Fosun suspende contrato com agência de ‘rating’ Moody’s

O grupo chinês Fosun, que detém várias empresas em Portugal, anunciou que cessou a colaboração com a agência de notação financeira Moody’s, que, em agosto passado, cortou o ‘rating’ da empresa para B1, apontando “escassa” liquidez.

“A empresa notificou formalmente a Moody’s, no dia 12 de outubro de 2022, que vai cessar a sua cooperação comercial para serviços de notação [financeira] e deixar de fornecer informações relevantes a partir dessa data”, lê-se no comunicado difundido no portal oficial da Fosun, que em Portugal detém a seguradora Fidelidade, uma participação de quase 30% no banco Millennium BCP ou mais de 5% da REN – Redes Energéticas Nacionais.

Em agosto passado, a Moody’s baixou o ‘rating’ da Fosun de Ba3 para B1, refletindo a “escassa” liquidez do grupo e “elevada pressão” de refinanciamento, num período de “crescente aversão” ao risco por parte dos investidores no mercado de dívida.

A agência de classificação apontou também para o perigo de contágio pelos vastos interesses comerciais da Fosun, que se estendem pela China, Europa e Estados Unidos.

O conglomerado, que soma uma dívida equivalente a mais de 38 mil milhões de euros, anunciou, na semana passada, que planeia vender a sua participação maioritária na Nanjing Nangang Iron & Steel United, que está cotada na Bolsa de Xangai.

A concretizar-se este negócio, o grupo desfez-se já do equivalente a mais de cinco mil milhões de euros em ativos este ano, em comparação com 100 milhões de euros, em 2021, segundo dados da Dealogic, fornecedora global de conteúdo e análise para o setor financeiro.

Desde o início do ano, as ações da Fosun International, a principal entidade do grupo cotada na Bolsa de Valores de Hong Kong, caíram quase 50% e estão agora a negociar perto do valor mínimo dos últimos dez anos.

A Fosun disse, no mês passado, que a sua posição financeira permanece “sólida e saudável”. O grupo tem ainda a pagar 8 mil milhões de dólares em títulos de dívida até ao final de 2023, segundo dados compilados pela agência Bloomberg.

A revista chinesa de informação económica Caixin informou recentemente que o presidente do grupo, Guo Guangchang, está em negociações para garantir um empréstimo de 2,1 mil milhões dólares, liderado pelo estatal Banco Industrial e Comercial da China (ICBC, na sigla em inglês) e o China Minsheng Bank, um dos maiores credores privados da China.

O pacote de resgate pode incluir promessas de partilha de ativos no setor farmacêutico, de acordo com a Caixin.

Em março, o conglomerado chegou a acordo para vender a sua divisão de moda, Lanvin Group, através de uma entrada na Bolsa de Valores de Nova Iorque, mediante uma empresa de aquisições para fins específicos (SPAC, na sigla em inglês). No mês seguinte, a empresa acordou a venda da seguradora norte-americana AmeriTrust Group Inc à Accident Fund Insurance Company of America, subsidiária integral do AF Group, com sede nos Estados Unidos.

Entre os ativos vendidos este ano pelo grupo constam ainda uma posição no valor de 500 milhões de euros na Tsingtao Brewery, a principal marca de cervejas da China, 5% do grupo chinês Taihe Technology, no valor de 43 milhões de euros, ou 6% do capital da empresa Zhongshan, por 100 milhões de euros, de acordo com a cotação atual no mercado.

A Moody’s observou que a qualidade de crédito da empresa, que afeta diretamente a sua capacidade de refinanciamento, vai provavelmente enfraquecer devido à venda de ativos, o que significa uma queda nas receitas com dividendos.

Os principais ativos do grupo incluem participações em mais de 40 empresas nas áreas saúde, turismo, gestão de ativos, mineração, siderurgia e tecnologia.

Entre os ativos mais conhecidos constam a cadeia hoteleira Club Med e o clube inglês de futebol Wolverhampton Wanderers. Em 2021, a receita total do grupo fixou-se em 161 mil milhões de yuans e os seus ativos valiam, no conjunto, 806 mil milhões de yuans, de acordo com a empresa.

25 Out 2022

Chanceler alemão Olaf Scholz visita China no início de Novembro

O Governo alemão anunciou esta segunda-feira que o chanceler Olaf Scholz vai visitar Pequim no início de Novembro, reunindo-se com o líder chinês, Xi Jinping, que obteve no domingo um terceiro mandato.

Steffen Hebestreit, porta-voz de Scholz, indicou que o chanceler considera “necessário e correto” fazer finalmente a sua visita inaugural a Pequim, impossibilitada até agora pelas restrições ligadas à pandemia da covid-19.

Scholz vai viajar acompanhado por uma “pequena delegação económica” e não passará a noite na China devido a restrições “complexas”. O país asiático mantém as suas fronteiras praticamente encerradas, no âmbito da estratégia de ‘zero casos’ de covid-19. Quem chega ao país tem que cumprir dez dias de quarentena em instalações designadas pelas autoridades. O chefe de Governo da Alemanha vai a seguir visitar o Vietname e Singapura.

Hebestreit enfatizou que os contactos com o Governo chinês ocorrem regularmente e que Scholz e Xi se vão encontrar novamente em meados de Novembro, em Bali, por ocasião da cimeira do G20, e posteriormente por ocasião da cimeira sino-alemã, que se vai realizar em Berlim, em janeiro de 2023.

Questionado sobre o incidente com o ex-presidente Hu Jintao durante o encerramento do congresso do Partido Comunista Chinês, o porta-voz disse que Scholz acompanhou o assunto na imprensa e percebeu que existem “grandes dúvidas e especulações”.

No entanto, o chanceler alemão só pode fazer “palpites” sobre o que aconteceu com Hu, que foi afastado do evento, aparentemente contra a sua vontade.

Sobre a possibilidade da estatal chinesa Cosco comprar parte de um terminal no porto de Hamburgo, Hebestreit destacou que o conselho de ministros ainda não tomou uma decisão.

O porta-voz lembrou que a gigante chinesa tem participações nos portos de Roterdão, Antuérpia-Bruges, Pireu e 24 outras instalações no continente europeu, pelo que as críticas de que tal operação é “ingénua” devem ter isso em consideração.

“Quando se trata de infra-estruturas essenciais, é sempre correto examinar os negócios. O nosso governo leva isso muito a sério”, afirmou.

Hebestreit esclareceu, no entanto, que, neste caso, o porto de Hamburgo vai continuar sob controlo da autarquia e que a Cosco apenas adquiriria participações (um terço, segundo a imprensa) num dos operadores.

Na semana passada, vários órgãos de comunicação alemães afirmaram que o chanceler está a tentar autorizar a operação, contra a vontade de todos os ministérios competentes, incluindo aqueles que são geridos pelos seus próprios colegas social-democratas.

Em particular, o ministro da Economia e vice-chanceler, Robert Habeck, já se manifestou contra a venda, devido à importância estratégica do porto, aludindo ao erro cometido com a dependência do gás russo.

25 Out 2022

Grupo étnico diz que ataque aéreo por militares de Myanmar matou 60 pessoas

Ataques aéreos levados de militares de Myanmar mataram mais de 60 pessoas durante uma celebração da principal organização política da minoria étnica Cachim, acusaram esta segunda-feira membros do grupo e um elemento da equipa de resgate.

O ataque relatado ocorreu três dias antes de os ministros dos Negócios Estrangeiros do sudeste asiático realizarem uma reunião especial na Indonésia para discutir o aumento da violência em Myanmar (antiga Birmânia).

O número de vítimas na celebração de domingo à noite da Organização da Independência de Cachim, no estado com o mesmo nome, a confirmar-se seria o mais elevado num ataque aéreo desde que os militares tomaram o poder, em fevereiro do ano passado, derrubando o governo eleito de Aung San Suu Kyi.

Embora não tenha sido possível confirmar de forma independente detalhes do ataque, meios de comunicação social simpatizantes com o movimento de Cachim divulgaram vídeos mostrando imagens do que dizem ser o rescaldo do ataque. Não houve comentários imediatos por parte dos meios de comunicação militares ou governamentais.

Myanmar vive há décadas rebeliões de minorias étnicas que reclamam a autonomia, mas a resistência antigovernamental aumentou acentuadamente em todo o país com a formação de um movimento armado pró-democracia que se opôs à tomada de posse militar do ano passado.

A celebração de domingo do 62º aniversário da fundação da Organização da Independência de Cachim decorreu numa base também usada para treino militar pelo Exército da Independência de Cachim, a ala armada do movimento.

Um porta-voz da associação de artistas de Cachim disse à Associated Press, por telefone, que aviões militares lançaram quatro bombas quando entre 300 e 500 pessoas estavam presentes, pedindo para não ser identificado por temer punição pelas autoridades.

