Deslizamento | Declaradas mortas as 44 pessoas soterradas em Yunnan

As 44 pessoas que ficaram soterradas na sequência de um aluimento de terras ocorrido na semana passada, na província de Yunnan, no sul da China, foram declaradas mortas, informou a agência noticiosa oficial Xinhua, na passada sexta-feira.

Segundo informações anteriores, o número de mortos ascendia a 34 e o número de desaparecidos a dez. As autoridades locais anunciaram o fim dos trabalhos de resgate na quinta-feira à noite, segundo a agência. No total, 918 pessoas foram retiradas para um local seguro, informou o Governo.

As autoridades afirmaram que vão intensificar os esforços de alerta e o controlo para evitar futuras catástrofes. O incidente ocorreu às 05:51 horas locais da passada segunda-feira no condado de Zhenxiong, situado no norte da região, e afectou cerca de 18 famílias na zona baixa entre duas montanhas.

De acordo com uma investigação preliminar, citada pela agência de notícias oficial chinesa Xinhua, a massa de terra que desabou tinha cerca de 100 metros de largura, 60 metros de altura e uma espessura média de seis metros. O Presidente chinês, Xi Jinping, apelou a um esforço “total” para procurar e resgatar as pessoas soterradas, disse a Xinhua.

O aluimento de terras ocorreu pouco mais de um mês depois de o terramoto mais forte dos últimos anos ter atingido a China a noroeste, numa região remota entre as províncias de Gansu e Qinghai. Pelo menos 149 pessoas morreram no terramoto de magnitude 6,2 na escala de Ritcher, registado a 18 de Dezembro.

Cerca de 1.000 pessoas ficaram feridas e mais de 14 mil casas foram destruídas, na sequência do sismo mais mortífero dos últimos nove anos na China.

29 Jan 2024

Diplomacia | Xi Jinping elogia laços com França face às “incertezas globais”

O Presidente da China saudou na passada sexta-feira os laços com a França, no 60.º aniversário do estabelecimento das relações diplomáticas, e apelou para o estreitamento das ligações entre Pequim e Paris em resposta às tensões globais.

“As duas partes devem desenvolver incessantemente as relações bilaterais e responder às incertezas do mundo com relações estáveis”, afirmou Xi Jinping, numa mensagem vídeo transmitida durante uma cerimónia em Pequim para assinalar o aniversário. Em 1964, por iniciativa do general Charles de Gaulle, a França tornou-se o primeiro grande país ocidental a estabelecer relações diplomáticas com a República Popular da China.

Esta decisão, ousada na altura, é regularmente citada pelos responsáveis chineses como um exemplo de diplomacia independente. Os Estados Unidos esperaram até 1979 para estabelecer relações diplomáticas com Pequim.

No regresso de uma visita à China, em Abril, o Presidente francês, Emmanuel Macron, pediu à UE “para não seguir” Washington na questão de Taiwan, posição que suscitou críticas no Ocidente, mas foi muito bem acolhida na China.

29 Jan 2024

Huthis | EUA pedem a Pequim para pressionar Irão devido aos ataques no Mar Vermelho

As autoridades de segurança americanas tentam que a China use a sua influência para atenuar o clima de tensão cada vez maior que se vive no Médio-Oriente. Para breve, ficou agendada uma conversa telefónica entre Xi e Biden

 

O conselheiro nacional de segurança dos EUA, Jake Sullivan, pediu no sábado ao ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, durante conversações na Tailândia, para usar a influência chinesa junto do Irão para desanuviar as tensões no Médio Oriente.

Os dois responsáveis também concordaram em garantir para breve uma conversa telefónica entre o Presidente dos EUA Joe Biden e o líder chinês Xi Jinping. Os encontros que decorreram entre sexta-feira e sábado em Banguecoque, na sequência das discussões entre os dois Presidentes em Novembro na Califórnia, seguiram-se às eleições em Taiwan e ao reinício do diálogo entre responsáveis militares dos EUA e China, que se mantinha congelado.

O encontro também coincide com os ataques dos Huthis do Iémen apoiados pelo Irão e que ameaçam o comércio marítimo do mar Vermelho.

Um alto responsável norte-americano, citado pela agência noticiosa Associated Press (AP), disse que Sullivan insistiu na importante influência económica da China no Irão e enfatizou sobre o efeito desestabilizador dos ataques dos Huthis no comércio internacional.

O mesmo responsável sublinhou que a China já apelou à redução das tensões, mas considerou ser demasiado cedo para saber se Pequim pretende utilizar o seu “músculo diplomático” para pressionar Teerão. O Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês indicou ainda que Wang disse a Washington para manter o compromisso em não apoiar a independência de Taiwan.

Wang disse que as eleições taiwanesas, que deram a vitória a Lai Ching-te, não alteram a posição chinesa de que a ilha é parte integrante da China, e que o maior desafio nas relações EUA-China reside na questão da “independência de Taiwan”, de acordo com um comunicado do ministério. Biden assinalou que não apoia a independência, mas os EUA dizem permanecer comprometidos na defesa de Taiwan face a eventuais ameaças. A mesma fonte oficial admitiu ainda que a próxima conversa entre Biden e Xi poderá ocorrer nos próximos meses.

Momento de reflexão

Wang e Sullivan encontraram-se previamente na ilha mediterrânica de Malta e em Viena em 2023, antes do encontro Biden-Xi na Califórnia. Em Novembro passado, os dois lados promoveram modestos acordos para combater o tráfico ilegal de fentanil e restabelecer os contactos militares, impedindo um agravamento das relações.

Na manhã de sábado, as autoridades de Taiwan disseram que a China enviou mais de 30 aviões e um grupo de navios em direcção à ilha durante um período de 24 horas, incluindo 13 aviões que cruzaram a linha divisória do Estreito de Taiwan.

Wang também indicou que a China e os EUA vão utilizar o 45.º aniversário do estabelecimento das relações diplomáticas bilaterais, em 2024, como uma oportunidade para reflectir sobre experiências do passado e promover um tratamento igualitário entre os dois países, evitando uma atitude condescendente.

Conversas frutíferas

A China descreveu como “francas” e “substanciais” as discussões entre o seu ministro dos Negócios Estrangeiros, Wang Yi, e o conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan. Os dois responsáveis estiveram reunidos em Banguecoque, na Tailândia, e abordaram a questão de Taiwan.

“As duas partes mantiveram discussões estratégicas francas, substanciais e frutuosas” sobre “a forma de gerir adequadamente as questões importantes e sensíveis das relações sino-americanas”, afirmou o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês num comunicado.

29 Jan 2024

Hong Kong | Tribunal repõe condenação de activista

Um tribunal de Hong Kong restabeleceu ontem a condenação de uma activista detida, na sequência de uma vigília proibida em homenagem às vítimas dos acontecimentos de Tiananmen, em 1989, em Pequim.

Chow Hang-tung, antiga líder da Aliança de Hong Kong de Apoio aos Movimentos Democráticos e Patrióticos da China, grupo entretanto dissolvido, foi condenada a 15 meses em Janeiro de 2022 por incitar outros a participarem na vigília proibida pela polícia, que alegou razões de saúde pública durante a pandemia da covid-19 em 2021.

Em Dezembro de 2022, Chow ganhou o recurso contra a condenação, com a juíza Judianna Barnes a decidir que as reuniões públicas não deviam ser proibidas se a polícia tivesse criado condições para reduzir o risco de propagação da covid-19. O Governo regional recorreu da decisão e o Tribunal de Última Instância restabeleceu a condenação de Chow. No acordão, o juiz Roberto Ribeiro, de origem portuguesa, afirmou que a proibição da polícia foi “claramente uma medida proporcional e legítima”.

