Cerimónia do chá | Exposição para ver este fim-de-semana

Decorre amanhã e domingo a exposição “O Encanto da Cultura Contemporânea do Chá Chinês”, organizada pela Chinese Teaism Association of Macau, entidade dedicada a divulgar a cultura do chá. A mostra, patente no Centro Cultural e de Artes Performativas Cardeal Newman, pretende dar a conhecer as diferentes cerimónias do chá nas quatro estações do ano

 

A Chinese Teaism Association of Macau é uma associação que divulga da arte e cerimónias associadas ao chá tradicional chinês. Desta vez, essa divulgação faz-se através da exposição intitulada “O Encanto da Cultura Contemporânea do Chá Chinês”, que decorre apenas dois dias, amanhã e domingo, a partir das 11h, no Centro Cultural e de Artes Performativas Cardeal Newman, na Calçada da Vitória.

A partir das 11h, será possível conhecer mais sobre “as disposições da cerimónia do chá durante as quatro estações do ano”. Nas palavras da presidente da associação, Lo Heng Kong, pretende-se “desfrutar da verdade do conhecimento, da bondade das relações humanas e da beleza da poesia ao nosso redor”, através das disposições do chá nas quatro estações.

A exposição marca também a celebração dos 25 anos da entidade organizadora, que se tem dedicado a divulgar as mudanças que ocorreram com o simples acto de beber chá, que na cultura chinesa é muito mais do que isso.

“O hábito de beber chá evoluiu ao longo de várias eras — desde ser consumido como sopa, fervido, batido e infusionado — até alcançar uma nova etapa no século XXI, marcada pela integração cultural e por uma individualidade distinta. Essa individualidade impulsiona a inovação que, por sua vez, realça a individualidade, desenvolvendo-se como uma questão de gosto e moda”, explica Lo Heng Kong.

Assim, no passado, “as pessoas interessavam-se sobretudo pela ideia de ‘como beber chá’, mas mais tarde passaram a preocupar-se com ‘o que beber chá proporciona’. Por fim, começaram a escolher ‘que tipo de chá beber'”.

A presidente da associação adianta, numa nota sobre a mostra, “que além da qualidade das folhas de chá, as exigências aumentaram também em relação aos utensílios de chá, à qualidade da água, ao ambiente elegante e até à forma e companhia com que se saboreia o chá”. Desta forma, o acto de beber chá transformou-se “numa arte de viver que satisfaz também o prazer espiritual, dando origem à arte da cerimónia do chá chinês”.

Uma cerimónia “abrangente”

Para Lo Heng Kong, “a cerimónia do chá é uma arte abrangente que incorpora artes visuais, artes performativas e até música”, o que resultou em “novos conceitos como ‘disposição da cerimónia do chá’, com o termo chinês chaxi, ‘arranjos florais para a cerimónia do chá’ e ‘apresentação da cerimónia do chá’, formando uma cultura contemporânea do chá que vai além do prazer material”.

A dirigente diz ter criado, em 1998, o modelo “Xiyuan”, que “significa valorizar um encontro”, no sentido de potenciar relações humanas em torno do acto de beber chá. Assim, a “Reunião de Chá Xiyuan” não tem propriamente “regras específicas”, exigindo-se apenas “que o anfitrião prepare com atenção um espaço funcional para preparar e servir o chá, prepare um bule de chá e, em conjunto com os amigos do chá, desfrute da verdade (a verdade do conhecimento), da bondade (a bondade das relações humanas) e da beleza (a beleza da poesia) do nosso meio, valorizando cada ligação significativa”.

Acredita-se que a “disposição da cerimónia do chá” dá acesso para a arte do próprio chá. “Quando se desenvolve uma paixão por esta arte, é natural coleccionar diversos utensílios e manter peças requintadas para criar uma experiência personalizada de degustação e convívio”, sendo esse “o impulso por detrás da ‘disposição da cerimónia do chá'”.

Eventos desde 1998

A entidade que antecedeu a Chinese Teaism Association of Macau foi o Centro de Estudos de Cultura do Chá Chun Yu Fang, que reuniu quase uma centena de participantes e 25 disposições de chá para a “Reunião do Chá do Século de Hong Kong”. Este foi o primeiro encontro internacional em que a original “disposição da cerimónia do chá” de Macau foi apresentada, originando a “Exposição de Arte da Combinação de Utensílios de Chá Zhejiang-Macau”, em 2002.

Anos mais tarde, em 2010, realizou-se também a “Exposição Internacional de Lugares de Chá de Hangzhou”.
Nos últimos 25 anos de vida, a associação tem colaborado com diversos grupos artísticos como a International Art Community, o Australian Will Art Group e a Orquestra Chinesa de Macau “para experimentar a integração e inovação entre a cerimónia do chá e diversas formas de arte, enriquecendo o conteúdo da cultura contemporânea do chá”.

19 Set 2025

Festival de Curtas-Metragens de Macau termina este fim-de-semana

Termina este fim-de-semana a segunda edição do Festival Internacional de Curtas-Metragens de Macau, com a exibição dos filmes vencedores no domingo. Porém, ainda é possível ver muitos filmes em locais como a Cinemateca Paixão, o Galaxy House 7 ou o Galaxy Grand Theatre.

Hoje, “Holy Motors” começa às 19h15, apresentando-se na sala Galaxy House 7. À mesma hora, mas na Cinemateca Paixão, apresentam-se as curtas-metragens “Top Right Corner”, “To The Woods”, “A Pear Tree In The Star Village” e “Agapito”. Depois, a sala do Galaxy House 7 recebe o filme “No One’s Ark”, seguindo-se à mesma hora a exibição de “I’m Glad You’re Dead Now”, “No Skate!” e “Yonne”, na Cinemateca.

“I’m Glad You’re Dead Now” conta a história de dois irmãos que retornam à ilha onde passaram a infância, onde se escondem segredos e tensões muito pesadas que os levam a confrontar o passado sombrio que os conecta, revela a sinopse do filme.

No filme “Agapito”, dirigido por Arvin Belarmino e Kyla Romero, a história centra-se em torno da ligação entre Mira, que pretende chamar a atenção de Júnior com uma canção ensaiada por si e a sua equipa, mas Júnior parece não prestar muita atenção. Será que deste contacto pode surgir um final feliz?

Amanhã, sábado, o programa arranca às 14h com a exibição de “Heading South”, seguindo-se uma sessão de conversa com a actriz Fala Chen, nos cinemas Galaxy Grand Theatre. A partir das 15h é tempo de ver curtas-metragens na Cinemateca Paixão, como “Dear Kankan”, “Golden Times”, “12 Moments Before the Flag-Raising Cerimony” e “Before The Sea Forgets”.

A partir das 19h exibem-se, no mesmo local, os filmes “Zange”, “Perfectly Strangeness”, “Agapito”, “Debaters”, “Loca” e ainda “I’m Not a Robot”. “Perfectly Strangeness”, de Alison Mcalpine, foca-se na “deslumbrante incandescência de um deserto desconhecido, em que três burros descobrem um observatório astronómico abandonado e o universo”. Esta curta é “uma exploração sensorial e cinematográfica do que uma história pode ser”.

Falar do trabalho

Por sua vez, “Debaters”, de Alex Heller, apresenta uma narrativa que se passa num local onde alunos do ensino secundário discutem um projecto de lei sobre o salário mínimo, tentando impressionar dois adultos, que representam a figura de juiz, e que pertencem à classe trabalhadora.

A partir das 19h15 exibe-se, nos cinemas Galaxy House 7, “At The Bench” e depois, a partir das 21h, na Cinemateca Paixão, os filmes “Little Rebels Cinema Club”, “Conex”, “No Skate!”, “Vox Humana” e “Into a Landscape”. “Bad Blood”, com 118 minutos, apresenta-se no Galaxy House 7 a partir das 21h15.

Em “Vox Humana”, de Don Josephus Raphael Eblahan, conta-se a história de um homem que é descoberto numa floresta após ocorrer um terramoto. Depois, um zoologista, uma pessoa que grava áudio e uma equipa de jornalistas têm de lidar com o facto de ele poder ser a causa de todos os desastres naturais que destruíram a pequena cidade na montanha.

Este domingo é dia de exibir os filmes vencedores nas suas diversas categorias, seguindo-se, às 21h, a exibição de “The Lovers On The Bridge” na Cinemateca Paixão.

19 Set 2025

Palestra e degustação dão a conhecer cultura do chá de Yunnan hoje na FRC

A Fundação Rui Cunha hoje a partir das 18:30, uma palestra e cerimónia de degustação de chá, num evento intitulado “A Herança Cultural Imaterial de Yunnan da Arte do Chá”. A sessão, que tem entrada gratuita, é co-organizada pela Associação de Comerciantes de Chá de Yunnan em Macau, e conta com a participação dos oradores convidados Chen Haoyan, fundador da referida instituição; Zheng Zhanpeng, fundador da Companhia de Chá Lao Ban Zhang, Ltd. de Menghai; e Xu Yanting, herdeira da marca de chá Pu’er étnico “Fire Pond Boiling Water”.

O médico, escritor, e presença habitual nos eventos da FRC, Shee Va irá assistir na interpretação simultânea entre as línguas mandarim, cantonês e português.

Segundo a FRC, o evento tem como objectivos promover a compreensão da história e das origens do chá “Lao Ban Zhang”, proveniente da aldeia com o mesmo nome no condado de Menghai, no sudoeste da província de Yunnan, perto da fronteira com o Myanmar.

Situada numa zona montanhosa de 1.700 a 1.900 metros de altitude, com uma temperatura média anual de 18,7 graus Celsius, Lao Ban Zhang produz um dos mais raros e apreciados tipos de chá Pu’er. As minorias locais, como a tribo Bu Lang, são desde há séculos responsáveis pelas plantações de chá que se dão nesta região elevada, que permanece quase metade do ano coberta por um denso nevoeiro.

O chá Pu’er é uma variedade de chá fermentado tradicional da província de Yunnan, na China, produzido a partir das folhas da planta nativa Camellia sinensis var. assamica. No contexto da produção desta variedade de chá chinesa, a fermentação refere-se ao processo microbiano que normalmente acontece após as folhas de chá terem sido suficientemente secas e enroladas, sob a forma de “empilhamento húmido”, permitindo que continuem a oxidar até que os sabores desejados sejam atingidos.

A prova final

A divulgação da arte e cultura do chá Pu’er de Yunnan inclui também uma cerimónia de demonstração e degustação de “Sete Infusões”, que será partilhada com o público na galeria da FRC, permitindo aos apreciadores conhecerem o seu autêntico sabor.

“A maioria dos produtos actualmente vendidos, nos supermercados e nas casas de chá, não são chá puro. Os consumidores estão simplesmente a comprar um bolo de chá enrolado num pedaço de papel de seda, e não o chá puro de Bingdao, Lao Ban Zhang ou outras variedades. O resultado é um sabor mau e amargo”, explicam os organizadores da sessão.

18 Set 2025

Festival Fringe apresenta novos espectáculos este fim-de-semana

Por entre temas tão diversos como maternidade, novas composições familiares ou o chá tradicional, o festival Fringe continua a percorrer as ruas de Macau com novos espectáculos este fim-de-semana. Uma das iniciativas foi inaugurada na terça-feira, a “Exposição de Arte para Todos”, disponível até ao dia 28 de Setembro ao lado do Jardim da Cidade das Flores, na Taipa, na Rua de Seng Tou.

