a sensação de se ficar pendurado num encontro, com a divagação fantasiosa que daí resulta, a “Sorry to Bother You” (2018), de Boots Riley, em que o protagonista, cansado de maus empregos, aprende a usar a sua “voz branca” ao telefone para ascender ao lugar de vendedor de topo. O quarto par junta “Losing Ground” (1982), de Kathleen Collins, sobre uma mulher negra culta, contadora de histórias de humor e reflexão social, numa interessante comédia cerebral, e “Chameleon Street” (1990), de Wendell Harris Jr, baseado na história de vida de um embusteiro que, entre outras coisas, se fez passar por repórter, cirurgião e advogado, até a lei o apanhar. Foi vencedor do Grande Prémio do Júri no Festival Sundance de 1990. O quinto par une os filmes “Fruitvale Station” (2014), de Ryan Coogler, sobre um jovem negro que é abatido por um agente policial numa estação ferroviária de Oakland, um problema de brutalidade e preconceito racial tão comum na América, e “If Beale Street Could Talk” (2018), de Barry Jenkins, a mais recente obra do realizador do oscarizado “Moonlight”, que conta uma história de amor intimista, passada nos anos 70, antes de sofrer uma grande reviravolta em busca do triunfo contra o ódio e a injustiça. O argumento é adaptado do romance homónimo de James Baldwin. Conversas à parte Haverá ainda tempo para uma conversa, no dia 15 (sábado) às 16h30, com o curador Francisco Lo e Derek Lam, da Universidade de Hong Kong, que tencionam apresentar o tema “Essa Cena É Minha! – Porque a Arte Negra Importa” e debater com o público sobre o futuro do cinema afro-americano e as implicações sociais, políticas e artísticas na sociedade americana e não só. A entrada da palestra é livre, mas os lugares estão sujeitos a reserva antecipada por telefone. Quem não pretende perder um fotograma deste festival é a própria directora, Rita Wong, que não elege favoritos, mas confessou que “vou estar muito atenta ao filme do dia 8 de Maio, “If Beale Street Could Talk”, porque gosto muito do realizador e tenho grandes expectativas em relação ao filme, que ainda não vi. Nesse dia vou reservar o melhor lugar da sala para mim…”, gracejou. Todos os títulos serão exibidos duas vezes durante o festival. Os bilhetes já se encontram à venda, ao preço de 60 patacas. Filmes em Cartaz “BlacKKKlansman” (O Infiltrado, 2018) de Spike Lee 7 Junho 16H00 | 11 Junho 19h30 “Do The Right Thing” (Não Dês Bronca, 1989) de Spike Lee 7 Junho 19h00 | 16 Junho 21h30 “Losing Ground” (Perdendo Terreno, 1982) de Kathleen Collins 8 Junho 16h30 | 12 Junho 19h30 “If Beale Street Could Talk” (Se Esta Rua Falasse, 2018) de Barry Jenkins 8 Junho 21h30 | 13 Junho 19h30 “Killer of Sheep” (O Matador de Ovelhas, 1978) de Charles Burnett, 9 Junho 16h30 | 15 Junho 19h30 “Daughters of the Dust” (Filhas do Pó, 1991) de Julie Dash 9 Junho 21h30 | 16 Junho 14h30 “Fruitvale Station” (A Última Paragem, 2014) de Ryan Coogler 14 Junho 19h30 | 18 Junho 19h30 “An Oversimplification of Her Beauty” (Uma Simplificação Excessiva da Sua Beleza, 2012), de Terence Nance 15 Junho 14h30 | 20 Junho 21h30 “Chameleon Street” (Street, O Camaleão, 1990) de Wendell Harris Jr 15 Junho 21h30 | 20 Junho 19h30 “Sorry to Bother You” (Desculpe Incomodar, 2018) de Boots Riley 16 Junho 17h00 | 19 Junho 19h30
Hoje Macau EventosUSJ | Finalistas do curso de Comunicação e Media mostram trabalhos [dropcap]C[/dropcap]hama-se “Emotion” e é o nome da nova exposição dos alunos finalistas do curso de licenciatura em Comunicação e Media da Universidade de São José (USJ). De acordo com um comunicado, a exposição visa mostrar trabalhos multimédia e será inaugurada no próximo dia 29, pelas 18 horas, na Galeria de Exposições Kent Wong, situada na USJ. A secção de vídeos será apresentada no Auditório Nossa Senhora de Fátima, na USJ, a partir das 19 horas do mesmo dia. “Emotion” tenta abranger o tema dos sentimentos intuitivos interpretados pela fotografia e produção de vídeo. A exibição vai estar patente até ao dia 10 de Junho de 2019. Os principais temas das obras centram-se no desejo, morte, representações abstractas da vida e conexões humanas, entre outros. “A exposição de fotografia mostra a visão criativa dos alunos na captação de imagens, adicionando mais profundidade aos seus trabalhos através da manipulação de fotos e tratamento técnico”, considera a USJ, enquanto que “a instalação de vídeos mostrará uma série de documentários de curta metragem que abordam assuntos envolvendo a psique humana, incluindo a interacção interpessoal com a comunidade e as novas tecnologias”.
Andreia Sofia Silva EventosJoão Oliveira estudou o humor na literatura macaense João Oliveira apresentou esta semana, em Lisboa, a palestra “Humor e língua na literatura em crioulo de Macau”, resultado da sua tese de mestrado. O autor estudou a obra de José dos Santos Ferreira (Adé) e Leopoldo Danilo Barreiros, sem esquecer o trabalho do grupo teatral Dóci Papiaçam di Macau. O académico encontrou muita auto-crítica à condição macaense e uma demarcação daquilo que é chinês [dropcap]A[/dropcap] literatura macaense dos primórdios do século XX está marcada por uma fina ironia daquilo que é ser macaense, com laivos fortes da cultura portuguesa e um total afastamento face ao que é chinês. João Oliveira, mestre pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (FLUL), apresentou, esta semana, uma palestra dedicada ao humor presente nas obras de autores como Leopoldo Danilo Barreiros ou José dos Santos Ferreira, também conhecido por Adé. Dentro da contemporaneidade, João Oliveira não esqueceu o trabalho desenvolvido pelo grupo teatral Dóci Papiaçam di Macau, dirigido por Miguel de Senna Fernandes. Em entrevista ao HM, o académico diz ter encontrado nos textos literários de Barreiros e Adé uma auto-crítica face ao que é ser macaense, mas de uma forma não ofensiva. “Na altura existia auto-humor, digamos assim. Os macaenses brincavam sobretudo com eles próprios, com a sua cultura, muitas das vezes diminuindo-se de uma forma que, para quem lê, não é verdadeiramente para inferiorizar.” Neste sentido, a língua portuguesa surge como um idioma elegante e formal, ao contrário do patuá. “Os macaenses brincam muito com eles próprios e com o elemento português, que muitas vezes é visto como o elemento supra cultural. As personagens, tal como a própria língua portuguesa, são representadas com alguma hiperformalidade, pois vista como uma língua muito formal e pouco natural no dia-a-dia, enquanto que a língua e as personagens de Macau são identificadas de forma contrária.” Para João Oliveira, “o crioulo macaense é visto como uma língua muito coloquial”, e nas obras literárias “as personagens são pouco sofisticadas e isso aparece sobretudo nas personagens mais velhas”. “Embora haja uma falta de cultura, ao mesmo tempo há um certo saudosismo por um Macau passado que se perdeu sobretudo nas últimas décadas, com o crescimento económico e a globalização”, acrescentou o académico. Se o português era a língua de excelência e o patuá caía para segundo plano, o chinês nem tinha direito a referência nas obras humorísticas em crioulo de Macau. “Parece-me que o elemento chinês é bastante ignorado, talvez como uma tentativa de resistência e de demarcação. Há um sentido humorístico até um pouco insultuoso, pois a maior parte das vezes os termos chineses estão ligados a insultos ou a nomes que poderiam ser entendidos como tal.” Para não desaparecer Depois do falecimento de Adé e de Leopoldo Danilo Barreiros, não se voltou a escrever humor em Macau da mesma maneira, pelo menos em patuá. João Oliveira não tem dúvidas de que, se não fosse o trabalho de Miguel de Senna Fernandes com os Dóci Papiaçam di Macau, o humor em crioulo já teria desaparecido. “Talvez como resposta à globalização que se torna cada vez mais evidente, parece-me que os Dóci surgem porque o humor e a cultura literária macaense estava e está em declínio. Como vivemos numa altura em que parece haver uma cada vez maior homogeneização da cultura, acho que os Dóci surgem para tentar que esta minoria não seja engolida pela modernidade e pela China.” Os Dóci Papiaçam Di Macau acabam por se inspirar nestes textos do século XX, mas com as devidas mudanças impostas pelo tempo. “Há uma grande continuidade das obras mais antigas que falei. Parece-me evidente que Miguel de Senna Fernandes, quando começa por estudar os textos já existentes não faz uma quebra brutal mas sim algumas adaptações mais modernas.” Este modernismo também se nota nos vídeos produzidos, nota o académico. Em nome da modernidade, os textos de Miguel de Senna Fernandes já abordam mais o universo chinês. “Nos textos literários surge muito mais o universo português referenciado, e as personagens chinesas, que na altura seriam muitas em Macau, são ignoradas. Surgem mesmo nos textos denominações de origem chinesa, de pessoas, para insultar uma criança, um rapaz de rua, ou para insultar uma mulher vã, por exemplo. Essa presença não vemos nos vídeos dos Dóci.” Neles “existe uma maior presença do elemento chinês que estava completamente ausente dos textos literários e que começa a aparecer nos vídeos, não num sentido tão negativo”, concluiu João Oliveira. Para o académico, “Miguel de Senna Fernandes é, além de um artista, um académico que estuda o crioulo de Macau e que tenta preservá-lo”.