25 Out 2022

Taiwan | Deputados alemães avaliam “tensão”

Uma nova delegação de parlamentares alemães chegou a Taiwan para analisar em primeira mão a “tensa situação de segurança” na ilha, avançou a agência de notícias CNA, uma semana antes do chanceler alemão Scholz visitar Pequim para conversações, sobretudo económicas, com o Governo chinês.

A delegação alemã, que aterrou em Taipé, é chefiada por Peter Heidt, membro da Comissão de Direitos Humanos e Ajuda Humanitária do Parlamento alemão, e é o segundo grupo de representantes do país europeu a visitar Taiwan este mês.

À CNA, antes da visita, Heidt disse que o objectivo era conhecer em primeira mão a “situação tensa de segurança” em Taiwan e deixar clara a posição da delegação de que “não aceitariam um vizinho maior a atacar o seu vizinho mais pequeno”. A visita anterior dos parlamentares alemães, a primeira desde o início da pandemia, teve lugar no início deste mês e foi liderada pelo presidente do grupo de amizade parlamentar germano-taiwanês, Klaus-Peter Willsch.

Esta é a segunda visita de representantes alemães desde a viagem da líder da Câmara dos Representantes do Congresso dos EUA, Nancy Pelosi, à ilha, no início de Agosto.

25 Out 2022

China critica pacto militar Japão-Austrália

O Japão e a Austrália assinaram no sábado um inédito acordo bilateral de segurança que abrange a cooperação militar, de inteligência, de cibersegurança e espacial, o que comentadores chineses afirmaram “demonstrar a vontade dos dois países de serem peões dos EUA, ameaçando ao mesmo tempo a paz e a segurança regionais”, disseram ao jornal oficial Global Times.

“Não há qualquer menção à China no pacto, mas a maior parte dele é claramente dirigido à China”, salientaram os observadores chineses, considerando que a cooperação em matéria de segurança entre os dois países é “impulsionada pela Estratégia Indo-Pacífico liderada pelos EUA, o que apenas os tornará trampolins para os EUA”.

A Declaração Conjunta sobre Cooperação em matéria de Segurança, um pacto assinado pela primeira vez em 2007, foi o principal resultado da reunião do primeiro-ministro japonês Fumio Kishida com o seu homólogo australiano Anthony Albanese em Perth, informou a AP no sábado.

Os observadores chineses encaram este novo acordo como “uma sequela de um tratado assinado pelos dois países em Janeiro que permite às forças militares de ambos os países treinar nas bases um do outro e colaborar em missões humanitárias”. É o primeiro acordo deste tipo que o Japão celebra com qualquer outro país que não os EUA.

O Japão anunciou que as suas Forças de Auto-Defesa irão treinar e participar em exercícios com os militares australianos no norte da Austrália pela primeira vez ao abrigo do acordo, disse o relatório da AP.

Está dentro das expectativas que o alvo do novo pacto de segurança tenha mudado em relação ao anterior, assinado há 15 anos atrás, uma vez que a estratégia dos EUA mudou significativamente do contra-terrorismo para o actual Indo-Pacífico, e o Japão e a Austrália – aliados próximos dos EUA – seguiram os EUA neste novo jogo, disse Song Zhongping, um especialista militar chinês, no domingo.

“Isto mostra que o Japão e a Austrália não têm iniciativa diplomática ou independência, e estão dispostos a ser peões dos EUA”, disse Song. “Embora o novo pacto de segurança não mencione a China pelo nome, é claro que a cooperação reforçada entre o Japão e a Austrália visa a China”, disse Chen Hong, presidente da Associação Chinesa de Estudos Australianos e director do Centro de Estudos Australianos na Universidade Normal da China Oriental, acrescentando que embora o pacto tenha sido assinado entre o Japão e a Austrália, “é claro que a importante força motriz são, claramente, os EUA”.

“O Japão está a tentar dar relevância o seu estatuto no âmbito do Quad, que também tem os EUA, Austrália e Índia como membros, e procura avanços diplomáticos e militares através deste quadro, uma vez que o governo japonês está a procurar gastar mais com as suas forças armadas como resultado do seu crescente militarismo”, disse Chen.

Além disso, ao estabelecer um mecanismo de partilha de informação com a Austrália, o Japão está mais próximo de adquirir acesso à Five Eyes Alliance, uma aliança de inteligência composta pela Austrália, Canadá, Nova Zelândia, Reino Unido e EUA, de acordo com Chen.

Os observadores chineses advertiram que o reforço dos laços militares pode não ser tão bom para o Japão e a Austrália como parece. “Tanto o Japão como a Austrália estão a tentar fazer propaganda da ameaça chinesa e a tentar atrair países extraterritoriais para o seu pequeno grupo. Mas isto coloca os países regionais em alerta e ameaça a estabilidade regional”, comentou Da Zhigang, director do Instituto de Estudos do Nordeste Asiático da Academia Provincial de Ciências Sociais de Heilongjiang.

25 Out 2022

EUA querem produzir armas em Taiwan

Os EUA estão a planear coproduzir armas em Taiwan, depois de meios de comunicação ocidentais terem afirmado que a China procura acelerar o seu calendário para a reunificação. A informação surge numa altura em que os EUA enfrentam dificuldades na entrega de produtos acabados devido ao aumento da procura por parte da Ucrânia.

O governo dos EUA está a considerar um plano de produção conjunta de armas com a ilha de Taiwan, numa iniciativa destinada a acelerar as transferências de armas para reforçar a “dissuasão” da ilha contra o continente chinês, informou a Reuters na quarta-feira, citando Rupert Hammond-Chambers, presidente do US-Taiwan Business Council, que conta como membros numerosas empresas de defesa dos EUA.

“Ainda está por determinar que armas seriam consideradas como parte do esforço, embora provavelmente se concentrasse em fornecer à ilha de Taiwan mais munições e tecnologia de mísseis há muito estabelecida”, disse Hammond-Chambers.

As possibilidades incluiriam os EUA a fornecer tecnologia para produzir armas em Taiwan, ou a produzir as armas nos EUA utilizando peças da ilha, noticiou na quarta-feira o jornal japonês Nikkei.

Mas Hammond-Chambers disse também que qualquer medida desse tipo exigiria aos fabricantes de armas a obtenção de licenças de co-produção dos departamentos do Estado e da Defesa dos EUA, e poderia haver resistência no seio do governo dos EUA à emissão de licenças de co-produção devido ao desconforto sobre a aprovação de tecnologia crítica para uma plataforma estrangeira.

De acordo com a Reuters, os EUA aprovaram mais de 20 mil milhões de dólares em vendas de armas a Taiwan desde 2017, mas as entregas dessas armas estão a enfrentar atrasos devido a dificuldades na cadeia de fornecimento e atrasos causados pelo aumento da procura de alguns sistemas devido à crise da Ucrânia.

24 Out 2022

Economia chinesa recupera no terceiro trimestre do ano e cresce 3,9%

A economia da China registou um crescimento homólogo de 3,9%, no terceiro trimestre do ano, de acordo com dados divulgados ontem, assinalando uma recuperação da actividade económica, mas ainda abaixo da meta estipulada por Pequim.

Os dados representam uma recuperação em relação ao ritmo de crescimento de 0,4% alcançado no trimestre anterior, entre março e junho, quando várias cidades importantes do país foram sujeitas a bloqueios rigorosos, incluindo Xangai, a ‘capital’ económica do país, no âmbito da política de ‘zero casos’ de covid-19.

No conjunto, a economia chinesa cresceu 3% entre janeiro e setembro, muito aquém da meta oficial de crescimento estipulada pelo Governo chinês para 2022, de “cerca de 5,5%”. O Banco Mundial reviu já em baixa a sua previsão de crescimento do PIB da China este ano, de “entre 4% e 5%” para 2,8%.

A publicação dos dados estava marcada para o dia 18 de outubro, mas o Gabinete Nacional de Estatísticas (GNE) adiou subitamente o anúncio, sem oferecer qualquer explicação, o que suscitou suspeitas entre alguns analistas.

Segundo fontes citadas pela agência Bloomberg, o atraso deveu-se ao facto de o responsável pela assinatura dos documentos físicos para publicação dos dados estar isolado na ‘bolha sanitária’ do 20.º Congresso do Partido Comunista devido às medidas de prevenção epidémica.

Os dados do PIB no terceiro trimestre superaram a expectativa dos analistas, que previam uma recuperação de 3,4%, em relação ao mesmo período de 2021, e de 3,5% em relação ao segundo trimestre do ano.

Na comparação com o trimestre anterior, a economia chinesa cresceu também 3,9% entre junho e setembro.
O GNE também divulgou dados relativos a setembro sobre a produção industrial (aumento de 6,3%, em termos homólogos), vendas no comércio a retalho (+2,5%), investimento em imobiliário (subida de 5,9% no conjunto dos três primeiros trimestres) ou a taxa oficial de desemprego urbano, que passou de 5,3% para 5,5%.

Comércio externo subiu 8,3%

Também o comércio externo da China, denominado na moeda chinesa, o yuan, registou um crescimento de 8,3%, em termos homólogos, em setembro, segundo dados oficiais divulgados ontem pela Administração Geral das Alfândegas do país asiático.