Pretende-se aqui “incentivar a participação de pessoas apaixonadas pela criação”, bem como “proporcionar uma plataforma para o público exibir os seus trabalhos criativos, promovendo-se a ideia de que todos podem ser artistas”. A mostra constitui “uma zona criativa que permite ao público manifestar o seu potencial criativo de forma improvisada e participar na criação artística”.

Há ainda espaço para performances artísticas e projectos teatrais, como “Obrigado por Estar Aqui”, de Suzuki Cheng, acolhido pela última vez no espaço Bookand amanhã. Este espectáculo remete para a escolha da maternidade e para a questão “se perdemos a liberdade de dizer ‘não'” à possibilidade de ter filhos.

Trata-se de uma “experiência teatral imersiva” marcada por “três linhas temporais”, em que a mãe dança livremente em discotecas antes de ter o filho, depois o presente, marcado pela mãe cansada e a lidar com a maternidade, e depois a mãe a perder-se.

“Toda a mãe verá o seu próprio reflexo: o campo de batalha da parentalidade, onde os maridos ficam impotentes à margem, o julgamento silencioso da sociedade sobre a ‘mãe perfeita’ e os contornos desfocados do seu próprio rosto no espelho”. O espectáculo, de 1h30, será interpretado em cantonense.

Pensar na família

Sexta-feira e sábado decorre “Uma Reunião na Solidão”, às 20h, no Estabelecimento de Comidas Tai Long Fong. Trata-se de uma performance que nos faz questionar como se pode manter “o calor dos jantares de reunião familiar quando os lugares ficam vazios”.

Há um actor que percorre as mesas, “usando uma performance a solo para apresentar vinhetas desses jantares: saudações por videochamada, idosos solitários a aquecer sopa para uma só pessoa, perguntas indiscretas dos familiares e conversas repetitivas nos encontros festivos”. A performance lança uma reflexão sobre as novas estruturas da família tendo em conta “o aumento do celibato, o declínio da natalidade e a emigração”.

O número 16 da Travessa do Mastro será o ponto de encontro para outra iniciativa, desta vez da Associação para o Desenvolvimento da Cultura do Chá de Ervas”. Na sexta-feira e sábado, às 18h30, 19h45 e 21h, haverá pontos de encontro para perceber o lugar, nos dias de hoje, do tradicional chá de ervas, “uma bebida tradicional saudável”. Sob o mote “deixe-nos ajudá-lo a desintoxicar e renovar a sua vida”, reflecte-se sobre o novo “chá de ervas multifuncional”, criado pelo mestre herbalista da associação que promove o espectáculo.

Ainda a pensar nos criativos, apresenta-se no sábado e domingo, na Feira do Carmo, na Taipa, a “Estação de Interpretação de Personagens”, nos horários das 13h às 13h45, das 14h30 às 15h15, e ainda das 16h às 16h45.

Haverá “uma variedade de figurinos excêntricos” e adereços para que o público adopte a personagem que quiser. Ainda no fim-de-semana a companhia Canu Theatre apresenta “Tu ou Eu?”, um “confronto cómico no aquário” com palhaços. O espectáculo é gratuito e decorre no sábado às 14h e às 17h, e depois no domingo às 15h30.

Ainda no sábado e domingo é apresentado o espectáculo “Congregação”, que resulta de uma “colaboração entre o artista sonoro britânico Ray Lee e Tempest Projects”. Aqui, “através da emissão de sons, a esfera sónica guiará os participantes por caminhos e vielas em Macau, convidando o público para se envolver numa dinâmica interacção entre o som e a exploração”.

18 Set 2025

Ilha Verde | CURB volta a organizar passeios de bicicleta este mês

“On The Move VII: Ilha Verde Moments” é o nome da iniciativa do Centro para a Arquitectura e Urbanismo no próximo dia 27 deste mês. Através de passeios de bicicleta entre a Ilha Verde e o Fai Chi Kei pretende-se descobrir os segredos destes locais e, a partir daí, produzir um registo em vídeo

 

Pegar numa bicicleta e trilhar segredos arquitectónicos ou urbanísticos ainda escondidos aos olhos de muitos. É isto que propõe o CURB – Centro para a Arquitectura e Urbanismo, que no próximo dia 27 de Setembro organiza a sétima edição destes passeios, com a iniciativa intitulada “On The Move VII: Ilha Verde Moments”, que propõe “passeios criativos de bicicleta que oferecem aos participantes a oportunidade de explorar a Ilha Verde”.

O “On the Move” é um projecto “único que combina passeios criativos de bicicleta com a exibição de um documentário”, destaca uma nota da organização, sendo que este ano os passeios “seguirão uma direcção diferente, tendo como ponto de partida o pátio da Universidade de São José e explorando uma nova área de Macau: a Ilha Verde”.

A iniciativa oferece um convite para “descobrir diferentes bairros em redor da Ilha Verde através de quatro percursos comentados em inglês pelo curador Nuno Soares, presidente do CURB”. Nuno Soares é também arquitecto e está ligado à docência de arquitectura na Universidade de São José.

Para bem pedalar

Para andar de bicicleta no próximo dia 27 é preciso ter mais de 18 anos. A organização fornece no evento materiais como capacetes, coletes reflectores e receptores de áudio. Haverá duas rotas e duas sessões de cada uma. As sessões decorrem entre as 10h e as 11h, e depois entre as 16h e as 17h, na rota do Fai Chi Kei; e depois entre as 11h30 e 12h30, e entre as 14h30 e 15h30, na rota do bairro de Toi San.

Na mesma nota explica-se que o som e imagens recolhidos nos “Passeios Criativos de Bicicleta” serão utilizados na criação artística de um projecto de vídeo-arte e documentário, que serão exibidos numa mostra paralela, em local e data ainda a anunciar.

No ano passado, a iniciativa “On the Move” andou também pela zona norte para fazer o percurso “North City Wall”, passando depois pela zona do Porto Interior, num passeio a que se chamou “Inner Harbour Boundary”.

O CURB apresenta-se como uma instituição sem fins lucrativos e que pretende promover a investigação, a educação, a produção e a disseminação de conhecimento em arquitectura, urbanismo e cultura urbana. O Centro constitui-se como uma plataforma de intercâmbio entre a academia, a sociedade civil, a prática profissional e as instituições governamentais, servindo os interesses da comunidade em geral através de estudos de investigação, workshops, conferências, exposições, concursos e outras iniciativas.

Além de organizar o “On the Move”, o CURB é também promotor de outras iniciativas ligadas à arquitectura e urbanismo, como é o caso do “Open House Macau”, o primeiro evento deste tipo na Ásia, sendo ainda parceiro associado da “World Urban Campaign”.

18 Set 2025

Jorge Paiva reúne em livro 100 plantas mencionados na obra épica de Camões

Cerca de 100 plantas de vários continentes mencionadas por Camões na sua obra levaram o botânico Jorge Paiva a reconstituir em livro, disponível desde ontem, as viagens realizadas pelo poeta, no século XVI, entre Lisboa e o Extremo Oriente.

Luís de Camões estudou primeiro em Coimbra, de cuja Universidade Jorge Paiva é professor jubilado, antes de partir para Norte de África, Ilha de Moçambique, Goa e Macau, período que parcialmente coincide com a saga dos navegadores portugueses, algumas décadas depois de a armada de Vasco da Gama chegar à Índia, em 1498.

“Como ‘Os Lusíadas’ foram escritos, quase na sua totalidade, no Oriente e centrados nos Descobrimentos, grande parte das plantas referidas neste poema são asiáticas, particularmente especiarias e medicinais”, explica o cientista.

O livro “As plantas na obra poética de Camões”, resultado de uma investigação de vários anos, “vai ser disponibilizado em acesso aberto no ‘site’ da Imprensa da Universidade de Coimbra (IUC)”, disse à agência Lusa a directora da instituição, Carlota Simões.

No estudo, com 166 páginas, o biólogo afirma, por outro lado, que na lírica de Camões, “maioritariamente escrita em Portugal e centrada no amor e paixão, as plantas referidas são, quase na totalidade, europeias, mediterrânicas e, geralmente, utilizadas pelos poetas desde a Antiguidade Clássica”.

“Algumas expedições botânicas em que participei [um pouco por todo o mundo] coincidiram com algumas das regiões por onde Camões andou ou alude nos seus poemas”, esclarece.

Estando a decorrer as comemorações oficiais dos 500 anos do nascimento do criador de “Os Lusíadas”, que tem como comissário o camonista José Augusto Bernardes, da Universidade de Coimbra, a edição do trabalho de Jorge Paiva está prevista no programa desde o início.

“Na época em que Camões viveu, as plantas mais conhecidas e citadas na literatura eram mais as plantas medicinais do que as alimentares e, na poesia, as ornamentais ou com relevância mitológica”, escreve.

60 plantas na obra épica

Em “Os Lusíadas”, segundo o ambientalista, são referidas cerca de 60 plantas, “muitas asiáticas e aromáticas”, ao passo que na obra lírica surgem “muito menos espécies”, à volta de 40, sobretudo “europeias, campestres ou ornamentais”.

“Camões conhecia bem as plantas medicinais asiáticas utilizadas por Garcia de Orta, não só através da leitura dos ‘Colóquios [dos Simples e Drogas da Índia’], como também por as observar vivas na natureza. Além disso, (…) conhecia certamente o horto de Garcia de Orta, em Goa”, admite.

O investigador, nascido em Angola, em 1933, adianta que, “durante a sua estada na Ásia, particularmente em Goa, Camões, além dos conhecimentos botânicos e de fitoterapia conseguidos através do convívio com Garcia de Orta, seguramente teve oportunidade de convívios culturais com portugueses ilustres e cultos” que na altura residiam na colónia, anexada pela União Indiana, em 1961.

Em “As plantas na obra poética de Camões”, Jorge Paiva também interpreta referências a árvores, ervas e flores originárias de terras que o poeta-soldado nunca visitou, como o Brasil e Timor.
“Os portugueses quando viram o pau vermelho asiático, chamaram-lhe também pau-brasil, mas trata-se da madeira de uma árvore das florestas tropicais da Ásia Oriental”, exemplifica.

17 Set 2025

Cinema | Festival de curtas marca regresso de João Pedro Rodrigues e Rui Guerra da Mata

Os realizadores João Pedro Rodrigues e João Rui Guerra da Mata marcam presença amanhã na segunda edição do Festival Internacional de Curtas-Metragens de Macau, que vai exibir obras como “Mahjong” e “Iec Long”. Mas há espaço na programação para histórias fora do contexto asiático, como “Turdus Merula, Linnaeus, 1758” e “Manhã de Santo António”

 

A dupla de realizadores portugueses João Pedro Rodrigues e João Rui Guerra da Mata está de regresso a Macau para mostrar, amanhã, um conjunto de curtas-metragens realizadas sobre o território ou a cultura chinesa. A iniciativa integra-se na programação do 2º Festival Internacional de Curtas-Metragens de Macau e traz ao público local filmes mais antigos como “Mahjong”, “Iec Long”, “Turdus Merula Linnaeus,1758” e “Manhã de Santo António”.

Além disso, a dupla de realizadores participa numa conferência com moderação de Sung Moon, programadora do Jeonju International Film Festival, subordinada ao tema “From Shorts to Features: The Artistic Journey”, onde se falará do percurso artístico dos dois.