Hoje Macau EventosPalma de Ouro de Cannes para o filme “Parasite” do sul-coreano Bong Joon-ho [dropcap]”P[/dropcap]arasite”, do realizador sul-coreano Bong Joon-ho, conquistou a Palma de Ouro do Festival de Cinema de Cannes, e os cineastas brasileiros Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles partilham o Prémio do Júri, com o francês Ladj Ly. Na competição oficial, os filmes “Les Misèrables”, do realizador francês Ladj Ly, e “Bacurau”, dos realizadores brasileiros Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, protagonizado por Sónia Braga, conquistaram ex-aequo o prémio do Júri de Cannes. O Grande Prémio do Festival foi para a realizadora franco-senegalesa Mati Diop, pelo filme “Atlantique”. O prémio de melhor realização foi para os irmãos belgas Jean-Pierre e Luc Dardenne, pela longa-metragem “Le jeune Ahmed”. O actor espanhol Antonio Banderas recebeu o prémio de interpretação masculina pelo desempenho no filme de Pedro Almodovar “Dor e Glória”, e a britânica Emily Beecham, o prémio de melhor actriz, pelo papel em “Little Joe”, de Jessica Hausner. “Parasite”, um drama familiar, aborda o problema das desigualdades sociais. Do mesmo realizador sul-coreano teve estreia em Portugal, em 2014, o filme “O Expresso do Amanhã”. O prémio de melhor argumento foi para “Portrait de la jeune fille en feu”, da francesa Céline Sciamma, conhecida por “Maria Rapaz” e pelo argumento de “A Minha Vida de Courgette”. Houve ainda uma menção especial do júri para “It must be heaven”, do palestiniano Elia Suleiman, o realizador de “O Tempo Que Resta” que, no filme levado a Cannes, viaja por diferentes cidades do mundo, estabelecendo paralelos com a Palestina natal. A Palma de Ouro para curta-metragem distinguiu “La distance entre le ciel et nous”, do grego Vasilis Kekatos, e a menção especial para curta-metragem foi para “Monstruos Dios”, da argentina Agustina San Martin. O documentário “For Sama” de Waad al-Kateab, que filmou a vida na cidade de Alepo, num dos períodos mais violentos do conflito na Síria, foi distinguido, partilhando o prémio desta categoria com o documentário do chileno Patricio Guzman “La cordillera de los sueños”, uma obra sobre a exploração mineira no Chile, com o foco nos anos da ditadura militar. Guzmán estreou em Portugal “O Botão de Nacar” e “Nostalgia da Luz”, em que focava igualmente os anos da ditadura chilena. O cineasta guatemalteco César Díaz ganhou o prémio para melhor primeira obra com o filme “Nuestras madres”, que fala das 200.000 vítimas e 45.000 desaparecidos do conflito interno no seu país, e dos familiares que sobreviveram. A 72.ª edição do festival de Cannes terminou hoje, com a entrega dos prémios atribuídos pelo júri da competição oficial, presidido pelo cineasta mexicano Alejandro González Iñárritu.
Hoje Macau EventosPintura portuguesa no Clube Militar de Macau integra comemorações do 10 de Junho [dropcap]O[/dropcap] Clube Militar de Macau organiza a partir de quinta-feira uma exposição de pintura portuguesa, a primeira da série anual “Pontes de Encontro”, integrada nas comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas. A mostra do artista plástico português Vítor Pomar, que se prolonga até 7 de Julho, chama-se “Ver o Mundo como Ornamento” e inclui um total de 29 obras originais. A produção executiva está a cargo da Associação para a Promoção de Actividades Culturais (APAC) e a curadoria é da responsabilidade de Lina Ramadas e José I. Duarte. A iniciativa é apoiada pela Fundação Macau, Sociedade de Jogos de Macau, Banco Nacional Ultramarino, Sam Lei Group e pelo comendador Ng Fok. Em comunicado, a APAC sublinhou o trajecto do artista nascido em 1949, que frequentou as Escolas Superiores de Belas Artes de Lisboa e do Porto, e a quem o Museu de Arte Contemporânea de Serralves dedicou uma exposição antológica em 2003. A produção artística de Vítor Pomar inclui obras de pintura, fotografia, cinema e vídeo experimental e instalações. A obra fotográfica foi objecto de exposições na Fundação Calouste Gulbenkian em 1988 e 2011. Em 2018, a série “Pontes de Encontro” apresentou os pintores portugueses Pedro Proença, Madalena Pequito e Maria João Franco.
Hoje Macau EventosIC | Dia do Património Cultural e Natural da China celebrado em Macau [dropcap]O[/dropcap] Instituto Cultural (IC) vai assinalar o Dia do Património Cultural e Natural da China, a 8 de Junho, uma série de actividades com destaque para “Génese e Espírito – Mostra de Património Cultural Intangível de Zhejiang”. O evento multidisciplinar irá mostrar o diversificado património cultural intangível de Zhejiang através de concertos, exposições, workshops, bem como acesso livre ao Farol da Guia e à Sala de Obras Antigas e Raras Chinesas da Biblioteca Sir Robert Ho Tung. Este evento estende-se entre os dias 8 e 25 de Junho. Para 8 de Junho está agendado o “Workshop de miniaturas de pratos macaenses em plasticina” a ter lugar na Casa de Recepções das Casas da Taipa pelas 10h e pelas 14h30 horas, e o workshop “Em Busca das Pinturas Rupestres das Montanhas Helan – Workshop de Decalque de Pinturas Rupestres das Montanhas Helan” que terá lugar no Centro Ecuménico Kun Iam, pelas 14h30. A exposição “Unicidade: Caligrafia pelo Professor Jao Tsung-I” está patente na Academia Jao Tsung-I, apresentando 15 conjuntos de obras de caligrafia do Professor Jao. No dia 29 de Junho, a Orquestra Chinesa de Macau apresenta no Teatro Dom Pedro V, pelas 20h, o concerto de música tradicional chinesa “Ganso Selvagem do Sul e Vento para Norte”, sob a direcção do maestro Zhang Lie. Os bilhetes para o concerto encontram-se à venda e custam entre 60 e 80 patacas.
Raquel Moz EventosFAM | Peça de Lao She no Centro Cultural de Macau este fim-de-semana “O Sr. Ma e o Filho” é a peça de teatro que o Festival de Artes de Macau apresenta este sábado e domingo. A comédia de costumes aborda o conflito entre Oriente e Ocidente, num confronto bem humorado ente as realidades de Pequim e Londres dos anos 20 [dropcap]O[/dropcap] Sr. Ma viaja para Londres com o filho, após a morte do seu irmão, para assumir a gerência da loja de antiguidades por ele deixada. O pai torna-se num modesto comerciante e instala-se com o filho numa residencial britânica, onde várias peripécias acontecem, numa comédia de equívocos com lugar para o romance e a sátira entre hóspede e patroa, em contraponto com a adaptação mais fácil da geração mais nova. Os desafios vividos pelos dois chineses em terras europeias é o ponto de partida para a divertida peça, adaptada do romance homónimo do escritor e dramaturgo Lao She, inicialmente escrito em fascículos e publicado mensalmente num jornal literário de Xangai, em 1929. Além de dar continuidade às bem-humoradas subtilezas do trabalho original de Lao She, a produção adiciona elementos inovadores que homenageiam esta obra clássica com uma nova dimensão. A peça sobe ao palco do Centro Cultural de Macau (CCM) nos próximos dias 25 e 26 de Maio, sábado e domingo, às 20h, pela mão do encenador e actor Fang Xu, também ele dramaturgo e uma referência na divulgação teatral da obra de Lao She por toda a China. A escolha desta história, que reflecte o choque entre as culturas chinesa e ocidental na década de 20 do século XX, ainda hoje faz sentido. “Essa é a mensagem, o racismo europeu que existia contra os chineses, considerados pobres e sem os costumes daquela sociedade, mas que existe também hoje, em que os chineses ricos e bem sucedidos continuam a ser vistos com algum preconceito”, revelou ontem Fang Xu, em conferência de imprensa. O encenador fez uma adaptação radical do texto para a peça, mantendo a ideia do original, uma preocupação sua para com a obra do Lao She, que tem sido dissipada pelos filhos do autor, entretanto bons amigos, e “que afirmam que confiam nas minhas adaptações”, acrescentou. O contacto forçado entre os valores tradicionais chineses e a ideologia ocidental, é aqui revelado através da sagacidade chinesa e do humor britânico, de uma forma leve e provocadora, num jogo onde cinco actores masculinos interpretam nove personagens, masculinas e femininas, e se divertem juntamente com o público. “Este é um drama alegre, em que colocámos algumas expressões modernas no texto, piadas também mais actuais que não existiam no original, mas não fazemos piadas políticas, só brincadeiras e interacção com a plateia”, comentou Fang Xu. Sobre o teatro em Macau, o encenador pequinês não conhece muita coisa, mas acredita que “no território há mais liberdade e menos restrições para se poder ser criativo, o que é uma coisa boa”, afirmou, embora no continente chinês seja um actor e encenador famoso e possa apresentar as peças que quer. A próxima já está a ser preparada, também com base numa obra de Lao She. E o que fazem tantos chapéus no cenário? “Foi a nossa ideia de representar a cidade de Londres”, com a formalidade inglesa dos costumes e dos acessórios, sobretudo na década de 20. “Achámos que alguns elementos, como os jornais e os chapéus, nos transportavam imediatamente para lá”, explicou. Londres anos 20 A obra clássica de Lao She foi também ela influenciada pela experiência do autor, nascido em 1899 em Pequim, no seio de uma família Manchu, que foi viver para Londres como professor de chinês mandarim, em 1924. Aí traduziu para inglês literatura clássica chinesa, mas também conheceu os grandes clássicos britânicos, como Charles Dickens, um dos preferidos, que o veio a inspirar na escrita do seu primeiro livro. Quando regressou à China, em 1931, percebeu que as suas obras eram famosas, pela comédia, o humor e a acção que continham. Mas a carreira como escritor foi afectada pela política, quando a guerra sino-japonesa eclodiu, em 1937, e o escritor se tornou patriótico e defensor de um estilo propagandístico que afectaria a qualidade do seu trabalho. Com a Revolução Cultural, em 1966, tornou-se num escritor proscrito e perseguido, vindo a falecer em resultado de agressões pelos Guardas Vermelhos, segundo consta na sua biografia. Os dois espectáculos do próximo fim-de-semana vão ser interpretados em mandarim, com legendas em chinês e inglês. Têm duas horas de duração, sem intervalo.
