Ucrânia | Pequim critica Estados Unidos por “procurarem inimigos em vez da paz”

A mentalidade de “guerra fria” continua a ser apontada por Pequim como um erro crasso dos Estados Unidos que são igualmente acusados de alimentarem a guerra em vez de procurarem soluções de paz

 

A China criticou na passada sexta-feira os Estados Unidos pela sua “lógica de preto e branco” e por “procurar inimigos em vez da paz”, referindo-se às recentes declarações de um porta-voz do Departamento de Estado norte-americano sobre a guerra na Ucrânia.

O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Wang Wenbin, acusou Washington de manter uma “mentalidade de Guerra Fria” e de ser “parcialmente responsável pela eclosão e escalada do conflito na Ucrânia”.

O porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Vedant Patel, afirmou na passada quinta-feira que a China não pode “ter o seu bolo e comê-lo também”, afirmando simultaneamente ter “relações boas, fortes e profundas” com a Europa, enquanto “alimenta a maior ameaça à segurança europeia desde há muito tempo”, referindo-se à aproximação de Pequim a Moscovo.

Wang disse em conferência de imprensa que a China “não é nem criadora nem parte” do conflito e que “sempre promoveu a paz e o diálogo”. O porta-voz chinês instou os EUA a “não culparem a China pelo conflito”, a “não tentarem criar divisões entre China e Europa” e a “não deitarem achas para a fogueira”.

Wang apelou a Washington para que “tome medidas práticas para a resolução política da crise ucraniana”, evitando mais uma vez chamar guerra ao conflito e mantendo a equidistância enquanto o Presidente russo, Vladimir Putin, está em visita oficial ao país asiático.

Pressão ocidental

Num encontro em Pequim, na quinta-feira, o líder russo e o Presidente chinês, Xi Jinping, reafirmaram as suas boas relações, frustrando as esperanças ocidentais de que Pequim fosse pressionar Moscovo a pôr fim à guerra. As declarações da China surgem num período de tensões crescentes entre o país asiático e os Estados Unidos sobre a guerra.

Washington acusou Pequim de fornecer a máquina de guerra russa, enquanto a China negou essas acusações e apelou a um cessar-fogo e a negociações “tendo em conta os interesses de todas as partes”.

20 Mai 2024

Pequim acusa barco de guerra filipino encalhado de causar “poluição irreversível”

O casco e as instalações interiores de um navio de guerra das Filipinas encalhado em Ren’ai Jiao (também conhecido como recife de Ren’ai) estão gravemente corroídos, segundo um conjunto de imagens da Guarda Costeira da China (CCG) obtidas recentemente e divulgadas pelo Global Times. Especialistas chineses alertaram que o navio de guerra pode causar danos irreversíveis e contínuos à vida marinha no Mar do Sul da China.

Segundo a China, desde 2023, as Filipinas “agiram de má-fé e forneceram secretamente materiais de construção ao navio de guerra encalhado através de vários meios. Os repetidos suplementos das Filipinas expuseram totalmente sua intenção de violar descaradamente a sua promessa de rebocar o navio de guerra e sua tentativa de ocupar ilegalmente o Ren’ai Jiao da China com intenção maliciosa”.

As imagens mostram que o casco do navio de guerra encalhado apresenta danos e fugas, com uma grande quantidade de tinta a descascar do casco e muitas ferrugens corroídas, com a água a escorrer directamente para o mar. O navio inteiro quase se transformou numa pilha de ferro-velho enferrujado, com vários objectos pessoais e lixo colocados casualmente no convés descoberto.

Os militares filipinos estão a pescar no recife pouco profundo de Ren’ai Jiao. Uma das imagens mostra um militar filipino de pé sobre o navio de guerra encalhado, suspeito de urinar na lagoa de Ren’ai Jiao.

Vários vídeos captados no início deste ano mostram que os militares filipinos que se encontravam no navio de guerra encalhado não só despejavam águas residuais directamente no mar, como também se reuniam no convés de proa para queimar lixo.

Yang Xiao, vice-director do Instituto de Estudos de Estratégia Marítima do Instituto de Relações Internacionais Contemporâneas da China, disse que, devido ao facto de o navio de guerra ter estado imobilizado durante quase 25 anos, a tinta do casco do navio, a dissolução da ferrugem do metal do casco, a descarga da combustão de combustíveis fósseis e os resíduos domésticos a bordo do navio foram descarregados durante muito tempo nos recifes e nas águas à volta de Ren’ai Jiao.

“Estas toxinas continuam a espalhar-se em torno dos pontos de ligação à terra do navio encalhado ilegalmente, causando danos irreversíveis e contínuos à vida marinha circundante. Isto não só causa a morte de animais marinhos, como peixes e camarões, mas também provoca danos cumulativos nas plantas aquáticas marinhas. Além disso, através da cadeia alimentar, tem efeitos adversos significativos no ecossistema marinho do Mar do Sul da China e, por extensão, na humanidade”, afirmou Yang.

Com dolo

“No caso dos navios que se deslocam constantemente no mar, a tinta e a poluição do navio podem ser continuamente diluídas pela água do mar. No entanto, se o navio estiver atracado ou encalhado em pontos fixos durante muito tempo, a poluição é difícil de ser diluída pela água do mar devido à falta de movimento da água, resultando num gradiente de toxinas centrado no navio de guerra”, observou Yang.

“Entre eles, os poluentes mais importantes são o óxido de mercúrio, os compostos organoestânicos [TBT] e os compostos de cobre. Há investigação científica suficiente para mostrar que estas toxinas podem causar poluição patogénica irreversível à vida marinha. Mais importante ainda, com o enriquecimento da cadeia alimentar, estes poluentes podem entrar no círculo de vida humano”, afirmou Yang.

Yang afirmou ainda que o Governo filipino encalhou deliberadamente um navio militar degradado nos belos recifes do Mar da China Meridional e não cumpriu a sua promessa de o remover durante 25 anos. Além disso, “as Filipinas não conseguem e não querem levar a cabo a protecção ambiental e o controlo da poluição no navio, o que leva a que uma grande quantidade de poluentes naturais e artificiais seja descarregada directamente nos recifes e nas águas circundantes, o que é extremamente irresponsável e incivilizado”, concluiu Yang.

17 Mai 2024

Putin agradece, Xi cita Carta da ONU

O Presidente russo, Vladimir Putin, agradeceu ontem a Xi Jinping as iniciativas da China para resolver o conflito na Ucrânia, num encontro em Pequim, no qual o líder chinês disse esperar que a Europa regresse à paz. Putin garantiu que vai informar Xi em pormenor sobre a “situação na Ucrânia” e afirmou que o seu país “está grato pela iniciativa dos colegas e amigos chineses para resolver a situação”. “A China espera que a Europa regresse rapidamente à paz e à estabilidade e vai continuar a desempenhar um papel construtivo nesse sentido”, apontou Xi.

O primeiro ponto do plano chinês destacou a importância de “respeitar a soberania de todos os países”, numa referência à Ucrânia. “O Direito internacional, universalmente reconhecido, incluindo os propósitos e princípios da Carta das Nações Unidas, deve ser rigorosamente observado”, lê-se na proposta. Mas o Governo chinês apelou ainda ao fim da “mentalidade da Guerra Fria” – um termo frequentemente usado por Pequim para criticar a política externa dos Estados Unidos.

“A segurança de uma região não deve ser alcançada através do fortalecimento ou expansão de blocos militares”, lê-se, numa crítica implícita ao alargamento da NATO. “Os legítimos interesses e preocupações de segurança de todos os países devem ser levados a sério e tratados adequadamente”.