Nas redes sociais, a dupla disse “estar muito honrada com o convite e feliz por voltar a Macau”, tendo feito parte, por exemplo, do rol de convidados do Festival Literário Rota das Letras. Além disso, o realizador João Rui Guerra da Mata já residiu em Macau.

“Mahjong” é uma curta-metragem com referências à cultura chinesa, neste caso o tradicional jogo que dá título à obra, mas que foi filmada em Varziela, Vila do Conde, na zona norte de Portugal, onde reside uma importante comunidade chinesa de comerciantes. Varziela é tida como a maior “Chinatown” de Portugal.

Neste filme, vemos um homem de chapéu e uma mulher desaparecida, bem como um sapato de salto alto, uma peruca loira e um vestido chinês. Dá-se “o confronto entre o Vento Leste e o Dragão Vermelho”, em que “os pontos cardeais são trocados como num derradeiro jogo de Mahjong”.

O filme, feito em 2013 e com 35 minutos, contou com 45 selecções em festivais, 59 exibições e um total de 4.440 espectadores.

“Iec Long”, de 2014, remete para a tradicional indústria de produção de panchões. Na sinopse do filme, lê-se que “foi em Macau que primeiro se ouviu a palavra panchão”, que vem do chinês “pan-tcheong” ou “pau-tcheong” e que está nos dicionários “como um regionalismo macaense também chamado ‘estalo da China’ ou ‘foguete chinês'”. O filme questiona “quem vive na antiga Fábrica de Panchões Iec Long”, isto numa altura em que o espaço não tinha sido alvo de renovação. Hoje, com o investimento do Instituto Cultural, a antiga Fábrica de Panchões Iec Long, na Taipa Velha, tornou-se num espaço cultural aberto ao público.

Amores e desamores

Outro filme escolhido para a exibição de amanhã, “Manhã de Santo António”, afasta-se deste cenário específico de Macau e da sua cultura, focando-se nos festejos do Santo António. Segundo a sinopse, “manda a tradição que no dia 13 de Junho, dia de Santo António, o padroeiro de Lisboa, os namorados ofereçam vasos de manjericos enfeitados com cravos de papel e bandeirolas com quadras populares como prova do seu amor”. É em torno dessas ideias e tradições que gira o filme.

Numa perspectiva completamente diferente apresenta-se “Turdus Merula Linnaeus, 1758”, outro filme com realização de João Pedro Rodrigues e de João Rui Guerra da Mata. Trata-se de um filme de 2020 feito a convite da Cinemateca Portuguesa – Museu do Cinema, no âmbito do projecto “Sala de Projecção”. O filme “literaliza o olhar do realizador após a longa-metragem imediatamente precedente, ‘O Ornitólogo'”, feita em 2016, e que “de forma muito objectiva, é um filme observador de pássaros”.

“Turdus Merula Linnaeus, 1758” é filmado em pleno confinamento, quando João Pedro Rodrigues se apercebeu “que na árvore diante do seu apartamento, um melro fizera um ninho e que lá nasceria uma ‘ninhada’ de pequenos melros”, sendo que “Turdus” remete para o “registo do choco, do eclodir, da alimentação e do primeiro voo destas aves”.  O nome completo do filme é o nome científico atribuído ao melro comum, descreve-se na sinopse.
A palestra com a dupla de realizadores decorre no Centro Internacional de Convenções da Galaxy, enquanto os filmes serão exibidos no Galaxy Cinema House 7.

17 Set 2025

Grande Prémio | Exposição sobre pneus Pirelli em exibição até Março

O Museu do Grande Prémio de Macau (MGPM) acolhe até 2 de Março do próximo ano a exposição “Museu do Grande Prémio de Macau X Lenda da Pirelli – Exposição Temática de Pneus de Corrida”, realizada em parceria com a marca Pirelli, fabricante italiano de pneus com 100 anos de história.

A mostra apresenta nove modelos de pneus, incluindo uma versão especial de pneus com padrão de dragão, que foi oferecida à Comissão Organizadora do Grande Prémio de Macau no ano passado. Inclui-se ainda um pneu de Fórmula 1 e sete dos pneus de corrida usados no circuito do Grande Prémio de Macau.

Por outro lado, a exposição especial mostra, em vídeo, o percurso dos pneus refinados fabricados pela fábrica da Pirelli em Milão, numa viagem rápida e veloz até ao Circuito da Guia de Macau.

Citado por uma nota oficial, o director-executivo da Pirelli para a Ásia-Pacífico, Andrea Maganzani, disse que o que se apresenta no museu “não é apenas uma demonstração do percurso da Pirelli nas corridas motorizadas, mas é também um elogio à paixão, à inovação e ao desenvolvimento sustentável de uma peça central para o futuro do desporto motorizado”.

Fundada em 1872, a Pirelli é um dos principais fabricantes de pneus a nível mundial. Todos os anos participa em mais de 350 provas de carros e motos de duas e quatro rodas, incluindo como fornecedor parceiro de pneus da FIA para os campeonatos do mundo de Fórmula 1, Fórmula 2 e Fórmula 3, do Campeonato Europeu de Fórmula Regional e do Campeonato do Mundo de GT. Além disso, a Pirelli participa nos mais prestigiados e lendários eventos desportivos da Ásia-Pacífico, incluindo o Grande Prémio de Macau.

16 Set 2025

Bienal de Veneza | Obra “Polifonia de Jacone” escolhida para ir a Itália

Os artistas locais Eric Fok, O Chi Wai e Lei Fung Ieng são os autores de um projecto artístico que celebra a vida de Wu Li e que foi escolhido para representar a RAEM na 61ª Bienal de Arte de Veneza. “Polifonia de Jacone” tem curadoria de Feng Yan e Ng Sio Ieng

 

Já é conhecido o resultado da selecção das propostas apresentadas para a participação da RAEM na 61ª Exposição Internacional de Arte Bienal de Veneza, nomeadamente no “Evento Colateral de Macau, China”. Trata-se do projecto “Polifonia de Jacone”, com assinatura dos artistas locais Eric Fok Hoi Seng, O Chi Wai e Lei Fung Ieng, tendo curadoria de Feng Yan e Ng Sio Ieng. O projecto será revelado ao público na cidade italiana de Veneza, em Maio do próximo ano.

“Polifonia de Jacone” tem como base de fundo a vida do artista Wu Li, cujo nome português era Jacone, que estudou teologia em Macau no início da dinastia Qing. Estabelece-se então “um diálogo multifacetado, que transcende tempo e espaço, entre a história e a era contemporânea, em torno da trajectória criativa e das explorações de fusão cultural” deste artista. Os criadores encontraram uma “lógica narrativa ‘polifónica'” pensando também no tema da Bienal de Arte de Veneza de 2026, “Em Tons Menores”.

Assim, “Polifonia de Jacone” explora “a fluidez e a fusão da cultura, da crença e do espírito num contexto globalizado, realizando caminhos para a compreensão intercultural e a auto-reflexão, preservando simultaneamente a singularidade cultural”. Segundo uma nota do Instituto Cultural (IC) sobre este projecto, pretende-se destacar “o gene singular de Macau como um centro importante do intercâmbio cultural entre o Oriente o Ocidente”.

Uma abordagem original

Relativamente à posição do júri sobre a proposta, foi elogiada “a abordagem, que toma como ponto de partida a ligação histórica entre Wu Li e Macau”, trabalhando-se também o contexto religioso e cultural da época, em conexão “com o contexto de Veneza, Itália, demonstrando a profundidade académica e a originalidade”.

Para o júri, a proposta “não só reflecte a fluidez cultural e o diálogo espiritual, como também destaca a presença histórica e a vitalidade contemporânea do multiculturalismo de Macau”.

Feng Yan e Ng Sio Ieng, os curadores do projecto, “actuam há muito tempo no campo da arte contemporânea”, enquanto Fok Hoi Seng, O Chi Wai e Lei Fung Ieng são “jovens artistas de Macau que participaram em várias exposições internacionais e projectos de arte, sendo especialistas na exploração da identidade cultural e do diálogo transregional”.

Para escolher a representação de Macau na Bienal de Veneza, o IC convidou curadores que se distinguiram no concurso de propostas para a exposição do “Projecto de Curadoria Local” da “Arte Macau: Bienal Internacional de Arte de Macau 2025”, que ainda decorre no território. Foram recebidas seis propostas.

O júri é composto pelo curador e crítico de arte independente Feng Boyi, pelo vice-presidente da Academia de Belas-Artes de Guangzhou, Hu Bin e pelo representante do IC, Tong Chong. Segundo o IC, “as propostas foram avaliadas com base em critérios como o grau de pertinência em relação ao tema, o conceito curatorial, o carácter visionário, académico, original, inovador e único, exequibilidade e operacionalidade da proposta”.

Desde 1985 que é realizada a Exposição Internacional de Arte – Bienal de Veneza, tratando-se do “maior e mais antigo evento internacional de arte contemporânea do mundo”. O tema da edição de 2026 da bienal, “Em Tons Menores”, foi proposto pelo curador Koyo Kouoh, pretendendo-se “criar um grande evento artístico polifónico, focalizado em diversas vozes e narrativas marginais na cultura global”.

16 Set 2025

Arte Macau | Museu do Neo-Realismo português apresenta-se em Macau

Foi inaugurado na sexta-feira o “Pavilhão da Cidade de Vila Franca de Xira”, integrado na Arte Macau: Bienal Internacional de Arte de Macau que apresenta peças da colecção do Museu do Neo-Realismo, em Vila Franca de Xira. O director do museu, David Santos, conta ao HM o que o público poderá esperar do trabalho de 14 artistas que compõem a mostra

 

Representações artísticas do neo-realismo português vão estar em exibição numa exposição incluída na programação da Arte Macau: Bienal Internacional de Arte de Macau. De Vila Franca de Xira, vieram 20 obras de 14 artistas portugueses que integram o “Pavilhão da Cidade de Vila Franca de Xira”, com curadoria de David Santos, director do Museu do Neo-Realismo, localizado na cidade do distrito de Lisboa, e José Maçãs de Carvalho, artista visual. O projecto nasceu de um convite do Consulado-geral de Portugal e Hong Kong e do Instituto Português do Oriente.

Os trabalhos, de artistas como Alice Geirihas, Ana Pérez-Quiroga, André Cepeda, Carla Filipe, Fernando José Pereira, José Maçãs de Carvalho, Luciana Fina ou Luísa Ferreira, entre outros, “dão uma expressão e uma perspectiva da qualidade da colecção do Museu do Neo-Realismo ao nível da produção mais contemporânea”, explicou ao HM David Santos.

“A colecção do museu está mais focada nos trabalhos dos anos 40, 50 e 60, um período referente à afirmação do movimento cultural e artístico neo-realista em Portugal. Mas através de ciclos de arte contemporânea feitos desde 2006 que vários artistas contemporâneos têm feito doações ao museu e à sua colecção, o que tem vindo a enriquecer a colecção ao nível da expressão contemporânea”, referiu.

As 20 obras presentes no Pavilhão correspondem a um período compreendido entre os anos de 1990 até 2025 e constituem “a expressão do melhor que tem sido feito na arte portuguesa nos últimos 25 anos”. A mostra “é também uma forma de afirmar o peso e a importância institucional da colecção do Museu do Neo-Realismo”, acrescenta David Santos.