João Luz EventosFAM | Teatro do Eléctrico apresenta “Karl Valentin Kabarett” amanhã em Macau “Karl Valentin Kabarett” é o nome da peça que a companhia portuguesa Teatro do Eléctrico traz ao Festival das Artes de Macau. Inspirada na obra e personalidade de Karl Valentin, que ficou conhecido com o Chaplin alemão, a peça sobe ao palco do Sands Theatre amanhã às 20h [dropcap]”N[/dropcap]a verdade, é como um tributo ao ser humano. Mesmo nos momentos mais agrestes conseguimos florir.” É assim que Ricardo Neves-Neves, director da companhia Teatro do Eléctrico, se refere à vida e obra do comediante e multifacetado performer alemão Karl Valentin, o homem que serve de inspiração para “Karl Valentin Kabarett”, o espectáculo que traz a Macau. A peça adaptada pela companhia portuguesa sobe ao palco do Sands Theatre amanhã às 20h e é um dos espectáculos mais aguardados do cartaz deste ano do Festival das Artes de Macau. Karl Valentin foi uma figura ímpar no panorama performativo do início do século XX. Autor, músico, palhaço, actor e pilar de um movimento artístico que espalhou o humor durante uma das épocas mais negras da história da Europa. Ricardo Neves-Neves salienta que o alemão teve a capacidade de marcar as artes performativas europeias do início do século XX ao longo de um período que incluiu duas grandes guerras. “Trabalhou a comédia e os textos com uma grande leveza e com um lado solar muito forte numa altura muito negra, densa e pesada”, contextualiza o director do Teatro do Eléctrico, acrescentando que arrancar gargalhadas durante esta época histórica é um feito, no mínimo, heróico. “Li os textos dele em 2011. Ao perceber a altura em que foram produzidos, achei incrível. Como é que um homem a viver na Alemanha, a viver toda aquela pressão, antes, durante e pós-guerras, continua a fazer teatro, música, cabarés, a cantar e ter a sua dose de humor? É incrível, uma verdadeira história de herói”. Foi este deslumbramento que levou Ricardo Neves-Neves a adaptar os textos do alemão. Versão própria Os textos daquele que ficou para a história como o Charlie Chaplin alemão foram adaptados para cena pela primeira vez em Portugal pelas mãos do encenador Jorge Silva Melo. A peça subiu ao palco do Teatro da Cornucópia na década de 70. “Este espectáculo é quase um género de herança da primeira encenação em Portugal. Foi o Jorge Silva Melo que me deu a ler os textos de Karl Valentin, tivemos várias conversas e depois fizemos a nossa própria versão”, conta Ricardo Neves-Neves. Apesar dos textos da peça serem em português, “Karl Valentin Kabarett” é uma peça musicada e cantada em alemão, partindo de um repertório popular germânico do início do séc. XX. O director do Teatro do Eléctrico explica esta opção com a vontade de aliar “a dureza dos tempos à dureza da língua alemã que, ao mesmo tempo, pode ser muito cómica”. Durante a fase de ensaios, Ricardo Neves-Neves sentia que a pequena companhia que dirige se estava a transformar num dispositivo orquestral, um pouco à semelhança da orquestra mecânica de Valentin, que com o rodar de uma manivela punha a tocar 20 instrumentos musicais. “Houve uma altura nos ensaios em que parecíamos uma grande engrenagem. A máquina foi-se montando segundo as necessidades do espectáculo”, conta o director da companhia. “Chegámos a ter três ou quatro salas de trabalho em simultâneo: uma onde estava com os actores, noutra o meu assistente a fazer e a recordar as cenas, a solidificar. Depois havia uma sala onde aprendemos as canções e uma outra sala dedicada à coreografia. Parecia uma produção gigantesca e nós somos uma pequena estrutura”, recorda. Esta é a primeira internacionalização do Teatro do Eléctrico e “logo para o outro lado do mundo”. Num palco desprovido de complexidades cénicas vão estar 11 actores, um cantor lírico e uma orquestra composta por dez músicos. O preço dos ingressos para provar o requinte da doce ironia de Karl Valentin situa-se entre as 150 e as 200 patacas.
Hoje Macau EventosChico Buarque é o vencedor do Prémio Camões 2019 [dropcap]O[/dropcap] músico e escritor Chico Buarque é o vencedor do Prémio Camões 2019, foi ontem anunciado, após reunião do júri, na Biblioteca Nacional do Brasil, no Rio de Janeiro. O Prémio Camões de literatura em língua portuguesa foi instituído por Portugal e pelo Brasil em 1988, com o objectivo de distinguir um autor “cuja obra contribua para a projecção e reconhecimento do património literário e cultural da língua comum”. Foi atribuído pela primeira vez, em 1989, ao escritor Miguel Torga. Em 2018 o prémio distinguiu o escritor cabo-verdiano Germano Almeida, autor de “A ilha fantástica”, “Os dois irmãos” e “O testamento do Sr. Napumoceno da Silva Araújo”, entre outras obras. “Feliz e honrado” Chico Buarque ficou “muito feliz e honrado de seguir os passos de Raduan Nassar”, o seu compatriota distinguido com o prémio em 2016. “Fiquei muito feliz e honrado de seguir os passos de Raduan Nassar”, refere a curta declaração divulgada pela assessoria de Chico Buarque. O músico e escritor brasileiro fora já distinguido com o prémio Jabuti, o mais importante prémio literário no Brasil, pelos romances “Estorvo”, “Leite Derramado”, obra com que também venceu o antigo Prémio Portugal Telecom de Literatura (actual Prémio Oceanos), e por “Budapeste”. Chico Buarque foi escolhido pelos jurados Clara Rowland e Manuel Frias Martins, professores universitários indicados pelo Ministério português da Cultura, pelo ensaísta António Cícero Correia Lima e pelo professor António Carlos Hohlfeldt, indicados pelo Governo brasileiro, pela professora angolana Ana Paula Tavares e pelo professor moçambicano Nataniel Ngomane. Escritor, compositor e cantor, Francisco Buarque de Holanda nasceu em 19 de Junho de 1944, no Rio de Janeiro. Estreou-se no romance com “Estorvo”, em 1991, a que se seguiram “Benjamim”, “Budapeste”, “Leite Derramado” e “O Irmão Alemão”, publicado em 2014. Em 2017, venceu em França o prémio Roger Caillois pelo conjunto da obra literária.
Hoje Macau EventosIC | Programa de subsídios para estudos artísticos e culturais abre a 20 de Junho [dropcap]O[/dropcap] Instituto Cultural (IC) anunciou ontem que as inscrições para o “Programa de Concessão de Subsídios para Realização de Estudos Artísticos e Culturais” 2019/2020 vão abrir de 20 de Junho até 5 de Julho. O programa abrange o financiamento para estudos de bacharelato ou mestrado nas áreas da investigação ou salvaguarda do património cultural, artes performativas, artes visuais, cinema e vídeo, design, banda desenhada e animação, administração das artes, literatura, estudos culturais, ensino das artes ou outras indústrias culturais e criativas. Os candidatos têm de ser residentes permanentes da RAEM admitidos em instituições de ensino superior no exterior para prosseguir estudos de licenciatura e mestrado nas áreas acima mencionadas e que tenham estudado em escolas públicas ou privadas em Macau no mínimo três anos.