26 Jan 2024

Nobel da Paz faz nova greve de fome para denunciar execuções no Irão

A Prémio Nobel da Paz Narges Mohammadi e 60 outras mulheres iranianas detidas no Irão iniciaram ontem uma greve de fome em protesto contra a execução de Mohamed Ghobadlou, enforcado por alegados crimes cometidos nas manifestações anti-governamentais de 2023.

“As prisioneiras políticas [na prisão] de Evin iniciarão juntas uma greve de fome de um dia em protesto contra as recentes execuções e pela suspensão das execuções”, disse Mohammadi num comunicado distribuído pela família na rede social Instagram.

A vencedora do Prémio Nobel da Paz de 2023 afirmou que o enforcamento de um jovem iraniano, numa referência a Mohamed Ghobadlou, provocou “uma onda de raiva e protesto na sociedade”.

A activista, que cumpre uma pena de 10 anos na prisão de Evin em Teerão desde Novembro de 2021 e que já fez outras greves de fome, apelou a outros cidadãos para que se juntassem ao protesto, pedido que foi acolhido por outras figuras que se opõem à República Islâmica.

Entre as várias dezenas de mulheres que se juntaram à greve de fome de um dia constam a iraniano-britânica Nazanin Zaghari-Ratcliffe, que passou vários anos presa em Evin, e a activista Atena Daemi, segundo indicou o mesmo comunicado.

“Junto-me às 61 mulheres presas políticas que estão dispostas a entrar em greve de fome para protestar contra a execução de Mohamed Ghobadlou e de outros manifestantes no Irão”, declarou, por sua vez, na rede social X (antigo Twitter) a activista Masih Alinejad, que é muito crítica da teocracia iraniana e fundou vários movimentos contra o uso obrigatório do véu islâmico para as mulheres no Irão.

Sem dó

Ghobadadlou, de 23 anos, foi executado na terça-feira por alegadamente ter matado um polícia e ferido outros cinco durante os protestos contra a morte da jovem curda iraniana Mahsa Amini em Setembro de 2022, que estava sob custódia policial por alegado uso indevido do ‘hijab’ (véu islâmico).

A Amnistia Internacional disse que o jovem sofria de “deficiência mental de longa duração” e denunciou que foi condenado num “julgamento falso, marcado por confissões extraídas sob tortura”.

A morte de Mahsa Amini desencadeou fortes protestos que, durante meses, apelaram ao fim do regime de Teerão e que só abrandaram após uma repressão que provocou 500 mortos e a detenção de pelo menos 22.000 pessoas.

Em 2022, o Irão foi o país que mais aplicou a pena de morte, com 576 execuções, um aumento substancial em relação às 314 do ano anterior, segundo a Amnistia Internacional. Grupos de defesa dos direitos humanos denunciaram a execução de até 800 pessoas no país em 2023, a maioria das quais por crimes relacionados com o tráfico e a posse de droga.

26 Jan 2024

Autor de incêndio que matou 36 pessoas em estúdio no Japão condenado à morte

O responsável por um incêndio que matou 36 pessoas em 2019 num estúdio de animação em Quioto, centro do Japão, foi ontem condenado à morte, informaram ‘media’ locais.

O tribunal considerou Shinji Aoba culpado pelo incêndio, um dos crimes com mais vítimas no arquipélago nas últimas décadas e que desencadeou uma onda de indignação no Japão e no estrangeiro. Os procuradores pediram a pena de morte no mês passado para o homem de 45 anos, em cinco acusações, incluindo homicídio, tentativa de homicídio e fogo posto.

As vítimas mortais eram na maioria jovens empregados do estúdio KyoAni. Mais de 30 pessoas ficaram feridas. “Não pensei que morressem tantas pessoas e agora acho que fui longe demais”, disse o arguido no primeiro dia do julgamento, em Setembro.

“Tenho de pagar o meu crime com [esta pena]”, afirmou numa outra audiência, em Dezembro, quando foi questionado sobre o desejo das famílias das vítimas de o verem condenado à morte. De acordo com várias testemunhas, Shinji Aoba entrou no estúdio, deitou gasolina e ateou fogo ao gritar: “vocês vão morrer”. Os bombeiros disseram que a extinção das chamas e socorro às vítimas foram “extremamente difíceis”.

De acordo com a agência de notícias France Presse (AFP), Shinji Aoba queria vingar-se da KyoAni porque estava convencido que a empresa lhe tinha roubado uma ideia para um guião. A alegação foi rejeitada pelo estúdio e descrita pelos procuradores como um delírio. O próprio incendiário, que compareceu no julgamento em cadeira de rodas, ficou gravemente queimado e precisou de várias cirurgias.

Certo e errado

Os advogados de defesa argumentaram que o homem não tinha “a capacidade de distinguir entre o certo e o errado” devido a perturbações psiquiátricas. No entanto, para o Ministério Público, o acusado tinha “premeditado o acto com forte intenção assassina e estava perfeitamente consciente dos perigos envolvidos” ao utilizar gasolina.

À semelhança dos Estados Unidos, o Japão é um dos poucos países democráticos a aplicar a pena de morte, executada por enforcamento. A opinião pública japonesa continua a ser maioritariamente a favor da pena capital, apesar das críticas da comunidade internacional. A última execução no país, onde mais de 100 condenados se encontram no corredor da morte, data de 2022.

26 Jan 2024

China | População de pandas gigantes em estado selvagem sobe 1.900

A população de ursos panda gigantes que vivem em estado selvagem na China ronda actualmente os 1.900 exemplares, um aumento “significativo” desde a década de 1980, quando eram cerca de 1.100, anunciaram ontem as autoridades do país.

O aumento deve-se em grande parte aos “esforços intensivos de protecção” desta espécie no país, disse Zhang Yue, vice-director do Departamento de Conservação da Vida Selvagem da Administração Nacional das Florestas, citado pela agência noticiosa oficial Xinhua.

Com base no novo censo, a União Internacional para a Conservação da Natureza actualizou o estatuto do panda gigante de “em perigo” para “vulnerável”. O Parque Nacional do Panda Gigante começou a funcionar em Outubro de 2021 e estende-se por quase 22.000 quilómetros quadrados, proporcionando um habitat protegido para 72 por cento dos animais de vida livre da China, disse Zhang.

A reserva abrange o território das províncias de Sichuan, Shaanxi e Gansu, no centro-oeste da China. De acordo com dados da Administração das Florestas, as áreas protegidas relacionadas com os pandas gigantes aumentaram de 1,39 milhões de hectares para 2,58 milhões de hectares desde 2012, o que teve um impacto no desenvolvimento sustentável da população de pandas gigantes.

Para além dos pandas em liberdade, os 728 pandas que vivem em cativeiro também aumentaram em número, tendo sido registados 46 nascimentos no ano passado. Zhang destacou ainda o aumento da “diversidade genética” dos pandas, uma espécie endémica da China, que o país considera um “tesouro nacional”.

26 Jan 2024

Vistos | Isenção entre China e Singapura a partir de 9 de Fevereiro

China e Singapura formalizaram ontem uma isenção mútua de vistos para estadias não superiores a 30 dias, uma medida que entrará em vigor a 9 de Fevereiro, véspera do Ano Novo Lunar. A isenção, acordada por representantes dos dois países, aplica-se tanto a viagens turísticas como a viagens com objectivos familiares ou de negócios, mas não para fins profissionais ou jornalísticos, informou a televisão estatal CCTV.