A nova realidade

A mostra intitula-se “A Reinvenção do Real” e apresenta sinais do movimento Neo-Realista, “uma arte com um sentido mais crítico, com maior observação sobre as questões sociais e política, fazendo memória, de algum modo, e também uma homenagem ao espírito que alimentou o Neo-Realismo no seu sentido contestatário ao Estado Novo e à ditadura, em meado do século XX”.

Porém, David Santos salienta que o criticismo inerente ao movimento artístico, e a própria “observação do real é diferente nos seus conteúdos”, embora haja “pontos e uma relação próxima com esse sentido contestatário, crítico, interventivo na consciência do observador, do espectador da obra de arte”.

Assim, os 20 projectos artísticos presentes nesta mostra em Macau remetem “para um olhar muito crítico sobre alguns temas da nossa contemporaneidade, como a questão da guerra ou a percepção sobre o sistema capitalista, o modo como nos desenvolvemos, de forma consciente ou não, com o mundo e com o real, ou até sobre a importância da própria imagem”.

Há, nestas obras, “um processo de significação daquilo que nos rodeia do ponto de vista social e político, mas sempre com um assento crítico”, pelo que não se pode encontrar uma arte mais abstracta, mas sim “formalista”, no sentido em que “todas as obras têm uma grande ligação ao real”.

Apresentar esta mostra em Macau propõe um certo diálogo, tendo em conta que “a arte contemporânea, e a arte de todos os tempos, sempre se relacionou com o seu tempo e o seu espaço, e pode-se dizer que a arte produzida em Portugal, ou por artistas portugueses, está a ser mostrada num contexto do Extremo-Oriente”. “Sabemos que Macau é uma região com uma ligação muito forte a Portugal, até do ponto de vista histórico”, acrescentou o director do museu.

A participação de José Maçãs de Carvalho como artista e curador é salientada por David Santos, até por se tratar de um ex-residente de Macau. “Trata-se de um artista que já fez exposições individuais no Museu do Neo-Realismo e colaborou com a Bienal de Fotografia de Vila Franca de Xira, e tem uma relação próxima com a cidade e o museu. Além disso, é alguém que tem experiência de afirmação artística no contexto de Macau na segunda metade dos anos 90, e isso foi importante na decisão de o convidar.”

Algo que já não existe

Apesar de podermos observar em “A Reinvenção do Real” certas referências ao Neo-Realismo, este é “um movimento que já não existe”, pelo menos na sua forma mais pura de contestação a uma ditadura, até porque esse regime terminou em 25 de Abril de 1974.

David Santos explica que “até ao início dos anos 60 ainda podemos falar da existência de um movimento neo-realista na literatura, artes plásticas, mas desde aí que não é possível pensarmos numa expressão artística identificada com a designação de neo-realismo”.

Contudo, persistem “preocupações políticas e sociais em artistas de diversas gerações, mas não significa que estes artistas que cá estão [na exposição] são os novos neo-realistas”. O que há é “um ponto entre as preocupações sociais e políticas que são manifestadas no trabalho artístico de artistas de outras gerações, nomeadamente dos mais recentes, mas isso não faz deles artistas neo-realistas”.

“Estamos quase com 100 anos passados sobre esses meados do século passado [em que surgiu o movimento neo-realista] e os artistas de hoje revêem-se em cruzamentos que não são possíveis de identificar no período neo-realista. Portanto, não há um novo movimento, mas na expressão individual da criatividade de cada artista aqui representado, encontramos ligações com a questão do Neo-realismo e com o sentido crítico dessa tal reinvenção do real”, destacou David Santos.

A Bienal Internacional de Arte de Macau foi inaugurada a 18 de Julho e inclui um total de 30 exposições e 46 artistas, sendo que muitas das actividades já terminaram. A mostra com as obras do Museu do Neo-Realismo pode ser vista na Galeria Tap Seac até 16 de Novembro.

15 Set 2025

Fado | Mariza regressa a Macau para concerto de Ano Novo

A fadista portuguesa Mariza vai regressar a Macau para um concerto de Ano Novo, em 31 de Dezembro, em conjunto com a orquestra da região. De acordo com um comunicado do Instituto Cultural de Macau, divulgado na quinta-feira à noite, Mariza vai actuar no Centro Cultural, como parte do programa da Orquestra de Macau para a temporada 2025-26.

O programa refere que Mariza, descrita como uma “superestrela internacional do fado”, vai apresentar canções deste género musical, acompanhada por uma versão sinfónica da orquestra, conduzida pelo maestro local Tony Yeh Cheng-te. Mariza esteve no território em novembro de 2024, para um concerto com a Orquestra Chinesa de Macau, no âmbito do último Festival Internacional de Música de Macau (FIMM).

O próximo FIMM conta, pela terceira edição consecutiva, com uma fadista, uma vez que Cuca Roseta vai actuar, também acompanhada pela Orquestra Chinesa de Macau, em 11 de Outubro.

O FIMM voltou aos palcos em 2022, após um interregno de dois anos devido à pandemia, com um programa que incluía dois espetáculos com convidados estrangeiros, um dos quais do português António Zambujo, mas apenas através de actuações gravadas. O regresso dos artistas estrangeiros aconteceu em 2023, depois do fim das restrições à entrada na região, num programa que incluiu um concerto de Gisela João.

A Orquestra Chinesa de Macau já tinha anterirmente realizado concertos com músicos portugueses, incluindo os fadistas (e irmãos) Camané e Hélder Moutinho, o guitarrista Custódio Castelo e o grupo Ala dos Namorados.

A Orquestra Chinesa de Macau foi fundada em 1987, ainda durante a administração portuguesa da cidade, enquanto a Orquestra de Macau foi oficialmente criada em 2001. Ambas as orquestras fazem, desde Fevereiro de 2022, parte de uma sociedade de capitais públicos.

15 Set 2025

2º Festival Internacional de Curtas-Metragens arranca este domingo

Decorre entre domingo e o dia 21 de Setembro a segunda edição do Festival Internacional de Curtas-Metragens de Macau do Galaxy, com sessões em locais tão diversos como os Cinemas Galaxy e Cinemateca Paixão. Os bilhetes já estão à venda na plataforma Enjoy Macao, existindo vários descontos disponíveis.

Fica a promessa de um “programa rico e diversificado”, com sessões de cinema, um fórum da indústria, workshops temáticos e masterclasses. Para encerrar, está programada a cerimónia de entrega de prémios.

Além disso, já está escolhido o júri, composto pela directora artística de Giornate degli Autori (Dias de Veneza), Gaia Furrer; a curadora e produtora do Interior da China, Shen Yang; o curador do Festival Internacional de Cinema de Singapura, Jeremy Chua e o curador do Festival Internacional de Cinema de Jeonju, na Coreia do Sul, Sung Moon. Destaque também para a inclusão de “curadores experientes de festivais internacionais de cinema”, como Giovanna Fulvi, Winnie Lau e Mike Goodridge.

De Macau para o mundo

Há cinco secções de filmes para ver neste festival, sendo uma delas “Curtas de Macau”, inteiramente dedicada às produções locais, podendo ser vistos dez filmes que concorrem ao “Prémio de Unidade de Macau” e “Menção Especial do Júri”, nomeadamente “Chuc Chuc Chuc, de Chao Koi Wang; “Família de Baratas” de Ho Cheok Pan; “Caixa da Raposa” de Ao Ka Meng; “Girl with Amen” de Teng Kun Hou; “Vovó Pirata 3: Tufão Novamente” de Ho Wai Tong; “Hand Hand” de Jarvis Xin; “Voo Nupcial” de Chan Chon Sin; “Roxo” de Ho Keung Un; “The Performance” de Keo Lou e “Waves Under the Sea” de Chan Si Ieong.

O festival traz também a secção “Novas Vozes do Horizonte”, com 26 filmes de todo o mundo, feitos em 2024 e este ano, “com variados temas e géneros de animação, experimental, ficção e documentário”. Neste caso, há quatro prémios a concurso, tal como Melhor Curta-Metragem, Menção Especial do Júri, Melhor Realizador e Prémio de Narrativa Inovadora.

De referir também a secção “Panorama da Ásia Oriental”, com dez curtas-metragens exclusivamente asiáticas que “reflectem o notável dinamismo cultural e a identidade única da região”. Neste caso, o júri que irá escolher os melhores projectos desta secção é presidido por Wang Muyan, programador da Quinzena dos Realizadores, em Cannes. Há ainda para ver a secção “Realizador em Destaque”, onde serão exibidos filmes clássicos do realizador japonês Nobuhiro Yamashita. Inclui-se aqui a exibição comemorativa do 20.º aniversário do filme “Linda Linda Linda”.

O festival inclui ainda a secção “Sessões Especiais”, onde se apresenta “uma selecção de obras não competitivas, ricas em inovação artística e profundidade cultural”.

12 Set 2025

Fogo de artifício | Equipas da Áustria e Coreia do Sul actuam amanhã

Decorre amanhã mais uma competição integrada na 33.ª edição do Concurso Internacional de Fogo de Artifício de Macau, desta vez com a apresentação pirotécnica das equipas da Áustria e Coreia do Sul. Mais uma vez o território prepara-se para registar os melhores momentos deste festival icónico

 

Com mais um fim-de-semana a chegar, é também a hora de assistir a duas novas actuações integradas na 33.ª edição do Concurso Internacional de Fogo-de-Artifício de Macau (CIFAM), organizado pela Direcção dos Serviços de Turismo (DST), e que acontecem amanhã.

Espera-se a actuação das companhias pirotécnicas da Coreia do Sul e da Áustria, com exibições de fogo-de-artifício, na baía frente à Torre de Macau, pelas 21h e 21h40, respectivamente. Decorre ainda o Arraial do Fogo de Artifício, que começa às 17h30 e termina às 22h30, disponibilizando-se no passeio ribeirinho do Centro de Ciência de Macau um “arraial colorido com gastronomia, espectáculos e jogos”, descreve a DST, em comunicado. A entidade espera, com este evento, poder “atrair mais visitantes e promover a economia nocturna nos bairros comunitários” através da junção das áreas de turismo com eventos.

A Coreia do Sul traz, assim, o terceiro espectáculo de um festival que arrancou no passado dia 6 de Setembro, e que se intitula “Universe of Lake”, com referência à “história do pastor e da tecelã”. O espectáculo está a cargo da empresa “HWARANG Art Pyrotechnics”, que participa pela primeira vez no CIFAM, esperando-se uma apresentação com música e “um design criativo com características da Coreia do Sul”.

Harmonia no ar

A partir das 21h40, surge nos céus o quarto espectáculo, protagonizado pela empresa “FIREevent”, e que se intitula “The Power of Harmony”. Promete-se uma “viagem emocionante”, em que o fogo-de-artíficio e a música servirão para “enaltecer a beleza e a solidariedade”, bem como “partilhar o amor, a amizade e a alegria”. Esta empresa actuou no CIFAM nos anos de 2011, 2015 e 2018, pelo que já conhece bem os cantos à casa e de toda a competição.

Para ver toda a magia proporcionada por estes espectáculos, e até para a captar, haverá seis pontos de visionamento para fotografias e vídeo, nomeadamente na Avenida Dr. Sun Yat-Sen do Centro Ecuménico Kun Iam até à Zona de Lazer Marginal da Estátua de Kun Iam, no passeio ribeirinho do Centro de Ciência de Macau, na Avenida de Sagres (ao lado do Hotel Mandarin Oriental, Macau), no Anim’Arte Nam Van, no caminho marginal do Lago (ao lado do Hotel YOHO Ilha de Tesouro Resorts Mundial), e na Avenida do Oceano, na Taipa, permitindo apreciar o fogo-de-artifício sob diferentes perspectivas.