Xi afirmou que os dois países estão a aprofundar as suas relações como “bons vizinhos, bons amigos, bons parceiros”, ecoando o seu compromisso com a amizade “sem limites” que proclamaram em 2022, pouco antes de a Rússia lançar a invasão.

Pequim é agora o maior mercado para o petróleo e gás russos e uma importante fonte de importações, que incluem bens de dupla utilização civil e militar, que mantêm a máquina militar russa operacional, apesar de a China ter banido a venda de armamento ao país vizinho.

Abertos a negociações

Citado pela agência noticiosa estatal russa RIA-Novosti, Putin afirmou que as relações Rússia – China “não são dirigidas contra ninguém”. “A nossa cooperação nos assuntos mundiais é hoje um dos principais factores de estabilização do cenário internacional”, realçou.

Na véspera da visita, Putin afirmou, numa entrevista à imprensa oficial chinesa, que o Kremlin quer negociar uma solução para o conflito na Ucrânia. “Estamos abertos a um diálogo sobre a Ucrânia, mas essas negociações devem ter em conta os interesses de todos os países envolvidos no conflito”, afirmou.

A deslocação do líder russo ocorre numa altura em que as forças do seu país têm vindo a intensificar uma ofensiva na região de Kharkiv, no nordeste da Ucrânia, que teve início na semana passada, na incursão fronteiriça mais significativa desde o início da invasão em grande escala.

Juntamente com os esforços de Moscovo para aproveitar os seus ganhos na região vizinha de Donetsk, a guerra de dois anos entrou numa fase crítica para as forças armadas ucranianas, que aguardam novos fornecimentos de mísseis antiaéreos e cartuchos de artilharia dos Estados Unidos. “Estamos a procurar uma solução abrangente, sustentável e justa para este conflito”, afirmou Putin, citado pela Xinhua.

17 Mai 2024

Putin em Pequim | Xi Jinping define estado das relações com a Rússia

O presidente chinês atribuiu ao cumprimento de cinco pontos o sucesso das relações China-Rússia

 

Ao dar as boas-vindas ao presidente russo, Xi comentou que a visita de Estado de Putin à China é a sua primeira visita ao estrangeiro desde o início de um novo mandato presidencial. Para ele, este facto demonstra a “grande importância” que o Presidente Putin e a parte russa atribuem às relações com a China.

Em conferência de imprensa, Xi afirmou que tinha acabado de concluir com Putin uma reunião “sincera e cordial”, que abrangeu muitos temas. Uma análise exaustiva da experiência bem-sucedida de desenvolvimento das relações entre a China e a Rússia nos últimos 75 anos, desde o estabelecimento das relações diplomáticas, procederam a uma troca de pontos de vista aprofundada sobre as relações e sobre as principais questões internacionais e regionais de interesse mútuo e traçaram o rumo a seguir para as relações e a cooperação sino-russas em todos os domínios.

Xi acrescentou que também assinaram e emitiram a “Declaração Conjunta da República Popular da China e da Federação Russa sobre o Aprofundamento da Parceria Estratégica Abrangente de Coordenação para a Nova Era no Contexto do 75º Aniversário das Relações Diplomáticas China-Rússia”, e testemunharam a assinatura de uma série de importantes documentos de cooperação intergovernamental e interagências, que “injectam um novo e forte impulso no desenvolvimento sólido das relações China-Rússia”.

Xi sublinhou que as relações entre a China e a Rússia tornaram-se um excelente exemplo de uma nova forma de relações internacionais, bem como de relações de boa vizinhança entre dois grandes países. O presidente chinês atribuiu este “progresso notável” nas relações China-Rússia “ao empenhamento dos dois países em cinco princípios”.

Assim, em primeiro lugar, afirmou Xi, a China e a Rússia estão empenhadas no “respeito mútuo como princípio fundamental das relações” e apoiam sempre os interesses fundamentais da outra parte. Os dois presidentes concordam que a chave para que os dois países encontrem um novo caminho para o crescimento das relações entre países importantes e vizinhos reside no respeito mútuo e na igualdade, bem como no apoio mútuo firme em questões relacionadas com os interesses fundamentais e as principais preocupações de cada um. Este aspecto é “fundamental” para a parceria estratégica global de coordenação China-Rússia para a nova era. “As duas partes continuarão a defender os princípios da não aliança, da não confrontação e de não visar terceiros, aprofundar a confiança política, respeitar a escolha recíproca da via de desenvolvimento e a realizar o desenvolvimento e a revitalização com o apoio firme da outra parte”, acrescentou Xi.

Em segundo lugar, disse Xi, “a China e a Rússia estão empenhadas na cooperação vantajosa para ambas as partes como a força motriz das relações e trabalham para promover um novo paradigma de benefício mútuo”. No ano passado, o comércio bilateral ultrapassou os 240 mil milhões de dólares americanos, cerca de 2,7 vezes mais do que há uma década. Esta é uma boa indicação da cooperação global de benefício mútuo que continua a aprofundar-se entre os dois países. Os presidentes concordam que os dois países precisam de procurar áreas em que os seus interesses convergem, aproveitar os seus pontos fortes comparativos, aprofundar a integração de interesses e permitir o sucesso um do outro. “Os dois países precisam de melhorar ainda mais a sua cooperação em termos estruturais, consolidar a boa dinâmica no comércio e noutras áreas tradicionais de cooperação, apoiar a formação de plataformas e redes de investigação fundamental, continuar a desbloquear o potencial de cooperação em áreas de fronteira, intensificar a cooperação em matéria de portos, transportes e logística e ajudar a manter estáveis as cadeias industriais e de abastecimento globais”, afirmou Xi.

Em terceiro lugar, a China e a Rússia estão empenhadas em “manter uma amizade duradoura como base das relações e em levar por diante a tocha da amizade sino-russa. Tanto a China como a Rússia têm uma história consagrada pelo tempo e uma cultura esplêndida. As obras de Pushkin e Tolstoi são conhecidas na China e a Ópera de Pequim e o Tai Chi são muito apreciados pelo povo russo. Ao concentrarem-se na implementação do Roteiro para a Cooperação China-Rússia em matéria de intercâmbios interpessoais e culturais antes de 2030, os dois países estão a expandir os laços interpessoais e culturais”, afirmou Xi. Os dois presidentes definiram 2024 e 2025 como os Anos Culturais China-Rússia, propuseram uma série de actividades culturais que são realistas, próximas do coração das pessoas e populares entre elas, e “encorajaram interacções mais estreitas entre vários sectores e a nível subnacional, de modo a aumentar a compreensão mútua e a afinidade entre os dois povos”, observou Xi.

Em quarto lugar, disse Xi, “a China e a Rússia estão empenhadas na coordenação estratégica como base das relações, e orientam a governação global na direcção certa. Os dois países estão firmemente empenhados em salvaguardar o sistema internacional centrado nas Nações Unidas e a ordem internacional sustentada pelo direito internacional. Mantêm uma estreita coordenação e colaboração em plataformas multilaterais, como a ONU, a APEC e o G20, e promovem a multipolaridade e a globalização económica no espírito do verdadeiro multilateralismo”. Com a Rússia presidindo os BRICS este ano e a China assumindo a presidência da Organização de Cooperação de Xangai no final deste ano, “os dois lados apoiarão a presidência um do outro, construirão uma parceria de alta qualidade que seja mais abrangente, próxima, prática e inclusiva, e construirão a unidade e a força do Sul Global”, acrescentou.