Raquel Moz EventosFilme cabo-verdiano inaugurou Semana de África 2019 O cinema de Samira Vera-Cruz é o encontro intimista de uma jovem realizadora com o retrato humano da sua gente. Entre o real e a superstição, a tradição e a modernidade, a lente da sua câmara vai tentando descobrir a identidade actual de Cabo Verde [dropcap]S[/dropcap]amira Vera-Cruz aterrou em Macau para apresentar o filme ‘Hora di Bai’, ontem à tarde, na inauguração da Semana de África 2019. É uma jovem realizadora que tem conseguido captar a atenção dos festivais internacionais e dar crescente visibilidade ao cinema da sua terra, contando já vários títulos no currículo, entre curtas e longas-metragens. O destaque da sua obra é o pequeno documentário ‘Hora di Bai” que, em 24 minutos, aborda o universo das tradições e superstições, a partir dos rituais fúnebres na Ilha de Santiago. É uma produção de 2017, cujo projecto venceu o concurso Curtas PALOP – TL, no quadro das comemorações do 25º aniversário de cooperação com a União Europeia. “Eu tinha a ideia de filmar os rituais de despedida na hora da morte, na Ilha de Santiago, porque em Cabo Verde somos uma mistura entre o europeu e o africano, o branco e o negro, e isso faz com que muitos dos nossos rituais sejam mistos, nem bem uma coisa nem outra. E fiquei interessada porque sou de São Vicente, onde não há essa cultura tão forte, essa forma de velar os mortos, esse choro tradicional, como na Ilha de Santiago”. Depois de conseguir financiamento, a realizadora teve acesso a uma residência artística e pôde conviver de perto com as personagens do seu filme, que “acabou por se tornar menos sobre os rituais em si, e mais sobre a relação das pessoas a um nível mais humano com a morte”, como recorda. A personagem principal é, então, a Dona Gregória. “Já tinha 100 anos de idade quando a filmámos. No documentário aparece com 99, mas descobrimos depois que tinha mais um ano e não sabia, não se recordava da data”. Faleceu entretanto, em 2018, com 101. “A Dona Gregória já tinha a morte preparada há mais de 30 anos, era de um pragmatismo incrível, dizia que ‘a morte é certa, só não sabemos quando’, então para quê deixar para depois, para os filhos gastarem dinheiro, se podia ficar já tudo tratado….”, revela Samira Vera-Cruz. As restantes personagens são a Dona Adélia, a carpideira, “que não acredita tanto nos rituais, mas segue-os porque é tradição”. E depois há o Sr. Leocádio, “que é o que nós chamamos de ‘rezeiro’, um rezador profissional, a quem pagam para ir rezar nos rituais. E ele acredita mesmo nisso, diz que libertou mais de não sei quantos espíritos, porque em Cabo Verde acredita-se numa morte violenta se o espírito fica preso”, esclarece. Preservar a memória O cinema de Samira Vera-Cruz tem dois propósitos fundamentais, como a própria define, “um é a preservação da memória, individual e colectiva, o outro é um lado mais moderno, mais de provocação socio-económico-cultural”. O interesse pela cultura do país, a insistência no uso da língua de Cabo Verde – o crioulo –, o papel das mulheres na sociedade local, as manifestações populares que ainda resistem, são a matéria que tem explorado na sua filmografia. Foi assim que começou a fazer cinema, com ‘Buska Santu’, em 2016, uma pequena curta onde conta a história de um pai e de um filho, tendo como pano de fundo “a ‘tabanka’, uma manifestação cultural cabo-verdiana, muito típica na Ilha de Santiago”. Quando avançou com o projecto, “não havia muita coisa sobre o tema, havia coisas escritas, mas nada em cinema de ficção. E decidimos ir por aí”, uma experiência que lhe deu o estímulo de abrir a sua própria empresa – a Parallax Produções – e dedicar-se ao cinema. Seguiram-se depois “Sukuru”, de 2017, a primeira longa metragem, cuja tradução para português é ‘escuro’, “um thriller psicológico sobre um jovem esquizofrénico, que acaba por se viciar em ‘crack’. É muito pesado. A saúde mental sobre foi um tema que me interessou muito, principalmente por ser tabu em Cabo Verde, não se fala sobre isso”, explica Samira, que pesquisou bastante junto da classe médica para escrever o guião, um trabalho “muito intenso”. A curta que fez em 2018, ‘Ti Ki Nu Odja’ ou ‘Até um Dia’, é um projecto criado para o Dia da Mulher Cabo-verdiana – 27 de Março –, mas que aguarda vir a ser uma longa-metragem, talvez para o ano que vem. Surgiu como “uma coincidência, de eu estar em Maputo e passar em frente da casa de uma senhora cabo-verdiana, há mais de 60 anos em Moçambique”. Entretanto, está ocupada com o filme que vai começar a rodar já em Junho, com o título ‘E Quem Cozinha?’. “É um documentário sobre uma jovem cega em Cabo Verde, uma história de abandono que pretende ser um retrato sobre a realidade da mulher cabo-verdiana, muito comum nos estratos socio-económicos mais baixos”. A personagem é abandonada pelo pai, e pelo pai do filho, que questionam a sua capacidade para cozinhar por serem cegas. “Afinal, num país que já foi o segundo do mundo com mais mulheres ministras, em 2015, ainda é a mulher que tem que cozinhar para o homem. É uma sociedade muito matriarcal e, ainda assim, muito machista”, considera Samira Vera-Cruz, que vai falar mais sobre a sua obra na palestra sobre o “Desenvolvimento do Cinema em Cabo Verde”, amanhã às 18h30, na Universidade de São José, com entrada aberta ao público.
Raquel Moz EventosDesign moçambicano e pintura guineense no ArtGarden Galery Patrícia Vasco e Sidney Cerqueira são dois jovens artistas que, a convite da organização da Semana de África 2019, vieram a Macau mostrar peças de design de moda moçambicano e de pintura guineense. Ontem de manhã, enquanto montavam a exposição conjunta no ArtGarden Galery, falaram da sua arte ao HM Como é que o design de moda e a pintura entraram na vossa vida? Quando é que começaram a criar os vossos primeiros trabalhos? [dropcap]P[/dropcap]atrícia Vasco (PV): O design de moda entrou na minha vida por causa da dança, que é uma das minhas formações de base. Eu desenhava roupa para os espectáculos que fazia, mas na altura ainda só por brincadeira. Mais tarde, já eu trabalhava num banco para conseguir ter uma renda um pouco maior, decidi participar num evento que acontece anualmente em Moçambique – o Mozambique Fashion Week –, onde as pessoas apresentam os seus modelos. Entrei pela primeira vez, em 2013, na categoria de ‘young designer’, e desde então não deixei mais o design. Hoje tenho 29, mas apesar de ter começado a criar cedo, essa foi a data oficial, quando também criei a minha marca ‘Amorambique’, que era o nome da colecção que apresentei. Sidney Cerqueira (SC): Eu faço parte de uma família de artistas e sempre desenhei desde criança. Sempre estive ligado ao desenho, mas a pintura aconteceu em 2014, quando a minha parceira, na altura, insistiu muito comigo para eu fazer um curso de pintura. Só que eu não estava muito entusiasmado. Até que um dia, ao chegar a casa, vi um formulário em cima da mesa, para fazer um curso à distância. Inscrevi-me, enviaram-me os materiais, cavaletes e telas, e foi assim que comecei. Nunca mais parei até hoje. Isto aconteceu em Lisboa, para onde eu fui viver no ano 2000, embora seja da Guiné Bissau. O que é que vos inspira quando criam as vossas peças? SC: Eu há muito tempo que deixei de ficar à espera de inspiração, porque tenho que trabalhar… (risos). Todos os dias entro no atelier de manhã e saio à noite, excepto ao fim-de-semana. É à noite, quando vou para a cama, que começo a trabalhar mentalmente no próximo quadro. Também faço muita pesquisa na internet e vou-me inspirando nos trabalhos de outros artistas. PV: Olha, a capulana em si já nos inspira a fazer várias coisas. É o nosso tecido tradicional e proporciona-me várias ideias. Normalmente não crio nada que não exista já, o que faço é conjugar os tecidos tradicionais com alguns materiais para fazer coisas novas e adaptá-las à moda. A ideia é internacionalizar o nosso tecido. Só fiz moda durante um ano, porque em Moçambique temos já muitos estilistas. Para não ficar na ‘mesmice’, decidi enveredar pela área dos acessórios: carteiras e calçado. E, do ponto de vista emocional, como é que definem a vossa arte? PV: É impossível ficar triste ao lado da capulana! Por mais que o dia esteja cinzento, se a pessoa está vestida com todas aquelas cores da capulana, não consegue não ficar bem. No fundo, o que faço é transmitir essa alegria e uma certa confiança. Mostrar o que é nosso, de forma enquadrada, através das carteiras e do calçado, provando que é possível fazer moda actual com estes tecidos, que não são só para as pessoas com menos posses. Apesar de servirem habitualmente para carregar crianças ao colo, ou segurar num balde de água, também podem ser integrados no nosso dia-a-dia, inclusive em locais de trabalho mais formais como, por exemplo, num banco, como aquele onde trabalhei. SC: Sim, é muita alegria! Muita alegria e muito calor. As minhas cores preferidas são o vermelho e o amarelo, as cores quentes são as que eu mais uso. Isto foi uma evolução, do carvão para a cor. Ainda me lembro do primeiro quadro que fiz, decidi pintar camelos, mas foram os camelos mais feios que alguma vez surgiram na tela. Esse quadro já nem existe. Claro que houve uma evolução, comecei com a paisagem, depois fui para o abstracto, passei ao figurativo, já fiz realismo também e, agora, misturo um pouco do realismo com o abstracto. É como vai saindo no momento. E tudo com