Meteorologia | Decretado alerta máximo devido às chuvas

As autoridades de Pequim voltaram ontem a emitir um alerta vermelho para chuvas intensas, uma semana depois de inundações que causaram 44 mortos, com risco elevado de aluimentos de terra.

O serviço meteorológico local prevê chuvas fortes em toda a cidade até esta manhã, com mais de 100 milímetros em seis horas na maioria das áreas, e mais de 200 milímetros em algumas zonas, noticiou a agência oficial chinês Xinhua.

As chuvas devem atingir com maior intensidade as áreas montanhosas de Miyun, Fangshan, Mentougou e Huairou, na periferia da capital chinesa, onde há elevado risco de inundações e aluimentos de terra, alertaram as autoridades, que apelaram aos residentes para permanecerem em casa e evitarem zonas de montanha e margens de rios.

Na semana passada, chuvas torrenciais causaram 44 mortos e nove desaparecidos naquelas áreas. Nos últimos verões, fenómenos meteorológicos extremos têm afectado com frequência o território chinês: em 2023, inundações em Pequim provocaram mais de 30 mortos, enquanto em 2022 várias vagas de calor extremo e secas severas atingiram o centro e o leste do país.

5 Ago 2025

Diplomacia | Pequim rejeita exigência dos EUA para deixar de comprar petróleo russo e iraniano

Embora continuem a ser ultrapassados obstáculos na guerra das tarifas, a administração chinesa recusa veementemente qualquer interferência externa sobre onde deve adquirir o fornecimento de energia

 

Estados Unidos e China poderão chegar a acordo em várias áreas para evitar tarifas punitivas, mas continuam afastados numa questão central: a exigência de Washington para que Pequim deixe de comprar petróleo ao Irão e à Rússia.

“A China vai sempre assegurar o seu fornecimento energético de acordo com os seus interesses nacionais”, publicou na quarta-feira o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês na rede social X, após dois dias de negociações comerciais em Estocolmo e na sequência da ameaça norte-americana de uma tarifa de 100 por cento.

“A coerção e a pressão não terão qualquer efeito. A China vai defender firmemente a sua soberania, segurança e interesses de desenvolvimento”, acrescentou.

A reacção surge num momento em que ambos os países manifestam optimismo sobre a possibilidade de estabilizar as relações comerciais, após terem recuado nas tarifas elevadas e nas restrições comerciais mais duras.

A posição de Pequim, no entanto, salvaguardou pontos inegociáveis nas discussões com a Administração de Donald Trump, sobretudo quando o comércio é associado às políticas energética e externa chinesas. O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, disse aos jornalistas, após as conversações, que, no que toca às compras de petróleo russo, “os chineses levam a sua soberania muito a sério”.

“Não queremos interferir na sua soberania, por isso eles preferem pagar uma tarifa de 100 por cento”, afirmou, acrescentando que considera os negociadores chineses “duros”, mas que isso não travou as negociações. “Acredito que temos as bases para um acordo”, disse, em entrevista à CNBC.

O consultor Gabriel Wildau, director-geral da Teneo, considerou improvável que Trump avance, de facto, com a tarifa de 100 por cento, já que tal “provavelmente destruiria todo o progresso recente e acabaria com qualquer hipótese” de um anúncio de acordo comercial numa eventual reunião entre Trump e o Presidente chinês, Xi Jinping, prevista para o Outono.

Os EUA querem restringir as vendas de petróleo da Rússia e do Irão, fontes de receita fundamentais para os dois países, e assim tentar reduzir o financiamento dos respetivos orçamentos militares, num momento em que Moscovo continua a guerra na Ucrânia e Teerão apoia grupos armados no Médio Oriente.

Resistir para vencer

Em Abril, quando Trump apresentou um vasto plano de tarifas a impor a dezenas de países, a China foi o único país a retaliar, recusando ceder à pressão norte-americana. “Se os EUA insistirem em impor tarifas, a China lutará até ao fim”, disse Tu Xinquan, director do Instituto de Estudos da OMC na Universidade de Negócios e Economia Internacionais, em Pequim.

Tu acrescentou que Pequim poderá suspeitar que os EUA não irão cumprir a ameaça, questionando a prioridade dada por Trump ao combate à Rússia.

Scott Kennedy, conselheiro sénior do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, em Washington, afirmou que Pequim dificilmente alterará a sua postura enquanto identificar incoerências na política externa dos EUA em relação à Rússia e ao Irão. Kennedy disse também que Pequim poderá tentar usar a questão como instrumento de negociação para obter mais concessões de Trump.

Para Danny Russel, investigador do Asia Society Policy Institute, Pequim vê-se agora como “quem tem as cartas na mão” na disputa com Washington. “Trump deixou claro que quer um acordo de grande impacto mediático com Xi, por isso rejeitar a exigência dos EUA para parar as compras de petróleo ao Irão e à Rússia provavelmente não será visto como um obstáculo ao acordo, mesmo que cause atritos e atrasos”, sublinhou.

A manutenção das compras de petróleo russo garante a Xi “solidariedade estratégica” com o Presidente russo, Vladimir Putin, e reduz significativamente os custos para a economia chinesa, acrescentou Russel. “Pequim não pode abdicar do petróleo da Rússia e do Irão, que está a ser comprado a preços de saldo”, explicou.

Segundo a Administração de Informação Energética dos EUA, entre 80 por cento e 90 por cento do petróleo exportado pelo Irão em 2024 teve como destino a China, que importa mais de um milhão de barris por dia. Pequim é também um dos principais clientes de Moscovo, a seguir à Índia, com as importações de crude russo a subirem em Abril 20 por cento face ao mês anterior, para mais de 1,3 milhões de barris diários, segundo o KSE Institute, ligado à Kyiv School of Economics.

5 Ago 2025

Médio Oriente | China lamenta sanções dos EUA a funcionários palestinianos

A administração norte-americana decidiu condicionar ainda mais a concessão de vistos a membros da Organização para a Libertação da Palestina e da Autoridade Nacional Palestina. Pequim critica a decisão e acusa os EUA de não contribuírem para a paz na região

 

A China criticou sexta-feira a decisão de Washington de impor restrições de vistos a membros e funcionários da Organização para a Libertação da Palestina e da Autoridade Nacional Palestina, que Washington acusa de “apoiar o terrorismo”.

“Estamos surpreendidos e desapontados com estas sanções. Não compreendemos que os Estados Unidos continuem a menosprezar os esforços da comunidade internacional pela paz. A questão palestiniana é uma questão em que devem prevalecer a equidade e a justiça”, afirmou o porta-voz dos Negócios Estrangeiros Guo Jiakun, em conferência de imprensa.

Guo acrescentou que os Estados Unidos devem “ser responsáveis e implementar as resoluções das Nações Unidas e envidar esforços para alcançar uma solução adequada para esta questão, em vez de fazer o contrário”.

O porta-voz reiterou que Pequim continuará a trabalhar com a comunidade internacional “para pôr fim ao conflito em Gaza, aliviar a crise humanitária e avançar para a implementação do quadro dos dois Estados”.