Quem não puder estar presente nas actuações pode ouvir a música do festival no canal chinês da Rádio Macau (FM100.7), além de que os canais de televisão TDM Ou Mun e TDM Entretenimento transmitirão as exibições em directo. O CIFAM chega ao fim no próximo dia 20 de Setembro.

12 Set 2025

Ricardo Borges fala este sábado sobre os anos do conflito sino-japonês

“Laponicus ad Portas (do Cerco): a new perspective of Macau during the Second Sino-Japanese War” é o nome da palestra protagonizada por Ricardo Borges este sábado, entre as 14h30 e 16h30, no Instituto de Estudos Europeus de Macau (IEEM). Tal como o nome indica, trata-se de apresentar novas perspectivas históricas dos anos da II Guerra Mundial e do impacto que o conflito teve em Macau, mas a partir do ponto de vista da fronteira das Portas do Cerco.

Ricardo Borges é investigador sobre a história militar de Macau desde 2016 e tem “estado activamente envolvido na continuação desta pesquisa”, continuando a desenvolver entrevistas com antigos responsáveis militares e tratando a grande maioria da informação disponível em arquivos que continua por analisar, em fontes históricas que são consideradas essenciais para contar a história da presença militar no território.

Neste caso, Ricardo Borges irá basear-se em estudos e investigações já feitas para contar como foram os anos de 1939 a 1945 em Macau, pautados por uma grande vaga de refugiados oriundos de Hong Kong e da China continental, então ocupada por japoneses, o que gerou um período de grande tensão social. O orador vai procurar “enfatizar novos aspectos que moldaram a pequena Macau e a sua Guarnição Militar”, analisando-se também “as fases iniciais das operações das forças imperiais japonesas no Sul da China, especialmente nas áreas em torno de Macau”. Nessa fase, os japoneses forçaram o bloqueio junto ao Rio das Pérolas e “efectivamente retiraram o regime de Chiang Kai-Shek do comércio internacional naval e da potencial ajuda que vinha do estrangeiro”.

Pretende-se também analisar a questão da neutralidade de Macau neste período, tendo em conta que o território tinha administração portuguesa e Portugal assumiu desde o início da II Guerra a sua neutralidade, movendo-se entre as forças aliadas e de Hitler. Desta forma, Macau acabou por se tornar “num dos poucos territórios na Ásia que manteve a neutralidade enquanto estava completamente rodeado de batalhas”.

10 Set 2025

Teatro | Comuna de Pedra apresenta espectáculo “Narrativas na Margem”

A associação local Comuna de Pedra, dedicada às artes do espectáculo, traz este mês ao Centro Cultural de Macau uma nova peça de teatro, “Corpo/Desconstrução 2025 – Narrativas na Margem: Iluminar”, nos dias 20 e 21. Trata-se de um trabalho autobiográfico sobre as vidas difíceis, mas por vezes divertidas, de Nada e Rui: ela com um passado de pobreza, ele a ser portador de paralisia cerebral. Antigos colegas de escola, encontram-se finalmente em palco

 

Jenny Mok está habituada a pegar em pessoas que habitualmente não subiriam aos palcos e fazer deles actores e criadores. Essa ideia inicial de que nunca subiriam a um palco prende-se com o facto de serem portadores de uma deficiência, o que à partida os afastaria desta área.

Porém, a fundadora da associação Comuna de Pedra tem transformado ideias feitas em espectáculos e formas expressivas diferentes, e eis que apresenta, em Setembro um novo espectáculo no Centro Cultural de Macau (CCM), nos dias 20 e 21, em que um dos actores tem paralisia cerebral.

A peça “Corpo/Desconstrução 2025 – Narrativas na Margem: Iluminar”, apresenta a ideia de deixar, “na escuridão do teatro, recolher a luz que cada um deixou cair”, contando as histórias reais da vida dos actores Nada Chan e Rui.

Ao HM, Jenny Mok explicou como surgiu este espectáculo, que é um “trabalho autobiográfico, em que os materiais do espectáculo são gerados a partir das histórias reais dos actores.

“O Rui viveu toda a vida com paralisia cerebral, enquanto Nadia lidou, na infância, com o estatuto social e a pobreza. Nascemos em circunstâncias diferentes, mas todos lidamos com a vida, por mais difíceis que essas circunstâncias possam ser para alguns de nós. É isso que torna a história deles tão interessante.”

Em palco, o público pode conhecer melhor “as suas próprias histórias, em que algumas são difíceis, mas em que também há humor e momentos divertidos”. “A vida não é feita apenas de algodão-doce, mas também não é só feita de amargura e limões”, exemplificou Jenny Mok.

A fundadora da Comuna de Pedra confessa que sempre teve “interesse e a intenção de abordar a questão da deficiência e da inclusão através do teatro”, mas neste caso, trabalhar com a Nadia e Rui mostra como eles são “seres humanos cativantes ao serem simplesmente eles próprios”, sendo que “há muitas diferenças entre eles e, ao mesmo tempo, muito em comum”.

Na apresentação do espectáculo, lê-se que esta peça é “o encontro inesperado de duas linhas paralelas”, em que ele “tem o corpo preso pela paralisia cerebral”, sendo “um jovem caçador do vento a habitar-lhe o coração, sonhando poder correr livremente pela terra firme”. Já ela, “cresceu entre brechas e restrições, sendo filha sensata entre cinco irmãos, mas sempre preferiu viver como uma soberana da sua própria aventura nas profundezas do mar”.

Nada e Rui “foram colegas de escola, mas nunca se conheceram verdadeiramente”, pelo que foi o “destino, depois de tantas voltas, que os trouxe ao mesmo palco”. Quando as luzes se acenderem, “as suas histórias vão começar, finalmente, a entrelaçar-se”, num espectáculo que “não é uma lenda épica, nem mesmo uma narrativa de super-heróis”, mas sim uma história “de duas pessoas comuns que, à sua maneira, vivem uma vida que lhes pertence”. A questão é se, do lado do público, o espectador consegue ver nestes actores “um reflexo de si mesmo”.

Primeiros encontros

Jenny Mok cruzou-se com os dois actores em momentos diferentes do seu percurso artístico. “A Nada e o Rui são dois actores com quem já tinha trabalhado anteriormente, mas apenas em ocasiões separadas. Com a Nada Chan trabalho desde 2018 em diferentes projectos meus, e ela sempre foi uma actriz muito dedicada e atenciosa. Tive a oportunidade de conhecer o Rui em 2021, quando foi curador da primeira edição do Todos Fest!”, festival esse que também apresenta uma forma inclusiva de fazer arte.”

Jenny Mok confessa ter ficado “fascinada com a forma como ele [Rui] dançava e movia o corpo”. “Para mim, a sua história de vida está inscrita no corpo e ele move-se com um conteúdo imenso dentro da sua fisicalidade. Desde então começámos a trabalhar juntos e sempre pensei em criar um solo com ele. Ele tem tanto para partilhar e é tão interessante de ver em palco. No ano passado, durante a quarta edição do Todos Fest!, a Nada veio assistir ao espetáculo e contou-me que tinha sido colega de turma do Rui. Que coincidência! A partir daí surgiu a ideia de juntá-los num dueto em palco.

A responsável considera ser “óptimo trabalhar com a Nada e o Rui”, pois “a comunicação é sempre uma tarefa interminável, não apenas entre diferentes capacidades, mas simplesmente entre seres humanos”. Há dificuldades no processo, e “nem sempre é fácil compreendermo-nos, mas o tempo e a paciência ajudam”, assume.

Existências políticas

Para Jenny Mok, “em palco há certas existências que serão sempre políticas”, no sentido em que “pessoas que ocupam lugares marginais na sociedade têm corpos que já carregam conteúdo só por estarem presentes em cena”.

Assim, a presença de Rui em palco “será sempre política”, defende a fundadora da Comuna de Pedra, uma vez que “o seu corpo contém significados que podem ser lidos e interpretados de várias formas, e o mesmo acontece com a Nada”.

“Acredito que o corpo, apresentado como conteúdo em palco, pode ser uma forma de re-imaginar a relação entre o indivíduo e a sociedade, assim como a nossa identidade”, defendeu.

Com “Corpo/Desconstrução 2025 – Narrativas na Margem: Iluminar”, a Comuna de Pedra pretende transmitir a ideia de que “somos todos diferentes, mas não ouvimos o suficiente uns dos outros”, isto porque “simplesmente não há tempo e espaço para isso”. “O bonito do teatro é precisamente o facto de ser um lugar onde podemos criar tempo e espaço para nos conhecermos e escutarmos as histórias uns dos outros”, revelou Jenny Mok.

10 Set 2025

Banda desenhada | Associação “Somos!” lança competição para residentes

A “Somos! – Associação de Comunicação em Língua Portuguesa”, lança em Outubro uma competição de artes visuais, mais concretamente de banda desenhada, a pensar num público de residentes jovens com idades compreendidas entre os 15 e os 25 anos. Esperam-se trabalhos com tema livre, contando também com um workshop de Wesley Chan, presidente da Hyper Comic Society, e com o cartoonista local Rodrigo de Matos

 

Está quase a surgir uma competição para os amantes de artes visuais e usam esta forma artística para expressar a sua visão. Trata-se do concurso “BD-Macau”, promovido pela “Somos! – Associação de Comunicação em Língua Portuguesa” (Somos – ACLP), que será lançado em Outubro.

Trata-se de uma competição direccionada para um público jovem local, pretendendo-se, segundo uma nota da associação, “incentivar a criação de banda desenhada original” sobre o território.

Naquela que será a primeira edição deste concurso, que se pretende bi-anual, o tema é livre. O evento será precedido por um workshop dirigido pelo cartoonista local Rodrigo de Matos, nome habitual dos cartoons editoriais publicados no jornal Ponto Final e também no semanário português Expresso, e ainda Welsey Chan, presidente da Hyper Comic Society, que prometem relevar todos os segredos e mestrias para desenhar um bom cartoon ou banda desenhada.

O prazo de inscrições decorre até ao dia 5 de Outubro, sendo que os trabalhos finais deverão ser submetidos de 12 de Outubro a 30 de Novembro.

Os participantes têm de ser residentes de Macau, com idades compreendidas entre os 15 e 25 anos. Cada trabalho deve ter no mínimo quatro pranchas, utilizando-se a narração por imagens e a linguagem típica da banda desenhada. As especificidades socioculturais de Macau devem ser destacadas, com a acção das “histórias aos quadradinhos” a desenrolar-se na cidade, ilustrando-se a sua paisagem urbana. No caso de haver incorporação de texto, este deve ser escrito numa das línguas oficiais, o chinês ou português. Podem ser submetidos a concurso trabalhos originais feitos anteriormente, desde que nunca tenham sido premiados.

O workshop decorre a 11 de Outubro, esperando-se que os participantes possam “aprender ou consolidar as técnicas básicas de desenho e de criação de personagem, assim como de desenvolvimento de narrativa para este género literário”.

Uma estreia

Não sendo o primeiro concurso da “Somos!”, que já apresentou iniciativas na área da fotografia ou do desenho, com uma ligação ao mundo da lusofonia, esta é a primeira vez que se apresenta um concurso virado para a BD.