cor, porque a África tem muito influência no meu trabalho. Como é que está a evoluir a pintura na Guiné Bissau e o design de moda em Moçambique? E como vêem também hoje a arte africana no contexto mundial? SC: Hoje em dia a pintura africana está a sair daquele estilo habitual, sempre com as mulheres com uma cabaça na cabeça, ou as tabancas e as aldeias. A arte está a desprender-se disso, já temos arte africana contemporânea, e pessoas a fazer pintura com plástico, por exemplo, com a mensagem da reciclagem. Em Moçambique, em Angola, no Senegal, então, estão a fazer-se coisas incríveis! A arte em África está a evoluir muito. As dificuldades que temos são o acesso a galerias, a falta de materiais para trabalhar, a falta de condições para expor na Europa ou na América. Só não temos falta, realmente, é de artistas e de ideias. PV: Nós, em Moçambique, ainda estamos a caminhar. É algo que eu sinto que ainda é novo. Há muitos jovens designers super talentosos, só que não existem muitas oportunidades. Temos apenas uma plataforma para mostrar o trabalho dos designers – o Mozambique Fashion Week – que só acontece em Dezembro. De Janeiro até Novembro não acontece nada, o designer é que tem que correr atrás das oportunidades. Alugar um espaço para fazer um desfile é muito difícil, para comprar os tecidos e materiais é preciso patrocínios, e nós não temos. E depois não é só isso. Em Moçambique, a arte ainda não é uma profissão estável, como ser médico, bancário, piloto. Ser artista é visto como uma ocupação para quem não tem que fazer. Enquanto que, em países como a Nigéria ou o Senegal, isso já é fonte de sustento e encontram-se ruas inteiras só de lojas. E as vendas online? É através da internet que vocês dão a conhecer ao público o vosso trabalho? PV: Sim, sim. Eu vim a Macau pelo Instagram! E fui a Paris pelo Instagram. Se não fosse a internet, seria muito difícil. SC: Sem ela a minha carreira não seria o que é hoje, 90 por cento do que eu vendo é pela internet. A internet trouxe-vos uma plataforma de visibilidade para os restantes países lusófonos e para o mundo, onde já têm exposto o vosso trabalho. Essas experiências também se reflectem depois nas obras seguintes? SC: Sim, isso também nos inspira. É um intercâmbio e, sem fazer muito esforço, ele acontece. Eu estou sempre aberto a novas coisas, novas ideias, novas amizades, outras culturas. E quero aprender, sinto que ainda não sei nada. Quanto mais se viaja, mais se absorvem coisas novas e positivas. PV: Claro que sim. E é incrível também ver o ‘feedback’ das pessoas de fora, que quando vêem coisas africanas ficam maravilhadas. É a primeira vez que vêm a Macau. As cores e as luzes do território também vos impressionaram? PV: Sim, causa algum impacto ver o céu cinzento e depois olhar para as estruturas que são em dourado e vermelho, tudo colorido. E a temperatura lembra-nos muito os nossos países, Moçambique e Guiné Bissau. Vamos levar muita coisa daqui, com certeza, e vamos inspirar-nos para as próximas colecções. SC: Eu só cheguei ontem [domingo]. Mas vou levar alguma coisa comigo, de certeza absoluta. Fiquei completamente apaixonado pela cidade, pelo que vi ontem. É a primeira vez que venho para a Ásia e que vejo algo assim, edifícios totalmente iluminados, com várias cores e cheios de vida. É muito bonito. Também já passearam pelas zonas de influência colonial portuguesa? SC: Eu ainda não tive oportunidade. PV: Eu já fui passear ali pelo Largo do Senado e pensei que estava em Lisboa! Restou muito pouco, mas lembra muito. O clima é que me pareceu mesmo que saímos de África para chegar a África… Vocês vieram de África para a China, mas há muito que a China chegou a África. Já estavam acostumados com a cultura asiática? SC: Eu vim de Portugal. Mas os chineses na Guiné são muito reservados. Não frequentam cafés, nem bares ou discotecas. Criam os espaços de encontro deles, mas não os conhecemos. Só temos contacto com eles através das lojas [de artigos baratos]. E também não temos restaurantes chineses na Guiné Bissau. PV: Em Moçambique eles investiram muito em infra-estruturas no país, têm também muitas lojas de coisas chinesas, e frequentam os nossos restaurantes. Saem às sextas-feiras para os nossos locais, claro que com os grupos deles, mas se alguém lhes falar, também fazem conversa. E os moçambicanos também frequentam muito os restaurantes deles. Até temos um restaurante de Macau! Visto que só se conheceram agora em Macau, o que tiveram oportunidade de descobrir já sobre a obra um do outro? PV: Eu só agora é que estou a ver as obras dele, e estou muito interessada em saber de onde vêm estas cores e esta inspiração. Certos pintores têm uma pintura tão abstracta, que a pessoa tem que ficar ali horas para tentar entender o que está a ver, mas a dele eu olho e já sei o que é. E o quadro que me chamou logo a atenção foi o da bailarina, porque a minha formação é de dança. SC: É interessante, como eu disse de manhã na rádio, cada quadro é uma história, esta exposição é um livro de contos. Este quadro da bailarina, com essa fita onde ela está suspensa, para mim essa fita é a vida. Ou seja, se nós não nos equilibrarmos na vida, o resultado é tombarmos. E quem melhor para falar do equilíbrio, do que uma bailarina. Essa é a mensagem. Que peças trouxeram na mala para exibir nesta exposição que hoje [ontem] inaugura em Macau? SC: Algumas das obras já faziam parte de outras colecções, como o Chaplin ou o Gandhi, que fiz, para uma exposição do Parlamento Europeu, e quis trazer também até Macau. Mas, a maior parte dos quadros, fiz a pensar nesta exposição. O da bailarina já existia, é o quadro mais antigo que eu tenho aqui, que é de 2016. São 17 peças com técnicas diversas: uns são acrílicos, outros são óleos, outros são óleo e acrílico. Eu trabalho com óleo, acrílico e aguarela. PV: Eu trouxe muita coisa, são várias peças em capulana, e ainda não tenho ideia do que vou expor. Vou esperar para ver o que sobra, em termos de espaço [após a instalação dos quadros de Sidney Cerqueira], para organizar as minhas peças.
Hoje Macau EventosOrganização da Eurovisão apanhada de surpresa com bandeiras em atuação de Madonna [dropcap]A[/dropcap] organização do 64.º Festival Eurovisão da Canção admitiu ontem ter sido apanhada de surpresa pela inclusão de bandeiras da Palestina na actuação da cantora norte-americana Madonna, referindo que esse elemento cénico não fez parte dos ensaios. “Na transmissão em directo da grande final do Festival Eurovisão da Canção, dois bailarinos de Madonna mostraram momentaneamente bandeiras de Israel e da Palestina nas costas das suas indumentárias. Este elemento da performance não fez parte dos ensaios, tinha sido verificado pela EBU [sigla em inglês para União Europeia de Radiodifusão] e pela emissora de acolhimento, KAN [estação de televisão pública de Israel]”, refere a organização num comunicado citado por vários órgãos de comunicação social. Na nota, a organização sublinha recorda que o Festival Eurovisão da Canção “é um evento não-político” e que “Madonna foi avisada disso”. A cantora norte-americana levou o conflito israelo-palestiniano para o palco da final do 64.º Festival Eurovisão da Canção, no sábado à noite em Telavive, terminando a actuação com a expressão “Wake Up” (Acordem, em português) projectada em ecrãs. Madonna, subiu ao palco da final do concurso, no sábado à noite em Telavive, depois da actuação dos 26 concorrentes. A cantora tinha recebido vários apelos para boicotar o concurso, mas acabou por aproveitar a actuação para tomar uma posição, terminando-a com dois bailarinos que usavam bandeiras de Israel e da Palestina nas costas a caminharem abraçados. Mas a “rainha da pop” não terá sido a única a quebrar as regras do concurso. De acordo com a organização, a Islândia pode “ser punida”, depois de os seus representantes, a banda Hatari, conhecida pela sua oposição declarada à ocupação israelita dos territórios palestinianos, terem empunhado bandeiras da Palestina durante a emissão em directo. Num outro comunicado, a organização do concurso refere que “as consequências deste ato serão discutidas na próxima reunião do conselho executivo do concurso”. Hoje, a ministra da Cultura israelita, Miri Regev, classificou como “um erro” a presença da bandeira palestiniana nas costas de bailarinos durante a actuação de Madonna de sábado. “Foi um erro, não podemos misturar a política com um evento cultural, com todo o respeito que devo a Madonna “, disse Miri Regev antes do conselho de ministros semanal. Questionada pelos jornalistas, a ministra, que não assistiu à final do festival, criticou a KAN por ter falhado a missão de impedir as bandeiras de aparecerem no ecrã. Antes da actuação, Madonna tinha pedido a todos os que a ouviam que “nunca subestimem o poder da música para juntar as pessoas”, e citou “uma grande canção”, da sua autoria, “Music”, na qual canta “music makes the people come together” [a música faz as pessoas unirem-se, em português]. A Holanda venceu no sábado, pela quinta vez, o Festival Eurovisão da Canção, com o tema “Arcade”, interpretado por Duncan Laurence, que era o favorito à vitória de acordo com a média de várias casas de apostas. Israel acolheu o Festival Eurovisão da Canção, depois de o ter vencido, pela quarta vez, no ano passado, em Lisboa, com o tema “Toy”, interpretado por Netta. O movimento de boicote cultural a Israel instou os artistas a boicotarem o concurso.