O Departamento de Estado dos EUA indicou na quinta-feira num comunicado que “é do interesse da segurança nacional dos EUA impor consequências e responsabilizar a Organização para a Libertação da Palestina e a Autoridade Nacional Palestina por não cumprirem os seus compromissos e minarem as perspectivas de paz”.

“Além disso, (ambas as entidades) continuam a apoiar o terrorismo – incluindo a glorificação da violência, especialmente nos livros escolares – e a conceder pagamentos e benefícios em apoio a actividades terroristas a palestinianos envolvidos em terrorismo e às suas famílias”, lê-se no comunicado.

Pressão alta

O anúncio das sanções surge no meio de uma crescente pressão internacional sobre Israel para melhorar as condições na Faixa de Gaza, que atravessa uma grave crise humanitária e onde, nos últimos dias, as autoridades locais denunciaram um pico de mortes relacionadas com a fome.

França, Reino Unido e Canadá, entre outros países, expressaram a sua decisão de reconhecer um Estado palestino perante a ONU em resposta à situação, anúncios que foram recebidos com fortes críticas do governo israelita, que considera essa medida um “apoio ao Hamas”.

O presidente norte-americano, Donald Trump, defendeu na quinta-feira que a maneira “mais rápida” de pôr fim à crise em Gaza é a rendição do grupo islamista palestino e a devolução dos reféns israelitas que mantém em seu poder.

4 Ago 2025

ONU | Pedido à Tailândia e Camboja respeito pelo cessar-fogo

As Nações Unidas pediram à Tailândia e o Camboja para respeitarem o cessar-fogo, depois de os dois países do Sudeste Asiático se terem acusado mutuamente de violar o acordo de tréguas.

“Este acordo crucial deve ser totalmente respeitado de boa-fé por ambas as partes, enquanto os diplomatas continuam a abordar as causas do conflito”, afirmou o alto-comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Türk, em comunicado.

Banguecoque e Phnom Penh concordaram com uma trégua, que começou na noite de segunda para terça-feira, após cinco dias de troca de tiros na sua fronteira partilhada de 800 km de comprimento devido a uma disputa territorial. No entanto, o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Tailândia anunciou que vários soldados tailandeses da província oriental de Sisaket foram atacados “por forças cambojanas” equipadas com “armas de pequeno porte” e granadas. “Isto representa uma flagrante violação do acordo de cessar-fogo”, afirmou o ministério, em comunicado.

O porta-voz do Governo tailandês, Jirayu Huangsab, também relatou confrontos na noite de quarta-feira, afirmando que “o lado tailandês manteve o controlo da situação” e que a situação geral ao longo da fronteira só normalizou às 08h locais (09h em Macau). Por seu lado, um responsável do Ministério da Defesa do Camboja também acusou a Tailândia de violar o cessar-fogo por duas vezes.

1 Ago 2025

Economia | Banco do Japão melhora previsão de crescimento para 2025

O Banco do Japão melhorou ontem as previsões económicas para o ano fiscal de 2025, estimando um crescimento de 0,6 por cento, mais uma décima face à projecção anterior, e manteve a taxa de juro de referência em 0,5 por cento

 

O Banco do Japão (BoJ) antecipa uma desaceleração da economia enquanto se assimila o impacto real da guerra comercial lançada pelos Estados Unidos, mas prevê que o PIB retome uma trajectória de crescimento moderado à medida que a situação estabiliza.

O banco central japonês reviu também em alta, em cinco décimas, para 2,7 por cento, a previsão de subida dos preços no ano fiscal de 2025, que termina em Março de 2026, em linha com o encarecimento registado nos últimos meses, sobretudo dos alimentos, com o arroz como principal exemplo.

A instituição salientou ter tido em conta riscos ainda presentes ao rever as projecções incluídas no relatório trimestral de previsões económicas, divulgado no final da reunião de dois dias sobre política monetária. “Continua a ser muito incerto como evoluirão o comércio e outras políticas em cada jurisdição e como reagirão a actividade económica e os preços”, referiu o BoJ, que considera necessário acompanhar o impacto destes factores nos mercados financeiros e cambiais.

Neste cenário, o banco central manteve inalterada a previsão de crescimento do PIB para 2026 e 2027, em 0,7 e 1 por cento, respectivamente, mas reviu em alta, em uma décima, a estimativa de inflação para esses anos, para 1,8 e 2 por cento.

Preços e salários

O BoJ acompanha de perto a evolução dos preços, que subiram 3,7 por cento em Maio, o sétimo mês consecutivo acima dos 3 por cento, e vê como positiva a tendência generalizada das empresas para aumentar salários, embora estes ainda não acompanhem o ritmo da inflação.

A instituição teme, contudo, que estes esforços sejam comprometidos pela incerteza tarifária e pela possibilidade de o sector empresarial optar por reduzir despesas, numa referência indirecta a políticas proteccionistas como as adoptadas pelos Estados Unidos.

1 Ago 2025

Hebei | Chuvas torrenciais causam oito mortos no norte da China

Oito pessoas morreram e outras 18 continuam desaparecidas na província chinesa de Hebei devido às chuvas torrenciais que caíram esta semana no norte da China, informou a imprensa local.

As mortes ocorreram na vila de Xinlong, na referida província, um dos pontos mais afectados na quarta-feira pelas intensas chuvas e inundações, de acordo com autoridades locais citadas pela agência de notícias oficial Xinhua.

As tempestades causaram grandes desastres em aldeias do município de Liudaohe, de acordo com o departamento local de Emergências, que continua as tarefas de busca e resgate na zona.

As chuvas torrenciais registadas nos últimos dias em nove regiões do país deixaram 30 mortos nos dois distritos montanhosos de Pequim e outros oito por um deslizamento na província norte de Hebei, além de danos materiais consideráveis e dezenas de milhares de pessoas retiradas.

Os ministérios das Finanças e de Gestão de Emergências da China atribuíram 350 milhões de yuan em fundos de ajuda às zonas afectadas, enquanto o Presidente chinês, Xi Jinping, instou a envidar “todos os esforços possíveis para garantir a segurança das vidas e dos bens das pessoas”.

1 Ago 2025

Economia | Actividade industrial cai em Julho pelo quarto mês seguido

A actividade na indústria transformadora da China diminuiu em Julho pelo quarto mês consecutivo, e fê-lo a um ritmo mais acentuado do que nos dois meses anteriores, de acordo com dados oficiais divulgados ontem.

O índice de gestores de compras (PMI, indicador de referência do sector), difundido pelo Gabinete Nacional de Estatística (GNE) chinês, situou-se em Julho em cerca de 49,3 pontos, 0,4 menos do que os 49,7 registados no mês anterior, ficando abaixo das previsões dos analistas. Neste indicador, um valor acima do limiar de 50 pontos representa um crescimento da actividade no sector em comparação com o mês anterior, enquanto um valor abaixo representa uma contracção.