As exportações aumentaram 10,7%, para 2,19 biliões de yuans. Esta taxa de crescimento foi, novamente, muito superior à das importações, que subiram 5,2%, para 1,62 biliões de yuans. No conjunto, em setembro, as trocas comerciais entre a China e o resto do mundo ascenderam a cerca de 3,81 biliões de yuans.

O excedente comercial do país asiático fixou-se assim nos 573.570 milhões de yuans. No acumulado deste ano, o comércio externo chinês cresceu 9,9%, em relação ao mesmo período de 2021. As exportações cresceram 13,8% e as importações subiram 5,2%.

24 Out 2022

Coreia do Norte e Coreia do Sul trocam tiros de aviso na fronteira marítima

A Coreia do Norte e a Coreia do Sul trocaram hoje tiros de advertência e acusações de violação da fronteira marítima, num novo episódio num contexto de crescente tensão nas últimas semanas.

Numa primeira momento, um navio mercante norte-coreano ultrapassou esta madrugada a fronteira marítima perto da ilha de Baengnyeong, recuando depois de a marinha sul-coreana ter disparado tiros de aviso, disse Seul.

“As contínuas provocações e reivindicações imprudentes do Norte minam a paz e a estabilidade da península coreana e da comunidade internacional”, disseram os Chefes de Estado-Maior Conjunto, exortando Pyongyang a acabar com essas ações.

Pelo seu lado, os militares de Pyongyang disseram que um navio militar sul-coreano violou a fronteira minutos depois e que o exército norte-coreano (KPA) disparou dez tiros de aviso, a partir da costa ocidental.

“As unidades de defesa da costa ocidental da KPA tomaram uma contramedida inicial para repelir poderosamente o navio de guerra inimigo”, disse um porta-voz em comunicado.

“Mais uma vez emitimos um aviso severo aos inimigos, na sequência das provocações marítimas, além do fogo de artilharia e da transmissão de mensagens transfronteiriças através de altifalantes”, acrescentou.

A “zona tampão” marítima foi estabelecida num acordo de 2018, concebido para evitar tensões entre os dois países.

Mas estas intensificaram-se nas últimas semanas, com Pyongyang a efetuar vários lançamentos de mísseis e disparos de artilharia nas águas das costas leste e oeste, visando esta fronteira, o que é considerado como uma provocação pela Coreia do Sul e pelo Japão.

A Coreia do Norte também aumentou recentemente os testes de armas descritos como ataques “nucleares táticos” simulados contra alvos na Coreia do Sul.

Seul e Washington disseram esperar que Pyongyang, que acredita estar ameaçada pelas manobras militares norte-americanas, sul-coreanas e japonesas na região, retome em breve os testes nucleares. As tensões têm vindo a aumentar na península coreana desde o início do ano.

No mês passado, a Coreia do Norte também declarou o seu estatuto nuclear “irreversível”, fechando definitivamente a porta às negociações de desarmamento, e avisou que avançaria para ataques preventivos se fosse ameaçada.

A troca de tiros de advertência acontece no mesmo dia em que a secretária de Estado-adjunta dos EUA, Wendy Sherman, viaja para o Japão para conversações tripartidas com os aliados de Washington, Tóquio e Seul, numa demonstração de unidade após as ações da Coreia do Norte.

24 Out 2022

Economia chinesa recupera no terceiro trimestre do ano e cresce 3,9%

A economia da China registou um crescimento homólogo de 3,9%, no terceiro trimestre do ano, de acordo com dados divulgados hoje, assinalando uma recuperação da atividade económica, mas ainda abaixo da meta estipulada por Pequim.

Os dados representam uma recuperação em relação ao ritmo de crescimento de 0,4% alcançado no trimestre anterior, entre março e junho, quando várias cidades importantes do país foram sujeitas a bloqueios rigorosos, incluindo Xangai, a ‘capital’ económica do país, no âmbito da política de ‘zero casos’ de covid-19.

No conjunto, a economia chinesa cresceu 3% entre janeiro e setembro, muito aquém da meta oficial de crescimento estipulada pelo Governo chinês para 2022, de “cerca de 5,5%”. O Banco Mundial reviu já em baixa a sua previsão de crescimento do PIB da China este ano, de “entre 4% e 5%” para 2,8%.

A publicação dos dados estava marcada para o dia 18 de outubro, mas o Gabinete Nacional de Estatísticas (GNE) adiou subitamente o anúncio, sem oferecer qualquer explicação, o que suscitou suspeitas entre alguns analistas.

Segundo fontes citadas pela agência Bloomberg, o atraso deveu-se ao facto de o responsável pela assinatura dos documentos físicos para publicação dos dados estar isolado na ‘bolha sanitária’ do 20.º Congresso do Partido Comunista devido às medidas de prevenção epidémica.

Os dados do PIB no terceiro trimestre superaram a expectativa dos analistas, que previam uma recuperação de 3,4%, em relação ao mesmo período de 2021, e de 3,5% em relação ao segundo trimestre do ano. Na comparação com o trimestre anterior, a economia chinesa cresceu também 3,9% entre junho e setembro.

O GNE também divulgou dados relativos a setembro sobre a produção industrial (aumento de 6,3%, em termos homólogos), vendas no comércio a retalho (+2,5%), investimento em imobiliário (subida de 5,9% no conjunto dos três primeiros trimestres) ou a taxa oficial de desemprego urbano, que passou de 5,3% para 5,5%.

24 Out 2022

Comércio externo da China cresce 8,3% em setembro impulsionado pelas exportações

O comércio externo da China, denominado na moeda chinesa, o yuan, registou um crescimento homólogo de 8,3%, em termos homólogos, em setembro, segundo dados oficiais divulgados hoje pela Administração Geral das Alfândegas do país asiático.

As exportações aumentaram 10,7%, para 2,19 biliões de yuans. Esta taxa de crescimento foi, novamente, muito superior à das importações, que subiram 5,2%, para 1,62 biliões de yuans. No conjunto, em setembro, as trocas comerciais entre a China e o resto do mundo ascenderam a cerca de 3,81 biliões de yuans.

O excedente comercial do país asiático fixou-se assim nos 573.570 milhões de yuans. No acumulado deste ano, o comércio externo chinês cresceu 9,9%, em relação ao mesmo período de 2021. As exportações cresceram 13,8% e as importações subiram 5,2%.

A publicação dos dados estava marcada para o dia 18 de outubro, mas as autoridades adiaram subitamente o anúncio, sem oferecerem qualquer explicação, o que suscitou suspeitas entre alguns analistas.

Segundo fontes citadas pela agência Bloomberg, o atraso deveu-se ao facto de o responsável pela assinatura dos documentos físicos para publicação dos dados estar isolado na ‘bolha sanitária’ do 20º Congresso do Partido Comunista, devido às medidas de prevenção epidémica.

24 Out 2022

Igreja | Vaticano renova acordo com Pequim sobre nomeação de bispos

O Vaticano e o regime comunista de Pequim renovaram por dois anos o acordo histórico assinado em 2018 sobre a questão da nomeação de bispos na China, anunciou no passado sábado o Estado sede da Igreja Católica.

“A Santa Sé e a República Popular da China, após as devidas consultas e avaliações, concordaram em prorrogar por dois anos a validade do acordo provisório sobre a nomeação de bispos, assinado em 22 de Setembro de 2018”, anunciou o Vaticano em comunicado.

Este “acordo provisório”, renovado uma primeira vez em 2020, teve como objectivo reunir os católicos divididos entre as igrejas oficial e ‘clandestina’, dando ao Papa a última palavra na nomeação de bispos chineses.
Um total de seis prelados foram escolhidos desde a entrada em vigor do acordo.

O Vaticano “pretende continuar o diálogo respeitoso e construtivo com a China, para a implementação frutífera do acordo e para o desenvolvimento das relações bilaterais, com vista a promover a missão da Igreja Católica e o bem-estar do povo chinês”.

“O procedimento previsto pelo acordo foi cuidadosamente estudado, levando em consideração as características particulares da história e da sociedade chinesa e os desenvolvimentos […] da Igreja na China”, disse o cardeal Pietro Parolin, em entrevista à equipa de comunicação do Vaticano.

Diante das “inúmeras situações em que as comunidades católicas se encontraram, algumas vezes, nas últimas décadas”, explicou, “pareceu prudente e judicioso levar em conta tanto as necessidades expressas pelas autoridades do país quanto as necessidades das comunidades católicas”.

Após a ruptura entre a China e o Vaticano na década de 1950, os cerca de 10 milhões de católicos chineses foram divididos entre uma igreja oficial, controlada por Pequim, e uma igreja clandestina.

Sob os termos do acordo anunciado em 2018, o Papa Francisco concordou em reconhecer a nomeação de sete bispos nomeados pelo Governo chinês unilateralmente.