Por último

Em quinto lugar, “a China e a Rússia estão empenhadas na equidade e na justiça como objectivo das relações e dedicadas à resolução política dos pontos críticos. A mentalidade da Guerra Fria ainda existe e o unilateralismo, o hegemonismo, o confronto entre blocos e a política de poder ameaçam a paz mundial e a segurança de todos os países”. Os dois presidentes são de opinião que é urgente resolver o conflito israelo-palestiniano. “As resoluções da ONU devem ser implementadas com seriedade e a questão da Palestina deve ser resolvida com base na solução de dois Estados”, disse Xi. Quanto à Ucrânia, “a posição da China sobre esta questão é coerente e clara, incluindo a observância dos objectivos e princípios da Carta das Nações Unidas, o respeito pela soberania e integridade territorial de todos os países, o respeito pelas preocupações legítimas de segurança de todas as partes e a construção de uma nova arquitectura de segurança que seja equilibrada, eficaz e sustentável. A China espera que a paz e a estabilidade regressem ao continente europeu numa data próxima e está pronta a desempenhar um papel construtivo para esse fim”, afirmou.

Xi salientou que, como diz um ditado chinês, “uma montanha é formada pela acumulação de solo e um oceano é formado pela acumulação de água”. “Após 75 anos de sólida acumulação, a amizade duradoura e a cooperação global entre a China e a Rússia constituem um forte impulso para os dois países avançarem apesar do vento e da chuva. Tendo alcançado um novo ponto de partida, a China e a Rússia manter-se-ão sempre empenhadas no seu objectivo fundador e assumirão conjuntamente a responsabilidade de criar mais benefícios para os seus povos e dar o devido contributo para a segurança e estabilidade globais”, concluiu Xi.

17 Mai 2024

Timor-Leste | PR defende recrutamento local de timorenses para trabalharem em Portugal

O Presidente de Timor-Leste defendeu ontem que o recrutamento de timorenses para trabalharem em Portugal devia ser feito localmente ou à chegada ao país, para evitar “falsas agências de emprego” e “combater o “tráfico humano”.

O que “faria todo o sentido é que qualquer timorense que queira trabalhar em Portugal, chegando lá, fosse apoiado por agências vocacionadas para o efeito e fossem logo trabalhar”, disse José Ramos-Horta, quando questionado pela Lusa sobre a decisão de Portugal de passar a exigir comprovativo de meios de subsistência para atribuir visto de trabalho a cidadãos da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

“Eu compreendo, do lado de Portugal que haja precauções”, disse o chefe de Estado, dando como exemplo o Japão, que abriu um programa para contratar trabalhadores estrangeiros, mas que chegam ao país já com contrato e emprego garantido.

O objectivo, explicou Ramos-Horta, é “evitar que vão milhares de pessoas de repente e só depois é que começam a procurar emprego”. Nesse sentido, o Presidente timorense defendeu também que deviam instalar-se em Timor-Leste agências portuguesas de contratação de trabalhadores.

“Fazem entrevistas e recrutamento aqui, toda a papelada é feita, para evitar falsas agências de emprego, combater o tráfico humano, falsas agências de viagens. Muitos timorenses que foram para Inglaterra, há 20 anos, primeiro foram para Portugal e foi uma agência portuguesa que organizou tudo e que continua a apoiar timorenses”, salientou.

O secretário das Comunidades Portuguesas, José Cesário, anunciou terça-feira que os cidadãos lusófonos que pretendam entrar em Portugal com um visto de trabalho da CPLP vão ter de comprovar meios de subsistência até arranjarem trabalho, ao contrário do que estava anteriormente previsto.

16 Mai 2024

Taiwan | Pequim anuncia “medidas disciplinares” contra taiwaneses por “espalharem boatos”

O Gabinete para os Assuntos de Taiwan do Conselho de Estado (Executivo) da China anunciou ontem que vai tomar “medidas disciplinares” contra cinco pessoas na ilha por “divulgarem informações falsas” sobre Pequim.

O porta-voz do Gabinete, Chen Binhua, disse em conferência de imprensa que “certos indivíduos em Taiwan ignoraram as realizações e os progressos da China continental”, o que, segundo ele, “induziu em erro alguns cidadãos da ilha, fomentando a hostilidade e prejudicando as relações entre os dois lados do estreito”.

O porta-voz respondia a uma pergunta que se referia a declarações de algumas pessoas influentes na ilha que afirmaram que os assentos dos comboios de alta velocidade na China não têm encostos ou que os cidadãos chineses são tão pobres que não se podem dar ao luxo de comprar ovos cozidos mergulhados em chá.

Chen recordou que “qualquer acto de fabricação ou difusão de rumores que perturbe a ordem social e prejudique a honra e os interesses do país enfrentará consequências legais”. O porta-voz afirmou que as autoridades chinesas vão adoptar “medidas disciplinares” contra Huang Shicong, Li Zhenghao, Wang Yi-chuan, Yu Beichen e Liu Baojie, bem como contra os seus familiares.

16 Mai 2024

Putin pede política externa sino-russa para alcançar “ordem mundial justa”

O Presidente russo, Vladimir Putin, destacou ontem a necessidade de coordenação entre Moscovo e Pequim para estabelecer uma “ordem mundial multipolar justa”, na véspera de uma visita de Estado de dois dias à China.

Putin sublinhou, em entrevista à agência noticiosa oficial chinesa Xinhua, que a “relação estratégica e amigável” entre os dois países se mantém “independentemente da situação política”, num contexto de aumento das sanções contra Moscovo por causa da guerra na Ucrânia e de apelos para que Pequim não apoie a Rússia.

Sobre as relações económicas, o líder russo referiu o grande potencial dos laços financeiros entre Rússia e China, sublinhando o crescimento do comércio bilateral e a “forte imunidade aos desafios e crises externas”. A importância da “cooperação económica e cultural entre as duas nações” e a promoção da “prosperidade e igualdade nos domínios económico e cultural” são outros aspectos destacados pelo Presidente russo.

A China é o maior parceiro comercial da Rússia há 13 anos consecutivos, enquanto a Rússia foi classificada como o quarto maior parceiro comercial da China em 2023. Mais de 90 por cento das transacções entre os dois países são realizadas nas respectivas moedas nacionais, sublinhou o líder russo.

No contexto do BRICS, o bloco de economias emergentes fundado pelos dois países, para além do Brasil, da Índia e da África do Sul, Putin valorizou a cooperação entre a Rússia e a China e manifestou o seu empenho em integrar novos membros durante a sua presidência do grupo em 2024, para alargar a representatividade da plataforma.

Putin sublinhou igualmente o papel do bloco, juntamente com a Organização de Cooperação de Xangai (OCX), nas questões internacionais.

Criada em 2001, a SCO, que reúne mais de metade da população mundial, centra-se na segurança regional, na luta contra o terrorismo regional, o separatismo étnico e o extremismo religioso.

Putin sublinhou a promoção da igualdade, da transparência e das reformas no sistema de governação mundial e rejeitou “as tentativas ocidentais de impor uma ordem baseada na mentira e na hipocrisia”.

O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Wenbin, lembrou na segunda-feira que este ano se assinala o 75.º aniversário do estabelecimento das relações diplomáticas entre os dois países e que Pequim valoriza “muito a orientação estratégica da diplomacia dos dois chefes de Estado” nas suas relações bilaterais.

16 Mai 2024

Vistos | Anunciada isenção para quem chegar ao país em navios de cruzeiro

A China anunciou ontem que vai isentar de visto grupos turísticos que cheguem ao país em navios de cruzeiro, reflectindo os esforços de Pequim para aumentar o número de visitantes estrangeiros. A medida, que entrou ontem em vigor, aplica-se a portos de cruzeiros de 13 cidades chinesas, incluindo Xangai, Tianjin, Cantão, Shenzhen, Xiamen, Qingdao ou Sanya.