Entre os cinco subíndices que compõem o PMI industrial, os de produção e prazos de entrega foram os únicos que ficaram acima da marca mencionada, enquanto os de novas encomendas – fundamentais para medir a procura -, inventários de matérias-primas e emprego permaneceram na zona de contracção.

Zichun Huang, da consultora britânica Capital Economics, considerou que os indicadores divulgados ontem sugerem que a economia chinesa “perdeu algum impulso em Julho, com um crescimento mais lento nos sectores industrial, de serviços e de construção”.

“Dada a ausência de sinais de estímulo na reunião do Politburo – a cúpula do Partido Comunista Chinês – de quarta-feira, vemos poucas razões para esperar uma recuperação económica durante o segundo semestre do ano”, previu.

Quanto à contracção do PMI industrial, Huang salientou que, apesar de o GNE ter atribuído parte da descida a interrupções na produção por causas meteorológicas, a análise sugere que a procura “também enfraqueceu”.

1 Ago 2025

Demografia | Casamentos sobem 3,2% na China após mínimo histórico

Cerca de 3,54 milhões de casais chineses casaram-se no primeiro semestre de 2025, o que representa um aumento homólogo de 3,2 por cento e sugere uma ligeira recuperação após o mínimo histórico em 2024. Por outro lado, 1,33 milhões de casais divorciaram-se durante o mesmo período

 

De acordo com as estatísticas mais recentes do Ministério de Assuntos Civis da China, 3,54 milhões de casais casaram-se e 1,33 milhão divorciaram-se no país asiático entre Janeiro e Junho deste ano, o que marca uma tímida recuperação em relação aos 3,43 milhões de casamentos registados no mesmo período de 2024.

Especialistas citados pela imprensa local apontam que, se a tendência actual se mantiver, o número total de casamentos em 2025 poderá superar ligeiramente os níveis de 2024, quando atingiu o nível mais baixo desde 1980.

Entre os que se casaram em 2024, de acordo com a mesma fonte, pelo menos 1,63 milhões eram pessoas nascidas a partir do ano 2000. Este número ilustra que, apesar da tendência geral de adiar o casamento, uma parte significativa dos jovens adultos do país continua a optar por formalizar as relações na casa dos vinte anos.

De acordo com o ministério, a faixa etária com mais casamentos em 2024 foi a de 25 a 29 anos, com 4,29 milhões de pessoas, o que representou 35,1 por cento do total. Este é o décimo segundo ano consecutivo em que esta faixa etária concentra a maioria dos casamentos, reflectindo o adiamento progressivo da idade do primeiro casamento que se observa há mais de uma década.

Numa tentativa de reverter a queda nos casamentos e nascimentos, as autoridades chinesas implementaram várias medidas nos últimos meses. Em Maio passado, entraram em vigor novas normas nacionais para o registo de casamentos que eliminam restrições geográficas, permitindo que os casais se casem em qualquer lugar do país sem a necessidade de apresentar o registo de residência, conhecido como “hukou”.

Padrinho oficial

Além disso, 28 províncias ampliaram a duração da licença por casamento, sendo Shanxi (centro) e Gansu (noroeste) as que oferecem o período mais longo, com 30 dias. Algumas localidades, como a cidade de Lüliang em Shanxi, começaram mesmo a oferecer incentivos económicos aos casais recém-casados, com bónus de até 1.500 yuan (182 euros) se a mulher tiver 35 anos ou menos.

No XX Congresso do Partido Comunista Chinês, realizado em 2022, o partido no poder enfatizou que o país precisa de um sistema que “aumente as taxas de natalidade e reduza os custos da gravidez, do parto, da escolarização e da criação dos filhos”.

A China registou um declínio na sua população em 2022, 2023 e 2024, as primeiras contrações desde 1961, quando o número de habitantes diminuiu como consequência da política falhada de industrialização do Grande Salto em Frente e da consequente fome.

1 Ago 2025

Diplomacia | Trump diz poder reunir-se com Xi “antes do final do ano”

O presidente dos Estados Unidos disse ontem que a reunião com o seu homólogo chinês, Xi Jinping, poderá ocorrer “antes do fim do ano”, considerando ter havido um diálogo comercial “positivo” entre delegações de ambos os países, em Estocolmo. “Espero ansiosamente pela reunião, diria que (pode acontecer) antes do fim do ano.

Seria uma forma de fechar um círculo”, respondeu Donald Trump, a bordo do Air Force One, a uma pergunta da imprensa sobre um futuro encontro entre ambos os líderes, que já tinha anunciado em Junho passado.

O presidente indicou que as delegações comerciais de Pequim e Washington tiveram “uma troca muito boa hoje [ontem]” na capital sueca, o que lhe permite ser mais optimista sobre a possibilidade de falar cara a cara com Xi.

“Se me tivessem perguntado ontem, não parecia muito bem (…). Scott acabou de me dizer que a reunião com a China foi muito bem”, precisou em referência ao secretário do Tesouro, Scott Bessent, que lidera a conversa por parte dos EUA juntamente com o representante comercial, Jamieson Greer, entre outros.

A reunião de dois dias em Estocolmo ocorreu após os encontros em Genebra e Londres em Maio e Junho, respectivamente, e a conversa telefónica entre Trump e Xi, no passado dia 5 de Junho, na qual o presidente chinês convidou o seu homólogo americano a Pequim.

Bessent e Greer anunciaram que se reunirão esta quarta-feira com Trump na Casa Branca para informá-lo sobre o andamento das negociações e obter a sua aprovação para a extensão por mais 90 dias da trégua tarifária acordada por ambos os países, que deve terminar a 12 de Agosto.

31 Jul 2025

Nissan | Perdas de 677 milhões de euros entre Abril e Junho

A empresa automóvel japonesa Nissan registou um prejuízo líquido de 677 milhões de euros, entre Abril e Junho, o primeiro trimestre do seu ano fiscal, devido à queda nas vendas e ao impacto das tarifas.

O terceiro maior fabricante automóvel japonês teve também uma perda operacional de 462 milhões de euros, enquanto o volume de negócios por vendas caiu 9,7 por cento em termos homólogos, para 15,824 mil milhões de euros, segundo o relatório financeiro publicado ontem.

A perda líquida registada é menor do que a esperada pelos analistas consultados pela Bloomberg, mas reflecte uma situação ainda difícil para o fabricante japonês, envolvido num grande processo de reestruturação.

Embora a evolução da sua oferta e as reduções de custos fixos “tenham permitido atenuar as perdas, o grupo continua a enfrentar ventos contrários, nomeadamente uma diminuição dos volumes de vendas, flutuações desfavoráveis das taxas de câmbio e o impacto dos direitos aduaneiros americanos”, indica a Nissan no relatório.

A empresa mantém as suas previsões para todo o exercício de 2025-2026, em 73 mil milhões de euros, mas escusa-se a fornecer previsões de lucros ou prejuízos num ambiente comercial ainda muito volátil.