A iniciativa já tinha sido avançada em Dezembro passado pelo vice-primeiro-ministro de Singapura, Lawrence Wong, durante um fórum bilateral na cidade de Tianjin, no nordeste da China, embora sem especificar a data em que começaria a ser aplicada. Anteriormente, os cidadãos chineses necessitavam de visto para entrar em Singapura, enquanto os cidadãos de Singapura estavam isentos de visto pela China para viagens até 15 dias, desde Julho passado.

A Malásia e a Tailândia, outros destinos populares para os turistas chineses, também aplicaram medidas semelhantes nos últimos meses para atrair os viajantes do país asiático. O director-geral dos Assuntos Consulares do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Wu Xi, disse à CCTV que o acordo demonstra “a determinação da China em continuar a promover uma reabertura de alto nível ao mundo”.

“Damos as boas-vindas aos amigos de todo o mundo que vêm à China para viajar, fazer negócios, investir e estudar”, afirmou. Em Setembro, a China aprovou novas medidas para simplificar os pedidos de visto e facilitar o acesso dos estrangeiros aos sistemas de pagamento electrónico do país.

Dois meses mais tarde, o ministério dos Negócios Estrangeiros chinês anunciou que os cidadãos de Espanha, França, Alemanha, Itália, Países Baixos e Malásia não precisarão de vistos para entrar no país este ano para estadias até 15 dias.

26 Jan 2024

UE / China | Riscos no relacionamento após anúncio de novas medidas

Pequim deixa o apelo para que a União Europeia não tome medidas “anti-globalização” que afectem a imagem do velho continente junto das autoridades chinesas

 

A imagem da União Europeia “está em jogo”, afirmou ontem Pequim, depois de Bruxelas ter revelado no dia anterior uma série de iniciativas para proteger os seus interesses económicos, nomeadamente as tecnologias sensíveis.

“A imagem da UE no comércio internacional e economia está em jogo”, afirmou o porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Wenbin, apelando a Bruxelas para que não tome medidas “anti-globalização”. Na quarta-feira, os comissários europeus apresentaram um pacote de cinco iniciativas, incluindo o reforço do mecanismo de controlo do investimento estrangeiro na Europa, que entrou em vigor no final de 2020.

A UE quer responder aos riscos para a segurança económica da Europa e evitar que as suas tecnologias e infra-estruturas sensíveis caiam nas mãos de rivais geopolíticos. “A comunidade internacional está muito preocupada com o unilateralismo proteccionista da UE nos sectores económico e comercial”, afirmou Wang, quando questionado sobre as novas regras.

“As tendências actuais só intensificam estas preocupações”, alertou. “Esperamos que a UE respeite o comércio livre, a livre concorrência e a cooperação aberta, que são normas fundamentais de uma economia de mercado”. As medidas, que incluem uma proposta legislativa para controlar investimentos estrangeiros que possam representar riscos para a segurança, visam reforçar a segurança económica da UE.

A máquina europeia

Em Dezembro, o Tribunal de Contas Europeu indicou que Portugal, entre outros Estados-membros, não comunicou relevantes investimentos estrangeiros, entre 2020 e 2022, destacando a necessidade de submeter os mesmos para análise, após a criação do mecanismo de controlo do investimento estrangeiro na Europa.

A Comissão Europeia pediu ainda maior coordenação europeia nos controlos de exportação, identificação de riscos em investimentos estrangeiros em tecnologias específicas e medidas para reforçar a segurança da pesquisa e desenvolvimento a nível nacional e sectorial.

Em 2021, a UE registou cerca de 117 mil milhões de euros em entradas de Investimento Direito Estrangeiro, representando 8 por cento do total mundial. Estas acções visam em parte reduzir os riscos na relação económica com a China, que é vista em Bruxelas cada vez mais como um rival sistémico, apesar dos fortes laços comerciais.

26 Jan 2024

Yunnan | Sobe para 34 número de mortos em aluimento de terras

O número de mortos provocado por um aluimento de terras na província de Yunnan, no sudoeste da China, subiu para 34, informou ontem a imprensa local.

A catástrofe ocorreu na madrugada de segunda-feira na aldeia de Liangshui, na parte nordeste da província de Yunnan. Mais de 1.000 soldados e bombeiros foram destacados para as operações de resgate, que prosseguem apesar das temperaturas negativas e da neve. Ao todo, 44 pessoas ficaram soterradas, indicaram as autoridades.

De acordo com uma investigação preliminar, citada pela agência de notícias oficial chinesa Xinhua, a massa de terra que desabou tinha cerca de 100 metros de largura, 60 metros de altura e uma espessura média de seis metros. A agência não explicou o que causou o desmoronamento inicial.

Fotografias aéreas mostram que a encosta de uma montanha com muitos socalcos se abateu sobre várias casas da aldeia. Mais de 900 habitantes foram deslocados. As equipas de socorro tiveram de enfrentar a neve, estradas geladas e temperaturas negativas que se prevê que se mantenham nos próximos dias.

O incidente ocorreu às 05:51 de segunda-feira na vila de Zhenxiong, situada no norte da região, e afectou cerca de 18 casas na zona baixa entre duas montanhas. “Estávamos a dormir nessa altura, era de manhã cedo e ainda estava escuro. De repente, ouviu-se um ruído forte e o chão tremeu. Parecia um grande terramoto”, disse um residente local, citado pelo jornal local Jimu News.

No total, as catástrofes naturais na China causaram a morte e o desaparecimento de 691 pessoas no ano passado, e perdas económicas directas de cerca de 345 mil milhões de yuan, disseram a Comissão para a Redução de Catástrofes e o Ministério da Gestão de Emergências chineses.

26 Jan 2024

China | Condenada passagem de contratorpedeiro norte-americano pelo Estreito de Taiwan

A China condenou ontem a passagem de um contratorpedeiro norte-americano pelo Estreito de Taiwan como uma provocação que “prejudica a paz e a estabilidade” na região, afirmando que as suas forças militares monitorizaram o navio e responderam aos movimentos.

“O [contratorpedeiro] Arleigh Burke USS John Finn navegou pelas águas do Estreito de Taiwan a 24 de Janeiro com o objectivo de provocar problemas e procurar notoriedade”, disse ontem o porta-voz Shi Yi, numa declaração publicada na conta oficial do Teatro de Operações Oriental do exército chinês na rede social Weibo.

Shi disse que o Exército de Libertação Popular da China organizou tropas para seguir e avistar o navio norte-americano e actuou “de acordo com a lei e os regulamentos”.

O porta-voz acusou os EUA de “frequentes actos de provocação” que “minam maliciosamente a paz e a estabilidade regionais”. Assegurou ainda que as forças do Comando do Teatro Oriental da China estão “sempre em alerta” e “defenderão resolutamente a soberania e a segurança nacionais e a paz e a estabilidade regionais”.

Rotinas e exercícios

O porta-voz do ministério da Defesa chinês, Wu Qian, afirmou ontem que as Forças Armadas chinesas efectuaram recentemente patrulhas conjuntas de rotina no espaço aéreo e marítimo em torno de Taiwan. O porta-voz afirmou que os exercícios militares têm como objectivo “elevar o nível de treino realista das tropas e reforçar a capacidade de defender a soberania e a integridade territorial do país”.

Wu sublinhou que a situação real no Estreito de Taiwan é que “a soberania e o território da China nunca foram divididos, e o estatuto legal e o facto de Taiwan fazer parte da China nunca mudaram”. A passagem do USS John Finn pelo Estreito de Taiwan marca o primeiro movimento de um navio de guerra norte-americano na zona desde 13 de Janeiro, data em que se realizaram eleições na ilha.