23 Out 2022

Moeda | Yuan recua face ao dólar para valor mais baixo desde 2008

O yuan registou uma queda acentuada na sexta-feira, o que levou os bancos estatais chinesas a venderem dólares norte-americanos no mercado de câmbio doméstico, numa tentativa de estabilizar a moeda

 

A moeda chinesa, o yuan, caiu na passada sexta-feira para o nível mais baixo em relação ao dólar norte-americano, desde a crise financeira global de 2008, apesar dos esforços de Pequim para conter a queda. Um dólar valia sexta-feira 7,2494 yuans no encerramento do mercado na China – o nível mais baixo da moeda chinesa desde Janeiro de 2008 -, e uma queda de mais de 15 por cento, em relação ao pico atingido em Março passado.

A desvalorização do yuan é sobretudo motivada pelo rápido aumento das taxas de juros nos Estados Unidos, o que leva os investidores a converterem dinheiro em dólares, na tentativa de obter melhores retornos.

O yuan registou uma breve recuperação, na quinta-feira, após a agência de notícias Bloomberg ter noticiado que a China está a considerar reduzir o período de quarentena para quem chega do exterior.

Um yuan mais fraco ajuda os exportadores chineses, ao tornar os seus produtos mais baratos nos mercados externos, mas incentiva a fuga de capital. Isto aumenta os custos de financiamento para as empresas chinesas e atrasa os esforços do Partido Comunista para impulsionar o crescimento económico do país.

Em contraste com a Reserva Federal dos EUA, que elevou as taxas de juros por cinco vezes este ano, visando combater a inflação, o Banco Popular da China reduziu as taxas de juros, para impulsionar o crescimento económico, que caiu para 2,2 por cento, em relação ao ano anterior, nos primeiros seis meses de 2022 – menos de metade da meta oficial de 5,5 por cento. Na quinta-feira, o banco central manteve a taxa de referência do país em 3,65 por cento.

Tentar estabilizar

A taxa de paridade do yuan, face ao dólar, baseia-se na média dos preços oferecidos antes da abertura do mercado interbancário e pode oscilar, no máximo, 2 por cento por dia. Isto evita grandes oscilações diárias, mas vários dias consecutivos de queda podem resultar em mudanças significativas.

Para reforçar a taxa de câmbio, Pequim cortou já o volume de depósitos em moeda estrangeira que os bancos chineses devem manter como reservas, de 8 por cento para 6 por cento. Ao aumentar a quantidade de dólares e outras moedas estrangeiras disponíveis para comprar yuans as autoridades visavam valorizar a moeda chinesa.

Os principais bancos estatais chineses realizaram também vendas de dólares norte-americanos no mercado de câmbio doméstico, numa tentativa aparente de estabilizar a moeda local.

23 Out 2022

Arábia Saudita e China acordam manter estabilidade no mercado de petróleo

Arábia Saudita e China comprometeram-se sexta-feira a cooperar para manter a estabilidade no mercado mundial de petróleo, segundo a imprensa oficial, depois de o reino árabe ter sido alvo de críticas por parte de Washington.

De acordo com a agência noticiosa saudita SPA, o ministro da Energia, Abdulaziz bin Salman bin Abdulaziz, e o director da Administração Nacional de Energia da China, Zhang Jianhua, “afirmaram a sua vontade de cooperar para garantir a estabilidade no mercado petrolífero mundial, manter uma comunicação eficaz e fortalecer a cooperação, visando enfrentar desafios futuros”, durante uma reunião por videoconferência.

As duas partes apontaram para a “importância de trocar pontos de vista, como dois dos mais importantes produtores e consumidores de energia do mundo”, segundo a mesma fonte, acrescentando que as duas partes sublinharam a importância de um fornecimento confiável de petróleo a longo prazo, para garantir a estabilidade no mercado de petróleo.

O mercado de petróleo enfrenta “muitas incertezas, como o resultado de condições internacionais complexas e em mudança”, disse a agência, sem dar mais detalhes.

Cooperação activa

A Arábia Saudita enfatizou que continua a ser o “parceiro e exportador mais confiável de suprimentos de petróleo bruto para a China”.

Ambos os lados acordaram ainda “cooperar, no âmbito do acordo de cooperação bilateral para o desenvolvimento de energia nuclear, negociado entre os governos da China e da Arábia Saudita”.

Os 13 membros da OPEP+, liderados pela Arábia Saudita e Rússia, decidiram, em 5 de Outubro, reduzir as cotas de produção, para impedir uma queda no preço do petróleo bruto, uma decisão que abalou a relação entre Riade e Washington.

A Casa Branca disse que vai “rever” o seu relacionamento com a Arábia Saudita, que acusou de “alinhar com a Rússia”, com aquela medida.

A Arábia Saudita defendeu o acordo da OPEP+ para reduzir a oferta de petróleo, afirmando que se trata de uma decisão puramente económica, algo que foi apoiado por muitos países, especialmente da região do Golfo Pérsico.

23 Out 2022

Pequim diz estar “mais perto” do centro na governação internacional

A China assegurou ontem que está “cada vez mais perto” do centro na governação dos assuntos internacionais, afirmando que a “grande ameaça à ordem mundial” é quem “insiste no confronto e intimidação”, numa referência aos Estados Unidos.

“O mundo atravessa mudanças sem precedentes e a tendência histórica actual é de paz, desenvolvimento e cooperação, mas existem forças que insistem em manter uma mentalidade da Guerra Fria”, disse Ma Zhaoxu, vice-ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, numa conferência de imprensa realizada à margem do 20.º Congresso do Partido Comunista da China (PCC), que decorre, esta semana, em Pequim.

Numa alusão implícita aos Estados Unidos e aos seus aliados, Ma disse que há forças que “criam panelinhas, traçam linhas ideológicas, incitam o confronto e baseiam a sua política externa no poder hegemónico”.

“Essas são a grande ameaça à ordem mundial”, acusou. “Um mundo dividido não beneficia ninguém e o confronto só leva a becos sem saída”, acrescentou.

Na mesma conferência de imprensa, Shen Beili, vice-ministro do Departamento Internacional do Comité Central do PCC, disse que a China “luta pelo progresso de toda a humanidade” e “está a aproximar-se cada vez mais do centro da governação dos assuntos internacionais”.

Compromissos e defesa

O vice-ministro Ma Zhaoxu ressaltou que o país asiático está comprometido com o “verdadeiro multilateralismo” e que, durante a próxima cimeira do G20, a China “vai desempenhar um papel positivo na promoção da recuperação económica global”.

O governante também citou outros campos de cooperação, como a “energia, cadeias alimentares e segurança”, mas não confirmou se Xi Jinping vai participar na cimeira, que se realiza, no próximo mês, em Bali, na Indonésia.

“Estamos num período de grande instabilidade e transformação. Xi tem uma visão global profunda, com novas iniciativas que reflectem claramente o mundo que a China quer promover, o que inclui permanecer firme para defender a justiça e defender-nos contra quem nos ataca”, disse.

Ma acrescentou que o PCC “defende a sua liderança e o seu sistema” e “rebateu vigorosamente” a recente visita da presidente da Câmara dos Representantes norte-americana, Nancy Pelosi, a Taiwan, e outras “acções malignas”.

“Nós opomo-nos firmemente contra quem defende a ‘independência de Taiwan’ e impedimos qualquer interferência de forças estrangeiras nesta questão”, disse.

20 Out 2022

Défice da balança comercial do Japão mais que triplica em setembro

O Japão registou um défice comercial de 2,1 biliões de ienes (14,3 mil milhões de euros) em setembro, mais de três vezes superior ao registado em igual mês do ano passado, avançou hoje o Governo.

De acordo com dados oficiais divulgados pelo Ministério das Finanças japonês, o valor de setembro foi ainda assim 25,7% inferior ao de agosto, mês em que o país tinha registado um défice recorde, de 2,82 biliões de ienes. Setembro foi o quarto mês consecutivo em que a terceira maior economia mundial teve um défice na balança comercial.

Apesar do défice as exportações cresceram 28,9%, para 8,8 biliões de ienes. No entanto, as importações subiram ainda mais, 45,9%, para 10,9 biliões de ienes.

O défice japonês deveu-se sobretudo às trocas com a China, o maior parceiro comercial nipónico, nas quais Tóquio teve um défice de 575,8 mil milhões de ienes, quase o dobro do registado em setembro de 2021.

Pelo contrário, o Japão teve um resultado positivo de 606,9 mil milhões de ienes nas trocas comerciais com os Estados Unidos, a maior economia do mundo, mais 54,8% do que em igual mês do ano passado.

Com a União Europeia, o terceiro maior parceiro comercial japonês, o país asiático registou um défice de 183,5 mil milhões de ienes, uma descida homóloga de 16%. Já o défice do Japão com o Brasil subiu 38,6% em setembro para 88,7 mil milhões de ienes.