Com este projecto, a associação pretende apoiar o desenvolvimento criativo na área do desenho e ilustração e impulsionar o surgimento de mais obras locais nesta expressão artística, é referido na mesma nota.

O júri irá escolher o grande vencedor e os segundo e terceiro classificados, sendo-lhes atribuídos, respectivamente, prémios pecuniários de 7000, 4000 e 2000 patacas.

Além disso, uma eventual edição em livro de algumas das bandas desenhadas a concurso poderá ser considerada, mediante uma avaliação qualitativa prévia por parte do júri e da Somos – ACLP. A associação visa, assim, contribuir para o aumento de livros produzidos e editados em Macau, bem como para o registo imagético e escrito do progresso da cidade e das suas mutações.

Com a organização da Competição de Arte Visual: “BD-Macau”, a Somos – ACLP pretende celebrar Macau e a sua riqueza arquitectónica e histórica, como local de confluência cultural e base sino-lusófona. As inscrições devem ser feitas através da página electrónica da Somos – ACLP.

10 Set 2025

23.ª edição do Festival Fringe já está na rua

Começou na passada sexta-feira mais uma edição do Festival Fringe, que habitualmente traz a Macau várias artes performativas num contacto estreito com o público, os palcos e a rua. A passagem do tufão “Tapah” já obrigou a alguns ajustes na agenda, nomeadamente o cancelamento, ontem, da actividade “Um Mar na Velha Casa das Orquídeas”, enquanto que o espectáculo “Orquídeas à Velha Casa”, originalmente previsto para ter lugar no domingo, decorre hoje, às 18h, no Yuan Coffee.

Mas há ainda muito mais para ver: nas imediações da Rua do Cunha, na Taipa, entre amanhã e sexta-feira, a partir das 15h, acontece a performance “Para Sobreviver nas Cidades”, do grupo “Co.SCOoPP”, oriundo do Japão.

Com direcção de Asami Yasumoto e música de Sachie Fujisawa, a performance dura 25 minutos e conta com um “grupo de criaturas brancas, fofas e misteriosas que, em nome de nós, sobreviventes, oscila pela cidade em busca de uma direcção”. Então, coloca-se a questão: “devem seguir as multidões para se forjar ou abrir o próprio caminho?”. Este grupo vem do Japão e assume contribuir “para o desenvolvimento das artes performativas contemporâneas através de actividades criativas e experimentais no novo género de circo contemporâneo”.

À descoberta

Também a partir de amanhã, e até ao dia 21 de Setembro, decorre a actividade gratuita e interactiva “Velado Brilho: Exposição de Instalação de Micro-Sensações Urbanas”, com os artistas Calvin Lam, Shadow Fong, Kaze Chan e Chloe Lao. Trata-se de uma “caminhada nocturna para descobrir os brilhos ocultos pela cidade”, entre as 17h e as 23h, num percurso traçado por uma aplicação de telemóvel em que os participantes são levados a tornarem-se “exploradores urbanos, caminhando por ruas e vielas para descobrir miniaturas quase invisíveis e cantos que guardam memórias e histórias”.

Dentro das experiências digitais e interactivas inclui-se ainda o “Livro de Aventura ‘Uma Janela Oculta em Macau’ – Versão com Acompanhamento Musical”, um projecto de Kaze Chan, Chikara Fujiwara, Minori Sumiyoshiyama e Erik Kuong. Entre esta quarta-feira e o dia 21 de Setembro, existe um percurso a explorar de forma digital entre as freguesias de São Lázaro, Santo António e São Lourenço, entre as 10h e as 23h, em que é necessária uma aplicação. Este “Livro” foi criado pelo colectivo artístico japonês “Orangcosong”, tratando-se de uma reinvenção “da cidade através de livros, jogos e teatro, oferecendo uma nova e emocionante forma de explorar Macau”. O “Livro” conta com quatro rotas pré-definidas.

Nas mesmas datas, acontece também a actividade “Diários à Deriva – Teatro do Passeio Urbano”, nas mesmas zonas da península. Trata-se de um projecto de Chikara Fujiwara e Minori Sumiyoshiyama, onde se observa uma “busca pelas memórias flutuantes da cidade”, e se contam “histórias subtis nas paisagens urbanas familiares” do território. A produção também está a cargo do grupo japonês “Orangcosong”.

A partir de sexta-feira, e até ao dia 21, há ainda lugar a uma outra experiência digital, “O Monstro – Um Teatro de Aventura Imersiva e Pessoal”, de Barrie Lei, Nero Lio, Kaze Chan, Erik Kuong, numa redefinição “do teatro na fusão entre a realidade e virtualidade”.

9 Set 2025

“Arte Macau” | Novas exposições para ver a partir do final do mês

Há vários meses que a “Arte Macau – Bienal Internacional de Arte de Macau 2025” deambula pelo território, mas está longe de chegar ao fim. A partir do dia 24 deste mês serão inaugurados mais três projectos: “Mãos Emprestadas”, “Mercadorias e Guerreiros” e “Não Terminal”. O primeiro vê-se no Teatro D. Pedro V, os restantes levam a reflexões e interacções entre a Rua da Tercena e a praça do Centro Cultural de Macau

 

Em Setembro há ainda tempo e espaço para desfrutar das novas exposições que a “Arte Macau – Bienal Internacional de Arte de Macau 2025” traz ao território. A partir do dia 24, apresentam-se ao público três projectos integrados na secção “Exposição de Arte Pública”, subordinada ao tema “Ondas e Caminhos”.

Trata-se de cinco peças ou conjuntos de obras da autoria de nove artistas, intituladas “Mãos Emprestadas”, “Mercadorias e Guerreiros” e “Não Terminal”.

Além disso, também no dia 24 de Setembro, entre as 19h e as 20h30, decorre o colóquio “Conversa e Diálogo: A Natureza Pública da Arte Pública”, no auditório do Museu de Arte de Macau, e que conta com Wu Wei, co-curadora da bienal, e os artistas Ann Hamilton, Yin Xiuzhen, Jason Ho e Assemble, bem como com o curador Feng Boyi e o co-curador Liu Gang.

A palestra irá incidir “sobre formas de cultivar uma nova abordagem ampla, dinâmica e vibrante no contexto da arte pública ‘presencial'”. As inscrições decorrem até ao dia 19 de Setembro na plataforma da Conta Única de Macau.

Ann Hamilton, artista norte-americana, é o nome que está por detrás de um dos novos projectos em exposição, “Mãos Emprestadas”, patente no Teatro D. Pedro V. Esta artista é, segundo uma nota do Instituto Cultural (IC), “reconhecida internacionalmente pelas suas instalações multimédia de grande escala, pelos projectos públicos e pelas suas colaborações em performances”. Em Macau a artista recria “a memória histórica do comércio sino-ocidental com arte multimédia”.

Caminhos interactivos

Outra das artistas participantes no colóquio, Yin Xiuzhen, é considerada uma “conceituada artista contemporânea chinesa”. Apresenta em Macau a “Não Terminal”, uma instalação de vídeo interactiva patente na praça do Centro Cultural de Macau (CCM).

Esta instalação, que pode ser vista até ao dia 12 de Dezembro, centra-se numa “passadeira de bagagens estática” feita de metal, madeira e borracha, formando uma plataforma interactiva, onde o público pode descansar, movimentar-se e socializar.

Em redor da passadeira, existem tapetes de plástico onde o público pode correr, andar de skate e de bicicleta. Os nove ecrãs pendurados acima da instalação exibem imagens ao vivo do local e cenas da vida pré-gravadas, podendo o público também enviar os seus próprios vídeos para criar em conjunto um teatro animado da vida. “Esta obra transforma os espaços culturais e as cenas artísticas num campo experimental para o comportamento social, evidenciando a ideia de que a viagem da vida e da arte não tem fim e sugerindo a fluidez da vida, da memória e da identidade”, descreve o IC.

O papel da agricultura

Por fim, o colectivo interdisciplinar britânico Assemble, conhecido por revitalizar espaços urbanos através da colaboração comunitária e de design criativo, apresenta “Mercadorias e Guerreiros”, um projecto que “serve para reflectir sobre a relação entre a terra e as pessoas”.

Disponível no número 19 da Rua da Tercena, em Macau, este projecto “examina os desenvolvimentos actuais da agricultura de pequena escala na China e no Reino Unido, recorrendo a instalações de vídeo e técnicas de micronarrativa para apresentar directamente cenas da vida quotidiana e do trabalho em pequenas propriedades rurais em ambas as regiões”.

Desta forma, explora-se “a relação simbiótica entre a terra e a humanidade através da exibição de documentos e da realização de eventos públicos, criando-se assim uma ligação emocional entre a terra e o público de Macau”, descreve o IC.

Com “Mercadorias e Guerreiros”, apresenta-se uma “perspectiva ascendente” da ligação da agricultura com as pessoas e o “valor único da economia agrícola de pequena escala para o equilíbrio ecológico, a resiliência comunitária e a estabilidade económica, desafiando-se a ideia pré-concebida do ‘centrismo urbano’ e reexaminando-se também o papel construtivo das práticas rurais na construção de um futuro sustentável”.

“Mercadorias e Guerreiros” também fica disponível para visita do público até ao dia 12 de Dezembro deste ano, visando “estabelecer um elo entre terra, comida e sentidos humanos e desenvolver um novo diálogo entre o público urbano e as paisagens agrícolas que o nutrem, oferecendo, ao mesmo tempo, uma validação visual para o valor cultural e a sabedoria de sobrevivência necessários para o futuro desenvolvimento urbano face às crescentes incertezas da globalização”.

9 Set 2025

FIMM | Cuca Roseta actua ao lado da Orquestra Chinesa de Macau

O cartaz do Festival Internacional de Música de Macau deste ano traz a fadista portuguesa Cuca Roseta, que sobe aos palcos ao lado da Orquestra Chinesa de Macau, numa fusão de sonoridades que já não é novidade em Macau. Destaque também para a ópera “Carmen”, do francês Georges Bizet

 

O Festival Internacional de Música de Macau (FIMM) conta, pela terceira edição consecutiva, com uma fadista. Desta feita, a eleita é Cuca Roseta que vai actuar acompanhada pela Orquestra Chinesa de Macau (OCM), tal como Mariza em 2024, anunciou a organização na sexta-feira.

O Centro Cultural de Macau (CCM) acolhe, a 11 de Outubro, a lisboeta de 43 anos, descrita num comunicado como uma “diva portuguesa do fado” pelo Instituto Cultural (IC), que organiza o festival. O programa do FIMM sublinha que o concerto “materializa um intercâmbio cultural”, entre a “rica herança cultural” da OCM e as “influências de jazz, bossa nova e músicas do mundo” no estilo de Cuca Roseta.

O FIMM voltou aos palcos em 2022, após um interregno de dois anos devido à pandemia, com um programa que incluía dois espectáculos de convidados estrangeiros, um dos quais do português António Zambujo, mas apenas através de actuações gravadas.

O regresso dos artistas estrangeiros aconteceu em 2023, após o fim das restrições à entrada na região, num programa que incluiu um concerto de Gisela João. No ano passado, foi a vez de Mariza actuar com a OCM.

A orquestra foi criada ainda durante a administração portuguesa de Macau, em 1987 – ano em que decorreu também a primeira edição do FIMM – e utiliza instrumentos tradicionais chineses. Desde então já realizou concertos com músicos portugueses, incluindo os fadistas (e irmãos) Camané e Hélder Moutinho, o guitarrista Custódio Castelo e o grupo Ala dos Namorados.