Raquel Moz EventosArquitectura | I. M. Pei desapareceu aos 102 anos sem esquecer a pátria-mãe I. M. Pei deixou a sua marca no mundo e depois voltou à China para fazer o círculo completo. Após um século de vida e de arquitectura, a sua impressão digital ficou no lugar dos seus afectos: o Museu de Suzhou [dropcap]O[/dropcap] desaparecimento do arquitecto de referência mundial Ieoh Ming Pei, no passado dia 17 de Maio, aos 102 anos, não é só uma perda para a classe, mas para a humanidade, fazendo justiça ao conjunto de obras que ergueu e à importância do seu legado, de rupturas harmónicas entre o passado tradicional e a urbanidade moderna, desde os Estados Unidos da América ao Extremo Oriente, passando pela Europa e pelo Médio Oriente. As obras mais emblemáticas são as bem conhecidas pirâmides de vidro (1989) e a reconstrução da nova ala (1993) do Museu do Louvre em Paris, o edifício leste da National Gallery of Art (1978) em Washington, D.C., as torres Gateway (1991) de Singapura ou, aqui muito perto, o Banco da China (1989) em Hong Kong. Este foi o arranha-céus mais alto do mundo, entre 1989 e 1992, e o desenho da sua estrutura, em diagonais, consegue fintar a força dos ventos e das monções. A qualidade do trabalho de Pei é extensa e impressionante, laureada com diversas honras e prémios ao mais alto nível, tais como o ‘Pritzker’ de arquitectura em 1983. Para o arquitecto Rui Leão, I. M. Pei “era um homem inteligentíssimo, que teve sempre um papel bastante interveniente nos projectos que desenvolveu e na relação com os lugares em volta. Como já disse outras vezes, na arquitectura era um homem capaz de tocar todos os instrumentos, fazendo sempre coisas diferentes e muito bem feitas”. Algumas das suas preferências são a extensão do Louvre em Paris, a National Gallery de Washington, mas também os mais antigos The Luce Chapel em Taiwan, ou o Mesa Lab do Colorado. A carreira profissional de Pei tem um valor especial nesta região do mundo, onde o arquitecto sino-americano viria a deixar a sua assinatura, a última das quais no Centro de Ciência de Macau, um projecto de arquitectura em co-autoria com o atelier dos seus filhos. I. M. Pei, como era conhecido, nasceu na cidade de Cantão em Abril de 1917, numa família de Suzhou, na província de Jiangsu, a cidade conhecida como a “Veneza Oriental”, pelos seus canais, pontes e jardins. Chegou aos Estados Unidos da América em 1935, para estudar engenharia arquitectónica na Universidade de Pensilvânia, Filadélfia e, mais tarde, no Instituto de Tecnologia de Massachusetts. Formou-se em 1939, mas não voltaria a regressar à China, com o eclodir da 2ª Grande Guerra. Ao continente chinês retornou, como arquitecto de reputação mundial, com o projecto do Fragrant Hill Hotel (1982), em Pequim, inaugurando no mesmo ano o Sunning Plaza (1982), em Hong Kong, que viria a ser demolido em 2013 para dar lugar a novas construções em Causeway Bay. Depois do Banco da China, em Hong Kong, Pei desenvolveria também o projecto da sede do Banco da China (2001) em Pequim. Suzhou e os canais Mas é na província de Jiangsu, a uma centena de quilómetros de Xangai, que I. M. Pei viria a imprimir o seu cunho mais pessoal e afectivo, já no século XXI. “Eu gostava de falar do Museu de Suzhou. Não é o primeiro edifício que ele faz na China, mas para mim tem uma história que representa de facto o seu regresso à China”, comentou o arquitecto Rui Leão, “por ser uma obra muito particular, que tem a ver com o revisitar da arquitectura chinesa e é uma coisa extremamente bem feita”. A história do Museu de Suzhou, inaugurado em 2006, começou assim. “A municipalidade de Suzhou convidou I. M. Pei para [re]desenhar o museu de arte antiga [fundado em 1960], já ele tinha conquistado o estatuto de “star architect”, e construído o projecto do Fragrant Hills Hotel de 1982, em Pequim. Mas Suzhou é um lugar muito importante na China, porque era uma cidade aristocrática, onde estavam os ‘literati’, pessoas que vinham da carreira militar ou da corte, que eram os intelectuais chineses. É a cidade que tem a maior concentração de jardins privados e os mais bonitos. E este projecto tinha a importância de ser um sítio de reunião de todas as vertentes da arte chinesa – a pintura, a porcelana, etc”. Só que Pei, embora ligado à cidade pelo afecto, não avançou de imediato. “Ele visitou Sizhou e encontrou a cidade bastante desorganizada. Disse então ao presidente da câmara que aceitaria fazer o museu se, e quando, a cidade resolvesse a questão dos esgotos – a rede de esgoto estava muito mal tratada e misturava-se com os canais [com mais 2500 anos] –, aquilo estava imundo e cheio de lixo”, contou o arquitecto de Macau. Assim veio a acontecer. Anos depois, ao regressar a Suzhou, encontrou já uma cidade limpa e o esgoto arranjado. Pei concebeu o complexo museológico, “que é um projecto lindíssimo, porque revisita a arquitectura chinesa, mas com um sentido de grande liberdade a nível da escala dos espaços, da geometria e da tecnologia, ou seja, não é uma cópia, não é uma simulação de nada. Tudo aquilo tem a ver com a percepção de como se pensam os espaços, como é que se traz a luz para dentro, como é que há espaços dentro de espaços, etc. São reflexões que ele fez sobre a arquitectura chinesa”, trazendo o seu ‘know how’ e criatividade para aquela obra especial. O homem que procurou redefinir a arquitectura de uma China moderna, e várias vezes o conseguiu, em Suzhou viria a fazer o trajecto inverso, erguendo uma obra moderna e geométrica, com pontos de aproximação ao tradicional centro histórico, com estruturas das dinastias Ming e Qing. Integrar as linhas arquitectónicas foi o grande teste, sem comprometer o património classificado. Para Rui Leão, também relevante “é ele não ter só desenhado o edifício, mas o facto de ele e a mulher terem sido os curadores da própria exposição e das peças do museu. Isso, na altura, foi muito importante: haver curadores que fossem independentes, de maneira que não houvesse uma percepção de que o conteúdo do museu pudesse estar relacionado com uma certa propaganda de Estado. Ele conseguiu dar à cidade de Suzhou, de uma forma extremamente integrada, inteligente e sábia, uma grande instituição, naquela cidade histórica feita de pequenas casinhas e de belíssimos jardins”. O website site do Museu de Suzhou colocou, também por estes dias, uma imagem de tributo a I. M. Pei, com uma frase em que confessa: “Eu tenho carinho por este museu, porque lhe dediquei muito do meu amor e da minha energia”.
Hoje Macau EventosCriador da pirâmide do Louvre morreu aos 102 anos [dropcap]O[/dropcap] arquitecto sino-americano Ieoh Ming Pei, criador de vários edifícios emblemáticos, como a Pirâmide do Louvre, em Paris, ou Banco da China em Hong Kong, morreu aos 102 anos, foi hoje anunciado. Nascido em Guangzhou em 26 de Abril de 1917, Ieoh Ming Pei chegou aos Estados Unidos da América em 1935 e adquiriu uma reputação de nível mundial a partir da década de 80, acumulando diversos prémios internacionais, como o Prémio Pritzker, por muitos considerado o Nobel da Arquitectura, ou o ‘Praemium Imperiale’. O arquitecto morreu na noite de quarta para quinta-feira, anunciou o jornal New York Times, que cita o seu filho Chien Chung Pei. A Pirâmide do Museu do Louvre, em Paris, terminada em 1989, é a sua obra mais conhecida, tornando-se um local de referência da capital francesa.
João Luz EventosFAM | Fim-de-semana teatral do classicismo grego à comédia em patuá O Festival de Artes de Macau tem duas propostas de teatro conceptualmente paternais para este fim-de-semana. “Tirâ Pai na Putau (Tirar o Pai da Forca)”, do Grupo de Teatro Dóci Papiaçám di Macau, sobe ao palco do grande auditório do Centro Cultural de Macau, enquanto no pequeno auditório a companhia alemã Thalia Theatre apresenta “Odisseia – Uma viagem errante baseada em Homero”, que conta a história de dois filhos a braços com o passado do pai [dropcap]E[/dropcap]m jeito de celebração teatral da paternidade, o Festival de Artes de Macau (FAM) apresenta este fim-de-semana duas peças de teatro cujo conceito central é a figura do pai. O grande destaque vai para “Tirâ Pai na Putau (Tirar o Pai da Forca)”, do Grupo de Teatro Dóci Papiaçám di Macau, que oferece mais uma vez um espectáculo pleno de sentido de humor acutilante e crítico, com a graça e a peculiaridade única do patuá. Sob a batuta da dramaturgia e direcção de Miguel de Senna Fernandes, “Tirâ Pai na Putau (Tirar o Pai da Forca)” satiriza uma das grandes promessas políticas do território. A narrativa gira em torno de uma terapeuta ocupacional, Emília, que vem para Macau trabalhar no Departamento de Psiquiatria do recém-inaugurado Hospital do Cotai. Além da carreira profissional, Emília busca no território vestígios do pai biológico, com quem perdeu o contacto. Quer o destino e o guião da peça que a terapeuta encontre o pai precisamente na ala psiquiátrica do hospital, onde é paciente. A partir daí, desenrola-se um drama familiar que tem como pano de fundo a crítica social e política. Em declarações aos jornalistas, aquando da apresentação do cartaz, Miguel de Senna Fernandes explicou a peça que sobe amanhã e sábado ao palco do grande auditório do Centro Cultural de Macau, às 20h. “É mais uma rábula que tem como pano de fundo algo que faz parte da curiosidade de toda a gente, neste caso a história do novo hospital. É a segunda vez que abordamos esta questão, mas desta vez ainda com mais premência porque toda a gente fala do hospital do Cotai e nada se vê. Já nos falaram deste hospital vezes sem conta, mas é claro que ninguém vai explorar as razões de nada acontecer. É uma questão recorrente e vamos falar dele à boa maneira da comédia.” Hinos a Homero Ao mesmo tempo que o patuá toma conta do grande auditório, também no sábado e domingo às 20h mas no pequeno auditório, a companhia alemã Thalia Theater apresenta uma versão contemporânea da Odisseia de Homero. “Odisseia – Uma viagem errante baseada em Homero” foca-se nos temas característica do teatro clássico grego, nas jornadas épicas que implicam o exílio perdido e o retorno. Dirigido por Antú Romero Nunes, que tem curiosamente descendência portuguesa e chinesa, a peça centra-se no encontro de dois irmãos, Telemachus e Telegonous, que procuram assimilar em conjunto o passado sanguinário e violento do pai na guerra de Troia. Assente em diálogos humorados, um conflito fraticida ganha dimensão entre os dois, à sombra da ausência do pai já morto. Com uma cenografia minimalista a pender para o oculto, a narrativa salpicada de humor negro condensa em 90 minutos os grandes temas da “Odisseia” de Homero, protagonizada pelas representações de Thomas Niehaus e Paul Schröder. Até ontem ainda havia lugares para as duas peças, de acordo com o Instituto Cultural. Os bilhetes para “Tirâ Pai na Putau (Tirar o Pai da Forca)” custam entre 150 e 250 patacas, enquanto para “Odisseia – Uma viagem errante baseada em Homero” custam entre 150 e 200 patacas. E ainda Também durante o fim-de-semana, mas no Edifício do Antigo Tribunal, o grupo de dança local Four Dimension Spatial apresenta “Mau Tan, Kat Cheong”, um espectáculo com nome inspirado em dois edifícios situados no bairro do Iao Hon que receberam um grande número de imigrantes e trabalhadores ilegais desde a década de 80. A performance foi pensada tendo como referência a chegada à chamada “terra dos sonhos” de muitos imigrantes do Interior da China, parte fundamental da mão-de-obra que trabalhou para o desenvolvimento económico de Macau. Passaram-se três décadas. Quantos deles realizaram os seus sonhos e quantos voltaram em glória para casa? Respostas a estas questões e a transformação social e urbana de Macau são os pontos cardiais que orientam a performance do grupo de dança local. “Mau Tan, Kat Cheong” será apresentado amanhã às 20h e no domingo às 15h no 2º andar do Edifício do Antigo Tribunal. Os bilhetes custam 180 patacas.