26 Jan 2024

Imobiliário | Construtoras chinesas com acesso ao crédito alargado para atenuar crise

A crise no sector imobiliário continua a ser um obstáculo no crescimento económico do país. As autoridades lançam agora novas medidas para facilitar o crédito das construtoras e mitigar os danos

 

A China adoptou ontem novas regras destinadas a alargar o acesso das construtoras de imóveis a empréstimos bancários comerciais, numa altura em que Pequim redobra esforços para pôr termo a uma crise prolongada no sector. As políticas vão permitir que as empresas imobiliárias utilizem empréstimos bancários garantidos por imóveis comerciais, como escritórios e centros comerciais, para reembolsar outros empréstimos e obrigações e para cobrir despesas de funcionamento.

As medidas foram anunciadas pelo Banco Popular da China (banco central), pela Administração de Regulação Financeira e pelo Ministério das Finanças chineses.

Esta semana, Pequim tentou estabilizar os mercados financeiros em dificuldades e impulsionar a economia, libertando mais dinheiro para empréstimos, incluindo através da redução das reservas bancárias obrigatórias.

A vaga de novas medidas e as declarações de altos responsáveis do Partido Comunista Chinês sobre a necessidade de estabilizar os mercados financeiros e de reforçar a confiança na economia, a segunda maior do mundo, parecem reflectir uma determinação renovada em relançar o crescimento.

Dezenas de construtoras imobiliárias entraram em incumprimento, depois de o governo ter travado os empréstimos excessivos, visando desalavancar o sector.

O colapso da Evergrande é o caso mais emblemático desta crise, que tem fortes implicações para a classe média do país. Face a um mercado de capitais exíguo, o sector concentra uma enorme parcela da riqueza das famílias chinesas, ou cerca de 70 por cento, de acordo com diferentes estimativas.

A China Evergrande, ainda está a tentar resolver mais de 300 mil milhões de dólares em dívidas e um tribunal de Hong Kong deve realizar uma audiência sobre os planos de reestruturação na próxima semana.

As últimas políticas não constituem uma inversão total dos esforços para controlar a dívida e os riscos no sector imobiliário. Mediante as novas regras, os empréstimos bancários não podem ser utilizados para comprar imóveis comerciais ou habitações para arrendamento, nem para iniciar novas construções ou comprar terrenos.

Os empréstimos não podem exceder 70 por cento do valor de avaliação do imóvel utilizado como garantia e devem, em geral, ter uma duração máxima de 10 anos, com um limite absoluto de 15 anos.

Os bancos são obrigados a efectuar todas as diligências necessárias antes e depois da concessão dos empréstimos, para reduzir e minimizar os riscos. Não é claro qual o impacto que as novas regras poderão ter na crise que afecta o mercado imobiliário.

Quarto decrescente

A venda de terrenos tem sido, desde há muito, uma importante fonte de receitas para as autarquias locais, que agora se debatem com dívidas crescentes. Ao mesmo tempo, a paralisação da construção de novas casas afectou os empreiteiros e os fornecedores de materiais de construção e de mobiliário para casa.

Num relatório, economistas do banco suíço UBS afirmaram que “o ritmo e a dimensão potencial desses empréstimos permanecem incertos, uma vez que os bancos vão provavelmente observar a viabilidade comercial e os riscos desses empréstimos”, acrescentando que a medida constitui um “passo significativo” para aumentar o apoio prestado às construtoras.

As vendas de casas novas e os preços da habitação têm vindo a cair, o que se reflecte na debilidade do consumo das famílias, face à queda da confiança.

O sector representa, no conjunto, cerca de um quarto da actividade económica na China. “Para que o financiamento dos construtores imobiliários melhore de forma fundamental e sustentável, as vendas de imóveis têm de parar de cair e começar a recuperar, o que poderá exigir mais esforços políticos para estabilizar o mercado imobiliário”, lê-se no relatório da UBS.

26 Jan 2024

Mar Amarelo | Coreia do Norte dispara mísseis de cruzeiro

As tensões entre as duas Coreias mantêm a rota ascendente, à medida que o Norte continua a disparar mísseis na região
A Coreia do Norte disparou ontem vários mísseis de cruzeiro para o mar Amarelo, de acordo com o exército sul-coreano, numa altura em que a tensão entre Seul e Pyongyang tem vindo a aumentar.

“O nosso exército detectou vários mísseis de cruzeiro lançados pela Coreia do Norte em direcção ao mar Amarelo” por volta das 07:00, declarou, em comunicado, o Estado-maior sul-coreano.

“As especificações detalhadas estão a ser analisadas de perto pelos serviços secretos sul-coreanos e norte-americanos”, acrescentou. Os testes de mísseis de cruzeiro não são abrangidos pelas sanções impostas pela ONU à Coreia do Norte, ao contrário de mísseis balísticos e de armas nucleares.

Os lançamentos ocorrem numa altura em que a Coreia do Sul realiza, até hoje, um exercício das forças especiais, ao largo da costa oriental do país, “à luz dos graves problemas de segurança” com o Norte, de acordo com a marinha sul-coreana.

“Vamos cumprir a nossa missão de nos infiltrarmos profundamente em território inimigo e neutralizá-lo completamente, sejam quais forem as circunstâncias”, afirmaram as autoridades militares, em comunicado. As tensões entre as duas Coreias aumentaram nos últimos meses, quando os dois vizinhos riscaram acordos alcançados em 2018 para evitar incidentes armados, aumentaram os recursos militares na fronteira e realizaram exercícios de artilharia com munições reais perto do território um do outro, de acordo com a agência de notícias France-Presse (AFP).

Pólos rivais

Na semana passada, o líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, declarou o Sul como “principal inimigo” do país. Dissolveu, além disso, as agências governamentais dedicadas à reunificação e aos contactos com o Sul e ameaçou com guerra se Seul invadir território norte-coreano, “nem que fosse 0,001 mm”.

Kim pediu ainda alterações constitucionais para permitir ao Norte ocupar Seul em caso de guerra, de acordo com a agência de notícias oficial da Coreia do Norte.

No final de Dezembro, o dirigente ordenou a aceleração dos preparativos militares para uma guerra que podia “ser lançada a qualquer momento” e denunciou uma “situação de crise persistente e incontrolável”, iniciada por Seul e Washington com exercícios militares conjuntos na região, disse.

O discurso também subiu de tom na Coreia do Sul, com o Presidente Yoon Suk-yeol a avisar que Seul vai retaliar “várias vezes” em caso de provocação e a salientar as “capacidades de resposta esmagadoras” do exército do país. Nos últimos meses, a Coreia do Norte intensificou os testes de armas proibidas pela ONU.

No início de Janeiro, Pyongyang lançou um míssil hipersónico, de combustível sólido, além de ter disparado munições reais perto da fronteira marítima com o Sul, provocando ordens de evacuação em várias ilhas sul-coreanas próximas da costa norte-coreana. Seul retaliou com exercícios na mesma região, na costa oeste da península.

Na sexta-feira, Pyongyang anunciou ter testado um “sistema de armas nucleares submarinas” em resposta às manobras navais efectuadas pela Coreia do Sul, pelos Estados Unidos e pelo Japão nas águas a sul da península. A Coreia do Norte também conseguiu colocar em órbita um satélite de reconhecimento militar no final de 2023, após ter recebido ajuda tecnológica da Rússia em troca do fornecimento de armas para a guerra na Ucrânia, acusou Seul.

25 Jan 2024

China | Reservas obrigatórias dos bancos reduzidas para impulsionar a economia

O Banco Popular da China anunciou ontem que vai reduzir o rácio de reservas que os bancos devem manter, com o objectivo de impulsionar a economia em desaceleração. O anúncio provocou um aumento dos preços das acções nos mercados chineses, com o índice de referência de Hong Kong a subir 3,6 por cento.