Regresso de “Carmen”

O FIMM arranca em 3 de Outubro, com a ópera clássica do francês Georges Bizet (1838-1875) “Carmen”, que será levada à cena pela Ópera de Zurique e pela Opéra Comique de Paris, sob a batuta do maestro norueguês Eivind Gullberg Jensen. O espectáculo inclui ainda uma colaboração com a Orquestra de Macau, o Coro da Orquestra Sinfónica Nacional da China e o Coro Juvenil de Macau.

O programa do festival apresenta ainda dois concertos com obras de Xian Xinghai (1905-1945), um compositor nascido em Macau e conhecido por escrever músicas patrióticas durante a luta contra a invasão japonesa, a partir de 1937.

Os dois concertos, em 18 de Outubro e 7 de Novembro, irão comemorar não apenas os 120 anos do nascimento de Xian Xinghai, mas também o 80.º aniversario do fim da Segunda Guerra Mundial no Pacífico.

Em 31 de Outubro, será a vez de “Duetos nas Pontas dos Dedos”, que juntará em palco um casal russo, a bailariana Svetlana Zakharova e o violinista Vadim Repin, acompanhados de vários bailarinos principais do Ballet Bolshoi, com sede em Moscovo.

Mahler e Rachmaninoff

Destaque também para o espectáculo “Thomas Hampson Canta Mahler”, marcado para o dia 16 de Outubro, às 20h, naquela que promete ser “uma noite de enorme mestria artística pela voz de Thomas Hampson, barítono mundialmente reconhecido, num recital dedicado às evocativas canções (lieder) de Gustav Mahler”.

Segundo a programação do festival, há muito que Hampson “é saudado como um dos maiores intérpretes vocais do compositor austro-boémio”, participando agora no FIMM com um repertório “de inigualável visão emocional, elegância vocal e profundidade intelectual”.

“Neste recital, Hampson explora uma selecção das canções mais apreciadas, joias únicas na obra do compositor, a maioria delas relacionadas com a lendária ‘Des Knaben Wunderhorn’ (A Trompa Mágica do Rapaz). A interpretação de Hampson ilumina a poesia minuciosa e complexa que define a arte do grande mestre. Mergulhemos na alma da música de Mahler, usufruindo de um momento que promete ser um ponto alto deste festival, uma celebração do poder eterno das canções”, descreve-se no cartaz do evento.

Com o apoio da Melco decorre também outro concerto de música clássica, mas desta vez dedicado a um compositor russo, Rachmaninoff. O espectáculo “Mikhail Pletnev e a Orquestra Internacional Rachmaninoff” sobem ao palco do grande auditório do CCM nos dias 25 e 26 de Outubro, a partir das 20h.

No dia 8 de Novembro é a vez do mesmo palco receber a actuação “As Quatro Estações – Daniel Hope e a Orquestra do Festival de Gstaad”, a partir das 20h.

O programa é composto pelas composições de Vivaldi e Max Richter, nomeadamente com as “Quatro Estações”, originalmente composto pelo primeiro, e depois “Recomposto – As Quatro Estações de Vivaldi”, uma homenagem do segundo.

Descreve o cartaz do FIMM que “quando o primor barroco de Antonio Vivaldi se funde com a reinvenção pós-moderna de Max Richter, nasce uma intemporal celebração da beleza e da inovação”, sendo que a versão de Richter consiste numa “ousada transformação do original de Vivaldi”.

Ainda assim, Max Richter, compositor germano-britânico, usou “uma linguagem musical distinta, tendo reconstruindo a obra inspirado pelo minimalismo, nas texturas pós-clássicas e na música electrónica”. Neste trabalho de composição, “as melodias da composição de Vivaldi emergem, desaparecem e reaparecem inesperadamente, criando uma paisagem sónica que é ao mesmo tempo assombrosamente familiar e surpreendentemente nova”.

Daniel Hope é também figura central deste concerto “enquanto intérprete fluente e conhecedor da obra de Richter”, distinguido-se “pela virtuosidade expressiva e interpretações arrojadas, trazendo à peça uma intimidade e autoridade inigualáveis”.

O FIMM conta ainda com 14 actividades do Festival Extra, incluindo palestras e ‘masterclasses’. De acordo com a imprensa local, tem este ano um orçamento de 25,5 milhões de patacas, menos 22,7 por cento do que em 2024.

8 Set 2025

Música | NOYB apresenta “Improvised Live Sessions” na Taipa

É já amanhã, 6 de Setembro, que acontece o evento “None of Your Business (NOYB) Improvised Live Sessions”, que traz a Macau uma série de artistas e djs em que a música tocada de improviso e de forma experimental promete ser a palavra de ordem. A festa acontece entre as 17h e as 23h e traz à Fábrica Van Nam, na Avenida Olímpica, na Taipa, “um mundo vanguardista de actuações musicais improvisadas, instalações de vídeo e um inovador workshop de sintetizador modular”, descreve a NOYB nas redes sociais.

Juntam-se assim, na Taipa, “artistas visionários de Macau, Portugal, Espanha, Japão e outros lugares, criando-se uma tapeçaria única de sons e arte visual”, sendo que não faltarão espaços de gastronomia e a “companhia de outros entusiastas da arte” de fazer música e desfrutar dela.

O cartaz faz-se com LAGOSS, que actua no dia anterior em Beishan, Zhuhai; Dj Sniff, Larsq, Ezara Thustra e os Djs Tongrim e Fon.

Manobras experimentais

Relativamente ao percurso artístico dos participantes nesta festa de experimentações, Fon nasceu em Cantão, Guangzhou, mas foi criado em Macau. Porém, também viveu em Nova Iorque e Los Angels, onde trabalhou como músico e artista conceptual. “A sua formação diversificada inspira a exploração do som, das artes visuais, da performance e da improvisação”, destaca a NOYB. O gosto musical de Fon é ainda “fortemente influenciado pelos clubes vanguardistas de Nova Iorque, como o h0l0 e o Bossa Nova Civic Club, bem como pela cena ‘underground’ de festas em Macau e pela música trap cantonense”.

Destaque ainda para o projecto sonoro “Larsq”, de Rui Rasquinho, designer e ilustrador de Lisboa que há muito faz de Macau a sua casa. Com “Larsq” o público pode desfrutar de “pedais de efeitos, sintetizadores de ruído e uma guitarra sob a influência da improvisação, situados algures entre o abstracto e o narrativo”.

No caso do Dj Sniff, trata-se de um músico, curador e educador cujo trabalho “se faz com práticas distintas que combinam o ‘Djing, o design de instrumentos e a improvisação livre”. Dj Sniff já trabalhou em Amesterdão e foi professor assistente visitante na Universidade Cidade de Hong Kong entre 2012 e 2017. Já colaborou com nomes como Evan Parker, Otomo Yoshihide, Paul Hubweber, Tarek Atoui, Senyawa e Ken Ueno.

De Espanha, mais concretamente Tenerife, surge o projecto LAGOSS, e a sua apresentação faz-se logo com um aviso: ouvir estes sons pode “causar vagueações involuntárias por ilhas que não existem”.

LAGOSS é, portanto, um “projecto audiovisual cujo som ultrapassa o espectro daquilo a que os nossos ouvidos estão habituados”, inspirando-se em “mitologias exóticas e sonoridades espirituais”. Criam-se, desta forma, “paisagens sonoras imersivas que desafiam qualquer categorização simples”, com uma música que é “uma fusão singular de explorações cósmicas de sintetizador, ritmos instáveis de dub e gravações de campo de ilhas imaginadas, tudo sustentado por uma saudável dose de psicadelismo, improvisação e ‘live looping’ de instrumentos electrónicos e acústicos”.

Desta forma, o público poderá ver, ouvir e sentir amanhã “um universo sonoro e orgânico particular, que a própria banda descreve como folclore insular do futuro ou ciber-tropicalismo”.

5 Set 2025

Orquestra Chinesa | Peng Xiuwen e Liu Tianyi homenageados em nova temporada

A Orquestra Chinesa de Macau traz ao público uma nova temporada de concertos que pretende destacar o território como uma “Cidade de Cultura do Leste Asiático”. Os espectáculos agendados para 2025/2026 homenageiam ainda figuras da música chinesa como Liu Tianyi e Peng Xiuwen, além de celebrar datas como a transição de Macau ou o aniversário da RPC

 

Espera-se que Macau se transforme numa “Cidade da Cultura do Leste Asiático” e, por isso, a nova programação de concertos da Orquestra Chinesa de Macau (OCM) 2025/2026 está aí com muitos espectáculos de homenagem a mestres da música clássica chinesa e para celebrar datas especiais para Macau e a China.

Depois do concerto de abertura da temporada que decorreu a 30 de Agosto, o dia 29 de Novembro acolhe o espectáculo de homenagem a Liu Tianyi, tido como um grande mestre de música tradicional chinesa, sobretudo cantonense, e com foco no instrumento tradicional Gaohu.

“Em Comemoração ao 115.º Aniversário de Nascimento de Liu Tianyi – Cantonês Harmónico” é o nome do espectáculo que mostra “a brilhante carreira musical do maestro e a notável contribuição para este género musical”. Apresenta-se, assim, “um repertório cuidadosamente seleccionado”, lê-se no programa da OCM, num concerto que tem direcção artística de um discípulo de Liu Tianyi, Yu Qiwei. Em palco, estará ainda o grupo “Ensemble de Música Chinesa Windpipe”, um grupo de música de câmara de Hong Kong.

Em Março do próximo ano, dia 21, é a vez se de homenagear, no grande auditório do Centro Cultural de Macau (CCM), Peng Xiuwen e os 95 anos do aniversário do seu nascimento. “Homenagem ao 95.º Aniversário de Nascimento de Peng Xiuwen – O Titã” é o nome do concerto que destaca a mestria deste conhecido nome da música chinesa.

“A dedicação dada ao longo da sua vida à inovação e desenvolvimento da música, além da adaptação e composição de mais de 400 obras clássicas, lançaram as bases para o estabelecimento da orquestra chinesa moderna”, além de abrirem “caminho à ‘sinfonia nacional'”, descreve a OCM.

Peng Xiuwen é chamado de “Pai da Sinfonia Nacional Moderna da China”, e no CCM serão apresentadas “algumas das obras mais emblemáticas, como a adaptação da sinfonia ‘Quadros Numa Exposição’, de Mussorgsky, e a magnífica fantasia ‘Guerreiros de Terracota de Qin’”. Em palco estará o maestro Pang Ka Pang.

Zhang Lie, director musical e maestro principal da OCM, destaca que a programação para a temporada 2025/2026 visa “cultivar a cultura local, contando a história de Macau através de obras musicais originais”. Fica ainda a promessa de um envolvimento “activo com a comunidade, promovendo a educação musical” e a adopção de “uma atitude aberta de ‘Introduzir de Fora e Sair para o Mundo'” no que às escolhas musicais diz respeito.

O responsável assume que a OCM tem feito um “grandioso percurso de preservação dos tesouros artísticos da China e de desenvolvimento da música tradicional chinesa”

Assim, Zhang Lie destaca que esta nova temporada constitui “uma oportunidade para a Orquestra Chinesa apoiar Macau na sua transformação em prol de uma ‘Cidade da Cultura do Leste Asiático'”. Sobre o concerto de Novembro, Zhang Lie destaca o foco que fará não apenas à carreira de Liu Tianyi mas também da música cantonesa como “joia da região de Lingnan”.