As exportações de automóveis do Japão para os Estados Unidos estão sujeitas a uma sobretaxa de 25 por cento desde Abril pela administração Trump. Os direitos aduaneiros totais sobre o sector devem ser reduzidos para 15 por cento, de acordo com um acordo recentemente concluído entre Tóquio e Washington.

Neste contexto, a Nissan viu as suas vendas nos Estados Unidos, em número de unidades, recuarem 6,5 por cento no período de Abril a Junho.

31 Jul 2025

Camboja e Tailândia reiteram na China compromisso com cessar-fogo

Representantes do Camboja e da Tailândia garantiram ontem ao vice-ministro dos Negócios Estrangeiros da China, Sun Weidong, que os seus países estão “comprometidos com o consenso alcançado para o cessar-fogo” após um conflito fronteiriço.

Sun recebeu ontem em Xangai representantes do Camboja e da Tailândia que, segundo o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, reiteraram a Pequim “o seu compromisso com o consenso sobre o cessar-fogo” e expressaram “o seu agradecimento pelo papel positivo da China” para amenizar a situação.

O comunicado indica que a reunião decorreu num ambiente “franco, amigável e harmonioso” e que o encontro demonstra “o último esforço diplomático da China”, que continua a desempenhar “um papel construtivo no apoio ao Camboja e à Tailândia para resolver pacificamente a sua disputa fronteiriça”.

A Tailândia voltou a acusar ontem o Camboja de “violar” o cessar-fogo devido ao conflito na fronteira, enquanto Pnhom Penh nega e garante que está “comprometida” com o acordo de cessação das hostilidades.

A Tailândia e o Camboja concordaram na segunda-feira com um cessar-fogo após cinco dias de confrontos que deixaram mais de 40 mortos de ambos os países, depois de uma disputa territorial histórica terminar num confronto militar em vários pontos de sua fronteira comum. Banguecoque já denunciou na terça-feira a violação do pacto por parte do país vizinho.

Para cumprir

O porta-voz do Ministério da Defesa do Camboja, Maly Socheata, rejeitou ontem as acusações e afirmou que o seu país está comprometido com o acordo assinado que entrou em vigor à meia-noite entre segunda e terça-feira.

Após semanas de tensões na sua fronteira, na quinta-feira, 24 de Julho, eclodiu o confronto por questões territoriais entre os exércitos dos dois países, que se acusaram mutuamente de ter iniciado os ataques.

Durante os cinco dias de conflito, pelo menos 43 pessoas morreram, 30 do lado tailandês e 15 do lado cambojano, enquanto cerca de 300.000 pessoas foram deslocadas, de acordo com os últimos balanços oficiais.

O acordo de cessar-fogo foi selado na segunda-feira com a mediação da Malásia, país que detém a presidência rotativa da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), enquanto os Estados Unidos e a China participaram como coorganizador e observador, respectivamente.

31 Jul 2025

Tsunami | Alerta em todo o Pacífico após gigante sismo ao largo da Rússia

Um forte sismo de magnitude 8,8 atingiu ontem a península de Kamchatka, na Rússia, provocando tsunamis no país e no Japão e a emissão de alertas em muitos países banhados pelo Pacífico

 

Na cidade de Severo-Kourilsk, no norte do arquipélago russo das ilhas Curilas, vários tsunamis inundaram as ruas e parte dos dois mil habitantes foram retirados, de acordo com o Ministério de Situações de Emergência. O estado de emergência foi declarado naquela área.

“A quarta onda do tsunami está a chegar. A onda é muito grande, está tudo inundado, toda a costa está inundada”, testemunhou ontem um habitante num vídeo publicado pelo jornal russo Izvestia. De acordo com o presidente da câmara da cidade, citado pela agência estatal russa Tass, um dos tsunamis arrastou para o mar os navios que estavam ancorados.

De acordo com o Instituto Geológico dos Estados Unidos (USGS), o sismo de magnitude 8,8 na escala de Richter ocorreu por volta das 07h25 de Macau, a 20,7 quilómetros de profundidade, a 126 quilómetros da costa de Petropavlovsk-Kamchatsky, no extremo oriente russo. Esta magnitude é a mais forte registada em Kamchatka desde 5 de Novembro de 1952, quando um terramoto de magnitude 9, ocorrido praticamente no mesmo local, provocou tsunamis devastadores em todo o Oceano Pacífico. O serviço sismológico de Kamchatka alertou que eram esperadas réplicas de até 7,5.

No Japão, imagens na televisão mostraram pessoas a sair de carro ou a pé para zonas mais elevadas, especialmente na ilha de Hokkaido, no norte do país, onde foi observado um primeiro tsunami com 30 centímetros de altura.
Os funcionários da central nuclear de Fukushima (norte), destruída por um forte terremoto e um tsunami em março de 2011, foram retirados, informou a operadora da infraestrutura.

“Não se aventurem no mar e não se aproximem da costa até que o alerta seja levantado”, apelou a Agência Meteorológica Japonesa (JMA), que prevê ondas de três metros. “Os habitantes das regiões onde foram emitidos alertas devem retirar-se imediatamente para locais seguros, zonas elevadas ou edifícios de evacuação”, insistiu o porta-voz do Governo japonês, Yoshimasa Hayashi.

O alerta nipónico abrange toda a costa norte e leste do arquipélago, até ao sul de Osaka, bem como as pequenas ilhas periféricas. Além disso, nas baías de Tóquio e Osaka, o tsunami poderá atingir um metro.

O outro Pacífico

A China emitiu alerta de tsunami para várias zonas da costa. As Filipinas também exortaram os habitantes da costa leste a deslocarem-se para o interior e aconselharam os pescadores que já se encontram no mar a permanecerem em águas profundas.

A mesma mensagem foi transmitida no Havai, nos Estados Unidos, ameaçado por ondas de três metros ou mais. “As pessoas não devem, e repito mais uma vez, não devem, como vimos no passado, permanecer perto da costa ou arriscar a vida apenas para ver como é um tsunami”, disse o governador do estado, Josh Green.

Também o Peru e o México declararam alerta de tsunami para o litoral, assim como o Equador, que evacuou as praias e os portos do arquipélago de Galápagos. Tsunamis de um a três metros também são possíveis no Chile, na Costa Rica, na Polinésia Francesa e outros arquipélagos. Os Estados Unidos emitiram uma série de alertas de diferentes níveis ao longo da costa oeste norte-americana, do Alasca até toda a costa da Califórnia.

31 Jul 2025

Xangai | Mais de 280.000 pessoas retiradas devido ao tufão Co-may

A metrópole chinesa de Xangai retirou mais de 280.000 pessoas até às 10h de ontem, devido à passagem do tufão Co-may, o oitavo desta temporada, que atingiu a costa leste da China.

Em Xangai, vários distritos elevaram os seus níveis de alerta e, de acordo com números citados pelo portal de notícias local Yicai, o número de pessoas retiradas das suas áreas de residência ultrapassa as 280.000. As autoridades ordenaram o encerramento de alguns parques e zonas turísticas, suspenderam obras de construção e cancelaram aulas nas escolas.