As praças financeiras chinesas definharam nos últimos meses, com os investidores a retirarem dinheiro, desencorajados por uma recuperação vacilante após o país abdicar da política de ‘zero casos’ de covid-19.

No início da semana, surgiram informações não confirmadas de que o Governo tencionava fazer com que as empresas públicas de investimento canalizassem fundos ‘offshore’ para os mercados, a fim de ajudar a estancar as perdas. As medidas do banco central parecem fazer parte de um esforço concertado para estabilizar os mercados e incutir maior confiança nas perspectivas da segunda maior economia do mundo.

O governador do banco central, Pan Gongsheng, disse que as reservas obrigatórias de depósito seriam reduzidas em 0,5 por cento a partir de 5 de Fevereiro, adiantando que a medida injectaria cerca de 1 bilião de yuan na economia.

Em conferência de imprensa, o responsável afirmou que o banco central também planeia emitir em breve um plano de empréstimos para empresas de construção, visando apoiar a indústria, que enfrenta uma grave crise de liquidez. A economia da China está a recuperar e isto permite uma ampla margem de manobra para as políticas.

“Actualmente, os riscos financeiros do nosso país são geralmente controláveis, as operações globais das instituições financeiras são sólidas e os mercados financeiros estão a funcionar sem problemas”, afirmou.

Ressalto financeiro

A economia chinesa acelerou no último trimestre de 2023 e fixou a taxa anual de crescimento em 5,2 por cento, correspondendo ao objectivo estabelecido pelo Governo chinês, segundo dados oficiais divulgados este mês. Esta aceleração reflecte o efeito base de comparação face à paralisia da actividade económica no ano anterior, suscitada pela política de ‘zero casos’ de covid-19.

O PIB da China cresceu 3 por cento em 2022, uma das taxas mais baixas dos últimos 40 anos. Numa base trimestral, a economia cresceu 1 por cento no quarto trimestre, abrandando em relação à expansão de 1,3 por cento registada entre Julho e Setembro do ano passado.

25 Jan 2024

Xinjiang | Milhares forçados a abandonar as casas após terramoto de 7,1

O forte terramoto de terça-feira, ao qual se seguiram várias réplicas, obrigou à deslocação de milhares de pessoas numa altura em que uma vaga de frio afecta a região

 

As réplicas que sucederam a um terramoto ocorrido na terça-feira continuaram ontem a abalar o oeste da China, enquanto mais de 12.000 pessoas permanecem em tendas e outros abrigos, acendendo fogueiras para se protegerem do tempo gelado. No dia anterior, um terramoto de magnitude 7,1 numa zona remota da região chinesa de Xinjiang matou três pessoas e deixou cinco feridos, tendo danificado centenas de edifícios.

O terramoto causou danos significativos no meio de temperaturas geladas, mas o número de mortos e feridos foi relativamente baixo, devido à escassa população em torno do epicentro, na vila de Uchturpan, perto da fronteira com o Cazaquistão. As imagens exibidas pela televisão estatal CCTV mostram pessoas a comerem massa instantânea em tendas, com fogueiras a aquecer.

Jian Gewa, um estudante de 16 anos de Uchturpan, disse que estava na casa de banho quando o tremor começou. O edifício inteiro tremeu violentamente. “Só pensei que tinha de me pôr em segurança o mais depressa possível”, disse Jian, citado pela Associated Press.

Este jovem foi retirado para uma escola, juntando-se a cerca de 200 outras pessoas. As autoridades locais disseram que planeavam verificar a estabilidade das casas antes de as pessoas poderem regressar. O terramoto atingiu uma zona escassamente povoada, com aglomerados de cidades e aldeias espalhadas por uma paisagem invernal árida.

Uma autoestrada de duas faixas vai da cidade de Aksu, a cerca de 125 quilómetros, até à zona, atravessando planícies de um lado e afloramentos escarpados do outro. As linhas eléctricas e uma fábrica de cimento ocasional são praticamente os únicos sinais da presença humana.

Impacto do sismo

Na prefeitura de Kizilsu Kirgiz, o terramoto causou danos em 851 edifícios, fazendo ruir 93 estruturas perto do epicentro e matando 910 animais, de acordo com o vice-secretário do Partido Comunista da prefeitura, Wurouziali Haxihaerbayi.

A prefeitura enviou mais de 2.300 socorristas e a vila de Akqi evacuou 7.338 habitantes. No total, foram evacuadas 12.426 pessoas. As equipas de salvamento vasculharam os escombros enquanto equipamento de sobrevivência de emergência, incluindo casacos e tendas, foram enviados para ajudar os milhares de pessoas que fugiram das suas casas.

“Este terramoto de magnitude 7,1 é muito forte, mas a situação dos mortos e feridos não é grave”, declarou Zhang Yongjiu, chefe da Administração de Terramotos de Xinjiang, em conferência de imprensa. O epicentro do terramoto foi numa área montanhosa a cerca de 3.000 metros acima do nível do mar, disse Zhang.

Na aldeia de Yamansu, cerca de 115 pessoas estavam alojadas numa sala de reuniões do Partido Comunista, com as suas roupas de cama cuidadosamente enroladas na manhã de ondem, em cima de cinco longas filas de camas de metal. O pessoal médico estava à disposição para examinar os residentes mais idosos. A CCTV disse que 1.104 tremores secundários, incluindo cinco de magnitude superior a 5,0 foram registados até às 08:00 da manhã de quarta-feira. O maior registou uma magnitude de 5,7.

Entre os edifícios danificados, 47 casas ruíram, segundo publicou o governo da Região Autónoma de Xinjiang Uygur na sua conta oficial da rede social Weibo na terça-feira.

25 Jan 2024

Banco do Japão mantém política monetária inalterada na primeira reunião de 2024

O Banco do Japão (BoJ, na sigla em inglês) decidiu ontem manter as principais medidas da política monetária, mas prometeu avaliar o aumento dos salários e o impacto económico do sismo de 01 de Janeiro.

O banco central japonês decidiu, por unanimidade, no final da reunião mensal de dois dias sobre política monetária, manter a taxa de juro das obrigações de curto prazo em -0,1 por cento e continuar as compras ilimitadas de obrigações para orientar os rendimentos a 10 anos para 0 por cento.

“Dadas as enormes incertezas que rodeiam a economia e os mercados japoneses e estrangeiros, continuaremos com a política de flexibilização monetária, respondendo com agilidade a qualquer mudança na situação financeira”, disse o BoJ no relatório final da reunião de dois dias.

O banco central reconheceu que o aumento dos salários é um dos fatcores críticos para uma eventual mudança de política, assim como o impacto económico do sismo de magnitude 7,6 que matou pelo menos 202 pessoas na península de Noto, no norte do Japão.

A maioria dos analistas acreditava que o regulador japonês não iria alterar a política monetária, apesar do governador do BoJ, Kazuo Ueda, ter no mês passado feito comentários que sugeriam uma mudança num futuro próximo.

No início de Dezembro, Ueda disse que o banco central tem já várias opções em mente para subir as taxas de juro a valores positivos, declarações que fizeram com que a moeda japonesa subisse para 141 ienes por dólar, uma tendência que ainda se mantém.

Alguns especialistas acreditam que o BoJ poderá pôr fim à sua política de taxas negativas ainda em 2024 e eliminar outras medidas impostas para tentar baixar a inflação, que há 21 meses se fixa acima da meta de 2 por cento definida pelo banco central. O índice de preços no consumidor do Japão subiu 3,1 por cento em 2023, de acordo com dados oficiais, devido ao aumento dos preços dos alimentos e especialmente dos bens de primeira necessidade.