De acordo com a Administração Nacional de Imigração da China, os membros destes grupos turísticos devem entrar na China em conjunto e todo o grupo deve também seguir para o porto seguinte a bordo do mesmo navio de cruzeiro. Os turistas vão ser autorizados a permanecer na China por um período não superior a 15 dias.

Esta é mais uma das medidas para apoiar o turismo estrangeiro que a China tem vindo a lançar nos últimos meses. O Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês anunciou, este mês, que o país asiático vai prolongar a isenção de visto para os cidadãos de França, Alemanha, Itália, Países Baixos, Espanha, Malásia, Suíça, Irlanda, Hungria, Áustria, Bélgica e Luxemburgo até Dezembro de 2025.

Em Novembro passado, a China anunciou que os cidadãos de França, Alemanha, Itália, Países Baixos, Espanha e Malásia beneficiariam de uma isenção unilateral de vistos até Dezembro de 2024, uma lista à qual as autoridades foram acrescentando gradualmente mais países.

Especialistas defendem que a morosidade dos procedimentos de pedido de visto e o preço dos bilhetes de avião são as principais razões pelas quais o turismo estrangeiro ainda não atingiu os níveis anteriores à pandemia da covid-19, durante a qual a China impôs um encerramento quase total das fronteiras.

16 Mai 2024

Espionagem | Académico radicado no Japão condenado a seis anos de prisão

O académico chinês Yuan Keqin, ex-professor na Universidade de Educação de Hokkaido, no Japão, foi condenado a seis anos de prisão na China por acusações de espionagem, informou ontem a imprensa japonesa.

Yuan, que ensinou política do Leste Asiático durante 25 anos, foi detido durante uma estadia temporária no seu país natal, para assistir ao funeral da mãe, e mais tarde acusado de estar envolvido em espionagem ao serviço da agência de inteligência do Japão, de acordo com Pequim.

Fontes próximas do académico disseram à televisão estatal japonesa NHK que Yuan foi condenado em Janeiro por um tribunal da cidade de Changchun, na província de Jilin, no centro da China, mas os pormenores do veredicto não foram divulgados. O académico tenciona recorrer da sentença, segundo as mesmas fontes.

Questionado em conferência de imprensa sobre a situação de Yuan, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Wenbin, disse: “Podem consultar as autoridades competentes para obter informações específicas. O que vos posso dizer é que a China é um país que respeita o Estado de direito e trata os casos relevantes em conformidade com a lei”.

Colegas, familiares e amigos de Yuan, que têm vindo a expor o caso e a acompanhar as notícias relacionadas, que partilham através de um portal criado para apelar à sua libertação imediata, afirmam que o académico está inocente.

16 Mai 2024

Reunião entre Pequim e EUA sobre riscos da IA foi “profunda e construtiva”

A reunião entre os Estados Unidos e a China em Genebra, Suíça, para partilharem as respectivas abordagens nacionais no desenvolvimento de Inteligência Artificial (IA), foi “profunda, profissional e construtiva”, descreveu ontem a parte chinesa.

A reunião foi copresidida pelo director do Departamento para a América do Norte e Oceânia do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Yang Tao, e pelo enviado especial adjunto para as Tecnologias Críticas e Emergentes do Departamento de Estado dos EUA, Seth Center.

Sublinhando que a IA é a tecnologia emergente que “atrai actualmente mais atenção”, a delegação chinesa indicou que Pequim quer que esta se “centre nas pessoas” e “seja benéfica, segura e justa”, de acordo com o comunicado divulgado pela diplomacia chinesa.

A China “apoia o reforço da governação global da IA”, defende “o papel das Nações Unidas como o principal canal” e está disposta a “reforçar a comunicação e a coordenação com a comunidade internacional, incluindo os Estados Unidos, para formar um quadro de governação global” para esta tecnologia, lê-se na mesma nota.

Os funcionários chineses também declararam a “posição firme contra restrições e pressões dos Estados Unidos no domínio da IA”, embora “ambas as partes reconheçam as oportunidades e os riscos associados ao desenvolvimento” desta nova tecnologia.

Batalha artificial

Washington impôs, no ano passado, controlos de exportação para a China de ‘chips’ semicondutores avançados e do equipamento necessário para os fabricar. Os semicondutores são essenciais para a produção de sistemas de Inteligência Artificial, mas têm também utilização militar, incluindo no desenvolvimento de mísseis hipersónicos.

O encontro em Genebra foi a primeira reunião do Diálogo Intergovernamental China – EUA sobre Inteligência Artificial.

As negociações, que os líderes norte-americano e chinês, Joe Biden e Xi Jinping, respectivamente, concordaram em lançar durante um encontro em São Francisco, em 2023, visam abrir o diálogo bilateral entre as duas maiores economias do mundo – e cada vez mais, rivais geopolíticos – sobre uma tecnologia em rápida evolução que já está a ter consequências para o comércio, estilos de vida, cultura, política, segurança ou defesa nacional.

A China defendeu anteriormente que o futuro da Inteligência Artificial deve ser “decidido por todos os países” e que as suas regras não devem ser “ditadas pelos países desenvolvidos”. Pequim também sublinhou o “respeito pela soberania e não interferência nos assuntos dos outros países” e a “garantia de que a Inteligência Artificial permanece sob controlo humano”.

16 Mai 2024

Ucrânia | Putin apoia plano chinês para resolução da guerra

Putin chega hoje à China para uma visita de dois dias. A guerra na Ucrânia deverá ser uma questão central no encontro entre o Presidente russo e Xi Jinping que regressou recentemente à China depois de um périplo euroopeu que incluiu visitas a França, Sérvia e Hungria

 

O Presidente russo, Vladimir Putin, apoiou ontem a proposta de resolução da guerra na Ucrânia apresentada pela China, país onde inicia hoje uma visita oficial de dois dias. Em entrevista à agência noticiosa oficial chinesa Xinhua, Putin expressou uma opinião favorável à posição de Pequim sobre uma solução política para o conflito.

O líder russo apreciou o facto de a China compreender “as raízes e o impacto geopolítico” da guerra, referindo-se a um documento publicado em Fevereiro de 2023 que delineia a posição de Pequim sobre a “Resolução Política da Crise Ucraniana”, como o conflito é designado no país.

Este documento, que inclui uma proposta de 12 pontos, reflecte o “desejo sincero da China de estabilizar a situação” e sugere uma abordagem que evita a “mentalidade da Guerra Fria”, segundo Putin.

O líder russo sublinhou os “quatro princípios para a resolução pacífica” da guerra promovidos há um mês pelo seu homólogo chinês, Xi Jinping, que “se enquadram perfeitamente” na proposta chinesa e garantem “uma segurança indivisível e o respeito pelo direito internacional e pela Carta das Nações Unidas”.

Putin sublinhou que o seu país “não se recusou a negociar” para resolver o conflito que dura há mais de dois anos. “Estamos abertos ao diálogo sobre a Ucrânia, mas essas negociações devem ter em conta os interesses de todos os países envolvidos no conflito, incluindo o nosso”, afirmou.

A visita de Putin à China, que começa hoje e se prolonga até amanhã, segue-se a uma recente viagem de Xi à Europa, no meio de pressões do Ocidente para que o líder chinês use a sua influência junto do homólogo russo para pôr fim à ofensiva na Ucrânia. A digressão de Xi, que não visitava a Europa há cinco anos, incluiu paragens em França, Sérvia e Hungria.