20 Out 2022

Chefe do executivo de Hong Kong aposta na atração de talento estrangeiro e inovação

O chefe do executivo de Hong Kong, John Lee, comprometeu-se ontem a atrair talentos estrangeiros, promover a cidade como centro de inovação, aumentar a oferta de habitação e aprofundar os laços da região administrativa chinesa com a China continental.

Num discurso político no Conselho Legislativo (LegCo), Lee anunciou uma série de estratégias, incluindo permitir que os trabalhadores com rendimentos elevados e os licenciados das 100 melhores universidades do mundo permaneçam em Hong Kong durante dois anos sem inicialmente receberem uma oferta de emprego.

“Nos últimos dois anos, a força de trabalho local diminuiu em cerca de 140.000 pessoas”, afirmou Lee, assegurando que “para além de encorajar e reter ativamente os talentos locais, o governo irá procurar incessantemente por talentos em todo o mundo”.

Lee, eleito chefe do executivo em maio, também revelou um plano milionário para reindustrializar a região de Hong Kong e estabelecê-la como um centro de inovação e tecnologia.

O projeto terá como objetivo atrair empresas estrangeiras de tecnologias de informação para criar empresas em Hong Kong, financiar investigadores universitários e desenvolver as “Metrópoles do Norte” (“Metropolis of the North”) na parte norte da cidade.

Ao mesmo tempo, alguns escritórios governamentais atualmente localizados no distrito empresarial de Hong Kong serão relocalizados para a metrópole, que tirará partido da sua proximidade com a fronteira continental para criar sinergias com cidades do sul da China, como Shenzhen e Cantão.

Este plano de inovação anunciado por Lee surgiu duas semanas depois do governo dos EUA ter anunciado um movimento para cortar o acesso da China a semicondutores (‘chips’) feitos em qualquer parte do mundo com equipamento dos EUA.

Quanto à habitação, Lee prometeu aumentar a oferta pública em 25% e reduzir os tempos de espera dos candidatos num território recentemente classificado como a cidade mais cara do mundo para se viver, de acordo com um relatório anual da empresa de mobilidade global ECA International.

No entanto, o político de Hong Kong não fez qualquer menção a uma nova mudança nas restrições impostas para enfrentar a pandemia, apesar das últimas semanas de esperança e especulação de que as medidas anticovid de Hong Kong seriam ainda mais relaxadas.

Desde 26 de setembro, Hong Kong retirou a exigência de quarentena obrigatória nos hotéis como medida de precaução e requer apenas um período de observação de três dias para as chegadas ao estrangeiro. Não obstante, para viajantes internacionais, as pessoas que atravessam a fronteira para a China continental ainda têm de fazer uma semana de isolamento num hotel.

Comentando o discurso político de Lee, George Leung, diretor da Câmara Geral de Comércio de Hong Kong, disse que a atual fuga de cérebros de Hong Kong tem sobretudo a ver com as regras anticovid da cidade.

Acrescentou que embora novas medidas para atrair talento ajudassem, não são particularmente mais atrativas do que as oferecidas por lugares como Singapura e Londres.

20 Out 2022

Mercado rural na China é agora um espaço de oportunidades de negócios

O mercado rural chinês, devido às políticas recentes da China, está a transformar-se num espaço vibrante para o consumo, o que tem atraído alguns empresários ocidentais, mas sobretudo chineses. Recentemente, a Harvard Business Review (HBR) explicou aos seus leitores como ter lucros no mercado chinês, despertando as multinacionais ocidentais para o papel frequentemente negligenciado do enorme mercado rural da China na sustentação do sucesso empresarial.

Segundo a HBR, o mercado chinês está para além dos seus centros urbanos, devido à rápida ascensão do consumo no mercado rural, resultado da luta contra a pobreza, fomentada pelo governo chinês na última década.

O enorme mercado rural, o local de nascimento de muitos trabalhadores com rendimentos médios e de um grande número de pessoas que aspiram a uma vida melhor, será cada vez mais utilizado pelas empresas nacionais e estrangeiras para venderem os seus produtos, refere a HBR.

O artigo da HBR, datado de 12 de Outubro, serve como um alerta para as empresas ocidentais alinharem as suas estratégias de mercado na China de acordo com o recente e vibrante mercado de consumo rural do país.

“Talvez valha a pena considerar a ideia de que em muitos casos o problema não é tanto geopolítico como estratégico”, lê-se no artigo do HBR, que cita exemplos contrastantes de multinacionais que tiveram de se retirar do mercado chinês ou continuar a ter sucesso nesse mesmo mercado.

A escolha da estratégia de entrada no mercado decidiu o destino diferente do gigante americano da electrónica Best Buy e da empresa de semicondutores AMD, também sediada nos EUA. A Best Buy optou por “concentrar-se nos centros urbanos chineses, mais ricos mas disputados” enquanto a AMD “concentrou-se na venda de produtos mais baratos para atrair consumidores sensíveis aos preços nos mercados rurais”.

Eventualmente, a Best Buy decidiu sair do mercado chinês, anos depois da sua incursão nos maiores centros urbanos da China, com a abertura de enormes lojas com gigantescas salas de exposições. Em forte contraste, “o sucesso da AMD forçou a Intel a responder com uma estratégia semelhante, desenvolvendo processadores e telefones de preços acessíveis para o mercado rural”. O artigo da HBR aponta o enorme mercado rural da China como uma parte frequentemente negligenciada das histórias de sucesso da China.

“Demasiadas empresas apostaram nos mercados urbanos, o que fez com que as exigências do mercado urbano se tornassem saturadas, enquanto que a concorrência nos mercados rurais é escassa”, afirma Li Guoxiang, um investigador do Instituto de Desenvolvimento Rural da Academia Chinesa de Ciências Sociais.

O sucesso chinês na batalha contra a pobreza, bem como o seu projecto de prosperidade comum, foi fulcral para a construção deste emergente mercado. “A população rural é de cerca de 500 milhões na China, cuja escala é ainda relativamente grande. Isto irá provocar uma grande quantidade de consumo básico”, explica Chen Ming, um investigador do Instituto de Ciência Política da Academia Chinesa de Ciências Sociais.

“A capacidade de consumo da população rural tem vindo a aumentar significativamente, o que significa que parte da população rural terá passado de uma prosperidade moderada para a riqueza”, acrescenta Chen Ming.

No relatório ao 20º Congresso Nacional do CPC no domingo, Xi Jinping disse que o PCC no seu centenário deu início a uma nova era de socialismo com características chinesas, erradicando a pobreza absoluta e construindo uma “sociedade moderadamente próspera em todos os aspectos, completando assim o Primeiro Objectivo do Centenário”, disse ele, chamando aos três grandes eventos “façanhas históricas”.

Xi prometeu construir “uma economia de mercado socialista de alto nível, modernizar o sistema industrial, promover a revitalização rural, promover o desenvolvimento regional, e promover um nível de vida elevado”.

De acordo com o relatório, estão também “a ser envidados esforços no sentido de promover a revitalização constante de empresas, talentos, cultura, ecossistemas e organizações”. Segundo Xi, “o país continuará a colocar o desenvolvimento agrícola e rural em primeiro lugar, prosseguirá o desenvolvimento integrado das zonas urbanas e rurais”.

O caminho chinês para o desenvolvimento rural

Segundo o governo chinês, “o caminho socialista para o desenvolvimento rural depara-se como tendo incubado um vasto mercado no interior, uma componente menos conhecida, mas substancial da ascensão da economia como motor do crescimento global”. Hong Tao, director do Instituto de Economia Empresarial da Universidade de Tecnologia e Negócios de Pequim, disse que, tendo sido direccionado um grande volume de investimento para a revitalização, os mercados rurais tornar-se-ão cada vez mais activos. “Mas o desenvolvimento rural tem as suas próprias características distintivas, e os investidores devem preparar-se para investimentos a longo prazo neste sector”, adverte.

“Tudo considerado, face ao contexto de revitalização rural e ao desenvolvimento integrado das indústrias primárias, secundárias e terciárias nas zonas rurais, o PIB da China rural congregar-se-á e a sua proporção aumentará gradualmente. Em particular, as indústrias secundárias e terciárias das zonas rurais assistirão a uma melhoria da qualidade e escala industrial”, disse Hong.

Além disso, a escala e a proporção do mercado de consumo rural também irá aumentar gradualmente. “É possível que as zonas rurais contribuam para mais de 15% do consumo total da China a curto prazo”, afirmou Hong.
Tian Yun, economista, disse que “embora o consumo rural não seja o maior contribuinte em termos de proporção de consumo, o seu crescimento ultrapassará o do consumo urbano”. Uma das razões por detrás deste fenómeno é a política de diminuição da pobreza e revitalização da economia rural, o que resultou na colocação de um grande número de recursos públicos nas zonas rurais do país, tais como infra-estruturas.

Por outro lado, os salários rurais aumentaram significativamente, já que muitas pessoas estão a trabalhar na indústria ou no sector dos serviços, depois da produtividade agrícola aumentar continuamente, graças à mecanização, observou Tian.