Inflação transitória

No relatório trimestral de perspectivas económicas, também divulgado ontem, o Banco do Japão disse esperar que o actual ano fiscal, entre Abril de 2023 e Março de 2024, termine com a inflação em 2,8 por cento. O BoJ considera que a inflação é de natureza importada e transitória, devido à subida global do preço das matérias-primas e da energia, não reflectindo uma revitalização da economia japonesa capaz de assimilar uma subida das taxas.

O regulador disse esperar que a inflação suba para 2,4 por cento e que o Produto Interno Bruto (PIB) do Japão aumente 1,2 por cento no ano fiscal de 2024, que terá início em Abril e terminará em Março de 2025. O banco central reviu em baixa a estimativa sobre a evolução dos preços, ao mesmo tempo que melhorou a previsão para o PIB.

No relatório anterior, em Outubro, o Banco do Japão tinha previsto um aumento no índice de preços ao consumidor de 2,8 por cento e uma expansão do PIB de 1 por cento. Para 2025, o BoJ prevê um aumento dos preços de 1,8 por cento e uma subida de 1 por cento para o PIB.

24 Jan 2024

China | Chefe da polícia condenado a 12 anos de prisão após agressão de mulheres

O ex-chefe da polícia de Tangshan, no norte da China, que ocupava o cargo em 2022, quando um grupo de mulheres foi atacado numa churrasqueira, foi condenado ontem a 12 anos de prisão por ter protegido grupos criminosos. A agressão de três mulheres num restaurante, cujas imagens registadas pelas câmaras de vigilância se tornaram virais nas redes sociais, provocou indignação generalizada no país.

Ma Aijun, que dirigia então a esquadra da polícia de Lubei, do Gabinete de Segurança Pública de Tangshan, na província de Hebei, foi condenado a 12 anos de prisão e multado em 700.000 yuan, informou um tribunal de Tangshan. Ma foi condenado e punido por violar a lei para obter benefícios pessoais e subornos.

Até à manhã de ontem na China, a notícia foi lida por mais de 130 milhões de vezes na rede social Weibo, com a maioria dos leitores a concluir que foi finalmente feita justiça. “Este é um seguimento razoável do incidente”, disse um internauta.

Muitas pessoas criticaram a lentidão da reacção inicial da polícia local às agressões. “Não consigo imaginar que, se o vídeo não se tivesse tornado viral e não tivessem enfrentado a ira do público, durante quanto tempo a polícia teria protegido os membros deste grupo criminoso”, comentou outro utilizador no Weibo.

Brutalidade súbita

As imagens mostram um dos homens a aproximar-se de uma mesa, onde três mulheres estão sentadas, e a colocar a mão nas costas de uma das mulheres. A mulher perguntou-lhe o que é que ele queria, antes de gritar que era um doente, e dar-lhe uma bofetada na mão.

O homem bate então no rosto da mulher, desencadeando uma discussão. A vítima inicial é arrastada pelos cabelos. Um grupo de homens que jantava do lado de fora juntou-se ao ataque, agredindo as mulheres com cadeiras e garrafas de cerveja.

Duas das mulheres foram hospitalizadas. O Ministério Público chinês acusou Chen Jizhi, que iniciou a agressão, de ser chefe de um grupo criminoso e acusou-o de 11 outros crimes que remontam a 2012, incluindo agressão, jogo ilegal e roubo.

Em 2022, foi condenado a 24 anos de prisão. Mas as dúvidas que persistiam sobre a forma como Chen tinha saído em liberdade, depois dos seus crimes anteriores, levaram o departamento de Segurança Pública da província a ordenar à polícia de Langfang, a cerca de 150 quilómetros de Tangshan, que tomasse conta do caso.

Muitas pessoas culparam a polícia local, acusando-a de uma reacção lenta, uma vez que só chegou ao local depois de os suspeitos terem fugido. A agência de inspecção e disciplina do Partido Comunista Chinês em Hebei investigou então 15 oficiais e funcionários em Tangshan. Em Agosto de 2022, as investigações iniciais revelaram que oito funcionários, incluindo Ma, dois directores e dois adjuntos de três esquadras da polícia abusaram do seu poder e aceitaram subornos.

24 Jan 2024

Guangdong | Prioridade à integração económica do sudeste da China em 2024

O desenvolvimento da Grande Baía é um desígnio prioritário para o Governador de Guangdong, Wang Weizhong, que promete tudo fazer para acelerar a construção de uma área moderna de qualidade mundial

 

O governador de Guangdong disse ontem que a província vai “assumir maior responsabilidade” no apoio ao crescimento da economia chinesa e priorizar o desenvolvimento da Grande Baía, a metrópole no Delta do Rio das Pérolas que inclui Macau. Citado pela imprensa local, Wang Weizhong afirmou que Guangdong vai “acelerar a construção de uma Área da Grande Baía de classe mundial” e “dar as mãos a Hong Kong e Macau”, para assegurar a integração da economia chinesa e garantir um desenvolvimento económico moderno.

Os esforços vão centrar-se igualmente no aumento das ligações regionais de transportes e no cultivo de uma forte reserva de talentos no sector dos circuitos integrados, ao mesmo tempo que se impulsiona a produção de ‘software’ industrial.

Este ano marca o quinto aniversário da Área da Grande Baía, uma das três principais estratégias do Presidente chinês, Xi Jinping, para a integração regional que visa rivalizar com outras grandes metrópoles mundiais, incluindo Tóquio e São Francisco.

O projecto abrange as regiões semiautónomas de Hong Kong e Macau e nove cidades de Guangdong, através da criação de um mercado único e da crescente conectividade entre as vias rodoviárias, ferroviárias e marítimas. O governador disse que Guangdong também pretende atingir um crescimento económico de 5 por cento este ano, o que está em conformidade com os objectivos já estabelecidos por outras províncias.

Em 2023, a economia de Guangdong cresceu 4,8 por cento. A província vai apoiar igualmente o sector privado, considerado como a espinha dorsal da economia local, e criar mais oportunidades de emprego este ano para “assumir a principal responsabilidade” de ajudar a impulsionar a economia, acrescentou Wang.

Rica província

Devido à herança portuguesa e britânica, respectivamente, Macau e Hong Kong têm as suas próprias leis básicas e gozam de um alto grau de autonomia, incluindo ao nível dos poderes executivo, legislativo e judicial.

Guangdong é a província chinesa que mais exporta e a primeira a beneficiar das reformas económicas adoptadas pelo país no final dos anos 1970, integrando três das seis Zonas Económicas Especiais da China – Shenzhen, Shantou e Zhuhai.

O Produto Interno Bruto da área que compõe a Grande Baía, cuja população é de cerca de 70 milhões de habitantes, supera os 1,5 mil milhões de dólares – maior que as economias da Austrália, Indonésia e México, países que integram o G20. Além de integrar Macau e Hong Kong, Pequim pretende também transformar o modelo de crescimento da região, ao reforçar o consumo doméstico e serviços em detrimento das exportações e manufactura.

24 Jan 2024

Borrell lamenta situação em Gaza e rejeita paz “por meios militares”

O chefe da diplomacia europeia disse ontem que a situação humanitária na Faixa de Gaza “não podia ser pior”, rejeitando paz imposta por Israel “apenas por meios militares” e que deve antes assentar numa solução de dois Estados.

“Vamos ter hoje (ontem) um Conselho de Negócios Estrangeiros excepcional [já que] nunca antes tivemos um Conselho com tantos convidados nestas circunstâncias dramáticas” e o objectivo é envolver as partes “afectadas pela situação em Gaza […], que não podia ser pior”, declarou ontem o Alto Representante da União Europeia (UE) para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, Josep Borrell.