Triângulo de forças

Pequim, que aprofundou os seus laços com Moscovo desde o início do conflito, apelou à realização de uma conferência internacional “reconhecida tanto pela Rússia como pela Ucrânia” para retomar o diálogo.

O primeiro ponto do plano chinês destacou a importância de “respeitar a soberania de todos os países”, numa referência à Ucrânia. “O Direito internacional, universalmente reconhecido, incluindo os propósitos e princípios da Carta das Nações Unidas, deve ser rigorosamente observado”, lê-se na proposta. “A soberania, independência e integridade territorial de todos os países devem ser efectivamente preservadas”, apontou.

O Governo chinês apelou ainda ao fim da “mentalidade da Guerra Fria” – um termo frequentemente usado por Pequim para criticar a política externa dos Estados Unidos.

“A segurança de uma região não deve ser alcançada através do fortalecimento ou expansão de blocos militares”, afirma-se no documento, numa crítica implícita ao alargamento da NATO. “Os legítimos interesses e preocupações de segurança de todos os países devem ser levados a sério e tratados adequadamente”.

A visita de Putin surge também depois de, no final de Abril, o Secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, ter apelado a Pequim para que “não ajude a Rússia” e não forneça ao país vizinho componentes que possam ser utilizados na sua guerra contra a Ucrânia.

Pequim negou ter vendido armas à Rússia e afirma ter uma relação comercial “normal” com Moscovo. No entanto, as autoridades norte-americanas alertaram nas últimas semanas que as empresas chinesas estão a ajudar a indústria de armamento da Rússia, vendendo equipamento que pode ser utilizado para produzir mísseis balísticos.

16 Mai 2024

Kim Jong-un visita fábricas de armas e destaca capacidade produtiva “de nível mundial”

O líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, visitou no fim de semana várias fábricas de armamento e destacou “capacidades técnicas de nível mundial”, informou a agência de notícias estatal norte-coreana.

Kim visitou uma fábrica que produz espingardas de atirador furtivo, tendo utilizado uma para praticar tiro ao alvo, e uma fábrica que aparentemente produz material para o novo sistema de lançadores múltiplos de foguetes de 240 milímetros do país, de acordo com um artigo e fotografias publicadas pela agência KCNA.

O líder norte-coreano também conduziu pessoalmente um dos lançadores deste sistema, que o regime testou na sexta-feira, pela terceira vez este ano, antes de anunciar que o vai começar a utilizar ainda este ano.

Durante as visitas, o líder norte-coreano falou de automatização, racionalização e modernização dos processos de produção e da importância da produção em massa, referindo que as fábricas de armamento norte-coreanas possuem actualmente “capacidades técnicas de nível mundial”.

“O considerável avanço a nível mundial alcançado actualmente pela indústria bélica é produto da integridade e vitalidade da estratégia do Partido para o desenvolvimento económico da indústria de defesa nacional”, afirmou Kim, ainda de acordo com a KCNA.

Kim “exortou todas as empresas industriais de defesa sob a Segunda Comissão Económica a empreender uma campanha para estabelecer uma cultura de vida e de produção, e a continuar a estabelecer e a melhorar a cultura exemplar do novo século para a classe trabalhadora da indústria de munições”.

Fonte de fogo

A Segunda Comissão Económica é um órgão-chave dos programas de desenvolvimento de armas de destruição maciça da Coreia do Norte.

A atenção dos analistas dirige-se para esta nova entidade da indústria de defesa norte-coreana numa altura em que Pyongyang continua a fornecer a Moscovo contentores de armamento, incluindo artilharia e mísseis balísticos de curto alcance para serem utilizados na Ucrânia, de acordo com a agência de notícias EFE.

Aumentam ainda os sinais de que o braço armado do Hamas e o regime iraniano também obtiveram armas norte-coreanas, escreveu a EFE.

14 Mai 2024

Mar do Sul | Pequim acusa Filipinas de mentir sobre construção em águas disputadas

A China afirmou ontem que as alegações das autoridades filipinas de que conseguiram impedir a Guarda Costeira chinesa de construir uma ilha artificial num atol em águas disputadas no Mar do Sul da China são “pura desinformação”.

O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Wenbin, disse em conferência de imprensa que as alegações das Filipinas são “infundadas e caluniosas”. Wang manifestou preocupação com as declarações, afirmando que procuram “manchar a imagem da China e enganar a comunidade internacional”.

Instou Manila a deixar de “espalhar informações falsas” e a “enfrentar os factos de forma responsável”. “Apelamos às Filipinas para que regressem ao diálogo e às negociações para resolver correctamente as disputas marítimas”, afirmou o porta-voz.

As autoridades filipinas afirmaram no sábado que impediram a Guarda Costeira chinesa de construir uma ilha artificial numa zona perto do Atol de Sabina, conhecido como Escoda para os filipinos e Xianbin Jiao para os chineses. Um porta-voz da nação insular disse que o navio da BRP Teresa Magbanua esteve nas águas em torno de Sabina durante 26 dias para impedir “actividades ilegais” por parte da China.

O atol de Sabina situa-se no arquipélago de Spratly, a cerca de 123 milhas náuticas a oeste de Palawan, e é reivindicado pelas Filipinas, China e Vietname. Nos últimos meses, os confrontos entre navios chineses e filipinos aumentaram no Mar do Sul da China, principalmente em torno dos atóis de Scarborough e Tomé Segundo, onde pescadores filipinos vão pescar.

As autoridades filipinas argumentam que os atóis se encontram dentro da zona de exclusividade económica de 200 milhas náuticas.

14 Mai 2024

Pequim acusa ONG estrangeiras de “roubar dados” relacionados com o ambiente

O Ministério da Segurança do Estado chinês acusou ontem organizações não-governamentais estrangeiras de “roubarem dados” relacionados com o trabalho ambiental do país, o que “coloca em risco a segurança nacional”. O ministério publicou um artigo na rede social Wechat no qual referiu dois casos de “roubo de dados geográficos, meteorológicos e biológicos e de dados sobre as reservas naturais da China”.

Segundo o organismo, um dos casos envolve um professor de um país não identificado que “recolheu ilegalmente” dados de uma reserva nacional de zonas húmidas e de uma área florestal.

De acordo com o ministério, o professor confessou ter recolhido e roubado dados “a coberto da cooperação académica”. O académico será punido, segundo o ministério, que não especificou o tipo de punição a que será sujeito.

O segundo caso envolve uma “universidade estrangeira” que alegadamente cooperou com uma reserva natural no sudoeste da China com o apoio de uma ONG estrangeira. Os estrangeiros “instruíram e forçaram” o pessoal local a “roubar ilegalmente dados confidenciais da reserva natural” depois de lhes oferecerem vários incentivos, “incluindo sexo”.

A ONG, que tinha “antecedentes complexos”, alegadamente “ajudou um certo país ocidental” a “roubar dados básicos e sensíveis”, segundo o ministério.

Os dados foram obtidos através da “instalação de estações meteorológicas, equipamento de câmaras de infravermelhos e roubo de dados informáticos confidenciais”. O artigo alertou ainda para “o risco de fugas de dados ambientais por parte de empresas e agências governamentais chinesas” e instou os cidadãos a “estarem atentos à espionagem ambiental e a denunciarem possíveis casos às autoridades”.

Público alerta

Em 2017, Pequim aprovou uma lei controversa para gerir o trabalho das ONG estrangeiras no país que, segundo os afectados, apenas serviu para dificultar o seu trabalho, apertar o controlo sobre as suas actividades e “encurralar” a sociedade civil. O país também reviu a sua lei Contra-Espionagem no ano passado para incluir a “colaboração com organizações de espionagem e seus agentes” na categoria de espionagem.