Com este pano de fundo, os economistas salientam que os mercados rurais podem efectivamente proporcionar um mercado com enorme potencial para as empresas, tanto da China como estrangeiras, e tornar-se no seu novo ponto de crescimento, agora que os mercados urbanos estão praticamente saturados após estas décadas de desenvolvimento.

Na fase actual, os clientes rurais podem ainda preferir produtos de baixo custo. Mas, no futuro, necessitarão também de mais produtos com elevado valor acrescentado à medida que os seus rendimentos vão aumentando.

Espera-se que “o crescimento do consumo na China rural ultrapasse o consumo urbano em um a dois pontos percentuais nos próximos anos”, referiu o economista.

“Penso que as zonas rurais serão um poderoso impulso para o crescimento do consumo futuro da China, uma vez que a base da população rural é muito elevada, e as suas exigências para uma vida de qualidade estão longe de ser satisfeitas”, concluiu.

Segundo Tian, “este mercado proporcionará oportunidades tanto para empresas nacionais como estrangeiras. Especialmente para estas últimas que, no entanto, necessitam de equipas de localização que possam compreender as exigências e desejos dos clientes rurais”.

19 Out 2022

Secretário-geral da ONU critica histórico dos direitos humanos na Índia

O secretário-geral da ONU, António Guterres, criticou hoje o histórico dos direitos humanos da Índia, que, segundo observadores, regrediu durante o mandato do primeiro-ministro nacionalista hindu, Narendra Modi.

“Como membro eleito do Conselho de Direitos Humanos, a Índia tem a responsabilidade de respeitar os direitos humanos em todo o mundo e de proteger e promover os direitos de todos os indivíduos, incluindo membros de comunidades minoritárias”, disse Guterres durante um discurso em Mumbai.

Saudando o desenvolvimento da Índia desde a sua independência do Reino Unido em 1947, o responsável da ONU, no entanto, lamentou que a noção da “diversidade ser uma riqueza” não esteja a “ser garantida” no país.

Este pensamento, segundo o secretário-geral da ONU, deve “ser nutrido, fortalecido e renovado a cada dia”.

Os ativistas dos direitos humanos dizem que desde que Narendra Modi chegou ao poder em 2014 num país de maioria hindu e com cerca de 1,4 mil milhões pessoas, houve um aumento da perseguição e do discurso de ódio contra minorias religiosas.

A minoria muçulmana foi particularmente atingida na parte indiana da Caxemira, desde que o Governo de Modi impôs a sua autoridade direta na região em 2019.

A pressão também aumentou sobre críticos do Governo e jornalistas, especialmente mulheres jornalistas, que estão a ser violentamente assediadas na internet.

A Índia deve “proteger os direitos e liberdades de jornalistas, dos ativistas de direitos humanos, de estudantes e de académicos” e garantir “a manutenção da independência do sistema judicial indiano”, declarou ainda António Guterres.

“A voz da Índia no cenário mundial só pode ganhar autoridade e credibilidade a partir de um forte compromisso com a inclusão e o respeito pelos direitos humanos no país”, disse.

Guterres enfatizou que “muito ainda precisa ser feito para promover a igualdade de género e os direitos das mulheres”. “Peço aos indianos que sejam vigilantes e invistam mais em comunidades e sociedades inclusivas, pluralistas e diversas”, afirmou o secretário-geral da ONU.

Em fevereiro, especialistas em direitos humanos da ONU pediram o fim dos ataques “misóginos e sectários” na internet contra uma jornalista muçulmana que criticou fortemente o primeiro-ministro Modi.

Os Repórteres Sem Fronteiras classificaram a Índia no 142.º lugar do seu índice mundial de liberdade de imprensa, sublinhando que está a “aumentar a pressão sobre os meios de comunicação para seguir a linha do Governo nacionalista hindu”.

19 Out 2022

Pelo menos oito mortos e 18 feridos em explosão numa cadeia da Birmânia

Pelo menos oito pessoas morreram e 18 ficaram feridas na sequência de uma explosão ocorrida hoje numa prisão em Insein, Rangum, a maior de Myanmar e onde se encontra a grande parte dos presos políticos do regime militar vigente.

A explosão foi registada às 09:40, perto de uma dependência onde o pessoal da cadeia recolhe as encomendas com comida e outros bens enviados aos reclusos pelos familiares.

De acordo com um comunicado da junta militar, a sala onde ocorreu a detonação fica próxima da entrada principal do estabelecimento prisional, tratando-se de um ataque terrorista.

“O terrorista colocou a bomba dentro de uma das encomendas e provocou a explosão”, refere o documento acrescentando que durante a evacuação do edifício foi encontrada “outra bomba dentro de um outro pacote e que foi desativada”.

Na sequência da explosão morreram três trabalhadores da prisão e cinco civis. A maior parte dos 18 feridos são civis, exceptuando cinco que são funcionários do estabelecimento prisional.

Imagens do local mostram manchas de sangue e vidros partidos. De acordo com o jornal independente birmanês Myanmar Now foram ouvidos disparos de armas de fogo após a explosão.

Os disparos foram feitos pelos guardas que se encontravam numa torre de vigilância e provocaram a fuga dos visitantes que se encontravam na entrada do edifício.

Outro testemunho, recolhido pela mesma publicação, indica que os guardas dispararam “de forma indiscriminada” contra a “população” e que as balas atingiram várias pessoas.

No comunicado oficial, a Junta Militar não refere os disparos de armas de fogo. As autoridades encerraram o estabelecimento prisional aos visitantes dos presos.Na maior cadeia de Myanmar (antiga Birmânia), situada a norte da cidade de Rangum, encontram-se cerca de dez mil reclusos.

Segundo a imprensa local, o “ataque” não foi reclamado sendo que a Junta Militar anunciou que vai “tomar medidas contra os terroristas, de acordo com a lei”.

Desde o golpe de Estado militar de fevereiro de 2021 que derrubou o governo democrático, vários grupos políticos da oposição optaram por recorrer à luta armada contra o regime no poder.

O autodenominado Governo de Unidade Nacional, leal à líder detida Aung Saan Suu Kyi criou as próprias Forças Armadas que costumam atuar nas zonas de fronteira.

A Associação de Assistência aos Presos Políticos, um grupo de defesa de direitos humanos birmanês, indica que, pelo menos, 2.367 morreram na sequência da repressão das autoridades militares e que mais de 12.600 pessoas foram presas de forma arbitrária.

19 Out 2022

Há mais jovens timorenses a compreender o português, mas falta a prática escrita

Especialistas disseram hoje que mais jovens timorenses do que nunca entendem português, mas que é necessária mais prática de uso da língua, em todos os níveis de ensino, para fomentar o uso oral e escrito.

No arranque das VII Jornadas Pedagógicas, na Universidade Nacional Timor Lorosa’e (UNTL), académicos referiram-se ao progresso feito no ensino do português em Timor-Leste, destacando o crescente número de jovens que conhecem a língua.

Mas, ao mesmo tempo, apontaram preocupações sobre um processo que tem que ser reforçado a todos os níveis de ensino, da pré-primária em diante, para que possa depois ser consolidado no ensino superior.

“Desde que existe a UNTL que temos trabalhado na introdução da língua portuguesa, apesar das dificuldades iniciais. Tem sido algo gradual e já estamos num patamar diferente, com a língua portuguesa mais desenvolvida”, sublinhou o vice-reitor para Assuntos Académicos, Samuel Freitas, na abertura das jornadas.

“Mas cabe a cada um fazer esse trabalho. A língua portuguesa vai para a frente, dependendo da vontade de cada um. E há muitos estudantes que entendem, mas para quem falar ou escrever é mais difícil, o que mostra a falta de prática da língua”, disse.

Intervindo na mesma ocasião, Benjamim Corte-Real, diretor do Centro de Língua Portuguesa da UNTL, disse que a evolução dos últimos anos, com cada vez mais jovens a entenderem a língua portuguesa, mostra que o português “deixou de ser a língua da elite”.

“Essa visão, de há 10 anos, era uma ilusão. Até porque na prática a decisão do português como uma das duas línguas oficiais foi feita na Assembleia Constituinte que, de facto, era uma representação da vontade democrática do povo timorense”, disse o docente.

“E não nos devemos ficar por dizer só que é a língua oficial. É a língua do povo, porque o povo assim o quis, porque entrou no seu reportório diário. Não é a elite que canta em português nos bailes e nas festas de casamento aos sábados. É o povo, jovens e adolescentes”, ilustrou.

Mostrando-se convicto na contínua progressão do português em Timor-Leste, Corte-Real disse que a língua portuguesa “não pode ser desvinculada da afirmação de identidade” do povo timorense.

“O português, pela sua parceria linguística, cultural, histórica com o tétum, já é uma realidade. É uma realidade pela sua complementaridade com o tétum, na afirmação do pilar da entidade e é com este objetivo e visão que continuamos a trabalhar”, afirmou.

Também Afonso de Almeida, vice-reitor de Pós-Graduação e Pesquisa da UNTL, destacou a progressão registada no ensino e no uso do português na instituição, afirmando que toda a direção e várias faculdades continuam muito empenhadas neste processo.