Depois, com o concerto “O Titã”, dedicado a Peng Xiuwen, faz-se a ligação “entre o painel poético da adaptação de ‘Quadros numa Exposição’ com os ecos históricos da fantasia ‘Guerreiros de Terracota de Qin’, numa resplandecência artística eterna”.

As celebrações prometidas

De resto, a OCM estará presente em palco para celebrar datas importantes para a RAEM, como é o caso do concerto intitulado “Lírios da Estrela da Manhã para Sempre”, de celebração dos 26 anos de instituição da RAEM, a 20 de Dezembro de 1999, e da transferência da administração portuguesa de Macau para a China, a 19 de Dezembro do mesmo ano.

Este espectáculo acontece com a colaboração da Orquestra Chinesa da Radiodifusão de Shaanxi e Orquestra Nacional de Shaanxi, incluindo outros grupos musicais.

Ainda antes desta data especial, celebra-se mais um aniversário da implantação da República Popular da China e também o Festival da Lua, pelo que a 6 de Outubro é a vez das Ruínas de São Paulo acolherem “Uma Noite de Lua Cheia nas Ruínas de S. Paulo 2025”. Aqui fica a promessa, segundo Zhang Lie, de uma evocação de “melodias emocionantes em um cenário de reencontro”. A OCM apresenta ainda o espectáculo de teatro musical, pensado para toda a família, “Varinha Mágica Musical– Família de Sopro”.

Para Zhang Lie, esta temporada “será, sem dúvida, um sucesso retumbante”, esperando-se um “festim musical vibrante a todos, transformando cada nota numa força calorosa e comovente”.

5 Set 2025

Aniversário da RPC comemorado com espectáculo “Cisne”

Nos dias 30 de Setembro e 1 de Outubro, bem a tempo de celebrar o 76.º aniversário de implantação da República Popular da China (RPC), acontece em Macau o “Espectáculo de Comemoração do 76.º Aniversário da Implantação da República Popular da China e da Noite de Luar de Haojiang – Novo Espectáculo Acrobático Cisne”. O evento está marcado para o The Venetian Theatre a partir das 20h, sendo que os bilhetes já estão à venda.

“Cisne” é uma obra criada pelo premiado Teatro de Artes Acrobáticas de Guangzhou, narrando “o emocionante percurso de crescimento e formação da artista acrobática Yu Meng, desde os campos de treino encharcados de suor até ao centro do palco deslumbrante”.

Segundo uma nota do Instituto Cultural (IC), o público irá deambular entre o “sonho” e o “real”, experimentando “a impressionante fusão entre a excelência artística de nível nacional e um espectáculo visual fantástico”.

O espectáculo que se apresenta no The Venetian Theatre “foi seleccionado para o programa de apoio financeiro pelo Fundo Nacional das Artes e homenageado com o ‘Prémio de Produ de Excelência'”, sendo dirigido pelo coreógrafo Zhao Ming. A direcção artística está a cargo de Wu Zhengdan, actriz e fundadora do “Balé Sobre os Ombros”.

Cheirinho a “Lago dos Cisnes”

“Cisne” é uma peça que “reúne artistas prestigiados, utilizando as melodias intemporais do balé clássico ocidental ‘O Lago dos Cisnes’, ao mesmo tempo integra a acrobacia chinesa grandiosa e inédita, oferecendo ao público um espectáculo cénico que mostra a fusão entre arte oriental e ocidental”.

O “Espectáculo de Comemoração do 76.º Aniversário da Implantação da República Popular da China e da Noite de Luar de Haojiang – Novo Espetáculo Acrobático Cisne” é organizado pelo Ministério da Cultura e Turismo da China e pela Secretaria para os Assuntos Sociais e Cultura do Governo da RAEM, sem esquecer a organização do IC e Departamento de Publicidade e Cultura do Gabinete de Ligação do Governo Popular Central na RAEM, entre outras entidades.

Os bilhetes estão à venda a partir de hoje na bilheteira “Enjoy Macao” a partir das 10h, sendo que a data de venda dos bilhetes na plataforma “Cotai Ticketing” será anunciada posteriormente. Os ingressos têm preços que variam entre as 200 e 400 patacas.

3 Set 2025

Coloane | Música, exercícios e workshops no final do mês

A terceira edição do “Connections – Music.Movement.Nature”, regressa a Coloane nos dias 27 e 28 de Setembro ao espaço “Urban Farm”. É lá que acontecem actividades para todos os gostos, mas sempre em conexão com a natureza, a música, as artes e até o próprio corpo, graças à prática de pilates e yoga

 

Imagem de Elói Scarva

No último fim de semana de Setembro, o espaço Urban Farm, no centro da vila de Coloane, vai acolher o evento “Connections – Music.Movement.Nature”. Trata-se de um evento de dois dias, a acontecer a 27 e 28 de Setembro, que reúne actividades artísticas, música e a prática de exercício físico, com yoga e pilates.

Esta é uma “iniciativa privada sem fins lucrativos que pretende reunir diferentes comunidades, oferecendo música, actividades para famílias, workshops corporais e holísticos, uma zona de comidas e bebidas e um mercado de artesanato com criadores locais”, destaca um comunicado da organização.

Quem está por detrás deste evento assume que o “Connections” é uma “criação colectiva que alia um modo de vida consciente com experiências únicas”, e que já existe desde 2018 e 2019, anos em que o evento se realizou junto à Barragem de Ka-Hó, também em Coloane.

Porém, o “Connections” passa agora para um espaço maior, o que irá permitir que possam decorrer diversas actividades espalhadas por sete zonas distintas. São elas o “Village”, descrita como “uma pitoresca área que se assemelha a uma aldeia tradicional chinesa, com casas de madeira num jardim oriental”, e que será a zona de refeições e bebidas e de venda de artesanato.

Aqui vão estar representados espaços de restauração de Macau, como é o caso do Larry’s Place, Concept H, Black Lotus, Cakes By Rose & Muse, Juk e Happy Stand. Haverá ainda 12 artesãos a vender os seus produtos nas várias casinhas de madeira do “Village”: Dreama, Neska, Zarja’s Selections, CeraGigi, Odoodoodo, Dollfie, Wickd, White Lodge Dreamland, Wutoyeah, Gems Awakening, Lylon Skincare e Knotme.

A “Urban Farm” contará ainda com o “Gypsy Camp”, uma “zona com almofadas e lugares de descanso à sombra que promete ser uma oferta interactiva, em que os participantes poderão explorar instrumentos musicais como o asalato, participar num círculo de tambores, ou assistir a um concerto de handpan com o duo Nàv, que faz a curadoria da área”.

“Será também aqui que se poderá assistir ao ritual da fogueira, a uma palestra sobre temáticas espirituais e participar em sessões individuais de tarot e leitura da alma”, explica ainda a organização.

As actividades para famílias irão ter lugar na “Family Tent”, oferecendo sessões de meditação para famílias, pinturas em desenhos de mandalas, crochet, construção de máscaras em cartolina e ainda momentos de leitura interactiva.

A organização pretende, com o “Connections”, levar “os mais novos a participar em qualquer actividade que esteja a decorrer no recinto, desde que acompanhados pelos pais, podendo também explorar a oferta do ‘Urban Farm’, que disponibiliza canas de pesca para pescar e actividades de agricultura”.

Árvore da meditação

Uma zona que merece destaque é a “Treetop”, uma “mezannine” construída na copa de uma árvore, e que foi o espaço escolhido para todas as actividades de exploração corporal e “momentos mais serenos”, de meditação e relaxamento. Com actividades a decorrer da manhã ao entardecer, o “Treetop” vai albergar sessões de dança, com Zumba, Bachata, Dança Consciente e “InsideFlow”, assim como de yoga, gyrokinesis [movimento que mistura princípios de yoga, dança e Tai Chi], e pilates. Estão igualmente previstas sessōes de “Sound Bath”, exploração de mantras e meditações ao pôr do sol e de ligação à natureza.

O “Urban Farm” também disponibiliza uma “yurte mongol” [tenda típica dos povos nómadas da Mongólia], decorrendo ainda uma sessão das “Noites de Quiz”, que já acontece regularmente em Macau. “Esta é a primeira vez também que a Noite de Quiz será orientada em inglês para que mais pessoas possam participar na sessão”, explicaram os organizadores.

Ao fundo da propriedade do Urban Farm, na zona “Concrete”, estão agendadas sessões de graffiti e arte urbana com os colectivos de artistas locais Outloud International Street Art Festival e Mid Age of Dawn Skateboards (M.A.O.D.).

Por último, no “Woods”, numa clareira de um pequeno bosque, situa-se o espaço de música electrónica e de dança ao ar livre, que contará com prestações de diversos djs locais e da região. A oferta musical irá também marcar presença na zona do “Village”, com uma selecção mais orgânica, lounge, e focada em músicas do mundo.

Os bilhetes para o “Connections” já estão em venda antecipada até amanhã, com preços que variam entre as 150 e as 250 patacas, para uma entrada de um ou dos dois dias do evento. O “Urban Farm” disponibiliza também espaços de estacionamento que podem ser reservados ao dia com antecedência.

3 Set 2025

Exposição de Francisco Ricarte na Casa de Portugal até final do mês

A exposição “Macau: Dias de Ontem e Dias de Hoje”, com imagens do arquitecto Francisco Ricarte, foi estendida até ao final do mês, podendo ser visitada até 30 de Setembro na sede da Casa de Portugal em Macau (CPM). Trata-se de uma iniciativa integrada na programação das celebrações do 10 de Junho – Dia de Portugal, Camões e das Comunidades Portuguesas.

A mostra contém 20 “dípticos”, ou seja, “vinte propostas visuais comparativas entre imagens antigas de Macau, como registos fotográficos e iconográficos da cidade da primeira metade do Séc. XIX, ou existentes em postais antigos dos inícios do Séc. XX, com imagens contemporâneas desses espaços ou do que resta deles, onde se possam entender não só a presença dos antigos elementos construídos ou naturais ainda existentes, mas sobretudo a continuidade do seu significado social e humano relevantes”, explicou o arquitecto e fotógrafo ao HM.

Segundo Ricarte, o que se pretende fazer nesta mostra não é apenas “o registo meramente documental ou comparativo das modificações necessariamente ocorridas nos espaços e imóveis registados, mas sim captar como o seu ‘espírito’, sob o ponto de vista da sua presença, significado urbano ou presença humana significativa, mantêm a sua identidade e significado imagético para a cidade, hoje”.

Passado e presente

Em “Macau: Dias de Ontem e Dias de Hoje” faz-se a “introdução de registos cromáticos nas fotografias contemporâneas”, convidando-se o público a “identificar uma continuidade entre o antigo e o contemporâneo, encontrando novas identidades e significados nas imagens contemporâneas apresentadas, fazendo assim uma outra leitura interpretativa desses registos fotográficos”.

Aqui, a cor “articula a perenidade e identidade dos locais e seu significado, patente nos ‘dias de ontem’ com a contemporaneidade desses mesmos espaços, evidenciado pela sua presença e identidade nos ‘dias hoje'”, remata Ricarte.

Francisco Ricarte é arquitecto de profissão, estando em Macau desde 2006. É um dos membros da associação Halftone, dedicada à fotografia profissional e amadora que se faz no território e fora dele, tendo ajudado a criar este projecto em 2021. A Halftone publica também uma revista de fotografia de forma regular.

2 Set 2025