A cidade amanheceu ontem com chuvas fortes, com o observatório meteorológico local a alertar que as precipitações acumuladas poderiam ultrapassar os 100 milímetros (mm) ao longo das próximas 24 horas.
O tufão Co-may atingiu a costa leste da China, onde se espera que nas próximas horas, já degradado a tempestade tropical, continue a mover-se em direcção noroeste sobre o território chinês.

A tempestade atingiu a cidade de Zhoushan (província de Zhejiang, leste) por volta das 04h30 com ventos de 23 metros por segundo no seu centro, de acordo com o Centro Meteorológico da China.
Xangai sofreu em Setembro do ano passado o seu tufão mais forte desde 1949, que deixou dois mortos na província vizinha de Jiangsu.

31 Jul 2025

Futebol | Mais dois ex-funcionários condenados por corrupção na China

Dois ex-altos funcionários do futebol chinês foram condenados ontem por crimes de corrupção, elevando para 18 o número de pessoas condenadas desde o início, em 2022, da maior campanha anticorrupção da história recente do futebol do país.

Liu Jun, ex-presidente da empresa gestora da Superliga chinesa (CSL), foi condenado a uma pena combinada de 11 anos de prisão e uma multa de 1,1 milhões de yuan por aceitar subornos, tanto na qualidade de funcionário como de agente não estatal. O tribunal ordenou também a confiscação dos lucros obtidos ilegalmente por Liu, um dos principais investigados num dos maiores casos de corrupção do futebol na China.

Wang Xiaoping, ex-diretor do Comité Disciplinar da Associação Chinesa de Futebol (CFA), recebeu uma pena de 10 anos e meio de prisão e uma multa de 700 mil yuan por crimes semelhantes. Os rendimentos obtidos indevidamente também lhe foram confiscados.

Com estas duas novas sentenças, sobe para 18 o número de condenados na campanha anticorrupção que, desde Novembro de 2022, tem abalado o futebol profissional chinês, afectando ex-dirigentes, treinadores, árbitros e altos cargos da CFA.

Entre os condenados estão figuras proeminentes como o ex-presidente da CFA Chen Xuyuan, condenado a prisão perpétua, e o ex-treinador da selecção nacional e antigo ídolo local, Li Tie, que cumpre uma pena de 20 anos por aceitar e oferecer subornos.

A Associação Chinesa de Futebol (CFA), agora presidida por Song Kai, indicou que a sua prioridade é “retificar a ética no sector e cimentar as bases para uma nova Longa Marcha rumo ao progresso”, em alusão ao esforço colectivo para reconstruir o futebol chinês após os escândalos.

31 Jul 2025

Análise | Economias locais mais dinâmicas já não são Pequim e Xangai

As economias locais mais dinâmicas da China deixaram de ser metrópoles como Pequim e Xangai e passaram a ser cidades menos conhecidas, incluindo Hangzhou e Hefei, segundo um novo relatório da Economist Intelligence Unit. Shenzhen ficou em quinto lugar, enquanto Pequim, Guangzhou e Xangai não entraram no ‘top 10

As conclusões do estudo da Economist Intelligence Unit (EIU), publicado na terça-feira, reflectem uma mudança crescente no panorama económico do país, à medida que cidades de menor dimensão se afirmam como motores de crescimento, graças à força da indústria transformadora avançada, energias limpas e outros sectores emergentes.

O relatório anual da EIU classifica as cidades chinesas em termos de potencial de crescimento, com Hangzhou – sede do gigante do comércio electrónico Alibaba, da empresa de inteligência artificial DeepSeek e de várias outras grandes tecnológicas – a liderar a lista pelo quinto ano consecutivo.

Segue-se Hefei, cidade no leste da China conhecida como polo de semicondutores e veículos eléctricos, e Chengdu, um importante centro industrial no sudoeste do país. Shenzhen, muitas vezes apelidada de “Silicon Valley” da China, ficou em quinto lugar, enquanto Pequim, Guangzhou e Xangai não entraram no ‘top 10’.

Os resultados “reflectem a ascensão da indústria transformadora e o declínio do sector dos serviços” na China, escreveram os economistas Xu Tianzeng e Su Yue, num contexto em que a prolongada crise imobiliária tem travado o consumo e a economia permanece dependente da produção.

Segundo o relatório, Hangzhou recuperou de forma robusta após as restrições regulatórias impostas por Pequim ao sector tecnológico em 2021. “Desde então, a cidade reafirmou a sua liderança na corrida chinesa à inteligência artificial, impulsionada por empresas como a DeepSeek, ao mesmo tempo que aproveitou as suas vantagens na indústria transformadora avançada”, escreveram os autores, salientando que Hangzhou tem uma das posições fiscais mais sólidas do país.

Hangzhou é também sede dos “seis pequenos dragões” – um grupo de ‘startups’ tecnológicas de destaque, incluindo a DeepSeek, a fabricante de robôs humanoides Unitree Robotics e a rival da Neuralink, BrainCo.

As autoridades da província de Zhejiang, onde se situa Hangzhou, têm dado prioridade ao apoio às empresas de alta tecnologia. Na semana passada, divulgaram um projecto de plano de acção para impulsionar a inovação local, que estabelece como meta que mais de 80 por cento das novas empresas cotadas sejam do sector tecnológico até 2027.

O relatório destaca ainda que Hefei e Chengdu fizeram “investimentos estratégicos e ousados” em tecnologias fundamentais para impulsionar o seu desenvolvimento.

Hefei investiu fortemente na CXMT, um dos principais produtores de ‘chips’ de memória DRAM da China, que se prepara para uma oferta pública inicial, sendo amplamente vista como a melhor aposta do país para competir com a Coreia do Sul e os Estados Unidos no mercado global de semicondutores.

Com pés e cabeça

Chengdu, por sua vez, investiu na fabricante de semicondutores Hygon, uma colaboração com a norte-americana AMD. “Estes empreendimentos não só geraram retornos substanciais para as duas cidades, como também lançaram as bases para ecossistemas industriais mais amplos nas cidades vizinhas”, referem os autores.

A área metropolitana que inclui Chengdu, Deyang, Meishan e Ziyang registou uma taxa média de crescimento superior a 7 por cento no primeiro trimestre de 2025, tornando-se uma das regiões de crescimento mais rápido do país.

De forma semelhante, a aposta da China nas energias limpas está a impulsionar forte crescimento em cidades mais pequenas com bases industriais ligadas às tecnologias de energia renovável. Xinyu e Yichun, na província oriental de Jiangxi, viram a procura crescente por minérios ricos em lítio – essenciais para veículos eléctricos e armazenamento de energia – acelerar o crescimento local.

Já Jinchang, na província noroeste de Gansu, registou uma taxa média anual de crescimento de 12,9 por cento entre 2022 e 2024, impulsionada pela procura de infra-estruturas de energia renovável, que dinamizou a indústria local de metais não ferrosos.