À entrada para a reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros da UE, que ontem receberam em Bruxelas os seus homólogos palestiniano e israelita para discutir o conflito no Médio Oriente, o chefe da diplomacia comunitária recordou que “todos os dias há um balanço de milhares de pessoas mortas”. “Muitos ministros têm dito que são demasiados [mortos]. Agora a questão é o que significa demasiados”, acrescentou.

Dar voz ao ódio

Josep Borrell apontou que “a forma como [Israel] está a tentar destruir o Hamas […] está a fomentar o ódio por várias gerações” e, por isso, “a paz e a estabilidade não podem ser construídas apenas por meios militares e não desta forma específica de usar meios militares”.

Para o Alto Representante da UE, urge “deixar de falar do processo de paz e começar a falar mais concretamente sobre o processo de solução de dois Estados porque a paz pode ser muitas peças diferentes”.

“É importante que, a partir de agora, eu não fale sobre o processo de paz, mas sobre o processo de solução de dois Estados e estou a falar a sério sobre isso. Temos de estudar as causas subjacentes que impedem que a solução seja implementada e o Hamas é certamente uma delas”, apontou o responsável à imprensa.

23 Jan 2024

Análistas | Wang Yi em África e América Latina frisa aposta no Sul Global

O périplo do ministro dos Negócios Estrangeiros chinês pelo continente africano e pela América Latina é visto por vários analistas como um forte sinal de apoio ao desenvolvimento do Sul Global e à construção de uma nova ordem global

 

Analistas chinesas defendem que a recente deslocação do chefe da diplomacia chinesa, Wang Yi, a África e à América Latina, incluindo Brasil, sublinha a crescente aposta da China na relação com os países em desenvolvimento. Citados pela imprensa oficial de Pequim, os analistas sustentam que uma coordenação próxima com estas nações do Sul Global (uma referência ao conjunto de países em desenvolvimento) visa criar um cenário global “mais equilibrado e sustentável”, face às “crescentes incertezas e turbulências” que se avizinham.

No Brasil, onde reuniu com o Presidente brasileiro, Lula da Silva, na sexta-feira, Wang Yi co-presidiu, juntamente com o homólogo brasileiro, Mauro Vieira, ao quarto Diálogo Estratégico Abrangente China – Brasil.

Observando que Brasil e China estão de acordo em muitas questões importantes, Lula disse que quer trabalhar com a China para melhorar a governação global e aumentar a força e a voz dos países em desenvolvimento nos assuntos internacionais.

Wang e Vieira prometeram explorar as sinergias entre a Iniciativa ‘Faixa e Rota’, o gigantesco projecto de infraestruturas internacional lançado por Pequim, e o Programa de Reindustrialização do Brasil, segundo a diplomacia do país asiático.

Os dois países assinaram ainda um acordo para facilitação mútua de vistos de turismo e negócios. Durante um encontro com Celso Amorim, conselheiro do Presidente brasileiro, Wang Yi destacou o “aumento da incerteza e da instabilidade” no mundo.

Como potências emergentes independentes, China e Brasil devem, em primeiro lugar, gerir bem os seus próprios assuntos, reforçando simultaneamente a unidade e a cooperação, ancorando objectivos comuns para demonstrarem as suas responsabilidades como países importantes para se tornarem forças estabilizadoras cruciais num sistema multipolar, sublinhou o diplomata chinês.

“O fortalecimento da cooperação com os países em desenvolvimento sempre foi uma prioridade para a diplomacia chinesa e a China procura coordenar melhor a cooperação com esses países para alcançar um cenário diplomático global sustentável, saudável e equilibrado”, afirmou Jiang Shixue, professor do Centro de Estudos Latino-Americanos da Universidade de Xangai, citado pelo Global Times, jornal oficial do Partido Comunista Chinês.

Segundo a diplomacia chinesa, todos os líderes que receberam Wang enfatizaram o respeito pelo princípio ‘Uma só China’, visto por Pequim como garantia de que Taiwan é parte do seu território.

“Tomando a questão de Taiwan como exemplo, a maioria dos países em desenvolvimento mantém uma postura clara e firme no princípio ‘Uma só China’, enquanto alguns países, dispostos a servir como vassalos dos EUA, procuram sempre provocar confrontos com a China sobre esta questão”, disse o professor da Universidade de Negócios Estrangeiros da China Li Haidong, citado pela imprensa oficial.

Outras paragens

A Jamaica foi a última paragem do périplo de Wang Yi. Antes, o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês esteve no Egipto, Tunísia, Togo, Costa do Marfim e Brasil. A influência da China nos países em desenvolvimento é vista por analistas como crucial para Pequim projectar poder e interesses além-fronteiras e assegurar acesso a mercados em rápido crescimento, à medida que tenta transfigurar a ordem mundial.

Programas como a Iniciativa de Desenvolvimento Global (GDI, na sigla em inglês) ou a ‘Faixa e Rota’ são apresentados por Pequim como iniciativas multilaterais que visam “promover o desenvolvimento” e “aliviar a pobreza” nos países em desenvolvimento.

Estas iniciativas, no entanto, são acompanhadas pela fundação de instituições que rivalizam com agências estabelecidas, como o Banco Mundial ou o Fundo Monetário Internacional. O maior relacionamento entre Pequim e os países envolvidos abarca também um aumento da cooperação no ciberespaço, meios académicos, imprensa, regras de comércio ou acordos financeiros, visando elevar o papel internacional da moeda chinesa, o yuan.

23 Jan 2024

APEC | MNE peruano diz que Xi Jinping vai visitar Peru para cimeira

O Presidente chinês, Xi Jinping, vai visitar o Peru para participar na cimeira de líderes do fórum de Cooperação Económica Ásia-Pacífico (APEC), disse o ministro dos Negócios Estrangeiros peruano, Javier González-Olaechea. “A participação do Presidente chinês foi confirmada e, além da inauguração [do porto de Chancay], que é um grande evento, vai participar na cimeira APEC Peru 2024″, disse González-Olaechea, no domingo, em declarações à emissora Radio Nacional.

O porto peruano de Chancay, localizado na costa central do Peru, a cerca de 80 quilómetros de Lima, pretende tornar-se a principal ligação comercial da China na América do Sul. Este porto, que está a ser construído pela empresa chinesa Cosco Shipping, aspira a ser “o primeiro porto privado de uso público” que, devido à profundidade de mais de 16 metros, poderá receber navios com uma capacidade para 18 mil contentores.

Gonzalez-Olaechea também destacou que, durante a participação no Fórum Económico Mundial em Davos (Suíça), promoveu o porto de Corio, na região sul de Arequipa, cuja capacidade é “sete vezes superior à” de Chancay.

“O Peru está cheio de potencialidades e cabe ao Ministério dos Negócios Estrangeiros, ao Ministério do Comércio Exterior e Turismo e à ProInversion [agência de promoção de investimentos] percorrer o mundo para trabalhar incansavelmente, visando dar a conhecer essas possibilidades reais”, disse.

A agenda da APEC no Peru em 2024 vai ser concluída com a Semana dos Líderes Económicos do fórum, entre 10 e 16 de Novembro, em Lima, com a presença dos mais altos representantes das economias que integram o fórum de cooperação económica.

23 Jan 2024

Cabo Verde está hoje sob a atenção dos EUA e da China

Cabo Verde está hoje sob a atenção dos Estados Unidos da América (EUA) e da China, ao acolher uma visita da administração norte-americana e outra de uma delegação chinesa ligada a um fundo de capitais. Antony Blinken, secretário de Estado dos EUA, inicia em Cabo Verde um périplo por África que o vai ocupar até sexta-feira, passando também pela Costa do Marfim, Nigéria e Angola.