Para além das investigações lançadas nos últimos meses sobre empresas de consultoria e empresas estrangeiras na China, que suscitaram preocupações entre a indústria e potenciais investidores estrangeiros, o ministério reviu igualmente outra legislação para salvaguardar os segredos de Estado.

O organismo também aumentou a sua actividade nas redes sociais para alertar para a ameaça representada pelos “espiões estrangeiros” e para pedir ao público que partilhe informações sobre “actividades suspeitas”.

O Ministro da Segurança do Estado, Chen Yixin, afirmou no mês passado que as ameaças envolvem os domínios político, económico e militar, mas também outras áreas “não tradicionais” como a biossegurança, o ambiente e a inteligência artificial.

14 Mai 2024

Economia | Pequim vai emitir pela primeira vez obrigações do Tesouro a 20, 30 e 50 anos

O Governo continua a implementar medidas que estimulem a economia afectada pela crise no sector imobiliário e pelos anos da pandemia

 

O Ministério das Finanças chinês anunciou ontem que vai emitir pela primeira vez obrigações do Tesouro a 20, 30 e 50 anos, numa altura em que as autoridades tentam estimular a economia, afectada por uma crise no imobiliário. Os primeiros lotes das obrigações a 20, 30 e 50 anos vão entrar no mercado a 24 de Maio, 17 de Maio e 14 de Junho, respectivamente, informou o ministério, em comunicado.

Segundo fontes citadas pela agência Bloomberg, o país asiático vai emitir obrigações a 20 anos no valor de 300 mil milhões de yuan, a 30 anos no valor de 600 mil milhões de yuan e a 50 anos no valor de 100 mil milhões de yuan.

Durante a sessão anual do órgão legislativo da China, em Março passado, o Governo previu, no relatório de trabalho, a emissão de obrigações de “ultra – longo prazo” como parte de um plano para “responder às necessidades financeiras de projectos importantes no processo de construção nacional”.

As obrigações centrar-se-iam no “apoio à implementação da estratégia nacional e ao desenvolvimento das capacidades de segurança em áreas-chave”, lê-se no relatório.

A imprensa local referiu então que os fundos obtidos através da emissão de obrigações seriam utilizados especificamente para “projectos relacionados com a inovação tecnológica, desenvolvimento urbano – rural integrado, integração regional, segurança alimentar e energética e o desenvolvimento de alta qualidade da população”.

Citado pelo jornal Economic Daily, o analista Xiong Li afirmou na altura que a decisão “envia um sinal claro da política fiscal activa do Governo”, que poderá “estimular as expectativas, aumentar a procura total e melhorar a estrutura da oferta, impulsionando assim a recuperação económica”.

Sobe e desce

Em 2020, a China anunciou que iria emitir obrigações especiais do Estado no valor de 100 mil milhões de yuan para aliviar o impacto que a pandemia da covid-19 teve na economia, embora nessa ocasião tivessem um prazo máximo de sete anos.

A fraca procura interna e externa, os riscos de deflação e os estímulos insuficientes, juntamente com uma persistente crise imobiliária e a falta de confiança no sector privado, são algumas das principais causas apontadas pelos analistas para explicar a situação da segunda maior economia do mundo.

Em Dezembro passado, a agência de notação financeira Moody’s baixou a perspectiva do ‘rating’ da China de “estável” para “negativo”, devido aos altos níveis de endividamento da segunda maior economia do mundo.

“A alteração para perspectiva negativa reflecte os indícios crescentes de que o Governo e o sector público vão prestar apoio financeiro aos governos regionais e às empresas públicas em dificuldades”, afirmou a Moody’s, em comunicado. Isto “gera riscos significativos (…) para a solidez orçamental da China”, face ao abrandamento da economia do país e às dificuldades no sector imobiliário, acrescentou.

Durante muito tempo, o sector imobiliário representou um quarto do produto interno bruto (PIB) da China, assegurando a subsistência de milhares de empresas e de trabalhadores pouco qualificados.

14 Mai 2024

Tailândia | Calor extremo causou 61 mortos desde Janeiro

O calor extremo que afecta a Tailândia provocou a morte de 61 pessoas desde o início do ano, anunciou sexta-feira o Ministério da Saúde tailandês. Durante quase uma semana em Abril, as autoridades de Banguecoque emitiram avisos diários de calor extremo, com a temperatura sentida a ultrapassar os 52 graus Celsius.

O ministério disse que 61 pessoas morreram de insolação em todo o país desde o início de 2024, em comparação com 37 em todo o ano de 2023. O nordeste da Tailândia, maioritariamente constituído por terras agrícolas, registou o maior número de mortes, segundo um comunicado do ministério citado pela agência francesa AFP.

Os cientistas alertam regularmente para o facto de as alterações climáticas induzidas por acção humana levaram a ondas de calor mais frequentes, mais longas e mais intensas. Embora o fenómeno El Niño esteja a contribuir para o clima excecionalmente quente deste ano, a Ásia também está a aquecer mais rapidamente do que a média global, de acordo com a Organização Meteorológica Mundial da ONU.

O chefe do departamento de controlo de doenças do Ministério tailandês, Apichart Vachiraphan, aconselhou as pessoas com problemas de saúde a limitarem as saídas de casa. Este ano, o tempo quente e seco tem durado mais tempo do que o habitual no país, com o consequente atraso do início da estação das chuvas.

Esta semana, registaram-se trovoadas em algumas regiões, que fizeram baixar as temperaturas, mas levaram as autoridades a alertar para a possibilidade de inundações repentinas. Em Abril, o reino do Sudeste Asiático registou uma temperatura de 44,2°C na província de Lampang, no norte do país, próxima do recorde nacional do ano passado de 44,6°C.

13 Mai 2024

Coreia do Norte | Pyongyang vai instalar novo lançador múltiplo de foguetes

A Coreia do Norte vai equipar o exército com um novo lançador múltiplo de foguetes, a partir deste ano, informou sábado a agência de notícias estatal norte-coreana, acrescentando estar em curso outra “grande mudança” nas capacidades de artilharia. Este sistema será “instalado em unidades do Exército Popular da Coreia (…) entre 2024 e 2026”, disse a KCNA.

Na sexta-feira, o líder norte-coreano, Kim Jong-un, supervisionou um teste do sistema de foguetes, submetido a uma “actualização técnica” depois de um primeiro teste no final de Abril. Kim disse querer “levar a produção desta nova arma ao mais alto nível” e anunciou também “uma importante mudança” para “reforçar a capacidade de combate da artilharia do país”, sem dar mais pormenores, indicou a KCNA.

Por seu lado, Pyongyang afirmou que oito projécteis “atingiram o alvo”, ilustrando “o poder destrutivo do sistema actualizado de lançadores múltiplos de foguetes de 240 mm”. O Ministério da Defesa sul-coreano disse à agência de notícias France-Presse não estar em condições de confirmar os testes norte-coreanos.

Em Fevereiro, o regime afirmou ter desenvolvido um novo dispositivo de controlo para os lançadores múltiplos de foguetes de 240 mm. O anúncio destes últimos exercícios surgiu quando observadores disseram suspeitar que Pyongyang está a testar novas armas e a aumentar a produção de artilharia e mísseis de cruzeiro antes de os enviar para a Rússia para a guerra na Ucrânia.

A Coreia do Sul e os Estados Unidos acusaram a Coreia do Norte de fornecer armas a Moscovo, apesar das sanções da ONU que a proíbem de o fazer.