O dirigente destacou recentes apresentações de trabalho de mestrado em que os alunos usaram o português, mas vincou que é preciso fazer mais, especialmente fora de faculdades “pioneiras” nesta questão como as de Direito, Educação e Ciências Exatas.

“Fizemos um estudo para ver se as faculdades estão a ensinar em língua portuguesa, mas dizem-nos que em várias ainda estão em fase de transição [o indonésio é uma das opções]. Mas essa transição vai até quando? Vamos ter que estar com esta transição até quando?”, questionou Afonso de Almeida.

“Obviamente isto não depende só da UNTL, mas das qualidades do ensino secundário, de jovens que até tentam fazer trabalho em português, mas depois com professores não dão essa oportunidade de trabalhar em português. É algo que temos que melhorar”, disse.

Para a embaixadora de Portugal em Díli, Manuela Bairos, estes esforços podem ser apoiados com a “produção de materiais didáticos”, permitindo enquadrar e apoiar professores a todos os níveis de ensino.

Fortalecer a capacitação de professores, mas também de funcionários e do público em geral é “fundamental e necessita de ser encarado com meios e recursos agressivos”, disse Bairos.

A diplomata defendeu mais programas infantis em língua portuguesa nas televisões, planos de leitura, bibliotecas municipais e o reconhecimento de que o sistema de ensino “não vive em compartimentos fechados”, tendo por isso que se atuar a todos os níveis de escolaridade.

“Vejo com satisfação a vontade de jovens, pais e sociedade em geral em investir na aprendizagem da língua portuguesa como parte da sua identidade de nação”, disse ainda, reiterando o compromisso de Portugal em apoiar no fortalecimento do ensino e da consolidação do português “em aliança com o tétum”, em Timor-Leste.

Organizadas pelo Centro de Língua Portuguesa da UNTL e na sua sétima edição, as jornadas são subordinadas ao tema “Ler e falar o mundo em português”.

Promovidas no âmbito do projeto FOCO-UNTL e em articulação com a Embaixada de Portugal em Díli, as jornadas incluem seminários e debates sobre vários temas, incluindo a situação geral do ensino da língua portuguesa em Timor-Leste.

19 Out 2022

Coreia do Norte dispara artilharia na fronteira com o Sul pelo segundo dia consecutivo

A Coreia do Norte disparou hoje, pelo segundo dia consecutivo, projéteis de artilharia na fronteira marítima com a Coreia do Sul, que iniciou na segunda-feira exercícios militares anuais, com a participação de forças norte-americanas.

O Estado-Maior Conjunto da Coreia do Sul avançou, em comunicado, que o regime de Pyongyang disparou cerca de 100 projéteis na costa oeste, por volta das 12:30 (04:30 em Lisboa), que caíram no mar.

O Estado-Maior Conjunto voltou a insistir que este disparo de artilharia é “uma clara violação” de um acordo militar de 2018, no qual os dois países prometeram evitar manobras ou exercícios com fogo real em águas próximas às fronteiras marítimas.

Na terça-feira, a Coreia do Norte tinha disparado cerca de 100 projéteis na costa oeste e 150 na costa leste. Sobre este últimos disparos, Pyongyang disse tratar-se de um “sério alerta” e de uma resposta aos exercícios militares anuais que Seul iniciou.

Os militares norte-coreanos acrescentaram, num comunicado divulgado horas depois dos disparos, terem ordenado às unidades no leste e oeste do país que disparassem “tiros ameaçadores e de advertência” em direção ao mar.

Um porta-voz do Estado-Maior da Coreia do Norte indicou que o objetivo foi servir como “uma poderosa contramedida militar” a exercícios militares do Sul junto à fronteira leste, considerados “uma provocação” por Pyongyang.

“A situação na península coreana está a piorar devido às repetidas provocações militares dos inimigos na área avançada”, sublinhou o comunicado norte-coreano. “Os inimigos devem parar imediatamente as provocações imprudentes e incitadoras que aumentam a tensão militar”, acrescentou o porta-voz militar norte-coreano.

Esta é a segunda vez que a Coreia do Norte dispara projéteis nas zonas de fronteira desde sexta-feira, quando disparou centenas de projéteis, em violação direta do acordo de 2018.

Na segunda-feira, as forças militares da Coreia do Sul iniciaram exercícios de campo, de 12 dias, para aprimorar as capacidades operacionais de resposta a vários tipos de provocações norte-coreanas, com a participação de forças norte-americanas.

As duas Coreias continuam tecnicamente em guerra, uma vez que o conflito de 1950-53 terminou com a assinatura de um armistício e não de um tratado de paz.

19 Out 2022

Manchester | China defende direito de proteger consulados

A China defendeu ontem que as suas missões diplomáticas no exterior têm o direito de “tomar as medidas necessárias” para manter a segurança, após a polícia britânica ter anunciado uma investigação à agressão dum manifestante num consulado chinês.

O porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros da China Wang Wenbin disse, em conferência de imprensa, que o manifestante “entrou ilegalmente” no consulado e “comprometeu a segurança das instalações diplomáticas chinesas”.

“As missões diplomáticas de todos os países têm o direito de tomar as medidas necessárias para manter a paz e a dignidade das instalações”, afirmou Wang. “Quero enfatizar que a paz e a dignidade das embaixadas e consulados chineses no exterior não devem ser violadas”, acrescentou.

Wang disse que o Governo britânico deve aumentar a protecção para os postos e funcionários diplomáticos chineses no Reino Unido.

A polícia da cidade inglesa de Manchester disse que o protesto pacífico, realizado à porta do consulado por um grupo de Hong Kong, no domingo, se transformou numa situação “hostil” quando homens não identificados saíram do terreno da missão diplomática chinesa, puxaram um dos manifestantes para dentro do consulado e o agrediram.

A polícia disse que um dos seus agentes interveio para retirar o homem. O manifestante foi levado para o hospital e não foram ainda feitas detenções.

Na TV

Um vídeo difundido pela cadeia televisiva BBC mostra uma luta em frente ao consulado, depois de homens mascarados terem saído do edifício e retirado os cartazes dos manifestantes. O mesmo vídeo mostra os homens a arrastar o manifestante para dentro do consulado e a agredi-lo.

O Governo britânico disse que o incidente é “profundamente preocupante”, acrescentando que a polícia intensificou as patrulhas na área. Em conferência de imprensa, o líder de Hong Kong, John Lee, afirmou ontem que não tinha todos os pormenores sobre o caso, mas confia que o governo do Reino Unido lidará com o incidente de acordo com a Convenção de Viena sobre Relações Consulares e a lei britânica.

Andy Burnham, prefeito da Grande Manchester, disse que era importante que todos os factos fossem estabelecidos, mas acrescentou: “Com base no que vi, quero deixar claro que nunca é aceitável que manifestantes pacíficos sejam agredidos. Os responsáveis devem ser responsabilizados pelas suas ações”.

O porta-voz para as relações externas do Partido Trabalhista, da oposição, David Lammy, pediu ao Governo britânico que convoque o embaixador chinês para explicar o que aconteceu. De acordo com uma declaração difundida pelos organizadores do protesto, cerca de 60 manifestantes reuniram-se do lado de fora do consulado de Manchester para protestar contra a “reeleição de Xi Jinping”.

O actual secretário-geral do Partido Comunista Chinês deve assegurar um terceiro mandato durante o congresso da organização, que se realiza esta semana, quebrando com a tradição política das últimas décadas na China.

18 Out 2022

Tradutores estrangeiros salientam aspectos do discurso de Xi Jinping

O relatório lido no domingo por Xi Jinping, no 20º Congresso Nacional do Partido Comunista da China (PCC), foi imediatamente vertido para diversas línguas (inglês, francês, russo, espanhol, árabe, alemão, japonês e lao) por tradutores estrangeiros que não deixaram de dar a sua opinião sobre o que leram ao fazer o seu trabalho.

Ao irlandês Sean Slattery, por exemplo, pareceu um documento “muito voltado para o futuro”. “O relatório mostra grande visão, mas é também muito prático”, disse o irlandês. “Vai ter uma grande influência no desenvolvimento da China no futuro”.

A cada um a sua modernização

A “modernização chinesa” foi considerada pela maioria dos tradutores estrangeiros como sendo uma das principais mensagens do relatório de domingo. Descrevendo a modernização chinesa como “de grande importância” para o mundo, Slattery disse que as suas características especiais são distintamente diferentes dos caminhos que outros países escolheram no passado ao prosseguirem a modernização.

“Conseguir a modernização para os 1,4 mil milhões de habitantes do país é um enorme passo em frente para a humanidade”, referiu, mas não deixou de considerar que “ao prosseguir a sua própria via de modernização, a China está a sublinhar a importância de cada país se modernizar através de um caminho que seja adequado às suas próprias condições e que o seu povo aceite e apoie”, concluiu Slattery.