O relatório alerta, contudo, que estas cidades mais pequenas, impulsionadas pela transição energética, também enfrentam “vulnerabilidades”, incluindo a exposição a ciclos de preços de matérias-primas, choques no comércio externo e efeitos indirectos de ajustes de sobrecapacidade industrial.

31 Jul 2025

Gaza | Mais de 60 mil palestinianos já morreram na guerra

Mais de 60 mil palestinianos morreram na guerra entre Israel e o Hamas, que começou há 21 meses, declarou ontem o Ministério da Saúde da Faixa de Gaza, controlado pelo grupo islamita palestiniano. O Ministério da Saúde de Gaza declarou que o número de mortos subiu para 60.034, acrescentando que outras 145.870 pessoas ficaram feridas desde o início da guerra, em 7 de Outubro de 2023.

As autoridades de saúde de Gaza não especificaram quantas destas vítimas mortais eram civis ou combatentes, mas sublinharam que as mulheres e as crianças representam cerca de metade dos mortos. As Nações Unidas e outros especialistas independentes consideram os números apresentados pelas autoridades de saúde do enclave como contagem fiável de vítimas.

A ofensiva israelita destruiu vastas áreas de Gaza, desalojou cerca de 90 por cento da população e provocou uma crise humanitária catastrófica, com especialistas e organizações a alertar para a gravidade da fome no enclave.

A guerra sofreu uma reviravolta drástica no início de Março, quando Israel impôs um bloqueio total de dois meses e meio, impedindo a entrada de alimentos, medicamentos, combustível e outros bens.
Semanas depois, Israel quebrou o cessar-fogo com um bombardeamento e começou a tomar grandes áreas de Gaza, medidas que, segundo Israel, visavam pressionar o Hamas a libertar mais reféns. Pelo menos 8.867 palestinianos foram mortos desde então, segundo as autoridades de Gaza.

30 Jul 2025

Canal do Panamá | China considera neutralidade crucial

A embaixada da China no Panamá considerou crucial a neutralidade do Canal do Panamá, após uma reunião com a administração da via interoceânica em que foram discutidas áreas de cooperação marítima.

Na rede social X, a embaixada chinesa escreveu, na segunda-feira, que “ambas as partes trocaram pontos de vista sobre o intercâmbio e a cooperação em áreas como assuntos marítimos e transporte naval entre [China e Panamá], coincidindo na importância crucial de manter a neutralidade permanente do Canal”.

A reunião, realizada na sexta-feira, no edifício da Administração do canal, foi liderada pela embaixadora chinesa no Panamá, Xu Xueyuan, e pelo administrador da via, Ricaurte Vásquez, no âmbito de uma visita de “cortesia” da diplomata, informou a Autoridade do Canal do Panamá (ACP) em comunicado.

Segundo a ACP, Vásquez e a subadministradora, Ilya Espino de Marotta, mantiveram com a delegação chinesa um “diálogo cordial sobre temas de interesse comum, incluindo cooperação em comércio marítimo, inovação tecnológica e sustentabilidade”. O encontro ocorre numa altura de reiteradas acusações dos Estados Unidos sobre a alegada “influência maligna” da China no canal, rejeitadas tanto pelo Governo chinês como pelo panamiano.

Este mês, o porta-voz da embaixada chinesa no Panamá criticou as “mentiras” que o embaixador norte-americano no país “repete até à exaustão sobre a China e as relações sino-panamianas”.

Com base na alegada ingerência chinesa no Canal do Panamá, o Presidente norte-americano, Donald Trump, ameaçou “recuperar” a via, construída e operada pelos EUA no século passado até à sua transferência para o Estado panamiano, há 25 anos.

30 Jul 2025

Camboja e Tailândia suspenderam os movimentos de tropas na fronteira

Os exércitos da Tailândia e do Camboja concordaram ontem suspender o movimento de tropas na fronteira, cumprindo o cessar-fogo alcançado na segunda-feira após cinco dias de confrontos. A suspensão do movimento de efectivos militares foi anunciada pelas autoridades tailandesas referindo-se às zonas perto da fronteira entre a Tailândia e o Camboja.

O porta-voz do Exército tailandês, Winthai Suvaree, explicou que os comandantes regionais dos dois países realizaram ontem três reuniões, que terminaram com o acordo que determinou a paragem do movimento de tropas. Devido aos combates dos últimos dias, cerca de 300 mil civis foram obrigados a abandonar os respectivos locais de residência.

Além da paralisação das tropas, as partes concordaram estabelecer comunicações directas entre os chefes militares assim como se vai facilitar o regresso dos feridos e a entrega de restos mortais.

De acordo com fontes militares e governamentais da Tailândia, 15 civis e 14 militares perderam a vida na última semana devido ao agravamento do conflito. Segundo a mesma fonte, 126 militares e 53 civis ficaram feridos, alguns com gravidade.

O Ministério da Defesa do Camboja não actualizou o balanço comunicado no passado fim-de-semana. Os militares do Camboja disseram na altura que cinco militares morreram e 21 ficaram feridos tendo-se registado oito mortes entre a população civil.

Cessar, mas pouco

O exército tailandês acusou ontem o Camboja de violar o cessar-fogo, afirmando que os confrontos continuaram, apesar de a trégua ter entrado em vigor à meia-noite.

“Após a declaração do cessar-fogo, foram relatados distúrbios na área de Phu Makua, causados pelo lado cambojano, levando a uma troca de tiros entre os dois lados, que continuou até esta manhã”, escreveu ontem num comunicado o porta-voz adjunto do exército tailandês, Ritcha Suksuwanon. Além disso, “ocorreram também confrontos na área de Sam Taet e continuaram até as 05h30 (06h30 em Macau)”.

As reuniões de ontem fazem parte do acordo de cessar-fogo alcançado na segunda-feira entre Banguecoque e Phnom Pen, com a mediação da Malásia. O cessar-fogo foi anunciado pelo primeiro-ministro da Malásia, Anwar Ibrahim, na qualidade de presidente da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN). Os combates começaram na quinta-feira passada, após várias semanas de tensões em vários pontos dos 820 quilómetros da fronteira comum entre os dois países.

O Camboja e a Tailândia estão em conflito há muito tempo sobre o traçado da fronteira de mais de 800 quilómetros, definida em grande parte por acordos celebrados durante a ocupação francesa da chamada Indochina, entre final do século XIX e meados do século XX.

30 Jul 2025

Henan | Nomeado abade de templo Shaolin após escândalo de corrupção

A China nomeou ontem um novo abade para o emblemático templo Shaolin, após a destituição do anterior líder religioso, investigado por corrupção e conduta imprópria, anunciaram as autoridades budistas.

O novo responsável do mosteiro, situado na província central de Henan e conhecido mundialmente pela ligação ao kungfu e ao budismo chan, é o mestre Yinle, que desde 2005 exercia como abade do histórico templo do Cavalo Branco (‘Baima’), na mesma região.