13 Mai 2024

Timor-Leste | Portugal instado a reforçar aposta no português

Representantes do Instituto Camões, presidido por Ana Paula Fernandes, estiveram de visita a Díli onde ouviram pedidos do reforço de apostas na língua portuguesa no território nas mais diversas áreas

 

As autoridades de Timor-Leste pediram a Portugal um reforço de aposta da língua portuguesa em várias dimensões, disse sábado a presidente do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua, Ana Paula Fernandes, no final de uma visita a Díli.

“Aquilo que ouvimos em todas as reuniões é a necessidade de um reforço na aposta da língua portuguesa nas diferentes dimensões, na educação, na capacitação da administração pública, na área da justiça, também na área do ensino técnico profissional, a necessidade também de capacitar”, afirmou à Lusa Ana Paula Fernandes.

A presidente do Instituto Camões realizou entre quarta-feira e sábado uma visita a Timor-Leste para dar início à negociação do próximo Programa Estratégico de Cooperação (PEC), para o período entre 2024-2028.

Segundo Ana Paula Fernandes, além da língua portuguesa, também foi discutida a necessidade de reforçar as capacidades da administração pública timorense para responder ao desafio de adesão à Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN).

Durante a sua estada na capital timorense, a presidente do Instituto Camões reuniu-se com ministros de várias pastas, incluindo com o chefe da diplomacia timorense, Bendito Freitas, que coordena as negociações, e com o primeiro-ministro, Xanana Gusmão para ouvir as prioridades timorenses.

“Mas o importante aqui também, que gostaria de realçar, é mais uma vez a vontade que ouvimos de todos os representantes das entidades públicas timorenses a necessidade de reforçarmos a língua portuguesa e também de o fazermos não só em Díli, mas também nos municípios”, sublinhou Ana Paula Fernandes.

Acordo a caminho

O PEC anterior, entre 2019-2023, foi assinado em Lisboa e tinha previsto um envelope financeiro de 70 milhões de euros para intervenções nos sectores de Consolidação do Estado de Direito e Boa Governação, Educação, Formação e Cultura e Desenvolvimento Socioeconómico Inclusivo.

A presidente do Instituto Camões precisou que a execução do programa foi de 102 por cento e que até ao final do mês deverá receber da parte de Timor-Leste as “prioridades claramente definidas” para que o novo PEC possa ser assinado antes do final do ano.

13 Mai 2024

Mar do Sul | Pequim diz ter “emitido aviso” a navio militar dos EUA

A China afirmou na passada sexta-feira que o seu exército seguiu um navio da Marinha norte-americana e “emitiu um aviso” contra o mesmo perto das Ilhas Paracel, em águas disputadas no Mar do Sul da China.

Pequim “ordenou que as forças navais e aéreas seguissem e monitorizassem o navio de acordo com as leis e regulamentos e emitiu um aviso para o obrigar a sair” da zona, disse Tian Junli, porta-voz da Área de Comando Sul do Exército chinês, citado pelas agências internacionais.

O contratorpedeiro de mísseis guiados USS Halsey “entrou ilegalmente nas águas territoriais da China perto das ilhas Xisha sem a autorização do Governo chinês”, referiu o porta-voz, utilizando a designação chinesa para as ilhas Paracel.

Estas ilhas são também reivindicadas pelo Vietname e a soberania chinesa não é reconhecida internacionalmente. “As acções dos Estados Unidos da América (EUA) violam gravemente a soberania e a segurança da China”, afirmou o porta-voz.

Tian Junli acusou Washington de causar “riscos de segurança no Mar do Sul da China” e de ser o “maior destruidor” da paz e da estabilidade na região. A Marinha dos EUA declarou, entretanto, num comunicado, que o navio USS Halsey “respeitou os direitos e as liberdades de navegação no Mar do Sul da China, perto das ilhas Paracel”.

“No final da operação, o USS Halsey prosseguiu as suas operações no Mar do Sul da China”, declarou a Marinha norte-americana, acrescentando que “as reivindicações ilegais generalizadas no Mar do Sul da China representam uma grave ameaça à liberdade de navegação”.

Pelo Mar do Sul da China passa 30 por cento do comércio marítimo mundial. A região alberga ainda 12 por cento das zonas de pesca do mundo, bem como jazidas de petróleo e gás.

13 Mai 2024

Governo Biden vai aplicar mais tarifas a importações industriais

O governo do Presidente Joe Biden tenciona aplicar novas tarifas a importações de carros eléctricos, semicondutores, equipamento solar e material médico proveniente da China, avançou a AP, citando fontes envolvidas no plano.

Em particular, as tarifas sobre os veículos eléctricos podem quadruplicar, o que as elevaria dos actuais 25 por cento para 100 por cento. O plano foi descrito na condição de as fontes de informação não serem identificadas, uma vez que não têm autorização para o detalharem, antes do seu anúncio formal.

As novas tarifas, que devem ser anunciadas na terça-feira, surgem depois de vários dirigentes do governo Biden terem expressado a sua frustração com o “excesso de capacidade” chinesa nos veículos eléctricos e em outros produtos que alegam ameaçar os empregos e a segurança nacional dos EUA.

Economias industrializadas, incluindo os EUA e os seus aliados europeus, receiam que uma onda de importações chinesas baratas afunde a sua indústria doméstica. No caso dos EUA, o receio é o de os produtos chineses para as energias limpas minem os investimentos massivos de resposta às alterações climáticas contemplados na Lei de Redução da Inflação, que o Presidente Biden assinou em Agosto de 2022.

O anúncio a fazer na terça-feira deve manter algumas tarifas criadas durante o governo de Donald Trump, incidentes sobre produtos com um valor de mercado de 360 mil milhões de dólares. Agora, seringas e equipamento solar devem estar entre os produtos que passam a ser taxados.

Medidas extremas

Há algumas indicações de a China estar a arrefecer a sua produção de baterias de lítio usadas nos veículos eléctricos, telemóveis e outros bens electrónicos, quando estes estão a enfrentar um criticismo crescente no Ocidente. Mais radical, um senador democrata do Estado do Ohio, Sherrod Brown, afirmou na sexta-feira nas redes sociais que “tarifas não bastam. É preciso a proibição dos veículos eléctricos chineses nos EUA. Ponto final”.

A secretária do Tesouro, Janet Yellen, que esteve em Guangzhou e Pequim no início de Abril, citou a produção dos veículos eléctricos e das suas baterias, bem como o equipamento para a energia solar – sectores que o governo Biden está a procurar desenvolver internamente – como áreas onde os subsídios governamentais chineses causaram uma rápida expansão da produção.

“A China é agora, de forma simples, demasiado grande para o resto do mundo absorver a sua enorme capacidade. As suas acções de hoje podem mudar os preços mundiais”, disse, durante um discurso em Pequim. O plano das novas tarifas alfandegárias foi relevado pela Bloomberg News e o The Wall Street Journal.

13 Mai 2024

Viagem | Xi Jinping deixa Budapeste e termina périplo de 5 dias pela Europa

O périplo europeu de Xi que começou em Paris, onde se encontrou com Macron, terminou este fim-de-semana na capital da Hungria, após uma passagem pela Sérvia

 

O Presidente chinês Xi Jinping deixou Budapeste na passada sexta-feira, onde completou a sua primeira viagem à Europa desde 2019 que durou cinco dias e que incluiu paragens em França e na Sérvia. O avião oficial do líder chinês descolou desde o aeroporto da capital húngara, segundo imagens transmitidas pela televisão estatal M1.

Xi Jinping chegou a Paris no domingo, onde foi recebido com pompa e manteve um diálogo com o Presidente francês Emmanuel Macron sobre disputas comerciais e até sobre os laços Pequim-Moscovo, vistos com apreensão pelos ocidentais, num contexto de guerra na Ucrânia.