Hoje Macau EventosÚltimo volume de “Manuel da Silva Mendes: Memória e Pensamento” lançado na quarta-feira [dropcap]A[/dropcap] Fundação Rui Cunha apadrinha no próximo dia 22, quarta-feira às 18h30, o lançamento do terceiro e derradeiro volume de “Manuel da Silva Mendes: Memória e Pensamento”, a colectânea coordenada por António Aresta e Rogério Beltrão Coelho. A apresentação da obra vai estar a cargo de Carlos Botão Alves. “Conclui-se, com a publicação deste volume de “Manuel da Silva Mendes: Memória e Pensamento” – pode ler-se na Nota Prévia – um ambicioso projecto de contribuir para dar a conhecer um dos maiores vultos portugueses da Cultura em Macau – senão o maior – desde o início do século XX”. O terceiro e derradeiro volume, abre com as comunicações dos lançamentos do primeiro volume em Macau e do segundo em Lisboa e um testemunho de família, da bisneta Maria dos Anjos da Silva Mendes A edição volta a reunir ensaios e estudos sobre Silva Mendes e o que escreveu, em Portugal, na Imprensa e em livro, antes de vir para Macau. A par da colaboração dispersa pelos jornais de Vila Nova de Famalicão, reedita-se a Introdução (com o título “Os predecessores do socialismo científico”) da sua obra “Socialismo Libertário ou Anarchismo”, publicada em 1896; e o Prólogo e o Prefácio da tradução do poema de Schiller, “Guilherme Tell”, de 1898. Seguem-se as crónicas sobre Portugal e o Mundo publicadas na Imprensa de Macau; uma palestra sobre “Os tempos da dinastia Chao”, proferida no Clube de Macau, em 12 de Dezembro de 1920, para assinalar o aparecimento do Instituto de Macau, do qual Silva Mendes foi fundador e, à altura, o primeiro presidente. Cartas de Silva Mendes a Bernardino Machado e a amigos de Macau; documentos diversos; um registo fotográfico e o manuscrito integral do texto sobre “O bonzo Sek Kin Seng”, dado a conhecer por Caetano Soares, completam este o volume. Para os coordenadores da colectânea, António Aresta e Rogério Beltrão Coelho, “ficou fora desta edição, mas não da cogitação dos organizadores, todo o espólio de natureza jurídica, cujo acesso, por motivos vários, não foi de todo facilitado. A colaboração não assinada, na imprensa de Macau, como já tinha sido assinalado por Luís Gonzaga Gomes, está irremediavelmente perdida”. “Manuel da Silva Mendes: Memória e Pensamento” é uma edição de Livros do Oriente, integrada no programa de actividades da Associação Amigos do Livro em Macau, entidade a favor da qual revertem as receitas da venda em Macau.
Hoje Macau EventosIC | Festival Fringe prepara novo projecto “Crème de la Fringe” [dropcap]O[/dropcap] Instituto Cultural (IC) já está a preparar a 19.ª edição do Festival Fringe, que no próximo ano terá uma nova iniciativa, intitulado “Créme de La Fringe”. De acordo com um comunicado, “os participantes devem organizar um mini festival com base numa comunidade ou tema”, sendo que este festival de pequena dimensão inserido no Fringe “deve incluir pelo menos três programas e duas actividades relacionadas”. O orçamento para todas as actividades é de 500 mil patacas, sendo que, com esta iniciativa, o IC “espera atrair uma maior participação de produtores e curadores locais e incentivar as produções que têm conexão com a cultura e a comunidade local”. Para a 19.ª edição do festival, o IC pede um “espírito criativo e arrojado, encorajando o trabalho criativo de qualquer tipo com preocupação local”, com a adopção do conceito ‘Por toda a cidade, os nossos palcos, os nossos patronos, os nossos artistas’”. A recolha de propostas de programas e locais de espectáculo encontra-se agora aberta, sendo que todas as associações culturais e criativas, curadores, produtores ou profissionais da área artística e os interessados na criação artística podem entregar as suas propostas até ao dia 21 de Junho deste ano. Além disso, o IC “irá convidar individualidades da indústria, organizadores de eventos e produtores de outras regiões para apreciarem os programas do festival, oferecendo uma plataforma de intercâmbio para artistas locais e produtores estrangeiros e mais oportunidades da actuação”.
Raquel Moz EventosTeatro | “Psicose 4.48” estreia no CCM a 21 e 22 de Junho Espectáculo de sombras, baseado no texto suicidário e confessional da dramaturga Sarah Kane, sobe duas vezes ao palco do Centro Cultural de Macau em Junho. A companhia de teatro TR Warzawa pega na enigmática peça e transporta o desespero para a boca de cena [dropcap]A[/dropcap] peça “Psicose 4.48” chega ao Centro Cultural de Macau a 21 e 22 de Junho, sexta e sábado, encenada pela companhia polaca de teatro de vanguarda TR Warzawa, a partir da perturbadora e derradeira obra de Sarah Kane. A dramaturga inglesa, que pôs fim à vida aos 28 anos de idade, deixou um texto suicidário e sombrio que viria a ser exibido pela primeira vez já depois da sua morte, no teatro Royal Court de Londres, no ano 2000. “Descrito como uma combinação de profundo desânimo e humor britânico, este espectáculo para adultos conta a história de uma jovem mulher encurralada entre o pânico, a angústia e a humilhação”, segundo a nota de imprensa do Instituto Cultural (IC), promotora do evento. “A peça projecta a imagem de uma mulher trágica, complexa, contraditória e controversa, assolada pelo desequilíbrio mental”. A companhia de teatro contemporâneo TR Warzawa, fundada em 1998 sob a direcção do encenador Grzegorz Jarzyna, explora o texto de Sarah Kane com uma abordagem convulsiva, destinada a sacudir o espectador, interpretando a violência verbal e a crueza das situações, a depressão e o desespero, com rasgos de lucidez e de incoerência. Mas se a obra de Kane projecta o público para um universo em transe, ela também ajuda a entender melhor o que está à sua volta: como os actos de crueldade se relacionam com o quotidiano de cada um, ou como a pulsão destrutiva ensina cada pessoa a atravessar as suas tempestades e a respirar fundo nos momentos de calmaria, apreciando melhor as pausas. O papel principal é representado pela actriz de teatro e cinema polaca Magdalena Cielecka, cujo desempenho neste projecto foi distinguido pelo prémio Herald Angel no Festival de Edimburgo 2008. “O espectáculo causou sensação em Nova Iorque, no Festival Scenes Etrangers de Lille, em França, e no Festival de Artes de Hong Kong, além de diversas subidas à cena em cidades como Pequim e Xangai”, indica o IC. A escolha de Sarah Sarah Kane nasceu a 3 de Fevereiro de 1971 em Inglaterra, filha de uma professora e de um jornalista do Daily Mirror. Escreveu três peças – “Blasted”, “Cleansed” e “Crave” – que escandalizaram a crítica e quebraram padrões em meados dos anos 90 do século XX, antes de deixar a sua “carta de suicídio”, como foi chamada a peça “4.48 Psychosis”, no original. A vida meteórica da dramaturga terminou em Fevereiro de 1999, quando pôs fim à sua existência no King’s College Hospital, no sul de Londres, três dias após uma anterior tentativa. A peça, de algum modo premonitória, é um conjunto de fragmentos elípticos, emocionalmente dilacerantes, onde é revelado o seu estado de alma em queda livre. “Às 4.48, quando a depressão me visita, enforcar-me-ei ao som da respiração do meu amor. Eu não quero morrer. Tornei-me tão deprimida por conta da minha mortalidade, que decidi cometer suicídio. Eu não quero viver”, é um excerto da obscura peça. Uns anos depois, também os Tindersticks, a banda inglesa de rock alternativo formada em 1991, prestariam tributo ao texto de Sarah Kane, gravando um tema intitulado “4.48 Psychosis” para o seu sexto álbum “Waiting for the Moon”, de 2003. O espectáculo no CCM é para maiores de 18 anos, contém nudez, linguagem explícita e cenas de natureza adulta. Será representado em polaco, com legendagem em inglês e chinês, e tem duração de 60 minutos sem intervalo. Os bilhetes custam 180 patacas e encontram-se à venda desde o dia 10 de Maio.