“Para os outros países em desenvolvimento, a modernização chinesa oferece uma nova escolha, baseada nas suas próprias condições e mais cooperação internacional, em vez de pilhagem, guerra e sangue”, disse Mustafa Yahia, 65 anos, que foi responsável pela tradução da versão árabe.

Já Peggy Cantave Fuyet sempre quis saber como é o maior país socialista do mundo. O relatório ofereceu-lhe uma visão. “As pessoas”, “o ambiente” e “a paz” foram as suas principais conclusões do relatório. Para a especialista em língua francesa, as palavras indicam que a modernização chinesa é uma modernização que beneficia todos no país em vez de apenas alguns, que a China honrará as suas palavras ao atingir os objectivos de atingir o pico das emissões de carbono e ganhar neutralidade de carbono, e que o caminho que a China escolheu não é o imperialismo, o colonialismo ou o hegemonismo, mas um caminho de desenvolvimento pacífico.

Uma década marcante

O relatório resume as grandes realizações ao longo dos primeiros 10 anos da nova era na China. Uma grande mudança que tem sido testemunhada pelos próprios peritos estrangeiros.

Francisco J. Ayllon, de Espanha, que está na China há 18 anos, maravilhou-se com o feito da eliminação da pobreza, já que assistiu a cerca de 100 milhões de residentes rurais saírem da pobreza em menos de 10 anos. “Este é um contributo significativo para a redução da pobreza global”, considerou.

A especialista em língua russa K. Angelina observou que o povo chinês desfruta agora de céus mais azuis e água mais pura, e tem mais veículos de energia novos nas estradas.

Para Verena Menzel, da Alemanha, que vive na China há 11 anos, os pagamentos móveis, as bicicletas partilhadas e as plataformas em linha trouxeram “muita surpresa e conveniência”. A alemã disse também que tem detectado também um sentimento cada vez mais forte de confiança cultural na China.

Taguchi Nao, do Japão, diz-se impressionada com o sistema de segurança social da China, a Iniciativa China Saudável e as medidas para enfrentar o envelhecimento da população, um problema que também afecta o seu país.
Pongtay Chaleunsouk, do Laos, assistiu recentemente a uma palestra espacial ao vivo na televisão, com interacções entre astronautas chineses a bordo da estação espacial da China e crianças na Terra. Para ele, foi “inesquecível”.

“Embora tenha iniciado o seu programa espacial muito mais tarde, a China tornou-se líder na indústria espacial e está pronta a expandir a sua cooperação científica e tecnológica com outros países”, afirmou. “As tremendas mudanças na última década são de um marco importante, que provêm da forte liderança do PCC e dos incessantes esforços do povo chinês”, acrescentou.

Compreender a China, compreender o PCC

Uma das visões partilhada entre os tradutores estrangeiros passa pela noção de que “compreender a China implica uma boa compreensão do PCC, da sua história e da sua lógica de governo”. Entre as frases do relatório que, segundo eles, causaram maior impressão encontram-se: “O apoio do povo é da maior importância política”, “uma filosofia de desenvolvimento centrada no povo”, e “Este país é o seu povo; o povo é o país”.

“Termos como estes sublinham realmente o quanto o Partido valoriza a sua estreita relação com o povo, estando de todo o coração empenhado em tornar as suas vidas melhores e em servi-lo”, disse Slattery.

Mustafa lembra-se da primeira vez que esteve envolvido na tradução do relatório do congresso há cinco anos, quando o PCC prometeu no seu 19º congresso nacional assegurar uma vitória decisiva na construção de uma sociedade moderadamente próspera em todos os aspectos.

“Como esse objectivo foi alcançado como previsto, o PCC está agora a conduzir o país numa nova viagem para construir um país socialista moderno em todos os aspectos”. Acredito que irá honrar a sua promessa novamente”.
Angelina, da Rússia, encontrou novos conteúdos cada vez que traduzia um importante documento do PCC. “Devo continuar a enriquecer-me para entregar boas traduções”.

“O PCC é um partido com uma forte capacidade de investigação, acção, inovação, e de acompanhar os tempos”, referiu Cantave Fuyet, que obteve um doutoramento sobre a adaptação do marxismo ao contexto chinês.
Chaleunsouk disse que, embora muitos termos no relatório sejam expressões únicas do PCC, tais como “tirar tigres” e “caçar raposas”, são vívidos e fáceis de compreender, ilustrando a resolução de exercer uma auto-governação e auto-reforma total e rigorosa do partido.

Paz e inovação

Para tornar a China num grande país socialista moderno em todos os aspectos, o PCC adoptou um plano estratégico em duas etapas: basicamente realizar a modernização socialista de 2020 a 2035, e “tornar a China num grande país socialista moderno que seja próspero, forte, democrático, culturalmente avançado, harmonioso, e belo de 2035 até meados deste século”.

“A palavra ‘inovação’ apareceu muitas vezes no relatório”, disse Menzel, observando que está “ansiosa por mais cooperação entre a China e a Alemanha, ambos países impulsionados pela inovação”. “A China precisa de um mundo pacífico para se desenvolver e, ao mesmo tempo espera contribuir para a paz mundial com o seu desenvolvimento”, disse Slattery, tirando esta conclusão dos objectivos que o PCC está a tentar alcançar, especificados no relatório do congresso.

“O mundo é como uma família que partilha o bem e o mal”, disse Cantave Fuyet, observando que “ao promover uma comunidade com um futuro partilhado para a humanidade, o PCC mostra que se preocupa com o bem-estar do mundo inteiro e que está determinado a tornar a sua grande visão numa realidade”.

Mustafa recorda que Pequim, há 20 anos, só tinha duas linhas de metro, quando chegou à China pela primeira vez. Agora, a rede de metro de Pequim estende-se em todas as direcções, e o município tornou-se na única cidade do mundo a receber tanto os Jogos Olímpicos de Verão como os de Inverno. À medida que o país se desenvolveu nas últimas décadas, Mustafa disse estar confiante de que a China conseguirá a modernização. “Espero testemunhar o grande momento histórico juntamente com o povo chinês”, concluiu.

18 Out 2022

Rapazes na China rural têm mais 7,5 cm de altura e são 6,6 kg mais pesados do que há uma década

A melhoria nutricional aumentou a altura e o peso médios dos rapazes de 13 anos na China rural, que são agora 7,5 cm mais altos e 6,6 kg mais pesados do que há uma década atrás, segundo um estudo oficial.

Embora o ganho tenha sido maior entre os rapazes de 13 anos, as crianças com idades compreendidas entre os 6 e os 15 anos são agora em média pelo menos 3cm mais altas e 1kg mais pesadas devido a uma dieta melhorada, de acordo com um inquérito realizado entre 2012 e 2021, junto de crianças em idade escolar provenientes de zonas rurais de cerca de 700 concelhos em toda a China.

Entre as raparigas, as de 12 anos foram as que mais beneficiaram, ganhando 6,3 cm de altura e 5,8 kg de peso em média, descobriu o estudo, que foi publicado no portal do Ministério da Educação chinês.

O aumento significativo do peso das crianças foi principalmente graças a uma iniciativa de melhoria da nutrição lançada em 2012, dirigida a estudantes de regiões rurais mais pobres, afirma o estudo.

A prevalência de crescimento atrofiado diminuiu 5,7% em relação a 10 anos atrás, afectando apenas 2,3% das crianças monitorizadas no ano passado. No entanto, no final do ano passado, cerca de 12% ainda sofriam de anemia, uma condição em grande parte ligada a deficiências nutricionais, embora esta tivesse diminuído quase 5% desde 2012.

Apesar de um aumento considerável na disponibilidade e diversidade dos alimentos fornecidos às crianças em áreas de menor rendimento, menos de um terço teve acesso a leite e fruta todos os dias no ano passado.

A iniciativa não só ajudou as crianças em idade escolar a tornarem-se mais saudáveis, como também tem sido, “uma medida importante para parar a transmissão intergeracional de pobreza e promover a igualdade na educação”, afirma o estudo.

Crianças mais altas e maiores têm sido consideradas como provas tangíveis do progresso da China na redução da pobreza nas últimas décadas, após as reformas económicas de finais da década de 1970. Embora as memórias de malnutrição e fome ainda estejam frescas entre as gerações mais velhas, a maior parte das dietas alimentares das pessoas têm sofrido grandes melhorias desde então, uma vez que centenas de milhões foram retiradas da pobreza com base nos padrões do governo chinês.

A investigação internacional sobre a evolução das alturas médias em 2020 cria um quadro ainda mais impressionante para a China, pois constata que o país testemunhou o maior aumento da altura masculina entre 1985 e 2019 entre 200 países e territórios examinados.

Os homens chineses com 19 anos cresceram quase mais 9 cm de altura durante o período, de acordo com uma pesquisa publicada na revista médica Lancet. As mulheres chinesas, na mesma faixa etária, ganharam 6 cm, marcando o terceiro maior aumento de altura a nível mundial.

18 Out 2022