Situação diferente foram as viagens a Belgrado e Budapeste, países amigos de Pequim e que permanecem próximos de Moscovo. Na Sérvia, candidata à União Europeia (UE), as duas nações assinaram um acordo para construir um “futuro partilhado”.

Já na Hungria, a capital foi colocada sob alta segurança e os meios de comunicação social foram completamente mantidos afastados dos acontecimentos. O programa da visita nem sequer foi divulgado, noticiou a agência France-Presse (AFP).

Xi Jinping manteve inúmeras conversas com o primeiro-ministro Viktor Orban, um nacionalista habituado a impasses com Bruxelas. Em referência às relações diplomáticas “no seu auge” em 75 anos de história, o líder chinês anunciou o reforço da já florescente “parceria estratégica” com o país da Europa Central.

Negócios garantidos

Xi Jinping apelou à Hungria, que presidirá a UE no segundo semestre do ano, a desempenhar “um papel mais importante” no desenvolvimento da cooperação entre a China e o bloco comunitário.

No total, foram divulgados 18 acordos comerciais, desde ligações ferroviárias ao sector nuclear, além de fábricas de baterias e carros eléctricos que vão surgir por todo o solo húngaro. Xi Jinping e Viktor Orban visitaram no sábado a sede da petrolífera MOL, localizada num arranha-céus de 143 metros.

13 Mai 2024

Japão | Tribunal permite que homem adopte apelido do parceiro

Um tribunal de família japonês autorizou um homem de 30 anos a adoptar o apelido do companheiro do mesmo sexo por terem “uma relação semelhante a um casamento”, noticiou ontem a imprensa local. O código civil japonês exige que os casais partilhem os apelidos, mas não permite casamentos ou uniões civis entre pessoas do mesmo sexo.

O advogado do homem, que se identificou com o pseudónimo Akikazu Takami, considerou a decisão do tribunal invulgar, mas Takami disse estar satisfeito por o Tribunal de Família de Nagoya ter tratado o assunto “com sinceridade”, informou a agência de notícias japonesa Kyodo.

“Não me posso casar, mas sinto que estou um passo mais perto da minha família e não consigo dizer-vos o quanto estou feliz”, declarou Takami, citado pela emissora pública japonesa NHK.

A decisão, datada de 14 de Março, declara que o casal, que adoptou uma criança, “se apoia mutuamente e mantém uma vida estável centrada na educação dos filhos. As vidas não são substancialmente diferentes das de um casal num casamento heterossexual”.

Takami, que vive com o parceiro há seis anos na província de Aichi, no centro do Japão, pediu a alteração do apelido em tribunal em Novembro do ano passado, alegando que a diferença causava problemas.

“Uma noite, quando o meu companheiro me levou de urgência para o hospital, perguntaram-nos que tipo de relação tínhamos porque os nossos apelidos eram diferentes”, contou à NHK.

Takami acrescentou que ter um apelido diferente do companheiro e do filho levou os médicos a pensar que não havia qualquer parentesco quando ia ao centro de saúde com o filho e, em alguns casos, foi impedido de assistir a procedimentos médicos.

10 Mai 2024

Gaza | Ataques israelitas fazem dezenas de mortos

Dezenas de palestinianos foram mortos durante a madrugada em Rafah, a cidade mais a sul da Faixa de Gaza, e no norte do enclave devido a ataques militares israelitas, segundo fontes médicas citadas por agências locais.

Em Rafah, as forças militares israelitas tomaram, numa ofensiva lançada a 7 de Maio, as zonas da passagem para o Egipto e do ponto de Kerem Shalom, para Israel, bem como de outros 31 quilómetros quadrados de onde a população foi mandada retirar-se um dia antes.

Os aviões israelitas voltaram a atacar as zonas em torno do posto fronteiriço de Rafah, que permanece encerrado, disparando projécteis contra os bairros orientais de Al-Shuweika e Al-Jeneina, enquanto a força naval utilizou também metralhadoras contra as zonas ocidentais da cidade de Rafah, informou agência palestiniana Wafa.

No bairro de Zeitun, no norte de Gaza, pelo menos 10 casas foram bombardeadas perto da mesquita Hasan Al Banna e da Universidade de Gaza, deslocando milhares de pessoas que se abrigavam nas escolas.

“Dezenas de pessoas foram mortas na sequência dos bombardeamentos dos aviões de guerra ocupantes”, indiciou a Wafa. O número total de mortos desde o início da guerra em Gaza, a 7 de Outubro de 2023, ascende a 34.844, segundo a contagem das autoridades palestinianas, enquanto pelo menos 78.404 pessoas ficaram feridas.

Além disso, milhares de corpos estão ainda enterrados sob os escombros e não podem ser alcançados pelas equipas de salvamento. Israel declarou guerra ao movimento Hamas após um ataque surpresa em território israelita que fez cerca de 1.200 mortos e mais de 200 raptos.

10 Mai 2024

Presidente sul-coreano promete laços estreitos com Kiev e “boa relação” com Moscovo

O Presidente da Coreia do Sul prometeu ontem cultivar uma “boa relação” com a Rússia e manter laços estreitos com a Ucrânia, excluindo o fornecimento directo de armas.

Seul “fará tudo o que estiver ao seu alcance para prosseguir a cooperação económica” com Moscovo, mantendo-se ao mesmo tempo próximo de Kiev, afirmou Yoon Suk-yeol, na primeira conferência de imprensa que deu em quase dois anos e depois da derrota do Partido do Poder Popular (PPP) nas eleições gerais de Abril. Yoon referiu ainda a “posição firme” do país de não fornecer armas letais a países em conflito.

Que rica bolsa

Na conferência, o líder sul-coreano, há dois anos no poder, prometeu novas políticas para a educação e o trabalho, bem como ajudas para apoiar o equilíbrio entre a vida profissional e familiar.

Pediu, além disso, a cooperação da oposição, que reforçou a maioria no Parlamento após a pesada derrota de Abril, para aprovar leis que permitam a criação de um novo ministério para combater a baixa taxa de natalidade no país, ameaçado por uma crise demográfica.

“Durante dois anos, tentámos melhorar a vida dos sul-coreanos, mas não foi suficiente. Nos próximos três anos, vamos ouvir a voz do povo com humildade”, disse Yoon, referindo-se à derrota nas urnas e aos três anos que lhe restam no poder.

“Peço desculpa por ter incomodado o povo devido à imprudência da minha mulher”, acrescentou, numa referência ao chamado “escândalo da bolsa Dior”, surgido na sequência de um vídeo gravado com imagens da primeira-dama a receber uma bolsa Dior avaliada em mais de 2.200 dólares das mãos de um religioso.

Yoon escusou-se a fazer mais comentários sobre o assunto, dizendo que não quer influenciar a investigação do gabinete do procurador-geral.

O sucedido pode constituir um crime, uma vez que a lei anticorrupção sul-coreana considera ilegal que um funcionário do Governo, ou cônjuges, recebam presentes avaliados em mais de um milhão de won de uma só vez ou um valor acumulado de mais de três milhões de won durante um ano fiscal.

O caso voltou à ribalta depois da pesada derrota eleitoral do PPP, juntamente com as alegações de que a primeira-dama também teria cometido um crime de manipulação de activos da bolsa entre 2009 e 2012.

Em Janeiro, Yoon teve de exercer o veto presidencial a uma moção do Partido Democrático para investigar o alegado crime de manipulação de activos, mas, na sequência do resultado das eleições, a oposição voltou a pedir a abertura de um inquérito especial sobre o caso.

10 Mai 2024