Hoje Macau EventosFestival de Cinema de Cannes começou ontem com filme de Jim Jarmusch [dropcap]O[/dropcap] Festival de Cinema de Cannes começou ontem em França com “Os Mortos Não Morrem”, filme de ‘zombies’ de Jim Jarmusch, numa edição que ficará marcada por repetentes, de Tarantino a Almodóvar, e por uma maior presença de mulheres. A comédia de Jarmusch, com Bill Murray e Adam Driver, faz parte da competição oficial pela Palma d’Ouro, a par de filmes de outros realizadores já premiados, como Ken Loach (“Sorry We Missed You”), Terrence Malick (“A Hidden Life”) e Pedro Almodóvar (“Dolor y Gloria”). No entanto, o que está a suscitar mais interesse, pelo menos por parte da imprensa internacional, é a estreia mundial do filme “Era uma vez em… Hollywood”, de Quentin Tarantino, com Leonardo DiCaprio e Brad Pitt, adicionado há dias à programação. Na competição estão ainda “Frankie”, de Ira Sachs, rodado em Portugal e co-produzido por Luís Urbano, e “Bacurau”, dos realizadores brasileiros Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, com Sónia Braga. Com Agnès Varda, que morreu a 29 de Março, a ter honras do cartaz do festival, esta é uma edição que celebra as mulheres. O Le Monde fez as contas e diz que há 15 realizadoras na selecção oficial, quatro das quais em competição. A saber, Mati Diop, Jessica Hausner, Céline Sciamma e Justine Triet. “Nunca antes visto em Cannes”, escreveu o jornal. No festival são esperadas ainda três figuras: Elton John, por causa do filme “Rocketman”, de Dexter Fletcher, Diego Maradona, à conta de um filme de Asif Kapadia, e Silvester Stallone, que promoverá o recém-rodado “Rambo V – Last Blood”. O actor francês Alain Delon, 83 anos, receberá a Palma de Ouro de Honra. Destaque ainda, na secção “Um certain regard”, para a inclusão de “Vida Invisível”, do realizador brasileiro Karim Ainouz, e “Liberté”, do espanhol Albert Serra, rodado em 2018 no Alentejo, com produção da Rosa Filmes. Nos programas paralelos do festival há algum cinema português: na Semana da Crítica foram incluídos “Dia de Festa”, de Sofia Bost, e “Invisível Herói”, de Cristèle Alves Meira, enquanto “Les Extraordinaires Mésaventures de la Jeune Fille de Pierre”, da Gabriel Abrantes, passará na Quinzena dos Realizadores. O festival termina no dia 25 e o júri oficial é presidido pelo mexicano Alejandro González Iñárritu. O orçamento para produzir o festival de Cannes é de 20 milhões de euros.
Hoje Macau EventosConan Osíris falha final do festival da Eurovisão [dropcap]P[/dropcap]ortugal falhou ontem a passagem à final do 64.º Festival Eurovisão da Canção, com o representante português, Conan Osíris, a não passar da primeira semifinal do concurso, a decorrer em Telavive, Israel. A exclusão de Portugal da final, marcada para sábado, já era expectável, a avaliar pela média de várias casas de apostas, calculada pelo ‘site’ eurovisionworld.com, especializado no concurso. Este ano assinala-se a 64.ª edição do concurso, no qual Portugal participou, pela primeira vez, em 1964, tendo, entretanto, estado ausente em cinco edições (1970, 2000, 2002, 2013 e 2016). Esta é a nona vez que Portugal falha uma passagem à final do Festival Eurovisão da Canção. Entre 2004 e 2007, inclusive, e em 2011, 2012, 2014 e 2015 Portugal falhou a final. Madonna rejeita apelo ao boicote A cantora norte-americana Madonna rejeitou os apelos para boicotar o Festival Eurovisão da Canção, onde irá actuar no sábado, na final, em Telavive, afirmando que “nunca deixará de tocar música para servir a agenda política de alguém”. A afirmação da cantora, actualmente a residir em Lisboa, foi feita através de um comunicado hoje divulgado, citado pela agência Associated Press. Madonna, que chegou ontem a Israel, afirmou que o seu coração “parte-se” de cada vez que ouve falar “nas vidas inocentes que se perdem nesta região” e “na violência que é tantas vezes perpetuada para servir os objectivos políticos de pessoas que beneficiam deste conflito antigo [entre israelitas e palestinianos]”. A cantora revela que reza “por um novo caminho até à paz”. Este ano, o Festival Eurovisão da Canção decorre em Israel e é organizado pela União Europeia de Radiodifusão (EBU, sigla em inglês) em parceria com a KAN. Israel acolhe o concurso, depois de o ter vencido, pela quarta vez, no ano passado com o tema “Toy”, interpretado por Netta. O movimento de boicote cultural a Israel tem instado os artistas a boicotarem o concurso, disputado por 41 países e cuja primeira semifinal se realizou ontem. A segunda semifinal está marcada para quinta-feira e a final para sábado. Em Junho do ano passado, diversas organizações culturais palestinianas apelaram ao boicote ao concurso, sublinhando que “o regime israelita de ocupação militar, colonialismo e apartheid está descaradamente a usar a Eurovisão como parte da sua estratégia oficial ‘Brand Israel’, que tenta mostrar ‘a face mais bonita de Israel’ para branquear e desviar a atenção dos seus crimes de guerra contra os palestinianos”. Em Setembro, mais de uma centena de artistas de todo o mundo, incluindo de Portugal, manifestaram apoio a esse apelo. Já este ano, em Janeiro, mais de 60 organizações, a maioria de defesa dos direitos LGBTQIA, de vários países, Portugal incluído, apelaram aos membros daquela comunidade para que boicotem o concurso. Em Abril, o músico Roger Waters, dos Pink Floyd, aconselhou Madonna e todos os concorrentes do 64.º Festival Eurovisão da Canção a lerem a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Num artigo de opinião, intitulado “Se acreditas em Direitos Humanos, Madonna, não actues em Telavive”, publicado a 17 de Abril no jornal britânico The Guardian, o músico exortava “todos os jovens concorrentes – na verdade todos os jovens, na verdade todas as pessoas jovens e velhas, e isso inclui Madonna – a lerem a Declaração Universal dos Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU)”, lembrando que esta “foi traduzida em 500 línguas, para que qualquer pessoa possa conhecer os seus 30 artigos”.
Hoje Macau EventosLei do Jogo em discussão na Fundação Rui Cunha [dropcap]A[/dropcap] 8ª edição da “Annual Review of Macau Gaming Law” vai decorrer na próxima segunda-feira, 20 de Maio, pelas 18h30, nas instalações da Fundação Rui Cunha. O evento insere-se no âmbito do curso de mestrado em Direito (International Business Law), ministrado pela Faculdade de Direito da Universidade de Macau, em língua inglesa, que inclui uma disciplina de direito do jogo. A sessão será moderada por Jorge Godinho, professor visitante da Universidade de Macau, onde lecciona matérias de direito do jogo e de direito penal, tendo publicado em 2016, pela Fundação Rui Cunha, o primeiro volume da sua obra sobre direito do jogo e, em Março de 2019, uma história dos jogos de fortuna ou azar no território, com o título “Os Casinos de Macau, História do maior mercado de jogos de fortuna ou azar do mundo”, editado pela Almedina Coimbra, 2019. O tema principal da edição deste ano irá focar-se nas perspectivas de abertura da exploração dos jogos de fortuna ou azar no Japão, uma questão de grande actualidade no contexto regional, que fundamenta a presença de quatro oradores japoneses. São eles Kazuaki Sasaki, professor associado da Universidade Toyo em Tóquio; Shigemi Furuta, professora associada da Universidade de Macau, onde é directora da Asia-Pacific Academy of Economics and Management; Ayako Nakayama, da Japan IR Association; e Masahiro Terada, gestor sénior da Pricewaterhouse Coopers, de Tóquio. Após as intervenções haverá lugar a uma sessão de perguntas e respostas. A entrada é livre.
Hoje Macau EventosExposição | “Grace Kelly, from Hollywood to Monaco” amanhã no Galaxy [dropcap]N[/dropcap]o ano em que se celebra o 90º aniversário de Grace Kelly – a actriz que se tornou princesa do Mónaco –, o Galaxy Entertainment Group inaugura amanhã uma grande exposição, intitulada “Grace Kelly, from Hollywood to Monaco”, que vai decorrer de até 28 de Agosto. O acordo de colaboração artística entre o Galaxy Entertainment Group (GEG) e o Grimaldi Forum Monaco (GFM) foi assinado a 22 de Fevereiro de 2019, permitindo o empréstimo das colecções do Palácio do Príncipe do Mónaco, que vão ser exibidas numa galeria criada especialmente para a exposição, situada no centro do Galaxy Macau. O acervo da mostra acompanhará o percurso da actriz norte-americana Grace Kelly até se tornar na princesa consorte Grace do Mónaco, incluindo também uma área dedicada à família Grimaldi e aos tributos artísticos dedicados à celebridade, que nasceu na cidade de Filadélfia a 12 de Novembro de 1929 e veio a falecer a 14 de Setembro de 1982, num acidente de automóvel em Monte Carlo, no Mónaco. Pelo meio venceu um Óscar de Melhor Actriz com o filme “Mogambo” (1953) e casou-se com o príncipe-soberano Rainier III. Thomas Fouilleron, director dos Arquivos da Livraria do Palácio do Príncipe do Mónaco, é o curador da exposição, com design e logística do Grimaldi Forum.