Segundo um comunicado oficial emitido pela administração do templo Shaolin, a nomeação foi realizada “de acordo com os procedimentos” estipulados pela regulação estatal e contou com o apoio da comunidade monástica local. O anúncio ocorre um dia depois de a Associação Budista da China ter revogado o certificado de ordenação do anterior abade, Shi Yongxin, por “graves violações disciplinares”.

As autoridades religiosas acusam-no de desviar fundos ligados ao templo e de manter relações impróprias, incluindo pelo menos um filho reconhecido, em violação dos votos monásticos.

30 Jul 2025

Chuva e inundações matam pelo menos 34 pessoas em Pequim e arredores

As cheias e chuvas intensas provocaram 30 mortos em Pequim, anunciaram ontem as autoridades, elevando para pelo menos 34 o número de vítimas mortais provocadas pelas tempestades que assolam a região. Em comunicado, o governo municipal indicou que 28 pessoas morreram no distrito de Miyun, o mais afectado, e duas no distrito de Yanqing, ambos situados na periferia de Pequim.

Mais de 80 mil residentes foram retirados da cidade, incluindo cerca de 17 mil em Miyun, acrescentou a mesma nota. Durante a noite de segunda-feira voltou a chover com intensidade na área. Nesse dia, as autoridades reportaram ainda um deslizamento de terras que causou quatro mortos na zona rural de Luanping, na vizinha província de Hebei, onde outras oito pessoas continuam desaparecidas. Um residente disse ao jornal estatal Beijing News que as comunicações estão cortadas e não consegue contactar os familiares.

As tempestades causaram uma precipitação média superior a 16 centímetros em Pequim até à meia-noite de segunda-feira, com duas localidades de Miyun a registarem 54 centímetros de chuva, segundo o governo municipal.

As autoridades de Miyun abriram as comportas de uma barragem que atingiu o nível mais elevado desde a sua construção, em 1959, e alertaram a população para se manter afastada dos rios a jusante, cuja subida vai continuar devido à previsão de mais chuva.

O primeiro-ministro chinês, Li Qiang, afirmou na segunda-feira que as cheias em Miyun causaram “graves baixas” e apelou a operações de salvamento, informou a agência noticiosa oficial Xinhua.

O temporal provocou cortes de electricidade em mais de 130 aldeias, destruiu linhas de comunicação e danificou mais de 30 troços de estrada. Na zona de Miyun, as inundações arrastaram automóveis e derrubaram postes de electricidade.

“Em sérios apuros”

Em Taishitun, a cerca de 100 quilómetros a nordeste do centro de Pequim, árvores arrancadas ficaram empilhadas com as raízes expostas e as ruas ficaram cobertas de lama, que atingiu paredes de edifícios. “As águas chegaram de repente, tão rápidas e súbitas. Em pouco tempo, tudo estava a encher”, relatou Zhuang Zhelin, que limpava a lama com a família na sua loja de materiais de construção, citado pela
agência Associated Press.

O vizinho, Wei Zhengming, médico de medicina tradicional chinesa, retirava lama da sua clínica, de chinelos e com os pés cobertos de lodo. “Estava tudo inundado, à frente e atrás. Fugi para o andar de cima e fiquei à espera de resgate. Pensei: se ninguém vier buscar-nos, estamos em sérios apuros”, contou.

As autoridades de Pequim activaram na segunda-feira à noite o nível máximo de emergência, ordenando à população que permanecesse em casa, encerrando escolas, suspendendo obras e actividades turísticas ao ar livre, medidas que vão vigorar até nova indicação.

30 Jul 2025

Economia | Pequim quer reforçar laços com o Brasil face a tarifas de Trump

A China manifestou ontem disponibilidade para reforçar os laços económicos com o Brasil e defender o que classificou de “justiça” no comércio internacional, a poucos dias da entrada em vigor de tarifas dos EUA sobre as exportações brasileiras

 

Em conferência de imprensa em Pequim, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês Guo Jiakun disse que a China está disposta a trabalhar com o Brasil e outros países do bloco de economias emergentes BRICS e da América Latina para defender um sistema comercial multilateral centrado na Organização Mundial do Comércio.

Guo sublinhou a importância da cooperação com o Brasil no sector da aviação, referindo-se ao insucesso das negociações para anunciar vendas de aeronaves durante a visita de Estado do Presidente chinês, Xi Jinping, a Brasília, em 2023, apesar das tentativas iniciais. “A China valoriza a cooperação orientada para resultados com o Brasil, incluindo na aviação. Estamos prontos para promover a cooperação relevante com base em princípios de mercado e impulsionar o desenvolvimento nacional de ambos os países”, afirmou.

O porta-voz recordou que a Embraer, um dos principais fabricantes mundiais de aeronaves comerciais de médio porte, depende fortemente dos EUA como principal mercado de exportação.

Horas depois, o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês voltou a defender o Brasil, reafirmando, através da rede social X, que as guerras comerciais “não têm vencedores”. A declaração surge num contexto de maior tensão diplomática. No início do mês, o Presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou uma tarifa de 50 por cento sobre todas as importações brasileiras, justificando-a com a alegada perseguição política ao seu aliado, o ex-presidente Jair Bolsonaro, que aguarda julgamento pela participação numa tentativa de golpe de Estado, em 2023.
Segundo a CNN Brasil, um representante da administração Trump sugeriu informalmente que os EUA poderiam negociar o acesso a minerais raros brasileiros em troca da redução das tarifas. A proposta nunca foi tornada pública, mas gerou preocupação em Brasília, onde as autoridades viram na sugestão uma tentativa de usar pressão económica para obter concessões estratégicas.

Tesouros do subsolo

A China domina o mercado global de terras raras, fornecendo cerca de 70 por cento da procura mundial e concentrando ainda mais capacidade de processamento. Nos últimos anos, Pequim tem usado essa posição como instrumento em disputas comerciais, levando os EUA e aliados a procurarem fornecedores alternativos. O Brasil, que detém as segundas maiores reservas conhecidas, tornou-se uma opção cada vez mais relevante.

Um relatório recente do Conselho Empresarial China-Brasil indicou que as exportações brasileiras de compostos de terras raras para a China atingiram 6,7 milhões de dólares no primeiro semestre de 2025, triplicando face ao mesmo período do ano anterior.

Analistas apontaram que o aumento reflecte a estratégia chinesa de diversificar o acesso a minerais críticos e reduzir os custos ambientais do processamento interno.

O Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, rejeitou publicamente qualquer tentativa norte-americana de pressionar o país a ceder o controlo sobre a sua riqueza mineral. Num evento sobre energia, no Rio de Janeiro, na segunda-feira, criticou o que considerou ser oportunismo de Washington. Lula acrescentou que qualquer empresa interessada em explorar o solo brasileiro precisa de autorização estatal e está proibida de vender ou transferir direitos sem aprovação do Governo.

Com o prazo para as tarifas a aproximar-se, diplomatas brasileiros tentam evitar uma ruptura comercial. O ministro dos Negócios Estrangeiros, Mauro Vieira, chegou no domingo aos EUA para reuniões nas Nações Unidas, em Nova Iorque, e indicou que poderá deslocar-se a Washington se a administração Trump manifestar abertura para retomar negociações.