“Ao longo da viagem, o secretário irá destacar como os Estados Unidos aceleraram a parceria desde a Cimeira de Líderes EUA-África, incluindo em áreas como clima, alimentação e segurança sanitária”, anunciou o Departamento de Estado norte-americano, em comunicado.

Por seu lado, “Cabo Verde espera aprofundar os laços históricos de amizade com os Estados Unidos da América e delinear novas formas de parceria em áreas estratégicas para o desenvolvimento sustentável”, referiu Ulisses Correia e Silva, primeiro-ministro cabo-verdiano.

Ulisses Correia e Silva assinalou o “grande compromisso” dos dois países com “valores universais”, assumindo ambos o papel de estados de direito democrático, respeitando os Direitos Humanos.

Entre dois gigantes

A visita de Blinken acontece um mês depois de Cabo Verde ter sido considerado elegível para um terceiro programa de financiamento do Millennium Challenge Corporation, agência governamental independente dos EUA – um apoio de ajuda pública ao desenvolvimento, com valores por definir, destinado à integração económica regional.

A deslocação coincide com a visita ao arquipélago de uma delegação do Fundo de Cooperação e Desenvolvimento China – Países de Língua Portuguesa (CPD Fund), que vai decorrer de segunda a quarta-feira, com o objectivo de “fortalecer a cooperação entre a China e Cabo Verde em matéria de investimento e identificação de oportunidades de negócios nos sectores estratégicos do país”.

Durante a estadia em Cabo Verde, a comitiva chinesa vai reunir-se com diversos departamentos e entidades governamentais. O Governo de Cabo Verde reiterou, na quarta-feira, o compromisso com o princípio de “uma só China”, após as eleições de dia 12, em Taiwan, que levaram à William Lai à liderança da ilha.

23 Jan 2024

Hong Kong | Polícia detém 219 pessoas em operação contra fraude e burla

Entre 8 e 21 deste mês, as autoridades lançaram um forte ataque contra actividades fraudulentas e de branqueamento de capitais que afectam o território da RAEHK

 

A polícia de Hong Kong anunciou ontem uma operação que levou à detenção de 219 pessoas acusadas de lançarem vários esquemas fraudulentos na região semiautónoma chinesa. O inspector-chefe da Unidade Regional de Delinquência, Lam Ka-ching, disse que a operação, que ocorreu entre 8 e 21 de Janeiro, revelou uma “preocupante proliferação de práticas enganosas que afectam cidadãos incautos”.

De acordo com a imprensa local, Lam destacou a “natureza alarmante” deste tipo de actividade e sublinhou que a fraude representa actualmente quase 45 por cento de todos os crimes cometidos em Hong Kong. A operação identificou 146 alegados casos de fraude e branqueamento de capitais, abrangendo uma ampla gama de métodos de fraude, incluindo fraudes em compras ‘online’, fraudes em investimentos, roubo de identidade, fraudes telefónicas ou falsas ofertas de emprego.

Lam adiantou que a operação, que contou com a colaboração de quatro distritos policiais, evidenciou o “carácter indiscriminado” das fraudes, de que têm sido vítimas cidadãos de diversas profissões, desde contabilistas e auditores a juristas, estudantes e donas de casa.

Entre as vítimas está um engenheiro informático de 36 anos que perdeu um total de 19 milhões de dólares de Hong Kong num alegado esquema de investimento ‘online’.

Outro caso notável, foi o de um vendedor de legumes que perdeu todas as suas poupanças, 12 milhões de dólares de Hong Kong, para um suposto funcionário público da China continental que o coagiu, ameaçando a família do homem de 70 anos.

Cuidado com simulações

O inspector-chefe do Gabinete Regional de Prevenção do Crime de Hong Kong, Woo Man-yee, instou o público a permanecer alerta perante chamadas não solicitadas e a verificar pedidos de dinheiro através dos canais oficiais. Além disso, a operação também sublinhou o papel das chamadas “contas mulas”, pessoas que permitem o uso de contas bancárias em seu nome, em troca de quantias insignificantes.

De acordo com as autoridades, os titulares destas contas, que em muitos casos acabam por ser acusados em processos criminais, são cruciais para que os burlões possam levar a cabo os seus planos. Num dos casos, uma “mula” recebeu dois mil dólares de Hong Kong em troca do controlo de uma conta bancária, mas acabou por ser condenada a mais de dois anos de prisão por branqueamento de capitais, enquanto os autores da fraude continuam em liberdade.

O branqueamento de capitais na antiga colónia britânica é punível com uma pena de prisão até 14 anos e uma multa de cinco milhões de dólares de Hong Kong. Em Novembro, a polícia da região deteve 232 pessoas numa outra operação, lançada após 265 queixas de 328 vítimas, com idades compreendidas entre os 19 e os 80 anos, que sofreram perdas de mais de 180 milhões de dólares de Hong Kong.

23 Jan 2024

Iémen | Huthis garantem “passagem segura” a navios russos e chineses

Os rebeldes Huthis do Iémen, que têm atacado transportes comerciais no golfo de Aden e no mar Vermelho, garantiram “passagem segura” aos navios da China e da Rússia, disse um jornal russo na sexta-feira. O grupo atacou dezenas de navios mercantes, que considerou “ligados a Israel”, nesta rota estratégica, em solidariedade com o movimento islamita palestiniano Hamas, que desde 7 de Outubro está em guerra com Israel na Faixa de Gaza.

Em resposta, os Estados Unidos e o Reino Unido têm vindo a bombardear, desde 12 de Janeiro, posições dos rebeldes Huthis no Iémen, algo que levou o grupo a declarar que “todos os interesses norte-americanos e britânicos se tornaram alvos legítimos”.

“A loucura e a idiotice dos Estados Unidos e do Reino Unido jogaram contra eles: a partir de agora nenhum dos seus navios poderá cruzar uma das principais rotas comerciais do mundo”, disse um membro da liderança política dos Huthis.

“As perdas para os países agressores são maiores do que as perdas para o Iémen”, acrescentou Mohammed al-Bukhaiti, citado pelo diário russo Izvestia. Os ataques a navios mercantes obrigaram muitos armadores a suspender a passagem das frotas pelo mar Vermelho, por onde, de acordo com a Câmara Internacional de Navegação, passa 12 por cento do comércio global.

“Para outros países, incluindo a China e a Rússia, o transporte marítimo na região não está ameaçado. Além disso, estamos até prontos para garantir a passagem segura dos seus navios no mar Vermelho”, acrescentou Al-Bukhaiti.

“Mas os navios israelitas, ou aqueles com uma ligação mesmo que ténue com Israel, não terão a menor hipótese de cruzar o mar Vermelho”, sublinhou o responsável dos Huthis. Al-Bukhaiti sublinhou que o “objectivo é aumentar o custo económico para o Estado judeu, a fim de parar a carnificina em Gaza”.

Mundo repartido

Entre mais de 25 ataques contra a marinha mercante, os rebeldes do Iémen sequestraram em Novembro o Galaxy Leader, um navio propriedade de uma empresa britânica controlada por um empresário israelita, e fizeram reféns os 25 tripulantes. Os reféns “estão bem”, garantiu Al-Bukhaiti, especificando que o grupo está a preparar-se para diferentes cenários, incluindo até uma operação terrestre norte-americana no Iémen, avançou o Izvestia.

Na quarta-feira, os Estados Unidos voltaram a colocar os Huthis numa lista de “organizações terroristas”. O Presidente dos EUA, Joe Biden, garantiu que os ataques contra os rebeldes vão continuar, enquanto os Huthis perturbarem o comércio marítimo internacional ao largo do Iémen.

22 Jan 2024