Uma delegação de oito senadores brasileiros permanece em Washington para encontros com legisladores, empresários e representantes da sociedade civil, prevendo ficar até quarta-feira e tentar reunir-se com o secretário norte-americano do Comércio, Howard Lutnick.

30 Jul 2025

Templo Shaolin | Retirado estatuto religioso a abade por peculato

As autoridades chinesas revogaram ontem o estatuto religioso de Shi Yongxin, abade do célebre templo Shaolin, que está a ser investigado por alegados crimes financeiros e por manter relações impróprias em violação dos preceitos budistas.

A Associação Budista da China, subordinada ao departamento da Frente Unida do Partido Comunista Chinês, anunciou ter retirado o certificado de ordenação monástica ao religioso, após receber um pedido da associação provincial de Henan.

Shi Yongxin, de 59 anos, é suspeito de ter desviado fundos ligados a projectos do templo e de ter usurpado bens do mosteiro, além de manter, durante anos, relações com várias mulheres, das quais terá tido pelo menos um filho, segundo as autoridades religiosas.

Localizado na província central de Henan, o templo Shaolin é um dos mais conhecidos da China e símbolo internacional do budismo chan e do kung-fu, disciplinas que lhe deram fama mundial e o transformaram num importante destino turístico.

Conhecido pelo nome secular Liu Yincheng, Shi Yongxin liderava o templo há três décadas. Construído há mais de 1.500 anos, em Dengfeng, o mosteiro é considerado o berço do budismo zen e das artes marciais Shaolin.

Em 2015, o monge já tinha sido alvo de acusações semelhantes feitas por antigos monges e funcionários do templo, mas as autoridades encerraram então o caso sem apresentar acusações.
O escândalo não afectou, para já, a actividade turística do mosteiro, que continua aberto ao público, confirmou o centro de visitantes do templo ao jornal local The Paper.

29 Jul 2025

Tailândia/Camboja | Cessar-fogo “imediato e incondicional” aceite pelas duas partes

A Tailândia e o Camboja concordaram com o cessar-fogo proposto ontem numa reunião na Malásia, após os piores combates da última década. Horas antes do início das negociações, representantes dos dois países trocaram acusações

 

A Tailândia e o Camboja concordaram com um cessar-fogo “imediato e incondicional”, anunciou ontem ao final da tarde o primeiro-ministro da Malásia após realizar negociações de paz. Anwar Ibrahim, que recebeu os líderes de ambos os países, disse que o cessar-fogo terá início à meia-noite de segunda-feira, hora local.

“Tanto o Camboja como a Tailândia chegaram a um entendimento comum”, disse Ibrahim após as negociações de mediação na Malásia. Os embaixadores dos Estados Unidos e da China na Malásia também estiveram presentes na reunião na capital administrativa da Malásia, Putrajaya.

Recorde-se que a Malásia detém a presidência rotativa da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), da qual Banguecoque e Phnom Penh são membros, e já interveio como mediadora entre as partes no segundo dia do diferendo.

Pelo menos 35 pessoas foram mortas e mais de 270.000 deslocadas pelos piores combates em mais de uma década entre os países vizinhos. Os confrontos continuaram na madrugada de segunda-feira, poucas horas antes do início das negociações.
Além do confronto físico, os dirigentes dos dois países também trocaram acusações horas antes da negociações que parecem apontar para o fim do conflito.

O primeiro-ministro interino tailandês acusou o Camboja de falta de “boa fé”, ao partir para a Malásia. “Não achamos que o Camboja esteja a agir de boa-fé, tendo em conta as acções para resolver o problema. Eles têm de demonstrar uma intenção sincera”, disse Phumtham Wechayachai aos jornalistas no aeroporto em Banguecoque.

Também o Camboja afirmou que os ataques continuaram na madrugada de segunda-feira nos templos disputados de Ta Moan Thom e Ta Krabey, a mais de 400 quilómetros de Banguecoque e Phnom Penh. A porta-voz do Ministério da Defesa do Camboja, Maly Socheata, disse, numa conferência de imprensa, que a Tailândia atacou o território cambojano entre domingo e a madrugada de ontem com obuses de artilharia e bombas de fragmentação.

“Sublinhamos a necessidade de ambas as partes exercerem a máxima contenção e se comprometerem com um cessar-fogo imediato, abstendo-se de qualquer acção que o possa prejudicar”, lê-se num comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Malásia ainda antes da reunião.

“Exortamos ambas as partes a cessarem todas as hostilidades, a regressarem à mesa das negociações para restaurar a paz e a estabilidade e a resolverem os diferendos e as divergências por meios pacíficos”, declarou ainda o Governo de Kuala Lumpur.

Potências atentas

O chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Marco Rubio, exortou os dois países a diminuírem as tensões “de imediato” e a concordarem com um cessar-fogo na disputa fronteiriça. “Tanto o Presidente [Donald] Trump como eu estamos em contacto com os nossos homólogos de cada país e estamos a acompanhar a situação de muito perto. Queremos que este conflito termine o mais rapidamente possível”, apontou Rubio na rede social X.

Também o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês apelou à paz. “Camboja e Tailândia são vizinhos próximos e também amigos da China. A paz e a boa vizinhança são do interesse comum de ambas as partes”, declarou o porta-voz do ministério, Guo Jiakun, em conferência de imprensa.

As declarações surgem após o primeiro-ministro interino tailandês, Phumtham Wechayachai, ter citado a China, juntamente com os Estados Unidos e a Malásia, como um dos países que “intervieram para ajudar” a viabilizar o encontro entre Banguecoque e Phnom Penh, em confronto desde quinta-feira passada devido a uma disputa territorial na fronteira comum.

Além de Washington, Pequim e da ASEAN, também a ONU, União Europeia, Japão e Rússia, entre outros, apelaram à contenção e ao diálogo entre as partes.

29 Jul 2025

Tarifas | China e Estados Unidos reunidos para prolongar trégua

Responsáveis norte-americanos e chineses estão reunidos desde ontem, em Estocolmo, com o objectivo de prolongar a trégua na guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo, num contexto ainda incerto.

Trata-se do terceiro encontro entre Pequim e Washington, depois das reuniões em Genebra, em Maio, e Londres, em Junho, que permitiram pôr fim à escalada nas tensões comerciais entre os dois países.

A reunião decorre no início de uma semana decisiva para a política comercial do Presidente norte-americano, Donald Trump, uma vez que as tarifas aplicadas à maioria dos principais parceiros comerciais dos Estados Unidos deverão sofrer um forte aumento a partir de sexta-feira.

As discussões em Estocolmo visam prolongar a pausa de 90 dias negociada em Maio, em Genebra, que pôs fim às represálias de ambos os lados do Pacífico, responsáveis por sobretaxas de 125 por cento sobre produtos norte-americanos e 145 por cento sobre produtos chineses.

29 Jul 2025